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Dificilmente pode-se determinar em que momento a sociedade deixou de acreditar no cumprimento das leis, de confiar nas instituições públicas ou de respeitar as autoridades. Mas uma coisa é certa. A falta de referencial abala fortemente a fronteira entre o lícito e o ilícito, tornando “aceitáveis” os atos de improbidade. Gera um contexto de ameaça aos direitos constitucionais, provocando a atuação do MPT no combate a todos os tipos de fraudes perpetradas por administrações públicas federais, estaduais e municipais. 8 A cultura do favorecimento que corrói a cidadania I MPROBIDADE ADMINISTRATIVA PRT5 Notícias – Uma das marcas no início de sua chefia é o combate à impro- bidade na administração pública. Quais as principais irregularidades praticadas na Bahia em gestão de pessoal? Sandra Faustino - Após vinte anos da promulgação da Constituição Federal, alguns gestores públicos ainda resistem ao cumpri- mento do comando contido no art. 37, II, da norma maior, ou seja, para prestar serviços aos entes públicos, salvo as exceções contidas no art. 37, IX, necessário se faz a realização de concurso público, prática democrática que permite a todos a oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos. As práticas mais corriqueiras de afronta a exigência do concur- so público são : a contratação para atividades permanentes da administração pública em regime temporário, a terceirização ilícita prin- cipalmente nas áreas de saúde e educação e convênio com organizações sociais. P – A atuação do MPT/BA nos casos de terceirização vem ganhando espaço, inclusive na mídia. A meta é investigar e regularizar todos os 417 municípios? SF – Sim. Com a interiorização do Minis- tério Público do Trabalho na Bahia estamos presentes em todos os municípios baianos, através dos ofícios que funcionam como subsedes, quais sejam Itabuna, Barreiras, Vitoria da Conquista, Juazeiro, Eunápolis, Santo Antônio de Jesus e Feira de Santana. Estamos mais perto da população e dos pro- blemas e, por conseqüência, conseguimos resultados mais rápidos e concretos. Im- portante destacar o papel do Judiciário Tra- balhista que já percebeu a importância das ações coletivas para as questões macros e de interesse da grande massa de trabalha- dores. A terceirização ilícita nada mais é do que a violação à regra do concurso público, fato que veda o acesso democrático aos cargos e empregos públicos. P – Quantos já estão na mira da instituição? SF – Todos. A maioria com investigações já em curso e outros com a possibilidade de início de investigação o mais breve possível. P – Isso também pode ser creditado ao processo de interiorização do MPT? SF – Sim. Como dito acima sem a inte- riorização não seria possível atuarmos junto a todos os municípios baianos. P – Que outras irregularidades traba- lhistas a senhora considera prioritárias nesta gestão? SF – Meio ambiente do trabalho e tra- balho escravo, discriminação em todos os seus recortes, fraudes nas relações de em- prego, com destaque para o combate às falsas cooperativas, estágios fraudulentos e constituição de falsas pessoas jurídicas e trabalho infantil. P – Metas e ações já estabeleci- das, como a senhora detalharia a me- lhor estratégia para alcançar êxito no trabalho? SF – Articulação com órgãos e institui- ções que lidam com a temática da dignida- de do homem trabalhador, discussão direta e constante com as entidades de classe, atra- vés de fóruns e audiências públicas, educação do homem trabalhador através de cartilhas e campanhas publicitárias e união e solidarie- dade de membros e servidores do Ministério Público do Trabalho na Bahia. “O MPT está mais perto da população, e de resultados mais rápidos” ENTREVISTA - SANDRA FAUSTINO APRENDIZAGEM MPT/BA regulariza a aplicação da lei ENTREVISTA Sandra Faustino conta estratégia para chefiar a PRT5 Notícias Ano 3 Nº 04 Julho / 2008 INFORMATIVO DA PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 5ª REGIÃO - MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO NA BAHIA 7 O caminho legítimo para viabilizar a atuação em defesa dos direitos difusos e coletivos do trabalha- dor brasileiro é facilitar o acesso do cidadão ao MPT, garante San- dra Marlicy de Souza Faustino, procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho na Bahia. Como principais metas de gestão, no período 2007/2009, pretende investir na ambiência interna, informa- tização dos sistemas para otimizar a produção, qualificação dos servidores e apoio integral aos ofícios. E com a experiência de quem está há dez anos na instituição e foi alçada à condição de administradora, ela traça um pa- norama dos primeiros meses na chefia da PRT5.

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Difi cilmente pode-se determinar em que momento a sociedade deixou de acreditar no cumprimento das leis, de confi ar nas instituições públicas ou de respeitar as autoridades. Mas uma coisa é certa. A falta de referencial abala fortemente a fronteira entre o lícito e o ilícito, tornando “aceitáveis” os atos de improbidade. Gera um contexto de ameaça aos direitos constitucionais, provocando a atuação do MPT no combate a todos os tipos de fraudes perpetradas poradministraçõespúblicas federais, estaduais e municipais.

