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Nº 10 • ANO 4 • MAIO/2010 Introdução 1. Indicadores da Conjuntura Econômica Nacional 2. Indicadores de Contas Públicas do Estado de São Paulo 3. Indicadores Setoriais da Área da Educação 4. Evolução Salarial do Magistério Estadual 5. Conclusão E ste Boletim tem como objetivo subsidiar o Sindi- cato dos professores de São Paulo (APEOESP) no seu processo de campanha salarial e na defesa da categoria. O boletim está dividido em duas partes. Na primeira, traz uma breve análise dos principais indica- dores da conjuntura econômica nacional e do Estado de São Paulo. Na segunda, apresenta alguns dados conjunturais do quadro do magistério paulista, tais como: a evolução do emprego e salários. A exposição dos dados permite o conhecimento dos indicadores conjunturais em uma linguagem simples e acessível, organizada em quatro tópicos, a saber: 1. Indicadores da Conjuntura Econômica Nacional (PIB, Inflação, Desemprego) 1.1 Contas Nacionais O PIB brasileiro acumulado em 2009 apresentou variação negativa de 0,2% em relação a 2008. Este resultado reflete os efeitos da crise internacional que se manifestou, principalmente na indústria brasileira, no final de 2008 e início de 2009. Esse resultado negativo foi devido ao declínio do Valor Adi- cionado (-0,1%) e dos Impostos sobre Produtos (-0,8%). A queda do Valor Adicionado deu-se principalmente pela redução do volume do setor Agropecuária (-5,2%) e da Indústria (-5,5%), sendo que neste setor a Trans- formação e Construção Civil tiveram os piores resultados, com -7,0% e -6,3%, respecti- vamente. O único setor positivo foi o de Serviços (2,6%), com destaque para os itens de Intermediação Financeira (6,5%), Outros Serviços (5,1%) e Serviços de Informação (4,9%). Por outro lado, itens ligados à indústria de Transformação tiveram queda. São eles: Comércio (-1,2%) e Transporte, Armazenagem e Correio (-2,3%). O Gráfico 1 apresenta as taxas de variação acumulada em 2008 e 2009 para o PIB e seus setores.

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Page 1: Nº 10 • ANO 4 • MAIO/2010 Introdução · Nº 10 • ANO 4 • MAIO/2010 Introdução 1. Indicadores da Conjuntura Econômica Nacional 2. Indicadores de Contas Públicas do Estado

Nº 10 • ANO 4 • MAIO/2010

Introdução1. Indicadores da Conjuntura

Econômica Nacional

2. Indicadores de Contas Públicasdo Estado de São Paulo

3. Indicadores Setoriaisda Área da Educação

4. Evolução Salarial doMagistério Estadual

5. Conclusão

Este Boletim tem como objetivo subsidiar o Sindi-cato dos professores de São Paulo (APEOESP) noseu processo de campanha salarial e na defesa da

categoria. O boletim está dividido em duas partes. Naprimeira, traz uma breve análise dos principais indica-dores da conjuntura econômica nacional e do Estadode São Paulo. Na segunda, apresenta alguns dadosconjunturais do quadro do magistério paulista, taiscomo: a evolução do emprego e salários. A exposiçãodos dados permite o conhecimento dos indicadoresconjunturais em uma linguagem simples e acessível,organizada em quatro tópicos, a saber:

1. Indicadores da Conjuntura EconômicaNacional (PIB, Inflação, Desemprego)

1.1 Contas NacionaisO PIB brasileiro acumulado

em 2009 apresentou variaçãonegativa de 0,2% em relação a2008. Este resultado reflete osefeitos da crise internacional quese manifestou, principalmente naindústria brasileira, no final de2008 e início de 2009.

