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Universidade de Brasília Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-graduação em Ecologia Mudanças do uso da terra sobre a comunidade de formigas e a retenção dos serviços ecossistêmicos no Cerrado Aluno: Tiago Luiz Massochini Frizzo Orientador: Edison Ryoiti Sujii Brasília - 2016

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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-graduação em Ecologia

Mudanças do uso da terra sobre

a comunidade de formigas e a retenção dos

serviços ecossistêmicos no Cerrado

Aluno: Tiago Luiz Massochini Frizzo

Orientador: Edison Ryoiti Sujii

Brasília - 2016

1

Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar a todos educadores que passaram pela minha vida,

conhecimento, compreensão e aprendizado são partes fundamentais para admirar a beleza do

mundo.

Em especial gostaria de agradecer ao orientador desta tese, Edson Ryoitti Sujii, pela

presença, apoio e discussões que levaram ao melhoramento da tese. Ao meu primeiro

orientador durante a graduação, Heraldo L. Vasconcelos, que na prática foi quem me inseriu

na vida acadêmica. Aos meus estagiários, sem os quais não conseguiria ter completado a parte

física do trabalho: Maísa Meneses, Antônio, Karina e Letícia. Aos colegas da Embrapa

Cenargen: Lucas, Érica, Pedro, entre muitos outros, além dos pesquisadores que também

contribuíram muito para o desenvolvimento desta tese. Agradeço também aos meus colegas

do Laboratório de Ecologia em Insetos Sociais da Universidade Federal de Uberlândia,

principalmente a Renata Pacheco, pela ajuda na identificação das espécies de formigas e

conversas a respeito da tese. Aos inúmeros proprietários de terras que permitiram que eu

fizesse amostragens em suas propriedades, incluindo também o Instituto Brasília Ambiental

(IBRAM), Fazenda Água Limpa da UnB, Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília,

Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional de Brasília, Embrapa Hortaliças,

Embrapa Cerrados e o Instituto Federal de Brasília. Também agradeço a Capes e CNPq pelo

financiamento do projeto e bolsa de estudo.

Por último, gostaria de ressaltar meus agradecimentos especiais aos meus pais, Luiz

Antônio Frizzo e Leoni Massochini, que me encorajaram e financiaram durante o doutorado,

sem os quais com certeza teria tido uma trajetória muito mais difícil. Além da minha noiva,

Carla Érica Oliveira Ferreira, que me deu e me dá suporte emocional, tornando a vida mais

fácil, diminuindo às angústias e buscando um futuro melhor.

2

Resumo

Muitos estudos têm relatado que vivenciamos um período de extinção em massa,

principalmente devido à expansão dos sistemas agrícolas. Aliado a isso, tem-se demonstrado

que a diminuição na biodiversidade pode causar perda ou redução das funções do

ecossistema, gerando problemas de diversas naturezas. Por isso nós buscamos explorar os

efeitos da conversão de áreas nativas do Cerrado em sistemas agrícolas sobre a fauna de

formigas. Para isso realizamos amostragens e experimentos que contemplaram 74 localidades

diferentes no Distrito Federal. Os locais de coleta foram cultivos convencionais de soja,

pastagens, áreas de agricultura orgânica e áreas com vegetação nativa de campo, cerrado

stricto sensu e mata. Foram feitos 5.298 registros de formigas e encontradas 265 espécies.

Constatamos que as pastagens e áreas de agricultura orgânica abrigam 61% e 56% da

mirmecofauna nativa respectivamente, enquanto que as áreas de cultivo convencional de soja

abrigam apenas 17% das espécies nativas de formigas. Detectamos que as espécies raras (i.e.

com baixa frequência) foram as principais promotoras de diversidade de formigas no Cerrado,

e potencialmente as mais ameaçadas de extinção local, devido à baixa densidade e raridade

dentro dos agrossistemas. Quanto às funções do ecossistema desempenhadas pelas formigas,

utilizamos uma abordagem experimental e encontramos que a remoção de biomassa de

recursos que simulam organismos animais (sardinha) e atrativos vegetais (banana), na

superfície do solo, está correlacionada à riqueza de formigas. Além disso, mostramos que nas

áreas de produção orgânica de hortaliças as formigas predam mais do que o dobro de ovos do

inseto praga Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) que os outros predadores.

Vimos também que os efeitos das formigas sobre as funções do ecossistema dependem da

função do ecossistema avaliada, do tipo de uso da terra e da riqueza de formigas no local.

Resumidamente encontramos que a expansão da agricultura reduz a diversidade de formigas,

sendo esse efeito particularmente maior na soja. Concluímos que a perda dessa diversidade

pode afetar negativamente funções e serviços do ecossistema e que medidas de conservação

devem focar na proteção de múltiplas fitofisionomias nativas.

Palavras-chave: Hymenoptera, Formicidae, Controle biológico, Intensificação do uso da terra,

perturbações, agroecossistemas.

3

Abstract

Human activities, especially the expansion of agroecosystems, are appointed by

studies as the mainly cause of extinction. The ecological consequences of biodiversity loss

usually are the reduction of ecosystem functions. However, these responses vary according to

the type of land-use change and the ecological setting. This study measured the impact of

land-use type and ecosystem functions on the ant assemblage of Cerrado biome. Ant

composition was assessed in 74 different locations in the Federal District (Brazil). The

collected sites were conventional crops of soybeans, pastures, organic farms and native

vegetation, including grassland, cerrado stricto sensu (savanna) and forests. We record 5,298

ants and 265 species. The pastures and organic farm hold 61% and 56% of the native ant

fauna respectively, while soybean crop have only 17% of the native species of ants. We found

that rare species (i.e. low frequency) were the main promoters of ant diversity in the Cerrado,

and potentially the most threatened by local extinction due to low density and rarity in the

agroecosystems. For measure functions performed by the ants, we use an experimental

approach. We found that removing biomass resource simulating animal organisms (sardines)

and vegetables attractive (banana) on the soil surface, is correlated with ant species richness.

Furthermore, we show that ants prey more than twice folds the eggs of insect pest Anticarsia

gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) than the other predators in organic farms. Indicating

that the effects on ecosystem functions, provided by ants are dependent to the: ecosystem

function feature, the land-use type and ant richness. Overall, our results found that agricultural

expansion reduces the ant diversity, particularly in soybeans crops, and can affect ecosystem

functions. To mitigate the reduction in the ant assemblage, we recommend the conservation of

multiple natural habitats.

Keywords: Hymenoptera, Formicidae, Biological Control, Land use intensification,

Disturbance, Savanna.

4

Sumário

Lista de Figuras ....................................................................................................................................... 5

Lista de Tabelas ....................................................................................................................................... 6

Introdução Geral ...................................................................................................................................... 7

Capítulo I – Efeitos da mudança no uso da terra sobre a comunidade de formigas do solo ................. 14

Resumo .............................................................................................................................................. 14

Introdução .......................................................................................................................................... 15

Metodologia ...................................................................................................................................... 18

Resultados ......................................................................................................................................... 28

Discussão ........................................................................................................................................... 44

Conclusão .......................................................................................................................................... 51

Capítulo II – Variação nas taxas de remoção de biomassa pela mirmecofauna de solo sobre diferentes

tipos de uso da terra ............................................................................................................................... 53

Resumo .............................................................................................................................................. 53

Introdução .......................................................................................................................................... 54

Metodologia ...................................................................................................................................... 57

Resultados ......................................................................................................................................... 67

Discussão ........................................................................................................................................... 77

Conclusão .......................................................................................................................................... 84

Capítulo III – Contribuição das formigas (Hymenoptera: Formicidae) para a predação de ovos de

lagarta em sistemas orgânicos de produção de hortaliças ..................................................................... 85

Resumo .............................................................................................................................................. 85

Introdução .......................................................................................................................................... 86

Metodologia ...................................................................................................................................... 90

Resultados ......................................................................................................................................... 98

Discussão ......................................................................................................................................... 106

Conclusão ........................................................................................................................................ 111

Considerações finais ............................................................................................................................ 112

Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 116

Anexo I. ............................................................................................................................................... 140

Anexo II. .............................................................................................................................................. 143

Anexo III. ............................................................................................................................................ 150

Anexo IV. ............................................................................................................................................ 151

5

Lista de Figuras

Capítulo I

Figura 1.1 Mapa da área de coleta no DF..................................................................... 25

Figura 1.2 Fotografias das áreas de coleta.................................................................... 26

Figura 1.3 Esquema da metodologia de coleta............................................................. 27

Figura 1.4 Curva de acumulo de espécies.................................................................... 32

Figura 1.5 Curva de riqueza estimada.......................................................................... 32

Figura 1.6 Número médio de espécies amostradas....................................................... 33

Figura 1.7 Ocorrência de formigas por tipo de habitat.................................................

Figura 1.8 Distribuição por habitat da frequência de ocorrência..................................

33

34

Figura 1.9 Ocorrência das espécies.............................................................................. 35

Figura 1.10 NMDS.......................................................................................................

Figuira 1.11 Grupos funcionais....................................................................................

36

37

Figura 1.12 Análise da partição aditiva........................................................................ 38

Figura 1.13 Análise da partição multiplicativa............................................................. 39

Figura 1.14 Relação entre a diversidade e distância geográfica................................... 40

Capítulo II

Figura 2.1 Esquema da metodologia............................................................................ 64

Figura 2.2 Fotografias da metodologia......................................................................... 65

Figura 2.3 Proporção de estações de remoção com formigas....................................... 70

Figura 2.4 Biomassa removida..................................................................................... 71

Figura 2.5 Correlação entre biomassa e riqueza de formigas....................................... 72

Figura 2.6 Matriz de correlação.................................................................................... 73

Figura 2.7 Matriz de correlação sem os dados para soja.............................................. 74

Figura 2.8 CCA para todas as espécies......................................................................... 75

Figura 2.9 CCA apenas para as espécies abundantes................................................... 76

Capítulo III

Figura 3.1 Mapa da localização dos experimentos....................................................... 95

Figura 3.2 Fotografia da metodologia.......................................................................... 96

Figura 3.3 Proporção das guildas tróficas..................................................................... 100

Figura 3.4 Proporção dos táxons de predadores........................................................... 101

Figura 3.5 Número de ovos predados........................................................................... 102

Figura 3.6 Regressões e correlação com a abundância................................................. 103

6

Lista de Tabelas

Capítulo I

Tabela 1.1 Localidades amostradas........................................................................ 23-24

Tabela 1.2 Valores indicativos (IndVal)............................................................... 41-43

Capítulo II

Tabela 2.1 Número de estações de biomassa......................................................... 66

Capítulo III

Tabela 3.1 Localização das propriedades............................................................... 97

Tabela 3.2 Porcentagem de ocorrência das paisagens............................................ 97

Tabela 3.3 Lista de espécies................................................................................... 104

Tabela 3.4 Resultados da análise de modelos........................................................ 105

7

Introdução Geral

Atualmente dois dos maiores desafios da ciência são identificar os impactos da atual

taxa de extinção de espécies e garantir a segurança alimentar da população humana. Apesar de

serem dois temas de pesquisa sem aparente conexão, a expansão dos sistemas agrícolas

aliados à fragmentação resultante deste processo é a maior causa de extinção de espécies

conhecida (Pimm et al. 1995; Didham et al. 1996; Sala et al. 2000; Fahrig 2003; Rockströn et

al. 2009; Barnosky et al. 2011; Bregman et al. 2015; Newbold et al. 2015). Ao mesmo tempo,

a extinção também pode ter efeitos negativos sobre a produção agrícola (e.g. Larsen et al.

2005; Brittain & Potts 2011). Isso aponta para a necessidade de se aprimorar ou criar

tecnologias que permitam o aumento da produção agrícola reduzindo a possibilidade de

extinção de espécies nativas, bem como a de gerar dados consistentes para tomada de decisão

visando à sustentabilidade.

Pimm et al. (1995) já alertavam que, para alguns táxons, entre 5 e 20% das espécies já

teriam sido extintas. Mais recentemente, Barnosky et al. (2011) afirmam que, nos próximos

três séculos, podemos atingir o status de extinção em massa com a perda de 75% das espécies

do planeta, sendo que as estimativas mais recentes apontam que conhecemos apenas 13% das

aproximadamente 10.960.000 espécies (eucariotas) existentes no planeta. Portanto estamos

perdendo espécies que ainda sequer foram descritas (Mora et al. 2011).

Hoje, muitos cientistas acreditam que estamos vivenciando o sexto período de

extinção em massa devido à atividade humana principalmente no que concerne à agricultura e

sua expansão (Chapin et al. 2000; Wake & Vredenburg 2008). Em vista disso, é necessário

destacar que essa expansão é e deve continuar sendo um fato, já que há um aumento da

demanda por alimento, devido não só ao crescimento populacional do planeta, mas também

ao aumento no consumo de alimento per capita (FAO 2009; UNPD 2011). Além disso, há

8

outros fatores que contribuem para a expansão da agricultura, tais como o incremento da

produção de biocombustíveis e outros produtos não alimentícios (Groom et al. 2008; Popp et

al. 2013), da degradação de zonas agrícolas existentes, dos imprevisíveis efeitos das

mudanças climáticas sobre a produção de alimento nos próximos anos, das restrições cada vez

maiores sobre o uso de agrotóxicos e o aumento do custo de transporte (Tscharntke et al.

2012). Logo, esse cenário apresenta muitos atributos fortes para agravar as taxas de extinção

de espécies.

Mas quais são as consequências de acelerar essas taxas de extinção de espécies? O

primeiro, e talvez menos considerado pela sociedade, é: qual o direito que nós (humanos)

temos de eliminar uma espécie do planeta? Este é ou pelo menos deveria ser um argumento

poderoso para a preservação de espécies (Ehrlich 2002). O segundo é que os estudos apontam

que a extinção de espécies geralmente causa a perda ou redução de funções do ecossistema,

incluindo serviços ecológicos, no entanto esse não é um padrão universal, o que gera muito

debate (De Fries et al. 2004; Hopper et al. 2005; Larsen et al. 2005; Balvanera et al. 2006;

Loreau et al. 2008; Cardinale et al. 2006; Benayas et al. 2009; Duffy 2009; Allan et al. 2013).

Funções do ecossistema podem ser definidas como a capacidade de processos naturais

e componentes de prover bens e serviços que satisfazem as necessidades humanas, direta ou

indiretamente (De Groot 1992). Primariamente esses processos e bens ocorrem com a

assimilação da energia solar pelos fotossintetizantes e a redistribuição desta energia por toda

cadeia alimentar até chegar aos decompositores. Durante essa passagem de energia há uma

infinidade de processos e trocas físico-químicas (envolvendo também o meio abiótico) que

moldam o nosso mundo da forma como é hoje. São exemplos de funções do ecossistema: a

produção primária, a decomposição, a ciclagem de nutrientes, a filtragem da água, a predação,

refúgio para a vida silvestre, alimento que não é cultivado, recreação entre outros (De Groot

1992; Daily et al. 1997). Logo, quando uma determinada função do ecossistema passa a

9

produzir um benefício capaz de ser valorado para os humanos, passamos a chamá-la de

serviço ou bens do ecossistema (De Groot et al. 2002). Como exemplos destes, podemos

citar: a polinização de culturas, o controle biológico de pragas, a fertilização promovida por

agentes bióticos, a disponibilidade de alimentos nas áreas naturais, a disponibilidade de água

potável entre outros (Daily et al. 1997).

Apesar da extinção de espécies gerar a perda ou redução de serviços ecológicos (e.g.

Larsen et al. 2005; Cadotte et al. 2012; Boyer & Jetz 2014; Birkhofer et al. 2015; Mensens et

al. 2015; Van der Plas et al. 2016), há também estudos que indicam a possibilidade de, por

meio do uso de diferentes tipos de métodos, aumentar a riqueza de espécies incrementando as

funções do ecossistema e serviços ecológicos em ambientes manejados (e.g. Langellotto &

Denno 2004; Tiemann et al. 2015).

No entanto, nem sempre é encontrada uma relação entre o número de espécies e

funções do ecossistema (e.g. Radchuck et al. 2016), pois as extinções podem não ter efeitos

imediatos, porque as espécies mais propensas à extinção já são populações naturalmente

pequenas e de distribuição restrita ou porque outras espécies já desempenham a mesma

função (redundância) no ecossistema (Hooper et al. 2005). Entretanto, parece ser um

consenso que uma alta riqueza de espécies é importante em termos de estabilidade de funções

ou serviços, em caso de distúrbios ou mudanças ambientais (Hooper et al. 2005; Tscharntke et

al. 2005; Loreau et al. 2008).

Na natureza, em contrapartida, as espécies desaparecem de acordo com sua

sensibilidade a estresses ambientais (e.g. Bregman et al. 2015). Mensens et al. (2015), em um

estudo utilizando comunidades de diatomáceas expostas ao herbicida Atrazina, observaram

uma pequena perda de biodiversidade ocasionando uma perda desproporcional das funções no

ecossistema (produção primária, conteúdo energético e estabilização de sedimento). Isso

porque Atrazina afeta principalmente a espécie que apresenta a maior produtividade dentro do

10

sistema, demostrando que a sensibilidade de uma espécie específica deve ser levada em

consideração para se prever efeitos de distúrbios sobre as funções do ecossistema em áreas

sobre estresse antrópico.

Para o Brasil, a expansão da agricultura devido à crescente demanda do mercado de

exportação do agronegócio, que já atingiu 43% do valor total exportado pelo país e 26% do

PIB (MAPA 2016a), acaba se tornando a maior ameaça para o Cerrado (Klink & Machado

2005; Silva et al. 2006; Sano et al. 2010). Essa ameaça, aliada ao alto número de espécies

endêmicas nesse bioma, faz do Cerrado um dos hotspots do mundo, contendo 1,5% das

espécies de plantas vasculares do planeta, o que corresponde a 10.000 espécies, dentre as

quais 4.400 são endêmicas (Myers et al. 2000).

Antes de 1970, o uso da terra no Cerrado era basicamente para a produção de gado

sobre pastagens naturais (Sano et al. 2010). A partir de então, se iniciou uma intensa expansão

da produção agrícola mecanizada para exportação de soja, milho, algodão e café (Jepson

2005; Klink & Machado 2005). Estima-se que, devido à expansão agrícola, entre 40% e 80%

da área natural de Cerrado foi convertida em agrossistemas durante as últimas cinco décadas

(Cavalcanti & Joly 2002; Klink & Moreira 2002; Machado et al. 2004; Brannstrom et al.

2008). No entanto, essas estimativas são muito variáveis devido a dificuldades para se

discriminar nas imagens de satélite o que são áreas de vegetação nativa e áreas de pastagem

(Ferreira et al. 2004).

Segundo Sano et al. (2010), em 2002, pastagens eram o maior tipo de uso da terra do

Cerrado, pois ocupavam uma área de 54.150.000 de ha, representando cerca de 26% da área

desse bioma. Já o segundo maior uso da terra, desse mesmo bioma, é para a agricultura, na

qual a soja ocupa um pouco menos da metade da área (MAPA 2016b), totalizando 21.590.000

de ha (mais de 10% da área do Cerrado). E, apesar de áreas agrícolas de produção orgânica

não serem representativas nas estatísticas, a agricultura orgânica é, seguramente, um dos

11

setores que mais crescem no Brasil e no mundo (Rigby & Cáceres 2001; Blanc 2009;

ABRASCO 2015).

Esses três tipos de agrossistemas se diferenciam pelo tipo de manejo e composição da

vegetação, sendo que as principais características das áreas de plantio de soja são seu manejo

intensivo com agrotóxicos e o plantio de uma monocultura extensiva, que pode ser alternada

principalmente com o plantio de milho, sorgo ou milheto, e que geralmente está restrita às

épocas de chuva. Inversamente, em áreas de agricultura orgânica, geralmente os cultivos

ocupam poucos ha, o uso de agrotóxicos é ausente, há um intenso manejo do solo com capina

e, devido à irrigação constante, há o plantio de uma grande variedade de hortaliças ao longo

de todo ano. Já as pastagens certamente são as áreas com menor manejo ou, na maior parte do

tempo, sem manejo que, apesar de serem originalmente plantadas como uma monocultura de

capim (sendo o Urochloa (Syn. Brachiaria) decumbens, uma espécie exótica e a mais

comum), podem ser colonizadas por algumas ervas, arbustos e/ou árvores nativas em seus

campos. Mesmo sendo a soja a cultura que mais cresce no Cerrado (Fearnside 2001; MAPA

2016a), espera-se que as áreas de agricultura orgânica ocupem cada vez mais espaço na

produção de alimentos (Rigby & Cáceres 2001; Blanc 2009; ABRASCO 2015).

Tendo em vista que as perspectivas para 2050 são de expansão dos agrossistemas

sobre 120 milhões de hectares de áreas de vegetação nativa, nos países em desenvolvimento

(FAO 2009), é imperativo que se conheça os efeitos da conversão de terras em agrossistemas

sobre a biodiversidade e se descubra como reduzir a perda de espécies (Tscharntke et al.

2005; Balmeford et al. 2012). Sendo assim, como apresentado por Tscharntke et al. (2005)

em uma revisão, já sabemos que os efeitos da mudança no uso da terra podem ser percebidos

de formas diferentes, dependendo do grupo taxonômico, da espécie e do tipo de uso da terra

(e.g. Perfecto et al. 2004; Armbrecht et al. 2006; Kessler et al. 2009; Frizzo & Vasconcelos

2013).

12

Dentre os organismos encontrados nos ecossistemas terrestres, as formigas são um

grupo de particular importância ecológica (Folgarait 1998). Na Amazônia a sua biomassa é

maior do que a biomassa somada de todos os vertebrados, incluindo-se pássaros, mamíferos,

anfíbios e répteis (Fittkau & Klinge 1973). Hölldobler e Wilson (2009) chegam a afirmar que

a biomassa de formigas no mundo é tão grande que pode equiparar-se com a dos humanos.

Porém, estes organismos não são apenas abundantes, geralmente eles apresentam hábitos

predatórios e, assim, podem atuar no controle de insetos, incluindo aqui aqueles que são

prejudiciais à agricultura (Risch & Carroll 1982; López & Potter 2000; Philpott & Armbrecht

2006; Armbrecht & Gallego 2007; Howe et al. 2009; Styrsky & Eubanks 2010; Gonthier et

al. 2013; Offenberg 2015). Há também espécies consideradas importantes pragas agrícolas,

como as formigas da tribo Attini, que funcionalmente atuam como herbívoras (Hernandez &

Jaffé 1995; Costa et al. 2008; Zanetti et al. 2014), e várias outras espécies que se associam

mutualisticamente com afídeos (insetos parasitas de plantas) (Delabie 2001; Styrsk &

Eubanks 2007). Por essa importância ecológica, aliada a taxonomia relativamente bem

conhecida e ampla ocorrência, esse grupo foi escolhido como objeto de estudo do presente

trabalho.

Frizzo & Vasconcelos (2013), em um estudo no Cerrado, apontam que a conversão da

vegetação nativa em pastagem não afeta a mirmecofauna (fauna de formigas). Por outro lado,

a conversão dessa vegetação em plantio de soja tem um efeito negativo no número de

espécies, ocasionando ainda mudanças na composição de espécies de formigas (Frizzo &

Vasconcelos 2013; Pacheco et al. 2013). De modo geral, os estudos apontam que mudanças

na estrutura do habitat e o manejo são as principais causas dessas mudanças. Mais

especificamente, a redução de local para nidificação das formigas, arar o solo, uso de

agrotóxicos, além de efeitos indiretos, como a interação interespecífica com formigas

dominantes que limitam a coexistência com outras espécies, têm sido apontados como os

13

principais fatores da redução do número de espécies de formigas nos agrossistemas do

Cerrado (Frizzo & Vasconcelos 2013; Pacheco et al. 2013). Pacheco et al. (2013) também

indicam que as espécies que persistem nos agrossistemas de soja em geral são um

subconjunto das espécies associadas às savanas mais abertas, além de que a maior parte das

formigas que desaparecem são aquelas que apresentam comportamento mais especializado

(sensu Didham et al 1996; Weiner et al. 2014; Bregman et al. 2015). No entanto, ambos os

trabalhos já realizados no Cerrado, de Frizzo & Vasconcelos (2013) e Pacheco et al. (2013),

relatam que o número de espécies perdidas com a mudança no uso da terra podem estar

subestimados devido à coleta próxima de locais potencialmente fontes de espécies de

formigas.

Em vista disso, o objetivo geral desse estudo foi determinar como as mudanças no uso

da terra afetam a comunidade de formigas e suas funções ecológicas. Especificamente

procuramos determinar quantas e quais são as espécies que conseguem persistir em áreas

convertidas em agrossistemas comparativamente às áreas de vegetação nativa e quais os tipos

de agrossistema têm um menor impacto sobre essa fauna. Além disso, queremos determinar

se após a conversão da vegetação nativa em agrossistemas há uma redução nos serviços

ecológicos prestados pela mirmecofauna de remoção de biomassa e predação.

14

Capítulo I – Efeitos da mudança no uso da terra sobre a comunidade de formigas do

solo

Resumo

É um consenso entre os pesquisadores que os sistemas agrícolas reduzem a

biodiversidade. No entanto, a magnitude desse efeito depende das características do sistema

agrícola implantado e do grupo taxonômico sujeito a essa perturbação. Por isso foi analisado

como três diferentes tipos de uso da terra (cultivo de soja, pastagem e produção orgânica de

hortaliças) afetam a comunidade de formigas, amostrando, para isso, 69 localidades, que

incluíram áreas nativas de campo, cerrado stricto sensu e mata. Ao todo, coletamos 264

espécies de formigas, na superfície do solo no Distrito Federal, onde se estima ocorrer em

torno de 342 a 354 espécies. As pastagens e áreas de agricultura orgânica abrigam 61% e 56%

da mirmecofauna nativa, respectivamente, enquanto que as áreas de cultivo convencional de

soja abrigam apenas 17% das espécies nativas de formigas. As áreas de formação florestal

apresentam a comunidade mais singular. Já as áreas de soja apresentam o padrão mais forte de

homogeneização biótica. Detectamos também que são as espécies raras (de baixa frequência)

os principais promotores de riqueza no Cerrado e, potencialmente, as mais ameaçadas de

extinção local, devido a essa baixa densidade e pouca ocorrência nos agrossistemas. Nossos

dados sugerem de modo geral que o cultivo de soja convencional é a principal ameaça à

mirmecofauna no Cerrado e medidas de conservação devem focar na proteção de múltiplas

fitofisionomias nativas.

15

Introdução

Tradicionalmente os esforços de conservação têm sido focados em grupos de plantas e

vertebrados. Myers et al. (2000), por exemplo, usaram apenas plantas vasculares e

vertebrados para determinar os “hotspots” do planeta. No entanto, estes grupos representam

proporcionalmente uma pequena parte da biodiversidade e a mais conhecida em termos de

espécies descritas (Mora et al. 2011). Já os insetos, que representam seguramente a maior

parte da biodiversidade animal, têm sido negligenciados nos estudos de conservação, talvez

devido ao grande número de espécies e/ou à dificuldade para se identificar estas espécies, que

podem, em muitos casos, ainda não terem sido descritas (Mora et al. 2011).

Os insetos são um grupo de grande importância nos ecossistemas, influenciando a

composição e tamanho das populações de plantas, herbívoros, predadores e detritívoros

(Wheeler 1990; Didham et al. 1996). Especificamente no Cerrado, a comunidade de insetos é

influenciada pelo fogo (Frizzo et al. 2011; Maravalhas & Vasconcelos 2014),

heterogeneidade da vegetação (Silva et al. 2006; Pacheco & Vasconcelos 2012), sazonalidade

(Pinheiro et al. 2008), fragmentação (Brandão et al. 2011), introdução de espécies exóticas

(Pivello et al. 1999; Hoffmann et al 2004) e, principalmente nas últimas décadas, pelos

efeitos da mudança no uso da terra (Almeida et al. 2011; Frizzo & Vasconcelos 2013;

Pacheco et al. 2013), entre outros fatores.

