mundo rural, trabalho e educaÇÃo: alguns … · precárias condições de vida e de trabalho de...

14
ISSN 2177-8892 1255 MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS ENLACES HISTÓRICOS Ana Elizabeth Santos Alves Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Ivana Teixeira Silveira Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Tânia Maria Rodrigues da Rocha Mestranda do Programa de Memória: Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB Agência Financiadora: Fapesb O presente texto tem como objetivo discutir as relações entre o Trabalho e a Educação no Mundo Rural, particularmente em comunidades rurais (agricultura tradicional campesina), por meio do processo histórico de modernização do campo e a consequente expropriação do produto do trabalho e dos meios de produção do camponês atrelado à acumulação capitalista. A análise que ora apresentamos é parte de um estudo que estamos desenvolvendo em quatro comunidades tradicionais rurais do município de Planalto, BA, localizadas na Mesorregião do CentroSul Baiano, a 477 km da capital Salvador. Nesse estudo, realizamos observações e entrevistas semiestruturadas com vinte e três grupos familiares moradores dessas comunidades sobre as condições de trabalho e as possibilidades educativas de homens e mulheres, no sentido de observar de modo mais amplo o núcleo de produção familiar. As famílias tem a posse de um pedaço de terra que é espaço de moradia e de produção mínima para autoconsumo. Entretanto, mesmo elas possuindo terras para realizar sua subsistência, a maioria das vezes tal atividade fica prejudicada ou até mesmo impossibilitada de ser desenvolvida devido às condições climáticas, territoriais e principalmente à falta de condições tecnológicas, educacionais e econômicas. Os moradores dessas comunidades são obrigados a vender a sua força de trabalho. São expropriados dos meios e os objetos do seu trabalho; o controle do seu trabalho é transferido para quem detém a propriedade dos meios de produção às quais eles estão subordinados. Sendo assim, eles se submetem ao trabalho assalariado em outras propriedades rurais ou em atividades diversas, cuja subsistência é garantida.

Upload: lamthuan

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1255

MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS ENLACES

HISTÓRICOS

Ana Elizabeth Santos Alves

Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Ivana Teixeira Silveira

Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Tânia Maria Rodrigues da Rocha

Mestranda do Programa de Memória: Linguagem e Sociedade da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Agência Financiadora: Fapesb

O presente texto tem como objetivo discutir as relações entre o Trabalho e a

Educação no Mundo Rural, particularmente em comunidades rurais (agricultura

tradicional campesina), por meio do processo histórico de modernização do campo e a

consequente expropriação do produto do trabalho e dos meios de produção do

camponês atrelado à acumulação capitalista. A análise que ora apresentamos é parte de

um estudo que estamos desenvolvendo em quatro comunidades tradicionais rurais do

município de Planalto, BA, localizadas na Mesorregião do Centro‐Sul Baiano, a 477 km

da capital Salvador. Nesse estudo, realizamos observações e entrevistas

semiestruturadas com vinte e três grupos familiares moradores dessas comunidades

sobre as condições de trabalho e as possibilidades educativas de homens e mulheres, no

sentido de observar de modo mais amplo o núcleo de produção familiar. As famílias

tem a posse de um pedaço de terra que é espaço de moradia e de produção mínima para

autoconsumo. Entretanto, mesmo elas possuindo terras para realizar sua subsistência, a

maioria das vezes tal atividade fica prejudicada ou até mesmo impossibilitada de ser

desenvolvida devido às condições climáticas, territoriais e principalmente à falta de

condições tecnológicas, educacionais e econômicas. Os moradores dessas comunidades

são obrigados a vender a sua força de trabalho. São expropriados dos meios e os objetos

do seu trabalho; o controle do seu trabalho é transferido para quem detém a propriedade

dos meios de produção às quais eles estão subordinados. Sendo assim, eles se submetem

ao trabalho assalariado em outras propriedades rurais ou em atividades diversas, cuja

subsistência é garantida.

Page 2: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1256

Um dos caminhos para entender do ponto de vista histórico as razões das

precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades

rurais, é revisitar o modelo de modernização da agricultura brasileira socialmente

excludente construído no Brasil, realizado para o desenvolvimento do trabalho dos

grandes proprietários como pode ser comprovado no cenário político a partir dos anos

1950 e na criação do Estatuto da Terra em 1964. Os processos educacionais a que têm

acesso esses trabalhadores atendem a exigências políticas, sociais e econômicas das

relações de produção capitalista, determinados pelos interesses de classe. Neste texto,

apresentamos uma breve discussão sobre o processo de modernização da agricultura

brasileira e o Estatuto da terra, entrecruzando com algumas análises pontuais sobre a

relação trabalho- educação e depoimentos colhidos no campo empírico da pesquisa.

