motricidade apendicular em lactentes a termo pequenos para ... · pequenos para a idade...

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CRISTINA DE CASTRO MOTRICIDADE APENDICULAR EM LACTENTES A TERMO PEQUENOS PARA A IDADE GESTACIONAL: ESTUDO COMPARATIVO PIRACICABA 2005

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CRISTINA DE CASTRO

MOTRICIDADE APENDICULAR EM LACTENTES A TERMO

PEQUENOS PARA A IDADE GESTACIONAL: ESTUDO

COMPARATIVO

PIRACICABA

2005

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CRISTINA DE CASTRO

MOTRICIDADE APENDICULAR EM LACTENTES A TERMO

PEQUENOS PARA A IDADE GESTACIONAL: ESTUDO

COMPARATIVO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Fisioterapia da Faculdade de

Ciências da Saúde da Universidade Metodista de

Piracicaba para obtenção do título de Mestre em

Fisioterapia, na área de Desenvolvimento

Neuromotor: Diagnóstico e Intervenção

Fisioterapêutica.

ORIENTADORA: PROFª DRA. DENISE CASTILHO CABRERA SANTOS

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

2005

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Ficha Catalográfica

Castro, Cristina Motricidade Apendicular em lactentes a termo pequenos para a idade gestacional: estudo comparativo. Piracicaba, 2005. 129p.

Orientadora: Profª. Drª. Denise Castilho Cabrera Santos Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia – Universidade Metodista de Piracicaba

1-Desnutrição intra-uterina. 2- Desenvolvimento motor. 3- Fisioterapia. 4 – Bayley Scales of Infant Development II

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Dedico este trabalho aos meus pais, aos meus

irmãos e ao meu noivo, que sempre

acreditaram em mim e me incentivaram

durante todo o meu percurso, fazendo com

que eu ultrapassasse todos os obstáculos e

vencesse mais uma etapa importante da

minha vida.

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vi

AGRADECIMENTOS:

À minha orientadora Denise, que me guiou durante todo o tempo e me ajudou com mais esta

conquista.

À Dra. Vanda, que nos mostra a importância de cada passo de cada uma de nós para o

crescimento do grupo.

Aos funcionários e professores da UNIMEP, especialmente à Angelise, Dulce, Miriam e

Silvana, que colaboraram e estiveram sempre prontos a ajudar.

Ao meu professor de inglês pela ajuda e prontidão durante todo o curso.

A todas as colegas do GIADI que colaboraram, cada uma à sua maneira, para o

desenvolvimento deste trabalho.

Ao CEPRE por ceder o espaço e a estrutura onde foram realizadas as avaliações.

À professora Imaculada, que dispôs de seu tempo e que com muita paciência e boa vontade

me ajudou muito com as análises estatísticas.

Aos meus amigos e familiares que sempre torceram e acreditaram em mim.

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Aos meus pais que não mediram esforços para me ver crescer profissionalmente e, mesmo nos

momentos mais difíceis destes anos, me incentivaram e conseguiram encontrar forças para me

apoiar.

Aos meus dois irmãos, Gustavo e Filipe, que também me ajudaram com seu apoio e

acreditaram em mim.

Ao meu noivo Junior, que em todos os momentos esteve do meu lado, sendo uma pessoa

fundamental para que eu conseguisse passar pelas dificuldades e realizar mais esse estágio da

minha vida.

À Deus, por ser tão bondoso e manter ao meu lado as pessoas mais importantes e queridas da

minha vida.

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“Nenhum homem poderá revelar-vos

nada senão o que está meio

adormecido na aurora do vosso

entendimento”.

(Gibran Khalil Gibran)

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RESUMO

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O objetivo deste trabalho foi analisar e comparar o desempenho mental e motor e o

desempenho da motricidade apendicular em lactentes a termo nascidos pequenos para idade

gestacional (PIG) ou adequados para a idade gestacional (AIG) durante o primeiro trimestre

de vida. Tratou-se de um estudo prospectivo, longitudinal e duplo-cego quanto ao peso de

nascimento, de duas coortes de lactentes nascidos a termo PIG ou AIG avaliados no primeiro

trimestre de vida. Os lactentes foram selecionados entre crianças nascidas vivas no Setor de

Neonatologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da UNICAMP no período de

maio do ano de 2000 à julho do ano de 2003, sendo esses lactentes acompanhados em

avaliações realizadas pelo Grupo Interdisciplinar de Avaliação do Desenvolvimento Infantil,

no Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil – I. Os critérios de inclusão do estudo

foram: nascimento no Centro Obstétrico do CAISM/UNICAMP; idade gestacional entre 37 e

41 semanas e 06 dias; peso de nascimento adequado para a idade gestacional; peso de

nascimento pequeno para a idade gestacional; provenientes de alojamento conjunto;

residentes na região de Campinas delimitada pelo Diretório Regional de Saúde XII; cujos pais

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos: os

diagnosticados com síndromes genéticas, infecções congênitas (STORCH-HIV) ou

malformações congênitas no período neonatal; os que necessitaram de internação em Unidade

de Terapia Intensiva Neonatal; os resultantes de gestação de fetos múltiplos. Participaram

deste estudo 34 lactentes (23 AIG e 11 PIG), avaliados longitudinalmente no primeiro

trimestre de vida. Para a avaliação do desempenho mental e motor foram utilizados os Índex

Score (IS) mental e motor das Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil II, e para analisar

as funções motoras apendiculares foram utilizadas provas específicas destas mesmas escalas.

Os dados foram registrados e processados para a análise estatística utilizando os programas

computacionais EPI-INFO 6.04 e SPSS/PC, versão 11.0, considerando o nível de

significância de 0,05. Os resultados mostraram que houve homogeneidade entre os grupos,

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xi

exceto na variável peso ao nascimento. A frequência de respostas positivas em cada prova

mostrou diferença estatisticamente significante apenas para a prova de estender a mão em

direção ao aro suspenso no terceiro mês, com melhor performance dos lactentes PIG. O poder

de associação entre o IS e a classificação demonstrou positividade, exceto na escala motora no

2º mês dos lactentes AIG e na escala mental no 3º mês dos lactentes PIG. A correlação das

variáveis neonatais com a classificação dos grupos mostrou significância para o peso ao

nascimento e classificação mental do grupo PIG no 2º mês. Na análise do Índex Score para a

curva de desenvolvimento houve diferença na escala motora em ambos os grupos, e a análise

dos meses dois a dois mostrou que essa diferença encontra-se entre o primeiro e o terceiro

meses e entre o segundo e terceiro meses tanto para o grupo AIG quanto para o grupo PIG. A

análise da tendência de desenvolvimento mostrou que os grupos obtiveram divergência

durante o primeiro trimestre, sendo que essa divergência foi significativa apenas no 2º mês

para a escala motora, com melhor performance para o grupo AIG.

Palavras-chave: desnutrição intra-uterina, desenvolvimento motor, Bayley Scales of Infant

Development II, fisioterapia.

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ABSTRACT

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The purpose of this was to analyse and compare the mental and motor

performance and the performance of appendicular motricity on full term infants born small for

gestational age or adequate for gestational age during the first trimester of life. Prospective,

longitudinal and double-blind studies were considered regarding birth weigth of two cohorts

of infants born full term SGA’s or AGA’s evaluated during the first trimester of life. The

infants were selected among children born alive at UNICAMP’s Center Integrated of

Attention to Women’s Healthy neonatology section from may 2000 to july 2003, when the

infants were followed by the Interdisciplinary Group of Children Development Evaluation, at

the Laboratory of Studies of Children Development-I. The criteria for inclusion were: birth at

the CAISM/UNICAMP obstetric center; gestational age between 37 and 41 weeks and 6 days;

birth weight adequate for gestational age; birth weight small for gestational age; proceeding

from joint accommodation; residents of Campinas or surroundings as determined by the XII

Regional Health Directory; whose parents have signed the Term of Enlightened and

Freewilled Agreement. The following were excluded: diagnosed with genetic syndromes,

congenital infection (STORCH-HIV) or congenital malformation over neonatal period; the

ones who needed to be admitted at neonatal ICU; those of multiples fetus gestation. Thirty-

four infants took part (23 AGA and 11 SGA), evaluated longitudinally during the first

trimester of life. For the evaluation of mental performance and motor performance the mental

and motor Index Score (IS) of Bayley Scales of Infant Development II were used, and to

analyse the apendicular motor functions specific verifications of the same scales were used.

The statistical analysis was accomplished in the Epidemiological Information (EPI-INFO

6.04) and in the Statistical Package for Social Sciences for Personal Computer (SPSS/PC

11.0), significance level of 5%. The results show that there were homogeneity among the

grasps except for the variable birth weight. The frequency of answers that were positive for

each verification showed significantly statistic difference only for “raising hand towards

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hanging hoop” at the third month with better performance for infants SGA. The power of

association between IS and the classification has shown positivity except for the motor scale

at the second month for infants AGA, and for the mental scale at the third month for infants

SGA. The correlation of neonatal variables and the classification of groups showed

significance for birth weight and mental classification of the SGA group at the second month.

For the Index Score analysis of the development curve there was difference on the motor scale

in both groups and the analysis of every two months showed that the difference is between the

first and the third months and the second and the third months for both AGA and SGA

groups. The analysis of the tendency of development has shown that two groups followed

different tendency with a peak of the AGA group at the second month of the motor scale.

Key-words: intra-uterine malnutrition, motor development, Bayley Scales of Infant

Development II, physicaltherapy.

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LISTA DE FIGURAS

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Figura 1. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil II – vista 1... 64

Figura 2. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil II – vista 2... 64

Figura 3. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil I – sala 1....... 65

Figura 4. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil I – sala 2..... 65

Figura 5. Linha da tendência de desenvolvimento mental dos grupos AIG e

PIG no primeiro trimestre............................................................... 83

Figura 6. Linha da tendência de desenvolvimento motor dos grupos AIG e

PIG no primeiro trimestre............................................................... 84

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação da performance dos lactentes segundo os dados

normativos do IS ...............................................................................

Tabela 2. Descrição das provas utilizadas relacionadas a escala e ao mês de

aplicação ...........................................................................................

Tabela 3. Distribuição das freqüências da variável sexo segundo os grupos ...

Tabela 4. Distribuição das variáveis peso ao nascimento, idade gestacional,

APGAR 1º minuto e APGAR 5º minuto segundo os grupos ............

Tabela 5. Distribuição das freqüências de respostas e valores das

probabilidades e análise estatística para as provas de motricidade

apendicular no primeiro trimestre de vida segundo os grupos

............................................................................................................

Tabela 6. Distribuição das freqüências de respostas omitidas em cada prova

conforme idade cronológica segundo os grupos ...............................

Tabela 7. Correlação da classificação mental e motora com o IS mental e

motor respectivamente no grupo AIG no primeiro trimestre de vida

Tabela 8. Correlação da classificação mental e motora com o IS mental e

motor respectivamente no grupo PIG no primeiro trimestre de vida

Tabela 9. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela

classificação mental geral do grupo AIG ..........................................

Tabela 10. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela

classificação mental geral do grupo PIG ..........................................

Tabela 11. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela

classificação motora geral do grupo AIG .........................................

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Tabela 12. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela

classificação motora geral do grupo PIG ..........................................

Tabela 13. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Mental no

primeiro trimestre de vida .................................................................

Tabela 14. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Mental no

primeiro trimestre de vida .................................................................

Tabela 15. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora no

primeiro trimestre de vida .................................................................

Tabela 16. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora no

primeiro trimestre de vida .................................................................

Tabela 17. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora entre

o primeiro e o segundo meses de vida ..............................................

Tabela 18. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora entre

o primeiro e o terceiro meses de vida ...............................................

Tabela 19. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora entre

o segundo e o terceiro meses de vida ................................................

Tabela 20. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora entre

o primeiro e o segundo meses de vida ..............................................

Tabela 21. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora entre

o primeiro e o terceiro meses de vida ...............................................

Tabela 22. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora entre

o segundo e o terceiro meses de vida ................................................

Tabela 23. Comparação do Índex Score entre os grupos AIG e PIG na Escala

Mental no primeiro trimestre de vida ................................................

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Tabela 24. Comparação do Índex Score entre os grupos AIG e PIG na Escala

Motora no primeiro trimestre de vida ...............................................

Tabela 25. Demonstração dos resultados obtidos pela análise entre grupos dos

estudos realizados pelo GIADI que demonstraram diferença no 2º

mês da escala motora ........................................................................

Tabela 26. Dados neonatais dos lactentes avaliados no estudo ..........................

Tabela 27. Demonstração do Raw Score, Índex Score e Classificação final da

escala mental dos lactentes no primeiro trimestre ............................

Tabela 28. Demonstração do Raw Score, Índex Score e Classificação final da

escala motora dos lactentes no primeiro trimestre ............................

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LISTA DE ABREVIATURAS

AIG Adequado para a idade gestacional

BSID-II Bayley Scales of Infant Development

CAISM Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher

CCF Curva de Crescimento Fetal

CEP Conselho de Ética e Pesquisa

CEPRE Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação

CIPED Centro de Investigações em Pediatria

CNPq Centro Nacional de Tecnologia e Pesquisa

DIR-XII Diretório Regional de Saúde XXII

DLN Dentro dos limites normais

DP Desvio padrão

EPI-INFO Epidemiologic Information

FACIS Faculdade de Ciências da Saúde

FAEP Fundo de Apoio ao Ensino e a Pesquisa

FAPESP Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FCM Faculdade de Ciências Médicas

GIADI Grupo Interdisciplinar de Avaliação do Desenvolvimento Infantil

GIG Grande para a idade gestacional

IS Índex Score

LEDI-I Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil I

ME Mental

MECLAS Classificação Mental

MEIND Índex Score da Escala Mental

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MO Motora

MOCLAS Classificação Motora

MOIND Índex Score da Escala Motora

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Performance acelerada

PLA Performance levemente atrasada

PSA Performance severamente atrasada

PIG Pequeno para idade gestacional

PPG Programa de Pós-Graduação

RCF Restrição do Crescimento Fetal

RCIU Retardo do crescimento intra-uterino

RN Recém-nascido

RS Raw Score

RTCA Reflexo tônico cervical assimétrico

SN Sistema nervoso

SNC Sistema Nervoso Central

SPSS/PC Statistical Package for Social Sciences for Personal Computer

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba

UTI Unidade de Terapia Intensiva

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................

ABSTRACT..............................................................................................................

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................

2. OBJETIVOS.........................................................................................................

2.1. Objetivo geral...................................................................................................

2.2. Objetivo específico..........................................................................................

3. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................

3.1. Desenvolvimento da motricidade no primeiro trimestre de vida.....................

3.1.1 Conceitos e considerações....................................................................

3.2. Coordenação motora apendicular....................................................................

3.2.1. Maturação de vias motoras..................................................................

3.2.2. Maturação psicomotora da mão...........................................................

3.2.3. Alcance e preensão...............................................................................

3.3. Considerações sobre lactentes nascidos Pequenos (PIG) e Adequados para

Idade Gestacional (AIG).........................................................................................

3.3.1. Definições............................................................................................

3.3.2. Estudos envolvendo lactentes PIG ou de BPN....................................

4. CASUÍSTICA E MÉTODOS..............................................................................

4.1. Desenho do estudo...........................................................................................

4.2. Sujeitos.............................................................................................................

4.2.1. Critérios de inclusão.............................................................................

4.2.2. Critérios de exclusão............................................................................

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4.2.3. Critérios de descontinuação.................................................................