Em geral, a conversão de terras em agrossistemas tem sido vista, tradicionalmente,

como antagônica à conservação da biodiversidade (Tscharntke et al. 2005). Em parte, porque

a maioria dos sistemas agrícolas é derivada da conversão de ecossistemas naturais complexos

para os ecossistemas simplificados, com uso intenso de maquinário, insumos químicos e

biológicos, incluindo culturas melhoradas e geneticamente modificadas (e.g. Pimental et al.

1992; Groot & Dicke 2002; Armbrecht et al. 2006; Haddad et al. 2009; Frizzo & Vasconcelos

16

2013). Estes agrossistemas são a maior causa de perda de biodiversidade devido à

fragmentação e destruição da vegetação nativa (Didham et al 1996; Fahrig 2003; Bregman et

al. 2015). No entanto, os efeitos da mudança no uso da terra sobre a fauna nativa dependem

do tamanho da divergência das condições ecológicas pré e pós-conversão do uso da terra

(Kessler et al. 2009). Existindo, assim, sistemas agrícolas que tem um grande impacto sobre a

fauna e flora nativa, e outros tipos de sistemas agrícolas de baixo impacto, que podem ter um

papel fundamental na conservação de espécies (Tscharntke et al. 2005), já que a paisagem

agrícola de baixo impacto pode abrigar grande parte da biodiversidade do mundo (Pimentel et

al. 1992) e a contribuição relativa de cada tipo de agrossistema para a conservação é pouco

conhecida (Tscharntke et al. 2005).

Estudos recentes mostram que, no Cerrado, mudanças no uso da terra para sistemas

simplificados e mais intensamente manejados, como plantações de soja ou milho, reduzem a

riqueza de formigas (Frizzo & Vasconcelos 2013; Pacheco et al. 2013). Todavia,

agrossistemas menos intensivos, como pastagem, podem comportar uma riqueza de espécies

semelhante à de áreas naturais (Frizzo & Vasconcelos 2013), mostrando que áreas de

produção agrícola podem ser utilizadas para a conservação de pelo menos parte da

biodiversidade e/ou manejadas para reduzir a perda de espécies.

Porém o fato de que alguns tipos de agricultura abriguem muitas espécies nativas por

si só não garante a conservação integral da biodiversidade. Introduzida por Whittaker (1960;

1972), a ideia de que o número de espécies de uma região (diversidade gama) é determinado

pelo número de espécies em um local (diversidade alfa), mais a troca de espécies com outros

locais (diversidade beta) é de suma importância para compreender como a diversidade está

distribuída na paisagem e determinar ações conservacionistas.

Mais recentemente, Baselga (2010) criou uma metodologia para decompor a

diversidade beta ou troca de espécies entre locais em dois processos distintos, chamado por

17

ele de substituição de espécies ou perda de espécies. Basicamente isso retrata se a diversidade

beta aumenta devido a uma troca de espécies entre os locais (por espécies diferentes) ou se o

padrão de diversidade beta esta ligado a uma diferença no número de espécies devido ao

aninhamento. Este nada mais é do que um padrão em que a comunidade com menos espécies

é um subconjunto das comunidades com mais espécies (Almeida-Neto et al. 2008; Atmar &

Patterson 1993).

Por exemplo, no estudo de Pacheco e Vasconcelos (2012) no Cerrado, foi observado

um aumento no número de espécies de formigas à medida que a estrutura da vegetação se

tornava mais complexa, partindo de um gradiente de vereda até cerradão. Porém, a

preservação apenas destes habitats complexos (com mais espécies localmente) está longe de

garantir a conservação integral das espécies de formigas, já que 50% da riqueza (diversidade

beta) é explicada pela troca de espécies entre fitofisionomias do Cerrado e 25% por diferentes

áreas de mesma fitofisionomia (Pacheco & Vasconcelos 2012).

Porém, estes estudos são restritos a poucas áreas, e os padrões de diversidade, assim

como a capacidade de manutenção destas espécies em diferentes tipos de ambientes

modificados pelo homem, ainda não foram avaliados. Desse modo, este capítulo busca

determinar como a conversão de áreas de vegetação nativa afeta a riqueza e composição de

espécies de formigas de acordo com o tipo de uso da terra. Nesse caso, foram avaliados

sistemas de plantio de soja, pastagem e agricultura orgânica, levando-se em conta os padrões

de diversidade local, troca de espécies entre locais e diversidade regional.

18

Metodologia

Área de estudo

As coletas foram realizadas de fevereiro a junho de 2013 e de fevereiro a maio de

2014, no Distrito Federal (abrangendo uma área de aproximadamente 5.800 Km², localizada

centralmente a 15°47’S, 47°55’O), em áreas como pastagem, plantio de soja e áreas de

agricultura orgânica, além de áreas de vegetação nativa (Tabela 1.1). Ao todo foram

amostradas 69 localidades, sendo: 14 plantios de soja convencional, 15 pastagens, 16 áreas de

agricultura orgânica (destas, 14 são plantios de hortaliças e dois, AO-15 e AO-16, são plantios

de soja orgânica) e 24 áreas de vegetação nativa. Das 24 áreas de vegetação nativa, optou-se

por coletar nas três fitofisionomias mais comuns, as quais são: sete formações campestres,

oito cerrado stricto sensu e nove formações florestais (Figura 1.1 e 1.2).

Segundo a classificação de Köppen (1948), o clima nessa região é do tipo Aw,

apresentando forte sazonalidade com um verão chuvoso e o inverno seco. As temperaturas

médias mensais podem variar de 22 a 27°C e a precipitação anual média é de 1.500 mm

(Klink & Machado 2005). Todas as localidades estão situadas no bioma Cerrado (para mais

informações sobre a vegetação veja Oliveira-Filho & Ratter 2002).

Protocolo amostral

Em cada uma das localidades foram amostrados três pontos distantes 20 metros entre

si (chamados posteriormente como parcela amostral) (Figura 1.3 - A). Cada parcela amostral

era composta por um grid de 12 armadilhas de queda do tipo pitfall, sendo dispostos em três

fileiras com quatro armadilhas cada, e com espaçamento de dois metros entre si (Figura 1.3 -

B). As armadilhas de queda são copos plásticos de 200 ml, preenchidos até 1/3 com água e

19

detergente e ficaram em atividade no campo por 24 horas (Figura 1.3 - C). Ao todo foram

instalados 12 pitfalls por parcela, 36 por localidade e 2.484 nas 69 localidades.

Após a coleta, o conteúdo de cada pitfall foi peneirado (em uma malha fina que

impossibilita a perda de pequenos invertebrados) e armazenado em um recipiente com álcool

92,8%, até ser finalmente triado. Todos os 12 pitfalls de cada parcela amostral foram reunidos

em uma única amostra composta, para reduzir o tempo de triagem. Portanto, cada localidade

possui ao todo três subamostras, e cada uma destas foi triada, de modo que para Formicidae

foi realizada uma separação até o nível de espécie ou morfoespécie, sendo os gêneros

separados seguindo a chave de Bolton et al. (2007) e Fernández (2003).

Para diminuir a possível influência do clima sobre a amostragem, as coletas foram

realizadas apenas em dias sem a previsão de chuvas. Além disso, de duas a três localidades

eram amostradas ao mesmo tempo (Tabela 1.1), diluindo possíveis efeitos climáticos entre as

diferentes categorias analisadas.

Análise dos dados

A riqueza de espécies de formigas foi comparada entre ambientes de vegetação nativa

e os diferentes sistemas agrícolas visando estimar a perda potencial de espécies devido à

conversão de áreas nativas em sistemas agrícolas. Curvas de acúmulo de espécies e a

estimativa de riqueza utilizando Jack 1 e Chao 2 foram calculadas para saber quanto do total

esperado de espécies de formigas foi amostrado e se a riqueza por tipo de habitat é diferente

entre os sistemas. Para todas essas análises foi utilizado o programa EstimateS 9.1.0 (Colwell

2013). Para saber se mudanças no uso da terra afetou de forma significativa a riqueza de

formigas na localidade (diversidade alfa) foi utilizada uma Anova com teste a posteriore de

Tukey (Gotelli & Ellison 2011), sendo o fator habitat dividido em área de vegetação nativa,

pastagem, soja ou agricultura orgânica.

20

Para todas as análises de composição de espécies entre os habitats, foi utilizada uma

matriz de presença e ausência por localidade (264 espécies x 69 localidades). A primeira

análise a ser utilizada foi uma PERMANOVA, com 999 permutações, usando a função adonis

do pacote vegan (Oksanen et al. 2015) no programa R (R Development Core Team, 2008).

Esta foi utilizada por ser a análise mais robusta para dados não balanceados (Anderson &

Walsh 2013). Porém, como a análise de PERMANOVA não é capaz de definir quais habitats

são diferentes entre si, foi realizada uma ordenação de NMDS (Non-metric multidimensional

scaling) (Anderson 2001), utilizando a função metaMDS do pacote vegan (Oksanen et al.

2015), agrupando os pontos de coleta por suas similaridades. E, por fim, foi utilizada a análise

de Valores Indicativos (IndVal) de Dufrene e Legendre (1997), que mostra quais espécies

estão associadas e são indicativas de um determinado habitat com um valor de significância.

Para esta última análise foi utilizada a função indval do pacote labdsv (Roberts 2016).

Além da diferença na ocorrência de espécies, foi realizada uma análise por grupo

funcional, adaptando a classificação proposta por Frizzo et al. (2012) e Brandão et al. (2012).

As espécies foram classificadas em: (1) Arborícola, espécies que nidificam estritamente na

vegetação arbórea e arbustiva; (2) Attini, tribo que inclui todas as formigas que cultivam

fungo; (3) Camponotini, tribo que inclui todas as espécies do gênero Camponotus; (4)

Correição, grupo que contempla os gêneros Labidus, Neivamyrmex, Eciton e Nomamyrmex;

(5) Especialista, grupo que contempla gêneros e algumas espécies com baixa frequência de

ocorrência, geralmente apresentando aspectos ecológicos e/ou morfológicos incomuns (por

ex: alimentar-se principalmente de sementes, possuir olhos muito grandes ou a ausência dos

mesmos); (6) Generalista, grupo que contempla espécies com grande plasticidade ecológica e

onívoras, sendo composto pela maioria das espécies do gênero Pheidole, Solenopsis,

Brachymyrmex, além de espécies exóticas; (7) Generalista dominante, grupo composto por

três espécies onívoras (Pheidole gertrudae (Forel, 1886), Pheidole sp.01 e Solenopsis

21

saevissima (Smith, F., 1855)), que possuem a característica, devido ao grande recrutamento

de indivíduos, de monopolizar o recurso encontrado frente aos demais competidores; (8)

Oportunista, espécies do gênero Dorymyrmex e Linepthema, que forrageiam nos períodos

mais quentes e que geralemente não monopolizam a fonte de alimento diante de

competidores; (9) Predador grande, grupo que contempla a maioria das Ponerinaes e o gênero

Ectatomma (para mais informações e a lista da classificação das espécies veja o Anexo I).

Após a classificação, foi avaliada qual a frequência de ocorrência de cada um dos

grupos funcionais nos diferentes tipos de habitats. Para isso foi realizado um ánalise de

modelos lineares generalizados, utilizando a função glm do R (R Development Core Team

2008). Nesta análise foi utilizado o número de registros por localidade, ou seja, foi

contabilizado em quantas parcelas cada espécies foi registrada dentro de cada localidade.

Para avaliar se a riqueza de espécies de formigas é mais dependente da riqueza alfa ou

beta, foi empregada uma análise de partição aditiva da diversidade em três níveis

hierárquicos: parcela amostral, localidade e tipo de habitat. A soma da diversidade alfa

(número médio de espécies na parcela amostral) mais cada um dos componentes da

diversidade beta (número de espécies diferentes entre as localidades e tipos de habitats) deve

ser igual à diversidade total de espécies de formigas coletada (ou seja, 264). Com a intenção

avaliar se existe algum fator influenciando a diversidade de formigas, ou seja, alterando os

valores de diversidade alfa e beta de forma significativamente diferente do que seria esperado

ao acaso, foi criado um modelo nulo. Este modelo nulo foi feito atráves de 2.000

aleatorizações dos dados obtidos em campo, e a partir destas aleatorização é gerado um

padrão que definimos como sendo ao acaso. Após esta etapa, comparamos o padrão

encontrado em campo, com o padrão considerado ao acaso, caso a probabilidade do padrão

encontrado em campo seja menor do que 5% de chance de ter ocorrido devido ao acaso,

consideramos este padrão como significativamente diferente, sendo este influenciado por

22

algum fator (Veech et al. 2002). Para esse tipo de análise foi utilizada a função adipart, do

pacote vegan (Oksanen et al. 2015).

Adicionalmente, diversidade beta (β) foi decomposta em dois componentes que são

processos ecológicos distintos: aninhamento (βnes) e troca de espécies (βsim) (Baselga et al.

2010). Simplificadamente, a diversidade β foi calculada par a par entre as localidades com

índice de Sorensen (βsor) e Simpson (βsim). βsor é calculado levando-se em consideração a

identidade das espécies e absorve a informação tanto da troca (turnover) como do

aninhamento das espécies. βsim é calculado a partir da probabilidade de se capturar

determinada espécie em função do total de espécies (independente da identidade delas),

calculando apenas a troca de espécies. Por isso, a diferença entre os índices calculados

fornece o valor de diversidade beta devido ao aninhamento: βnes = βsor - βsim (Baselga et al.

2010).

Para essa análise foi utilizada a função beta.multi do pacote betapart (Baselga et al.

2015). Visando detectar diferenças entre agrossistemas e a vegetação nativa, foram feitas

comparações entre os valores de βsor, depois entre os de βsim e, por fim, entre os de βnes,

através de um teste-t. A mesma comparação foi realizada entre os habitats (soja, pastagem,

agricultura orgânica, campo, cerrado e mata), mas utilizando o teste não paramétrico de

Kruskall-Wallis com um teste a posteriori usando a função posthoc.kruskal.nemenyi.test do

pacote PMCMR (Pohlert 2016). Nesse teste de Kruskall-Wallis, os valores iguais dentro do

banco de dados foram ranqueados aleatoriamente para evitar nós (ties) na análise. Em

seguida, por meio da análise de Mantel (com o pacote vegan), entre a matriz de

dissimilaridade gerada pela função beta.multi e uma matriz de distância entre as localidades,

foi avaliada se a distância entre os pontos afeta a troca de espécies. Nos casos em que o

resultado foi significativo, foi realizado uma correlação de Pearson para determinar a direção

e a força da correlação.

23

Tabela 1.1. Localidades amostradas no Distrito Federal com suas respectivas coordenadas, data de coleta e

altitude em metros. Os termos entre parênteses referem-se à fitofisionomia nas áreas de vegetação nativa, sendo

que “Campo” é referente a formações campestres, “Cerrado” a áreas de cerrado stricto sensu e “Mata” referente

a formações florestais.

Sistema Localidade Latitude Longitude Data Altitude

Agricultura orgânica AO-01 S 15° 58' 10.6'' W 047° 29' 41.8'' 03/04/2013 890

Agricultura orgânica AO-02 S 15° 45' 44.2'' W 047° 38' 30.5'' 03/04/2013 948

Agricultura orgânica AO-03 S 15° 33' 55.6'' W 048° 01' 50.8'' 29/04/2013 1250

Agricultura orgânica AO-04 S 15° 49' 30.1'' W 048° 15' 07.2'' 07/05/2013 1.086

Agricultura orgânica AO-05 S 15° 56' 32.9'' W 048° 08' 24.9'' 07/05/2013 989

Agricultura orgânica AO-06 S 15° 49' 42.7'' W 048° 04' 16.4'' 11/05/2013 1.153

Agricultura orgânica AO-07 S 15° 38' 40.0'' W 048° 09' 58.5'' 11/05/2013 1.134

Agricultura orgânica AO-08 S 15° 56' 06.8'' W 047° 56' 14.8'' 14/05/2013 1.045

Agricultura orgânica AO-09 S 16° 00' 49.7'' W 047° 44' 45.8'' 23/05/2013 1.018

Agricultura orgânica AO-10 S 15° 58' 14.7'' W 047° 53' 27.9'' 23/05/2013 1.125

Agricultura orgânica AO-11 S 15°39'07.1" W 048°06'30.0" 07/04/2014 1.209

Agricultura orgânica AO-12 S 15°55'36.5" W 047°46'02.5" 12/05/2014 923

Agricultura orgânica AO-13 S 15°39'02.0" W 048°12'03.3" 15/05/2014 1.105

Agricultura orgânica AO-14 S 15°36'44.5" W 048°04'42.7" 19/05/2014 1.257

Agricultura orgânica AO-15 S 15° 57' 55.3'' W 047° 30' 08.0'' 14/03/2013 895

Agricultura orgânica AO-16 S 15° 40' 03.8'' W 048° 10' 00.5'' 19/03/2013 1.219

Pastagem P-01 S 15° 42' 00.9'' W 047° 55' 02.9'' 11/03/2013 1.053

Pastagem P-02 S 15° 58' 27.9'' W 047° 29' 50.1'' 03/04/2013 879

Pastagem P-03 S 15° 35' 51.5'' W 047° 43' 20.2'' 17/04/2013 1.002

Pastagem P-04 S 15° 35' 59.3'' W 047° 36' 32.6'' 17/04/2013 1046

Pastagem P-05 S 15° 33' 53.7'' W 047° 31' 16.8'' 17/04/2013 1.102

Pastagem P-06 S 15° 47' 45.6'' W 047° 38' 59.5'' 22/04/2013 1031

Pastagem P-07 S 15° 52' 58.4'' W 047° 34' 55.1'' 22/04/2013 1.001

Pastagem P-08 S 15° 56' 28.0'' W 047° 54' 52.8'' 14/05/2013 1.010

Pastagem P-09 S 15° 57' 05.1'' W 048° 08' 17.1'' 20/05/2013 987

Pastagem P-10 S 15° 49' 37.9'' W 048° 14' 56.6'' 20/05/2013 1.104

Pastagem P-11 S 15° 39' 06.4" W 048 °06' 09.1" 07/04/2014 1.196

Pastagem P-12 S 15° 55' 17.3" W 048° 02' 04.4" 23/04/2014 1.213

Pastagem P-13 S 15° 39' 16.1" W 047° 42' 10.6'' 01/05/2014 967

Pastagem P-14 S 15° 55' 42.0" W 047° 44' 50.1" 12/05/2014 959

Pastagem P-15 S 15° 36' 32.0" W 048° 09' 48.5" 15/05/2014 1.254

Plantação de soja S-01 S 15° 34' 26.0'' W 047° 32' 48.6'' 07/02/2013 1.159

Plantação de soja S-02 S 15° 40' 52.0'' W 047° 20' 46.4'' 10/02/2013 928

Plantação de soja S-03 S 15° 42' 25.8'' W 047° 27' 38.6'' 10/02/2013 998

Plantação de soja S-04 S 15° 43' 06.9'' W 047° 35' 24.8'' 10/02/2013 1.175

Plantação de soja S-05 S 15° 58' 32.8'' W 047° 34' 33.2'' 14/02/2013 1.041

Plantação de soja S-06 S 15° 58' 10.6'' W 047° 51' 39.3'' 22/02/2013 1.098

Plantação de soja S-07 S 15° 47' 18.5'' W 047° 38' 21.6'' 14/02/2013 1.002

Plantação de soja S-08 S 15° 46' 37.8'' W 047° 23' 17.8'' 26/02/2013 946

Plantação de soja S-09 S 15° 55' 13.2'' W 047° 22' 57.9'' 01/03/2013 879

Continua...

24

Sistema Localidade Latitude Longitude Data Altitude

Plantação de soja S-10 S 16° 00' 37.6'' W 047° 27' 36.3'' 01/03/2013 984

Plantação de soja S-11 S 15° 46' 40.2" W 047° 33' 55.9" 03/02/2014 946

Plantação de soja S-12 S 15° 47' 58.1" W 047° 32' 54.5" 03/02/2014 988

Plantação de soja S-13 S 15° 36' 28.3" W 047° 44' 38.7" 14/04/2014 1.121

Plantação de soja S-14 S 15° 54' 48.1" W 048° 02' 20.7" 23/04/2014 1.226

Vegetação nativa (Campo) VN-01 S 15° 58' 35.0'' W 047° 56' 55.9'' 02/05/2013 1.174

Vegetação nativa (Mata) VN-02 S 15° 55' 53.7'' W 047° 54' 09.9'' 02/05/2013 1.062

Vegetação nativa (Cerrado) VN-03 S 15° 57' 55.9'' W 047° 55' 41.7'' 02/05/2013 1.153

Vegetação nativa (Cerrado) VN-04 S 15° 43' 49.4'' W 047° 57' 41.6'' 29/05/2013 1.108

Vegetação nativa (Mata) VN-05 S 15° 43' 59.6'' W 048° 00' 53.8'' 29/05/2013 1.101

Vegetação nativa (Campo) VN-06 S 15° 39' 37.2'' W 047° 58' 33.9'' 05/06/2013 1.112

Vegetação nativa (Cerrado) VN-07 S 15° 38' 24.1'' W 048° 01' 32.5'' 05/06/2013 1.238

Vegetação nativa (Campo) VN-08 S 15° 32' 15.4'' W 047° 36' 45.6'' 10/06/2013 1.038

Vegetação nativa (Cerrado) VN-09 S 15° 35' 01.1'' W 047° 36' 51.2'' 10/06/2013 1.041

Vegetação nativa (Mata) VN-10 S 15° 34' 40.3'' W 047° 41' 55.7'' 10/06/2013 982

Vegetação nativa (Campo) VN-11 S 15° 56' 46.1'' W 048° 09' 11.4'' 13/06/2013 1.070

Vegetação nativa (Mata) VN-12 S 15° 56' 35.1'' W 048° 08' 25.6'' 13/06/2013 984

Vegetação nativa (Mata) VN-13 S 15° 53' 15.2" W 047° 50' 28.7" 12/02/2014 1088

Vegetação nativa (Campo) VN-14 S 15° 52' 37.3" W 047° 49' 31.9" 12/02/2014 1104

Vegetação nativa (Cerrado) VN-15 S 15° 53' 11.1" W 047° 49' 37.4" 12/02/2014 1125

Vegetação nativa (Cerrado) VN-16 S 15° 55' 40.5" W 048° 01' 38.1" 17/03/2014 1185

Vegetação nativa (Mata) VN-17 S 15° 54' 24.1" W 048° 00' 40.3" 17/03/2014 1036

Vegetação nativa (Campo) VN-18 S 15° 36' 18.1" W 047° 44' 58.5" 14/04/2014 1153

Vegetação nativa (Cerrado) VN-19 S 15° 36' 38.4" W 047° 43' 43.4" 17/04/2014 1065

Vegetação nativa (Mata) VN-20 S 15° 36' 28.6" W 047° 42' 49.4" 17/04/2014 1000

Vegetação nativa (Campo) VN-21 S 15° 39' 11.0" W 047° 42' 48.2" 28/04/2014 962

Vegetação nativa (Cerrado) VN-22 S 15° 39' 43.8" W 047° 42' 22.4" 28/04/2014 955

Vegetação nativa (Mata) VN-23 S 15° 39' 33.0" W 047° 41' 18.1" 01/05/2014 929

Vegetação nativa (Mata) VN-24 S 15° 33' 49.7'' W 047° 32' 25.4'' 07/02/2013 1.149

25

Figura 1.1. Mapa das 69 localidades amostradas dentro do Distrito Federal no ano de 2013 e 2014.

26

Figura 1.2. Fotografia das áreas de coleta no Distrito Federal no ano de 2013 e 2014. A) Área de agricultura

orgânica. B) Área de pastagem. C) Área de plantio de soja. Fotografias das áreas de vegetação nativa: D) área de

formação campestre, E) área de cerrado stricto sensu e F) área de formação florestal.

27

Figura 1.3. Metodologia empregada para a coleta de formigas. A) Distribuição das parcelas amostrais em cada

localidade. B) Distribuição dos pitfalls em cada parcela amostral. C) Fotografia de um pitfall no campo.

28

Resultados

Foram coletadas ao todo 264 espécies, o que representa de 74% a 78% das espécies

estimadas na superfície do solo para a região do Distrito Federal, utilizando os estimadores de

diversidade Jack 1 (342 espécies) e Chao 2 (354 espécies). Registrou-se 3.965 ocorrências de

formigas, sendo estas distribuídas em 58 gêneros e oito subfamílias (Anexo II). Myrmicinae

foi a subfamília que apresentou maior riqueza, com 151 espécies de formigas, e o gênero

Pheidole o mais diverso, com 41 espécies e mais três complexos de espécies (ocorrendo em

98% das localidades). A subfamília Formicinae foi a segunda mais diversa, com 48 espécies,

e que apresenta o segundo gênero mais diverso, Camponotus, com 29 espécies. Os gêneros

Solenopsis, Crematogaster, Brachymyrmex e Trachymyrmex também se destacam por ter

entre 17 e 10 espécies, todos pertencentes à subfamília Myrmicinae, com exceção de

Brachymyrmex, da subfamília Formicinae.

Comparando a diversidade rarefeita de formigas, entre a vegetação nativa e sistemas

de produção agropecuários, nota-se que há uma queda na riqueza de formigas de 39% para

pastagens, 44% para áreas de agricultura orgânica e 83% em áreas de monocultura de soja

(Figura 1.4). Esses valores são semelhantes quando utilizado o estimador de riqueza Jack 1,

de 40% para pastagem, 47% para áreas de agricultura orgânica e 82% para o cultivo de soja

(Figura 1.5).

A análise da riqueza local, que corresponde ao número médio de espécies coletadas

em cada uma das 69 localidades, também revela que há uma diferença entre as áreas de

vegetação nativa e os sistemas agrícolas. As áreas de soja são significativamente mais pobres

em espécies do que os sistemas orgânicos e pastagens (F3,65=66,96 p<0,001), que apresentam

o mesmo número de espécies entre si (Figura 1.6). Já as áreas de vegetação nativa são mais

ricas em espécies do que todas as áreas manejadas.

29

Por fim, detectamos que tanto a riqueza como a composição de espécies nas áreas de

vegetação nativa são influenciadas pela ocorrência de espécies únicas e raras (Figura 1.7, 1.8

e 1.9). Consideramos como espécies raras aquelas que ocorreram apenas uma vez em um

determinado tipo de sistema agrícola ou fitofisionomia nativa, e como espécies únicas aquelas

que ocorreram apenas uma vez em todo o estudo. As espécies raras e únicas corresponderam a

aproximadamente 30% das espécies que ocorrem tanto em agrossistemas como em áreas de

vegetação nativa (Figura 1.7). Porém as áreas de vegetação nativa apresentam

proporcionalmente muito mais espécies raras e únicas que os sistemas agrícolas (Figura 1.8).

É interessante notar também que, foram amostradas espécies com alta frequência de

ocorrência, capazes de sobreviver tanto em áreas de vegetação nativa, como nos

agrossistemas, mas há medida que as espécies diminuem em frequência elas demonstram uma

preferencia ou exclusividade por determinado tipo de habitat (figura 1.9).

A análise PERMANOVA indica que há uma diferença significativa na composição de

espécies (F3,68=10,697 p<0,001). A ordenação (Figura 1.10) mostra que, além da riqueza, há

também diferenças entre a composição de espécies dos sistemas de vegetação nativa e a dos

sistemas agropecuários. Fica, então, visível um gradiente de mudança, na qual monocultura de

soja e formações florestais são comunidades singulares (diferentes de todas aos outras). Além

destes, mais dois grupos se formam, cerrado e campo, duas fitofisionomias naturais muito

mais similares entre si do que entre as áreas de mata. Pastagem e áreas de agricultura orgânica

também possuem uma comunidade relativamente similar.

