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  • Coletnea de Manuais Tcnicos de Bombeiros

    ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS

    21

  • COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM

    PRODUTOS PERIGOSOS

    1 Edio 2006

    Volume 21

    MAEPP

    Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.

    PMESP CCB

  • COMISSO

    Comandante do Corpo de Bombeiros

    Cel PM Antonio dos Santos Antonio

    Subcomandante do Corpo de Bombeiros

    Cel PM Manoel Antnio da Silva Arajo

    Chefe do Departamento de Operaes

    Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias

    Comisso coordenadora dos Manuais Tcnicos de Bombeiros

    Ten Cel Res PM Silvio Bento da Silva

    Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias

    Maj PM Omar Lima Leal

    Cap PM Jos Luiz Ferreira Borges

    1 Ten PM Marco Antonio Basso

    Comisso de elaborao do Manual

    Cap PM Carlos Andr Medeiros Lamin

    Cap PM Paulo Csar Berto

    Cap PM Moiss Fontes Barbosa da Silva

    1 Ten PM Rodrigo Moreira Leal

    1 Ten PM Cleotheos Sabino de Souza Filho

    1 Ten PM Jos Luiz Ferrari Ferreira

    Comisso de Reviso de Portugus

    1 Ten PM Fauzi Salim Katibe

    1 Sgt PM Nelson Nascimento Filho

    2 Sgt PM Davi Cndido Borja e Silva

    Cb PM Fbio Roberto Bueno

    Cb PM Carlos Alberto Oliveira

    Sd PM Vitanei Jesus dos Santos

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

  • PREFCIO - MTB

    No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros

    da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por

    meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas

    empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo.

    As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma

    diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma

    das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos

    profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados

    empregados nos atendimentos.

    Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a

    preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios,

    qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado.

    Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa

    forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o

    Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de

    gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros.

    Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram

    pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros,

    distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais

    Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas

    especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente

    qualidade de sistematizao das matrias abordadas.

    Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na

    continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do

    Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a

    perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e

    consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de

    forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.

  • O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua

    histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e

    dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e

    contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao.

    Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas

    importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que

    servem no Corpo de Bombeiros.

    Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel

    ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das

    melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando

    a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de

    proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio.

    Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos

    Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar

    contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.

    So Paulo, 02 de Julho de 2006.

    Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO

    Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 1

    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................ 7

    2 FONTES DE RISCO DE ACIDENTES ENVOLVENDO PRODUTOS

    PERIGOSOS...................................................................................................... 11

    2.1 Modal Rodovirio..........................................................................................11

    2.2 Modal Dutovirio...........................................................................................12

    2.3 Modal Ferrovirio..........................................................................................15

    2.4 Modal Areo, Martimo e Fluvial ...................................................................16

    3 LEGISLAO, NORMAS E MANUAIS PARA CONSULTA............ 18

    3.1 MERCOSUL: ................................................................................................19

    3.2 Federal: ........................................................................................................19

    3.3 Do Municpio de So Paulo: .........................................................................20

    3.4 Legislaes Especiais: .................................................................................21

    3.5 Normas Tcnicas da ABNT: .........................................................................21

    3.6 Manual de Emergncias da ABIQUIM: .........................................................23

    3.6.1 Procedimentos para Utilizao do Manual .................................................25

    3.6.1.1 Painel de Segurana............................................................................26

    3.6.1.2 Nome do Produto .................................................................................26

    3.6.1.3 Rtulo de Risco....................................................................................26

    4 REQUISITOS DE SEGURANA E SADE.......................................... 28

    4.1 Programa Mdico .........................................................................................28

    4.1.1 Cuidados de rotina com a sade ................................................................28

    4.1.2 Tratamentos de emergncia.......................................................................29

    4.1.3 Manuteno de histrico.............................................................................30

    4.1.4 Indicadores de exposio txica.................................................................31

    4.2 Treinamento de Segurana e Sade ............................................................32

    4.3 Qualificao Pessoal em Segurana ............................................................32

    4.4 Operaes ....................................................................................................33

    4.5 Plano de Segurana .....................................................................................34

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 2

    5 PRIMEIRO PASSO - GERENCIAMENTO E CONTROLE DO

    CENRIO DA EMERGNCIA ...................................................................... 35

    5.1 Nveis de Capacitao Profissional ..............................................................35

    5.2 Aproximao e Posicionamento ...................................................................37

    5.2.1 Estacionamento da viatura no cenrio da emergncia...............................38

    5.3 Estabelecer o SICOE....................................................................................40

    5.3.1 reas de Apoio ...........................................................................................41

    5.4 Estabelecer um permetro de isolamento .....................................................43

    5.4.1 Segurana e Cumprimento da Lei ..............................................................45

    5.5 Zonas de Riscos ...........................................................................................46

    5.5.1 Identificao das Zonas de Riscos .............................................................47

    5.6 Incio das Aes de Proteo Pblica ..........................................................48

    5.6.1 Aes de Proteo Pblica.........................................................................52

    6 SEGUNDO PASSO IDENTIFICAO DO PRODUTO ................... 54

    6.1 Sinalizao em Caso de Emergncia em Transporte Terrestre ...................54

    6.1.1 Classificao dos Produtos Perigosos .......................................................54

    6.1.2 Definio de Classes..................................................................................56

    6.1.3 CLASSIFICAO DE RESDUOS .............................................................64

    6.1.4 Nmero de Risco........................................................................................65

    6.1.5 Rtulo de Risco ..........................................................................................67

    6.2 Painel de Segurana ....................................................................................69

    6.3 Sinalizao dos Veculos de Transporte de Produtos Perigosos .................70

    6.3.1 Transporte a granel ....................................................................................70

    6.3.1.1 De um nico produto na mesma unidade de transporte:......................70

    6.3.1.2 De produtos diferentes na mesma unidade de transporte:...................70

    6.3.2 Transporte de carga embalada...................................................................71

    6.3.2.1 De um nico produto na mesma unidade de transporte:......................71

    6.3.2.2 De produtos perigosos diferentes na mesma unidade de transporte: ..71

    6.4 Documentos para o Transporte ....................................................................73

    6.5 Identificao de Embalagens de Produtos Armazenados em Instalaes

    Fixas .............................................................................................................75

    6.6 Identificao de Dutos ..................................................................................78

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 3

    7 TERCEIRO PASSO - AVALIAO DE RISCOS E

    MONITORAMENTO....................................................................................... 81

    7.1 Avaliao de Riscos e Perigos .....................................................................81

    7.1.1 Riscos Sade ..........................................................................................83

    7.1.2 Riscos Relativos a Incndios......................................................................86

    7.1.3 Riscos Relativos Reatividade ..................................................................86

    7.1.4 Riscos Relativos Corrosividade ...............................................................88

    7.1.5 Riscos Relativos Radioatividade .............................................................89

    7.2 Monitoramento Ambiental.............................................................................89

    7.2.1 Aparelhos colorimtricos ............................................................................90

    7.2.1.1 Limitaes e consideraes: ................................................................91

    7.2.2 Indicador de Oxignio (Oxmetro)...............................................................94

    7.2.2.1 Limitaes e consideraes: ................................................................94

    7.2.3 Indicador de Gs combustvel (Explosmetro) ............................................95

    7.2.3.1 Limitaes e consideraes .................................................................96

    7.2.3.2 Consideraes gerais:..........................................................................97

    7.2.4 Fotoionizador..............................................................................................98

    7.2.4.1 Limitaes e consideraes: ................................................................98

    7.2.5 Monitores qumicos especficos................................................................100

    7.2.5.1 Limitaes e consideraes: ..............................................................100

    7.2.6 Medidores de pH (pH-metros) ..................................................................101

    7.2.6.1 Limitaes e consideraes: ..............................................................101

    7.2.7 Cromatografia a gs .................................................................................102

    7.2.7.1 Limitaes e Consideraes ..............................................................103

    7.2.8 Medidor de interface.................................................................................104

    7.2.8.1 Limitaes e consideraes: ..............................................................104

    7.3 Consideraes finais ..................................................................................105

    8 QUARTO PASSO AES ESTRATGICAS, TTICAS E

    TCNICAS ...................................................................................................... 107

    8.1 Planejamento Estratgico...........................................................................111

    8.2 Objetivos Tticos ........................................................................................113

    8.3 Aes de Salvamento e Resgate................................................................115

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 4

    8.4 Aes de Proteo Pblica (APP) ..............................................................117

    8.5 Confinamento .............................................................................................118

    8.5.1 Aes de Confinamento ...........................................................................119

    Absoro...........................................................................................................119

    Adsoro...........................................................................................................120

    Cobertura ..........................................................................................................120

    Represamento ..................................................................................................121

    Dique ...........................................................................................................121

    Diluio ...........................................................................................................122

    Desvio ...........................................................................................................125

    Disperso..........................................................................................................125

    Reteno...........................................................................................................126

    Disperso de vapor ...........................................................................................126

    Supresso de vapor ..........................................................................................127

    8.6 Conteno de Vazamento e Derramamento ..............................................127

    8.6.1 Tcnicas de Conteno............................................................................130

    Neutralizao ....................................................................................................130

    Revestimento ....................................................................................................134

