mulheres grÁvidas zika e os direitos em...

74
ZIKA E OS DIREITOS DAS MULHERES MULHERES GRÁVIDAS EM FACE DA SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA

Upload: phungdang

Post on 04-Oct-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Susto, expectativa e

medo

ZIKA E OS DIREITOS DAS MULHERES

MULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

A PESQUISA

Metodologia: Online, com hiperlink disponibilizado no site BabyCenter(brasil.babycenter.com)

Amostra: 3.758 casos (3.155 mulheres grávidas | 466 que estão tentando engravidar e 137 que pretendem engravidar em breve)

Período de campo: 29 de junho e 05 de julho de 2016

Objetivos: Entender como a gravidez vem sendo vivenciada em meio à epidemia de Zika, mapeando o grau de conhecimento sobre a doença, hábitos de prevenção e sentimentos associados à situação.

Susto, expectativa e

medo

AS MULHERES ENTREVISTADAS

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

FALAMOS COM ENTREVISTADAS QUE MORAM EM TODAS AS REGIÕES DO BRASIL

Q2. Em qual Estado você mora?

Base: 3.155 casos

3%

Norte 17%

Nordeste

8%

Centro-Oeste

58%

Sudeste

14%

Sul

Região onde moram BRASIL(mulheres de 16 a 45 anos))

Norte

Nordeste

Centro-Oeste

9%

28%

8%Sudeste

Sul

42%

14%

41% DAS ENTREVISTADAS TÊM ENSINO SUPERIOR OU MAIS

Q75. Qual é o seu grau de escolaridade?

Base: 3.155 casos

13

46

41

Ensino Superior ou Acima

Ensino Médio

Até Ensino Fundamental

% EscolaridadeBRASIL

(mulheres de 16 a 45 anos)

Ensino superior

Ensino médio

Até fundamental

22%

46%

32%

43% SE DECLARAM NEGRAS (PRETAS OU PARDAS) E 57% NÃO NEGRAS (BRANCAS, AMARELAS OU INDÍGENAS)

72. Qual é a sua cor?

Base: 3.155 casos

% Raça / Cor

Negras Não Negras

43% 57%Negras

Não Negras

54%

46%

BRASIL(mulheres de 16 a 45 anos)

8 35 13 53

Preta Parda Indígena Amarela Branca

Susto, expectativa e

medo

RESPONSABILIDADES E RISCOS DA EPIDEMIA

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

67. A residência onde você mora tem...Base: 3.758 casos

O SANEAMENTO BÁSICO NÃO É UMA REALIDADE PARA TODAS AS GRÁVIDAS DA PESQUISA

2 212 13 20

98 9888 87 80

Água encanada Coleta de lixo Coleta de esgoto Rua asfaltada Retirada deentulho

Sim

Não

Serviços públicos disponíveis

73% moram em casas

44

71

56

29

Terreno baldiopróximo

Rio ou córregosujo por perto

22% DOS DOMICÍLIOS DO BRASIL NÃO TÊM COLETA DE ESGOTO

Fonte: Instituto Locomotiva a partir da PNAD 2014

BRASIL

65% dos domicílios têm ligação com a rede

coletora de esgoto

13% têm fossa séptica mas não tem

conexão com o sistema de esgoto

22% não têm coleta de esgoto

MAIORIA ENTENDE QUE NÃO TER SERVIÇOS BÁSICOS DE SANEAMENTO PODE CAUSAR DOENÇAS GRAVES À POPULAÇÃO

Q68. Na sua opinião, a falta de serviço de água / esgoto e coleta de lixo pode causar alguma dessas doenças?

1

41

48

56

61

80

85

88

89

92

Não causa doenças

Hepatite A

Febre

Cólera

Esquistossomose / Barriga d'agua

Diarreia / Vômitos

Chikungunya

Leptospirose

Zika

Dengue

% Doenças que a falta de saneamento básico pode causar

Base: 3.155 casos

Q69. E pelo que você sabe ou ouviu falar, quem é/são responsável(eis) pelos serviços de saneamento básico (água / esgoto / coleta de lixo)?

Base: 3.155 casos

PARA 90%, O GOVERNO MUNICIPAL É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL POR PROPICIAR SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO

90

46

23 2313

2

GovernoMunicipal

GovernoEstadual

GovernoFederal

População Empresasprivadas

Não sei

% Quem acreditam ser os responsáveis pelos serviços de saneamento básico

Q62. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

22

10

64Concordo

Nem concordo, nem discordo

Discordo

Base: 3.155 casos

% “Ao invés de tomar providências para acabar com a Zika, o governo prefere gastar dinheiro com propagandas que mandam a população limpar sua casa e seu bairro”

2 EM CADA 3 ENTREVISTADAS AVALIAM QUE O GOVERNO GASTA DINHEIRO COM PROPAGANDA AO INVÉS DE TOMAR PROVIDÊNCIAS PARA ACABAR COM A ZIKA

Q62. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

14

10

76Concordo

Nem concordo, nem discordo

Discordo

Base: 3.155 casos

% “Quando tem uma epidemia como a de Zika, o governo põe a culpa na população, mesmo onde não tem coleta de

lixo e água encanada”

PARA 76%, O GOVERNO CULPA A POPULAÇÃO QUANDO TEM UMA EPIDEMIA COMO ZIKA

5548

15 13

Dengue, zikae/ou

chikungunya

Dengue Zika Chikungunya

24% DAS MULHERES GRÁVIDAS ENTREVISTADAS JÁ TIVERAM ALGUMA DAS 3 DOENÇAS CUJO VETOR É O AEDES AEGYPTI

Base: 3.155 casos

Q35. Você já teve Dengue?