Uma segunda evidência da alteração no padrão de distribuição e abundância das

espécies está nos resultados obtidos na análise com o Indval, que detectou 91 espécies com

valores de indicação significativos, variando de 1% até 75% (Tabela 1.2). Por exemplo:

Pheidole sp.04 tem 59% de chance de ocorrer em uma área de monocultura de soja, Pheidole

sp.35 tem 61% de chance de ocorrer em áreas de agricultura orgânica e Dorymyrmex cf.

30

brunneus (Forel, 1908) tem 46% de chance de ocorrer em pastagens. É importante notar

também que o número de espécies indicadoras é quase três vezes e meia maior nas

fitofisionomias nativas comparativamente às áreas agrícolas.

Fica evidente também que os grupos funcionais são afetados pela conversão de áreas

nativas em sistemas agrícolas ou pelo tipo de uso da terra (Figura 1.11). Dos diversos grupos

funcionais, Correição foi o único grupo que não mostrou diferença significativa de ocorrência

entre os diferentes tipos de habitats, porém este é um grupo nômade e relativamente raro. O

grupo das Generalistas Dominantes foi o único grupo que aumentou em número de registros

nas áreas de agricultura orgânica e pastagem, comparativamente às áreas de vegetação nativa.

Para todos os demais grupos, as áreas de vegetação nativa possuem significativamente mais

registros que os sistemas agrícolas, com exceção das Generalistas e Oportunistas.

Realizando a análise de partição aditiva de diversidade (Figura 1.12) com todos os

sistemas e fitofisionomias hierarquizados, observou-se que a riqueza alfa (α1) é maior que o

esperado (5,8%). Já a troca de espécies entre as parcelas de cada localidade é 29% menor do

que o esperado, assim como a troca de espécies entre localidades dentro do mesmo sistema ou

fitofisionomia (14% menor que o esperado). A troca de espécies entre os diferentes sistemas e

fitofisionomias (β3) passa, então, a ter a maior importância para o padrão de diversidade

encontrado, sendo 15,9% maior que o esperado ao acaso.

Análises de partição aditiva da diversidade também foram feitas em separado para

cada sistema ou fitofisionomia (Anexo III). Entretanto, independentemente do sistema ou

fitofisionomia, os padrões de partição aditiva da diversidade são semelhantes entre si. Todos

foram diferentes do esperado ao acaso, de modo que, quando se analisa cada sistema ou

fitofisionomia em separado, a diversidade alfa (riqueza dentro de cada parcela) é em torno de

2,3% mais alta que o esperado. Já a diversidade beta1, ou troca de espécie entre as parcelas de

31

pitfalls dentro de cada localidade, é 4,1% menor que o esperado, mostrando homogeneidade

nesta escala. Enquanto a troca de espécies entre localidades é 4,1% maior que o esperado.

Por outro lado, a diversidade beta (βsor) pode estar agrupando dois processos

distintos: a troca de espécies (turnover) e/ou o aninhamento (perda de espécies). A análise de

diversidade multiplicativa separou estes dois fatores e demostra que a maior parte da

diversidade é devida à troca de espécies (βsim), tendo pouca influência do aninhamento

(βnes) (Figura 1.13). Porém, o aninhamento para os agrossistemas é o triplo do encontrado em

áreas nativas, o que demonstra maior homogeneização nas áreas agrícolas. Além disso, a

análise de Mantel entre o nível de dissimilaridade e a distância entre os pontos, demonstra que

apenas para os agrossistemas quanto maior a distância maior a troca de espécies (Figura 1.14).

32

Figura 1.4. Número acumulado de espécies de formigas por localidades amostradas com o respectivo desvio

padrão baseadas em coletadas realizadas em 2013 e 2014 no Distrito Federal com pitfall.

Figura 1.5. Número estimado de espécies de formigas por número de localidades amostradas utilizando o

estimador Jack 1 com o respectivo desvio padrão baseado em coletas realizadas em 2013 e 2014 no Distrito

Federal com pitfall.

0

50

100

150

200

250

0 5 10 15 20 25

Núm

ero

de e

spécie

s o

bserv

ado

Número de localidades amostradas

Vegetação nativa

Monocultura de soja

Agricultura orgânica

Pastagem

0

50

100

150

200

250

300

350

0 5 10 15 20 25

Núm

ero

de e

spécie

s e

stim

ado

Número de localidades amostradas

Vegetação nativa

Monocultura de soja

Agricultura orgânica

Pastagem

33

Figura 1.6. Número médio de espécies de formigas por localidade, coletados no Distrito Federal em 2013 e 2014

com pitfall nos diferentes tipos de habitat. As barras representam o desvio padrão e as letras diferentes

significam diferenças significativas (p<0,05).

Figura 1.7. Ocorrência de espécies comuns, raras e únicas coletadas no Distrito Federal em 2013 e 2014 com

armadilhas de queda (pitfall) nos diferentes tipos de habitat. Acima das barras e entre parênteses esta o número

de localidades amostradas. Em branco são as espécies consideradas comuns, ou seja, que ocorreram mais de uma

vez dentro do habitat. Em cinza claro, as espécies raras, que ocorreram uma única vez no habitat, mas ocorrem

em outros habitats. Em cinza escuro, espécies que ocorreram uma única vez em todo o estudo.

0

10

20

30

40

50

60

Monocultura desoja

Agriculturaorgânica

Pastagem Vegetaçãonativa

médio

de e

spécie

s p

or

localid

ades

0

50

100

150

200

250

300

Núm

ero

de e

spécie

s

Espécies únicas

Espécies raras

Espécies comuns

(16) (15)

(14)

(7) (8) (9)

(45)

(24)

(69)

a

b b

c

c

c

34

Figura 1.8. Frequência de ocorrência das espécies coletadas no Distrito Federal em 2013 e 2014 com armadilhas

de queda (pitfall) nos diferentes tipos de habitat. As espécies foram ordenadas de forma decrescente, de acordo

com a sua frequência de ocorrência nas 69 localidades amostradas.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 50 100 150 200 250

Fre

quência

de o

corr

ência

Número de espécies amostradas

Agricultura orgânica

Pastagem

Soja

Vegetação nativa

35

Figura 1.9. Ocorrência das espécies em cada um dos sistemas amostrados com armadilha de queda no solo

(pitfall) no ano de 2013 e 2014 no Distrito Federal. Para a comparação entre sistemas, foi realizada uma

correção, transformando o número de ocorrência em porcentagem. A ocorrência em cada sistema corresponde a

100%, a soma dos seis sistemas corresponde a 600%.

0% 100%

Monomorium floricola

Myrmicocrypta camargoi

Neivamyrmex sp.06

Oxyepoecus sp.03

Pheidole sp.39

Pheidole sp.40

Solenopsis sp.12

Solenopsis sp.16 gr. molesta

Strumygenys sp.04

Wasmannia sp.03

Acropyga sp.03

Megalomyrmex silvestrii

Neivamyrmex sp.07

Pheidole sp.27

Pheidole sp.47

Trachymyrmex sp.10

Typhlomyrmex pusillus

Gnamptogenys acuminata

Basiceros sp.01

Brachymyrmex pilipes

Brachymyrmex sp.02

Camponotus sp.26

Camponotus sp.28

Camponotus sp.30

Camponotus sp.32

Camponotus sp.34

Centromyrmex gigas

Cephalotes maculatus

Crematogaster sp.04

Crematogaster sp.08

Crematogaster sp.14

Cyphomyrmex sp.09 gr. strigatus

Dolichoderus bispinosus

Gnamptogenys sp.06

Heteroponera dolo

Linepithema iniquum

Megalomyrmex sp.02

Myrmicocrypta sp.03

Odontomachus sp.05

Pheidole sp.44

Pheidole sp.46

Prionopelta sp.02

Sericomyrmex sp.01

Solenopsis sp.14

Solenopsis sp.15

Strumygenys sp.05

Azteca sp.01

Blepharidatta conops

Camponotus sp.35

Centromyrmex brachycola

Cephalotes atratus

Crematogaster sp.02

Crematogaster sp.10

Cyatta abscondita

Eciton vagans

Gnamptogenys cf. bruchi

Hylomyrma sp.03

Oxyepoecus cf. vezenyii

Pachycondyla sp.03

Pheidole sp.36

Pseudomyrmex gracilis

Rogeria sp.02

Solenopsis sp.11

Strumygenys sp.07

Cardiocondyla sp.01

Gnamptogenys cf. rastrata

Trachymyrmex sp.02

Solenopsis cf. loretana

Acanthosticus brevicornis

Brachymyrmex sp.09

Camponotus bonarensis

Camponotus sp.44

Crematogaster sp.13

Cyphomyrmex sp.10 gr. strigatus

Dinoponera australis

Ectatomma planidens

Ectatomma tuberculatum

Mycetarotes cf. parallelus

Mycetarotes sp.02

Neivamyrmex pseudops

Neivamyrmex sp.05

Nomamyrmex esenbeckii wilsoni

Pheidole sp.48

Sericomyrmex sp.02

Solenopsis sp.18

Trachymyrmex sp.04

Neivamyrmex sp.04

Carebara urichi

Agr. orgânica

Pastagem

Soja

Campo

Cerrado

Mata

0% 100%

Labidus mars

Pseudomyrmex cf. phyllophilus

Camponotus arboreus

Pheidole gr. fimbriata

Hypoponera sp.04

Dorymyrmex sp.05

Oxyepoecus sp.02

Dorymyrmex cf. bituber

Hypoponera sp.05

Trachymyrmex sp.08

Neoponera marginata

Pheidole sp.18

Prionopelta punctulata

Acromyrmex sp.02

Acropyga sp.02

Brachymyrmex cf. delabiei

Camponotus bidens

Camponotus sp.27

Camponotus sp.45

Gnamptogenys sp.03

Linepithema sp.05

Octostruma sp.01

Pheidole sp.06

Pheidole sp.21

Pheidole sp.25

Camponotus sp.17

Mycocepurus sp.04

Hypoponera sp.03

Nylanderia sp.03

Tetramorium cf. similum

Pheidole sp.41

Cephalotes betoi

Neivamyrmex sp.02

Trachymyrmex sp.06

Trachymyrmex sp.07

Trachymyrmex sp.09

Pheidole sp.17

Brachymyrmex sp.04

Brachymyrmex sp.05

Solenopsis globularia

Pheidole sp.29

Crematogaster sp.11

Brachymyrmex sp.07

Hylomyrma sp.02

Pheidole sp.38

Pheidole sp.45

Solenopsis sp.13

Strumygenys sp.03

Strumygenys sp.06

Tapinoma sp.02

Pheidole sp.50

Pseudomyrmex tenuis

Solenopsis sp.08

Acromyrmex cf. balzani

Solenopsis sp.17 gr. wasmannii

Azteca sp.02

Brachymyrmex sp.10

Crematogaster sp.03

Rasopone sp.01

Camponotus sericeiventris

Camponotus sp.29

Hypoponera sp.07

Acropyga sp.01

Cyphomyrmex sp.06 gr. rimosus

Forelius sp.02

Brachymyrmex sp.08

Ochetomyrmex semipolitus

Trachymyrmex sp.01

Cephalotes pusillus

Neivamyrmex sp.01

Pheidole sp.07

Crematogaster limata

Hypoponera cf. foreli

Nylanderia sp.04

Pheidole sp.16

Apterostigma sp.02

Carebara brevipilosa

Ectatomma opaciventris

Camponotus leydigi

Forelius sp.01

Strumygenys sp.01

Hypoponera sp.08

Acromyrmex sp.03

Strumygenys sp.02

Anochetus inermis

Mycocepurus obsoletus

Pheidole sp.31

Rogeria sp.01

0% 200% 400% 600%

Hypoponera sp.06

Camponotus lespesii

Pheidole sp.08

Pheidole sp.33

Wasmannia sp.02

Mycocepurus sp.03

Crematogaster sp.01

Cyphomyrmex sp.05 gr. rimosus

Pheidole sp.28

Myrmicocrypta sp.01

Pheidole sp.49

Solenopsis sp.03

Crematogaster sp.05

Trachymyrmex sp.05

Pheidole sp.02

Cyphomyrmex lectus

Camponotus renggeri

Labidus praedator

Pheidole sp.10

Dorymyrmex sp.01

Cyphomyrmex sp.04 gr. rimosus

Labidus coecus

Odontomachus laticeps

Camponotus substitutus

Trachymyrmex sp.03

Odontomachus bauri

Acromyrmex sp.01

Pheidole sp.26

Pheidole sp.35

Solenopsis tridens

Pheidole sp.05

Apterostigma sp.01

Linepithema cf. humile

Pseudomyrmex pallidus

Pheidole sp.09

Camponotus atriceps

Dorymyrmex cf. jheringi

Pheidole sp.42

Pachycondyla striata

Linepithema cf. gallardoi

Pheidole sp.04

Pheidole sp.24

Ectatomma permagnum

Camponotus personatus

Ectatomma edentatum

Cardiocondyla emeryi

Camponotus novagrandensis

Pheidole sp.23

Linepithema cf. neotropicum

Atta sp.01

Ectatomma brunneum

Crematogaster sp.06

Pogonomyrmex naegile

Solenopsis sp.04 pr. loretana

Odontomachus chelifer

Pheidole sp.19

Linepithema micans

Pheidole sp20

Cyphomyrmex rimosus

Gnamptogenys sp.01

Pseudomyrmex termitarius

Gnamptogenys sulcata

Camponotus rufipes

Mycocepurus goeldii

Camponotus gr. blandus

Camponotus sp.18

Camponotus cingulatus

Pheidole sp.11

Dorymyrmex cf. brunneus

Solenopsis saevissima

Pachycondyla harpax

Hypoponera sp.01

Camponotus sp.16

Nylanderia sp.01

Wasmannia auropunctata

Camponotus gr. senex

Linepithema cf. cerradense

Brachymyrmex sp.01

Solenopsis sp.02

Neoponera verenae

Camponotus sp.12

Pheidole gertrudae

Pheidole sp.03

Pheidole sp.22

Brachymyrmex sp.03

Pheidole sp.13

Solenopsis sp.01

Pheidole sp.01

36

Figura 1.10. Escalonamento multidimensional não métrico (NMDS) baseado na matriz de presença e ausência

que aproxima as localidades com a composição de formigas mais similares entre si. Baseado em coletas

realizadas em 2013 e 2014 no Distrito Federal com armadilhas de queda (pitfall).

37

Figura 1.11. Número médio de registro por localidade de formigas pertencentes a diferentes grupos funcionais,

coletadas em 2013 e 2014 no Distrito Federal com armadilhas de queda (pitfall). Para mais informação sobre as

espécies e características dos grupos funcionais veja o Anexo I. Letras diferentes indicam diferenças

significativas entre os habitats e barras o desvio padrão.

0

5

10

15

20

25

30

35N

úm

ero

médio

de r

egis

tro p

or

localid

ade

Soja

Agri. org.

Pastagem

Veg. nativa

a a a

b

a

b b c

a

b b

c

a a a a a

b b

c

a

b b b

a

b b

c

a

b b b

a a

b

c

38

Figura 1.12. Análise de partição aditiva de diversidade de formigas no Distrito Federal. α1 é o número médio de

espécies nas parcelas. β1 é a troca de espécies entre parcelas dentro da mesma localidade. β2 é a troca de

espécies entre localidades pertencentes ao mesmo tipo de agrossistema ou fitofisionomia. β3 é a troca de

espécies entre os diferentes tipos de agrossistemas e fitofisionomias. Para todos os valores observados a

diferença foi significativa (p<0,001) em comparação ao modelo esperado.

0

50

100

150

200

250

300

Observado Esperado

Núm

ero

de e

spécie

s

β3

β2

β1

α1

39

Figura 1.13. Valores da diversidade β baseados em dados de presença e ausência de espécies de formigas

coletadas por armadilha de queda (pitfall) em 2013 e 2014 no Distrito Federal. βsor representa a soma de βsim

(troca de espécies, ou seja, turnover) e βnes (aninhamento). Letras representam diferenças significativas. Para as

categorias Agrossistemas e Vegetação nativa foi feito um teste t com os valores das comparações par a par

obtida nas diferentes matrizes. Para as demais categorias foi realizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis.

40

Figura 1.14. Relação entre a dissimilaridade da fauna de formiga (βsor, βsim e βnes) e a relação com a distância

entre as localidades da Vegetação nativa e dos Agrossistemas. A Correlação de Pearson (r) e a significância

computada usando análise de Mantel estão dispostas dentro dos gráficos. Os pontos correspondem aos valores de

comparação par a par entre as localidades amostradas em 2013 e 2014 com armadilhas de queda (pitfall) no

Distrito Federal.

Dis

sim

ilari

da

de (

βsor)

Dis

sim

ilari

da

de (

βsor)

Dis

sim

ilari

da

de (

βsim

)

Dis

sim

ilari

da

de (

βsim

)

Dis

sim

ilari

da

de (

βn

es)

Dis

sim

ilari

da

de (

βn

es)

41

Tabela 1.2. Espécies de formigas e seus respectivos valores de indicação para diferentes tipos de habitats. Os

dados foram obtidos a partir de armadilhas de queda (pitfall) nos anos de 2013 e 2014 no Distrito Federal. Todas

as espécies e índices abaixo foram obtidos de resultados significativos. Habitats: AO = agricultura orgânica e

Past= pastagem. Cores brancas, amarelas e verdes indicam um gradiente de baixo a alto valor de indicação.

Espécie Soja AO Past Campo Cerrado Mata Valor p

Pheidole sp.04 0,59 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Pheidole sp.09 0,16 0,22 0,04 0,00 0,00 0,00 0,03

Pheidole sp.35 0,00 0,61 0,06 0,00 0,00 0,01 0,01

Camponotus gr. blandus 0,00 0,44 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00

Solenopsis saevissima 0,00 0,39 0,18 0,09 0,00 0,00 0,00

Solenopsis sp.04 pr. loretana 0,05 0,31 0,19 0,00 0,00 0,00 0,00

Nylanderia sp.01 0,00 0,28 0,08 0,00 0,01 0,08 0,00

Camponotus gr. senex 0,00 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Brachymyrmex sp.01 0,00 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02

Dorymyrmex cf. brunneus 0,01 0,25 0,46 0,01 0,00 0,00 0,00

Solenopsis sp.02 0,00 0,20 0,19 0,02 0,23 0,06 0,04

Pheidole gertrudae 0,00 0,20 0,01 0,00 0,00 0,00 0,04

Pheidole sp.24 0,00 0,18 0,27 0,00 0,00 0,00 0,00

Hypoponera sp.08 0,00 0,11 0,15 0,27 0,15 0,08 0,00

Cardiocondyla emeryi 0,02 0,15 0,41 0,00 0,00 0,00 0,00

Pheidole sp.11 0,04 0,03 0,24 0,10 0,03 0,00 0,04

Pheidole sp.02 0,01 0,04 0,20 0,00 0,02 0,00 0,04

Acromyrmex sp.01 0,00 0,00 0,23 0,12 0,00 0,00 0,01

Solenopsis tridens 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,01

Linepithema cf. gallardoi 0,00 0,00 0,20 0,36 0,01 0,00 0,00

Camponotus novagrandensis 0,00 0,00 0,10 0,28 0,05 0,00 0,00

Pachycondyla striata 0,00 0,02 0,03 0,49 0,04 0,00 0,00

Linepithema cf. neotropicum 0,00 0,06 0,04 0,11 0,22 0,01 0,02

Nylanderia sp.03 0,00 0,05 0,10 0,27 0,28 0,00 0,02

Hypoponera sp.03 0,00 0,05 0,04 0,27 0,36 0,00 0,02

Pheidole sp.29 0,00 0,03 0,07 0,11 0,26 0,15 0,03

Pheidole sp.22 0,00 0,03 0,02 0,10 0,30 0,03 0,03

Cyphomyrmex sp06 gr. rimosus 0,00 0,00 0,00 0,35 0,15 0,00 0,01

Trachymyrmex sp.08 0,00 0,00 0,02 0,32 0,06 0,00 0,05

Pseudomyrmex termitarius 0,00 0,00 0,04 0,31 0,23 0,00 0,01

Solenopsis sp.03 0,00 0,01 0,04 0,26 0,27 0,11 0,00

Cyphomyrmex sp05 gr. rimosus 0,00 0,00 0,03 0,26 0,20 0,00 0,02

Dorymyrmex cf. jheringi 0,00 0,00 0,01 0,23 0,00 0,00 0,01

Myrmicocrypta sp.01 0,00 0,00 0,01 0,23 0,00 0,00 0,05

Acropyga sp.01 0,00 0,00 0,00 0,23 0,18 0,00 0,01

Acromyrmex sp.03 0,00 0,02 0,01 0,21 0,02 0,01 0,00

Trachymyrmex sp.01 0,00 0,00 0,01 0,21 0,16 0,00 0,03

Wasmannia auropunctata 0,00 0,02 0,01 0,20 0,16 0,24 0,04

Gnamptogenys sp.01 0,00 0,00 0,04 0,19 0,00 0,00 0,00

Camponotus sericeiventris 0,00 0,01 0,01 0,18 0,43 0,00 0,01

Continua...

42

Espécie Soja AO Past Campo Cerrado Mata p value

Labidus praedator 0,00 0,01 0,04 0,17 0,03 0,24 0,03

Cyphomyrmex sp04 gr. rimosus 0,00 0,00 0,00 0,17 0,24 0,00 0,04

Brachymyrmex sp.10 0,00 0,00 0,00 0,17 0,23 0,01 0,00

Pseudomyrmex pallidus 0,00 0,00 0,00 0,16 0,35 0,00 0,00

Camponotus personatus 0,00 0,00 0,01 0,07 0,46 0,00 0,03

Camponotus sp.17 0,00 0,00 0,00 0,02 0,75 0,00 0,02

Camponotus substitutus 0,00 0,00 0,00 0,00 0,63 0,00 0,00

Cyphomyrmex lectus 0,00 0,00 0,00 0,00 0,63 0,00 0,03

Pheidole sp.31 0,00 0,00 0,00 0,06 0,60 0,01 0,00

Mycocepurus obsoletus 0,00 0,00 0,00 0,06 0,57 0,01 0,00

Pheidole sp.26 0,00 0,00 0,00 0,06 0,45 0,04 0,00

Odontomachus chelifer 0,00 0,00 0,00 0,00 0,38 0,00 0,01

Pheidole sp.28 0,00 0,01 0,07 0,01 0,35 0,20 0,05

Ectatomma edentatum 0,00 0,00 0,00 0,00 0,26 0,21 0,00

Apterostigma sp.01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,25 0,00 0,03

Rogeria sp.01 0,00 0,01 0,00 0,03 0,24 0,42 0,03

Camponotus sp.29 0,00 0,01 0,01 0,03 0,22 0,00 0,01

Ectatomma brunneum 0,00 0,00 0,06 0,03 0,20 0,00 0,00

Camponotus sp.18 0,00 0,02 0,06 0,00 0,20 0,00 0,01

Camponotus rufipes 0,00 0,03 0,01 0,00 0,01 0,49 0,04

Linepithema cf. cerradense 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,35 0,02

Pogonomyrmex naegile 0,00 0,02 0,01 0,00 0,00 0,41 0,00

Camponotus cingulatus 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,28 0,04

Pachycondyla harpax 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,28 0,00

Acromyrmex cf. balzani 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,28 0,02

Solenopsis sp17 gr. wasmannii 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,28 0,02

Ectatomma permagnum 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,00

Odontomachus laticeps 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,02

Camponotus sp.45 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,03

Pheidole sp.25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,03

Camponotus bidens 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,03

Linepithema sp.05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,04

Acropyga sp.02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,04

Gnamptogenys sp.03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,04

Pheidole sp.21 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,04

Brachymyrmex cf. delabiei 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,04

Pheidole sp.06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,04

Camponotus sp.27 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 0,24 0,04

Octostruma sp.01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 0,24 0,05

Hypoponera cf. foreli 0,00 0,00 0,00 0,12 0,09 0,29 0,02

Nylanderia sp.04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,02

Brachymyrmex sp.07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00

Hylomyrma sp.02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00

Solenopsis sp.13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00

Continua...

43

Espécie Soja AO Past Campo Cerrado Mata p value

Pheidole sp.38 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,01

Pheidole sp.45 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,01

Strumygenys sp.03 0,00 0,00 0,00 0,11 0,09 0,37 0,01

Crematogaster limata 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,44 0,00

Camponotus lespesii 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00

Pheidole sp.08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00

Pheidole sp.33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00

44

Discussão

Efeitos sobre a riqueza

Os resultados mostram que as conversões de áreas nativas do Cerrado em

agrossistemas causam a perda da diversidade local. Porém, a magnitude desta perda está

condicionada ao tipo de agrossistema implantado, pois monoculturas de soja causam maior

queda na diversidade do que pastagens ou agricultura orgânica. Kessler et al. (2009) utiliza o

termo “divergência das condições ecológicas” para explicar porque alguns tipos de uso da

terra têm maior impacto sobre a biodiversidade. Basicamente esse termo tenta retratar que

quanto mais diferente é a condição pós-conversão em relação à vegetação original, geralmente

simplificando ou aumentando a intensidade do manejo do sistema, menor é a diversidade

esperada. Estes são resultados semelhantes aos encontrados na literatura científica, que

apresenta diversos estudos, com diferentes táxons, mostrando que a conversão de habitats

naturais e intensificação dos agrossistemas acarretam em redução e mudanças na composição

das espécies, além de mudanças na estrutura do funcionamento do ecossistema (e.g. Jones et

al. 2003; Hole et al. 2005; Tylianakis et al. 2005; Flynn et al. 2009; Marichal 2014; Uchida &

Ushimaru 2014; Van Meerbeek et al. 2014; Hausberger & Korb 2016; Lu et al. 2016;

Ribeiro-Neto et al. 2016).

Dos diversos exemplos na literatura de como a conversão de áreas nativas para a

produção de alimentos impactaram a fauna local, talvez o mais bem estudado seja a produção

de café na América Latina, segundo o qual em uma revisão feita por Philpott et al. (2008) foi

notada uma redução na diversidade de formigas. Porém, a magnitude dessa redução depende

do tipo de manejo da terra (monocultivo de café ou café à sombra de árvores nativas), além de

refletir nos serviços ecológicos (Perfecto & Vandermeer 2001; Armbrecht & Perfecto 2003;

Philpott & Armbrecht 2006; Armbrecht & Gallego 2007). Padrões similares de redução na

45

diversidade ou riqueza de formigas em sistemas de plantio são encontrados também na

Amazônia (Solaris et al. 2015), Argentina (Bestelmeyer & Wiens 1996), Austrália (Hoffmann

& Andersen 2003), África (Lemessa et al. 2015), China (Lu et al. 2016) e México (Cuatle et

al. 2016).

Então, apesar da perda de espécies devido à conversão da vegetação nativa em

agrossistemas ser um padrão global bem conhecido, a magnitude desse efeito e sua interação

com os diversos tipos de agrossistemas ainda são, em sua maioria, desconhecidos. A redução

na diversidade, encontrada ao longo do presente trabalho, é maior que a descrita por Pacheco

et al. (2013) e Frizzo & Vasconcelos (2013).

De certo modo, este trabalho retrata como monoculturas de soja com aplicação de

agrotóxicos, aração e gradagem do solo, períodos de entresafra sem cobertura viva do solo e a

dessecação pré-plantio são formas de manejo que tornam esses campos um ambiente de difícil

sobrevivência, tanto para insetos praga (sendo sua existência a principal causa para realização

de parte destes manejos, como aplicação de agrotóxico e dessecação pré-plantio) como para

todos os outros seres vivos. Para esse processo muitos autores tem utilizado a expressão

intensificação do uso da terra, uma forma de, independentemente do tipo de cultura plantada,

caracterizar o manejo destas áreas como causa para as diferentes riquezas encontradas nestes

ambientes (Tscharntke et al. 2005).

