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Editora

Rua Curupira, 101 – Mooca – CEP 03179-140 – São Paulo – SPFone: (11) 6605-4651 – [email protected]

Editor e Diretor de arte: Victor Rebelo

Jornalista: Érika Silveira

PROGRAMA

Música & Mensagem

Espiritismo, músicas,

entrevistas, auto-ajuda

e estudo das religiões

Aos sábados,

Às 16 horas

Rádio Mundial95,7 FM (SP)

Apresentação

Victor Rebelo

Nas bancas de todo Brasil

ouça pelo site www.rcespiritismo.com.br

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Textos doscolaboradores da

Revista Cristã de Espiritismo

Jesus e o Espiritismo

Entrevistas realizadas pelo sitewww.irc-espiritismo.com.br

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Índice1a Parte - Entrevistas

1 - Falando de Jesus 132 - As parábolas de Jesus 253 - O consolador prometido 294 - A reencarnação na Bíblia 395 - O Céu e o Inferno 536 - O natal 637 - As curas de Jesus 79

2a Parte - Textos

1 - O lado esotérico do Cristianismo 892 - Os essênios e o Cristianismo 1053 - O poder da Fé 117

O Espiritismo (página 128)Trecho da introdução de

O Evangelho Segundo o Espiritismo

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IntroduçãoNeste quarto volume da Coleção Sem Mistérios apre-

sentamos ao leitor o tema Jesus e o espiritismo, que encer-ra a série que aborda esclusivamente a doutrina espírita.

A doutrina espírita é uma religião? Se for uma religião,pode ser considerada cristã?

Primeiramente, temos que partir do princípio de quereligião vem do termo religare, que significa religar, as-sim como o termo sânscrito yoga, que significa união. Masunião com o quê?

União com nosso Eu Superior, nossa natureza ver-dadeira (como diz o budismo), nosso atman (hinduísmo),nosso Cristo Interior ou, finalmente, com nossa CentelhaDivina (espiritismo). Ou seja, a proposta da religião é nosmostrar como despertar a natureza Divina que existe emnós. Portanto, sob este aspecto, o espiritismo pode ser con-siderado uma religião.

Quando Jesus veio à Terra, Ele não tinha o objetivo deacabar com as religiões já estabelecidas. Veio esclarecercertos pontos que foram deturpados ao longo dos anos. Paraisso, exemplificou em sua vida diária todo poder e bondadeque um ser iluminado já conquistou. Mais que isso: nos ensi-nou que também temos a capacidade de vivenciarmos todaessa Luz, que somos igualmente Filhos de Deus e que Ele éapenas um dos nossos irmãos mais velhos.

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A doutrina de Jesus é de caráter universal. Muitascoisas que ele ensinou, Buda, por exemplo, já tinha ensi-nado séculos antes. Portanto, o espírito de sectarismo e fa-natismo não partiu de Jesus, mas de muitos daqueles quese dizem cristãos, mas atacam a religião alheia.

O espiritismo adota como conduta exemplar de vidaa do Mestre de Nazaré. Primeiro, porque é considerado umacontinuação do próprio cristianismo, o “Consolador Prome-tido”. Segundo, porque sua força está no Ocidente, regiãodo planeta mais influenciada pelos ensinamentos cristãos.

Mas isso não significa que o espírita não possa estu-dar os ensinamentos de outras doutrinas, como o Taoísmo,hinduísmo etc. Não só pode como deve, pois como eu jádisse, os ensinamentos de Jesus são universais, pois a fonteé uma só: Deus. E o espírita é um livre-pensador que deveestudar de tudo, fazendo uso, como disse Allan Kardec, desua fé raciocinada.

Nosso objetivo com este livro não é diminuir a rea-leza espiritual e os méritos de Jesus, mas mostrar que atodos está reservada a herança Divina. “ Vós sois deu-ses!”, disse Jesus.

O espiritismo é cristão, sem ser sectarista, pois os ensi-namentos de todos os mestres são iguais em sua essência.

Que a tolerância religiosa esteja entre nós!

Victor RebeloEditor

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1a parte

Perguntas erespostas

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Entrevista com Ana Guimarães

Ao longo do tempo, a figura extraordi-nária de Jesus tem suscitado as maisdiversificadas elaborações de temas. Pertode 65 mil livros já foram escritos sobre ele,sem contar as reportagens, poemas, artigos,pesquisas etc. E percebemos que o tema éinesgotável.

A época que Jesus escolheu para vir àTerra era realmente difícil. Os povos sedigladiavam em guerras que pareciam in-termináveis e o povo de Israel, que iria lhereceber, encontrava-se sob dominação ro-mana. As notícias a respeito de sua chega-da não são tão conhecidas pelas pessoascomo deveriam ser, muitos acreditam quesomente o Velho Testamento traz as profe-cias sobre isso. Porém, na realidade, à me-dida em que velhos povos vão sendo reti-

Falando de Jesus

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rados do ostracismo do passado, desco-bre-se que já se falava de um ser especialque viria e os velhos templos traziam refe-rências ao fato.

Todos o reconheceram. Quando dize-mos todos, não nos referimos aos homensem si, porque estes não o identificaram, masfalamos daqueles que tiveram oportunida-de de encontrá-lo, pessoas pertencentes avárias camadas sociais que, inspiradas pelomundo espiritual ou pela personalidade no-tável de Jesus, reconheceram-no imediata-mente. Não tiveram dúvida alguma a res-peito do filho de Deus.

Jesus deixou um código de respeito aDeus e às criaturas de uma forma geral. Suaspalavras ressoam com força e vigor na almade muitos, mas, ainda assim, vários de seusensinamentos profundos permanecem qua-se inatingíveis pela maioria das pessoas,talvez porque não parem para analisá-los.Ao estudarmos a assertiva de que “os man-sos herdarão a Terra”, isso pareceria uma

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coisa inadmissível, já que vemos a violên-cia se multiplicar e os violentos pareceremvitoriosos, além de lembrarmos de homenspoderosos do passado, que dominaram ter-ritórios, subjugaram e escravizaram povos,mas se perderam nas páginas da história,como Átila, Alarico, Alexandre e Júlio César.Só que isso não é a expressão da verdade.Pensemos, por exemplo, em um Franciscode Assis, imortal em sua mansuetude, pure-za e bondade, bem como reconhecido emtodos os quadrantes de nosso planeta, paradepois ouvirmos Jesus falando que “os man-sos herdarão a Terra”. Ou seja, ao lembrar-mos de figuras extraordinárias no campo dobem, que tiveram, como únicas posses, umcoração gentil e um cérebro voltado para aconstrução do amor na Terra, observamosque as palavras de Jesus continuam atuais.

Quando Jesus diz que “é o caminho, averdade e a vida”, o que fica para nós éque seus convites estão mais atuais do quenunca. Diante de tanta violência, tanto or-

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gulho e personalismo, temos de pensar nogentil chamado que Ele nos fez, pedindoque “amemos uns aos outros como eu vosamei”.

Jesus é um espírito que já era perfeitoantes da fundação do mundo. Não seriaum modelo muito distante da nossa reali-dade para tentarmos alcançar?

Não, não é tão distante assim. Segun-do Emmanuel, a Terra realmente foi organi-zada por Jesus e por um grupo de espíritosafins. A lei de amor aqui estabelecida é delee toda a Terra está envolta nela, respiramosisso em todas as nossas reencarnações.

Por que as religiões tradicionais insis-tem em transformar Jesus em Deus se elenunca disse sê-lo, mas sempre que era o“mensageiro”, o “filho”, o “enviado”?

Exatamente para mantê-lo distante. Aspessoas o glorificam, idolatram e ficam te-merosas de segui-lo. Porém, o Espiritismo

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Jesus deixou um código de respeito a Deus eàs criaturas de uma forma geral.

Suas palavras ressoam com força e vigor naalma de muitos, mas, ainda assim, vários deseus ensinamentos profundos permanecemquase inatingíveis pela maioria das pessoas

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apresenta o Jesus real, o amigo, o condu-tor, o pastor amado. E nós somos as suasovelhas.

Mas há a necessidade de ser perfeitopara poder ter participado da formação dosistema? Segundo O Livro dos Espíritos, oespírito perfeito não está mais sujeito à re-encarnação e nem há condições para tal.Será que isso não é mais uma tentativa deendeusar Jesus?

É uma questão de semântica, podemosutilizar a palavra que a gente quiser, espíri-to puro, perfeito. Na Terra, os espíritos queestão sujeitos à reencarnação são os erran-tes, ou seja, todos nós. Temos necessidadedesse retorno, mas isso não quer dizer queapenas nós reencarnamos na Terra. Os mis-sionários reencarnam na Terra por amor enão são mais espíritos errantes. São nomescomo Siddhartha Gautama, o Buda,Krishna, Confúcio, Gandhi, entre outros,que, assim como Jesus, também não esta-

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vam sujeitos à reencarnação, mas vierammesmo assim.

Humilde como todo bom espírito deveser, Jesus poderia ter dito a frase “eu sou ocaminho, a verdade e a vida” na primeirapessoa? Não teria ele dito isso sobre o Paique o enviou e, posteriormente, a frase tersido alterada pela insistência em se dizerque Jesus é Deus?

Não existe nenhum tipo de vaidadenessa frase, porque Jesus realmente é o ca-minho, toda a sua vida foi um roteiro decomo deveríamos proceder, o mapa que eledeixou na Terra. Então, é ele o caminho etodos eles levam a algum lugar, que, no caso,é Deus. Assim, fica bem demonstrado queJesus não é Deus, porque se ele é o cami-nho, então, o objetivo é outro.

Se tomarmos como base a hipótese ouo fato de que Jesus era perfeito na épocaque voltou à carne, por que temos uma pe-

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quena variedade de comportamentos nele,como os “vendilhões do templo”, que reve-la uma certa fúria, ou o “por que me aban-donaste” dito a Deus na cruz, mostrandoalguma fraqueza, ao mesmo tempo em queapresentava uma mansuetude no geral?

A respeito da perfeição dele na épocada construção da Terra, não é uma hipóte-se, porque se Jesus trabalhou na organiza-ção da vida terrena, já possuía os valoresrelativos ao nosso entendimento. Quanto àquestão dos vendilhões do templo, nãopodemos levar ao pé da letra o que estáescrito. Recordando o fato de que Jesus fa-lava em aramaico, uma língua muito pobreem vocábulos, e que o que temos hoje re-presenta uma síntese, feita por São Jerônimo,de todos os escritos que foram recolhidossobre ele, então não podemos falar em fú-ria. Sobre a fraqueza, na verdade, Jesus re-citava um salmo de Davi naquele momen-to, era a hora da prece. Portanto, não existevariedade de comportamento nele, Jesus era

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austero sem subjugar as pessoas, era respei-tado e amado, como são as grandes almasvoltadas para o bem.

Temos relatos sobre a infância de Je-sus até por volta dos 12 anos de idade e,em seguida, encontramos um período nãoesclarecido de sua vida, que vai até próxi-mo dos 30 anos. Existem relatos escritossobre estes “anos desaparecidos”? O queele teria feito nesse período?

O evangelho realmente só se refere a Je-sus na infância e em sua última aparição, aos12 anos, no templo de Jerusalém. Depois, elereaparece como homem feito. Todos os rela-tos que são feitos do período do desapareci-mento são hipotéticos. O que sabemos a res-peito é o que os espíritos nos dizem, isto é,que Jesus levou uma vida normal.

Há alguma informação no sentido deque Jesus voltará a encarnar, como afirmamoutras religiões?

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Não há nenhuma notícia de que Jesusvoltará a encarnar, mas ele prometeu queprepararia um lugar para todos e que era ocaminho que conduziria para esse local.

Que conclusão podemos tirar do fatode Jesus ter ressuscitado depois de três dias?