Q36. Você já teve Chikungunya?

Q37. Você já teve Zika?

% A entrevistada e/ou alguém que mora com ela ou próximo a ela já teve...

24% das mulheres já

tiveram alguma das 3

doenças, sendo que

4% tiveram Zika.

No Nordeste,

12% das entrevistadas

já tiveram Zika,

8% Chikungunya e

31% Dengue.

Susto, expectativa e

medo

RELATOS SOBRE A GRAVIDEZ

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

31% NÃO PLANEJARAM A GRAVIDEZ. ENTRE AS MULHERES COM BAIXA ESCOLARIDADE, O PLANEJAMENTO É MENOR

% Você diria que a sua gravidez...

Base: 3.156 casos

Q8. Você diria que a sua gravidez...

Gravidez

não planejada

Por Escolaridade

Superior: 19%

Médio: 38%

Fundamental: 41%32 38 31

Foi totalmente planejada

Foi planejada em parte

Não foi planejada

MUITAS GESTANTES AFIRMAM TER SENTIDO FELICIDADE E EMOÇÃO AO DESCOBRIR QUE ESTAVAM GRÁVIDAS, MAS METADE TAMBÉM SENTIU PREOCUPAÇÃO E SURPRESA E 46% TIVERAM MEDO

% Outras reações que teve ao saber que estava grávida (RM)

7770

53 50 46

16 126

1 3

Felicidade Emoção Preocupação Surpresa Medo Desespero Tranquilidade Segurança Insegurança Outros

Base: 3.155 casos

Q5. Quando soube que estava grávida, quais foram as reações que você teve?

66% das

grávidas citaram

alguma reação

negativa

23% DAS MULHERES QUE SENTIRAM PREOCUPAÇÃO, MEDO, SURPRESA OU DESESPERO AO SABER QUE ESTAVAM GRÁVIDAS ATRIBUEM SENTIMENTO AO MEDO DO BEBÊ TER ALGUMA DOENÇA

16

33457

1823

62

OutrosMedo de nãoser uma boa

mãe

Já estavatentando hámuito tempo

Não estavaesperando /Muito rápido

Medo de teroutro aborto /Perder o bebê

Medo decontar para opai do bebê

Medo decontar para aminha família

Medo de obebê ter

alguma doença

Eu não estavaplanejando

% Motivo pelo qual sentiu preocupação, medo, surpresa ou desespero ao saber que estava grávida(entre quem teve este tipo de sentimento)

Base: 1.897 casos

Q7. Por que você sentiu...?

96% JÁ INICIARAM O PRÉ-NATAL. 31% FAZEM O ACOMPANHAMENTO SOMENTENO SUS E 54% SOMENTE EM HOSPITAIS E LABORATÓRIOS PRIVADOS

4

54

11

31

No SUS

No SUS E em um laboratório / hospital privado

Somente em um laboratório / hospital privado

Ainda não iniciei o acompanhamento

% O local onde você está fazendo o acompanhamento da gravidez

Base: 3.155 casos

Q11. O local onde você está fazendo o acompanhamento da gravidez é...

Acompanhamento

privado

Acompanhamento

no SUS

Classe DE:

65%

Classe AB:

79%

APENAS 1/3 DAS MULHERES AFIRMA QUE O PAI DO BEBÊ A ACOMPANHA EM TODOS OS EXAMES E CONSULTAS DE PRÉ-NATAL

34 28 25 13

Ele vai a todas as consultas e exames

Ele vai à maioria das consultas e exames

Ele vai apenas a algumas consultas e exames

Ele nunca vai às consultas e exames

% Possui filhos

% Participação do pai do bebê no acompanhamento do pré-natal(Entre quem afirmou ``já ter iniciado o acompanhamento``)

Base: 3.019 casos

Q17. Qual tem sido a participação do pai do seu bebê no acompanhamento do pré-natal?

7 EM CADA 10 GESTANTES GOSTARIAM QUE O PAI DO BEBÊ PARTICIPASSE MAIS DO ACOMPANHAMENTO DO PRÉ-NATAL

72

20

8

Sim, gostaria

Para mim é indiferente

Não, não gostaria

% Você gostaria que o pai do seu bebê participasse mais do acompanhamento pré-natal? (Exceto para quem afirmou que

``não iniciou o acompanhamento ainda`` ou que não tem contato com o pai do bebê)

Base: 2.969 casos

Q19. Você gostaria que o pai do seu bebê participasse mais do acompanhamento do pré-natal?

O ATENDIMENTO NO PRÉ-NATAL É AVALIADO POSITIVAMENTE, E A AVALIAÇÃO DAS PACIENTES DA REDE PRIVADA É AINDA MAIS POSITIVA

111

39

49Ótimo

Bom

Regular

Ruim

% Possui filhos

% Avaliação do atendimento que está tendo no pré-natal(Entre quem afirmou ``já ter iniciado o acompanhamento``)

Base: 3.022 casos. Acompanhamento SUS: 965. Particular / convênio: 1.698

Q13. De modo geral, como você avalia o atendimento que está tendo em seu pré-natal?

