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Segurança é energia nas águas do MadeiraSISTEMA dE GESTão dA uSINA HIdrEléTrICA dE SANTo ANTôNIo: CoMProMISSo E TrABAlHo

PORPAtríciAPontes (Viajou a Rondônia a convite da Santo Antônio Energia)

FOTOSclerismuniZ/AGênciAimAGemneWs

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No último mês de dezembro, a reportagem da revista Cipa foi conhecer o programa integrado de segurança do trabalho e de saúde ocupacional desenvolvido no can-teiro de obras da Usina Hidrelé-trica de Santo Antônio, um dos maiores empreendimentos do Pro-grama de Aceleração do Cresci-mento (PAC), do governo federal, com um investimento estimado em 15 bilhões de reais.

Com cerca de 18 mil traba-lhadores, a construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio teve início em setembro de 2008 e marca um período de grandes obras no País.

Serão até 2015, data previs-ta para conclusão do empreendi-mento, 44 geradores em operação, com possibilidade de ampliação de mais seis. A concessão para utilizar os recursos hídricos é de 35 anos. A Usina Hidrelétrica de Santo An-tônio será uma das quatro maiores hidrelétricas do Brasil, com 2.218 Mega Watts de energia assegura-da, podendo chegar a 3.000 MW correspondendo a 4% da produção total do País. Em outras palavras, a energia gerada pela Santo Antônio atenderá cerca de 40 milhões de pessoas.

O desafio do Rio Madeira, na parte que atinge a cidade de Por-to Velho, no Estado de Rondônia, exigiu dos experientes constru-tores revisar todos seus concei-tos técnicos e tecnológicos para vencer o desafio de gerar energia com o menor impacto ambiental admissível e, dessa forma, atender à demanda nacional de as imposi-ções internacionais definidas nos Princípios do Equador (vide box, página 58).

sAntoAntônioenerGiA

A Santo Antônio Energia é uma empresa criada para gerenciar e fu-turamente operar a Usina Santo An-tônio. Ela foi fundamentada com base nos Princípios do Equador, um conjunto de regras, normas e ações criadas para financiar grandes proje-tos (acima de 10 bilhões de reais) por entidades financeiras internacionais.

O gerente de Saúde e Segurança do Trabalho, Marcelo Pires Ferreira Prado, esclarece que para os Princí-pios do Equador são muito visados a área de segurança, saúde do tra-balho, meio ambiente, segurança de imagem, responsabilidade social e chega a ser muito mais restritivo que a própria legislação brasileira.

“Existe um apelo muito forte para a questão social. A Santo An-tônio entrega um relatório semestral com mais de mil páginas e a cada três meses somos auditados pelos bancos. Nossa responsabilidade não termina com o início da geração de energia. Se durante os 35 anos de

contrato houver uma não conformi-dade grave pode haver a antecipação da cobrança da dívida. Os bancos também auditam os nossos contrata-dos”, completa Prado.

Atualmente a concessionária Santo Antônio Energia conta com o Consórcio Construtor Santo Antô-nio formado pelo Consórcio Santo Antônio Civil (CSAC) – Constru-tora Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez –, Odebrecht Montagem e pelo Grupo Industrial do Comple-xo Rio Madeira (Gicom) – Alstom, Andritz, Bardella, Siemens e Voith. O CSAC é responsável pelo forne-cimento do projeto, das obras civis, dos equipamentos eletromecânicos, montagem eletromecânica e comis-sionamento da Usina.

Há também subcontratadas, que atuam dentro e fora do canteiro da usina, em obras complementares e de supressão vegetal num total de mais de 20 empresas. Pelo menos 80% dos trabalhadores são compos-tos por mão de obra local que, além de contar com uma rede de serviços estruturada para atendê-los, foram capacitados por meio do Programa de Qualificação Profissional Conti-nuada - Acreditar. Foram formados cerca de 36 mil profissionais nas áreas de mecânica, elétrica, opera-ção de máquinas, construção civil. Atualmente, o projeto é visto como referência pelo Governo Federal.

Marcelo Pires Ferreira Pra-do, gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Santo Antônio Energia

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impactoecompensaçãoambiental

A construção da Usina Hidrelé-trica Santo Antônio trouxe progresso para a cidade de Porto Velho e impac-tos ambientais à fauna, flora e meio social, embora muito menor que o de outras Usinas Hidrelétricas. Como forma de compensar o dano causa-do, programas e obras de compensa-ção foram elaborados e implantados desde 2008. Nos seis anos que ante-cederam a construção foram realiza-dos estudos de viabilidade técnica e ambiental do projeto, que geraram o PBA (Projeto Básico Ambiental). Esse fato, junto com as demais provi-dências tomadas coloca a UHE Santo Antonio como referência de aprovei-tamento hidrelétrico sustentável. Fo-ram empenhados 1,3 bilhão de reais nas ações de sustentabilidade.

As primeiras obras realizadas fo-ram as de reassentamentos, iniciadas em 2008. Hoje, praticamente todas as 1.800 famílias estão reassentadas. Foram 570 milhões de reais investi-

dos em sete reassentamentos rurais e urbanos: Vila Teotônio, Riacho Azul, São Domingos, Parque dos Buritis, Santa Rita, Morrinhos, Novo Enge-nho Velho. Todos possuem energia elétrica, Estação de Tratamento de Água (ETA), escola, posto de saúde, igreja (evangélica e católica) e área de lazer.

Muitos melhoraram de vida. Cada um recebeu de acordo com o que possuía e o valor estimado da produção (quando houvesse) ao lon-go de 1 ano ou mais. Foram reassen-tados em sítios ou em casas (estilo urbano). As terras foram legalizadas com documentos de propriedade, atendendo os trâmites legais.

Entre os programas de compen-sação social e ambiental destacam-se a construção do Hospital Regional Cacoal a 500 km de Porto Velho, a do Hospital de Base de Porto Velho, a Escola Municipal Tucumã, a Esco-la Municipal Flamboyant, a Escola Municipal Pé de Murici, o Centro de Tratamento de Animais Silves-tre (CETAS), o financiamento para

estudos dos mosquitos, tartarugas e peixes, além de trabalhos de arqueo-logia e paleontologia. A Santo Antô-nio também dá apoio às comunidades indígenas, embora estas não tenham sido impactadas pela construção da usina, atendendo uma solicitação do IBAMA. Além disso, cerca de 0,05% do empreendimento é utilizado como unidades de conservação por meio de Parques e Unidades Nacionais.

Há ainda a Compensação Finan-ceira pela Utilização de Recursos Hídricos para Geração de Energia Elétrica (CIFUR), pagamento que a Usina Santo Antônio fará pelo uso da água. São cerca de 87 milhões de reais por anos pagos ao estado, mu-nicípio e União.

escolhadaturbina

Durante os estudos de implanta-ção da Usina Santo Antônio, a turbi-na tipo Bulbo foi escolhida por me-lhor atender as necessidades locais e ambientais da região. Segundo o engenheiro ambiental Nelson Alves, essa turbina viabilizou a construção da usina do ponto de vista socioam-biental.

O mesmo empreendimento já tinha sido estudado há muitos anos e abandonado por não haver uma tecnologia como a da turbina Bul-

Reassentamento Parque dos Buritis

Turbina tipo bulbo

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bo. “Se observarmos a topografia da região, não haveria condições de implantar outro tipo turbina, pois alagaria os arredores. Na verdade, a área alagada em relação à geração será uma das menores relações do mundo 0,07 km² por MW gerado. As águas subirão apenas 2 metros acima da margem esquerda. O dano ambiental será mínimo.”

