SRIE ANTROPOLOGIA ISSN 1980-9867

407

A FORTIFICAO PREVENTIVA E A URBANIDADE COMO PERIGO

Cristina Patriota de Moura

Braslia, 2006

Universidade de Braslia Departamento de Antropologia

Braslia 2006

2

Srie Antropologia editada pelo Departamento de Antropologia da Universidade de Braslia, desde 1972. Visa a publicao de artigos, ensaios e notas de pesquisas no campo da Antropologia Social. A partir de 1990 tem publicado cerca de 20 nmeros por ano. ISSN Formato Impresso: 1980-9859 ISSN Formato Eletrnico: 1980-9867 1. Antropologia 2. Srie I. Departamento de Antropologia da Universidade de Braslia Solicita-se permuta. Srie Antropologia Vol. 407, Braslia: DAN/UnB, 2006.

3

Universidade de Braslia Reitor: Thimothy Martin Mulholland Diretora do Instituto de Cincias Sociais : Lourdes Maria Bandeira Chefe do Departamento de Antropologia: Lia Zanotta Machado Coordenador da Ps-Graduao em Antropologia: Paul Elliott Little Coordenadora da Graduao em Cincias Sociais: Kelly Cristiane da Silva Conselho Editorial: Lia Zanotta Machado Paul Elliott Little Kelly Cristiane da Silva Editora Assistente: Marcela Stockler Coelho de Souza Editorao Impressa e Eletrnica: Rosa Venina Macdo Cordeiro

4

EDITORIAL

A Srie Antropologia foi criada em 1972 pela rea de Antropologia do ento

Departamento de Cincias Sociais da Universidade de Braslia, passando, em 1986, a responsabilidade ao recente Departamento de Antropologia. A publicao de ensaios tericos, artigos e notas de pesquisa na Srie Antropologia tem se mantido crescente. A partir dos anos noventa, so cerca de vinte os nmeros publicados anualmente.

A divulgao e a permuta junto a Bibliotecas Universitrias nacionais e estrangeiras e a pesquisadores garantem uma ampla circulao nacional e internacional. A Srie Antropologia enviada regularmente a mais de 50 Bibliotecas Universitrias brasileiras e a mais de 40 Bibliotecas Universitrias em distintos pases como Estados Unidos, Argentina, Mxico, Colmbia, Reino Unido, Canad, Japo, Sucia, Chile, Alemanha, Espanha, Venezuela, Portugal, Frana, Costa Rica, Cabo Verde e Guin-Bissau.

A principal caracterstica da Srie Antropologia a capacidade de divulgar com extrema agilidade a produo de pesquisa dos professores do departamento, incluindo ainda a produo de discentes, s quais cada vez mais se agrega a produo de professores visitantes nacionais e estrangeiros. A Srie permite e incentiva a republicao dos seus artigos.

Em 2003, visando maior agilidade no seu acesso, face procura crescente, o Departamento disponibiliza os nmeros da Srie em formato eletrnico no site www.unb.br/ics/dan.

Ao finalizar o ano de 2006, no momento da publicao do mais recente nmero, o volume 407, o Departamento decide pela formalizao de seu Conselho Editorial, de uma Editoria Assistente e da Editorao eletrnica e impressa, objetivando garantir no somente a continuidade da qualidade da Srie Antropologia como uma maior abertura para a incluso da produo de pesquisadores de outras instituies nacionais e internacionais, e a ampliao e dinamizao da permuta entre a Srie e outros peridicos e bibliotecas.

Cada nmero da Srie dedicado a um s artigo ou ensaio. Se o primeiro Nmero da Srie Antropologia teve a autoria do saudoso colega Roberto Cardoso de Oliveira, que um dos pioneiros responsveis pela institucionalizao da ps-graduao na UNB, este nmero que inaugura a formalizao de um Conselho Editorial e de uma equipe de editoria e de editorao, tem a autoria de professora recentemente contratada pelo Departamento de Antropologia: Cristina Patriota de Moura, num contnuo desenvolver do espao institucional da UnB e de sua contribuio para a Antropologia. Esto todos convidados para a leitura deste nmero que inaugura uma nova fase. Pelo Conselho Editorial: Lia Zanotta Machado

5

SUMRIO Ttulo: A Fortificao Preventiva e a Urbanidade como Perigo Resumo: A proliferao de sistemas de vigilncia e de arranjos espaciais que cristalizam padres de segregao residencial nas reas metropolitanas um fenmeno que vem sendo observado globalmente. Enquanto, principalmente nos EUA, a fortificao vem sendo imputada a uma cultura do medo que tem pouca equivalncia com reais probabilidades de ataques a residncias, nas cidades latino-americanas esse fenmeno vem sendo interpretado como uma conseqncia direta do aumento da violncia urbana. O presente artigo problematiza essa matriz interpretativa apresentando um caso de fortificao preventiva, a partir de pesquisa etnogrfica em condomnios horizontais em Goinia. Palavras-chave: cultura do medo, violncia urbana, condomnios horizontais, segurana privada Title: Preventive Fortification and Urban Danger Abstract: The proliferation of surveillance systems and spatial arrangements which crystallize patterns of residential segregation in metropolitan areas is a phenomenon that can be observed throughout the globe. While, mainly in the USA, fortification has been explained as part of a culture of fear that has little equivalence with real probabilities of residential attacks, in Latin-American cities this phenomenon has been interpreted as a direct consequence of the increase in urban violence. The present article addresses this interpretive matrix by presenting a case of preventive fortification in Brazil, based on ethnographic research in gated communities in Goinia. Key words: culture of fear, urban violence, gated communities, private security

6

A Fortificao Preventiva e a Urbanidade como Perigo1

Cristina Patriota de Moura

Termos como insegurana, violncia, medo, risco e perigo fazem parte de um

domnio semntico que tem sido empregado de forma crescente para descrever a vida urbana. Estudos em todos os continentes identificam processos de crescente segregao espacial e tenses sociais que elegem os espaos urbanos como palco de batalha. Se, por um lado, podemos identificar processos de reapropriao valorativa dos espaos pblicos das chamadas cidades globais, essa ressignificao vem acompanhada de regulamentaes e instrumentos de vigilncia que pretendem inserir a previsibilidade e disciplinar o uso de espaos atravs da excluso de usos espontneos de espaos das cidades.