Esse resultado negativo foidevido ao declínio do Valor Adi-

cionado (-0,1%) e dos Impostossobre Produtos (-0,8%). A quedado Valor Adicionado deu-seprincipalmente pela redução dovolume do setor Agropecuária(-5,2%) e da Indústria (-5,5%),sendo que neste setor a Trans-formação e Construção Civiltiveram os piores resultados,com -7,0% e -6,3%, respecti-vamente. O único setor positivofoi o de Serviços (2,6%), com

destaque para os itens deIntermediação Financeira (6,5%),Outros Serviços (5,1%) e Serviçosde Informação (4,9%). Por outrolado, itens ligados à indústria deTransformação tiveram queda.São eles: Comércio (-1,2%) eTransporte, Armazenagem eCorreio (-2,3%). O Gráfico 1apresenta as taxas de variaçãoacumulada em 2008 e 2009 parao PIB e seus setores.

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O Gráfico 2 apresenta astaxas acumuladas em quatrotrimestres para o PIB a preçosde mercado. Observa-se desde

A análise do PIB pela ótica dademanda demonstra que a Des-pesa de Consumo das Famíliasse mantém em crescimento há4 anos seguidos, e termina2009 com 4,1%. O Consumodo Governo aumentou 3,7% em

2006 uma trajetória de cres-cimento do PIB, até atingir6,6% no terceiro trimestre de2008. A partir de 2009 é pos-

sível perceber a desaceleraçãodo PIB, impacto da crise eco-nômica mundial, fechando oano em -0,2%.

2009, praticamente o mesmopatamar de 2006. Por sua vez,a Formação Bruta de CapitalFixo declinou 9,9% em relaçãoa 2008, devido ao forte impac-to da crise na produção indus-trial. O setor externo evidencia

que as importações têm sidosuperiores às exortações hápelo menos quatro anos. Em2009, porém, a queda é perce-bida tanto nas importações(-11,4%) quanto nas exporta-ções (10,3%).

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te item. Nas Despesas Pessoais,o subgrupo fumo e acessóriosteve grande alta devido à alta dopreço do cigarro (22%). Já noitem Transporte, o subgrupocoletivo foi o grande vilão da altados preços e no item Saúde ossubgrupos apresentaram com-portamentos semelhantes.

No caso do IPCA e INPC, am-bos mensurados pelo IBGE, osresultados em 12 meses estão aci-ma do realizado no ano anterior.O IPCA ficou em 5,17%, enquan-to o INPC em 5,30%. O IPA-DI eIGPM acumulados em 12 mesesaté março, apresentaram resulta-dos inferiores ao mesmo períodode 2009, mas quando se compa-ra a evolução destes índices noacumulado do ano, ou seja, janei-ro a março, todos ficaram acimado realizado em 2009, indicandotalvez alguma pressão inflacioná-ria nestes tipos de índices.

Apesar do resultado negativoem 2009, os dados trimestraisdo PIB mostram a extraordiná-ria recuperação da atividade aolongo do ano passado, principal-mente no último trimestre. Onível de atividade econômica re-cuperou-se e as projeções sãode um crescimento do PIB em2010 acima de 5%, crescimen-to que certamente ficará acimada média das economias dospaíses ricos.

Em 2009, o quarto trimestreregistrou crescimento de 2%, oque significa que a atividade cor-rente estava crescendo acima de8% ao ano. Em consequência oPIB para 2010 já tem crescimen-to “contratado” de 2,7%, isto é,caso a atividade tenha cresci-mento ZERO em todo o ano oPIB será de 2,7% em 2010. Asprojeções realistas indicam quea variação do PIB será próxima

de 6%. No setor industrial, a “he-rança” é de 4,8%, indicando quea indústria nacional deve cresceracima de 8% em 2010.

1.2 PreçosA inflação para as famílias do

município de São Paulo, em mar-ço, foi de 0,47%, ou seja, 0,12ponto percentual que a de feve-reiro (0,59%), segundo o ICV-DIEESE. Em 12 meses o índiceficou em 5,79%.