Em contrapartida, as pastagens praticamente não são manejadas, possuindo uma

riqueza de espécies de formigas maior que as de áreas de soja (como já descrito por Frizzo e

Vasconcelos 2013), já que aparentemente o pastejo em si pouco afeta a diversidade de

formigas (Bestelmeyer & Wiens 2001). Nessas áreas, o efeito mais importante é o efeito

indireto da ocupação de espécies exóticas de gramíneas (Barton et al. 2016), que são

competitivamente superiores às gramíneas nativas e reduzem a diversidade da flora e fauna

(Pivello et al. 1999; Almeida et al. 2011). A expansão das gramíneas exóticas de origem

46

africana é considerada uma das grandes ameaças ao Cerrado (Hoffmann et al. 2004; Klink &

Machado 2005).

Já as áreas de agricultura orgânica surpreendentemente são tão diversas como as de

pastagem, sugerindo que os agrotóxicos, assim como as técnicas de manejo, são os grandes

responsáveis pela redução da diversidade em áreas de agricultura convencional (Hole et al.

2005; Winqvist et al. 2011). Além da restrição no uso de agrotóxicos em geral, as áreas de

orgânicos possuem uma grande heterogeneidade local, o plantio de flores para fornecer

recurso alternativo para os predadores e irrigação constante ao longo do ano, de modo que

sempre há matéria verde e, consequentemente, herbívoros e outros organismos que podem

servir de fonte de alimentação para as formigas (Frizzo, observação pessoal). Além disso,

diferente do que encontrado na soja, as áreas de agricultura orgânica possuem faixas de terra

com plantas perenes e árvores, onde o solo não é revolvido nessa região, potencialmente

agindo como refúgio para formigas que nidificam no solo ou nas próprias árvores (Frizzo &

Vasconcelos 2013).

Efeito sobre a composição

Quanto à composição, as espécies que conseguem persistir nos sistemas agrícolas

geralmente são caracterizadas por serem de hábito generalista, recrutarem para monopolizar

os recursos disponíveis em campo e/ou apresentarem comportamento dominante, como os

gêneros Pheidole e Solenopsis (Pacheco et al. 2013). Outro exemplo de espécies comuns nos

agrossistemas analisados são as formigas oportunistas com tolerância a temperaturas altas,

como as do gênero Dorymyrmex e Linepithema (Cuezzo 2011; Farji-Brener et al. 2002).

Além destas há as formigas generalistas de tamanho muito reduzido (~ 1,5 mm), como

Brachymyrmex e as chamadas “thief ants”, também do gênero Solenopsis, que ocorrem tanto

em ambientes naturais como em perturbados, incluindo residências em áreas urbanas.

47

Já as formigas arborícolas, os predadores grandes, as especialistas e as tribos Attini e

Camponotini, com a conversão de áreas nativas em sistemas agrícolas, sofrem uma redução

na sua ocorrência (Figura 1.11). Isso ocorre tanto devido as mudanças ambientais, como ao

combate direto (manejo para reduzir a população), no caso das formigas pertencentes a tribo

Attini. É evidente também que o tipo de uso da terra afeta a ocorrência de determinados

grupos funcionais de formigas em diferentes graus de magnitude. Em geral, o plantio de soja

é o tipo de uso da terra que tem mais efeitos negativos para quase todos os grupos funcionais,

enquanto agricultura orgânica e pastagem apresentam valores intermediários entre soja e

vegetação nativa.

Mas a grande diferença na composição das formigas que ocorre entre os agrossistemas

e a vegetação nativa está associada às espécies raras ou às que ocorreram apenas uma vez.

Como pode se observar na figura 1.7, as áreas de vegetação nativa têm 3,5 vezes mais

espécies únicas (amostradas uma única vez) do que os agrossistemas, apesar do esforço

amostral nestas áreas ser quase a metade do ocorrido nos agrossistemas. Estas espécies raras

geralmente apresentam algum aspecto da morfologia, ecologia ou comportamento

especializado (Didham et al. 1996; Gibb et al. 2015). Campos et al. (2011) demonstraram que

a fauna de formigas do Cerrado é caracterizada por uma grande proporção de formigas raras

(45% das espécies ocorrem em menos do que 5% das amostras), comparativamente à savana

Australiana (onde 27% das espécies são raras). Resultados semelhantes também foram

encontrados para Lepidópteros (Price et al. 1995). Esse fato torna ainda mais preocupante o

avanço dos agrossistemas sobre as áreas nativas, visto que as espécies raras são as mais

suscetíveis à extinção devido a baixa densidade e pouca flexibilidade que possuem para

persistir em ambientes perturbados (Didham et al. 1996).

Muitos trabalhos discutem quais são os fatores que podem ser limitantes para a

colonização de uma área agrícola, e a maioria parece supor o local para nidificação como

48

fator limitante, que pode ser, além do solo, serapilheira, galhos caídos sobre o solo e o estrato

arbóreo arbustivo (Philpott & Foster 2005; Armbrecht et al. 2006). Porém, Frizzo et al.

(2011) relataram que a passagem do fogo no cerrado stricto sensu, não altera a comunidade de

formigas no solo, mesmo esse consumindo toda a serapilheira, galhos caídos e o estrato

arbustivo, o que indica que para o Cerrado, talvez esse não seja o efeito primordial. Tem-se

também, como outro provável fator limitante, o favorecimento das espécies generalistas e

dominantes que podem ter um efeito supressivo no estabelecimento e ação de diversas

espécies, gerando exclusão competitiva devido às interações interespecíficas (Pacheco et al.

2013). Também foi encontrado na literatura que, arar o solo pode reduzir em até cinco vezes a

ocorrência de formigas na folhagem de culturas (Pereira et al. 2010). No entanto, com

exceção do último, estudos que isolem cada um destes possíveis fatores que afetam as

formigas nos sistemas agrícolas são inexistentes ou não foram encontrados.

Do ponto de vista conservacionista, também é importante ressaltar a mudança na

composição em função da fitofisionomia nativa coletada (Pacheco & Vasconcelos 2012), o

que aumenta ainda mais a importância de conservação de múltiplas áreas nativas. De certo

modo, com exceção das espécies invasoras, em tese, todas as espécies encontradas nos

sistemas agrícolas são capazes de sobreviver nos sistemas nativos, no entanto, o inverso não é

verdadeiro. Visto que ambientes convertidos em sistemas agrícolas não contêm espécies, que

são relativamente comuns em ambientes naturais. Isso fica claro quando analisamos a

composição de espécies da formação florestal, a qual apresenta o maior número de espécies

indicadoras singulares (dados do IndVal, Tabela 1.2). Isso significa que nas áreas de mata

existem muitas espécies únicas que não são capazes de persistir em sistemas agrícolas ou nas

áreas de vegetação nativas mais abertas. Resultados semelhantes no Cerrado também foram

encontrados para Drosophilideos, no qual Mata & Tidon (2013) discutem que, apesar das

matas de galeria ocuparem menos de 10% do Cerrado, uma grande parte da diversidade

49

demonstra uma preferência ou associação a esse ambiente. Isso também foi observado para

outros táxons, incluindo árvores (Hoffman et al. 2003), mamíferos (Redford & Fonseca,

1986), formigas (Pacheco & Vasconcelos 2012) besouros (Durães et al. 2005), algumas

famílias de lepidópteros (Brown & Gifford 2002), entre outros.

Áreas de vegetação nativa de cerrado e campo também apresentam algumas espécies

únicas, que provavelmente seriam extintas localmente se houvesse a conversão destas em

sistemas agrícolas. Mesmo pastagem e agricultura orgânica sendo sistemas menos

impactantes sobre a biodiversidade de formigas, estas apresentam uma composição distinta

em relação às áreas nativas, as quais contêm um número maior de espécies arborícolas,

crípticas, predadores especialistas e espécies de tamanho relativo, pequeno e grande. Essas

mudanças no número de espécies com diferentes tamanhos, também é relatado por Senior et

al. (2013) para aves, besouros e formigas.

Partição aditiva e multiplicativa da diversidade

A comunidade de formigas do Cerrado é caracterizada pela maior presença de espécies

raras (Campos et al. 2011), o que influencia o não aninhamento da comunidade como um

todo (Almeida-Neto et al. 2008). De certo modo, as espécies mais abundantes persistem na

maioria dos habitats e, à medida que se tornam raras, elas demostram um padrão de

preferência de habitat (Figura 1.13). O que a análise de partição aditiva de diversidade revela

é que o fator mais importante para a diversidade de formigas no Distrito Federal é a existência

de uma maior diversidade de habitats (sensu Pacheco e Vasconcelos 2012).

Separando a diversidade β em dois fatores, que afetam a troca de espécies entre as

diferentes localidades, verificou-se que a magnitude da diferença de βsor entre sistemas

agrícolas e as fitofisionomias nativas é pequena, apesar de significativa (figura 1.13). Pode-se

notar que há uma troca maior de espécies (dissimilaridade βsor) nos sistemas agrícolas em

50

comparação às fitofisionomias nativas, e que essa dissimilaridade é mais em função do

aninhamento (βnes) do que da troca de espécies propriamente dita (βsim). Resultados

semelhantes foram encontrados por Solar et al. (2015) na Amazônia, porém com o dobro dos

valores de aninhamento encontrados no Cerrado. Isso demonstra que no Cerrado as áreas de

produção agrícola, com o aumento da intensificação do uso da terra, têm causado a

homogeneização biótica (McKinney & Lockwood, 1999), porém não tão drástica como as

encontradas na Amazônia.

Além disso, um segundo padrão na diversidade βsor foi encontrado, mas este

associado apenas à troca de espécies (βsim) e aos agrossistemas. Na figura 1.14, observou-se

que a dissimilaridade entre as localidades agrícolas aumenta à medida que estas localidades

ficam mais distantes entre si. Isso significa que a composição de espécies nos agrossistemas é

influenciada em função do local em que se encontra. A mudança da composição em função da

posição geográfica é um fato esperado, porém não a distâncias tão pequenas quanto 100 km.

Baselga (2010) também encontrou influência da distância sobre as variáveis de

dissimilaridade (βsor, βsim e βnes), mas em um gradiente com quase 3.000 km de distância.

51

Conclusão

A conversão da vegetação nativa do Cerrado em sistemas de produção agricola causa

uma perda local na diversidade e mudança na composição da mirmecofauna. Esta perda está

associada ao tipo de sistema agrícola, sendo a monocultura de soja, em comparação a áreas de

agricultura orgânica e pastagens, o que causa maior decréscimo na riqueza local.

De modo geral, os grupos de formigas que apresentam maior especificidade, como

nidificar em árvores ou ter uma especialização alimentar, são os que têm a maior redução em

relação a sua frequência de ocorrência. Estes grupos que apresentam especializações, na

maioria dos casos já são espécies naturalmente raras (de baixa frequência), sendo estes os

principais promotores de biodiversidade e, potencialmente, as espécies mais ameaçadas de

extinção local no Cerrado.

Outro fator importante em termos de conservação é que diferentes fitofisionomias

nativas do Cerrado possuem uma composição de espécies distintas. As áres de formação

florestal apresentam a fauna mais exclusiva, com muitas espécies únicas que não ocorrem nas

áreas nativas de cerrado stricto sensu, campo e principalmente nos agrossistemas. Já as

formações savanicas (cerrado stricto sensu e campo) apesar de também apresentam espécies

exclusivas, possuem um subconjunto de espécies que são capazes de persistir ou colonizar os

sistemas agrícolas.

Duas implicações práticas deste trabalho são: (1) reavaliar como está sendo realizado o

manejo das áreas agrícolas, principalmente monocultura de soja, para, assim, diminuir seu

impacto; (2) considerar que, em futuras ações conservacionistas, áreas de pastagem e

agricultura orgânica possam ser sistemas de produção preferenciais ou incentivados no

entorno de áreas de conservação ou nas de relevante biodiversidade, como zonas de

52

amortização de impacto ou até mesmo corredores entre fragmentos de cerrado stricto sensu e

campo.

53

Capítulo II – Variação nas taxas de remoção de biomassa pela mirmecofauna de solo

sobre diferentes tipos de uso da terra

Resumo

Um dos principais efeitos da redução na biodiversidade sugerido pelos pesquisadores

tem sido a redução ou perda de funções do ecossistema, mas esse não é um efeito universal.

No Cerrado, já observamos que sistemas agrícolas causam uma redução na biodiversidade de

formigas, mas não se sabe como as funções do ecossistema desempenhadas por estas são

afetadas. O principal objetivo deste estudo foi avaliar se a conversão de áreas nativas em

sistemas agrícolas, afeta a remoção de biomassa realizada por formigas, uma importante

função do ecossistema ligada à decomposição e predação. Para isso, foram utilizadas iscas de

sardinha (simulando organismos animais), banana (simulando recurso atrativo vegetal) e

sementes de gramíneas, em áreas nativas (campo, cerrado stricto sensu e mata) e áreas

agrícolas (plantio de soja, pastagens e agricultura orgânica). Exceto para soja, os dados

mostram que formigas removem mais sardinha, do que banana, e removem muito pouca

semente. Porém, existe um efeito relacionado ao tipo de uso da terra, já que apenas as áreas de

soja tiveram níveis significativamente baixos de remoção de sardinha. Para a isca de sementes

não foi detectado nenhum efeito porque pouca biomassa é removida, tanto nas áreas nativas

como nos sistemas agrícolas. Já para a isca de banana, os dados sugerem existir um efeito de

redundância com outro grupo da macrofauna. No entanto, a biomassa da macrofauna

(excluindo-se formigas) não explica essa remoção de biomassa. Também não foi detectado

efeito da composição de espécies de formigas sobre as biomassas removidas. A remoção de

biomassa de sardinha e banana está correlacionada à riqueza de formigas, indicando que os

efeitos sobre a função do ecossistema dependem das particularidades de cada função avaliada

(como tipo de recurso), do tipo de uso da terra e da riqueza de formigas no local.

54

Introdução

A expansão dos sistemas agrícolas tem efeitos sobre a biodiversidade local (Pacheco et

al. 2013) e global (Newbold et al. 2015), sendo a magnitude destes efeitos dependente das

características locais, táxon e tipo de sistema agrícola implantado (Flynn et al. 2009; Kessler

et al. 2009; Bommarco et al. 2014). Porém, tão ou mais importante quanto o efeito sobre a

biodiversidade é responder qual é o efeito da expansão dos sistemas agrícolas sobre o

funcionamento do ecossistema.

A hipótese da biodiversidade-função do ecossistema, uma teoria que começou a ser

amplamente debatida no começo da década de 1990, prediz que uma redução na

biodiversidade (número de espécies, variabilidade genética e etc...) causa decréscimo nos

processos do ecossistema (Srivastava & Vellend 2005). Porém, este não é um efeito universal

(e.g. Birkhofen et al. 2015), revisões e metanálises a respeito deste assunto têm chegado a

uma mesma conclusão: a redução da biodiversidade, reduz a funcionalidade do ecossistema

dependendo das características locais, da função do ecossistema analisada e do tipo de

perturbação (Hopper et al. 2005; Cardinale et al. 2006; Allan et al. 2013).

Essa grande quantidade de resultados divergentes, encontrados nos estudos sobre

serviços do ecossistema devido aos efeitos da antropização, torna a previsibilidade destes

impactos complexas e dependentes de estudos que foquem em diferentes ambientes,

processos e tipos de perturbação. No entanto, além de existirem relativamente poucos estudos,

boa parte destes tem analisado comunidades de plantas ou comunidades aquáticas em

experimentos manipulativos (Srivastava & Vellend 2005; Allan et al. 2013; Cardinale et al.

2006), dando pouca importância aos processos ecológicos que dependem da fauna terrestre.

Dentre esses processos ecológicos, pode-se citar a predação e a decomposição,

exercidos pela fauna terrestre, de fundamental importância para o funcionamento e regulação

55

do ecossistema (De Groot et al. 2002). Isso porque a predação possibilita o controle das

diversas populações, incluindo consumidores e plantas. Já a fauna detritívora, atua no

processo de decomposição e ciclagem da matéria orgânica contribuindo para a fertilidade do

solo e nutrição das plantas.

Existem poucos estudos que avaliam como a expansão da agricultura afeta a

biodiversidade e como isso reflete nos processos ecológicos do Cerrado, cujo alto grau de

endemismo e de degradação é um dos maiores no mundo (Myers et al. 2000). A expansão da

fronteira agrícola no Cerrado é uma realidade, com áreas densamente ocupadas,

principalmente ao sul deste bioma (Sano et al. 2010). Os impactos desta ocupação têm sido

avaliados utilizando diversos táxons, sendo as formigas um dos principais objetos de estudo

(revisado por Folgarait 1998; Ribas et al. 2012), isso porque é um dos táxons mais

abundantes e de maior biomassa em ambientes tropicais (Fittkau & Klinge 1973). Só no

Cerrado, estima-se que elas consomem de 13 a 17% da biomassa foliar de plantas lenhosas

por ano (Costa et al. 2008). As formigas também podem atuar como predadores, podendo

controlar a população de pragas agrícolas (Risch & Carroll 1982; López & Potter 2000;

Philpott & Armbrecht 2006; Armbrecht & Gallego 2007; Howe et al. 2009; Styrsky &

Eubanks 2010; Gonthier et al. 2013; Offenberg 2015) ou como predadores e/ou dispersores de

sementes (Wall et al. 2005), principalmente das que contenham elaiosoma (um apêndice

atrativo da semente) (Ferreira et al. 2011). Outro importante serviço ecológico é a remoção de

biomassa orgânica da superfície para o subsolo, melhorando as qualidades nutricionais do

solo (Folgarait 1998).

As formigas possuem diferentes hábitos alimentares, sendo que a maioria das espécies

é onívora, existindo algumas poucas espécies estritamente predadoras, granívoras ou que

atuam como herbívoros (Fernández 2003). Além disso, de toda a gama de recursos utilizados

pelas formigas, sempre há algum elemento nutricional limitante para seu desenvolvimento e o

56

da colônia e, por isso, estudos apontam que as formigas têm demonstrado preferência

alimentar justamente por aqueles recursos que contenham uma proporção maior desses

elementos limitantes (Kaspariz & Yanovlak 2001; Bihn et al. 2008; Kaspari et al. 2008;

Vieira & Vasconcelos 2014).

Em vista disso, este estudo tem o objetivo de avaliar as taxas de remoção de biomassa

por formigas de diferentes tipos de recursos (sensu Vieira & Vasconelos 2014) entre

ecossistemas nativos e agrícolas. Para tanto, foram selecionadas áreas de agricultura orgânica,

plantações de soja, pastagens, além de áreas nativas de campo, cerrado stricto sensu e

formações florestais. Especificamente procuramos responder às seguintes perguntas: (1)

existe diferença na biomassa removida entre recursos que simulam organismos animais,

apêndices atrativos de sementes e sementes de gramíneas? (2) Mudanças no uso da terra

afetam as taxas de remoção de biomassa? (3) Quais variáveis locais explicam melhor a

quantidade de biomassa removida, riqueza de formigas, composição da assembleia de

formigas ou biomassa do restante da macrofauna?

57

Metodologia

Área de estudo

O estudo foi realizado no Distrito Federal que abrange uma área de mais de 5.800

Km², localizado centralmente a 15°47’S e 47°55’O. As localidades amostradas foram as

mesmas descritas no Capítulo I (Tabela 1.1 e Figura 1.1). O experimento foi instalado em 69

localidades, porém o ponto P-03 foi pisoteado por gado e os pontos VN-18 e VN-21 foram

atacados de forma massiva por formigas de correição, por isso estes foram excluídos das

análises estatísticas. Assim, ao todo, foram analisados: 14 plantios de soja convencional, 14

pastagens, 16 áreas de agricultura orgânica (sendo duas destas, AO-15 e AO-16, plantio de

soja orgânica) e 22 áreas de vegetação nativa. A escolha dos sistemas agrícolas, pastagem e

plantio de soja, se devem a esses serem os tipos de uso da terra mais comuns no Cerrado,

representando 27,6% e 11,7% da área do bioma respectivamente (Sano et al. 2010). Já as

áreas de agricultura orgânica representam uma forma alternativa de produção de alimento

vegetal sem o uso de agrotóxicos e cujo mercado esta em rápida expansão (Rigby & Cáceres

2001; Blanc 2009; ABRASCO 2015). Das 22 áreas de vegetação nativa, optou-se por coletar

nas três fitofisionomias também mais comuns da região, as quais são: cinco localidades de

formações campestres, oito de cerrado stricto sensu e nove de formações florestais (Figuras

1.1 e 1.2).

Segundo a classificação de Köppen (1948), o clima nessa região é do tipo Aw,

apresentando forte sazonalidade, com um verão chuvoso e o inverno seco. As temperaturas

médias mensais podem variar de 22 a 27°C e a precipitação anual média é de 1.500 mm

(Klink & Machado 2005). Todas as localidades estão situadas dentro do bioma Cerrado (para

mais informações sobre a vegetação nativa veja Oliveira-Filho & Ratter 2002).

58

Protocolo amostral

Nesse experimento, foram desenvolvidas “estações de remoção de biomassa” para

medir as taxas de remoção de recurso por formigas de forma concomitante com a amostragem

da fauna descrita no Capítulo I (Figura 2.1). Essas estações consistiam em potes plásticos de

um litro de volume, com tampa e com vários furos laterais, em forma de semicírculo com 1

cm de altura e 2 cm de largura, para a macrofauna ter acesso ao interior do pote (Figura 2.2 -

A). Dentro de cada estação foi disponibilizada uma quantidade de recurso (também

denominado de isca) de massa conhecida e, após 24 horas, essas estações foram recolhidas e a

biomassa do recurso foi novamente mensurada, a fim de se determinar a quantidade de

biomassa removida pela macrofauna. Apenas para o tratamento contendo semente estas foram

secas em estufa a 50 Cº, por 24 horas, antes e depois do experimento em campo, devido à

grande absorção de água pelas sementes no campo. Para as iscas de sardinha e banana, estas

eram preparadas em laboratório, individualizadas e congeladas, em porções de massa

variando entre 20 a 30 gramas por estação de remoção de biomassa, até serem utilizadas no

experimento. As sementes de gramíneas também foram individualizadas em porções de 15

gramas por estação de remoção de biomassa.

Em campo, este experimento foi montado ao mesmo tempo, que a instalação das

armadilhas de queda do Capítulo I. Para cada parcela amostral citadas no Capítulo I, também

foram instaladas 12 estações de remoção de biomassa que ficara em campo por 24 horas

(Figura 2.2 - B). Para cada localidade as parcelas amostrais foram istaladas no mesmo

momento, sendo a escolha do tipo de isca em cada parcela escolhida de forma aleatória. Ao

final do experimento, as estações foram removidas e as formigas presentes dentro das

estações de remoção de biomassa foram coletadas e identificadas em laboratório.

Nos extremos da parcela foram colocadas duas estações de remoção de biomassa,

denominadas “controle”. Isso porque os recursos poderiam perder massa por dessecação,

59

então foi criado um controle para abater estes valores dos tratamentos. Essas estações controle

possuiam o mesmo número e tamanho de abertura que as demais, porém estas eram

posicionadas na lateral próximas à tampa do pote (parte superior). Isto foi feito para diminuir

o acesso da fauna em geral ao recurso. Além disso, foi instalada uma tira com três centímetros

de altura de armadilha adesiva amarela no lado interno do pote, esta circundava o pote

impedindo o acesso de animais à isca (Figura 2.2 - C). Então a massa perdida após 24 horas

foi considerada uma perda de umidade do recurso para o ambiente e, por isso, foi

proporcionalmente descontada da massa inicial das outras estações de remoção de biomassa.

Adicionalmente, as tampas de todas as estações de remoção de biomassa e controle foram

cobertas por uma camada de aproximadamente 3 mm de impermeabilizante emborrachado

branco, a fim de diminuir o aumento interno de temperatura.

Dentro de cada localidade, as três parcelas amostrais foram diferenciadas pelo tipo de

recurso contido nas estações de remoção de biomassa. Foram utilizados três tipos de recurso

que simulam os alimentos mais comuns disponíveis para as formigas e que poderiam ser

comprados em grande quantidade e baixo custo. Esses recursos são sardinha enlatada

(simulando organismos animais), banana da variedade prata (simulando alimentos como o

arilo de sementes ou frutos) e um composto de sementes não beneficiadas, em proporção de

massa iguais, de arroz, alpiste e painço (simulando sementes de gramíneas nativas do

cerrado). Em termos nutricionais, sardinha é muito rica em sódio, proteína e gorduras totais,

banana é rica em açúcar e as sementes em carboidratos (USDA 2016). Para a preparação da

sardinha, o óleo foi drenado e depois foi esmagada com um garfo, já a banana foi descascada

e esmagada.

Considerou-se que a utilização de iscas exógenas ao ambiente não inviabilizaria os

resultados porque todas as localidades são réplicas idênticas umas das outras. Portanto,

comparação entre localidades diferentes refletem diferenças reais. Além disso,

60

independentemente da diferença de intensidade do odor entre os tipos de isca, observações de

campo indicam que todas as iscas são rapidamente encontradas e monopolizadas, apenas para

sementes, não foi observado monopolização (ou defesa do recurso). Outros estudos similares

usaram atrativos exógenos para formigas, como: atum e biscoito (Fayle et al. 2011) e isca

para pesca feitas de pelotas de minhoca (Gray et al. 2015).

Junto com o experimento também foram instalados, nas parcelas, um sistema de

choque elétrico para evitar o acesso de animais (vertebrados) atraídos pelas iscas. Esse

sistema foi montado a partir de pedaços de tela de galinheiro presos à parte superior das

estações de remoção de biomassa (Figura 2.2 - D) e ligados, por fios elétricos encapados, a

um aparelho de cerca elétrica para gado. Este aparelho era alimentado por uma bateria de 12

volts e estava conectado por meio de fios a todas as estações de remoção de biomassa. Após a

instalação desse sistema, nenhuma estação de controle ou de tratamento foi destruída, ao

contrário de como ocorreu no experimento piloto.

Cálculo da biomassa

As taxas de remoção de biomassa por estação foram calculadas, descartando a massa

dos potes, de acordo com a função:

Br = (PI x Fc)-(PF)

Onde:

Br é biomassa removida;

PI é a massa inicial de alimento posto dentro da estação;

Fc é o fator de correção de biomassa perdida por dessecação (fórmula do cálculo

abaixo);

PF é a massa do conteúdo restante do alimento após 24 horas;

61

Para corrigir a massa de alimento perdida devido à dessecação nas estações de

remoção de biomassa foi calculado um fator de correção (Fc), com as estações de biomassa

controle, a partir da seguinte fórmula:

Fc = PFc / PI

Onde:

Fc é o fator de correção de biomassa perdida por dessecação;

PFc é a massa do conteúdo restante do alimento após 24 horas;

PI é a massa inicial de alimento posto dentro da estação controle.

Ainda após esses cálculos foi realizada a soma dos valores de alimento removidos por

parcela amostral. Como algumas poucas estações de remoção de biomassa foram

acidentalmente perdidas (Tabela 2.1), foi realizada uma estimativa do valor total de biomassa

removida por parcela amostral. Esse valor foi obtido através da fórmula:

Brestimada= (ΣBr por ponto amostral / Nt) x 12

Onde:

ΣBr por ponto amostral é o somatório de toda biomassa removida em uma parcela amostral;

Nt é o número de estações de remoção de biomassa resgatado por parcela amostral e;

12 seria o número de estações que deveria existir em cada parcela amostral.

Além dos dados de riqueza já obtidos no capítulo I, para essas mesmas áreas também

foram utilizados dados de biomassa das formigas amostradas nos pitfalls e do restante da

macrofauna amostrada. Para isso, todos os invertebrados capturados nos pitfalls, por parcela

amostral, foram separados entre formigas e outros invertebrados. Logo após isso, as amostras

foram secas a 60Cº por 48 horas e depois pesadas em uma balança analítica com precisão de

0,001 g.

62

Análise dos dados

Os dados foram separados em quatro categorias de habitats: plantio de soja,

agricultura orgânica, pastagem e vegetação nativa. Para a vegetação nativa foi realizado o

agrupamento dos pontos que contemplam diferentes fitofisionomias por que: (1) entre eles

não há diferenças significavas nos padrões de remoção de biomassa e; (2) a separação por

fitofisionomia formar grupos com número de amostras muito pequenos para a realização das

análises estatísticas subsequentes.