Trabalhando na organização do plane-ta, Jesus conhecia as leis que o regem. Sehoje nós temos médiuns que sedesmaterializam e voltam a se materializar,equivalendo a dizer que há uma desagre-gação molecular, ou também fenômenos detransporte, com a matéria transpondo-seatravés de matéria, sem que haja ainda umaexplicação de nossa ciência para isso, Je-sus podia manipular a matéria conforme asua vontade. Aliás, foi o que aconteceu emNazaré. Ele estava sendo pressionado pelamultidão para um precipício, então simples-mente desapareceu e ressurgiu junto aosdiscípulos, que estavam atrás dela. Semcontar quando caminhou sobre as águas,

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no fenômeno de levitação. E se Jesus podiacurar cegos, aleijados e leprosos ou expul-sar espíritos, poderia fazer o que quisessecom seu próprio corpo.

Jesus precisou contar com o apoio deespíritos desencarnados durante o tempoem que esteve aqui na Terra?

Ele é o senhor dos espíritos, então, to-dos nós o servimos. Vendo dessa forma, eleprecisa da gente, não é? Portanto, cada vezque você é convocado para ser atenciosocom alguém, ser gentil com seus pais e ir-mãos, alimentar um faminto ou atender umenfermo, você está a serviço de Jesus.

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Por que Jesus utilizava-se de Parábolasao invés de falar ao povo de maneira direta?

Parece-me que toda a narrativa de umfato externo a nós mesmos, mas referente àsnossas próprias vivências facilita-nos o en-tendimento porque é sempre mais fácil en-xergarmos as dificuldades nos outros, emacontecimentos externos do que em nósmesmos. Por outro lado, colocações dire-tas de ordem moral, muitas vezes nos blo-queiam o entendimento por repercutirem demaneira vigorosa em nossas almas. Assim,mais fácil é termos uma narrativa para me-diar o impacto da verdade que a reflexãonos traz.

Quer dizer então que as parábolas sãohistórias de nós mesmos?

Entrevista com Iole de Freitas

As parábolas de Jesus

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As parábolas se referem a situaçõesmorais que espíritos como nós, ainda habi-tando num mundo de provas e expiaçõesatravessam.

E o que poderia comentar a respeitoda Parábola do Festim de Bodas?

Nesta Parábola, parece-me que uma dasquestões mais importantes é a da indica-ção das sublimes faculdades mediúnicas deJesus ao transformar a água em vinho aten-dendo um pedido de Maria, Ele atesta apossibilidade de seu espírito de, agindocomo Médium de Deus, atuar sobre a ma-téria - a água - transformando-a em sua com-posição para que isto resultasse em benefí-cio de tantos. A mediunidade de Jesus atuacom clareza nas mais diversas áreas : na curafísica ou espiritual, na transfiguração, nofenômeno do caminhar sobre as águas, sem-pre com o intuito de estimular a nossa féem Deus e sanar as nossas dores, na medi-da das nossas necessidades espirituais, o

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que ocorre até hoje e, sabemos, continuaráa ocorrer através dos séculos. Esta Parábolaé a indicação viva do capítulo XXVII de “OEvangelho Segundo o Espiritismo : “ PEDI EOBTEREIS “.

As parábolas não serviriam para dei-xar certos entendimentos para um momen-to em que o homem, no futuro, pudessecompreender coisas que na época de Jesusnão seriam entendidas?

Me parece que elas vieram facilitar onosso entendimento sobre as dificuldadesmorais que nós atravessamos há tantos sé-culos. As chagas morais, as dúvidas e mes-mo as virtudes nascentes de espíritos, ain-da no início de sua escalada evolutiva,como nós que viemos encarnando na Ter-ra, são o alvo da atenção das parábolas.Considerando a possibilidade de constan-te progresso das almas, sabemos que hojetemos melhores condições de compreender-mos e aplicarmos os ensinamentos do Mes-

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tre Jesus, mas considerando as nossas ne-cessidades morais atuais podemos perceberque se crescemos em valores intelectuais,ainda continuamos a engatinhar quanto aosvalores morais, numa medida bastante se-melhante a da época de Jesus.

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O Consolador prometido

Um novo “messias” poderia vir à Ter-ra, nos dias atuais, no papel de ConsoladorPrometido?

Não haveria necessidade. O retorno deJesus se fez por meio da doutrina espíritaque é justamente o Consolador que Eleprometeu.

Não é muita pretensão de nossa partechamarmos o Espiritismo de o “ConsoladorPrometido” por Jesus?

Por quê? Se o Espiritismo nos dá todasas respostas capazes de sossegar o nossocoração, de falar ao nosso entendimento,preenchendo as lacunas deixadas pela cul-tura humana; se o Espiritismo preenche to-das as expectativas anunciadas por Jesus por

Entrevista com Nara Coelho

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ocasião de sua passagem entre nós; se oEspiritismo nos diz de onde viemos, paraonde vamos e o que estamos fazendo naTerra e, mais do que isso, nos ensina comoviver. Dizer que seria pretensão nossa seriaconsiderar pretensiosas várias afirmativas doMestre, dentre elas a que Ele se disse o ca-minho, a verdade e a vida.

Tendo a certeza de que Jesus é o mes-sias, como ficam os que não o conhecemainda?

Acredito que ficam entre aqueles quevirão a conhecê-lo. Mas, de qualquer ma-neira, já foram beneficiados pelos melhora-mentos que o mundo recebeu a partir doadvento do Cristianismo.

O Espiritismo é considerado a TerceiraRevelação (após as revelações de Moisés eJesus). Que dizer das demais revelaçõessurgidas em outros povos, em outras épo-cas (China, Índia, Tibete, etc)?

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Essas revelações do mundo orientalconcentram ensinamentos que também par-ticipam das três revelações citadas. A ver-dade é uma só: está contida em todos osramos do conhecimento humano, só quenós, os homens, temos o mau hábito dedeturpar esses ensinos com os nossos pró-prios erros. Isto é, materializamos o que éespiritual. Como espíritas sabemos que nin-guém está abandonado. Em qualquer partedo mundo somos espíritos em evolução.

Qual o sentido exato da expressão:“...porque ele ficará convosco e estará emvós”, usada por você na introdução quefez ao tema?

O Consolador, que é a complementa-ção dos ensinos de Jesus, na ocasião apro-priada, ficará entre nós eternamente. Essamensagem que nos instrui o espírito é fon-te inesgotável de aprendizado.

O que devemos entender por “No prin-

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cipio era o verbo, e o verbo estava comDeus, e o verbo era Deus... E o verbo se fezcarne e habitou entre nós...”(na introduçãodo Evangelho de João)? Será Jesus Deus,como querem os cristãos em geral, ou seráele o “Filho unigênito de Deus”, como sevê em várias partes do Novo Testamento?

Jesus cansou de afirmar que era filho deDeus. Em diversas partes do Evangelho Elese refere às ordens que recebeu de Deus. Nãohá dúvida quanto a individualidade do Mes-tre. Tampouco Ele é unigênito. Eis que exis-tem muitos espíritos do nível de Jesus poresse Universo infinito.

Que Jesus nos ama, não resta dúvida,pois nos deu inúmeras demonstrações; en-tretanto, como nós poderemos, também pornosso turno, darmos o testemunho de amora Ele?

Isso é muito importante. Amamos a Je-sus quando nos esforçamos para seguir-lheos ensinos. Amamos a Jesus quando luta-

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mos para vencer as nossas más tendências.“Tomamos da nossa cruz e o seguimos” pormeio da exemplificação que pudermos re-alizar.

Qual é o significado de Messias, Cris-to, Jesus Cristo?

Messias significa o mensageiro deDeus. O que traz um recado de Deus. Cris-to é o pensamento grego infiltrado no Cris-tianismo, mitificando um espírito cuja di-ferença reside na sua iluminação. É muitoimportante essa pergunta porque, comoespíritas, precisamos trabalhar para restituira Jesus o valor que lhe cabe. Precisamos,mesmo como espíritas, tirar o cunhoigrejeiro que envolve a personalidade deJesus, muitas vezes anulando-a. Jesus é onosso irmão mais velho, mais experiente,mais iluminado.

O que podemos e devemos fazer, con-siderando que realmente o Espiritismo é oConsolador Prometido por Jesus?

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Exemplificar. Acima de tudo, ter muitacoragem para seguir os ensinos de Kardec,porque são eles que nos trazem de volta àlógica e à praticidade dos ensinos liberta-dores do Mestre. Mas, repito, precisamoster coragem para não permitir que interfe-rências “externas” influenciem na nossaexemplificação. Como nos disse Emmanu-el: Cristianismo significa Cristo em nós.

Como conciliar a moral e os ensinosde Jesus (se alguém lhe bater na face...), demansidão e não-violência, com o momen-to atual? Não estaríamos criando ovelhaspara entregá-las aos lobos?

Não! Tais ensinos dizem respeito anossa compreensão para com aqueles queainda atuam na faixa da violência. Cabe-nos, com o conhecimento da doutrina es-pírita, melhorarmos de tal maneira a nossafaixa vibratória que nos coloquemos dis-tantes da violência. E, além disso, trabalharsempre para contagiar a todos que convi-

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vem conosco com a compreensão de quemsabe que é responsável pelo próprio futu-ro, para que também eles sejam estimula-dos à não-violência.

No futuro teremos só uma religião oucrença?

Na verdade, Jesus não veio trazer-nosnenhuma religião. Até a palavra cristianis-mo foi invenção dos homens. Jesus (assimcomo outros mestres iluminados) veio nosexemplificar a Verdade, que um dia seráconquista de todos.

Jesus teria passado por muitas encar-nações para evoluir e chegar ao grauevolutivo em que se apresentou a nós outerá ele sido criado diferente dos outroshomens, já cheio de conhecimentos e sa-bedoria?

Claro que passou por muitas encarna-ções em outros planetas. Por isso Ele temmoral para nos ensinar. Para nos concitar a

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segui-lo. Ele sabe, por experiência própria,qual o melhor caminho, qual a melhor for-ma de agir. Por isso, pode nos ensinar. Alémdo mais, com o Espiritismo sabemos quenão existe privilégios nas Leis de Deus eentendemos porque o Mestre nos disse quepoderíamos fazer tudo o que Ele fazia emuito mais ainda.

O Espiritismo realmente nos desperta amente para a profundidade dos ensinos deJesus. É importante que nunca nos canse-mos de estudá-lo. E mais ainda, que estu-demos tudo o que estiver ao nosso alcancepara fortalecer a nossa convicção espírita.O Espiritismo não pode ser contaminadopelo fanatismo, o que é sempre mais fácilquando não estudamos. Estar sempre em diacom os preceitos de Kardec para que recu-semos informações que contradigam dacodificação. Com o Espiritismo, Jesus des-ceu da cruz, matou a morte e nos proporci-ona um destino de responsabilidade, masde liberdade. Somos artífices do nosso fu-

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turo. Não precisamos ser “santos” para se-gui-lo, mas precisamos ter determinação evontade de atuar no bem. Jesus apresentan-do-nos o Espiritismo através do Espírito daVerdade, cortou-nos os grilhões com o pas-sado, permitindo-nos desvendar um hori-zonte cheio de luz e paz que já podemosvislumbrar nas pequenas alegrias que con-seguimos atingir através do esforço no bem.

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A reencarnação na BíbliaEntrevista com Sérgio Aleixo

Onde especificamente está menciona-da a reencarnação, na Bíblia?

A palavra “reencarnação” não se encon-tra nas escrituras, mas na cultura judaico-cristã. Havia o conceito de ressurreição,que, em muitos casos, é justamente o quechamamos hoje de “reencarnação”. Só paracitarmos o caso mais inquestionável de re-encarnação, lembraríamos da afirmação deJesus, no capítulo 11, v. 10, do Evangelhosegundo São Mateus: “Ele mesmo é o Eliasque há de vir”, disse Jesus a respeito de JoãoBatista. Aliás, a referência correta é Mateus,cap. 11, vv. 12 a 15.

