mundo_h#14

24
14 MAR.ABR.MAI. Ano4 Distribuição Gratuita mundo h. MOÇAMBIQUE ESCOLINHA PARA SILVA MACUA; S.TOMÉ MUL- TIPLICAÇÃO DO APOIO; PORTUGAL 200 REVISTO; MAIS MUN- DO BRASIL: COMBATE AO ABANDONO ESTÓRIAS INICIO DO ANO LECTIVO EM MOÇAMBIQUE; MAIS DO QUE PADRINHOS NOVA CASA PARA A HELPO; QUEM HELPA MOTA-ENGIL APOIA ENVIO DE BENS PARA SÃO TOMÉ; I MAIS MUDANÇA DE SEDE

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MOÇAMBIQUE ESCOLINHA PARA SILVA MACUA; S. TOMÉ MULTIPLICAÇÃO DO APOIO; PORTUGAL 2010 REVISTO; MAIS MUNDO BRASIL: COMBATE AO ABANDONO; ESTÓRIAS INICIO DO ANO LECTIVO EM MOÇAMBIQUE; MAIS DO QUE PADRINHOS NOVA CASA PARA A HELPO; QUEM HELPA MOTA-ENGIL APOIA ENVIO DE BENS PARA SÃO TOMÉ; IMAIS MUDANÇA DE SEDE

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14 MAR.ABR.MAI. Ano4 Distribuição Gratuita

mundo h.MOÇAMBIQUE ESCOLINHA PARA SILVA MACUA; S.TOMÉ MUL-TIPLICAÇÃO DO APOIO; PORTUGAL 200 REVISTO; MAIS MUN-DO BRASIL: COMBATE AO ABANDONO ESTÓRIAS INICIO DO ANO LECTIVO EM MOÇAMBIQUE; MAIS DO QUE PADRINHOS NOVA CASA PARA A HELPO; QUEM HELPA MOTA-ENGIL APOIA ENVIO DE BENS PARA SÃO TOMÉ; I MAIS MUDANÇA DE SEDE

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2

ÍNDICE

EDITORIAL

3

MOÇAMBIQUE

4

a gota.

construindo o sonho passo a passo.

2

MAIS MUNDO

4

onde será o paraíso?

VISTO DE PORTUGAL

8

2010 em revista!

S. TOMÉ E PRÍNCIPE

6

por etapas.

8

em mudanças.

i MAIS

22

ESTÓRIAS6

carregar o optimismo dentro da mochila.

contribuições não identificadas.

MAIS DO QUE PADRINHOS

natalis 2010.

QUEM HELPA?

2

envio de bens.

dar sem subtrair.

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3

clima. Na nossa sociedade perdeu grande parte da

importância que mantém em economias predominan-

temente agrícolas. Entre nós, só fenómenos extre-

mos, como mini-tornados, a queda de neve, uma tromba de

água, ganham foros de notícia. Em Moçambique é diferente.

As estações sucedem-se, entre secas e chuvosas, monotona-

mente. A natureza renova-se em cada ciclo, mas uma escola de

qualidade não se compadece com caprichos climáticos, quando

a sala de aula é em pleno ar livre, com um quadro pendurado

de um ramo de árvore. Sob a copa acolhedora de um cajueiro,

na estação seca, professores e alunos vão avançando no seu

trabalho diário, tantas vezes depois de andarem quilómetros,

para esse encontro – dir-se-ia mágico – de ensinar e aprender.

Mas, o que fazer na estação das chuvas? A mesma chuva que

fecunda terras e culturas e renova as fontes de sustentação das

comunidades rurais, seca a troca de saberes sob o cajueiro.

Haver, ou não, salas de aula de pedra e cal faz toda a diferença.

O que falta fazer em Moçambique neste campo, é uma tarefa

hercúlea: o Plano Quinquenal, recentemente aprovado, as-

sume o objectivo de construir 3 mil salas de aula por ano. Se

tivermos em conta que cada turma agrupa mais de 70 alunos,

o objectivo acima referido reconhece um défice de instalações

Cascais, António Perez Metelo

EDITORIAL

escolares para, no mínimo, 1 milhão de crianças e adolescen-

tes (numa população escolar potencial superior a 6 milhões).

Visto à distância, o desafio de apostar nas infra-estruturas bá-

sicas, para que a escola chegue a todos os meninos e meninas

em Moçambique, adquire um peso tremendo. Mas não é esse

o ponto de mira da Helpo.

Do que se trata é ver cada comunidade, na qual nos inserimos,

bem de perto. É um contrato de cumplicidades, de afecto e

de responsabilização, já que, uma e outra vez, constatamos o

amor dos adultos pelos seus descendentes e o reconhecimento

crescente de que é a escola a instituição por excelência para o

progresso económico e social de todos no futuro. Passo a pas-

so, vencendo todos os constrangimentos – mesmo os climá-

ticos! – vamos enraizando uma presença, que procura deixar

uma marca duradoura.

Graças às contribuições dos padrinhos temos mais de 4500

afilhados em Moçambique. Através deles, os apoios diversi-

ficados da Helpo englobam já 11 000 crianças nas províncias

de Nampula e Cabo Delgado e mais de 400 em São Tomé. Em

2010, o trabalho progrediu em todas as frentes e anima-nos a

continuar este ano. Dir-se-á que é uma gota num mar de ne-

cessidades. Mas, onde ela cai, faz toda a diferença!

O

3

A GOTA

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4

construindo o sonho passo a passo. Pemba, Maria João Guerreiro

MOÇAMBIQUE

S ilva Macua é uma pequena al-

deia de Cabo Delgado, situada

no Distrito de Ancuabe. Está no

cruzamento de duas estradas que ligam

ao norte e ao interior da Província.

Além do nome de Silva Macua, esta al-

deia é ainda conhecida por dois outros

nomes: Salaue e Sunate.

Conta a história que Salaue era o nome

de uma mulher que habitou aquele lu-

gar, junto a uma fonte de água à volta

da qual surgiram mais tarde as primei-

ras casas da localidade.

Este é o nome administrativo da aldeia

que é ainda conhecida por Sunate.

Sunate, nome do Régulo, o primeiro

de todos e por isso o mais velho habi-

tante, foi o dono daquelas terras e da

tradição. O nome passou para o filho,

Régulo de hoje, e ficou guardado pela

força da tradição oral mantendo-se até

à actualidade o nome que a população

local utiliza para denominar a comu-

nidade. Silva Macua, terceira denomi-

nação da localidade, é um resultado

nítido do inevitável encontro de cultu-

ras onde o passado colonial e conquis-

tador dos portugueses percorre toda a

história de um país, redigindo linhas de

outras pequenas “estórias” que perma-

necem através dos tempos até aos dias

de hoje.

A população desta região é descenden-

te de um grupo de povos Macua prove-

niente da zona do lago de Niassa, que

há muito tempo iniciou um processo

de migração para as regiões mais lito-

rais de Moçambique.

Conta então a história que um homem

português, de nome Silva, ali viveu, se

aculturou e ficou. Diz-se que dominava

a língua e a cultura de tal forma que

o apelidaram de Silva Macua, hon-

rando o seu nome à singularidade do

seu percurso. Por esse motivo este é o

nome atribuído ao local pelos viajan-

tes e visitantes. Silva Macua terá sido

ele próprio um viajante e por isso este

é o nome que levam os que por aqui

passam para dar a conhecer o local aos

que aqui virão um dia.

Foi em 2009, quando a Helpo chegou a

Cabo Delgado que, ao contactar com a

Diocese de Pemba, conheceu o Progra-

ma Multissectorial de Desenvolvimento

Integrado de Silva Macua.

Trata-se de um Programa ambicioso

com vários sectores de intervenção co-

munitária e de desenvolvimento local,

em que a Educação (bem como a Saúde

e Água e Saneamento) ocupa um dos

sectores identificados e eleitos quer

pela comunidade local, quer pelas es-

truturas de apoio no terreno, como dos

mais urgentes e com maiores carên-

cias e portanto merecedores de uma

intervenção prioritária, entre todos os

outros do Programa.

A Helpo através do Programa de Apa-

drinhamento de Crianças à Distância,

propôs-se apoiar a Diocese de Pemba

celebrando então uma parceria para

a construção de uma escolinha, mais

propriamente de três alpendres em ma-

terial convencional (ou seja, parede de

cimento coberto com chapa) que subs-

tituíssem a actual construção, existente

desde 2008, em cana de bambu coberta

por capim. A construção da escolinha

teve início em Dezembro de 2010 e

prevê-se a sua conclusão até ao final de

Março de 2011.