    Vedao-Estancamento....................................................................................134

    Estancamento ...................................................................................................134

    8.6.1.1 Vedao .............................................................................................135

    Reduo ou alvio da presso...........................................................................136

    Solidificao......................................................................................................139

    Aspirao ..........................................................................................................140

    8.7 Operaes de Controle de Incndio ...........................................................140

    8.8 Emergncias com Lquidos inflamveis......................................................141

    8.8.1 Avaliao de Riscos e Perigos .................................................................142

    8.8.2 Aes Tticas ...........................................................................................143

    9 QUINTO PASSO - DESCONTAMINAO ........................................ 145

    9.1 Mtodos de Descontaminao ...................................................................145

    9.2 Solues para Descontaminao ...............................................................146

    9.3 Corredor de Descontaminao...................................................................148

    9.3.1 Seleo do local de descontaminao .....................................................149

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 5

    9.3.2 Montagem do Corredor ............................................................................149

    9.3.3 Materiais Necessrios para a Montagem das Estaes do Corredor de

    Descontaminao ............................................................................................153

    9.3.4 Equipamento de Proteo Individual para a Equipe de Descontaminao

    158

    9.3.5 Acondicionamento dos Equipamentos .....................................................158

    10 SEXTO PASSO ATIVIDADES DE ENCERRAMENTO DA

    EMERGNCIA............................................................................................... 166

    10.1 Encerramento da Ocorrncia......................................................................166

    10.2 Atividades de Encerramento.......................................................................167

    10.2.1 Anlise crtica e instruo.........................................................................168

    10.2.2 Percia ou Pesquisa de Sinistro................................................................170

    10.2.3 Avaliao ..................................................................................................171

    10.3 Sntese .......................................................................................................173

    11 ROUPAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL - EPI

    175

    11.1 Roupas de Proteo a Substncias Qumicas ...........................................176

    11.1.1 Estilo.........................................................................................................176

    Roupa de Encapsulamento Completo ..............................................................176

    Roupa no encapsulada: ..................................................................................177

    11.1.2 Uso ...........................................................................................................177

    11.1.3 Material de confeco ..............................................................................177

    Elastmeros: .....................................................................................................178

    No Elastmeros ..............................................................................................182

    11.1.4 Nveis de proteo....................................................................................183

    Nvel A de proteo: .........................................................................................183

    Nvel C de proteo ..........................................................................................184

    Nvel D de proteo ..........................................................................................185

    11.2 Requisitos de Desempenho para Roupas de Proteo Qumica................186

    11.3 Seleo e Uso da Roupa de Proteo........................................................191

    11.3.1 Escolha do Nvel A de Proteo ...............................................................192

    11.3.2 Escolha do Nvel B de Proteo ...............................................................192

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 6

    11.3.3 Escolha do Nvel C de Proteo...............................................................193

    11.3.4 Escolha do Nvel D de Proteo...............................................................193

    11.4 Precaues Anteriores ao Uso da Roupa de Proteo ..............................196

    11.5 Luvas de Proteo s Substncias Qumicas ............................................199

    11.6 Botas de Proteo s Substncias Qumicas.............................................201

    11.7 Equipamentos de Proteo Respiratria para Atendimento a Emergncias

    Qumicas ....................................................................................................202

    11.7.1 Riscos respiratrios ..................................................................................203

    Consumo de ar .................................................................................................204

    Contaminantes:.................................................................................................209

    11.7.2 Tipos de Equipamentos de Proteo respiratria.....................................211

    Equipamentos de Proteo Respiratria com Sistema de Suprimento de Ar

    Independentes ou Autnomos......................................................................211

    11.8 Consideraes finais ..................................................................................213

    12 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA AEPP ............................... 215

    12.1 Materiais de Identificao, Isolamento e Monitoramento............................215

    12.2 Materiais de Conteno e Estancamento ...................................................216

    12.3 Materiais Utilizados para a Descontaminao............................................220

    12.4 Kits Bsicos de Equipamentos para Viaturas de Primeiro Socorro ............221

    12.4.1 Adequao do kit para conteno de vazamentos ...................................223

    12.4.2 Tipos e capacidades dos kits para conteno ..........................................224

    12.4.3 Composio dos kits para conteno de vazamentos..............................225

    Kit tipo 1 ...........................................................................................................225

    Kit tipo 2 ...........................................................................................................226

    Kit tipo 3 ...........................................................................................................227

    12.4.4 Materiais de Proteo...............................................................................227

    Roupas de proteo..........................................................................................227

    Luvas e botas de proteo................................................................................228

    Relao de materiais de neutralizao e limpeza.............................................229

    Outros materiais................................................................................................229

    12.4.5 MAEPP..........................................................Erro! Indicador no definido.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS

    7

    11 IINNTTRROODDUUOO

    11..11 FFiinnaalliiddaaddee ee oobbjjeettiivvooss ddoo MMaannuuaall

    Este manual tem a finalidade de fornecer conhecimentos e informaes aos

    componentes do Corpo de Bombeiros, em todos os nveis de capacitao

    profissional, para o atendimento s emergncias com produtos perigosos.

    Tais subsdios tm como objetivo propiciar elementos para a tomada de

    decises nas fases de planejamento estratgico, definies tticas e aes de

    execuo no cenrio da emergncia.

    Ele proporciona condies de atendimento, desde um pequeno evento at

    aqueles que atinjam dimenses catastrficas, e, inclusive, capacita o primeiro no

    local a executar as aes iniciais, bem como as equipes de nveis mais

    especializados a adotar as aes de maior complexidade .

    As informaes constantes neste manual devem ser utilizadas em cursos de

    formao, especializao e reciclagem do profissional de bombeiros, devendo ainda

    ser fonte de consulta no cenrio de emergncia.

    Terminologias e conceitos bsicos de qumica e ainda o Sistema de Comando

    e Operaes em Emergncias (SICOE) devem ser consultados os Manuais de

    Trabalhos de Bombeiros (MTB 42) e Normas Operacionais de Bombeiros (NOB 2 e

    3).

    11..22 CCeennrriioo ddooss PPrroodduuttooss PPeerriiggoossooss

    Os Produtos Qumicos constituem um elemento importante na estrutura

    econmica de qualquer pas industrializado, pois se trata de uma atividade

    necessria viabilidade de produo de diversos setores, pois no h atividade ou

    Captulo

    1

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 8

    setor produtivo que no utilize, em seus processos ou produtos finais, algum insumo

    de origem qumica.

    Portanto, o conhecimento sobre tais produtos de fundamental importncia a

    todos os que esto envolvidos com a segurana de vidas, meio ambiente e bens,

    pois eles esto dentro das residncias atravs de produtos de limpeza, inseticidas,

    gases de cozinha. Nos estabelecimentos comerciais, esto presentes nas lojas de

    tintas e solventes, fertilizantes e pesticidas, casa de fogos de artifcios, farmcias e

    supermercados, revendas de gs de cozinha e postos de combustveis. Encontram-

    se tambm nas pequenas e grandes indstrias dos mais variados setores sob as

    formas de matria prima e produto acabado, nos laboratrios de produtos qumicos,

    indstrias farmacuticas.

    Estima-se que existam cerca de 20 milhes de formulaes qumicas no

    mundo, sendo que, destas, aproximadamente 1 milho representam substncias ou

    produtos perigosos, dos quais somente 800 possuem estudos sobre seus efeitos na

    sade ocupacional do homem, segundo dados da ONU de 1998.

    Este nmero expressivo de produtos qumicos vem potencializar o risco de

    ocorrncia de acidentes que causem danos sade, ao meio ambiente e ao

    patrimnio, podendo at atingir dimenses catastrficas.

    Um acidente envolvendo Produtos Perigosos (PP) no pode ser encarado

    como um acidente comum, como por exemplo, um simples acidente de trnsito, pois

    enquanto este atinge um nmero restrito de pessoas, aquele pode atingir uma

    quantidade maior que, com o transcorrer do tempo na emergncia, poder aumentar

    ainda mais sua proporo, podendo atingir comunidades inteiras.

    Deve-se levar em considerao ainda que, alm das conseqncias naturais

    do acidente envolvendo PP, tais como incndio, exploso ou vazamento, associa-se

    o efeito da combinao ou reao do produto com o ar, gua e resduos slidos, que

    podem resultar em danos para a sade humana (mortos e feridos) e para o meio

    ambiente (contaminao do ar, solo e gua).

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 9

    Para prevenir e minimizar esta situao, o Governo Federal instituiu um

    arcabouo legal, regulando a matria sobre fiscalizao e policiamento, segurana

    dos veculos, atendimento as emergncias e crimes referentes s infraes. Porm,

    os acidentes envolvendo PP ocorrem mesmo com a existncia de legislao com

    tendncia prevencionista.

    O Brasil um grande produtor e importador de produtos qumicos, sendo que

    o setor qumico ocupa a segunda posio do PIB da indstria de transformao,

    atrs apenas do setor de alimentos e bebidas, segundo dados da Associao

    Brasileira da Indstria Qumica de 2004.

    As indstrias de produtos perigosos, a exemplo de outros setores, esto

    concentradas na regio sudeste com 70,80%, seguida pela regio sul com 16,15%,

    a regio nordeste com 10,70% e, por fim, a norte e centro-oeste com apenas 1,25%.

