mtb-12 resgate e emergÊncias mÉdicas

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Manuais Tcnicos de Bombeiros

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RESGATE E EMERGNCIAS MDICAS

COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

MANUAL DE RESGATE

MR

1 Edio 2006 Volume 12

PMESPOs direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.CCB

COMISSO Comandante do Corpo de Bombeiros Cel PM Antonio dos Santos Antonio Subcomandante do Corpo de Bombeiros Cel PM Manoel Antnio da Silva Arajo Chefe do Departamento de Operaes Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias Comisso coordenadora dos Manuais Tcnicos de Bombeiros Ten Cel Res PM Silvio Bento da Silva Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias Maj PM Omar Lima Leal Cap PM Jos Luiz Ferreira Borges 1 Ten PM Marco Antonio Basso Comisso de elaborao do Manual Cap PM Walmir Correa Leite Cap PM Cludio Vanderlei Pereira de Nardi Cap PM Miguel ngelo Minozi Cap MED PM Antonio Mizuaki Sera 1 Ten PM Humberto Csar Leo 1 Ten PM Wilson Nobukazo Kagawa 1 Ten PM Eli Jos Tavares 1 Ten PM Renato Marcel Carbonari 1 Sgt PM Claudinei Ferreira da Silva 1 Sgt PM Antonio Carlos Barbosa Bonifcio 1 Sgt PM Marco Antonio Santos de Almeida CB PM Carlos Antonio Stedler CB PM Ernesto Villares Comisso de Reviso de Portugus 1 Ten PM Fauzi Salim Katibe 1 Sgt PM Nelson Nascimento Filho 2 Sgt PM Davi Cndido Borja e Silva Cb PM Fbio Roberto Bueno Cb PM Carlos Alberto Oliveira Sd PM Vitanei Jesus dos Santos

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PREFCIO - MTB

No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo. As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados empregados nos atendimentos. Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios, qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado. Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros. Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros, distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente qualidade de sistematizao das matrias abordadas. Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.

O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao. Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel

ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio. Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.

So Paulo, 02 de Julho de 2006.

Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

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INTRODUO

indiscutvel a necessidade de um manual de resgate abrangente, j que este servio to tcnico consiste atualmente na maioria dos atendimentos realizados pelos Corpos de Bombeiros. Portanto, uma fonte de conhecimento confivel essencial para uma prestao de servios com qualidade populao. Este manual tcnico foi elaborado com o intuito de reunir, racionalizar e atualizar as esparsas fontes de conhecimento existentes na rea de resgate e emergncias mdicas, facilitando o estudo por parte dos bombeiros em formao, especializao ou prontos no servio operacional. Existem na corporao diversos manuais, apostilas, textos e monografias sobre o assunto, sendo que os contedos foram atualizados, reorganizados e introduzidos neste manual, obedecendo os procedimentos padronizados pelos rgos e instituies geradores de doutrina e normalizao de atendimento pr-hospitalar, conforme nossas referncias bibliogrficas. A organizao dos captulos foi feita numa ordem lgica de aprendizado, explanando desde o conceito do servio de resgate, passando pela avaliao da cena, da vtima at as emergncias mais complexas ou especficas. O grupo de trabalho que elaborou este manual foi composto por profissionais com formao superior ou tcnica na rea de sade, alm da especializao em atendimento pr hospitalar e experincia na rea de ensino de socorristas. A experincia de um oficial mdico coordenador e de oficiais e praas bombeiros, com anos de atendimento operacional, proporcionou detalhamento cientfico e tcnico, proporcionando a este trabalho, uma grande abrangncia de temas. Os autores procuraram se pautar nos princpios da verdade cientfica, da tcnica atualizada e da legalidade. Buscou-se a clareza do texto para facilitar o entendimento por todos os profissionais da corporao, bem como sua aplicabilidade operacional. A incluso de um glossrio permite ao profissional o acesso aos conceitos tcnicos essenciais e a riqueza de ilustraes fornece o detalhamento de cada manobra, bem como a identificao das leses nas vtimas. O surgimento dos Primeiros Socorros confunde-se com o aparecimento do prprio homem. Ataques de animais, picadas e quedas devem ter sido as leses mais comuns na vida dos primitivos. Com a formao das tribos, o homem se organizava em grupos para a caa,COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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sendo acabavam tambm transportando seus os feridos no regresso. Ao longo da histria, as guerras entre os povos, causaram muitos mortos e feridos, necessitando de curativos, transporte, e havendo ainda a necessidade de escolher quem seria ou no socorrido, nascendo a, a idia de triagem. Com o advento da revoluo industrial, ocorre a ecloso de um tipo de emergncia, o acidente do trabalho. Os empreendedores e operrios se viam diante de um ambiente perigoso repleto de equipamentos pesados, instalaes complexas e mtodos de produo que necessitavam, alm do trabalho braal, de uma fonte rpida de energia, no caso, a combusto e a gerao de vapor. No sculo XX, dois fatores foram essenciais para a definitiva empreitada no atendimento emergencial: as guerras mundiais e o surgimento do automvel. Aps a 2 guerra mundial, surge uma grande quantidade de material escrito pelas foras armadas sobre tcnicas de transporte e reanimao.

Primeiros Socorros na Grande Guerra Foto: New York City EMS

Auto Salvamento: pioneiro no socorro de vtimas. Foto: Centro de Memria do Corpo de Bombeiros da PMESP.

Os textos e gravuras antigas sobre tcnicas de reanimao, hoje, nos parecem absurdas, porm, constituram etapas essenciais da pesquisa cientfica. O grande interesse no desenvolvimento de tcnicas e equipamentos de salvamento, retratam a demanda de emergncias existente na poca.

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Salvamento de afogado pela suspenso Foto: Mark C. Henry Stony Brook University

Salvamento de afogado pela compresso dorsal Foto: Mark C. Henry Stony Brook University

Com o crescimento dos meios de transporte urbanos, em especial, o automvel, tambm cresce de forma incontrolvel, um tipo de sinistro, o acidente de trnsito. Gerando um grande nmero de vtimas fatais ou portadoras de graves seqelas, os acidentes de trnsito levaram os pesquisadores a estudar formas de imobilizao, transporte de vtimas, equipamentos de segurana, leses por desacelerao e outros relacionados, sendo possvel encontrar textos tcnicos j na dcada de 60. Vrios pases, em especial os Estados Unidos, passam a demonstrar novos equipamentos e tcnicas de atendimento emergencial, j no incio dos anos 70. Nesta poca ocorre ainda a implementao de vrios programas de treinamento e organizaes voltadas para esse fim. Torna-se inadmissvel a manipulao de vtimas sem a devida imobilizao, bem como o seu transporte ao hospital mais prximo independente de ser ou no o mais adequado para aquele caso. Ocorre a difuso do princpio da "hora de ouro" que defende o aumento do ndice de sobrevivncia, quando as vtimas de acidentes so estabilizadas, transportadas e recebem procedimentos mdicos hospitalares em at uma hora do momento do acidente. Recentemente, estudos comparativos mostraram a reduo da mortalidade tanto nos acidentes traumticos como nas emergncias clnicas. Ocorreu tambm a reduo do nmero de vtimas com seqelas, dentre elas, a leso de medula espinhal, que muitas vezes foi agravada

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Reanimao em via pblica - 1998. Acervo do Corpo de Bombeiros da PMESP

Resgate em local de difcil acesso Foto: Acervo do Corpo de Bombeiros da PMESP

nos acidentes traumticos como nas emergncias clnicas. Ocorreu tambm a reduo do nmero de vtimas com seqelas, dentre elas, a leso de medula espinhal, que muitas vezes foi agravada pelo mau socorro prestado, numa poca em que socorrer era sinnimo de transportar rpido a qualquer custo. Nos anos 80 um grupo composto por oficiais do Corpo de Bombeiros e mdicos foram para os Estados Unidos buscar especializao na rea e conhecer o servio de atendimento pr hospitalar de Chicago. Este grupo trouxe o conhecimento necessrio para a implantao do servio de resgate no estado de So Paulo, atravs do Corpo de Bombeiros. Foram elaboradas especificaes tcnicas para aquisio de materiais e equipamentos, foi implementado o curso de pronto socorrismo, embrio do atual curso de resgate e emergncias mdicas. Em alguns anos j existia um grande nmero de bombeiros treinados, equipamentos e viaturas especficas para o servio. Em 1990, o servio de resgate do Corpo de Bombeiros fechava o ano com 1896 atendimentos, sendo que aps 15 anos, nos aproximamos dos 300.000 atendimentos por ano no estado de So Paulo. imprescindvel nesta introduo, esclarecer a sustentao tcnica e histrica para a distino dos conceitos de primeiros socorros, atendimento pr hospitalar, resgate e salvamento. Hoje conceituamos primeiros socorros como sendo um conjunto de procedimentos imediatos realizados no local para uma vtima de mal sbito ou acidente, at que a mesma esteja sob cuidados mdicos. O atendimento pr hospitalar o suporte bsico ou avanado da vida, feito por profissional qualificado e habilitado para avaliar, identificar e corrigir, no local da ocorrncia, os problemas que comprometam a vida de uma vtima acidentada ou em emergncia clnica, transportando-a com segurana ao recurso hospitalar adequado. Difere-se de salvamento, que um conjunto de operaes que visam acessar, remover ou proteger a vida humana ou animal, que estejam em locais ou situaes de risco.

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Guarnio do 2 GBS em 1990 Foto: cedida por Cel Res PM Luiz Roberto Carchedi

Guarnio do 1GB em 2000 Foto: cedida por 1 Ten PM Humberto Cesar Leo Leode Bombeiros

J o conceito de resgate amplo, reunindo todos os anteriores, sendo o atendimento emergencial prestado por profissional qualificado e habilitado que visa acessar uma vtima que se encontre em condies de risco ou no, estabiliz-la e transport-la adequadamente, no menor tempo possvel, ao hospital adequado. Hoje o servio de resgate est difundido pelo mundo, sendo imprevisvel at onde ir sua expanso e sua evoluo. Mas h algo definitivamente conhecido e previsvel neste servio, que so seus elementos essenciais, o trinmio: homem, conhecimento e equipamento. dentro do conhecimento que est inserido este Manual Tcnico, podendo harmonizar a relao do homem com o equipamento, resultando na excelncia do servio prestado. Este manual tem por objetivo disponibilizar conhecimento na rea de resgate, no a ponto de esgotar definitivamente o assunto, mas de oferecer com clareza e objetividade uma gama de conceitos, procedimentos e experincias que facilitem o aprendizado e dem suporte doutrinrio aos profissionais do Corpo de Bombeiros.