Crescem tambm os espaos pblicos privatizados em forma de parques, shopping centers, complexos empresariais e bairros residenciais fechados, em grande parte com emprego de sofisticadas tecnologias de vigilncia. Os chamados enclaves fortificados (Caldeira, 2000) se apresentam talvez de forma mais ostensiva e perceptvel em cidades com altos ndices de desigualdades scio-econmicas como os grandes centros urbanos brasileiros, que vm se tornando casos-limite referidos na literatura internacional. Enquanto elites e parte das camadas mdias compram espaos semi-pblicos purificados e vigiados, grande parte das populaes urbanas se v privada de usufruir os bens e servios que a cidade tem a oferecer. Alguns se organizam em movimentos sociais e instituies da sociedade civil, mas outros partem cada vez mais para atos de agresso que contestam a organizao social sem se constiturem em grupos reivindicatrios que utilizam os trmites polticos legais. Notcias da guerra urbana entre policiais e integrantes do PCC em So Paulo so to significativas como cenas do filme Cidade de Deus, que popularizou internacionalmente o termo favela em um misto de imagem extica de barbrie e espao cult que atrai turistas com formao em cincias sociais a fazerem passeios guiados por favelas cariocas (Zeiderman, 2006).

O Brasil passa a ser ento o pas da violncia urbana e dos enclaves fortificados onde os membros das elites alienadas se encastelam em ilhas da fantasia onde podem se inocular dos perigos e impurezas do caos urbano tido como incontrolvel. A cidade que, de acordo com as utopias modernas, deveria ser o espao do correto exerccio da cidadania e do florescimento da civilidade, d ento lugar ao campo de batalha, do qual aqueles que podem escolhem se retirar ou se servir de forma seletiva. (Caldeira, 2000; Holston, 1999)

Mas os enclaves fortificados no proliferam somente no Brasil ou mesmo nos Estados Unidos outro caso-limite invocado em estudos urbanos (Caldeira, 2000;

1 Texto apresentado na 25 Reunio Brasileira de Antropologia, Goinia, 2006. Srie Antropologia Vol. 407. Braslia: Departamento de Antropologia da Universidade de Braslia, 2006, pp. 6-18.

7

Davis, 1990; Harvey, 1992; Blakely e Snider, 1997). Aparatos de vigilncia e condomnios fechados proliferam nas mais diversas partes do globo e tm, como justificativas, anseios, medos e sonhos de bem-viver que se alimentam de ideo-paisagens (Appadurai, 1991) desencaixadas (Giddens, 1991) que so remontadas em hbridos globais (Ong e Collier, 2005) que se espacializam e produzem a prpria realidade que pretendem negar. Termos como cultura do medo tm a vantagem de apontar para processos simblicos e formas de apreenso da realidade que no so simplesmente conseqncias diretas de fatos concretos. Anlises da cultura do medo nos Estados Unidos, como a de Barry Glasner (2003), apontam para uma incongruncia entre riscos estatisticamente calculveis e imaginrios compartilhados pelo senso comum, mesmo tendo em vista as ansiedades geradas pela arbitrariedade e imprevisibilidade de atos de graves conseqncias como ataques terroristas. Por outro lado, trabalhos que se referem a uma cultura do medo no Brasil tendem a concordar que, se diversos tipos de ansiedades sociais encontram uma coerncia discursiva em narrativas sobre a violncia urbana, por exemplo, no h como negar a existncia real desta violncia e o aumento dos riscos, sendo estes percepes de perigo medidas em termos de probabilidades. (Eckert e Carvalho da Rocha, 2005; Soares, 1995) Uma importante dimenso da construo social do medo no tocante s transformaes dos espaos urbanos brasileiros tem sido trabalhada a partir de narrativas de vitimizao, tomando a organizao discursiva de experincias vividas e intervenes sobre espaos construdos como medidas tticas, no sentido dado por De Certeau (1994), para reorganizar vidas previamente dilaceradas por episdios traumticos. Trabalhos como o de Teresa Caldeira em So Paulo e Cornlia Eckert em Porto Alegre demonstram como a adoo de estticas e tecnologias de segurana restabelecem a ordem atravs do espao, em resposta a uma desorganizao ocorrida no tempo.

A proliferao de medidas de controle do espao, aliada circulao cada vez maior de narrativas de violncia, certamente faz parte dessa cultura do medo. No obstante, se trabalharmos somente tendo como base as narrativas sobre experincias vividas pelos sujeitos de enunciao, continuamos envoltos na prpria lgica interna da chamada cultura do medo, que v a proliferao de narrativas sobre casos de violncia e a adoo de intervenes espaciais profilticas como medidas necessrias em face realidade do perigo. O desafio para a anlise antropolgica justamente sair da lgica interna do discurso do medo, efetuando o clssico estranhamento. Mas nesse caso ser possvel fugir circularidade do conhecimento apontada por Giddens? Sabemos que termos como necessidade, realidade e perigo so socialmente construdos mas, por outro lado, inserimo-nos, como atores e membros de comunidades cientficas, na configurao cultural moderno-ocidental que v o clculo de probabilidades como informativo de necessidades baseadas em fatos. Assim, agimos de acordo com informaes dadas por peritos que, cada vez mais, fazem parte de um mercado que cria necessidades atravs de percepes de perigo. De fato, o mercado aparece preenchendo o espao vazio deixado pelas instituies pblicas e civis, criando tambm novas formas de associao baseadas na confiana fabricada por peritos devidamente treinados2. Da a proliferao de espaos 2 Essa expanso do mercado de consumo, da indstria da segurana e de especialistas engendra a necessidade de estratgias de segurana consideradas lgicas ao enfrentamento dos riscos e remete s noes propostas por Giddens de construo da reflexividade (Giddens, 1991:43) e por Beck de