O Gnosticismo afirmava que a

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ressureição deveria ser entendida de modosimbólico. Pregavam a reencarnação an-tes de Jesus. Há alguma evidência de queos Apóstolos maiores admitiam a reencar-nação?

Sim. Como citamos nas consideraçõesiniciais, a epístola aos hebreus, em seu ca-pítulo 11, vv. 35 e 36, diz que “mulheresreceberam seus mortos pela ressureição”.Falando ainda sobre resgate, provação elivramento, o que só se pode aplicar à re-encarnação. A epístola aos hebreus é tra-dicionalmente atribuída a Paulo, emborase saiba hoje que é mais provável não serde sua autoria direta, mas com marcantesinfluências.

Muitos afirmam que se a reencarnaçãoexistisse, Jesus teria sido mais claro, nãodeixaria sob a necessidade de interpreta-ção. Ou seja, teria dito sobre a reencarna-ção como o faz o Espiritismo. Como vocêanalisa este entendimento?

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Aconselho a leitura atenta do Evange-lho Segundo São João, no seu capítulo 16,v. 12, onde Jesus, pessoalmente, afirma aseus discípulos: “Teria ainda muitas coisasque vos dizer, mas vós não as podeis su-portar agora”. Prova mais que evidente danecessidade de aguardar-se a evolução dahumanidade, a fim de que pudesse supor-tar certos conteúdos que não poderiam serfranqueados ao entendimento limitado daépoca.

Por que é tão difícil para a Igreja acei-tar a reencarnação?

Seu caráter extremamente subversivoaos preconceitos étnicos, culturais e soci-ais vigentes, já que o rico de hoje pode sero pobre de amanhã; o branco de hoje podeser o negro de amanhã. Também, no quediz respeito aos dogmas tradicionais, quenão são articuláveis à reencarnação. O in-ferno, por exemplo, deixaria de existir nasua consideração habitual para se tornar

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apenas um estado de consciência, que podeser superado sem as mediações institucio-nais humanas. Disse o Mestre: “O Reino deDeus está dentro de vós” - Lucas, 17:21.

Podemos dizer que a humanidade en-tenderá a reencarnação sem necessariamen-te se tornar espirita?

Sem dúvida! Vejam os casos de BrianWeiss e Patrick Drouot, que afirmam a reen-carnação por bases científicas, sem nuncater ouvido falar de Kardec. Vale lembrar queo Espiritismo está fundamentado nas leis na-turais que transcendem etnia, religião, etc.

Existe algum movimento da Igreja nosentido de reconhecer a reencarnaçãocomo fato inconteste?

O que sabemos é que eles aceitam, naalta teologia, a reencarnação. Não sabemos,porém, se, entre os adeptos, existe movi-mento nesse sentido, não sabemos. O fato,porém, é que a verdade triunfará.

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Jesus, pessoalmente, afirma a seusdiscípulos: “Teria ainda muitas coisasque vos dizer, mas vós não as podeis

suportar agora”. Prova mais que evidenteda necessidade de aguardar-se a evolu-

ção da humanidade, a fim de que pudessesuportar certos conteúdos que não

poderiam ser franqueados ao entendi-mento limitado da época

Como podemos entender as chamadaspragas “impostas” por Moisés, na tentativade libertar o povo hebreu da escravidãono Egito? Principalmente a última praga,da morte dos primogênitos?

Acreditamos que boa parte das infor-mações bíblicas e evangélicas, até mesmo,estão revestidas por um discurso mitológi-co, o que quer dizer que representam len-das, conteúdos do ideário popular sem ne-nhuma base na realidade.

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Como entender a passagem da ressur-reição de Lázaro, no seu próprio corpo an-tes decomposto. Qual a relação com a re-encarnação que a doutrina prega?

O Espiritismo, a princípio, não aceitaque Lázaro estivesse de fato morto, ou seja,desencarnado, mas num estado catalépticoou letárgico. Assim, pelo poder magnéticodo Mestre, seu refazimento foi possível e oespírito reassumiu as funções orgânicas, nãohavendo ressurreição propriamente dita,mas cura.

Na Oração do Credo o trecho “... Creiona remissão dos Pecados, na ressurreição dacarne e na vida eterna”. É uma aceitação ve-lada, pela Igreja Católica, da reencarnação?

Acredito que sim. Ainda que necessi-temos de uma certa “ginástica” para enten-dermos assim, pois não é a carne que res-suscita, ressurge, mas sim o espírito. Como,nesse fato, ele volta a revestir-se de matériacarnal, podemos entender o dogma católi-

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co no sentido da reencarnação, muito em-bora eles teimem em uma ressurreição, di-gamos, “cadavérica”; quando, na verdade,trata-se de um novo corpo assumido segun-do a lei imutável da reprodução das espé-cies, isto é, a reencarnação.

O diálogo entre Jesus e Nicodemus nãoé uma alusão à reencarnação? Fale algo arespeito deste diálogo.

Sem dúvida é uma iniciação ao entendi-mento reencarnacionista, pois que o Mestrediz: “Necessário vos é renascerdes de novo” ecomplementa que deve ser um renascimento“de água” e “de espírito”, ou seja, é a retoma-da da experiência física, cuja constituição éeminentemente líquida. Portanto, o renascerde água (segundo o Prof. Pastorino “de água”e não “da água”) é reencarnar e o renascer deespírito é evoluir, progredir moralmente.

Teriamos alguma passagem no velhotestamento sobre a reencarnação?

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Sem dúvida! Nos próprios 10 manda-mentos a reencarnação é ensinada. Êxodo,20:5:”Eu, o senhor, teu Deus, sou Deuszeloso que visito a maldade dos pais nosfilhos na terceira e quarta geração”. E não“até” a terceira e quarta geração, como tra-duzem deturpadamente hoje em dia. A vi-sita de Deus, ou seja, o cumprimento desua lei se dará na terceira e quarta geraçãoporque o espírito infrator já teve tempo,muitas vezes, de reencarnar na mesma fa-mília. Por outra, por que Deus deixaria delado a primeira e segunda geração? Não háexplicação sem a reencarnação. Inclusive,somente assim entendemos o que disse oprofeta Ezequiel (18:20):”O filho não leva-rá a iniqüidade do pai, nem o pai a iniqüi-dade do filho. A justiça do justo ficará so-bre ele e a perversidade do perverso ficarásobre este.” Assim, vemos que o confundirvingança com justiça é algo peculiar aohomem, não a Deus. A alma que pecar éque recebe a correção e não outrem.

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O que você aconselha ao espírita, aolidar com irmãos de outras crenças, no sen-tido da negação da reencarnação .

Se forem evangélicos, protestantes, en-fim, aconselho aos irmãos espíritas que nãodeixem de argumentar fraternalmente emtermos escriturísticos através de um estudoperseverante da Bíblia, já que não adianta-rá argumentarmos em termos de ciência,pois o paradigma desses companheiros ain-da é “vale o que está escrito”. Não tería-mos, nós espíritas, argumentos suficientes?Quer nos parecer que os temos de sobra. Oque precisamos é estudar.

Em que época, aproximadamente, areencarnação passou a ser retirada dos tex-tos bíblicos? E por que isso aconteceu?

Na verdade, ela não foi “retirada”. O quetentam é dissimular os conteúdos. Mas, te-mos referências desde o século II depois deCristo, do próprio Orígenes, um dos pais daIgreja: “Presentemente, é manifesto que gran-

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des foram os desvios sofridos pelas cópias,quer pelo descuido de certos escribas, querpela audácia perversa de diversos corretores,quer pelas adições ou supressões arbitrárias.”Portanto, vemos que esta intenção é, de fato,muito antiga, mas restará sempre malograda.

Alguns evangélicos argumentam contraa reencarnação, citando a parábola do ricoe de Lázaro. O que tem a dizer a respeito?

O pai Abraão, na parábola de Jesus, dizque eles tinham Moisés e os profetas. Pergun-taríamos aos irmãos que argumentam com estaparábola: Não tinham os apóstolos mais ain-da que Moisés e os profetas o próprio Evan-gelho do Cristo? No entanto, necessitaram daressurreição do morto mais eminente da nos-sa cultura. Se não vissem o triunfo do Mestresobre a morte, teriam sido o que foram?

A dissimulação do conteúdo bíblicoreferente à reencarnação está no uso dapalavra ressurreição?

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Em parte, sim! Pois a expressão grega“palinggenesia”, segundo o Prof. Pastorino,era o termo técnico da reencarnação entreos gregos. No entanto, São Jerônimo, ge-ralmente, o traduzia por regeneração. Já apalavra “ressurreição” é a tradução da ex-pressão grega “anastasis” originária do ver-bo “anistemi”, que significa tornar a ficarde pé, mas também “regressar”. Como ve-mos, tudo é uma questão de resgate dosverdadeiros sentidos das palavras, que as-sumem significados diversos ao longo dostempos. Nos cumpre, então, a pesquisaetmológica e, sem dúvida, chegaremos àverdade reencarnacionista. É o que cons-tatamos do trabalho, por exemplo, do Prof.Pastorino.

Pelo que entendi, então, a crença quese enraizou sobre o chamado “pecado ori-ginal”, nos textos originais referia-se à re-encarnação? De fato, a Bíblia está cheia de“ameaças” aos filhos, que pagariam pelos

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“pecados” de seus pais... Na realidade, se-riam as gerações seguintes em que os mes-mos espíritos, já reencarnados, sofreriamas consequências de seus atos e não umatransferência de débitos (que aliás seria in-compatível com a justiça divina)?

Sem dúvida alguma. É exatamente isso!

Que bibliografia aconselharia parauma leitura mais detalhada do tema?

“A Reencarnação na Bíblia” - HermínioMiranda; “Cartas a um Sacerdote” - AméricoDomingos e Luis Antonio Millecco; “VisãoEspírita da Bíblia” e “Revisão do Cristianis-mo” - José Herculano Pires e “Reencarna-ção: Lei da Bíblia, Lei do Evangelho, Lei deDeus” de minha autoria.

Jesus deixa claro que João Batistaé a reencarnação de Elias.

Leia O Novo testamento,São Mateus, cap. XVII, v, 10 a 13.

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Jõao Batista é a reencarnação de Elias

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O Céu e o InfernoEntrevista com Deise Bianchini

As penas e os gozos são inerentes aograu de perfeição dos espíritos. Cada umtira de si mesmo o princípio de sua felici-dade ou da sua desgraça. E, como os espíri-tos estão por toda parte, não existe um lu-gar circunscrito ou fechado que possamoschamar de paraíso, inferno ou purgatório.Existe o estado moral dos espíritos.

Quanto aos encarnados, esses são maisou menos felizes ou desgraçados, confor-me é mais ou menos adiantado o mundoem que habitam. Inferno e paraíso são sim-ples alegorias; por toda parte há espíritosditosos ou infelizes. Os espíritos de umamesma ordem se reúnem por simpatia, e,quando são perfeitos, podem reunir-se ondequeiram.

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Por “purgatório” devem-se entenderdores físicas e morais, ou seja, o tempo daexpiação. Quase sempre é neste mundo quefazemos o nosso “purgatório”, onde Deusnos concede a chance de expiarmos as nos-sas faltas. Então, o que se deve entenderpor purgatório? Nada mais é que um esta-do de sofrimento físico e moral, consistin-do, geralmente, nas provas da vida corpo-ral, até que consigamos superar nossas pro-vas, elevando-nos ao estado de espíritosbem-aventurados.

Sintetizando: Inferno é uma vida deprova extremamente penosa, com incertezade uma melhora. Purgatório é uma vida tam-bém de provas, mas com a consciência deum futuro melhor.

Por “alma a penar” deve-se entenderuma alma errante e sofredora, incerta de seufuturo, e à qual proporcionar o alívio quemuitos vezes solicita, vindo comunicar-seconosco.