Esse tipo de turbina lembra um submarino. A turbina bulbo (ou bol-bo) é uma turbina Kaplan conectada diretamente pelo eixo a um gerador, que é envolto por uma cápsula her-mética. O conjunto fica imerso no fluxo d’água.

A turbina Bulbo horizontal é colocada embaixo da barragem, proporcionando melhor rendimen-to e trabalhando a água por vazão e velocidade, diferente da turbina Francis, utilizada em Itaipu, que trabalha por peso e altura. A pró-pria velocidade da água movimenta a turbina.

GestãodesstmA

A equipe de profissionais da área de Segurança, Saúde do Trabalho e Meio Ambiente (SSTMA) da Santo Antônio Energia é composta de 15 profissionais, entre técnicos e au-xiliares de segurança do trabalho, analista em meio ambiente e assis-tente social que acompanham todo o trabalho realizado nas frentes de serviço do canteiro da Usina Santo Antônio (UHE), margem direita e esquerda; obras do reservatório que compreendem supressão vegetal; reassentamentos; obras complemen-tares, escolas, hospitais, obra de compensação sobre o dano causado, impactos ambientais e acompanha-mento de trabalhadores afastados.

Segundo o gerente de saúde e segurança do trabalho Marcelo Pra-do, o grande compromisso da Santo Antônio é cumprir e fazer com que as nossas contratadas cumpram, por meio de contrato, os Princípios do Equador e a legislação vigen-te para garantir a integridade física das pessoas, higidez no ambiente de trabalho, com áreas de vivência dig-nas, fornecimento e uso de EPIs e a garantia de treinamentos adequados aos riscos das atividades.

“No início das obras, nós encon-tramos muita dificuldade em implan-tar um Sistema de Gestão em Saú-de e Segurança porque as empresas contratadas não tinham quase ou nenhuma noção sobre segurança do trabalho. Tivemos de realizar um tra-balho forte de educação, com muitas capacitações e treinamentos, expli-cando a importância, por exemplo, do uso correto de uma luva de raspa ou capacete. A região Norte é muito carente em mão de obra qualificada e 80% dos nossos trabalhadores são locais”, conta Prado.

Equipe de SSTMA da Santo Antônio

“Nós percebemos

que a construção da uHE de

Santo Antônio está trazendo

uma cultura de segurança, saúde e meio ambiente

que quase não existia nessa

região.”

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Todas as exigências legais como PPRA, PCMSO, PCMAT, APR, PT, OS, DDS, entre outras que as con-tratadas precisam providenciar e ge-renciar, são acompanhadas de perto pela equipe de SSTMA, assim como os treinamentos. “Muitas vezes te-mos até que elaborar os documentos ou revisar e avaliar. Nós percebemos que a construção da UHE de Santo Antônio está trazendo uma cultura de segurança, saúde e meio ambiente que quase não existia nessa região.”

Marcelo Prado diz que a segu-rança é um dever de todos. Esse é o maior desafio. O objetivo é mostrar resultados e mudar uma cultura mos-trando a importância da saúde, segu-rança, meio ambiente.

O coordenador da área de segu-rança do trabalho, Danilo Navarro, comenta que a equipe de SSTMA da Santo Antônio Energia possui forte atuação na contratação do serviço e da empresa prestadora. Após a con-tratação, promove-se um treinamen-to para os responsáveis pela área de Saúde e Segurança e também para os responsáveis legais pela empresa, apresentando didaticamente todo o serviço, as normas regulamentadoras e como se deseja que o trabalho seja desenvolvido.

Num segundo momento Navarro diz que são discutidas questões de planejamento da atividade, aloja-mento, avaliação de risco e perigo, prestação e fornecimento de EPIs, alimentação, fornecimento de água, transporte de pessoal, treinamento de segurança, vínculo empregatício, PPRA, PCMSO, CIPA e PCMAT, quando necessários. Na reunião de partida são novamente discutidos os itens da Análise Preliminar de Ris-cos (APR), treinamento básico para todos os trabalhadores contratados e se todos os trabalhadores possuem contrato formal de trabalho.

Navarro ainda explica que existe um ‘Check list de entrega de obra’. Em que são verificados o cumpri-mento de todos os requisitos da parte ambiental e de estrutura. Verifica-se se o Programa de Restauração de Áreas Degradadas foi realizado a contento, se os trabalhadores rece-beram os direitos trabalhistas, se a frente de serviço mudou de local e o mesmo está regularizado.

No dia a dia em campo o técnico em segurança do trabalho da San-to Antônio Energia, Lauro Uillian, conta que a jornada de trabalho é intensa. Acompanha o trabalho das empresas de supressão vegetal e diz

Danilo Navarro, coordena-dor da área de segurança do trabalho

Lauro Uillian Queiroz, técnico em segurança do trabalho

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que promove e acompanha Diálo-gos Diários de Segurança (DDS) todas as manhãs por volta das 6 ho-ras e 30 minutos, e depois ao longo do dia percorre as frentes de traba-lho fiscalizando e acompanhando as atividades.

Toda atividade desenvolvida pelo consórcio e pelas contratadas é acompanhada da Análise Preliminar de Risco (APR) e uma das ativida-des essenciais do técnico em segu-rança do trabalho da Santo Antônio é analisá-la e fazer cumprir o que nela está descrito. O registro das anoma-lias consiste em verificar o não cum-primento de algum dos itens do do-cumento. Sempre que ocorre alguma modificação na condução do traba-lho a APR é revisada com o objetivo de inserir a referida mudança.

Queiroz lembra situações em que precisa atuar firme em seu dia a dia em campo. “Em ocasiões que perce-bo risco grave e iminente, converso com o encarregado da frente de ser-viço e paro a atividade ou, em alguns casos, desloco os trabalhadores para outra área até que haja condição de trabalho. Outra questão é o prazo para regularização. Um exemplo é a falta de sinalização de rota de fuga. O prazo normalmente é de dois dias para regularizar e adequar a frente de serviço. Caso não cumpram o deter-minado, a empresa contratada recebe uma notificação ou até mesmo mul-ta. Contratualmente o prazo para no-tificação extrajudicial são dez dias.”

No entanto, para paralisar uma atividade com iminência de acidente grave, Prado conta que todo o proce-dimento é feito e registrado em do-cumento oficial. Temos autoridade formal para parar qualquer frente de serviço, isso alinhado com a gerên-cia e a diretoria das empresas. “Exis-

te uma regra: nenhum membro da minha equipe está autorizado a parar se não tiver uma solução prévia para sua continuidade.”

“Quando encontramos anoma-lias e desvios fazemos um relatório didático. Apontamos o problema, paralisamos o serviço, registramos por meio de foto e explicamos o erro e o que deve ser feito para melhorar a situação. E para corroborar, colo-camos o texto da lei. Normalmente dirigimos esse tipo de relatório às empresas fora do canteiro da UHE, onde o nível de qualidade ainda é muito baixo”, aponta Prado.

Os resultados proativos de 2011 na área de gestão em SSTMA da Santo Antônio Energia revelam que foram utilizadas 8.234 horas em trei-namento, 14.560 horas-homem trei-nados e elaboradas 560 APRs.

Sobre sua equipe de SSTMA, Prado revela que não abre mão que todos trabalhem felizes. Ele diz que a Santo Antônio Energia dá todo o suporte para o funcionário: plano de carreira, incentivo ao estudo, abono de salário. Entretanto, a cada três meses existe o que Prado chama de Avaliação de Competência ou Plano de Ação. Documento em que o líder e o liderado assinam, como se fosse

um acordo entre as partes em que são estabelecidas as metas e o esco-po de serviço para aquele período, feedback, avaliação, como forma de obter resultados. Contudo, ele afirma que sua principal avaliação está no brilho dos olhos. “Enquanto o profissional tiver brilho nos olhos para fazer o que está fazendo, então está valendo a pena.”