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A cultura do favorecimento que corrói a cidadaniaIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

PRT5 Notícias – Uma das marcas no início de sua chefi a é o combate à impro-bidade na administração pública. Quais as principais irregularidades praticadas na Bahia em gestão de pessoal?

Sandra Faustino - Após vinte anos da promulgação da Constituição Federal, alguns gestores públicos ainda resistem ao cumpri-mento do comando contido no art. 37, II, da norma maior, ou seja, para prestar serviços aos entes públicos, salvo as exceções contidas no art. 37, IX, necessário se faz a realização de concurso público, prática democrática que permite a todos a oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos. As práticas mais corriqueiras de afronta a exigência do concur-so público são : a contratação para atividades permanentes da administração pública em regime temporário, a terceirização ilícita prin-cipalmente nas áreas de saúde e educação e convênio com organizações sociais.

P – A atuação do MPT/BA nos casos de terceirização vem ganhando espaço, inclusive na mídia. A meta é investigar e regularizar todos os 417 municípios?

SF – Sim. Com a interiorização do Minis-

tério Público do Trabalho na Bahia estamos presentes em todos os municípios baianos, através dos ofícios que funcionam como subsedes, quais sejam Itabuna, Barreiras, Vitoria da Conquista, Juazeiro, Eunápolis, Santo Antônio de Jesus e Feira de Santana. Estamos mais perto da população e dos pro-blemas e, por conseqüência, conseguimos resultados mais rápidos e concretos. Im-portante destacar o papel do Judiciário Tra-balhista que já percebeu a importância das ações coletivas para as questões macros e de interesse da grande massa de trabalha-dores. A terceirização ilícita nada mais é do que a violação à regra do concurso público, fato que veda o acesso democrático aos cargos e empregos públicos.

P – Quantos já estão na mira da instituição?

SF – Todos. A maioria com investigações já em curso e outros com a possibilidade de início de investigação o mais breve possível.

P – Isso também pode ser creditado ao processo de interiorização do MPT?

SF – Sim. Como dito acima sem a inte-

riorização não seria possível atuarmos junto a todos os municípios baianos.

P – Que outras irregularidades traba-lhistas a senhora considera prioritárias nesta gestão?

SF – Meio ambiente do trabalho e tra-balho escravo, discriminação em todos os seus recortes, fraudes nas relações de em-prego, com destaque para o combate às falsas cooperativas, estágios fraudulentos e constituição de falsas pessoas jurídicas e trabalho infantil.

P – Metas e ações já estabeleci-das, como a senhora detalharia a me-lhor estratégia para alcançar êxito no trabalho?

SF – Articulação com órgãos e institui-ções que lidam com a temática da dignida-de do homem trabalhador, discussão direta e constante com as entidades de classe, atra-vés de fóruns e audiências públicas, educação do homem trabalhador através de cartilhas e campanhas publicitárias e união e solidarie-dade de membros e servidores do Ministério Público do Trabalho na Bahia.

“O MPT está mais perto da população, e de resultados mais rápidos”ENTREVISTA - SANDRA FAUSTINO

APRENDIZAGEMMPT/BA regulariza a aplicação da lei

ENTREVISTASandra Faustino conta estratégia para chefi ar a PRT5

NotíciasAno 3 Nº 04 Julho / 2008

INFORMATIVO DA PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 5ª REGIÃO - MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO NA BAHIA

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O caminho legítimo para viabilizar a atuação em defesa dos direitos difusos e coletivos do trabalha-dor brasileiro é facilitar o acesso do cidadão ao MPT, garante San-dra Marlicy de Souza Faustino, procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho na Bahia.

Como principais metas de gestão, no período 2007/2009, pretende investir na ambiência interna, informa-tização dos sistemas para otimizar a produção, qualifi cação dos servidores e apoio integral aos ofícios. E com a experiência de quem está há dez anos na instituição e foi alçada à condição de administradora, ela traça um pa-norama dos primeiros meses na chefi a da PRT5.

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Nesta edição, o PRT5 Notícias traz um panorama da atuação do MPT/BA no combate às irregularidades trabalhistas na Administração Pública. Uma das prioridades na gestão da procuradora-chefe Sandra Faustino, como mostra a entrevista da contracapa, garantir a realização de concurso público é uma prática democrática que permite a todos o acesso aos cargos e empregos públicos.