Por “céu” não se deve entender um lu-

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gar onde os espíritos bons estejam todosaglomerados, sem outra preocupação quea de gozar, pela eternidade toda, de umafelicidade passiva. Céu é o espaço univer-sal; são os planetas, as estrelas e todos osmundos superiores onde os espíritos gozamplenamente de suas faculdades, sem as pre-ocupações da vida material nem as angús-tias peculiares à inferioridade. As expres-sões “quarto, quinto céu,” etc., indicamgraus de purificação e, em conseqüência,de felicidade.

Foi por isso que Jesus disse: “ Meu rei-no não é deste mundo.“ É que o seu reina-do também não consiste em um aglomera-do de seus súditos neste planeta, mas seexerce unicamente sobre os corações pu-ros e desinteressados. Ele está onde querque domine o amor do bem. O bem só rei-nará na Terra quando, entre os espíritos quea virão habitar, os bons predominarem, fa-zendo com que nela reinem o amor e a jus-tiça, fonte do bem e da felicidade. Haverá

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a transformação da humanidade, ocorren-do pela encarnação, aqui, de espíritos me-lhores, que constituirão na Terra uma gera-ção nova. Os espíritos “maus”, que a morteirá ceifando a cada dia, e os de todos quetendem a deter a marcha das coisas, serãodaqui excluídos, pois que viriam a estardeslocados entre os homens de bem, cujafelicidade perturbariam. Irão para outrosmundos, menos adiantados, desempenharmissões penosas, trabalhando pelo seu pró-prio adiantamento e, ao mesmo tempo, pelode seus irmãos ainda mais atrasados.

Como fazer para garantir o “céu” den-tro de nós?

Tanto o céu como o inferno são esta-dos de espírito em que nos colocamos quan-do ainda encarnados. Podemos usufruir des-se céu maravilhoso, que tantos esperam apósa morte. Caridade, humildade, amor, são oscaminhos que nos levam ao Pai e que tra-zem o seu mundo para dentro de nós.

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Como são espíritos que tendem a de-ter a marcha das coisas?

São espíritos ainda atrasados moral-mente, que se comprazem com o sofrimen-to dos outros, não estão preocupados comsua evolução, ou ainda não aprenderamque isso ocorrerá. Procuram, por todos osmeios e influências, nos prejudicar. Aindanão tem conhecimento do amor, ou per-dão. Levam a vida a procurar vingança.Esses, quando a Terra também evoluir, nãose encontrarão mais entre nós, mas comcerteza chegarão lá também, pois chancesnão nos faltam.

Como espíritos elevados, como Jesus,sentem nossos sofrimentos e angústias? Issonão atrapalha sua felicidade?

É como acontece com nossos filhos.Quando esperneiam para tomar vacina, ouchoram diante do dentista e seu apare-lho, nós não os furtamos a essas visitas,pois sabemos que esses sofrimentos são

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momentâneos e que só lhes farão bem.Os bons espíritos, os evoluídos que nosacompanham também se penalizam denós, mas sabem que só assim poderemoscrescer, andando com nossas própriaspernas e tendo nossos méritos a cada vi-tória alcançada eles nos mostram o cami-nho e nos amparam.

Se a Terra está evoluindo, os espíritosditos maus não deverão ir para um outromundo de igual progresso da Terra atual?

Não gosto muito desse termo mau. Sem-pre procuro utilizar infelizes ou pouco es-clarecidos. Procuro entender que a malda-de não é inerente a eles, mas sim um esta-do em que se encontram. Portanto, se ape-sar de todas as chances de aprendizado,ainda estão teimosos e se mantendo nomesmo estágio evolutivo deverão reencarnarem mundos inferiores, onde estarão aptosa recomeçar e enfrentar todas as dificulda-des que se apresentarem.

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As regiões umbralinas podem ser con-sideradas como uma espécie de purgatório?

“O Livro dos Espíritos” nos coloca queo purgatório não é um lugar determinado,mas o estado dos espíritos imperfeitos queestão em expiação. Quase sempre é sobre aTerra mesmo. Normalmente, na literatura, oumbral é colocado como um local de ex-tremo sofrimento ,mas nunca ouvi, ou li,comentários de expiação ali.

Reencarnar em mundos inferiores nãoseria uma regressão para o espírito?

Não, pois o espírito não regride. Eleconserva o aprendizado, mas deve aliar atudo que aprendeu o aprendizado moral.Ele pode estacionar, mas nunca regredir.

Mesmo em mundos inferiores, o espí-rito conserva sua condição hominal e, por-tanto, não ocorrem quaisquer regressões.Por mundos inferiores podemos entenderaqueles mais tecnologicamente primitivos,onde as dificuldades de manutenção da

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vida corpórea se encontram muito maiores,devido à pouca ciência.

Você não acha que a duração dos so-frimentos dos homens será eterna, visto quesempre existem novas criaturas ignorantessendo criadas e por isso, até podem se in-clinar ao mal?

O sofrimento só será eterno enquantoo homem não aprender a lei do amor. Nãoaprendemos apenas pela dor e sempre tere-mos os missionários a nos acompanhar, enos auxiliar em nossa evolução. Com cer-teza podem se inclinar ao mal, mas comosaber? Nascemos simples e ignorantes, acu-mulamos nossas experiências, espero sin-ceramente que não precise ser assim.

Não trazemos bagagem nenhuma deoutras encarnações?

Sim, trazemos a bagagem dos conheci-mentos adquiridos. Essas lembranças estãotemporariamente escondidas mas agem so-

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bre nós como uma intuição e influenciamnessa vida, sim. Temos tanta facilidade paradeterminadas coisas e para outras não. Sãoos aprendizados que já realizamos que es-tão inconscientemente retornando a nós.

De que maneira uma vida anterior deduras expiações pode influenciar esta nos-sa atual encarnação?

Nada ocorre sem uma causa, tudo éum aprendizado em nossas vidas, ou “dé-bitos que estão sendo quitados”. Uma vidaanterior dura com certeza elevou o nossoaprendizado moral e agora podemos colherseus frutos, e terminar o que apenas come-çamos a quitar.

Existe o mal que os espíritos praticamcontra terceiros, mas existe um outro malque é praticando contra eles mesmos, queé caso do vício ou, por exemplo o materia-lismo do egoísta. Existe uma diferenciaçãopara esses dois tipos de males praticados,

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ou, independentemente dos males cometi-dos, todos carregam a mesma pena?

Não, nem todos carregam a mesmapena. “Muito será pedido a quem muito foidado”. Aquele que tiver consciência de suasatitudes e, mesmo assim, proceder no erro,será muito mais culpado que o ignoranteque praticar o mesmo ato. Isso para tudo,para nós mesmos (vícios) ou em relação aosoutros.

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A espiritualidade maior não seestristece com o fato do Natal, para mui-tos, ser apenas uma festa consumista, ondea maioria esquece-se do verdadeiro senti-do que seria o nascimento do Mestre?

Tenho acompanhado no plano espiri-tual as verdadeiras comemorações do Natalde Jesus. Tenho visto nos desdobramentosdos quais participo e durante as sessões detratamento espiritual, os espíritos lembraremJesus através de preces, de lembranças afe-tuosas e teve uma ocasião em que acompa-nhei uma espécie de encenação da vida deJesus quando criança e no seu nascimentopor espíritos. Foi muito interessante porqueeu via espíritos mais elevados em volta deuma espécie de grade, em altura maior doque o palco, vendo a encenação dirigida

O NatalEntrevista com Altivo Panphiro

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para espíritos bem mais simples e inferiorespor serem recém-desencarnados. Os espíri-tos que encenavam a peça o faziam justa-mente para mostrarem ao recém vindoscomo naquele ambiente se lembrava de Je-sus. Acima desse palco ficava essa espéciede grade em que espíritos maiores acompa-nhavam o esforço dos que lhes estavamabaixo e ficavam satisfeitíssimos por veremeste esforço tão importante. Ao final daencenação, eu os via aplaudirem. Pergun-tei ao Dr. Hermann, que me levou nestedesdobramento, o que estava acontecendoe ele disse-me: “É para que você veja que oesforço de cristianizar as pessoas ocorre tam-bém no plano espiritual.”

Por que tantas pessoas se entristecemtanto no Natal - justamente uma data dealegria pela vinda do nosso Irmão Maior?

Acredito que a tristeza da maior partedas pessoas se deve à solidão que sentem.Não devemos nos esquecer que muitos de

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nós estamos realmente sozinhos. Nem sem-pre nos sentimos integrados na maneira deviver e de comemorar o Natal de muitos dosnossos. Outro aspecto a considerar é a sau-dade que sentimos dos que já partiram. Nãopodemos esquecer que também deixamosamigos no mundo dos espíritos que nosaguardam um dia. Do conjunto de todosestes fatores, surge a tristeza existente emmuitos de nós. Devemos reagir a este esta-do de coisas. A saudade do mundo espiri-tual não pode e nem deve perturbar nossoestágio na presente encarnação. Tenho acerteza que devemos ter nosso sentimentoíntimo, mas também tenho certeza que de-vemos participar das alegrias singelas e sin-ceras daqueles que vivem ao nosso lado.

Como se sentem no Natal nossos ir-mãos que ainda estão sofrendo em zonasinferiores?

Alguns deles sequer sabem o períodoque estamos vivendo. Mas para aqueles

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que o sabem, o Natal é, em alguns casos,um momento de tristeza, por não teremseus familiares junto a si e para outros é omomento de reflexão por terem perdidoesta oportunidade tão importante de suasvidas espirituais.

Como deve ser a comemoração doNatal num autêntico Centro Espírita?

Em dois níveis: O primeiro deles, a co-memoração pelas preces, pelo estudo epela busca do real sentido da mensagemcristã para o nosso mundo. A este propó-sito, no Centro Espírita Léon Denis (Riode Janeiro) e tenho conhecimento tambémque em muitos outros Centros estamos es-tudando as várias mensagens mediúnicasou não que tratam do Natal de Jesus. Esteé um objetivo que estamos procurandoalcançar. Pelo menos no mês de dezem-bro falarmos o tempo todo ou em todas asreuniões de estudos de Jesus. Este é o pri-meiro sentido da comemoração. O segun-

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do sentido é lembrarmo-nos de que ospobres também são convidados de Jesus.Nesta ocasião, aumentamos nossa cota decontribuição aos necessitados, distribuin-do mais alimento, mais roupa, mais tudo.No Centro Espírita Léon Denis, através doseu serviço social, promovemos um almo-ço de Natal com os nossos assistidos au-mentando desta forma nossa comemoraçãonatalina. Também solicitamos a vários com-panheiros da casa que contribuam com oque puderem para amenizar a pobreza etemos conhecimento que muitos compa-nheiros, anonimamente, saem no mês dedezembro distribuindo lanche, almoço,jantar, etc. aos assistidos. Quero lembrarque fazemos isso durante todo o ano, ape-nas no Natal aumentamos a nossa partici-pação. Somos de opinião que o Natal deveser comemorado todo dia.

Qual o objetivo do Natal perante oplano espiritual neste fim de milênio?

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Estamos nos aproximando de um perío-do em que a Doutrina Espírita e o Cristianis-mo devem ser divulgados de forma contínuaatingindo o modo de ver e de sentir das cri-aturas que vivem na Terra atualmente. O co-mércio está ganhando a batalha. Eles estãomostrando um Natal totalmente comercial.E o povo, a grande massa que ainda não sabediscernir exatamente o que deseja, fica àmercê da informação comercial. Em compen-sação, vemos nas casas espíritas presidentese oradores falando de Jesus e sua época. Es-quecem de “traduzir” o ensinamento e o com-portamento cristão para os dias atuais. Temgente no Centro Espírita que ainda fala so-bre “O Livro dos Espíritos” como se fosse umlivro escrito em 1857. Não “traduzem” o sen-tido do livro e sua mensagem para os diasde hoje. Tenho certeza que no milênio quese aproxima tanto o Cristianismo como oEspiritismo deverão ser apresentados demodo bem claro para as exigências da soci-edade dos dias de hoje.