4.2.4. Amostra do estudo...............................................................................

4.3. Variáveis e conceitos.......................................................................................

4.3.1. Variáveis independentes......................................................................

4.3.2. Variáveis dependentes..........................................................................

4.4. Procedimentos..................................................................................................

4.5. Métodos estatísticos.........................................................................................

4.6. Aspectos éticos.................................................................................................

5. RESULTADOS....................................................................................................

5.1. Análise descritiva.............................................................................................

5.1.1. Resultado da homogeneidade dos grupos............................................

5.1.2. Resultado do desempenho motor apendicular.....................................

5.1.3. Resultado da classificação final dos grupos.........................................

5.1.4. Resultado do desenvolvimento mental e motor...................................

6. DISCUSSÃO.........................................................................................................

7. CONCLUSÃO......................................................................................................

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................

10. APÊNDICES......................................................................................................

11. ANEXOS.............................................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

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A influência do peso, estatura e idade gestacional ao nascer, correlacionados com o

desenvolvimento da criança tem sido objeto de diversos estudos que se propõem a pesquisar

quais são essas influências e suas repercussões tanto a curto quanto a longo prazo. Isso está

ocorrendo porque com o avanço dos cuidados e tratamentos neonatais, os lactentes

considerados de risco têm mais chance de sobreviver (BOS, EINSPIELER, PRECHTL,

2001).

Acredita-se que o desenvolvimento em lactentes pequenos para a idade gestacional

(PIG) seja diferenciado em relação ao dos lactentes adequados para a idade gestacional (AIG),

e este, pelo que demonstram os estudos, pode ser refletido tanto em primeira instância quanto

tardiamente.

O desenvolvimento das crianças nascidas pequenas para idade gestacional, com

retardo do crescimento intra-uterino (RCIU) ou de baixo peso tem sido muito discutido

porque uma diminuição no crescimento intra-uterino, advinda de qualquer fator, pode ter um

efeito negativo sobre o crescimento do cérebro e sobre o potencial de desenvolvimento mental

dessa população (MARKESTAD et al., 1997).

Vários são os fatores que podem influenciar o nascimento e desenvolvimento de um

lactente PIG, de baixo peso ou com RCIU, e dentre outros encontram-se a baixa renda

familiar, o nível de instrução, idade e alimentação da mãe e alguns hábitos maternos. A mal-

nutrição prolongada do feto é um fator marcante, pois pode causar desvios na expressão

funcional do sistema nervoso (BEKEDAM et al., 1985).

As influências durante o período de gestação sobre o desenvolvimento do feto são

muito importantes, porque sabe-se que na primeira metade da gestação assumem maior

importância os aspectos genéticos, havendo maior variabilidade do peso fetal, porém, na

segunda metade da gestação, a maior influência é advinda dos fatores pós-concepcionais,

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restritivos ou estimulantes do crescimento fetal, ocorrendo maior variação no crescimento e

maturação fetal (LOPES, 2000).

A estimativa de lactentes de baixo peso ao nascimento foi relatada como sendo 16%

dos nascimentos globais para Grantham-McGregor (1998) e de 6% a 11% para Vieira e

Mancini (2000). Segundo Grantham-McGregor (1998) 90% desses nascimentos são em países

de baixa renda e, para Crowse e Cassady (1999) a incidência de PIG diminui conforme o país

se torna mais desenvolvido. No Brasil, estima-se que a prevalência de baixo peso ao

nascimento (BPN) seja de 9% dos nascimentos (OMS, 1984; EICKMANN, LIRA, LIMA,

2002).

Na maioria dos estudos realizados são encontradas performances menos favoráveis aos

lactentes PIG quando comparados aos AIG. Esse fato instiga os pesquisadores a realizarem

mais estudos dessa população incluindo as diversas idades, desde o momento intra-útero até a

idade adulta. Várias faces do desenvolvimento desses lactentes vêm sendo estudadas, sendo

elas o desenvolvimento neurológico, comportamental, cognitivo, motor e mental.

Esse crescimento do interesse por uma população considerada de risco para o

desenvolvimento é de grande valia, porque assim, pode-se propor intervenções preventivas e

oportunas para esses lactentes e também pode-se desenvolver instrumentos de avaliação

adequados para a realidade brasileira, já que a maioria dos instrumentos utilizados para a

pesquisa com esses lactentes são estrangeiros.

Esse estudo objetivou contribuir com os conhecimentos da motricidade apendicular

dos lactentes PIG, e além desse, outros vêm sendo realizados pelo Grupo Interdisciplinar de

Avaliação do Desenvolvimento Infantil (GIADI), que nos últimos anos tem se dedicado a

estudar essa população de lactentes em suas diversas facetas.

O GIADI, composto por neurologista infantil, pediatra, psicóloga, fisioterapeutas,

terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas e assistente social, desenvolve um projeto amplo

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referente a vários aspectos do desenvolvimento de lactentes nascidos PIG: funções

visuomotora, auditiva, linguagem, comportamento, desenvolvimento motor e neurológico.

No que se refere à produção científica relacionada ao lactente PIG, o GIADI concluiu

tese de doutorado (GAGLIARDO, 2003); dissertações de mestrado (MUNIZ, 2002; MELLO,

2003; GOTO, 2004; CAMPOS, 2005), além de publicações em periódicos, destacando-se nos

últimos anos, Gabbard, Gonçalves e Santos (2001), Gabbard e Gonçalves (2001), Gagliardo,

Gabbard e Gonçalves (2002), Françozo et al. (2002), Muniz, Aranha Neto e Gonçalves

(2003), Oliveira, Lima e Gonçalves (2003), Goto, Gonçalves e Aranha Neto (2004),

Gagliardo et al. (2004), Santos et al. (2004), Campos, Santos e Gonçalves (2004).

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2. OBJETIVOS

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2.1 Objetivo geral

Investigar o desempenho motor apendicular em lactentes a termo nascidos

pequenos para idade gestacional ou adequados para idade gestacional durante o

primeiro trimestre de vida.

2.2 Objetivos específicos

2.2.1 Avaliar e comparar o desempenho da motricidade apendicular nos dois grupos de

lactentes.

2.2.2 Verificar a relação das variáveis neonatais (peso ao nascer, idade gestacional e

índice APGAR) com o desempenho motor e mental no 1º, 2º e 3º meses de vida dos grupos

estudados.

2.2.3 Comparar o desempenho motor e mental nos dois grupos de lactentes.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

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3.1 Desenvolvimento da motricidade no primeiro trimestre de vida

3.1.1 Conceitos e considerações

Desenvolvimento é o processo contínuo e cumulativo de mudanças complexas e

interligadas das quais participam todos os aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos

e sistemas do organismo (BURNS, 1999; GABBARD, 2000; SCHWARTZMAN, 2000).

O desenvolvimento motor é o estudo do comportamento do movimento e associação

das mudanças biológicas, bem como o estudo do crescimento, desenvolvimento e

comportamento motor como uma interação entre hereditariedade e o meio ambiente

(GABBARD, 2000; SCHWARTZMAN, 2000), sendo as novas atividades motoras as

mudanças mais drásticas e perceptíveis no primeiro ano de vida (THELEN, 1995).

A maturação do Sistema Nervoso Central (SNC) tem importante influência sobre o

desenvolvimento motor do lactente até a vida adulta, sendo que a mesma pode ser

determinada por padrões geneticamente estabelecidos e por estímulos ambientais (FLEHMIG,

2001; DARGASSIES, 1980). Segundo Gesell (1987) os padrões de maturação dependem

muito mais da prontidão neuromotora do que de fatores ambientais e de experiência da

criança (EEHARDT, 1975; THELEN, 1995).

Um funcionamento normal do SNC depende, em geral, de parte dos processos normais

orquestrados pelo programa genético, sendo que as mais diversas e complexas funções como

percepção, coordenação motora, lapidação de movimentos e memória dependem de interações

precisas, finas e corretas entre os milhares tipos neuronais (ANNUNCIATO, 2000).

Sabe-se que a criança se desenvolve em grandes passos desde seu nascimento, mas sua

evolução começa desde o período embrionário (DARGASSIES, 1980). Devido a isso, o

período intra-útero, ou seja, o comportamento do feto durante a gestação e os movimentos

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realizados por ele na fase pré-natal são muito importantes, porque a atividade fisiológica

auxilia a estabilização do número e qualidade de sinapses, e fomenta a sobrevida dessas

conexões através da oferta de moléculas vitais para as células nervosas. Após o nascimento o

programa de morte celular e refinamento continuam ocorrendo, e investigadores sugerem que

a maturidade funcional ou comportamental não resulta da formação sináptica, mas sim da

eliminação do excesso de conexões e, portanto, do aumento da eficácia daquelas conexões

que permanecem e continuam operando (ANNUNCIATO, 2000). Para Kandell, Schwartz e

Jessel (2000) a eliminação das sinapses durante o desenvolvimento pode implicar competição

entre os axônios que inervam a mesma célula-alvo, e essa competição parece envolver fatores

tróficos necessários para o contato sináptico, incluindo a própria experiência sensorial durante

o período crítico, que é um fator de fortalecimento ou eliminação de contatos sinápticos.

Além dessa condição fisiológica, é de grande importância para o processo de

desenvolvimento, a afinidade dos aspectos comportamentais, físicos, cognitivos, psicossociais

e principalmente ambientais. Segundo Thelen (1995), os movimentos são sempre um produto

das propriedades biomecânicas e energéticas do corpo, interferências do ambiente e

exigências específicas da tarefa. Portanto, o desenvolvimento da habilidade motora é

multifacetário, ou seja, um fenômeno dinâmico que envolve tanto a interação de fatores

biológicos como influências ambientais. Segundo Damon e Lerner (1998) Gesell estimou os

múltiplos caminhos de eventos do meio ambiente que poderiam influenciar o comportamento

e diminuiu o desígnio de sua prioridade no desenvolvimento dos sistemas motor básico,

sensorial e emocional. Para Gesell (1979) um modo de conduta é uma resposta definida do

sistema neuro-muscular perante uma situação específica, e as novas formas de conduta

indicam a maturação do SN, sendo que o comportamento motor se desenvolve desde o

começo pela expansão da reação total do sistema e a individualização dos modos específicos

dentro do sistema. Para Gesell (1979) o crescimento é mais um processo de auto-

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condicionamento contínuo do que um evento controlado por duas forças: hereditariedade e

meio ambiente.

Todo o desenvolvimento humano ocorre graças à plasticidade cerebral, que compete à

capacidade de mudança em resposta a uma experiência tanto positiva quanto negativa, ao

longo de toda a vida (BLACK, 1998; OTTE, 2001).

Os períodos críticos, referem-se à melhor época para emergir certos processos do

desenvolvimento e comportamento, que podem também ser chamados de “janelas da

oportunidade”, sendo o período no qual as sinapses dos dendritos são mais preparadas para

estimulações ambientais adequadas. Achados sugerem que as "janelas da oportunidade" tem

instalação crítica para os movimentos até os seis anos de idade, tendo implicação significante

para experiência de movimentos precoces e programação do desenvolvimento motor

(GABBARD, 2000; CHUGANI, 1998; WYNDER, 1998; LEVITT, REINOSO, JONES

1998).

As bases para construir um futuro desempenho motor eficaz ocorrem durante os dois

primeiros anos de vida, mais especificamente durante os primeiros meses de vida, e

compreendem a capacidade para manter uma postura estável, executar o movimento

voluntário e manter o equilíbrio, assim como a capacidade para planejar e executar o ato

pretendido de forma coordenada e controlada. No primeiro ano de vida se evidencia uma

progressão de habilidades mais acentuadas na mão, integrando suas funções, adquirindo novas

funções e se refinando, preparando-se para desenvolver novos atos motores mais complexos

(DARGASSIES, 1980; CORIAT, 1991; BURNS, 1999; SANTOS, GONÇALVES,

GABBARD, 2000; SANTOS, GABBARD, GONÇALVES, 2001).

No recém-nascido, o nascimento representa uma modificação extraordinária das suas

condições de vida e ambiente, fazendo com que ele passe a ter atitudes e promovendo um

desenvolvimento para que haja uma adequação com o meio (DARGASSIES, 1980).

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A postura adotada pelo recém-nascido e a sua evolução com o passar do tempo é de

extrema importância para que se obtenha um desenvolvimento motor adequado, pois a postura

é o suporte de todo o corpo, e é ela que permite que os membros superiores se orientem no

espaço e movimentem-se livremente para realizar uma ação (DIAMENT, 1976; DIAMENT,

1996; BURNS, 1999).

A postura geral apresentada pelo recém-nascido é flexora, sendo o tônus muscular

nessa fase predominantemente flexor. A atitude dos ombros é de flexão e retração e as mãos

mantém-se freqüentemente fechadas e o polegar aduzido (DIAMENT, 1976; DIAMENT,

1996; BURNS, 1999).

No primeiro mês de vida, os lactentes apresentam movimentos mais simétricos, e é o

momento em que começa a seguir com o olhar um pequeno objeto ou um rosto que se move,

principalmente em sentido horizontal e depois vertical. O controle sobre a posição da cabeça

desempenha importante papel no desenvolvimento do acompanhamento de objetos com o

olhar (BURNS, 1999; FLEHMIG, 2000; SCHWARTZMAN, 2000). Observa-se muitas vezes

certa assimetria na postura dos braços, devido ao reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA),

que na idade de quatro a seis semanas pós-termo é acentuado, sobretudo nos membros

superiores (BURNS, 1999; FLEHMIG, 2000; SCHWARTZMAN, 2000).

No segundo mês, o lactente ainda mantém-se em flexão, porém, consegue assumir

uma postura de maior grau de extensão. Os membros superiores começam a mover-se em

direção à linha média, e o lactente consegue estender o segmento torácico e manter a cabeça

por alguns segundos até 45°. As mãos mantém-se mais freqüentemente fechadas e os

movimentos globais geralmente são simétricos (BURNS, 1999; FLEHMIG, 2000;

SCHWARTZMAN, 2000).

No terceiro mês, o lactente consegue abrir as mãos e agarrar um objeto, consegue

levá-las à linha média para observar e até mesmo para colocar um dedo na boca. O tônus

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muscular passa a ser de predomínio extensor e os movimentos oscilam entre simetria e

assimetria. Este mês é uma grande etapa do desenvolvimento, pois o lactente começa a

conhecer o seu corpo e a explorá-lo, podendo brincar com suas mãos, olhá-las e estabelecer

contato entre elas. Nessa etapa há o final da fase de hipertonia muscular (BURNS, 1999;

FLEHMIG, 2000; SCHWARTZMAN, 2000).

O controle estável da cabeça em decúbito ventral acompanha-se geralmente de

estabilidade da cintura escapular durante o apoio sobre cotovelos e mãos, que costumam

manifestar-se por volta dos quatro meses de idade (BURNS, 1999; FLEHMIG, 2000;

SCHWARTZMAN, 2000).

DARGASSIES (1980) relata que o primeiro trimestre de vida encontra-se sob

influência da exposição psicoafetiva, onde a criança fixa a mão em seu campo visual e

movimenta os dedos, o que caracteriza o aparecimento do ato óculo-manual. O

desenvolvimento dos movimentos de braços e mãos dos lactentes começam logo no primeiro

trimestre, quando o lactente começa a estender as mãos para alcançar um objeto. A partir daí,

os movimentos vão se coordenando e, com aproximadamente 24 semanas ocorre uma

aproximação bilateral e preensão combinadas com a percepção visual (GESELL,

AMATRUDA, 1987; DARGASSIES, 1980).