O trabalho do MPT visa reverter a cultura do favorecimento. Corrigir terceirizações ilícitas, impedir a utilização de contratações emergenciais como moeda política, além de bloquear a intermediação de mão-de-obra por cooperativas fraudulentas. A Constituição da República, que em outubro completa 20 anos, traz no art. 37, II, da norma maior, que, para

prestar serviços aos entes públicos, salvo as exceções contidas no art. 37, IX, necessário se faz a realização de concurso público. No entanto, as investigações do MPT dão conta que algumas instituições jamais promoveram processo seletivo desde a promulgação da Carta.

Destaque na edição para a regularização na contratação de aprendizes na Bahia, respeitando os critérios da Lei de Aprendizagem. Ainda, grandes conquistas no âmbito do combate à discriminação no trabalho, combate ao trabalho escravo, trabalho portuário, além do combate ao estágio fraudulento e às fraudes no emprego. E o Forumat, fórum de entidades coordenado pelo MPT, vem ampliando a frente de proteção à segurança e saúde dos trabalhadores. Boa leitura!

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EditorialPRT 5ª REGIÃO - BAHIA

PROCURADORA-CHEFESandra Marlicy de Souza Faustino

PROCURADORA-CHEFE SUBSTITUTAAdelia Maria Bittencourt Marelin

PROCURADORA-CHEFE EVENTUALMaria Lúcia de Sá Vieira

COORDENADOR CODINTitular: Luiz Alberto Teles LimaSubstituto: Pacífi co Antonio Luz de Alencar RochaEventual: Cleonice Maria Rodrigues Moreira

COORDENADOR COINTERTitular: Antônio Messias Matta de Aragão BulcãoSubstituta: Carla Geovanna Cunha Rossi

COORDENADOR ESTÁGIO ACADÊMICOTitular: Adriana Holanda Maia CampeloSubstituta: Janine Milbratz Fiorot

PROCURADORES REGIONAIS DO TRABALHO Adalberto de Castro EstrelaAdelia Maria Bittencourt MarelinAntônio Messias Matta de Aragão BulcãoCarla Geovanna Cunha RossiCícero Virgulino da Silva FilhoCláudia Maria Rego Pinto Rodrigues da CostaEdelamare Barbosa MeloInês Oliveira de SouzaJairo Lins de Albuquerque Sento-séJorgina Ribeiro TachardManoel Jorge e Silva NetoMaria da Glória Martins dos SantosMaria Lúcia de Sá VieiraVirginia Maria Veiga de Sena

PROCURADORES DO TRABALHOAdriana Holanda Maia Campelo Ana Emilia Andrade Albuquerque da SilvaBernardo Guimarães Carvalho Ribeiro (Ofício de Feira de Santana)Carlene de Carvalho Guimarães (Ofício de Eunápolis)Cláudio Dias Lima Filho (Ofício de Vitória da Conquista)Cleonice Maria Rodrigues MoreiraElisiane dos Santos (Ofício de Itabuna)Janine Milbratz FiorotJanine Rêgo de Miranda (Ofício de Juazeiro)Leandro Moreira Batista (Ofício de Itabuna)Luciano Lima Leivas (Ofício de Barreiras)Luís Antônio Barbosa da SilvaLuiz Alberto Teles LimaLuiz Antônio FernandesMarcelo Brandão de Morais CunhaPacífi co Antonio Luz de Alencar RochaPedro Lino de Carvalho JúniorRômulo Barreto de Almeida (Ofício de Santo Antônio de Jesus)Rosângela Rodrigues Dias de LacerdaRuth Pinto Marques da Silva (Ofício de Barreiras)Sandra Marlicy de Souza FaustinoSéfora Graciana Cerqueira Char

O PRT 5 Notícias é uma publicação trimestral do Ministério Público do Trabalho na Bahia (5ª Região). Circulação nacional dirigida, com distribuição gratuita e tiragem de 1.000 exemplares. Autorizada a reprodução do conteúdo, com crédito da fonte.Coordenação editorial: Olenka Machado. Mtb. 17.216/RJRedação: Olenka Machado. e Cristiane Felix (Estagiária)Projeto gráfi co: Marcelo Oliveira – Editoração: OGRO Comunicação e DesignIlustrações: Cau GomezFotos: Acervo PRT5Procuradoria Regional do Trabalho da 5ª RegiãoAv. Sete de Setembro, 308, Corredor da Vitória – Salvador – Bahia – CEP 40.080-001Telefone: 71. 3324-3400Assessoria de Comunicação: 71. 3324-3460 – [email protected] nossa página: www.prt5.mpt.gov.br

O site do Ministério Público do Trabalho na Bahia (www.prt5.mpt.gov.br) oferece, desde junho, um novo canal para o cidadão denunciar irregularidades trabalhistas. A de-núncia é uma forma de participar e não se omitir, colaborando na defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais indisponíveis dos trabalhadores.