Fiscalização

A fiscalização da Santo Antônio Energia sobre o trabalho do CSAC se traduz em um processo rápido e dinâmico. A Santo Antônio Energia emite relatórios mensais das inspe-ções realizadas em campo, e se há necessidade de fazer alguma adequa-ção é emitido um prazo.

Segundo Marcelo Prado, o rela-cionamento com a equipe de SSTMA do consórcio é muito sadio. “Parte da minha equipe trabalha dentro do canteiro. Cada um sabe o seu papel dentro do dia a dia do trabalho, isso torna tudo mais fácil.”

A técnica em segurança do traba-lho da equipe Santo Antônio Energia, Milena Patrícia Alves da Silva, diz que tem livre acesso, promove a fis-calização de área e acompanha o tra-balho em todos os locais da obra na

Milena Patricia Alves da Silva, técnica em seguran-ça do trabalho

Horas-homem treinados

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margem esquerda, tanto nos grupos geradores quanto nos pátios de cim-bramentos, pré-moldados e carpinta-ria. Quando identifica algum desvio, faz o registro fotográfico, aplica o check list da atividade em questão e entra em contato com o técnico da área avisando-o que é necessário ali-nhar a situação encontrada emitindo um prazo para normalizá-la.

Para o gestor de SSTMA do CSAC, Jadyr Quintella, existe uma interação muito grande. “Na ver-dade, não temos muita pendência a resolver, porque os técnicos em segurança do trabalho da Santo An-tônio trabalham lado a lado com a nossa equipe, então na mesma hora em que é detectado algum desvio já é solucionado. O processo todo é bem dinâmico.”

otimizaçãodotrabalhonapontadacaneta

A área de SSTMA da Santo An-tônio Energia possui desde 2010 uma sistema inovador que otimiza o trabalho da equipe em campo. Esse sistema foi denominado Sistema de Inspeção Online da Santo Antônio Energia.

É composto por uma caneta es-ferográfica digital com tecnologia Bluetooth, formulários em folhas de papel ofício ou A4 com uma más-cara de micropontos e um Software exclusivo, elaborado para atender

as necessidades da área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente e que faz o reconhecimento e a conversão da escrita à mão em caracteres e digitaliza os arquivos, transferindo para um banco de dados, chegando segundo a necessidade, a disponibi-lizar em tempo real os dados para o controle interno.

“Esse sistema faz com que cada técnico em campo trabalhe normal-mente com sua prancheta e papéis. A rotina diária não mudou, o que mudou foi a tecnologia aplicada. Ao invés de uma caneta comum ele utiliza a caneta inteligente que pos-sui tinta comum num papel especial identificado com uma numeração. Quando o técnico chega à sua base, descarrega, através de um cabo USB, o conteúdo no servidor que decodifica a escrita a mão e con-verte em dados ou pode ainda en-viar os dados via bluetooth. Desde a implantação da caneta já foram rea-lizadas 78.543 mil verificações, ou seja, um aumento na produtividade de 30% no campo”, relata Prado.

Prado afirma que com esse novo sistema houve um maior en-gajamento da equipe na busca por melhoria do sistema de gestão, ve-rificação de campo integral, uma vez que se perde pouco tempo com transmissão de dados. O sistema também auxilia o gerente de SST-MA na tomada de decisões, con-trole sistemático de solicitações de melhorias nas reuniões mensais. Houve também expressivo aumen-to de confiabilidade do processo de gestão para quem nos fiscaliza, au-ditores e órgãos do Ministério Pú-blico e fiscalização federal.

Há um monitoramento sistemá-tico, on-line das áreas de trabalho, sabe-se onde está sendo realizado

“Acredito que a Santo Antônio

é a primeira empresa a

usar esse tipo de tecnologia

voltada à segurança do

trabalho.”

Tecnologia O’PEN

Jadyr Quintella, gestor de SSTMA do CSAC

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cada trabalho. São 34 check lists uti-lizados no processo.

O custo anual de manutenção é de 35 mil reais. Cada caneta tem um aluguel mensal de 200 reais por mês e 0,49 centavos cada formulário.

Prado afirma dizendo que o gran-de diferencial desse tipo de tecnolo-gia, que já existe no mercado, é unir-se a segurança e saúde no trabalho, otimizando o processo e auxiliando na prevenção de acidentes. “Acredi-to que a Santo Antônio é a primeira empresa a usar esse tipo de tecnolo-gia voltada à segurança do trabalho.”

sistemAdeGestãointeGrAdAdoconsórcioconstrutor

sAntoAntôniocivil

O Consórcio Construtor Santo Antônio Civil (CSAC) formado pe-las empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez foi criado com a finalidade de construir a Usina de Santo Antô-nio. Atualmente detém a certificação da Qualidade (ISO 9001), Ambiental (ISO 14001) e de Segurança e Saúde no Trabalho (OHSAS 18001). Re-centemente recebeu a recertificação em cada uma delas.

O canteiro de obras hoje conta com 18 mil funcionários e é visto como uma verdadeira cidade, segun-do os próprios funcionários do Con-sórcio. É complexo, com programas de gerenciamento, normas de condu-ta, hospitais, restaurante, alojamen-tos, área de tratamento de resíduos, viveiro de mudas.

Para tentar organizar essa cidade do ponto de Segurança e Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, a equipe de SSTMA do Consórcio se esforça em atender e aplicar as legislações, normas técnicas e legais, procedi-

mentos e cria programas específicos para buscar conscientização para que os trabalhos não gerem acidentes na construção da usina.

Dentro dos procedimentos de construção da usina existem os de segurança que são aplicados para que os processos sejam desenvolvi-dos dentro dos padrões de elimina-ção e controle de riscos definidos. Foi criado a partir de conceitos es-tabelecidos pela legislação atual o Programa Integrado de Segurança e Saúde Ocupacional do Consórcio Construtor Santo Antônio Civil, em que os trabalhadores são treinados dentro dos procedimentos de segu-rança do programa

Todo o Programa de Gestão Inte-grada do CSAC é baseado no ciclo do PDCA (sigla em inglês que significa Planejar, Executar, Verificar e Agir) e tem seu foco na melhoria contínua.

Hoje, a equipe de SSTMA do Consórcio Santo Antônio Civil conta com 384 profissionais entre médi-cos do trabalho, enfermeiros, enge-nheiros, auxiliares de segurança e enfermagem e técnico em segurança do trabalho, superando o dimensio-namento definido no quadro II da Norma Regulamentadora 4 (Servi-ço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Traba-lho). Para o engenheiro e gestor de negócios em segurança do trabalho, Jadyr Prudente Quintella, o dimen-sionamento ocorreu de acordo com a necessidade e a demanda, e não ape-nas para seguir a legislação.

No escopo do Ciclo PDCA na etapa planejamento foi desenvolvido pelo consórcio a Análise Preliminar de Níveis de Risco (APNR) que de-fine os perigos e riscos do empreen-dimento. A base é o mapeamento dos processos da obra, como o processo de concreto, processo de terra e ro-cha, equipamentos, área administra-tiva, entre outros. A APNR classifica os mapeamentos em emergencial, normal ou fora de rotina.

