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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIA – MESTRADO EM URBANISMO PEDRO SÓRIA CASTELLANO MOVIMENTO MODERNO E PÓS-MODERNISMO: AS NATUREZAS SOBREPOSTAS DE BERLIM CAMPINAS 2008

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Page 1: MOVIMENTO MODERNO E PÓS-MODERNISMO: AS … · Plantas do pavimento tipo do edifício e unidade residencial projetados por Fritz Jaenecke e Sten Samuelson. ... Desenho do conjunto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIA – MESTRADO EM URBANISMO

PEDRO SÓRIA CASTELLANO

MOVIMENTO MODERNO E PÓS-MODERNISMO: AS NATUREZAS SOBREPOSTAS DE BERLIM

CAMPINAS 2008

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PEDRO SÓRIA CASTELLANO

MOVIMENTO MODERNO E PÓS-MODERNISMO:

AS NATUREZAS SOBREPOSTAS DE BERLIM

Dissertação apresentada como exigência para obtenção do Título de Mestre em Urbanismo, ao Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, do Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Orientador: Prof. Dr. Denio Munia Benfatti.

PUC-CAMPINAS 2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

Ficha Catalográfica Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e

Informação - SBI - PUC-Campinas

t709.04 Castellano, Pedro Sória. C348m Movimento moderno e pós-modernismo: as naturezas sobrepostas de Berlim / Pedro Sória Castellano. - Campinas: PUC-Campinas, 2008. xx, 257p. Orientador: Denio Munia Benfatti. Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Pós-Graduação em Urbanismo. Inclui anexos e bibliografia.

1. Modernismo (Arte). 2. Modernismo (Arte) - Berlim. 3. Pós-modernismo (Arte). 4. Modernismo (Arte) - Exposições. 5. Arquitetura - Berlim. I. Benfatti, Denio. II. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias. Pós-Graduação em Urbanismo. III. Título. 22.ed.CDD - t709.04

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Bete e Tuco

pelo incentivo, paciência e confiança.

A minha irmã Marina

por me acompanhar pelas ruas de Berlim.

A minha namorada Andréa

“a conta certa entre a baunilha e o sal”

por me acompanhar sempre.

A tia Alice e Luis Rodolfo, o Magrão.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Denio Munia Benfatti.

Aos professores Eugenio Fernandes Queiroga,

Wilson “Caracol” Ribeiro dos Santos Júnior

e Leandro da Silva Medrano.

Aos colegas Ana Carolina, Carlos, Danielle, João Luis e Paulo.

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RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo uma reflexão sobre as diferenças fundamentais entre o

modernismo e o pós-modernismo ao mesmo tempo em que busca analisar de que forma teorias

tão distintas de cidade comportam-se em um determinado tecido urbano. Para desenvolver-se,

o trabalho utilizou a cidade de Berlim como palco, bem como duas Exposições Internacionais de

Construção que ocorreram na capital alemã em períodos distintos da história: a primeira no pós-

Segunda Guerra durante a década de 1950 denominada Interbau, e a segunda, já com a cidade

dividida pelo Muro, no final da década de 80, chamada IBA.

A pesquisa, que utilizou metodologicamente material bibliográfico e análise de projetos, situa-se

no campo da história do urbanismo, bem como no de intervenções em centros urbanos, dada a

natureza das Exposições que têm por objetos de estudo. Como resultado, espera-se uma

contribuição ao pensamento arquitetônico e urbanístico ao trazer a tona os objetos projetados

durante as Exposições, de modo que os dois eventos estudados sejam vistos como exemplos

das teorias do Movimento Moderno e do pós-modernismo em arquitetura e urbanismo.

Palavras-chave: Movimento Moderno, Pós-Modernismo, Exposições Internacionais, Cidade

Contemporânea, Berlim.

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ABSTRACT

This academic research aims to a study of the fundamental differences between modernism and

post-modernism at the same time analyse how so distincts theories of city can behave in a

certain urban fabric. To develop, this research used Berlin as a stage, and two International

Exhibitions of Construction: the first one in the 50’s, called Interbau, and the second, with the city

divided by the Wall, the end of the 80’s, called IBA.

The research, which used methodologically bibliographic material and analysis of projects, take

place in the history of urbanism, as well as interventions in urban centres, for the nature of the

Exhibitions that are objects of study. As a result, it is expected a contribution to the architectural

and urban thinking to bring forth the objects designed for the Exhibitions, so the two events

studied are seen as examples of theories of the Modern Movement and the post-modernism in

architecture and urbanism.

Keywords: Modern Movement, Post-Modernism, International Exhibitions, Contemporary City,

Berlin.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Foto aérea de Berlim com a identificação de alguns locais de implantação dos objetos de estudo tratados na pesquisa.

............................................................................................................................. 28

Figura 2. Em destaque, Avenida Unter den Linden, região central de Berlim. ............................................................................................................................. 49

Figura 3. Altes Museum, Berlim. ............................................................................................................................. 50 Figura 4. Desenho da Schauspielhaus ............................................................................................................................. 50

Figura 5. Foto da Schauspielhaus. ............................................................................................................................. 51

Figura 6. Fábrica AEG, Peter Behrens. ............................................................................................................................. 51

Figura 7. Foto aérea Olympiastadion, Berlim, década de trinta. ............................................................................................................................. 52

Figura 8. Foto do Estádio Olímpico de Berlim, já com a recentemente implantada cobertura.

............................................................................................................................. 53

Figura 9. Aeroporto de Berlin-Tempelhof. ............................................................................................................................. 53

Figura 10. Maquete da capital do Reich, Germânia, de Albert Speer. ............................................................................................................................. 54

Figura 11. Detalhe da maquete de Germânia. ............................................................................................................................. 55

Figura 12. Foto de um dos grandes blocos da atual Karl-Marx-Allee. ............................................................................................................................. 56

Figura 13. Detalhe de um dos prédios da Karl-Marx-Allee. ............................................................................................................................. 56

Figura 14. Torre de televisão da Alexanderplatz, ponto mais elevado de Berlim. ............................................................................................................................. 56

Figura 15. Reichstag com a nova cúpula transparente de Nornan Foster. ............................................................................................................................. 57

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Figura 16. Conjunto habitacional Halle-Neustadt, projetado pelo arquiteto alemão Hans Pöelzig.