    O Estado de So Paulo participa com de cerca de 53% das indstrias do total

    da regio sudeste e se localizam basicamente:

    1. Na faixa litornea: Ubatuba, Cubato e Santos;

    2. Prximas s rodovias Anchieta e Imigrantes, interligando a capital ao litoral;

    3. Nas rodovias que unem o municpio de So Paulo s outras regies do

    pas, como a Rodovia Presidente Dutra;

    4. No corredor de ligao entre a Regio Metropolitana e o interior do Estado,

    tais como o Sistema AnhangueraBandeirantes e a Rodovia Castello

    Branco

    5. Na regio central do Estado, tais como Barra Bonita, Lenis Paulista,

    Macatuba e Piracicaba, onde se concentra o parque de usinas de lcool de

    cana-de-acar.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 10

    Figura 01 - Distribuio das indstrias no Estado de So Paulo

    Fonte: ABIQUIM

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 11

    22 FFOONNTTEESS DDEE RRIISSCCOO DDEE AACCIIDDEENNTTEESS

    EENNVVOOLLVVEENNDDOO PPRROODDUUTTOOSS PPEERRIIGGOOSSOOSS

    Os acidentes envolvendo PP ocorrem quando esto sendo movimentados,

    atravs dos vrios tipos de modais ou ainda quando esto armazenados ou

    manipulados em processos industriais.

    Os tipos de modais de transporte de PP so: rodovirio, ferrovirio, dutovirio,

    martimo, fluvial e areo.

    Pode-se encontrar um PP armazenado em locais como: postos e

    distribuidoras de combustveis, usinas de produo de lcool, indstria qumica, etc.

    Quadro 1 - Quadro Estatstico das ocorrncias de acidentes por tipo

    22..11 MMooddaall RRooddoovviirriioo

    As necessidades de produo e consumo geradas pelo atual nvel de

    desenvolvimento do Brasil, fazem com que a movimentao de produtos perigosos

    Captulo

    2

    Perodo: 1978 - 2004 % Total de acidentes: 5884 Armazenamento 2,5 Transporte rodovirio 37,4 Transporte por duto 2,9 Transporte martimo 5,5 Transporte ferrovirio 1,0 Rede de esgoto/guas pluviais 2,9 Postos e sistema retalhistas de combustveis

    9,3

    Descarte 4,8 Descarte em rede pblica 1,9 Indstria 7,4 Mancha rf 1,7 Nada constatado 10,4 No identificada 4,6 Outras 7,8

    Fonte: CADAC

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 12

    seja cada vez mais intensa, principalmente pelo modal de transporte adotado no

    pas, o rodovirio.

    O Brasil, a exemplo dos Estados Unidos e da maioria dos pases europeus,

    possui uma tendncia histrica de priorizar investimentos pblicos no modal

    rodovirio. Dados oficiais mostram que o pas possui quase 1,8 milho de

    quilmetros de estradas, sendo que destes somente 10% so pavimentados. Apesar

    da precariedade, a malha rodoviria brasileira considerada a segunda maior do

    mundo, s perdendo para a dos Estados Unidos. Por conseguinte, o maior nmero

    de acidentes envolvendo PP est neste modal, como se pode verificar no quadro

    acima.

    22..22 MMooddaall DDuuttoovviirriioo

    Dutos so tubulaes especialmente desenvolvidas e construdas de acordo

    com normas internacionais de segurana, para transportar petrleo e seus

    derivados, lcool, gs e produtos qumicos diversos por distncias especialmente

    longas, sendo ento denominados como oleodutos, gasodutos ou polidutos. So

    construdos com chapas que recebem vrios tratamentos contra corroso e passam

    por inspees freqentes, atravs de modernos equipamentos e monitoramento

    distncia. Entre os dispositivos de segurana esto vlvulas de bloqueio, instaladas

    em vrios intervalos das tubulaes para impedir a passagem de produtos, em caso

    de anormalidades. Desta forma um duto permite que grandes quantidades de

    produtos sejam deslocados de maneira segura, diminuindo o trfego de cargas

    perigosas por caminhes, trens ou por navios e, conseqentemente, diminuindo os

    riscos de acidentes ambientais.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 13

    Figura 02 - Linha de oleoduto em reparo

    Fonte: Cetesb

    H dutos internos, ou seja, situados no interior de uma instalao como h

    tambm os intermunicipais, interestaduais ou internacionais. Estas tubulaes de

    ao interligam peres, terminais martimos e fluviais, campos de produo de

    petrleo e gs, refinarias, companhias distribuidoras e consumidores. Na maioria so

    subterrneos, mas h tambm os areos e os submarinos, situados nas imediaes

    das plataformas de petrleo e dos terminais. Assim sendo, o traado dessas linhas

    de dutos podem ser encontrados em reas urbanas, rurais, passando sob ruas,

    avenidas e rodovias; condomnios; fazendas, serras e montanhas, rios, mares e

    manguezais e uma grande variedade de localidades.

    Figura 03 - Linha de dutos enterrados ao lado da Rodovia dos Imigrantes - S P

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 14

    Fonte: Cetesb

    Mesmo construdos e operados dentro dos padres mximos de segurana

    internacional, os dutos esto sujeitos eroso, deslizamentos de terra, corroso,

    queda de rochas, atos de vandalismo, ao de terceiros, os quais podem ocasionar

    os vazamentos e, em funo da alta presso com que os produtos so bombeados e

    da periculosidade das substncias transportadas, os danos ambientais e scio-

    econmicos raramente so pequenos.

    Figura 04 - Localizao dos dutos da PETROBRAS

    Fonte: PETROBRAS

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 15

    22..33 MMooddaall FFeerrrroovviirriioo

    A malha ferroviria paulista apresenta atualmente 5,1 mil quilmetros, sendo

    4.236 km em extenso e 900 km de linhas em ptios. formada por um conjunto de

    linhas e ramais ligando o interior do Estado de So Paulo e as regies do tringulo

    mineiro e do sudoeste de Minas Gerais regio metropolitana de So Paulo e ao

    porto de Santos. Ao longo desse trajeto, h ligao com outras ferrovias, a Sul

    Atlntica, a Centro Atlntica e a Novoeste.

    O modal ferrovirio constitui um importante meio de escoamento de cargas

    em geral transportando 5,2% do total de cargas movimentadas no pas. Entre essas

    cargas incluem-se produtos perigosos como lcool, coque, diesel, gasolina, leos

    combustveis.

    O transporte ferrovirio caracterizado pelos grandes volumes de cargas

    simultaneamente transportados, haja vista a grande capacidade dos vages, bem

    como o grande nmero dos mesmos em uma dada composio. Alm disso, a

    malha ferroviria atravessa diferentes reas de relevante importncia como reas de

    preservao ambiental, de alta densidade populacional, etc. Nesse contexto,

    verifica-se que o transporte ferrovirio de produtos perigosos oferece um grande

    potencial de risco sade, ao meio ambiente e ao patrimnio pblico e privado,

    tendendo a ser o acidente neste tipo de transporte, geralmente mais complexo em

    relao aos acidentes ocorridos no modal rodovirio, sendo motivo de maior ateno

    por parte das equipes de emergncia.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 16

    Figura 05 - Mapa da malha ferroviria do Brasil

    Fonte: Associao Nacional dos Transportes Ferrovirios

    22..44 MMooddaall AArreeoo,, MMaarrttiimmoo ee FFlluuvviiaall

    Estes modais apresentam uma estatstica baixa de acidentes, apesar de

    representar um risco em potencial.

    O modal areo muito pouco utilizado para o transporte de cargas perigosas,

    j que h uma limitao muito grande por parte da legislao em relao ao

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 17

    transporte de passageiros e cargas, alm da limitao da aeronave em transportar

    grandes quantidades de produtos; esse modal mais utilizado para transporte de

    produtos embalados e geralmente esto armazenados em pequenas quantidades.

    O modal fluvial tambm representa um percentual muito baixo no setor de

    transporte de cargas em geral, porm est crescendo cada vez mais no contexto

    nacional, j que as condies dos rios favorecem esse tipo de transporte. Num futuro

    prximo a situao poder se alterar e as equipes de emergncias precisam se

    preparar para o atendimento de ocorrncia deste tipo de modal.

    J o modal martimo um dos principais meio de entrada de produtos

    perigosos importados no pas e oferece um potencial de grande risco para as

    equipes de emergncia e para o meio ambiente, devido grande quantidade e a

    diversidade de produtos transportados na mesma embarcao. Este tipo de

    emergncia peculiar da regio porturia e as instituies locais com suas equipes

    de emergncias devero ter treinamento e planos de interveno especficos para

    esse tipo de acidente, que se diferenciam e muito dos demais modais, quer seja pelo

    acesso externo embarcao, quer seja pelo layout interno dos compartimentos que

    conduzem aos depsitos, que se tornam verdadeiros labirintos e grandes armadilhas

    para as pessoas que no esto familiarizadas com aquele ambiente.