Sendo o Programa Integrado a base do Sistema de Gestão do Con-sórcio Construtor Santo Antônio Civil, cada atividade desenvolvida dentro do canteiro de obra tem um procedimento específico, são 40 pro-cedimentos. Dentro dos procedimen-tos de segurança existem anexos e, em quase todos, Listas de Verifica-ção (LV). As LVs são utilizadas para fazer, por exemplo, a averiguação de andaimes, equipamentos, ferramen-tas, entre outros.

os Treinamentos diários em Segurança, Saúde do

Trabalho e Meio Ambiente são

ministrados durante 15

minutos. é o momento da inserção de

conhecimento.

QUANDO O ASSUNTO

É SEGURANÇA, QUALIDADE

É ITEM OBRIGATÓRIO.

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Outra ferramenta é o Gerencia-mento de Mudanças, que realiza a avaliação prévia de mudanças como novos projetos e alteração de pro-jetos existentes, planejamento de ações, atendimento a requisitos le-gais e prevenção.

Com o objetivo de atender aos requisitos normativos das normas ISO 14001, BS 8800, OHSAS 18001 e SA 8000, além de prevenir qual-quer tipo de autuação ambiental por órgão público, a gestão de SSTMA utiliza um software que auxilia nes-se processo de levantamento de toda legislação aplicável às atividades da empresa, denominado Planilha CAL (Controle e Atualização de Legisla-ção). Nela constam: o tipo da norma (Lei, Decreto, Deliberação, Reso-lução etc.), número, data da publi-cação, órgão expedidor, assunto e

como a organização deve atendê-la. Em cada norma jurídica constan-te da planilha CAL existe um link de acesso ao texto normativo, caso a empresa necessite consultá-lo em sua íntegra.

Um procedimento considerado fundamental pelo engenheiro Quin-tella é o procedimento 14 chamado APT (Análise Preliminar de Tarefa)

equivalente a APR (Análise Prelimi-nar de Risco), que deve acompanhar todas as atividades desenvolvidas nas frentes de serviço.

Os canteiros do CSAC também possuem centros de consulta de do-cumentação nas frentes de serviço e portal em meio eletrônico. A cada vez que um procedimento é alterado outro documento é gerado e dispo-nibilizado para que não haja dúvidas sobre o novo procedimento. Os do-cumentos substituídos são destruí-dos, quando em papel, pois obriga-toriamente são devolvidos para que se possa receber a nova versão do documento.

Segundo o engenheiro de se-gurança Kleber Lúcio Borges, os treinamentos em SSTMA do CSAC atendem ao disposto na Norma Re-gulamentadora 18 (Condições e

Kleber Lúcio Borges, engenheiro de segurança do trabalho

QUANDO O ASSUNTO

É SEGURANÇA, QUALIDADE

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Meio Ambiente de Trabalho na In-dústria da Construção) e vão além. Existe um treinamento externo, na admissão, e quando entram no can-teiro são ministrados novos treina-mentos como em estrutura armada (altura), uso do cinto de segurança, ou seja, há um treinamento especí-fico para cada atividade. O trabalha-dor recém-chegado conhece a obra como um todo para ter dimensão do projeto, empreendimento e também sua frente de serviço. Somente no mês de outubro de 2011, Kleber re-vela que houve 34 mil horas de trei-namento em sala de aula.

Os Treinamentos Diários em Se-gurança, Saúde do Trabalho e Meio Ambiente (TD-SSTMA) são minis-trados durante 15 minutos. É o mo-mento da inserção de conhecimen-to. De janeiro a outubro de 2011 foram utilizadas 819.605 mil horas nos TDS, atingindo cerca de 10 mil trabalhadores.

brigadadeemergência

A Brigada de Emergência é for-mada apenas por funcionários do CSAC e hoje possui 834 brigadis-tas treinados e 2 bombeiros civis. Eles recebem treinamentos em solo, água, primeiros socorros e combate a incêndio com simulados realizados quatro vezes ao mês. O canteiro pos-sui 2 caminhões de combate a incên-dio com 10 mil litros de água cada, um em cada margem (montante de jusante) e 2 lanchas.

De acordo com Quintella, o nú-mero de brigadistas foi obtido se-guindo a NBR 14.237 da ABNT. A brigada atualmente está superdimen-sionada.

O plano de atendimento à emer-gência, abandono e evacuação de

área e pontos de encontro é determi-nado por área e setor. Os simulados mensais são realizados de acordo com os riscos e perigos identificados na Análise Preliminar de Níveis de Risco (APNR). Reuniões de análise crítica sobre o simulado e não con-formidades encontradas são feitas imediatamente após cada simulado.

Os simulados se baseiam em si-tuações reais de perigos, simulando ocorrências possíveis com relação à saúde e segurança do trabalha-dor e também a danos ambientais. Faixas são colocadas no local para indicar tratar-se de um exercício simulado. Essa é uma necessidade presente em uma obra do porte da UHE Santo Antonio que visa evitar alarmes falsos como, por exemplo, acionamento da mídia por parte de pessoas desavisadas.

outrasaçõeseatividadesdeprevenção

Como complemento as ferra-mentas gerenciais de SSTMA existe o Programa ‘PréVer’. Todos os inci-dentes ou quase acidentes, acidentes com equipamentos e materiais com alto potencial de perda são avaliados por um comitê que propõe e define medidas preventivas para evitar rein-cidência. Quando há a ocorrência de acidentes com máquinas e equipa-mentos ou mesmo envolvendo pes-soas, o CSAC possui um Centro de Investigação de Acidentes (CIA) composto por uma equipe de enge-nheiros, técnicos em segurança do trabalho e encarregados que discu-tem o acidente para propor medidas corretivas.

A Comissão Interna de Preven-ção de Acidentes (CIPA) do CSAC segue o dimensionamento do quadro

1 da Norma Regulamentadora 5 e foi composta, nas eleições de 2011, por 17 titulares indicados, 17 titulares eleitos, 14 suplentes eleitos, 14 su-plentes indicados. De acordo com o Quintella, os cipeiros desempenham o papel de fiscalizadores em frentes de serviço, elaboram mapa de ris-co, participam de reuniões mensais sempre com o auxílio da equipe de SSTMA. Ele lembra que existe tam-bém a CIPA das subcontratadas, que obrigatoriamente estão representa-das CIPA do CSAC.

Para cada atividade desenvol-vida no canteiro, lembra Quintella, há uma cor de uniforme (camisa e calça) e capacete para que a iden-tificação visual se dê mesmo a distância. A Atividade de Terra e Rocha utiliza a cor amarela, Equi-pamentos usa o cinza, Segurança do Trabalho o verde, o Concreto cáqui e Topografia utiliza a cor la-ranja e assim sucessivamente. Esse também é considerado um procedi-mento de segurança.

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No canteiro de obras existem 12 pontos de distribuição de EPIs. Em números, o CSAC revela que em es-toque existem 1.700.000,00 reais em EPI. Um gasto de 400 reais per ca-pita e na manutenção mais 80 reais.

O CSAC realiza diariamente ava-liações ambientais de ruído, vibra-ção, calor, agentes químicos, fumos metálicos, luminosidade.

Antes de adentrar no canteiro de obras da Usina Santo Antônio todos os visitantes recebem integração, a respeito das normas e procedimentos de segurança. Os assuntos tratados vão desde o comportamento dentro do canteiro de obras da margem esquerda e direita, orientações sobre transporte terrestre e fluvial, velocidade máxima permitida até uso de EPIs e comporta-mento em caso de emergências.