O aumento dos preços nosúltimos 12 meses deu-se de for-ma heterogênea e os grupos quemais contribuíram para a suaalta foram: Despesas Pessoais(9,18%), Transporte (7,01%), Ali-mentação (6,39%) e Saúde(6,23%). No grupo Alimentação,as fortes chuvas concentradasno início do ano foram respon-sáveis por parte da elevação des-

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1.3 JurosSegundo o Banco Central, em

sua penúltima reunião do Comitêde Política Monetária (Copom), atrajetória dos índices de preçosevidencia a retomada de pressõesinflacionárias externas dado queainda há incertezas quanto ao fu-turo dos preços dos ativos ecommodities, influenciados pelocenário internacional. Consideraainda que há possibilidades de re-passe da alta dos preços no ata-cado para os preços ao consumi-dor, num contexto em que a con-fiança dos consumidores e empre-sários se eleva, podendo garantira evolução do ritmo da atividadeeconômica e da massa de rendi-mentos reais. Isto pode significar,para as próximas reuniões, uma re-tomada no aumento da taxa bási-

ca de juros (Selic), já que o Copomentende que a atividade econômi-ca está novamente em ciclo de ex-pansão, dado que as restrições dademanda em decorrência da crisemundial estão superadas.

Mesmo com essa avaliação umpouco pessimista em relação às

pressões inflacionárias, a maioriados membros do Copom decidiumanter a taxa básica de juros em8,75% a.a. e aguardar a evoluçãodo cenário macroeconômico.

Porém, como era esperadopelos principais analistas de mer-cado, o Copom em sua última

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reunião elevou a Selic para 9,50%ao ano (a.a.). Apesar deste novomovimento e da perspectiva denovas altas da taxa Selic, o chefedo departamento econômico doBanco Central, Altamir Lopes, diz

que ainda não é possível dizerque os juros continuarão a subir.“É preciso esperar mais dadospara afirmar que há mudança detendência.” Segundo ele, o en-carecimento do crédito no início

de abril é reflexo do movimentodo mercado de juros futuros,segmento que acompanha asprevisões para a Selic. O Gráficoabaixo traz a trajetória da Selicdesde 2008:

1.4 Mercadode Trabalho

A taxa de desemprego total daRegião Metropolitana de SãoPaulo apresentou ligeiro cresci-

mento em fev/2010 ao passar de11,8% em janeiro para 12,2%, emmovimento normal para o perío-do. Por sua vez, o contingente dedesempregados ficou em 1,4milhão, 54 mil a mais do que em

janeiro, devido à criação de 42mil ocupações, insuficientes parasuprir o ingresso de 96 milpessoas na população econo-micamente ativa (PEA) na região.O crescimento do nível deocupação deu-se no setor deServiços (0,8%) e Comércio(1,7%) e diminuiu em Outros Se-tores (-1,2%) e na Indústria (-0,6%). É importante notar o com-portamento das taxas de desem-prego em 2009 e nesse início de2010. Mesmo com a crise mun-dial eclodida ao final de 2008, odesemprego durante o ano 2009(a exceção de fevereiro) e entrejan-fev/10 é inferior aos outrosanos observados (2008, 2007,2006 e 2005).

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A evolução do saldo do Cadas-tro Geral de Emprego e Desem-prego (CAGED), do Ministério doTrabalho para o Brasil evidenciaque, em termos de geração deemprego, a situação neste pri-

meiro bimestre de 2010 (390.844postos novos) está melhor doque o ocorrido no ano anterior,cujo resultado foi de fechamen-to de 92.569 postos de trabalho.O mesmo comportamento foi

observado no estado de São Pau-lo, com um saldo positivo de131.821 postos de trabalho, con-tra o resultado negativo de38.771 postos no mesmo perío-do de 2009.