“A exploração manual atravessa estágios rápidos, sucessivos e cumulativos do

desenvolvimento: simples olhar para o objeto na mão, leva-lo à boca, sacudir, bater, transferir

de uma das mãos para a outra, comparar dois objetos, colocar um dentro do outro, colocar um

sobre o outro, alinhar os objetos, encaixá-los e executar outras combinações mais elaboradas”

(GESELL, AMATRUDA, 1987).

As mãos desempenham papel muito importante no desenvolvimento motor,

desenvolvendo habilidades extraordinárias. Além das importantes funções de preensão e

manipulação de objetos, a mão segura, apóia, protege, contribui para o equilíbrio e constitui

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uma via para o aprendizado, a comunicação e a interação social. A mão é dotada de

sensibilidade tátil; desde o início da vida o tato e a propriocepção são capazes de desencadear

o reflexo de preensão, que persiste por três a quatro meses e depois é substituído por uma

preensão mais voluntária (BURNS, 1999).

3.2 Coordenação motora apendicular

3.2.1 Maturação de vias motoras

A coordenação motora apendicular refere-se aos movimentos das extremidades dos

membros superiores, ou seja, os movimentos mais refinados que estes realizam. Para que a

coordenação motora apendicular se desenvolva é preciso que haja organização das estruturas

envolvidas e certo nível de maturação das vias eferentes que comandam os movimentos.

Os movimentos apendiculares ocorrem integrados com a visão, que auxilia a mão

durante o seu trajeto em direção ao alvo a ser pego (FIELD, 1977). Além do auxílio da visão,

os movimentos dos membros superiores podem ser efetuados como resposta a um estímulo

sensitivo e perceptivo vindo do ambiente onde a criança se encontra.

Para que a motricidade apendicular se desenvolva de forma satisfatória é preciso que

haja um suporte da motricidade axial, ou seja, a motricidade axial oferece o equilíbrio e

suporte de tronco necessário para que os membros superiores possam mover-se de forma

livre, sem precisar apoiá-los para manter a posição estável. Em suas pesquisas, Fontaine e

Bonniec (1988) relataram que a falta de controle postural pode ser um obstáculo para o

programa de preensão no 1º mês de vida. Amiel-Tison (1990) realizou um estudo com

lactentes aos 17 dias de vida e encontrou em seus achados a capacidade de realizarem o

alcance e preensão quando suportados em uma posição estável. Sua pesquisa concluiu que as

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altas funções motoras do lactente existem desde muito cedo, mas mantém-se ocultas pela

atividade motora reflexa presente nas primeiras semanas de vida.

Para que ocorra a motricidade apendicular, os centros superiores do sistema nervoso

modulam a ação dos neurônios, que através do percurso pelas vias eferentes conectam-se com

o músculo promovendo o movimento (COHEN, 2001).

Há uma hierarquia de controle para que os movimentos ocorram de forma satisfatória,

onde os centros superiores controlam os inferiores. Essa hierarquia é dividida em três níveis: o

nível alto, composto pelas áreas de associação e gânglios da base, que têm a função da

estratégia do movimento; o nível médio, composto pelo córtex motor e pelo cerebelo, que têm

a função de tática; e o nível baixo, composto pelo tronco encefálico e medula, que têm função

de execução do movimento (BEAR, CONNORS, PARADISO, 2002; LENT, 2001).

As vias motoras de comando do sistema nervoso são descendentes, sendo que as vias

responsáveis pela motricidade apendicular voluntária são parte do sistema de motoneurônios

laterais, tendo controle direto do córtex, sendo elas o feixe córtico-espinhal lateral e o feixe

rubro-espinhal, que se originam nas áreas 4 e 6 do córtex cerebral e no núcleo rubro,

respectivamente, e terminam sobre os interneurônios e motoneurônios laterais (MACHADO,

1993; BEAR, CONNORS, PARADISO, 2002; LENT, 2001; ROBINSON, 1998).

Para que se desenvolvam as vias de conexão, é preciso que o processo de combinação

dos axônios com seus alvos sigam as trajetórias corretas, o que é denominado de descoberta

das vias. No curso do desenvolvimento normal, os axônios seguem seu caminho e realizam as

conexões adequadas com erros relativamente pequenos. Isso significa que o padrão maduro da

conectividade é alcançado quase no início do desenvolvimento (COHEN, 2001).

Para que ocorra a inervação do membro superior, as fibras sensoriais e motoras

emergem da medula espinhal e dos gânglios espinhais dorsais nos segmentos de C5 a T1.

Essas fibras se misturam e fasciculam em direção ao plexo braquial, e sofrem fasciculação

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distalmente para, ao entrarem no membro, se reorganizarem em feixes de fibras nervosas que

inervarão os diferentes músculos do membro. As fibras espinhais realizam as conexões

corretas, mesmo se forem redirecionadas dentro de limites razoáveis. As estratégias de

descoberta da via disponível para o axônio são várias e se combinam para que o fenômeno

ocorra. Quando o axônio atinge seu alvo, forma-se a sinapse verdadeira, e a partir daí, há a

escolha dos neurotransmissores, um rearranjo e eliminação das conexões e a validação

funcional da conexão através da competição (COHEN, 2001; KANDEL, SCHWARTZ,

JESSEL, 2000).

Estudos demonstram que além do uso das taxas de energia, também as taxas de fluxo

sanguíneo cerebral local estão intimamente ligados com os movimentos, já que este serve de

combustível neuronal, sendo demonstrado por um aumento do fluxo sanguíneo na área 4 do

cérebro quando há um movimento da mão contralateral e similarmente um aumento da força

de ativação da área motora suplementar (ROBINSON, 1998).

Para que o movimento do membro superior ocorra de forma adequada e se desenvolva

é preciso não somente da maturação das vias, mas da maturação psicomotora e dos estímulos

ambientais que incidem sobre o lactente.

3.2.2 Maturação psicomotora da mão de acordo com CORIAT (1991)

Para Coriat (1991) aliado à maturação das vias que controlam os movimentos, para

que estes ocorram há também uma maturação psicomotora pela qual o lactente passa. Essa

maturação representa as influências do tônus, reflexos e aspectos psicológicos da criança.

O tônus muscular mostra amplas variações como parte do processo maturacional no

primeiro ano, especialmente no primeiro trimestre de vida (CORIAT, 1991; BRANDÃO,

1984). A qualidade tônica determina como a criança assimila os dados que proporcionam a

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sua proprioceptividade para a elaboração da imagem do seu corpo, e como ela vê e sente o

mundo (CORIAT, 1991).

Os reflexos são reações automáticas desencadeadas por estímulos, e tendem a

favorecer a adequação do indivíduo ao ambiente. À medida que evolui a maturação do SN, os

estímulos que desencadeiam reflexos vão provocando respostas menos automáticas, e começa

a vislumbrar a marca do componente cortical (CORIAT, 1991).

Os reflexos mais importantes que se relacionam com o desenvolvimento da

motricidade apendicular são: RTCA, o reflexo mão-boca e o reflexo de preensão palmar. O

RTCA permite que o lactente perceba sua própria mão em seu campo visual e passe a fixar

sua atenção. O reflexo mão-boca é um dos primeiros moldes das futuras atividades superiores,

ou seja, ele pressupõe a existência de conexões sensório-motoras entre as mãos e a boca,

significando uma estruturação biológica do esquema de coordenação voluntária entre ambas.

O reflexo de preensão palmar permite ao lactente que os objetos que ele segure estimulem a

sensibilidade da palma de sua mão. Os reflexos citados acima ocorrem simultaneamente e

integradamente, permitindo ao lactente, desde o nascimento até os três ou quatro meses, que

haja um enriquecimento de sua conduta e conhecimentos (CORIAT, 1991).

Ainda que no primeiro trimestre não exista uma real percepção dos estímulos, a

multiplicidade e variações dos estímulos externos deixam suas marcas enriquecedoras para

um conhecimento inicial do próprio corpo e sua diferenciação com o que o rodeia, com o que

pode entrar em contato através da superfície da pele, em particular com a boca e mãos

(CORIAT, 1991).

Passada a fase reflexa, a criança utiliza todas as impressões que provém de suas mãos,

vinda de múltiplos receptores para desenvolver a preensão voluntária, aperfeiçoando-a

durante os meses seguintes (CORIAT, 1991).

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A partir do 4º mês começam as tentativas de preensão voluntária, e neste mês é

importante a sinergia óculo-manual. A criança, para alcançar um objeto, aproxima seu

membro superior do mesmo com movimentos de varredura, sendo esta a preensão mais

primitiva, que ocorre por volta do 5º mês. Apesar dessa visão tradicional, Lantz, Melen,

Forssberg (1996) encontraram em um estudo que os lactentes no primeiro trimestre de vida

iniciaram uma pega de objeto com o indicador relando e iniciando a força de preensão,

indicando uma função ativa durante a preensão reflexa. Aos seis meses atenua-se a tendência

bimanual e a criança transfere o objeto de uma mão para outra. No 7º mês, o alcance do objeto

se faz com um esboço de pronação, o que leva à um predomínio funcional. Aos nove e dez

meses a criança organiza seus objetos horizontalmente a sua frente e é capaz de bater palmas.

No 10º mês a criança inicia a pinça inferior. Entre os onze e doze meses a criança desenvolve

a pinça perfeita, realizada com a polpa dos dedos, e alcança o objeto por cima (CORIAT,

1991).

3.2.3 Alcance e preensão

Os movimentos realizados pelas mãos são visíveis desde a fase intra-uterina, onde o

feto coloca suas mãos na boca, toca seu próprio corpo e também a parede uterina. O feto é

capaz de pegar o cordão umbilical e alcançar o seu próprio pé (SPARLING, TOL,

CHESCHEIR, 1999). Konczack et al. (1995) sugerem que o processo de aprendizado motor

inicia-se desde os padrões motores pré-determinados intra útero.

Em seu estudo durante a fase pré e pós natal, Sparling, Tol, Chescheir (1999) referem

que há diferença entre os movimentos realizados pelos lactentes nesses dois períodos, e

atribuem essa mudança mais aos fatores fisiológicos e ambientais do que maturacionais, já

que no período pós-natal o lactente está sujeito também aos fatores gravitacionais. Apesar

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disso, Konczack et al. (1995) referem que as trajetórias das mãos são conseqüências de um

processo de aprendizado, que são afetados pela arquitetura do SNC e sua ontogênese. Além

disso, para Lew e Butterworth (1997), a maturação do sistema neuromuscular é necessária

para controlar os movimentos de alcance e preensão, e Lantz, Melen, Forssberg (1996)

concluem por seus estudos que os movimentos dos dedos durante a preensão em lactentes está

de acordo com o desenvolvimento do sistema neural que controla os dedos durante a preensão

e manipulação.

As capacidades de alcance, preensão e manipulação na extremidade superior são

sujeitas a alguns componentes como a localização do objeto (denominada como percepção

visual consciente – coordenação olho-cabeça), o alcance, que envolve o transporte do braço e

da mão no espaço, a preensão e as capacidades de manipulação manual. Para alcançar um

objeto é preciso que se localize o mesmo através da visão. Esse processo pode envolver

apenas o movimento dos olhos ou dos olhos e da cabeça. Existem evidências de que os

movimentos oculares e manuais interagem e influenciam um ao outro, o que permite

movimentos manuais mais exatos (SHUMWAY-COOK, WOOLLACOTT, 2000; THELEN E

SPENCER, 1998).

Alguns pesquisadores acreditam que antes da coordenação olho-mão, há um aspecto

importante na coordenação mão-boca que influencia a motricidade apendicular. Lew e

Butterworth (1997) acreditam que primeiro o lactente coloca o objeto na boca e só depois é

que ele explora visual e manualmente. Esse processo de coordenação mão-boca é gradual e se

completa entre três e quatro meses de idade.

Sendo assim, tanto o movimento de alcance e preensão quanto a coordenação mão-

boca desenvolvida pelos lactentes são componentes dos movimentos dos braços.

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O controle dos movimentos dos braços muda dependendo do objetivo da tarefa. Sendo

assim, o ato de estender o braço em direção a um objeto pode ser dividido em dois

componentes, que são o alcance e a preensão (SHUMWAY-COOK, WOOLLACOTT, 2000).

Os sistemas que contribuem para o alcance e a preensão são os sistemas sensoriais e

motores.

As informações sensoriais chegam da periferia ao centro e atravessam dois trajetos

paralelos: um de percepção e reconhecimento do objeto e o outro de localização do objeto. Os

centros superiores do córtex cerebral recebem essa informação e denominam um plano de

ação em relação ao objetivo. Esse plano é enviado ao córtex motor e os grupos musculares são

selecionados. O plano é também transmitido ao cerebelo e gânglios da base, que modificam e

refinam o movimento. O cerebelo envia uma atualização do plano ao córtex e tronco

cerebrais. Os trajetos descendentes ativam as redes da medula espinhal, os motoneurônios

espinhais ativam os músculos e assim a ação objetivada é realizada (SHUMWAY-COOK,

WOOLLACOTT, 2000).

O sistema de feedback visual tem sua principal função no alcance para a obtenção da

acuidade final. O processamento visual é mais complexo durante o alcance para o lado

contralateral (SHUMWAY-COOK, WOOLLACOTT, 2000).

O componente essencial de todos os movimentos de alcance é o controle visual e

somatossensitivo pró-ativo, responsável pela orientação inicial correta do membro na direção

do alvo e pela coordenação inicial entre os segmentos do membro (SHUMWAY-COOK,

WOOLLACOTT, 2000).

Estudos evidenciam que o desenvolvimento do alcance está intimamente ligado ao

controle postural adquirido pelo lactente (FONTAINE e BONNIEC, 1988; THELEN e

SPENCER, 1998). Para Fontaine e Bonniec (1988) o mínimo controle da postura sentada é

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preciso para que os lactentes dêem um passo entre os movimentos de pré-alcance e de

alcance.

O movimento de preensão, assim como o de alcance, tem profunda relação com a

coordenação visual, que nos primeiros meses de vida, orienta a mão em relação ao objeto a

ser pego. Field (1977) cita duas teorias que explicam a interação entre a mão e a visão. A

primeira sugere que os lactentes inicialmente não são capazes de coordenar as atividades

visuais e manuais, e a integração desses dois sistemas é necessária para melhorar o

comportamento da preensão. A segunda teoria sugere que a coordenação olho-mão está

presente desde o nascimento e sua diferenciação gradual entre as habilidades ocorre durante a

infância. As duas visões são consideradas em estudos a fim de se ter clareza do que realmente

ocorre.

A preensão é composta por dois componentes, sendo eles o componente de transporte

e de manipulação. Os padrões de preensão variam em função da localização, tamanho e

formato do objeto que será pego, sendo que o componente de manipulação se encarrega de

pré-ajustar a mão durante o alcance e promover o ajustamento final em relação ao objeto

(FONTAINE e BONNIEC, 1988). Para que um alcance e preensão sejam bem sucedidos, é

preciso que as estratégias de alcance e organização da mão para a preensão (considerando

tamanho, forma e peso do objeto) sejam adequadas. É preciso que o controle dos centros

superiores esteja funcionando satisfatoriamente, modulando os movimentos amplos e

aperfeiçoando os finos.