**

As linhas ideológicas do Pós-Guerra nos anos 50 identificam-se com a

impregnação da Guerra Fria, consolidando a divisão do mundo nos blocos capitalista e

socialista. Numa tentativa de afirmação nacionalista este fato provocou revoluções,

guerras localizadas, o que levou à autonomia política de numerosos países do

Continente Asiático e Africano. Desta forma, a aspiração ao desenvolvimento passou a

ser o grande propósito das Nações que não pertenciam ao grupo privilegiado das

industrializadas.

Todo este panorama internacional permeado por aspirações desenvolvimentistas

e nacionalistas configurou no Brasil embates no cenário político, mediante os quais o

Governo passou a deliberar esforços contraditórios rumo à conquista de uma política, ao

mesmo tempo, nacionalista e desenvolvimentista. Foi nítida a estratégica paradoxal

adotada no Governo Vargas, mediante a instalação de um alinhamento com Washington

em decorrência direta da Guerra Fria, contrapondo-se, interinamente, com a tomada de

uma consciência nacionalista delimitada nos traços principais de sua plataforma política

dos anos 50. (IANNI, 1992).

O dinâmico debate em torno do Petróleo Brasileiro, conferindo à PETROBRÁS

o monopólio estatal desta mesma fonte energética, representou uma das culminações em

torno das manifestações nacionalistas que caracterizaram o último mandato presidencial

Page 3: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1257

de Getúlio. Merece igualmente destaque a criação do Plano de Valorização Econômica

da Amazônia e do Plano para o Vale do São Francisco (1952). (IANNI, 1992).

A campanha desenvolvimentista no país esboçou-se em dois polos de oposição:

de um lado, os nacionalistas, que defendiam o desenvolvimento baseado na

industrialização, enfatizando a necessidade de se criar um sistema econômico

autônomo, independente do sistema capitalista internacional. Isso significava dar ao

Estado um papel importante como regulador da economia e como investidor em áreas

estratégicas como o petróleo, siderurgia, transportes, comunicações. Sem recusar o

capital estrangeiro, os nacionalistas o encaravam com muitas restrições, seja por razões

econômicas, seja porque acreditavam que o investimento de capital estrangeiro em áreas

estratégicas poria em risco a soberania nacional.

Por outro lado, os adversários dos nacionalistas, defendiam uma menor

intervenção do Estado na economia. O progresso do país dependia de uma abertura

controlada ao capital estrangeiro. Demarcavam uma postura de rígido combate à

inflação, através do controle da emissão de moeda e do equilíbrio dos gastos do

governo. (IANNI, 1992).

A política educacional que caracteriza esse período expressa os interesses

econômicos de modernização e racionalização dos setores privilegiados; reflete a

política de desenvolvimento industrial capitalista. (FREITAG, 1986). O entendimento

dessa questão é dado nas relações produtivas que se estabelecem entre o capital e o

trabalho. A divisão social e a divisão técnica do trabalho constituem condição

indispensável para a formação dessas relações. A separação entre teoria e prática educa

distintamente homens e mulheres para atuarem em posições hierárquica e tecnicamente

diferenciadas no sistema produtivo. (KUENZER, 1992).

É bastante ilustrativo considerar que, nos anos 50 foram acentuados o

empobrecimento do campo, o êxodo rural, as secas do Nordeste e a extrema

concentração da terra, levando, não somente, a um quadro de miséria, mas também a

mobilizações e organizações proletárias agrícolas em todo o país, quer por entre os

cortadores de cana do Nordeste açucareiro, ou por entre os colonos expulsos das

fazendas de café de São Paulo, ou entre os pequenos proprietários e lavradores sem terra

do Rio Grande do Sul. Em meio a estes acontecimentos, partidos e movimentos

Page 4: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1258

organizados da sociedade civil começam a atuar no campo, frente aos tradicionais

controles da oligarquia rural do Norte e Nordeste e da burguesia agrária do sul cafeeiro1.