Todas as análises foram realizadas utilizando o programa R (R Development Core

Team 2008). A primeira análise visou verificar se o número de estações de remoção de

biomassa com formigas, ao final das 24 horas em campo, diferiria entre os distintos habitats.

Para esta análise, o número de estações de remoção de biomassa com formigas, em cada

parcela amostral foi contabilizado. Em seguida foi realizada uma análise de modelos lineares

generalizados, utilizando a função glm do R.

Para determinar qual é o tipo de isca (banana, sardinha ou semente) mais removido no

sistema, foi realizado o teste não paramétrico de Friedman em blocos (devido à

heterogeneidade de variâncias), com um teste a posteriori (Hollander & Wolfe 1973)

utilizando a função posthoc.friedman.nemenyi.test do pacote PMCMR (Pohlert 2016). Devido

às áreas de soja apresentarem um padrão visualmente diferente dos demais, quanto à

preferência por recurso (Figura 2.4), para estas foi realizada a mesma análise em separado.

Em seguida, para determinar se a biomassa removida de cada tipo de isca, também varia em

função dos diferentes tipos de habitats avaliados foi realizada uma análise de modelos lineares

generalizados, utilizando a função glm do R.

Foi realizada também uma correlação Pearson entre a riqueza e massa de formigas

amostradas por localidade. Devido à não normalidade de parte dos dados e problemas de

heterocedasticidade e presença constante de pontos tendenciando os resíduos, não foi possível

63

realizar nenhuma análise englobando múltiplos fatores e suas interações para explicar quais as

variáveis influenciam a remoção de biomassa de sardinha, banana e semente. Por isso, foram

feitas análises de correlação de Pearson entre as variáveis: riqueza de formigas, biomassa da

macrofauna, biomassa removida de sardinha, biomassa removida de banana e biomassa

removida de semente. Novamente, como as áreas de soja apresentam padrões diferentes na

avaliação visual dos gráficos, outra matriz de correlação de Pearson foi construída sem a

presença das áreas de soja.

Para determinar se a composição de espécies de formigas influencia nas taxas de

remoção de biomassa, foi realizada uma análise de correspondência canônica (CCA),

utilizando a função cca do pacote vegan (Oksanen et al. 2016). Essa análise foi feita baseada

em uma matriz de espécies por locais, sendo contabilizada a frequência de ocorrência por

parcela (com três parcelas por localidade). As variáveis avaliadas na CCA foram: tipo de

habitat, número de espécies de formigas por localidade, biomassa da macrofauna e biomassa

removida de sardinha, banana e semente.

Para validar a CCA foi realizado um teste para detectar multicolinearidade entre as

variáveis analisadas usando a função vif.cca, do pacote vegan (Oksanen et al. 2016) – neste

teste, se os valores de VIF (fator de inflação da variância) forem maiores que 10 indicam

multicolinearidade entre duas variáveis (Belsley et al. 1980). Em seguida, foi utilizada a

função anova.cca (pacote vegan), com 999 permutações, para determinar se o modelo, as

variáveis e os eixos de explicação são significativos. Estas análises (CCA) foram repetidas

mais uma vez, com uma matriz utilizando apenas as espécies consideradas abundantes (que

ocorreram mais de 30 vezes).

64

Figura 2.1. Esquema da metodologia de amostragem realizada em 2013 e 2014 no Distrito Federal. A) Como as

três parcelas amostrais estavam distribuídas ao longo de cada localidade, sendo que em cada uma das parcelas

foi utilizado um tipo de isca escolhido de forma aleatória (sardinha, banana e semente). B) Esquema da parcela

amostral, tendo 12 estações de remoção de biomassa, 12 pitfalls e duas estações de biomassa controle nas

extremidades.

65

Figura 2.2. Fotografias da metodologia de estudo realizada em 2013 e 2014 no Distrito Federal. A) Estação de

remoção de biomassa com isca de sardinha. B) Fotografia da parcela amostral em uma área de agricultura

orgânica. C) Estação de biomassa controle. D) Estação de remoção de biomassa com uma tela de arame ligada a

um aparelho de choque elétrico.

66

Tabela 2.1. Número de estações de remoção de biomassa e estações controle recuperadas e perdidas em campo,

no ano de 2013 e 2014 no Distrito Federal. Os sistemas estudados foram áreas de agricultura orgânica (Agri org),

pastagem, plantações de soja (Soja) e áreas de vegetação nativa (Veg nat). Obs.: O alto número de estações

perdidas com o tipo de isca semente se deve ao fato de que, acidentalmente, durante o trabalho de campo

algumas armadilhas viravam e as sementes caiam para fora da estação, sendo estas eliminadas das análises.

Alimento Sistema Nº de estações de

remoção de biomassa Perdidos Nº de estações de biomassa controle Perdidos

Banana Agri org 192 0 32 0

Pastagem 166 2 28 0

Soja 168 0 28 0

Veg nat 264 0 44 0

Total 790 2 132 0

Sardinha Agri org 190 2 32 0

Pastagem 168 0 28 0

Soja 166 2 28 0

Veg nat 261 3 43 1

Total 785 7 131 1

Semente Agri org 183 9 29 3

Pastagem 149 19 26 2

Soja 167 1 25 3

Veg nat 255 9 41 3

Total 754 38 121 11

Total Geral 2.329 47 384 12

67

Resultados

Ocorrência de formigas nas estações de remoção de biomassa

As formigas foram o principal grupo de insetos observado dentro das estações de

remoção de biomassa após 24 horas de coleta (Anexo IV). Apenas em 55 estações de remoção

de biomassa, das mais de 2.300 em campo, haviam outros insetos, como moscas, mariposas e

gafanhotos. Isso indica que a maior parte da biomassa removida é devido à ação das formigas,

principalmente porque em observações de campo anteriores notou-se que formigas

monopolizam iscas atrativas atacando qualquer outro organismo que se aproxime. Porém, é

importante destacar que, no término do experimento, a porcentagem de estações de remoção

de biomassa ocupadas por formigas variaram significativamente entre os habitats, sendo

menores nas áreas de monocultura de soja (variação na ocupação de 0 a 57%, com média de

13%, Figura 2.3).

Taxas de remoção de biomassa entre os tipos de recursos

As formigas foram capazes de remover relativamente grandes quantidades de

biomassa por parcela (máximo removido de 237g, toda sardinha disponível na localidade VN-

18), mas isso depende do tipo de alimento (de acordo com o teste em blocos de Fridman,

X²=85,534, df=2, p<0,001) (Figura 2.4-A). Assim, detectou-se que sardinha foi o recurso

mais removido, com uma média de 87,2g (σ ±22,8), seguido de banana (média de 70,1g, σ

±30,5) e, por último, de semente (média de 7,6g, σ ±7,1) (maior p=0,017).

Porém apenas para soja o padrão é diferente dos demais (Figura 2.4-B), pois há uma

diferença estatística entre a biomassa removida para os diferentes tipos de recurso (teste em

blocos de Fridman, X²=26,143, df=2, p<0,001), sendo a banana o mais removido (média de

74,8g, σ ±13,6). Já a diferença entre a biomassa removida de banana e sardinha é

68

marginalmente significativa (p=0,06), pois em média foi removido 44,5g (σ ±12) de sardinha.

Enquanto que, para semente, continuou havendo uma remoção significativamente (p<0,01)

inferior aos demais tipos de recursos (média de 5,3, σ ±7,1).

Taxas de remoção de biomassa entre os habitats

Em relação à biomassa removida por tipo de habitat (soja, pastagem, agricultura

orgânica ou vegetação nativa) não foram encontradas diferenças significativas para banana

(GLM, F3,62=0,4565, p=0,7136) e para semente (GLM, F3,62=1,2561, p=0,2972) (Figura 2.4-

C). Já a remoção de sardinha está significativamente ligada ao tipo de habitat (GLM,

F3,62=9,1307, p<0,001), afinal, apenas na soja há uma remoção menor de biomassa de

sardinha em comparação a todos os outros sistemas (p<0,001). Entre agricultura orgânica,

pastagem e vegetação nativa os valores de biomassa removida de sardinha não apresentaram

diferenças (p>0,05).

Influência da riqueza de formigas e biomassa da fauna

A correlação mais forte encontrada neste estudo é entre a riqueza de formiga e sua

biomassa (r=0,68, p<0,001) (Figura 2.5). Já para as biomassas removidas de recursos,

encontramos que: (a) para remoção de semente não existe correlação com nenhuma das

variáveis apresentadas (p>0,05); (b) as correlações detectadas para os recursos de sardinha e

banana foram relativamente fracas; e (c) para remoção de biomassa de sardinha foi encontrada

uma correlação com a riqueza de formigas (r=0,54, p<0,001) (Figura 2.6). Entretanto,

excluindo os dados da soja (Figura 2.7), para a remoção de biomassa de banana surge uma

correlação desta com a riqueza de formigas (r=0,32, p=0,02).

69

Influência da composição de espécies

Quanto à composição de espécies de formigas analisadas nas CCAs, os modelos foram

significativos (ANOVA.CCA completa F8,57=1,7478, p<0,001 e ANOVA.CCA apenas para espécies

abundantes F8,57= 3,5721, p<0,001), assim como os dois primeiros eixos que formam as figuras

2.8 e 2.9. Também não foi detectado multicolinearidade entre as variáveis dos modelos (maior

VIF foi igual a 2,25). Para os dois modelos, o fator tipo de uso da terra afeta a composição de

espécies (para a variável uso da terra ANOVA.CCA completa F3,57=2,7151, p<0,001 e

ANOVA.CCA apenas para espécies abundantes F3,57= 7,7473, p<0,001). Mas apenas para a análise das

espécies abundates é que a riqueza influência significativamente na composição das espécies

(ANOVA.CCA para espécies abundantes F8,57= 1,5914, p=0,044).

70

Figura 2.3. Proporção de estações de remoção de biomassa ocupadas por formigas nas coletas de 2013 e 2014 no

Distrito Federal. Letras diferentes significam diferenças significativas (p<0,05) entre as proporções de ocupação

dentro de cada tipo de recurso, barras representam o desvio padrão.

a a

a

b b

c

b

b,c

c

b

b

b

71

Figura 2.4. Biomassa removida para os diferentes tipos de recurso sem contabilizar a soja (A), apenas para a soja

(B) e para os diferentes tipos de habitats (C), nos experimentos realizados de 2013 a 2014, no Distrito Federal.

Letras diferentes retratam diferenças significativas (p<0,05). Retângulos cinzas contemplam do 1º ao 3º quartil, a

linha horizontal dentro do retângulo representa a mediana, diamante em azul representa a média e asterico em

vermelho um outlier.

A) B)

C)

a a

b

c

b

b

a a

a a

a a

a a

a

b b b

72

Figura 2.5. Correlação de Pearson entre número de espécies de formigas e a biomassa de formigas capturadas

nas armadilhas de queda em cada localidade. Pontos coloridos indicam o habitat coletado no ano de 2013 e 2014

no Distrito Federal: (vermelho) soja, (azul) pastagem, (amarelo) agricultura orgânica e (verde) vegetação nativa.

73

Figura 2.6. Matriz de correlação de Pearson entre número de espécies de formigas, massa da macrofauna (exceto

formigas) e biomassa removida de banana, sardinha e semente. Os valores de correlação significativos (p<0,05)

são indicados em negrito. Linha em vermelho representa a tendência não linear de dispersão dos dados. Pontos

coloridos indicam o habitat coletado no ano de 2013 e 2014 no Distrito Federal: (vermelho) soja, (azul)

pastagem, (amarelo) agricultura orgânica e (verde) vegetação nativa.

Riqueza

0.0 0.6 1.2

r= 0.11

p= 0.364

r= 0.15

p= 0.245

20 80 140

r= 0.54

p<0.001

10

30

50

r= 0.23

p= 0.064

0.0

0.6

1.2

Massa_Fauna

r= 0.13

p= 0.313

r= 0.12

p= 0.333

r= 0.15

p= 0.245

Banana

r= 0.29

p= 0.02

40

80

12

0

r= 0.20

p= 0.103

20

80

14

0

Sardinha

r= 0.21

p= 0.088

10 30 50 40 80 120 0 10 200

10

20Semente

Massa da

fauna

Riqueza de

formigas

Banana

Sardinha

Semente

p<0.001

p=0.002

74

Figura 2.7. Matriz de correlação Pearson (neste caso, sem os dados da soja) entre número de espécies de

formigas, massa da macrofauna (exceto formigas) e biomassa removida de banana, sardinha e semente. Os

valores de correlação significativos (p<0,05) são indicados em negrito. Linha em vermelho representa a

tendência não linear de dispersão dos dados. Pontos coloridos indicam o habitat coletado no ano de 2013 e 2014

no Distrito Federal: (azul) pastagem, (amarelo) agricultura orgânica e (verde) vegetação nativa.

Riqueza

0.0 0.6 1.2

r= 0.016

p= 0.911

r= 0.32

p= 0.02

40 100

r= 0.25

p= 0.076

20

40

60

r= 0.18

p= 0.206

0.0

0.6

1.2

Massa_Fauna

r= 0.20

p= 0.159

r= 0.31

p= 0.023

r= 0.22

p= 0.114

Banana

r= 0.42

p= 0.002

40

80

12

0

r= 0.20

p= 0.164

40

10

0

Sardinha

r= 0.19

p= 0.167

20 40 60 40 80 120 0 10 200

10

20Semente

Massa da

fauna

Riqueza de

formigas

Banana

Sardinha

Semente

p=0.02

p=0.002

p=0.023

75

Figura 2.8. Análise de correspondência canônica que verifica a influência de variáveis sobre a composição de

espécies de formigas, coletadas no ano de 2013 e 2014 no Distrito Federal. A única variável significativa nesta

análise foi o sistema em que as formigas foram coletadas (F3,57=2,7151, p<0,001). A posição das espécies nesta

imagem foi suprimida para facilitar a visualização dos dados.

76

Figura 2.9. Análise de correspondência canônica apenas das espécies de formigas que ocorreram mais de 30

vezes, que verifica a influência de variáveis sobre a composição de espécies de formigas coletadas no ano de

2013 e 2014 no Distrito Federal. As variáveis significativas nesta análise foram o sistema em que as formigas

foram coletadas (F3,57=7,7406, p<0,001) e a riqueza (F8,57=1,5914, p=0,044).

77

Discussão

Ocorrência de formigas nas estações de remoção de biomassa

No Cerrado, as formigas são o grupo dominante sobre a superfície do solo,

monopolizando os recursos por elas utilizados. Prova disso é o número de estações de

remoção de biomassa, ocupadas por formigas após 24 horas (Figura 2.3), que foram

encontradas e monopolizadas por elas, logo nos primeiros minutos. No entanto, detectou-se

um efeito do tipo de uso da terra, pois os agrossistemas e, em especial, os plantios de

monocultura de soja apresentaram uma menor proporção de estações ocupadas após 24 horas

em comparação com as áreas de vegetação nativa.

A existência de estações de remoção de biomassa com alimento, mas sem a presença

de formigas, está ligada a três fatores: a saciedade, o territorialismo e/ou a ausência de

formigas. De modo geral, após as 24 horas de experimento em campo, é provável que para

algumas colônias de formigas tenha ocorrido a saciedade do consumo de alimento (sensu

Galen 2005). Além disso, devido ao comportamento territorialista das formigas, é pouco

provável que formigas venham de longe remover estas iscas (Hölldobler & Lumsden 1980).

Sendo assim, a ausência de formigas dentro das estações de remoção de biomassa, refletem a

quantidade de formigas no local.

Taxas de remoção de biomassa entre os tipos de recursos

Vários estudos apontam que formigas apresentam preferência alimentar de acordo com

o nutriente mais limitante naquele ambiente (Kaspariz & Yanovlak 2001; Bihn et al. 2008;

Kaspari et al. 2008; Vieira & Vasconcelos 2014). Neste estudo, nota-se que a sardinha foi a

isca com maior consumo por formigas, sendo esse tipo de isca, amplamente utilizado como

atrativo para formigas no Cerrado (e.g. Lopes & Vasconcelos 2008) e em outros biomas,

78

como Mata Atlântica (e.g. Diehl et al. 2004), Caatinga (e.g. Ulysséa & Brandão 2013) e

Amazônia (e.g. Vasconcelos et al. 2008). Logo, nossos resultados contrariam o estudo de

Vieira & Vasconcelos (2014), também realizado no Cerrado (mas utilizando iscas diferentes),

no qual formigas de solo demostram preferência por alimentos que contenham sacarose,

enquanto são as formigas arborícolas as que utilizam mais recurso rico em sódio (abundante

no recurso sardinha), resultados similares ao encontrado por Kaspariz & Yanovlak (2001),

utilizando carne e açucar. Segundo esses estudos, isso ocorre aparentemente devido ao hábito

alimentar das formigas, já que espécies no solo raramente teriam contato com alimentos

açucarados, mais comuns na vegetação arbórea (Vieira & Vasconcelos 2014).

Os alimentos simulando organismos animais (sardinha), em geral, foram os que as

formigas mais removeram ao final das 24 horas (com exceção dos plantios de soja). Segundo

Fisher et al. (2005), o recurso alimentar consumido pelos adultos e larvas de formigas são

diferentes. Os recursos proteicos e com lipídios capturados pelos forrageadores são

preferencialmente utilizados para alimentar as larvas no ninho e garantir o crescimento da

colônia. Já os alimentos ricos em açúcares e carboidratos são geralmente utilizados pelas

operárias para os gastos diários de energia (Fisher et al. 2005). Esse pode ser o fator

determinante para uma maior remoção de sardinha e não das outras iscas.

Os valores removidos de biomassa de sardinha e de banana foram próximos entre si, o

que demonstra que esta pode ser um importante complemento alimentar para a mirmecofauna

do solo, como propôs Vieira & Vasconcelos (2014). Logo, essa proximidade também é um

claro indicativo de que, assim como relatado por Hunter (2009), a “promiscuidade trófica”

nos artrópodes parece ser muito mais ampla do que imaginado a priori pelos pesquisadores.

Além de ser uma possível explicação para o paradoxo formiga-biomassa de Tobin (1994), no

qual ele discute que a biomassa de formigas em alguns ecossistemas é tão grande que apenas

79

a alimentação via predação de outros animais, não é capaz de explicar a quantidade de

formigas observada.

No entanto, verifica-se também que, apesar de estudos indicarem que formigas têm um

importante papel na predação e dispersão de sementes (Ferreira et al. 2011), estas parecem ser

um alimento, relativamente, de baixa importância. Isso se confirma mesmo também tendo

capturado espécies que consomem predominantemente sementes, como Pogonomyrmex

naegelii (Belchior et al. 2012).

Um último fato que também pode influênciar a taxa de remoção de biomassa dos

diferentes tipos de recurso é o comportamento durante a remoção. Nas observações de campo,

notou-se que a isca de sardinha era removida carregando-se os pedaços individualmente ou

em grupo, quando estes eram muito grandes. Já para banana, assim como sardinha, ocorreu o

recrutamento, geralmente com a monopolização do recurso, mas a remoção deste era sempre

feita de forma individual e as formigas aparentemente sugavam a banana ao invés de carregar

pedaços entre as mandíbulas. Já para sementes, não há recrutamento e nem monopolização,

isso provavelmente devido ao fato de que esse tipo de recurso na natureza não tem ocorrência

agregada (por isso, não requer o recrutamento) e também não é um recurso raro.

Taxas de remoção de biomassa entre os habitats

Tanto para iscas de banana como para de semente não foram encontradas diferenças

significativas nos valores removidos de biomassa entre os distintos tipos de habitats. Para

semente isso provavelmente se deve ao fato de que o consumo desse alimento é muito

reduzido, se comparado a outros tipos de alimento. Nesses casos em que as diferenças podem

ter magnitudes pequenas, uma metodologia com maior precisão, como contar o número de

sementes, pode encontrar tais diferenças (como a realizada por Ferreira et al. 2011). Mas com

80

nossos dados não se constata nenhum fator que explique a remoção de semente, pois, para 36

das 67 localidades analisadas, a remoção de sementes foi menor do que cinco gramas.

Já para banana, os valores removidos foram independentes do tipo de habitat. Porém,

levando em consideração que os monocultivos de soja praticamente não têm formigas (em

número de espécies e massa), comparativamente aos outros habitats, é ilógico admitir que esta

remoção no habitat soja tenha sido realizada por formigas. Além disso, sabe-se que muitas das

pragas de soja, em especial lagartas da família Noctuidae, alimentam-se à noite (Lingren et al.

1977; Gregory Jr 1989), por isso supomos a existência de um efeito de substituição por uma

espécie ou grupo de espécies que desempenhe função similar às formigas de remoção de

biomassa de banana. Existe a suposição também de que baratas (Ordem: Blattodea) podem ser

um importante consumidor das iscas de banana nas áreas de soja. Mas, como não se capturou

nenhum invertebrado que justifique essa afirmação, já que poucas moscas, mariposas e

gafanhotos foram encontrados no final do experimento, dentro das estações de remoção de

biomassa na soja, essa suposição é apenas uma hipótese. Isso porque esta se assemelha ao

resultado descrito por Hooper et al. (2005), o qual afirma que, na ausência da espécie ou

grupo de espécies que desempenha determinada função do ecossistema, uma segunda espécie

ou grupo de espécies pode assumir a função destas.

Influência da riqueza de formigas e biomassa da fauna

Como discutido, a soja possivelmente é um habitat no qual a remoção de biomassa de

banana está sendo realizada por outro grupo de invertebrados. Por isso, excluindo a soja da

matriz de correlação (Figura 2.7), observa-se que existe uma correlação entre a riqueza de

formigas (r=0,32) com a biomassa removida de banana. O mesmo padrão, só que mais forte,

também foi encontrado para a biomassa removida de sardinha (Figura 2.6). Os dados também

demonstram que essa riqueza de formigas esta correlacionada positivamente com a biomassa

81

de formigas (Figura 2.5). Três hipóteses explicam o porquê destes fatores afetarem a função

do ecossistema de remoção de biomassa. Primeiramente, em relação à riqueza de formigas,

sugere-se a hipótese do efeito amostral, que prediz que, quanto maior o número de espécies,

mais provável é que alguma destas desempenhe um papel importante nessa função (Hopper et

al. 2005; Balvanera et al. 2006). Existe também a hipótese da complementariedade, a qual

intui que a soma quantitativa do papel de cada nova espécie encontrada aumenta na mesma

proporção a função a elas correlacionadas (Tscharntke et al. 2005). Contudo, Loreau et al.

(2008) discutem que tanto o efeito amostral como a complementariedade não são mutuamente

exclusivos, portanto, essas duas hipóteses provavelmente afetam a remoção de biomassa ao

mesmo tempo. Por último, a respeito da biomassa de formigas, há a hipótese de mais

indivíduos (Srivastava & Lawton 1998), segundo a qual quanto mais recurso, maior a

quantidade de consumidores (neste caso, influenciando a biomassa removida). Em estudos

similares, Fayle et al. (2011) também encontraram uma relação positiva entre riqueza de

formiga e taxa de remoção de biomassa, porém, Gray et al. (2015) não encontrou influência

da riqueza e nem do recrutamento de formigas sobre as taxas de remoção de isca. Neste

estudo de Gray et al. (2015) o que influenciou os valores de remoção de biomassa, foram a

quantidade de isca que as formigas conseguiam transportar.

Influência da composição de espécies

As correlações encontradas foram de moderado a fracas, com r < 0,7, muitas vezes

valores característicos de experimentos realizados em condições reais, mas que também pode

indicar a potencial existência de outras variáveis explicativas. Uma dessas potenciais

variáveis, que aumentam o erro, provavelmente, é a identidade das espécies de formigas que

realizam esta função de remoção de biomassa. Essa questão da identidade tabém é abordada

por Del-Claro & Marquis (2015), Armbrecht & Gallego (2007) e Gonthier et al. (2013), de

82

acordo com os quais a identidade da espécie tem grande relevância para determinar os níveis

de predação.

De modo similar, apesar da análise de correspondência canônica indicar que somente

o tipo de habitat ou a riqueza de espécies têm relação com a composição da assembleia de

formigas, é inegável que algumas espécies podem desempenhar o papel de remoção de

biomassa melhor que outras. Como exemplo disso pode-se citar as espécies do gênero

Brachymyrmex, todas de tamanho diminuto (em média 1,25 mm) que, independentemente do

tamanho da colônia, dificilmente conseguiriam remover quantidades significativas das iscas

disponibilizadas. No entanto, formigas do gênero Ectatomma (em média 130 mm) conseguem

remover pedaços relativamente grandes das iscas de uma única vez e ter potencialmente

grande influência sobre o total de biomassa removida. Assim, dentre essas formigas citadas,

também é importante destacar o papel das de tamanho intermediário, que têm o

comportamento de recrutar, podendo remover grandes quantidades das iscas devido ao

número de indivíduos que trabalham em conjunto, como algumas espécies do gênero

Pheidole, Solenopsis e as formigas de correição.

As três espécies de formigas mais encontradas dentro das estações de remoção de

biomassa após as 24 horas em campo, foram Pheidole sp. 01, Pheidole gertrudae (Forel,

1886) e Solenopsis saevissima (Smith, F., 1855) (Anexo IV), todas pertencentes ao grupo

funcional descrito anteriormente no Capítulo I como generalistas dominates. Além destas, em

eventos esporádicos, estas iscas foram encontradas por formigas de correição, um grupo que

abrange os gêneros Eciton, Labidus, Neivamyrmex e Nomamyrmex, que são espécies nômades

(sem colônia fixa), as quais podem ter colônias relativamente grandes e são reconhecidamente

vorazes (Palacio 2003). Em decorrência de eventos como esses, duas localidades tiveram de

ser excluídas das análises estatísticas – o ponto VN-18 e o VN-21 –, pois a ocorrência de

correição da espécie Labidus praedator (Smith, F., 1858) foi tão grande que a massa

83

desidratada de formigas capturadas em cada um desses pontos foi mais de 7,5 vezes maior

que o terceiro ponto com mais formigas. Isso levou a ocorrer, nesses pontos específicos,

praticamente a remoção total de biomassa de sardinha disponível, cerca de 237g e 224g.

Em vista disso, sugere-se que futuros estudos usem uma abordagem que leve em

consideração a abundância espécie/específica. Assim como já indicado, a presença abundante

de L. praedator tem grandes efeitos sobre a biomassa removida, mas essa espécie também foi

capturada em outras localidades e, provavelmente devido a uma abundância menor de

indivíduos dela nessas localidades, não ocorreu uma remoção tão intensa como a da

amostrada nas localidades VN-18 e VN-21.

84

Conclusão

As formigas têm preferência por remover iscas de sardinha (que simula uma dieta

baseada em organismos animais), em média, 20% a mais do que de banana, recurso que

simula apêndices atrativos de sementes e frutas do Cerrado. Já as sementes, relativamente às

outras duas iscas, praticamente não foram removidas. Isso evidencia que formigas selecionam

os recursos preferenciais e, ao mesmo tempo, possuem uma grande “promiscuidade trófica”

(Hunter 2009).

Foi detectado também uma capacidade de resistência das funções do ecossistema,

frente as mudanças no uso da terra. Isso, porque apenas nas áreas de soja detectamos uma

redução significativa na remoção de biomassa de sardinha. Mais especificamente foi

encontrado que a riqueza de formigas está correlacionada à função do ecossistema de remoção

de biomassa orgânica (sensu Fayle et al. 2011). E, assim como descritos nas revisões feitas

por Hopper et al. (2005), Cardinale et al. (2006) e Allan et al. (2013), também encontrou-se

que a intensificação da agricultura pode ou não levar à redução de determinada função do

ecossistema, dependendo das características da função citada e do tipo de uso da terra.