Na nova página, os dados são registrados de forma simples e objetiva, o que deve con-tribuir para dar mais celeridade e efi cácia ao processo. Ao clicar no botão DENÚNCIAS, o denunciante deverá preencher os dados no

formulário auto-explicativo, optando ou não por manter a identidade preservada. Em mui-tos casos, o anonimato é uma forma possível de segurança. Completadas as informações, o denunciante vai clicar o ENVIAR e receberá, automaticamente, o número do seu TERMO DE DENÚNCIA.

Com a nova página, o MPT pretende receber as demandas do cidadão de modo individualizado, com segurança e objetivi-dade, prezando pela qualidade das infor-mações como condição do pleno exercício da cidadania.

PRT 5 lança nova página de denúncia no site

MPT de olho na aplicação da Lei de AprendizagemPilares importantes

para promoção da ci-dadania, a qualifi cação sócio-profi ssional e a in-

serção de jovens no mer-cado formal de trabalho

são os objetivos principais da Lei de Aprendiza-gem (Lei no 10.097/2000). Regulamentada em 2005, a lei estabelece critérios para a contrata-ção de adolescentes e jovens, com idade de 14

a 24 anos, como aprendizes. É uma forma de assegurar à nova geração os conhecimentos práticos e teóricos necessários para o desem-penho de uma profi ssão. Promover o primeiro contato com a vivência de um trabalhador.

Garantir a aplicação plena da Lei de Apren-dizagem tem sido um foco prioritário no MPT/BA. Desde novembro de 2000, antes mesmo da criação da lei, a então Coordenadoria Nacio-nal de Combate à Exploração da Criança e do

Adolescente do órgão – Coordinfância – já ar-ticulava ações nesse sentido por meio de uma comissão de procuradores.

Atualmente, além da atuação direta junto a empresas públicas e privadas, fi scalizando o cumprimento da lei, o MPT investe na informa-ção. Participa de seminários e debates sobre o tema, reunindo empresas, órgãos estaduais e instituições federais, estimulando uma frente alternativa de trabalho.

Rescindir contratos irregulares de apren-dizagem, até então nulos de pleno direito, e estabelecer convênios com entidades para intermediação de aprendizes e desenvolvi-mento de programa de aprendizagem. Essas são atribuições comuns aos Termos de Ajus-tamento de Conduta (TAC) fi rmados entre o Ministério Público do Trabalho na Bahia e em-presas e órgãos estatais que desenvolvem o Programa Jovem Aprendiz.

Na condução do processo, atuando no Nú-cleo de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente do MPT/BA, estão os procurado-res Cícero Virgulino da Silva Filho e Edelamare Barbosa Melo, que assumiram o trabalho ini-ciado pelas procuradoras Rosângela Rodrigues Dias de Lacerda e Maria Lúcia de Sá Vieira. O MPT tomou por base o monitoramento inicia-do pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia – SRTE/BA.

Entre as primeiras instituições que as-sinaram os TACs estão: Bahia Pesca S/A; Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás; Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM; Companhia de Engenharia Rural da Bahia – Cerb; Companhia de Desenvol-vimento Urbano da Bahia – Conder; Desen-bahia - Agência de Fomento do Estado da Bahia S/A; Em-presa Baiana de Desen-volvimento Agrícola S/A

– EBDA; Empresa Gráfi ca da Bahia - EGBA e Fundação Luís Eduardo Magalhães – Flem; Sebrae e Voluntárias Sociais. Além de nove empresas privadas que também assinaram os termos de ajustamento, até o fi nal de ju-lho: Santana Drogaria S/A, Carballo Faro & Cia, Intermarítima Ltda, Cerealista Monteiro Ltda, Deten Química Ltda, Bompreço Bahia S/A, Esporte Clube Bahia S/A e Vitória S/A.

Os termos assinados obrigam as empre-sas a realizar contratação de seus aprendizes como determina a Lei de Aprendizagem. A adequação implica, primeiramente, na resci-são de todos contratos em vigor (em prazos específi cos para cada contratante), já que estavam fora dos parâmetros legais. Passam a ser celebrados com entidade sem fi ns lu-crativos, registrada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA, que tenha por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profi ssional.

A partir daí, cabe à empresa ou órgão mo-nitorar a assinatura das Carteiras de Trabalho e Previdência Social dos aprendizes pela enti-dade sem fi ns lucrativos e manter em arquivo os contratos de aprendizagem celebrados.

Contratação de aprendizes é regularizada na Bahia

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público do Estado da Bahia (MPE) firmaram parceria para promover ações integradas e diagnos-ticar os principais problemas referen-tes à saúde e educação no município baiano de Itabuna. No dia 11 de julho, os representantes estaduais e locais dos órgãos parceiros participaram da audiência pública que apresentou à so-ciedade o Programa MP e os Objetivos do Milênio: Saúde e Educação.

A cerimônia foi realizada no auditó-rio da Faculdade de Tecnologia e Ciên-cias – FTC, e contou com a presença da procuradora-chefe do Ministério Públi-co do Trabalho na Bahia, Sandra Fausti-no, e do procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia, Lidivaldo Britto.