No entanto, o apoio a esta comunida-

de tem vindo a acontecer desde 2009

e não se esgotará após a conclusão

do projecto de construção da escoli-

nha. A Helpo distribuiu bibes a todas

as crianças, material pedagógico para a

escolinha, alimentação e kit básico de

primeiros socorros que distribui em to-

das as comunidades que apoia.

Depois da conclusão da escolinha, o

apoio continuará a acontecer tendo

em conta as necessidades e prioridades

que forem identificadas pela Diocese.

Em Silva Macua existem mais de 4000

habitantes, organizados em cerca de

800 famílias. São agregados de 6 a 8

pessoas, em que 2 a 3 crianças têm ida-

des inferiores a 6 anos, num total apro-

ximado de 1600 crianças com idade

para frequentar a escola.

A Helpo tem 82 crianças apadrinhadas,

correspondendo este número à totali-

dade de crianças actualmente inscritas

na escolinha.

Ao melhorar as condições desta res-

posta educativa, estamos a oferecer a

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possibilidade de mais crianças desta co-

munidade terem acesso ao ensino.

Creio que o gosto pela educação se faz

desde tenra idade. Uma criança que

vive experiências de aprendizagem des-

de muito cedo será mais curiosa e mais

motivada para continuar a aprender.

As primeiras aprendizagens serão im-

portantes para o resto da vida. Impri-

mem-nos gostos, motivações, hábitos

e desejos que repetiremos e procurare-

mos concretizar ao longo da vida.

Sabemos que a maioria das crianças

que apoiamos dificilmente irá desen-

volver sozinha, ou no seu contexto na-

tural, o desejo de aprender.

Melhorar as condições da escolinha

implica um convite a contactar com ex-

periências de aprendizagem e sociali-

zação, mas também implica oferecer a

estas crianças um verdadeiro acesso à

sua infância muitas vezes perdida.

Toda a criança aqui inscrita sai do ano-

nimato. Deixa de ser uma criança cui-

dada apenas pela família para passar a

ser uma criança cuidada e investida por

toda a comunidade.

A construção desta escolinha em Silva

Macua significa para nós fomentar, em

todas as crianças que dela possam vir a

usufruir, a capacidade de sonhar e de

crescer com a dignidade que a toda e

qualquer criança pertence. Crescer com

menos fome, aproveitando a oportuni-

dade de poder ir à escola e assim au-

mentar as suas capacidades para cons-

truir um projecto de vida.

FICHA TÉCNICABeneficiários: 1. Todas as crianças da aldeia de Silva Macua até aos 6 anos de idade – Aproxi-

madamente 1600 crianças, das quais 82 crianças apadrinhadas pela Helpo.

2. Grupos de Alfabetização de adultos (uma vez que a escolinha funciona duran-

te as manhãs, foi proposta a utilização deste mesmo espaço no período da tarde

para alfabetização de adultos).

3.Associações várias da comunidade (numa lógica de utilização deste espaço tam-

bém para actividades comunitárias, tais como encontros e reuniões, no âmbito de

projectos de desenvolvimento da aldeia).

Custos do Projecto: 13 mil Euros (585.830mzn/44€).

Objectivos:1. Ampliar o acesso à educação através da melhoria das condições de aprendiza-

gem.

2. Reforçar a motivação das crianças e suas famílias para o ingresso cada vez mais

precoce (antes dos 6 anos) na escola.

3. Oferecer às crianças da aldeia de Silva Macua a possibilidade de frequentar

uma escolinha num local seguro, que reúna condições mínimas de dignidade para

o funcionamento de um espaço de promoção da aprendizagem.

4. Promover o gosto pela aprendizagem.

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6

São Tomé, Flora Torres

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

por etapas.

N o início eram 3 roças, 3 creches

na montanha e 1 comunidade

piscatória a norte da ilha, com

uma creche à beira-mar. Bemposta, São

José, Saudade e Santa Catarina. Meninos

entre os 2 e os 5 anos povoam o nosso

dia-a-dia entre saltos, cantigas e sorrisos.

Comunidades pequenas, onde a Helpo é

conhecida por nome próprio e os meninos

correm à nossa chegada para nos receber

em abraços prolongados e mimos demo-

rados.

Comunidades pequenas onde tudo e to-

dos se tornam mais próximos. O aconche-

go da creche proporciona estes momen-

tos, a proximidade com a comunidade

torna-nos cúmplices de uma história que

agora também é escrita por nós.

Chegou o dia em que parte das nossas

crianças saiu das creches e iniciou uma

nova etapa - a escola primária. Das 4 co-

munidades onde a Helpo está presente

desde o inicio do projecto, as crianças que

completaram 6 anos deslocaram-se para a

Escola Primária de Monte Café no distrito

de Mézochi (interior) e distrito de Lembá,

Santa Catarina (norte).

Com uma mochila nova, um mundo de

sonhos às costas. Professores novos, me-

ninos de muitas outras comunidades para

descobrir, um novo recreio a explorar.

Começaram a juntar as letras e aprender

a construir palavras, a reconhecer os nú-

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meros e usá-los não apenas para brinca-

deiras: vão começar a interagir com ou-

tras crianças, outras realidades. O futuro

começa também aqui. Entre lápis e um

caderno a estrear, muita expectativa e or-

gulho de começar esta etapa.

A Escola Primária de Monte Café, situa-

da na comunidade com o mesmo nome,

recebe todas as crianças de São José,

Bemposta e Saudade. Em Santa Catarina,

a nova escola fica a escassos metros da

creche Arca de Noé, recebendo também

todas as crianças apadrinhadas que che-

gam à idade escolar.

A Helpo tem o imenso privilégio de acom-

panhar estes momentos, e com eles seguir

o seu percurso escolar, alargando o seu

âmbito de acção a uma nova comunidade

escolar. Também aqui é um novo caminho

para a Helpo. Efectuar um levantamento

e identificação de necessidades de cada

escola nova que vamos apoiar e estabe-

lecer uma relação de confiança com os

novos professores e com a comunidade.

Aqui recomeçamos um trabalho que não

só assegura a continuidade do programa

de apadrinhamento, como propõe apoiar

novas crianças e as escolas no seu todo.

Sempre com o acordo e esclarecimento da

comunidade onde estamos inseridos, pro-

curamos gerir os problemas diários que

vão surgindo.

Na Bemposta, pequena e isolada comu-

nidade no meio da montanha, onde tudo

falta e demora a chegar, houve necessi-

dade de, temporariamente, acolher as

crianças da creche no centro comunitário

“chegou o dia

em que parte das

nossas crianças

saiu da creche e

iniciou uma nova

etapa”

reabilitado pela Helpo com a comunida-

de, durante o ano de 2010. A escola foi

parcialmente reabilitada pelo Estado e

durante esse período as crianças encontra-

vam-se sem espaço físico para as activida-

des diárias da creche e sem a sua refeição

diária. Sendo que o centro comunitário é

suficientemente grande para acolher as

crianças, a solução temporária por nós en-

contrada foi muito bem aceite pela comu-

nidade e pela direcção do ensino básico.

No entanto, e não tendo sido concluída a

obra da creche por razões várias, nem a

mesma ter uma data de término prevista,

a Helpo reuniu com a comunidade na pro-

cura de uma solução para o espaço esco-

lar, sabendo que o centro comunitário era

uma solução a curto prazo. Foi proposta a

pintura e apetrechamento de equipamen-

to, num verdadeiro trabalho de equipa

onde a Helpo fornecia os materiais e a co-

munidade a mão-de-obra suficiente para

que as suas crianças voltassem a ter na

sua creche um espaço digno de aprendiza-

gem e brincadeira. Rapidamente iniciou-se

a capinação do espaço do recreio, pintura

das salas e recuperação das portas e jane-

las para que as crianças possam retomar

as aulas o mais breve possível. A creche

encontrava-se também sem cozinheira

para confeccionar o almoço, sendo que

encontrámos a solução num grupo de

mães voluntariosas, disponíveis a reveza-

rem-se na cozinha de forma a tornar a re-

feição possível a todas as crianças.

Na creche Arca de Noé, em Santa Catarina,

sentimos a necessidade de criar um manu-

al de apoio pedagógico ao professor, que

ajudasse a planificação diária das activida-

des, com exercícios propostos nas áreas

da matemática, português e educação

visual. Manual que se revelou um instru-

mento valioso para o trabalho dos pro-

fessores com as crianças e para a sua pre-

paração pré-primária, pois é o único que

contém exercícios práticos e sugestões de

abordagem aos temas propostos.