    No obstante, mesmo havendo as peculiaridades dos acidentes em cada tipo

    de modal, o atendimento emergencial geral o mesmo, sendo que todas os passos

    de aes tticas descritas nos captulos seguintes devem ser aplicados.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 18

    33 LLEEGGIISSLLAAOO,, NNOORRMMAASS EE MMAANNUUAAIISS PPAARRAA

    CCOONNSSUULLTTAA

    A partir dos diversos acidentes de grande porte ocorridos no perodo ps-

    guerra, a ONU, em 1957, criou uma comisso que elaborou uma relao de 2.130

    produtos qumicos considerados como perigosos e definiu um nmero de

    identificao para cada um deles, sendo adotado pela comunidade internacional.

    O Brasil, como um dos signatrios daquele organismo internacional, trouxe

    para o seu arcabouo legislativo as recomendaes e classificaes editadas pelo

    organismo, porm, isso no ocorreu de forma imediata. Apenas em 1983, a exemplo

    do que ocorreu com a ONU, aps a ocorrncia de dois acidentes marcantes, o do P

    da China no Rio de Janeiro e do incndio na composio ferroviria, em Pojuca,

    Bahia, o Ministrio dos Transportes editou o Decreto n 88.821/83, disciplinando o

    transporte de produtos perigosos, individualizando a responsabilidade de cada

    envolvido e definindo suas atribuies. Em 1988 a legislao foi substituda pelo

    Decreto n96.044, que estabeleceu o Regulamento para o Transporte Rodovirio de

    produtos perigosos, sendo regulamentado pela Portaria n291, de 31/05/88, tambm

    daquele Ministrio.

    Em 05/06/2001 foi publicada a Lei Federal N 10.233/01, passando Agncia

    Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a atribuio de estabelecer padres e

    normas tcnicas complementares relativas s operaes de transporte terrestre de

    produtos perigosos. Conseqentemente, em 12/02/2004 o rgo publicou a

    Resoluo N 420/04, estabelecendo a nova relao dos produtos perigosos e os seus nmeros de identificao ONU, quantidades isentas, classes de risco, grupos

    de embalagens e provises especiais, substituindo ainda algumas Portarias do

    Ministrio do Transporte.

    Ao lado desses dispositivos legais dos Poderes Legislativo e Executivo

    nacional, so encontradas as normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    (ABNT), registradas no Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Captulo

    3

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 19

    Industrial (INMETRO), que so aplicadas para a fiscalizao do transporte dos

    produtos qumicos.

    Ainda no mbito federal, em 1996, foi publicado o Decreto n1797, que

    colocou em execuo o Acordo de Alcance Parcial para Facilitao do Transporte

    de produtos perigosos entre os Pases Integrantes do Mercado Comum do Sul

    (MERCOSUL), firmados pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

    Segue abaixo a relao das legislaes, nas suas vrias esferas territoriais,

    que regulamentam o transporte rodovirio de produtos perigosos so:

    33..11 MMEERRCCOOSSUULL::

    Decreto N 1797, de 25/01/96 Dispes sobre a execuo do Acordo de Alcance Parcial para facilitao do Transporte de produtos perigosos, entre o

    Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

    Decreto N 2866, de 08/02/98 Aprova o regime de infraes e sanes aplicveis ao transporte terrestre de produtos perigosos.

    Portaria MT N 22/01, de 19/01/01 Aprova as instrues para a Fiscalizao do Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos no

    MERCOSUL.

    33..22 FFeeddeerraall::

    Decreto-Lei N2063, de 06 de outubro de 1983 Dispe sobre multas a serem aplicadas por infraes regulamentao para a execuo do servio

    de transporte rodovirio de cargas ou produtos perigosos e d outras

    providncias.

    Decreto N 96.044, de 18/05/1988 Aprovou o Regulamento para o Transporte Rodovirio de produtos perigosos (RTPP) e d outras providncias.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 20

    Resoluo N 91, de 04/05/98 Dispes sobre os Cursos de Treinamento Especfico e Complementar para Condutores de Veculos Rodovirios

    Transportadores de Produtos Perigosos.

    Lei N 9611, de 19/02/1998 Dispe sobre o Transporte Multimodal de Cargas e d outras providncias.

    Lei N 9605, de fevereiro de 1998 Dispes sobre as sanes penais e administrativas derivadas de conduta e atividades lesivas ao meio ambiente e

    d outras providncias.

    Decreto N 4097, de 23 de janeiro de 2002 Alterou a redao dos art. 7 e 19 dos Regulamentos para os Transportes Rodovirio e Ferrovirio de

    Produtos Perigosos, aprovados pelos Dec 96044/88 e 98973/90.

    Portaria MT N 349, de 04 de junho de 2002 Aprovou as Instrues para a Fiscalizao do Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos no mbito

    Nacional.

    Resoluo ANTT N 420/2004 Aprovou as instrues complementares ao RTPP.

    33..33 DDoo MMuunniiccppiioo ddee SSoo PPaauulloo::

    Lei N 11368, de 17 de maio de 1993 Dispe sobre o transporte de produtos perigosos de qualquer natureza por veculos de carga no municpio

    de So Paulo e d outras providncias.

    Decreto N 36957, de 10 de julho de 1997 Regulamenta a Lei N 11368, de 17 de maio de 1993, que dispe sobre o transporte de produtos perigosos de

    qualquer natureza por veculos de carga no municpio de So Paulo.

    Decreto N 37391, de 08/04/1998 Altera dispositivos do Dec n 36957/97 substitui SEUS Anexos 1 e 4 e d outras providncias.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 21

    Portaria n 77, Gabinete do Prefeito, 05/06/98 Estabelece os critrios tcnico-administrativos da Lei n 11368/93 e respectivos decretos.

    Portaria DSV G.N. n 15/98 Define os produtos perigosos com alta freqncia de circulao para fins de licenciamento do transportador e

    estabelece as condies e restries ao trnsito de veculos que transportam

    produtos perigosos nas vias do municpio de So Paulo.

    33..44 LLeeggiissllaaeess EEssppeecciiaaiiss::

    Resoluo CNEN NE-5.0113/88 estabelece padres de segurana que proporciona nvel aceitvel de controle dos riscos de radiao, criticalidade e

    trmico para pessoas, propriedades e meio ambiente associados ao

    transporte de material radioativo que se baseiam nos Regulations for the Safe

    Transport of Radioactive Material (TS-R-1 (ST-1 Revisado)), da IAEA , Viena

    (2000).

    R-105 Regulamenta o transporte de produtos explosivos.

    Regulamentos Tcnicos do INMETRO normas expedidas pelo rgo que especifica procedimentos e critrios para o Certificado de Capacitao de

    Tanques conforme a sua destinao de utilizao, pra-choques traseiros,

    etc.

    33..55 NNoorrmmaass TTccnniiccaass ddaa AABBNNTT::

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) o rgo responsvel

    pela normalizao tcnica no pas, fornecendo a base necessria ao

    desenvolvimento tecnolgico brasileiro. As Normas Brasileiras (NBR) so o conjunto

    de especificaes que normalizam procedimentos, terminologia, etc. e tem como

    objetivo padronizar as exigncias para o transporte de produtos perigosos, tais como

    identificao do produto, equipamentos de proteo individual para avaliao e fuga

    (EPI), conjunto de equipamentos para situaes de emergncia, envelope para o

    transporte, ficha de emergncia, smbolos de risco e manuseio, entre outros.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 22

    As normas no so obrigatrias, exceto quando h uma previso legal. No

    que tange a produtos perigosos, o Decreto N 96.044 e a Resoluo N 420/2004 adotam vrias Normas Brasileiras, tornando-as dessa forma obrigatrias. Dentre

    elas, pode-se citar:

    NBR-7500/2004 Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de Materiais.

    NBR-7501/2003 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos Terminologia.

    NBR-7503/2003 Ficha de Emergncia para o Transporte de Produtos Perigosos.

    NBR-7504/2004 Envelope para Transporte de Produtos Perigosos Caractersticas e Dimenses.

    NBR-8285/2000 Preenchimento da Ficha de Emergncia para o Transporte de Produtos Perigosos.

    NBR-9734/2003 Conjunto de Equipamentos de Proteo Individual para Avaliao de Emergncia e Fuga no Transporte Rodovirio de Produtos

    Perigosos.

    NBR-9735/2003 Conjunto de Equipamentos para Emergncia no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos.

    NBR-10271/2003 Conjunto de Equipamentos para Emergncia no Transporte Rodovirio de cido Fluordrico.

    NBR-12710/2000 Proteo contra Incndio por Extintores, no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 23

    NBR-12982/2004 Desgaseificao de Tanque Rodovirio para Transporte de Produto Perigoso Classe de Risco 3 Lquidos

    Inflamveis.

    NBR-13095/1998 Instalao e Fixao de Extintores de Incndio para Carga no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos.

    NBR-14064/2003 Atendimento a Emergncia no Transporte Terrestre de Produtos Perigosos.

    NBR-14095/2003 rea de Estacionamento para Veculos Rodovirios de Transporte de Produtos Perigosos.

    33..66 MMaannuuaall ddee EEmmeerrggnncciiaass ddaa AABBIIQQUUIIMM::

    Este manual a traduo adaptada do Guia Norte-americano de

    Atendimento a Emergncias com Produtos Perigosos desenvolvido pelo Ministrio

    do Transporte do Canad, pelo Departamento de Transportes dos Estados Unidos

    (DOT) e pela Secretaria de Comunicaes e Transportes do Mxico (SCT), cuja

    traduo foi efetuada pela Associao Brasileira de Indstrias Qumicas (ABIQUIM)

    e adaptada para a realidade brasileira.