Com mais ênfase que o governo Vargas, o governo de Juscelino Kubitscheck

empunhou a bandeira de conquista do desenvolvimento, não a partir de uma linhagem

meramente nacionalista, mas a partir de uma estratégia voltada interinamente para a

industrialização atrelada ao capital internacional.

As bases da política de modernização do campo estavam lançadas e pode ser

traduzida a partir da configuração histórica descrita acima.

O carro-chefe do Governo foi o chamado Plano Desenvolvimentista de Juscelino

(Plano de Metas), que convocava a nação a superar o atraso econômico, “crescendo 50

anos em cinco”: a construção de Brasília, a inauguração de uma série de estradas,

favoreceu a entrada do capital e da tecnologia estrangeiros no campo da indústria

automobilística, da construção naval. Tratava-se de modernizar o País, em meio à

acumulação do capital industrial que aflorava sempre mais as intensas disparidades de

classe e o empobrecimento do campo e em meio às gritantes diferenças regionais entre

Norte/Nordeste e Sul/Sudeste. (BEOZZO, 1996).

Portanto, o Governo Juscelino demarca, no Brasil um verdadeiro ‘virar de

página’ para a anterior orientação herdada de Getúlio Vargas, frente aos

empreendimentos de uma industrialização sob o controle do Estado, em vistas de

assegurar uma maior independência nacional, perpetuando-se na história do Brasil uma

verdadeira política de ‘abrir as portas’ para as forças econômicas internacionais.

Como solução, especificamente, para o dilema do Nordeste, o governo JK traçou

várias estratégias políticas em meio às quais um grupo de técnicos, defendia um

desenvolvimento que aproveitasse o máximo da mão de obra local, em atividades

agrícolas compatíveis com as condições climáticas dominantes na região, ao passo que

outro grupo de técnicos mais ligados ao BNDE2 inclinou-se para a defesa de um modelo

de industrialização capaz de absorver o excedente de mão de obra nordestina que

1 Merece destaque a participação da Igreja Católica através da criação de inúmeros trabalhos voltados a

apoiar estas lutas sociais no campo. Ação Católica, Movimento de Natal e Sindicalismo Rural são alguns

dos mais destacados. No início dos anos 60, havia 50 sindicatos da Igreja, mas nenhum era até então

reconhecido pelo Governo. De modo que, não demorou muito e ela conseguiu a legalização de 22

sindicatos junto ao Ministério do Trabalho (BEOZZO, 1996). 2 Banco Nacional do Desenvolvimento.

Page 5: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1259

migrava do campo para a cidade, contemplando soluções tanto para os efeitos da seca

como para o desequilíbrio inter-regional.

A expressão nacional-desenvolvimentismo, em vez de nacionalismo, sintetiza,

desta forma, a política econômica de JK, perante os quais se entrelaçaram o Estado, a

empresa privada nacional e o capital estrangeiro nesta promoção do desenvolvimento,

com ênfase na industrialização.

De forma análoga a Getúlio, JK teve na aristocracia rural uma das principais

bases de sua sustentação política. Logo, a política de modernização do campo

impregnou a passagem do capitalismo agrário tradicional, para o capitalismo rural

moderno e passou a ser uma das principais plataformas do seu governo.

Segundo DELGADO (2001), no início dos anos 60 entra em debate no cenário

político o tema da questão agrária. Foi impulsionado pelas intensas mobilizações sociais

que vinham acontecendo no campo. Três centros de reflexão entram como linhas de

frente das discussões: o Partido Comunista Brasileiro; setores progressistas da Igreja

Católica e a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).

Evidentemente, o que engendrou esse debate sobre a questão agrária foram, de um

lado, as lutas sociais no campo em torno, não somente, de pequenos proprietários,

lavradores, bem como diante das populações indígenas; do outro lado, foi a política de

modernização do campo que já vinha sendo adotada mais precisamente a partir do

Governo de Juscelino Kubitscheck.

Dois segmentos se formaram em defesa e contrário à política de modernização do

campo. O segmento da defesa foi encabeçado pela CEPAL, tendo à frente Celso

Furtado, Delfim Neto, Roberto Campos e outros. Representou o “aprofundamento das

relações técnicas da agricultura com a indústria e de ambos com o setor externo”:

Denominei este processo de integração técnica-agricultura-indústria,

caracterizado de um lado pela mudança na base técnica de meios de

produção utilizados pela agricultura, materializada na presença crescente de

insumos industriais (fertilizantes, defensivos, corretivos do solo, sementes

melhoradas e combustíveis líquidos etc.); e máquinas industriais (tratores,

colhedeiras, implementos, equipamentos de injeção, entre outros). De outro

lado, ocorreu uma integração de grau variável entre a produção primária de

alimentos e matérias-primas e vários ramos industriais (oleoginosos,

moinhos, indústrias de cana e álcool, papel e papelão, fumo, têxtil, bebidas

etc.). (DELGADO, 2001, p. 164).