85

Capítulo III – Contribuição das formigas (Hymenoptera: Formicidae) para a predação

de ovos de lagarta em sistemas orgânicos de produção de hortaliças

Resumo

Devido à crescente demanda por alimentos ecológicos e sem agrotóxicos, tem ocorrido

um aumento no número de agricultores orgânicos. No entanto, para viabilizar ou aumentar a

eficiência da produção de orgâncicos, se faz necessário uma série de conhecimentos. Dentre

estes se incluem a identificação das espécies que realizam o controle biológico das pragas

agrícolas e qual a influência da paisagem. Já é consenso que Coleoptera, Araneae, Diptera e

Hemiptera são os principais predadores nos sistemas orgânicos, mas, no que diz respeito ao

Cerrado, há poucos estudos sobre a taxa de predação exercida por Formicidae (formigas). Por

isso, este estudo avaliou as taxas de predação de ovos de lagarta e como essas taxas são

influenciadas pelo tipo de uso da terra no entorno das propriedades. Para isso, foi realizado

um experimento em 18 áreas de agricultura orgânica no Distrito Federal envolvendo testes de

predação de ovos de Anticarsia gemmatalis e amostragem da fauna. Este estudo mostrou que

formigas são capazes de reduzir a população de ovos em 26,8% ao dia, enquanto outros

táxons de predadores, representados principalmente por Coleoptera (das famílias

Coccinellidae e Staphylinidae), removeram 13% dos ovos. Verificou-se também que as

formigas do gênero Linepithema, Dorymyrmex e Camponotus foram as mais frequentes,

porém os gêneros Pheidole e Solenopis são as com maior poder de recrutamento. A proporção

de área plantada num raio de 500 metros, além da interação das outras categorias da paisagem

entre si, tem uma pequena influência para a predação, apenas quando os predadores não são

formigas. Para a predação realizada por predadores em geral, incluindo formigas, ou apenas

por formigas, a paisagem não tem influência.

86

Introdução

Um dos oito objetivos do milênio lançados pela ONU é garantir o desenvolvimento

sustentável (UNPD 2015). Isso implica em mudar a forma como se produz alimento

atualmente, pois o que ococorre hoje é, em sua maioria, o processo de intensificação do uso

da terra para aumentar a produtividade, o que consequentemente amplifica os efeitos

negativos sobre a biodiversidade (e.g. Flynn et al. 2010; Jones et al. 2003). Por outro lado,

aumentar a intensificação do uso da terra não é a única maneira de aumentar a produtividade.

Em uma revisão, Tscharntke et al. (2005) apontaram que a intensificação do uso da

terra significa a conversão de sistemas naturais complexos em direção a ecossistemas

manejados e simplificados, dependentes de insumos artificiais, da mecanização e da frequente

intervenção humana. Aliado à consequente perda de espécies pela intensificação, encontra-se

a redução nos serviços ecológicos, incluindo a polinização (Brittain & Potts 2011), controle

biológico (Langellotto & Denno 2004), entre outros, o que aumenta ainda mais a dependência

destes sistemas em relação à intervenção humana. Porém, existem alternativas que reduzem

esse impacto, como a produção orgânica (Winqvist et al. 2011), apesar de exitirem algumas

incertezas quanto a seus reais benefícios ambientais (Hole et al. 2005). Nesse tipo de

produção agrícola, destaca-se a produção de hortaliças orgânicas, que tem uma “pegada

ecológica” menor do que a produção de grãos e carne (Wackernagel et al. 1999) e ainda com

o benefício de estar associado a alimentos mais saudáveis, devido a não utilização de

agrotóxicos (e.g. Chrisman et al. 2009).

No Brasil 85% do alimento consumido internamente é produzido por agricultores

familiares, em áreas de, no máximo, quatro módulos fiscais e nas quais se cultiva mais do que

uma cultura comercial (IPD 2010). Com o intuito de agregar ainda mais valor ao seu produto,

muito desses agricultores têm migrado para o sistema orgânico, cujo mercado, só em 2015,

87

cresceu 35%, atingindo R$ 2,5 bilhões em produtos comercializados (BioFach 2016; MAPA

2016c).

Mas essa transição, da agricultura convencional para a orgânica, exige mudanças de

manejo que envolvem certos riscos, pois a produção orgânica depende da restauração e

conservação de diferentes serviços ecológicos, os quais viabilizam uma produção agrícola

sustentável (Sujii et al. 2010). Em vista disso, uma das principais demandas dos agricultores

está relacionada com os problemas fitossanitários com insetos praga, que não podem ser

controlados com agrotóxicos nos sistemas orgânicos, por isso, recorre-se ao controle

biológico (Landis et al. 2000). Por exemplo, o uso de insetos parasitoides de pragas agrícolas

já é uma ferramenta utilizada comercialmente, na qual o parasitoide efetivamente regula o

tamanho populacional de seus hospedeiros (Parra & Zucchi 2004).

Para incrementar o controle biológico e para não favorecer insetos praga, a técnica

mais amplamente utilizada e pesquisada nas últimas décadas tem sido o aumento da

diversidade vegetal em escalas, as quais variam desde o talhão de cultivo até a diversidade da

paisagem agrícola (Gurr et al. 2003; Zhender et al. 2004; Sujii et al. 2010; Letourneau et al.

2011). O aumento da diversidade vegetal no primeiro nível trófico, em geral, tende a ter um

efeito positivo nos inimigos naturais e um efeito negativo nos herbívoros (Haddad et al. 2009;

Letourneau et al. 2011). Em contrapartida, o aumento da diversidade vegetal gera um

aumento da complexidade do habitat, o que diminui a chance de exclusão dos insetos praga

deste ambiente, mas, ao mesmo tempo, diminui a probabilidade de explosão populacional

destes insetos (Karban et al. 2013).

No que diz respeito à paisagem de zonas agrícolas, estas têm sido estudadas para

explicar o porquê de algumas áreas abrigarem mais predadores e/ou possuírem níveis maiores

de predação sobre insetos praga. Até agora, nesses estudos tem sido percebido que paisagens

agrícolas, onde há um aumento da complexidade ou da proporção de áreas nativas, têm mais

88

espécies (revisado por Tscharntke et al. 2005) e/ou maiores taxas de predação e produtividade

(Leiere et al. 2015; Balzan et al. 2016), apesar desse efeito estar ligado também ao táxon

(Lemessa et al. 2015). Porém, há alguns estudos que não detectaram efeito da paisagem (e.g.

Silva & Marco Jr 2014).

Comumente os organismos benéficos mais estudados dentro das áreas orgânicas são os

coleópteros da Família Coccinellidae, popularmente conhecidos como joaninhas (e.g.

Harterreiten-Souza et al. 2012; Togni et al. 2016), e os micro-hymenópteras (e.g. Vieira et al.

2013). Porém as formigas, além de comportamento predatório e organização eusocial,

intituladas até de superorganismo (Hölldobler & Wilson 2009), possuem todas as

prerrogativas para serem consideradas agentes de controle biológico. Offenberg et al. (2015),

em uma revisão, afirmaram que formigas do gênero Oecophilla reduzem a abundância das

pragas e de seus danos e aumentam os ganhos financeiros em diversos cultivos. A eficiência

delas foi considerada até maior do que a do uso de pesticidas químicos e com a vantagem de

ter baixo custo.

Antagonicamente, algumas espécies de formigas podem causar prejuízo aos

agricultores. Um exemplo comum disso, é a associação mutualística de várias espécies de

formigas com afídeos, na qual a planta hospedeira pode ou não ser prejudicada (revisado por

Styrsk & Eubanks 2007). Além disso, formigas do gênero Atta e Acromyrmex, que cortam

folhas para cultivar fungos dos quais se alimentam (Fernández 2003), são classificadas como

importantes pragas agrícolas. E por serem pragas que demandam constante monitoramento e

com grande potencial de dano econômico (Hernández & Jaffé 1995; Zanetti et al. 2014)

acabam sendo associadas pelos agricultores a todas as outras espécies de formigas, incluindo

as outras 2.000 espécies que se estima existir no Brasil (Baccaro et al. 2015).

Com base nestas informações, buscou-se avaliar qual a contribuição das formigas para

o controle biológico natural de insetos herbívoros em agrossistemas e determinar quais são os

89

fatores mais importantes que influenciam as taxas de predação nas áreas orgânicas.

Especificamente, procurou-se determinar: (1) se formigas são um grupo que efetivamente

reduz a população de herbívoros através da predação de ovos de lagarta; e (2) se estas taxas de

predação são explicadas pela abundância de predadores (incluindo táxons diferentes das

formigas), ocorrência de formigas e/ou uso da terra no entorno e dentro das propriedades.

90

Metodologia

Áreas de estudo

As coletas foram realizadas dentro do Distrito Federal nos meses de junho e agosto de

2015, em 18 áreas de produção orgânica de hortaliças, chamadas de localidades (Figura 3.1 e

Tabela 3.1). A distância mínima entre as localidades foi de 1,5 km, sendo que todas as áreas

pertencem a agricultores diferentes, com exceção das localidades amostradas Malunga 1 e

Malunga 2. As culturas plantadas em cada localidade são muito variadas, mas incluem

principalmente: alface, couve, cebolinha, salsinha, berinjela, quiabo, jiló, cenoura, cará,

inhame, milho, abobrinha, tomate e pimentão. O método de cultivo também é muito variado,

há localidades em que o talhão todo é de um único tipo de cultivo, outras em que cada linha

de cultivo é de uma espécie diferente de hortaliça e, por último, algumas propriedades

misturam, na mesma linha de cultivo, mais de um tipo de hortaliça. Há ainda o tipo de manejo

agronômico que varia de uma propriedade para outra – como o tipo de adubação ou o uso de

produtos naturais para combate às pragas –, sendo inviável avaliar como isso afeta o controle

biológico pela falta de repetição ou gradiente de mudança entre as propriedades.

Protocolo amostral

Para medir as taxas de predação, foi elaborado um experimento com 24 horas de

duração, para o qual foi desenvolvido um dispositivo (chamado de estaca de predação) que

simula uma planta (Figura 3.2-A), neste eram disponibilizados ovos de Anticarsia gemmatalis

(Hübner, 1818)(Lepidoptera: Noctuidae), um inseto praga de várias culturas (especialmente a

soja), criado em laboratório, dentro da Embrapa Cenargen, para ser utilizado em pesquisas.

Esse dispositivo, com altura de 25 a 30 cm, possui no topo seis “ramos”, os quais seguram,

nas pontas, retângulos de cartolina verde com aproximadamente 5 x 3 cm, simulando folhas.

91

Em cada um desses dispositivos existia: a) um ramo com uma folha com ovos, estes poderiam

ser acessados por todos os possíveis predadores – esta folha foi chamada de tratamento; e b)

um segundo ramo coberto por graxa de lítio (também conhecida como graxa branca), uma

substância inodora, insolúvel e que impede o trânsito de animais não alados, principalmente

formigas, e, na ponta deste ramo, uma folha, chamada de controle. Nesta segunda folha,

também foram disponibilizados ovos, com o cuidado de, em cada estaca de predação, se

colocar um número de ovos igual ou aproximado ao da cartela tratamento.

Devido a variação na densidade de ovos vindo da criação de A. gemmatalis, de acordo

com a idade da colônia, o número de ovos disponibilizado em cada cartela variou de um a 90,

para evitar que isso influencie os resultados, as estacas com baixa densidade (≤20 ovos) foram

alternadas com as de alta densidade (>20 ovos). Além disso, para simular as condições

naturais de postura da maioria dos insetos praga, todos os ovos foram disponibilizados na

página inferior da folha (voltados para baixo). Por fim, todas as cartelas, antes de irem a

campo, tiveram o número de ovos contados e escrito na própria cartela (Figura 3.2-B).

Portanto, pode-se determinar o número de ovos predados logo após a exposição da cartela em

campo.

Além desses dispositivos para medir a predação, foram criadas estacas de amostragem,

com a finalidade de amostrar a fauna que acessa as estacas de predação (Figura 3.2-C). Para

isso, no topo de uma estaca, também com altura de 25 a 30 cm, foi instalado um coletor

universal de 100 ml, que em campo era preenchido até a metade de seu volume por água com

detergente, na borda deste coletor foi derramada uma pequena quantidade de mel como

atrativo. Além deste coletor, havia um ramo isolado por graxa de lítio, com um pedaço de

cartolina verde, de 5 x 5 cm, na sua ponta, o qual continha ao menos 20 ovos de A.

gemmatalis e um pedaço de 5 x 3 cm de armadilha adesiva amarela (Figura 3.2-D). Portanto,

foi possível amostrar a fauna que sobe nas estacas, separando-se a que potencialmente acessa

92

os ovos do tratamento (capturadas no coletor universal) ou do controle (capturadas na

armadilha adesiva amarela).

Desenho amostral

Em cada localidade foram instaladas 60 estacas, sendo, 40 estacas de predação e 20

estacas de amostragem, totalizando 1.080 estacas nas 18 localidades. As estacas foram

distribuídas seguindo as linhas de cultivo, a uma distância de sete metros uma da outra, e

sendo sempre instaladas dentro do canteiro na seguinte ordem: estaca de amostragem, estaca

de predação com cartelas contendo de 1 a 10 ovos, estaca de predação com cartelas contendo

de 11 a 90 ovos e, assim, repetidamente. Portanto, foram instaladas, em cada localidade, 20

estacas de amostragem e 40 de predação, o que em linha reta teria um comprimento de 413

metros. No entanto, como os talhões geralmente são menores do que 40 metros de

comprimento, uma nova linha era instalada paralelamente a esta, a sete metros de distância

também. Por fim, tomou-se o cuidado de alternar as estacas de predação com baixas e com

altas densidades de ovos, para evitar a concentração de ovos em determinada região da

localidade e enviesar os resultados.

Análise da paisagem

Para realizar a categorização da paisagem e testar se esta influencia nas taxas de

predação de ovos, foram utilizadas imagens disponibilizadas pela Codeplan (Companhia de

Planejamento do Distrito Federal) no site ortofoto.mapa.codeplan.df.gov.br/demo/tms. Essas

imagens foram capturadas por um VANT (veículo aéreo não tripulado), na mesma época da

coleta (junho a agosto de 2015), e com uma resolução de 24 cm. Em seguida, utilizando-se o

programa ArcGIS 10.2.2 e ArcGIS Pro, foram mapeadas as áreas de: cobertura arbórea,

construção, com plantio e sem plantio (Tabela 3.2).

93

A cobertura arbórea foi definida como toda árvore ou conjunto de árvores, com

diâmetro da copa superior a aproximadamente 4 metros nas imagens aéreas. As áreas de

construção foram definidas como toda e qualquer área com edificações cobertas, cimentada

ou asfaltada, incluindo açudes e estradas de terra bem definidas. Plantio foi determinado

como a área plantada, a qual era identificada pela presença de linhas de plantio, geralmente

apresentando formas geométricas que facilitaram sua identificação. No entanto, para essa

classificação não foi possível determinar se esta área corresponde ao plantio com manejo

convencional (usando agrotóxicos) ou ao orgânico. O restante, que foi chamado de sem

plantio, basicamente, trata-se de pastagens, terrenos abandonados, potencialmente abrigando

também áreas de vegetação nativa de campo ou de cerrado stricto sensu, com diversos graus

de perturbação. Estas áreas não puderam ser classificadas de forma mais precisa porque estão

distribuídas em um gradiente imperceptível pelas imagens aéreas.

Posteriormente a essa classificação, foi contabilizada a área em m² de cada uma dessas

categorias em “buffers” (ou seja, uma área) com raios de 1.000, 500, 250 e 125 metros, a

partir do ponto central do conjunto de estacas instalado em cada localidade.

Análise dos dados

Todas as análises foram realizadas no programa R (R Development Core Team 2008).

Inicialmente foi aplicado um teste-t pareado, a fim de testar se as formigas efetivamente

contribuem para o aumento das taxas de predação nas cartelas tratamento em relação ao

controle, sendo a estaca o fator de pareamento. Logo após isso foram realizadas seleções de

modelos para verificar se a paisagem influencia as taxas de predação de ovos. Nesta análise

foram avaliadas três variáveis respostas: (1) o número de ovos predados no tratamento

(predação realizada por formigas e outros predadores), (2) o número de ovos predados no

controle (predação causada por artrópodes alados, excluindo-se formigas) e (3) o número de

94

ovos predados no tratamento menos o controle (predação atribuída às formigas). As variáveis

explanatórias foram as áreas das categorias da paisagem (cobertura arbórea, plantio, sem

plantio e construção) e todas as possíveis interações entre duas destas variáveis. Para cada

uma destas variáveis respostas foram construídos quatro modelos, um para cada buffer (1.000

m, 500 m, 250 m e 125 m).

O procedimento de seleção de modelos foi realizado pelo processo “backward”,

utilizando a função lm do R (R Development Core Team 2008). Nesse processo começou-se

com um modelo contendo todas as variáveis, e então a variável com maior p foi removida, e

novamente o modelo foi testado, até que restassem somente variáveis significativas. Além

desse processo, a cada novo modelo com uma variável removida, este foi comparado ao

anterior para verificar se ele sofre alterações significativas, utilizando-se, para isso, a função

anova do R (R Development Core Team 2008). Por fim, para determinar o melhor modelo, foi

aplicado o critério de Akaike, com a função AIC (Sakamoto et al. 1986) do R (R

Development Core Team 2008).

Para determinar se o número de ovos predados está relacionado ao número de

predadores, foram realizadas três regressões simples: (a) número de ovos predados no

tratamento em função do número total de predadores; (b) número de ovos predados no

controle em função dos predadores excluindo-se as formigas; e (c) número de ovos predados

no tratamento menos o controle em função do número de ocorrência de formigas. É

necessário esclarecer que, como Formicidae é um táxon social, o que leva a superestimava da

abundância quando ocorre o recrutamento, apenas para esse grupo foi considerado como

abundância o número de ocorrências registradas nos diferentes pontos (e.g. Vasconcelos et al.

2014). Além desses testes, como Formicidae foi o único táxon identificado até gênero,

seguindo a chave de Bolton et al. (2007) e Fernández (2003), e posteriormente até morfotipo

ou espécie, apenas para esse táxon foi realizada uma correlação entre ocorrência e riqueza.

95

Figura 3.1. Mapa das 18 localidades de agricultura orgânica amostradas no Distrito Federal no ano de 2015 e

dois exemplos de buffers categorizados em cobertura arbórea, plantio e construção.

96

Figura 3.2. Imagens da metodologia empregada nas 18 localidades de produção de hortaliças orgânicas do

Distrito Federal no ano de 2015. (A) Fotografia de uma das 720 estacas de predação em campo, onde eram

disponibilizadas duas cartelas com ovos de A. gemmatalis. (B) Fotografia das cartelas de ovos após 24 horas em

campo, com o número de ovos iniciais escritos a lápis, sendo que na cartela à esquerda ocorreu a predação de

todos os ovos. (C) Fotografia de uma das 320 estacas de amostragem, contendo um coletor universal e uma

cartela com armadilha amarela adesiva. (D) Fotografia de uma das cartelas de amostragem que ficaram em

campo, com uma tira contendo ovos como atrativo na parte superior e coberto por plástico transparente para

armazenagem. Setas indicam os locais em (A) e (C) que contêm graxa branca impedindo a passagem de

formigas.

97

Tabela 3.1. Localização e data de coleta das propriedades amostradas no Distrito Federal no ano de 2015.

Localidade Latitude Longitude Data de coleta

Juã 15°33'53.99"S 48° 1'53.87"O 11-06-2015 Corujinha 15°37'14.28"S 48° 3'52.44"O 06-08-2015 Cleide e Marlene 15°36'43.64"S 48° 4'42.64"O 11-06-2015 Chácara Guaruja 15°40'19.19"S 48° 9'52.90"O 06-08-2015 Valdir 15°39'2.36"S 48°12'2.68"O 29-06-2015 Valdimar 15°49'31.68"S 48°15'7.85"O 29-06-2015 Massae 15°49'49.08"S 48° 4'13.74"O 18-06-2015 Geranium 15°50'44.80"S 48° 4'20.94"O 18-06-2015 Heleno 15°53'9.91"S 48° 7'57.98"O 17-08-2015 FAL (Faz. Água Limpa) 15°56'59.04"S 47°56'0.81"O 19-08-2015 Buriti Alegre 15°58'15.59"S 47°53'38.28"O 22-06-2015 Idalercio 15°58'4.08"S 47°50'27.10"O 22-06-2015 Valter 15°55'36.51"S 47°46'1.40"O 25-06-2015 Alaercio 16° 0'50.76"S 47°44'47.17"O 25-06-2015 Zé Preto 15°44'57.67"S 47°38'54.86"O 15-06-2015 José Balde 15°45'44.00"S 47°38'30.58"O 15-06-2015 Malunga 1 15°58'40.96"S 47°29'46.19"O 03-08-2015 Malunga 2 15°57'59.41"S 47°30'17.73"O 03-08-2015

Tabela 3.2. Porcentagem mínima e máxima da ocorrência de diferentes categorias da paisagem no entorno das

18 localidades de produção de hortaliças orgânicas amostradas no Distrito Federal, no ano de 2015.

Buffer 1000m Buffer 500m Buffer 250m Buffer 125m

Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo

Construção 2,8% 37,8% 2,2% 43,9% 2,8% 40,4% 1,8% 21,7%

Cobertura arbórea 2,7% 38,7% 3,4% 46,9% 3,2% 35,9% 2,8% 41,4%

Plantio 0,2% 31,2% 0,5% 45,3% 2,0% 57,0% 7,9% 79,7%

Sem plantio 33,1% 84,5% 24,3% 86,7% 18,3% 81,7% 9% 78,3%

98

Resultados

Desconsiderando as formigas, foram coletados 3.631 espécimes de artrópodes (Figura

3.3), entre estes, 406 predadores (Figura 3.4). Os predadores mais comuns foram Coleoptera

(178 indivíduos), destacando-se a família Staphylinidae (105) e Coccinellidae (71). A ordem

Diptera foi a segunda mais comum entre os predadores, com a família Dolichopodidae (128),

porém estes são predadores preferenciais de animais em voo e de pequeno porte (Harterreiten-

Souza, comunicação oral), não sendo observadas em campo a predação de ovos de A.

gemmatalis, por isso não foram incorporados às análises dos predadores. Os outros

predadores encontrados foram Hemiptera-Heteroptera (35), Araneae (27), Hymenoptera-

Vespoidea (25), Neuroptera (6), Psocoptera (2), Pseudoscorpionida (1), Coleoptera-Melyridae

(1) e Coleoptera-Carabidae (1).

A utilização de graxa branca para evitar a passagem de formigas demonstrou ser

eficiente, apesar de não ser infalível (Figura 3.4). Ao todo, foram capturados 1.831 indivíduos

de formigas, em 244 ocorrências (Tabela 3.3), e distribuídos em 35 espécies com potencial

para atuar como predadoras dos ovos. Além destas, foi realizado um registro de Atta laevigata

(Smith, 1858), uma espécie de formiga que atua funcionalmente como herbívora. As espécies

de formigas mais frequentes foram Linepithema micans (Forel, 1908), Dorymyrmex cf.

brunneus (Forel, 1908) e Linepithema cf. cerradense (Wild, 2007), todas da subfamília

Dolichoderinae. Porém, a espécie com maior número de indivíduos foi Pheidole gertrudae

(Forel, 1886), da subfamília Myrmicinae. De modo geral, as dez espécies mais comuns de

formigas representaram mais de 80% da ocorrência de formigas.

O número de ovos predados entre controle e tratamento (Figura 3.5) demostra que

formigas são seus principais predadores (teste-t pareado, t = 12.445, df = 717, p < 0,0001).

Em média a porcentagem estimada de ovos predados é de aproximadamente 39,8% por dia,

99

dos quais 26,8% são por formigas e 13% por outros predadores. Há, porém, muita variação

entre as propriedades, tanto na predação total, variando de 9,4% até 63,2% dos ovos, como na

predação só por formigas (de 5,3% até 52,4%) ou só por outros predadores (4,2% até 21%).

Análises de modelos lineares mostram que o número total de ovos predados e o de

ovos predados por formigas em cada localidade orgânica não sofre influência da paisagem

(Tabela 3.4). No entanto, área plantada no raio de 500 metros influencia positivamente os

ovos predados no controle, além da influência de interações com o resto da paisagem.

Em contrapartida, as regressões entre o número de ovos predados e o número de

predadores foram todas significativas (Figura 3.6). O número de ovos predados no tratamento

é positivo e significativamente relacionado com o número total de predadores (Nº de ovos

predados = 129,4 + 4,878 x Nº de predadores, R²=0,41, p=0,004). Assim como o controle (Nº

de ovos predados = 49,8 + 2,6 x Nº de predadores não formigas, R² = 0,27, p = 0,025) e o

tratamento menos o controle (Nº de ovos predados = 110,5 + 5,185 x Nº de ocorrência de

formigas, R² = 0,30, p = 0,017). Por fim, também se encontrou uma correlação para formigas

entre sua ocorrência e a riqueza de espécies (t = 7,5254, R=0,88 , p<0,001).

100

Figura 3.3. Proporção dos 3.875 indivíduos capturados em função do grupo funcional ao qual pertencem. As

coletas foram realizadas em 18 localidades de produção de hortaliças orgânicas do Distrito Federal no ano de

2015, utilizando 360 coletores universais e 360 cartelas de armadilha adesiva amarela.

*Para o grupo predador as formigas foram contabilizadas em número de ocorrência (244) ao invés de número de

indivíduos (1.831).

**Para o grupo dos indeterminados, dos 1.814 registros, 1.558 foram da ordem Diptera, ou seja, 86%.

Galhador 5%

Herbívoro 18%

Indeterminado** 47%

Decompositor 1%

Parasitoide 8%

Polinizador 3%

Predador* 17%

Grupos funcionais capturados

101

Figura 3.4. Proporção do táxon de predadores capturados na armadilha adesiva amarela (170 registros) e no

coletor universal (352 registros). As coletas foram realizadas em 18 localidades de produção de hortaliças

orgânicas do Distrito Federal no ano de 2015, utilizando 360 coletores universais e 360 cartelas de armadilha

adesiva amarela. Nessa figura, a família Dolichopodidae, com 128 indivíduos, foi suprimida.

*Para a Família Formicidae as formigas foram contabilizadas em número de ocorrência (244) ao invés de

número de indivíduos (1.831).

Araneae 4%

Vespoidea 6%

Coccinellidae 35%

Heteroptera 15%

Staphylinidae 29%

Formicidae* 7%

Outros 4%

Predadores amostrados na armadilha adesiva amarela

Araneae 6%

Vespoidea 4%

Coccinellidae 3%

Heteroptera 3%

Staphylinidae 16%

Formicidae* 66%

Outros 2%

Predadores amostrados no coletor universal

102

Figura 3.5. Número de ovos de A. gemmatalis disponibilizados e predados nas cartelas de controle (sem acesso

às formigas) e tratamento (com acesso às formigas). O experimento foi realizado em 18 localidades, dentro do

Distrito Federal no ano de 2015. Barras representam desvio padrão e letras diferentes indicam diferenças

significativas (p<0,05).

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

Inicial Predado Inicial Predado

Controle Tratamento

Núm

ero

de o

vos

a a

b

c

103

Figura 3.6. Relações lineares entre abundância, predação ou riqueza, de modo que: (a) ovos predados nas

cartelas tratamento em relação a todos os predadores; (b) ovos predados nas cartelas controle em relação aos

predadores exceto formigas; (c) ovos predados no tratamento menos o controle (predação atribuída às formigas)

em relação à ocorrência de formigas; e (d) correlação entre a riqueza de formigas e sua ocorrência. Para todas as

regressões e a correlação, os resultados foram significativos (p<0,05). Esses dados são baseados no experimento

realizado em 18 localidades, dentro do Distrito Federal no ano de 2015.