............................................................................................................................. 61

Figura 17. Fábrica Fagus, Alfeld-an-der-Geine, Alemanha. ............................................................................................................................. 64

Figura 18. Modulor: homem-tipo corbuseano. ............................................................................................................................. 65

Figura 19. Maquete do Plano Voisin de Le Corbusier. ............................................................................................................................. 75

Figura 20. Conjunto edificado da antiga Stalinallee, hoje Karl-Marx-Allee, concebido entre 1952-65 sob a liderança de Hermann Henselmann.

............................................................................................................................. 85

Figura 21. Edifício localizado na Karl-Marx-Allee. ............................................................................................................................. 85

Figura 22. Mapa de Berlim. Em Azul, as áreas destruídas após a Segunda Guerra Mundial. ............................................................................................................................. 86

Figura 23. Em vermelho, áreas reconstruídas após a destruição da Segunda Guerra. ............................................................................................................................. 87

Figura 24. Foto de Berlim durante a invasão soviética no final da Segunda Guerra. ............................................................................................................................. 87

Figura 25. Siedlung do bairro de Neukölln, Berlim, onde vivem atualmente 310 mil cidadãos. Projeto de Bruno Taut, década de vinte.

............................................................................................................................. 88

Figura 26. Maquete do Weissenhof Siedlung, 1927, Stuttgart. ............................................................................................................................. 88

Figura 27. Foto de um dos edifícios do Weissenhof Siedlung, Stuttgart. ............................................................................................................................. 89

Figura 28. Implantação do bairro Hansa em período anterior a destruição durante a Segunda Guerra Mundial.

............................................................................................................................. 90

Figura 29. Configuração original do bairro Hansa com destaque para a Hansaplatz. ............................................................................................................................. 91

Figura 30. Edifícios parcialmente conservados após bombardeios da Segunda Guerra. ............................................................................................................................. 92

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Figura 31. Traçado viário do novo Hansa com implantação dos novos edifícios. ............................................................................................................................. 94

Figura 32. Traçado viário do novo Hansa com implantação dos novos edifícios. Caminhos de acesso aos edifícios e o isolamento dos mesmos, propiciado pela configuração de parque que o bairro passou a ter.

............................................................................................................................. 95

Figura 33. Foto da década de cinqüenta durante a construção do novo Hansa. ............................................................................................................................. 96

Figura 34. Maquete do novo bairro Hansa com os edifícios projetados por diferentes arquitetos modernos.

............................................................................................................................. 96

Figura 35. Maquete do novo bairro Hansa. ............................................................................................................................. 97

Figura 36. Maquete do novo bairro Hansa. ............................................................................................................................. 97

Figura 37. Maquete do novo bairro Hansa. ............................................................................................................................. 98

Figura 38. Desenho do projeto do edifício de Walter Gropius e Wils Ebert. ........................................................................................................................... 100

Figura 39. Planta de pavimentos tipo do projeto do edifício de Walter Gropius e Wils Ebert. ........................................................................................................................... 101

Figura 40. Edifício projetado por Walter Gropius e Wils Ebert. ........................................................................................................................... 101

Figura 41. Edifício projetado por Walter Gropius e Wils Ebert. ........................................................................................................................... 102

Figura 42. Planta do edifício projetado por Alvar Aalto. ........................................................................................................................... 103

Figura 43. Edifício projetado por Alvar Aalto. ........................................................................................................................... 104

Figura 44. Construção do edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 105

Figura 45. Edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 106

Figura 46. Edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 107

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Figura 47. Edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 107

Figura 48. Edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 108

Figura 49. Planta do pavimento tipo do edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 109

Figura 50. Maquete do edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 110

Figura 51. Edifício projetado por Oscar Niemeyer – Detalhe do pilar em “v”. ........................................................................................................................... 110

Figura 52. Edifício projetado por Oscar Niemeyer – Detalhe do pilar em “v”. ........................................................................................................................... 111

Figura 53. Edifício projetado por Oscar Niemeyer – Detalhe do pilar em “v”. ........................................................................................................................... 111

Figura 54. Detalhe edifício projetado por Oscar Niemeyer. ........................................................................................................................... 112

Figura 55. Hospital Sul-América, Rio de Janeiro, projetado por Oscar Niemeyer e Hélio Uchoa (1952-59) – Detalhe do pilar em “v”.

........................................................................................................................... 112

Figura 56. Palácio da Agricultura do Parque do Ibirapuera, São Paulo, projetado por Oscar Niemeyer, Zenon Lotufo, Hélio Uchoa e Eduardo Kneese de Mello (1955) – Detalhe do pilar em “v”.

........................................................................................................................... 113

Figura 57. Unidade de Habitação projetada por Le Corbusier. ........................................................................................................................... 114

Figura 58. Unidade de Habitação projetada por Le Corbusier. ........................................................................................................................... 115

Figura 59. Maquete da Unidade de Habitação projetada por Le Corbusier. ........................................................................................................................... 116

Figura 60. Plantas das unidades residenciais da Unidade de Habitação projetada por Le Corbusier.

........................................................................................................................... 117

Figura 61. Corte esquemático da Unidade de Habitação projetada por Le Corbusier. ........................................................................................................................... 118

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Figura 62. Plantas do pavimento tipo do edifício e unidade residencial projetados por Fritz Jaenecke e Sten Samuelson.

........................................................................................................................... 119

Figura 63. Planta do pavimento tipo e corte esquemático do edifício projetado por Pierre Vago.