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Estaríamos falhando na educação denossas crianças ao valorizarmos tanto a fi-gura do Papai Noel no Natal?

Realmente os espíritas estão dandomais valor ao Papai Noel do que a Jesus.Temos que reverter o quadro. Não se podeignorar a figura do Papai Noel que está sen-do massificada ao ponto de todas as crian-ças e até os adultos valorizarem a figura do“bom velhinho”. Mas tenho a certeza quese soubermos lembrar de Jesus e sua chega-da à Terra, estaremos incentivando, ou pelomenos mostrando a todos que tudo come-çou com Ele.

Mas apesar de tudo vemos muitas ve-zes pessoas com mesas cheias de comida ebebidas, e falam de solidariedade mas, aomesmo tempo, pessoas morrem de fome aoseu lado, isso não seria hipocrisia?

Isto é ainda o falar daquilo que não sesente realmente. Há pessoas que não sãoconscientes daquilo que ocorre em sua vol-

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ta. São almas que realmente estão longe deentenderem a dor humana. Há também cri-aturas que falam o que não sentem.

As atividades nos centros espíritas quasedesaparecem nesta época. O que estaria fal-tando nas casas Espíritas nesta época do ano?

Não podemos esquecer que estamosvivendo em uma sociedade em que o ho-mem cada vez mais está prisioneiro daque-les com quem convive. Os centros espíritasquase que esvaziam neste período, comonos de carnaval, de feriadões, justamenteporque as pessoas ou por si, ou pelos seusfamiliares assumem compromissos e natu-ralmente as atividades do centro espírita fi-cam para segundo plano. Bom seria quetodos os centros tivessem vários horários evários dias de atividades para que seusfreqüentadores tivessem oportunidades va-riadas para as suas obrigações “religiosas”.

É errado incentivarmos as crianças a

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acreditarem em Papai Noel?Creio que não. É uma suave manifes-

tação de carinho, um incentivo ao amor,mesmo um retorno ao espírito infantil quetanto nos faz falta nestes dias de tanta ce-lebração e pouca “inocência”. Papai Noelexiste na imaginação das crianças e é in-centivado pela chamada mídia e acreditoque seria de uma certa forma crueldade doadulto para com a criança se fosse retiradoesse “sentimento” em faixa de idade bempequena.

A espiritualidade comemora o Natalem que data?

Pelo que sei a espiritualidade come-mora o Natal de Jesus no período em que aHumanidade assim o faz. Há estudos entreos evangélicos que procuram fixar o perío-do de setembro como o período de nasci-mento de Jesus. Acredito que ninguém vaisaber com certeza a data deste natalício eficamos, todos nós, com a data de 25 de

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dezembro, que foi estabelecida por umpapa, cujo nome não me recordo agora,como a data da vinda de Jesus à Terra.

Durante os festejos do Natal na Terra,existe um intercâmbio energético maior doque o habitual entre a espiritualidade e osencarnados?

Sim. O homem terreno, de uma formaou de outra, lembra-se mais de Jesus e temcomo retorno a vibração do mesmo Jesusem seu favor.

Jesus “nasceu” realmente? Nasceucomo qualquer mortal, ou esteve entre nósutilizando-se de um corpo fluídico?

Estou com Allan Kardec: Jesus nasceude corpo e espírito. Ele não poderia derrogara Lei que existe para todos os encarnadosque é nascer do ventre de uma mãe. Há es-tudos que afirmam que Ele teria sido o re-sultado de uma inseminação artificial pro-duzida no plano espiritual e, neste caso,

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Maria não teria tido contato com José parater Jesus. Esta tese engenhosa e atual, dadoo conhecimento da técnica da inseminação,pode ser verdadeira. De qualquer modo, soudos que tem a certeza de que Jesus nãoderrogaria a Lei. Portanto, tenho a certezaque Ele tinha carne e espírito como qual-quer um de nós.

Jesus ressuscitou fisicamente?Não. Ele não poderia ressuscitar de cor-

po. Para mim, o seu corpo deve ter sido dis-solvido ou mantido no túmulo e Ele materi-alizou-se para Madalena. Se um espírito co-mum pode materializar-se, imaginemos Jesus.Então devemos acreditar que Ele, nas suasinúmeras manifestações aos discípulos, apóssua morte, apenas se materializava. Em favordesta tese, existe o fato de que mal Ele seapresentava, logo desaparecia.

Da mesma forma que hoje comemora-mos o natalício de Jesus, seria válido co-

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memorar o dia de nascimento de outrosbons espíritos (Maria, Pedro, Paulo, etc)?

Poderia ser se soubéssemos a data donascimento destes grandes trabalhadores domundo espiritual. A Igreja Católica indicadias para comemoração desses próceres reli-giosos, mas na verdade ninguém sabe a datado nascimento desses grandes espíritos. Oespírita pode e deve lembrar, comemorar adata dos seus próprios grandes trabalhado-res: Kardec, Denis, Delanne e outros maisde interesse particular de cada Centro.

A necessidade que existe hoje não émais tornar o Natal uma festa tão religiosa,mas sim de conscientização?

Sim. Este é o verdadeiro sentido dacomemoração do Natal de Jesus.

Nesta época vemo-nos obrigados a darpresentes aos nossos entes queridos. Comoassociar o “presente” com o verdadeiro sen-tido do Natal ?

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Realmente estamos cada vez mais sen-do induzidos a dar presentes mais carosnuma festa de maior significado. É o predo-mínio do comércio sobre o verdadeiro es-pírito de Natal. Pergunto a você e a todosos demais: Já imaginou você não dar umpresente a alguém de sua família direta -esposa, filho, mãe -, numa data como esta?Continuo a afirmar que estamos precisan-do ir dando espaço para Jesus nessa oca-sião. Por enquanto, o comércio está ganhan-do a batalha.

Mas Jesus não estava em sua tumbaquando foram verificar (de acordo com osevangelhos). O que dizer a respeito disso?

A ser verdadeira essa afirmativa, de al-guma forma seu corpo foi dissolvido oulevado embora. O espírita não deve deixar-se embalar na tese do corpo fluídico. Repi-to: seria a derrogação da Lei de Deus quenos manda renascer de igual modo paratodos. Veja bem que outros grandes líderes

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(e não os estamos comparando com Jesus,mas dando a eles o mérito que possuem)não tiveram renascimento fluídico. Todosnasceram de mães e pais carnais. Por queseria diferente com Jesus, mesmo Ele poden-do?

O que pensar da “adoração” que algunsfazem à figura de Jesus durante o Natal?

Nestes há realmente adoração, mas nãohá o sentido consciente da figura de Jesusentre nós. Jesus realmente foi e é o grandediretor de nossas almas. Nossos espíritosdevem a Ele a oportunidade de nascer e re-nascer para aprimorar a própria existência.Jesus preside a todo este fenômeno de cres-cimento do nosso espírito. Não devemosou não precisamos adorá-lo, mas sim ter umprofundo agradecimento a Ele por nos in-centivar, sustentar a caminhada em buscada evolução. Nossos destinos estão inde-levelmente marcados pela sua lei de amor.Todos os nossos esforços na direção do

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progresso estão vinculados a este sentimen-to: A lei de amor. Assim, realmente, Ele deverepresentar para nós a figura de um grandeirmão, de um poderoso líder, de um grandeespírito que nos fortalece, encaminha e nosindica sentimentos que ainda não possuí-mos. Por tudo isso devemos ser muitíssimogratos a Jesus.

A narrativa evangélica do nascimentode Jesus nos fala de “Reis Magos” que teri-am visitado o Menino Jesus. Nos Presépiosos vemos presentes! Como é que é essa his-tória de “magos”? Estranha a exaltação aeles justamente no texto evangélico, não?

No meu ponto de vista, eles não eramreis, nem magos e sim homens que visita-ram a Jesus. Os evangelhos assim o mos-tram. Fica no imaginário popular a noçãodos seus nomes e seus títulos. Devemosencarar esses personagens como espíritosencarnados que deveriam estar impulsio-nando alguma comunidade terrena encar-

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nada e que perceberam a chegada de Jesuse foram vê-lo.

Devem os espíritas celebrar o Natal?Sim. Jesus é uma figura muito impor-

tante para a Humanidade terrena. Os espí-ritas devem lembrar d’Ele com muito amore respeito, também com gratidão.

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A proposta de Jesus diante dos homensnos coloca ante a necessidade de refletirsobre a nossa condição espiritual adoeci-da pelas paixões milenares que vêm nosaprisionando a alma, nos infelicitanto di-ante de nós mesmos e diante do próximo.

A judia Hanna Wolf, em sua obra JesusPsicoterapeuta, nos convida a uma reflexãobastante interessante no que se refere a pro-posta do Cristo no tocante ao processo decura. Ela aponta o Cristo como psicoterapeutareal, uma vez que sua mensagem atinge pro-fundamente a alma e incita a mudanças fun-damentais referentes a autocura.

Wolf nos diz que a trajetória do Cris-to faz com que tenhamos que responder a

As curas de JesusEntrevista com Bianca Cirilo

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seguinte questão: “Queres ficar curado?”.Com isso, vemos que Jesus esteve entre nósa fim de nos estimular ao desejo da curaverdadeira.

A pergunta acima lançada pelo Mestrerepresentaria uma avaliação do nosso dese-jo de mudança. Isto é, Jesus estava preocu-pado em diferenciar a vontade sincera deaperfeiçoamento do entusiasmo inicial quegeralmente sentimos ante a Boa Nova.

A pergunta em questão faz com quetenhamos de avaliar o quanto estamos dis-postos a seguir o Cristo, conscientes dascondições necessárias para isso. Entendero processo de cura operado por Jesus exigede nós a compreensão da nossa vontadecomo instrumento principal nesse intento,já que somos os principais agentes de do-ença ou saúde dentro e em torno de nós.

Alguns irmãos de jornada acreditamque a simples aceitação de Jesus é o sufici-ente para conseguir as Suas “graças”. É as-

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sim mesmo, basta aceitá-lo para termos osnossos problemas resolvidos, as nossas do-enças curadas?

Não. O próprio Cristo deixa claro queé a nossa fé que nos cura. Isso significa queaté mesmo Jesus, sendo um espírito da ca-tegoria que é, reconhece humildemente suaposição de instrumento facilitador da cura,que só será atingida na medida em que nósnos dispusermos a digerir a mensagem doCristo nos implicando verdadeiramente nonosso processo de crescimento espiritual erealização plena.

Jesus curava até mesmo aqueles que vi-nham com um resgate reencarnatório?

De acordo com a doutrina espírita, sa-bemos que a obtenção da cura obedece adois aspectos: o merecimento do espíritoreencarnante e a misericórdia Divina. Sen-do assim, Jesus não iria acionar um proces-so de cura que estivesse fora da vontade deDeus ou que viesse a derrogar suas leis.

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Entretanto, não podemos afirmar com se-gurança a posição evolutiva dos espíritosque foram curados por Jesus. A razão nosdiz que o Mestre jamais derrogaria as leisdo Pai.

Teve alguém que Jesus não curou?É importante ressaltar que a doutrina es-

pírita se baseia no Novo Testamento e, destaforma, as informações a respeito das curas re-alizadas por Jesus são extraídas desta fonte.

Os evangelistas informam que as curasrealizadas por Jesus partiam da procura es-pontânea dos interessados, onde Jesus dei-xava claro a importância da vontade daque-le que solicitava auxílio.

Se houve alguém a quem Jesus nãocurou, certamente isso se deu por falta demerecimento daquele que desejava a cura.Entretanto, isso não tem relevância, consi-derando a missão do Mestre.

Jesus teria sido essênio e lá teria apren-

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dido a utilizar-se do magnetismo de cura?Não tenho conhecimento sobre isso.

De qualquer forma, sendo Jesus um espíri-to fadado à lei de evolução como todosnós, certamente desenvolveu o potencial dacura, assim como todos.

Por outro lado, algumas correntes crê-em que precisemos de intermediários (san-tos) para alcançar uma cura. Precisamosmesmo?

