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ESPECIAL EDUCAÇÃO #3 Mudança de Carreira Encontre a motivação necessária para mudar de rumo em 2016 com catorze histórias de quem trocou de carreira para começar um sonho do zero em busca de propósito e realização.

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ESPECIAL EDUC AÇÃO #3

Mudança de CarreiraEncontre a motivação necessária para mudar de rumo em 2016 com catorze histórias de quem trocou de carreira para começar um sonho do zero em busca de propósito e realização.

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S abe aquele dia que você acorda e não quer ir trabalhar? Tudo bem, todo mundo já passou por um desses. Só que quando esse dia passa a ser duas vezes por semana, ou três, ou mais, é preciso

reconhecer que existe um problema

O Na Prática acredita que o trabalho nunca deve ser algo penoso, e sim fonte de satisfação e realização. Só assim você vai aproveitar o seu potencial e construir uma trajetória de alto impacto! Palavras como “tédio” e “desânimo” jamais devem fazer parte do seu vocabulário de carreira. Se a sua situação é essa, pode ser hora de pensar em mudar – de cargo, de empresa, de área, ou mesmo de profissão.

O desinteresse pelo trabalho muitas vezes é consequência de uma carreira desalinhada com o seu propósito de vida. Assim, qualquer mudança com a pretensão de solucionar esse problema deve começar com um profundo processo de autoconhecimento.

Mas, mesmo depois de refletir sobre as suas motivações e decidir que é hora de mudar, as chances são altas de que essa mudança fique no papel. Isso porque, para realizar uma transição de carreira, é necessário mais que vontade. É preciso dar o primeiro passo.

Foi para isso que nasceu esse ebook: mostrar que é possível mudar de carreira, e te inspirar a dar o primeiro passo. A seguir você vai encontrar diversas histórias de quem trocou uma carreira segura para começar um sonho do zero em busca de propósito e realização.

Do executivo de multinacional que hoje trabalha com turismo comunitário em uma ecovila na Bahia ao médico que mudou-se para Nova York perseguindo uma carreira no teatro, eles têm em comum a coragem de empreender mudanças e a paixão pelo que fazem atualmente. A vontade de não ir trabalhar sumiu. São, enfim, felizes.

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De executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

Emprego em uma das melhores empresas para se trabalhar no país, salário de executivo, viagens internacionais (com direito a passagem de primeira classe e hospedagem em hotéis cinco

estrelas) e uma vida cheia de luxo na maior metrópole do Brasil. O sonho de carreira de muitos se tornou uma realidade para o mineiro Marcelo Cavalcanti.

Marcelo Cavalcanti abriu mão do salário opulento e viagens de primeira classe e, aos 37 anos, mudou-se para uma ecovila escondida na Bahia em busca de uma vida com mais propósito

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Mas, mesmo com tudo isso, ele logo percebeu que não era bem

o que queria. E resolveu recomeçar, por mais que fosse taxado

como louco. Mudou-se para uma ecovila escondida na Bahia

para trazer um verdadeiro sentido para sua vida. Hoje, com 44

anos, finalmente, consegue levar a vida que pretende: trabalha

com turismo de base comunitária em Serra Grande (também na

Bahia) e consegue levar a filha caminhando por uma trilha para

a escola — isso tudo depois de meditar no início do seu dia.

Para compreender como se deu essa transformação em sua

vida, que impulsionou uma mudança de carreira mas foi muito

além do âmbito profissional, vale entender um pouco mais a

fundo a sua história e suas decisões.

primeiros passos Antes de entrar na faculdade, Marcelo

Cavalcanti fez um intercâmbio na Dinamarca e considera

essa a primeira grande mudança de sua vida. Depois,

formou-se em Comércio Exterior e logo começou sua batalha

para crescer na carreira. Foi vendedor de enciclopédias e

trabalhou em uma empresa de pedras preciosas em Belo

Horizonte, e depois na empresa que fazia o desembaraço

aduaneiro para eles.

Mas o intercâmbio tinha deixado um desejo de, novamente,

viver fora do país. “Vendi cookies na faculdade, vendi roupas,

promovi festas temáticas para juntar dinheiro para voltar

para a Europa e fui morar na Bélgica. Lá eu trabalhei em dois

restaurantes e fiz uma pós em relações internacionais, mesmo

ainda não tendo concluído a faculdade”, lembra.

Na volta ao Brasil, acabou sendo selecionado para fazer um

estágio em uma empresa canadense do ramo de alimentação,

que o levou para viver por seis meses no Canadá. Na volta,

decidiu por mais uma mudança. Foi trabalhar em uma

empresa de turismo de familiares em Salvador. “Tive um dos

momentos mais felizes de minha vida nessa fase, levando

turistas para conhecer lugares incríveis e exóticos”, afirma.

Depois desse período em Salvador, voltou para a capital

mineira e, durante o Encontro das Américas, evento

internacional em que trabalhou, teve contato com diplomatas.

“Foi incrível, mas a convivência com os diplomatas me mostrou

que a vida deles não era exatamente o sonho que eu tinha,

pois eles declaravam ter pouca liberdade em suas vidas

pessoais”, conta.

De executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

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luxo e depressão Ser aprovado em processos seletivos

parecia uma rotina para Marcelo, e logo ele conseguiu ser

chamado para trabalhar na Nortel Networks, gigante das

telecomunicações. “Era a empresa dos sonhos, com sede em

um edifício incrível, super luxuoso. O primeiro dia de trabalho

foi na Flórida para conhecer a sede nos EUA e morar lá por

três meses, comotrainee. Fomos tratados como reis. Era café

da manhã com o presidente da empresa, viagens de primeira

classe, almoço com executivos e tudo o que você pode

imaginar”, descreve.

E Marcelo aproveitava tudo o que o emprego podia lhe oferecer.

“Eu gostava do status, do conforto. Tinha sessenta gravatas,

quinze ternos, não sei quantos pares de sapato e camisas

brancas. Ainda muito jovem eu já tinha comprado meu

primeiro apartamento e o meu primeiro carro”, conta.

Mas todo esse glamour tem seu preço. “Como era o boom

das telecomunicações, tínhamos prazos curtos e multas

altíssimas caso perdêssemos as datas acordadas. Assim sendo,

acabávamos trabalhando seis, sete dias por semana e muitas

horas extras diariamente. Tinha dia que eu chegava às 7h da

manhã e ficava até as 23hs no escritório. Mas sentia um grande

vazio e uma falta de propósito naquilo que fazia. Viajei bastante

nessa época, ainda queria mudar o mundo. Mas estava ocupado

demais para fazer isso e sempre ia adiando…”, pondera.

Foi diagnosticado com depressão e decidiu mudar seu estilo de

vida. “Vi que se eu morresse naquele dia [quando passou mal

durante uma aula de capoeira], não faria falta para ninguém…

E fui chorando, chorando por dias. Senti que precisava trazer

um significado maior para a minha vida. Fiz terapia, mas

dessa vez não seria mais suficiente. A consciência de que eu

estava mal foi o trampolim para a minha recuperação e, a

partir daquele momento, me comprometi a viver uma vida de

qualidade, com significado”.

Impacto social Passou a fazer trabalho voluntário no asilo

e na creche que a empresa apoiava e conheceu uma jovem

indígena que o levou para visitar aldeias. Em pouquíssimo

tempo já estava trabalhando para uma ONG alemã com o

tema indígena, para ganhar cerca de um quarto do salário

anterior, sem deixar de fazer seus trabalhos voluntários em

diversas entidades.

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“Quando sai da Nortel e comecei a trabalhar na área social, vi

que aquele CV glamoroso [para se ter uma ideia, ele fala cinco

idiomas com fluência] não servia para quase nada naquela nova

realidade. Sai em busca de cursos, de atuar como voluntário, de

correr atrás do prejuízo, pois sabia que era um caminho sem

volta, mas que eu tinha pouca experiência nele. Cheguei a ficar

nove meses sem receber nada, pagando para trabalhar. Muita

humildade, curiosidade, leituras e conversas”, explica.

A mudança gerou espanto, até mesmo nas pessoas mais

próximas. “Muita gente achou que eu estava ficando louco.

Minha mãe mesmo falava de mim como se eu estivesse

passando por uma fase, que eu já ia voltar ao normal…

Namorada e amigos questionavam na época, e daí, quando

acabou o dinheiro, até eu comecei a questionar a minha

sanidade. Foi aí que eu tive a oportunidade de participar do

Fórum Social Mundial em Porto Alegre. E me reencontrar.

Duzentos mil loucos como eu, de todas as partes do mundo, ali,

lutando por um mundo melhor”.

E seu trabalho na área social começou a aparecer, tanto é

que foi chamado para trabalhar na Artemísia, aceleradora

que já alavancou mais de 28 milhões de reais para projetos

de negócios de impacto social. Foram seis anos como diretor-

executivo da organização e muito aprendizado. “Foi muito

desafiador para mim começar isso tudo, era um ‘mauricinho

subindo o morro´ segundo uma jovem da periferia que se

tornou minha amiga. Com a Artemísia tive a oportunidade

de ser muito feliz, de me sentir útil, de me conectar com as

pessoas, de dar a minha contribuição ao mundo”.

Durante esse período, viajou o mundo — conhece mais de

40 países atualmente — e se sentiu feliz profissionalmente.

“Senti-me com propósito, viajei para vários países, interagi com

jovens do mundo inteiro. Fiz o que queria fazer quando escolhi

a profissão de Comércio Exterior. Fui para diversos locais

compartilhando sobre os nossos projetos, apoiando os jovens,

dando workshops e falas inspiradoras em conferências”, revela.

adeus cidade grande! O novo estilo de vida de Marcelo não

combinava mais com a cidade grande. Por isso, ao lado de

sua esposa Olívia (casaram-se nesse meio tempo!), passou a

procurar um local tranquilo para viver e acabou optando por

Piracanga (BA). Nessa época, tinha 37 anos de idade. “Nossa

De executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

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experiência nesse lugar lindo foi incrível e sentimos que

cumprimos com muitos de nossos anseios morando lá.

Cuidamos de nossa água, de nossa alimentação. Reciclamos

nossos resíduos, construímos nossa casa de forma ecológica,

com energia solar, paredes de adobe, esteios de aroeira

que haviam sido postes, captação de água de chuva,

círculos de bananeira como fossas e por aí vai. Ajudamos

a conduzir encontros para se tomar decisões coletivas

para esses cuidados e participamos ativamente desses

momentos”, relata. Lá nasceu sua filha, Clara Íris. “Pude

e posso ser um pai muito presente para ela, e me orgulho

muito disso”, afirma.

Depois dessa experiência, Marcelo sentiu necessidade de

compartilhar com o mundo tudo que aprendeu nessa ecovila

e mudou-se com sua família para Serra Grande, também na

Bahia. “Começamos a sentir um novo chamado para a ação,

para ir ainda mais fundo, colocando novamente no mundo

esses aprendizados em um lugar na natureza, com pessoas

lindas, mas que tem desafios grandes, de desigualdade social,

e várias das carências desse nosso Brasil, mas com um grande

potencial de mudança”, explica.

De executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

Em Serra Grande, Marcelo trabalha na articulação de uma rede

de turismo de base comunitária. “Meus dias nunca são iguais.

Tenho reuniões, escrevo projetos, desenvolvo novas trilhas,

facilito processos, participo de diferentes conselhos aqui da

vila e faço pesquisas. Sou articulador do movimento

pelo turismo de base comunitária de Serra Grande, mas

também atuo com facilitação de encontros e eventos de

autoconhecimento de empresas e ONGs aqui na região.

Cada vez mais estou envolvido também em receber os grupos

de visitantes aqui e os acompanho, organizando roteiros

personalizados”, revela.

simplicidade e felicidade Depois que abandonou a vida

na cidade grande, Marcelo percebeu que precisa de muito

menos para ser feliz. “Quando sai da Nortel eu comecei a

entrar em um processo de reduzir, de simplificar a minha

vida e necessitar de menos para viver. Eu morava em um

apartamento de três quartos, piscina no Morumbi, em

São Paulo. Cada quarto tinha um armário cheio de roupas

minhas. Ao sair da empresa eu me dei conta que precisava

de menos de um terço daquilo que eu tinha e fui doando

minhas coisas. É o conceito da simplicidade voluntária,

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De executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

de ter menos, de precisar de menos coisas e ter mais

qualidade”, relata.