........................................................................................................................... 120

Figura 64. Maquete do edifício projetado por Paul Schneider-Esleben. ........................................................................................................................... 121

Figura 65. Planta do pavimento tipo do edifício projetado por Paul Schneider-Esleben. ........................................................................................................................... 121

Figura 66. Planta do edifício projetado por Hans Schwippert. ........................................................................................................................... 122

Figura 67. Planta do pavimento tipo do edifício projetado por Eugène Beaudouin e Raymond Lopez.

........................................................................................................................... 123

Figura 68. Plantas do edifício projetado por Kay Fisker. ........................................................................................................................... 124

Figura 69. Plantas do edifício projetado por J.H. van den Broek e Jacob Berend Bakema. ........................................................................................................................... 125

Figura 70. Desenho em perspectiva do edifício projetado por Otto H. Senn. ........................................................................................................................... 126

Figura 71. Planta das residências projetadas por Arne Jacobsen. ........................................................................................................................... 127

Figura 72. Planta das residências projetadas por Eduard Ludwig. ........................................................................................................................... 128

Figura 73. Planta das residências projetadas por Sep Ruf. ........................................................................................................................... 129

Figura 74. Planta das residências projetadas por Werner Fauser. ........................................................................................................................... 130

Figura 75. Desenho em perspectiva das residências projetadas por Franz Heinrich Sobotka e Gustav Muller.

........................................................................................................................... 131

Figura 76. Planta das residências projetadas por Franz H. Sobotka e Gustav Muller. ........................................................................................................................... 131

Figura 77. Desenho do edifício projetado por Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 132

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Figura 78. Foto da maquete do edifício de Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 133

Figura 79. Planta dos apartamentos projetados por Paul Baumgarten. Primeiro e segundo pavimentos.

........................................................................................................................... 134

Figura 80. Planta baixa do edifício projetado por Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 135

Figura 81. Edifício projetado por Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 136

Figura 82. Edifício projetado por Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 136

Figura 83. Edifício projetado por Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 137

Figura 84. Edifício projetado por Paul Baumgarten. ........................................................................................................................... 138

Figura 85. Parte do bairro Hansa. Prédios no parque. ........................................................................................................................... 139

Figura 86. Planta de Berlim e localização da Avenida Friedrichstrasse, do bairro Kreuzberg e do limite do Muro.

........................................................................................................................... 168

Figura 87. Foto aérea de Berlim e localização das áreas onde a IBA ocorreu. ........................................................................................................................... 171

Figura 88. Edifício projetado por Wilhelm Holzbauer. ........................................................................................................................... 173

Figura 89. Edifício Kindertagesstätte, creche, projetado por Karl Manfred Pflitsch. ........................................................................................................................... 174

Figura 90. Desenho do conjunto projetado por Rob Krier no Tiergarten Sul. No canto esquerdo superior, o edifício de Aldo Rossi.

........................................................................................................................... 178

Figura 91. Foto aérea do conjunto projetado por Rob Krier no Tiergarten Sul. ........................................................................................................................... 179

Figura 92. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 180

Figura 93. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 180

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Figura 94. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 181

Figura 95. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 181

Figura 96. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 182

Figura 97. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 182

Figura 98. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 183

Figura 99. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 183

Figura 100. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 184

Figura 101. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 184

Figura 102. Edifício projetado por Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 185

Figura 103. Planta tipo do edifício projetado por Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 185

Figura 104. Desenho do edifício projetado por Rossi inserido no conjunto de Rob Krier no Tiergarten Sul. ........................................................................................................................... 186

Figura 105. Desenho do projeto para o Hotel Berlim (nunca construído) de autoria de Ungers. ........................................................................................................................... 187

Figura 106. Desenho do conjunto da Lutzowplatz, projeto de Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 188

Figura 107. Planta do conjunto de Ungers na Lutzowplatz. ........................................................................................................................... 189

Figura 108. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 189

Figura 109. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 190

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Figura 110. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 190

Figura 111. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 191

Figura 112. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 191

Figura 113. Conjunto de Ungers na Lutzowplatz, fachada do interior do bloco. ........................................................................................................................... 192

Figura 114. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 192

Figura 115. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 193

Figura 116. Edifício Mario Botta. ........................................................................................................................... 194

Figura 117. Foto aérea do bloco projetado por Ungers. ........................................................................................................................... 195

Figura 118. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 195

Figura 119. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 196

Figura 120. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 196

Figura 121. Edifício projetado por Oswald Mathias Ungers. ........................................................................................................................... 197

Figura 122. Acesso do passeio público ao interior do bloco de Ungers. ........................................................................................................................... 197

Figura 123. Foto do interior do bloco edificado de Ungers. ........................................................................................................................... 198

Figura 124. Edifício projetado por Álvaro Siza. ........................................................................................................................... 198

Figura 125. Edifício de Elia Zenghelis e Matthias Sauerbruch, OMA. ........................................................................................................................... 200

Figura 126. Foto do prédio projetado pelo OMA. ........................................................................................................................... 201

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Figura 127. Edifício de Peter Eisenman. ........................................................................................................................... 202

Figura 128. Desenho do edifício Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 204

Figura 129. Desenhos do edifício Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 204

Figura 130. Planta do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 205

Figura 131. Edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 206

Figura 132. Desenho do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 207

Figura 133. Desenho do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 207

Figura 134. Desenho do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 208

Figura 135. Desenho do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 208

Figura 136. Desenho do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 209

Figura 137. Desenho do edifício de Zaha Hadid. ........................................................................................................................... 209

Figura 138. Desenho de Aldo Rossi: coluna branca em destaque. ........................................................................................................................... 211

Figura 139. Foto aérea do conjunto projetado por Rossi. ........................................................................................................................... 211

Figura 140. Foto do conjunto projetado por Rossi: interior da quadra. ........................................................................................................................... 212

Figura 141. Planta baixa do edifício projetado por Aldo Rossi: acesso do passeio público. ........................................................................................................................... 212

Figura 142. Edifício de Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 213

Figura 143. Edifício de Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 213

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Figura 144. Edifício de Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 214

