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Como a apresentadora d a Mahchete se tornou fusa do telejornalisl o À .1

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Como a apresentadora daMahchete se tornou fusa do telejornalislo

À.1

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Capa

Mulher maravilhaComo Márcia Peltier se

tornou musa do telejornalismo

por Roberto Duarte, do Rio de Janeiro

Na Manchete: audiência garantida no jornal e no próprio programa

Márcia Peltier queria ser bailarina profis-sional - talvez, até, estrelar um show n aBroadway- e terminar o curso universi-tário de História . Acabou tornando-se uma

das jornalistas mais conhecidas e respeitadas da te-levisão brasileira . Por mero acaso ou por uma brin-cadeira do destino, descobriu uma vocação que es-tava latente desde a juventude e da qual se orgulh amuito. "Lutei muito para ter o que tenho . Vivo doesforço do meu trabalho e de tudo o que conquiste ina vida", enfatiza .

Márcia reconhece que começou na profissão nosentido contrário de muitos colegas . Sua estréia nojornalismo, em 1986, foi pela televisão, da qua lnunca saiu . S6 algum tempo depois voltou-se tam-bém para o jornalismo impresso, escrevendo colu-nas para O Globo e as revistas Interview, Amiga eShe . Quando ainda estudava História na PUC doRio, participou como convidada do programa SemCensura, da TV Educativa. Era uma escritora estre-ante, que estava lançando seu primeiro livro : Poeti-camente . O convite para trabalhar na emissora veiono ato . Desistiu do curso de História e fez novovestibular, desta vez para Comunicação . E não pa-rou mais .

Paixão pela TVA televisão é sua grande paixão no jornalismo .

Em suas passagens pela TVE, Globo e Manchete ,Márcia foi ganhando experiência e alimentando osonho de ter seu próprio programa, produzido eapresentado por ela, nos moldes que desejava. Ba-seava-se no estilo de Ophra Winfrey, que faz muitosucesso nos Estados Unidos, tem debates ao vivo ea platéia participa das discussões . Márcia explicaque hoje o formato é muito usado, mas quando ten-tou põ-lo em prática na TVE, em 1991, era novida-de . Naquele ano, ela saiu da Globo e voltou para aacanhada emissora estatal, da qual tinha saído cin-co anos antes . Ouviu muitas criticas, alguma fero-zes, chamando-a de maluca e de ter afundado su acarreira. Mas não faltaram palavras de apoio, elogi-ando-a pela coragem de tomar tal decisão . Márciatinha certeza de estar no caminho certo, pois só as-sim conseguiria crescer e fazer o que pretendia . Sa-bia que, se não arriscasse, iria se arrepender pelo

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Aos 17 anos:em plena

adolescência,dividia seu tempo

entre o balé ea tarefa de

escrever poemas

resto da vida. Ignorou até uma proposta de aumentode salário.

"Eu queria minha independência e na Glob oisso era impossível, o que me deixava muito angus -tiada", explica. "Quando comuniquei minha deci-são ao Alberico de Souza Cruz (então diretor d eJornalismo), ele quase caiu da cadeira. Até na salado dr. Roberto Marinho fui parar. Ele me pergunto upor que eu queria sair da empresa."

Márcia afirma que a Globo foi importante e msua carreira como escola de jornalis -mo, como peso no seu currículo epelas amizades que fez. Na TVE, re -formulou oSem Censura, aumentan -do a participação dos telespectado-res . Criou um núcleo de jornalismono programa, abriu links com SãoPaulo, Brasília e Manaus, com en-trevistas . Instituiu a pesquisa juntoao público, em que os convidadostinham de opinar sobre os temasabordados . O resultado foi tão bomque a TV Cultura, de São Paulo, in-cluiu o programa em sua grade epassou a retransmiti-lo ao vivo.

Realizando um sonh oA permanência na Educativ a

durou o tempo da sua gestação .Nove meses depois, recebeu convi-tes da Bandeirantes e da Manchete .Descartou a primeira porque teriade se mudar para São Paulo e fica rlonge do marido e das filhas . Optou

•pela emissora de Adolpho Bloch, onde foi apresen-tar um quadro sobre literatura no Programa de Do-mingo sua especialidade desde os primeiros anosde profissão . Ao mesmo tempo, mostrou seu proje-to, que se converteu no Programa Márcia Peltier.Márcia Peltier Pesquisa - que hoje está entre ostrês programas de maior audiência da emissora co muma média de seis pontos, perdendo somente para aRota do Crime e Mandacaru .