    Ele foi desenvolvido para ser utilizado pelo Corpo de Bombeiros, Polcia

    Rodoviria e outras pessoas de servios de emergncias, que possam ser os

    primeiros a chegar no local de um acidente com produtos perigosos, adotando as

    recomendaes da ONU para o transporte de produtos perigosos. principalmente

    um guia para auxiliar as equipes de emergncia na identificao especfica ou

    genrica dos materiais perigosos envolvidos em acidentes rodovirios ou

    ferrovirios, nas definies das aes de proteo da equipe e da populao em

    geral durante a fase de resposta inicial do acidente. Originalmente foi concebido

    para o uso em acidentes com produtos perigosos durante o transporte terrestre

    (rodovirio e ferrovirio), mas poder, dentro de certos limites, ser instrumento

    valioso no contingenciamento de acidentes com produtos qumicos em locais como

    terminais de carga, indstrias e depsitos.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 24

    O Manual dividido em 5 sees coloridas, conforme descrio abaixo:

    Seo BRANCA (inicial) traz informaes sobre como proceder na emergncia, como identificar o produto, as classes de risco, a tabela dos Rtulos

    de Risco e Nmero de Risco e a relao dos Cdigos de Risco.

    Seo AMARELA traz a relao numrica dos produtos perigosos elencados na Resoluo 420/04 da ANT. A lista contm, alm de alguns sinnimos,

    produtos que podem utilizar as designaes no especificadas (n. e.). A tabela

    da relao numrica traz quatro colunas: a primeira contendo o nmero ONU ou

    de identificao do produto, o segundo contendo a Classe de Risco principal, a

    terceira contendo o nmero do Guia de Procedimentos de Emergncia e a quarta

    contendo nome do produto.

    Seo AZUL relao alfabtica dos produtos, contendo quatro colunas com os mesmos dados da seo amarela, porm com a ordem das colunas alteradas da

    seguinte forma: a primeira com o nome dos produtos, a segunda com o nmero

    ONU, a terceira com a Classe de Risco e a quarta com o Nmero do Guia de

    Emergncia.

    Seo LARANJA traz os Guias de atendimento inicial em casos de emergncia, que do suporte para os primeiros 30 minutos de atendimento. Cada um dos Guias numerados fornece, de forma simples e objetiva, as

    informaes mais relevantes, indicam os riscos potenciais mais significativos e

    descreve os procedimentos a serem inicialmente adotados, contemplando os

    produtos perigosos isoladamente. Nos casos em que diversos produtos

    apresentam riscos similares, sugerindo procedimentos emergenciais

    semelhantes; um nico Guia abrange todos esses produtos. Cada Guia est

    dividido em itens e subitens com os seguintes ttulos:

    Riscos Potenciais, subdivididos em fogo ou exploses e riscos sade;

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 25

    Segurana Pblica, subdivididos em vestimentas de proteo e evacuao;

    Aes de Emergncia, subdividido em fogo, vazamento ou derramamento e primeiros socorros.

    Seo VERDE traz a Tabela de Isolamento e Proteo Inicial, com as explicaes de como proceder para utilizar corretamente essa seo. A tabela

    referenciada corresponde aos produtos constantes na relao de produtos

    perigosos das sees amarela e azul, cujos nmeros e/ou nomes esto

    sombreados em verde.

    Seo BRANCA (final) traz as explicaes sobre o uso do Painel de Segurana e da correta sinalizao dos veculos transportadores de produtos

    perigosos. Esclarece ainda os itens e subitens abordados na seo laranja,

    aborda sobre a PRQUMICA e seu servio de planto emergencial e ainda

    contm um glossrio de termos constantes no Manual.

    IMPORTANTE: O Manual de Emergncia da ABIQUIM somente uma fonte de informao inicial para os primeiros 30 minutos de acidente.

    3.6.1 Procedimentos para Utilizao do Manual

    A consulta ao manual simples e rpida. Seu objetivo encontrar as

    informaes emergenciais contidas nas Guias, que depender de como o primeiro

    no local conseguir obter a identificao do produto.

    Pode-se ento chegar a Guia atravs das seguintes informaes:

    Painel de Segurana Nmero de Identificao do Produto(n da ONU);

    Nome do Produto, e

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 26

    Rtulo de Risco

    3.6.1.1 Painel de Segurana A numerao na parte inferior do Painel de Segurana (ver cap. 8) o

    nmero de identificao do produto (N da ONU). Uma vez que foi possvel visualizar

    este nmero ou obt-lo atravs da Ficha de Emergncia.

    O primeiro no local deve consultar o manual da seguinte forma:

    1- Abrir a seo amarela e localizar o nmero da ONU;

    2- Identificar o nmero da Guia, e

    3- Abrir a seo laranja e localizar o nmero correspondente.

    3.6.1.2 Nome do Produto O Nome do Produto pode ser obtido atravs da Ficha de Emergncia (ver

    cap. 8), escritos nos tanques de carretas e vages, ou atravs de informaes

    fornecidas pelo motorista ou funcionrios da empresa.

    O primeiro no local deve consultar o manual da seguinte forma:

    1- Abrir a seo azul e localizar o nome do produto;

    2- Identificar o nmero da Guia, e

    3- Abrir a seo laranja e localizar o nmero correspondente.

    3.6.1.3 Rtulo de Risco O primeiro no local pode ainda chegar ao nmero da Guia quando se tem a

    possibilidade de visualizar um ou mais Rtulos de Risco (ver cap. 8) do produto e

    dever proceder da seguinte forma:

    1- Localizar a Tabela de Rtulos de Risco e Guias que est nas pginas

    que antecedem a seo amarela;

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 27

    2- Localizar o smbolo do Rtulo de Risco correspondente, verificando o

    nmero da Guia que se encontra logo abaixo, e

    3- Abrir a seo laranja e localizar a Guia correspondente.

    Observao: Neste caso de se obter a Guia atravs do Rtulo de Risco, deve-se observar que se trata das aes emergenciais para a classe de risco que pertence o produto e no especificamente do produto.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 28

    44 RREEQQUUIISSIITTOOSS DDEE SSEEGGUURRAANNAA EE SSAADDEE

    A equipe de servio envolvida em um acidente com produtos perigosos

    poder enfrentar uma larga gama de problemas de sade e segurana. Alm do

    risco associado s propriedades fsico-qumicas ou toxicolgicas do produto

    envolvido, outros aspectos, como riscos causados pela eletricidade esttica, fadiga

    por calor, exposio ao frio, defeito de equipamentos etc, tambm podem contribuir

    para causar efeitos adversos ao pessoal.

    44..11 PPrrooggrraammaa MMddiiccoo

    Para proteo da sade da equipe de servio, um programa mdico deve ser

    desenvolvido, viabilizado e mantido. Esse programa conter dois componentes

    essenciais: cuidados de rotina com a sade e tratamentos de emergncia.

    4.1.1 Cuidados de rotina com a sade

    A rotina de acompanhamento da sade dever no mnimo, consistir de:

    Exame mdio preliminar para estabelecimento do estado individual de sade, dados fisiolgicos bsicos e capacidade para vestir os

    equipamentos de proteo individual;

    Exames com freqncia (anual ou semestral) determinada por mdico, dependendo da durao e tipo de trabalho a que normalmente a equipe

    est sujeita, a freqncia a exposies e a condio fsica individual;

    Exames mais freqentes , determinados pelo mdico, devido a atividades especficas;

    Captulo

    4

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 29

    Exames mdicos especiais, cuidados e consultas em caso de conhecimento ou suspeita de exposio a substncias txicas. Qualquer

    teste especial depender do tipo de substncia qumica a qual o

    indivduo foi exposto.

    Os exames mdicos devem ser conduzidos durante e aps o tempo em que

    permanecer na equipe de atendimento a produtos perigosos.

    4.1.2 Tratamentos de emergncia

    O tratamento de emergncia deve conter cuidados e providncias de

    emergncia para a equipe de servio, incluindo possveis exposies a substncias

    txicas e ferimentos resultantes de acidentes ou danos fsicos. Os itens a seguir

    devem ser includos na previso de tratamento de emergncia:

    Nome, endereo e nmero de telefones dos consultrios, centros de atendimento toxicolgicos, etc. Isso dever estar destacado em um mapa

    com a localizao, itinerrio e demais informaes, alm do tempo total

    para o transporte;

    Relao dos hospitais com a capacidade de resposta para as equipes e/ou vtimas expostas ou suspeita de estarem expostas a produtos perigosos;

    Providncias para a obteno de meios de transporte adequados, como ambulncias e as formas mais rpidas e seguras desse contato;

    Chuveiros de emergncia, lavadores de olhos, alm de materiais de primeiros socorros disponveis na rea;

    Providncias para a rpida identificao da substncia a qual o membro da equipe foi exposto (caso isso no tenha sido feito previamente). Essa

    informao deve ser transmitida a equipe mdica;

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 30

    Procedimentos de descontaminao de feridos e de preveno de contaminao dos membros da equipe mdica (ou socorrista)

    equipamentos e instalaes;

    Procedimentos pr-definidos para fadiga por calor, exposio ao frio e trabalhos em condies adversas.