Figura 145. Edifício de Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 214

Figura 146. Edifício de Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 215

Figura 147. Edifício de Aldo Rossi. ........................................................................................................................... 215

Figura 148. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 216

Figura 149. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 217

Figura 150. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 217

Figura 151. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 218

Figura 152. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 218

Figura 153. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 219

Figura 154. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 219

Figura 155. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 220

Figura 156. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 220

Figura 157. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 221

Figura 158. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 221

Figura 159. Edifício de Rob Krier. ........................................................................................................................... 222

Figura 160. Edifício de John Hejduk. ........................................................................................................................... 223

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Figura 161. Edifício de John Hejduk. ........................................................................................................................... 223

Figura 162. Neue Nationalgalerie de Mies van der Rohe. ........................................................................................................................... 230

Figura 163. Fileira de tijolos que marcam o local onde havia o Muro. ........................................................................................................................... 230

Figura 164. Potsdamer Platz destruída após a Segunda Guerra Mundial. ........................................................................................................................... 234

Figura 165. Potsdamer Platz dividida pelo Muro de Berlim. ........................................................................................................................... 235

Figura 166. Potsdamer Platz, aproximadamente década de 20. ........................................................................................................................... 235

Figura 167. Área desocupada da Potsdamer Platz, vendida às empresas. ........................................................................................................................... 236

Figura 168. Maquete vencedora do concurso Potsdamer Platz –Hilmer e Sattler. ........................................................................................................................... 238

Figura 169. Implantação da proposta vencedora do concurso Potsdamer Platz – Heinz Hilmer e Christoph Sattler.

........................................................................................................................... 238

Figura 170. Implantação da proposta Potsdamer Platz, 2º lugar –Ungers e Vieths. ........................................................................................................................... 239

Figura 171. Implantação da proposta Potsdamer Platz, 2º lugar –Ungers e Vieths. ........................................................................................................................... 239

Figura 172. Maquete para concurso Potsdamer Platz, segundo lugar –Ungers e Vieths. ........................................................................................................................... 240

Figura 173. Potsdamer Platz em construção. ........................................................................................................................... 244

Figura 174. Potsdamer Platz, vista aérea do conjunto. ........................................................................................................................... 246

Figura 175. Potsdamer Platz, conjunto edificado. ........................................................................................................................... 247

Figura 176. Potsdamer Platz, imagem interna. ........................................................................................................................... 247

Figura 177. Potsdamer Platz noturna. ........................................................................................................................... 248

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SUMÁRIO

Introdução: As Cidades-Mosaicos .............................................................................. 21

Os cacos do todo ............................................................................................................................. 23

Um mosaico chamado Berlim .......................................................................................................... 25

Objetivos .......................................................................................................................................... 29

Procedimento de Pesquisa .............................................................................................................. 29

Roteiro da Dissertação ..................................................................................................................... 30

1. O Urso: Notas Históricas de Berlim ............................................................................ 32

A ascensão da tormenta .................................................................................................................. 35

A importância da tomada da capital ................................................................................................. 39

Tijolo por tijolo: duas cidades e uma cicatriz .................................................................................... 43

A unificação ...................................................................................................................................... 45

Berlim em cacos ............................................................................................................................... 48

2. O Espírito Novo: Interbau ............................................................................................ 58

Pioneiros: o alemão e o suíço .......................................................................................................... 62

A forma segue a função ................................................................................................................... 66

Tábula rasa e as cidades das linhas retas ........................................................................................71

O esfriamento da utopia ................................................................................................................... 77

Interbau ............................................................................................................................................ 83

Niemeyer no Hansaviertel .............................................................................................................. 104

A agradável surpresa de Baumgarten ........................................................................................... 132

3. A Caixa de Pandora: IBA ............................................................................................140

Os críticos da racionalidade ........................................................................................................... 145

Substituição da idéia de verdade única ......................................................................................... 149

O lugar pós-moderno ..................................................................................................................... 151

Apologia da diversidade ................................................................................................................. 155

Esfriamento do pós-modernismo? ................................................................................................. 160

IBA ................................................................................................................................................. 164

Rossi na Rauchstrasse................................................................................................................... 176

Rossi na Kochstrasse..................................................................................................................... 210

4. As Naturezas Sobrepostas de Berlim: Impressões do Caminhar ......................... 225

Berlin wird ...................................................................................................................................... 249

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Referências Bibliográficas ......................................................................................... 252

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INTRODUÇÃO: AS CIDADES-MOSAICOS

As “cidades-mosaicos” se fazem por colagens.1 São o que há de mais curioso e ao mesmo

tempo intrigante aos olhos deste arquiteto e urbanista. Refletem, recontam, revelam em suas

ruas e paredes, portas e telhados, massas construídas por tijolos e em seus espaços vazios,

fragmentos de tempos passados que, somados, ilustram o que foi e o que é, tudo ao mesmo

tempo e agora, tudo contido em um mesmo olhar.

Há um quê de nostalgia nas “cidades-mosaicos”, porém de uma qualidade que não a faz querer

retornar a tempos passados. O saudosismo ora referido busca dar conta de vestígios que

tornar-se-ão os pequenos cacos de um grande mosaico. Na busca pelos sinais, arqueologia de

resquícios de outras épocas, as “cidades-mosaicos” nutrem-se com o que há de melhor: seus

caminhos. Encontrar evidências destes caminhos conservadas ou simplesmente indicadas,

como reflexos de tempos idos – e por que não como cacos de um todo maior – traduz, de

maneira geral, a busca desta pesquisa.

Calvino apresentou sua imaginária Tecla no livro Cidades Invisíveis. E Tecla, aparentemente,

não tinha a menor intenção em parar de fazer-se:

Quando se chega a Tecla, pouco se vê da cidade, escondida atrás dos tapumes, das

defesas de pano, dos andaimes, das armaduras metálicas, das pontes de madeira

suspensas por cabos ou apoiadas em cavaletes, das escadas de corda, dos fardos de

juta. À pergunta: Por que a construção de Tecla prolonga-se por tanto tempo?, os

habitantes, sem deixar de içar baldes, de baixar cabos de ferro, de mover longos pincéis

para cima e para baixo, respondem:

- Para que não comece a destruição. – E questionados se temem que após a retirada dos

andaimes a cidade comece a desmoronar e a despedaçar-se, acrescentam rapidamente,

sussurrando: - Não só a cidade.

