musaceae - botanica.sp.gov.brbotanica.sp.gov.br/files/2016/02/musaceae.pdf · musaceae 234 6rx]d 9...

3
233 MUSACEAE .DWKOHHQ )UDQFLV /\VDN $QGHUVRQ /XL]6DQWRV 0DULD GDV *UDoDV /DSD :DQGHUOH\ Ervas em geral de grande porte, SHUHQHV FUHVFLPHQWR VLPSRGLDO UL]RPDWRVDV HP WRXFHLUDV SVHXGRFDXOH robusto, ereto, formado pelo conjunto das bainhas foliares, látex geralmente incolor. Folhas alternas, espiraladas, HP JHUDO ORQJRSHFLRODGDV OkPLQD DPSOD H YLVWRVD QHUYXUD SULQFLSDO SURHPLQHQWH QHUYXUDV VHFXQGiULDV paralelinérveas, arqueando-se no ápice e formando uma nervura marginal. Inflorescência terminal, composta, formada por cimeiras subtendidas por brácteas espiraladas vistosas e coriáceas, algumas vezes caducas, em forma de ERWH jV YH]HV FDUHQDGDV UHFXUYDV QD DQWHVH H[SRQGR DV ÁRUHV Flores sem brácteas, bissexuadas ou funcionalmente XQLVVH[XDGDV DV FLPHLUDV LQIHULRUHV IRUPDGDV GH ÁRUHV SLVWLODGDV FRP HVWDPHV UHGX]LGRV H QmR IXQFLRQDLV DV FLPHLUDV VXSHULRUHV IRUPDGDV GH ÁRUHV HVWDPLQDGDV FRP RYiULR QmR IXQFLRQDO WUtPHUDV ]LJRPRUIDV GLFODPtGHDV tépalas 6, todas petaloides, mas diferentes, formando um tubo 5-denteado ou lobado pela fusão das três sépalas e de GXDV SpWDODV DSHQDV XPD SpWDOD DGD[LDO LQWHUQD OLYUH H F{QFDYD HVWDPHV 5-6, ÀOHWHV OLYUHV HVWDPLQyGLR DOJXPDV vezes fértil em Ensete DQWHUDV ELWHFDV GHLVFrQFLD ULPRVD RYiULR tQIHUR FDUSHODU ORFXODU nectários septais presentes, placentação axial, óvulos numerosos, anátropos, estilete 3-lobado, estigma úmido, papiloso. Fruto baga FRP H[RFDUSR UHVLVWHQWH VHPHQWHV SRXFDV D QXPHURVDV VHP DULOR HQYROWDV SRU XPD SROSD DPLOiFHD 0XVDFHDH SRGH VHU GLIHUHQFLDGD GDV GHPDLV IDPtOLDV GH =LQJLEHUDOHV SRU DSUHVHQWDU HVSpFLHV PRQRLFDV ÀORWD[LD HVSLUDODGD H DXVrQFLD GH DULOR QDV VHPHQWHV $3* ,,, $ IDPtOLD DSUHVHQWD FHUFD GH HVSpFLHV GLVWULEXtGDV HP GRLV JrQHURV Ensete Horan. e Musa L.) com distribuição paleotropical (Cronquist 1981). No Brasil não ocorrem espécies nativas, mas algumas espécies são consideradas subespontâneas (Cheesman 6RX]D /RUHQ]L 2008). A grande produção mundial da banana (Musa paradisiaca L.) a coloca como o quarto alimento vegetal mais consumido no mundo, superado apenas pelo arroz, trigo e milho (Embrapa 2009). Segundo os dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, em 