Este manual tem sido amplamente utiliza-

do e os resultados já são visíveis: crianças

mais preparadas para a passagem ao ensi-

no primário, identificando os números,

as cores, as formas e objectos, sendo que

o estímulo é maior e as aulas mais com-

pletas.

Por todas estas formas de apoio, a Helpo é

hoje parte integrante do dia-a-dia em São

Tomé, participando na construção do seu

futuro.

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8

VISTO DE PORTUGAL

8

A

Cascais, Joana Lopes Clemente

2010 em revista!

s chuvas, as estradas intransitáveis, as eternas interrupções no funcionamento da internet e das linhas telefónicas, móveis ou

fixas, os surtos de cólera, o calor insuportável do verão, as interrupções lectivas para avaliação, os ritos de iniciação, as ceri-

mónias fúnebres dos 40 dias, a gravidez precoce nas raparigas, a vida precoce e frágil e curta, e a lentidão de tudo o resto.

As dificuldades de 2009 repetem-se em 2010, como um ciclo anual que traz em cada mês o que já adivinhamos, o que nos parece ter-

mos já vivido, ouvido, testemunhado.

Ao ritmo da vida, o esforço de quem está para ficar. O esforço dos papéis para autorizar residência, trabalho, construção; da oscilação

do preço do cimento, da farinha; do falecimento de um líder devido a um “inchaço”; do esgotamento do ferro na cidade.

Ainda assim, a caminhada longa, a esperança no rosto de todos os que olham o carro da Helpo, os técnicos que lhes são familiares,

os projectos que trazem nos cadernos e que os acompanham sempre, e que um dia deixam de ser projectos, e passam a figurar num

terreno qualquer no meio da comunidade.

MOÇAMBIQUEEm 2010 o ano começa com a abertura do ano lectivo, em finais

de Janeiro (que demora tanto mais tempo a arrancar quanto

mais isolada for a comunidade), e com o exercício de paciência

da espera pelo fim das chuvas que permitem o prosseguimen-

to dos projectos. Choveu pouco, os trabalhos foram retomados

mais cedo e as machambas viriam a sofrer da falta de água antes

do tempo, a escassez dos alimentos apertaria com mais força e

mais cedo do que o habitual, a partir de Setembro, Outubro.

O ano começou também com a chegada do contentor enviado

de Portugal, carregado com mais de 20,000 livros, pastas escola-

res, material escolar, computadores, brinquedos e jogos didác-

ticos - tudo promessas de momentos mais ricos, de infâncias e

juventudes povoadas de mundos um pouco maiores. A chegada

deste material marca o ponto de partida da distribuição do mes-

mo pelas bibliotecas, comunidades, por cada uma das crianças

que frequentam as escolas e creches apoiadas pelos padrinhos

da Helpo.

O Ministério da Educação inicia o jogo da transferência dos pro-

fessores. Algumas escolas aguardam até Março pelo novo direc-

tor, o que condiciona a distribuição do material escolar pela mão

da Helpo.

Estamos num mundo de relógios diferentes, de ginástica entre

o compreender e o aceitar a realidade que nos rodeia, mas sem

resignação, sem condescendências, com um nível de exigência

próprio de quem sonha sempre mais alto.

NAMPULA

Cada aldeia tem as suas pedras no sapato. Em Fevereiro, deu-se

um passo atrás na comunidade de Natchetche: foi roubada uma

peça fundamental para o funcionamento do poço aí construído

pela Helpo no ano anterior. Este mesmo acontecimento apenas

foi comunicado à Organização em Março, após várias tentativas,

por parte da própria comunidade, de resolução do assunto inter-

namente. Procedemos à convocação de reuniões comunitárias,

aguardámos conclusões e não obtivemos respostas. Perante a

situação, e na tentativa de responsabilizar a própria comunidade,

o caso foi entregue às autoridades. A ausência de resposta levou-

-nos por fim ao departamento das águas da Direcção Provincial

de Obras Públicas, que nos aconselhou a nomear uma comissão

responsável pela manutenção do poço e a angariar, junto da po-

pulação, quantias simbólicas que ajudassem a um fundo de ma-

nutenção do equipamento. Desta forma a comunidade sentir-se-

-ia mais envolvida e ajudaria a evitar este tipo de acontecimento,

muito frequente no território.

No Infantário Provincial de Nampula, Orfanato e Centro de Aco-

lhimento apoiado desde 2007, foi instalada em 2010 iluminação

exterior sobre o recinto que envolve os dormitórios, refeitório e

sala lúdica, foram efectuadas obras de reabilitação na cozinha,

além de ter sido criado um espaço para as crianças que aí resi-

dem, numa sala que foi pintada com motivos infantis, mobilada e

equipada com jogos e brinquedos.

A retoma antecipada dos projectos, devido à brandura das chu-

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vas, permitiu a conclusão do Centro de Actividades Infantis, na

Ilha de Moçambique, cuja construção foi iniciada no ano an-

terior e que acabou por ser inaugurado a 3 de Abril do ano de

2010. Este espaço, também dotado de luz eléctrica, compreende

3 blocos: um bloco amplo, (equipado com mesinhas, cadeiras,

um quadro preto, armários, livros infantis e jogos didácticos), um

bloco de casas de banho para raparigas, rapazes e funcionários e

um terceiro para escritório, para o qual foi doado um computa-

dor. O recinto exterior é aberto, grande, murado mas vazio, dei-

xando adivinhar novos projectos para o futuro.

Este espaço, multidisciplinar, acolhe a escolinha da parte da

manhã e actividades de tempos livres para as crianças que fre-

quentam a escola, da parte da tarde. Está preparado para estudo

acompanhado, actividades lúdicas e aulas de educação para a

saúde, tendo recebido já uma voluntária da Helpo, no início do

ano corrente, que tem como função dinamizar o espaço levando

a cabo as actividades mencionadas.

Mais um passo, mais uma volta no enorme novelo de lã de um

universo repleto de carências: a conclusão deste centro e o seu

funcionamento, veio pôr a nu um rol de outras necessidades en-

frentadas pelas crianças apoiadas pela Helpo na Ilha de Moçam-

bique. As reivindicações multiplicaram-se e quem frequenta um

centro devidamente equipado tece comparações com a escola

degradada de todos os dias, onde se senta no chão, e exige mais

e melhor. Partimos para a planificação da próxima obra e esperá-

mos que o final do ano nos trouxesse as condições para o fazer.

Ainda no mês de Abril, inaugurou-se um bloco de duas salas de

aula na escola de Natôa, construído de raíz e equipado pela Hel-

po. As mamãs da comunidade carregaram àgua durante toda a

obra para o fabrico da mistura de cimento e saibro que compõe

a construção enquanto que alguns dos papás deram a força de

braços para apoiar na obra. À cabeça das mulheres o esforço, o

cantil de água a marcar com as gotas que baloiçam pelo caminho

os quilómetros percorridos e a dimensão da esperança numa

experiência escolar mais sólida e promissora. O Ministério da

Educação construiu 3 salas de aula no mesmo recinto, o que sig-

nifica que uma escola com mais de 1700 alunos passou a contar

com mais 5 salas de aula de “pedra e cal”, onde decorrerão aulas

durante todo o ano lectivo, independentemente do estado do

tempo!

No mesmo mês, após o apoio dado pela Helpo para a constru-

ção, em material local, de uma escola em São Pedro de Mahu-

nha; após todos os esforços movidos junto das direcções dis-

tritais e provinciais de Educação e da Mulher e da Acção Social

sensibilizando para a situação, após a condução de representan-

tes das direcções distritais à comunidade para que verificassem a

sua realidade, e numa tentativa de dar continuidade a um esfor-

ço empreendido pelos Missionários de São João Baptista de Mur-

rupula já no ano de 2009, foi finalmente destacado um professor

para a escola de São Pedro de Mahunha levando uma oportu-

Alguns bens do contentor armazenados em Nampula. Danças tradicionais marcam a inauguração da escola de Natôa.

Edificios que compõe o CAI, na Ilha de Moçambique. Alunos e professor na escola de S. Pedro de Mahunha.

Page 10: mundo_h#14

0

PORTUGAL

nidade de ingresso no universo escolar a todos os meninos da

escolinha da comunidade, apoiada pela Helpo. O nosso apoio

estender-se-á a esta pequena nova escola.