    4.1.3 Manuteno de histrico

    Devido natureza do trabalho com acidentes envolvendo produtos perigosos,

    o potencial de exposio a essas substncias pode ter um efeito adverso a um

    membro da equipe, tornando-se essencial que seja mantido o registro atualizado em

    ficha ou livro prprio para essa finalidade, estando tal documento sempre a mo.

    Esse tipo de registro deve conter as seguintes informaes:

    Qualquer exposio a que esteve sujeito: nome do produto, data, tempo de exposio e cuidados dispensados;

    Uso de proteo respiratria e roupas de proteo individual;

    Qualquer acidente de trabalho;

    Atestados mdicos e tratamentos;

    Registros de todos os exames mdicos.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 31

    4.1.4 Indicadores de exposio txica

    Como parte do programa mdico, a equipe de servio deve ser instruda

    sobre sinais e sintomas que podem indicar o potencial de exposio a produtos

    perigosos. Alguns deles so:

    Observados por outras pessoas:

    mudana na cor natural da pele ou descolorao;

    mudana no comportamento;

    salivao excessiva;

    reao da pupila;

    mudana no padro verbal;

    dificuldades na respirao;

    dificuldades ou falta de coordenao motora;

    tosse.

    Observados pela prpria pessoa:

    dor de cabea;

    tontura;

    viso embaraada;

    cimbras;

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 32

    irritao dos olhos, pele ou aparelho respiratrio;

    mudanas de comportamento.

    44..22 TTrreeiinnaammeennttoo ddee SSeegguurraannaa ee SSaaddee

    O treinamento de segurana e sade deve ser parte integrante de todo

    programa de produtos perigosos. Deve ser contnuo e freqente de forma a manter

    nos membros da equipe a competncia e o preparo no uso de equipamentos e no

    conhecimento das normas de segurana.

    O treinamento de segurana deve, no mnimo, conter:

    Uso de equipamento de proteo individual, por exemplo, aparelhos de proteo respiratria, roupas especficas de proteo, etc;

    Tcnicas seguras de trabalho, controle de local de ocorrncia e procedimentos operacionais padro de segurana;

    Reconhecimento e avaliao dos perigos;

    Plano de segurana na rea; e

    Uso de equipamento de monitorao ambiental.

    O treinamento deve ser to prtico quanto possvel e incluir o manuseio de

    equipamentos e exerccios para demonstrar a prtica das instrues dadas em sala

    de aula.

    44..33 QQuuaalliiffiiccaaoo PPeessssooaall eemm SSeegguurraannaa

    A equipe e os comandantes que atendem esse tipo de acidente qumico tm

    que tomar decises complexas a respeito da segurana. Adotar essas decises

    corretamente, requer mais do que conhecimentos elementares. Por exemplo,

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 33

    selecionar o equipamento de proteo individual mais adequado exige no apenas

    percia nas reas tcnicas de equipamentos de proteo respiratria, roupas de

    proteo, monitoramento ambiental, stress fsico etc, mas tambm experincia e

    julgamento profissional. Apenas uma pessoa competente e qualificada tem esse

    atributo para avaliar um acidente em particular e determinar as necessidades de

    segurana apropriadas. atravs da combinao de educao profissional,

    experincia de trabalho, treinamento especializado e um estudo contnuo que um

    profissional de segurana adquire essa habilidade para tomada dessas decises.

    Todos os envolvidos no atendimento desses acidentes devem respeitar e

    seguir rigorosamente os Procedimentos Operacionais Padro (POP) relacionados

    segurana pessoal e local.

    44..44 OOppeerraaeess

    Toda equipe de emergncia deve estar adequadamente treinada e

    completamente informada do perigo e equipamentos a serem utilizados, as prticas

    de segurana a serem seguidas, procedimentos em emergncias e comunicaes.

    Qualquer necessidade de proteo respiratria e roupas de proteo qumica

    deve ser utilizada por todos da equipe que adentraro a rea.

    Devero ser determinadas reas especiais para colocao dos equipamentos

    de proteo individual e esse procedimento dever ser executado por todos ao

    mesmo tempo.

    No mnimo duas outras pessoas, adequadamente equipadas, so necessrias

    como apoio da equipe de entrada durante as operaes no local.

    O contato visual dever ser mantido entre as duplas na rea de atendimento e

    a equipe de apoio. Os membros da equipe de entrada devem permanecer juntos e

    auxiliar um ao outro durante o atendimento da ocorrncia. Os componentes da

    equipe de apoio que esto fora da rea crtica devem tomar providncias

    preventivas para o caso de emergncias.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 34

    As entradas e sadas devem ser todas demarcadas. Devero ser colocados

    sinais e avisos a todos, delimitando as reas de trabalho e outros.

    As comunicaes por rdio sinais com as mos, sinais convencionais ou

    outros meios devem ser mantidas entre os membros da equipe de entrada o tempo

    todo. Comunicaes de emergncias devem ser pr-estabelecidas no caso de falha

    dos rdios.

    Devero ser instalados indicadores de intensidade e direo dos ventos em

    locais que possam ser observados pelo comandante das operaes e pelo pessoal

    da equipe de produtos perigosos.

    Devero tambm ser estabelecidas reas de trabalho para as vrias

    atividades operacionais.

    Os procedimentos para a sada da rea contaminada devero ser planejados

    previamente. As reas de trabalho e os procedimentos de descontaminao devem

    ser estabelecidos com base nas condies que o local oferecer.

    44..55 PPllaannoo ddee SSeegguurraannaa

    O plano de segurana deve ser desenvolvido e implementado para todas as

    fases operacionais. O plano deve conter os riscos segurana e sade em cada

    fase das operaes, bem como especificar as exigncias e procedimentos para a

    proteo da equipe.

    Todos da equipe devem estar familiarizados com os POPs ou qualquer

    instruo adicional, alm das informaes contidas no plano de segurana na rea.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 35

    55 PPRRIIMMEEIIRROO PPAASSSSOO -- GGEERREENNCCIIAAMMEENNTTOO EE

    CCOONNTTRROOLLEE DDOO CCEENNRRIIOO DDAA EEMMEERRGGNNCCIIAA

    A partir deste captulo, sero detalhadas todas as aes tticas operacionais a

    serem aplicadas de forma imprescindvel nas circunstncias que envolvam produtos

    perigosos. Estas aes foram divididas em 6(seis) passos que devem ser rigorosamente seguidos pelas guarnies e de fundamental importncia a sua aplicao, uma vez que

    a sua finalidade constitui-se na minimizao dos riscos potenciais decorrentes do cenrio

    qumico catastrfico, podendo comprometer a vida de pessoas, desagregar o meio

    ambiente e danificar propriedades.

    Assim, o bombeiro dever agir sempre com os recursos materiais adequados de

    modo a estar protegido, atuando sempre com a mxima ateno.

    55..11 NNvveeiiss ddee CCaappaacciittaaoo PPrrooffiissssiioonnaall

    Antes de partirmos para os procedimentos operacionais a serem adotados,

    importante destacarmos os diferentes nveis de conhecimento tcnico existentes dentro

    da Instituio, sendo que tais diferenciaes determinaro os limites de atuao de cada

    profissional dentro da emergncia, garantindo assim a segurana e a qualidade do

    atendimento:

    Nvel bsico, quando do trmino do Curso de Formao de Soldados, na qual as praas do Corpo de Bombeiros faro o papel do primeiro no local no AEPP, tendo sua

    atuao restrita s atividades de identificao de produtos, acionamento de rgos e

    isolamento do local, seguindo os Guias de Emergncia Qumica;

    Nvel tcnico, para Sargentos com o Curso de Bombeiros para Sargentos (CBS) e Oficiais com o Curso de Bombeiros para Oficiais (CBO), que possuam a funo de

    liderana dentro da ocorrncia, possuindo o conhecimento tcnico necessrio para definir

    as reas de trabalho e tomar as providncias iniciais at que uma equipe mais

    especializada chegue ao local;

    Captulo

    5

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 36

    Nvel especialista, para Oficiais e praas que conclurem o Curso AEPP, habilitados tambm para atividades de salvamentos complexos com uso de

    Equipamentos de Proteo Respiratria compatveis com a necessidade exigida, alm de

    monitoramento ambiental, conteno, transbordo e descontaminao de recursos. Os

    conhecimentos devem ser atualizados em EAP especfico a cada trs anos.

    Nvel gerencial, para oficiais que alm de conhecerem o contedo do nvel especialista, por meio de Curso AEPP, possuiro conhecimentos suficientes para

    desenvolver aes de Comando das Operaes em harmonia com a filosofia SICOE

    (Sistema de Comando e Operaes em Emergncias). Os conhecimentos devem ser

    atualizados em EAP especfico a cada trs anos.

    A manuteno e o aperfeioamento do conhecimento adquirido deve ser

    constante, lembrando ainda que o Corpo de Bombeiros sempre deve recorrer empresa

    responsvel pelo produto perigoso ou outras instituies especializadas que possam

    complementar as informaes tcnicas operacionais, visando minimizar os danos

    causados pela emergncia.