Se, insatisfeito com as respostas, alguém espia através dos cercados, vê guindastes que

erguem outros guindastes, armações que revestem outras armações, traves que escoram

outras traves.

- Qual é o sentido de tanta construção? – pergunta. – Qual é o objetivo de uma cidade em

construção senão uma cidade? Onde está o plano que vocês seguem, o projeto?

1 No Novo Dicionário Aurélio, página 947, Mosaico: 1. Pavimento de ladrilhos variegados. 2. Embutido de pequenas pedras, ou de outras peças de cores, que pela sua disposição aparentam desenho. 3. Qualquer trabalho intelectual ou manual composto de várias partes distintas ou separadas.

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- Mostraremos assim que terminar a jornada de trabalho; agora não podemos ser

interrompidos – respondem.

O trabalho cessa ao pôr-do-sol. A noite cai sobre os canteiros de obras. É uma noite

estrelada.

- Eis o projeto – dizem.2

Seguindo a metáfora de Tecla e das cidades que se refazem permanentemente, qualificamos

os cacos do mosaico nesta pesquisa a partir de importantes passagens da história da

arquitetura e do urbanismo no último século. As diferenças entre estes cacos fundamentam-se

especialmente no período de mudança do Movimento Moderno para o pós-modernismo, em

que é possível observar arquiteturas e cidades distintas entre si.

Entende-se por Moderno, e assim será tratado o termo nesta dissertação, a arquitetura e o

urbanismo pensados dentro do racionalismo próprio da vanguarda artística do final do século

XIX e principalmente início do século XX, especialmente o grupo que chamou-se de

International Style3 no qual destacaram-se nomes como Walter Gropius e Le Corbusier, entre

outros. Suas atuações, teorias, produções e escritos, de maneira pioneira, marcaram – como

veremos em momento apropriado – uma mudança significativa no olhar para o urbano baseada

em linhas gerais na universalização das necessidades, no funcionalismo e racionalismo da

produção industrial como fator estruturador desta arquitetura, na produção de cidades a objetos

para um homem-tipo, na desvinculação deste novo olhar às questões históricas e na crença

revolucionária de que estes ingredientes pudessem dar conta de reformas sociais.

Pós-Moderno é considerado, aqui, o período que seguiu o esfriamento do discurso e da

produção modernos, com destaque para as décadas posteriores às publicações de três obras

literárias fundamentais à crítica ao funcionalismo e racionalismo do International Style. Em

primeiro lugar o livro de Jane Jacobs, Morte e Vida de Grandes Cidades, de 1961, seguido por

Complexidade e Contradição em Arquitetura, de Robert Venturi e A Arquitetura da Cidade, de

Aldo Rossi, ambos originalmente publicados em 1966. O pós-modernismo na produção

arquitetônica e urbanística possibilitou a proliferação de uma diversidade oposta à verdade

única modernista, de modo que, especialmente a partir da década de setenta, os olhares à

cidade multiplicaram-se em diversos modos e caminhos, produzindo experiências variadas de

intervenções urbanas e projetos de edifícios.

2 CALVINO, Ítalo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.117. 3 PORTOGHESI, Paolo. Depois da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins fontes, 2002.

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Os dois tempos históricos escolhidos como pontos focais deste trabalho revelam como

modificaram-se ao longo das últimas décadas questões determinantes no campo da arquitetura

e do urbanismo, modificações estas que, edificadas nos tecidos urbanos de determinadas

cidades – as quais optamos classificar de mosaicos –, podem ser identificadas, lidas e

analisadas de modo a configurar verdadeiros livros de memórias arquitetônicas e urbanísticas,

tendo cada capítulo suas características próprias, porém parte de um mesmo conjunto chamado

cidade.

OS CACOS DO TODO

A escolha por trabalhar estes dois tempos históricos – Movimento Moderno e pós-modernidade

– enquanto cacos de um grande mosaico urbano deve-se ao interesse que estes dois

momentos provocaram ainda no período de graduação na Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo em aprofundar as discussões conceituais e enxergar através deles as questões

urbanas relativas a cada um. A curiosidade pessoal despertada para o tema direcionou olhares

mais atentos aos fragmentos urbanos resultantes destes diferentes discursos. Que cidade é

produzida a partir das teorias modernas? Qual mudança há para a cidade – ou seus fragmentos

– construída durante a pós-modernidade? Como os pedaços destas teorias fundamentalmente

diversas convivem e se fazem notar em um mesmo tecido urbano?

Meu primeiro contato com a arquitetura e o urbanismo modernos aconteceu já na Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Em matéria intitulada

simplesmente Arquitetura Moderna4 fui, até então jovem aspirante aos traços arquitetônicos,

apresentado às idéias do Movimento Moderno, ilustradas por dois importantes livros neste

período de descobertas: Arquitetura Contemporânea no Brasil5, de Yves Bruand e Arquitetura

Moderna no Brasil6, de Henrique Mindlin, que nestes primeiros momentos de contato com o

novo foram de relevante contribuição e abriram portas à curiosidade que naquele instante

emergia. Por algum tempo, este contato fez-me encantar por aquele grupo de arquitetos e

4 Ministrada pela Profa. Dra. Sophia da Silva Telles no primeiro semestre de 2000. 5 BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1999. 6 MINDLIN, Henrique E. Arquitetura Moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1999.

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urbanistas que criaram um novo discurso a respeito de nossos temas, seja no modo de ver as

cidades, seja na escala das edificações – fato que induziu-me, nas matérias seguintes, a

planejar, por exemplo, cidades de características funcionalistas nas disciplinas de Urbanismo e

a projetar edifícios sobre pilotis e com janelas horizontais nas cadeiras de Projeto,

simplesmente por estar convencido de que o modo moderno de ver a arquitetura e o urbanismo

era, por sua pureza, o mais apropriado e formalmente elegante.