0

40

80

120

160

200

0 20 40

Núm

ero

de o

vos p

redados

Número de predadores (exceto formigas)

b) Controle

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 10 20 30 40

Riq

ueza d

e f

orm

igas

Ocorrência de formigas

d) Correlação

0

100

200

300

400

500

600

0 20 40 60

Núm

ero

de o

vos p

redados

Número de predadores

a) Tratamento

0

50

100

150

200

250

300

350

0 10 20 30 40

Núm

ero

de o

vos p

redados

Ocorrência de formigas

c) T - C

104

Tabela 3.3. Lista de espécies de formigas potencialmente predadoras de ovos de A. gemmatalis capturadas nas

360 estacas de amostragem. As coletas foram realizadas em 18 localidades de produção de hortaliças orgânicas

do Distrito Federal no ano de 2015.

Espécies

Nº de localidades

com ocorrência

Nº de indivíduos capturados

Ocorrência Porcentagem

acumulativa de ocorrência

Linepithema micans 11 371 44 18%

Dorymyrmex cf. brunneus 10 245 33 32%

Linepithema cf. cerradense 7 154 22 41%

Camponotus sp.12 9 26 22 50%

Camponotus sp.16 8 57 20 58%

Pheidole gertrudae 7 493 14 64%

Dorymyrmex cf. jheringi 5 82 14 69%

Pheidole sp.01 7 104 12 74%

Pheidole sp.24 5 102 8 77%

Solenopsis saevissima 4 44 8 81%

Camponotus gr. senex 6 13 6 83%

Brachymyrmex sp03 4 47 5 85%

Pheidole sp.23 3 14 4 87%

Camponotus gr. blandus 3 7 4 89%

Pheidole sp.13 1 9 2 89%

Nylanderia sp.03 1 8 2 90%

Pheidole sp.20 2 7 2 91%

Pheidole sp.22 2 7 2 92%

Brachymyrmex sp.01 2 6 2 93%

Labidus praedator 2 6 2 93%

Brachymyrmex sp.02 2 2 2 94%

Pseudomyrmex termitarius 1 6 1 95%

Camponotus sp.17 1 4 1 95%

Crematogaster sp.10 1 3 1 95%

Pheidole sp.03 1 3 1 96%

Camponotus arboreus 1 2 1 96%

Camponotus atriceps 1 1 1 97%

Camponotus sp.18 1 1 1 97%

Camponotus sp.46 1 1 1 98%

Cardiocondyla sp.01 1 1 1 98%

Pheidole sp.02 1 1 1 98%

Pheidole sp.04 1 1 1 99%

Pheidole sp.37 1 1 1 99%

Pseudomyrmex rufiventris 1 1 1 99%

Solenopsis sp.02 1 1 1 100%

105

Tabela 3.4. Modelo linear que explica a influência da paisagem sobre as taxas de predação de ovos de A.

gemmatalis. O experimento foi realizado em 18 localidades de produção de hortaliças orgânicas do Distrito

Federal no ano de 2015.

Fator e escala espacial Modelo Estimativas R²

Ajustado AIC Valor de p

a) Ovos predados (total)

Buffer 1000m

(nenhum)

-

-

-

<0,05

Buffer 500m (nenhum) - - - <0,05

Buffer 250m (nenhum) - - - <0,05

Buffer 125m (nenhum) - - - <0,05

b) Ovos predados por

formigas

Buffer 1000m

(nenhum)

-

-

-

<0,05

Buffer 500m (nenhum) - - - <0,05

Buffer 250m (nenhum) - - - <0,05

Buffer 125m (nenhum) - - - <0,05

c) Ovos predados no

Controle

Buffer 1000m

(nenhum)

-

-

-

<0,05

Buffer 500m Plantio

Construção x Cobertura

arbórea

Plantio x Construção

Cobertura arbórea x Sem

plantio

Plantio x Sem plantio

2.306e-03

2.533e-09

-3.550e-08

-1.577e-09

-2.402e-09

0.3003 189,7 0,0103

0,0361

0,0142

0,0065

0,0337

Buffer 250m (nenhum) - - - <0,05

Buffer 125m (nenhum) - - - <0,05

106

Discussão

Conseguiu-se, neste estudo, isolar os efeitos de predadores alados em relação aos não

alados, atráves do uso de graxa branca, assim como também realizado por Rabelo & Francini

(2014) (Figuras 3.4 e 3.5). Apesar deste isolamento não ser completo – visto que 12 formigas

também foram encontradas nas armadilhas adesivas amarelas –, podemos considera-lo

eficiente. Evidentemente formigas não foram os únicos predadores isolados durante o

experimento, além destas, em tese também podem ter sido isoladas aranhas, ninfas e larvas

predadoras, as quais também podem ter contribuído para as taxas de predação no tratamento.

No entanto, a ocorrência destes predadores foi similar à ocorrida no controle, e desprezível se

comparada à de formigas.

Sendo assim, os dados sugerem fortemente que as formigas são os principais

predadores de ovoposições de A. gemmatalis em hortaliças ou arbustos nas áreas de

agricultura orgânica (Figura 3.5). O mesmo também foi observado em outros estudos em

diferentes países: na Colômbia, Armbrecht & Gallego (2007) mediram uma taxa de predação

por formigas de 30,5% sobre a broca-do-café (Hypothenemus hampei) em cinco dias; nos

EUA, Karban et al. (2013) encontraram de 20% a 40% de predação sobre a lagarta

Platyprepia virginalis em oito dias; e López & Potter (2000) encontraram uma predação de

65,5% a 71,8% sobre ovos da lagarta (Agrotis ipsilon), durante 22 horas em campos de golfe.

Offberg (2015) faz uma revisão, com estudos da Oceania e sudeste Asiático, demonstrando

que, de 17 publicações diferentes, formigas do gênero Oecophilla só não reduziram o

tamanho populacional de pragas em um dos estudos.

Dentre as espécies de formiga amostradas, fica evidente que poucas são responsáveis

pela maior parte da predação (Tabela 3.3). Surpreendentemente as três espécies mais

frequentes capturadas nas estacas foram da subfamília Dolichoderinae, pertencentes aos

107

gêneros Linepthema e Dorymyrmex, reconhecidamente um grupo que apresenta tolerância

térmica a altas temperaturas e preferência por locais abertos (Farji-Brener et al. 2002; Cuezzo

2011), comuns nos agrossistemas do Cerrado. Geralmente, os estudos têm apontado os

gêneros Pheidole e Solenopsis como os principais predadores nas áreas agrícolas neotropicais

(Risch & Carroll 1982: Armbrecht et al. 2007), principalmente por terem características de

predadoras generalistas, grande capacidade de recrutamento e subjugarem presas muitas vezes

maiores que elas próprias. Mas o que se encontrou é que, apesar destes gêneros dominarem de

fato a superfície do solo (Frizzo, dados do Capítulo I e II), a habilidade das espécies dos

gêneros Dorymyrmex e Linepithema, assim como secundariamente o gênero Camponotus, de

subir nas plantas arbustivas, confere a esses o papel de principais predadores de ovos de A.

gemmatalis sobre as hortaliças. Porém, as formigas da subfamília Myrmicinae, que somam

24% das ocorrências e são representadas principalmente pelo gênero Pheidole, tiveram as

maiores médias de indivíduos recrutados por ocorrência (média de 13,4 indivíduos) em

comparação à subfamília Dolichoderinae (7,5) e Formicinae (2,6).

Complementando o papel desempenhado pelas formigas, uma metanálise com estudos

em agrossistemas encontrou que predadores generalistas controlam a abundância de

herbívoros em 79% das publicações analisadas, e em 65% dos estudos reduzem o dano na

planta ou aumentam o rendimento da produção (Symondson et al. 2002). De fato, a existência

de cultivos orgânicos comerciais só é possível devido à presença dos predadores que

controlam a ocorrência de pragas (e.g. Birkhofer et al. 2016). Mas além das formigas, outros

predadores das ordens Coleoptera, Dermaptera, Neuroptera e Diptera também contribuem

substancialmente para esse serviço ecológico (Harterreiten-Souza et al. 2014; Togni et al.

2016).

Quando se analisa o controle de pragas em sistemas agrícolas, é importante ressaltar

que a identidade da praga afeta a capacidade desta de ser controlada por um determinado

108

táxon de predador. Por exemplo, formigas evidentemente são ótimos predadores de ovos,

como visto aqui, porém pragas aladas, como adultos da mosca branca (Bemisia tabaci,

Gennadius 1889), em tese, dificilmente seriam predadas por formigas, devido ao seu tamanho

reduzido e à capacidade de voo, sendo este alvo preferencial de alguns predadores das ordens

Hemiptera, Neuroptera e Coleoptera (Naranjo 2001). Outro exemplo disso é presença de

afídeos, um fitófago que pode se associar mutualisticamente às formigas sendo protegido por

estas (Styrsk & Eubanks 2007). Assim, joaninhas (Coccinellidae) atuariam como predadores

complementares para afídeos e redundantes para ovos (Togni et al. 2016).

Para melhor demonstrar o quanto a predação pode ser benéfica aos produtores,

podemos simular os cálculos de herbívoria foliar. Segundo Bueno et al. (2011), em toda a

faze larval da A. gemmatalis, ela consome em média 89 cm² de área folhar de soja (variando

entre tipos de cultivar). Supondo que todos os ovos predados deste experimento gerassem

larvas, que tivessem consumido 89 cm²/indivíduo de área foliar, em média, cada localidade

sofreria um dano de 2,4m²/dia de perda de área foliar. Sendo, um terço desta perda foliar

evitado por predadores não alados e o restante pela predação exercida por formigas.

Muitos estudos têm sugerido que a paisagem tem importância, sendo ela provedora de

biodiversidade e podendo incrementar a presença de predadores de múltiplos táxons e

consequentemente aumentar o potencial do serviço ecológico de controle biológico (Rusch et

al. 2013). No entanto, não foi isso que se encontrou neste estudo, já que se observa que a

paisagem não tem influência para o total de ovos predados e aqueles predados apenas por

formigas (Tabela 3.5). Assim como visto em outros estudos, a influência e importância

relativa de cada fator da paisagem variam de acordo com o táxon estudado (Winqvist et al.

2011; Lemessa et al. 2015). Segundo Bikhofer et al. (2016), em sistemas orgânicos é possível

manter o controle biológico de pragas, independente da paisagem, através do manejo delas.

109

Mas esse manejo depende do tipo de praga, do predador e da interação que existe entre esses

dois.

Ao contrário das nossas expectativas, a cobertura arbórea na paisagem, que está ligada

principalmente a ocorrência de formações florestais, não teve efeito isolado do resto da

paisagem sobre a predação de ovos exercida por nenhum predador. Para formigas, isso reflete

a especialização de habitats, assim como visto no Capítulo I e por Pacheco & Vasconcelos

(2012), pois a comunidade de formigas das áreas florestais é um grupo de espécies diferente

das que ocorrem nos agrossistemas. No entanto, outro estudo no Cerrado demonstrou que a

presença de árvores espalhadas nos sistemas agrícolas aumenta a riqueza local de espécies de

formigas (Frizzo & Vasconcelos 2013), o que está correlacionado com a ocorrência de

formigas (Figura 3.6) e possivelmente pode gerar um incremento nas taxas de predação, mas

ainda sem comprovação científica.

Para os predadores, excluindo-se formigas, a cobertura arbórea tem efeito sobre as

taxas de predação interagindo com outras categorias da paisagem (Tabela 3.4). Assim como

visto por Harterreiten-Souza et al. (2014), nessa região, a formação florestal aumenta a

diversidade tanto de herbívoros como de predadores nos cultivos do entorno, servindo de

fonte de inimigos naturais. A presença de formações florestais na paisagem está relacionada

ao aumento de recursos alternativos e à disponibilidade de local de refúgio para períodos de

baixa disponibilidade de recurso, tanto para predadores como para pragas (revisado por

Landis et al. 2000; Langellotto & Denno 2004).

Já a presença de plantio na paisagem, significativamente aumenta as taxas de predação

por predadores alados (e.g. Liere et al. 2015), provavelmente, porque está ligada a hipótese de

concentração de recurso (Root 1973) e por manter um conjunto de espécies regional já

adaptado aos agrossistemas. Porém é importante resaltar que proporções muito altas de

plantio convencional na paisagem – acima dos 31,2% da paisagem, como analisado aqui –,

110

têm demonstrado efeito negativo sobre a biodiversidade e seus serviços (Langellotto & Denno

2004; Tscharntke et al. 2005). Além disso, como visto na Tabela 3.4, existem várias

interações entre as categorias da paisagem, indicando que o resto da paisagem também

influencia a predação de ovos por predadores alados, mesmo que essa influência para as

interações sejam padrões complexos e com um modelo que se ajuste relativamente mal aos

dados (r² ajustado=0,30).

Entretanto, para explicar as taxas de predação foram encontradas relações

significativas com a abundância de todos os predadores, além dos predadores alados e

formigas (Figura 3.6). Isso provavelmente está ligado à hipótese de mais indivíduos

(Srivastava & Lawton 1998), segundo a qual, quanto mais recurso, maior é quantidade de

consumidores. Neste caso, uma quantidade maior de recurso nas propriedades implica em um

número maior de predadores e, consequentemente, em maiores taxas de predação. Isso sugere

um sucesso na capacidade das propriedades com altas taxas de predação em conseguir

aumentar o número de predadores, porém não se foi capazes de determinar o que causa essa

maior abundância. Na literatura, já é sabido que a disponibilidade de recursos florais é um

alimento alternativo para predadores como joaninhas (Lundgren 2009). Além disso, as

fazendas podem ser manejadas para criar uma “infraestrutura ecológica” adequada para

aumentar o controle biológico (revisado por Landis et al. 2000). Também se observou que,

aparentemente, o uso de matéria orgânica (folhas, serragem, casca de arroz entre outros) para

adubação pode estar ligado a um aumento na disponibilidade de presas alternativas

(detritívoros) para as formigas. Entretanto, isso é baseado em observações de campo,

realizadas principalmente na propriedade Juã. Além disso, dados na literatura sugerem que o

aumento da complexidade do ambiente com o incremento de serrapilheira teria o efeito

inverso ao sugerido aqui, reduzindo a probabilidade de predação (Gibb & Parr 2010; Karban

et al. 2013).

111

Conclusão

As formigas, apesar do desconhecimento por parte dos produtores, é um importante

grupo de insetos predadores, capazes de reduzir a população de ovos de uma lagarta praga nas

plantas de fazendas orgânicas numa média de 26,8% ao dia. Destaca-se também que os outros

predadores amostrados consistem principalmente de duas famílias da ordem Coleoptera

(Coccinellidae e Staphylinidae) que, juntamente com outros táxons de predadores, removeram

13% dos ovos disponíveis.

A paisagem apresenta um efeito limitado apenas sobre a predação realizada pelos

predadores alados, sendo influenciados positivamente por áreas de plantio e por interações

entre o resto da paisagem, em um raio de 500 metros. Foi encontrado por fim, uma relação

positiva entre a abundância dos predadores e suas respectivas taxas de predação. O que indica

que o sucesso da conservação do controle biológico, dentro de áreas orgânicas, está associado

a capacidade desses sistemas de conseguir manter uma grande quantidade de predadores.

112

Considerações finais

Padrões encontrados

A redução da biodiversidade local, regional e global, devido à atividade agrícola, é

aparentemente um padrão universal, mas a intensidade dessa redução é dependente da

proporção e tipo de uso da terra (e.g. Sala et al. 2000; Rockströn et al. 2009; Newbold et al.

2015). Isso porque tornar sistemas complexos com milhares a milhões de anos de evolução

em sistemas simplificados causa a exclusão de espécies (Tscharntke et al. 2005). Assim como

confirmado por este estudo, no Cerrado não é diferente, mas tão importante quanto detectar o

efeito – redução da biodiversidade – é determinar a magnitude deste efeito, já que ele varia

em função do táxon, tipo de uso da terra (Kessler et al. 2009; Bommarco et al. 2014) e da

região geográfica (Newbold et al. 2015). Isso se evidencia porque se mostrou que o cultivo de

soja convencional é o mais restritivo para a mirmecofauna nativa do Cerrado, contendo

apenas 17% das espécies da região, e mesmo áreas de pastagens e agricultura orgânica sendo

menos impactantes comportam aproximadamente metade da fauna nativa.

A diversidade de espécies de formigas no Cerrado é em grande parte dependente de

espécies raras, comparativamente, por exemplo, à savana Australiana (Campos et al. 2011).

Essas espécies raras são as mais suscetíveis à extinção (Didham et al. 1996; Weiner et al.

2014). E, assim como se mostrou, a riqueza de formigas está correlacionada com: a biomassa

de formigas; a ocorrência de formigas; e determinadas funções ou serviços do ecossistema

como remoção de biomassa e predação. Portanto, ressalta-se que a perda dessas espécies raras

pode ter implicações negativas na biomassa de artrópodes e funções do ecossistema.

As matas comportaram o grupo de espécies de formigas mais singular do estudo. Essas

espécies florestais geralmente não ocorrem nas paisagens agrícolas e, por isso, para as

formigas do Cerrado, áreas de mata na paisagem não aumentam o controle biológico em áreas

113

agrícolas adjacentes. No entanto, destaca-se que para outros táxons matas podem ser fonte de

agentes de controle biológico (Harterreiten-Souza et al. 2014).

Detectaram-se também mecanismos de redundância entre formigas e outros

predadores (sendo os principais pertencentes à Ordem Coleoptera). Mecanismos de

redundância também existem nos cultivos de soja, no qual, na ausência de formigas a

remoção de biomassa de banana (recurso que simula apêndices atrativos de semente e frutas)

é realizada por outros táxons.

Implicações

Na prática, porém, a expansão da agricultura sobre áreas de vegetação nativa no

Cerrado ainda é uma realidade, com apenas 2,2% da área sobre proteção legal e com taxas de

desmatamento superior às da Amazônia (Klink & Machado 2005). Por isso é imperativo que

as ações conservacionistas passem a incluir os sistemas agrícolas (Tscharntke et al. 2015).

Sugere-se também que determinados tipos de uso da terra (como pastagem ou agricultura

orgânica) sejam preferencialmente usados no entornos de áreas de proteção ambiental ou de

relevante biodiversidade como forma de amortização dos efeitos de sistemas intensificados,

como a produção de soja.

Os motivos pelos quais, nos cultivos de soja, o número de espécies e biomassa de

formigas é menor comparativamente aos outros sistemas ainda não foi conclusivamente

estudado. Mas se aponta que arar o solo (Pereira et al. 2010; Köhl et al. 2014) e uso de

agrotóxicos (revisado por Aktar et al. 2009) afetam vários organismos. Além destes, a

redução de local para nidificação das formigas e efeitos indiretos, como competição

interespecífica, também são sugeridos (Philpott & Foster 2005; Armbrecht et al. 2006; Frizzo

& Vasconcelos, 2013; Pacheco et al. 2013).

114

Comparações entre os cultivos orgânicos e de soja são um indicativo de que o fator

mais importante para redução da biodiversidade na soja talvez seja o uso de agrotóxico.

Entretanto isso não é conclusivo, visto que as propriedades de produção orgânica são

produtivas durante todo ano e entremeadas por plantas perenes, o que pode influenciar

positivamente na capacidade das formigas de persistirem nestes ambientes.

Todavia, é um fato, segundo dados da ABRASCO (2015), que nos últimos anos há um

aumento desproporcional no uso de inseticidas, que de 2000 a 2012 teve um crescimento

acumulado de 162,3%, sendo hoje, o Brasil o maior consumidor de agrotóxicos do mundo

(MMA 2016). Em uma revisão, Popp et al. (2013) indicam algumas formas para se reduzir os

possíveis impactos de sistemas altamente manejados como a soja. A primeira, seria aumentar

o uso de cultivos geneticamente modificados, que são resistentes a determinados tipos de

praga, e, consequentemente, demandam um menor consumo de agrotóxicos. A segunda é,

assim como ocorre na Noruega, os agrotóxicos poderiam ser taxados de acordo com sua

toxicidade, elevando o custo daqueles que são potencialmente mais perigosos. Por último,

pode-se utilizar o MIP (manejo integrado de pragas), uma técnica com mais de três décadas

no Brasil. Essa técnica consiste no combate às pragas utilizando várias metodologias, e

recorrendo aos agrotóxicos somente quando a população de pragas atinge um determinado

tamanho (chamado de nível de controle). Assim como discutido no XXVI Congresso de

Entomologia, os agricultores brasileiros abandonaram o uso do MIP e têm realizado

pulverizações preventivas, com a mistura de diferentes produtos e em quantidades

desnecessárias, aumentando inclusive os casos de resistência de pragas.

Em relação às pastagens, elas apresentam desvantagem em comparação com as áreas

de agricultura orgânica. Primeiro que para se produzir 1 kg de carne é necessário utilizar 303

m² de pastagem, o que equivale a 83 vezes mais área do que para produzir 1 kg de cereal, ou

382 vezes mais área do que para produzir 1 kg de raiz ou tubérculo, ou, ainda, 545 vezes mais

115

área do que para produzir 1 kg de hortaliça (Wackernagel et al. 1999). Outro fator de

preocupação é a utilização do capim exótico Melinis minutiflora como forrageira, que é

considerado mais danoso ao meio ambiente que o Urochloa (Syn. Brachiaria) decumbens,

principalmente pela dominância competitiva em relação às espécies nativas e pelos efeitos

indiretos em caso de queimada (Pivello et al. 1999; Hoffmann et al. 2004).

Em contrapartida, a agricultura orgânica contempla muitos pequenos produtores, o que

traz benefícios sociais, ambientais e aumenta a segurança alimentar (Tscharntke et al. 2012).

No entanto, mesmo áreas de agricultura orgânica têm sido submetidas ao que Hall &

Mogyorody (2001) chamam de “convencionalização”, que é um processo de aumento da

produção, respeitando as normas dos produtos orgânicos, mas não os princípios (Blanc 2009).

Isso demonstra que a evolução do agronegócio e a expansão de suas atividades são a principal

ameaça à mirmecofauna do Cerrado, o que provavelmente ocorre com os outros táxons (Silva

et al. 2006).

Por fim, em uma revisão, De Fries et al. (2004) aponta que há um balanço entre as

necessidades humanas imediatas e a manutenção das funções do ecossistema, sendo que esse

equilíbrio é afetado pelos valores da sociedade. Ou seja, o uso exacerbado dos recursos

naturais pode causar prejuízos à sociedade, assim como trazer benefícios imediatos (como

conforto ou lucro financeiro). A medida desse equilíbrio é dada pela informação recebida pela

sociedade, importância que ela dá a estas informações e como esta é interpretada e influencia

suas decisões.

116

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Anexo I. Definição dos grupos funcionais e lista das respectivas espécies. Grupo funcional / Descrição Espécies

Arborícola

Espécies que nidificam

obrigatoriamente em árvores e

arbustos.

Azteca sp.01, Azteca sp.02, Cephalotes atratus, Cephalotes betoi,

Cephalotes maculatus, Cephalotes pusillus Crematogaster limata,

Crematogaster sp.01, Crematogaster sp.02, Crematogaster sp.03,

Crematogaster sp.04, Crematogaster sp.05, Crematogaster sp.06,

Crematogaster sp.08, Crematogaster sp.10, Crematogaster sp.11,

Crematogaster sp.13, Crematogaster sp.14, Pseudomyrmex cf.

phyllophilus, Pseudomyrmex gracilis, Pseudomyrmex pallidus e

Pseudomyrmex tenuis.

Attini

Tribo da subfamília Myrmicinae,

cuja as espécies cultivam fungo

em matéria vegetal recolhida

pelas operárias. Algumas destas

são consideradas pragas

agrícolas com as formigas do

gênero Atta e Acromyrmex.

Acromyrmex cf. balzani, Acromyrmex sp.01, Acromyrmex sp.02,

Acromyrmex sp.03, Apterostigma sp.01, Apterostigma sp.02, Atta

sp.01, Cyatta abscondita, Cyphomyrmex lectus, Cyphomyrmex

rimosus, Cyphomyrmex sp.04 gr. rimosus, Cyphomyrmex sp.05 gr.

rimosus, Cyphomyrmex sp.06 gr. rimosus, Cyphomyrmex sp.09 gr.

strigatus, Cyphomyrmex sp.10 gr. strigatus, Mycetarotes cf.

parallelus, Mycetarotes sp.02, Mycocepurus goeldii, Mycocepurus

obsoletus, Mycocepurus sp.03, Mycocepurus sp.04, Myrmicocrypta

camargoi, Myrmicocrypta sp.01, Myrmicocrypta sp.03, Sericomyrmex

sp.01, Sericomyrmex sp.02, Trachymyrmex sp.01, Trachymyrmex

sp.02, Trachymyrmex sp.03, Trachymyrmex sp.04, Trachymyrmex

sp.05, Trachymyrmex sp.06, Trachymyrmex sp.07, Trachymyrmex

sp.08, Trachymyrmex sp.09 e Trachymyrmex sp.10.

Camponotini

Tribo da subfamília Formicinae,

representada aqui por um único

gênero, Camponotus. Esse grupo

apresenta espécies capazes de

nidificar no solo e/ou na

vegetação arbórea. Apresentam

um comportamento oportunista,

sendo facilmente encontradas em

interações mutualísticas com

afídeos. Porém, diferente do

grupo funcional oportunista

(com espécies de pequeno

porte), as espécies apresentam

um tamanho corporal de médio a

grande.

Camponotus arboreus, Camponotus atriceps, Camponotus bidens,

Camponotus bonarensis, Camponotus cingulatus, Camponotus gr.

blandus, Camponotus gr. senex, Camponotus lespesii, Camponotus

leydigi, Camponotus novagrandensis, Camponotus personatus,

Camponotus renggeri, Camponotus rufipes, Camponotus

sericeiventris, Camponotus sp.12, Camponotus sp.17, Camponotus

sp.18, Camponotus sp.26, Camponotus sp.27, Camponotus sp.28,

Camponotus sp.29, Camponotus sp.30, Camponotus sp.32,

Camponotus sp.34, Camponotus sp.35, Camponotus sp.44,

Camponotus sp.45, Camponotus sp.16 e Camponotus substitutus.

Correição

Grupo de espécies nômades, que

forrageiam em grandes colunas

(muitos indivíduos, um ao lado

do outro) e são extremamente

vorazes, sendo encontrado na

literatura registros de predação

de até pequenos roedores.

Eciton vagans, Labidus coecus, Labidus mars, Labidus praedator,

Neivamyrmex pseudops, Neivamyrmex sp.01, Neivamyrmex sp.02,

Neivamyrmex sp.04, Neivamyrmex sp.05, Neivamyrmex sp.06,

Neivamyrmex sp.07 e Nomamyrmex esenbeckii wilsoni.

Especialista

Grupo de espécies que

apresentam características

Acanthosticus brevicornis, Acropyga sp.01, Acropyga sp.02,

Acropyga sp.03, Basiceros sp.01, Blepharidatta conops, Carebara

brevipilosa, Carebara urichi, Centromyrmex brachycola,

141

morfológicas ou ecológicas

muito específicas. Em geral, sua

frequência de registro é baixa,

sendo a maioria de predadores

especialistas de um determinado

táxon.

Centromyrmex gigas, Dolichoderus bispinosus, Gnamptogenys

acuminata, Gnamptogenys cf. bruchi, Gnamptogenys cf. rastrata,

Gnamptogenys sp.01, Gnamptogenys sp.03, Gnamptogenys sp.06,

Gnamptogenys sulcata, Heteroponera dolo, Hylomyrma sp.02,

Hylomyrma sp.03, Hypoponera cf. foreli, Hypoponera sp.01,

Hypoponera sp.03, Hypoponera sp.04, Hypoponera sp.05,

Hypoponera sp.06, Hypoponera sp.07, Hypoponera sp.08,

Megalomyrmex silvestrii, Megalomyrmex sp.02, Octostruma sp.01,

Oxyepoecus cf. vezenyii, Oxyepoecus sp.02, Oxyepoecus sp.03,

Pogonomyrmex naegile, Prionopelta punctulata, Prionopelta sp.02,

Pseudomyrmex termitarius, Rasopone sp.01, Rogeria sp.01, Rogeria

sp.02, Strumygenys sp.01, Strumygenys sp.02, Strumygenys sp.03,

Strumygenys sp.04, Strumygenys sp.05, Strumygenys sp.06,

Strumygenys sp.07 e Typhlomyrmex pusillus.