3.3 Considerações sobre lactentes nascidos Pequenos (PIG) e Adequados para Idade

Gestacional (AIG)

3.3.1 Definições

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43

Os conceitos de pequeno para idade gestacional (PIG), baixo peso ao nascimento e

retardo do crescimento intra-uterino (RCIU) são freqüentemente usados como sinônimo

(MAMELLE, COCHET, CLARIS, 2001; BOS, EINSPIELER, PRECHTL, 2001) e na

verdade não o são. A dificuldade em estabelecer as classificações durante os estudos, e

também os diversos critérios usados para essas classificações dos lactentes interferem nos

resultados e conclusões das pesquisas (BOS, EINSPIELER, PRECHTL, 2001;

GOLDENBERG, HOFFMAN, CLIVER, 1998).

Uma das definições utilizadas para classificar os lactentes como PIG e AIG é a

proposta por Battaglia e Lubchenco (1967) que considera a adequação peso/idade gestacional

para categorizar um neonato, sendo definido como PIG os lactentes que têm peso ao

nascimento abaixo do percentil 10 da curva de crescimento fetal (CCF), como AIG os

lactentes que têm peso ao nascimento entre o percentil 10 e 90 da CCF e como GIG os

lactentes que tem peso ao nascimento acima do percentil 90 da CCF. Gruenwald (1966)

definiu PIG como qualquer neonato cujo peso ao nascer fosse mais do que dois desvios-

padrões abaixo da média para qualquer semana de gestação, correspondendo,

aproximadamente, ao terceiro percentil das curvas de crescimento intra-uterino. Crowse e

Cassady (1999) questionam a definição correta para os lactentes, e propõem que a definição

ideal deveria identificar os lactentes com verdadeiro retardo do crescimento e sob risco de

mais morbidade e mortalidade e deveria excluir os lactentes que alcançam seu potencial

genético de crescimento e que não estão sob risco maior.

Além dessa classificação, existe a definição do neonato que considera o peso ao

nascimento e a idade gestacional separadamente. Essa definição foi adotada em 1993 pela

Assembléia Mundial da Saúde de acordo com o Artigo 23 da Constituição da Organização

Mundial da Saúde, na Décima Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e

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Problemas Relacionados à Saúde (CID-10, 1999), e permanece inalterada desde a nona

revisão do referido órgão em 1979 (GOTTO, GONÇALVES, ARANHA, 2004):

- Baixo peso ao nascer: menos de 2500g (até 2499g, inclusive)

- Peso muito baixo ao nascer: menos de 1500g (até 1499g, inclusive)

- Peso extremamente baixo ao nascer: menos de 1000g (até 999g, inclusive)

- Pré-termo: menos de 37 semanas completas (259 dias) de gestação

- Termo: de 37 semanas a menos de 42 semanas completas (259 a 293 dias) de

gestação

- Pós-termo: 42 semanas completas ou mais (294 dias ou mais) de gestação

Mammelle, Cochet, Claris (2001) alertam para a introdução na literatura internacional

de um novo termo, a restrição do crescimento fetal (RCF). O termo restrição, segundo esses

autores, indica de forma mais adequada um processo patológico durante a gestação do que o

termo retardo, que sugere uma condição irreversível. Esse estudo também ressaltou que

alguns neonatos PIG podem representar a porção final da curva de crescimento intrauterino,

de distribuição normal, sendo apenas constitucionalmente pequenos e, portanto normais; e

que, no entanto, alguns neonatos nascidos com peso adequado podem ter sofrido restrição do

crescimento, quando analisados segundo seu potencial genético.

A RCF é responsável pelo nascimento de lactentes PIG, porém não existe ainda um

consenso sobre o ponto de corte na CCF para classificar um RN como PIG (GAGLIARDO,

2003; GOLDENBERG, HOFFMAN, CLIVER, 2002; BOS, EINSPIELER, PECHTL, 2001).

Para este estudo o grupo foi selecionado entre crianças a termo, de acordo com os

critérios da OMS, e nascidas PIG ou AIG, de acordo com a classificação de Battaglia e

Lubchenco (1967).

3.3.2 Estudos envolvendo lactentes PIG ou de BPN

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Vários estudos estão sendo direcionados à população com RCIU, baixo peso ao

nascimento e PIG porque a média de sobrevivência aumentou devido aos cuidados e

tratamentos destinados à eles (BOS, EINSPIELER, PRECHTL, 2001).

A estimativa de lactentes de baixo peso ao nascimento foi relatada como sendo 16%

dos nascimentos globais para Grantham-MacGregor (1998) e de 6% a 11% para Vieira e

Mancini (2000). Segundo Grantham-MacGregor (1998) mais de 90% desses nascimentos são

em países de baixo rendimento, sendo que a maior proporção de baixo peso ao nascimento

ocorre nos países sub-desenvolvidos. Para Crowse e Cassady (1999) a incidência de neonatos

PIG diminui conforme o país se torna mais desenvolvido. No Brasil, estima-se que a

prevalência de BPN seja de 9% (OMS, 1984; EICKMANN, LIRA, LIMA, 2002).

Os possíveis fatores de risco para nascimentos PIG vêm sendo estudados por alguns

autores. Dentre esses estudos se destacaram os possíveis fatores: idade materna acima de 35

anos, grau de instrução materna inferior ao primeiro grau completo, gestações sucessivas com

pequenos intervalos interpartais (ALMEIDA e JORGE, 1998), estado civil solteiro, baixo

peso pré-gestacional, baixo ganho de peso durante a gestação, fumo, hipertensão, gestações

múltiplas (DOCTOR et al., 2001; THOMPSON et al., 2001), mães primíparas, mães de etnia

indiana, com pré-eclâmpsia e de baixa estatura (THOMPSON et al., 2001).

Além de estudar os fatores de risco para o nascimento PIG, alguns estudos vêm sendo

realizados para esclarecer os fatores de risco que interferem no desenvolvimento do lactente,

englobando os hábitos maternos, nível sócio-econômico, estimulação ambiental, sexo,

estatura e alimentação (OUNSTED, MOAR, SCOTT, 1988; HEDIGER et al., 2002;

MARKESTAD et al., 1997; ANDRACA et al., 1998; HALPERN et al., 2002; McCOWAN,

PRYOR, HARDING, 2002; EICKMANN, LIRA, LIMA, 2002; DEZOETE, MacARTHUR,

TUCK, 2003; GRANTHAM-Mc GREGOR, 1998).

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O comportamento dos lactentes também tem sido um aspecto de interesse dentro do

estudo do desenvolvimento infantil. Padidela e Bhat (2003) analisaram o comportamento em

lactentes PIG e AIG nas primeiras semanas de vida utilizando a Brazelton Neurobehavioural

Assessment Scale e encontraram uma melhor performance dos AIG em quase todos os

quesitos, porém, no 14º dia, os lactentes PIG mostraram pontuação mais alta em alguns

quesitos. Em um outro estudo utilizando a Escala de Classificação de Comportamento das

BSID-II, Mello, Gonçalves, Souza (2004) encontraram diferença no comportamento dos

lactentes no segundo mês de vida, classificando mais lactentes PIG como alterados.

O desenvolvimento neurológico, assim como o comportamento e os fatores de risco, é

também importante para analisar o desenvolvimento motor de lactentes. Sendo assim, estudos

têm sido direcionados para investigar essas influências. Ounsted, Moar, Scott (1988)

estudaram lactentes PIG durante o primeiro ano de vida e concluíram que essa população foi

significantemente atrasada em relação aos AIG, a partir do segundo mês de vida. Gherpelli,

Ferreira, Costa (1993) estudaram a importância dos fatores de risco no prognóstico

neurológico e desenvolvimento no primeiro ano de vida e encontraram correlação altamente

significativa entre anormalidades neurológicas, desenvolvimento e peso abaixo do percentil

2,5 na idade de 01 ano. Oliveira (1997) estudou lactentes provenientes de baixas camadas

sócio-econômicas do Recife, e concluiu que os lactentes PIG apresentaram anormalidades no

comportamento de vigília e tono muscular, e motricidade anômala, com predomínio de

hiperexcitabilidade no primeiro mês de vida.

Em relação ao desenvolvimento motor, mental e cognitivo no período pós-natal,

estudos têm sido realizados relacionando-os com o RCIU, baixo peso ao nascimento e

lactentes PIG, utilizando diferentes instrumentos de avaliação.

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O RCIU foi estudado relacionando-o a qualidade dos movimentos por Sival, Visser,

Prechtl (1992) durante as fases pré e pós-natal e não detectaram nenhum efeito claro de

complicações do RCIU na qualidade dos movimentos gerais até 01 ano de vida.

Hediger et al. (2002) investigaram o efeito do peso ao nascimento e idade gestacional

no desenvolvimento motor e social na idade de 02 e 47 meses e encontraram correlação entre

o baixo peso ao nascimento com um atraso no desenvolvimento mental e motor, sendo que

para o sexo feminino, o baixo peso ao nascimento foi o preditor perinatal mais importante

para a pontuação mais baixa. Eickmann, Lira, Lima (2002) desenvolveram um estudo com

lactentes a termo de baixo peso ao nascimento e peso adequado durante o 24º mês utilizando

as Escalas Bayley do Desenvolvimento Infantil (versão 1984) para analisar o

desenvolvimento mental e motor, encontrando uma média dos índices mental e motor

significativamente mais baixa para os lactentes de baixo peso ao nascer. Em outro estudo,

Ohgi et al. (2003) objetivando analisar a utilidade da Neonatal Behavioral Assessment Scale

como um instrumento preditivo de incapacidades no desenvolvimento, avaliaram lactentes

japoneses de baixo peso e/ou prematuros e obtiveram como resultados baixos pontos no grupo

motor para todos os períodos de avaliação da 40º a 46º semanas, associados com um risco

para incapacidades médias e severas. Bekedam et al. (1985) estudaram lactentes de baixo peso

ao nascimento e encontraram resultados significativamente mais baixos nos movimentos

desse grupo de lactentes.

A interação da mãe com o lactente foi estudada por Watt (1986) utilizando, entre

outros instrumentos, as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil em uma população de

lactentes PIG e AIG. Este estudo mostrou como resposta melhor performance dos lactentes

AIG na interação com suas mães, e esta interação foi relacionada com o desenvolvimento.

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Hutton et al. (1997) analisaram os efeitos do nascimento pré-termo e PIG sobre as

habilidades motoras e cognitivas e encontraram que a habilidade cognitiva foi relacionada ao

nascimento PIG e a habilidade motora ao nascimento pré-termo.

Fitzhardinge e Steven (1972) estudaram o peso, estatura e perímetro craniano em

lactentes PIG a termo por 04 anos. Eles concluíram que os padrões de crescimento das

crianças PIG foram similares as das não PIG, com melhor velocidade de crescimento durante

os seis primeiros meses.

Os padrões de crescimento e desenvolvimento psicomotor também foram estudados

por Markestad et al. (1997) que analisaram lactentes PIG e AIG aos 13 meses, utilizando as

BSID-II, encontrando que os lactentes PIG mostraram menor peso, estatura e perímetro

craniano. Além disso, encontraram que a performance motora foi igual para os dois grupos,

mas a performance mental foi menor para os lactentes PIG. Concluíram então, que o impacto

negativo dos fatores de crescimento intra-útero são parcialmente abolidos pelo alcance de

crescimento no 1º ano de vida, sendo que os fatores de crescimento são determinados

principalmente pelos fatores genéticos.

Fancourt et al. (1976) estudaram um grupo de lactentes PIG a termo através de

cefalometria ultrassônica serial e exames até a idade de 04 anos, concluindo que o

crescimento com início vagaroso antes da 34ª semana de gestação resultou em maior

probabilidade de altura e peso menor do que o percentil 10, e que uma falha no início do

crescimento antes da 26ª semana de gestação causou um reduzido quociente

desenvolvimental. Walther (1988) estudou o crescimento de lactentes PIG com RCIU e

concluiu que as crianças PIG continuaram a ter peso inferior para a altura com baixo índice

ponderal e cabeça relativamente pequena. A mudança na curva de crescimento ocorreu a

partir da idade de três anos.

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Harvey et al. (1982) estudaram lactentes PIG com RCIU até uma média de 05 anos de

idade e concluíram que o crescimento lento prolongado no útero afeta as habilidades e

desenvolvimento tardio da criança, especialmente a performance perceptual e habilidade

motora. Walther (1988) também estudou lactentes PIG com RCIU comparando o seu

desenvolvimento com o de lactentes com crescimento normal acompanhando-os até os sete

anos de idade, e concluindo que o RCIU em lactentes a termo pode ter efeitos em longo prazo

no crescimento e desenvolvimento, pois os lactentes PIG com RCIU demonstraram

comportamentos problemáticos e problemas acadêmicos.

Parmelee e Schulte (1970) estudaram a performance do lactente e maturação

neurológica ao nascimento em uma amostra de lactentes PIG e AIG a termo através do Teste

Desenvolvimental de Gesell e não encontraram diferença significativa na performance dos

PIG e AIG.

Na Finlândia foi realizado um estudo que objetivava analisar as conseqüências

desenvolvimentais aos 02 anos de idade em lactentes PIG, utilizando a Denver Developmental

Screening Test modificado, obtendo como resultado significantes diferenças entre os lactentes

PIG e AIG, sendo que os PIG demonstraram maior número de anormalidades

desenvolvimentais (TENOVUO et al., 1988).

Nelson et al. (1997) estudaram lactentes PIG e não PIG com idade acima de 12 meses

através das escalas mental e motora das Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil II, e

demonstraram que, em seus resultados a escala mental não obteve diferença estatisticamente

significante entre os grupos, mas a escala motora indicou pontuações menores

estatisticamente significantes para a população de lactentes PIG, sendo esse decréscimo visto

nos lactentes do sexo masculino e negros, mas não nos lactentes do sexo feminino ou

brancos.

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Grantham-McGregor et. al. (1998) estudaram lactentes com baixo peso ao nascimento

e peso adequado ao nascimento avaliando-os com a versão antiga das Escalas Bayley de

Desenvolvimento Infantil aos 06 e 12 meses de idade. Seus resultados demonstraram que os

lactentes com BPN pontuaram mais baixo do que os lactentes de peso adequado ao

nascimento tanto para a escala motora quanto para a escala mental, e essa diferença aumentou

no 12º mês, sendo todas elas estatisticamente significantes.

Grantham-McGregor (1998) fez uma análise de alguns estudos publicados sobre

lactentes PIG e demonstrou que na maioria deles essa população obteve menores pontuações

nas avaliações mentais e motoras e mais anormalidades neurológicas e atrasos no

desenvolvimento quando comparados ao grupo AIG. Michaelis, Schulte, Nolte (1970)

também estudaram uma população de lactentes PIG e AIG e encontraram diferenças

significativas no comportamento motor, sendo que o grupo PIG demonstrou movimentações

excessivas e hiperexcitabilidade ao exame neurológico.

Vieira e Mancini (2000) fizeram uma vasta revisão dos estudos envolvendo lactentes

de baixo peso ao nascimento e concluíram que estas características parecem influenciar

negativamente o comportamento motor destas crianças.

Bos, Einspieler, Prechtl (2001) também fizeram uma revisão dos estudos dessa

população publicados durante os últimos vinte anos e encontraram, na grande maioria deles,

maior prejuízo para os lactentes PIG e com RCIU.

Pode–se perceber que a maioria dos autores obtém em seus achados respostas menos

favoráveis aos lactentes de baixo peso ao nascimento, com RCIU ou PIG em relação aos

lactentes de peso normal e AIG. Para Grantham-McGregor (1998) isso se explica porque os

lactentes PIG têm maior incidência de complicações perinatais do que os lactentes AIG, o que

pode afetar o seu desenvolvimento subseqüente.