2002 a produção mundial de banana foi em torno de 65 milhões de toneladas e a área plantada de, aproximadamente, 4 milhões de hectares, sendo o Brasil o terceiro maior produtor mundial de banana. A banana evoluiu no sudeste da Ásia através da hibridação de poliploides das espécies selvagens M. acuminata Colla e M. balbisiana &ROOD H VmR XQLGDV DUWLÀFLDOPHQWH VRE R QRPH GH Musa × paradisiaca. $ SROLSORLGLD WtSLFD GH FXOWLYDUHV QR HQWDQWR QmR p UHODWDGD SDUD SODQWDV VHOYDJHQV $V HVSpFLHV VHOYDJHQV SRVVXtDP XPD FDVFD HVSHVVD VHPHQWHV QXPHURVDV H JUDQGHV URGHDGDV GH SRXFD SROSD $ PRGLÀFDomR para a banana consumida está relacionada com a esterilização, abortamento dos óvulos e desenvolvimento espontâneo do fruto sem fertilização, ou seja, por partenocarpia (Ai-Zhong Liu et al. 2002). Além do valor FRPHUFLDO GD EDQDQD IUXWR PXLWR DSUHFLDGR QD DOLPHQWDomR RV UHSUHVHQWDQWHV GD IDPtOLD FRP VXDV IROKDV H LQÁRUHVFrQFLDV YLVWRVDV VmR GH JUDQGH EHOH]D H PXLWR XWLOL]DGRV HP GHFRUDomR GH MDUGLQV $L=KRQJ /LX 'H=KX /L ;L:HQ /L 7D[RQRPLF QRWHV RQ ZLOG EDQDQDV Musa) from China. Bot. Bull. Acad. Sin. 43: 77-81. $3* ,,, $Q XSGDWH RI WKH $QJLRVSHUP 3K\ORJHQ\ *URXS FODVVLÀFDWLRQ IRU WKH RUGHUV DQG IDPLOLHV RI ÁRZHULQJ SODQWV $3* ,,, %RW - /LQQ 6RF 5-121. &KHHVPDQ (( &ODVVLÀFDWLRQ RI WKH EDQDQDV ,,, &ULWLFDO QRWHV RQ VSHFLHV K Musa ornata Roxb. Kew Bull. 4(1): 24-28. &KHHVPDQ (( &ODVVLÀFDWLRQ RI WKH EDQDQDV ,,, &ULWLFDO QRWHV RQ VSHFLHV T Musa coccinea Andrews. Kew Bull. 5(1): 27-31. &URQTXLVW $ $Q LQWHJUDWHG V\VWHP RI FODVVLÀFDWLRQ RI ÁRZHULQJ SODQWV 1HZ <RUN &ROXPELD 8QLYHUVLW\ S /RUHQ]L + 6RX]D 0+ 3ODQWDV RUQDPHQWDLV QR %UDVLO DUEXVWLYDV KHUEiFHDV H WUHSDGHLUDV 1RYD Odessa, Plantarum, p. 792-793. 3HWHUVHQ 2* 0XVDFHDH ,Q &)3 0DUWLXV $* (LFKOHU , 8UEDQ HGV )ORUD EUDVLOLHQVLV 0RQDFKLL Frid. Fleisher, vol. 3, pars 3, p. 1-28. Parte integrante da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 7. ISBN 978-85-7523-058-9 (online) Lysak, K.F., Luiz-Santos, A. & Wanderley, M.G.L. 2012. Musaceae In: Wanderley, M.G.L., Martins, S.E., Romanini, R.P., Melhem, T.S., Shepherd, G.J., Giulietii, A.M., Pirani, J.R., Kirizawa, M., Melo, M.M.R.F., Cordeiro, I., Kinoshita, L.S. (eds.) Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 7, pp: 233-236.