A participação do Ministério Públi-co do Trabalho, conduzida pela procu-radora Elisiane dos Santos, do Ofício do MPT em Itabuna, tem como foco a sensibilização da comunidade escolar aos prejuízos que o trabalho precoce traz ao desenvolvimento integral da criança e do adolescente, contribuin-do para a perpetuação da miséria. “A ação conjunta de uma frente de traba-lho dos Ministérios Públicos e socie-dade civil vai gerar um reforço efetivo no combate à exploração do trabalho infantil na região”, garante a procura-dora do MPT.

Parceria com MPE reforça combate ao trabalho infantil em Itabuna

Quatrocentos mil. Esse é o número de jovens baianos de-sempregados em todo o Estado, segundo pesquisa da Superintendên-

cia de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), realizada em 2007. A predominância é de negros (85%) e mulheres (55%). Atualmente, dois programas principais aplicam a

lei no Estado: o Projeto Juventude Cidadã, ligado à Agenda Bahia para o Trabalho Decente, e o Programa Escola de Fábrica. Ambos federais, desenvolvidos na Bahia em parceria com o governo estadual. Juntos, criaram, no ano passado, 11.465 vagas em todo o Estado - sendo 10.665 do Juventude Cidadã (3.600 em Salvador) e 800 do Programa Escola de Fábrica.

PANORAMA NA BAHIA

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O Escritório de Ad-vocacia Aury Silva e Moraes S/S fi rmou um Termo de Ajustamen-

to de Conduta (TAC) com o Ministério Público

do Trabalho, comprometendo-se a regularizar as contratações de 29 estagiários que hoje prestam serviços na unidade de Salvador. A empresa corrige a utilização da atividade extracurricular de forma desvirtuada, que ge-rou irregularidades na jornada dos estágios e anotação incorreta nas carteiras de trabalho.

O Ministério Público do Trabalho entende que a utilização da atividade extracurricular de

forma desvirtuada, sem o acompanhamento e supervisão da instituição de ensino, frauda a lei e fere a proposta de aprendizagem. Mas-cara uma relação de emprego sem assegurar ao estagiário os direitos sociais destinados ao empregado. Salário mínimo legal, FGTS + 40%, aviso prévio, repouso semanal remu-nerado, previdência social, férias + 1/3, 13o salário, horas extras e vale-transporte estão entre os direitos lesados.

O TAC foi conduzido pela procuradora do MPT Cleonice Maria Rodrigues Moreira, assinado em maio, e prevê que, em caso de descumprimento das obrigações, o Aury Silva e Moraes vai arcar com uma mul-

ta equivalente a R$ 10 mil, por obrigação, acrescida de R$ 1 mil por estagiário encon-trado em situação irregular. Todos os valores serão revertidos ao FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador.

O foco da atuação do MPT no combate ao estágio fraudulento tem sido não só as or-ganizações públicas e privadas que utilizam a mão-de-obra dos estagiários, como também as instituições de ensino. Importante ressal-tar que a Lei no 6.494, de 7 de dezembro de 1977 e o Decreto no 87.497, de 18 de agosto de 1982, tratam do estágio curricular super-visionado e não autorizam a realização de es-tágio extracurricular.

Um acordo fi rmado entre o Ministério Pú-blico do Trabalho e a Faculdade de Ciências da Bahia – FACIBA garantiu que a instituição de ensino regularizasse a contratação dos profes-sores que hoje atuam como prestadores de serviço, além de abster-se de contratar profi s-sionais para a atividade-fi m da instituição sem vínculo empregatício. Após investigação de denúncia, o MPT comprovou que a contrata-ção de professores do quadro permanente de ensino vinha ocorrendo irregularmente há mais de cinco anos. Conduzido pelo procurador do MPT Pedro Lino de Carvalho Júnior, o acordo estabelece a regularização das relações, com registro de contrato de trabalho e restituição das verbas trabalhistas.

Como agravante ao fato, o contrato impos-

to anteriormente aos professores exigia que o profi ssional se comprometesse a não entrar na Justiça contra a instituição em questões tra-balhistas, evitasse o uso de fumo e bebida al-coólica e não se manifestasse em sala de aula sobre ideologias políticas ou religiosas. “Como se não bastasse a fraude na utilização de con-trato civil para mascarar relações de emprego, a instituição não titubeou em interferir na vida privada dos docentes e impor restrições à li-berdade de cátedra”, critica Pedro Lino.