Ele ainda recebe convites para voltar à cidade grande, em

empregos e estilo de vida que ele parece não querer mais.

“Meus amigos que trabalharam comigo me ligavam para dizer

que tinham um trabalho para mim, uma nova oportunidade.

E eu agradecia, dizia que estava feliz. Daí a pessoa insistia,

dizia para mandar um currículo, que o trabalho era excelente,

muito bem pago, a minha cara… Daí eu tinha até que ser um

pouco grosso e dizer: ‘agradeço, mas NÃO estou buscando

um trabalho nesse momento’. Estou feliz, fazendo aquilo que

acredito”, diz.

Diante de tantas mudanças de rumo em sua vida, Marcelo

tem a convicção que as pessoas devem correr atrás de seus

sonhos. “Acredito que a gente merece seguir os nossos sonhos,

que a gente está aqui nesse mundo para ser feliz. Viver

como se fosse o último dia e sonhar como se não houvesse

nunca um fim. É preciso brilho no olho, é preciso se sacrificar

para bancar o sonho. Por que nem sempre é fácil. Tem que

perseverar, ter muita fé. E depois você vê que valeu a pena!

Sempre vale!”.

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Formado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcos

Osonho de muitos pais é que o filho ou filha se forme em medicina. Mas, e quando ele começa a faculdade e descobre que existe algo que lhe dá mais prazer na vida? Nesse

tipo de situação, a desconfiança da família tende a ser grande… Ainda assim, nada que tenha amedrontado o ator Fred Veloso, que percebeu que pode promover o bem-estar das pessoas para além dos hospitais — mais especificamente, em cima do palco.

Ser médico ou não ser, eis a questão. Durante a faculdade de medicina, o ator Fred Veloso se encontrou na atuação e hoje planeja a transição completa de carreira

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Filho de um biomédico, Fred Veloso foi aprovado no concorrido

vestibular de medicina da UFPE (Universidade Federal de

Pernambuco). No quarto ano do curso, em 2006, participou

de um projeto de extensão do Diretório Acadêmico chamado

“O Caminho”, que promovia encontros entre estudantes

e pacientes do Hospital das Clínicas afim de humanizar o

atendimento hospitalar. Nesses encontros, passava muito

tempo com os pacientes e interagia com eles, promovendo

pequenos jogos ou sketches (atuações rápidas). Ali, ele

finalmente encontrou o que lhe deixava feliz.

“Quando eu comecei a fazer teatro para aqueles pacientes, eu

me senti feliz — pela primeira vez — diante de um ofício. É difícil

explicar, mas eu sempre busquei ser médico por um motivo

nobre, de ajudar o próximo, de fazer a diferença, mas eu nunca

havia pensado no que eu realmente queria”, afirma Veloso.

As coisas ficaram mais sérias e, ao lado de outros colegas,

decidiu sair daquele projeto para criar um grupo de teatro

amador chamado “Os Pelegos”. Nesse grupo, Fred teve contato

com o renomado ator Jorge de Paula, grande fonte de inspiração

para a mudança de carreira.

“Jorge de Paula foi o meu grande mentor e inspirador para

que eu mudasse de carreira. O grupo amador foi crescendo,

Jorge nos orientou para fazer uma peça infantil e, por meio de

conversas com ele, eu finalmente percebi que tinha que mudar

de carreira. Que, apesar de achar medicina muito legal, era de

atuação e do palco que eu gostava mais, o que eu amava fazer

e era feliz fazendo”, afirma o ator.

Com a nova paixão, Veloso decidiu abandonar a faculdade de

medicina, mas foi convencido pela mãe a terminar o curso.

Medicina e Teatro passaram a conviver até o fim da graduação,

mas ele sabia o que realmente queria. “Sempre estudei o dobro

do necessário para todos os meus trabalhos como médico. Eu

nunca queria ser chamado atenção por levar ‘uma vida dupla’,

de ser médico querendo ser ator”, explica.

A rotina na medicina, quase sempre ligada à área de

emergência, tinha alguns obstáculos. “O que mais me incomoda

é que o ambiente de trabalho é muito fechado. Os médicos

acham que tudo gira ao redor daquilo ali e que não há nada

lá fora. É um mundo fechado, onde as pessoas consideram

que ter mais técnica significa serem melhores médicos e

Formado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcos

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desconsideram que o mundo e os seres humanos têm outras

multitudes”, analisa.

Com todo seu talento atuando, a estreia como profissional

no teatro não demorou e veio em julho de 2007 com a peça

O Rififi no Picadeiro, com texto de Marco Camarotti, grande

pesquisador de teatro infantil. Já formado em medicina,

Fred Veloso decidiu estudar teatro fora do país. Fez um

curso de verão na tradicional Escola Guildhall, na Inglaterra,

e depois, em 2010, foi aprovado na escola Stella Adler, em

Nova York (EUA).

Assim, o jovem que descobriu o teatro durante o curso de

medicina ingressava na escola de atuação que formou atores

do porte de Marlon Brando, Robert De Niro, Warren Beatty,

Elaine Stritch e Candice Bergen.

autoconhecimento A vida fora do país não é nada

glamorosa, ao contrário do que muitos podem imaginar. Fred

credita um aprendizado enorme ao período morando nos

Estados Unidos. “Viver fora do Brasil me abriu os olhos para

entender muito mais sobre minha personalidade. Acho que

me ajudou a entender que sou eu que tenho que fazer as

coisas acontecerem. Aqui no Brasil a gente gosta muito de

estereótipos. Falo às pessoas que sou ator e fiz peça infantil,

então eles julgam uma peça de má qualidade com palhaços

esquisitos e gente gritando e cantando músicas no palco.

Eu falo que sou médico, então eles acham que sou Patch

Adams [médico que inspirou o filme estrelado por Robin

Willians]”, afirma.

Depois de graduado, voltou ao Rio de Janeiro e ainda concilia

a rotina de médico com os palcos. E, segundo ele, existem

habilidades comuns nos dois ramos. “Eu ainda trabalho como

médico, tenho que pagar o aluguel (risos)! Mas eu decoro textos

muito facilmente como ator, porque eu tinha milhares de

técnicas mnemónicas que tive que aprender fazendo medicina.

Decorar em medicina é como respirar. Logo, como ator, fica fácil

memorizar textos. Mesmo Shakespeare, que tive que encarar

mais de uma vez em inglês, foi bem tranquilo”, ressalta.

E os pacientes que são atendidos pelo médico Fred Veloso

ganham de brinde sonhos especiais. “Eu penso em teatro

todo dia, pratico textos todos os dias. Faço monólogos de

Formado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcos

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Formado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcos

Shakespeare para meus pacientes dormindo —assim eles

não pensam que eu sou louco — e isso me deixa muito feliz.

Qualquer oportunidade para atuar é infinitamente bem-vinda.

Mesmo que seja um pequeno teste”, relata.

Para o futuro, Fred Veloso pretende se afirmar como ator e se

dedicar integralmente à nova carreira. “Ser ator não é fácil,

obviamente. Eu não me importo, eu sei o que me faz feliz e eu

vou buscar isso para sempre. Eu penso que, no futuro, estarei

fazendo muito teatro, filme, seriados, tv …Parece fantasioso e

talvez seja, mas eu não consigo visualizar outra pessoa daqui a

dez ou vinte anos”, finaliza.

Formado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcos

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Do mercado financeiro ao empreendedorismo em educação

Graduada em administração pela Fundação Getúlio Vargas, Danielle Brants tinha caminhos bem definidos a seguir. Seguindo a trilha dos estágios que realizou, saiu da faculdade direto

para o mercado financeiro, onde seu plano de carreira em Fusões e Aquisições também avançava de acordo com o planejado. “Eu nem questionava, só seguia. O sistema vai te promovendo e você passa a achar que é boa naquilo – mas não necessariamente é daquilo que você gosta”, analisa.

Depois de passar dez anos trabalhando no mercado financeiro, Danielle Brants realizou-se ao fundar uma startup de letramento adaptativo

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Era outubro de 2007 quando um dos seus superiores saiu do

banco em que trabalhavam e a convidou para fundar uma

empresa de capital de risco. Danielle topou e, por um ano,

planejaram e prepararam o fundo de venture capital para

um road show para investidores, agendado para setembro de

2008. Fatidicamente, naquele mês o banco Lehman Brothers

quebrou, no estopim da crise de crédito nos Estados Unidos.

“Pela primeira vez, vi que o risco – de que tanto falávamos – se

materializava”, relembra. Seria impossível, naquele cenário

econômico, captar fundos para manter a empresa.

Resignada, voltou a trabalhar com Fusões e Aquisições em

uma boutique financeira. Promovida, virou sócia da empresa.

Ainda insatisfeita, porém, decidiu deixar de ser intermediária

e, em um passo completamente fora da curva, foi trabalhar

na General Electric, no setor de Desenvolvimento de Novos

Negócios. “Hoje, conhecendo quem eu sou, percebo que nunca

daria certo na GE. É uma empresa que tem 10 mil funcionários

no Brasil, uma matriz em que você responde a três chefes,

muitos relatórios, apresentações… Eu adorava o que estava

aprendendo – produtos tecnológicos, software, máquinas e

turbinas – mas não era pra mim”, reflete.

Danielle nunca conseguiu tocar dois projetos em paralelo

– muito focada, ela se dedica de corpo e alma à trilha que

escolheu seguir. E é por isso que a decisão que tomou ao sair

da GE foi tão importante: “Decidi parar. Tirar alguns meses

para entender o que gostava e o que queira fazer. As pessoas

achavam que estava louca quando pedi demissão, todos me

perguntavam onde eu ia trabalhar e eu respondia que não ia

para lugar nenhum”.

Seu período sabático de seis meses, porém, não seria de

descanso. Comprometeu-se a conhecer uma pessoa nova todos

os dias, ou, ao menos, a conversar com alguém que estivesse

fazendo algo novo. Entre essas conversas, entrou em contato

com Eduardo Bontempo, co-fundador da startup Geekie, com

quem tinha trabalhado durante a faculdade. “Conversamos

bastante sobre como era trabalhar com educação e ele me

aconselhou: ‘Dani, para fazer a transição, burn the bridge.

Queime a ponte com o seu passado, não olhe pra trás’.“

Ela queimou. Um curso em Harvard a ajudou a entender o

mercado e as perspectivas para quem desejava empreender na

área. “Percebi que as pessoas estavam trabalhando com ensino

Do mercado financeiro ao empreendedorismo em educação

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Formado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcosFormado em medicina, Fred Veloso encontrou sua vocação nos palcos

adaptativo em várias disciplinas ao mesmo tempo, e decidi que

queria ser mais específica, me dedicar exclusivamente a uma

competência: a leitura”. Danielle constatou que o letramento

ainda era feito de forma muito intuitiva, e que tecnologias

computacionais poderiam ajudar a criança a passar por este

processo, através da medição da complexidade de um texto e

mapeamento do aprendizado.

Decidiu desenvolver, então, o primeiro software do tipo em

língua portuguesa – nascia, com isso, a Guten Educação.

Voltando ao Brasil, Danielle pesquisou tudo o que pôde sobre

o assunto. “Uma coisa boa é que, como não sabia nada, tive

muita humildade para estudar e conversar com as pessoas

– fui descobrindo, no processo, do que precisava”, explica. Ao

procurar estudos sobre o tema, encontrou uma publicação

científica do grupo de pesquisa em Linguística Computacional

da USP de São Carlos. Fechou parceria com eles para o

desenvolvimento do software classificador e, paralelamente, já

começou a trabalhar em outros produtos complementares: um

aplicativo de notícias adaptadas à linguagem infantil e outro

mapeador de habilidades.

“Trazer parceiros foi um salto, e sou muito feliz com a escolha

que fiz”, afirma. A Guten já recebeu o aporte financeiro de

investidores-anjo, da Artemisia Ventures e, recentemente,

do fundo norte-americano Omidyar Network, focado em

empresas com alto impacto social. Em novembro de 2015,

Danielle foi escolhida pela MIT Technology Review como

um dos 10 brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos,

e selecionada pela mesma publicação como o Inovador Social

de 2015.

Com dois produtos no mercado e o terceiro com lançamento

em 2016, ela sente que, finalmente, está investindo seus

talentos e seu esforço em algo em que se vê: “Toda vez que vejo

uma criança usando nosso software, e mostrando seu progresso

para os pais e para os professores, me pergunto por que não

mudei antes. Mas entendo que era uma trajetória necessária

para chegar mais madura a esse momento.”