Acompanhamento

privado

Acompanhamento

no SUS

76%

94%

Ótimo + Bom

88%

Ótimo + Bom

70% DAS MULHERES QUE FAZEM ACOMPANHAMENTO DA GRAVIDEZ NO SUS GOSTARIAM DE TER FEITO MAIS EXAMES DE ULTRASSOM

5248

Sim

Não

% Possui filhos

% Você gostaria de ter feito mais exames de ultrassom até o momento? (Entre quem afirmou ``já ter iniciado o acompanhamento``)

Base: 3.019 casos

Q15. Você gostaria de ter feito mais exames de ultrassom até o momento?

Acompanhamento

Particular

(sim)

Acompanhamento

no SUS

(Sim)

70%

43%

Susto, expectativa e

medo

CONHECIMENTO E PREVENÇÃO CONTRA A ZIKA

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

APENAS 27% DAS GRÁVIDAS DIZEM SABER MUITO SOBRE ZIKA. O DESCONHECIMENTO É MAIOR ENTRE AS MULHERES DE MENOR ESCOLARIDADE

Base: 3.155 casos

Q27. Quanto você conhece sobre uma doença chamada zika?

Sabe muito pouco +

não sabe quase nada

Por Escolaridade

Superior: 12%

Médio: 28%

Fundamental: 46%

7

17

50

27

Sei muito sobre isso

Sei algo sobre isso

Sei muito pouco sobre isso

Já ouvi falar, mas não seiquase nada sobre isso

% Conhecimento sobre a doença Zika

24%

É PRATICAMENTE UNÂNIME O CONHECIMENTO DE QUE SE A MULHER TIVER ZIKAGRÁVIDA O BEBÊ PODE TER MICROCEFALIA

Base: 3.155 casos

Q30. Qual(is) consequências o bebê pode ter se a mãe pegar zika grávida?

1

11

25

28

28

50

51

99

Não sei

Síndrome congênita

Problemas auditivos / Surdez

Problemas de visão

Problemas motores

Má-formação

Problemas neurológicos

Microcefalia

% Consequências para o bebê se a mãe

pegar Zika grávida

Por Escolaridade

Superior: 74%

Médio: 65%

Fundamental: 58%

68% das

gestantes citaram

consequências

para o bebê além

de microcefalia

Citaram algo além

de microcefalia

45% ASSOCIAM A MICROCEFALIA A OUTROS FATORES ALÉM DE ZIKA. 21% ASSOCIAM MICROCEFALIA A VACINAS

Base: 3.155 casos

Q26. Do que você sabe ou ouviu falar, qual(is) desses motivos podem dar microcefalia no bebê?

5

7

17

18

26

97

Outros

A grávida tomar vacina degripe vencida

A grávida ter Dengue

A grávida tomar vacina derubéola vencida

A grávida ter Chikungunya

A grávida ter Zika

% Motivos podem acarretar em microcefalia no bebê

45% citaram

algum outro

motivo que não

a Zika

21% citaram

vacinas como

causa da

microcefalia

14

32

46

9

Mesmo antes deengravidar

Nos primeiros 3meses

A gravidez toda Não sei

HÁ MUITAS DÚVIDAS SOBRE ATÉ QUANTOS MESES DE GRAVIDEZ EXISTE RISCO DE SEQUELAS PARA O BEBÊ CASO A MÃE TENHA ZIKA

Base: 3.155 casos

Q31. Do que você sabe ou ouviu falar, o bebê pode ter problema se a mãe pegar zika até quantos meses de gravidez?

% Até quantos meses de gravidez o bebê pode ter

problema se a mãe tiver Zika

É QUASE UNÂNIME A ASSOCIAÇÃO ENTRE ZIKA E A PICADA DO AEDES AEGYPTI. 45% NÃO ASSOCIAM A DOENÇA À TRANSMISSÃO SEXUAL

Base: 3.155 casos

Q28. Pelo que você sabe ou ouviu falar, por qual(is) dos seguintes meios uma pessoa pode pegar zika?

1

0

1

3

5

11

21

42

55

97

Não sei

Tendência genética

Alimentos contaminados

Através de vacinas vencidas

Picada de qualquer mosquito

Amamentação (pelo leite materno)

Pela saliva

Da mãe para o bebê, na gravidez

Relação sexual (sexo desprotegido)

Picada do mosquito Aedes aegypti

% Meios pelo qual uma pessoa pode ter Zika

11

2

15

23

23

12

28

53

41

20

68

69

3

33

50

52

59

62

84

86

88

91

98

Nenhuma

Uso de repelentes às vezes

Manter ventiladores ligados

Uso de roupas claras

Uso de inseticida em spray no ambiente

Uso de preservativo com parceiro

Uso de repelente de tomada / elétrico

Uso de roupas compridas

Areia nos vasos de plantas

Tela contra mosquito nas janelas

Retirar focos de água parada

Uso de repelente sempre

Medidas que conhecem

Medidas que praticam

PARA PREVENÇÃO CONTRA ZIKA, MUITAS MEDIDAS SÃO CONHECIDAS, PORÉM NEM TODAS SÃO PRATICADAS. 11% NÃO TOMAM NENHUMA MEDIDA

Base: 3.155 casos

Q32. Do que você sabe ou ouviu falar, quais das seguintes precauções podem ajudar a não pegar zika? Q33. E qual(is) dessas precauções você está tomando especificamente para não pegar zika?