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Esse trabalho é parte de muitos outros realizados pelo Grupo Interdisciplinar de

Avaliação do Desenvolvimento Infantil (GIADI) que têm o propósito de obter mais

conhecimentos a respeito desta população nos vários campos do desenvolvimento infantil.

O GIADI tem estudado o neurodesenvolvimento dos lactentes PIG e AIG nascidos a

termo nos últimos anos, sendo que já foram produzidos artigos, dissertações e teses com os

dados coletados pelo grupo.

Em 2002, Muniz estudou a correlação do fluxo sanguíneo cerebral no período neonatal

com o desenvolvimento neuropsicomotor no 6º mês de vida em lactentes PIG nascidos a

termo, e comparou o desenvolvimento entre recém-nascidos PIG ou AIG utilizando as BSID-

II nessa mesma idade. Seus resultados demonstraram, dentre outros, que não houve diferença

estatisticamente significante em relação ao IS mental e motor entre os lactentes PIG e AIG, e

que menores velocidades de fluxo sanguíneo corresponderam a menores IS das escalas mental

e motora.

Mello, em 2003, comparou o comportamento de lactentes nascidos a termo PIG ou

AIG durante o primeiro trimestre de vida e encontrou valores superiores de IS mental para os

lactentes PIG no 1º mês de vida e de IS motor para os lactentes AIG no 2º mês de vida. O

fator de qualidade motora no 2º mês demonstrou valores medianos menores no grupo PIG, e

no 3º mês houve uma maior freqüência de hipertonia muscular de membros e tremor nos

lactentes PIG.

Também em 2003, Gagliardo estudou, com as BSID-II, o desenvolvimento mental e

motor no primeiro semestre de vida de lactentes PIG ou AIG nascidos a termo e comparou a

avaliação das funções óculo-motoras e motoras apendiculares dos dois grupos. Seus

resultados demonstraram que a performance normal na escala mental foi melhor para os

lactentes PIG no 1º mês de vida e que a performance na escala motora teve maior número de

lactentes AIG classificados como normal no 2º, 3º e 6º meses de vida. Em relação ao IS,

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houve diferença estatisticamente significante no 2º mês na escala motora, com valores

maiores para o grupo AIG.

Goto, em 2004 avaliou e comparou o neurodesenvolvimento no 1º semestre de vida de

lactentes nascidos a termo PIG ou AIG, demonstrando que os grupos apresentaram diferenças

na distribuição das pontuações do IS das escalas mental e motora. Considerando-se o IS na

escala mental, o grupo PIG apresentou médias significativamente menores no 6º mês e o

grupo PIG – simétrico no 3º e 6º meses. Considerando-se o IS da escala motora, o grupo PIG

e PIG - simétrico apresentaram médias significativamente menores no 2º mês.

É preciso que sejam realizados estudos adicionais referentes aos lactentes PIG e AIG e

seu desenvolvimento, e este trabalho objetiva contribuir um pouco mais para esse

conhecimento.

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4. CASUÍSTICA E MÉTODOS

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4.1 Desenho do estudo

Este foi um estudo prospectivo, duplo-cego quanto ao peso de nascimento e

longitudinal de duas coortes de lactentes nascidos a termo pequenos para a idade gestacional

(PIG) ou adequados para a idade gestacional (AIG) avaliados no primeiro trimestre de vida.

Houve, para este estudo, uma colaboração entre os Departamentos de Neurologia e

Centro de Investigações em Pediatria (CIPED), Centro de Estudos e Pesquisas em

Reabilitação (CEPRE) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do Centro de Atenção

Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e

do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPG) da Faculdade de Ciências da Saúde

(FACIS) da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).

Os resultados apresentados constituíram parte do projeto "Avaliação do

desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida de lactentes a termo, pequenos

para a idade gestacional e sua correlação com o fluxo sanguíneo cerebral por ultrassonografia

Doppler ao nascimento", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo – FAPESP – (Processo 00/07234-7).

4.2 Sujeitos

Os lactentes foram selecionados entre crianças nascidas vivas no Setor de

Neonatologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da UNICAMP no

período de maio do ano de 2000 a julho do ano de 2003. Foram selecionados RN a termo que

não necessitaram de cuidados especiais, exceto manutenção de estabilidade clínica e glicemia.

Todos seguiram o protocolo assistencial do serviço de neonatologia do CAISM/UNICAMP,

inclusive quanto aos critérios de alimentação. Considerando a probabilidade de maior evasão

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entre os lactentes nascidos a termo AIG, para cada neonato PIG foram selecionados os dois

nascimentos AIG subseqüentes.

Os lactentes foram acompanhados em avaliações realizadas pelo Grupo

Interdisciplinar de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (GIADI), no Laboratório de

Estudos do Desenvolvimento Infantil – I (LEDI-I).

Participaram deste estudo 34 lactentes, sendo 23 lactentes AIG e 11 lactentes PIG,

sendo que todos eles foram avaliados longitudinalmente no primeiro trimestre de vida.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UNIMEP segundo

o protocolo 82/03 (ANEXO A).

4.2.1 Critérios de inclusão

Usou-se para este estudo os seguintes critérios de inclusão:

- Recém-nascidos a termo, com idade gestacional entre 37 semanas completas e 41 semanas

e 06 dias (OMS, CID-10, 1999);

- Recém-nascidos a termo, com peso adequado para a idade gestacional (AIG), com peso de

nascimento entre o percentil 10 e 90 da curva de crescimento fetal de Battaglia e

Lubchenco (1967);

- Recém-nascidos a termo, com peso pequeno para a idade gestacional (PIG), com peso de

nascimento abaixo do percentil 10 da curva de crescimento fetal de Battaglia e Lubchenco

(1967);

- Recém-nascidos que permaneceram no alojamento conjunto;

- Recém-nascidos residentes na região metropolitana de Campinas delimitada pelo

Diretório Regional de Saúde XII;

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- Recém-nascidos cujos pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (ANEXO B);

- Lactentes avaliados longitudinalmente no primeiro trimestre de vida.

4.2.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo:

- Recém-nascidos com síndromes genéticas ou malformações diagnosticadas no período

neonatal;

- Recém-nascidos com infecção congênita confirmada (sífilis, toxoplasmose, rubéola,

citomegalovírus, herpes e/ou síndrome da imunodeficiência adquirida - STORCH-HIV);

- Recém-nascidos que necessitaram de internação em Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal (UTIN);

- Recém-nascidos resultantes de gestação de fetos múltiplos.

4.2.3 Critérios de descontinuação

Foram descontinuados deste estudo os lactentes que:

- Apresentaram alguma intercorrência neurológica, como infecções de SNC (meningite e

encefalite) e trauma craniano;

- Necessitaram de internação em Unidade de Terapia Intensiva durante o período do estudo;

- Apresentaram falta em algum dos meses de avaliação;

- Tiveram desistência voluntária durante o seguimento por parte dos pais ou responsáveis

legais.

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4.2.4 Amostra do estudo

De acordo com os critérios expostos acima, a amostra deste estudo foi composta por

34 lactentes, sendo 23 lactentes nascidos AIG e 11 lactentes nascidos PIG, avaliados

longitudinalmente no 1o, 2o e 3o meses de vida.

4.3 Variáveis e conceitos

4.3.1 Variáveis independentes

• Adequação peso/idade gestacional

A categorização de acordo com a adequação peso/idade gestacional foi realizada por

meio de comparação do peso ao nascimento com os valores de referência para cada idade

gestacional da curva de crescimento de Battaglia e Lubchenco (1967).

O peso em gramas, obtido logo após o nascimento, foi mensurado em balança

eletrônica, aferida regularmente, da marca Filizola, modelo ID 1500, com precisão de 10

gramas e carga máxima de 15 Kg.

A idade gestacional foi definida em semanas completas de gestação, conforme

avaliação clínica do RN pelo método proposto por Capurro et al. (1978), tolerando-se uma

diferença de mais ou menos 1 semana, com o dado obtido por meio do tempo de amenorréia

materna (data da última menstruação) e/ou pela idade fetal estimada pela ultra-sonografia

realizada até a 24ª semana de gestação. O critério de diagnóstico da idade gestacional seguiu o

protocolo do serviço de neonatologia do CAISM/UNICAMP.

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Considerou-se como RN a termo, todo neonato com idade gestacional entre 37

semanas completas e 41 semanas e 06 dias, de acordo com os critérios definidos pela

Organização Mundial de Saúde (OMS, CID-10, 1999)

A categorização dos neonatos segundo a adequação peso/idade gestacional

caracterizou-se por:

- Adequado (AIG): peso ao nascimento entre o percentil 10 e 90 do valor de referência para

determinada idade gestacional

- Pequeno (PIG): peso ao nascimento abaixo do percentil 10 do valor de referência para

determinada idade gestacional

A adequação peso/ idade gestacional como foi utilizada neste estudo é baseada na

classificação proposta por Bataglia e Lubchenco em 1967, onde o peso de nascimento e a

idade gestacional são analisados juntos em uma curva, que refere em qual percentil o lactente

se encontra. Se o lactente está inserido na curva acima do percentil 90, ele é considerado

grande para a idade gestacional, se o lactente está inserido abaixo do percentil 10, ele é

considerado pequeno para a idade gestacional, e se o lactente estiver inserido na faixa entre o

percentil 10 e 90 da curva, ele é considerado como adequado para a idade gestacional.

• Tempo de vida

A idade em meses considerou a data de aniversário mais ou menos 07 dias, seguindo

normas estabelecidas no manual das BSID–II (BAYLEY, 1993). Consideraram-se para este

estudo os 1o , 2o e 3o meses de vida.

4.3.2 Variáveis dependentes

• Avaliação do desenvolvimento motor e mental

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Como teste padronizado para avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor dos

lactentes, foram utilizadas as Bayley Scales of Infant Development-II (BSID–II) (BAYLEY,

1993).

Este instrumento de avaliação está licenciado para sua aplicação e utilização pelo

grupo, sob responsabilidade da neurologista infantil coordenadora do GIADI. O grupo foi

treinado para aplicar os itens de teste após leitura e estudo do manual que acompanha as

BSID–II.

A BSID-II (1993) é composta por três sub-escalas, que são a Escala Mental, Escala

Motora e Escala de Classificação do Comportamento. Estas sub-escalas são compostas por

determinado número de provas, sendo que a escala mental possui 178 provas, a escala motora

111 provas e a escala comportamental 30 provas. As Escalas Mental e Motora têm provas que

são aplicadas em situação de prova, com manobras e instrumentos específicos e tempo pré-

determinado, e provas que são de observação acidental, realizadas espontaneamente pela

criança durante a avaliação.

O anexo C se refere ao formato das Escalas Mental e Motora na seqüência sugerida

para apresentação dos itens ao lactente (Roteiro de Avaliação) no 1º, 2º e 3º mês. Embora esse

formato seja padronizado, as escalas permitem flexibilidade na administração dos itens

dependendo do temperamento do lactente, do interesse do mesmo por determinados materiais

ou provas e do vínculo estabelecido entre o examinador e o lactente. A escala tem provas com

pré-requisitos para a sua aplicação, ou seja, algumas provas são seqüenciais e não devem ser

aplicadas se a criança não responder a prova anterior.

A Escala Mental possui itens que avaliam a memória, habituação a estímulos sonoros

e visuais, resolução de problemas, generalização, vocalização, linguagem e habilidades

sociais.

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A Escala Motora avalia o controle apendicular e axial dos grupos musculares, a

qualidade dos movimentos, a integração sensorial e perceptivo-motora. Inclui os movimentos

associados com o rolar, arrastar e sentar. Os movimentos apendiculares tais como preensão,

coordenação visuomotora e a imitação dos movimentos das mãos também são testados.

As BSID–II possuem um kit de materiais padronizados utilizados para a realização dos

testes.

Para o primeiro trimestre de vida os materiais utilizados são:

- chocalho rosa

- sino

- aro vermelho preso em cordão branco de material sintético

- bola pequena vermelha

- 08 cartões de estímulo visual, com desenho gráfico

- bolinhas de açúcar coloridas

- bastão laranja

- cubos vermelhos

De acordo com o manual das BSID-II, o tempo médio recomendado para

administração dos itens variou entre 25 e 35 minutos para cada lactente. Quando a resposta do

lactente não refletia, com segurança, a sua habilidade, conseqüente ao choro ou sono, a

avaliação foi interrompida, retornando assim que o desconforto estivesse solucionado. A

avaliação foi suspensa quando, mesmo após a pausa permitida, o choro, sono, ou outros

desconfortos não foram solucionados.

A técnica de aplicação das BSID-II possibilita a repetição de cada prova em até três

tentativas, oferecendo oportunidades de o lactente apresentar resposta, de modo que o mesmo

pode superar as interferências de manifestações comportamentais inesperadas.

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61

Para registro das respostas no roteiro de avaliação utilizou-se S (sim) quando os

lactentes apresentaram o comportamento de resposta esperado para a prova e N (não) quando

não apresentaram o comportamento de resposta esperado. Considerou-se O (omitido) a

resposta daqueles em que não foi possível aplicar a prova devido a manifestações

comportamentais negativas que levaram à interrupção da avaliação.

Quando o lactente não apresenta a execução do número mínimo de provas exigidas no

respectivo mês, aplica-se o roteiro do mês imediatamente anterior, conforme norma da escala.

Na aplicação da escala considera-se as provas realizadas pelo lactente no mês em que

está sendo avaliado (número de S), soma-se o número de provas equivalentes às idades

anteriores, o que gera um Raw Score (RS). O valor do RS é então convertido, no manual das

escalas, para pontos padronizados, obtendo-se um Índex Score (IS).

Através do IS do lactente para o mês em questão há uma classificação da performance do

mesmo, sendo elas a Performance Significativamente Atrasada, Performance Levemente

Atrasada, Performance Dentro dos Limites Normais e Performance Acelerada. Esta

classificação está exposta na tabela 1.

Tabela 1. Classificação da performance dos lactentes segundo os dados normativos do IS.Classificação da performance IS

Performance Acelerada (PA) ≥ 115

Performance Dentro dos Limites Normais (DLN) Entre 85 e 114

Performance Levemente Atrasada (PLA) Entre 70 e 84

Performance Significativamente Atrasada (PSA) ≤69

IS = Índex Score

• Desenvolvimento da motricidade apendicular

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Para a avaliação do desenvolvimento da motricidade apendicular foram consideradas dez

provas que compõem a BSID-II, sendo cinco provas pertencentes à Escala Mental e cinco

provas pertencentes à Escala Motora. A tabela 2 demonstra as provas utilizadas, sua

classificação em mental ou motora e o mês de aplicação.