Upload: buiduong

Post on 01-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: MUSACEAE - botanica.sp.gov.brbotanica.sp.gov.br/files/2016/02/Musaceae.pdf · Musaceae 234 6RX]D 9 & /RUHQ]L + %RWkQLFD VLVWHPiWLFD *XLD LOXVWUDGR SDUD LGHQWLÀFDomR GDV IDPtOLDV

233

MUSACEAE

Ervas em geral de grande porte, robusto, ereto, formado pelo conjunto das bainhas foliares, látex geralmente incolor. Folhas alternas, espiraladas,

paralelinérveas, arqueando -se no ápice e formando uma nervura marginal. Inflorescência terminal, composta, formada por cimeiras subtendidas por brácteas espiraladas vistosas e coriáceas, algumas vezes caducas, em forma de

Flores sem brácteas, bissexuadas ou funcionalmente

tépalas 6, todas petaloides, mas diferentes, formando um tubo 5-denteado ou lobado pela fusão das três sépalas e de 5 -6,

vezes fértil em Ensete nectários septais presentes, placentação axial, óvulos numerosos, anátropos, estilete 3-lobado, estigma úmido, papiloso. Fruto baga

Ensete Horan. e Musa L.) com distribuição paleotropical (Cronquist 1981). No Brasil não ocorrem espécies nativas, mas algumas espécies são consideradas subespontâneas (Cheesman

2008). A grande produção mundial da banana (Musa paradisiaca L.) a coloca como o quarto alimento vegetal mais consumido no mundo, superado apenas pelo arroz, trigo e milho (Embrapa 2009). Segundo os dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, em 2002 a produção mundial de banana foi em torno de 65 milhões de toneladas e a área plantada de, aproximadamente, 4 milhões de hectares, sendo o Brasil o terceiro maior produtor mundial de banana.

A banana evoluiu no sudeste da Ásia através da hibridação de poliploides das espécies selvagens M. acuminata Colla e M. balbisiana Musa × paradisiaca.

para a banana consumida está relacionada com a esterilização, abortamento dos óvulos e desenvolvimento espontâneo do fruto sem fertilização, ou seja, por partenocarpia (Ai -Zhong Liu et al. 2002). Além do valor

Musa) from China. Bot. Bull. Acad. Sin. 43: 77 -81.

5 -121.Musa ornata Roxb. Kew

Bull. 4(1): 24 -28. Musa coccinea Andrews.

Kew Bull. 5(1): 27 -31.

Odessa, Plantarum, p. 792-793.

Frid. Fleisher, vol. 3, pars 3, p. 1 -28.

Parte integrante da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 7. ISBN 978-85-7523-058-9 (online) Lysak, K.F., Luiz-Santos, A. & Wanderley, M.G.L. 2012. Musaceae In: Wanderley, M.G.L., Martins, S.E., Romanini, R.P., Melhem, T.S.,

Shepherd, G.J., Giulietii, A.M., Pirani, J.R., Kirizawa, M., Melo, M.M.R.F., Cordeiro, I., Kinoshita, L.S. (eds.) Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 7, pp: 233-236.

Page 2: MUSACEAE - botanica.sp.gov.brbotanica.sp.gov.br/files/2016/02/Musaceae.pdf · Musaceae 234 6RX]D 9 & /RUHQ]L + %RWkQLFD VLVWHPiWLFD *XLD LOXVWUDGR SDUD LGHQWLÀFDomR GDV IDPtOLDV

Musaceae

234

fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. 2 ed. Nova Odessa, Plantarum, p. 216. Simpson, M.G. 2006. Plant systematics. Oxford, Elsevier Academic Press, p. 241 -244.

1. MUSA L.

Ervas Pseudocaule formado pelas bainhas foliares superpostas, verde -claras, brilhantes. Folhas nervura principal da lâmina foliar gradativamente atenuada, abrindo -se em leque na porção apical. Flores comumente em disposição terminal, densa, apresentando brácteas espatáceas. Fruto amiláceo.

Chave para as espécies de Musa

9 -2-alaranjados ........................................................................................................................ 1. M. coccinea

7 -1-esverdeados .......................................................................................................................... 2. M. ornata

1.1. Musa coccinea Andrews, Bot. Repos. 1: t. 47. 1797.

Musa uranoscopus Lour., Fl. Cochinch. 2: 645. 1793. non Rumph (1755).