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2. Indicadores de Contas Públicasdo Estado de São Paulo

2.1 Receita:Arrecadaçãode Tributos

A arrecadação tributária realno estado de São Paulo alcançou

A relação entre o saláriomédio de admitidos e desliga-dos teve comportamento pa-recido para o Brasil e estadode São Paulo, de modo que noBrasil a relação ficou em 95%,ou seja, o salário dos novosadmitidos não alcançou a to-talidade da remuneração mé-dia dos des l igados; no 1°bimestre de 2009 a compara-

ção estava em 90%. No esta-do de São Paulo essa relaçãomelhorou um pouco no 1°bimestre de 2010 e ficou em96%, ante 88% no 1° bimestrede 2009.

Segundo dados do Ministé-rio do Trabalho, o mês de mar-ço foi o melhor desde o inícioda série do Caged (1992) e re-

gistrou a criação de 266.415novos empregos com carteirade trabalho. Foram 1.820.045admissões e 1.553.630 des-ligamentos no período. Noprimeiro trimestre de 2010, ageração líquida de 657.259vagas foi recorde e ultrapasou a melhor marca anterior,de janeiro a março de 2008(554.440).

em mar/10 o montante de R$71,18 bilhões, no acumulado em12 meses, 2,1% superior aorealizado em março do ano an-terior, revertendo a quedaverificada em dez/09 (-0,8%). O

desempenho da receita tributá-ria neste início de ano (jan/mar)já está acima do realizado em2009 recuperando, em parte, aqueda da arrecadação em de-corrência da crise mundial.

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O ICMS responde por pratica-mente 83% do total da arrecada-ção tributário no estado de SãoPaulo e fechou mar/10 em R$ 5,4bilhões, 16% acima do realizadoem 2009, em termos reais. A

comparação do realizado no ano(jan-mar) evidencia uma boa re-alização deste tributo, com 14%acima do verificado no mesmoperíodo de 2009. O quadro dequeda do ICMS, ao que parece,

está em processo de reversão,como era esperado. Caso a crisenão traga novas surpresas, tantoo ICMS quanto a própria arreca-dação tributária do estado terãomelhoras relevantes.

2.2 Despesa de Pessoaldo Poder Executivo

No último quadrimestre de2009 a despesa com pessoal emrelação à receita corrente líquidaficou em 41,29%. No que diz res-peito aos gastos com pessoal emSão Paulo, a preocupação comos limites da LRF não são rele-vantes, dado que há ampla mar-gem (R$ 4,5 bilhões) entre o exe-cutado no 3° quadrimestre/09 eo limite prudencial de 46,55%.Além disso, as receitas têm cres-cido em ritmo mais rápido queas despesas; entre 2000 e 2009,a receita corrente líquida cresceu49,63% enquanto a despesa depessoal subiu 25,39%, já consi-derada a inflação.

A Lei de Responsabilidade Fis-cal (LRF), que estabelece novaconfiguração fiscal para a admi-nistração pública no Brasil, fixouo limite de 46,55% para a despe-sa de pessoal em relação a RCL.A LRF deu amparo legal para os

estados, municípios e União rea-lizarem ajustes fiscais, ao imporuma série de limites e normaspara as despesas públicas, inclu-sive sobre algo tão importante nosetor público: o endividamento,destacado no próximo subitem.

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2.3. Resultado Fiscale Dívida Estadual

O estado de São Paulo dimi-nuiu o comprometimento da re-ceita corrente líquida (RCL) coma dívida consolidada líquida(DCL), passando de 224%, em

2003, para 150%, em 2009. Istofoi possível em grande parte gra-ças ao aumento de 98,2% daRCL, maior do que o cresci-mento de 33,1% da DCL.. Estelimite é definido pela resoluçãon° 40 do Senado Federal, sendoque os estados não podem ter

a DCL superior a 2 (duas) vezesa RCL.

No que se refere aos resulta-dos fiscais, em 2009 o resultadoprimário foi de R$ 2,6 bilhões,inferior ao realizado em 2008,mas ainda assim superior à metaprevista na LDO 2009, de R$ 1,9bilhão, segundo a Secretaria daFazenda. O governo aumentousignificativamente o superávitprimário (Receita maior que Des-pesa) entre 2003 e 2008, quepassou de R$ 3,6 bilhões em2002 para R$ 5,5 bi em 2008.