8

com segurana mesmo em contextos onde a relao entre medidas profilticas e narrativas de experincias traumticas no to direta. A propaganda, como produtora de significados, tambm atua como produtora de inseguranas a serem sanadas por medidas de segurana. O sentimento de insegurana e as medidas profilticas so muitas vezes comprados simultaneamente, em uma criao constante de necessidades prpria do esprito do consumismo moderno to bem caracterizado por Colin Campbel (1995). interessante, neste sentido, contrastarmos dois enunciados proferidos por peritos envolvidos na produo dos espaos purificados que so os condomnios horizontais em Goinia:

1. Eu gosto muito de fazer uma anlise comparativa, eu brinco muito o seguinte, olha no dia que puder fazer igual fez no muro de Berlim eu sou o primeiro a ir na frente para derrubar esse muro. Eu brinco. porque no legal, no bonito. Inclusive no Alto dos Lagos no chama tanta ateno porque uma rea grande, a vegetao muito rica, ento aquele muro no um elemento assim to chocante. Mas ns temos uma srie de outros condomnios em que o muro chocante mesmo. Ento ruim. Agora, necessrio? um mal necessrio. Momentaneamente. Se daqui a uns dez anos, quinze anos, vinte anos, houver uma reviravolta, se o Estado como instituio tiver competncia para poder reorganizar todo o esquema de segurana e essa insegurana que existe hoje desaparecer, no tenha dvida que eu vou l ajudar a derrubar o muro. Porque uma questo momentnea, eu no tenho dvida quanto a isso. (Arquiteto que trabalhou para o Estado durante dcadas e realizou projetos urbansticos de diversos condomnios horizontais, a partir da dcada de 1990)

2. A gente parte do princpio que bandido no acaba, bandido migra. Ento deixa a gente mudar um pouquinho o foco pra responder essa pergunta que voc t fazendo. Nos anos oitenta bandido assaltava banco porque era lucrativo assaltar banco. O qu que o banco fez? Colocou porta giratria, aumentou o nmero de vigilantes, colocou menos dinheiro nos bancos, monitorou com alarme, ficou difcil pro bandido. A ele passou a assaltar cargas, porque havia caminhes levando milhes e o caminho sozinho. O que passou a acontecer? As empresas colocaram rastreador de carga, escolta armada, diminuram a quantidade de cargas transportadas, colocaram num comboio pra evitar que aquele bandido fizesse isso? O qu que aconteceu? Esse bandido ta migrando. O qu que t acontecendo no Rio, em So Paulo e em algumas outras cidades? So esses bandidos que esto fazendo os seqestros relmpagos, esto atentando contra a vida das pessoas. E o qu que mostra essa experincia? Mostra que se voc dificulta pro bandido ele vai onde est mais fcil, o bandido bandido porque no gosta de trabalho, se no ele seria um trabalhador honesto, fazendo essa brincadeira mas s parafraseando. Se voc demonstra que existe um aparato complexo e complicado pra ser burlado por que que o bandido vai ali se muito mais fcil e lucrativo ele ir em outro local que est mais protegido? Ou seja (...) no mais barato a gente trabalhar na preveno,

modernizao reflexiva, em que a seleo individual por uma ao protetora objetiva minimizar o perigo, demonstrando, assim, a recomposio de uma confiana pela mediao do mercado em detrimento da credibilidade nas instituies pblicas e civis (Eckert e Carvalho da Rocha, 2005:14)

9

montando uma estrutura complexa de segurana pra prevenir o crime do que uma estrutura frgil que quando o crime ocorra a gente v pensar na estrutura complexa?(Dono de empresa de segurana privada responsvel pelos aparatos de vigilncia na maioria dos condomnios de Goinia e Presidente da Associao dos Condomnios Horizontais do Brasil)

Se no primeiro enunciado os muros e o aparato de segurana privada so vistos

como potencialmente momentneos e preenchendo um vazio deixado pelo Estado, o segundo perito no prev possibilidade alguma de reverso da necessidade pelos produtos que este mesmo comercializa. Este segundo perito, que se encontra frequentemente em situaes de interao face-a-face em reunies de associaes de moradores, opera processos de reencaixe (Giddens, 1991) atravs da utilizao de argumentos baseados em sistemas abstratos e apela para imaginrios igualmente abstratos. Ele postula, por exemplo, um bandido universal que existe independentemente das circunstncias sociais e do qual as pessoas precisam se proteger, fala da violncia de outras cidades e mostra como Goinia ser a prxima atingida, ou como os condomnios sero os prximos em uma linha que vai de roubos a bancos a roubos de cargas de caminhes, passando por seqestros relmpago. Invocando uma srie de situaes violentas, ele tambm mostra a eficcia de seus seguranas em agir conforme a necessidade.