Erva 1 -1,5m. Folhas 0 -51 -1, 5 -0,3m, oblonga, estreitando na porção basal, ápice acuminado, discolor, verde -escura na face adaxial, verde -clara e brilhante na face abaxial. Inflorescência densa, ereta, ultrapassando ou não as folhas, 19 -2

imbricadas e vistosas, lanceoladas e brilhantes em Flores 1,5 -4cm, as basais femininas,

as superiores masculinas, amarelo -alaranjadas. Fruto oblongo, 4 -6,5cm, quando maduro amarelo -alaranjado.

Ocorre de forma subespontânea nos estados da

e Santa Catarina. F5, F6, E7, E8densa e mista, frequentemente em áreas úmidas.

Material selecionado: Eldorado, V.1994, R. Mello -Silva

et al. 1004 (ESA 287908). São Paulo, IV.1984, C. Busko s.n. (SPF 51224).

Musa coccinea possui folhagem brilhante e

que atribuem à espécie um grande valor ornamental (Cheesman 1950). Musa coccinea era encontrada em

silvestre, devido à antropização de sua área de ocorrêcia.

1.2. Musa ornata Roxb., Fl. Ind. 2: 488. 1824. Erva 1 -3m. Folhas 5 -1 5 -930cm, oblonga, mais estreita na porção basal, ápice truncado, concolor. Inflorescência densa, mais laxa na base, 7 -10cm,

cimeiras formadas por 3 a

no ápice. Flores 2 -4cm, as basais femininas, as superiores masculinas, amarelo -esverdeadas. Fruto oblongo, 3 -50,5 -0,75cm, amarelo -esverdeado, desenvolvido somente na base do cacho e praticamente sem polpa.

Ocorre de forma subespontânea nos estados da

e Santa Catarina. D6, E6, E7, E8, F5, F6

Material selecionado: Iporanga, X.2010, K. Lysak et al. 41 (SP). Moji das Cruzes -Bertioga, XI.2010, K. Lysak 42 (SP). Piracicaba, VIII.1992, J.A. Zandoval s.n. (ESA 7531). Sete Barras, IV.2004, A.P. Savassi et al. 355 (ESA).

Musa ornata é uma espécie asiática de grande valor ornamental, invadindo amplamente alguns trechos da mata atlântica no estado de São Paulo. Possui frutos que produzem sementes viáveis, dispersas por animais silvestres por toda a mata.

Lista de exsicatas

Busko, C. Lysak, K.: 41 (1.2), 42 Mello -Silva, R. Savassi, A.P.

Zandoval, J.A.: ESA 7531 (1.2).

Parte integrante da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 7. ISBN 978-85-7523-058-9 (online) Lysak, K.F., Luiz-Santos, A. & Wanderley, M.G.L. 2012. Musaceae In: Wanderley, M.G.L., Martins, S.E., Romanini, R.P., Melhem, T.S.,

Shepherd, G.J., Giulietii, A.M., Pirani, J.R., Kirizawa, M., Melo, M.M.R.F., Cordeiro, I., Kinoshita, L.S. (eds.) Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 7, pp: 233-236.

Page 3: MUSACEAE - botanica.sp.gov.brbotanica.sp.gov.br/files/2016/02/Musaceae.pdf · Musaceae 234 6RX]D 9 & /RUHQ]L + %RWkQLFD VLVWHPiWLFD *XLD LOXVWUDGR SDUD LGHQWLÀFDomR GDV IDPtOLDV

Musa

235

Prancha 1. A-F. Musa coccinea

brasiliensis, vol. 3, parte 3, prancha 1, 1890).

Parte integrante da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 7. ISBN 978-85-7523-058-9 (online) Lysak, K.F., Luiz-Santos, A. & Wanderley, M.G.L. 2012. Musaceae In: Wanderley, M.G.L., Martins, S.E., Romanini, R.P., Melhem, T.S.,

Shepherd, G.J., Giulietii, A.M., Pirani, J.R., Kirizawa, M., Melo, M.M.R.F., Cordeiro, I., Kinoshita, L.S. (eds.) Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 7, pp: 233-236.