Dentre as muitas atividades do canteiro há a atividade de detona-ções de rocha que ocorrem no inter-valo entre o final do turno da noite e começo do turno do dia. Período em que há o mínimo de trabalhadores no canteiro. O horário das detonações ocorre entre 6 horas e 6 horas e 30 minutos da manhã, seguindo todos

os procedimentos descritos na NR-22 (Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração) que inclui respeitar isolamento de área, o acionamento dos três sinais sonoros.

Quintella acredita que o maior desafio não é aplicar as normas e os programas de gestão em segurança, saúde e meio ambiente, e sim fazer Gestão de Pessoas devido ao grande contingente de trabalhadores.

Ele costuma dizer à sua equipe que todos fazem engenharia de segu-rança, por isso há todo um forte tra-balho de coordenação junto às áreas de produção e engenharia. A questão da sinergia, proatividade, promove a interação das equipes.

Para as atividades de curta dura-ção e esporádicas, que não são de-senvolvidas continuamente, existe a Permissão para Trabalho de Risco (PTR). O técnico em segurança da equipe analisa a atividade e especi-fica as medidas de controle necessá-rias, bem como as proteções coleti-vas e individuais e, somente depois de atendidas as recomendações, li-bera a atividade para ser desenvolvi-da. Ao término da atividade a PTR é

finalizada e arquivada, considerando assim a atividade encerrada.

Toda atividade, que não seja es-porádica, deve possuir uma APT (Análise Preliminar de Tarefa) em conformidade com o procedimen-to 14. Ela tem validade de um mês e pode sofrer, nesse período, alte-rações, desde que a atividade sofra mudanças no decorrer de seu desen-volvimento. O técnico em seguran-ça do trabalho no campo observa, analisa e avalia as APT de forma a verificar se ela está conforme a ativi-dade desenvolvida. Esta validação é necessária, pois a equipe pode sofrer transformações ao longo do tempo, haver rotatividade de trabalhadores, ou ainda modificação no próprio processo de trabalho.

Como exemplo, o técnico em segurança do trabalho da margem direita, Luiz Henrique Xavier, cita a montagem de uma forma. A ativi-dade pode ser iniciada no piso zero (chão), no entanto, no dia seguinte será montada uma nova forma a 10 metros de altura. Nesse momento será necessário agregar a APT essa informação, seus riscos e medidas

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para coibi-los, pois junta-se o traba-lho em altura e o risco de queda de pessoas e materiais em níveis dife-rentes. Quando trabalho termina ou a APT vence, ela é arquivada.

Para atender às necessidades sentidas pela equipe de SSTMA do CSAC em relação a melhor forma-ção, capacitação e envolvimento dos funcionários, foram criadas novas ferramentas motivacionais, educa-cionais e mesmo campanhas para estimular a segurança e saúde no trabalho, além da Semana Interna de Prevenção de Acidentes (Sipat) e dos Treinamentos Diários em Segurança, Saúde do Trabalho e Meio Ambiente (TD-SSTMA).

Um exemplo disso foi a criação do manual ‘Exemplo de Liderança em SSTMA’, direcionado aos encar-regados para a formação de novos líderes em segurança, saúde e meio ambiente.

Outros exemplos são o ‘Patrulha de Segurança’ e o ‘Qualimetria’. O primeiro realiza blitz nas frentes de serviço, para avaliar o uso de EPIs e assim envolver as lideranças nas questões de segurança, já o segun-do é um estudo sobre a qualidade do comportamento, isto é, para sa-

ber como o encarregado e a equipe reagem em relação à prevenção, limpeza, arrumação, saúde e meio ambiente.

O gestor em SSTMA, Jadyr Quin-tella, afirma que todos os trabalhos realizados com a finalidade de cons-cientização são trabalhos de base. “Quando chegamos aqui não existia entre os trabalhadores nenhuma no-ção de segurança e saúde no trabalho, o uso do EPI, por exemplo, não era eficaz, muitos não usavam. Por isso, nós fazemos um trabalho de envolvi-mento e conscientização diária.”

Outro desafio para a equipe do SSTMA foi a criação de um ciclo de estudos das Normas Regulamen-

tadoras e dos procedimentos de se-gurança junto a equipe de técnicos em segurança do trabalho do próprio CSAC, em sala de aula. Os estudos se deram em 4 ciclos onde foram de-senvolvidos além de conhecimento técnico, relação interpessoal e proa-tividade.

Este estudo se deu a partir da ne-cessidade de melhor capacitar os téc-nicos para a atuação em campo, visto que mais de 80% da mão de obra é local e não tinha conhecimento em Sistema de Gestão Integrado.

Segundo o coordenador desse ciclo de estudos, o engenheiro de segurança do trabalho Kleber Lúcio Borges, houve um avanço de 95% no nível de conhecimento da equipe, o que contribuiu para o aprimoramen-to profissional de cada técnico par-ticipante e melhor desempenho nas atividades em campo.

As campanhas educacionais tam-bém chamam a atenção dos trabalha-dores para questões de segurança e saúde e fazem sucesso no canteiro de obras. Outdoors, faixas, totens, ins-crições nos ônibus de transporte de trabalhadores servem de canais de comunicação para levar mensagens de segurança por todo o canteiro, margem esquerda e direita e também para fora da obra, mostrando a im-portância da proteção na prevenção de acidentes.

Todo mês é realizada uma cam-panha com uma temática diferente para instruir os trabalhadores. Já foram realizadas Semana Interna da Segurança em Eletricidade; Semana Interna de Prevenção contra Queda de Materiais; Campanha de Prote-ção das Mãos; Campanha de Pro-teção e Higiene dos Olhos; Campe-onato de Montagem de Andaimes, entre outras.

Luiz Henrique Xavier, téc-nico em segurança do tra-balho da margem direita

As campanhas educacionais

também chamam a

atenção dos trabalhadores para questões

de segurança e saúde e fazem

sucesso no canteiro de

obras.

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Quintella comenta que outras ferramentas de comunicação, como o jornal circulante ‘Papo de Obra’ e urnas para depositar sugestões cha-madas de ‘Fale com o SSTMA’, são desenvolvidas no canteiro de obras com a finalidade de envolver cada vez mais os trabalhadores das fren-tes de serviço.

Outra área sensível do canteiro e que mereceu especial atenção da equipe de SSTMA foi o trânsito. Para transitar pelas margens esquerda e direita do canteiro foram construídas ruas e estradas devido ao grande flu-xo de caminhões, carretas, máquinas pesadas, veículos fora de estrada, ôni-bus, ambulâncias e carros de passeio que trafegam pela obra e as grandes distâncias de um ponto ao outro. Fo-ram criadas regras para o tráfego de veículos, controle de velocidade e preferência em rotatórias.

A campanha ‘Segurança no Trânsito’ (Setrans) surgiu para atender as necessidades do grande fluxo de veículos. Blitz e inspeções de controle de velocidade são rea-lizadas diariamente pela equipe de segurança patrimonial e as notifi-cações são entregues aos líderes de cada setor.

csAceassubcontratadas

Segundo o técnico em segurança do trabalho Alfredo Passeto Neto, é dado todo o suporte às subcontra-tadas. “Acompanhamos a elabora-ção de toda a documentação legal exigida como PPRA, PCMSO, PC-MAT e outros. Existe um check list de verificação e, quando necessário, são analisadas de acordo com o es-copo de cada uma. Damos apoio especial à elaboração do Programa de Condições e Meio Ambiente de

Trabalho na Indústria da Constru-ção (PCMAT) inerente a atividade da construção civil. Lembrando que o tratamento dado às terceirizadas é o mesmo dado aos funcionários do consórcio, a integração é a mesma para ambos, por isso o alinhamento vem desde a integração.”