Em período posterior, novo contato se deu com a história da arquitetura e do urbanismo, desta

vez em matéria chamada Arquitetura Contemporânea7. Confesso certa resistência ao tema no

primeiro momento, sobretudo por estar mais familiarizado com as idéias modernas e considerar

o pós-modernismo, a princípio, um tanto anárquico e desorganizado, contrário à clareza plástica

e evidente do modernismo. Quanto à forma de sua arquitetura, naquele instante se mostrava

verdadeiramente difícil aceitar que alguém fosse capaz de projetar algo que pudesse atingir a

beleza das formas de Oscar Niemeyer8 e Alvar Aalto – embora estes não propriamente

integrantes, ou melhores exemplos, do chamado International Style – sempre os meus

preferidos, talvez pela dificuldade de entender a profundidade dos projetos e especialmente das

críticas de figuras como Aldo Rossi e Robert Venturi.

Todavia, à semelhança das aulas sobre a Arquitetura Moderna, as de Arquitetura

Contemporânea ajudaram-me a ampliar repertório sobre as questões arquitetônicas e

urbanísticas ao discorrer sobre outras duas obras literárias que tiveram fundamental

participação neste período de primeiros contatos e acesso às idéias pós-modernas: Morte e

Vida de Grandes Cidades9, de Jane Jacobs e, de Diane Ghirardo, Arquitetura Contemporânea,

uma História Concisa10.

7 Sob os cuidados da Profa. Dra. Silvana Rubino, primeiro semestre de 2002. 8 No momento em que Niemeyer completa 100 anos de idade, registro aqui uma poesia escrita pelo arquiteto, que evidencia sua notável diferença com relação a todos os demais arquitetos, inclusive dentro do próprio Movimento Moderno de vanguarda. Trata-se de seu Poema da Curva, retirado do Portal Eletrônico <www.avidaeumsopro.com.br/pt/niemeyer_depoimentos.php>. Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein. 9 JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 10 GHIRARDO, Diane. Arquitetura Contemporânea, uma História Concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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Impossível não estabelecer comparações entre estes dois momentos da história da arquitetura

e do urbanismo, comparações que agora, anos após o primeiro contato com as teorias

modernistas, constituem-se base desta dissertação, que procura trabalhar exatamente nas

diferenças entre o moderno e o pós-moderno na constituição de um tecido urbano de

características variadas, construído ao longo do tempo como um mosaico que se faz de

pequenos cacos.

UM MOSAICO CHAMADO BERLIM

Para analisar com maior proximidade as diferenças entre os discursos moderno e pós-moderno

e como comportam-se estes dois modelos – e momentos – de cidade, escolheu-se um local

como base, uma cidade cuja história muito se aproxima do conceito de mosaico que buscamos:

Berlim11. A capital da Alemanha, além de assemelhar-se à cidade invisível Tecla, aproxima-se

também de outra cidade de Calvino, Clarisse:

Clarisse, cidade gloriosa, tem uma história atribulada. Diversas vezes decaiu e refloresceu

(...). Nos séculos de degradação, a cidade, esvaziada por causa das pestilências, reduzida

em estrutura por causa do desabamento de traves e cornijas e do desmoronamento de

terras, enferrujada e bloqueada por negligência ou férias dos funcionários da manutenção,

repovoava-se lentamente com hordas de sobreviventes emersos de sótãos e covas como

férvidos ratos movidos pelo afã de resolver e roer e que ao mesmo tempo se reuniam e se

ajeitavam como passarinhos num ninho.

Os tempos de indigência eram sucedidos por épocas mais alegres: uma suntuosa

Clarisse-borboleta saía da mísera Clarisse-crisálida; a nova abundância fazia a cidade

extravasar de novos materiais edifícios objetos; afluía gente nova de fora; nada e ninguém

tinha a ver com a Clarisse ou as Clarisses anteriores; e, quanto mais se estabelecia

triunfantemente no lugar e com o nome da primeira Clarisse, mais a nova cidade percebia

afastar-se desta, destruí-la com a velocidade dos ratos e do mofo (...).

11 “Berlim é feita de cicatrizes, de lembranças dolorosas. De ditadura, intolerância, guerra, destruição, separação, dualidade e reunificação. Intriga pelo contraste, conquista pela riqueza de detalhes e fascina pelo passado turbulento. A história não foi esquecida. Está nas balas da Segunda Guerra, ainda incrustadas em prédios do antigo bairro judeu, nas ruínas de igrejas e sinagogas bombardeadas, nos monumentos socialistas e claro, no que restou do Muro. Por isso, o primeiro requisito para o visitante de Berlim é gostar de história”. KLEINE, Johanna. Apud BARREIRA, Irlys Alencar Firmo. Os guias turísticos em Berlim. Tempo Social. Revista de Sociologia da Universidade de São Paulo, v.17, n.1. São Paulo: junho 2005.

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Eis então os fragmentos do primeiro esplendor, que haviam se salvado adaptando-se a

necessidades mais obscuras, sendo novamente deslocados, ei-los protegidos sob

recipientes de vidro, trancados em vitrinas, apoiados sobre travesseiros de veludo, e não

mais porque ainda podiam servir para alguma coisa, mas porque por meio deles seria

possível reconstruir uma cidade sobre a qual ninguém sabia mais nada.

Sabe-se com certeza apenas o seguinte: um certo número de objetos desloca-se num

certo espaço, ora submerso por uma grande quantidade de novos objetos, ora consumido

sem ser reposto; a regra é sempre misturá-los e tentar recolocá-los no lugar. Talvez

Clarisse sempre tenha sido apenas uma misturada de bugigangas espedaçadas, pouco

sortidas, obsoletas.12

A escolha de Berlim pode ser justificada em argumentos que passam por sua condição histórica

singular, reconstrução no pós-Segunda Guerra, divisão físico-ideológica ocidental/oriental e

recente unificação. Se tais argumentos validam o interesse por tão complexo histórico,

urbanisticamente Berlim, aos olhares de um arquiteto e urbanista, mostra-se igualmente

fascinante por dois acontecimentos em especial – tornados aqui objetos de estudo – que

alimentam esta dissertação e propiciam as comparações base da reflexão central deste

trabalho.