Generalista

Grupo que contempla espécies

onívoras e com grande

plasticidade ecológica. A

maioria das espécies nidificam

no solo (ex: Pheidole spp.),

porém algumas também

conseguem nidificar na

serapilheira, em galhos caídos e

em árvores e arbustos.

Apresentam o comportamento de

recrutar outros indivíduos da

colônia quando encontram

alimento. Participam deste grupo

algumas espécies exóticas como:

Cardiocondyla emeryi,

Monomorium florícola e

Tetramorium cf. similum.

Brachymyrmex cf. delabiei, Brachymyrmex pilipes, Brachymyrmex

sp.01, Brachymyrmex sp.02, Brachymyrmex sp.03, Brachymyrmex

sp.04, Brachymyrmex sp.05, Brachymyrmex sp.07, Brachymyrmex

sp.08, Brachymyrmex sp.09, Brachymyrmex sp.10, Cardiocondyla

emeryi, Cardiocondyla sp.01, Forelius sp.01, Forelius sp.02,

Monomorium florícola, Nylanderia sp.01, Nylanderia sp.03,

Nylanderia sp.04, Ochetomyrmex semipolitus, Pheidole gr. fimbriata,

Pheidole sp.02, Pheidole sp.03, Pheidole sp.04, Pheidole sp.05,

Pheidole sp.06, Pheidole sp.07, Pheidole sp.08, Pheidole sp.09,

Pheidole sp.10, Pheidole sp.11, Pheidole sp.13, Pheidole sp.16,

Pheidole sp.17, Pheidole sp.18, Pheidole sp.19, Pheidole sp.21,

Pheidole sp.23, Pheidole sp.24, Pheidole sp.25, Pheidole sp.26,

Pheidole sp.27, Pheidole sp.28, Pheidole sp.29, Pheidole sp.31,

Pheidole sp.33, Pheidole sp.35, Pheidole sp.36, Pheidole sp.38,

Pheidole sp.39, Pheidole sp.40, Pheidole sp.41, Pheidole sp.42,

Pheidole sp.44, Pheidole sp.45, Pheidole sp.46, Pheidole sp.47,

Pheidole sp.48, Pheidole sp.49, Pheidole sp.50, Pheidole sp.20,

Pheidole sp.22, Solenopsis cf. loretana, Solenopsis globularia,

Solenopsis sp.03, Solenopsis sp.04 pr. loretana, Solenopsis sp.08,

Solenopsis sp.11, Solenopsis sp.12, Solenopsis sp.13, Solenopsis

sp.14, Solenopsis sp.15, Solenopsis sp.16 gr. molesta, Solenopsis

sp.17 gr. wasmannii, Solenopsis sp.18, Solenopsis sp.01, Solenopsis

sp.02, Solenopsis tridens, Tapinoma sp.02, Tetramorium cf. similum,

Wasmannia auropunctata, Wasmannia sp.02 e Wasmannia sp.03.

Generalista dominante

Grupo composto por três

espécies onívoras, que possuem

a característica, devido ao

grande recrutamento de

indivíduos, de monopolizar o

recurso encontrado frente aos

demais competidores.

Pheidole gertrudae, Pheidole sp.01 e Solenopsis saevissima.

Oportunista

Grupo capaz de forragear nos

períodos mais quentes do dia, e

que geralemente não

monopolizam a fonte de

Dorymyrmex cf. bituber, Dorymyrmex cf. brunneus, Dorymyrmex cf.

jheringi, Dorymyrmex sp01, Dorymyrmex sp05, Linepithema cf.

cerradense, Linepithema cf. gallardoi, Linepithema cf. humile,

Linepithema cf. neotropicum, Linepithema iniquum, Linepithema

micans e Linepithema sp05.

142

alimento diante de competidores,

apresentando um

comportamento conhecido como

insinuators.

Predador grande

Espécies de grande porte, sendo

algumas predadoras

especialistas.

Anochetus inermis, Dinoponera australis, Ectatomma brunneum,

Ectatomma edentatum, Ectatomma opaciventris, Ectatomma

permagnum, Ectatomma planidens, Ectatomma tuberculatum,

Neoponera marginata, Neoponera verenae, Odontomachus bauri,

Odontomachus chelifer, Odontomachus laticeps, Odontomachus

sp.05, Pachycondyla harpax, Pachycondyla sp.03 e Pachycondyla

striata.

143

Anexo II. Lista de espécies amostradas no Capítulo I.

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Dolichoderinae 254 5,64 143 5,96

Azteca sp.01 0 0 4 0,17

Azteca sp.02 0 0 6 0,25

Dolichoderus bispinosus 0 0 3 0,13

Dorymyrmex cf. bituber 9 0,2 0 0

Dorymyrmex cf. brunneus 112 2,49 3 0,13

Dorymyrmex cf. jheringi 11 0,24 11 0,46

Dorymyrmex sp.01 20 0,44 7 0,29

Dorymyrmex sp.05 1 0,02 1 0,04

Forelius sp.01 3 0,07 3 0,13

Forelius sp.02 2 0,04 2 0,08

Linepithema cf. cerradense 19 0,42 38 1,58

Linepithema cf. gallardoi 3 0,07 15 0,63

Linepithema cf. humile 9 0,2 13 0,54

Linepithema cf. neotropicum 43 0,96 14 0,58

Linepithema iniquum 0 0 1 0,04

Linepithema micans 14 0,31 10 0,42

Linepithema sp.05 0 0 11 0,46

Tapinoma sp.02 8 0,18 1 0,04

Dorylinae 29 0,64 35 1,46

Acanthosticus brevicornis 0 0 1 0,04

Eciton vagans 0 0 1 0,04

Labidus coecus 16 0,36 7 0,29

Labidus mars 1 0,02 1 0,04

Labidus praedator 6 0,13 14 0,58

Neivamyrmex pseudops 0 0 2 0,08

Neivamyrmex sp.01 3 0,07 3 0,13

Neivamyrmex sp.02 0 0 3 0,13

Neivamyrmex sp.04 1 0,02 1 0,04

Neivamyrmex sp.05 0 0 1 0,04

Neivamyrmex sp.06 1 0,02 0 0

Neivamyrmex sp.07 1 0,02 0 0

Nomamyrmex esenbeckii

wilsoni 0 0 1 0,04

Ectatomminae 26 0,58 65 2,71

Ectatomma brunneum 24 0,53 13 0,54

Ectatomma edentatum 0 0 29 1,21

Ectatomma opaciventris 2 0,04 6 0,25

Ectatomma permagnum 0 0 14 0,58

Ectatomma planidens 0 0 1 0,04

Ectatomma tuberculatum 0 0 2 0,08

continua...

144

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Formicinae 357 7,93 636 26,5

Acropyga sp.01 1 0,02 4 0,17

Acropyga sp.02 0 0 3 0,13

Acropyga sp.03 1 0,02 0 0

Brachymyrmex cf. delabiei 0 0 7 0,29

Brachymyrmex pilipes 0 0 1 0,04

Brachymyrmex sp.01 12 0,27 45 1,88

Brachymyrmex sp.02 0 0 1 0,04

Brachymyrmex sp.03 116 2,58 45 1,88

Brachymyrmex sp.04 2 0,04 5 0,21

Brachymyrmex sp.05 1 0,02 8 0,33

Brachymyrmex sp.07 0 0 4 0,17

Brachymyrmex sp.08 0 0 3 0,13

Brachymyrmex sp.09 0 0 1 0,04

Brachymyrmex sp.10 0 0 4 0,17

Camponotus arboreus 1 0,02 2 0,08

Camponotus atriceps 8 0,18 12 0,5

Camponotus bidens 0 0 2 0,08

Camponotus bonarensis 0 0 2 0,08

Camponotus cingulatus 18 0,4 33 1,38

Camponotus gr. blandus 11 0,24 48 2

Camponotus gr. senex 30 0,67 57 2,38

Camponotus lespesii 0 0 11 0,46

Camponotus leydigi 4 0,09 3 0,13

Camponotus novagrandensis 2 0,04 45 1,88

Camponotus personatus 5 0,11 26 1,08

Camponotus renggeri 1 0,02 14 0,58

Camponotus rufipes 23 0,51 40 1,67

Camponotus sericeiventris 2 0,04 5 0,21

Camponotus sp.12 65 1,44 55 2,29

Camponotus sp.17 0 0 2 0,08

Camponotus sp.18 8 0,18 15 0,63

Camponotus sp.26 0 0 1 0,04

Camponotus sp.27 0 0 3 0,13

Camponotus sp.28 0 0 1 0,04

Camponotus sp.29 1 0,02 4 0,17

Camponotus sp.30 0 0 1 0,04

Camponotus sp.32 0 0 1 0,04

Camponotus sp.34 0 0 1 0,04

Camponotus sp.35 0 0 1 0,04

Camponotus sp.44 0 0 1 0,04

Camponotus sp.45 0 0 2 0,08

Camponotus sp.16 16 0,36 53 2,21

continua...

145

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Camponotus substitutus 0 0 10 0,42

Nylanderia sp.01 6 0,13 42 1,75

Nylanderia sp.03 22 0,49 0 0

Nylanderia sp.04 0 0 10 0,42

Prionopelta punctulata 1 0,02 1 0,04

Prionopelta sp.02 0 0 1 0,04

Heteroponerinae 0 0 3 0,13

Heteroponera dolo 0 0 3 0,13

Myrmicinae 1693 37,62 1381 57,54

Acromyrmex cf. balzani 1 0,02 3 0,13

Acromyrmex sp.01 5 0,11 22 0,92

Acromyrmex sp.02 0 0 2 0,08

Acromyrmex sp.03 4 0,09 16 0,67

Apterostigma sp.01 1 0,02 11 0,46

Apterostigma sp.02 1 0,02 3 0,13

Atta sp.01 20 0,44 14 0,58

Basiceros sp.01 0 0 1 0,04

Blepharidatta conops 0 0 3 0,13

Cardiocondyla emeryi 40 0,89 0 0

Cardiocondyla sp.01 3 0,07 0 0

Carebara brevipilosa 0 0 7 0,29

Carebara urichi 1 0,02 1 0,04

Cephalotes atratus 0 0 1 0,04

Cephalotes betoi 0 0 2 0,08

Cephalotes maculatus 0 0 1 0,04

Cephalotes pusillus 4 0,09 3 0,13

Crematogaster limata 0 0 30 1,25

Crematogaster sp.01 2 0,04 10 0,42

Crematogaster sp.02 0 0 3 0,13

Crematogaster sp.03 0 0 8 0,33

Crematogaster sp.04 0 0 2 0,08

Crematogaster sp.05 0 0 24 1

Crematogaster sp.06 22 0,49 20 0,83

Crematogaster sp.08 0 0 2 0,08

Crematogaster sp.10 0 0 7 0,29

Crematogaster sp.11 1 0,02 4 0,17

Crematogaster sp.13 0 0 1 0,04

Crematogaster sp.14 0 0 1 0,04

Cyatta abscondita 0 0 1 0,04

Cyphomyrmex lectus 0 0 7 0,29

Cyphomyrmex rimosus 28 0,62 8 0,33

Cyphomyrmex sp04 gr. rimosus 1 0,02 12 0,5

Cyphomyrmex sp05 gr. rimosus 8 0,18 4 0,17

continua...

146

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Cyphomyrmex sp06 gr. rimosus 1 0,02 5 0,21

Cyphomyrmex sp.09 gr.

strigatus 0 0 1 0,04

Cyphomyrmex sp.10 gr.

strigatus 0 0 1 0,04

Gnamptogenys acuminata 1 0,02 0 0

Gnamptogenys cf. bruchi 0 0 1 0,04

Gnamptogenys cf. rastrata 2 0,04 0 0

Gnamptogenys sp.01 2 0,04 28 1,17

Gnamptogenys sp.03 0 0 3 0,13

Gnamptogenys sp.06 0 0 1 0,04

Gnamptogenys sulcata 23 0,51 6 0,25

Hylomyrma sp.02 0 0 5 0,21

Hylomyrma sp.03 0 0 1 0,04

Megalomyrmex silvestrii 2 0,04 0 0

Megalomyrmex sp.02 0 0 1 0,04

Monomorium floricola 1 0,02 0 0

Mycetarotes cf. parallelus 0 0 1 0,04

Mycetarotes sp.02 0 0 1 0,04

Mycocepurus goeldii 29 0,64 12 0,5

Mycocepurus obsoletus 0 0 11 0,46

Mycocepurus sp.03 14 0,31 3 0,13

Mycocepurus sp.04 2 0,04 1 0,04

Myrmicocrypta camargoi 1 0,02 0 0

Myrmicocrypta sp.01 4 0,09 7 0,29

Myrmicocrypta sp.03 0 0 1 0,04

Ochetomyrmex semipolitus 0 0 6 0,25

Octostruma sp.01 0 0 2 0,08

Oxyepoecus cf. vezenyii 0 0 1 0,04

Oxyepoecus sp.02 1 0,02 1 0,04

Oxyepoecus sp.03 1 0,02 0 0

Pheidole gertrudae 155 3,44 70 2,92

Pheidole gr. fimbriata 1 0,02 1 0,04

Pheidole sp.02 38 0,84 3 0,13

Pheidole sp.03 63 1,4 85 3,54

Pheidole sp.04 68 1,51 0 0

Pheidole sp.05 49 1,09 3 0,13

Pheidole sp.06 0 0 8 0,33

Pheidole sp.07 10 0,22 1 0,04

Pheidole sp.08 0 0 16 0,67

Pheidole sp.09 51 1,13 0 0

Pheidole sp.10 3 0,07 13 0,54

Pheidole sp.11 43 0,96 13 0,54

continua...

147

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Pheidole sp.13 97 2,16 59 2,46

Pheidole sp.16 19 0,42 0 0

Pheidole sp.17 2 0,04 3 0,13

Pheidole sp.18 1 0,02 1 0,04

Pheidole sp.19 7 0,16 62 2,58

Pheidole sp.21 0 0 4 0,17

Pheidole sp.23 15 0,33 8 0,33

Pheidole sp.24 70 1,56 1 0,04

Pheidole sp.25 0 0 7 0,29

Pheidole sp.26 0 0 33 1,38

Pheidole sp.27 3 0,07 0 0

Pheidole sp.28 7 0,16 4 0,17

Pheidole sp.29 8 0,18 0 0

Pheidole sp.31 0 0 7 0,29

Pheidole sp.33 0 0 10 0,42

Pheidole sp.35 24 0,53 0 0

Pheidole sp.36 0 0 1 0,04

Pheidole sp.38 0 0 4 0,17

Pheidole sp.39 1 0,02 0 0

Pheidole sp.40 2 0,04 0 0

Pheidole sp.41 3 0,07 1 0,04

Pheidole sp.42 10 0,22 9 0,38

Pheidole sp.44 0 0 1 0,04

Pheidole sp.45 0 0 3 0,13

Pheidole sp46 0 0 1 0,04

Pheidole sp.47 1 0,02 0 0

Pheidole sp.48 0 0 1 0,04

Pheidole sp.49 8 0,18 5 0,21

Pheidole sp.50 0 0 3 0,13

Pheidole sp.01 184 4,09 187 7,79

Pheidole sp.20 63 1,4 33 1,38

Pheidole sp.22 58 1,29 51 2,13

Pogonomyrmex naegile 11 0,24 14 0,58

Rogeria sp.01 2 0,04 6 0,25

Rogeria sp.02 0 0 1 0,04

Sericomyrmex sp.01 0 0 6 0,25

Sericomyrmex sp.02 0 0 1 0,04

Solenopsis cf. loretana 2 0,04 0 0

Solenopsis globularia 1 0,02 2 0,08

Solenopsis saevissima 141 3,13 13 0,54

Solenopsis sp.03 4 0,09 26 1,08

Solenopsis sp.04 pr. loretana 67 1,49 0 0

Solenopsis sp.08 6 0,13 4 0,17

continua...

148

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Solenopsis sp.11 0 0 1 0,04

Solenopsis sp.12 1 0,02 0 0

Solenopsis sp.13 0 0 4 0,17

Solenopsis sp.14 0 0 1 0,04

Solenopsis sp.15 0 0 1 0,04

Solenopsis sp.16 gr. molesta 1 0,02 0 0

Solenopsis sp.17 gr. wasmannii 1 0,02 2 0,08

Solenopsis sp.18 0 0 1 0,04

Solenopsis sp.01 82 1,82 115 4,79

Solenopsis sp.02 20 0,44 28 1,17

Solenopsis tridens 6 0,13 14 0,58

Strumygenys sp.01 2 0,04 5 0,21

Strumygenys sp.02 10 0,22 0 0

Strumygenys sp.03 0 0 3 0,13

Strumygenys sp.04 1 0,02 0 0

Strumygenys sp.05 0 0 1 0,04

Strumygenys sp.06 1 0,02 2 0,08

Strumygenys sp.07 0 0 1 0,04

Tetramorium cf. similum 10 0,22 0 0

Trachymyrmex sp.01 4 0,09 2 0,08

Trachymyrmex sp.02 4 0,09 0 0

Trachymyrmex sp.03 4 0,09 9 0,38

Trachymyrmex sp.04 0 0 1 0,04

Trachymyrmex sp.05 0 0 7 0,29

Trachymyrmex sp.06 0 0 2 0,08

Trachymyrmex sp.07 0 0 3 0,13

Trachymyrmex sp.08 5 0,11 0 0

Trachymyrmex sp.09 0 0 2 0,08

Trachymyrmex sp.10 1 0,02 0 0

Typhlomyrmex pusillus 1 0,02 0 0

Wasmannia auropunctata 12 0,27 52 2,17

Wasmannia sp.02 2 0,04 5 0,21

Wasmannia sp.03 1 0,02 0 0

continua...

149

Agrossistemas Vegetação nativa

Subfamílias/Espécies Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade Ocorrências

Nº médio de

registros por

localidade

Ponerinae 158 3,51 178 7,42

Anochetus inermis 9 0,2 1 0,04

Centromyrmex brachycola 0 0 1 0,04

Centromyrmex gigas 0 0 1 0,04

Dinoponera australis 0 0 2 0,08

Hypoponera cf. foreli 0 0 4 0,17

Hypoponera sp.01 36 0,8 14 0,58

Hypoponera sp.03 7 0,16 0 0

Hypoponera sp.04 3 0,07 0 0

Hypoponera sp.05 3 0,07 0 0

Hypoponera sp.06 3 0,07 4 0,17

Hypoponera sp.07 4 0,09 2 0,08

Hypoponera sp.08 17 0,38 0 0

Neoponera marginata 4 0,09 1 0,04

Neoponera verenae 37 0,82 43 1,79

Odontomachus bauri 13 0,29 9 0,38

Odontomachus chelifer 1 0,02 30 1,25

Odontomachus laticeps 0 0 11 0,46

Odontomachus sp.05 0 0 3 0,13

Pachycondyla harpax 14 0,31 29 1,21

Pachycondyla sp.03 0 0 1 0,04

Pachycondyla striata 7 0,16 17 0,71

Rasopone sp.01 0 0 5 0,21

Pseudomyrmecinae 12 0,27 39 1,63

Pseudomyrmex cf. phyllophilus 1 0,02 1 0,04

Pseudomyrmex gracilis 0 0 1 0,04

Pseudomyrmex pallidus 1 0,02 11 0,46

Pseudomyrmex tenuis 0 0 5 0,21

Pseudomyrmex termitarius 10 0,22 21 0,88

Total Geral 2529 56,2 2480 103,33

150

Anexo III.

Figuras das análises de partição aditiva de diversidade de formigas no Distrito Federal separada por tipo de

sistema agrícola ou fitofisionomia da vegetação nativa. α1 é quantidade de espécies por parcela. β1 é a troca de

espécies entre parcelas dentro da mesma localidade. β2 é a troca de espécies entre localidades pertencentes ao

mesmo tipo de agrossistema ou fitofisionomia. β3 é a troca de espécies entre os diferentes tipos de agrossistemas

e fitofisionomias.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Soja

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Campo

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Agricultura orgânica

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Cerrado

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Pastagem

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Mata

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Agrossistemas

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Observado Esperado

Vegetação nativa

β3

β2

β1

α1

151

Anexo IV. Lista de espécies capturadas dentro das estações de remoção de biomassa e ordenadas por sua ocorrência.

Espécies Banana Sardinha Semente

Frequequência acumulada

de ocorrência

Pheidole sp. 01 74 94 31 10,7%

Pheidole gertrudae 48 78 13 18,1%

Solenopsis saevissima 33 44 18 23,2%

Solenopsis sp. 01 15 54 15 27,8%

Pheidole sp. 13 29 32 8 31,5%

Pheidole sp. 03 17 41 10 35,1%

Pheidole sp. 20 20 33 13 38,6%

Brachymyrmex sp. 03 19 40 3 42,0%

Camponotus sp. 12 14 24 10 44,6%

Dorymyrmex cf. brunneus 18 23 5 47,0%

Pheidole sp. 19 12 10 18 49,2%

Camponotus gr. blandus 4 27 7 51,2%

Camponotus sp. 16 5 25 8 53,2%

Pheidole sp. 05 11 16 11 55,3%

Camponotus gr. senex 12 20 3 57,2%

Pheidole sp. 24 21 5 7 58,9%

Pheidole sp. 04 12 17 3 60,7%

Pheidole sp. 22 16 13 3 62,4%

Camponotus rufipes 3 19 8 64,0%

Solenopsis sp. 03 11 11 8 65,6%

Camponotus novagrandensis 3 21 5 67,1%

Linepithema cf. neotropicum 13 11 5 68,7%

Crematogaster limata 9 15 2 70,1%

Pheidole sp. 02 5 16 2 71,3%

Camponotus cingulatus 5 15 2 72,5%

Crematogaster sp. 05 5 12 5 73,7%

Crematogaster sp. 06 3 15 3 74,8%

Wasmannia auropunctata 8 6 5 75,8%

Brachymyrmex sp. 01 5 10 2 76,8%

Camponotus personatus 6 3 8 77,7%

Linepithema cf. cerradense 9 7 1 78,6%

Acromyrmex sp. 01 10

5 79,4%

Pheidole sp. 11 6 7 2 80,2%

Nylanderia sp. 01 5 7

80,8%

Nylanderia sp. 03 3 6 3 81,5%

Pheidole sp. 26 6 4 2 82,1%

Solenopsis sp. 04 pr. loretana 4 6 2 82,8%

Pheidole sp. 09 1 9 1 83,4%

Camponotus sp. 18 2 5 3 83,9%

Dorymyrmex sp. 01 4 5 1 84,4%

Pheidole sp. 23 1 6 2 84,9%

Pseudomyrmex termitarius 1 7 1 85,4%

Acromyrmex sp. 03 6 1 1 85,8%

Continua...

152

Espécies Banana Sardinha Semente

Frequequência acumulada

de ocorrência

Atta sp. 01

8

86,3%

Camponotus atriceps 2 5 1 86,7%

Camponotus renggeri 1 7

87,1%

Labidus praedator 4 3 1 87,5%

Pheidole sp. 16 2 6

88,0%

Ectatomma brunneum 2 4 1 88,4%

Labidus coecus

6 1 88,7%

Linepithema sp. 05 2 5

89,1%

Cephalotes pusillus 2 1 3 89,4%

Crematogaster sp. 01

5 1 89,7%

Linepithema micans 3 3

90,1%

Neoponera verenae 1 2 3 90,4%

Pheidole sp. 10 2 3 1 90,7%

Solenopsis tridens 2 3 1 91,0%

Azteca sp. 02 1 4

91,3%

Crematogaster sp. 03 1 3 1 91,6%

Crematogaster sp. 10 3 2

91,8%

Dorymyrmex cf. bituber 3 2

92,1%

Linepithema cf. gallardoi 3 2

92,4%

Linepithema cf. humile 1 4

92,6%

Brachymyrmex sp. 05 1 2 1 92,9%

Dorymyrmex cf. jheringi 3 1

93,1%

Nylanderia sp. 04 3 1

93,3%

Pheidole sp. 06 3 1

93,5%

Pheidole sp. 08 2 1 1 93,7%

Solenopsis sp. 02

4

93,9%

Tetramorium cf. similum 2 2

94,1%

Trachymyrmex sp. 03 3

1 94,4%

Camponotus sericeiventris

3

94,5%

Cardiocondyla emeryi 2 1

94,7%

Dolichoderus bispinosus 1 1 1 94,8%

Pheidole sp. 07 1 2

95,0%

Pheidole sp. 28

3

95,2%

Sericomyrmex sp. 01 1

2 95,3%

Solenopsis sp. 08 1 1 1 95,5%

Azteca sp. 01

2

95,6%

Camponotus arboreus 1 1

95,7%

Camponotus bonarensis

2

95,8%

Camponotus sp. 17 1 1

95,9%

Camponotus substitutus

1 1 96,0%

Crematogaster sp. 02

2

96,1%

Ectatomma edentatum 2

96,2%

Gnamptogenys sp. 01 1 1

96,3%

Hypoponera sp. 01 1 1

96,5%

Continua...

153

Espécies Banana Sardinha Semente

Frequequência acumulada

de ocorrência

Odontomachus bauri 2

96,6%

Odontomachus chelifer

1 1 96,7%

Pachycondyla harpax

2

96,8%

Pheidole sp. 17

2

96,9%

Pheidole sp. 21

2

97,0%

Pheidole sp. 29

2 97,1%

Pheidole sp. 42 1 1

97,2%

Pogonomyrmex naegile 1 1

97,3%

Pseudomyrmex cf. phyllophilus

2 97,4%

Pseudomyrmex pallidus

2

97,5%

Pseudomyrmex tenuis 2

97,6%

Solenopsis cf. loretana 1 1

97,7%

Trachymyrmex sp. 02 2

97,9%

Acromyrmex sp. 02

1 97,9%

Apterostigma sp. 01

1

98,0%

Blepharidatta conops

1

98,0%

Brachymyrmex cf. delabiei

1

98,1%

Brachymyrmex sp. 02 1

98,1%

Brachymyrmex sp. 04

1

98,2%

Brachymyrmex sp. 07 1

98,2%

Camponotus lespesii

1

98,3%

Camponotus leydigi

1

98,3%

Camponotus sp. 26

1 98,4%

Camponotus sp. 27 1

98,4%

Camponotus sp. 29

1

98,5%

Camponotus sp. 45

1

98,6%

Carebara brevipilosa

1

98,6%

Cephalotes betoi

1

98,7%

Crematogaster sp. 04

1 98,7%

Crematogaster sp. 08

1 98,8%

Crematogaster sp. 11 1

98,8%

Cyphomyrmex rimosus 1

98,9%

Ectatomma opaciventris

1

98,9%

Ectatomma tuberculatum 1

99,0%

Forelius sp. 01 1

99,0%

Heteroponera dolo

1

99,1%

Hypoponera sp. 06 1

99,1%

Linepithema iniquum

1

99,2%

Mycocepurus goeldii

1 99,2%

Neivamyrmex sp. 01

1

99,3%

Ochetomyrmex semipolitus

1

99,4%

Odontomachus laticeps 1

99,4%

Pheidole sp. 18 1

99,5%

Pheidole sp. 25

1

99,5%

Continua...

154

Espécies Banana Sardinha Semente

Frequequência acumulada

de ocorrência

Pheidole sp. 27 1

99,6%

Pheidole sp. 31

1

99,6%

Pheidole sp. 44

1

99,7%

Pheidole sp. 49 1

99,7%

Solenopsis sp. 16 gr. molesta

1 99,8%

Strumygenys sp. 01

1 99,8%

Tapinoma sp. 02

1 99,9%

Trachymyrmex sp. 01 1

99,9%

Trachymyrmex sp. 04 1

100,0%