O engenheiro de segurança Bor-ges lembra que todos os requisitos exigidos das subcontratadas estão contemplados no Plano Integrado do CSAC e no PCMAT e que todas as questões relativas a alojamentos, dimensionamento de áreas de vi-vência, cronograma de implantação de medidas preventivas, programas educativos de prevenção de aciden-tes e doenças do trabalho são acom-panhados de perto pela área de SST-MA do CSAC, que também é corres-ponsável legalmente.

GestãoemmeioAmbientenauhe

A Santo Antônio Energia junto ao Consórcio Construtor Santo Antônio Civil buscaram estabelecer uma base sólida para a sustentabilidade das ações. Na área de meio ambiente foi

firmado o Projeto Básico Ambiental (PBA), um documento com medidas compensatórias que contemplam Plano Ambiental da Construção, Plano de Resgate de Fauna e Flora, desmatamento, relocação de pesso-as. Os planos tratam das ações, pro-gramas e tudo o que será investido.

“Tudo o que fazemos na UHE é transparente. Muitos técnicos do Mi-nistério Público visitam a obra para ver se o que foi pactuado está sendo cumprido. Nossas portas e janelas ficam abertas para o mundo e para o País” declara Nelson Alves, enge-nheiro ambiental e responsável pela área de meio ambiente.

Dentro do Programa de Gestão Integrada em SSTMA do CSAC a área de meio ambiente criou o Pro-grama Integrado de Atendimento a Impactos Ambientais (PIAIA), que desenvolve uma série de pro-gramas, métodos e procedimentos visando à sustentabilidade da obra e ao entorno.

O engenheiro ambiental Nelson Alves afirma que a estrutura do can-teiro é como o de uma cidade: existe o abastecimento de água, coleta de esgoto, tratamento de efluente, cole-

Alfredo Passeto Neto, téc-nico em segurança do tra-balho

Nelson Alves, engenheiro ambiental

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ta seletiva de lixo. E vai além, com o controle de emissão de gases, con-trole da qualidade da água do rio e áreas degradadas.

Um dos grandes desafios enfren-tados na construção da Usina Santo Antônio foi descobrir uma maneira sustentável para o remanejo e trans-posição dos peixes do rio Madeira. Após estudos sobre qual o melhor método para adequação a essa ne-cessidade foi escolhido o Sistema de Transposição de Peixes.

Inicialmente esse sistema foi es-tudado e testado em tamanho menor, com sonares onde foi possível ver angulação e inclinação do peixe na água, velocidade, qual espécie per-manece mais sobre a superfície e qual permanece em profundidade, toque do peixe na água, tamanho e espécies.

O engenheiro Alves revela que por conta dos estudos da barragem e pelo método empregado foram cata-logados no Rio Madeira mais de 800 espécies de peixe desconhecidas. Traçando um comparativo, na Bacia do Rio Paraná foram encontradas

cerca de 200 espécies. Outro desafio foi o resgate de

peixes nas matas dos Igapós (flores-tas alagadas à beira dos rios, típica da Amazônia). Quando o rio enche, permanece uma lâmina d’água de 2 metros. Nessa mata existem peixes, sucuris, jacarés, e quando o rio bai-xa se torna um berçário para peixes. “Fizemos um estudo para retirar os

animais e secar o Igapó, pois não existe literatura sobre o assunto. Houve um alto investimento em dra-gas para retirada do material panta-noso. Foram retirados 91 hectares e 1.480 kg de peixes”, afirma o enge-nheiro ambiental.

Gerenciamentoderesíduoseáreasdegradadas

A Estação de Tratamento de Água (ETA) oferece abastecimen-to para todo o canteiro de obras da UHE. São 5 ETAs, 2 na margem direita e 3 na margem esquerda que tratam juntas, 560 m³/h fazendo o tratamento da água industrial (sem adição de cloro) e potável.

O tratamento dessa água rece-beu uma grande inovação segundo Alves, com a utilização de um pro-duto orgânico chamado tanino, em substituição ao sulfato de alumínio (baixa o PH da água e utiliza a cal), comum nos tratamentos de água no Brasil. Acássia Negra, árvore de onde se retira o tanino, é de agricul-tura familiar.

Sistema de transposição de peixes

Foto aérea do tratamento de água

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O iodo usado no tratamento possibilita o reuso da água e é em-pregado, também, na recuperação de áreas degradadas. Esse projeto ‘ETA Ecológica de Círculo Fecha-do’, criado pela equipe de meio am-biente do CSAC, já foi implantado em 12 municípios de Rondônia. A criação e implantação desse proje-to geraram redução de insumos em 50%, o que, de acordo com Alves, representa milhões reais.

O esgoto produzido no cantei-ro UHE é 100% tratado. Três ca-minhões limpa-fossas promovem a coleta nas frentes de serviço. O sis-tema é estanque com caixas coleto-ras. O tratamento é feito por lagoa de estabilização e é totalmente bio-lógico, tratando inclusive os coli-formes fecais. O clima quente atua como um catalisador para o pro-cesso. Já foram tratados 324.274 m³ de esgoto.

O recolhimento de lixo hospita-lar, resíduo perigoso, alimentar e o sanitário são efetuados pelo setor de meio ambiente que conseguiu o licenciamento e possui, no canteiro da UHE, uma Central de Gerencia-mento de Resíduos com aterro sa-

nitário, triturador de madeira e um incinerador. Local em que são inci-nerados resíduos perigosos e hospi-talares, feita a compostagem do lixo orgânico e a bio remediação do solo contaminado por óleos e graxas. A reciclagem chega a 80% dos resí-duos gerados.

Um projeto muito simples e que não gera quase custo, de acor-do com Alves, é o processo de des-contaminação de lâmpadas. São

lâmpadas de vapor de mercúrio que são trituradas e depois pas-sam num filtro de carvão onde o mercúrio é retido, assim o produto deixa de ser perigoso.

Segundo Alves, a partir da adoção de medidas e critérios sustentáveis como o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) foi deixado de desmatar 35% da área concedida à constru-ção da usina.

Estação de tratamento de esgoto

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A recuperação de áreas degrada-das com o replantio de mudas nativas é feito por meio do viveiro de produ-ção de mudas, cultivado dentro do próprio canteiro da UHE. Construí-do com madeiras da derrubada e de forma totalmente ergonômica para o trabalhador, são cultivadas, desde o começo da obra, mudas nativas da floresta amazônica.

Para o técnico em meio ambiente que cuida do viveiro Anatalino José da Silva, são cultivadas no canteiro cerca de 32.600 mudas numa rotati-vidade de 3 a 4 meses. “Utilizamos parte do substrato (adubo) vindo do aterro sanitário do canteiro na colo-cação de novas mudas. Aqui tudo é aproveitado”.

Toda a área com estruturas pro-visórias, onde são desenvolvidos tra-balhos como carpintaria, armação e que, na conclusão da obra, serão re-tiradas, deve ser também recuperada.

Alves conta que com relação à emissão de gases de efeito estufa há uma transparência muita gran-de, porque a Odebrecht, empresa

sócia no consórcio construtor, com outras empresas brasileiras escre-veram uma carta aberta ao Brasil se comprometendo, cada uma, a fazer um inventário de emissões de gases de efeito estufa, revelando assim a quantidade de suas emissões e o seu programa de controle. A obra da Usi-na Santo Antônio foi pioneira nessa metodologia para a área de hidrelé-tricas. A emissão prevista para a obra é de 1.478.460 mil toneladas de CO2 em 7,5 anos.