% Medidas que conhecem e que praticam contra a zika

80% das moradoras

do Nordeste dizem

usar repelente

sempre

Q59. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

64

11

25

Concorda

Nem concorda nem discorda

Discorda

64% DISCORDAM DA AFIRMAÇÃO “QUEM DECIDE SE O BEBÊ VAI TER MICROCEFALIA OU NÃO É DEUS, POR ISSO NÃO ADIANTA MUITO EU ME CUIDAR”

Base: 3.155 casos

% “Quem decide se o bebê vai ter microcefalia ou não é Deus, por isso não adianta muito eu me cuidar”

% Discordância

por escolaridade

Ensino fundamental: 44%

Ensino médio: 56%

Ensino superior: 77%

Q59. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

30

18

52Concordo

Nem concordo, nem discordo

Discordo

MAIS DA METADE CONCORDA QUE A MAIOR PREOCUPAÇÃO COM A GRAVIDEZ ÉSABER O TAMANHO DA CABEÇA DO BEBÊ

Base: 3.155 casos

% “A minha maior preocupação com a gravidez é saber o tamanho da cabeça do meu bebê”

Q59. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

26

11

61Concordo

Nem concordo, nem discordo

Discordo

6 EM CADA 10 GRÁVIDAS TÊM MEDO DE FAZER UM EXAME DE ULTRASSOM E DESCOBRIR QUE O BEBÊ TEM MICROCEFALIA

Base: 3.155 casos

% “Eu tenho muito medo de fazer ultrassom e descobrir que meu bebê tem microcefalia”

90

55

Sim

Não

Não sabe

9 EM CADA 10 GRÁVIDAS GOSTARIAM DE FAZER O TESTE DE DETECÇÃO DE ZIKASE TIVESSEM ACESSO

Q48. Se você pudesse ter acesso ao exame para saber se você tem ou teve zika durante a gravidez, você gostaria de fazer?

% Se pudesse ter acesso ao exame para saber

tem ou teve Zika durante a gravidez, gostaria de fazer

Base: 3.155 casos

Q59. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

27% AFIRMAM ENTENDER UMA MÃE QUE OPTA POR INTERROMPER A GESTAÇÃOAO SABER QUE O BEBÊ TEM MICROCEFALIA

Base: 3.155 casos

53

20

27

Concordo

Nem concordo, nem discordo

Discordo

% “Eu entendo uma mãe que opta por interromper a

gestação ao saber que o bebê tem microcefalia”

Q59. Quanto você diria que concorda ou discorda com cada uma das frases abaixo?

66

88Concordo

Nem concordo, nem discordo

Discordo

9 EM CADA 10 MULHERES GRÁVIDAS CONCORDAM QUE CUIDAR DE UM BEBÊ COM MICROCEFALIA É RESPONSABILIDADE DE TODA A FAMÍLIA

Base: 3.155 casos

% “É responsabilidade de toda família cuidar do bebê com microcefalia”

30

21

49

Sim

Não

Não sabe

3 EM CADA 10 MULHERES ACREDITAM QUE HÁ RISCO PARA O BEBÊ CASO A MÃE TENHA ZIKA E O AMAMENTE – METADE NÃO SABE RESPONDER

Base: 3.155 casos

Q49. Do que você sabe ou ouviu falar, existe algum perigo de o bebê ser prejudicado se a mãe tiver zika e amamentá-lo?

% Do que sabe, existe algum perigo de o bebê ser

prejudicado se a mãe tiver Zika e amamentá-lo

30

16

54

Sim

Não

Não sabe

30% DIZEM QUE PARARIAM DE AMAMENTAR O BEBÊ CASO TIVESSEM ZIKA – E 54% NÃO SABEM O QUE FARIAM

Q50. Se você tivesse zika, você pararia de amamentar seu bebê?

% Se tivesse Zika, pararia de amamentar seu bebê

Base: 3.155 casos

Susto, expectativa e

medo

COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO SOBRE ZIKA

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

3 EM CADA 4 MULHERES PROCURAM SE INFORMAR SOBRE CUIDADOS COM ZIKANA GRAVIDEZ

Base: 3.155 casos

Q60. Atualmente você procura se informar sobre cuidados com zika na gravidez?

75

25

Sim

Não

Nunca ouviu falar sobre zika

% Procura se informar sobre cuidados com Zika na gravidez

EMBORA INTERNET SEJA O CANAL MAIS CITADO PARA INFORMAÇÃO, METADEDAS MULHERES CITARAM O MÉDICO COMO FONTE

Base: 2.366 casos

Q61. Hoje, onde você se informa sobre cuidados com zika na gravidez?

1

1

9

9

18

34

51

71

84

Nenhum desses

Outro

Com enfermeiras

Com agente comunitário

Em grupos de mães

Redes sociais

Com o médico

TV

Na internet (sites e buscas)

% Onde você se informa(entre quem se informa sobre os cuidados com Zika na gravidez)

A FONTE PREFERIDA PARA INFORMAÇÕES SOBRE A ZIKA É O MÉDICO, SEGUIDO DE TV

Base: 2.366 casos

Q63. E na sua opinião, qual seria o melhor meio para você se informar sobre cuidados com zika na gravidez?