Discusses em reunies das associaes de moradores, nos dois condomnios em que se concentrou a pesquisa3, a respeito de quem deve ter acesso aos condomnios incluem representaes sobre perigo e contgio dignos das reflexes de Dumont (1992) e Mary Douglas (1976). A segurana, apontada em reportagens e mesmo por moradores, funcionrios municipais e empreendedores como a principal causa da existncia de condomnios horizontais parece, sim, ser uma preocupao constante dos moradores. O desejo de morar em uma casa, no entanto, se sobrepe necessidade de segurana por si s, haja visto que a maioria provm de apartamentos e no teve experincias com assaltos domsticos. Viver entre muros pode ser mais um reflexo da vontade de aparecer do que da vontade de se esconder (Moura, 2003c). Se os muros construdos ao redor das casas de bairros abertos de So Paulo, analisados por Teresa Caldeira (Caldeira, 2000), aprisionam seus moradores, os muros do Alto dos Lagos os libertam de possveis presenas indesejveis e no produzem a mesma sensao de enclausuramento, j que eles podem circular livremente entre quem interessa e suas casas permanecem abertas. A respeito da preocupao com segurana, vejamos as consideraes de um morador:

Ento quando se fala assim, o condomnio fechado um gueto que se criou, etc, de certa forma mesmo. um gueto. Agora, um gueto por opo da populao. Porque quando voc pega, se voc andar aqui em Goinia, Braslia no to significativo mas se voc andar em outras cidades do Brasil e aqui em Goinia voc vai ver que os guetos so individualizados. (...) Ento esses muros, qu que ? uma busca de proteo. Aquela proteo que, claro, uma coisa que a gente discute isso muito, no s no Alto, mas em outros lugares. Essa segurana que claro que quando o sujeito quer assaltar, quer roubar, o cara rouba o Banco do Brasil. Agora, uma

3 Foi realizada pesquisa de campo etnogrfica em dois condomnios vizinhos da cidade de Goinia, um sendo um local extremamente elitizado e o outro abrigando membros das camadas mdias mais modestas (Moura, 2003a, 2003b, 2003c)

10

segurana muito mais para se prevenir contra o ladrozinho do que propriamente contra o ladro inteligente que t a fim mesmo de programar um assalto.

Para quem no mora no condomnio, os muros perimetrais s vezes provocam sensaes de incmodo e a entrada, mesmo autorizada, pode ser desagradvel e muitas vezes constrangedora. A portaria a passagem para dentro dos muros. No caso do Alto dos Lagos so muros de trs metros de altura com fios eletrificados em cima. H duas portarias, ambas equipadas de cmeras, cancelas, computadores com nomes e fotografias das pessoas autorizadas (ou no) a entrar e pelo menos dois seguranas armados. Minha primeira impresso marcante do condomnio foi justamente a arma que um segurana exibia. Mas os muros no so percebidos como agentes de clausura pelos moradores dos condomnios, ao contrrio das grades e sistemas de vigilncia adotados em prdios e casas particulares nos bairro abertos das cidades.

Zigmut Baumann (2003) quem aponta para o fato de que os guetos voluntrios pretendem servir causa da liberdade. A palavra liberdade das palavras que mais ouvi no perodo em que vivi no Campo Alegre. A idia de liberdade aparece relacionada criao dos filhos em um ambiente com menos constrangimentos do que em um prdio de apartamentos, por exemplo. Menciona-se, principalmente, a abertura dos espaos ao ar livre. Essa liberdade, no entanto, s possvel por causa dos muros e seguranas. Em uma assemblia de condomnio, por exemplo, grande parte da discusso girou em torno dos riscos de haver estabelecimentos comerciais dentro e fora dos muros e um pai foi bem enftico em salientar que no permitiria que seu filho de 12 anos comprasse po l fora.

Se a liberdade s possvel dentro de certos limites de segurana, o sentimento de segurana est em oposio direta a outro sentimento, o de insegurana. Essa insegurana, por sua vez, est ligada noo de risco que se refere, pelo menos a primeira vista, a uma concepo de que o mundo fora dos muros perigoso e violento4.

De fato, a violncia a primeira justificativa para a existncia de condomnios fechados. No caso dos condomnios de Goinia, no entanto, a violncia aparece mais como uma possibilidade a ser evitada do que uma realidade a ser combatida. Goinia no vista pelos moradores dos condomnios em questo como uma cidade especialmente violenta, mas a violncia existente em outras cidades constantemente lembrada e vista como algo que est se alastrando. Os muros dos condomnios, no entanto, so vistos como necessrios na medida em que so uma medida preventiva em relao violncia que est chegando. Vejamos, por exemplo, as palavras do mesmo perito citado acima, dono da empresa de segurana responsvel pelo monitoramento da maioria dos condomnios horizontais de Goinia, em artigo escrito para a Revista da ASCONH:

Quando o assunto seqestro, Gois ainda ocupa uma posio privilegiada se pensarmos, por exemplo, em So Paulo, onde mais de 200 pessoas (umas ricas, outras nem tanto) foram seqestradas no ano passado. Aqui, at agora os rgos pblicos tm resolvido com sucesso todos os casos. Porm, um outro dado assusta muito. A Organizao das Naes Unidas divulgou em 2001 que, mantendo-se o atual panorama

4 Roberts (2002) quem aponta para a compreenso tcnica do binmio segurana / violncia, ao entrevistar moradores e pessoas que trabalham em empresas de segurana em So Carlos: O binmio segurana violncia entendido como questo meramente tcnica a ser enfrentada com a adoo de tecnologia e equipamentos cada vez mais sofisticados.