Por outro lado, o resultado no-minal que inclui o pagamento dosjuros da dívida fechou 2009 emR$ -386,6 milhões, resultado me-lhor do que a meta prevista naLDO/09, de R$ -13,45 bilhões.

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3. Conjuntura setorial da área da educação

3.1 O desempenho doQuadro do Magistério

Em março de 2010, o Qua-dro do Magistério paulista regis-trou 221.670 profissionais na redeestadual. Deste total, 56,5%

(125.264) eram efetivos e 43,5%(96.406) eram ocupantes de fun-ção atividade (OFA). Entre os pro-fessores de educação básica I(PEB I), apenas 46,3% eram efeti-vos, enquanto que entre os pro-fessores de educação básica II

(PEB II), 57,1% eram efetivos. Nasfunções de professor coordenadore vice-diretor percebe-se a menorparticipação de OFA’s. Já os car-gos de diretor de escola esupervisor de ensino são ocupa-das na totalidade por efetivos.

O perfil dos professores se al-terou desde 1998, fazendo cair aparticipação dos professores PEBI de 52% em 1998 para 28% em2010, enquanto o PEB II passoude 48% para 72%, no mesmoperíodo. Entre os professores efe-tivos, em 1998 o PEB I tinha 63%de participação e o PEB II 37%,ocorrendo o inverso hoje, sendo24% de professores PEB I e 76%de PEB II.

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3.2 A evoluçãodas matrículas

O gráfico acima revela o im-pacto da municipalização doensino no estado de São Paulo,com as matrículas da redemunicipal (2.381.566) muitopróximas das matrículas da redeestadual (2.674.586).

O processo de municipa-lização do ensino fundamental noestado de São Paulo é perceptí-vel na análise da distribuição dasmatrículas no ensino fundamen-tal por rede. O gráfico 10demonstra que as matrículas de1ª e 4ª série na rede estadualperdem espaço para a municipal,entre 1998 e 2009, passando de60,9% em 1998 para 26,8%em 2009, segundo dados daSEE e do MEC.

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A taxa de escolarização brutapara o ensino fundamental atin-giu em 2009 a taxa de 120,16%de atendimento para 1ª a 4ª sé-ries e 109,47% para 5ª a 8ª séri-es. A observância da taxa deescolarização acima de 100%,neste caso, decorre do atendi-mento para além da faixa etáriacorrespondente para este nível deensino, isto é, da distorção série-

idade entre os alunos matricula-dos, em virtude de anos de atra-so escolar. Por outro lado, o aten-dimento em creche é baixo(22,20%), insuficiente na pré-es-cola (56,39%) e no ensino mé-dio (89,1%).

É importante notar que aoferta de vagas na rede privadaé bastante restrita, de modoque sua contribuição para a

universalização do ensino é pe-quena. A rede privada de ensinoatende praticamente a parcelamais rica da população. A edu-cação, neste sentido, é funda-mentalmente uma questão quedeve ter toda a atenção darede pública de ensino, comdestaque à importância dosformuladores de políticas pú-blicas nesta área.

3.3 Evolução dosGastos com Educação

O orçamento total estadual eda Secretaria de Educação cres-ceram expressivamente desde2002, porém em termos relativosa SEE-SP apresenta queda emsua previsão orçamentária. Ográfico 12 permite visualizar aqueda da participação da SEE-SP em relação ao Orçamentototal do estado, tanto no que diz

respeito ao total da SEE, quantoem relação a sua despesa depessoal e encargos. Em 2002, aparticipação da SEE-SP no orça-mento total de São Paulo era de15,1%, caindo para 13% em2010. Já as despesas com pes-soal passaram de 12,7% em2002, para apenas 9% na pre-visão orçamentária 2010, emtermos nominais.