1

1

1

2

5

7

13

23

47

Não desejo me informar sobre esse assunto

Outro

Em grupos de mães

Com a enfermeira

Pelas redes sociais

Com agente comunitário

Na internet (sites e buscas)

Na TV

Com meu médico

% Melhor meio para se informar

sobre cuidados com Zika na gravidez

67

33

Sim

Não

33% DAS GRÁVIDAS DISSERAM QUE NÃO TIVERAM ORIENTAÇÃO SOBRE COMO EVITAR A ZIKA NO PRÉ-NATAL

Base: 2.936 casos

Q46. Você já teve alguma orientação no seu pré-natal sobre como evitar pegar zika

% Teve alguma orientação no pré-natal sobre como evitar pegar Zika

(entre quem já iniciou o pré-natal)

Acompanhamento

na rede privada

Acompanhamento

no SUS

58%

72%

Teve orientação

ENTRE QUEM TEVE ORIENTAÇÃO, 76% A CONSIDERARAM ÓTIMA OU BOA

Base: 1.956 casos

Q47. Como você avalia o atendimento que está tendo em seu pré-natal em relação à zika?

% Avaliação do atendimento que está tendo no pré-natal em relação à Zika

(entre quem teve alguma orientação no pré-natal sobre como evitar pegar Zika)

Acompanhamento

na rede privada

Acompanhamento

no SUS

44%

63%

Ótimo + Bom

9

12

24

30

25

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

Ótimo + Bom

55%

0

2

2

5

9

28

29

31

62

71

Nunca ouvi falar de microcefalia

Culpa

É indiferente

Sente-se desrespeitada

Sente-se brava

Sente-se informada

Incômodo

Sente-se interessada

Medo

Tristeza

PRINCIPAIS SENTIMENTOS DAS GRÁVIDAS AO VER UMA MATÉRIA SOBRE MICROCEFALIA SÃO TRISTEZA E MEDO

Base: 3.155 casos

Q52. Em geral, quando você vê uma notícia sobre microcefalia, qual(is) desses sentimentos você tem?

% Sentimentos que tem quando vê uma

notícia sobre microcefalia

METADE DAS MULHERES CONSIDERA QUE A INFORMAÇÃO SOBRE COMO EVITARMICROCEFALIA DEVERIA SER O PRINCIPAL FOCO DAS NOTÍCIAS SOBRE O TEMA

Base: 3.155 casos

Q56. E desses, qual você gostaria que fosse o foco principal das notícias sobre microcefalia?

1

2

5

9

11

20

52

Deixar as mulheres grávidas / que querem engravidar commedo

Mostrar o sentimento das mães com bebês com microcefalia

Mostrar as dificuldades de uma família com bebê commicrocefalia

Mostrar o que o governo oferece para as famílias com bebê

Mostrar como é a vida de um bebê com microcefalia

Mostrar quais são as razões para os bebês teremmicrocefalia

Informar as mulheres sobre como evitar a microcefalia nosbebês

% Qual gostaria que fosse o principal foco

das notícias sobre microcefalia

Susto, expectativa e

medo

ZIKA E OS DIREITOS DAS MULHERES

MULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

Susto, expectativa e

medo

ZIKA E OS DIREITOS DAS MULHERES

MULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

METODOLOGIA

Foram realizados 6 grupos de

discussão com mulheres grávidas,

das classes CD e que acompanham

sua gravidez no SUS (Sistema

Único de Saúde).

Quantidade Cidade

2 São Paulo

2 Recife

2 João Pessoa

Total 6 grupos de discussão

EFEITOS DO ZIKA VÍRUS SOBRE A SAÚDE DO BEBÊ: O QUE DIZ A CIÊNCIA E O QUE PENSAM AS GESTANTES

Entre as gestantes ouvidas prevalece a percepção de que a microcefalia é a principal (e,

para muitas, a única) sequela provocada pelo Zika vírus no bebê em gestação.

Como consequência, todo seu discurso e medos em relação à doença giram em torno dessa anomalia (microcefalia), que, por isso mesmo,

recebeu grande destaque neste relatório.

A Síndrome Congênita do Zika está

associada a um conjunto de sinais e

sintomas que afetam o desenvolvimento

do bebê em gestação, como problemas

auditivos, anomalias oculares,

microcefalia e calcificações

intracranianas, entre outros.

ZIKA SEGUNDO

MÉDICOS E CIENTISTAS

ZIKA SEGUNDO

AS GESTANTES

Susto, expectativa e

medo

A DESCOBERTA DA GRAVIDEZ Susto, expectativa e

medo

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

NA MAIORIA DOS CASOS, A GRAVIDEZ NÃO É PROGRAMADA

A notícia da gravidez é, via de regra, recebida como

uma surpresa para a mulher.

Muitas refazem os exames de urina ou recorrem ao

exame de sangue pago por não acreditarem no

diagnóstico. Em muitos casos, só acreditam após o

ultrassom.

É uma descoberta essencialmente da mulher, que

depois conta ao parceiro e aos familiares.

O cenário econômico, o medo de perder o emprego, o impacto (financeiro, emocional e de

tempo) de um filho em suas vidas, as mudanças no corpo e nas suas prioridades e a projeção

da necessidade de dedicação à criança são os principais fatores associados ao susto.

Eu não queria agora, achei que ia demorar. Fiquei com medo da reação do pai, demorei pra contar pra minha

família. Mas veio, então não tem jeito... Vou cuidar e amar.