Tabela 2. Descrição das provas utilizadas, relacionadas à escala e ao mês de aplicaçãoNome da prova Escala Meses

Mãos cerradas a maior parte do tempo (MO_06) Motora 1º

Tenta levar mãos à boca (MO_12) Motora 1º, 2º, 3º

Segura o aro por dois segundos (MO_13) Motora 1º, 2º, 3º

Brinca com o chocalho (ME_35) Mental 2º, 3º

Manipula o aro (ME_37) Mental 2º, 3º

Estende a mão em direção ao aro suspenso (ME_38) Mental 3º

Agarra o aro suspenso (ME_39) Mental 3º

Leva o aro à boca propositadamente (ME_40) Mental 3º

Mantém mãos abertas a maior parte do tempo (MO_23) Motora 3º

Apanha o bastão com toda a mão (MO_29) Motora 3º

MO = refere-se às provas da escala motora; ME = refere-se às provas da escala mental

4.4 Procedimentos

Todos os lactentes participantes deste projeto foram selecionados na maternidade por

um neonatologista, sendo que foram selecionados 02 lactentes nascidos AIG para cada

lactente nascido PIG. Uma equipe formada por psicólogo e assistente social visitou cada

família para confirmar o convite para participar do projeto, entregando aos pais um cartão de

retorno com consulta pré-agendada para a avaliação do lactente no primeiro mês. Além disso,

tiveram o apoio do serviço social durante a estada no local de exame, que amparou-os com

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relação à alimentação, transporte e acomodação durante o período de teste, acolhendo e

fornecendo esclarecimentos e orientações à família a respeito da pesquisa.

A avaliação dos lactentes foi realizada no LEDI-I equipado com verbas de auxílio-

pesquisa e de infra-estrutura da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP) (Processos 93/3773-5; 96/11422-6; 00/07234-7), do Conselho Nacional de

Tecnologia e Pesquisa (CNPq) (Processo 521626/95-1) e do Fundo de Apoio ao Ensino e à

Pesquisa (FAEP-UNICAMP) (Processo 0142/01).

As avaliações foram realizadas por pesquisadores treinados do GIADI, os quais eram

cegos quanto ao peso de nascimento dos lactentes do estudo durante o acompanhamento, e no

momento da avaliação permaneceram na sala o lactente acompanhado de seu responsável, um

examinador e dois observadores, responsáveis por analisar e anotar as respostas durante a

avaliação.

Para realizar a avaliação dos lactentes utilizou-se a Escala Bayley de Desenvolvimento

Infantil II (1993). Neste estudo foram utilizadas provas da Escala Motora e da Escala Mental,

escolhendo-se aquelas que possibilitaram uma análise do comportamento das mãos e do

desenvolvimento das habilidades da motricidade apendicular.

As atividades do GIADI são desenvolvidas em dois locais: Laboratório de Estudos do

Desenvolvimento Infantil I (LEDI-I), localizado no CEPRE/UNICAMP e Laboratório de

Estudos do Desenvolvimento Infantil II (LEDI-II), sala 619-Hospital das

Clínicas/UNICAMP.

O LEDI-II dispõe de dois computadores e é utilizado como sala de reunião do GIADI,

para estudar bioestatística, promover discussões referentes à pesquisa, inserção de dados no

banco de dados, análise de resultados, elaboração de artigos e orientação a alunos, dentre

outras atividades relacionadas à pesquisa.

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FIGURA 1. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil II – vista 1

FIGURA 2. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil II – vista 2

O LEDI-I, que foi utilizado para avaliar os lactentes, é constituído por duas salas

especiais, com equipamento de comunicação entre as mesmas (mesa de som), isolamento

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65

acústico parcial, espelho espião, controle de temperatura (ar condicionado silencioso),

iluminação ambiental adequada e escalas de avaliação do desenvolvimento infantil.

FIGURA 3. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil I - Sala 1

FIGURA 4. Laboratório de Estudos do Desenvolvimento Infantil I - Sala 2

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66

4.5 Métodos estatísticos

Todos os dados colhidos utilizados para a análise estatística foram armazenados e

processados utilizando-se o programa Computacional “Epidemiologic Information (EPI-

INFO, versão 6.04) e o pacote estatístico “Statistical Package for Social Sciences for

Personal Computer” (SPSS/PC, versão 11.0).

Para analisar a homogeneidade dos grupos com relação a variável sexo, que é uma

variável categórica, foi utilizado o Teste de Qui-quadrado ou, quando necessário, o Teste

Exato de Fischer, e para as variáveis contínuas (peso ao nascimento, idade gestacional,

APGAR 1º e 5º minuto) foi utilizado o Teste “t” de Student para dados com distribuição

normal e o Teste de Mann-Whitney para os dados que não apresentaram distribuição normal.

O Teste de Qui-quadrado e Teste Exato de Fischer foi usado também para analisar a

freqüência de respostas em cada prova, comparando o desempenho dos grupos PIG e AIG nas

provas selecionadas.

Para correlacionar e analisar o poder de associação da classificação final dos lactentes

com o respectivo IS das Escalas Motora e Mental, foi utilizado o Teste Gamma de Goodman,

e para correlacionar as variáveis neonatais (peso ao nascimento, idade gestacional, APGAR

1’e APGAR 5’) com o desempenho dos grupos pela classificação geral foi utilizado o Teste

R-Spearman por grupos separados.

Finalmente, para analisar a linha de tendência do desenvolvimento pelo Índex Score

dos grupos separados foi utilizado o Teste de Friedman para comparar os três períodos e o

Teste de Wilcoxon para comparar os meses dois a dois, e para analisar se em algum momento

da avaliação os dois grupos apresentaram a mesma tendência de desenvolvimento foi

utilizado o Teste de Mann-Whitney.

Para todos os testes realizados foi utilizado um nível de significância de 5%.

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67

4.6 Aspectos Éticos

Como toda pesquisa realizada com seres humanos, este estudo esteve em

conformidade com os seguintes preceitos:

- O anonimato dos sujeitos incluídos foi preservado, identificando-os apenas por

números;

- O responsável legal (mãe ou pai) concedeu seu consentimento, por escrito, após ter

sido convenientemente informado a respeito da pesquisa;

- A participação dos sujeitos foi voluntária, sendo desligados da pesquisa quando seus

responsáveis legais manifestaram esse desejo, sem prejuízo do atendimento que recebiam,

bem como dos demais serviços prestados pela instituição;

- O estudo foi realizado porque o conhecimento que se queria obter não poderia ser

obtido por outros meios;

- A semiologia utilizada na avaliação do neurodesenvolvimento não trouxe qualquer

risco ao lactente, a não ser as dificuldades pertinentes de, isoladamente, um profissional

diagnosticar as anormalidades no primeiro ano de vida. As probabilidades dos benefícios

esperados tais como o diagnóstico precoce de alterações do neurodesenvolvimento e a

intervenção adequada superaram essas possíveis falhas;

- O estudo foi realizado por profissionais com experiência mínima de dois anos na área

específica, com conhecimento técnico suficiente para garantir o bem-estar do lactente em

estudo;

- O encaminhamento imediato para o esclarecimento diagnóstico no tempo mais breve

possível foi realizado quando foram detectadas anormalidades no neurodesenvolvimento;

- As disposições e os princípios da Declaração de Helsinque, emendada na África do

Sul (1996), foram integral e rigorosamente cumpridas;

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- Os princípios da Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (Informe

Epidemiológico do Sistema Único de Saúde – Brasil, Ano V, nº 02, 1996) foram obedecidos.

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69

5. RESULTADOS

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70

5.1 Análise Descritiva

O grupo estudado foi composto por 34 lactentes, sendo 23 lactentes AIG e 11 lactentes

PIG. Todos os lactentes se apresentaram no primeiro trimestre realizando todas as avaliações.

O apêndice A demonstra os dados neonatais dos lactentes avaliados no estudo.

5.1.1 Resultado da homogeneidade dos grupos

Para verificar a associação entre os grupos e o gênero dos sujeitos foi realizado o Teste

Exato de Fischer conforme mostra a tabela 3. Foi realizado o Teste “t” de Student para as

variáveis que apresentaram distribuição normal, sendo peso ao nascimento e idade gestacional

e o Teste de Mann-Whitney para as variáveis que não apresentaram distribuição normal, sendo

APGAR de 1o e 5o minutos (tabela 4).

Tabela 3. Distribuição das freqüências da variável sexo segundo os grupos (n=34)Grupo Sexo feminino ƒ/% Sexo masculino ƒ/% p-valor¹

AIG 14/60,9 9/39,1 0,31

PIG 5/45,5 6/54,5

¹ = Teste Exato de Fischer; AIG = adequado para idade gestacional; PIG = pequeno para idade gestacional

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Tabela 4. Distribuição das variáveis peso ao nascimento, idade gestacional, Apgar 1º minutoe APGAR 5º minuto segundo os grupos.

Variáveis Grupo n Média Mínimo Máximo Mediana p-valor

Peso de nascimento AIG 23 3172,17 2635g 3850g 3160g <0,0001*¹

PIG 11 2408,18 2125g 2620g 2450g

Idade gestacional AIG 22 39,85s 37,71s 41,85s 40,0s 0,682¹

PIG 11 39,71s 38,57s 41,14s 39,57s

APGAR 1º minuto AIG 22 7,50 1 9 8 0,873²

PIG 11 7,64 3 10 8

APGAR 5º minuto AIG 22 9,45 8 10 9,5 0,427²

PIG 11 9,27 8 10 9

AIG = adequado para idade gestacional; PIG = pequeno para idade gestacional; n = número de sujeitos; g = gramas; s = semanas; ¹ = Testet de Student; ² = Teste de Mann Whitney; * = diferença estatisticamente significante

A tabela acima demonstra um número de 22 lactentes AIG para as variáveis neonatais

idade gestacional, APGAR 1º e 5º minutos porque não haviam estas informações no

prontuário do lactente.

Esta análise demonstrou não haver diferença estatisticamente significante entre os

grupos em quase todas as variáveis, com exceção da variável peso ao nascimento, que

demonstrou diferença estatisticamente significante (p<0,0001), fato esperado, já que o peso ao

nascimento foi um dos critérios utilizados para a seleção da amostra.

5.1.2 Resultados do desempenho motor apendicular

As provas motoras e mentais selecionadas para análise do desempenho motor

apendicular foram expressas em freqüências. Para comparar a proporção de lactentes que

realizaram cada prova entre os grupos, foram realizados os Testes de Qui-quadrado e Exato

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de Fischer (quando preciso) com o intuito de verificar se houve alguma prova realizada em

que um grupo de lactentes se sobressaiu ao outro. A tabela 5 revela a freqüência de respostas

positivas dentro dos grupos para cada prova em seu determinado mês de aplicação e o

resultado dos testes realizados.

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Tabela 5. Distribuição das freqüências de respostas e valores das probabilidades e análiseestatística para as provas de motricidade apendicular no primeiro trimestre de vida segundo osgrupos (n=34)

Provas Grupo 1º mês

ƒ/%

2º mês

ƒ/%

3º mês

ƒ/%

Mãos cerradas a maior parte AIG 20/87,0

do tempo (MO_06) PIG 7/63,6

p-valor 0,13¹

Tenta levar mãos à boca (MO_12) AIG 7/30,0 15/65,2 17/73,9

PIG 7/63,6 6/54,5 5/45,5

p-valor 0,134¹ 0,709¹ 0,117¹

Segura o aro por dois AIG 19/82,6 21/91,3 22/95,7

segundos (MO_13) PIG 7/63,6 10/90,9 10/90,9

p-valor 0,34¹ 0,56¹ 0,33¹

Brinca com o chocalho AIG 5/21,7 13/56,5

(ME_35) PIG 2/18,2 4/36,4

p-valor 0,59¹ 0,16²

Manipula o aro (ME_37) AIG 5/21,7 8/34,8

PIG 1/9,1 3/27,3

p-valor 0,32¹ 0,41¹

Estende a mão em direção ao AIG 0/0

aro suspenso (ME_38) PIG 3/27,3

p-valor 0,02¹*

Agarra o aro suspenso AIG 0/0

(ME_39) PIG 0/0

p-valor -

Leva o aro à boca AIG 6/26,1

propositadamente (ME_40) PIG 4/36,4

p-valor 0,37¹

Mantém mãos abertas a maior AIG 14/60,9

parte do tempo (MO_23) PIG 3/27,3

p-valor 0,33¹

Apanha o bastão com toda a AIG 2/8,7

mão (MO_29) PIG 1/9,1

p-valor 0,68¹¹ = Teste de Exato de Fischer; ² = Teste do Qui-quadrado; AIG = adequado para idade gestacional; PIG = pequeno para idade gestacional; f= freqüência dos sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; - = teste realizado com resposta insatisfatória.

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Verificou-se que a única prova que demonstrou diferença estatisticamente significante

foi a prova de estender a mão em direção ao aro suspenso (ME_38), onde houve maior

freqüência de resposta dos lactentes PIG. Além disso, pôde-se observar que a prova de

agarrar o aro suspenso (ME_39) não obteve nenhuma resposta positiva e, sendo assim, o

Teste do Qui-quadrado não pôde ser realizado.

A resposta dos lactentes para cada prova foi pontuada com sim, não ou omitida,

considerando-se omitidas as provas que sofreram alguma influência comportamental (choro,

sono, irritação) por parte do lactente.

A freqüência de respostas omitidas está exposta na tabela 6, a seguir, com o intuito de

detalhar o comportamento dos grupos quanto à omissão de provas.

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Tabela 6. Distribuição das freqüências de respostas omitidas em cada prova conforme idadecronológica segundo os grupos (n=34)

Provas Grupo 1º mês

ƒ/%

2º mês

ƒ/%

3º mês

ƒ/%

Mãos cerradas a maior parte AIG 0/0

do tempo (MO_06) PIG 0/0

Tenta levar mãos à boca AIG 0/0 0/0 1/4,3

(MO_12) PIG 0/0 0/0 0/0

Segura o aro por dois AIG 2/8,7 1/4,3 1/4,3

segundos (MO_13) PIG 2/18,2 0/0 0/0

Brinca com o chocalho AIG 0/0 2/8,7

(ME_35) PIG 0/0 0/0

Manipula o aro (ME_37) AIG 1/4,3 2/8,7

PIG 0/0 0/0

Estende a mão em direção ao AIG 1/4,3

aro suspenso (ME_38) PIG 1/9,1

Agarra o aro suspenso AIG 1/4,3

(ME_39) PIG 1/9,1

Leva o aro à boca AIG 1/4,3

propositadamente (ME_40) PIG 1/9,1

Mantém mãos abertas a maior AIG 0/0

parte do tempo (MO_23) PIG 1/9,1

Apanha o bastão com toda a AIG 3/13,0

mão (MO_29) PIG 2/18,2AIG = adequado para idade gestacional; PIG = pequeno para idade gestacional; f = freqüência de sujeitos.

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Observou-se que no primeiro mês de vida houve maior omissão de respostas no grupo

PIG, fato que se repetiu no terceiro mês. Já no segundo mês, o único grupo que omitiu as

respostas foi o AIG. As únicas duas provas que não apresentaram nenhuma omissão foram a

de “mãos cerradas a maior parte do tempo” (MO_06) e “brinca com o chocalho” (ME_35).

De maneira geral a freqüência de omissões foi maior no grupo PIG comparado ao AIG.

O estudo longitudinal dos grupos teve a pretensão de comparar a classificação final

dos grupos e correlacioná-las com as variáveis neonatais e com o Índex Score e analisar o

desenvolvimento dos lactentes por meio do Índex Score, promovendo uma linha de tendência

do desenvolvimento.

As tabelas 26 e 27 (apêndices B e C) demonstram os dados dos lactentes referentes ao

Raw Score (RS), Índex Score (IS) e classificação final de acordo com as escalas mental e

motora.

5.1.3 Resultados da classificação final dos grupos

Foi testado o poder de associação entre o IS mental e motor e a classificação mental e

motora (PA, DLN, PLA, PSA) dos grupos. Foi utilizado o Teste Gamma de Goodman, que

encontrou concordância entre as duas variáveis em questão, com alto índice de correlação,

exceto quando correlacionou a classificação motora e o IS motor do 2º mês no grupo AIG, e a

classificação mental e IS mental no 3º mês no grupo PIG. As tabelas 7 e 8 demonstram os

resultados da análise da correlação.