Em Junho demos início à construção de um bloco de 3 salas de

aula na Escola Primária Completa de Teacane. A comunidade

participou em peso partindo pedra nas margens de um rio pró-

ximo em quantidade suficiente para encher as fundações e isolar

a construção. Os trabalhos foram interrompidos em Agosto,

por falta de ferro na cidade e a época das chuvas veio impedir o

prosseguimento da obra, que apenas foi retomada em Janeiro de

2011, encontrando-se, neste momento, perto da sua inaugura-

ção, para contentamento de pais, alunos, professores e padri-

nhos, e compensação de um trabalho conjunto e empenhado.

No mês de Outubro, teve então início o trabalho de recuperação

completa das salas anexas à primeira escola da Ilha de Moçambi-

que: a Escola Primária 16 de Junho, cuja construção se encontra-

va grandemente debilitada, por equipar e com sinais de degrada-

ção óbvios.

A obra deverá estar totalmente concluída no mês de Março e

abarcar quatro turmas por dia que beneficiarão ainda de uma en-

volvente recuperada e delimitada para que as crianças aí possam

brincar em segurança durante as pausas lectivas.

Recuperando o fôlego entre projectos e obstáculos vencidos, foi

possível ainda antes do final do ano concluir a reabilitação, ape-

trechamento e equipamento da biblioteca da missão combonia-

na de Alua, num terrítório isolado perto do limite da província,

projecto financiado e levado a cabo pela Helpo, cuja inauguração

terá lugar em Março.

Durante o ano, verificaram-se ainda grandes avanços na obra

do pavilhão do Instituto Profissional de Serrelharia Mecânica, no

Marrere, onde ficou a faltar a pintura e a disposição do equipa-

mento na respectiva sala, à data de hoje já concluídos. Arrancou

o primeiro ano do curso, graças ao apoio da Helpo em parceria

com a DISOP e a Missão de São João Baptista do Marrere. Preten-

demos apoiar também e gradualmente, na medida do que nos é

possível através de todos os nossos padrinhos, a continuidade do

percurso escolar do maior número de crianças possível.

É verdade que os objectivos da Helpo têm a medida da realidade

local que nos cerca, o que nos obriga constantemente a ajustar

expectativas, a relativizar necessidades e a empreender soluções

que vão de encontro aos problemas identificados pelas comuni-

dades. Traduzindo, os nossos objectivos moldam-se aos objecti-

vos das pessoas com quem e para quem trabalhamos, dado que

as resoluções devem afigurar-se como tal para os beneficiários,

mais do que para os implementadores ou financiadores; as ne-

cessidades que tentamos combater são básicas e o que nos ba-

temos por proporcionar é uma frequência escolar mais regular,

mais digna, mais duradoura e a aprendizagem da língua portu-

guesa (o que mais do que uma oportunidade, pode significar o

acesso a informação, o esclarecimento frente a entidades públi-

cas, a possibilidade de compreender qualquer situação da vida

prática que se venha a colocar fora do círculo restricto da comu-

nidade ou do distrito onde se reside). No entanto, procuramos

também alargar os horizontes de quem sonha, e fazer destes so-

nhos uma engrenagem que eleve a fasquia dos seus objectivos.

Assim, o apoio à construção e equipamento deste pavilhão é um

pequeno passo nessa direcção, na construção de uma oportuni-

dade que vai além da frequência escolar, que constitui uma pon-

te e um passaporte para um futuro maior.

Apesar da vontade e porque não temos recursos para sonhar

sempre grande, em termos de estruturas em material local foram

melhoradas, através de apoio com cimento, oleado, chapas de

zinco, pregos, portas, janelas, barrotes e capim, 34 salas de aula.

CABO DELGADO

Mais a Norte, em Cabo Delgado, a caminhada tem menos tempo,

o caminho percorrido é menor e o que falta percorrer não tem

fim! A Helpo comemorou, no mês de Março, um ano de presença

nesta província, onde o turismo de luxo vai aumentando, as ca-

sas de praia se vão multiplicando e os benefícios para a popula-

ção são escassos e praticamente invisíveis!

Fora dos pontuais restaurantes e raros resorts que salpicam as

imediações da cidade de Pemba, estendida ao longo da Baía de

Pemba, a realidade rural não difere daquela encontrada no resto

do território, e os problemas repetem-se, bem como a necessida-

de de intervenção.

Foi construída pela Helpo uma plataforma em cimento e en-

tregue um depósito de 5,000 litros de água na escola primária

completa de Impire; essa água deve servir para a utilização dos

alunos da escola durante as horas lectivas. A Helpo passou a

Recuperação completa da Escola 16 de Junho, Ilha.Construção da escola de Teacane.

Page 11: mundo_h#14

abastecer mensalmente o mesmo depósito, através do apoio de

vários padrinhos. A água facultada veio a verificar-se insuficien-

te, pelo que colocaremos um segundo depósito de 3,000 litros

que deverá poder aproveitar a água das chuvas entre Novembro

e Março.

A partir de Setembro e na mesma comunidade, começou a ser

delineado um projecto piloto, com vista à ligação eléctrica da es-

cola, o que permitirá a alfabetização de adultos, no período noc-

turno, numa parceria da Helpo com a The Clean Energy Company

e financiamento do FUNAE (Fundo de Energia). A escola primária

completa de Impire conta com cerca de 2,000 alunos e situa-se

numa comunidade constituída na sua maioria por refugiados de

guerra vindos de outros distritos. A comunidade tem sido algo

difícil de mobilizar e sensibilizar mas o corpo docente é extraor-

dinariamente dinâmico e empenhado, o que acaba por ajudar a

ultrapassar as dificuldades encontradas.

No último quadrimestre do ano, os ajustes entre orçamentos

apresentados, a dificuldade em identificar um empreiteiro de

confiança na comunidade, a substituição de recursos humanos

afectos à Helpo e recursos insuficientes por parte da Organiza-

ção, acabaram por condicionar os nossos objectivos e adiar para

2011 a construção de um bloco de 4 salas de aula em material

convencional nesta comunidade. Neste momento, aguardamos o

final da estação das chuvas para que possamos dar andamento a

este projecto, o que permitirá acabar com as “salas de aula” de-

baixo dos cajueiros que efectivamente, ainda existem em grande

número nas escolas rurais do Norte do país.

No distrito de Montepuez, onde a Helpo apoia duas escolinhas,

a escolinha de Nacate beneficiou de obras de reconversão das

estruturas escolares nas quais todos os pais participaram. A

escolinha ganhou paredes novas e portas, o que nos permitiu

facultar-lhe mobiliário que foi recheado com jogos didácticos e

brinquedos, tal como aconteceu na creche de Mirige, no mesmo

distrito. Os banquinhos entregues em ambas as escolinhas foram

doados pela empresa Intercampus, que pelo Natal ofereceu aos

seus clientes, um “presente solidário da Helpo” perfazendo um

total de 140 banquinhos, entregues já no início de 2011.

Em matéria de livros, e porque o contentor onde vieram che-

gou ao destino recheado de conhecimento, em Setembro ficou

concluída a Biblioteca das irmãs Pastorelas, equipada pela Helpo

com mobiliário e muitas centenas de livros, facilitando o acesso à

informação a todas as crianças apoiadas pela Helpo através deste

centro de assistência, na cidade de Pemba.

Por fim, na comunidade de Silva Macua, onde a Helpo apoia as

crianças da escolinha e tinha já apoiado a construção de uma

sala em material local, tiveram início em 2010 as obras de uma

estrutura em material convencional, que compreende 3 salas

que albergarão estas crianças no seu dia-a-dia pré-escolar, sepa-

radas por idades, abrigadas do vento e das chuvas. O objectivo

é aumentar o número de inscrições na escolinha e tornar esta

aprendizagem mais regular, preparando as crianças para um am-

biente, disciplina e ritmos diferentes aos que estão habituadas e

sobretudo, proporcionar-lhes um primeiro contacto com a língua

portuguesa.

Além dos projectos referidos, orientados para a melhoria, reabi-

litação, equipamento e/ou construção de estruturas, a Helpo dis-

tribuiu, como habitualmente, material escolar em todas as esco-

las e escolinhas, procedeu à entrega e reposição mensal de todos

os kits de primeiros socorros, entregou mensalmente a todas as

escolinhas onde intervém alimentos para que as crianças façam

uma refeição diária, barras de sabão, loiças, uniformes escolares,

equipamento desportivo, e assinalou com eventos especiais o dia

da criança e da criança africana, o dia da cidade, e o Natal, distri-

buindo t-shirts e bonés, almoço reforçado e organizando activi-

dades lúdicas para as crianças.