11

mundial, nos prximos 10 anos as duas cidades mais violentas do mundo sero Manila (capital das Filipinas) e Braslia, onde a crescente favelizao a grande preocupao para a segurana das cidades vizinhas, incluindo-se Anpolis e Goinia5

interessante notar que se So Paulo aparece como um exemplo de cidade violenta, Braslia aparece como uma ameaa segurana das cidades vizinhas. Goinia, para o perito, uma das cidades ameaadas. O texto acima parte de um artigo assinado, escrito em maro de 2002, onde a foto do perito aparece ao lado de suas credenciais: Diretor de integrao da ASCONH, Consultor de Segurana membro da American Society for Industrial Security (ASIS) e Diretor do Grupo Tecnoseg. Mais um especialista envolvido na criao dos condomnios horizontais, Ivan me repetiu a mesma comparao e os dados do relatrio da ONU em entrevista gravada em maro de 2003, um ano depois. Vejamos um trecho da entrevista:

Cristina: Nesses anos de condomnio, qual foi a situao mais complicada com a qual vocs tiveram que lidar?

Ivan: O mais srio que ns j tivemos foram dois casos. O pessoal pulou o muro do Marbella, o segurana pegou ele prximo do muro, colocou o giroflex do carro em cima dele e a luz alta em cima dele e o cara atirou pro rumo do segurana. O segurana atirou no porto que havia na poca, que hoje no existe mais, tem muitos anos, no porto do condomnio onde o cara tinha pulado pra mostrar tambm que tava armado e a segurana j tava toda cercando o cara. A ele pulou de volta, foi embora, quer dizer, ele viu que havia reao ento ele se evadiu, no teve problema. O outro caso foi no Alto dos Lagos a um ano e meio atrs quando arremessaram um rapaz pra dentro do condomnio. O que aconteceu foi que o alarme disparou e nosso segurana chegou l, prendeu o cara, o invasor que tinha entrado e ele no parecia estar ou ser normal e quando foi inquirido ele disse que os amigos dele jogaram ele pra dentro do condomnio pra ver o que acontecia e os amigos dele ficaram do lado de fora. Ns fizemos uma batida com a polcia do lado de fora, no localizamos porque eles devem ter corrido e ido embora, mas ns prendemos o rapaz. Levamos pra delegacia no Guanabara, o pessoal do Guanabara falou que aquele rapaz tem problemas mentais realmente e que ele no em tese perigoso, a delegacia j conhecia ele de longa data. Ento esses foram os dois maiores problemas que ns tivemos at hoje mas nos dois casos a segurana esteve presente e pde reagir conforme a necessidade.

Se, por um lado, a cultura do medo se alimenta de narrativas e fluxos de informaes em escalas que em muito transcendem as experincias locais imediatas, outro aspecto do discurso envolve narrativas a respeito de outros cujos sistemas de segurana so exemplares. O mesmo episdio narrado pelo perito ganha contornos hericos e quase mgicos em verses narradas por habitantes de outro condomnio mais modesto, o Campo Alegre, que se define em relao ao rico vizinho Alto dos Lagos.

Nos dezoito meses em que vivi com minha famlia no Campo Alegre, foram diversas as narrativas de perigo e segurana a que tive acesso, a maioria sem envolver experincias traumticas vividas pelos prprios sujeitos de enunciado. Pude presenciar a mobilizao de vizinhos e seguranas em torno da invaso6 do

5 Filho, Ivan Hermano No seja presa fcil in Revista dos Condomnios Horizontais, maro de 2002,

Ano 1 n 4.

6 Na ocasio parte do condomnio ainda estava em obras e no havia sido entregue e, apesar dos sistemas de identificao da portaria estarem em vigor, os fundos do condomnio ainda no estavam murados.

12

condomnio por um homem de cerca de trinta anos, vestindo roupas surradas como as dos pedreiros que trabalhavam na construo das casas, s cinco horas da tarde. Ele circulou pelas ruas internas e supostamente furtou um ou dois reais que estavam no painel de um carro aberto. Logo a segurana foi acionada, retendo o indivduo at que a polcia chegasse entrada do condomnio. O episdio, de poucas conseqncias para as pessoas lesadas, provocou inmeros comentrios a respeito da fragilidade do condomnio, principalmente em face presumida eficincia da segurana do Alto dos Lagos. Foi ento que ouvi a narrativa acerca do rapaz que foi arremessado para dentro do Alto. A verso foi a seguinte: um rapaz com problemas mentais foi arremessado para dentro do condomnio porque seus amigos o desafiaram dizendo que ele no teria coragem e para provar a coragem aceitou que eles o jogassem para dentro. A segurana do Alto dos Lagos, por sua vez, foi to eficiente que quando o rapaz atravessou o muro ele caiu nos braos de um dos guardas que fazia planto naquela rea junto ao muro. Esse acontecimento, que ficou sendo de amplo conhecimento entre os moradores do Campo Alegre, era usado para comparar a fragilidade de nossa situao frente fora do Alto dos Lagos, visto como tendo um esquema de segurana infalvel e servios perfeitos.

Assim como todo rito de passagem ou rito de instituio, para usar o termo de Bourdieu (1982), delimita uma identidade, a linha de demarcao o que permite atribuir a uns uma nova identidade e deixar os outros de fora. A identificao e classificao de todos que entram no condomnio, portanto, passa a ser to ou mais importante que os prprios muros para manter a segurana dos moradores. Essa segurana no somente a segurana fsica que estaria ameaada frente grande violncia existente nas cidades atuais mas sim a segurana da manuteno do prprio status diferenciado adquirido na compra de um imvel em um condomnio horizontal. A manuteno desse status passa a ser, ento, um fim em si mesmo, sendo o perigo a perda do mesmo. A falta de clareza classificatria passa, portanto, a ser extremamente perigosa, e a nica maneira de assegurar essa clareza a atribuio de identidades distintas a pessoas que, por passarem a portar tais identidades, passam a ser (aparentemente) facilmente mapeveis.