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Tabela 7. Correlação da classificação mental e motora com o IS mental e motorrespectivamente no grupo AIG no primeiro trimestre de vida.

Correlação n p-valor Rs Gamma

Meind_1 x Meclas_1 23 < 0,0001* 0,829 1,000

Meind_2 x Meclas_2 23 <0,0001* 0,765 1,000

Meind_3 x Meclas_3 23 0,029* 0,592 1,000

Moind_1 x Moclas_1 23 0,005* 0,674 1,000

Moind_2 x Moclas_2 23 0,102 0,495 1,000

Moind_3 x Moclas_3 23 <0,0001* 0,879 1,000

n = número de sujeitos; * = correlação estatisticamente significante

Tabela 8. Correlação da classificação mental e motora com o IS mental e motorrespectivamente no grupo PIG no primeiro trimestre de vida.

Correlação n p-valor Rs Gamma

Meind_1 x Meclas_1 11 0,006* 0,802 1,000

Meind_2 x Meclas_2 11 0,007* 0,758 1,000

Meind_3 x Meclas_3 11 0,244 0,507 1,000

Moind_1 x Moclas_1 11 0,001* 0,797 1,000

Moind_2 x Moclas_2 11 0,001* 0,789 1,000

Moind_3 x Moclas_3 11 <0,0001* 0,917 1,000

n = número de sujeitos; * = correlação estatisticamente significante

A correlação entre a classificação final dos grupos e as variáveis neonatais foi feita

utilizando-se o Teste de R-Spearman. As tabelas 9, 10, 11 e 12 mostram a correlação de

acordo com os grupos e classificação mental e motora separadamente.

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Tabela 9. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela classificação mentalgeral do grupo AIG.

Variáveis MeClas 1º mês MeClas 2º mês MeClas 3º mês

Peso ao

nascimento

r = -0,124

p = 0,573

r = 0,284

p = 0,190

r = -0,039

p = 0,860

Idade

gestacional

r = 0,060

p = 0,790

r = -0,024

p = 0,914

r = -0,232

p = 0,299

APGAR 1’ r = -0,217

p = 0,332

r = -0,017

p = 0,941

r = -0,011

p = 0,962

APGAR 5’ r = -0,026

p = 0,908

r = 0,073

p = 0,748

r = -0,142

p = 0,530

r = coeficiente de correlação de R-Spearman; p = p-valor

Tabela 10. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela classificação mentalgeral do grupo PIG.

Variáveis MeClas 1º mês MeClas 2º mês MeClas 3º mês

Peso ao

nascimento

r = 0,377

p = 0,253

r = 0,667

p = 0,025*

r = 0,000

p = 1,00

Idade

gestacional

r = -0,165

p = 0,628

r = 0,495

p = 0,122

r = 0,258

p = 0,443

APGAR 1’ r = 0,136

p = 0,689

r = 0,073

p = 0,831

r = 0,055

p = 0,873

APGAR 5’ r = 0,224

p = 0,507

r = -0,003

p = 0,992

r = -0,392

p = 0,233

r = coeficiente de correlação de R-Spearman; * = correlação estatisticamente significante

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79

Tabela 11. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela classificação motorageral do grupo AIG.

Variáveis MoClas 1º mês MoClas 2º mês MoClas 3º mês

Peso ao

nascimento

r = -0,035

p = 0,875

r = -0,047

p = 0,833

r = -0,027

p = 0,902

Idade

gestacional

r = -0,037

p = 0,868

r = -0,189

p = 0,401

r = -0,242

p = 0,277

APGAR 1’ r = 0,044

p = 0,847

r = -0,365

p = 0,095

r = 0,087

p = 0,700

APGAR 5’ r = 0,106

p = 0,638

r = -0,310

p = 0,160

r = -0,078

p = 0,730

r = coeficiente de correlação de R-Spearman

Tabela 12. Correlação das variáveis neonatais com o desempenho pela classificação motorageral do grupo PIG.

Variáveis MoClas 1º mês MoClas 2º mês MoClas 3º mês

Peso ao

nascimento

r = -0,129

p = 0,705

r = 0,452

p = 0,163

r = 0,010

p = 0,977

Idade

gestacional

r = 0,067

p = 0,845

r = -0,100

p = 0,770

r = 0,104

p = 0,761

APGAR 1’ r = -0,565

p = 0,070

r = 0,423

p = 0,194

r = 0,269

p = 0,423

APGAR 5’ r = -0,398

p = 0,225

r = 0,579

p = 0,062

r = -0,006

p = 0,987

r = coeficiente de correlação de R-Spearman

Notou-se através dessa análise que o peso ao nascimento apresentou correlação

moderada e diretamente proporcional em relação a classificação mental no 2º mês para o

grupo PIG (p-valor =0,025; r = 0,667). Esse achado sugere a influência do declínio do peso ao

nascimento no desempenho mental no 2o mês de vida em lactentes PIG.

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80

5.1.4 Resultado do desenvolvimento mental e motor

Para se obter uma linha da tendência de desenvolvimento dos lactentes PIG e AIG, foi

feita uma análise utilizando-se o IS mental e motor de cada grupo comparando-os entre si nos

três meses de avaliação. Para isso, foi utilizado o Teste de Friedman para comparação nos

três períodos e o Teste de Wilcoxon para comparar os meses dois a dois com a intenção de

detectar em qual mês estava a diferença do desenvolvimento.

As tabelas 13, 14, 15 e 16 demonstram os resultados do Teste de Friedman, e as

tabelas 17, 18, 19, 20, 21 e 22 demonstram os resultados do Teste de Wilcoxon.

Tabela 13. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Mental no primeiro trimestrede vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 23 89,26 9,40 0,738

2º mês 23 91,35 8,19

3º mês 23 89,00 4,63

n = número de sujeitos; ¹ = Teste de Friedman

Tabela 14. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Mental no primeiro trimestrede vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 11 89,82 10,14 0,404

2º mês 11 87,00 10,46

3º mês 11 89,36 5,57

n = número de sujeitos; ¹ = Teste de Friedman

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81

Tabela 15. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora no primeirotrimestre de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 23 93,22 7,09 0,003*

2º mês 23 95,09 7,75

3º mês 23 84,87 9,29

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Friedman

Tabela 16. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora no primeiro trimestrede vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 11 92,18 8,52 0,007*

2º mês 11 89,18 8,28

3º mês 11 81,73 6,50

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Friedman

De acordo com os resultados acima, pode-se observar que houve diferença

estatisticamente significante apenas com relação ao IS da escala motora, tanto nos lactentes

AIG (p-valor = 0,003) quanto nos lactentes PIG (p-valor = 0,007), porém não se sabe em qual

mês ocorreu essa diferença.

Estão apresentadas a seguir as tabelas com os resultados do Teste de Wilcoxon que

demonstram onde está essa diferença.

Tabela 17. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora entre o primeiro esegundo meses de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 23 93,22 7,09 0,344

2º mês 23 95,09 7,75

n = número de sujeitos; ¹ = Teste de Wilcoxon

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82

Tabela 18. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora entre o primeiro e oterceiro meses de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 23 93,22 7,09 0,004*

3º mês 23 84,87 9,29

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Wilcoxon

Tabela 19. Comparação do Índex Score do grupo AIG na Escala Motora entre o segundo e oterceiro meses de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

2º mês 23 95,09 7,75 0,001*

3º mês 23 84,87 9,29

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Wilcoxon

Tabela 20. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora entre o primeiro esegundo meses de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 11 92,18 8,52 0,240

2º mês 11 89,18 8,28

n = número de sujeitos; ¹ = Teste de Wilcoxon

Tabela 21. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora entre o primeiro e oterceiro meses de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

1º mês 11 92,18 8,52 0,013*

3º mês 11 81,73 6,50

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Wilcoxon

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83

Tabela 22. Comparação do Índex Score do grupo PIG na Escala Motora entre o segundo e oterceiro meses de vida.

Meses n Média DP p-valor¹

2º mês 11 89,18 8,28 0,026*

3º mês 11 81,73 6,50

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Wilcoxon

As tabelas 17, 18, 19, 20, 21 e 22 demonstraram que as diferenças de

desenvolvimento, de acordo com o IS motor foram encontradas entre o 1º e 3º mês e 2º e 3º

mês para os lactentes AIG e PIG, com uma média menor sempre no 3º mês. Isso significa que

o desempenho motor dos lactentes durante as avaliações no terceiro mês foi inferior aos

meses anteriores.

Os gráficos apresentados abaixo (figuras 5 e 6) ilustram a linha do desenvolvimento

dos dois grupos para as escalas mental e motora de acordo com a média de Índex Score dos

lactentes no devido mês.

89,26

91,35

89

87

89,3689,82

80

85

90

95

1 2 3Meses

Méd

ia d

o ín

dex

scor

e m

enta

l

AIG

PIG

Figura 5. Linha da tendência de desenvolvimento mental dos grupos AIG e PIG no primeirotrimestre.

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84

84,87

95,0993,22

81,73

89,1892,18

75

80

85

90

95

100

1 2 3

Meses

Méd

ia d

o ín

dex

scor

e m

otor

AIG

PIG

Figura 6. Linha da tendência de desenvolvimento motor dos grupos AIG e PIG no primeirotrimestre.

Foi utilizado o Teste de Mann-Whitney para comparar os dois grupos entre si no

mesmo tempo, verificando se em algum momento desse primeiro trimestre os grupos

apresentaram divergência em seu desenvolvimento. Os resultados estão apresentados nas

tabelas 23 e 24.

Tabela 23. Comparação do Índex Score entre os grupos AIG e PIG na Escala Mental noprimeiro trimestre de vida.

Meses Grupo n Média Mínimo Máximo Mediana p-valor¹

1º mês AIG 23 89,26 72 104 90,00 0,753

PIG 11 89,82 68 102 92,00

2º mês AIG 23 91,35 78 111 92,00 0,355

PIG 11 87,00 62 101 90,00

3º mês AIG 23 89,00 81 97 87,00 0,955

PIG 11 89,36 83 103 87,00

n = número de sujeitos; ¹ = Teste de Mann-Whitney

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Tabela 24. Comparação do Índex Score entre os grupos AIG e PIG na Escala Motora noprimeiro trimestre de vida.

Meses Grupo n Média Mínimo Máximo Mediana p-valor¹

1º mês AIG 23 93,22 76 101 97,00 0,835

PIG 11 92,18 76 101 97,00

2º mês AIG 23 95,09 81 114 93,00 0,019*

PIG 11 89,18 78 108 87,00

3º mês AIG 23 84,87 67 100 85,00 0,344

PIG 11 81,73 67 91 82,00

n = número de sujeitos; * = diferença estatisticamente significante; ¹ = Teste de Mann-Whitney

De acordo com os resultados apresentados notou-se que, para a curva mental os grupos

mostraram divergência em relação a pontuação do 2º e 3º mês, mas essa diferença não foi

significante. Para a curva motora os grupos também mostraram divergência, porém houve

diferença estatisticamente significante na pontuação do 2º mês, demonstrando ser mais alta

para o grupo AIG.

De acordo com os resultados apresentados neste capítulo nota-se que os grupos foram

homogêneos quanto as variáveis neonatais sexo, idade gestacional, APGAR 1º e 5º minutos, e

foram heterogêneos em relação ao peso ao nascimento. Das provas selecionadas para análise,

a única que demonstrou diferença estatisticamente significante na performance entre os

grupos foi a “estende a mão em direção ao aro suspenso” (ME_38) no terceiro mês, que

obteve maior freqüência de respostas no grupo PIG. O poder de associação entre a pontuação

do IS e a classificação final foi significativo, exceto na escala motora no 2º mês para os

lactentes AIG e na escala mental no 3º mês para os lactentes PIG. Na análise de correlação

das variáveis neonatais com a classificação final dos lactentes, a única que demonstrou haver

correlação significativa foi a variável peso ao nascimento com a classificação mental dos

lactentes PIG no 2º mês. O desenvolvimento motor, quando analisado longitudinalmente,

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apresentou diferença estatisticamente significante tanto para o grupo PIG quanto AIG, sendo

essa diferença entre o 1º e 3º meses e 2º e 3º meses para ambos os grupos, com o 3º mês tendo

média de IS motor menor do que o 1º e 2º meses. Na comparação do desenvolvimento entre

os dois grupos verificou-se divergência na escala mental do 2º e 3º meses, porém sem

diferença estatisticamente significante. Na escala motora também houve divergência com

diferença estatisticamente significante no 2º mês.

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6. DISCUSSÃO

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88

A análise da homogeneidade dos grupos PIG e AIG em relação às variáveis neonatais

demonstrou que apenas o peso ao nascimento obteve diferença estatisticamente significante

entre os grupos, com um p-valor menor de 0,0001. As outras variáveis (sexo, idade

gestacional, APGAR 1’ e 5’) não apresentaram diferença estatisticamente significante entre os

grupos. Esse achado demonstra a eficácia da seleção e classificação do neonato,

considerando-se que o peso ao nascimento é uma das variáveis controladas pelo estudo, e que

é utilizada para diferir um grupo de outro.

Além do peso ao nascimento, a idade gestacional também é uma variável controlada

pelo estudo, e o fato de essa variável não ter demonstrado diferença estatisticamente

significante entre os grupos reforça a eficácia do método de seleção dos neonatos.

As variáveis APGAR 1º e 5º minuto não demonstraram diferenças estatísticas entre os

grupos, mas é importante que se considere seus dados. O APGAR é utilizado para se

diagnosticar a vitalidade fetal, ou seja, o estado do recém-nascido, e segundo Grantham-

McGregor (1998) os lactentes PIG têm maior incidência de complicações perinatais do que os

lactentes AIG. A importância em considerar o APGAR deste estudo se encontra quando

observa-se que no APGAR 1º minuto a média foi maior para os lactentes PIG, bem como seu

valor máximo e mínimo. No APGAR de 5º minuto a média foi maior para os lactentes AIG,

porém, os valores mínimo e máximo dos dois grupos foram os mesmos. Esses dados do

APGAR demonstram que os lactentes PIG desse grupo de estudo muito provavelmente não

tiveram intercorrências perinatais, visto que seus valores de APGAR se recuperaram no 5º

minuto, atingindo um valor considerado dentro dos limites de normalidade.

O desempenho motor apendicular foi avaliado através da análise de dez provas, sendo

cinco provas correspondentes à escala motora e cinco provas correspondentes à escala mental

de avaliação. Essas provas analisaram tanto o comportamento das mãos quanto a

movimentação dos membros superiores.

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A prova “mãos cerradas a maior parte do tempo” (MO_06) avaliou o comportamento

das mãos, sendo aplicada apenas no primeiro mês. Esta é uma prova de observação acidental

onde, maior freqüência de lactentes AIG obtiveram resposta positiva, porém, sem

significância estatística em relação aos lactentes PIG. Gagliardo (1997) estudou uma

população de lactentes sem risco para a alteração do desenvolvimento durante o primeiro

trimestre de vida e encontrou em seus achados que o comportamento de manter as mãos

fechadas a maior parte do tempo foi presente nos três meses de avaliação, porém com

diminuição da freqüência conforme aumentava a idade cronológica.