Respondemos ainda aos apelos da Direcção Provincial da Mu-

lher e da Acção Social de Nampula, equipando, com mobiliário,

a creche do Mongincual e aos apelos da Direcção Provincial de

Educação de Pemba para ajudar a realizar um encontro provin-

cial de instituições orientadas para o apoio na área da educação.

Por fim, demos seguimento ao apoio a projectos como o serviço

hospitalar do Marrere a recém-nascidos em risco e ao centro de

nutrição infantil do mesmo Hospital.

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Em São Tomé a natureza é generosa e as pessoas adeptas dessa

generosidade e da espera a que ela vai obrigando. As gentes

comem o que as estações permitem; a chuva revisita a terra e

as crianças aproveitam as torrentes que jorram do céu para to-

marem banho ao ar livre substituindo as roupas pela espuma do

Reconstrução e apetrechamento da bilbioteca de Alua. Construção do pavilhão de serralharia mecânica, Marrere.

Page 12: mundo_h#14

2

PORTUGAL

sabão.

É uma terra assim, desviada do tempo frenético, à margem de

tudo como do continente que lhe é vizinho. O território é peque-

no, o que deixa adivinhar um isolamento menor. Mas isolamen-

to de quê? Aquilo a que se tem acesso é caro, porque “vem de

fora”, e é “para fora” que todos querem ir. A

alimentação é deficiente, a sexualidade bana-

lizada, o número de filhos por mulher é enor-

me, a higiene é escassa, o ambiente insalubre,

o acesso a cuidados de saúde e informação é

muito insuficiente comparativamente às ne-

cessidades da população.

Em São Tomé e Príncipe, 2010 foi um ano de

viragem no que toca à intervenção da Helpo.

Em Fevereiro, destaca-se uma sensibilização

sobre a higiene dentária efectuada nas cre-

ches de Sta. Catarina, da Saudade e da Bem-

posta, e a distribuição individual de escovas

e pastas de dentes, e copos de plástico para

se passar a escovar os dentes na creche. Efec-

tuámos também a distribuição de barras de

sabão, sacolas para a escola, 50 kg de leite em pó na creche de

Sta. Catarina, e de material escolar e roupa às crianças que pas-

saram a frequentar a primeira classe. Nesta creche foram ainda

distribuídos manuais de português, matemática e desenho cuja

elaboração ficou a cargo do corpo docente e a impressão contou

com o apoio da Helpo.

Realizaram-se actividades plásticas tendo em conta os princípios

de higiene: em Sta. Catarina e na Roça da Saudade os alunos fize-

ram e plastificaram individuais de refeição para que o espaço em

que comem e trabalham (o mesmo), pudes-

se ficar mais delimitado e limpo.

No início de Maio, a Helpo destaca uma Co-

ordenadora Nacional de projectos e assistên-

cia para o país. O estabelecimento de uma

equipa permanente com meios de desloca-

ção permite uma presença mais assídua nas

roças, escolas e creches e permite também

dar o salto na intervenção, actuando de

forma mais incisiva e alargando o género e

âmbito dos projectos.

Com a entrega de cimento e areia e o envol-

vimento dos pais, deu-se início à reabilitação

do Centro Comunitário da Bemposta que foi

apoiada com madeira, tintas, fechaduras,

fios eléctricos e casquilhos.

Pelos dias da Criança e da criança Africana, as roças apoiadas

pela Helpo receberam animação infantil, almoço melhorado e

lanche para assinalar estes dias tão especiais.

A campanha para as eleições legislativas paralizou escolas e cre-

o trabalho valioso permitiu benefi-

ciar mais de 000 crianças em situa-ção de carência

extrema

Depósito de 5.000 litros de água, entregue na escola de Impire.

Reconstrução da escolinha de Nacate.

Reconstrução da escolinha de Mirige.

Reconstrução e apetrechamento da bilioteca das Pastorelas.

Page 13: mundo_h#14

3

ches nos meses de Verão, mobilizou ministérios, dificultando e

atrasando os trabalhos a efectuar. Em Agosto o país foi a votos,

as creches fecharam, e reabriram em Setembro quando retomá-

mos, enfim, o trabalho.

Na roça da Saudade, paredes e mobiliário pediam uma “cara la-

vada” e após o pedido por parte da educadora, participámos com

o material necessário para a pintura de ambos, e distribuímos

roupa aos meninos que frequentam a creche.

Em todas as creches, foi distribuído material didáctico e de pri-

meiros socorros e ainda fotocópias de cadernos de actividades,

jogos e bonecos. Este material facultado serve muitas vezes de

apoio às actividades regulares levadas a cabo por voluntários

junto das crianças das creches, de que são exemplo as colagens

e confecção de animais em papel ou exercícios lúdicos de ma-

temática. Nas roças de São José e da Saudade, foram entregues

panelas, pratos, colheres e copos para as refeições efectuadas

na creche e foi feita uma reposição de material de higiene den-

tária e distribuição feita às novas turmas. Na creche de S. José,

concluiram-se ainda as obras de reabilitação, com pintuta final ao

interior e exterior do edifício.

Por fim, mas não menos importante, desenvolveu-se o projecto

“Mais Saúde”, com base numa parceria estabelecida com médi-

cos voluntários do Hospital de S. João do Porto, que consiste em

diagnósticos e aconselhamento semanal nas roças, a crianças e

pais, na área da saúde.

CONCLUSÃO2010 foi um ano difícil, com os apertos da afamada crise a

fazerem-se sentir e a colocarem à prova os padrinhos e as suas

possibilidades e prioridades. No entanto, e apesar do registo de

várias desistências, de um modo geral as madrinhas e padri-

nhos da Helpo não baixaram os braços e as equipas no terreno

procuraram a compreensão dos parceiros e das aldeias, e de-

ram continuidade ao trabalho valioso que se desenvolve e per-

mitiram, (apadrinhando no seu conjunto mais de 4500 crianças,

apoiar 16 escolas, 12 escolinhas ou creches, 4 centros de assis-

tência e orfanatos e 1 serviço hospitalar e centro de nutrição),

e chegar a beneficiar mais de 11000 crianças em situação de

carência extrema.

No ano que passou recebemos também 12 visitas de padrinhos

ao terreno, tendo registado o maior número de sempre de

pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer não apenas

os seus afilhados, mas também os técnicos de terreno e alguns

dos projectos desenvolvidos.

Por todos estes motivos, apesar das dificuldades que possamos

enfrentar, temos motivos para acreditar num 2011 em que po-

deremos continuar a contar sempre com o apoio empenhado e

sério dos nossos padrinhos e madrinhas para beneficiar sempre

mais crianças e comunidades!

Reconstrução do Centro Comunitário da Bemposta. Sensibilização para a saúde e visitas de diagnóstico médico.

Entrega de bens diversos, Creche de São José. Reabilitação da creche de São José.

Page 14: mundo_h#14

4

MAIS MUNDO

onde será o paraíso?

omo disse a Presidente Dilma Rousseff na sua to-

mada de posse, a República Federativa do Brasil é

do tamanho de um continente. Efectivamente, ela

ocupa a quinta maior superfície territorial do planeta, com

8.514.876,599 quilómetros quadrados de área, o equivalente

a quarenta e sete por cento do território sul-americano. Este

imenso território está dividido em vinte e seis Estados Federa-

dos subdivididos por 5.565 municípios e um Distrito Federal.

Falamos de um país que tem 190.732.694 habitantes (dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) obtidos no

censo de 2010).

O Brasil é, actualmente, a sétima maior economia do mundo,

a oitava maior em PIB nominal (2,1 biliões de Dólares Norte-

-americanos) e um dos países com maior qualidade de vida do

planeta.

Ora, se assim é, qual o motivo para estarmos a falar deste “im-

pério”? – Não é suposto a Helpo trabalhar apenas com crianças

vulneráveis que vivem em países em fase de desenvolvimen-

to? – Sim, é verdade. No entanto, este império pode deixar de

ser um paraíso e passar a ser um verdadeiro inferno para quem

nele habita. Principalmente se falarmos das crianças que vivem

na região nordeste do país, mais concretamente nos estados

de Maranhão, Alagoas, Piauí, Ceará, Sergipe e Bahia (dados da

Fundação Getúlio Vargas), onde o grau de miséria é altíssimo.

Brasil, Ana Luísa Machado

Com efeito, 50 milhões de brasileiros sobrevivem mensalmen-

te com menos de 35,00 €, sendo que todos os Estados do Nor-

deste têm 50% da população abaixo da linha de pobreza. Um

estudo da UNESCO, divulgado em Agosto de 2008, revela que

entre 2003 e 2008 houve uma redução dos índices de indigên-

cia e pobreza, respectivamente para 6,6% e 24,1%, (consi-

derando indigentes apenas as pessoas com renda per capita

inferior a um quarto do salário mínimo (US$ 66,00), e pobres

aquelas com renda acima desse patamar, até, no máximo,

meio salário mínimo (US$ 132,00).