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Das aulas de química ao mundo do impacto social

Os testes são fundamentais para a comprovação científica de uma hipótese. E foi por meio de muitos testes e mudanças de rumos que o mineiro Aílton Cunha abandonou os

laboratórios do curso de Química para trabalhar mais próximo das pessoas. Depois da graduação, chegou a atuar como professor, mas logo percebeu que seu negócio é mesmo o empreendedorismo social.

“Trabalho mais, mas sinto que não estou trabalhando, e sim me divertindo. Para quem está nessa fase de não estar satisfeito, digo para experimentar”, aconselha Aílton Cunha

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Natural de uma cidade do Sul de Minas chamada Campanha,

Aílton Cunha estava indeciso sobre qual curso escolher no

vestibular. Fez uma orientação vocacional e acabou optando

pela Química. “Sou muito curioso, quero saber e entender como

as coisas acontecem ao meu redor. A Química me levou por

isso”, explica.

Foi aprovado na Universidade Federal de Viçosa (MG) e, no

início do curso, começou a trabalhar em um projeto chamado

“Jovem Cientista”. “Sentia um grande interesse por trabalhar

com educação. Esse projeto existia para ajudar a molecada

de escolas públicas a entender a ciência no dia a dia. Foi uma

experiência muito boa”, lembra.

O projeto cresceu, mas Aílton queria mais. Um caminho natural

para que ele pudesse desenvolver seus projetos e sonhos dentro

da universidade estaria em uma empresa junior. Mas o seu

curso ainda não contava com uma. “Morava com um pessoal

que trabalhava em empresa junior e comecei a me interessar

pelo assunto. Como no meu curso ainda não tinha uma

empresa junior, resolvi fundar uma”, afirma. Ao lado de um

Das aulas de química ao mundo do impacto social

grupo de estudantes de Engenharia Química, fundou a empresa

junior e aprendeu muito nela.

“Trabalhar em uma empresa junior foi uma grande experiência,

pois tive contato com outros cursos e pude aprender muito sobre

gestão, trabalho em equipe e com pessoas diferentes. Isso acabou

me levando muito mais para gestão do que para a ciência. Não

me via voltando para um laboratório depois disso”, ressalta ele.

Aílton já sabia que não queria trabalhar com a Química e

um grande marco nessa mudança profissional estava no

TED Talk que assistiu chamado “Porque você vai falhar em

ter uma carreira brilhante”, de Larry Smith. “Esse TED foi um

marco para eu chutar o balde. Lá um cara dizia que temos

interesse por várias coisas, mas isso não significa que é o que

queremos fazer todos os dias no trabalho. Era assim com a

Química”, afirma.

Impacto socialAílton graduou-se em Química mas estava decidido a trabalhar

com impacto social. O Movimento Choice, da Artemisia, estava

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Das aulas de química ao mundo do impacto social

no seu começo e parecia uma boa opção. O movimento reúne

uma rede de jovens engajados em transformar o jeito de

fazer negócios no Brasil e disseminar o conceito de negócios

sociais. “Fui da segunda turma da Choice. Antes eu queria

trabalhar, ganhar dinheiro e depois doar. A Choice foi uma

grande virada, pois aprendi o conceito de negócio social,

causar impacto com meu trabalho e ganhar dinheiro com

isso. Abriu minha cabeça”, conta.

Na mesma época participou do Laboratório da Fundação

Estudar e criou um blog sobre empreendedorismo social

chamado “Catálise Social”. Quando já conseguia algum dinheiro

dando treinamentos sobre negócios sociais pelo blog, surgiu

uma vaga para ser professor na Universidade Federal do Mato

Grosso. “Queria entender como funcionava o ensino, mas

agora estando do outro lado. Fiquei apenas seis meses como

professor, não tinha nada a ver com meu perfil dinâmico e

transformador. A rotina era mais lenta, com poucas mudanças

e isso me incomodava”, explica.

Até que surgiu uma oportunidade para trabalhar na Fundação

Estudar, organização que Aílton já conhecia e admirava desde

os tempos em que fez o Laboratório por lá. Hoje, ajuda a

organização a impactar milhares de jovens todos os anos

com programas inspiradores sobre liderança, propósito,

carreira e mercado. “A Estudar se parece muito comigo e

tinha um desejo grande de trabalhar aqui. Tem sido uma

experiência fantástica e tenho usado muito do meu curso

de graduação aqui. Na Química temos aquela visão

científica, de ter hipóteses, testar...Isso está no meu dia

a dia atualmente, sempre testando hipóteses e aprimorando

meus projetos”, compara.

Sobre as mudançasComo é possível perceber em sua trajetória, Aílton nunca

teve medo de alterar seus rumos profissionais e teve apoio

familiar para isso. “Consegui mudar ainda no início da minha

carreira. Isso facilitou. Se eu já tivesse família para sustentar,

filhos, teria uma insegurança maior. Levava uma vida de

estudantes e o risco era pequeno. Minha família sempre

me apoiou muito, meus pais, mesmo sem entender o que

eu estava fazendo, apoiavam e queriam que eu seguisse

uma carreira que fizesse sentido. Sempre tive muita liberdade

e isso facilita muito”, considera.

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Das aulas de química ao mundo do impacto social

Na Fundação Estudar, ele tem liberdade para desenvolver seus

projetos e crescer junto deles. “Agora, tenho liberdade para

colocar ideias em prática, de maneira veloz. É importante

saber o que faz sentido para cada pessoa, o que nos energiza

e o que nos cansa também. Hoje tenho tolerância a não

saber como serão as coisas amanhã. Antes, cada passo era

planejado minuciosamente. Aqui não, estamos construindo

diariamente nossos projetos. Para mim, isso é muito mais

divertido: crescer com a startup e ver que meu trabalho foi

importante nesse crescimento”.

Para aqueles que almejam dar uma guinada profissional,

ele tem um bom conselho. “Sou incomparavelmente mais

feliz atualmente. Trabalho mais, mas sinto que não estou

trabalhando, e sim me divertindo. Para quem está nessa fase

de não estar satisfeito, digo para experimentar. Não precisa ser

em tempo integral, pode ser um projeto paralelo. Isso ajuda

a desenvolver sensibilidade para que você possa se entender,

conhecer outro ambiente. Sentir aquilo que você está querendo

mesmo para sua vida”, finaliza.

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Das planilhas de Excel ao trabalho com cinema

Aos 30 anos, o carioca Pedro Salgueiro Telles é pragmático por natureza. Formou-se em Administração pela IBMEC-RJ em 2006, atraído pelas diversas opções de carreira

possíveis. Em 2012, percebeu que queria algo fora do leque econômico e parou para estudar as possibilidades. Cauteloso, planejou-se financeiramente por mais dois anos antes de apostar em uma área totalmente nova. Hoje, trabalha como assistente de direção freelancer.

“Meu caminho foi romper com a área anterior”, conta Pedro Salgueiro Telles. Até 2014, ele trabalhava como especialista em finanças e investimentos no Rio de Janeiro

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“Sempre gostei de fotografia e cinema e fazia filmes de

brincadeira com meus amigos no colégio”, conta. “Mas

quando entrei na faculdade, pensei que era aquilo que eu

queria mesmo.” Bolsista da Fundação Estudar, tomou gosto

por macroeconomia e finanças, integrou a empresa júnior da

faculdade e começou a trabalhar. Passou por dois fundos de

investimento, uma empresa de shoppings e uma consultoria

antes de entrar na LLX, então capitaneada por Eike Batista.

Hoje Prumo Logística, a empresa é especializada em projetos

de infra-estrutura. Foi lá que Pedro passou dois anos como

especialista em investimentos e finanças, seu último posto

do tipo antes da guinada. Apesar de gostar dos temas e da

perspectiva de crescimento na carreira, admitiu que tinha

dificuldades em ver um futuro inspirador para si. “Quando eu

olhava para a rotina de diretores e executivos, via que eu ficaria

satisfeito com aquela vida só até a página dois”, explica.

Uma descoberta gradual“Eu já pensava em mudar há mais tempo, mas não sabia como

fazer”, conta. Foi descobrindo aos poucos o interesse por criação

e chegou a cogitar uma pós-graduação na área de marketing.

Das planilhas de Excel ao trabalho com cinema

Após uma entrevista em uma empresa de branding, no entanto,

viu que não era por ali. Foi quando deixou a paixão pela imagem

falar mais alto e começou a investigar o cinema nacional.

Como há de ser com um especialista em investimentos, Pedro

empregou uma estratégia. Conversou com amigos e conhecidos

para ter uma perspectiva realista do mercado, angariou

informações, traçou um plano e guardou dinheiro. Após pensar

em cinematografia e produção executiva, decidiu-se pela

direção. Deixou o emprego em novembro de 2014. “Há quem

consiga levar as atividades em paralelo, mas meu caminho foi

romper”, diz.

E aquele primeiro ano foi melhor do que ele imaginava: engatou

trabalhos em publicidades, clipes e na série Ribanceira, do

Canal Brasil. Terminou o ano como segundo assistente de

direção em seu primeiro longa metragem, Pendular, de Júlia

Murat. Olhando para trás, ele lembra com um sorriso que o

filme veio exatamente um ano após pedir demissão.

“O assistente de direção é quem pega todos os desejos do

diretor e vê, dentro das possibilidades, como fazer aquilo da

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Das planilhas de Excel ao trabalho com cinema

melhor maneira possível”, resume Pedro, que fez um curso

intensivo com um diretor experiente em 2015 e aprendeu muito

na prática. Apesar de se ver nos primeiros estágios da transição

(e ser remunerado de acordo), ele encara sua experiência

profissional anterior como uma vantagem nesse novo mundo,

especialmente quando se trata das habilidades interpessoais.

Mas há também percalços. Entre seus maiores desafios atuais,

Pedro cita a instabilidade do trabalho freelancer e a natureza

de seu mercado, muito calcado em relacionamentos. “Não

existe anúncio de ‘procuras-se um assistente de direção’, por

exemplo.” Diz que teve sorte até agora, ao encontrar pessoas

felizes em ajudá-lo a entender esse novo universo, e aposta na

importância do networking para continuar crescendo.

No longo prazo, estão planos para dirigir os próprios filmes e

quem sabe até empregar seus conhecimentos financeiros para

criar novas maneiras de custear as produções. Questionado

sobre conselhos para quem está em cima de muro quanto a

mudar de área, ele não titubeia: quanto mais rápido você fizer o

que quer, melhor.

Para destacar a importância deste ponto, Pedro lembra que

fez a mudança em um ano difícil de crise econômica e mesmo

assim não mudou de opinião. “Era torturante viver na dúvida,

pensando sobre como seria se eu tivesse mudado de área há

um ou dois anos”, conta. “Saia da sua zona de conforto e faça!

É possível.”

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Da carreira em turismo à vendas no Ben&Jerry’s

Nascida em Lavras, no interior de Minas Gerais, Emanuelle Spaggiari jamais imaginou que sua carreira a levaria a trabalhar com sorvetes, quanto mais em uma das maiores empresas

do país. Graduada em Turismo, com formigas nos pés e sem medo de se arriscar em novas experiências, sua trajetória envolveu diversas mudanças de cidade e atuação em diferentes setores.

Emanuelle Spaggiari explica como sua trajetória incomum a levou a trabalhar com a expansão da marca no Brasil

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Seu primeiro emprego foi em uma empresa paulista de

eventos que possuía sede em Lavras. Responsável por toda

a operação de um evento específico da área de tecnologia,

tinha contato próximo com os patrocinadores, que eram,

entre outros, Microsoft e IBM e outra empresa de menor

porte com sede em Brasília – que será importante para o

desenrolar da história. Um ano depois de formada, mudou-se

para Angra dos Reis, onde foi trabalhar em um resort,

também no setor de eventos. Logo promovida a coordenadora

comercial na unidade, organizava a recepção de grupos

empresariais, negociava pacotes e gerenciava toda a

operação do espaço – de alocação de quartos a logística

de palestras e conferências.