Dentre as ações implementadas para melhoria do balanço de emis-

sões está a atuação com fornecedo-res de aço e cimento para melhores práticas e maior eficiência no con-trole de emissões; tecnologias avan-çadas para redução no consumo de combustíveis, com monitoramento de equipamentos em tempo real via satélite, com o sistema IRIS que mo-nitora os veículos.

Também há a redução da área desmatada em relação ao autorizado 140.000 t CO2 ou 10% em emissões de desmatamento evitado e anteci-pação da geração de energia, o que reduz 1.700.000t de CO2.

Alves lembra também que um monitoramento ambiental é reali-zado no Rio Madeira. Duas sondas medem a qualidade da água em tem-po real à montante e à jusante. Este mecanismo permitiu ao IBAMA au-torizar o processo de dragagem.

GestãodAsAúdenAuhe

A saúde é tratada como essencial para o bom desenvolvimento de todas as atividades do canteiro da UHE.

São 3 ambulatórios dentro do canteiro e 1 externo (dedicado a exa-mes admissionais). Um dos ambula-tórios do canteiro, situado na margem esquerda da obra pode ser considera-do um hospital completo. O Centro de Atendimento ao Trabalhador (CAT) possui quartos para internação, sala para exames da malária, sala de fisio-terapia, audiometria, consultório de odontologia, laboratório de análises clínicas e setor de radiologia.

Atualmente cerca de 91 profis-sionais fazem parte da área da saúde entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem do trabalho, fisiote-rapeutas, fonoaudiólogos, dentistas, microscopista, biólogo, entomólogo,

Viveiro de mudas

Anatalino José da Silva, técnico em meio ambiente

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auxiliares administrativos, zeladores entre outros. Todos os funcionários recebem, conforme explica Paulo Nunes, médico do trabalho, o treina-mento básico oferecido pela equipe de SSTMA e seguem todos os proce-dimentos da empresa no que diz res-peito à proteção em suas atividades. “São indispensáveis para a condução de um trabalho seguro”, destaca.

Os principais serviços em saúde são realizados em medicina ocu-pacional e medicina clínica (emer-

gencial e de rotina). Casos graves recebem apenas o primeiro atendi-mento e prontamente são encami-nhados a um hospital externo em Porto Velho.

O médico do trabalho conta que a região Amazônica é conhecida pelo alto índice de malária entre a popu-lação, por isso na admissão e contra-tação de novos funcionários todos fazem exame de malária.

Nunes lembra que na época dos estudos do empreendimento da

construção da Usina Santo Antô-nio o tema malária foi amplamente discutido em audiências públicas e chegou a ser entrave na liberação da construção devido ao alto índice de malária na região. Foi desenvolvido em decorrência desse fato um comitê denominado Comitê de Investigação de Vigilância Epidemiológica Sa-nitária (CIVES), que é responsável pelo controle da malária e tem como responsável uma entomóloga. São estudados os mosquitos transmisso-res da malária, se estão infectados ou sofreram mutação. O Índice Para-sentérico Anual (IPA) da região é de 50% enquanto que da obra da UHE registra apenas 1,5%. Centro de Atendimento ao Trabalhador pode ser considerado um hospital completo

Paulo Nunes, médico do trabalho

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Origem

os Princípios do Equador tiveram a sua gênese em outubro de 2002, quando o International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, e um banco holandês (ABN Amro) promoveram, em londres, um encontro de altos executivos para discutir experiências com investimentos em projetos, envolvendo questões sociais e ambientais em mercados emergentes, nos quais nem sempre existe legislação rígida de proteção do ambiente.

Objetivo

o objetivo é garantir a sustentabilidade, o equilíbrio ambiental, o impacto social e a prevenção de acidentes de percurso que possam causar embaraços no transcorrer dos empreendimentos, reduzindo também o risco de inadimplência.

Conteúdo

Na prática, as empresas interessadas em obter recursos no mercado financeiro internacional deverão incorporar, em suas estruturas de avaliação de Project Finance, quesitos como:

• Gestão de risco ambiental, proteção à biodiversidade e adoção de mecanismos de prevenção e controle de poluição;

• Proteção à saúde, à diversidade cultural e étnica e adoção de Sistemas de Segurança e Saúde ocupacional;

• Avaliação de impactos socioeconômicos, incluindo as comunidades e povos indígenas, proteção a habitats naturais com exigência de alguma forma de compensação para populações afetadas por um projeto;

• Eficiência na produção, distribuição e consumo de recursos hídricos e energia e uso de energias renováveis;

• respeito aos direitos humanos e combate à mão de obra infantil.

Passo-a-passo

A aplicação destes princípios é baseada no estabelecimento de um rating socioambiental, elaborado pelas instituições financeiras, sendo os projetos categorizados em A (alto risco), B (médio risco) ou C (baixo risco).

Em síntese, somente se concederá empréstimo a projeto que possua Plano de Gestão Ambiental, devendo estar focado na mitigação, planos de ação, monitoramento e gerenciamento de riscos e planejamento, levando-se em conta a seguinte classificação:

Categoria A - com possibilidade de apresentar significativos impactos ambientais adversos que forem sensíveis, diferentes ou sem precedentes. Como sensível, entenda-se aquele que apresenta possibilidade de ser irreversível, como, por exemplo, levar à perda de um importante habitat natural ou afetar grupos ou minorias étnicas vulneráveis, envolver deslocamento ou recolonização involuntária, ou afetar locais de herança cultural significativa.

Categoria B - com potencial de causar impactos ambientais adversos em populações humanas ou áreas ambientalmente importantes, porém menos adversos que aqueles dos projetos classificados sob a Categoria A.

Categoria C - com possibilidade de apresentar mínimo ou nenhum impacto ambiental adverso.

A base da classificação é um conjunto de regras chamadas salvaguardas, criado pelo International Finance Corporation (IFC) entre 1990 e 1998, e sua aplicação é de responsabilidade dos bancos que devem investir na qualificação dos analistas de crédito para atender a essas exigências.

Nos projetos classificados como A ou B, os bancos se comprometem a fazer um relatório socioambiental sugerindo mudanças no projeto para reduzir os riscos à comunidade onde será implantado, no qual pode estar incluída a alternativa de não concluir o projeto. Para todos os projetos de categoria A deverá ser elaborado um Plano de Gestão Ambiental e, caso o Banco considere aconselhável, para qualquer projeto de categoria B.

Caso o tomador deixe de cumprir uma das cláusulas sociais e ambientais, o financiador trabalhará junto a ele, na busca de soluções para que tal cláusula seja cumprida.

os Princípios do Equador estão agora em processo de revisão das salvaguardas.

• Em um primeiro momento, o objetivo principal das salvaguardas era fazer com que os projetos financiados não causassem prejuízos ao meio ambiente e fossem socialmente responsáveis.

PRInCÍPIOS DO EQuADOR

São critérios mínimos para a concessão de crédito, que asseguram que os projetos financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsável.

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• Em um segundo momento, o IFC procurou garantir que os projetos tivessem um impacto socioambiental positivo. A intenção é melhorar os mecanismos de proteção ao desenvolver regras mais claras e fáceis de serem seguidas, mas não necessariamente mais fáceis de serem cumpridas, pois serão mais restritivas.

Efetivamente a nova versão dos Princípios do Equador prevê critérios mais rigorosos, principalmente na análise da população atingida pelo projeto financiado, além da redução do valor de enquadramento do projeto, que passa de uS$ 50 milhões para uS$ 10 milhões.

é importante salientar que a adoção desses princípios é voluntária, sem qualquer dependência ou apoio do IFC ou Banco Mundial. Assim, as instituições, que vierem a adotar tais princípios, deverão tomá-los como base para o desenvolvimento de práticas e políticas internas e individuais.