Precisamos, não de santos, pois sabe-mos que os chamados santos são espíritosmais evoluídos sujeitos a todas as leis pro-gressivas do Criador. Precisamos, sim, deespíritos superiores a nós que já passarampelo nosso estágio e que conhecem commais profundidade a alma humana e suasmazelas. Precisaremos desses intermediári-os até que cheguemos ao estágio em queeles se encontram para, assim, conseguir-mos administrar a própria vida mental pro-tegendo-a dos agentes provocadores de

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desordens emocionais e físicas.

A cura de Lázaro: o que Jesus fez, naverdade, foi utilizar seu magnetismo paratirá-lo de um processo cataléptico?

Na verdade, Lázaro se encontrava numprocesso letárgico em que, segundo O Li-vro dos Espíritos, “o corpo não está morto”,tendo apenas sua vitalidade em estado la-tente.

Deixe-nos suas considerações finais.Vale ressaltar que a compreensão da

cura exige de nós uma disposição para evo-luir. Não basta sabermos que o progresso élei Divina, logo a saúde se constitui comocondição natural de todo espírito. É preci-so aceitarmos intimamente o progressocomo condição única do alcance da curaverdadeira. O que isso significa? É precisoabrir mão da doença como rebeldia peran-te as leis de Deus.

Jesus veio ensinar a nos acostumarmos

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com a saúde integral como condição natu-ral de todos. Contudo, diante das contrari-edades resultantes de nossas escolhas equi-vocadas, costumamos nos identificar coma posição de vítimas, expressando muitasvezes na doença o nosso protesto contra asleis Divinas. Por fim, doença e saúde tam-bém fazem parte das nossas escolhas.

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2a parteTextos

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As igrejas cristãs na atualidade profes-sam que todos os ensinamentos de Jesusestão contidos na Bíblia, tendo sido inter-pretados, no decorrer dos séculos, peloscredos, dogmas e outros ensinamentos trans-mitidos pela hierarquia eclesiástica. Apesardas passagens da Bíblia que falam claramen-te sobre ensinamentos reservados e dos es-critos dos padres da Igreja Primitiva referin-do-se aos Mistérios de Jesus, a atitude orto-doxa é de que não existe um lado internona tradição cristã. Caso isso fosse verdade,essa seria a única grande religião sem ensi-namentos esotéricos. Essa postura da igrejanão é de se estranhar, pois, como disse obispo Leadbeater da Igreja Católica Libe-ral, “com a passagem do tempo, todas as

O lado esotéricodo cristianismo

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religiões gradualmente se distanciam da for-ma original em que foram plasmadas por seusfundadores. Quase sempre esta mudança épara pior.”

Porém, existe um lado interno na tradi-ção cristã, que são os ensinamentos reser-vados e as práticas estabelecidas por Jesus,preservadas e desenvolvidas por seus discí-pulos e grandes praticantes. Pelo fato delidarem com os aspectos ocultos da nature-za e do homem, são geralmente preserva-dos pela tradição oral ou apresentados deforma alegórica. Esses ensinamentos visamidentificar o objetivo último da vida do ho-mem no mundo e orientar os praticantescomo alcançá-lo o mais rápido possível. Olado interno, portanto, é equivalente aolado esotérico ou oculto da tradição.

Como os ensinamentos esotéricos, pordefinição, são ministrados de forma reser-vada a um número relativamente pequenode discípulos mais avançados e, geralmen-te, sob o juramento de sigilo, muito pouca

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informação a esse respeito chega ao domí-nio público. Essa situação tem um paralelona tradição dos mistérios, sobre a qual tan-to se fala, mas pouco se sabe fora do círcu-lo de seus iniciados.

Apesar de quase ignorado por muitosséculos, o lado interno da tradição cristã éuma realidade. Jesus falava de acordo coma capacidade de discernimento de cada um,“segundo o que podiam compreender” (Mc4:33), sendo que para seus discípulos mi-nistrava ensinamentos reservados, como ficaclaro na seguinte passagem:

“Quando ficaram sozinhos, os que es-tavam junto dele com os Doze o interroga-ram sobre as parábolas. Dizia-lhes: ‘A vós foidado o mistério do Reino de Deus; aos defora, porém, tudo acontece em parábolas’”(Mc 4:10-11).

Se aceitamos o teor dessa passagem,que é confirmado em outras partes dos evan-gelhos e em documentos apócrifos, pode-mos assumir que a tradição cristã, pelo me-

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nos em seus primórdios, teve um lado in-terno, estabelecido diretamente por Jesus.Paulo confirma esse fato em suas epístolasquando fala de verdades veladas, reserva-das aos perfeitos, ou seja, aos que tinhamsido iniciados nos mistérios de Jesus: “Ensi-namos a sabedoria de Deus, misteriosa eoculta, que Deus, antes dos séculos, de an-temão destinou para a nossa glória” (1 Co2:7). E, referindo-se aos dons da graça deDeus, o apóstolo diz: “Desses dons não fa-lamos segundo a linguagem ensinada pelasabedoria humana, mas segundo aquela queo Espírito ensina, exprimindo realidades es-pirituais em termos espirituais” (1 Co 2:13).Na Epístola aos Hebreus é mencionado que,mesmo com o passar do tempo, a maiorparte dos membros das comunidades cris-tãs primitivas ainda não estava apta a rece-ber os ensinamentos internos:

“Muitas coisas teríamos a dizer sobreisso, e a sua explicação é difícil, porque vostornastes lentos à compreensão. Pois, uma

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vez que com o tempo vós deveríeis ter-vostornado mestres, necessitais novamente quese vos ensinem os primeiros rudimentos dosoráculos de Deus, e precisais de leite, e nãode alimento sólido. De fato, aquele que ain-da se amamenta não pode degustar a dou-trina da justiça, pois é uma criancinha! Osadultos, porém, que pelo hábito possuem osenso moral exercitado para discernir o beme o mal, recebem o alimento sólido.” (Hb5:11-14)

No evangelho de João existem váriaspassagens de natureza profundamenteesotérica apresentadas de forma velada. Exis-tem, também, indicações de que outrosevangelhos de natureza esotérica foram es-critos mas não foram conservados pela tra-dição ortodoxa, como o Evangelho deMatias, referido por Jerônimo, o Evangelhosecreto de Marcos, e os Evangelhos de Tomée de Felipe, encontrados na biblioteca deNag Hamaddi. Clemente de Alexandria, umdos maiores patriarcas da Igreja, falando

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sobre o trabalho de Marcos e os ensinamen-tos secretos de Jesus, escreve: “(Desta for-ma) ele (Marcos) organizou um evangelhomais espiritual para aqueles que estavam sen-do purificados. No entanto, não divulgouas coisas que não deveriam ser reveladas,nem escreveu os ensinamentos hierofânticosdo Senhor... Incluiu certas explicações que,ele sabia, conduziriam os ouvintes ao san-tuário mais interno daquela verdade ocultapor sete (véus).”

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A prática de diferenciar os níveis deensinamento conforme a preparação dosouvintes era comum entre os judeus, tan-to da tradição rabínica como dos essênios,que transmitiam dois tipos de ensinamen-tos, um externo para o povo e os neófitos,e outro interno, (esotérico) para os estu-dantes avançados.

Adaptando os ensinamentosOs grandes seres que legaram ensina-

mentos à humanidade, que mais tarde trans-formaram-se em religiões, sempre levaram emconsideração as necessidades específicasdas almas em diferentes estágios evolutivos.Para as massas eram ministradas instruçõessimples, voltadas para as necessidades pre-mentes de orientação moral, de consolaçãoe de esperança para os aflitos. Assim, asparábolas e outros ditados de Jesus contêm,numa primeira leitura, uma “moral da estó-ria”, um ensinamento prático, geralmenteapresentado com imagens da vida diária de

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seus ouvintes. Porém, para as pessoas maisinstruídas e já despertas espiritualmente, asmesmas parábolas, devidamente interpreta-das, ofereciam outra camada de ensinamen-tos mais profundos que haviam sido vela-dos pela alegoria. Finalmente, para seus dis-cípulos mais chegados, foram ministradosensinamentos secretos conservados pela tra-dição oral e só mais tarde confiados à lin-guagem escrita, ainda que de forma alta-mente simbólica.

O bispo Leadbeater afirma categorica-mente que existe um lado esotérico do cris-tianismo, apesar dos protestos em contrá-rio das correntes ortodoxas dominantes. Emsuas pungentes palavras:

“Originalmente, o cristianismo era umadoutrina de magnífica elaboração — aqueladoutrina que repousa nos fundamentos detodas as religiões. Quando a história do Evan-gelho, que tinha significação alegórica, foidegradada a uma pseudonarrativa históricada vida de um homem, a religião tornou-se

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confusa. Por essa razão, todos os textos re-lativos às coisas elevadas foram distorcidose, portanto, não mais correspondem à ver-dade subjacente. Por ter o cristianismo es-quecido muito de seu ensinamento original,é costume atualmente negar que algum diatenha tido qualquer instrução esotérica.”

Nos primeiros séculos de nossa era osensinamentos internos de Jesus foram pre-servados principalmente pelos grupos co-nhecidos como gnósticos, que transmitiamoralmente seus segredos, de forma gradual,aos seus seguidores. A massa dos fiéis rece-bia os ensinamentos da tradição aberta,muitos dos quais derivados dos ensinamen-tos esotéricos. Com o tempo, porém, a cor-rente ortodoxa passou a dar uma interpre-tação de cunho histórico e literal às verda-des profundas, transformando-as emdogmas. Um estudioso chega a sugerirque:“Os dogmas tradicionais da Igreja quechegaram a nós ao longo dos séculos sãomaterializações grosseiras do verdadeiro

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ensinamento sobre a natureza e origem es-piritual do homem contido na gnosis. Es-ses dogmas são o resultado do historicismoliteral das narrativas — alguns casos, po-rém, tendo uma base semi-histórica — quetinham a intenção original de servir comoalegorias cobrindo profundas verdades es-pirituais.

A verdade, portanto, não é que ognosticismo seja uma ‘heresia’, um afasta-mento do verdadeiro cristianismo, masprecisamente o oposto, isso é, que o cristi-anismo em seu desenvolvimento dogmáticoe eclesiástico é uma caricatura dos ensina-mentos gnósticos originais.”

Com o crescente acervo de informaçõessobre o lado esotérico dos ensinamentosde nossa tradição, seria lícito perguntar porque esses dados não foram apresentados deforma sistemática para o grande público? Averdade é que nunca houve interesse nesseparticular dentro da Igreja. Ao contrário, asautoridades eclesiásticas, depois de Cle-

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mente de Alexandria e Orígenes, semprenegaram que houvesse um lado esotéricoda tradição cristã. Um dos principais fato-res para essa atitude remonta à aliança daincipiente igreja com o Imperador romanoConstantino no início do século IV. O cris-tianismo popular, introduzido porConstantino como religião oficial do Im-pério Romano não podia se dar ao luxo deaceitar uma visão interna e esotérica, forado controle da hierarquia. A nova religiãotinha que servir como instrumento de ga-rantia do reino terrestre. Um “Reino” espiri-tual não tinha lugar nesse esquema. Para aIgreja Romana, essa aliança trouxe inúme-ras vantagens, como a cessação das perse-guições e o poder temporal sobre assuntosreligiosos. Porém, o preço pago foi demasi-ado alto: o afastamento do que havia demais precioso na herança cristã e a aliena-ção de milhares de buscadores sinceros queforam anatemizados ao longo dos séculos.Dessa tentação não escaparam, mais tarde,

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as igrejas da reforma protestante, que tam-bém se uniram aos príncipes desse mundo.