O Ministério Público do Trabalho e a So-mesb (Faculdade de Tecnologia e Ciência – FTC) fi rmaram acordo regularizando dívida relativa ao descumprimento do ajuste de conduta da faculdade, celebrado em 2003. Alvo de uma ação civil pública trabalhista, a FTC acumulou um débito de R$ 1,278 mi-lhão (um milhão duzentos e setenta e oito mil reais), que estão sendo pagos na forma de publicações, equipamentos e bolsas na instituição de ensino.

DIREITOS DO TRABALHADOR - Conduzi-do pelos procuradores do MPT/BA Sandra Faustino (procuradora-chefe), Maria Lúcia de Sá Vieira e Pedro Lino de Carvalho Jú-nior, o acordo garantiu a entrega de 10 mil

cartilhas sobre os direitos do trabalhador, produzidas pela FTC, com conteúdo forne-cido pelo MPT. O trabalho correspondeu ao valor de R$ 28 mil. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT/BA) receberá 315 computa-dores e 140 impressoras, em valor relativo a R$ 825.860 (oitocentos e vinte e cinco mil e oitocentos e sessenta reais).

Ainda, a FTC deverá conceder, durante o ano, 80 bolsas integrais de estudo, distribuí-das para os agentes comunitários de saúde, sendo 40 para os cursos de Tecnologia em Segurança do Trabalho e Biologia e 40 para quaisquer dos cursos da instituição. Nesse caso, o valor corresponde a R$ 424.140 (quatrocentos e vinte e quatro mil e cento e quarenta reais).

Na Bahia, a ação do Núcleo de Combate às Irregularidades Traba-lhistas na Administra-

ção Pública tem à frente a procuradora Janine Mil-

bratz Fiorot, na coordenação, além dos pro-curadores lotados nos ofícios, de ampla atu-ação. Marca na gestão da procuradora-chefe Sandra Faustino, o combate à terceirização ilícita impede a violação à regra do concurso público. Determina a Constituição Federal, no art. 37, II, que para prestar serviços aos entes públicos, salvo as exceções contidas no art. 37, IX, é necessária a realização de concurso público, ampliando aos cidadãos o acesso aos cargos e empregos públicos.

A atuação dos procuradores tem sido os-tensiva, com investigações em municípios e órgãos do governo estadual, onde a terceiri-zação atinge sempre mais da metade do qua-

dro de servidores. De acordo com a procu-radora-chefe do MPT/BA, até 2009 todos os 417 municípios baianos serão investigados. Os dados de 2007 mostram 230 municípios investigados, a maioria com atuação judicial (Ação Civil Pública), sendo que 61 prefeitos assinaram Termos de Ajustamento de Condu-ta (TAC), fechando um prazo para regularizar as contratações.

No âmbito do Estado, cerca de 30 instituições estão sendo investigadas na administração pública indireta, como em-presas públicas, autarquias, fundações e sociedades de economia mista. Em

muitos casos, foi mantida a atuação ex-trajudicial, firmando TACs, a exemplo da Agência de Fomento do Estado da Bahia S/A – Desenbahia.

NOVOS CONCURSOS - Como saldo po-sitivo do trabalho do núcleo baiano, tanto a já citada Desenbahia como a Empresa Baiana de Águas e Saneamento - Emba-sa já anunciaram a abertura de concurso público, no caso da Embasa com aproxi-madamente cinco mil vagas. Também na mira das investigações por contratação irregular estão instituições como Bahia Pesca, Fapesb, Conder, Uefs, Irdeb, Adab e Fundação Pedro Calmon. “É preciso uma conscientização do Executivo, Legislativo, sindicatos e atores sociais envolvidos, para resolver o problema”, sintetizou a procura-dora Adriana Campelo, que também inte-gra o núcleo.

Contratação irregular

na mira do MPT

O poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht sublinhou: “Nada é impossível de mudar. Desconfi ai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual”. Bem que poderia ser essa a tradução do sentimento que apóia a atuação dos procuradores do MPT no combate às irregularidades trabalhistas na Administração Pública.

Lutam contra terceirizações ilícitas, cooperativas fraudulentas, contratações emergenciais como moeda política... Uma cultura dos que “levam vantagem”, lamentavelmente cada vez mais encarada como normal, mas que degenera

instituições e prejudica a sociedade.

Até 2009, todos os 417

municípios baianos serão investigados.

TAC corrige estágio fraudulento em escritório de advocacia

Acordo exige contratação legal de professores da Faciba

MPT converte multa em equipamentos, cartilhas e bolsas da FTC

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Núcleo de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente

Núcleo de Combate às Fraudes na Relação de Emprego

Núcleo de Promoção da Igualdade de Oportunidadese Eliminação da Discriminaçãono Trabalho

Núcleo de Combate ao Trabalho Escravo e Meio Ambiente do Trabalho

Núcleo de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Administração Pública

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Um acordo fi rmado entre Ministério Público do Trabalho e a empresa JCX dos Santos levou à grande imprensa um alerta sobre o assédio sexual no ambiente de trabalho. Da-

dos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que 52% das brasileiras já sofre-ram assédio sexual. A conduta se apresenta em forma de insinuações, contatos físicos forçados, geralmente como uma condição para dar ou manter o emprego e conceder promoções. Caso a vítima ofereça resistência, quase sempre passa a ser intimidada, humilhada ou insultada.

