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A utilizao de arranjos didticos como ferramenta de ensino do violo no

curso bsico da FUNDARTE

Thiago de Campos Kreutz1Fundao Municipal de Artes de Montenegro FUNDARTE

Universidade Federal de Santa Maria UFSM

Resumo:O presente artigo relata a experincia da elaborao de arranjos didticos para o ensino doviolo dentro do programa do curso bsico da Fundarte em Montenegro. O Curso bsico compreendeum programa de sete anos que acompanha o aluno no perodo escolar, passando por trs diferentesmdulos: elementar ou inicial, intermedirio e avanado. Com intuito de tornar o estudo dos mtodos

clebres de violo mais interessante, atravs da execuo de um repertrio mais atual em relao speas apresentadas nos mtodos, buscou-se elaborar arranjos didticos de canes que os alunos jconheciam. So abordadas as caractersticas e problemas tcnicos que podem ser trabalhados comos seguintes arranjos: tema do Batman, tema do Star Wars, Yellow Submarine e Another Brick in theWall. Como resultado observou-se a melhora da motivao para o estudo, bem como cuidado com osaspectos tcnicos trabalhados neste repertrio.

Palavras-chave:Pedagogia do violo; arranjos didticos; mtodos de violo.

Introduo

Dentre os trabalhos didticos para o ensino do violo mais difundidos no Brasil

certamente merecem destaque os mtodos dos professores Henrique Pinto (1978) e

Isaias Svio (1947). Estes foram responsveis pela formao de geraes violonistas

e podem-se considerar diversos aspectos de sua didtica ainda teis na atualidade.

Observo que, de maneira geral, estes mtodos esto focados no desenvolvimento de

recursos tcnicos e motores dos estudantes, utilizando exerccios, estudos e um

repertrio de composies prprias e de clebres violonistas do sc. XIX, como

1Possui graduao em Msica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010) e mestrado emMsica pela Universidade Federal de Gois (2014). Entre seus professores destacam-se Paulo Inda,Eduardo Meirinhos, Alisson Alpio e Leandro Maia. J participou de diversos festivais, seminrios eencontros no pas, tanto de ordem artstica como cientfica. Entre seu trabalho de pesquisa destaca-sea produo brasileira contempornea para violo com nfase na obra de Edino Krieger. Comoconcertista apresenta recitais solo e de msica de cmara em diversas regies do pas, dando nfasea diversidade histrica e estilstica do repertrio do violo. Foi, por dois anos consecutivos, selecionadocomo um dos vencedores do concurso jovens solistas da orquestra Fundarte. Em 2014 foi agraciadocom a segunda colocao no XXXIII concurso Latino Americano Rosa Mstica. Atualmente ocupa cargo

de professor da Fundao Municipal de Artes de Montenegro (Fundarte) e de professor substituto naUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM).

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Carcassi, Carulli, Sor e Giuliani. Alm disso, atravs deles pode-se iniciar a leitura

musical, bem como apreender um repertrio de peas importantes para o instrumento.

Alm destes mtodos tradicionais destaco a importncia de alguns trabalhos

mais recentes. Mariani (2002) foca num ensino mais global que mescla exerccios,

canes cifradas e escrita meldica, alm disso, merece destaque as atividades de

aspecto ldico voltado para o pblico infantil. Tourinho e Barreto (2003) tambm

apresentam uma viso mais global do ensino do violo onde tambm mesclam a cifra

de acorde com partituras pensando num ensino do violo em grupo. Galifi (2010) foca

no aspecto da leitura musical e a iniciao a aspectos interpretativos como dinmicas,

andamentos e articulaes, desde as primeiras lies.

Ainda que acredite que dificilmente a utilizao exclusiva de um mtodo possa

apresentar resultados satisfatrios, importante seguir um caminho objetivo e

gradativo para o desenvolvimento da tcnica instrumental bem como conhecimentos

musicais, estilsticos e interpretativos. Nesse sentido todos esses mtodos mostram-

se eficientes.

Como professor do curso bsico da FUNDARTE observo um problema que

ocorre na aplicao prtica destes mtodos. Os alunos apresentam pouca

familiaridade com o repertrio trabalhado nos mtodos, isso levando em considerao

a faixa etria predominante, que aproximadamente entre os 9 e 18 anos. Tambm,

em muitos casos, observei a falta de familiaridade com o conceito de violo solo,

sendo que em muitos casos o aluno apenas conhece, e tem a pretenso de apreender,

a execuo de posies bsicas de acordes e batidas rtmicas do violo, o que

restringe consideravelmente as possibilidades tcnicas e expressivas do instrumento.Observo que quando trabalhado pura e simplesmente um repertrio de

canes cifradas, dificilmente se consegue isolar elementos tcnicos para estudo e

sua soluo, tais como postura, digitao, toque com e sem apoio, sonoridade, etc.