Mais uma mudança de cidade a levou a mais um shift na

carreira: em Santo André, assumiu o cargo de coordenadora

de eventos sociais em um espaço de festas. “Na época, eu

sentia que estava dando passos para trás pois não era essa

a área em que queria atuar, mas hoje eu vejo que foi uma

experiência importante para mim”, ela reflete. Seis meses

depois, não hesitou em mudar-se novamente, desta vez

para Brasília.

Da carreira em turismo à vendas no Ben&Jerry’s

Chegando ao planalto central, lembrou-se da empresa que

atendera enquanto ainda trabalhava em Minas. “Depois de

seis anos eu mandei um email para o meu contato lá e ele

se lembrou de mim”, ela comenta. Foi convidada a trabalhar

nesta empresa mas acabou aceitando outra posição em uma

operadora de viagens, como responsável por um projeto

específico de atendimento ao Banco do Brasil. “Foi uma correria

muito grande, tive que organizar a logística de transporte

e acomodação para mais de mil pessoas, do presidente aos

funcionários que seriam premiados no evento. Mas isso me deu

habilidades que seriam muito importantes depois”, analisa.

Finalizado o projeto, mais uma mudança de emprego: a

empresa de TI novamente entrou em contato e a convidou

para uma vaga de Coordenadora de Marketing. Ela aceitou,

mesmo sem muita experiência anterior na função. “Isso só foi

possível porque se tratava de uma empresa de porte médio - eu

coordenava um time e precisei mais de habilidades de liderança

que de conhecimento técnico”. Depois de dois anos nesta

função, a formiga voltou a mexer no seu pé, e ela quis retornar

para o sudeste. Não precisou, porém, mudar de emprego – o

escritório de São Paulo estava com vagas abertas, e ela assumiu

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Da carreira em turismo à vendas no Ben&Jerry’s

a Coordenação de Canais e Parcerias, sendo responsável,

majoritariamente, pelo relacionamento com os revendedores

do software produzido pela empresa.

Já em São Paulo, realizou um MBA em Gestão Estratégica

de Negócios na USP – segundo ela, fundamental para o seu

crescimento profissional em uma área que não era a sua de

formação. Foi durante o Imersão, programa de decisão de

carreira da Fundação Estudar, que ela conheceu seu atual líder

na Unilever. Ao saber de uma vaga aberta na equipe da Kibon,

escreveu-lhe solicitando o contato da consultoria de RH; ele,

atraído pelo seu currículo, no mínimo, diverso, convidou-a para

uma entrevista. “Conversamos por duas horas e meia, e eu não

passei”, ela ri.

Sua impressão, porém, ficou guardada: nove meses depois,

surgiu a oportunidade de expandir a marca Ben&Jerrys no

Brasil, e ela foi convidada para uma nova entrevista - desta

vez, com resultados positivos. Hoje, Emanuelle é responsável

por aplicar, na ponta, a estratégia vinda do marketing – faz

treinamentos com vendedores e ajuda em toda a estrutura de

vendas. “É uma marca totalmente conceitual e com propósitos

novos para a equipe toda de icecream. Por isso, eu tenho

autonomia em influenciar a mudança de vários processos

existentes em diversas áreas e caminhar com facilidade entre

estas áreas”, explica ela. De turismo, eventos, tecnologia para,

por fim, chegar em sorvetes, parece que a formiga do pé de

Emanuelle finalmente encontrou seu lugar.

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Da pesquisa acadêmica em Bilogia ao empreendedorismo social

CCom graduação e mestrado em Biologia, Izadora Mattiello resolveu mudar de rumo, deixando a vida acadêmica de lado e buscando uma experiência mais alinhada a

seu propósito. Trocou os laboratórios pela incerteza do empreendedorismo, e hoje é feliz a frente do próprio negócio social, a pHomenta.

“Não é sua formação que importa, e sim o seu propósito de vida”, diz Izadora Mattiello. Formada em Biologia pela Unicamp e com mestrado na mesma área pela USP, ela trocou a trajetória acadêmica de sucesso por uma carreira mais alinhada com seu propósito

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Izadora também é membro do Núcleo, a comunidade alumni

dos programas presenciais do Na Prática. A seguir, ela escreve

sobre as reflexões que viveu quando decidiu mudar de carreira,

e o que aprendeu sobre propósito ao longo desse processo:

De análises de DNA à separação do lixo nas praias, me formei

como bióloga na Unicamp. Desde o começo da faculdade tinha

certeza que seria uma cientista. Achava demais usar jaleco,

trabalhar em laboratório, estudar novas soluções, fazer projetos

e analisar dados.

Logo quando entrei na faculdade, no segundo mês, fui trabalhar

em uma empresa de genética, a EXACTGene. Lá aprendi de tudo

um pouco, desde fazer teste de paternidade até relação com

clientes e equipe interna. Mas meu sonho em ser uma cientista

nata me levou a fazer iniciação científica já no segundo ano.

No início foi difícil escolher a linha de pesquisa que queria

seguir. Estava na dúvida entre células tronco, biologia celular e a

ecologia marinha. Mas pelo contagiante ambiente do laboratório

e equipe, escolhi a ecologia marinha de crustáceos.

Foram 3 projetos científicos, um atrás do outro, cada hora

aparecia uma questão nova que queria descobrir. Eu estava

Da pesquisa acadêmica em Bilogia ao empreendedorismo social

estudando uma espécie de crustáceo que tinha cuidado

parental e estava sofrendo com a poluição de hidrocarbonetos

nos mares. Todo mês eu ia para o Centro de Biologia Marinha

da USP, em São Sebastião, fazia os mergulhos, coletas e

experimentos. O resto do tempo, analisava os dados no

laboratório em Campinas, na Unicamp.

No penúltimo ano, fiz um intercâmbio para o Chile, na

Universidad Católica del Norte, para trabalhar três meses

em um laboratório com as algas e animais marinhos da

Patagônia. Foi uma experiência indescritível. Além de conhecer

uma nova cultura e passar por diversos terremotos, o meu

orientador de lá era muito entusiasmado, então quando

voltei para o Brasil estava muito motivada para continuar na

carreira acadêmica.

Então, logo quando me formei, fui para a USP fazer mestrado

em um projeto interdisciplinar da Petrobras. Meu projeto de

pesquisa era propor um método inovador para detectar algas

marinhas vivas, muitas delas tóxicas, que vinham da água de

lastro de navios de diversos portos e que podiam prejudicar a

fauna local e a saúde humana.

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Da pesquisa acadêmica em Bilogia ao empreendedorismo social

Foi um grande desafio, pois foi a primeira vez que trabalhei em

uma equipe de cientistas de diferentes formações. Uma parte

do mestrado fiz na Poli – Engenharia da USP, onde construímos

um dispositivo, que era praticamente um micro laboratório em

um chip!

Nesta época aprendi muito sobre inovação, fiz parcerias com

empresas incubadas e conheci diversas soluções de alta

tecnologia. No fim do mestrado, fui para a Holanda, fazer uma

visita técnica no NIOZ (Royal Netherlands Institute for Sea

Research), local de referência para minha pesquisa. A ideia

inicial era fazer o meu doutorado lá. Foi ótima a experiência,

mas aproveitei a viagem, que estava sozinha para refletir mais

ainda sobre minha carreira e aí que percebi que estava sentindo

um grande vazio.

Comecei a questionar minha vida profissional. Tudo estava do

jeito que eu sonhei, mas eu não estava feliz. Apesar de toda

a inovação, o ambiente acadêmico me fazia mal, era muito

competitivo e um pouco machista. Além disso, parecia que

o que eu estava fazendo no laboratório nunca iria atingir a

grande massa da sociedade. Tudo era muito burocrático e lento

para implantar as nossas soluções. E eu sentia que eu poderia

fazer muito mais, ajudar mais pessoas e de forma mais efetiva.

Quando terminei o mestrado, a minha única certeza é que

não iria fazer o doutorado naquele momento. Comecei a

ter uma ânsia por fazer algo maior. Foi um ano cheio de

incertezas e vergonha quando todos me perguntavam o que

eu ia fazer da vida e eu não sabia a resposta. Todos ficavam

indignados, como assim você estudou tanto e agora não sabe

o que vai fazer?

Durante um ano “sabático forçado”, mandava diversos

currículos, mas minha trajetória era extremamente acadêmica

e as empresas cobravam experiência na prática. Resolvi deixar

a angústia de lado e comecei a me envolver voluntariamente

em diversos projetos. Primeiro trabalhei de graça para uma

startup de tecnologia da informação. Lá eu tive muito contato

com marketing e experiência do usuário, além de conhecer

como funcionava investimento anjo, incubar empresas,

avaliação de empresas, etc. Fiz diversos cursos informais na

área comercial, gestão de projetos…e quase abri uma empresa

de cupcakes!

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Da pesquisa acadêmica em Bilogia ao empreendedorismo social

Até que fiz o Catálise da Fundação Estudar! Foi lá que

realmente minha vida mudou! A pergunta que mais me

marcou foi qual era o meu propósito de vida. Como assim? Eu

não tinha noção de qual era o meu propósito de vida! Até então

meus objetivos de vida eram ter uma boa profissão, casar, ter

filhos, ou seja, o convencional. E foi lá que eu consegui refletir

nas minhas habilidades, meus verdadeiros gostos e o que me

faria feliz. Meu propósito? Ajudar pessoas. E foi aí que eu deixei

de sentir o peso de fazer algo diretamente ligado à minha

formação acadêmica.

Saí de lá com uma energia imbatível, parecia que tinha me

descoberto novamente. Na mesma semana resolvi procurar

trabalho voluntário em ONGs na minha cidade. Naquele

momento não importava mais para mim o dinheiro, mas sim

tentar fazer algo que tinha a ver com meu propósito. Achava

que iria dar aulas para as crianças, mas quando cheguei lá eles

precisavam de ajuda na captação de recursos, para escrever

projetos e prospectar editais e empresas. Bom, o que eu fiz

minha vida toda? Escrever projetos para pedir financiamento!

Eram projetos científicos, mas não importa, eram projetos! Aí

tudo estava começando a fazer sentido. Comecei a me dedicar

para resolver os problemas daquela ONG e vi que muito das

demandas deles não eram de voluntários para reformar a

escola ou brincar com as crianças, mas sim de ajuda na gestão!

Tinham dificuldades para melhorar o marketing, a identidade

visual, em ser mais comercial… Quando comecei a identificar

estas demandas eu só lembrava de amigos ou conhecidos que

eram muito bons nessas áreas e que com certeza topariam

ajudar com seu conhecimento.

Para encurtar a história, essa experiência na ONG, em

entender um pouco as demandas de gestão, financeiras e

de recursos humanos, juntou com a experiência em business

do meu sócio, que já captava recursos para uma startup, a

Geekie. Nosso desejo não era reinventar a roda, mas sim

apoiar as organizações que já estavam fazendo coisas boas,

somente potencializando com os nossos conhecimentos e

de outros voluntários.

Foi aí que em maio de 2015 meu sócio largou o emprego dele e

eu parei de mandar currículos para investirmos no nosso sonho

grande: empreender em um negócio social. E com certeza, a

Fundação Estudar fez toda a diferença nesta nossa decisão. Um

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Da pesquisa acadêmica em Bilogia ao empreendedorismo social

pequeno detalhe: este meu sócio também é biólogo e meu sócio

de vida, casamos em 2014. Um casal que largou tudo e que

investiu todas as finanças para abrir um negócio social. Imagina

o susto que nossas famílias e amigos levaram!

A pHomenta é um negócio social que tem como objetivo

potencializar projetos sociais mobilizando recursos financeiro

e humanos. Nós fazemos toda o diagnóstico e curadoria de

ONGs e startups sociais para atacar nos pontos fracos de

cada organização. Hoje já temos 204 voluntários na nossa

rede, sendo que 184 vieram via Fundação Estudar. São jovens

brilhantes que estão contribuindo com seus conhecimentos

para potencializar causas sociais. Eles trabalham de forma

remota e para retribuí-los nós damos mentores de carreira para

eles, pessoas com alta experiência no mercado que abraçaram

nossa causa e fazem esse coaching voluntariamente.

A Fundação Estudar teve alto impacto nas minhas decisões.

Primeiro no Catálise, onde eu descobri que o nosso propósito

é muito maior que um diploma. E segundo no Núcleo. No

dia da apresentação do 1º ciclo do núcleo, eu me senti tão

motivada por estar perto de pessoas tão boas, empolgadas e

brilhantes que eu não senti mais medo para empreender. Sabia

que qualquer dúvida, qualquer apoio eu poderia encontrar

no núcleo, que as pessoas estavam dispostas a ajudar. Tanto

é que um dos membros, o Vitor Barbosa, já faz parte do

time pHomenta e muitos outros são voluntários. Hoje sou

extremamente feliz por ter encontrado meu propósito de vida.