O MPT recebeu denúncia de três emprega-

das da empresa de representações, que leva-ram o procurador Manoel Jorge e Silva Neto a ajuizar a Ação Civil Pública (ACP) que transitou na 11a Vara do Trabalho de Salvador, sob a dire-ção da juíza Cecília Pontes Barreto Magalhães. Em audiência no dia 23 de julho, a negociação resultou em acordo que obrigou a publicação de nota de retratação nos jornais A Tarde e Tribuna da Bahia, nas edições de sábado e domingo.

O texto da nota traz esclarecimentos sobre o direito à intimidade e liberdade sexual dos tra-balhadores e trabalhadoras e informação de que a prática do assédio sexual é crime previsto no artigo 216-A, do Código Penal Brasileiro. Na pes-quisa da OIT, entre os inconvenientes sofridos pe-

las vítimas, 4% das mulheres assediadas sofrem piadas e brincadeiras de conteúdo pornográfi co, 29% reclamam da exibição de material indecen-te e 26% delatam tentativas de contato físico por parte de chefes. O Código Civil prevê pena de um a dois anos de reclusão e ação indenizatória.

No entanto, o silêncio tem sido a opção mais adotada por medo de comprometer o em-prego. Muitos casos culminam com um pedido de demissão pela vítima, abandono de empre-go, rescisão indireta ou até despedida por justa causa do empregador. Ainda, as mulheres são vítimas mais freqüentes de assédio (99%), mas o crime pode ser praticado por ambos os sexos, contra pessoas de outro sexo ou do mesmo.

A Codeba – Companhia de Docas do Es-tado da Bahia foi condenada pela Justiça do Trabalho a deixar de contratar mão-de-obra terceirizada para serviços ligados às ativida-des fi nalísticas e permanentes da empresa, abrangidas pelo plano de cargos e salários. A partir de agora, só poderá contratar após aprovação em concurso público. A decisão, proferida pela juíza Marúcia da Costa Belov – 30a Vara do Trabalho de Salvador, julga pro-cedente a Ação Civil Pública (ACP) ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho e deter-mina ainda o pagamento de indenização de R$100 mil por danos morais.

Entre as atividades que tiveram trabalha-dores contratados de forma irregular estão: guarda portuário, técnico em informática,

atendente, mecânico de refrigeração, opera-dor de reprografi a, mensageiro, técnico em telecomunicações, eletricista, mecânico e motorista. Além dos R$ 100 mil que devem ser pagos como indenização por danos morais difusos e coletivos, a Codeba deve arcar com multa no valor de R$10 mil por trabalhador que for contratado em contrariedade à con-denação. Os valores serão revertidos ao FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador.

A condenação veio reforçada por tutela antecipatória, visando coibir de imediato as contratações realizadas até agora. Segundo o procurador do MPT Luís Antônio Barbosa da Silva, autor da ACP, a medida regulariza todo o quadro funcional da empresa, que administra os Portos de Salvador, Aratu e Ilhéus.

Empresa é obrigada a publicar nota contra assédio sexual

O Ministério Público do Trabalho ajui-zou uma Ação Civil Pública (ACP) contra o Banco Bradesco S/A, por discriminação estética e racial. De acordo com o procu-rador do MPT Manoel Jorge e Silva Neto, autor da ACP, a empresa proíbe o uso de barba pelos empregados, além de impor normas com relação às bancárias, “que não podem usar cabelo natural quando se tratam de pessoas de diferentes ra-ças que não a branca”, como confirma o depoimento de um trabalhador do banco, testemunha na ação.

Caso a ACP que tramita na 7ª Vara do Trabalho de Salvador seja julgada proce-dente, o banco deverá arcar com uma multa diária de R$ 2 milhões, em caso de descumprimento das obrigações. Condenado em sentença final, o Bra-desco vai arcar com uma indenização por dano moral de R$ 100 milhões, referente à discriminação por traço estético, e R$ 100 milhões em virtude da prática de racismo. Os valores serão revertidos a instituições filantrópicas com sede e administração na Bahia, indicadas na sentença.

A discriminação com base em traço estético foi alvo da atuação do MPT em shopping centers de Salvador, quando diversos estabelecimentos fi rmaram ter-mos de ajustamento de conduta (TACs), comprometendo-se a corrigir a prática ilegal. O procurador explica que “usar ou não barba, cavanhaque, bigode ou costele-ta não mostra nenhuma relação com maior ou menor efi ciência no tocante à prestação

de trabalho”. Exceção a casos de segurança em plantas industriais, quando a vedação ao uso de barba está vinculada à proteção da saúde e segurança dos trabalhadores. Com a barba, a colocação de máscaras contra o vazamento de gases tóxicos impede total aderência ao rosto.