RESuLTADO

A efetiva implementação dos novos Princípios do Equador e a incorporação de mecanismos de prestação de contas e de transparência de informações são grande desafio a ser perseguido pelas instituições financeiras signatárias. Três anos depois do lançamento dos Princípios do Equador, o Brasil continua sendo o único representante dos países emergentes no acordo, com a adesão, no ano passado, de quatro bancos de capital nacional – Bradesco, Banco do Brasil, Itaú/Itaú BBA e unibanco — de um total de 31 instituições participantes.

(dados são do 2º relatório da Bank Track, uma rede internacional composta por 14 organizações da sociedade civil que monitora as operações das instituições financeiras privadas e seus impactos sobre as comunidades e o meio ambiente).

é um motivo de orgulho para os banqueiros brasileiros o fato de serem um exemplo mundial para os bancos de países em desenvolvimento sobre a aplicação dos Princípios do Equador.

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Com relação à estrutura física e aos equipamentos dos ambulató-rios, a maioria conta recepção, de-pósito de material de limpeza, abri-go externo de resíduo de saúde, sala para arquivo médico, ambulâncias equipadas, ambulâncias básicas, carros de apoio, sala de observação, de emergência e enfermarias.

Todos os resíduos hospitalares são recolhidos e encaminhados ao incinerador localizado na margem esquerda, no setor de gerenciamento de resíduos da UHE.

uheeAnr-10

O grande desafio do engenheiro elétrico e de segurança do trabalho, Afonso Malheiros, do alto de seus 17 anos de experiência em empre-sas como Light, foi desenvolver um sistema gestão de segurança em eletricidade em todo o canteiro da UHE.

Quando chegou, em fevereiro de 2009, a obra contava com pouco mais de 50 eletricistas que ainda não possuíam o treinamento específico da NR-10 (Instalações e Serviços em Eletricidade).

A primeira providência de Ma-lheiros foi desenvolver um check list baseado na NR-10, com 59 per-guntas, para auditar as instalações da UHE Santo Antonio. Em cada pergunta inseria uma boa prática em segurança elétrica.

Concluído o diagnóstico, seu próximo passo foi organizar os grupos de trabalhadores para o trei-namento básico em segurança em instalações e serviços em eletrici-dade com carga horária de 40 ho-ras, treinamento esse que envolveu as pessoas que pudessem ter conta-to com as áreas energizadas, tanto em alta como baixa tensão. Para-lelamente começou a organizar o Prontuário das Instalações, tendo como base o relatório técnico das inconformidades identificadas na obra como ação complementar para o atendimento à NR. Na sequência

foram elaborados dez procedimen-tos de trabalho.

Durante os treinamentos, mo-delos de APR, Ordem de Serviço, crachá de impedimento foram apre-sentados e, em muitos momentos, os trabalhadores receberam ensina-mentos sobre os princípios básicos da parte elétrica. A maioria dos ele-tricistas é local e no início, princi-palmente com as empresas contra-tadas, houve muita dificuldade em treinar e ensinar, pois não tinham qualificação alguma. “Foi um gran-de desafio”, avalia Malheiros.

O total de treinados até 2011 chega a mil trabalhadores. No curso de Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) foram treinados cerca de 60 trabalhadores. Na ver-dade, a norma não obriga os traba-lhadores do setor elétrico a fazer o curso de SEP, pois enquanto obra, o papel é de consumidores. No en-tanto, a partir do momento em que a usina começar a gerar energia, os operadores deverão possuir o curso de SEP.

O engenheiro afirma que toda a documentação dos funcionários e da área elétrica, arquivada na sala da engenharia elétrica, está em dia. Prontuário completo com treinamentos, cursos, provas, cer-tificados, laudos de ferramenta, inspeções, autorizações, APRs e prontuário do eletricista com toda a documentação comprobatória, além do book dos itens ministrados nos treinamentos.

Malheiros acredita que o mais importante dentro da segurança elé-trica é ser educador todo o tempo, tirando o caráter punitivo.

Nos treinamentos apresenta o teste do efeito do choque elétrico na carne, utilizando salsicha que possui

A saúde é tratada como essencial

para o bom desenvolvimento

de todas as atividades do

canteiro da uHE.

Afonso Malheiros, enge-nheiro elétrico e de segu-rança do trabalho

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sal, a água e a carne. Com isso mos-tra o efeito do choque elétrico numa pessoa. Os trabalhadores assim en-tendem e ficam mais conscientes.

Malheiros explica ainda que toda a obra é aterrada e protegida por para-raios e o sistema foi projetado para cada localidade e setor da obra. Todos os testes são realizados por empresa contratada e supervisionada pelo CSAC.

A obra em sua totalidade possui Diagrama Unifilar, atendendo em 100% as determinações da NR-10 e considerando, inclusive, teste de ferramentas semestrais e avaliação visual diária. Além disso, é feito ava-liação comportamental que verifica o atendimento dos procedimentos e utilização correta das ferramentas.

Ainda segundo Malheiros, no canteiro de obras existem algumas

Áreas Classificadas localizadas no restaurante (com gás da cozinha), subestação principal e o gerador de stand-by. O perímetro é definido de acordo com as normas e é identifi-cado no prontuário. Todas as áreas classificadas estão inseridas também no Plano de Emergência da obra.

O engenheiro de segurança elétri-ca conclui afirmando que hoje todo o sistema da NR-10 funciona sozinho, sem interferência. No início do em-preendimento houve muito trabalho e adequações com documentações e mesmo no campo, mas o resultado agora é positivo.

O setor de elétrica conta com um total de 265 profissionais entre eletricistas, ajudantes, munkeiros e auxiliares de escritório, todos de-vidamente treinados e autorizados conforme determina a legislação.

“... o mais importante dentro da segurança

elétrica é ser educador todo o tempo, tirando o caráter punitivo.”

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62•cipa caderno informativo de prevenção de acidentes•www.cipanet.com.br

Paramtecanteirouheéreferênciaemsegurança

As auditorias realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego são constantes nas grandes obras de construção realizadas por todo país, atendendo a um programa es-pecífico.

De acordo com o auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego, Jomar de Souza Ferreira de Lima, a construção da Usina Santo Antônio é complexa, demandando muito esfor-ço, principalmente no que concerne à capacitação dos trabalhadores, lo-gística de infraestrutura, áreas de vi-vência e a área de saúde por tratar-se de uma região endêmica.

Sob o aspecto de segurança do trabalho, Lima esclarece que a San-to Antônio Energia e o Consórcio Construtor trouxeram todo o seu co-

nhecimento e têm avançado muito. “A área de segurança em instalações elétricas está fazendo um trabalho excepcional. Não tínhamos visto em outros empreendimentos a NR-10 sendo tão bem aplicada. Outros aspectos de avanço são nas áreas de saúde e áreas de vivência, não temos

no Brasil áreas de vivência tão boas quanto às de Santo Antônio. É mode-lo, padrão e referência.”

Segundo o auditor fiscal do MTE, existem alguns aspectos a melhorar do ponto de vista ergonô-mico, por falha da própria legisla-ção. O Consórcio Santo Antônio já desenvolveu uma cadeira que se fixa nas estruturas armadas, projeta-da para descanso dos trabalhadores que ficam o dia todo dependurado em armaduras, porém a cadeira ainda não possui o Certificado de Aprovação (CA). cipa

Jomar de Souza Ferreira de Lima, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego

PAtríciAPontesé jornalista. [email protected]

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