Tomei um susto. Eu não acreditava. É um misto de alegria, tristeza e medo.

EM GERAL, A GRAVIDEZ JÁ É UM MOMENTO EM QUE A FELICIDADE CAMINHA JUNTO COM O MEDO...

O medo do desconhecido e de ter de lidar com mais essa carga

afeta a experiência das gestantes.

Enquanto que entre as grávidas do primeiro filho se sobressai

também o medo do parto e da dor, para as gestantes que já

tiveram outros filhos – e portanto já vivenciaram o momento do

nascimento – o risco de microcefalia tende a preocupar mais,

especialmente no Nordeste.

Com meus outros filhos era

só medir a barriga, pesar,

olhar anemia. Agora a

gente fica louca querendo

saber o tamanho da

cabeça, passando repelente,

sem saber se está fazendo

certo, com medo de dar

alguma coisa.

E os casos de microcefalia vêm reforçar esse lado negativo.

COM O SURTO DE ZIKA, CRESCE A PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE DO BEBÊ E A TENSÃO NO MOMENTO DO ULTRASSOM

Se no passado o momento do ultrassom era de alegriae expectativa – saber o sexo, ouvir o coração,acompanhar o desenvolvimento do bebê etc. – hojetambém é um momento de grande angústia eansiedade, já que querem saber se o bebê apresentaalgum sinal de microcefalia.

Por isso, um dos primeiros pedidos das gestantes é queo médico verifique o tamanho da cabeça. Só depois deum diagnóstico tranquilizador conseguem respiraraliviadas.

No primeiro ultrassom eu comecei a

chorar um dia antes.

Medo que desse alguma coisa.

Você fica ansiosa, tensa, com

calafrio.

Toda consulta eu pergunto:

‘e a cabeça, tá normal?’

O RECEIO É ALIMENTADO PELA FALTA DE INFORMAÇÃO ENTRE AS GESTANTES

Entre a maioria das grávidas ouvidas, o Zika vírus e

os riscos relacionados a ele não aparecem de forma

espontânea, já que se trata de um assunto que

desperta grande angústia e no qual evitam pensar.

Quando o tema é estimulado, transparecem as

dúvidas e confusões em torno da doença,

especialmente no que se refere às formas de contágio

e aos seus efeitos sobre o desenvolvimento do bebê.

No Nordeste, o acesso à

informação é ainda mais precário.

Isso, aliado aos casos mais

frequentes de Chikungunya, Zika e

microcefalia por Zika, contribui

para que o medo seja maior entre

as gestantes da região.

FALTA MAIOR CONHECIMENTO SOBRE O MOSQUITO TRANSMISSOR E, PRINCIPALMENTE, OS SINTOMAS DA ZIKA

Sabem que um mesmo mosquito pode transmitir três doenças –Dengue, Zika e Chikungunya.

Não há consenso quanto ao tipo de mosquito que transmite asdoenças: embora a maioria diga que é só o Aedes aegypti, há quemacredite que pode ser qualquer pernilongo, pois já ouviu isso na TVou pelas redes sociais.

Conhecem com mais clareza os sintomas da Dengue, por ser maisantiga. No Nordeste, onde a Chikungunya é mais comum, os sintomassão mais facilmente reconhecidos (dor nas articulações, febre,coceira). Já a Zika deixa algumas dúvidas: embora seus sintomasmais comuns sejam conhecidos (dor no corpo, manchas na pele efebre), nem sempre as gestantes sentem-se seguras para diferenciá-ladas demais doenças transmitidas pelo mosquito.

Minha irmã teve Chikungunya.

Ela ficou com os olhos

vermelhos, dor nas juntas, nem

conseguia andar, meu marido

parece que teve também, ficou

igualzinho. A Dengue a gente já

sabe das dores, da febre... E a

Zika? Como é que a gente vai

saber que é?

A DESINFORMAÇÃO TAMBÉM LEVA A UMA SÉRIE DE INCERTEZAS SOBRE A MICROCEFALIA

Em geral, as preocupações se voltam especificamente para a microcefalia – algumas gestantescitam também problemas auditivos e de visão apresentados por bebês afetados pelo Zika, massão a minoria. E o que ronda os casos são as dúvidas:

O que causa microcefalia?

Há cura?

Quando os riscos são maiores ou menores?

Só há risco da microcefalia quando a grávida é contaminada até o terceiro mês?

Como é a vida do bebê com microcefalia?

É só a cabeça que é menor?

A DESINFORMAÇÃO CONTRIBUI PARA ALIMENTAR MITOS E GERAR DESCONFIANÇA

A suposta relação das vacinas com a Zika (e, consequentemente, com a

microcefalia) ganha espaço em meio à falta de informações das gestantes.

É recorrente a afirmação da crença de que a doença não seja causada

pelo mosquito, e sim por vacinas vencidas de rubéola e gripe – informação

que viram na TV e ainda circula pelas redes sociais.

Muitas gestantes defendem essa teoria e suspeitam que haja uma

manipulação do governo para encobrir esse fato a fim de se eximir da

responsabilidade pela epidemia.

No Nordeste a crença de que a vacina seja a responsável pela

microcefalia é ainda mais intensa do que no Sudeste.

Dengue e mosquito

já existiam... O que

mudou? Por que

surgiu isso agora?

Eu não acredito que

venha do mosquito.