Primeiro acontecimento, a Exposição Internacional de Construção – conhecida como Interbau,

abreviação de Internationale Bauausstellung – para a reconstrução do central bairro Hansa –

Hansaviertel – após sua quase completa destruição durante os bombardeios à Berlim na

Segunda Guerra Mundial. Naquele momento, segunda metade da década de cinqüenta, o plano

urbanístico vencedor e as edificações projetadas e construídas para o novo Hansa vincularam-

se exclusivamente às teorias do Movimento Moderno. Desta forma, implantado em meio a um

jardim, o bairro Hansa, localizado na área de comando norte-americano, britânico e francês,

ganhou conceitos e formas do que havia de mais moderno em arquitetura e urbanismo,

contrapondo-se de forma visível à rigidez quase burocrática dos edifícios que erguiam-se do

lado socialista da cidade com o intuito de sanar o déficit habitacional ocasionado pelos conflitos

da guerra.

O novíssimo traçado urbano do novo Hansa – anteriormente um típico bairro berlinense com

casas geminadas e telhados inclinados – definiu os locais de implantação de exemplos de

edifícios modernos dando ao local as características de um show-room do que a arquitetura

moderna era capaz de imaginar, desenhar e construir, sobretudo em uma área relativamente

12 CALVINO, Ítalo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.98.

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central e praticamente vazia de uma capital importantíssima, oportunidade que certamente os

modernos não ousariam desperdiçar – mesmo porque, como veremos, o projeto do novo bairro

Hansa teve, como uma de suas marcas iniciais, provocar a parte soviética de Berlim.

O pós-Segunda Guerra Mundial na Europa e a destruição parcial de suas grandes cidades

possibilitou a reconstrução de áreas relevantes. Assim, não há como negar que dos escombros

surgiu a oportunidade para a criatividade moderna atuar em grandes e bem localizadas áreas

de capitais européias que naquele momento tentavam refazer-se. Berlim, por ser uma das

cidades mais destruídas durante os combates, constituiu-se também um dos maiores

laboratórios de reconstrução, onde experimentações tornaram-se possíveis, fortalecendo assim

sua característica de mosaico, a qual nos referimos ainda a pouco.

O segundo acontecimento é igualmente um evento internacional de arquitetura e urbanismo,

ocorrido já no final da década de oitenta e conhecido como IBA. Já envolta às críticas aos

caminhos modernos, a nova Exposição Internacional de Construção visou a revitalização de

áreas centrais da capital, envoltórias ao Muro – que sucumbiu em 1989 –, pulverizando pelo

centro de Berlim Ocidental projetos pontuais de importantes nomes da arquitetura pós-moderna,

evidenciando assim diferenças conceituais e físicas com relação aos projetos do bairro Hansa

durante a Interbau.

Desta forma, a partir dos objetos de estudo escolhidos – Interbau e IBA, cujas localizações

podem ver vistas na figura 1, p. 28 – busca-se a compreensão das diferenças fundamentais

entre as teorias modernistas de cidade, suas críticas por parte da pós-modernidade, e a procura

de exemplos edificados em Berlim que evidenciem estas diferenças.

Talvez não haja outra grande cidade ocidental que suporte as marcas da história do século

XX tão intensamente e de forma tão autoconsciente como Berlim. A cidade-texto tem sido

escrita, apagada e reescrita ao longo deste século violento, e sua legitimidade se deve

tanto mais às marcas visíveis do espaço construído quanto às imagens e memórias

reprimidas e rompidas pelos eventos traumáticos.13

13 HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000, p.93.

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Figura 1 – Foto aérea de Berlim com a identificação de alguns locais de implantação dos objetos de estudo tratados nesta pesquisa. Em amarelo, área do bairro Hansa, palco da Interbau, década de cinqüenta. Em laranja, locais onde ocorreu a IBA, década de oitenta. Fonte: Google Earth.

Quais as principais diferenças conceituais entre Interbau e IBA? Que imagem de cidade se

buscava em cada uma das exposições? O que há do discurso moderno e do pós-moderno em

cada uma delas? Buscar as respostas para estas indagações em uma cidade-mosaico como

Berlim nos ajuda a enxergar quão distintos foram os momentos moderno e pós-moderno para a

arquitetura e o urbanismo e quão diversa é Berlim, marcada por períodos terríveis e que

conserva, em sua paisagem atual, além de cicatrizes físicas de seu passado, exemplos

riquíssimos de momentos distintos do pensar arquitetônico e urbanístico.

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OBJETIVOS

A pesquisa busca uma reflexão sobre as diferenças fundamentais entre o discurso do

Movimento Moderno e o pós-modernismo, de modo que esta discussão se transforme em base

para a apresentação dos objetos de estudo específicos da cidade de Berlim.

Espera trazer à tona dois eventos importantes para a história recente da arquitetura e do

urbanismo, que são as Exposições Internacionais de Construção – Interbau e IBA – ocorridas

em Berlim nas últimas décadas de cinqüenta e oitenta respectivamente. Por serem pouco

tratadas nas pesquisas brasileiras da área, bem como nos livros sobre o tema, esta contribuição

parece ser relevante pela apresentação de significativos projetos arquitetônicos realizados, bem

como de futuros estudos acadêmicos.

Assim, a pesquisa busca compreender de que forma teorias tão distintas de cidade – como são

a moderna e a pós-moderna – comportam-se num mesmo tecido urbano, evidenciando suas

diferenças e as percepções advindas delas.