APRESENTAO HISTRICA DO SERVIO DE RESGATENos anos 70, o mundo ingressou numa nova era no tocante ao atendimento emergencial, quando se concluiu que devamos levar ao local do acidente todos os recursos necessrios ao atendimento de uma vtima, para, somente aps estabiliz-la, realizar sua remoo ao hospital. Tambm se entendeu que esta remoo no mais estaria relacionada ao transporte em hospital mais prximo, mas sim, aquele que propiciasse o socorro mais adequado, em especialidades e exames complementares que o caso requeresse, evitando-se com isso a perda de tempo com posteriores remoes.COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Essa teoria foi mais tarde confirmada por Trunkey (Mdico Pesquisador Americano), que demonstrou a diminuio da mortalidade com um atendimento rpido e adequado, no local do fato, por equipes treinadas e pelo tratamento definitivo em hospitais apropriados dentro da primeira hora aps o acidente, surgindo ento o conceito da hora de ouro (golden hour). Aliada a esta necessidade, surgiu o enfoque econmico percebendo-se o elevado custo humano e social para o Pas, resultante das vtimas de acidentes. Citando os dados do Ministrio da Sade, no ano de criao do Sistema Resgate, 1990, somente nos acidentes de trnsito, foram gastos 1,5 bilhes de dlares, divididos em 200 milhes na assistncia s vtimas, 400 milhes em danos materiais e 800 milhes em perda de produo. Foi exatamente neste campo frtil, de extrema carncia da sociedade, da absoluta ausncia de poltica pblica, que foi depositada a semente conhecida como Sistema Resgate que, germinou, cresceu e frutificou para transformar o sonho de alguns abnegados bombeiros em realidade frondosa, comprovada pelo frentico vai e vem das viaturas em todo o Estado, pedindo passagem entre os carros nos grandes centros urbanos, nos mais longnquos trechos de nossas estradas para prestar o essencial atendimento para manuteno da vida. Aps anos de dedicao, estudo, superao de barreiras, efetivou-se o projeto inicial cujo lanamento contou com a operacionalizao de 36 viaturas, dois suportes avanados terrestres e um areo multiplicar-se em mais de 250 viaturas em todo Estado, aumentando no perodo de pouco mais de 15 anos, os 1.800 atendimentos iniciais, para os cerca de 300 mil dos dias atuais. Na dcada de 70, oficiais da 4 companhia perceberam a difcil realidade na execuo da tarefa de salvamento onde, aps rduos trabalhos e operaes que s vezes punham em risco as guarnies, a vtima, razo de todo este trabalho, era levada de forma improvisada dentro das viaturas ou em veculos de passeio ou ainda atravs de qualquer outro meio de fortuna gerando uma sensao incmoda de impotncia e frustrao entre os profissionais que atuavam. O, ento, Tenente Lemes foi um dos primeiros a transformar esta preocupao em ao e, impulsionado por oficiais empreendedores como o Capito Caldas, decidiu com outros jovens oficias, criar um veculo tipo ambulncia que acompanhasse a viatura do comando de rea, entretanto, sem recursos necessrios ao atendimento e por se tratar de veculo nico, j deteriorado pelo uso acabou por no resistir por muito tempo. A evoluo deste transporte deu origem as UTE (Unidade de Transporte Emergencial), certamente o carro que deu origem ao Servio de Resgate. Paralelamente, a necessidade tambm era sentida pelos profissionais da rea da sade e no incio dos anos 80 surgiu o CRAPS ( Coordenao de Recurso e Assistncias aos ProntoCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Socorros) com a participao de importantes nomes da rea mdica que, atravs observao da experincia de outros pases, via com bons olhos a parceria com o Corpo de Bombeiros na rea do atendimento pr hospitalar. O assunto ganhou espao e, a partir da troca de experincias, entre profissionais da rea mdica, sobretudo queles que militavam na rea de emergncia e trauma, e alguns oficiais do Corpo de Bombeiros em especial os integrantes do Grupamento de Busca e Salvamento, as reunies se intensificaram. Com a colaborao do Dr. Nelson Proena Guimares, expressivo mdico que atuava na rea pblica e a participao do ento Tenente Arlindo que no ano de 1984 viajou s prprias expensas Chicago estreitando contatos com o servio de emergncia daquela cidade, foi viabilizada uma viagem de estudos patrocinada por uma agncia internacional conhecida como Partners of Amrica (Companheiros da Amrica ) sendo enviado um grupo composto por quatro Oficias do Corpo de Bombeiros ( Maj PM Roberto Lemes da Silva, Cap PM Luiz Roberto Carchedi, Cap PM Arlindo Faustino dos Santos Junior, Ten PM Luiz Carlos Wilke ) um Oficial da Defesa Civil ( Ten PM Andr Luiz Rabelo Viana) e trs mdicos Jorge Mattar Junior, diretor do Pronto Socorro do Hospital das Clnicas, Dr. Carlos Alberto G. Eid, Diretor do Pronto Socorro de Pirituba, Dr Moise Edmundo Seid, Presidente da Associao Brasileira de Medicina de Trfego. A oportunidade de colocar estes oficiais em contato com um sistema de atendimento de emergncia, atuante, padronizado e eficiente encantou a todos, trazendo-lhes conhecimentos que mais tarde os distinguiriam entre os integrantes dos bombeiros, fama que os acompanhou at os ltimos dias dentro do servio ativo. Afinal, eram reconhecidamente precursores do servio que mais tarde viria a transformar-se no carro chefe dos atendimentos emergncias do Corpo de Bombeiros. Queramos provar que aquela foi uma viagem de estudo e no um passeio ou um trem da alegria como chegou a ser chamado diz hoje o Ten Cel PM Arlindo. O resultado dessa viagem no poderia ser mais promissor, pois os escolhidos elaboraram, aps seu regresso, um relatrio com o ttulo VIAGEM DE ESTUDO/CHICAGO que foi exatamente a normatizao para a criao do Sistema Resgate. Nele estavam contempladas desde a formao do socorrista bsico ao instrutor, da especificao da viatura at o equipamento utilizado. Os meses que se seguiram, apesar de tudo, no foram fceis, vencer a resistncia interna de parte dos integrantes do Corpo de Bombeiros, parecia tarefa mais difcil do que convencer a

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rea de sade da importncia dessa iniciativa e, mesmo ao Comando da Polcia Militar para quem o projeto foi apresentado informalmente, a iniciativa era vista com melhores olhos. Recorda ainda o Ten Cel PM Arlindo, me lembro que o Comandante Geral da poca era o Cel PM Wilson Corra Leite que chegou a mencionar que se o Corpo de Bombeiros no se interessasse pelo projeto, ele traria para a Polcia aproveitando a montagem de veculos do Rdio Patrulhamento Padro que estava sendo implantado poca. Mas a persistncia dos Oficiais que cada vez mais se envolviam e acreditavam no projeto, acabou prevalecendo. A revelia do Comando do CB, trouxeram um instrutor da First Responder de Chicago, que havia participado do treinamento da delegao que foi quela cidade e, com algumas manobras polticas estrategicamente traadas, aps taxativo impedimento por parte do comando, foi permitido que o curso fosse realizado no Quartel do 1 Grupamento de Busca e Salvamento. No fora este o primeiro curso na rea, to pouco determinou a utilizao das primeiras tcnicas nas ocorrncias, pois j teriam sido realizadas pelo ento Tenente Cardoso (hoje Ten Cel PM da reserva) em 1984, o primeiro a utilizar o colar cervical e a prancha curta para a retirada de uma pessoa presa nas ferragens, como resposta aos treinamentos que j eram transmitidos nas unidades de salvamento, para surpresa dos mdicos do PS que receberam a vtima. Entretanto, o curso trazido para So Paulo, tornou-se um marco, angariou simpatizantes, inflamou ainda mais os integrantes do CB e ajudou a disseminar a filosofia do Resgate. Em 1987, englobando todas as concluses dos grupos de trabalho e selando a integrao entre Sade e Bombeiros, foi criado a Comisso de Atendimento Mdico s emergncias do Estado de So Paulo CAMEESP, que apresentou proposta para a criao de um projeto piloto de atendimento pr-hospitalar denominado Sistema Integrado de Atendimento s Emergncias do Estado de So Paulo. Neste mesmo ano e motivados pela implementao do Sistema de emergncia, mdicos da Cirurgia Geral e do Trauma do Hospital das Clnicas de So Paulo, capitaniados pelo Dr. Dario Birolini que iniciaram o processo de estudos em 1979, foram para os Estados Unidos e buscaram um modelo de curso para rea mdica do ATLS (Advanced Trauma Life Sipport) e trouxeram para o Brasil para sua difuso. Paralelamente a estes fatos, no 2 BPChq, unidade onde estava sediado o helicptero da Polcia Militar (guia 1), o Tenente Mdico Martini que exercia tambm importante funo no Hospital das Clnicas sonhava em poder implantar um sistema com a efetiva participao da aeronave no socorro aeromdico.

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Tendo seu nome indicado, o Oficial Mdico foi procurado pelos Oficiais que trabalharam para implantao do projeto, os Capites Arlindo e Wilke e o Major Carchedi, para que colaborasse no impulso que seria necessrio para o sistema. Com a transferncia do Major Lemes para a 5 Seo do Estado Maior da Polcia Militar, o que se imaginava uma perda, mostrou-se um grande trunfo. Afinal ele estava agora no local que era centro das discusses, com capacidade maior de influenciar e sem a preocupao das represlias a que estaria sujeito dentro do CB, onde parte da oficialidade ainda resistia a implantao do sistema e importantes articulaes ocorreram. Com o apoio efetivo do Comandante Geral Cel PM Correa Leite e do Cel PM Schimidt, Comandante do CB, internamente os problemas haviam sido superados e a idia agora, parecia suficientemente madura, faltava apenas a consumao, pois o que atrasava a assinatura do projeto era o conflito de interesses. Uma parceria entre duas Secretarias Estaduais, Sade e Segurana Pblica, encabeada por duas das mais importantes figuras polticas do governo da poca, Dr Aristodemo Pinotti e Dr Luiz Antonio Fleury Filho, nas vsperas de uma eleio pretendida por estes potenciais candidatos, parecia improvvel. Pois bem, o improvvel aconteceu. Num encontro provocado em 22 de maio de 1989, entre idas e vindas do projeto para correes, foi assinada a resoluo conjunta SS/SSP n 42 criando o Sistema Resgate, com a participao do Corpo de Bombeiros e Grupamento Areo da Polcia Militar e do SAMU (Servio de Atendimento Mdico de Urgncia) da Secretaria Estadual de Sade. Foi criada ento uma comisso mista, denominada GERPRO-EMERGNCIA (Grupo Especial de Projeto), com integrantes das duas Secretrias para efetivao da Resoluo publicada no dirio Oficial do dia 23 de maio de 1989. Um importante reforo fora conseguido para consolidar o processo, a transferncia do agora Cap Md PM MARTINI, profundo conhecedor do assunto, incansvel trabalhador para implantao no meio mdico, inclusive no Hospital das Clnicas de onde partira o principal apoio para o projeto, transformando-se no primeiro Diretor Tcnico do Servio. Cargo que ocupou at sua passagem para a inatividade em 2002. Finalmente poder-se-ia trabalhar em cima de algo concreto. Primeiro o projeto da viatura, a cargo do ento Maj PM Carchedi e Cap PM Wilke, a instruo das guarnies onde se sobressaiam o Cap PM Consani, SubTen PM Boanerges, entre outros, enfim todas as peas comeavam a se encaixar.