No caso da conduta no Bradesco, agrava-da pelo indicativo de racismo, a ACP ajuizada por Manoel Jorge e Silva Neto obriga o banco a publicar no

primeiro caderno de um dos jornais de maior circulação no Estado da Bahia, e em todas as redes de televisão aberta, em âmbito nacional, em horário anterior ao principal jornal de infor-mações de cada rede, a mensagem:

“BRADESCO S/A, em virtude de condenação imposta pela MM. (...) Vara do Trabalho de Salvador, conforme determinação contida em decisão prolatada em ação civil pública sob no (...), propos-ta pelo Ministério Público do Tra-balho na Bahia, registra que a

Constituição de 1988 refere que são direitos de todos os tra-

balhadores brasileiros a pre-servação de sua dignidade e proteção contra qualquer prática discriminatória, espe-cialmente aquelas de cunho estético, cumprindo salientar ainda que o BRADESCO S/A, ao reconhecer a ilicitude do seu comportamento relativo

à proibição de que seus tra-balhadores do sexo masculino

usassem barba, bigode, cava-nhaque e costeleta, vem a públi-co esclarecer que alterou o seu Manual de Pessoal para incluir expressamente tal possibilida-de, porque entende que o di-reito à construção da imagem física é direito fundamental de todo trabalhador brasileiro.”

MPT atua contra Bradesco por discriminação a barba e cabelo afro

Codeba é condenada por terceirização ilegal de mão-de-obra

A Constituição Federal garante: O meio ambiente do trabalho seguro e adequado é direito fundamental do trabalhador. Os estudiosos e defensores das relações de trabalho sustentam: todos os acidentes poderiam ser evitados com a adoção de uma conduta adequada, com antecedência e responsabilidade. Com base nesses princípios, o Fórum de Proteção ao Meio Ambiente do Trabalho – Forumat Bahia vem desenvolvendo atividades que visam à melhoria do meio ambiente do trabalho, segurança e saúde dos trabalhadores, preservando um ambiente ecologicamente equilibrado.

O Forumat é presidido pelo MPT/BA, sob coordenação da procuradora do trabalho Ana Emilia Albuquerque, e congrega instituições públicas e não-governamentais, atualmente com 25 representantes no Conselho Deliberativo. Entre os destaques na atuação do fórum, em abril aconteceu o Seminário em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. A sede do MPT reuniu representantes do MPT, SRTE, TRT, Fundacentro, Cesat, INSS, UFBA, Cremeb, entre outros organismos, marcando o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho - 28 de abril.

Em junho, o evento Saúde, Trabalho e Meio Ambiente em Postos de Revenda de Combustíveis a Varejo da Bahia abriu espaço para os trabalhadores do ramo, donos de postos, sindicalistas e representantes de órgãos públicos compartilharem experiências, propondo ações para um meio ambiente de trabalho saudável e seguro nos postos. Também o ramo químico e petroleiro fez do dia 17 de junho o DIA D, de denunciar as irregularidades trabalhistas. Urnas foram espalhadas em locais estratégicos, para receber os formulários formatados para a ação, assim como o site do Forumat.

Forumat abre frente de defesa à saúde

do trabalhador

Trabalhadores são resgatados em fazenda no oeste baiano

CODIN EM AÇÃO

O Ministério Público do Trabalho, em par-ceria com o Ministério do Trabalho e Emprego, fl agrou um grupo de dez trabalhadores rurais em condições análogas a trabalho escravo, em maio, na Fazenda Ramalho II, município de For-mosa do Rio Preto. Localizada na região limítro-fe ao município de Riachão da Neves, a fazenda produz milho e é um desmembramento da área conhecida como Fazenda Gameleira.

De acordo com o coordenador do Ofício do MPT em Barreiras, procurador Luciano Leivas, os trabalhadores eram man-tidos em servidão por dívidas (em depoimento, empregado contou que foi contratado já devendo 600 reais ao patrão), trabalhavam sem equipamentos de proteção (EPI), alimentação precária e consu-miam água em condição totalmen-te inadequada. A jornada de trabalho extrapolava 12 horas, dormiam no chão, não tinham local para preparar as

refeições e eram obrigados a fazer necessida-des fi siológicas no mato.

Após o fl agrante, os trabalhadores foram resgatados e transportados para Barreiras, onde receberam as rescisões, cerca de R$ 685 para cada. Recebido o relatório da fi sca-lização do MTE, o MPT vai convocar o admi-nistrador da fazenda e propor um termo de ajustamento de conduta (TAC), regulari-zando as relações de trabalho.