Page 6: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1260

O segmento contrário à política de modernização do campo ficou por conta do

Partido Comunista Brasileiro, setores progressistas da Igreja Católica e intelectuais

como Caio Prado Júnior e Ignácio Rangel, nas palavras desses autores: “(...) o que se

entende e deve entender por “reforma agrária” nas atuais circunstâncias do país é a

elevação dos padrões de vida da população rural, sua integração em condições humanas

de vida, o que não é e está longe de ser o caso em boa parte do Brasil”. (CAIO PRADO

JR. apud DELGADO, 2001, p. 159).

Esses intelectuais defendiam que a política de modernização do campo em

sobremaneira agravou a insegurança das populações rurais, aumentando os despejos de

colonos e posseiros, a perseguição aos sindicatos rurais e criando, acima de tudo, um

infindável conflito de terras. Especificamente na região amazônica, a agressiva política

de ocupação daquelas áreas por grandes grupos econômicos, nacionais e estrangeiros,

em detrimento das populações indígenas e dos antigos moradores, impregna-se a

impunidade dos que praticavam a ocupação violenta de áreas já cultivadas, pela

grilagem de terras, falsificação de documentos, corrupção de juízes, cartórios e órgãos

do Governo.

Disto decorre que, a modernização do campo não deveria tomar por base uma

perspectiva de simplesmente transportar para o meio rural a tecnologia do processo

industrial. Deveria, sobretudo, criar condições de resposta aos problemas provocados

pelas correntes migratórias desordenadas, que provocavam, especialmente, as inchações

crescentes das áreas periféricas dos grandes centros urbanos. Essa discussão despontou-

se, tendo em vista, a desoladora seca de 1958, que colocou o Nordeste em intensa

disparidade com as regiões Sudeste-Sul. Estima-se que, no referido ano, dois milhões de

pessoas perderam toda a sua produção agropecuária e tiveram de recorrer às frentes de

trabalho abertas pelo governo.

Em face destas questões, a década de 1950 foi o momento em que se acelerou o

processo de industrialização da agricultura e de formação dos primeiros complexos

agroindustriais do País, mediante os quais se fixaram mudanças profundas na estrutura

da produção e da comercialização agropecuária. Foi a partir desse momento histórico

que entra em cena a designada questão agrária no Brasil, uma vez que, a partir de então,

o rural passou a se constituir como problema político e, simultaneamente, como objeto

Page 7: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1261

teórico e empírico de estudos. Com o Golpe Militar de 1964 e a consequente

perseguição aos partidos de esquerda, os movimentos sociais do campo foram também

fortemente afetados, a exemplo das Ligas Camponesas3.

O fato é que no ano de 1963 o projeto de reforma agrária vai ao Congresso

Nacional. Contudo, os grandes proprietários rurais posicionaram-se contra a aprovação

do projeto, de forma que ele não foi aprovado. E após o Golpe Militar o Governo cria o

Estatuto da Terra que acaba levando à frente a política de modernização do campo, haja

vista o fato de que ele reproduziu políticas em favor da agricultura comercial, voltada

para o mercado externo e apoiada em empresas agrícolas demarcadoras de rígidos

critérios instalados para produtos de exportação.

Segundo WANDERLEY (2009), o Estatuto da Terra foi resultado de um “pacto”

entre o Estado e os grandes proprietários de terra, em razão de que ele expressa a

conjunção de dois projetos: a reforma agrária e o desenvolvimento da Agricultura. Ela

afirma que o texto do Estatuto expressa a determinação de eliminar as desproporções

entre o minifúndio e o latifúndio do País, através da instalação de Empresas Rurais.

Essas Empresas são definidas pelos seguintes critérios:

Para que um imóvel rural possa ser considerado empresa, é necessário que a

área cultivada corresponda a, pelo menos 50% da área agricultável; que se

obtenha um rendimento médio pelo menos igual aos mínimos previamente

fixados; que se adotem práticas conservacionistas e se empregue no mínimo

a tecnologia de uso corrente; que se obedeça às condições mínimas de

administração e de exploração social. (WANDERLEY, 2009, p. 48).