Estes resultados podem sig-nificar que o governo paulista

tem redirecionado os recursosda SEE para outras áreas consi-deradas mais importantes e, noque tange a despesa de pes-soal, de alguma forma reflete apolítica salarial do governo, comconcessão de bônus e de re-muneração por resultados ecompetências, de modo que osreajustes salariais ficam relega-dos a segundo plano; a despesacom pessoal aumenta, mas nãopara todos.

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3.3.1 A aplicação emManutenção e Desenvolvimentodo Ensino (MDE)

Em 2009, São Paulo aplicou30,14% de impostos e transfe-rências na Manutenção e Desen-

volvimento do Ensino (MDE).Com relação a 2008, a aplica-ção em MDE cresceu 2,3% ouR$ 450 milhões, em valores no-minais. Se considerarmos so-mente a administração direta

(basicamente o ensino funda-mental e médio), o governo apli-cou 21,29% e a diferença (8,8%)com a administração indireta(Centro Paula Souza, USP,UNESP, UNICAMP).

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A Constituição Federal defi-ne em seu artigo 12 a obriga-toriedade de estados e muni-cípios gastarem pelo menos25% de impostos e transferên-cias. Já o estado de São Paulodefine em sua ConstituiçãoEstadual a aplicação de, nomínimo, 30% destes recursos

em MDE, meta esta cumpridapelo governo estadual no pe-ríodo selecionado.

Outro ponto importante é ogasto com pessoal inativo. O Tri-bunal de Contas do Estado deSão Paulo, em seu Manual deAplicação de Recursos no Ensi-no (2007), entende que a despe-

sa com inativos da educaçãopode ser incluída nos 25%,desde que haja autorização nalei orçamentária anual (LOA)e, do valor total, sejam abatidasas contribuições funcionais epatronais ao regime próprio deprevi-dência dos servidores daárea educação.

4. Evolução salarial do magistério estadual

1 O reajuste necessário de 34,3% calculado anteriormente referia-se à previsão do ICV de fev/10. Os dados agora estão calculados com o ICV defev/10 realizado.

O salário base dos professo-res paulistas apresenta perdasdesde pelo menos a implantaçãodo atual Plano de Cargos e Salá-rios, em 1998. Se considerarmos

o ICV calculado pelo DIEESE demar/98 até fev/10, temos umacumulado de 116,37%, contraum reajuste salarial de 60,97%para o professor PEB I (24h) sem

considerar as gratificações, resul-tando em uma perda de 25,61%.Portanto, o reajuste necessáriopara recuperar as perdas sala-riais de mar/98 é de 34,42%1.

Podemos acompanhar ossa lá r ios dos pro fessorespaul is tas considerando asgrat i f icações. Neste caso,percebemos também a exis-

tência de perdas salar iais,para o professor PEB I (24h).O reajuste do PEB I (24h)com as grat i f icações é de84,35%, no período de mar/

98 a fev/10, e sua perda é de14,80%. Haveria ainda a ne-cess idade de rea jus te de17,37% para a reposição sa-larial em mar/98.

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2 O Salário Mínimo Necessário é calculado pelo DIEESE mensalmente e toma como base uma família composta por um casal com dois filhos, demodo que estes consomem como 1 adulto, resultando em uma família de três pessoas. Considera a cesta básica mais cara realizada no mêsde referência e, a partir disso, calcula qual o salário necessário para uma família de três adultos suprir suas necessidades, segundo ospreceitos da Constituição Federal de 1988.

O governo paulista acaba decriar a Lei Complementar n°1.107/10 que incorpora a gratifi-cação por Atividade do Magisté-rio (GAM) em três parcelas anu-ais. No primeiro ano (2010) osalário base aumenta 4,55%, nosegundo 5,08% e no último ano(2012) aumenta 5,32%. Se con-siderarmos esta primeira parce-la da GAM na conta das perdasdo professor PEB I (24h) com

gratificação, ainda há uma per-da de 10,93% e um reajuste ne-cessário de 12,27%. Ou seja, osprofessores da rede pública doestado de São Paulo possuemperdas salariais considerando ounão as gratificações concedidaspelas leis estaduais.