E você? Já encontrou o seu?

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De designer na maior empresa de comunicação do país a mestre cervejeiro

Quem frequenta os bares de São Paulo pode ter a sorte de encontrar no cardápio algumas cervejas da cervejaria Júpiter. O que esses apreciadores de uma “gelada” geralmente não

imaginam é a trajetória dos três irmãos Michelsohn, que são os responsáveis pela fundação dessa cervejaria. Um deles, David Michelsohn, batalhou bastante em outras áreas antes de perceber que a paixão por cervejas podia se transformar em sua profissão.

David Michelsohn transformou uma má notícia – a demissão de última hora – na oportunidade que precisava para empreender sua própria marca de cerveja, a Jupiter, hoje entre as mais premiadas de São Paulo

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trajetória O trabalho faz parte da vida de David desde cedo.

“Aos 12 anos, nas férias de verão, trabalhava como contínuo na

empresa do meu tio. Com 18, trabalhava como extra em buffets

de festas corporativas. Morei fora duas vezes e trabalhei como

lavador de pratos, cozinheiro e até numa plantação de bananas.

Formei-me em Desenho Industrial e trabalhei alguns anos

como designer.” Aos 33, quando trabalhava na redação de uma

das grandes revistas do país, na Editora Globo, resolveu cursar

pós-graduação em Jornalismo.

Mesmo admirando a profissão de jornalista e investindo nela,

David foi surpreendido com uma demissão seis meses antes de

apresentar sua monografia na pós-graduação, no final de 2011.

“Eu era cervejeiro caseiro quando fui demitido. Já era apaixonado

por cerveja nessa época e estudava muito. Durante os meses

de dezembro, janeiro e fevereiro as contratações no mercado

editorial costumam ser fracas e resolvi me dedicar ao hobby.

Lendo sobre as histórias das cervejarias americanas tive a ideia

de começar a produzir sob contrato. Chamei meus irmãos e

montamos as planilhas financeiras da nova empresa (que só

existia em nossas cabeças). Em fevereiro de 2012 decidimos que

lançaríamos nossa cerveja comercialmente”, lembra.

De designer na maior empresa de comunicação do país a mestre cervejeiro

O sucesso que as cervejas caseiras produzidas por David faziam

entre os amigos foi importante para o início do negócio. “Meus

amigos já bebiam minha cerveja e adoravam, me deram muita

força. E os familiares apoiaram a iniciativa dos três irmãos.

Eu acredito que toda essa energia positiva me encheu de

autoconfiança, extremamente necessária quando se inicia uma

empreitada dessas”, ressalta.

Com todo esse apoio e com a qualidade do produto, a

Júpiter passou a conquistar seu espaço comercialmente e

já pode ser encontrada em mais de 350 estabelecimentos

somente em São Paulo, e outros espalhados por seis

estados do Brasil. Os prêmios vão se acumulando, mesmo

com pouco tempo de existência da marca, e a produção

comercial já chega a dez mil litros por mês. No início de

dezembro, David inaugurou a tão aguardada Chopperia

São Paulo. “Fazer esse projeto se tornar realidade foi um

processo longo, com uma curva de aprendizado bem

íngreme. Fiquei muito ansioso em diversos momentos,

especialmente na reta final. Mas me preparei de acordo,

escolhi parceiros com boa experiência no ramo e tudo

correu bem”, anima-se.

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De designer na maior empresa de comunicação do país a mestre cervejeiro

preparação Obviamente, David é um apaixonado por cervejas,

mas só isso não era suficiente para que ele pudesse se dedicar

à produção dessa bebida. Ele fez diversos cursos na área,

participou da primeira turma de Administração dos Negócios

da Cerveja da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e, hoje, é jurado

reconhecido em concursos de cerveja. “Ainda não considero

minha formação completa. Todos os dias encontro pessoas que

sabem muito mais do que eu e penso que ainda preciso estudar

bastante para chegar perto de meus colegas de trabalho”, diz,

de maneira humilde.

Os conhecimentos dos tempos em que trabalhava com

comunicação ainda são bem úteis na nova rotina. “Uso muitas

habilidades das minhas antigas carreiras. Cuido com muita

atenção de toda a parte de comunicação. Crio os rótulos, pauto

a agência que cria conteúdo para o Facebook, escrevo releases,

falo com a imprensa. Mas também precisei aprender muito

sobre gestão, vendas e finanças, além, é claro, de aprender

muito sobre produção de cerveja”, revela o empreendedor.

propósito David não esconde o entusiasmo por, finalmente,

ter encontrado sua paixão profissional. Mas ele lembra que

também existe outro lado não tão atrativo nisso tudo. “Confesso

que no início fiquei deslumbrado. É muito bom trabalhar com

aquilo que você gosta. E as pessoas ficam muito felizes de

conhecer um cervejeiro. É o mais próximo que eu vou chegar

de ser um astro do rock (risos)! Mas tem o outro lado. Qualquer

pessoa que tem algum sucesso no trabalho tem sempre muito

trabalho para ser feito. São 12 a 16 horas de trabalho por dia,

seis, às vezes sete dias por semana. Parte do trabalho é muito

agradável mas carrego muitos barris e caixas de cerveja. É o

famoso glamour cervejeiro!”, brinca.

Para aqueles que não estão satisfeitos com o emprego atual,

ele tem conselhos. “Quando olho para trás vejo que há quatro

anos eu era um desempregado e hoje tenho muito trabalho para

fazer. Eu era feliz no meu trabalho anterior, então meu ponto

de vista é um pouco inusitado. Mas acho que se você está num

emprego que não agrada, o caminho mais seguro é estudar sobre

uma nova área, se aproximar de players do mercado e conhecer

em primeira pessoa como funciona o segmento que interessa.

Mesmo para dar o salto de cabeça, tem que se planejar.”

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De redator publicitário à chefe de cozinha

Algumas mudanças de carreira são planejadas a longo prazo, com cursos preparatórios e muita pesquisa. Esse não é o caso de Lucas Ferreira, tanto é que ele foi fazer

uma entrevista procurando uma vaga para redator publicitário e acabou conseguindo um posto na cozinha de um restaurante em Portugal. E ele saiu feliz da vida com o novo emprego, optando por seguir a nova carreira como chefe de cozinha a partir desse momento. A seguir, veja como foi essa mudança de carreira:

“Quando resolvi me tornar um cozinheiro, eu não titubeei nem um segundo e as pessoas que estavam à minha volta sentiam essa energia em mim”, diz Lucas Ferreira

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trajetória A publicidade foi um caminho natural para Lucas,

já que tanto seu pai quanto sua mãe trabalharam na área. “Sou

filho de redatores publicitários. Para mim, viver de escrever

sempre foi uma meta e, desde sempre, frequentava redações

de jornais e as salas de criação nas agências onde meu pai

trabalhava. Desta forma, quando entrei na faculdade, já tinha

um projeto bem claro traçado na minha cabeça. Apesar da

eterna crise em relação à publicidade e seus fins, que sempre

me acompanhou, eu gostava do meu trabalho como redator”,

explica ele, fazendo referência à polêmica sobre a relação entre

sua função e o consumismo.

A carreira seguia bem e, aos 24 anos, trabalhava em uma

grande agência de publicidade em São Paulo. Até que

resolveu mudar de ares e buscar sua sorte em Portugal. Lá,

por intermédio de um amigo, conseguiu uma entrevista de

emprego no Jornal Expresso que mudaria seu destino. “A

jornalista era a responsável pelo caderno de gastronomia

e ficamos quase três horas conversando sobre comida. Na

despedida ela falou que iria me arrumar um emprego, mas que

não seria no jornal. Três dias depois eu começava, mais uma

vez todo orgulhoso, na cozinha do restaurante Amo-te chiado.

De redator publicitário à chefe de cozinha

Sem experiência alguma, mas com muita motivação! Nunca

mais saí da cozinha!”, diz.

Trabalhando na cozinha, ele se encontrou profissionalmente,

mesmo diante das dificuldades e de um salário não tão alto fora

de sua terra natal. “O meu salário como aprendiz de cozinheiro

era suficiente para cobrir minhas despesas e pagar o aluguel

que eu dividia com outro cara. Comer eu comia no restaurante,

onde ficava desde as 8 ou 9 da manhã até 1 da madrugada. Eu

chegava da cozinha as duas da manhã e ficava contando para

meus amigos sonolentos curiosidades sobre como limpar uma

lula ou a técnica para se cortar uma cebola perfeitamente.

Os caras riam. Eu parecia um homem apaixonado, e era. As

dificuldades não conseguiam vencer minha vontade de me

tornar cozinheiro”, afirma.

Em Portugal conheceu Nicole, sua atual esposa e incentivadora.

Trabalharam juntos em Barcelona, na Espanha, e decidiram

retornar ao Brasil para abrir um restaurante com algumas

economias que fizeram. Mas não seria tão simples assim.

“Quando retornamos ao Brasil tínhamos ideia de abrir um

restaurante em uma praia mais ao Norte, mas, antes de colocar

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De redator publicitário à chefe de cozinha

a ideia em prática fomos roubados. Toda a grana que tínhamos

trazido da Europa, que não era muita, estava dentro de um

violão. Entraram na nossa casa e levaram o danado. Ficamos

quase zerados”, lembra.

recomeço Depois do assalto e sem grana para montar o

próprio negócio, o casal teve de buscar recursos de outra

forma morando em Pipa, no Rio Grande do Norte. Nicole teve

a ideia de vender sanduíches na praia. “Esse obstáculo foi

determinante, pois os moradores mais antigos aqui na vila nos

conheceram de isopor na mão, porta em porta, dia após dia,

vendendo nossos sanduíches. Isso ajudou para que as pessoas

da comunidade valorizassem o nosso esforço. Muita gente deu

a maior força e somos gratos até hoje por isso”, ressalta ele.

Os sanduíches fizeram sucesso e levantaram a verba suficiente

para arbir o restaurante Tapas, que já tem mais de dez anos

de existência e um público cativo. “O Tapas começou sem

funcionários, só eu e a Nicole, numa área de vinte metros

quadrados, contando o banheiro e a cozinha. Hoje, ele tem

mais de uma década e fizemos um duro e sério trabalho por

aqui. Eu e minha esposa estamos lá todos os dias, ela no salão

e eu dentro da cozinha. E não tem glamour não! A rotina é

dura e sacrificante, mesmo estando a poucos metros de uma

piscina natural. Acordar cedo, falar com o peixeiro, contas,

fornecedores, problema na internet. Tudo isso tenho de lidar

por aqui”, descreve.

Quando perguntado se a criatividade de publicitário o ajuda

na criação dos pratos que serve no Tapas, Lucas é enfático.

“O trabalho em um restaurante é para quem gosta, porque

é duro em São Paulo ou na praia da Pipa. Isso não muda.

Muita gente pode fazer a associação entre a criatividade do

cozinheiro e diversas outras profissões que exigem ideias novas

constantemente. Mas vou te dizer uma coisa: se o cozinheiro

é um artista, ele pinta todos os dias as mesmas telas. Um

trabalho de repetição muito mais do que inspiração. O esforço é

de precisão”, conta.

Ao comentar a mudança de profissão, Lucas encara como

um processo natural. Como se o destino o tivesse guiado para

sua paixão, sem que ele tivesse planejado completamente a

guinada. “Quando resolvi me tornar um cozinheiro, eu não

titubeei nem um segundo e as pessoas que estavam à minha

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De redator publicitário à chefe de cozinha

volta sentiam essa energia em mim. Além disso, todos que

me conheciam minimamente sabiam da minha paixão pela

cozinha. Ninguém estranhou. Meu pai soltou um famoso ‘eu

já sabia’. Foi tudo muito natural”, afirma.

Apesar dessa naturalidade, o chefe lembra que o caminho

de uma mudança pode se mostrar mais complicado

posteriormente. “Mudar de profissão é como parar de fumar.

Você decide, dá um passo para o lado e pronto. Mudou. Amanhã

não fuma mais. Mas é aí que as dificuldades começam. Como

eu disse antes, quem quer de verdade segue o caminho. Pelo

menos para mim foi assim”, finaliza.