Apesar de haver escolas equipadas com mobiliário e material

didáctico, de as crianças terem um apoio escolar razoável, de

haver autocarros escolares que as vão buscar aos povoados

mais distantes, e de o Governo dar alimentação e algum ma-

terial escolar, a UNESCO deu a conhecer recentemente que,

entre 127 países, o Brasil se encontra em 88º lugar no ranking

de desempenho escolar.

Um outro problema tem que ver com o grau de violência. Se-

gundo uma pesquisa denominada “Mapa da Violência 2011”,

divulgada pelo Ministério da Justiça, entre 1998 e 2008 a taxa

de homicídios no interior aumentou 38,6%, enquanto as ca-

pitais e regiões metropolitanas reduziram seus índices em

24,6%”, concluindo a mesma que houve um deslocamento dos

pólos da violência para os chamados municípios de médio por-

C

Page 15: mundo_h#14

te, cidades com cerca de 50 mil habitantes, que agora estão

entupidas de grades nas portas e janelas.

No entanto, o principal problema reside no índice de droga

que circula livremente pelo país. Segundo o Relatório Mundial

sobre Drogas de 2008, o Brasil tem cerca de 870 mil usuários

de cocaína. Entre 2001 e 2004, o consumo deste estupefacien-

te aumentou 75% e, entre 2001 e 2005, o aumento de consu-

mo de “maconha” foi de 160%.

De acordo com um outro estudo da UNESCO, há, actualmente,

700 mil crianças em idade escolar, que não frequentam a esco-

la, e 14 milhões de adultos analfabetos.

Neste momento, o Brasil é um berço para crianças que ficam

na rua sem ninguém que cuide delas e as encaminhe na socie-

dade. São seres excluídos, porque a sociedade onde nasceram

está à parte de toda a realidade visível.

Quando estas crianças não estão na rua, estão a trabalhar, não

se sabendo em que circunstâncias, mas com a certeza que são

extremamente precárias e sem condições de higiene ou segu-

rança. Estima-se que mais de 5 milhões de jovens entre os 5 e

os 17 anos de idade trabalham, apesar de a lei estabelecer 16

anos como a idade mínima para a entrada no mercado de tra-

balho. Só no estado de Sergipe, serão mais de 50.000 crianças!

O Brasil, apesar de ser um país mais rico e que cresce mais do

que o de quem nos lê, é um mundo onde as diferenças sociais

são abismais. Este é um país que, por ser do tamanho de um

continente, não consegue distribuir a riqueza que possui e

onde a sua ajuda é precisa e preciosa. É preciso resgatar estas

crianças. Fornecer-lhes actividades para preenchimento dos

seus tempos livres. É preciso estar atento ao seu desenvolvi-

mento e mostrar-lhes que há um outro caminho dentro dos

caminhos do seu povoado.

Respondendo a pedidos de ajuda no Estado do Sergipe, identi-

ficámos cerca de duzentas e cinquenta crianças em situação de

pobreza quase absoluta, num estado de miséria inimaginável.

Estas crianças, conforme vão crescendo, vão-se tornando nos

marginais da sociedade, drogados, ladrões, bandidos que nin-

guém quer por perto. Crianças que vivem em povoados onde

não existe água potável, onde as estradas são caminhos de

terra, onde não é possível chegar quando chove, onde as casas

são a continuidade do quintal e da maré.

Crianças que vivem no lixo e que catam lixo para ajudar as fa-

mílias a sobreviver.

Crianças com os rostos sorridentes, mas cansados da vida

pesada na roça. Crianças vítimas de maus tratos e de famílias

desmembradas. Crianças semelhantes às outras que queriam

crescer a brincar como os seus filhos ou sobrinhos, mas que,

face às vicissitudes da vida, crescem como as outras crianças

que já conhece deste “mundo h”.

Page 16: mundo_h#14

6

ESTÓRIAS

carregar o optimismo dentro da mochila.Nampula, Carlos Almeida

Oinício de um ano lectivo é sempre o virar de uma pá-

gina. Todos se lembram certamente do sentimento

que nos assolava depois das férias grandes, quando

até a rotina da brincadeira se tornava cansativa e já apetecia

voltar a usar a mochila às costas: promessas de mais e me-

lhor trabalho, expectativas elevadas, novos objectivos, novos

sonhos, a vontade de conhecer novos professores, novos cole-

gas, novos amigos e novos mundos que se abriam ao mun-

do. O cheiro dos livros por desfolhar e dos cadernos sedentos

pela tinta davam-nos vontade de aprender e ser melhores. Em

toda a parte do mundo este sentimento deve ser semelhante,

obviamente tendo em conta as realidades intrínsecas de cada

local, cada cultura e realidade socioeconómica. Em Portugal

era assim e certamente continua a ser. Em Moçambique é um

bocado diferente.

A Escolaridade em Moçambique é organizada de uma forma

quase igual à realidade portuguesa: doze anos de escolaridade,

que por cá ainda se chamam classes, em que as sete primeiras

constituem a escolaridade obrigatória. As escolas também es-

tão organizadas numa lógica de agrupamento, embora por cá

se chamem Z.I.P. (Zona de Influência Pedagógica). Também a

organização do ano escolar é semelhante ao Português, com 3

trimestres, respeitando obviamente a lógica de estar no hemis-

fério sul e dando férias grandes às crianças no período do Ve-

rão. Sendo assim, o ano lectivo iniciou-se no dia 14 de Janeiro,

estando o final do primeiro trimestre previsto para 15 de Abril.

O segundo trimestre terá lugar de 25 de Abril a 22 de Julho e,

o terceiro trimestre, de 8 de Agosto a 25 de Outubro, tendo os

exames lugar do dia 7 de Novembro a 9 de Dezembro.

Os esforços do Ministério da Educação Moçambicano têm

como objectivo conseguir a massificação do ensino através da

expansão da rede escolar a todas as crianças, através da alfa-

betização de adultos e do aumento do número de cursos pro-

fissionais.

Com uma população de aproximadamente 23 milhões de habi-

tantes e em que 6,7 milhões de crianças fazem parte do ensino

geral, os desafios que se colocam são o facto de a maior parte

das escolas não ter condições mínimas e muitas turmas conti-

nuarem a ter aulas debaixo das árvores, o facto de a formação

de professores continuar a ser uma lacuna muito forte e que

continua a fazer com que a qualidade não seja atingida.

No discurso de lançamento do ano lectivo, o Ministro da Edu-

cação, Zeferino Martins, referiu como principais medidas para

melhorar a qualidade do ensino, uma maior exigência ao nível

da formação de professores. A partir deste ano, para se ser

professor, para quem ainda não é exigida licenciatura para

exercer o cargo, será necessário ter a 10ª classe concluída com

uma média final superior a doze valores.

Além desta medida que visa uma (pequena) melhoria da clas-

se docente, também haverá uma maior oferta de cursos de

ensino profissional, visando dessa forma absorver mais alunos

a partir do 8º ano, que se encontram fora da escolaridade obri-

gatória.

A Helpo está a colaborar com esta estratégia, uma vez que

financiou a construção da oficina do curso de Serralharia Me-

cânica da Escola Profissional do Marrere, a inaugurar breve-

mente.

Para além desse reforço dos cursos de ensino profissional,

também houve um aumento de setenta e uma escolas secun-

dárias, a nível nacional.

No entanto, os problemas não são só a nível estrutural. O Sr.

Ministro da Educação identificou como um dos principais pro-

blemas que provocam elevados graus de insucesso, uma ali-

mentação incorrecta e até mesmo a subnutrição.

A UNICEF identifica como principal problema causador de di-

ficuldades de aprendizagem nos países em vias de desenvolvi-

mento, um problema invisível, muito mais grave e com seque-

las para o futuro, que a falta de condições materiais e a falta

de formação dos professores: as carências graves de Vitaminas

e Minerais, como Iodo, Vitamina A e Ferro, pois estes micro

nutrientes são essenciais para o desenvolvimento físico e inte-

lectual das crianças.

Outro problema com que o sistema de ensino se depara em

Moçambique, é o facto de o Português não ser a língua falada

Page 17: mundo_h#14

em casa e o primeiro contacto com a língua de Camões apenas

ser feito, em grande parte das realidades rurais, com a chega-

da à escola. O Ministro reconheceu ainda a importância das

ONG na melhoria do sucesso do ensino, encarando com opti-

mismo o facto de os parceiros de cooperação trabalharem em

conjunto com o Governo para atingir um fim comum.