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Mas nem todos os problemas eram de fcil resoluo. Achar um veculo no mercado nacional que atendesse s expectativas daquele grupo, passou a ser um novo desafio. O veculo prottipo, desenvolvido por um setor de uma empresa acostumada a desenvolver projetos militares, ENGESA, apresentou-se como soluo. Item a item o projeto foi acompanhado, adicionando-se viatura de atendimento s emergncias mdicas os essenciais materiais de salvamento. Numa demonstrao clara e inequvoca de que, desde aquele momento, o veculo e suas guarnies manteriam sua vocao de continuar realizando as aes de salvamento, ou como gostamos de falar, o acesso vtima antes de seu atendimento, afim de no desvirtuar desta forma, a competncia prpria, constitucional e indelegvel do Corpo de Bombeiros. O Atendimento pr-hospitalar, poderia ser a qualquer tempo reinvidicado pelos setores Pblico ou Privado, mas no as aes de salvamento, inerentes aos servios do Corpo de Bombeiros. A verba proveniente do convnio entre as duas secretarias disponibilizou a aquisio de trinta e seis viaturas que seriam finalmente entregues no dia 20 de fevereiro de 1990, data que marcou a efetiva implantao do Servio de Resgate em 14 municpios do Estado. Um ano aps a implantao do servio, j era sentido um aumento significativo de atendimento s vtimas, que passou de 1.896 para 5.967 em 1991. No ano de 1992 com o mesmo nmero de viaturas, o Resgate atendeu 9.032 vtimas, sinalizando para uma natural e necessria expanso. Nesse mesmo ano, houve uma restruturao em todo o Corpo de Bombeiros e juntamente com esta mudana foi criado o elemento RESGATE na Unidade de Despesa do Corpo de Bombeiros, com o objetivo de possibilitar a dotao de recursos oramentrios prprio para aquisio de materiais e equipamentos especficos para o servio. Ainda no ano de 1992, meados de novembro, foi criado um rgo de coordenao no CBC (Comando do Corpo de Bombeiros) para gerenciar o Servio de Resgate. Em 1993 com expressivo aumento no atendimento aos acidentados passou de 9.032 para 24.039, foi implantado definitivamente uma Seo de Resgate dentro do DODC (Departamento de Operaes e Defesa Civil) hoje DOp ( Departamento de Operaes), tendo como misso gerenciar e coordenar administrativamente o Servio em todo o Estado. Foi feita a integrao da Seo de Resgate do DODC do Comando do Corpo de Bombeiros com o rgo correspondente da Secretaria de Estadual de Sade do Estado de So Paulo, o SAMU (Servio de Atendimento Mdica s Urgncias), e criado no PB Alfredo Issa,

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localizado no centro de So Paulo, uma coordenao nica do Resgate, composta por Oficiais e Praas do CB e Mdicos e Enfermeiros da Secretaria de Sade. A partir de maio do mesmo ano foram colocadas em operao 74 (setenta e quatro) novas viaturas, passando o Sistema a ser composto de 110 (cento e dez) viaturas de Resgate, um nmero suficiente para um novo e significativo aumento no atendimento aos acidentados, estando ento presente em 76 (setenta e seis) municpios do Estado de So Paulo. Com o aumento de atendimento, no ano de 1994, foram colocadas mais 31 (trinta e uma) novas viaturas de Resgate, modelo americana, da marca Wheeled Coach, totalizando 141 (cento e quarenta e uma) viaturas no Estado, conseqentemente elevando o nmero de atendimento para 52.566 ocorrncias no Estado. Este projeto inicial foi se expandindo por todo o Estado, aumentando o nmero de viaturas e de pessoal at que, em 10 de maro de 1994, o Servio de Resgate foi consolidado atravs do Decreto n 38432/94 e sua operacionalizao atribuda exclusivamente Polcia Militar do Estado de So Paulo, por intermdio do Corpo de Bombeiros e Grupamento de Radiopatrulha Area, conforme segue:

DECRETO N 38432, DE 10 DE MARO DE 1994 Consolida o Sistema de Resgate a Acidentados no Estado de So Paulo e d providncias correlatas LUIZ ANTNIO FLEURY FILHO, Governador do Estado de So Paulo, no uso de suas atribuies legais e Considerando que o Sistema de Resgate a Acidentados, institudo por meio da Resoluo Conjunta SS/SSP n 42, de 22 de maio de 1989, em trs anos de operao propiciou melhor atendimento s urgncias mdicas traumticas, colaborando para a reduo do ndice de mortalidade das vtimas de acidentes , bem como foi fator importante para minimizar as seqelas das leses sofridas, o que veio a reduzir os perodos de permanncia hospitalar. Decreta: Artigo1 - Fica consolidado o Sistema de Resgate a Acidentados no Estado de So Paulo, destinado ao atendimento pr-hospitalar de urgncias mdicas s vtimas de acidentes e traumas em todo o territrio do Estado, planejado e administrado de forma integrada pela Secretaria da Sade e pela Secretaria de Segurana Pblica, por intermdio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento de Rdiopatrulha Areo, da Polcia Militar do Estado de So Paulo.

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Pargrafo nico: Cabe s unidades da Polcia Militar do Estado de So Paulo mencionadas no "caput" a operacionalizao do Sistema. Artigo 2 - As Universidades estaduais sero convidadas a participar do Sistema para cooperarem em seus respectivos campos de atuao, em especial, na implementao de cursos de especializao mdica e tcnica, na rea pr-hospitalar. Artigo 3 - As Secretarias da Sade e da Segurana Pblica editaro resoluo conjunta, em que sero definidas suas respectivas reas de responsabilidade e limites de competncia, de forma a tingir os fins estabelecidos neste decreto. Artigo 4 - Este decreto entrar em vigor na data de sua publicao. Palcio dos Bandeirantes, 10 de maro de 1995LUIZ ANTNIO FLEURY FILHO Roberto Muller Filho, Secretrio da Cincia, Tecnologia e Desenvolvimento Econmico Crmino Antnio de Souza, Secretrio da Sade Odyr Jos Pinto Porto, Secretrio da Segurana Pblica Renato Marins Costa, Secretrio do Governo

Sendo consolidado o Servio no Estado de So Paulo, houve necessidade de regulamentao do tipo de ambulncia para operar no Sistema, onde em parceria com a Diretoria tcnica do Centro de Vigilncia Sanitria, foi criado uma comisso Tcnico-Cientfico de Emergncia Pr-Hospitalar, tendo como representantes a Diviso de Resgate do Corpo de Bombeiros do Estado de So Paulo, Secretaria Municipal de Sade da Prefeitura Municipal de So Paulo, Conselho Regional de Medicina do Estado de So Paulo, Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo e o Grupamento de Rdio Patrulha Area da Polcia Militar do Estado de So Paulo, objetivando a implantao de medidas que visam criar o Sistema Integrado de Atendimento a Emergncias, tendo como metas a criao de normas que orientassem tcnica e cientificamente o sistema pr-hospitalar e regulamentar as atividades de transporte e atendimento a doentes em ambulncias, at que em 16 de maro de 1994 foi publicada a PORTARIA C.V.S. (Centro de Vigilncia Sanitria) n 09, que dispe sobre as condies ideais de transporte e atendimento de doentes em ambulncias.

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EVOLUO DAS OCORRNCIAS DE RESGATE

276517 272094 243532 217910 195623 173104 147326 125056 92.537 71.330 52.560 24.039 9.032 1.896 5.967 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

300000 280000 260000 240000 220000 200000 180000 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0

RECURSOS HUMANOS Segundo concepo moderna, o atendimento pr-hospitalar deve ser prestado em fases seqenciais de complexidade, conforme seja constatada a gravidade do quadro, isto : inicialmente acionada a Unidade de Resgate para o suporte bsico de vida, depois a Unidade de Suporte avanado e, finalmente, a aeronave. Obviamente existem casos que, pelo constante nos protocolos de acionamento, ou at mesmo pela experincia dos gerenciadores no COBOM, diante da gravidade ou informaes obtidas previamente, podem ser enviados simultaneamente todos os recursos necessrios. Assim, conclui-se que a base do Sistema deva ser constituda por Unidades de Resgate, que sero acionadas mais freqentemente, solucionando acima de 95% dos casos, conforme pesquisas no Brasil e no Mundo. Por inmeras razes, decidiu-se empregar profissionais do Bombeiro para tripular as Guarnies de Resgate. Para qualifica-los ao servio, todos foram treinados em cursos de Tcnicas em Emergncias Mdicas e, aps aprovao em avaliaes feitas pela Coordenao Conjunta do Sistema no Estado, foram credenciados para o Servio de Resgate. Para agilizao do credenciamento em todo o Estado, foram qualificados OficiaisCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Coordenadores Regionais como instrutores, e gerentes descentralizados que atuem como agentes multiplicadores em suas regies, ministrando treinamento preestabelecido a seu pessoal, controlando material e equipamentos. Assim, desde a implantao do Servio de Resgate, j foram qualificados mais de 4000 bombeiros como Tcnicos em Emergncias Mdicas que operam atualmente as viaturas de Resgate em todo o Estado, com excelentes resultados e notrio reconhecimento da populao e dos profissionais da rea da sade. Cada Unidade de Resgate tripulada por 3 bombeiros credenciados, em um regime de trabalho dirio de 24 horas ininterruptas de prontido. Logo, para operar as 264 unidades atuais, so necessrios 792 profissionais por dia, alm da previso de frias e afastamentos. Para a operao das quatro Unidades de Suporte Avanado, do helicptero e para o planto mdico no COBOM so empregados mdicos e enfermeiros contratados pela Secretaria Estadual da Sade. Outros servios foram buscados e implantados para fazer frente crescente demanda do servio e s exigncias de nosso Estado. Assim no ano de 2002 foram agregados ao sistema as primeiras motos de resgate ou Motos Operacionais de Bombeiros (MOB) com a finalidade de diminuir o tempo resposta nos atendimentos, implementadas para atuar nos grandes centros urbanos cujo trfego intenso prejudica os deslocamentos de emergncias. Este instrumento tem se mostrado eficiente arma para prestar os primeiros atendimentos s vitimas, dispondo de materiais e equipamentos prprios, entre eles o desfibrilador externo automtico (DEA), at o socorro definitivo realizado pelas unidades de resgate ou suporte avanado. VIATURAS E EQUIPAMENTOS A concepo de Unidade de Resgate adotada em So Paulo difere de uma simples ambulncia, sendo peculiar pela mltipla funo de Salvamento, como dissemos, alem do atendimento de primeiros socorros e transporte de vtimas, dai sua denominao de veculo para Resgate. Com isso, conclumos atualmente que racionalizamos o atendimento maioria das emergncias, com o concurso de menos unidades, reduo do tempo de atendimento, economia de efetivo e continuidade nos trabalhos, pois na grande maioria dos casos uma simples Unidade de Resgate capaz de acesar a vtima, aplicar os primeiros socorros e transport-la ao hospital. Obviamente no podemos esquecer que o Corpo de Bombeiros presta um socorro integrado e no apenas um atendimento de Resgate. Assim, a Unidade de Resgate esta inserida a um sistema de Despacho de Socorro especfico para cada natureza de ocorrncia, que aumentaCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

MTBRESG RESGATE E EMERGNCIAS MDICAS em complexidade conforme a gravidade do caso.