Menos de quatro meses depois da estréia, a em-presa passou para as mãos do grupo IBF, que mudoua cabeça de rede para São Paulo e esvaziou o prédiodo Rio, demitindo muita gente. Márcia resistiu àspressões dos novos patrões e conseguiu permane-cer na cidade, mas o programa acabou . Ao terminaro contrato com a emissora, deixou a situação embanho-maria e foi cuidar da vida. Depois de um atemporada na Europa, trabalhando em um event opromovido pela MasterCard, recebeu a proposta d aManchete para apresentar o carnaval da Bahia. Fo iquando uma extração de dente malfeita lhe causo uuma fratura do maxilar.

Nos 45 dias em que ficou amordaçada, sem po-der trabalhar, a Manchete voltou às mãos da famíli aBloch e a sede da emissora retomou ao Rio . Márci aaceitou, então, o convite para apresentar o telejor-nal . No novo contrato, manteve o espaço para faze rseu próprio programa . E pôs mãos à obra. Só quedesta vez seria uma produção independente .

"Adoro documentários, gosto de temas que nosfazem refletir sobre a nossa vida . Acho que nósbrasileiros temos falado muito pouco sobre o quesomos, do que gostamos. Sempre tive aquele so-nho meio idealista de mostrar quem é o cidadã obrasileiro", explica . "No formato escolhido, have -ria várias reportagens, uma entrevista e diverso s

temas ."Inicialmente, o Programa Már-

cia Peltier Pesquisa foi produzidocom a GW, de São Paulo. Durantequase um ano Márcia viajou para láe bateu de porta em porta atrás depatrocínio. Depois da estréia, o tra-balho aumentou. Ela acordava às4h30 da manhã e pegava a ponteaérea para chegar na produtora às9h30 . Gravava até o começo da tar-de e retornava ao Rio, onde chega-va correndo nos estúdios da Man-chete para apresentar o telejornal derede . Cansada de tanta correria, re -solveu trabalhar com uma produto-ra do Rio . Além disso, os custos deuma produção independente em SãoPaulo eram 30% mais altos. Passouuma temporada com a Publitape eoutra com a Intervídeo, até decidi rvirar empresária

"Desde o começo, eu achava quetinha de abrir a minha própria pro-

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Infância: desdepequena jáexibia suapaixão pela

dança e umaformaçãohumanista

dutora. O projeto era meu e eu é que levantava odinheiro. Não podia mais ficar trabalhando para o soutros", justifica. "Agora, sinto orgulho de ter aminha própria equipe de jornalistas ."

Márcia alargou seus horizontes . Começou umnovo programa, batizado de Grandes Nomes, comespeciais internacionais . Por conta disso, já termi-nou o primeiro, sobre a história da Coca-Cola . Con-siderou um desafio ter de produzir sozinha, nos Es-tados Unidos, as entrevistas em inglês, contratar umaprodutora local, deslocar-se por Atlanta (sede daempresa) com uma equipe americana e gravar pas-sagens e stand-ups internos .

Prova de fogoMárcia sempre teve um vínculo muito forte co m

a literatura, inclusive nos primeiros anos de profis-são. Ao mesmo tempo em que participava do SemCensura, na TVE, na primeira fase, trabalhava noprograma quinzenal Homens e Livros, na Manche-te, exibido às 8h da manhã de domingo. A cada l 5dias, entrevistava escritores e fazia resenhas de cin-co livros . Reconhece que a audiência era mínima eàs vezes achava que s6 seu pai assistia. Mas desco-briu outro fã. O pai de Tereza Valcácer, com quemtrabalhou na editoria de Cultura da Globo, não per -dia um programa . Tereza tornou-se sua amiga e um adas maiores incentivadoras dos seus projetos naemissora de Roberto Marinho . Durante dois anos emeio, apresentou uma coluna sobre cultura no Jor-nal da Globo e entrevistou todos os escritores brasi-leiros e estrangeiros de destaque que lançaram li-vros no Brasil.