A Bíblia permaneceu a suprema fonteda tradição, em que pese a importância con-cedida à tradição oral, principalmente nosmeios monásticos. Toda tentativa de siste-matização dos ensinamentos do Mestre sem-pre foi vista com extrema suspeita, pois oresultado de qualquer nova apresentação dosensinamentos iria, no mínimo, afetar as pri-oridades e valores relativos da estruturadogmática estabelecida pela Igreja. A atitu-de usual, porém, ia muito além da suspeita,chegando à rejeição peremptória das novasinterpretações, pois, por definição, seriam di-ferentes da ortodoxa, sendo, portanto, taxa-das de heresias e combatidas literalmente aferro e fogo. Dado o poder quase absolutoda Igreja a partir do século IV até o séculoXIX, todas as tentativas de sistematização,inclusive dos ensinamentos esotéricos de Je-sus que vieram a público, não tiveram su-cesso, geralmente terminando com os escri-

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tos e seus escritores sendo execrados ou lan-çados na fogueira.

Uma nova eraCom a liberdade de pensamento e ex-

pressão conquistada no século passado econsolidada a partir da segunda metadedeste século, um número crescente de es-tudos vem sendo realizado: inicialmentecomparando os provérbios e parábolas se-melhantes nos evangelhos sinóticos, quelevaram à teoria do evangelho Q (inicial dapalavra alemã Quelle, que significa fonte,para a suposta fonte original das logia deJesus) e, mais recentemente, a comparaçãoe análise das formulações dos sinóticos comas equivalentes nos evangelhos gnósticos,principalmente com o Evangelho de Tomé.As interpretações das parábolas de Jesusforam outro grande avanço no entendimen-to dos ensinamentos do Mestre.

Partimos, portanto, da hipótese de queos ensinamentos de Jesus, o vivo, como o

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Mestre era chamado pelos gnósticos, foramo instrumento para trazer salvação aos ho-mens, entendida como a admissão ao Rei-no dos Céus. Esses ensinamentos seriam amedicação salvadora receitada pelo grandeterapeuta à humanidade. O diagnóstico foifeito, a medicação receitada. Resta a cadaser humano exercitar seu livre arbítrio e de-cidir se toma a medicação necessária, emtempo hábil, na atual encarnação. Caso odiagnóstico e a prescrição sejam aceitos,deve-se envidar todo o esforço possível parafazer o tratamento, que é, como na homeo-patia, feito a longo prazo, ativando os prin-cípios curadores existentes no interior decada um. A revelação foi feita, a ajuda divi-na está disponível, mas o paciente deve fa-zer a sua parte.

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Segundo o famoso historiador judeuFlávio Josefo (37-100), cujos relatos sãoreferência no assunto, os essênios forma-vam uma seita judia fundada por volta doano 150 a.C, no tempo dos macabeus, cujonome vem de Judas Macabeu, destemidocomandante que enfrentou um grande nú-mero de inimigos do povo da Judéia. O ter-mo essênio vem de “hassidim”, que signifi-ca “piedosos”, derivando para o grego “es-senói” e para o latim “esseni”.

Os essênios moravam em edifícios se-melhantes a mosteiros e formavam uma es-pécie de associação moral e religiosa. Dis-tinguiam-se pelos costumes suaves e as vir-tudes austeras, ensinando o amor a Deus eao próximo e à imortalidade da alma, com

Os essênios eo cristianismo

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castigos ou recompensas futuras. De ummodo geral, eram celibatários, embora al-gumas organizações permitissem o casamen-to de seus membros, usavam vestes alvas egrosseiras sandálias de fibra vegetal.

Era um povo que condenava a escravi-dão e a guerra, suportando com admirávelestoicismo e sorrisos nos lábios as torturasmais cruéis, sobretudo para violar seus pre-ceitos religiosos. Rejeitavam o sacrifício deanimais e se entregavam à agricultura, nocaso dos adultos, ou a outras atividades,como a cerâmica, a cargo dos adolescen-tes. Não era uma seita numerosa, já que suasleis eram muito severas e muitos não supor-tavam o rigor da disciplina.

Os essênios possuiam comunidades emvários pontos da Palestina, principalmentenas proximidades do Mar Morto, assim cha-mado em virtude de ter uma taxa desalinidade tão alta que não permite a pre-sença de nenhuma espécie de vida em suaságuas. Atualmente, suas margens abrangem

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terras da Jordânia, Israel e Cisjordânia e paraele afluem rios como o Jordão, entre ou-tros. Em boa parte, os essênios eram origi-nários das terras palestinas, mas alguns ele-mentos procediam de outros locais, comoPérsia, Síria, Grécia, Alexandria etc., trazen-do suas experiências científicas e filosófi-cas para enriquecer o conhecimento da seitaà qual se juntavam.

Dedicação aos estudosPelos estudos que faziam dos escritos

antigos, os essênios se dedicavamacuradamente à pesquisa de fatos que lhesparecessem úteis para conhecer o espírito ea matéria. O aprendizado era bastante lon-go, pois o ciclo completo exigia 49 anosde estudos e aplicação, dividido em etapasque duravam sete anos cada. Como todoprocesso iniciático, os ensinamentos eramgradativos, sendo que a reencarnação eraum dos últimos a serem repassados aos alu-nos. Os aprendizes estudavam noções de

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matemática, música, a vida das plantas e osastros. Antes de se dedicarem ao trabalhodo dia, faziam exercícios de respiração edos músculos sob as árvores do pomar, con-sideradas grandes amigas da saúde.

Os essênios também valorizavam aágua, por entenderem que o banho purifi-cava o corpo e a alma dos pecados e im-purezas. Além disso, oravam bastante ecantavam, tocando instrumentos musicaiscomo alaúdes e avenas, uma antiga flautapastoril. Sua alimentação era muito frugal,formada por frutas, principalmente romã efigo, pão de trigo, suco de uva, leite decabra etc. Alguns essênios se dedicavam atarefas terapêuticas. Extraiam substânciasmedicamentosas das plantas, usadas paraprestar assistência aos enfermos que bus-cavam socorro em seus povoados, além deconhecerem o processo sedativo da impo-sição das mãos sobre as cabeças e órgãosdoentes para energização, o que chama-mos atualmente de passe.

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Opostos aos saduceus, que negavam aimortalidade e eram considerados os mate-rialistas da época, e aos fariseus, enrijecidospor suas práticas exteriores e para os quaisa virtude nada mais era do que aparência,os essênios não tomavam nenhuma partici-pação nas disputas entre estas duas seitas.Sua união era admirável, usufruiam seusbens em comum, inclusive o vestuário, nãocomprando ou vendendo artigos entre si.Pela vida austera e virtuosa que levavam,foram comparados aos primeiros cristãos. Emseu livro Os Grandes Iniciados, EdouardSchuré apresenta os pontos comuns entre adoutrina dos essênios e a de Jesus. “O amorao próximo, considerado o primeiro dever;a proibição de jurar para atestar a verdade;o ódio à mentira; a humildade; a institui-ção da ceia imitada dos ágapes fraternaisdos essênios, mas com um sentido novo, osacrifício”, explica.

Flávio Josefo destaca o hábito do si-lêncio nas comunidades essênias. Segun-

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do ele, “jamais se ouve barulho em suascasas, nunca se vê a menor perturbação,cada qual fala por sua vez e sua posição esilêncio causam respeito aos estrangeiros.Tão grande moderação é efeito de sua con-tínua sobriedade, não comem nem bebemmais do que o necessário para a sustenta-ção da vida”. O historiador judeu afirmaainda que “a virtude dos essênios é tãoadmirável que supera de muito a de todosos gregos e a de outras nações, porque elesfazem disso todo o seu empenho e preocu-pação e a ela se aplicam continuamente”.

Apesar de todas as virtudes apontadas,a estrutura social essênica apresentava senõesque não condiziam com uma doutrina fra-terna. O rigor dos códigos da seita com seusmembros não passou em branco para FlávioJosefo, que assim o descreve: “Muitas são aspromessas que são obrigados a fazer todosos que querem abraçar sua maneira de viver,devendo fazê-las solenemente, a fim de for-talecer a virtude contra os vícios. Se contra

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elas cometerem faltas graves, são afastadosde sua companhia e a maior parte dos queassim são rejeitados morre miseravelmente,porque não lhes sendo permitido comer comos estrangeiros, são obrigados a comer ervacomo os animais e chegam a morrer de fome.Por isso, às vezes, a compaixão que se temde sua extrema miséria faz com que sejamperdoados”.

Mediunidade essênicaOs dons mediúnicos dos essênios não

passam despercebidos. “Entre eles, há al-guns que se vangloriam de conhecer as coi-sas futuras, quer pelos estudos nos livrossantos e nas antigas profecias, quer pelocuidado que têm de se santificar, aconte-cendo raramente deles se enganarem emsuas predições”, explica Flávio Josefo. Ohistoriador, ao revelar o motivo do bom tra-tamento que Herodes dispensava aosessênios, escreveu: “Um essênio, de nomeManahem, que levava uma vida muito vir-

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tuosa, era louvado por todos e tinha rece-bido de Deus o dom de predizer as coisasfuturas, vendo Herodes, ainda bastante jo-vem, estudar com crianças de sua idade, dis-se-lhe que ele reinaria sobre os judeus. Eunão duvido de que isto, para muitos, pare-ça inacreditável, no entanto, julguei deverrelatá-lo, porque há vários dessa seita paraos quais Deus se digna revelar seus segre-dos por causa da santidade de sua vida”.

Comparada a outras, a seita dos essê-nios foi de curta duração, pois seu fim foiprovocado pela queda da cidade de Jeru-salém em 70 d.C. Como judeus, os essêniosforam exterminados pelo imperador Vespa-siano e seu filho Tito. À frente de 60 milhomens em uma guerra que durou cerca dequatro anos, eles tomaram e destruíram afamosa cidade, inclusive o Templo, conhe-cido prédio edificado por Salomão, quereinou de 970 a 930 a.C, e no qual impres-siona a enorme quantidade de ouro empre-gada em seus revestimentos e suas ornamen-

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tações, conforme a descrição bíblica. Nãosobraram restos materiais do Templo, a nãoser uma parede, conhecida atualmentecomo o Muro das Lamentações.

Na região de Qumran, localizada nacosta noroeste do Mar Morto, foram encon-tradas ruinas de um mosteiro consideradoessênio, que difere da maioria dos outrosda seita, destacados por sua singeleza, emvirtude de sua relativa suntuosidade. Osessênios que habitavam este mosteiro sãoconsiderados os autores dos famosos Ma-nuscritos do Mar Morto, formados por milrolos e encontrados em cavernas entre osanos de 1947 e 1956, constituindo-se namaior descoberta arqueológica de todos ostempos. Através da datação feita por méto-do científico, descobriu-se que a maioriados manuscritos, grafados em tinta sobrepele de carneiro, foi feita nas décadas ante-riores à era cristã, alguns deles poucos anosapós a crucificação de Jesus. Entre os rolos,figuram textos hebraicos conhecidos, como

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um manuscrito composto por 17 pedaçosde couro, totalizando 7,35m de compri-mento, que apresenta o texto do profetaIsaías, mas também desconhecidos até en-tão, como o “Manual da Disciplina”, os“Salmos de Ação de Graças” e a “Guerra dosfilhos da Luz contra os filhos das Trevas”.

Como os demais judeus, os essêniosaguardavam o Messias. Porém, ao contráriode muitos deles, reconheceram-no assimque o viram e, mais importante, aceitaramseus ensinamentos. A partir da visita queJesus lhes fez em Hebron quando ainda eraadolescente, os essênios reajustaram suasleis e estabeleceram novos programas deação, sobretudo ao fazerem emendas nomanual de disciplina e seguirem ao encon-tro daqueles que necessitavam, ao invés deesperar que estes lhes procurassem, melho-rando o cenário assistencial.

Diante de tudo isso, podemos concluir,sem medo de errar, que o essenismo foi umaponte que uniu o judaísmo ao cristianis-

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mo. Desapareceu da Terra como seita, masos espíritos de escol que a constituiram vol-taram muitas vezes ao nosso mundo comonobres missionários da Grande Estrela, doGrande Espírito, do Médico das Almas, doMestre dos Mestres, aquele que é o cami-nho, a verdade e a vida, enfim, da Luz doMundo, que é nosso Pai.