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De administradora de empresas à terapeuta holística e professora de Reike

Imagine só a seguinte situação: você chega para trabalhar todos os dias desanimado e pede a Deus um novo emprego. Você acaba conseguindo trocar de emprego, ganha mais, mas aquela sensação não

te abandona. No fundo, você sabe que não é aquilo que quer para a sua vida.

“Atualmente a minha remuneração não chega nem perto do salário que eu tinha no meu último emprego, mas hoje eu não dependo de uma empresa para ter um trabalho”, conta a terapeuta Lu Oliva

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Durante alguns anos, essa foi a rotina de Lu Oliva, que resolveu

abandonar esse martírio matinal pelo qual passava em grandes

empresas para ser feliz como terapeuta holística e professora

de Reiki, técnica que consiste na captação e transmissão de

energia através das mãos. De alguém que estava perdida

profissionalmente no passado, hoje ela ajuda pessoas a se

conhecerem melhor durante as sessões de terapia. Entenda

como ocorreu essa mudança de carreira.

primeiros passos A vida profissional de Lu começou cedo,

antes mesmo de entrar na faculdade. Ela foi aprovada em

um concurso público e cursou Administração de Empresas

simultaneamente. Assim que se graduou, veio a primeira

grande mudança na sua carreira: abandonou a estabilidade e

pediu demissão do cargo público. “Lembro-me bem da cara do

meu superior quando pedi demissão. Ele achou muito estranho

alguém sair de um emprego público”, relembra.

A partir daí, passou por vários empregos em grandes empresas

privadas, e foi crescendo… Analista junior, analista pleno,

analista senior, consultora de cargos e salário, dentre outros.

Em comum, a mesma sensação: “O que eu mais me lembro

era sentir um vazio, a sensação de não estar no caminho certo.

Lembro que a volta de cada período de férias era uma tortura.

As manhãs eram uma tortura. Eu sempre rezava e pedia a Deus

um emprego que pudesse me fazer feliz. Mudava de emprego,

ganhava mais e a sensação desaparecia momentaneamente.

Por um tempo eu me sentia estimulada, mas logo a frustação

voltava ainda mais forte”, explica.

Quando o segundo filho nasceu, mais uma vez Lu resolveu

pedir demissão e começou a pintar como hobby. “Comecei a

pintar para aproveitar o tempo livre. Pintava camisetas e jeans.

Eu usava, as pessoas gostavam e encomendavam. Tornei-me

artesã e permaneci assim por três anos. Acho que a pintura

foi a ponte que eu precisava para a verdadeira mudança

profissional. Abriu a minha sensibilidade e aceitação para a

chegada de algo totalmente novo e desconhecido para mim, a

terapia holística”, ressalta.

Lu Oliva cita como grande marco para a mudança em sua

vida uma conversa que teve com uma senhora humilde. “Um

dia, uma senhora muito simples e sábia segurou a minha

mão e disse que eu tinha mãos que curam… Não entendi isto

De administradora de empresas à terapeuta holística e professora de Reike

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De administradora de empresas à terapeuta holística e professora de Reike

na época e dentro da minha visão limitada resolvi fazer um

curso de massagem relaxante. Acho que foi aí que o Universo

resolveu me dar uma mãozinha (risos). Até hoje não entendo

como, ao invés de me matricular em um curso de massagem,

eu me matriculei em um curso de Reiki. Este foi o marco. O

meu primeiro curso de Reiki”.

Autoconhecimento O Reiki é um sistema natural de

harmonização e reposição energética que mantém ou

recupera a saúde, muito usado por pessoas estressadas

com o dia a dia. Com o Reiki, Lu Oliva passou a se conhecer

melhor. “Depois do meu primeiro curso de Reiki comecei a

me beneficiar da terapia vibracional. As sessões me ajudaram

a conhecer o equilíbrio vibracional, eliminando os meus

bloqueios e trazendo o autoconhecimento. A partir daí fiz

vários cursos me tornando mestre em diversas modalidades

de cura energética. E é este o meu trabalho atual. Sou t

erapeuta holística. Por meio de técnicas de cura vibracional

ajudo as pessoas a promoverem o autoconhecimento e o

equilíbrio emocional, mental e vibracional. De paciente

me tornei terapeuta”, explica.

Já são nove anos atendendo profissionalmente como terapeuta

holística e ela é responsável por quase tudo. “Não tenho

secretária, eu mesma faço os agendamentos, a maioria

solicitada por Whatsapp. Trabalho somente por indicação,

não faço propagandas e não tenho vocação para a área de

marketing. Um final de semana por mês, ministro cursos

de Reiki. Como extensão do meu trabalho, faço limpeza

energética em ambientes e pinto mandalas personalizadas sob

encomendas. Atualmente voltei a pintar camisetas e jeans,

depois de ter parado com a pintura por dez anos”, orgulha-se.

A nova rotina traz alguns benefícios difíceis de serem

imaginados nos antigos empregos. “A minha qualidade de vida

mudou muito. Hoje, eu faço os meus horários e isto para mim é

qualidade de vida. Não tenho que lidar com a pressão do mundo

corporativo. Não tenho que conviver com a competição e o

estresse desses ambientes. Tenho tempo para meus filhos e para

mim. Outra mudança valiosa é a minha evolução pessoal. Tenho

diariamente a oportunidade de aprender com cada pessoa que

eu atendo. Isto não tem preço! Toda manhã sou grata ao meu dia

de trabalho, bem ao contrário do que era antes”, afirma.

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De administradora de empresas à terapeuta holística e professora de Reike

Sobre o aspecto financeiro, ela admite que ganhava mais nos

antigos cargos, mas a independência parece compensar. “Esta

estabilidade que o emprego oferece, considero ilusão. Você fica

preso a um modelo trabalhista limitado. Este modelo te torna

dependente, dificultando a descoberta de seus talentos mais

profundos. Atualmente a minha remuneração não chega nem

perto do salário que eu tinha no meu último emprego, mas hoje

eu não dependo de uma empresa para ter um trabalho. Eu sou

o meu trabalho… O meu talento é o meu trabalho. Sinto-me

segura em saber que eu sou um ser produtivo e não preciso que

alguém me diga o que fazer”, finaliza.

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De publicitário a comediante de stand up

Não é raro termos contato com propagandas bem-humoradas e que nos arrancam boas risadas. Mas uma coisa é trabalhar como publicitário, outra é usar a criatividade em

um palco diante de uma plateia lotada. Bruno Costoli, um dos principais nomes do stand up comedy mineiro, nos mostra como é possível tomar um novo rumo profissional aproveitando antigas habilidades.

Bruno Costoli trocou uma rotina exaustiva pelos palcos, que fizeram dele um dos principais nomes do stand up comedy mineiro

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Com 30 anos atualmente, ele formou-se em Comunicação

Social na UFMG, um dos cursos mais concorridos no vestibular.

Trabalhou por cinco anos com publicidade, passando por

algumas grandes agências como redator publicitário. “O

que mais me agradava na área era a possibilidade de criar

algo legal, ter uma ideia boa que fosse veiculada pela cidade.

Não acho que a decisão de estudar publicidade tenha sido

precipitada, acho que a faculdade só não mostra com muita

clareza como vai ser o mercado”, analisa.

E o mercado, muitas vezes, é mesmo cruel. “Quase todos os dias

ficava além do horário na agência. Uma das coisas que sempre

me incomodou era esse não cumprimento de horários. Eu não

conseguia marcar nenhum compromisso durante a semana

porque sempre poderia acontecer de precisar ficar até mais

tarde. E o que mais me indignava nisso (além das horas extras

não serem remuneradas e nem sequer banco de horas eu ter)

era o fato desse tempo extra ser muitas vezes culpa da falta de

planejamento e organização dentro da empresa”, revela.

A rotina desgastante também se traduzia na ausência de férias,

fator que acabou por ser fundamental para a grande guinada

profissional. “Quatro dos cinco anos na publicidade foram

sem tirar férias, porque muitas vezes eu era o único redator da

agência. Na primeira vez que tirei, passei um mês inteiro à toa

e tive certeza de que não queria mais aquilo (velha rotina) para

mim”, afirma.

Ele voltou do seu descanso e, por incrível que pareça, passou

a levar as apresentações de comédia que fazia mais a sério.

“Eu ainda era muito iniciante, mas era o momento em que a

comédia stand up começava a crescer em BH. Em poucos meses

na área comecei a ter resultados positivos e via um crescimento

legal no setor. A comédia se mostrava, a longo prazo, mais

interessante do que a publicidade. Quando percebi, já fazia

parte de um grupo de comédia e estava me apresentando toda

semana”, conta o comediante.

A rotina atualBruno se tornou uma das referências no stand up comedy na

capital mineira, com apresentações quase sempre lotadas e

palestras para diversas empresas. Mas ele se preparou para

esse caminho. “No início, era muito comum os comediantes se

apresentarem como convidados nos shows dos outros grupos.

De publicitário a comediante de stand up

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De publicitário a comediante de stand up

Essa troca foi muito boa para o fortalecimento do mercado.

Comecei a ler alguns livros e textos sobre o assunto, ver

entrevistas de comediantes famosos, além de vídeos e filmes

sobre stand up e comédia em geral. Fiz ainda alguns anos de

teatro no Galpão e diversos cursos de improvisação teatral”,

relata.

Um dos diferenciais de Costoli é a presença das músicas nas

suas apresentações. Com seu violão, toca canções próprias

e paródias, como as sobre o Sertanejo Universitário (sucesso

de visualizações na internet). Entretanto, ele também aborda

assuntos mais sérios.

“A rotina de criação é intensa. Trabalho mais do que na época

que era publicitário (risos). Tenho tentado falar sobre assuntos

mais relevantes também. Acho que seria um desperdício não

usar a oportunidade que tenho de falar para tanta gente (no

palco e na internet) sobre algo que considero importante e que

possa mudar as pessoas. Fazer rir é bom e necessário, mas fazer

pensar também é”, analisa.

Costoli considera importante o período em que trabalhou como

publicitário para o sucesso na nova atividade. “Na publicidade

eles não se preocupam muito em otimização de trabalho, então,

às vezes, você cria o máximo possível. Ao mesmo tempo que

isso é um desperdício, para comédia isso é ótimo. Te faz achar

piadas que quem para na primeira ideia não vai achar. Isso me

mostrou que essa onda de ‘insight’, de esperar a ideia chegar,

é bobagem. Há uma glamourização da criatividade, mas é um

trabalho como qualquer outro. Sem falar que a publicidade usa

o humor de forma recorrente. Até alguns formatos publicitários

se parecem muito com o formato de piadas”, acredita.

LiberdadeComo pontos positivos na nova carreira, Costoli cita sua

autonomia (de horários, de criação e financeira). Agora, ele

ganha de acordo com o que produz, escolhe seu horário de

trabalho e é o responsável por definir o rumo de suas ideias.

“Na publicidade, independentemente de quanto eu trabalhasse,

meu salário era o mesmo. Na comédia, se eu consigo mais

trabalhos, eu ganho mais. Além disso, antes eu tinha que passar

minhas ideias pelo crivo de várias pessoas (chefes). Hoje, minhas

ideias passam pelo crivo de muito mais pessoas, mas são os

consumidores finais. E a resposta é imediata: riu ou não. Se for

ruim, a culpa é minha. Se for bom, o mérito é meu”, enfatiza.

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De publicitário a comediante de stand up

Para quem olha com desconfiança para o novo ofício, ele

manda um recado: “Às vezes alguém fala que é só ´ir lá falar

umas bobagens´. Até gente da área, por incrível que pareça.

Tem muita gente que fala ‘meu amigo ia se dar bem nisso’,

como se fosse só chegar lá e fazer. Eu gostaria de ver essas

pessoas tentando... Porque uma coisa é fazer seus amigos

rirem num churrasco onde todos te conhecem. Outra coisa

é fazer rir um bando de gente que nunca te viu na vida e

ainda está pagando por isso”.

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Do mundo das redações ao empreendedorismo

As demissões são um verdadeiro tormento para a maioria dos empregados. Receber a notícia de que você não trabalha mais naquela empresa pode ser complicado —

as contas para pagar não esperam no fim do mês — mas também pode ser a hora da virada. Esse é o caso de Mauricio Nadal, 28 anos, que aproveitou a saída forçada do seu emprego como jornalista para se tornar um empreendedor. E ele está fazendo barba, cabelo e bigode nessa nova carreira!