Sua primeira matéria, logo após a admissão, fo iuma prova de fogo. No sábado à noite, ela recebe uum telefonema de Tereza, avisando que iria entre-vistar o escritor Gore Vidal, na segunda-feira demanhã, em São Paulo . Márcia tremeu, ao saber que

se defrontaria com o humor corrosivo e a língu aferina de Vidal, em uma entrevista feita em inglês .Por sorte, a Editora Rocco, que publicava seus l ivros na época, também era a editora da maiori ados livros de Vidal no Brasil . Márcia resolveu en-frentar a fera, abrindo o jogo . Antes de começar agravar a entrevista, explicou que aquele era seuprimeiro trabalho na emissora . Mostrou um livroseu e um exemplar de Criação, de autoria de Vi -dal, que acabara de ser lançado no Brasil pela Edi-tora Nova Fronteira . Com a câmera ligada, per-guntou tudo o que queria, inclusive sobre os co-mentários de que ele preferia perder um amigo aperder uma piada . O escritor respondeu que gosta-va muito dos seus amigos e respeitava a beleza e obom gosto. Para ilustrar o que dizia, apanhou olivro de Márcia sobre a mesa e mostrou para a câ-mera a contra-capa, com sua foto . Constrangida,ela anotou mentalmente que aquela passagem se -ria cortada na edição . Para sua surpresa, ArmandoNogueira e Alice Maria, que chefiavam o Jornalis -mo, decidiram incluí-la. E a resposta de Gore Vidalfoi ao ar.

A permanência na salinha apertada da editori ade Cultura rendeu-lhe muitas amizades das quais seorgulha. Entre elas, Rubem Braga e Otto Lara Re-sende. O primeiro era um visitante tão assíduo qu etinha até uma cadeira privativa . Rubem tambémemprestava-lhe o ombro para desabafos . Otto era aenciclopédia viva, que socorria Márcia quando el aprecisava tirar dúvidas ou obter informações sobrealgum acontecimento.

Tapas e pescoçoesEntre os projetos desenvolvidos na Globo, Már-

cia destaca a adaptação da ópera Carmen, monta-da na favela Dona Marta, no Rio de Janeiro . Ospersonagens eram interpretados por gente da co-

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Em 1965:dançando como pai no Cruzeirodo Rio da Prata

munidade, adaptados à realidade local (o policial,a mulata, o bicheiro), acompanhados pela bateriada escola de samba do morro . No momento em queCarmen tinha de morrer, um traficante da favelaperguntou se Márcia queria que ele desse um tiropara valer. Assustada, mas com muito tato, ela ex-plicou que seria uma morte simulada. Quando co-meçaram a gravar, o rapaz que contracenava com amoça que interpretava Carmen empolgou-se e co-briu-a de tapas e bofetões . Mais assustada ainda,Márcia viu que a platéia estava gostando e acom-panhava aos gritos de "Mata! Mata", ao mesmotempo em que a moça que apanhava também esta-va gostando do realismo da cena. O programa fezsucesso e mereceu um memorandointerno repleto de elogios. No diada exibição, o morro Dona Martaparou para assistir.

Outro projeto bem-sucedido edifícil de realizar foi a série de entre-vistas com as mulheres dos presiden-ciáveis nas eleições de 1989 . 0 obje-tivo era apresentar ao público cadauma das possíveis primeiras-damasnas eleições daquele ano . Exibida sno telejornal Hoje, uma vez por se-mana, as matérias contavam a histó-ria de cada mulher, através de fotosantigas, seguidas de uma longa en-trevista. Márcia afirma que teve totalliberdade para produzir e editar asen-trevistas e só as mostrava depois deprontas. A única que não consegui uentrevistar foi Neuza Brizola, porproibição do marido, apesar de aGlo-bo ter concordado em abrir o mesmoespaço dado às outras .

Quando o Jornalismo da emis -

sora passou por reformulações, Márcia foi escala -da para apresentar telejornais. Segundo Armand oNogueira, era o que faltava para ela se tornar umaprofissional completa de televisão. Começaria co-brindo férias na terceira edição do RJ TV, exibidano final da noite . Morando longe da empresa ecom duas filhas pequenas, Márcia viu que a novafunção iria lhe criar uma crise familiar. Antes decomeçar, já estava disposta a desistir. Até que foichamada em cima da hora para substituir a apre-sentadora do Hoje, que havia faltado . A experiên-cia agradou à direção do Jornalismo e Márcia as -sumiu o posto .

A Globo começou a ficar pequena para os seussonhos, quando viu que não pode -ria fazer tudo o que pretendia. As

AS j44S Zb 2V£,,d entrevistas no Hoje começaram a li-mitar-se a conversas com artistas denovelas . Era pouco para o que elapretendia. Márcia faz questão d eelogiar o profissionalismo da emis-sora e a importância que represen-tou em sua carreira . Mas sentia queali não poderia voar mais alto .Como exemplo, cita a dificuldadeque teve para conseguir autoriza-ção para entrevistar Paulo Coelho,quando este começava sua carreirade escritor. Na matéria com RenatoAragão combinaram um fechamen-to inusitado para mostrar o que ocomediante achava da situação doBrasil, na época . Renato daria umacambalhota, cairia na piscina da suacasa e, dentro d'água, gritaria "So-corro!" . A gravação ficou perfeita ,mas a cena foi cortada na edição.