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Cercados pelas atribulações do dia-a-dia, passamos a maior parte de nosso tem-po ocupados com nossas obrigações e nãopercebemos que muitos dos desencontrose problemas do cotidiano poderiam ser re-solvidos ou simplesmente afastados pelaação direta e efetiva da prece.

Envoltos com a agitação das circuns-tâncias, temos dificuldades para nos silen-ciar e elevar o pensamento a Deus, pedin-do assistência. É preciso conhecer as pro-priedades da prece para que possamos fa-zer dela a fonte diária de refazimento deforças e o consolo que nos rejubila eeternece.

O homem é autor da maioria de suasaflições e se pouparia de maiores angústiasse agisse com sabedoria e prudência, pois

O poder da féPor Laylla Toledo

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essas misérias são o resultado de várias in-frações das leis divinas. Se não ultrapassás-semos o limite do necessário para viver, nãoteríamos as conseqüências desastrosas ge-radas pelos excessos.

A féA atitude de louvar a Criação é um

hábito muito antigo e surgiu nos temposmais remotos da antigüidade, quando ohomem primitivo ainda dava seus primei-ros passos em direção a Deus.

Desde sua origem, o ser humano jádeixava transparecer a percepção de quealgo maior e mais poderoso governava suaexistência. Esse sentimento inato, cujo ger-me foi depositado nele primeiro em estadolatente, veio a eclodir e se ampliar com opassar dos tempos. Essa convicção da exis-tência de um poder divino é o que chama-mos de fé.

Muitos pensam que ela é uma virtudemística, mas, na realidade, trata-se de uma

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grande força atrativa. Aliada ao poder de in-fluenciação da prece, é capaz de cessar ime-diatamente perturbações que estão em pro-cesso de andamento. A oração é um susten-táculo para o equilíbrio da alma, mas elanão basta: é preciso que esteja sempre apoi-ada sobre uma fé viva na bondade do Pai.

A fé é a mãe de todas as virtudes queconduzem a Deus e a prece é sua filhaprimogênita. Porém, precisamos distinguira diferença entre a fé cega e a fé racionada.A fé cega aceita o falso como verdadeiro ese choca constantemente com a razão. Le-vada ao excesso, produz o fanatismo, im-pondo-se sobre tudo e exigindo a abdica-ção do raciocínio e do livre-arbítrio. A féracionada, ao contrário, apoia-se sobre osfatos e a lógica, não deixando obscuridadealguma para trás de si.

É preciso entender aquilo em que se crê.A fé produz uma espécie de lucidez que nosfaz ver a finalidade para a qual todos nosdestinamos e os meios de poder atingi-la.

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Por isso, ela é um exercício de inteligência eum dos primeiros elementos de todo o pro-gresso. “Não há fé inabalável senão aquelaque pode encarar a razão face a face, emtodas as épocas da humanidade”.

A fé também deve ser humilde e aqueleque a possui coloca sua confiança no Cria-dor mais do que em si mesmo. A fé sincera ésempre calma, dá a paciência que sabe es-perar, porque tem seu ponto de apoio nacompreensão. Na fé incerta, surge a ansie-dade, revelando uma insegurança diante daforça de Deus e de suas leis. E quando émovida pelo interesse, a pessoa tende a setornar colérica e crê suprir suas necessida-des pela violência. Por exemplo: ao se sentirintranqüila e ansiosa, ela acredita que ascoisas têm de acontecer segundo seus capri-chos, da forma e no momento em que eladetermina. A calma é sinal de confiança ede que a rogativa levada a Deus será ouvi-da. Já a violência é uma prova de fraqueza edúvida sobre si mesmo e a Sabedoria Maior.

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Se as pessoas fossem conscientes daforça que têm em si e quisessem colocarsua vontade a serviço dela, seriam capazesde grandes realizações. Através de sua men-te, o homem age sobre o fluido universal,modificando suas qualidades e dando-lheuma impulsão irresistível. Aquele que jun-ta ao fluido uma fé ardente, pode, apenaspela vontade dirigida para o bem, operar“fenômenos” que não são senão a utiliza-ção das faculdades mentais e a ação de umalei natural. Mas para isso, é necessário do-mar a si mesmo e às más influências dopensamento. As maneiras mais eficazes sãoa vontade acompanhada da prece, a ora-ção fervorosa e os esforços sérios como meiopara a renovação íntima.

Ação e eficáciaImaginar que é inútil fazer uma oração,

expondo nossos sentimentos a Deus (sen-do Ele conhecedor de nossas necessidades),assim como acreditar que nossos desejos

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não podem mudar os destinos traçados peloCriador, é desconhecer as leis e a misericór-dia do Pai. Ele nos deu discernimento einteligência para que o espírito não fosseum instrumento passivo, sem livre-arbítrio,portanto, nem todas as circunstâncias davida estão submetidas à fatalidade. Daí agrande importância da prece e sua capaci-dade de ação.

Seu poder está no pensamento e nãose prende nem às palavras nem ao lugarou momento em que é feita. A prece éuma invocação na qual podemos nos co-locar em comunicação mental com outroser ao qual nos dirigimos, estabelecendouma corrente fluídica. A energia da cor-rente surge em razão do vigor do pensa-mento e da vontade. Como o fluido uni-versal é o veiculo do pensamento, essasubstância primária (fluido) é impulsiona-da pela vontade, transmitindo a idéia atéo seu destinatário.

As preces dirigidas a Deus são ouvidas

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pelos espíritos encarregados de executá-las.Aquelas que são dirigidas a outros seres,como aos santos, por exemplo, são levadasaté Ele por esses mensageiros, que surgemapenas na qualidade de intercessores, poisnada acontece sem a vontade do Pai.

Os espíritos benevolentes nos inspiramcom bons pensamentos, para que possamosadquirir a força moral necessária para supe-rarmos as dificuldades e voltarmos ao ca-minho do bem. Exercendo uma ação mag-nética sobre os homens, eles suprem, quan-do necessário, a insuficiência daquele queora, dando-lhe momentaneamente uma for-ça excepcional, isto quando é julgado dig-no desse favor.

O homem coloca em prática os bonsconselhos se assim o desejar, pode ou nãoaceitar a sugestão oferecida. Com isso, atra-vés de seu livre-arbítrio, ele tem a respon-sabilidade sobre seus atos e escolhas, dei-xando-lhe o mérito da decisão entre o beme o mal.

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As qualidades da preceA prece pode ter como objetivo vários

pedidos, como força para suportar e trans-por as adversidades, calma nos momentoscríticos e de decisão, perdão por faltas co-metidas contra si e contra os outros, prote-ção contra os pensamentos maléficos, osmaus espíritos e diante de um perigo imi-nente, saúde e equilíbrio físico, através daação magnética que ela exerce sobre as cé-lulas, recompondo aquelas que se encon-tram exaustas, um favor especial, em parti-cular, agradecimento ou uma maneira delouvar a Deus.

A oração pode ser feita em benefíciode outras pessoas ou a nosso próprio favor.Para que ela atinja seu objetivo, é necessá-rio que seja clara, simples, concisa e fun-damentada na fé. Devemos elevar nossaalma a Deus com humildade e agradecerpor todos os benefícios recebidos, solicitarseu apoio, indulgência e misericórdia e, sehouver necessidade, fazer um pedido es-

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pecífico. Deve-se ainda lembrar sempre dereconhecer a intervenção do Altíssimoquando uma alegria nos chega ou quandoum incidente é evitado.

Sem fraseologia inútil, cada palavradeve conter a sua importância, fazer refletire elevar o coração com sentimentos nobrese sinceros. Algumas pessoas se utilizam depalavras decoradas, rígidas e determinadas,como se a oração fosse uma fórmula. Ou-tras rezam por dever ou mesmo por hábito.Murmurar maquinalmente não é uma lin-guagem natural que surja espontaneamen-te do coração. O que Deus observa é o queestá no íntimo, na veracidade de cada pa-lavra, não o número de vezes que a prece érepetida. O Pai quer ouvir apenas a sinceri-dade de nosso coração, do contrário, nãoterá crédito algum.

No evangelho, os espíritos nos dizem:“A forma não é nada, o pensamento é tudo.Orai, cada um, segundo as vossas convic-ções e o modo que mais vos toca; um bom

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pensamento vale mais que numerosas pa-lavras estranhas ao coração”.

ConscientizaçãoMesmo sabendo dos benefícios e qua-

lidades da prece, a solução de nossos pro-blemas requer muito mais do que vontadee fé ardente. É indispensável o esforço nosentido da melhoria íntima.

Evocar a inspiração dos bons espíritose pensar que “eles resolvem tudo” é nãoassumir sua responsabilidade como partedo processo. Essa atitude tende levar à aco-modação. É necessário querer mudanças efazê-las acontecer de forma direta, objeti-va, consciente e responsável. Isto significacolocar em prática a modificação de certasatitudes, pensamentos e emoções negativas.

Revitalizar o ânimo e modificar as ima-gens do inconsciente que carregam triste-za, rancor, ódio, mágoa e medo é uma ma-neira de reorganizarmos essas emoções quenos fazem tanto mal. Esse recondicionamen-

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to íntimo não se refere apenas ao ganho devirtudes interiores, como amar e perdoar,mas à conquista do comando conscientede nós mesmos e à descoberta dos potenci-ais que temos na mente, na vontade e naemoção.

Para conseguir isso, não bastam leitu-ras e conhecimentos, é necessária a açãoprogramada e permanente, isto é, discipli-na e controle dos impulsos. Caminhar compassos firmes assegurados na fé é impres-cindível, utilizar-se da prece durante a jor-nada é indispensável, mas estar atento aolema “orai e vigiai” é prudente e de bomsenso.

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O EspiritismoO Espiritismo é a nova ciência que vem

revelar aos homens, por provas irrecusáveis, aexistência e a natureza do mundo espiritual ,e suas relações com o mundo corporal; ele no-lo mostra, não mais como uma coisa sobrena-tural, mas, ao contrário, como uma das forçasvivas e incessantemente ativas da Natureza,como a fonte de uma multidão de fenômenosincompreendidos, até então atirados, por essarazão, ao domínio do fantástico e do maravi-lhoso. É a essas relações que o Cristo faz alu-são, em muitas circunstâncias, e é por issoque muitas coisas que ele disse permanece-ram ininteligíveis ou foram falsamente inter-pretadas. O Espiritismo é a chave com a ajudada qual tudo se explica com facilidade.

A lei do Antigo Testamento está personifi-cada em Moisés; a do Novo Testamento estápersonificada no Cristo; o Espiritismo é a ter-ceira revelação da lei de Deus, mas não estápersonificada em nenhum indivíduo, porque eleé o produto de ensinamento dado, não por um

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homem, mas pelos Espíritos, que são as vozesdo céu, sobre todos os pontos da Terra, e poruma multidão inumerável de intermediários: é,de alguma sorte, um ser coletivo compreenden-do o conjunto dos seres do mundo espiritual,vindo cada um trazer aos homens o tributo dassuas luzes para faze-los conhecer esse mundoe a sorte que nele os espera.

Da mesma forma que o Cristo disse “Eunão vim destruir a lei, mas dar-lhe cumpri-mento”, o Espiritismo diz igualmente “Eu nãovim destruir a lei cristã, mas cumpri-la”. Elenão ensina nada de contrário ao que o Cristoensinou, mas desenvolve completa e expli-ca, em termos claros para todo o mundo, oque não foi dito senão sob a forma alegórica;vem cumprir, nos tempos preditos, o que oCristo anunciou, e preparar o cumprimento dascoisas futuras. É, pois, obra do Cristo que opreside, como igualmente anunciou, a rege-neração que se opera, e prepara o reino deDeus sobre a Terra.

Allan KardecO Evangelho Segundo o Espiritismo

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