Se, para alguns, morar num condomnio um sinal de ascenso social, para outros o condomnio um refgio em um mundo onde no mais possvel identificar quem quem. O maior perigo, ento, passa a ser a indistino ou, nos termos utilizados por um morador vindo do Rio de Janeiro, a mistura, responsvel por toda a desordem do mundo atual. claro que os estudos de Mary Douglas (1976, 1992) gritam aos ouvidos de uma antroploga que se depara com essa situao: o perigo o inclassificvel, ou melhor, o inclassificado7 e o prprio ato de classificar tambm propicia segurana. Esse binmio segurana/insegurana, relacionado localizao social em termos de status aparece em outros estudos sobre condomnios fechados no Brasil e gated communities nos Estados Unidos (Silva, 2003; Roberts, 2002; Caldeira, 2000; Low, 2003; Macedo, 2002, Blakely e Snider, 1997).

No Brasil, o desmapeamento tem sido estudado tanto em relao aos padres familiares e subjetividades individuais (Figueira e Velho, 1981) como tambm relacionado ao aumento da violncia urbana. Onde antes existia um sistema hierrquico predominante que regulava as relaes entre pessoas ocupando posies diferentes em 7 interessante tambm atentar para a palavra desclassificado na lngua portuguesa que, segundo o dicionrio Aurlio designa aquele que indigno de considerao social.

13

nossa sociedade, agora h uma proliferao de ideologias individualistas que nem sempre propem uma convivncia pacfica entre os diferentes e nem prevem meios legais de superao das diferenas. Velho, por exemplo, nos diz que a ausncia de um sistema de reciprocidade, minimamente eficaz, se expressa em uma desigualdade associada e produtora de violncia (Velho, 1996: 19). Essa viso compartilhada por Alba Zaluar (1996), por exemplo, que mostra, em estudos nas favelas cariocas, a substituio de antigos sistemas de reciprocidade por uma lgica de armas imposta pelo narcotrfico internacional.

O muro perimetral e a obrigao de identificao de todos que passam por ele tambm podem ser vistos como parte desse processo que est relacionado ao aumento da violncia urbana. No obstante, preciso tomar cuidado ao relacionar os muros violncia como se um fosse apenas uma reao ao outro. Por vrios motivos. Em primeiro lugar, morar em um condomnio fechado com seguranas armados no somente uma reao violncia. O comentrio de um morador de que precisamos tratar bem os seguranas mesmo porque eles esto armados indica que a possibilidade de violncia fsica de um segurana contra um morador uma possibilidade conhecida. A presena de guardas armados no significa uma diminuio da violncia. Talvez signifique um direcionamento da violncia para quem merece, ou seja, os marginais. Sintomtico, por exemplo, foi o comentrio de um ex-morador do Rio de Janeiro que, em uma reunio de condomnio, dizia ter ido para Goinia fugindo da violncia e que, quando Goinia comeasse a ficar to ruim quanto o Rio (o que era apenas uma questo de tempo), iria para outra cidade e assim por diante. Ao mesmo tempo dizia que a nica soluo para o Rio de Janeiro era cercar tudo e matar muito. Outros moradores concordaram. A violncia controlada, dentro do cerco, passa ento a ser a soluo para a violncia descontrolada que est por a e que tambm est chegando. Essa viso parece ser bastante compartilhada e est em sintonia com a declarao do diretor da empresa de segurana que diz que bandido no acaba, migra e com as comparaes constantes que os moradores fazem com cidades tidas como especialmente violentas como o Rio de Janeiro, So Paulo ou Braslia. como se todos estivessem ou fugindo da violncia que viram de perto em outras cidades ou se preparando para a chegada da violncia em Goinia. Mas a resposta ao risco da violncia no a ausncia dela e sim uma forma controlada e conhecida de agir violentamente.

Assim, por exemplo, o fato de uma criana que invadiu a casa de vizinhos estar quase deformada de tanto apanhar no causa espanto pela violncia. Muito pelo contrrio, purifica os responsveis pela criana que, j tendo batido, no tm mais nada a fazer para corrigi-la. O fato de ser de conhecimento geral que algumas mulheres apanham tambm no faz com que as pessoas sintam que vivem em um ambiente violento, apesar de algumas mulheres terem um certo medo de um senhor que agride a esposa e fica bebendo cerveja no jardim fazendo insinuaes para transeuntes do gnero feminino. A afirmao do responsvel pela segurana de grande parte dos condomnios de Goinia, de que 90% dos problemas so de dentro dos condomnios, tambm no parece assustar essas pessoas.

Tendo isso em mente, importante ver a violncia no como a causa da existncia dos condomnios horizontais mas como uma linguagem simplificadora que localiza medos difusos. o que diz Tereza Caldeira ao falar sobre a proliferao de muros e dos sistemas de identificao na cidade de So Paulo.

14

Com menos sinais bvios de diferenciao mo e com mais dificuldade em afirmar seus privilgios e cdigos de comportamento no espao pblico, as classes mais altas se voltam aos sistemas de identificao. Assim, espaos de circulao controlada (como os shopping centers) servem para assegurar que a distino e a separao ainda so possveis em pblico. Sinais de distncia social so substitudos por muros concretos. (Caldeira, 2000: 325) Setha Low, em pesquisa realizada com moradores de gated communities nos

Estados Unidos, tambm vai pela mesma linha. Apesar de dizer que em So Paulo e na cidade do Mxico os muros fazem sentido, ela diz que o medo do crime pode ser uma forma de expressar outros medos, medos esses que tm a ver com mudanas de composio tnica das populaes das grandes cidades, por exemplo, mas tambm medos de no conseguir manter uma identidade de middle class, o que se traduziria no que ela chama de status anxiety. Os muros, ento, propiciariam a criao de espaos purificados.