    55..22 GGeerreenncciiaammeennttoo ddoo llooccaall

    Este o primeiro dos seis passos do processo de gerenciamento da emergncia.

    Seu foco principal estabelecer o controle do local da emergncia e isolar as pessoas

    dos riscos e perigos.

    O Comandante da Ocorrncia no pode simplesmente iniciar as operaes at

    que a rea de perigo tenha sido identificada e o permetro de isolamento assegurado.

    Pessoas prximas ao local so vtimas em potencial at que o isolamento tenha

    sido estabelecido e o local evacuado.

    De uma perspectiva ttica, o Gerenciamento do local pode ser dividido em at seis

    tarefas principais. So elas:

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 37

    1. Assumir o comando e estabelecer o Sistema de Comando de Operaes em

    Emergncias (SICOE).

    2. Assegurar o posicionamento e a aproximao segura dos recursos de socorro

    emergenciais.

    3. Estabelecer uma rea de Apoio.

    4. Estabelecer um permetro de segurana em volta do local da emergncia.

    5. Estabelecer Zonas de Riscos para garantir um local seguro para aqueles que

    atendem emergncia.

    6. Avaliar a necessidade de resgates imediatos e da implementao inicial das

    aes de proteo ao pblico. Garantir a vida a mais alta prioridade ttica de qualquer

    Comandante da Emergncia. Sempre haver situaes onde as avaliaes iniciais

    justificaro que as Equipes de Emergncia partam imediatamente para operaes de

    resgate (por exemplo, um motorista que nitidamente est vivo e preso na cabine de um

    caminho tanque em chamas transportando gasolina). Entretanto, mesmo sob situaes

    mais extremas, a implantao de tarefas iniciais de gerenciamento do local salvar vidas.

    No permita que uma situao ruim se torne pior deixando que as unidades de socorro

    envolvam-se em situaes de resgate sem seguir procedimentos de segurana na

    operao.

    55..33 AApprrooxxiimmaaoo ee PPoossiicciioonnaammeennttoo

    Uma aproximao e posicionamento seguros feitos pelos primeiros no local so

    cruciais para que o acidente seja, como um todo, controlado.

    Os atendimentos de Emergncias que no observam regras de posicionamento e

    aproximao tendem a um resultado indesejado ou inesperado. Se as primeiras Equipes

    de Emergncia se tornam parte do problema, o Comandante da Emergncia tem que

    modificar o Plano de Ao para lidar com essas novas circunstncias. Por exemplo, se os

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 38

    bombeiros se contaminarem, o Plano de Ao deve ser alterado: muda de proteger

    pessoas, para resgatar e descontaminar os socorristas.

    Esta no uma cincia exata, apenas a aplicao do bom senso aos princpios

    de operao de segurana bsicos. Alguns parmetros gerais incluem:

    Quando possvel, aproxime-se do ponto mais alto e a favor do vento. Se estiver se aproximando contra o vento, ento se afaste o mximo possvel.

    Se estiver em tneis subterrneos ou no, que passe metr ou trens, considere o efeito pisto que provocar, empurrando o ar frente do trem, devendo

    providenciar a parada do mesmo antes de se aproximar.

    Procure por provas fsicas. Por exemplo, evite reas molhadas, nuvens de vapor, material derramado, etc. Novamente, use o bom senso; se os pssaros

    esto voando de um lado da nuvem de vapor e no esto vindo pelo outro

    lado, voc provavelmente tem um problema.

    5.3.1 Estacionamento da viatura no cenrio da emergncia

    Outro importante procedimento a ser ressaltado o conjunto de cuidados a serem

    tomados quanto ao estacionamento da viatura no local da emergncia com produtos

    perigosos.

    Alm dos cuidados j estabelecidos pelos POP (Procedimentos Operacionais

    Padro) e NOB (Normas Operacionais de Bombeiros) em vigor, vale ressaltar algumas

    peculiaridades especficas de ocorrncias dessa natureza:

    Ao perceber que o cenrio da emergncia se aproxima, deve-se posicionar a viatura o mais distante possvel do produto para que seja providenciada sua

    identificao (se possvel utilizar binculo para leitura do painel de segurana e

    rtulo de risco). Recomenda-se a distncia de 100m para os casos de produtos

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 39

    qumicos e 300m para explosivos, para o estacionamento inicial da primeira

    viatura que comparecer ao local do acidente at que se consiga obter a

    identificao do produto; posteriormente, aps a sua identificao, podemos

    remanejar o posicionamento e estacionamento de acordo com a distncia mnima

    preconizada pelo manual da ABIQUIM (Associao Brasileira das Indstrias

    Qumicas).

    Figura 06 - Posicionamento para identificao do produto

    Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

    Deve-se levar sempre em considerao a direo do vento, tendo como regra bsica o posicionamento com o vento pelas costas. importante lembrar que

    essa posio pode variar durante o desenrolar da ocorrncia, devendo a viatura

    ser mudada de posio sempre que a direo do vento mudar.

    As viaturas devem ser estacionadas distantes de reas mais baixas em relao ao produto. Esta regra vale tanto para lquidos quanto para gases, devendo

    tambm ser levada em conta a presena de bueiros, pores e tubulaes onde

    o material pode espalhar-se e acumular-se, comprometendo assim a

    segurana dos bombeiros e viaturas.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 40

    As condies podem modificar-se rapidamente em acidentes com produtos

    perigosos. Um tambor sinalizado inflamvel pode tambm ser venenoso, ou uma

    nuvem de vapor em suspenso pode cobrir a aparelhagem. No se posicione to

    prximo at que uma avaliao completa tenha sido feita.

    55..44 EEssttaabbeelleecceerr oo SSIICCOOEE

    Como qualquer emergncia, um acidente com produtos perigosos requer um

    gerenciamento centralizado. Sem ele, o local geralmente se torna inseguro e

    desorganizado.

    Um comando central organizado ir:

    Fixar a responsabilidade do comando em um indivduo em particular por meio de um sistema de identificao padro.

    Garantir que um comando forte, direto e visvel seja estabelecido assim que possvel.

    Estabelecer uma estrutura de controle que claramente delineie os objetivos e funes das operaes.

    O sucesso ou fracasso das operaes de emergncia depender do modo que o

    primeiro no local estabelecer o comando. Independentemente do nvel de capacitao

    de quem seja o primeiro no local, deve sempre iniciar as seguintes aes:

    Assumir o comando corretamente - A pessoa que assumir o comando deve ser sempre da patente mais alta ou a pessoa com o maior nvel de capacitao

    presente no local.

    Confirmar o comando - Confirmar que toda a equipe no local e a caminho tenha sido notificada da estrutura de comando.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 41

    Selecionar um local fixo para o posto de comando - Um comandante experiente somente abre mo da vantagem de um posto de comando fixo

    quando for absolutamente necessrio para o Comandante da Emergncia dar

    ordens diretamente aos socorristas operando em posies mais avanadas.

    Em qualquer um dos casos, o CO deve manter uma presena de comando por

    rdio.

    Estabelecer uma rea de Apoio - Tenha certeza que a rea de apoio se encontra em um local de fcil acesso e bem sinalizada.

    Solicitar apoio necessrio.

    5.4.1 reas de Apoio

    Esta rea um local destinado permanncia das equipes e dos equipamentos

    de apoio at que sejam acionados.

    A rea de Apoio se torna um setor dentro da rea destinada ao comando do

    SICOE. O chefe da rea de Apoio responde por todas as unidades de emergncia,

    despacha reforos para o local do acidente e requisita reforos de emergncia quando

    necessrio.

    A rea de Apoio ideal prxima o suficiente do permetro para reduzir

    significantemente o tempo de resposta, em caso de acionamento pela Comandante das

    Operaes. A rea de Apoio efetiva quando o Comandante da Emergncia prev que

    reforos adicionais podem ser necessrios e ordena a eles que se desloquem para a

    rea pr-designada, a aproximadamente trs minutos do local.

    Acidentes em grandes propores podem requerer muitos reforos para o local

    que podero ser necessrios em diferentes perodos durante toda a ocorrncia. Se os

    reforos no forem necessrios por um tempo, o Comandante da Emergncia deve

    considerar o estabelecimento de reas primrias e secundrias de rea de Apoio. Dentro

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 42

    do Sistema de Gerenciamento de Acidentes estas so consideradas como reas de rea

    de Apoio nvel I e nvel II.

    A rea de Apoio nvel 1 a posio primria para as primeiras unidades de

    socorro que chegarem ao local. Assim que os primeiros atendentes chegarem, eles vo

    diretamente para o local do acidente seguindo procedimento padro. A primeira unidade

    a chegar no local da emergncia assume o comando e inicia as operaes de

    gerenciamento do local. Todas as outras unidades que responderem a chamada

    preparam-se a uma distncia segura do local, at que recebam ordens do Comandante

    da Emergncia para agir.

    Normalmente, a rea de Apoio nvel I situa se do lado de fora do porto principal

    do prdio ou em uma rua lateral prxima ao acidente. A rea de Apoio nvel I est

    sempre em um local seguro e a favor do vento. Logicamente, voc no deve passar por

    um local inseguro para tomar uma posio em local seguro.