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Tambm a preocupao inicial com contaminao tendo em vista a mescla de equipamentos de bombeiros e de materiais para socorro a vtima na UR, deixou de existir, pois a nova concepo para veculo de resgate passou a prever compartimentos externos para o acondicionamento dos materiais especficos de bombeiros, alm da incorporao por parte do efetivo, da rotina de utilizao dos equipamentos de proteo individual e processamento de materiais de resgate utilizados nos atendimentos. Atualmente, este padro de viatura foi aperfeioado, optando-se por um chassis maior, veculos monoblocos, adaptados para acondicionar os equipamentos de bombeiros alm de vrias alteraes internas de acabamento e compartimentao, de forma padronizada. As Unidades de Resgate transportam materiais e equipamentos que podem ser divididos em 07 grupos, conforme sua finalidade especfica: 1) procedimentos iniciais de socorro; 2) reanimao e oxigenoterapia; 3) curativos e bandagens; 4) imobilizaes; 5) assepsia e limpeza; 6) acessrios; e 7) equipamentos de bombeiro.

UNIDADE DE RESGATE COM OS MATERIAIS DE RESGATE

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Neste ano (2006) o Servio est presente em toda a Capital, na regio metropolitana e em 86 municpios do Estado, totalizando 119 municpios com postos de bombeiros. Mas se considerarmos que, pelos prprios convnios entre Corpo de Bombeiros e Municpios, sua rea de atuao se estende pelos municpios vizinhos, ampliando sobremaneira a quantidade de regies cobertas pelo atendimento de Resgate, para quase todo o Estado. A coordenao em cada regio responsabilidade de cada um dos Grupamentos de Bombeiros (GB) distribudos no Estado, ficando a cargo de um oficial denominado Coordenador Regional de Resgate o acompanhamento tcnico do servio e pessoal, bem como a integrao com as reas da sade envolvidas. Para obter-se as informaes aqui descritas, foram entrevistados vrios personagens citados, cujos nomes esto associados ao servio que hoje representa 70% de todo o atendimento emergencial do Corpo de Bombeiros. Referenciados e reverenciados por esta legio de profissionais que hoje tem a responsabilidade de carregar anonimamente, mas com a mesma dignidade e amor a bandeira que um dia tiveram a ousadia e competncia de erguer. Especialmente ao Cel PM Lemes, Cel PM Jos Carlos, Cel PM Carchedi, Ten Cel PM Arlindo, Ten Cel PM Wilke, Maj Med PM Martini, Cap PM Boanerges que concederam Corporao a honra de contar um pouco dessa histria e que mencionaram outros tantos abnegados que fizeram deste sonho uma realidade, o especial agradecimento, no s da Corporao e seus profissionais, mas das incontveis pessoas que j foram atendidas, salvas e confortadas na hora que mais necessitavam.

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OCORRNCIAS POR GRUPO

0,43% 0,99% 4,65% 20,47%

0,32%

0,31% 0,02% 38,13%

34,68%A C ID EN T ES D E T R SIT O N EM ER G C IA C L N QUED A / SA LT O / EM P UR R OU A M E D E SA LT O (EXC ET O QUED A D E VE O A P ESSOA F ER ID A P OR A R M A / OB JET O LA N D O / J OGA D O OU QUE C A IU E LUTA / B R IGA D E M A O IN GEST / IN A LA / IN JE D E D R OGA / M ED IC A M EN T O / P R OD UT O QU O O O C OM M QUIN A E EQUIP A M EN T OS (EXC ETO VE C OM A N IM A L / IN SET O (EXC ETO A N IM A L A QU IC O) T QUEIM A D UR A F ER IM EN T O C A USA D O P OR P R OD UT O QU

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SUMRIO

Apresentao Introduo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 O servio de resgate do Corpo de Bombeiros O local da ocorrncia Biossegurana Noes bsicas de anatomia Cinemtica do trauma Avaliao de vtimas Oxigenioterapia Reanimao Cardiopulmonar Hemorragias e ferimentos em tecidos moles Traumatismos de extremidades Traumatismos especficos Traumatismos em gestante, idosos e peditricos Queimaduras e emergncias ambientais Intoxicaes Acidentes com animais peonhentos Afogamento Emergncias clnicas I: Dor torxica sbita, acidente vascular cerebral e crise hipertensiva Emergncias clnicas II: emergncia respiratria Emergncia clnicas III: convulso, abdmen agudo e diabetes Parto em atendimento pr hospitalar Movimentao e transporte de vtimas Triagem de vtimas Vtimas com necessidades especiais Distrbios de comportamento Registros e relatrios da atividade de resgate Riscos psicolgicos e fsicos dos servios de Bombeiros Glossrio Referncias Bibliogrficas1 13 19 29 43 70 103 117 136 167 181 214 225 250 254 266 275 287 289 295 312 343 354 361 372 376 386 390

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1SERVIO DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS

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CAPITULO 1 SERVIO DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS1.1. CONCEITOS 1.1.1. SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGNCIAS Um sistema de atendimento de emergncias definido como a cadeia de recursos e servios organizados em uma determinada regio, composta de profissionais capacitados para esse atendimento e coordenados por uma central de operaes com a finalidade de dar resposta s emergncias envolvendo vidas humanas, meio ambiente e patrimnio. Desde j conveniente distinguir o atendimento pr-hospitalar do atendimento de resgate, historicamente utilizados como sinnimos, pois, de fato, apresentam diferenas essenciais. 1.1.2. ATENDIMENTO PR-HOSPITALAR (APH) o conjunto de procedimentos tcnicos realizados no local da emergncia e durante o transporte da vtima, visando a mant-la com vida e em estabilidade at sua chegada unidade hospitalar1. 1.1.3. ATENDIMENTO DE RESGATE a modalidade do Salvamento que, por meio de procedimentos tcnicos padronizados, visa a garantir acesso vtima, fornecer-lhe o suporte bsico vida, retir-la desse local adverso (edifcio em chamas, local elevado, energizado, confinado ou com vazamento de produtos perigosos, presa nas ferragens entre outros) e transport-la ao hospital mais adequado s suas necessidades2. 1.2. COMPOSIO DO SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGNCIAS COM VTIMAS Por vezes, o Atendimento Pr-Hospitalar e o Resgate so praticados ao mesmo tempo, gerando certa confuso, o que impede a distino dos servios por leigos. Um sistema de atendimento de emergncia envolvendo vtimas deve dispor de:

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EID, Carlos A.G.. A diferena de APH e resgate. Disponvel no site: < www.aph.com.br/2002/legislacao.asp > acesso em 05Jul05. Corpo de Bombeiros da PMESP. Histrico do Servio de Resgate no Estado de So Paulo. DOp, 2005.

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Recursos humanos capacitados (qualificao e reciclagens da equipe conforme regulamentao, inclusive de salvamento para os servios que realizam aes de Resgate);

Veculos e equipamentos adequados (seguindo as normas tcnicas, inclusive para equipamentos de salvamento, quando for o caso); Procedimentos operacionais protocolados (protocolo com validade) e dinmicos; Regulao eficiente, mantendo controle de hospitais de referncia adequados natureza do atendimento prestado; Amparo legal (Legislao, convnio etc. permitindo o servio regular); Superviso e interveno mdica distncia ou direta (Unidades de Suporte Avanado terrestre e areo); Comunicao eficiente da central de operaes com as viaturas e com os hospitais de referncia; Registros de atendimentos operacionais de forma interligada com os demais sistemas de atendimento de emergncia; e Suporte cientfico por Universidades e rgos Pblicos com desenvolvimento de pesquisas e programas interdisciplinar de formao profissional.

Qualquer que seja a esfera ou a natureza do sistema, o servio deve oferecer um atendimento de qualidade ao cidado, possibilitando o acesso universal e igualitrio aos servios pblicos de sade. 1.3. GUARNIES DE RESGATE 1.3.1. UNIDADE DE RESGATE (UR): A UR uma viatura equipada com materiais necessrios ao Suporte Bsico de Vida (SBV), com equipamentos de salvamento (terrestre, aqutico e em alturas) para o atendimento de vtimas de acidentes ou vtimas de emergncias mdicas em local de difcil acesso, tripuladas por no mnimo 03 (trs) Bombeiros capacitados. composta pelo comandante de guarnio e auxiliar(es) de guarnio, sendo um deles o motorista. Suporte Bsico de Vida (SBV), a atividade que consiste em procedimentos bsicos de primeiros socorros, excluindo-se as manobras invasivas, com a finalidade de minimizar o sofrimento do acidentado, evitar o agravamento das leses e/ou manter a vida da vtima at a chegada do SAV ou entrega no hospital. Ex: reanimao cardiopulmonar, controle deCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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hemorragias, movimentao e transporte de vtimas, uso de DEA (desfibrilador externo automtico) etc. So competncias operacionais das Unidades de Resgate (UR): determinar a natureza da ocorrncia; realizar triagem de vtimas; prover os nveis de cuidados necessrios para cada vtima; determinar e realizar o cuidado necessrio de acordo com o procedimento especfico; e executar os procedimentos adequados de forma rpida e efetiva. Dever ainda aguardar determinao do Centro de Operaes de Bombeiros COBOM sobre o destino das vtimas, exceto no caso de isolamento completo, ou seja, impossibilidade total de comunicao com o COBOM (rdio e telefone fixo ou celular), tanto a UR ou USA, devendo conduzir a vtima ao hospital da regio mais adequado ao caso e contatando o COBOM assim que possvel. 1.3.2. UNIDADE DE SUPORTE AVANADO (USA) A USA viatura devidamente equipada com materiais necessrios ao Suporte Avanado de Vida, tripuladas por Mdico e Enfermeiro do Sistema Estadual de Sade, e Bombeiros que atuam como motorista e/ou auxiliares de guarnio. Realizam tanto procedimentos bsicos de primeiros socorros como manobras invasivas, com a finalidade de iniciar o atendimento mdico j no local da emergncia. Ex.: intubao endotraqueal, desfibrilao cardaca, uso de medicamentos, etc. Podem ser acionados em apoio s UR ou em primeiro alarme conforme despacho padro do trem de socorro (ex: tentativa de suicdio, acidentes ferrovirios ou metrovirios etc.). So casos indicados para o acionamento da USA: Parada respiratria ou dificuldade respiratria (afogamento); Parada cardaca; Vtima em choque; Politraumatizados graves, cuja estabilizao e/ou transporte demorado; Politraumatizados presos nas ferragens ou locais onde o acesso vtima difcil e demorado (soterramento, desabamento, afogamento); Quando o nmero de vtimas exceder sua capacidade de atendimento; Suspeita de infarto agudo do miocrdio;

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RESGATE E EMERGNIAS MDICAS Vtimas com membros presos em mquinas ou escombros; Amputao traumtica de membros prxima ao tronco; Vtimas com objetos transfixados em regies do corpo; Tentativa de suicdio; Ferimentos penetrantes na cabea e tronco; Glasgow inferior ou igual a 12; e Queda de altura superior a 7 metros.