Conforme a autora, podemos observar que o modelo de modernização da

agricultura brasileiro privilegia as propriedades que se organizam como empresa e

adquiriram uma visível forma de produção moderna pela sua nova funcionalidade em

relação ao capital, impulsionada pelo processo de modernização. Com efeito, tais

mudanças ocorreram tanto na base técnica dos meios de produção como nas relações

sociais de produção, caracterizado efetivamente, pela implantação de novas técnicas de

produção e mecanização.

3 As Ligas Camponesas ganharam fama como um grande movimento de militância rural promovido pelos

trabalhadores rurais, criadas inicialmente no Estado de Pernambuco. Contudo, elas se espalharam

posteriormente para os Estados da Paraíba, Rio de Janeiro, Goiás e em outras regiões do Brasil, além de

terem persistido historicamente no período que se estendeu de 1955 até a queda de João Goulart em 1964.

(ALVES e SILVEIRA, 2014)

Page 8: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1262

Na medida em que parte da agricultura brasileira4 sob a direção expansionista do

capital se moderniza, impera o contraste da luta pela sobrevivência de trabalhadores

camponeses5, pequenos produtores da economia de subsistência, que se proletarizam e,

por conseguinte, se integram ao processo de acumulação do capital.

Diante das explicações de Wanderley, é possível constatar que o Estatuto da

Terra, de fato, acaba por reproduzir a política de modernização do campo, haja vista o

fato de que ele ponderou muito mais em favor dos grandes proprietários de terra, do que

dos pequenos proprietários e dos desapropriados. Que incentivo o pequeno produtor

teve para com a lida da terra? O que o Governo garantia diante de políticas públicas

financeiras, bem como do apoio técnico para com o homem do campo? Que

preocupação o Governo teve para com os despossuídos da terra? São questões que, o

Estatuto não avança. Ele, sim, ratifica a política de modernização do campo, através de

uma agricultura comercial, voltada para o mercado externo e apoiada em empresas

agrícolas, produtora de sementes selecionadas, do uso intensivo de adubos, fertilizantes

e máquinas.

A resposta para essas questões são históricas e estão localizadas no campo do

conflito de interesses entre os setores modernizantes da agricultura empresarial e a

realidade da expropriação do trabalho dos pequenos produtores, especialmente de

camponeses de unidades de produção familiar que são transformados em trabalhadores

migrantes. (ALVES e ALMEIDA, 2014). Como nos ensina Martins (2012, p. 60), a

compreensão da atualidade da questão agrária “não se explica (...) por acontecimentos e

4 A multidimensionalidade do Mundo rural revela a presença de estruturas econômicas, predominando

formas “tradicionais” de exploração do trabalho ou formas modernas que contam com o trabalho

assalariado. Há também formas de uso da força de trabalho (familiar e assalariada) na agricultura familiar

"tecnificada", adaptada às exigências do mercado ou na agricultura camponesa de subsistência, em

diversas situações específicas e particulares. 5 Em comunicação aceita para ser apresentada no VII Encontro Estadual de História explicamos que “a

relação trabalho, família e propriedade constitui a agricultura tradicional rural. Em tal organização

camponesa os seus membros dispõem de autonomia social, econômica e demográfica. No aspecto

econômico, a autonomia diz respeito a capacidade do grupo em fornecer bens de subsistência à família e

pode ser explicado segundo dois aspectos: a subsistência ligada às necessidades primárias e a reprodução

da família pelas gerações vindouras. A conjunção desses aspectos resulta em características cruciais

acerca do campesinato, qual sejam: o sistema específico de produção e a centralização do patrimônio na

família. Partindo da leitura de Wanderley (1996), identificamos os elementos básicos da constituição do

campesinato, com base nos estudos clássicos, por meio dos seguintes pontos: o acesso à terra, a

reprodução de formas particulares de produção, e meios próprios de sociabilidade.” (PAIVA, FARIAS e

ALVES, 2014, p 1-2)

Page 9: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1263

circunstâncias imediatos”, mas sim pela “busca da sua lenta expressão desde o

passado”. Evidentemente, para começar a entender as precárias condições de vida e de

trabalho de mulheres e homens das comunidades rurais que estamos estudando foi

necessário fazer o percurso histórico descrito acima. Por exemplo, uma das nossas

preocupações iniciais logo que visitamos o lugar era o fato de encontrar muitos espaços

vazios, anunciando que os moradores, principalmente os jovens, tinham ido trabalhar

em outros lugares. Assim, para ilustrar essas análises apresentamos nos parágrafos

seguintes alguns resultados dessa pesquisa.