As crianças moçambicanas começam o ano lectivo com muitos

problemas, mas para além do material escolar, carregam nas

mochilas, esperança e optimismo no futuro.

A equipa da Helpo pensa que pode estar optimista, quando

da parte das entidades responsáveis há um investimento e um

reconhecimento da importância da Educação para os jovens

e, obviamente, para o futuro de Moçambique. Esperamos que

os nossos Padrinhos e Madrinhas consigam sair debaixo da

nuvem de pessimismo que se vive em Portugal e pensem que,

em sítios remotos como Moçambique, apesar das grandes difi-

culdades, as pessoas continuam a ser optimistas e a acreditar.

Os membros da equipa da Helpo em Moçambique acreditam e

são optimistas, esperamos que em Portugal sintam o mesmo.

Vamos ser todos mais optimistas?

Page 18: mundo_h#14

8

MAIS DO QUE PADRINHOS

em mudanças.

no após ano renovamos os nossos objectivos e ambi-

ções para os próximos 365 dias, numa perspectiva de

ajustes e reajustes, por um lado, face à realidade que

nos rodeia e não podemos descurar, por outro lado, analisan-

do o percurso já percorrido, as metas alcançadas e os becos

sem saída enfrentados.

Foi assim o início do ano de 2011, com a certeza de querermos

mais e melhor para a grande família do coração, que é a Hel-

po, ondem cabem crianças e comunidades, madrinhas e padri-

nhos, equipa, voluntários e amigos.

Porque todas as famílias merecem ter uma casa, um dos objec-

tivos que nos propusemos alcançar rapidamente foi a materia-

lização de um novo espaço, mais digno, onde pudéssemos de-

senvolver o nosso trabalho quotidiano com mais entusiasmo e

receber sem constrangimentos os padrinhos e amigos que nos

visitam sempre que a vida assim permite.

Outra ambição reajustada face às dificuldades sentidas no

acesso a apoios para a sua concretização, transportada para

o primeiro trimestre de 2011, é o envio tão esperado do con-

tentor para Moçambique, que levará mais material escolar,

livros, material lúdico e didáctico e bens de higiene que visam

dar mais condições às crianças envolvidas nos nossos progra-

mas de apoio, integradas nas províncias de Nampula e Cabo

Delgado.

Se um caderno, um brinquedo, ou uma barra de sabão visam

colmatar necessidades básicas diárias urgentes, que permitem

anular quase imediatamente um vazio existente, valem por si

só, mas não só, e têm atrás de si uma segunda intenção/am-

bição. O acesso ao ensino primário universal - 2º Objectivo

de Desenvolvimento do Milénio - dos 8 desenhados pela ONU

para serem atingidos até ao ano de 2015 abre caminho, em

passo determinado, para alcançarmos o 1º Objectivo de De-

senvolvimento do Milénio - a erradicação da pobreza.

Com dois objectivos bem delineados e ousados, unimo-nos a

quem mais próximo está de nós, nos conhece e pensa da mes-

ma maneira, quando a meta que nos une dá o mote à assina-

tura que nos identifica, a concretização de um mundo mais

humano. Falo dos padrinhos, voluntários e amigos da alarga-

da família Helpo, que responderam com entusiasmo ao nosso

apelo e se juntaram a nós para um fim-de-semana diferente,

composto por 3 equipas de trabalho dedicadas a tarefas dis-

tintas: a equipa que inventariou, seleccionou e acondicionou

todos os bens a enviar no contentor, incluindo um conjunto

alargado de presentes dos padrinhos; a equipa que reestrutu-

rou e remodelou o novo espaço, com direito a “destruição” de

divisórias em madeira, retoques nas paredes, muitas pinturas e

recuperação do pavimento; e por fim a equipa vencedora (por

ter terminado em primeiro…), que se dedicou à organização e

acondicionamento de todos os pertences da equipa da Helpo,

a transportar para o novo espaço.

No fim-de-semana de 5 e 6 de Fevereiro, uma equipa composta

por cerca de 30 voluntários levou a bom porto o trabalho em

cima descrito e muito mais. Houve espaço para rir, cansar até

transpirar; descobrir, conversar, trocar ideias reais e viajar até

ao sonho.

São momentos como este que nos tornam mais fortes, e nos

impelem a caminhar com afinco e determinação nesta direc-

ção, por onde se cruzam os caminhos dos membros desta

grande família.

O novo espaço está pronto a usufruir e também é seu!

Sintra, Margarida Assunção

A

Page 19: mundo_h#14

Agradecimentos especiaisAs remodelações do novo espaço foram possíveis com o apoio da Sotinco, pela mão do Dr. Pedro Cerquinho, sensível ao nos-

so projecto e que gentil e celeremente respondeu ao nosso pedido, disponibilizando-nos a totalidade das tintas que hoje pin-

tam a nova casa.

À AMI – Ajuda Médica Internacional, que uma vez mais nos apoiou de forma incansável no processo das mudanças através de

recursos humanos e materiais, doando-nos ainda material diverso, como mobiliário e alguns consumíveis de escritório.

No âmbito do mobiliário de escritório, o nosso agradecimento sincero dirige-se ainda à Alcatel Lucent, que amavelmente nos

disponibilizou um conjunto alargado de mobiliário.

À Ibergrade, pela disponibilidade com que acederam ao nosso pedido, instalando-nos, pro bono, grades “lagarta” que actual-

mente protegem o átrio de entrada da nova sede.

Aos padrinhos, voluntários e amigos que nunca nos dizem não, cuja preciosa ajuda torna o caminho mais fácil, de dia para

dia, todos os dias!

Page 20: mundo_h#14

20

QUEM HELPA?

envio de bens.

envio de presentes é um dos elementos de comuni-

cação possível entre os Padrinhos/Madrinhas e os

seus afilhados. Como os outros elementos de comu-

nicação, também este acarreta responsabilidades que têm de

ser geridas com a máxima atenção e cuidado, num país onde a

última coisa que pretendemos promover é a discriminação en-

tre beneficiários dos nossos Programas de apoio.

A Helpo procede ao envio de encomendas trimestralmen-

te para o terreno; no mês de Junho e Dezembro, cada Padri-

nho/Madrinha pode enviar correspondência para o seu/sua

afilhado/a, como por exemplo uma carta, um postal, uma fo-

tografia, e em Março e Setembro a correspondência estende-

-se a um presente, sendo que cada Padrinho/Madrinha poderá

enviar uma pequena lembrança, correspondendo ao tamanho

de um envelope A4. O envio das encomendas é efectuado

após o dia 15 do mês correspondente ao envio para o terreno;

os Padrinhos/Madrinhas deverão enviar as encomendas para a

sede da Helpo (Associação Helpo, Rua Catarina Eufémia, Fon-

tainhas, 2750-318 Cascais), e a Helpo tratará de fazer chegar as

encomendas aos seus destinos. Como sugestão de presentes,

os Padrinhos/Madrinhas poderão enviar uma boneca ou um

carrinho, uma peça de roupa, material escolar, um livro infan-

til, um livro de colorir com lápis ou canetas de colorir. São pre-

sentes apreciados por todas as crianças, que com o “pouco”

fazem muito.

Anteriormente o envio de presentes para os afilhados ocorria

trimestralmente, no entanto o envio de bens para o terreno é

um processo mais complexo que o esperado. Algo que na nos-

sa realidade seria simples, como entregar um presente de um

Padrinho/Madrinha ao seu afilhado/a. Em Moçambique ou São

Tomé isso acarreta outras implicações que podem ser negati-

vas caso a Helpo não tome as devidas precauções.

Um acontecimento tão marcante como um afilhado/a rece-

ber um presente enviado do outro lado do Mundo pelo seu/

Cascais, Sofia Nobre

O

Page 21: mundo_h#14

2

sua Padrinho/Madrinha, pode tornar-se num momento hostil.