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Como a USA apoia a UR, cabe ao Mdico regulador decidir se a guarnio de UR deve ou no aguardar a USA antes de transportar a vtima, observando o tempo mximo de permanncia no local aps estabilizao da vtima em 10 minutos. Em situaes que exijam transporte imediato o tempo no poder exceder 5 minutos. Cabe ao Mdico regulador decidir se a USA ser ou no enviada ao local, quando solicitada pela guarnio de UR. A USA poder ser acionada independente da solicitao da UR, por determinao da Regulao Mdica ou do Chefe de Operaes do COBOM. So competncias da Unidade de Suporte Avanado (USA): Estabelecer o Posto Mdico Avanado; Coordenar a triagem de vtimas; Gerenciar a assistncia pr-hospitalar s vtimas; Solicitar apoio de outras unidades; Supervisionar a imobilizao de vtimas; Fiscalizar o transporte de vtimas; e Determinar da unidade de destino, quando no houver orientao do Mdico Regulador na central de Operaes. 1.3.3 UNIDADE DE SUPORTE AVANADO AREA (HELICPTERO):

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Aeronave de asa rotativa, adaptada e equipada de acordo com a legislao correspondente, com equipamentos e materiais necessrios ao Suporte Avanado de Vida, tripuladas por pilotos do Grupamento de Radiopatrulha Area (GRPAe), Mdico do Sistema Resgate e tripulante operacional (Enfermeiro), para prestar assistncia vtimas em local distante ou de difcil acesso de viaturas e que pela complexidade do quadro clnico exijam procedimentos mdicos no local, em apoio s Unidades de Resgate. So condies necessrias para o acionamento do Helicptero, haver luz do dia (do nascer ao pr-do-sol) e presena de viatura de bombeiro no local da ocorrncia ou pessoal capacitado para avaliar a necessidade de apoio areo. Critrios para o emprego do Helicptero: no houver Usa prximo da ocorrncia ou que sua chegada seja demorada; acesso para viatura terrestre estiver dificultado por grandes congestionamentos, inundaes, falta de via trafegvel, grandes ribanceiras; grande distncia entre o local da ocorrncia e o hospital; trajeto terrestre at o hospital estiver dificultado por grandes congestionamentos, inundaes. So responsabilidades das equipes do CB no local quando da recepo aeronave: manter contato com a aeronave via rdio para saber aonde o helicptero ir pousar, seguindo orientao do piloto; isolar o local do pouso para evitar a aproximao de pessoas, carros e animais; manter a viatura em local aberto e com os sinais luminosos acesos, visando facilitar a visualizao pelo piloto; aproximar-se da aeronave pela frente, no campo de viso do piloto, com autorizao da tripulao; aguardar a determinao do mdico relativa movimentao e transferncia da vtima para a aeronave. 1.3.4. MOTOCICLETA OPERACIONAL DE BOMBEIRO (MOB) A MOB um veculo motor de duas rodas adaptada para circulao em emergncia e equipada com materiais necessrios ao Suporte Bsico de Vida (SBV), conduzida por um Bombeiro capacitado e com credenciamento especfico. So empregadas em regies com trafego intenso para chegar mais rapidamente ao local do acidente, visando transmitir informes maisCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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precisos do acidente, isolar e sinalizar o local, auxiliar a fluidez do trnsito para facilitar a chegada de outras viaturas e iniciar o SBV mais precocemente. 1.4. O PROFISSIONAL DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS Para tripular uma viatura de resgate, o profissional selecionado pelo seu perfil, capacitado e atualizado continuamente, pois o espelho do servio prestado pelo Corpo de Bombeiros. 1.4.1. PERFIL DO PROFISSIONAL DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS Todo profissional de resgate deve possuir o Curso de Resgate e Emergncias Mdicas (REM) e ser credenciado pela Escola de Bombeiros e a DOp/CB. Especificamente, dever o sargento possuir o CEP Bombeiros e o motorista, alm da respectiva habilitao pelo DETRAN e autorizao para conduo de viaturas pela Polcia Militar, dever possuir o curso de conduo de viaturas em situao de emergncia (CVSE) para conduzir UR ou USA e o curso de conduo de motocicleta em situao de emergncia (CMSE) para conduzir MOB. Deve ser perfil do profissional de resgate: Condicionamento fsico: necessrio devido s particularidades do servio que exige esforo fsico decorrente do grande nmero de ocorrncias dirias atendidas. Atentar para a segurana do trabalho. Ex: utilizar tcnicas de levantamento de pesos, correo de postura, etc; Boa apresentao pessoal: prpria do policial militar, que traduz organizao. Uma questo de biossegurana, devido ao risco de contaminao com doenas infecto-contagiosas. Destaque para a possibilidade de levar contaminao para a casa atravs do uniforme, que deve ser lavado em separado das roupas da famlia; Discrio e sigilo: no revelar informaes pessoais ou relativas situao clnica da vtima a quem no esteja diretamente envolvido no atendimento da emergncia e que dessas informaes devam ter conhecimento. Ex: vtima que fez uso de drogas; vtimas de trauma envolvidas em casos extraconjugais ou homossexuais, aspectos da doena ou dos traumas apresentados pela vtima; Controlar o vocabulrio: evitar conversao imprpria ou que perturbe ou aborrea a vtima e seus acompanhantes. Evitar o uso de grias e palavras de baixo calo; Estabilidade emocional: ter controle emocional, evitando envolvimento no atendimento da ocorrncia e mantendo-se neutro aos acontecimentos;COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Iniciativa: assumir o controle da situao, adotando as condutas apropriadas e agilizando o acionamento dos recursos necessrios; Amabilidade: compreenso com o sofrimento alheio; tratar as vtimas com respeito e serenidade; Criatividade: quando situaes inesperadas surgirem, ser capaz de diversificar o uso de equipamentos e adaptar as tcnicas existentes para solucionar os problemas, obedecendo-se os limites previstos nos POP RESGATE.

1.4.2. FUNES DOS COMPONENTES DA GUARNIO DE RESGATE Compete ao Comandante da Guarnio e Auxiliar: Inspecionar e testar com ateno todos os materiais e equipamentos, conforme relao padro, e o sistema de oxigenoterapia e aspirao da viatura; Executar passo a passo todas as verificaes, procurando atender aos seguintes princpios; Acessar vtima o mais rpido possvel, atentando s precaues universais; Melhor e mais eficiente atendimento possvel s vtimas; Asseio e preveno de contaminao da equipe e infeco das vtimas; A segurana da equipe, das vtimas e de outras pessoas; Assegurar qualidade do atendimento s vtimas; e Conduzir bolsa com material de primeiros socorros, equipamento porttil de oxigenoterapia, colar cervical, etc, necessrios para os procedimentos na(s) vtima(s). O Comandante da guarnio o responsvel pela rigorosa verificao das condies dos materiais e equipamentos que sero empregados no servio operacional. Compete ao Motorista: Efetuar manuteno de primeiro escalo, conforme POP especfico; Verificar, durante o deslocamento de checagem, rudos anormais, eventuais peas soltas em geral, freios e funcionamento dos rdios mvel e porttil; Conduzir a viatura at o local da ocorrncia, escolhendo o acesso mais rpido, conforme POP de conduo de viatura em situao de emergncia; Estacionamento da viatura de forma a proteger guarnio e vtima (de acordo com POP especfico); Sinalizao e isolamento do local da ocorrncia; e

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Conduzir, ainda, materiais necessrios no atendimento, solicitados pelo comandante da guarnio.

1.5. TRANSPORTE DE VTIMAS: Uma vez determinado o transporte da vtima a guarnio de resgate dever: estabilizar a vtima, transmitir dados ao COBOM; aps orientao do COBOM iniciar o transporte, para o hospital de referncia do Sistema nico de Sade (SUS), conforme POP especfico para cada situao; fixar prancha longa atravs de, no mnimo, trs tirantes; fixar a cabea da vtima para impedir movimentao lateral; prender a prancha longa maca de rodas e fix-la na viatura; estar preparado para a ocorrncia de vmitos; manter temperatura corprea; ministrar O2, conforme POP especfico ; transportar com velocidade moderada e com segurana, escolhendo o melhor trajeto at o hospital; nas situaes que exijam Transporte Imediato, trafegar para o hospital de destino em cdigo de deslocamento 3, evitando curvas (quebras de esquinas), se possvel; manter observao contnua da vtima, incluindo sinais vitais e nvel de conscincia; qualquer alterao no quadro, comunicar ao COBOM; e informar o COBOM ao chegar ao servio de emergncia.

Pertences pessoais da vtima, mesmo roupas e/ou calados ntegros ou danificados, devem ser relacionados em recibo prprio e entregues Chefia de Enfermagem ou pessoa responsvel pela recepo dos materiais, somente no hospital. O Protocolo de Resgate prev o transporte de acompanhantes nos seguintes casos: Vtimas portadoras de necessidades especiais; Vtima com confuso mental; Vtimas com deficincia mental; Vtima idosa; Vtimas RN, bebs e crianas; e

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RESGATE E EMERGNIAS MDICAS Trabalho de parto.