Hoje, na Manchete, ela reconhe -

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Lançamentos :Poetica(mente),

com a mãeMarisa (à

esquerda) ;As garras do mel,

com a avóMini (abaixo) e,

Uma aventuraecológica, comas filhas Anna

Rita e Anna Clara(ao lado)

ce que tem mais espaço e se sente "em casa" .Provavelmente por ser uma empresa me-nor e muito mais pessoal .

Herança literáriaCarioca, 39 anos, Márcia lembra-se da

infancia como uma época gostosa. A situa-ção financeira da família permitiu que estu-dasse em bons colégios, onde recebeu umaformação humanista e voltada para as artes.Ainda que boa aluna, gostava mesmo era d edançar e de escrever. Em plena adolescên-cia, liberava a veia poética. Um dos poemas,escrito aos 15 anos, foi incluído em seu pri-meiro livro . O gosto pela literatura herdouda avó materna, Miná, mulher à frente doseu tempo, que participava de atividade sculturais, era sócia do Pen Club, de clube sde poesia e falava de ecologia, muito temp oantes de o assunto virar moda.

Com 18 anos, Márcia já estava casada e foi mo -rar oito meses em Nova York. Enquanto o maridotrabalhava, ela estudava e aprendia a cozinhar, la-var e passar roupa. Acha graça daquela época, por-que era péssima cozinheira, mas passava muito bemcamisas sociais . Na volta ao Brasil, fez um "está-gio" com a empregada da mãe. Em boa hora, poispouco tempo depois partiram para Londres, ondemoraram de 1978 a 1979 . Nas duas cidades fez cur-sos de dança, pensando em se profissionalizar . Massempre que surgia alguma oportunidade, era horade voltar ao Brasil . Não satisfeita, abriu uma peque -na academia de dança no Rio, que chegou a ter 5 0alunos . Até que ficou grávida da primeira filha, AnnaRita, em 1980 .

A opção de deixar o trabalho foi motivadapela complicações surgidas durante a gravidez .Elas se repetiram com as duas filhas que vieramem seguida, Anna Clara eAnna Rosa. A mais novanasceu com problemas cardíacos e morreu pou-cos dias depois .

"Isso foi muito traumático em minha vida . Fuicriada em mundo em que as coisas sempre estavambem. Eu via as perdas dos outros, mas é diferente

quando acontece com a gente", lamenta ."Ser mãe sempre foi uma prioridade e mminha vida . E ainda é . Uma vez, na Globo ,conversando com o Armando Nogueira, e udisse que as minhas filhas vinham em pri -meiro lugar, antes mesmo da minha carrei-ra"

Não tem sido fácil conciliar a profis-são com a criação de duas filhas adoles-centes . Principalmente em uma fase denovos projetos de trabalho. Sua sorte, ex -plica, é que sempre se deu muito bem co mas meninas e as três são muito unidas . Amãe, Marisa, também mora com ela . Essaunião ajudou-a a superar a mudança devida ocorrida no final de 1996, com o fi mde 21 anos de casamento com FranciscoPeltier. No começo do ano seguinte, elasforam renovar as forças em uma viage mpelo Caribe . Hoje, está casada com Carlo sArthur Nuzman, presidente do Comitê

Olímpico Brasileiro .Dos sete livros que publicou, três são de poe-

sias : Poetica(mente) - Vida e sobrevida de um po-eta, As garras do mel e O menino que virou bi-cho-do-mato, este dirigido ao público infantil .No lançamento de Uma aventura ecológica, vol-tada para os jovens, ela pegou dengue. Obrigadaa ficar um mês na cama, aproveitou para pesqui-sar e escrever. Ao remexer em livros antigos, her -dados do avô materno, descobriu uma narrativ ada expedição de Francisco Orellana à América d oSul, em 1541, que relata o encontro com as ama-zonas, lendárias índias guerreiras . Usando essetema, ela criou uma pequena aventura, que deuorigem a Os povos da floresta, tendo Miná comoprotagonista e narradora .

Na gaveta, guarda vários originais, inclusivede um romance, que ainda não se sentiu apta apublicar. Seu próximo livro deverá ser uma cole -tânea dos artigos enviados para a revista Amiga .

"Escrevo na linguagem que posso falar no mo -mento . Houve uma ocasião em que só consegui aescrever para crianças . Depois, para jovens", jus -tifica . "Acho que agora estou mais preparada par afalar uma linguagem direta com os adultos ." X

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