DIANTE DAS INCERTEZAS, CRESCE O SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA NA PREVENÇÃO DA ZIKA

Com tantas dúvidas e informaçõesdesencontradas, há pouco incentivo para evitar osriscos ou buscar dados e fontes seguras.

Em função disso, embora digam tomar algumasatitudes preventivas, especialmente no início dagravidez, fica claro que elas não são priorizadasou recorrentes.

Existe preocupação, mas é um

medo que não mobiliza: muitas

gestantes acreditam que é inútil

se precaver, uma vez que

duvidam da eficácia dos

métodos conhecidos.

A EFICÁCIA DAS MEDIDAS PREVENTIVAS ESBARRA NAS DESIGUALDADES SOCIOAMBIENTAIS

Chama atenção de parte das mulheres o fato de a maioria doscasos de microcefalia mostrados pela grande mídia ocorrer emfamílias como as delas: de baixa renda, altamente dependentesde serviços públicos de saúde e que residem em locais comprecário saneamento básico (mais expostos, portanto, aos focosdo mosquito).

Apesar disso, geralmente não reconhecem o estado dedesigualdade socioambiental em que vivem como “fator derisco” a ser combatido. Apenas algumas fazem essa relação eatribuem ao Estado parcela de responsabilidade pela epidemia,já que ele não provê serviços de saneamento básico às regiõesmais pobres.

Governo não cuida de nada na

periferia... Tem lugar que não tem

uma praça, não tem saneamento,

tem esgoto aberto. Depois fala

que a culpa é da gente que não

cuida. Mas eles esqueceram,

abandonaram a gente lá. Não tem

coleta de lixo.

O SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA É AMENIZADO PELA FÉ EM DEUS E CRENÇA NA VONTADE DIVINA

Mesmo entre as gestantes mais preocupadas,há certa resignação quanto à possibilidade deque o filho tenha microcefalia e uma aceitaçãode que “se for da vontade de Deus, nadapode ser feito.”

A ideia parece, de certa forma, confortaralgumas mulheres. Mas, ao mesmo tempo,contribui para a falta de incentivo no que serefere a cuidados e prevenção.

A questão religiosa também influencia o

posicionamento com relação à

interrupção da gravidez.

A “vontade de Deus” é a principal

justificativa contra o aborto.

Eu entrego nas mãos de Deus. Se for

da vontade dele a gente vai ter de

criar, não pode abandonar.

MAS A NARRATIVA RELIGIOSA NÃO EXIME AS MULHERES DE SE SENTIREM RESPONSÁVEIS POR EVENTUAIS PROBLEMAS COM O BEBÊ

Elas relatam preocupação dos companheiros, que

pedem para que usem repelente e roupas que

protejam o corpo. Mesmo assim, sentem-se como as

principais responsáveis pela saúde do bebê.

Acreditam que, caso algum problema aconteça,

elas é que serão culpabilizadas (pela família e

pela sociedade) e terão de se responsabilizar

pelo bebê.

Mãe é mãe. Quem vai ter de cuidar, de

levar no médico, de acompanhar é a mãe.

E mãe que é mãe não abandona, cuida!

Se minha filha nascer com algum

problema, a culpa vai ser minha por

não ter cuidado tanto.

Susto, expectativa e

medo

ACOMPANHAMENTO NO SUSFalta esclarecimento às

gestantes e ações

específicas quanto ao Zika

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

SENTEM FALTA DE ACOLHIDA E SOLIDARIEDADE NO SISTEMA DE SAÚDE

As gestantes dizem não haver orientações ou ações específicassobre o Zika e os riscos na gravidez – no máximo são orientadasa usar repelente e, no Nordeste, a vestir roupa comprida.

Reclamam da demora nos exames e, principalmente, no ultrassom.Isso leva a maioria a fazer no mínimo um exame na rede privadaao longo da gestação.

Também reclamam do acolhimento prestado no SUS: atendimentorápido, pouca atenção às gestantes, falta de esclarecimentossobre o resultado do ultrassom e despreocupação em informá-las, confortá-las ou tranquilizá-las.

É muito rápido. A maioria

nem olha pra sua barriga.“

ESPERA-SE DO GOVERNO QUE OFEREÇA MAIOR APOIO ÀS MÃES NOS CASOS DE MICROCEFALIA

É uma fantasia. Vi uma matéria na TV falando que o SUS estava preparado para atender essas mães com filhos já

diagnosticados com microcefalia, inclusive afirmando que o governo iria

liberar um salário mínimo para essas famílias. Mas como é que eles sabem que

essas mães estão com filhos com microcefalia, se eu vou no SUS e ninguém

sabe me informar sobre nada?

Grande parte do medo apresentado pelasgestantes ouvidas também se deve ao fato de sesentirem desassistidas pelo governo caso venham ater filhos com microcefalia.

Gostariam de contar com apoio financeiro, médicoe psicológico (pensão, locais de tratamento,acompanhamento psicológico à mãe etc.) parapoderem se dedicar aos cuidados dos filhos egarantir seu desenvolvimento, mas acreditam quedificilmente terão esse auxílio.

Susto, expectativa e

medo

COMO SE APROXIMAR DESSAS GESTANTES DE MANEIRA RESPEITOSA

E ATENTA ÀS SUAS DEMANDAS?