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Nesses casos, o transporte dever ser feito no compartimento traseiro da viatura, com uso de cinto de segurana. Informar a Central de Operaes e qualificar o acompanhante (nome, RG) e registrar em RACB. 1.5.1. AGUARDANDO A CHEGADA DA USA: estabilizar a vtima por completo no interior da viatura seguindo as regras de transporte de vtimas previstas no POP Resgate; manter a vtima sob oxigenoterapia; e no perder tempo com imobilizaes elaboradas diante de situaes de risco de morte para a vtima como, por exemplo, estado de choque ou obstruo respiratria. competncia do Mdico Regulador determinar se a UR (unidade de Resgate): a) aguarda ou no a USA; b) deve ir ao encontro da USA; e c) encaminha a vtima ao hospital de destino. A transferncia de pacientes entre servios de sade, atravs de unidades de UR, no indicada e s poder ser realizada com autorizao do Mdico Regulador em conjunto com o Chefe de Operaes em situao excepcional e justificada. TRANSPORTE IMEDIATO Deve ser identificado como caso de Transporte Imediato: obstruo respiratria que no pode ser facilmente revertida pelas manobras de SBV; parada cardiorrespiratria; evidncia de estado de choque; trauma crnio enceflico; dificuldade respiratria provocada por trauma no trax ou face; ferimentos penetrantes em cavidades; queimadura da face; parto complicado; envenenamento;

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RESGATE E EMERGNIAS MDICAS acidentes com animais peonhentos; e sinais de leses internas geradas por trauma violento.

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PROCEDIMENTO OPERACIONAL PARA O TRANSPORTE IMEDIATO: Informar o COBOM, transmitir dados e solicitar USA para o local. aps recebida a comunicao, o COBOM dever, num perodo mximo de 1 (um) minuto, definir se a UR aguarda a USA ou realiza o transporte imediato; neste intervalo, aplicar, sempre que necessrio, o colar cervical e prancha longa, e remover a vtima para o interior da Unidade de Resgate; efetuar o transporte para o hospital definido em Cdigo 3; os procedimentos complementares de Suporte Bsico devero ser aplicados vtima durante o transporte; e checar continuamente os sinais vitais e condies gerais da vtima durante o transporte. 1.6. SERVIOS DE EMERGNCIA HOSPITALAR: Hospitais da rede pblica de sade ou conveniada, equipada com recursos humanos e materiais para receber a vtima e dar continuidade ao seu atendimento. So classificados em hospitais de nveis primrio, secundrio e tercirio, de acordo com o seu porte e capacidade de atendimento. Os casos mais complexos, em geral, exigem atendimento em hospitais de nvel tercirio, que so melhores equipados (tomgrafos, ressonncia magntica, raios-X, centros cirrgicos etc.) e dispem de recursos humanos (mdicos e enfermeiros especialistas) para essa finalidade. Hospitais Secundrios: so hospitais que possuem os equipamentos exigidos para atendimentos clnicos gerais e traumas especficos e mantm recursos humanos (mdicos especialistas) em regime de sobreaviso, com planto alcanvel. Hospitais Primrios: so hospitais (ambulatrios) para casos que no exijam internao, e sim para tratamento de doenas crnicas ou mesmo casos clnicos leves. Ex.: Unidades Bsicas de Sade. 1.6.1. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS NA CHEGADA AO SERVIO DE EMERGNCIA HOSPITALAR:

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responsabilidade das equipes de Resgate fornecer equipe do servio de emergncia hospitalar, informaes pertinentes ocorrncia e ao atendimento prestado que possam contribuir na continuidade do tratamento desta vtima, tais como: natureza da ocorrncia; dados do local da ocorrncia, como mecanismo do trauma e bitos no local; resultados da anlise primria e secundria; procedimentos efetuados e respostas decorrentes; tempo aproximado decorrido desde o chamado; intercorrncias durante o transporte; e informaes dadas por familiares ou testemunhas relacionadas vtima (uso de medicamentos, problemas de sade, etc.). Bom relacionamento com a equipe do Servio de Emergncia Hospitalar fundamental para melhor atendimento vtima. Respeitar a rotina do Hospital obrigao do socorrista. 1.6.2. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS NO TRMINO DO

ATENDIMENTO: informar ao COBOM o momento da sada da viatura do servio de emergncia hospitalar e o momento da chegada no Posto de Bombeiros; realizar a limpeza e desinfeco dos materiais e da viatura, conforme Procedimento Operacional Padro especfico; repor o material utilizado; contatar o COBOM para a transmisso e obteno de dados para a confeco de relatrio; preencher o relatrio com os dados obtidos no local da ocorrncia, dados obtidos durante o transporte e no hospital; avaliar e comentar o atendimento com os membros de sua equipe; realizar treinamento das situaes que sentirem dificuldades de execuo no momento da ocorrncia; e viatura. comunicar por escrito qualquer problema durante o atendimento. Deve se adotado cuidado redobrado com materiais infectantes durante a limpeza da

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ASPECTOS LEGAIS DO SERVIO DE RESGATE DO CB Alguns aspectos legais que envolvem o Servio de Resgate devem estar claros para os profissionais de resgate: IMPRUDNCIA: expor-se a si prprio e/ou a outrem a um risco ou perigo sem as precaues necessrias para evit-los. Exemplo: imprudente o socorrista que dirige um veculo de emergncia sem colocar o cinto de segurana, ou ainda, excedendo o limite de velocidade permitido na via. IMPERCIA: falta de conhecimento tcnico ou destreza em determinada arte ou profisso. Exemplo: (Medicar) um ato de impercia a aplicao de uma injeo por parte de um socorrista que desconhece os detalhes da adequada tcnica de como faz-lo. Se o socorrista presta assistncia a uma pessoa alm de seu nvel de capacitao e, com isso lhe causa algum dano, incorre em impercia e pode responder penalmente pela leso causada (Ver Art. 13, 2, letra a e Art. 129, 6 do CP). NEGLIGNCIA: descumprimento dos deveres elementares correspondentes a determinada arte ou profisso. Exemplos: negligente o socorrista que deixa de monitorar os sinais vitais de uma vtima traumatizada, durante seu transporte do local do acidente at o hospital (Ver Art. 13, 2, letra a combinado com o Art. 121, 3 - homicdio culposo do CP). negligente o socorrista que deixa de usar EPI. OMISSO DE SOCORRO: capitulada pelo Cdigo Penal no artigo 135 - Deixar de prestar assistncia, quando possvel faz-lo sem risco pessoal, criana abandonada ou extraviada, ou pessoa invlida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou no pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pblica. Exemplo: se o Mdico do Hospital no presta o devido socorro ou no permite que uma vtima de acidente seja atendida em seu Pronto Socorro responde pelo crime de omisso de socorro. PREVARICAO: prevista no artigo 319 do Cdigo Penal - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Exemplo: prevarica quem deixa de encaminhar a vtima ao hospital determinado pelo Mdico Regulador, encaminhando-a a outro nosocmio no adequado ao caso, por ter facilidade de acesso ou de retirada de material. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS LEGAIS: adotar medidas iniciais que garantam primeiramente a segurana do local e da guarnio;

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nos crimes dolosos como homicdio ou leses corporais provocadas por agresses, o socorrista dever preocupar-se simultaneamente com o atendimento da vtima e a segurana da equipe e, em seguida, tomar as devidas providncias policiais cabveis. Se a vtima for autora de crime, dever ser detida e apresentada ao policiamento ostensivo para as demais providncias;

solicitar apoio do policiamento sempre que a situao exigir, visando a segurana do local, do socorrista ou da vtima; alterar o mnimo possvel o local da ocorrncia durante o atendimento, preservando ao mximo as condies das edificaes, dos objetos e dos veculos encontrados;

todo acidente pode gerar um local de crime, razo pela qual dever de todo policial militar preserv-lo para a devida apurao, pela autoridade policial competente para adoo das providncias decorrentes. Para efeito de exame do local de crime, no dever ser alterado o estado das coisas, a no ser que seja absolutamente necessrio.

Entre as causas que justificam a alterao do local esto: necessidade de socorro imediato s vtimas; risco vida para a vtima; risco vida para os socorristas; risco vida para outras pessoas ou risco de novos acidentes; impossibilidade fsica de acesso vtima; e impossibilidade de outra forma de salvamento. crimes de abuso sexual: evitar constrangimento vtima, respeitando sua intimidade e seu estado emocional; violncia contra crianas: o socorrista dever priorizar o atendimento vtima e, se houver identificao do responsvel pela violncia, tomar as medidas policiais cabveis, evitando seu envolvimento emocional. Nesses casos, o socorrista no deve permitir que sentimentos de justia ou revolta prejudiquem o atendimento vtima, mesmo que seja o prprio criminoso. vistoriar o local da ocorrncia aps o atendimento vtima, procurando afastar as situaes de risco; em acidentes de trnsito com vtima, que geralmente so crimes culposos, o socorrista deve atuar de maneira que haja o mnimo de prejuzo para o local.COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

Adotar as seguintes atitudes em situaes especiais como:

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Nesses casos, cabe ao Corpo de Bombeiros, o atendimento vtima e a segurana do local, antes de pass-la para o policiamento ostensivo; deixar o local em segurana aps o atendimento da ocorrncia; quando o local estiver em condies de segurana, o policial militar de maior graduao presente do Corpo de Bombeiros responsvel por passar a ocorrncia para o policiamento no local; fazer croquis do local de crime alterado, anexando uma cpia ao relatrio da ocorrncia RA/CB.