Mauricio Nadal foi surpreendido com uma demissão em massa, mas transformou a situação ruim no impulso que precisava para mudar de rumo e abrir a própria barbearia

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Nadal formou-se em jornalismo pelo Mackenzie em 2009 e

logo começou a se envolver com a área esportiva. “Aceitei e

realizei vários sonhos no jornalismo esportivo. Cobri eventos

de vários esportes, entrevistei ídolos, viajei, entre outras

coisas bem legais. Virei jornalista pela paixão por esportes e

pelo gosto de conhecer e escrever histórias. A decisão foi mais

que certa”, conta.

Mas o atual momento do jornalismo, com seguidas demissões

e projetos descontinuados, começou a incomodá-lo. “Ver as

decisões e caminhos dos caciques dessa área me desanimava.

Precisava passar por tudo aquilo para crescer e almejar algo a

mais para a minha vida. Mas a ausência de plano de carreira, a

clara crise na profissão e o fator financeiro também contaram

demais para mudar de área. A sensação de impotência, das

mãos atadas, me consumia. Era um sinal”, relata.

A partir desse cenário, ele passou a pesquisar mais sobre o

empreendedorismo. “Participei de reuniões de empresas nas

áreas alimentícia, serviços e pets e chegamos muito perto de

colocar uma grana imensa em algo que não acreditávamos.

Foi aí que veio a grande ideia. Eu já frequentava e sabia da

tendência das barbearias. Pensei: ‘por que não fazer algo no

estilo esportivo?”.

E o incentivo decisivo para abrir sua própria barbearia foi a

demissão do portal de notícias em que trabalhava. “Estava no

fim das férias e recebi uma ligação de um editor dizendo que

eu estava demitido, em mais um corte trivial no jornalismo.

Era para apenas passar lá e pegar as minhas coisas. No primeiro

momento, foi um espanto, mas no mesmo dia já estava

tranquilo em casa e sabia bem o que deveria começar a

fazer”, lembra. Era o marco para a criação da Barbearia

Campeã, inaugurada em São Caetano (SP) com estilo

esportivo e novos conceitos.

Tratamento diferenciadoApós definir a área em que iria empreender, Nadal precisava

conhecer a fundo o universo das barbearias. “Pesquisei

muito sobre o mercado, comecei a frequentar ainda mais as

barbearias, para ver acertos e erros deles. Matriculei-me no

curso de barbeiro, não para trabalhar no dia a dia com o ofício,

mas para entender do assunto. Não só de máquinas, tesouras,

pentes e acessórios em geral, mas também do panorama de

Do mundo das redações ao empreendedorismo

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Do mundo das redações ao empreendedorismo

mercado, produtos e profissionais. Essa foi a grande sacada,

pois pude entrar no mundo dos caras e ver como é difícil cortar

um cabelo ou fazer uma barba. Fica mais fácil de falar a língua

deles e entender dos problemas”, revela.

Quem frequenta a Barbearia Campeã encontra muito mais do

que um corte de cabelo ou da barba. Com um investimento

de R$ 110 mil, o espaço conta com uma área para a interação

entre os clientes, com mesa de sinuca, bar e televisão. Tudo isso

com muito papo sobre futebol, é claro! “Fico no bar da barbearia

conversando com os clientes ou com os acompanhantes

deles. Esse atendimento é muito importante e a pessoa se

sente respeitada e mais bem atendida ainda”, afirma ele, que

tenta sempre memorizar o nome e o time do coração dos

frequentadores. “Sou muito mais feliz atualmente. Sinto-me

bem naquele ambiente. Ficaria o dia inteiro lá dentro, sem

problemas. É muito cansativo, é claro. Mas a satisfação dos

clientes da barbearia é a certeza de um trabalho bem feito,

mesmo que ainda engatinhando”, afirma.

Sobre o futuro, Nadal espera que sua barbearia receba ainda

mais movimento com a realização dos Jogos Olímpicos de 2016.

Quando perguntado se voltaria ao jornalismo, ele é enfático.

“Voltar ao jornalismo, da forma como ele se apresentava,

seria um retrocesso. A veia empreendedora está pulsando em

mim. A noção de responsabilidade, em tomar decisões, é algo

fantástico. Quero arriscar, apostar, porque gera mais alegria

quando se conquista um objetivo. Reclamar da vida é a pura

bengala da preguiça ou falta de ânimo. Todos nós somos

protagonistas de nossas vidas e caminhos profissionais e

pessoais”, finaliza.

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De consultoria estratégica ao setor público

Criticar o governo e os órgãos públicos é rotina para muitos. Mas será que essas pessoas já pensaram que poderiam contribuir para melhorar a realidade do setor público

do país? Esse foi o caminho escolhido por Joice Toyota, uma das criadoras do Vetor Brasil, que recruta e seleciona trainees para trabalhar no governo. Depois de estudar em escola pública, ela resolveu colocar todo seu talento para transformar a educação (e muitos outros setores) no país.

“Tenho um salário que corresponde a cerca de um quarto do que eu ganhava. Não faço isso pela questão financeira, mas para tentar criar algo importante”, diz Joice Toyota

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Formada em Engenharia Elétrica na Escola Politécnica da

USP, Joice escolheu a área de exatas pela facilidade em lidar

com os números. “Desde muito pequena tinha facilidade em

matemática e lógica e também tive um professor que me

incentivou a cursar Engenharia. Fiz esse curso muito pela

curiosidade por saber como as coisas funcionavam. Conhecia

muito pouco o mercado de trabalho quando fiz essa opção e

nunca tive clareza do que eu queria fazer profissionalmente

mesmo”, lembra-se.

Na universidade teve contato com o universo das empresas

juniores e viu que, além dos números, também tinha talento

para lidar com pessoas. “Trabalhei e fui presidente da federação

estadual de empresas juniores e ajudei a criar a Brasil Junior,

entidade nacional. Percebi que gostava muito mais do lado de

gerenciar pessoas e projetos do que apenas números e isso foi

me chamando a atenção aos poucos”, afirma ela.

No momento em que pegou o seu diploma, já sabia que não

queria trabalhar com Engenharia e optou por ajudar a mudar

uma realidade que fazia parte de sua história. “Estudei em

escola pública no ensino fundamental e via as dificuldades do

ensino público no país. Sempre tive vontade de trabalhar com

educação para ajudar a transformar isso”, explica.

Assim como acontece com muitos engenheiros formados,

Joice acabou passando por duas consultorias, onde foi possível

se aproximar do sonho de trabalhar com educação em um

projeto no Estado do Amazonas. “A consultoria em que eu

estava trabalhando estava fazendo um projeto de educação

no Amazonas. Seria confortável, estaria com a estrutura da

consultoria e desenvolvendo um projeto nos moldes como

eu estava querendo, com educação. Passei um ano e meio

morando e trabalhando por lá e percebi que eu não sonhava

em trabalhar com consultoria, não era aquilo que eu queria”,

lembra.

Setor públicoDepois de retornar do Norte do país, Joice recebeu uma

proposta de trabalho na Secretaria de Educação do Estado de

Goiás. “Conhecia o Secretário de Educação e ele me fez uma

proposta para trabalhar lá, com um salário que era cerca de

um terço do que eu ganhava na consultoria. Aceitei e não

me arrependo. Trabalhar no Estado foi uma das decisões

De consultoria estratégica ao setor público

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De consultoria estratégica ao setor público

mais acertadas na minha carreira. No setor público o seu

trabalho impacta muita gente, a responsabilidade é enorme.

Tive a oportunidade de fazer parte de uma grande reforma

educacional no Estado (entre 2012 a 2014), considerada uma

das mais bem-sucedidas do país”, afirma.

Mas esse período no setor público não se estenderia muito,

pois Joice foi aprovada para fazer mestrado na concorrida

Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, com bolsa

da Fundação Estudar. “Aprendi muitas coisas morando fora

do país. Estava estudando no Vale do Silício, convivendo

diariamente com toda aquela cultura empreendedora e aquilo

me empolgava. Percebi que havia uma oportunidade no

mercado na qual eu podia trabalhar: de um lado, havia muitas

pessoas que queriam trabalhar com impacto social em grande

escala e, do outro, havia muitas equipes que precisavam desses

profissionais e tinham dificuldades de encontrar. Havia uma

lacuna entre esses dois grupos e eu poderia ajudar a aproximá-

los com minha experiência profissional”.

Nesse momento, ao lado de José Frederico e Rafael Martines

(que também estudavam fora do país), Joice participou da

criação da Vetor Brasil, criada para selecionar jovens talentos e

alocá-los em governos, de forma a criar uma experiência única

de implementação de políticas públicas e de desenvolvimento

profissional e pessoal.

Nessa fase empreendedora, Joice diz estar realizada com o

trabalho na Vetor. “Sou muito mais feliz atualmente. Adorava

consultoria, conheci pessoas incríveis e gostava do trabalho.

Mas trabalhar com propósito é diferente. Agora, quando saio

às duas da manhã de uma reunião acho o máximo, pois estou

resolvendo algo importante e que eu me propus a fazer. Antes

não era bem assim. Trabalho muito com jovens e a energia

deles acaba me contagiando”, afirma.

Quem pensa que as mudanças profissionais na vida de

Joice são pautadas pelo dinheiro se engana. “Tenho um

salário que corresponde a cerca de um quarto do que eu

ganhava na consultoria. Na verdade, não tenho muita

perspectiva de aumentar o meu salário nesse momento.

Não faço isso pela questão financeira, mas por tentar criar

algo importante, fazer contatos e desenvolver habilidades.

Essa é uma decisão de família, resolvemos viver de um jeito

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De consultoria estratégica ao setor público

mais simples. Meu marido topou essa decisão e somos felizes

dessa forma”.

Para aqueles que possuem medo de arriscar e mudar seus ares

profissionais, ela aconselha. “Acho um grande desperdício ver

pessoas infelizes no trabalho e, ao mesmo tempo, capacitadas.

Procuro sempre ser otimista. Digo para elas: ‘se der errado, você

começa novamente, tem um currículo legal e vai ser aceita no

mercado. Mas, pelo menos tente. Corra o risco de dar certo, não

de dar errado”, finaliza.

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De publicitária a pet sitter empreendedora

Muitas pessoas têm um animal de estimação e o consideram parte da família. Mas, diante da rotina corrida e de muitas viagens, acabam não tendo tempo para cuidar

desses bichinhos. Percebendo essa situação, Fernanda Falci decidiu se tornar pet sitter e dar muito carinho a esses animais. Mas o caminho até chegar a essa profissão pouco difundida no Brasil não foi fácil, cheio de desconfianças e até problemas de saúde causados pelo stress na sua antiga ocupação.

“Não sei muito bem como fiz a opção pela publicidade, penso que escolher uma profissão aos 17 anos não é muito adequado”, diz Fernanda Falci

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Fernanda Falci formou-se em Comunicação Social, com

habilitação em Publicidade e Propaganda, na Universidade

FUMEC, em Belo Horizonte (MG), muito nova, com 21 anos.

Quando perguntada o que a levou a esse curso, não tem

uma resposta exata. “Não sei dizer o que me motivou a ser

publicitária. Acho que o que mais se aproxima de uma resposta

é: a prima que eu mais admirava estudava publicidade. Mas

isto é muito pouco e não sei porque tomei esta decisão. Fiz

orientação vocacional, a minha aptidão era para humanas com

um lado artístico a ser considerado. Mas sinceramente, não

sei muito bem como fiz esta opção. Penso que escolher uma

profissão aos 17 anos não é muito adequado”, avalia.

Durante o curso, fez poucos estágios na área e, ao pegar seu

diploma, conheceu as dificuldades do mercado. “Formada,

passei um ano meio no ‘limbo’, sem emprego, sem rumo, e

só trabalhei em uma campanha política. No ano seguinte,

consegui meu primeiro trabalho fixo em uma empresa da

área, uma editora que produzia revistas e sites. Como em

quase todos meus empregos seguintes, trabalhei sem carteira

assinada. Acabei saindo poucos meses depois, pois o ambiente

era ruim e o salário pior ainda”, lembra-se.

Logo, apareceu uma oportunidade de trabalho em Santos (SP)

como produtora de um programa de comércio exterior veiculado

em uma grande emissora, projeto que durou menos de um ano.

