mulheres e o direito de participação política

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16.03.2010 Mulheres e o Direito de participação política A participação feminina nos espaços políticos é de recente história, o primeiro País a garantir o direito de voto para as mulheres foi a Nova Zelândia, em 1893. A primeira parlamentar eleita tomou posse na Finlândia em 1907. As brasileiras conquistaram o direito a voto antes das mulheres de muitos outros países, como as francesas, por exemplo. A história das mulheres brasileiras na política é pouco conhecida, mas em 1910, Leolinda Daltro e outras feministas, entre elas a escritora Gilka Machado, fundaram o Partido Republicano Feminino, cujo objetivo era “promover a cooperação entre as mulheres na defesa de causas que fomentassem o progresso do país”. No ano de 1920, surgiram vários grupos intitulados Ligas para o Progresso Feminino, gênese da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Fundada em 1922 e dirigida por Bertha Lutz, a Federação teve papel fundamental na conquista do sufrágio feminino e, por extensão, na luta pelos direitos políticos da mulher. Em 1928 coube ao governador do Rio Grande do Norte o pioneirismo de autorizar o voto da mulher em eleições, o que não era permitido no Brasil. Celina Guimarães Viana solicitou sua inclusão na lista de eleitores de Mossoró e o juiz da comarca reconheceu-lhe o direito de obter seu título eleitoral. Após esse feito um grande movimento nacional levou mulheres de diversas cidades do Rio Grande do Norte, e de mais outros nove estados brasileiros, a fazerem a mesma coisa. Com a mulher eleitora, vieram outras conquistas de espaço na sociedade. A história da participação da mulher no parlamento brasileiro tem como marco inicial à conquista do direito ao voto que se deu em 1932. Foi eleita então a primeira mulher deputada estadual, e

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Page 1: Mulheres e o Direito de Participação Política

16.03.2010

Mulheres e o Direito de participação política

A participação feminina nos espaços políticos é de recente história, o primeiro País a garantir o direito de voto para as mulheres foi a Nova Zelândia, em 1893. A primeira parlamentar eleita tomou posse na Finlândia em 1907. As brasileiras conquistaram o direito a voto antes das mulheres de muitos outros países, como as francesas, por exemplo.

A história das mulheres brasileiras na política é pouco conhecida, mas em 1910, Leolinda Daltro e outras feministas, entre elas a escritora Gilka Machado, fundaram o Partido Republicano Feminino, cujo objetivo era “promover a cooperação entre as mulheres na defesa de causas que fomentassem o progresso do país”.

No ano de 1920, surgiram vários grupos intitulados Ligas para o Progresso Feminino, gênese da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Fundada em 1922 e dirigida por Bertha Lutz, a Federação teve papel fundamental na conquista do sufrágio feminino e, por extensão, na luta pelos direitos políticos da mulher.

Em 1928 coube ao governador do Rio Grande do Norte o pioneirismo de autorizar o voto da mulher em eleições, o que não era permitido no Brasil. Celina Guimarães Viana solicitou sua inclusão na lista de eleitores de Mossoró e o juiz da comarca reconheceu-lhe o direito de obter seu título eleitoral. Após esse feito um grande movimento nacional levou mulheres de diversas cidades do Rio Grande do Norte, e de mais outros nove estados brasileiros, a fazerem a mesma coisa. Com a mulher eleitora, vieram outras conquistas de espaço na sociedade.

A história da participação da mulher no parlamento brasileiro tem como marco inicial à conquista do direito ao voto que se deu em 1932. Foi eleita então a primeira mulher deputada estadual, e a luta pela emancipação feminina foi ganhando impulso em todo o país, levando a regulamentação do voto pela Constituição Federal de 1934. O episódio tem importância mundial, pois mais de uma centena de países ainda não permitia à mulher o direito de voto.

Nas últimas décadas o crescimento industrial e tecnológico vem contribuindo para um aumento significativo das mulheres no mercado de trabalho. O percentual de mulheres chefes de empresas no Brasil está próximo a 21%. A área empresarial parece ser onde as mulheres ascendem com mais sucesso nos espaços de poder e decisão, mostrando que as conquistas sociais, como a maior escolaridade e liberdades individuais, estão envolvidas no processo.

Porém, na política a participação feminina ainda é muito desigual, o Brasil nunca teve uma mulher na Presidência da República, diferente de outros países, inclusive vizinhos na América Latina, como o Chile e a Argentina. Nos Estados e Prefeituras, a presença feminina está entre 13% e 8%, respectivamente. O Brasil ocupa uma das últimas posições no ranking da União Interparlamentar (IUP), com 9% de mulheres na Câmara dos Deputados (9 em 513) e 12,3% no Senado (10 em 91). O percentual é muito baixo, também, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais, entre 11% e 12%.

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Esse quadro se deve a diversos motivos, entre eles a ideia ainda reproduzida de que à mulher cabe o espaço doméstico ou privado, e não o público, o da política, culturalmente reservado aos homens.

Embora haja muito espaço político e de poder por ocupar 2010 poderá eleger a primeira mulher Presidente no Brasil, concretizando a democracia como marco de construção coletiva a ser realizada por homens e mulheres.

* Gleisi Hoffmann é advogada e membro do Diretório Nacional do Partido dosTrabalhadores