ZIKA E OS DIRE ITOS DAS MULHERESMULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA

PARA AS GRÁVIDAS, A MICROCEFALIA APARECE NA MÍDIA DE FORMA TRISTE, FEIA E DESOLADORA

Acham que a cobertura é mais focada nosofrimento das mães com filhos com microcefalia ena “anomalia” no bebê do que em informaçõessobre o que é microcefalia, como prevenir-se elidar com a doença. Por isso, gera pena e medo.Não esclarece e nem mobiliza.

Além disso, por se tratar de um assunto muitotriste, não consideram compatível com o momentoque vivem e temem que o mal-estar gerado afetesua gestação. Por isso mesmo, muitas mulheresevitam ver notícias sobre o assunto.

Eles mostram uma parte muita feia,

expõem as crianças. Eu boto aquilo na

cabeça e fico triste, angustiada. A gente

se coloca no lugar da pessoa, daquela

mãe, e dá um desespero.

As matérias só mostram a parte sofrida.

A mãe sofrendo, a criança sofrendo. A

mãe que foi abandonada, o posto que é

longe, a falta de apoio...

NÃO É PORQUE HÁ POUCA INFORMAÇÃO QUE NÃO HÁ O QUE SER DITO

A angústia de se viver uma gestação cercada de dúvidas e medos só podeser amenizada mediante acesso à informação.

Por isso, ainda que exista muito o que se conhecer sobre o Zika e seus efeitosno organismo humano, é importante que se dissemine o máximo deinformações sobre tudo o que já tenha sido compreendido ou observadopela ciência até o momento.

MENOS ALARMISMO E MAIS INFORMAÇÃO: ÓRGÃOS DE IMPRENSA PRECISAM ATUAR COM RESPONSABILIDADE

A mídia (internet e TV) é uma das principais fontes de informação dessas mulheres. Por

isso, seu papel na difusão de conteúdo qualificado é de extrema importância para:

Esclarecer mitos e verdades sobre o que se sabe até o momento sobre o Zika vírus

– para isso, é importante que as informações sejam legitimadas por especialistas e

profissionais da saúde.

Informar sobre como as pesquisas científicas estão evoluindo – o que tem sido feito

para se conhecer melhor a doença, desenvolver vacina ou mesmo chegar à cura.

A COBERTURA JORNALÍSTICA TAMBÉM PRECISA CONTEMPLAR OS FATORES SOCIOAMBIENTAIS DA DOENÇA

Além de indicar ações de cuidados pessoais para prevenção ao Zika e demais vírus

(esfera individual), é preciso conscientizar a população e cobrar o Estado sobre o

aspecto socioambiental da doença (esfera pública).

Dessa forma, ampliam-se os níveis de debate sobre a epidemia e eleva-se a

discussão ao plano político de ação – como a população e o Estado podem combater

as desigualdades socioambientais e, com isso, inibir a disseminação da doença.

MICROCEFALIA NÃO É O ‘FIM DA JORNADA’. COMO É A VIDA DEPOIS DA DESCOBERTA DA DOENÇA?

Todo o alarde em torno do Zika vírus e da microcefalia acaba

transformando a doença em um grande “mal a ser evitado”. Porém, as

mulheres gostariam de saber o que exatamente é microcefalia e como

pode ser o futuro de uma criança afetada pela doença:

Quais partes do organismo da criança são mais afetadas? Quais

são menos?

Qual nível de desenvolvimento uma pessoa com a doença pode

atingir? Que tipos de tratamento ela vai precisar?

Além da “cabeça pequena”, que outras sequelas acompanham a

microcefalia? E o Zika vírus?

Você não vê as mães

desesperadas. É

sempre a mãe

cuidando do filho com

muito amor. Tem de

ser muito guerreira!

PORTANTO, A COBERTURA JORNALÍSTICA PODERIA SER MAIS INFORMATIVA, PROPOSITIVA E FOCADA EM AÇÕES PRÁTICAS

Mais do que informar sobre os efeitos do Zika sobre a saúde do

bebê, a cobertura jornalística precisa mostrar que é possível

mobilizar ações de enfrentamento à doença e às sequelas deixadas

por ela no bebê.

Para isso, é importante que a cobertura apresente um tom menos

sombrio e mais focado nas ações possíveis de prevenção e

tratamento e nas possibilidades de desenvolvimento da criança com

microcefalia, com ênfase nas respostas que o Estado tem obrigação

de dar para as gestantes, crianças e famílias.

A gente está

grávida.

Precisa de

notícias mais

felizes e com

esperança.

PARA ALÉM DA COBERTURA JORNALÍSTICA, ESPERA-SE QUE O SUS TAMBÉM FAÇA SUA PARTE

É grande o sentimento de desamparo das gestantes em relação ao SUS no que serefere ao fornecimento de informações, orientações e, no caso de necessidade, detratamento adequado à mãe e ao bebê.

Diante disso, cresce a demanda por ações como a criação de um protocolo deatendimento às gestantes que chegam às unidades de saúde.

Esse protocolo visa padronizar o tipo de atendimento prestado pelos profissionais desaúde: orientações sobre cuidados, modos de transmissão, medidas preventivas –inclusive com distribuição de repelentes – e encaminhamento para tratamentoadequado.

Susto, expectativa e

medo

ZIKA E OS DIREITOS DAS MULHERES

MULHERES GRÁVIDAS

EM FACE DA SÍNDROME

CONGÊNITA DO ZIKA