Resolveu ir para São Paulo e, entre um freela e outro, conseguiu

um trabalho com carteira assinada, onde permaneceu por mais

dois anos. “Tive bons momentos atuando como publicitária

entre 2006 e 2012. Mas, fazendo uma reflexão profunda, não me

sentia realizada, plena. Muitas vezes eu me pegava criticando

os processos: injustiças que via, vaidades, ego, pessoas exaustas

e mal remuneradas, etc. É um sistema que não incentiva as

pessoas a terem um espírito colaborativo”, avalia.

O que antes era “apenas” uma insatisfação com a carreira

acabou se tornando um problema de saúde para Fernanda.

“Acabei a minha carreira como publicitária doente. Tive gastrite

e logo em seguida um problema grave de tireoide, que resultou

em hipotireoidismo, que não tem cura e me acompanha. Eu

tinha 28 anos e, após muitos exames e consultas, os médicos

concluíram que a causa da minha doença foi stress. A tireoide

é responsável por equilibrar o nosso organismo. A minha estava

descompensada, e dentre outras coisas, eu fiquei deprimida. A

empresa em que eu trabalhava me demitiu”.

De publicitária a pet sitter empreendedora

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De publicitária a pet sitter empreendedora

RecomeçoSem emprego, com um problema de saúde considerável e

deprimida, Fernanda optou por voltar a Belo Horizonte. “Em

um primeiro momento, me senti desprezada, com a autoestima

abalada, mas em pouco tempo percebi que era aquilo mesmo

o que eu queria. Melhor, não queria. E aí, começou o meu

processo de virada: voltar para BH. Em um primeiro momento,

voltar soava como ‘derrota’, então foi preciso desenvolver um

longo trabalho interno de amor próprio e autoconhecimento.

Também busquei ajuda: fiz uma segunda orientação vocacional

e busquei auxílio espiritual em crenças com as quais me

identifico”, explica ela.

Fernanda já estava com uma viagem marcada para Nova

York (EUA), que abriu sua cabeça e proporcionou contato com

sua futura ocupação. “Estudei inglês e conheci muita gente

diferente lá. Pessoas com outras percepções do que é sucesso,

felicidade, realização, trabalho e vida. Abriu a minha cabeça.

O meu primeiro contato com algo relacionado ao mercado em

que atuo hoje, foi lá. Acompanhei um amigo que era dog walker.

Aqui no Brasil ainda não havia um mercado organizado neste

sentido. Aquilo foi uma semente”, ressalta.

Outro grande incentivo para mudar de carreira veio quando

Fernanda retornou de viagem e cuidou de uma tia que estava

com câncer durante três meses. “Cuidei de uma tia com

câncer e ela morreu no fim de 2012. Ela foi uma grande

incentivadora de minha busca pela realização profissional e

independência. Foi com ela que desenvolvi muitas conversas

até chegar à área de cuidados com animais. Sempre tive

facilidade e vontade de ‘cuidar’. Fiz isto em todos os meus

trabalhos, de alguma forma. Depois, foi a vez de cuidar de

uma pessoa doente. E a partir daí, vieram os animais”

diz com orgulho.

E essa tia, Cristina Falci, além de incentivadora para a

mudança de carreira, foi sua primeira cliente. “Ela me

pediu para eu cuidar do Billy, seu cachorrinho, enquanto

estava internada, já que não queria que ele ficasse no

hotelzinho”, afirma. A partir daí, percebeu que seu novo

caminho profissional estava traçado. “Eu já tinha visto

isso em Nova York e já tinha cuidado de diversos

bichinhos de amigos e parentes também. Era algo

que as pessoas precisavam e eu tinha habilidade

e interesse”, explica.

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De publicitária a pet sitter empreendedora

Nova rotinaA partir do momento em que escolheu a nova carreira,

Fernanda teve de navegar por águas pouco desbravadas.

“Por ser uma área muito nova no Brasil, não há uma

formação reconhecida. O próprio mercado ainda está se

formando também, muitas pessoas não sabem que este

serviço existe e não entendem o conceito. Comecei a

trabalhar como pet sitter de forma muito orgânica e instintiva.

Fiz uma pesquisa na internet nos poucos sites de pet sitters

que encontrei na época, e agi de acordo com o que achava

necessário. Aos poucos, com a prática, fui ajustando as

minhas rotinas, tabela, valores”.

Depois de três anos atuando como pet sitter, Fernanda

conseguiu estabelecer uma rotina de atendimento

e tarefas oferecidas aos animais de estimação das

outras pessoas. “Cuido de alimentação, água, limpeza

de vasilhas, banheirinho, passeio, faço brincadeiras,

enriquecimento ambiental, carinho, escovo pelos,

limpo olhos, medico, molho plantas, etc. Alguns clientes

também me pedem para levar os animais às consultas

e exames”, enumera.

Sua agenda depende muito das necessidades dos clientes.

Assim, trabalhar em feriados e finais de semana é algo

corriqueiro. “Tenho períodos de pico, como feriados

prolongados, fim de ano, janeiro e épocas menos movimentadas

também. Sempre trabalho nos fins de semana, feriados e datas

comemorativas. Raramente coincide de não haver nenhum

atendimento durante um fim de semana inteiro. Além disso,

fico boa parte do tempo no trânsito, deslocando entre um

atendimento e outro”, relata.

Nada que tire o sorriso do rosto de Fernanda. “Eu me sinto

mais realizada atualmente. Todos os dias, vejo os benefícios

reais do meu trabalho: em mim, nos animais, nas famílias e

na comunidade da qual faço parte. Sinto-me útil, sei que estou

movimentando uma ótima energia diariamente, de amor,

cuidado, carinho. Tenho clientes, colegas, parceiros e protetores

que se tornaram bons amigos, o meu universo mudou bastante.

Sou convidada para participar de momentos importantes da

vida destas pessoas, como aniversário dos filhos, casamento,

ou para os momentos cotidianos como tomar um chá, uma

cerveja, almoçar. Isso tudo me deixa muito feliz. Eu cativo e sou

cativada”, afirma.

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De publicitária a pet sitter empreendedora

Durante essa mudança de rumo profissional, Fernanda foi

apoiada por muitos, mas também encontrou desconfiança até

mesmo de alguns familiares, que desconheciam a função de

pet sitter. “Tive apoio de muitas pessoas que são importantes

para mim, que me ajudaram de diversas formas, mesmo sem

entender e/ou acreditar muito no que eu queria fazer. Mas

também percebi em alguns familiares um olhar ora crítico, ora

de pena ou descrença total no meu caminho. Isto mudou ao

longo do tempo, à medida em que eu divulgava meus vários

clientes peludos nas redes sociais, não tinha mais tempo para

os eventos da família, e comecei a aparecer na mídia. Não é

fácil ser a “ovelha negra da família”, percorrer um caminho

fora do padrão. Ao longo do tempo, os paradigmas foram se

quebrando e as pessoas que em um primeiro momento não

acreditaram, viram que aquela profissão que não existia, era

possível”, finaliza.

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De designer de revista ao empreendedorismo com moda

Quem visita o site e adquire uma blusa ou um vestido da Malgosia pode perceber como a marca possui um estilo característico. Talvez pelo fato das peças possuírem em seu “DNA”

muito da trajetória da empresária Juliana Scapucin, que deixou a carreira de designer em portais e agências para abrir sua estamparia. Mais livre, ela encontrou no próprio negócio a oportunidade de mostrar o seu verdadeiro estilo.

“A parte boa é que sou eu quem define quando e como as coisas serão feitas, e esta liberdade é muito importante para mim. Pela primeira vez na vida me sinto realizada profissionalmente”, diz Juliana Scapucin

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Juliana Scapucin formou-se em publicidade e propaganda pela

UFPR e fez pós-graduação em Design Gráfico pela Universidade

de Belas Artes de São Paulo. Assim que terminou a graduação,

mudou-se para São Paulo para trabalhar no maior mercado do

país. Foi web designer em alguns grandes portais e agências até

que, em 2004, teve a oportunidade de trabalhar na marca de

roupas “amp amulherdopadre”, onde tinha mais liberdade para

exercitar seu estilo próprio. De lá foi chamada para a equipe da

Revista Capricho, da Editora Abril.

“Minha rotina como designer era bem corrida, mas tinha

muito prazer em desenvolver os projetos. O que mais me

incomodava era a falta de liberdade para exercitar meu

estilo, pois quando você trabalha com comunicação, é

necessário se expressar com a alma do cliente, e não com

a sua. Mas não acredito em conhecimento em vão, tudo o

que aprendi está sendo usado no meu dia a dia e faz parte

do que sou hoje”, analisa ela.

Depois da experiência na Revista Capricho, resolveu colocar

em prática um sonho de infância: ter sua própria marca

de roupas. Ali nascia a Malgosia, marca de roupas de perfil

contemporâneo e urbano, que usa uma base de modelagem

simples e minimalista com estampas exclusivas criadas por

Juliana Scapucin. Os modelos estão disponíveis em uma loja

virtual na internet, onde os clientes fazem os pedidos que

chegam pelos correios.

“Decidi colocar esse projeto em prática em 2012, pois, desde

a infância, flertava com a área. Mas, por algum bloqueio, não

tinha tido coragem de encarar a vocação. Em todos os anos que

trabalhei como designer gráfica nunca fui realmente realizada,

sempre faltava alguma coisa. Na época em que trabalhei na

“amp amulherdopadre” tive contato com a área de estamparia

e vi que era mais meu perfil, de um trabalho mais solto, até

mais artístico, e sem tantas expectativas de comunicar uma

mensagem explícita”.

MultitarefasPara criar sua própria marca de roupas, Juliana necessitava

aprender mais sobre corte e costura. E foi à luta. “Em 2013 tirei

alguns meses para fazer vários cursos relacionados à área.

Fiz cursos de férias na Central Saint Martins, em Londres, em

diversas disciplinas que achei que me ajudariam (ilustração,

De designer de revista ao empreendedorismo com moda

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De designer de revista ao empreendedorismo com moda

pintura, gravura, estamparia). De volta a São Paulo, cursei

um básico Corte e Costura e Modelagem no SENAC e depois

continuei estudando sozinha, com cursos online e livros. Ainda

estou evoluindo em todas as áreas, tenho um longo caminho

pela frente”, afirma.

O aprendizado é diário, acompanhado de muito trabalho

centralizado em suas mãos. “Eu montei e administro a loja

virtual, fotografo as peças, trato as imagens. Para desenvolver

as estampas eu uso os mesmos programas que usava quando

trabalhava como designer gráfica, então nisso não comecei

do zero. A parte mais complicada está sendo a que não tinha

conhecimento nenhum, de modelagem e costura, que ainda

estou evoluindo”, pondera.

O próximo desafio é contratar alguém que possa ajudar na

parte mais operacional do negócio, deixando sua mente livre

para criar os modelos. “Como ainda não tenho alguém fixo para

me ajudar, a cada dia vou resolvendo as tarefas de acordo com

sua urgência. Vai desde entregar as encomendas no correio a

criar a próxima série da Malgosia. O desafio agora é encontrar

alguém que possa me ajudar nas tarefas de produção para

que eu possa me dedicar mais à criação e à comunicação da

marca”, projeta a empresária.

Apesar da certeza de muitos obstáculos pela frente, ela se

sente feliz como nunca à frente de sua própria marca, onde

dita as regras e os caminhos. “A parte boa é que sou eu quem

define quando e como as coisas serão feitas, e esta liberdade é

muito importante para mim. Pela primeira vez na vida me sinto

realizada profissionalmente. Tenho tido orgulho de mostrar

meu trabalho e observar a sua evolução de tempos em tempos.

Tenho alguns amigos que já tiveram este tipo de negócio e já

fecharam. Não me influenciou, mas é óbvio que me dá uma

pontinha de medo. Mas, nessa etapa da vida, eu já entendi que

se você quer tentar realizar algo, você corre o risco do fracasso.

E o fracasso não me assusta mais, pois finalmente eu entendi

que ele, no mínimo, traz experiência de vida”, conclui.

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texto

Ana Pinho

Frederico Machado

Izadora Matiello

Nathalia Bustamante

Rafael Carvalho

edição

Rafael Carvalho

designDanilo de Paulo

Marcos Torres

Renata Monteiro

fotosAcervo pessoal

Shutterstock