A valorização profissional dacategoria dos professores pas-sa também pela esfera financei-ra e, neste sentido, a compara-

ção do salário base com o Salá-rio Mínimo Necessário (SMN)calculado pelo DIEESE2 objeti-va alcançar o ganho real dopoder aquisitivo. O gráfico 13mostra como seriam os salárioscaso fosse adotado o SMN doDIEESE. O salário base dos pro-fessores PEB I (24h) e PEB I(40h) deveriam ser reajustadoem 57,8% de modo a adotar oSMN (mar/10).

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Produção: SubseçãoDIEESE/APEOESP

Edição: 05/05/2010

Periodicidade: quadrimestral

Equipe Responsável:Alexandre Sampaio FerrazRenata Miranda Filgueiras

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5. Conclusão

tária, o Banco Central em sua úl-tima reunião do Copom elevou ataxa básica de juros (Selic), devi-do ao entendimento de que a eco-nomia nacional está relativamen-te estabilizada e há indícios depressão inflacionária em decor-rência deste novo movimento daatividade econômica. Por sua vez,a inflação no ano (jan-ma/10)apresenta taxas acima do realiza-do em mesmo período para 2009.

Os dados do mercado de tra-balho demonstram que a taxa dedesemprego em 2010 na regiãometropolitana de São Paulo estáabaixo das taxas verificadas entre2005 e 2009. Apesar do desem-prego ainda se manter nu patamaralto, o início de 2010 já demons-tra melhor situação que 2009 e2008. O saldo do Caged acumu-lado no primeiro trimestre de 2010também teve ótimo desempenho,dado que é o melhor resultadopara toda a série histórica, com ageração líquida de 657.289 vagasno mercado de trabalho.

No lado da receita estadual, aarrecadação tributária já dá sinaisclaros de recuperação e o seu prin-cipal item, o ICMS, superou emjan-mar/10 o realizado de jan-mar/09, em termos reais, enquanto nolado das despesas, a despesa compessoal está abaixo do limiteprudencial de 46,55% definido pela

LFR. O governo de São Paulo estánuma boa situação fiscal e possuimargem legal suficiente para rea-lizar reajustes salariais para toda acategoria dos professores.

Em 2009, segundo os de-monstrativos da aplicação do es-tado em MDE, o governo paulistaaplicou 30,14%, respeitando omínimo definido na ConstituiçãoEstadual. Porém, há evidentequeda da participação do orça-mento da educação no orçamen-to total de São Paulo, tanto comrelação à previsão total, quantoà previsão com despesa de pes-soal. Como já dito anteriormen-te, a despesa de pessoal cresce,mas em ritmo inferior ao cresci-mento das receitas e em desi-gualdade entre os servidores, ouseja, não cresce igual para todos,mas apenas para alguns.

Contrariando as evidências demelhoras na economia nacional e,portanto, na arrecadação estadual,o governo paulista manteve a polí-tica de concessão de bônus salari-al e de promoção por mérito, ex-cluindo, no caso desta última, amaioria dos professores (80%) dapossibilidade de obtenção deste“aumento” e ferindo o princípio deisonomia salarial ao permitir queprofessores de mesmo cargo, for-mação e tempo de serviço tenhamremunerações distintas.

O resultado negativo do PIBem 2009 (-0,2%) é reflexo da cri-se econômica mundial eclodidaem 2008 e que afetou principal-mente o setor industrial. Apesardesta queda no PIB, a avaliaçãodos dados trimestrais dão sinaisde recuperação da atividade eco-nômica e as projeções do PIBpara 2010 já estão acima de 5%.

Com relação à política mone-