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1.8. RECUSA DE ATENDIMENTO OU TRANSPORTE POR PARTE DA VTIMA E/OU FAMILIARES: O transporte da vtima deve ser sempre efetuado nos casos: adulto consciente e mentalmente capaz que no recuse formalmente o atendimento; vtima inconsciente ou por qualquer meio incapaz de dar sua concordncia; criana ou adolescente, cujos pais ou tutores legais, dem seu consentimento no atendimento ou que no estejam no local da ocorrncia; e vtima com deficincia mental cujos responsveis concitam no atendimento ou que no estejam presentes no local da ocorrncia. 1.8.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA A RECUSA DE

ATENDIMENTO OU TRANSPORTE: O socorrista tem o dever legal de socorrer vtima de acidentes e emergncias clnicas, especialmente se ferida ou em grave e iminente perigo (artigo 135 do Cdigo Penal), adotando os procedimento operacionais de acordo com a situao. Quando a vtima no apresentar reduo da capacidade mental, como nos casos de confuso mental, e, de forma expressa e indiscutvel se recusar a ser socorrida, o socorrista dever verificar se h leses e se estas podem resultar em agravo sade, seqelas ou morte. Aps verificar e certificar-se de que no h leses, o socorrista poder liberar a vtima do atendimento e/ou transporte ao hospital, devendo constar, em RACB, a recusa da parte interessada em ser socorrida e sua conseqente liberao. Contudo, caso certificar-se de que, embora havendo leses, estas no resultem em agravo sade, seqelas ou morte da vtima, o socorrista dever enfatizar a importncia da ida ao hospital para recebimento de atendimento mdico, esclarecer os eventuais resultados das leses e a possibilidade de seu agravamento, e se, ainda assim, a vtima mantiver-se inflexvel na sua deciso de no ser transportada ao hospital para receber o devido atendimento mdico: arrolar pelo menos duas testemunhas; inform-la de que sua recusa ser registrada em BO/PM-TC (Boletim de Ocorrncia Policial Militar Termo Circunstanciado), visando resguardar de ulterior responsabilidade da guarnio e da Instituio; comunicar o fato ao Oficial de Operaes e Oficial de rea; acionar a guarnio de policiamento ostensivo com responsabilidade sobre o local da ocorrncia para registro do fato em BO/PM-TC, constando as informaes daCOLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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vtima, sua recusa, possveis leses e complicaes, a insistncia no atendimento, bem como os dados das testemunhas arroladas; constar no RACB a recusa do atendimento e/ou transporte ao hospital, o nmero do BO/PM-TC e os dados da respectiva guarnio que atendeu a ocorrncia. Caso certificar-se de que h leses que podero resultar em agravo sade, seqelas ou morte da vtima ou que h probabilidade de essas circunstncias ocorrerem em razo de que a leso (sinal) ou o relato da vtima (sintomas) nem sempre revelam a gravidade do trauma ou a extenso da leso, o que pode, porm, ser avaliado em funo do tipo de acidente, o socorrista dever providenciar o atendimento e/ou transporte ao hospital mais adequado, indicado pelo Centro de Operaes, arrolar pelo menos duas testemunhas e informar a vtima de que o fato ser registrado em Boletim de Ocorrncia, visando resguardo de ulterior responsabilidade da guarnio e da Instituio. Dever ainda comunicar o fato ao Oficial de Operaes e Oficial de rea e acionar a guarnio de policiamento ostensivo com responsabilidade sobre o local da ocorrncia: registro do fato em BO/PM-TC, constando as informaes da vtima, sua recusa, possveis leses e complicaes, a insistncia no atendimento, bem como os dados das testemunhas arroladas; solicitar aos policiais militares da guarnio que apresentem a ocorrncia no Distrito Policial para as providncias daquela Instituio; e constar no RACB a recusa do atendimento e/ou transporte ao hospital, a necessidade de pronto socorro, o nmero do BO/PM-TC e os dados da respectiva guarnio que atendeu a ocorrncia. importante lembrar que, quando necessrio, arrolar testemunhas preferencialmente que no sejam parentes da vtima ou pertencentes guarnio. No necessria presena da vtima que recusou atendimento e/ou transporte ao hospital nem das testemunhas para a confeco do Boletim de Ocorrncia, podendo ser convidadas a comparecer Delegacia, se desejarem. dever de todo policial militar conhecer a legislao penal vigente, bem como as normas processuais e administrativas, referente ao exerccio profissional. Lembrar que o excesso no exerccio das funes legais punvel criminalmente. RESTRIO FSICA DE VTIMAS: A restrio fsica de vtimas somente dever ser utilizada como ltimo recurso nos casos de:

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agitao da vtima por distrbio de comportamento que acarretem risco para si ou para a equipe de resgate; e agressividade resultante de hipxia. OPERACIONAL PARA RESTRIO FSICA DE

PROCEDIMENTO VTIMAS

Caso seja necessrio realizar a restrio fsica de vtimas: utilizar tcnicas de restrio de vtimas, previstas no POP especfico; empregar somente a fora necessria para conter a vtima agressiva, sem excessos; (guarnio dever estar bem treinada, a ponto de atuarem juntos, evitando dessa forma que vtima fique se debatendo); orientar a prpria vtima e familiares antes de tomar a deciso de efetuar a restrio mecnica de movimentos; evitar ofensas verbais vtima e atitudes que possam causar constrangimentos, tais como: chave de brao, segurar pelo pescoo (gravata), apoiar joelhos sobre o trax, utilizao de algemas, cordas ou material similar; e precaver-se contra mordidas, agresses e secrees por parte da vtima. O uso de ataduras de crepe, quando mal executado, pode acarretar leses na rea restringida. Acolchoar bem a rea a ser utilizada para restrio e certificar-se de que o procedimento est sendo eficaz. Cuidado com a possibilidade de garroteamento do local restringido. Checar constantemente o pulso distal e perfuso capilar e atentar para a presena de cianose nas extremidades. Lembrar que o uso de camisa de fora proibido por lei. 1.10. CONSTATAO DE BITO EM LOCAL DE OCORRNCIA (BITO EVIDENTE): A constatao de bito competncia mdica, mesmo no local da ocorrncia, exceto nos casos de bito evidente previstos no Protocolo de Resgate. Constatar a morte evidente e comunicar a Central de Operaes, quando houver uma das Seguintes situaes: Decapitao; Esmagamento completo de cabea ou trax com PCR;

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RESGATE E EMERGNIAS MDICAS Calcinao ou carbonizao; Estado de putrefao ou decomposio; Rigidez cadavrica; Apresentao de manchas hipostticas; e Seccionamento de tronco com PCR.

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1.10.1. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA CASOS DE BITO: Cobrir o cadver com lenol descartvel; Solicitar servios competentes para providncias legais; Preservar o local de crime, at a chegada do policiamento local; Preservar as informaes das vtimas, fornecendo-as somente a autoridades; e Preservar a imagem da vtima no permitindo fotos e filmagens pela imprensa.

Respeitar o cadver dever de todo socorrista. Constatado o bito no interior da viatura de resgate, o socorrista jamais poder colocar a vtima novamente no cho sob o pretexto de morte irreversvel. Isto ser um procedimento extremamente contrrio ao Procedimento Operacional Padro do Resgate do CB. Havendo dvida na constatao do bito, iniciar RCP. Uma vez que a vtima esteja no interior da viatura de resgate, conduzi-la em RCP ao hospital ou PS, conforme orientao da Central de Operaes. 1.11. ATUAO CONJUNTA COM PROFISSIONAIS DA REA DE SADE 1.11.1 PARTICIPAO DE MDICO OU ENFERMEIRO NO

PERTENCENTE AO SISTEMA: Considerar como interveno de sade solicitada a interveno de mdico ou enfermeiro no pertencente ao Sistema Resgate e comunicar Central de Operaes a presena de um mdico ou enfermeiro no local. Acatar suas orientaes referentes assistncia e imobilizao da vtima, desde que no contrariem os procedimentos operacionais padro. Anotar o nome completo, nmero de inscrio no CRM ou COREN e telefone do profissional, mediante apresentao do documento profissional. Fazer constar no relatrio os procedimentos adotados pelo profissional. Comunicar o Mdico Regulador quando houver situao de conflito para resoluo.

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Solicitar ao profissional um relato por escrito dos procedimentos adotados, conforme lei de exerccio profissional. 1.11.2. ORDEM CONTRRIA DE AUTORIDADE NO MDICA NO PERTENCENTE AO SISTEMA: Esclarecer a autoridade no mdica quando esta der ordens que contrariem os procedimentos operacionais padro e comunicar e solicitar orientao do Mdico Regulador e do Oficial de Operaes na Central de Operaes quando houver persistncia na ordem incorreta. Comunicar por escrito ao respectivo comandante se houver algum prejuzo vtima ou ao servio decorrente de tal ordem, para que os fatos sejam devidamente apurados. Isolar o local de ocorrncia importante para evitar a interveno de terceiros. 1.11.3. ROTINA HOSPITALAR: Dentro de um hospital existe uma rotina de procedimentos pr-estabelecida pela equipe mdica e enfermagem de planto; No existe a obrigao, por parte do hospital, de priorizar o atendimento prestado pelo Resgate do CB, isto depende da avaliao mdica local; Problemas envolvendo estes profissionais devem ser intermediados pelo Mdico Regulador da Central de Operaes. 1.11.4. APOIO EM LOCAL DE OCORRNCIA: A relao deve ser de cooperao entre as equipes de Resgate e os servios de atendimento pr-hospitalar pblicos e/ou privados, respeitando-se os limites legais de atuao; Adotar os procedimentos operacionais padro especficos no caso de interveno de mdicos e enfermeiros no pertencentes ao sistema; Em ocorrncias em que j houver iniciada a interveno de sistemas de atendimento pr-hospitalar legalizados, apoi-los na atividade de salvamento e atuar na funo policial militar, especialmente, no que couber para a preservao de local de crime e aes de segurana pblica. 1.11.5. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: Questes pessoais no devem interferir no atendimento da ocorrncia. A prioridade deve ser a prestao de um servio rpido e eficaz, o que influenciar na recuperao da vtima.

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1.2. OS DIREITOS DA VTIMA: A seguir, alguns dos direitos da vtima, publicados em cartilha distribuda pela Secretaria Estadual de Sade e adaptada ao Servio de Resgate do CB: A vtima tem o direito de identificar o profissional de sade por nome completo, funo ou cargo e RE; A vtima tem o direito a ser identificada pelo nome e sobrenome. No deve ser chamado pelo nome da doena ou do agravo da sade (Ex: aidtico, tuberculoso, leproso, pinguo, etc.) e; A vtima tem o direito a receber explicaes claras sobre o tipo de atendimento que est recebendo por parte do socorrista. A vtima tem o direito a atendimento humano, atencioso e respeitoso, por parte de todos os profissionais da rea de sade e dos no oriundos da rea da sade; 1.3. LEGISLAES REFERENTES AO SERVIO DE RESGATE Alm da Constituio Federal e da Constituio Estadual, so legislaes que embasam o Servio de Resgate: Decreto-Lei Federal n. 667, de 02 de julho de 1969; Decreto Federal n. 88777, de 30 de setembro de 1983; Lei Estadual n. 616, de 17 de dezembro de 1974; Lei Estadual n 684, de 30 de setembro de 1975; Lei Estadual n. 207, de 05 de janeiro de 1979; Decreto-Lei Estadual n. 217, de 08 de abril de 1970; Decreto Estadual n 7.290, de 15 de dezembro de 1975; Resoluo Conjunta n. 42 , de 22 de maio de 1989; Decreto Estadual n. 38.432, de 10 de maro de 1994.