O fechamento com muros e cercas exacerba essa tendncia a monitorar e preocupar-se com intrusos marcados atravs da criao de um tipo de espao puro para os residentes. Quanto mais purificado o ambiente mais homogneo e controlado maior a abilidade de seus residentes para identificar quaisquer indivduos desviantes que no deveriam estar l (...) Espaos puros expem diferenas e tm fronteiras claras que facilitam o policiamento. Eles so caractersticos dos subrbios norte-americanos, onde conscincia de fronteiras parte da sociedade estabelecida. O fechamento s torna as fronteiras mais salientes8 (Low, 2003: 143) Acredito que a viso de que o muro seja um fator de acirramento de

desigualdades sociais pr-existentes uma leitura superficial e simplificadora dos processos sociais que envolvem a proliferao de condomnios horizontais no Brasil. claro que muros cercando bairros inteiros impedem a livre circulao de pessoas de fora dentro desses espaos e uma das conseqncias para a sociedade como um todo pode ser a exacerbao das diferenas.

O medo est bastante presente entre os moradores do Campo Alegre, do Alto dos Lagos, dos condomnios existentes em outras partes do Brasil e das gated communities dos Estados Unidos. Se tecnologias de vigilncia, enclausuramento e represso armada so as formas mais visveis de defesa utilizadas para lidar com esse medo, vimos tambm que a invaso, o roubo ou a violncia praticada por pessoas de fora do condomnio so somente parte dos fatores relacionados ao medo. As fofocas, os comentrios de moradores a respeito do condomnio e do outro mundo fora dos muros evidenciam, alm do medo da perda de status do prprio condomnio, o medo de um mundo desconhecido, onde no se pode mais confiar nas pessoas ou saber quem elas so. Esse mundo desconhecido e perigoso definido em oposio a um passado vivido seja em uma cidade do interior de Gois, Minas Gerais ou Tocantins, seja em uma cidade grande como o Rio de Janeiro ou So Paulo, seja na prpria Goinia de um

8 Gating exacerbates this tendency to monitor and be concerned about marked intruders by creating a kind of pure space for residents. The more purified the environment the more homogeneous and controlled the greater residents ability to identify any deviant individuals who should not be there. () Pure spaces expose differences and have clear boundaries that facilitate policing. They are characteristic of the North American suburb, where boundary consciousness is part of mainstream society. Gating only makes the boundaries more salient.

15

tempo em que todos se conheciam. Est relacionado a mudanas vividas pelos sujeitos que escolhem os novos parasos onde acreditam que todos sero dignos de respeito e confiana e que seus filhos crescero em um ambiente seguro e feliz.

16

BIBLIOGRAFIA APPADURAI, Adjurn (1991) Global Ethnoscapes: notes and queries for a

transnational anthropology in Fox, Richard (org.) Recapturing Anthropology. Santa Fe: SAR Press.

ATKINSON, Rowland And Blandy, Sara (2005) Introduction: International Perspectives on The New Enclavism and The Rise of Gated Communities In Housing Studies. Vol 20, No.2. March 2005.

BAUMAN, Zigmunt (2003) Comunidade. A busca por segurana no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar.

BAUMGARTNER, Mary P. (1988) The Moral Order of a Suburb. New York: Oxford University Press.

BLAKELY, Edward J. & Mary Gail Snyder (1997) Fortress America: Gated Communities in the United States. Washington D.C./Cambridge Mass.: Brookings Institutions Press/Lincoln Institute of Land Policy.

CAMPBELL, Colin [1987] (1995) The Romantic Ethic and the Spirit of Modern Consumerism. Cambridge: Blackwell.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio (2000) Cidade de Muros: crime, segregao e cidadania em So Paulo. So Paulo: Editora 34/EdUSP.

CITY & SOCIETY, Vol.16 Issue 2. 2004 DAVIS, Mike (1990) City of Quartz. Excavating the Future in Los Angeles. London:

Verso. DE CERTEAU (1994) A Inveno do Cotidiano: Artes de Fezer. Petrpolis: Vozes. DOUGLAS, Mary (1976) Pureza e Perigo. So Paulo: Perspectiva. _______________ (1992) Risk and Blame. Essays in Cultural Theory. New York:

Routledge. DOUGLAS, Mary e WILDAVSKY, Aaron (1983) Risk and Culture. Berkeley:

University of California Press. DUMONT, Louis (1992) Homo Hierarchicus, O sistema de castas e suas implicaes.

So Paulo: Edusp. ECKERT, Cornlia e CARVALHO DA ROCHA, Ana Luiza (2005) A Cidade e o

Medo como Drama Social. Mimeo

FIGUEIRA, Srvulo e Gilberto Velho (orgs) (1981) Famlia, Psicologia e Sociedade. Rio de Janeiro: Campus.

FOUCAULT, Michel [1975] (1996) Vigiar e Punir. Histria da Violncia nas Prises. Petrpolis, R.J.: Editora Vozes.

GIDDENS, Anthony (1991) As Consequncias da Modernidade. So Paulo: Editora Unesp.

GLASSNER, Barry (2003) [1999] Cultura do Medo. So Paulo W11 Editores Ltda. HARVEY, David (1992) Condio Ps-Moderna. So Paulo: Edies Loyola. HOLSTON, James (Org) (1999) Cities and Citizenship. Durkam and London: Duke

University Press. LOW, Setha M. [2000] (2003) The Edge and the Center: Gated communities and the

discourse of Urban Fear. In LOW, Setha e LAWRENCE-ZNIGA, Denise (orgs) (2003) The Anthropology of Space and Place. Blackwell Publishing Company.