Desta forma comum o aluno adquirir maus vcios de execuo. Chega-se num

impasse: Deve-se trabalhar um repertrio conhecido que ir motivar o aluno a estudar

mais, mas com limitaes tcnicas? Ou, trabalhar um repertrio didtico e

tecnicamente slido, porm com a possibilidade do aluno no se motivar e, por

conseguinte estudar menos?

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Svio j apontava para o problema da motivao em relao disciplina de

estudo:

[...] como difcil haver alunos que se submetam por um tempo determinadoao estudo da tcnica, prefervel intercalar as lies e tambm, se oprofessor julgar conveniente, permitir ao aluno a execuo de algumas peasque estejam a seu alcance, para suavizar e tornar mais agradvel o estudo.(1947, p.6)

Uma das formas que encontrei para contornar este problema foi a de elaborar

arranjos didticos2de canes mais conhecidas pelos alunos, desta forma pode-se

aliar a motivao com a utilizao de violo solo e problemas tcnicos pontuais aserem trabalhados. Para desenvolver a motivao procurei trabalhar com canes e

estilos que esto mais inseridos no imaginrio dos alunos. Sendo assim foram

elaborados arranjos de temas de desenho animado, canes de rock, msicas de

filme, alm de msicas que foram sugeridas pelos prprios alunos. Em seguida

apresento alguns exemplos de arranjos que podem ser utilizados em nveis iniciais do

estudo do violo, paralelos etapa de iniciao leitura, primeiras lies dos mtodos,

bem como ao aprendizado das posies bsicas de acordes.

Arranjos

O arranjo do tema de abertura da srie do Batman dos anos 60 permite o

trabalho da alternncia dos dedos i-m da M.D, bem como a iniciao posio

longitudinal da M.E.

Exemplo 1: Batman c. 1-4

O arranjo do tema de abertura do filme Star Wars foi elaborado com intuito de

trabalhar a utilizao do dos dedos p-i-m da mo direita, utilizao da posio

longitudinal da mo esquerda. Tambm pode-se trabalhar a escala de Sol maior nas

2Os arranjos podem ser acessados no endereo: www.thiagokreutz.blogspot.com

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trs primeiras cordas e na primeira posio o que possibilita a leitura e execuo de

diversas melodias no violo.

Exemplo 2:Star Wars - c.1-4

No arranjo da cano Another Brick in the Wall da banda Pink Floyd buscou-se

a alternncia entre elementos meldicos e acordes de acompanhamento. So

utilizados os acordes de Dm, G e F em posies bsicas. Alm disso, no ostinato de

acompanhamento pode-se trabalhar a ao positiva (presso) e neutra (abafamento)

da mo esquerda.

Exemplo 3:Another Brick in the wall - c.1-10

O arranjo da cano Yellow Submarine dos Beatles visa alternar a execuomeldica com posies bsicas de acordes (G, Em, Am D7). Na segunda parte

trabalha a ao independente do polegar da M.E. bem como a utilizao de melodia

acompanhada de baixos.

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Exemplo 4:Yellow Submarine

Concluses

A utilizao destes arranjos dentro do curso bsico da FUNDARTE mostra-se

eficaz uma vez que pude observar maior nvel de motivao dos alunos em relao

ao estudo do violo. Observei que os arranjos de Batman e Star Wars foram muito

bem recebidos pelo pblico infantil e os arranjos de Yellow Submarine e Another Brick

in the wall foram mais bem recebidos pelos adolescentes. Um fato que considero

relevante que todos os alunos que estudaram estas peas conseguiram decor-lasem poucas semanas, as obras foram posteriormente tocadas em grupos como a

Camerata de Violes.

Observei um maior cuidado com os aspectos tcnicos trabalhados no

repertrio, tanto nos arranjos como em outras obras, alm de maior vontade de tocar

repertrio solo, mesmo em se tratando de obras oriundas dos mtodos.

Referncias

BARRETO, Robson; TOURINHO, Cristina. Oficina de violo. So Paulo: Editora daUFBA, 2003.

GALIFI, Gaetano. Iniciao ao Violo op. 41. So Paulo: Irmos Vitale, 2010.

MARIANI, Silvana. O equilibrista das seis cordas: mtodo de violo para crianas.Curitiba: Editora da UFPR, 2002.

PINTO, Henrique. Iniciao ao Violo. So Paulo: Ricordi, 1978.

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SAVIO, Isaias. Escola Moderna do violo: tcnica do mecanismo. So Paulo:Ricordi, 1947.