    A rea de Apoio nvel II a localizao secundria ou ponto de partida para

    reforos. usada para operaes grandes, complexas ou demoradas. Assim que mais

    unidades se aproximem da emergncia, elas so posicionadas conjuntamente em um

    local especfico sob o comando do Chefe da rea de Apoio.

    As equipes devem ser instrudas a respeito da situao pelo Chefe da rea de

    Apoio e esperar por suas ordens em locais adjacentes mais adequados, onde estejam

    protegidos das mudanas climticas. Quando reforos so necessrios no local do

    acidente, eles podem ser deslocados para uma rea localizada prxima ao permetro do

    acidente e dispostas pelo Comandante da Emergncia.

    As reas de Apoio devem ser claramente identificadas atravs do uso de sinais,

    bandeiras com cores sinalizadoras e luzes, cartazes ou qualquer meio apropriado.

    A localizao exata da rea de Apoio, tanto no permetro urbano quanto rural, ser

    baseada nas condies do vento e na natureza da emergncia.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 43

    55..55 EEssttaabbeelleecceerr uumm ppeerrmmeettrroo ddee iissoollaammeennttoo

    a linha de controle da multido especificada na rea em volta da Zona de

    Controle de Perigo. O Permetro de Isolamento est sempre na linha entre o pblico em

    geral e a Zona Fria.

    Isolar a rea e estabelecer um permetro pode ser to simples como esticar

    cordes de isolamento atravs das estradas de acesso prximas de um derramamento

    ou coordenar as equipes da polcia, bombeiros, ambulncias, e a equipe de emergncia

    em um esforo de evacuao em massa. Independentemente da complexidade, esta

    uma das primeiras consideraes tticas.

    Figura 07 - Isolamento do local

    Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

    O primeiro objetivo do procedimento de isolamento, aps o resgate, limitar

    imediatamente o nmero de civis e no civis expostos ao material perigoso. Isto se inicia

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 44

    quando se identifica e se estabelece um permetro de isolamento. Quando nos

    deparamos com um acidente dentro da edificao, o melhor lugar para comear nos

    pontos de entrada, como as portas da entrada principal. Uma vez que as entradas

    estejam seguras e a circulao de pessoas no autorizadas (incluindo bombeiros)

    negada, as equipes podem comear a isolar o perigo. Obviamente, roupas e

    equipamentos de proteo adequados devem ser usados. Este procedimento de controle

    de entradas pode ser feito por bombeiros, em caso disponvel, ou policiais ou ainda por

    pessoal da segurana da empresa.

    O mesmo conceito se aplica a locais abertos, fora de edificaes. Primeiro garanta

    que as entradas estejam seguras e ento estabelea um permetro de isolamento em

    volta do perigo. Comece pelo controle das interseces, rampas de subidas e descidas,

    estradas subjacentes e qualquer outro acesso ao local. Neste ponto, uma equipe de

    reconhecimento pode iniciar a avaliao. Civis feridos ainda so prioridade, mas estradas

    e pontos de acesso podem se congestionar e restringir rapidamente qualquer tipo de

    acesso ao local. Permitir que veculos permanecessem fluindo vagarosamente prximos

    ao local do acidente iria promover mais operaes de resgate e, em geral, compromete

    toda a operao, tornado-a muito mais complicada.

    Se a situao se estender, as condies podem mudar e o material perigoso pode

    migrar para uma rea onde veculos esto parados, esperando que o trnsito volte a fluir.

    Os ocupantes podem se tornar vtimas sem meios imediatos de escapar.

    Uma vez que um grande permetro em volta do acidente desejvel, um erro

    muito comum interditar uma rea maior do que pode ser efetivamente controlada,

    exceto em operaes militares, nas quais h um grande contingente para patrulhar um

    certo permetro. Se as patrulhas esto muito esparsas ou no so freqentes, algum

    com certeza vai entrar no permetro. Dado ao nmero reduzido de homens, melhor

    garantir completamente uma rea menor e expandir o permetro assim que reforos

    adicionais se tornem disponveis.

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 45

    5.5.1 Segurana e Cumprimento da Lei

    O Comandante da Emergncia deve distribuir as tarefas no permetro de

    isolamento assim que possvel. Isto comea, em geral, com a convocao da polcia ou

    do supervisor de segurana para o Posto de Comando. Este indivduo se tornar uma

    pea-chave que ajudar a estabelecer as comunicaes entre agncias e determinar

    que rea(s) ser(o) controlada(s) primeiro, e como isto ser gerido. No acidente o

    responsvel deve ser instrudo com toda a informao disponvel.

    As pessoas que esto envolvidas no estabelecimento de um permetro ou nas que

    iro entrar nas estruturas precisam saber exatamente quais os perigos potenciais e os

    possveis riscos que correm. Se existir uma chance, mesmo que remota, desses oficiais

    serem expostos ao perigo, enquanto a rea de isolamento se expande, eles devem

    receber o equipamento apropriado juntamente com orientaes especficas de onde ir se

    as coisas sarem errado.

    Aqueles responsveis pela imposio da lei so melhores utilizados quando o

    controle de trfego e de multides envolver grandes grupos de pessoas em propriedade

    pblica. Outra funo importante patrulhar o permetro por causa de civis que tentam

    dar uma olhada mais de perto ou por causa do fotgrafo ou do operador de cmera que

    tenta conseguir uma imagem mais real do acidente.

    Policiais so mais bem treinados para a segurana do permetro do que

    bombeiros. Eles vigiam o local e tm a credibilidade para convencer pessoas a se

    deslocarem para locais mais seguros. Se a situao ficar feia, eles tm autoridade e

    equipamento para deslocar pessoas contra suas vontades.

    Quando a operao ocorre em uma instalao privada, como um complexo

    industrial, as foras de segurana do local preenchem as mesmas lacunas no sistema. A

    grande maioria dos seguranas das fbricas so bem treinados e extremamente

    familiarizados com o local e seus recursos. Eles geralmente conhecem de vista os

    empregados da instalao e podem providenciar detalhes especficos dos planos de

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 46

    evacuao, procedimentos de emergncia e a disponibilidade de ferramentas especiais.

    Geralmente, eles podem assumir funes de segurana dentro da fbrica enquanto

    policiais controlam reas do lado de fora da cerca. Trabalhando juntos sob um Sistema

    de Comando Unificado, aqueles que garantem a lei e a equipe de segurana podem ser

    um trunfo valoroso para o Comandante da Emergncia.

    55..66 ZZoonnaass ddee RRiissccooss

    Agora que o permetro de isolamento est seguro, o Comandante da Emergncia

    pode comear a trabalhar em seu segundo objetivo de isolamento atravs do

    estabelecimento de Zonas de Riscos. Essencialmente, o Comandante divide o territrio

    que j controla em trs diferentes zonas, comeando pelo material perigoso e

    trabalhando do lado de fora em direo ao permetro do acidente. Zonas de Riscos so

    designadas da mais para a menos perigosa como Zona Quente, Morna e Fria.

    Figura 08 - Zonas de Riscos

    Fonte: Corpo de Bombeiros PMSP. 2005

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 47

    A idia principal em estabelecer trs diferentes Zonas de Riscos dentro do

    permetro de isolamento estipular o mais alto nvel de controle de responsabilidade

    pessoal para os atendentes trabalhando no local da emergncia. Zonas definidas ajudam

    a garantir que trabalhadores no se locomovam inadvertidamente para um local

    contaminado ou se coloquem em locais que possam se tornar de alto risco graas a

    exploses ou nuvens de vapor em suspenso.

    Deve-se observar os critrios previstos na NOB 42 SICOE para permanncia

    das pessoas nas respectivas zonas de riscos:

    Um local de abrigo deve tambm ser estabelecido dentro da Zona Quente, para a

    equipe de controle exposta a produtos perigosos. Eles devem ser mantidos dentro desta

    rea delimitada at que possam ser deslocados com segurana para outro local (por

    exemplo, quando uma rea de descontaminao foi estabelecida).

    A Zona Quente deve ser ampla o suficiente para disponibilizar um ou mais locais

    de abrigo quando necessrio.

    5.6.1 Identificao das Zonas de Riscos

    Zonas de Riscos devem ser demarcadas fisicamente e notificadas no Posto de

    Comando. A Zona Quente pode ser identificada com linhas de controle coloridas, cones

    de trfego e bastes de luzes.

    Em situaes externas, Zonas de Riscos podem ser designadas utilizando-se

    pontos de referncia geogrfica como a parede de uma barragem, cercados ou nome da

    rua. reas geogrficas devem ser comunicadas verbalmente por rdio ou no momento

    em que o Comandante e os oficiais do setor trocarem informaes.

    Quando o perigo est confinado a um prdio, estas zonas podem ser assinaladas

    por sua localizao dentro da estrutura. Por exemplo, um derramamento na sala 321

  • MAEPP MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 48

    pode pressupor que as salas 320 e 322 sejam a Zona Quente, o resto do prdio seja a

    Zona Morna e rea do lado de fora do edifcio seja designada a Zona Fria.

    As Zonas de Riscos devem modificar-se com o tempo expandindo-se ou retraindo-

    se dependendo do tamanho do acidente e do territrio em que os perigos e ris