17

______________ (2003) Behind the Gates. Life, security and the pursuit of happiness in fortress America. New York: Routledge.

MACEDO, Jos Eduardo Ribeiro (2002) Condomnios Horizontais Fechados: desqualificadores do espao pblico? O caso de Goinia. Goinia: UFG, FCHF. Dissertao de Mestrado em Sociologia.

MARCUSE, Peter & Ronald Van Kempen (orgs) (2000) Globalizing Cities. A new spatial order? Oxford: Blackwell Publishers.

MOURA, Cristina Patriota de (2003a) Gates and Open Spaces: new arrangements in Brazil

MOURA, Cristina Patriota de (2003b) Ilhas Urbanas: novas vises do paraso. Uma discusso etnogrfica dos condomnios horizontais. PhD Dissertation. Museu Nacional/ Federal University of Rio de Janeiro.

_________________________ (2003c) Vivendo entre Muros: o sonho da Aldeia in Velho, Gilberto e Kushnir, Karina (2003) Pesquisas Urbanas. Desafios do trabalho antropolgico. Rio de Janeiro: Zahar.

ONG, Aihwa e COLLIER, Stephen J. (2005) Global Assemblages. Technology, Politics and Ethics as Anthropological Problems. Blackwell Publishing Ltd.

ROBERTS, Ana Mrcia Silva (2002) Cidadania Interditada: um Estudo de Condomnios Horizontais Fechados.(So Carlos SP) Campinas: Unicamp. Tese de Doutorado.

SASSEN, SASKIA (1991) The Global City. Princeton: Princeton University Press. SILVA, Rosana Fernandes da (2003) Condomnios Horizontais Fechados em Goinia.

Um caso: Prive Atlntico. Dissertao de Mestrado. Mestrado em Sociologia. Faculdade de Cincias Humanas e Filosofia, UFG.

VELHO, Gilberto [1973] (1989) A Utopia Urbana: um estudo de antropologia social. Rio de Janeiro, Zahar.

_______________ [1974] (1999) Estigma e comportamento desviante em Copacabana in Desvio e Divergncia. Uma crtica da patologia social. Rio de Janeiro: Zahar.

_______________ [1975] (1998) Nobres & Anjos: um estudo de txicos e hierarquia. Rio de Janeiro, Ed. da Fundao Getulio Vargas.

_______________ [1981] (1997) Individualismo e Cultura: notas para uma antropologia da sociedade contempornea. Rio de Janeiro, Zahar.

______________ (1994) Projeto e Metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.

_______________(1996) Violncia, reciprocidade e desigualdade: uma perspectiva antropolgica in VELHO, Gilberto e ALVITO, Marcos (orgs.) (1996). Cidadania e Violncia. Rio de Janeiro, UFRJ/Ed. da Fundao Getulio Vargas.

_______________ (org.) (1999) Antropologia Urbana. Cultura e Sociedade no Brasil e em Portugal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

________________ (2002) Mudana, Crise e Violncia. Poltica e cultura no Brasil contemporneo. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira.

WEBSTER, Chris (2001) Gated Cities of Tomorrow in Town Planning Review 72(2). ________________ (2002) Property rights and the public realm. Gates, green belts and

gemeinshaft. Environment and Plannig B: Planning and Design 29(3).

18

ZALUAR, Alba (1996) A globalizao do crime e os limites da explicao local in VELHO, Gilberto e ALVITO, Marcos (orgs.) Cidadania e Violncia. Rio de Janeiro, UFRJ/Ed. da Fundao Getulio Vargas

ZEIDERMAN, Austin (2006) The Fetish and the Favela: notes on tourism, the favela, and the cultural politics of space in Rio de Janeiro. Paper apresentado na Conferncia The Right to the City and the Politics of Space. University of California, Berkeley.

19

SRIE ANTROPOLOGIA ltimos ttulos publicados

398. PEIRANO, Mariza G.S. Temas ou teorias? O estudo das naes de ritual e de

performance. 2006. 399. RIBEIRO, Gustavo Lins. O Mestio no Armrio e o Tringulo Negro no Atlntico.

Para um Multiculturalismo Hbrido. 2006. 400. SEGATO, Rita Laura. O dipo Brasileiro: A Dupla Negao de Gnero e Raa.

2006. 401. SEGATO, Rita Laura. Qu es un Feminicdio. Notas para un debate emergente. 2006. 402. CARVALHO, Jos Jorge de. La Dispora Africana en Iberoamerica. Dinmicas

Culturales y Polticas Pblicas. 2006. 403. ALVAREZ, Gabriel O. Ps-dradiviano: parentesco e ritual. Sistema de parentesco e

rituais de afinabilidade entre os Sater-Maw. 2006. 404. SEGATO, Rita Laura. Racismo, Discriminacin y Acciones Afirmativas:

Herramientas Conceptuales. 2006. 405. CARVALHO, Jos Jorge de. As culturas afro-americanas na Ibero-Amrica: o

negocivel e o inegocivel. 2006. 406. CARVALHO, Jos Jorge de. Uma viso antropolgica do esoterismo e uma viso

esotrica da Antropologia. 2006. 407. MOURA, Cristina Patriota de. A Fortificao Preventiva e a Urbanidade como

Perigo. 2006.

A lista completa dos ttulos publicados pela Srie Antropologia pode ser solicitada pelos interessados Secretaria do: Departamento de Antropologia Instituto de Cincias Sociais Universidade de Braslia 70910-900 Braslia, DF Fone: (061) 348-2368 Fone/Fax: (061) 273-3264/307-3006 E-mail: dan@unb.br A Srie Antropologia encontra-se disponibilizada em arquivo pdf no link: www.unb.br/ics/dan