**

As comunidades rurais de que trata a nossa análise são caracterizadas como de

agricultura camponesa tradicional (os moradores se autodenominam de pequenos

agricultores), baseada na produção de subsistência gerida pela família. A proletarização

de homens e mulheres é visível na relação que se estabelece com o uso da terra, ao

migrar temporariamente para outros lugares a procura de trabalho com o objetivo de

assegurar a reprodução da família.

Em razão da ausência de condições trabalho que assegure a sobrevivência destes

atores rurais em sua terra, eles migram para os grandes centros urbanos. As entrevistas

realizadas com moradores do município de Planalto comprovam essas afirmativas. O

depoimento de Marcos6, integrante do sindicato dos trabalhadores rurais, é elucidativo

no que se refere à nossa investigação: “[...] Exatamente, a maioria deles (moradores das

comunidades), sai, vão pra São Paulo, trabalhar em São Paulo [...]. Trabalhar de

pedreiro, muitos trabalham de pedreiro né, trabalham nas construções”. (Entrevista

realizada em 09/03/2013)

Outra entrevistada, Maria, funcionária da Câmera de Vereadores do município,

expõe que os jovens das comunidades rurais, que não dispõem de condições materiais

para sobreviver, são obrigados a vender a força de trabalho temporariamente para os

fazendeiros de café da região da mata7:

[...] Agora mesmo eu soube que o café, mesmo embora não seja como

antes, tem absorvido muita gente, muita mão de obra aqui na região,

muitos tem ido pra colheita do café [...] muitos tem sidos absorvidos,

6 Neste texto estamos usando nomes fictícios para os entrevistados.

7 A qualidade das terras do município de Planalto é dividida em região da caatinga, onde vive a população

mais pobre, e a região da mata onde estão localizadas as fazendas de café e as terras mais valorizadas.

Page 10: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1264

nesses últimos quatro e cinco meses que deve ir até outubro a colheita.

É tem absorvido muita gente mesmo até aqui da comunidade mesmo,

pessoas que lidam com salões, manicures que vão de casa em casa

nesse período preferem ir para o café porque a oferta está melhor e

tem muitos jovens envolvidos com isso, mas o destino é realmente

uma condição de trabalho [...] (Entrevista realizada em 05/09/2013)

No depoimento dos moradores das comunidades destacamos um exemplo:

Eu acho que se tivesse um meio de trabalho aqui na comunidade seria

bem mais interessante. Eu sei que nem todo mundo estaria lá em São

Paulo, porque geralmente as pessoas não vão mais só pra São Paulo,

umas pessoas vão pro Maranhão outras vão pra Natal, tem várias

pessoas da comunidade que faz o trabalho fora, tem outros que agora

... Conquista já tem muito trabalho, tem gente que já prefere ficar em

Conquista.(Dona Janice. Entrevista realizada em 05/10/2013).

O acesso dessas pessoas à educação, saúde e outras demandas básicas é permeado

por desigualdades, tornando-as “vítimas de processos sociais políticos e econômicos

excludentes” (MARTINS, 2012, p.14). Essa realidade fica ilustrada na fala de uma

senhora idosa, Dona Rosa, que ao se remeter à sua história de vida, tem na palavra

“luta” a sua principal característica e lembrança:

Porque naquele tempo era um dia sofrido, a gente pra criar filho carecia

lutar muito, trabalhava o dia todo naquele solão, pra chegar em casa

outra vez pra tornar a lutar outra vez a mesma coisa, no outro dia

tornava a descer de novo a semana toda, entra dia, semana e sai semana.

(Entrevista realizada em 16/07/2012).

