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Mudanças no mercado de trabalho:Quais? Onde?

Hélio Zylberstajn – FEA/USP

Seminários “O Estado da Arte em Economia”

Tema: Demografia Econômica e o Mercado de Trabalho

FEA/USP - 17/06/2006


Objetivo: examinar a evolução do mercado de trabalho brasileiro nos últimos 20 anos sob a óptica do “fim do trabalho”.

1.Analisar algumas estatísticas do emprego2.Apresentar alguns dados ocupacionais3.Propor interpretações e conclusões4.Apresentar uma reflexão teórica sobre a hipótese do “fim do trabalho”5.Concluir: evolução institucional


1. Examinar algumas estatísticas do emprego

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POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO - 1992/2007 - PNAD

1992 1997 2002 2007

22,6 22,2 22,6

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1987 1992 1997 2002 2007

EMPREGADOS FORMAIS (EM MILHÕES) - 1987/2007 - RAIS

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ATE 4 DE 5 A 9 DE 10 A 19 DE 20 A 49 DE 50 A 99 DE 100 A 249 DE 250 A 499 DE 500 A 999 1000 OU MAIS

EMPREGO FORMAL SEGUNDO O TAMANHO DO ESTABELECIMENTO1987/2007 - RAIS

1987 1992 1997 2002 2007

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EXTR MINERAL IND TRANSF SERV IND UP CONSTR CIVIL COMERCIO SERVICOS ADM PUBLICA AGROPECUARIA OUTR/IGN

EMPREGO FORMAL SEGUNDO O SETOR DE ATIVIDADE1987/2007 - RAIS

1987 1992 1997 2002 2007

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ATE 2,9 3,0 A 5,9 6,0 A 11,9 12,0 A 23,9 24,0 A 35,9 36,0 A 59,9 60,0 A 119,9 120 OU MAIS

EMPREGO FORMAL SEGUNDO O TEMPO DE SERVIÇO (EM MESES)1987/2007 - RAIS

1987 1992 1997 2002 2007

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33%

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1987 1992 1997 2002 2007

EMPREGADOS FORMAIS COM ESCOLARIDADE MÉDIA OU SUPERIOR1987/2007 - RAIS


2. Apresentar alguns dados ocupacionais


CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

Número de famílias ocupacionais consideradas (4 dígitos):

Versão antiga: 350Versão atual (2003): 592

(Sugestão: www.observatorio.sp.gov.br)


Proporção do emprego formal das primeiras 20 famílias ocupacionais mais importantes:

1987 56%1992 55%1997 55%2002 55%2007 49%


Número e proporção de famílias ocupacionais de 80% do emprego formal:

Número Proporção1987 64 18%1992 63 18%1997 61 17%2002 60 17%2007 89 15%

Mensagem: diversificação ocupacional não cresceu


Famílias ocupacionais que mais perderam posiçõesCBO antiga (1987-2002)

Mineiros -94 posiçõesSopradores de vidro -94 posiçõesDatilógrafos -84 posiçõesCorretores -79 posiçõesTrabalhadores na preparação de tecidos -75 posiçõesOperadores de máquinas contábeis -73 posiçõesTrabalhadores em sistemas de gás e esgoto -71 posiçõesOperadores do refino de petróleo -71 posiçõesContramestres têxteis -69 posiçõesTecelões -65 posições

Curiosidade:Economistas -54 posições


Famílias ocupacionais que mais ganharam posiçõesCBO antiga (1987-2002)

Técnicos de enfermagem +294 posiçõesMestres de manutenção de sistemas +213 posiçõesCondutores de veículos +193 posiçõesTécnicos da produção/operação +184 posiçõesTécnicos de análise de seguros +159 posiçõesProfessores do ensino superior +115 posiçõesAnalistas de ocupações +101 posiçõesTrabalhadores horti-granjeiros +99 posiçõesEconomistas/administradores - Outros +98 posiçõesTrabalhadores na pecuária de médio porte +82 posiçõesOperadores de maq. de controle numérico +81 posições


Evolução ocupacional:

Destruição e criação de ocupações: novas tecnologias e novos produtos/processos

Estabilidade na diversificação ocupacional(ou inadequação da CBO?)


3. Propor interpretações e conclusões


Transformações econômicas com manutenção do tamanho da informalidade.

Poucas mudanças no mercado formal. Novidade: aumento notável da escolaridade.

Estagnação institucional: equilíbrio de baixa qualidade.

Justiça do Trabalho, sindicatos dependentes, taxação excessiva na folha, CLT octogenária, incentivos à rotatividade e à informalidade.

Governo Lula: marcha a ré!


Samba do crioulo doido:

Empresários pedem flexibilidade (mais ainda?)Sindicatos pedem mercados cativos (sem prestar contas)Governo Lula: marcha a ré!


4. Apresentar uma reflexão teórica sobre a hipótese do “fim do trabalho”


Fim do trabalho tem dois significados:

(a)Crescimento sem trabalho (Jobless growth)(b)Fim do emprego

Vamos pensar no segundo significado usando as duas vertentes teóricas da Economia do Trabalho.


Economia do Trabalho: supply side x demand side. Debate intenso sobre todos os fatos estilizados.

Surpresa: convergência teórica na explicação da duração do emprego.

•Capital humano, conhecimento geral e específico (Gary Becker). Oferta explica diferenciais salariais.

•Mercado Interno de Trabalho (Doeringer & Piore). Demanda explica diferenciais salariais.


Para os dois lados, a duração do emprego depende da especificidade da firma. Conhecimento específico e/ou relacionamento específico.

Em ambas explicações, empregos de longa duração são decisões racionais, quando existir especificidade.

Conclusão: a hipótese do fim do emprego somente se sustenta se o conhecimento específico estiver em extinção.


5. Concluir: como induzir uma evolução institucional?


Estamos equipados institucionalmente para empregos:

(a)Com conhecimento específico?(b)Com conhecimento geral?

Provavelmente, não.Mudar o foco da regulamentação do mercado de trabalho:Diversificar a política públicaDiferenciar a CLTProteger o trabalho e não o emprego

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