PROCEDIMENTO DE PESQUISA

A pesquisa, descritiva e bibliográfica, estruturou-se basicamente em quatro vertentes, divididas

de acordo com os assuntos abordados nos diferentes capítulos que a compõe. A primeira

vertente, que trata de um breve histórico da cidade de Berlim, utilizou documentos sob a forma

predominante de livros que abordam as histórias da Alemanha e de Berlim. Com o intuito de

descrever a cidade ao longo dos tempos, desde sua fundação até a queda de seu célebre

Muro, serão utilizados autores que preocuparam-se com o tema berlinense, dentre os quais

podemos destacar Richie e Friedrich sobre a história geral da cidade; Salinas, Ryan, Beevor,

Magnoli e Araripe sobre os períodos correspondentes às guerras; Marabini e Margulies sobre o

nazismo; Barreto, Gerhardt, Borella e Gruber sobre o Muro e, finalmente, Cavalcante e

Bandeira sobre a unificação alemã.

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A segunda vertente concentra o que chamamos de bases teóricas, e consiste na reflexão sobre

os fundamentos da arquitetura e do urbanismo do Movimento Moderno e igualmente das

críticas que o seguiram, denominadas aqui de pós-modernismo. Divididas em dois capítulos

distintos, as duas bases teóricas foram compostas e estruturadas com referências colhidas de

importantes arquitetos e pesquisadores: para a formulação das teorias modernas, utilizamos,

dentre outros, Benévolo, Portoghesi, Kopp, Choay, Colquhoun, Gropius, Le Corbusier e Loos;

para tratarmos das críticas às idéias modernistas, Frampton, Montaner, Jameson, Tafuri,

Lyotard, Harvey, Ghirardo, Jacobs, Rossi, Venturi e Arantes.

A terceira vertente, embasada igualmente em pesquisa bibliográfica, consiste na descrição das

duas Exposições Internacionais de Construção – Interbau e IBA – tomadas por objetos de

estudo nesta pesquisa, que utiliza documentos de naturezas distintas a fim de registrar os dois

eventos tão pouco mostrados na literatura da área. Para descrever a Interbau, realizada durante

a década de cinqüenta, o catálogo oficial da exposição publicado em 1957 foi fundamental. Não

há fonte mais completa, tendo em conta que pouco se fala da Interbau nas pesquisas

acadêmicas e mesmo nos livros de arquitetura e urbanismo14. Principalmente com respeito às

imagens, não há material mais rico que o catálogo, freqüentemente utilizado para ilustrar

nossas descrições. Sobre a IBA, foi possível analisar bibliografia mais extensa, posto que há

maior quantidade de trabalhos críticos sobre este objeto em especial, principalmente em

autoras como Passaro e Ghirardo.

A quarta e última vertente desta pesquisa traz a visão do autor sobre Berlim, através de uma

visita à cidade a fim de percorrer os locais estudados ao longo do processo. As impressões do

trajeto estão relatadas em capítulo específico deste trabalho.

ROTEIRO DA DISSERTAÇÃO

Após este capítulo introdutório, As Cidades-Mosaicos, o leitor chegará ao capítulo 1,

denominado O Urso: Notas Históricas de Berlim, que aborda questões sobre a cidade, desde

sua fundação até momentos posteriores à queda do Muro – passagem da década de oitenta

14 Com exceção feita a pequenos trechos colhidos em: BENÉVOLO, 2004; FREITAG, 2002; MENNEH, 1997.

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para noventa. É importante recuperar o passado de Berlim para tornar possível o entendimento

de ações e projetos propostos para a cidade e que são apresentados posteriormente como

objetos desta pesquisa.

O capítulo 2 foi denominado O Espírito Novo: Interbau e aprofunda olhares sobre a reflexão do

Movimento Moderno na arquitetura e no urbanismo. Apresenta uma linha que chamamos de

base teórica, de fundamental importância para a análise do primeiro objeto de estudo, a

Exposição Internacional de Construção – Interbau – realizada durante a década de cinqüenta

no destruído bairro Hansa. Além de descrever a Interbau, pouco retratada em pesquisas e

livros, a intenção deste segundo capítulo é analisar de que maneira as teorias modernas de

cidade e arquitetura fizeram-se edificar no tecido urbano berlinense e quais as principais

características encontradas no novo e modernista bairro Hansa.

A fim de abordar o segundo momento histórico tratado nesta pesquisa, que compreendem as

questões da pós-modernidade, apresentamos A Caixa de Pandora: IBA. Este terceiro capítulo

trata dos temas relativos às críticas ao Movimento Moderno e da maneira com que a arquitetura

e o urbanismo se portaram, de modo geral, a partir do declínio das idéias modernistas –

momento para o qual preferimos utilizar o termo esfriamento, como será visto adiante. Aos

moldes do capítulo anterior, após a apresentação da base teórica, buscamos explorar a

segunda Exposição Internacional de Construção aqui tratada, abreviada de IBA e ocorrida no

fim dos anos oitenta. É com base nesta exposição que se pode observar como o pós-

modernismo e as críticas ao modernismo resultaram em um modo de fazer cidade muito distinto

do utilizado no bairro Hansa da Interbau.

O quarto e último capítulo, denominado As Naturezas Sobrepostas de Berlim: Impressões do

Caminhar, evidencia impressões pessoais do autor em relação à cidade de Berlim, resultado de

recente visita ao local. Em linguagem diferente do tom acadêmico dos capítulos anteriores, este

capítulo buscou retratar como os objetos de estudo – as exposições aqui descritas –

apresentam-se aos olhos de um pedestre-arquiteto e pesquisador do assunto, que pela primeira

vez os vê. O capítulo indica, ainda, após as reflexões sobre o Movimento Moderno e o pós-

modernismo edificados em Berlim, um caminho novo a partir do projeto de reconstrução da

Potsdamer Platz e sugere, apontando para pesquisas, trabalhos e escritos futuros, um novo

capítulo da história da arquitetura e do urbanismo na cidade, como um mosaico que

continuamente ganha novos cacos.