Outra moradora, Dona Julia, descreve a sua luta cotidiana, na qual a fizeram

assumir grandes responsabilidades e a trabalhar desde criança:

(...) a história minha, muito cansada, porque naquele tempo tudo era

assim devagar as coisinhas pra gente, tinha por muito sofredor, (...) era

brigando com a vida, assim de caçar jeito de coisinha (jeito de

conseguir as coisas) e quase passando precisão e era essas luitas

(lutas) todas, (...) nós nasceu e criou aqui; meu pai morava ali,

trabalhador... (...) meu pai saiu largou nós tudo pequeno, (...) eu já

veia moçinha, já grandinha, (...) largou o caçula ainda piquenim (sic),

também daí pra cá nós não nunca soube do meu pai (...). (Entrevista

realizada em 13/06/2012)

Como se percebe, Dona Julia lembra um tempo no qual as condições materiais

de vida na roça eram demasiadamente precárias. Mas, com as vivências da nossa

pesquisa percebemos que esse não é um passado distante, a luta diária também é parte

Page 11: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1265

da história dos filhos de Dona Julia e de tantos outros. Os jovens reproduzem a mesma

história e sintetizam uma existência de privação de uma camada sofrida da população

brasileira.

É latente nas nossas observações a migração dos jovens para os grandes centros,

em busca de oportunidades de uma vida melhor, menos sofrida que a vida dos seus pais

na roça. Pensamos então esse processo como um reflexo da expansão das indústrias

(desenvolvimento próprio do modo capitalista de produção), quando o homem do

campo torna-se mão de obra para o capital. Os camponeses detêm a posse das terras,

porém não possuem as condições materiais para o desenvolvimento da atividade

produtiva. São compelidos a vender a força de trabalho para os proprietários dos meios

de produção, a fim de garantir a sobrevivência da família. São lançados, portanto, na

lógica do trabalho assalariado.

Meu marido trabalha na diária quando ele acha, pra ir labutar, falando

pra você. Quando acha diária ele trabalha, o difícil é trabalho mesmo,

porque a maioria dos jovens sai pra distante é por causa da dificuldade

do trabalho que aqui não tem. (Dona Vilma. Entrevista realizada em

05/10/2013).

Nos tempo das plantações mesmo as chuvas faltam, outra hora quando

dá uma chuvinha a gente pranta (sic), o tempo levanta. Eles acham

melhor trabalhar fora pra ganhar o dinheiro já apurado de que

trabalhar na roça e risca não ter nada, mas muita gente não pensa

assim não. (Dona Lucia. Entrevista realizada em 05/10/2013).

Os sujeitos da Agricultura Camponesa de nossos estudos, por um lado, não são

educados na implementação de um trabalho agrícola voltado efetivamente como

unidade produtiva de mercado. A agricultura de subsistência em conjunto com a

impregnação de estratégias de reprodução, a exemplo do trabalho doméstico, compõe o

real perfil destes sujeitos em questão.

Como são educados muito mais na reprodução doméstica do trabalho, eles

primam em tomar as decisões do que comprar e do que plantar em função de não

prejudicar o núcleo familiar.

Eu trabalho no meu terreno aqui e trabalho no terreno do rapaz ali

embaixo também. O rapaz tem uma terrinha, ele mora in Planalto. Aí

até quando ele comprou essa terrinha ... Eu saio daqui doze horas,

vamo supor, vou lá pra baixo; três horas eu chego aqui, porque meu

Page 12: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1266

café de 3:00 horas é sagrado, né. Eu tomo meu café vou trabalhar aqui

pra mim, né, até 4:30 às 5:00 horas. 5:00 horas eu vou lá pra baixo

prender, da comida as criação dele e fecha pra eu ir embora. (Seu

Alcino. Entrevista realizada em 05/10/2013)

Entretanto, contraditoriamente, por outro lado, a migração temporária os inclui em

processos educacionais racionalizados do trabalho assalariado. Quando vão trabalhar em

outros lugares é com a intenção de preservar a unidade de produção, conforme podemos

observar no depoimento:

A gente nasceu e criou aqui, né, a gente gosta daqui, né, do lugar que

a gente nasceu. Eu lhe disse que eu sair fora muitos anos pra cuidar

dos filhos, pra trazer sempre as coisas pra casa, mas o lugar que a

gente nasceu é muito bom pra gente morar. (Dona Nalva. Entrevista

realizada em 05/10/2013).