A Constituio Federal de 1988 manteve a competncia das Polcias Militares e dos Corpos de Bombeiros dentro do sistema de segurana pblica, no artigo 144, pargrafo nico, como segue: Art. 144 - A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos: ...............COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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V - polcias militares e corpos de bombeiros militares. ............... 5 - s polcias militares cabem a polcia ostensiva e a preservao da ordem pblica; aos corpos de bombeiros militares, alm das atribuies definidas em lei, incumbe a execuo de atividades de defesa civil. Quanto legislao infraconstitucional pertinente s Polcias Militares, foi recepcionada pela Constituio Federal, visto que at o momento no se promulgou nova lei. Assim, as atividades e condies dos policiais militares e dos bombeiros militares continuam sendo regidas pelos seguintes embasamentos legais: Decreto-Lei n. 667, de 02 de julho de 1969, alterado pelos decretos-lei n. 1072/69, 1406/75, 2010/83 e 2106/84; regulamentado pelo Decreto n. 88777, de 30 de setembro de 1983 e alterado pelo Decreto n. 95073/87. No mbito estadual, a Constituio do Estado de So Paulo repetiu a Carta Magna no que tange Polcia Militar, j as legislaes infraconstitucionais enriquecem o ordenamento jurdico, especialmente mencionando as Leis n. 616, de 17 de dezembro de 1974 e n. 207, de 05 de janeiro de 1979, e o Decreto-Lei n. 217, de 08 de abril de 1970. Artigo 139 - A Segurana Pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e incolumidade das pessoas e do patrimnio. ................. 2 - A polcia do Estado ser integrada pela Polcia Civil, Polcia Militar e Corpo de Bombeiros. ................. Artigo 141 - Polcia Militar, rgo permanente, incumbem, alm das atribuies definidas em lei, a polcia ostensiva e a preservao da ordem pblica. ............... Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, alm das atribuies definidas em lei, incumbe a execuo de atividades de defesa civil, tendo seu quadro prprio e funcionamento definidos na legislao prevista no 2 do artigo anterior. No mbito estadual, a legislao extensa, disciplinando detalhadamente as competncias da Polcia Militar e do Corpo de Bombeiros, que a integra organicamente. Evidenciam-se alguns artigos que melhor denotam a competncia da Polcia Militar, especialmente por intermdio do Corpo de Bombeiros:COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Decreto-Lei n. 217, de 08 de abril de 1970, que dispe sobre a constituio da Polcia Militar do Estado de So Paulo, integrada por elementos da Fora Pblica do Estado e da Guarda Civil de So Paulo: Artigo 9. - Compete Polcia Militar do Estado: ............... V - prevenir e extinguir incndios; VI - prestar socorros pblicos e proceder a operaes de salvamento; VII - auxiliar a populao nos casos de emergncia ou de calamidade pblica; Lei n. 616, de 17 de dezembro de 1974, dispe sobre a organizao bsica da Polcia Militar: Artigo 2. - Compete Polcia Militar: ............... V - realizar servios de preveno e de extino de incndios, simultaneamente o de proteo e salvamento de vidas humanas e material no local do sinistro, bem com o de busca e salvamento, prestando socorros em casos de afogamentos, inundaes, desabamentos, acidentes em geral, catstrofes e calamidades pblicas; ............... SEO II Corpo de Bombeiros ............... Artigo 39 - O Comando do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar o rgo responsvel perante o Comando Geral, pelo planejamento, comando, execuo, coordenao, fiscalizao e controle de todas as atividades de preveno, extino de incndios e de buscas e salvamentos, bem como das atividades tcnicas a elas relacionadas no territrio estadual. Lei n 684, de 30 de setembro de 1975, que autoriza o Poder Executivo a celebrar convnios com Municpios, sobre Servios de Bombeiros: Art. 1. - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar com os Municpios, inclusive o da Capital, convnios sobre servios de preveno e extino de incndios, de busca e salvamento e de preveno de acidentes, estabelecendo as correspondentes normas de fiscalizao e as sanes a que estaro, sujeitos os infratores. Pargrafo nico - Os convnios a que se refere este artigo obedecero, formalmente, ao mesmo padro e tero em vista as normas que regulam, no Estado, os servios afetos ao Corpo de Bombeiros da Policia Militar.COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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Decreto n 7.290, de 15 de dezembro de 1975, que aprova o Regulamento Geral da Polcia Militar do Estado de So Paulo: Artigo 107 - O Comando do Corpo de Bombeiros (CCB) o rgo responsvel, perante o Comandante Geral, pelo planejamento, comando, execuo, coordenao, fiscalizao e controle de todas as atividades de preveno e extino de incndios e de buscas e salvamentos, bem como das atividades tcnicas a elas relacionadas, no territrio estadual. Pargrafo nico - O Comando do Corpo de Bombeiros executa, ainda, outras atividades policiais - militares, conforme misses particulares que lhe sejam impostas pelo Comando Geral da Polcia Militar. Nota-se, pela legislao estadual anterior ao Projeto Resgate, a ratificao da competncia da Polcia Militar, por meio do Corpo de Bombeiros, para as atividades de busca e salvamento, especialmente no socorro de acidentes em geral. No planejamento do Projeto Resgate, foi elaborada a Resoluo Conjunta n. 42, de 22 de maio de 1989, entre as Secretarias Estaduais de Sade e de Segurana Pblica para dar respaldo legal ao Servio e atribuindo competncias e responsabilidades s Secretarias. Com grande xito e notria aceitao pblica, o Servio de Resgate foi consolidado por meio do Decreto n. 38.432, de 10 de maro de 1994, destinado ao atendimento prhospitalar de urgncias mdicas s vtimas de acidentes e traumas em todo o territrio do Estado, planejado e administrado de forma integrada pela Secretaria da Sade e pela Secretaria de Segurana Pblica, tendo sua operacionalizao atribuda Polcia Militar do Estado de So Paulo, por intermdio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento de Radiopatrulha Area.

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2O LOCAL DA OCORRNCIA

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CAPTULO 02 - O LOCAL DE OCORRNCIA 2.1. A ocorrncia emergencial (incidente) pode ser definida como um evento causado pelo homem ou por um fenmeno natural, que pode colocar em risco a integridade de pessoas, o meio ambiente ou o patrimnio e requer aes imediatas dos Servios de Emergncia. 2.2. CHAMADA DE EMERGNCIA 2.2.1. Dados a solicitar: 2.2.2. Nome do solicitante; 2.2.3. Endereo da ocorrncia; 2.2.4. Dia e hora da ocorrncia; 2.2.5. Condies climticas; 2.2.6. Tipo de emergncia; 2.2.7. Nmero de vtimas; 2.2.8. Riscos potenciais; 2.2.9. Organismos j acionados; e 2.2.10. Necessidade de apoio especializado. 2.3. deslocamento; Revisar, mentalmente, todos os procedimentos iniciais comuns a todas as ocorrncias e os materiais necessrios para a realizao dos mesmos; Preparar-se especificamente para a natureza da ocorrncia em questo (exemplo: em caso de parto de urgncia, relembrar todo o procedimento e ao descer da viatura j carregando o kit de parto); Revisar as funes de cada membro da equipe, que devem estar bem definidas, isto , quem acessa diretamente a vtima, quem verifica os riscos no local do acidente e quem sinaliza o local e transmite as informaes para a Central de Operaes; Paramentar-se adequadamente, calando luvas, culos de proteo para resgate, mscara e avental descartvel; Utilizar EPI adequado natureza da ocorrncia (exemplo: em caso de choque eltrico, utilizar luva para alta tenso, croque isolado).COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

DESLOCAMENTO PARA A OCORRNCIA

Observar o POP de CONDUO DE UNIDADE DE RESGATE durante o

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RESGATE E EMERGENCIAS MDICAS CHEGADA AO LOCAL DA OCORRNCIA Ao chegar ao local da ocorrncia:

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2.4.1. informar a Central de Operaes sobre a chegada e posicionar corretamente a viatura, de modo a: 2.4.1.1. proteger a equipe de trabalho; 2.4.1.2. obedecer o POP de ESTACIONAMENTO DE VIATURA; 2.4.1.3. sinalizar o local, conforme POP de SINALIZAO DE LOCAL DE OCORRNCIA; 2.4.1.4. manter todas as luzes e dispositivos luminosos de alerta da viatura ligados; 2.4.1.5. garantir uma rpida sada do local para o transporte; 2.4.1.6. obstruir o mnimo possvel o fluxo do trnsito, sem comprometer a segurana da equipe; 2.4.1.7. isolar o local para evitar aproximao de terceiros, solicitando policiamento de rea, quando necessrio; e 2.4.2. garantir acesso rpido vtima; 2.4.3. fazer uma verificao inicial rpida do local, observando: 2.4.3.1. presena de algum perigo iminente, afastando-o ou minimizando-o; 2.4.3.2. nmero de vtimas; 2.4.3.3. natureza da ocorrncia, especialmente a cinemtica do trauma para correlacionar com possveis leses; 2.4.3.4. necessidade de apoio de unidades adicionais ou outros servios de emergncias; 2.4.4. fazer um relato prvio a Central de Operaes; 2.4.5. adotar a seguinte postura no contato com a vtima: 2.4.5.1. apresentar-se de forma adequada; 2.4.5.2. identificar-se como socorrista; 2.4.5.3. controlar o vocabulrio e hbitos; 2.4.5.4. inspirar confiana; 2.4.5.5. resguardar a intimidade da vtima; 2.4.5.6. evitar comentrios desnecessrios sobre a gravidade das leses; 2.4.5.7. coibir qualquer forma de discriminao ou segregao no atendimento de uma vtima; 2.4.5.8 permitir a presena de um acompanhante da vtima, desde que no prejudique o atendimento;COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

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RESGATE E EMERGENCIAS MDICAS 2.4.6. efetuar Anlise Primria e Secundria da vtima;

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2.4.7. considerar, em qualquer momento da avaliao da vtima, se h necessidade de SAV no local e solicitar Central de Operaes; 2.4.8. estabilizar a vtima, procedendo s condutas especficas; 2.4.9. transmitir os seguintes dados para a Central de Operaes: 2.4.9.1. sexo e idade aproximada; 2.4.9.2. resultado da anlise primria/secundria, fornecendo obrigatoriamente presso arterial; 2.4.9.3. freqncia cardaca e respiratria, Escala de Coma de Glasgow; 2.4.9.4. quando a vtima encontrar-se estabilizada em condies de transporte. 2.4.10.solicitar Central de Operaes qual P.S. dever ser encaminhada a vtima. 2.4.11.em casos de vrias vtimas, enumer-las, informando o prefixo da viatura que ir socorrer cada uma delas. 2.5. RECONHECIMENTO E AVALIAO DA CENA DE EMERGNCIA Reconhecimento da situao, realizado pelo socorrista no momento em que chega no local da emergncia. O reconhecimento necessrio para que o socorrista possa avaliar a situao inicial, decidir o que fazer e como fazer. 2.6. PASSOS PARA AVALIAR A CENA DE EMERGNCIA

A Avaliao da Cena de Emergncia o estudo rpido dos diferentes fatores relacionados ocorrncia e indispensvel para a tomada de deciso. Deve ser constante e no apenas no primeiro momento, pois os fatores podem alterar-se com facilidade e rapidez. 2.6.1. Trs passos para avaliar uma cena: 2.6.1.1. Qual a situao atua