Isto acontece porque o envolvimento por parte dos Padrinhos/

Madrinhas com os seus/suas afilhados/as difere. Não existe

um protocolo que defina que os Padrinhos/Madrinhas devam

enviar presentes para os seus/suas afilhados/as, existe sim a

possibilidade de cada Padrinho enviar um presente para o seu

afilhado se assim o desejar, sendo que a Helpo tem períodos

contemplados para o efeito. Uma vez que não é um acto obri-

gatório, e que o envolvimento dos padrinhos com os afilha-

dos dá-se de diversas formas, nem todos os

Padrinhos relacionam-se de uma forma mais

directa com a criança, enviando presentes

com regularidade para a mesma. Quando os

Coordenadores da Helpo no terreno rece-

bem os presentes dos Padrinhos para os seus

afilhados, seguem uma série de parâmetros

que constituem o tal processo complexo

que referi anteriormente. É necessário, após

a recepção das encomendas, agendar com

o/a animador/a social de cada comunidade

a entrega dos presentes; posteriormente o

animador/a social terá de reunir as crianças

cujos Padrinhos/Madrinhas enviaram um

presente, após o período de aulas, para que

as crianças que não irão receber um presente

não se sintam lesadas pela situação. No entanto, nem sempre

é possível que este processo ocorra conforme previsto. Outra

solução que a Helpo encontrou para minorar este “problema”

foi levar pequenos brinquedos para as crianças que não têm

presentes a receber, o que se torna pouco viável quando exis-

tem mais crianças sem presentes do que as crianças a receber

um presente por parte do Padrinho.

Após a Helpo ter identificado esta dificuldade, decidiu reduzir

os envios de bens para um envio semestral, a fim de não privar

“uma vez que não é

um acto obrigatório,

nem todos os padri-

nhos relacionam-se de

uma forma mais direc-

ta com a criança”

completamente os Padrinhos/Madrinhas que enviam presentes

para os seus afilhados/as, bem como as crianças que recebem

estes presentes.

Para além do envio regular de presentes, a Helpo envia uma

vez por ano um contentor para Moçambique com bens fruto

das campanhas de recolha de ofertas ao longo do ano em Por-

tugal, bem como outro tipo de materiais cujo envio por cor-

reio não é possível.

No entanto, para São Tomé e Príncipe, a Helpo ainda não pro-

cede ao envio de um contentor. O Pro-

grama de Apadrinhamento em São Tomé

teve inicio há cerca de 22 meses. Actu-

almente apoiamos mais de 400 crianças

neste país. Apesar de ser um apoio muito

significativo, ainda não se justifica o envio

de um contentor para São Tomé, pois os

bens enviados não serão suficientes para

preencher um contentor.

A nível de custos o envio do mesmo não

se mostra viável.

Para tal, solicitamos o apoio constante

dos nossos Padrinhos e Parceiros, que se

deslocam para São Tomé com regularida-

de, para que nos transportem os bens a

fim de serem distribuídos nas comunida-

des onde a Helpo opera.

Recentemente pudemos contar com o apoio do grupo Mota-

-Engil que gentilmente nos cedeu espaço no contentor envia-

do pela empresa para São Tomé. Com este apoio foi possível

enviar um gerador, mobília e utensílios para a casa/escritó-

rio, roupa e outros materiais que foram distribuídos junto das

crianças e suas famílias.

Em nome da comunidade Helpo manifestamos o nosso profun-

do agradecimento ao grupo Mota-Engil pelo apoio prestado.

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22

i MAIS

ram nesta iniciativa, através

dos seus donativos, do inte-

resse demonstrado, da divul-

gação da iniciativa, ou até

mesmo do apoio dado numa

simples visita ao nosso ponto

de venda.

Graças ao contributo de to-

dos, foi possível angariar do-

nativos no valor de 775,82€.

onforme anunciado

no último número

da nossa revista, no

passado mês de Dezembro

a Helpo esteve presente na

feira Natalis, que decorreu

no Centro de Congressos de

Lisboa.

Agradecemos desde já a to-

das as pessoas que participa-

Cnatalis 2010.

cumprir a sua obrigação fa-

zendo simultaneamente uma

doação, de forma simples e

sem ter de dispender qualquer

valor.

Convidamo-lo a efectuar a

sua doação para a Helpo no

âmbito da entrega do seu IRS,

bastará seleccionar no ponto 9

(Consignação de 0,5 % do im-

posto liquidado), do anexo H, a

alínea que refere “Instituições

particulares de solidariedade

social ou pessoas colectivas de

utilidade pública”. No ponto

901 deste anexo, deverá indi-

car o número de contribuinte

da Helpo: 507 136 845.

ivemos neste momen-

to o período do ano

em que procedemos à

apresentação da declaração de

IRS, o que se traduz na azáfama

da recolha de todos os recibos

necessários.

Considerando o stress que mol-

da o estilo de vida actual e as

inúmeras actividades que todos

os dias nos exigem tempo e

energia, é compreensível que a

entrega do IRS seja vista como

uma obrigação que tem de ser

cumprida, mas para a qual pre-

tendemos dispender o menor

tempo possível.

Informamos que é possível

Vdar sem subtrair.

Ao efectuar este procedimento,

0,5 % do imposto retido será

entregue à Helpo, a título de

doação. Este valor não é debi-

tado ao valor que irá receber

de devolução de IRS, mas sim

da parcela que é entregue ao

Estado.

Agradecemos desde já a to-

das as pessoas que aceitem

dispender alguns segundos

do seu tempo cumprindo este

procedimento, cujo donativo

terá a maior relevância para os

projectos desenvolvidos pela

Helpo.

Se, por norma, o seu IRS é efec-

tuado por uma terceira pessoa

(por ex., contabilista), basta in-

dicar a esta pessoa que deseja

efectuar esta doação.

Qualquer pessoa que proce-

da à entrega de IRS poderá

seleccionar esta opção, pelo

que apelamos a todos os Pa-

drinhos, Madrinhas e amigos

da Helpo, que divulguem esta

informação junto da sua rede

de contactos pessoais.

Devido ao desconhecimento

deste procedimento, todos os

anos grande parte do valor que

poderia reverter para Associa-

ções de carácter social, acaba

por ficar retido para o Estado.

om o fecho do ano de

2010 e a emissão das

declarações anuais,

verificamos no nosso sistema

que recebemos contribuições

de titulares cujo nome não cor-

responde ao titular que consta

do processo de Apadrinha-

contribuições não identificadas.

No âmbito da Responsabi-

lidade Social, a Associação

Portuguesa de Indústria

(AIP)/Feira Internacional

de Lisboa (FIL), entidade

organizadora deste evento,

doou a totalidade da recei-

ta de bilheteira às Institui-

ções de Solidariedade So-

cial presentes no evento.

No total, recebemos fun-

dos no valor de 1.175,82€,

os quais serão aplicados

nos projectos que estão a

decorrer em Moçambique e

São Tomé, nas comunidades

onde a Helpo se encontra a

intervir.

mento.

Existem duas causas principais

que estão na origem desta si-

tuação:

- Se o padrinho/madrinha faz

a sua contribuição através de

uma conta bancária da qual

não é títular ou não é o úni-

co títular. Neste caso, deverá

informar-nos por telefone ou

e-mail o nome dos titulares da

conta bancária que utiliza;

- Se o Padrinho/Madrinha faz a

sua contribuição identificando-

-a apenas com uma descrição

generalista (por exempo: Apa-

drinhamento; Donativo Helpo;

Donativo para afilhado).

Solicitamos a ajuda dos pa-

drinhos para identificar estas

situações, dado que necessita-

mos desta informação para a

emissão das declarações anuais

de 2010.

C

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FICHA TÉCNICA

Entidade Proprietária e Editor

Associação Helpo

Morada e Redacção: Associação Helpo,

Rua Catarina Eufémia, Fontaínhas,

2750-318 Cascais

Director Responsável

António Perez Metelo

Directora Editorial

Joana Lopes Clemente

Nº de registo no ICS: 124771

Tiragem: 4700 exemplares

Periodicidade:

Trimestral

NIF: 507136845

Depósito Legal: 232622/05

Impressão

ORGAL,Rua do Godim, 2724300-236 Porto

Redacção Portuguesa

Sofia Nobre(secretária de redacção)Joana Lopes ClementeMargarida Assunção

Colaboradores neste número

Ana Luísa MachadoAntónio Perez MeteloCarlos AlmeidaFlora TorresJoana Lopes ClementeMargarida AssunçãoMaria João GuerreiroSofia NobreTeresa Antunes

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Correspondente em África

Carlos Almeida

Design

Codex - Design e Relações PúblicasIlustração

Luís Nascimento

Informações: Associação Helpo

Tel.: 211537687 [email protected]

www.helpo.pt

A responsabilidade dos artigos é dos

seus autores.

A redacção responsabiliza-se pelos arti-

gos sem assinatura. Para a reprodução

dos artigos da revista mundo h, integral

ou parte, contactar a redacção através

de: [email protected].

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