A falta de chuva, a precariedade da vida, o desconhecimentos técnico agrícola

transformam estes atores de uma educação que não reproduz uma real fixidez na

localidade em que moram. Os seus ciclos de vida, ao mesmo tempo em que os fazem

presentes na localidade de morada, também os distanciam, em boa parte de suas vidas:

Eu acho que se tivesse um meio de trabalho aqui na comunidade seria

bem mais interessante. Eu sei que nem todo mundo estaria lá em São

Paulo, porque geralmente as pessoas não vão mais só pra São Paulo,

umas pessoas vão pro Maranhão outras vão pra Natal, tem várias

pessoas da comunidade que faz o trabalho fora, tem outros que agora

... Conquista já tem muito trabalho, tem gente que já prefere ficar em

Conquista (Dona Aparecida. Entrevista realizada em 05/10/2013).

Enfim, a histórica política de modernização da agricultura dos anos 50 estabeleceu

uma educação voltada a privilegiar o grande latifúndio, em detrimento do pequeno

agricultor, isto é, do minifúndio.

Toda a efervescência da campanha desenvolvimentista firmou, como fonte do

progresso, a cidade e não o campo. Esta foi uma marca-chave da passagem do

capitalismo agrário tradicional para o capitalismo rural moderno.

Se, de um lado, o homem do campo viu-se muito dependente da mecanização

agrícola (novos processos de tecnologia mecânica, insumos, defensivos, adubos, etc.),

por outro lado, estas transformações não foram suficientes para integrar o pequeno

produtor na esfera econômica.

Page 13: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1267

Ao mesmo tempo, em que a cadeia de Agronegócio da Agricultura Familiar se

fortaleceu e o trabalho tornou-se mais complexo, com a utilização de novas técnicas e

uso de máquinas agrícolas, ocorreu de igual modo, a expropriação do trabalho no

campo. Além disso, também na contrapartida, a tradicional agricultura camponesa foi

relegada ao segundo plano, pois não alcançou essa inovação tecnológica.

Diante dessas contradições, é notável considerar que agricultura familiar

brasileira ficou limitada em sua expansão, as unidades e produção familiar são vítimas

de processos sociais, políticos e econômicos gerados por meio de um modelo perverso

de produção e de desenvolvimento no mundo rural.

REFERÊNCIAS

ALVES, ANA E. S; SILVEIRA, Ivana T. Anos 50 e mundo rural: na terra do “atraso” a

semente da luta. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, nº 56, p. 118-131, mai. 2014.

Disponível em: http://www.fe.unicamp.br/revistas/ged/histedbr/article/view/6511/5398

ALVES, ANA E. S; ALMEIDA, Miriam C. C. A centralidade do trabalho na

determinação da mobilidade territorial dos trabalhadores rurais. Revista HISTEDBR

On-line, Campinas, nº 55, p. 250-266, mar. 2014. Disponível em:

http://www.fe.unicamp.br/revistas/ged/histedbr/article/view/6416/5322

BEOZZO, José Oscar. História da Igreja no Brasil. De Medellín a Santo Domingo.

Petrópolis (Rio de Janeiro): Vozes, 1996.

DELGADO, Guilherme C. Expansão e Modernização do Setor Agropecuário no Pós-

Guerra: Um Estudo da Reflexão Agrária. Estudos Avançados, Dossiê

Desenvolvimento Rural. São Paulo: IEA (USP), Vol. 15, N o. 43, Set/Dez, 2001.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-

40142001000300013&script=sci_arttext.

FREITAG, B. Escola, Estado & Sociedade. 4.ed. S.P.: Moraes, 1986.

IANNI, Octávio. A Ideia de Brasil Moderno. São Paulo: Brasiliense, 1992.

KUENZER, A. Z. Ensino de 2º grau: O Trabalho como Princípio Educativo. 2. ed.

São Paulo: Cortez, 1992.

MARTINS, J. S. Exclusão social e a nova desigualdade. S.P.: Paulus, 2012.

PAIVA, Amine. Z. ; FARIAS, Ícaro S.; ALVES, ANA E. S. Trabalho, Campesinato e

Capitalismo: Um Estudo em Comunidades Rurais. Comunicação aceita para ser

apresentada no VII Encontro Estadual de História. Bahia, 30 set. 2014, p. 1-9.

Page 14: MUNDO RURAL, TRABALHO E EDUCAÇÃO: ALGUNS … · precárias condições de vida e de trabalho de mulheres e homens nestas comunidades rurais, é revisitar o modelo de modernização

ISSN 2177-8892 1268

WANDERLEY, M. de N. B. O Mundo Rural como um Espaço de Vida: Reflexões

sobre a Propriedade da Terra. Agricultura Familiar e Ruralidade. Porto Alegre:

Editora da UFRGS, 2009.