As provas “tenta levar mãos à boca” (MO_12) e “segura o aro por dois segundos”

(MO_13) foram as únicas provas aplicadas nos três meses de estudo.

A prova “tenta levar a mão à boca” (MO_12) não demonstrou diferença

estatisticamente significante entre os grupos nos três meses, porém, pode-se observar que no

primeiro mês o dobro da freqüência de lactentes PIG realizou a prova em relação aos lactentes

AIG. No 2º e 3º meses houve inversão, e maior freqüência de lactentes AIG demonstraram

resposta positiva, com aumento da freqüência de lactentes AIG e diminuição da freqüência de

lactentes PIG respondendo positivamente.

O movimento de levar as mãos à boca foi estudado por Lew e Butterworth (1997) que

sugerem que esse processo se completa por volta dos 3 a 4 meses de idade, sendo prévio ao

desenvolvimento do alcance e preensão, sendo que a coordenação mão-boca e os movimentos

de alcance e preensão diferem em sua especificidade, sendo a coordenação mão-boca

principalmente proprioceptiva e o alcance e preensão principalmente visual. Segundo o estudo

relatado, Rochat e Senders (1991) argüiram que aos 02 meses a motivação de manter contato

entre a mão e a boca inicia-se com o contexto da exploração oral.

Sparling, Tol e Chescheir (1999) realizaram um estudo no período pré e pós-natal

demonstrando que houve movimentação da mão em direção à boca nos dois períodos, mas só

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90

no período pós-natal é que esse movimento foi considerado pelos autores como intencional.

Segundo estes autores, o movimento da mão para a boca aparece no neonato podendo ser

interpretado como uma atividade mais funcional assistindo uma modificação do neonato no

estado de comportamento e sensação oral, sendo que este tipo de desenvolvimento pode ser

representante da adaptação do organismo às mudanças intrínsecas e do meio ambiente.

Os achados deste estudo estão em concordância parcial com os achados de Gagliardo

(2003) pois seus resultados demonstraram maior freqüência de lactentes PIG respondendo

positivamente a mesma prova no 1º e 2º meses, e a pesquisadora atribui esse fato a

movimentação excessiva por parte dos lactentes PIG nesses meses.

Segundo o estudo realizado por ABROL et. al. (1994) utilizando a Brazelton’s

Neonatal Behavior Assessment Scale em uma população de lactentes PIG ou AIG no 1º, 5º,

10º e 30º dias de vida, os lactentes PIG demonstraram pobre coordenação mão-boca nos

quatro períodos, sendo que em todos os períodos a diferença entre os grupos foi

estatisticamente significante.

Gagliardo (1997) quando analisou o comportamento de levar mãos à boca no primeiro

trimestre em uma população de lactentes normais, encontrou em seus resultados diferenças

estatisticamente significantes do 1º para o 3º mês e do 2º para o 3º mês, com aumento da

freqüência dos lactentes que realizaram a prova do 1º até o 3º mês.

Torna-se importante também considerar a postura dos lactentes quando os mesmos são

observados desenvolvendo a coordenação mão-boca. Referente a isso, Rocha em 2002,

estudou lactentes a termo nos primeiros quatro meses de vida demonstrando diferença

estatisticamente significante entre a freqüência do comportamento mão-boca e as posturas

corporais e entre a interação da postura com a idade dos lactentes. Seus resultados mostraram

que a postura prono do lactente no 1º mês aumenta a freqüência do comportamento mão-boca

em comparação com a postura supina. A partir do 2º mês ocorre diminuição da freqüência do

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comportamento mão-boca na posição prona e aumento do comportamento no 3º mês em

decúbito lateral. Rocha (2002) concluiu então que o aumento dos níveis de controle postural

diminuem a freqüência do comportamento mão-boca. Além disso, a autora refere que as

habilidades manuais são influenciadas por restrições do ambiente e do organismo.

A prova “segura o aro por dois segundos” (MO_13) demonstrou maior freqüência de

lactentes AIG realizando-a, embora a freqüência dos lactentes PIG tenha sido muito próxima.

Pode-se observar que a freqüência de respostas positivas foi alta para os dois grupos. Isso

pode ser explicado porque essa é uma prova que observa a preensão reflexa dos lactentes,

sendo que sua aplicação consiste em colocar o aro na palma da mão do lactentes e observar se

ele retém o aro.

As provas “brinca com o chocalho” (ME_35) e “manipula o aro” (ME_37) foram as

únicas duas provas aplicadas no segundo e terceiro mês. Ambas demonstraram maior

freqüência de lactentes AIG realizando-as. Pode-se observar que tanto a freqüência de

lactentes PIG quanto a de AIG aumentou no terceiro mês para as duas provas.

As provas “estende a mão em direção ao aro suspenso” (ME_38), “agarra o aro

suspenso” (ME_39), “leva o aro à boca propositadamente” (ME_40), “mantém mãos abertas a

maior parte do tempo” (MO_23) e “apanha o bastão com toda a mão” (MO_29) foram

aplicadas apenas no terceiro mês, sendo que a prova MO_23 é de observação acidental.

A prova “estende a mão em direção ao aro suspenso” foi a única que demonstrou

diferença estatisticamente significante (p=0,02), com maior freqüência de lactentes PIG

realizando-a. Nenhum lactente AIG obteve resposta positiva nesta prova.

Uma possível explicação para este fato seria a hiperexcitabilidade que pode ser

observada em vários dos lactentes PIG, e os movimentos espontâneos e de grande amplitude

exibidos por esses lactentes.

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92

Em relação à hiperexcitabilidade, alguns autores vêm referindo-a em seus trabalhos.

Michaelis, Schulte e Nolte (1970) relataram que de sua amostra, 40,9% dos lactentes PIG

demonstraram hiperexcitabilidade no exame neurológico. Beckedam et. al. (1985), estudando

um grupo de lactentes com retardo do crescimento intra-uterino, também relataram que

destes, 20% apresentaram hiperexcitabilidade. Kranen-Mastenbroek et. al. (1993) estudaram o

comportamento postural de uma população de lactentes PIG e observaram que 21% desta

população apresentaram hiperexcitabilidade. Oliveira (1997) examinou 220 crianças e relatou

que das nascidas PIG, 23,63% demonstraram hiperexcitabilidade.

Os movimentos bruscos, amplos e espontâneos são citados por Brandão (1984) como

movimentos característicos de recém-nascidos. Este mesmo autor refere os movimentos dos

membros superiores no ar comparados por Gesell aos das pás de moinhos de vento.

Michaelis, Schulte e Nolte (1970) observaram em uma parte dos lactentes PIG movimentos

caracterizados como os de moinho de vento, e questionaram a possibilidade de os mesmos

lactentes que demonstraram hiperexcitabilidade terem demonstrado esses movimentos.

Beckedam et. al. (1985) também relataram que parte da sua população de estudo demonstrou

movimentos rápidos e isolados. Vieira e Mancini (2000) citaram em sua revisão bibliográfica

sobre crianças de baixo peso que alguns autores têm referido movimentação espontânea

acentuada nesses lactentes.

O achado deste estudo está em conformidade com os resultados obtidos por Gagliardo

(2003) para a mesma prova. O trabalho de Gagliardo, assim como este, foi realizado pelo

GIADI no mesmo projeto de pesquisa porém, diferenciaram algumas crianças incluídas ou

excluídas deste ou do outro trabalho de acordo com os objetivos. Pode-se afirmar que a

população é similar, mas não idêntica para as duas pesquisas.

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93

Tanto a hiperexcitabilidade quanto a movimentação em moinhos de vento encontradas

nos lactentes PIG demonstram imaturidade neurológica, especialmente se considerarmos

esses fatos no terceiro mês de idade.

Estudando o comportamento de estender o braço em direção à um objeto visualizado,

Gagliardo (1997) demonstrou que sua população de estudo que era composta por 33 lactentes

sem risco para alteração no desenvolvimento não realizou a prova no 1º e 2º meses, apenas no

3º mês houve realização da prova, com freqüência de 12,1% dos lactentes.

O fato é que, o achado deste estudo para esta prova pode ser tanto o resultado da

hiperexcitabilidade e dos movimentos espontâneos dos lactentes associados ao contato do

olhar com o aro, provocando o alcance ao aro, quanto um resultado ao acaso, que poderia ser

confirmado ou não pelo estudo em uma população mais numerosa.

A prova “agarra o aro suspenso” é aplicada seguidamente a prova “estende a mão em

direção ao aro suspenso”, e foi a única prova utilizada neste estudo não realizada por todos os

lactentes. Esse fato ocorreu porque esta prova só é aplicada se a prova anterior obtém resposta

positiva, o que não ocorreu com os lactentes AIG; e dos lactentes PIG em que ela foi

administrada, nenhum mostrou resposta positiva.

As provas “leva o aro à boca” e “apanha o bastão com toda a mão”obtiveram maior

freqüência de resposta positiva dos lactentes PIG porém, sem significância estatística.

É interessante fazer uma análise paralela entre as respostas das provas “tenta levar

mãos à boca” (MO_12), “estende a mão em direção ao aro suspenso” (ME_38) e “leva o aro à

boca propositadamente” (ME_40).

A primeira análise que se pode fazer é de que as freqüências de resposta positiva

diminuíram para os dois grupos de lactentes no 3º mês seguindo a seguinte ordem: “tenta

levar mãos à boca” (AIG = 73,9%; PIG = 45,5%), “leva o aro à boca propositadamente” (AIG

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94

= 26,1%; PIG = 36,4%) e “estende a mão em direção ao aro suspenso” (AIG = 0%; PIG =

27,3%).

A segunda análise que se pode fazer é de que a freqüência de respostas positivas na

prova “tenta levar mãos à boca” foi diminuindo para os lactentes PIG e aumentando para os

lactentes AIG, sendo que no 1º mês a freqüência foi maior para os lactentes PIG e no 2º e 3º

meses a freqüência foi maior para os lactentes AIG. Além disso, apenas a prova de tentar

levar as mãos à boca é que obteve maior freqüência de resposta positiva por parte dos

lactentes AIG em determinados meses, as outras duas provas em questão obtiveram maior

freqüência de resposta positiva por parte dos lactentes PIG.

Referente a esse fatos, a literatura mostra que o comportamento de estender o braço

em direção a um objeto inicia-se no terceiro mês de vida (FIELD, 1977), e Brandão (1984)

cita que este ato, no terceiro mês ainda é uma atitude impulsiva. O comportamento de levar a

mão à boca como um movimento orientado começa a ocorrer a partir do segundo mês de vida,

sendo que antes disso ele pode ser considerado como movimentos acidentais espontâneos dos

lactentes (BRANDÃO, 1984). Para que o movimento de alcance seja realizado, aqui

considerando estender o braço em direção a um objeto, é preciso que haja uma integração da

coordenação dos olhos com a mão (coordenação olho-mão) e, alguns pesquisadores acreditam

que antes da coordenação olho-mão há um aspecto importante na coordenação mão-boca que

influencia a motricidade apendicular. Lew e Butterworth (1997) acreditam que primeiro o

lactente coloca o objeto na boca, e só depois é que ele explora visualmente e manualmente,

sendo ambos considerados componentes dos movimentos dos braços.

O interesse surge então quando se observa que nesse estudo, tanto a prova de estender

a mão em direção ao aro suspenso quanto a de levar o aro à boca propositadamente foi mais

freqüente nos lactentes PIG e, além disso, a prova de tentar levar as mãos à boca foi a prova

que obteve maior freqüência de resposta positiva no 3º mês, sendo seguida pela prova de levar

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o aro à boca e finalmente estender o braço em direção ao aro suspenso. Essas observações

podem sugerir que os três comportamentos exibidos tenham interação, ou seja, o

comportamento de levar as mãos à boca antecede o comportamento de levar o objeto na boca

que antecede o comportamento de estender o braço em sua direção para pegá-lo.

A prova “mantém mãos abertas a maior parte do tempo” foi demonstrada

positivamente com maior freqüência pelos lactentes AIG, o que demonstra a maturidade mais

avançada dos mesmos, mesmo sem significância estatística, considerando que Schwartzman

(2000) refere que o comportamento de manter as mãos abertas no terceiro mês com maior

freqüência é uma característica dos lactentes normais. Gagliardo (1997) encontrou o

comportamento de mãos semi-abertas aumentando do 1º para o 3º mês de vida em seu estudo

com população de lactentes normais.

Assim como esse, o estudo de Gagliardo (2003) também encontrou o comportamento

de manter as mãos semi-abertas no terceiro mês com maior freqüência nos lactentes AIG,

porém, também sem significância estatística entre os grupos.

Observando a omissão de respostas, nota-se que no primeiro mês a prova “segura o

aro por dois segundos” demonstrou maior freqüência nos lactentes PIG; no segundo mês,

tanto a prova “segura o aro por dois segundos” quanto a “manipula o aro” demonstrou maior

freqüência de omissão nos lactentes AIG; e no terceiro mês, as provas “tenta levar mãos à

boca”, “segura o aro por dois segundos”, “brinca com o chocalho” e “manipula o aro” foi

mais freqüente nos lactentes AIG, e as provas “estende a mão em direção ao aro suspenso”,

“agarra o aro suspenso”, “leva o aro à boca propositadamente”, “mantém as mãos abertas a

maior parte do tempo” e “apanha o bastão com toda a mão” mostraram maior freqüência de

omissão nos lactentes PIG. Portanto, das provas consideradas nesse estudo, quatro não

apresentaram omissão de resposta, seis apresentaram omissão por parte dos lactentes AIG e

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seis apresentaram omissão por parte dos lactentes PIG. De maneira geral o número de provas

com maior freqüência de omissões em cada grupo foi igual.

A análise do poder de associação entre o Índex Score (IS) e a classificação final dos

grupos demonstrou que para os lactentes AIG na análise motora do segundo mês, e para os

lactentes PIG na análise mental do terceiro mês a associação não foi significante. Essa é uma

questão difícil de solucionar, visto a seriedade e qualidade do material utilizado neste

trabalho. Pode-se porém especular a hipótese de que nos dois casos citados, a grande maioria

dos lactentes obtiveram IS abaixo da média considerada pela escala (100), e esse seria um

fator que poderia levar à uma falha na associação.

A análise da correlação entre as variáveis neonatais e a classificação final dos

lactentes demonstrou que, na escala mental, os lactentes do grupo PIG tiveram a classificação

do segundo mês correlacionada positivamente com o peso ao nascimento, ou seja, quanto

maior foi o peso ao nascimento, melhor o lactente foi classificado.

Observando-se o peso de nascimento dos lactentes um a um e avaliando-os dentro de

um grupo nota-se que tanto a média quanto a mediana mostraram valor menor de 2500

gramas, o que significa que, em geral, os lactentes PIG participantes desse estudo foram, além

de PIG, lactentes de baixo peso ao nascimento, com uma freqüência de 72,72% .

Além dessa observação, é importante salientar que 3 lactentes PIG (27,27%) foram

classificados com performance alterada (PLA ou PSA), sendo que 2 desses lactentes (18,18%

– casos projeto n° 1 e 6) obtiveram classificação PLA e 1 lactente (9,09% – caso projeto n°

46) obteve classificação PSA. Esses lactentes que demonstraram performance alterada foram

também os de menores peso de nascimento, sendo que o caso n° 46 foi o lactente com menor

peso de nascimento e os lactentes casos n° 6 e n° 1 foram o terceiro e quarto menores peso de

nascimento, respectivamente.

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Um outro fator a ser notado é que os lactentes casos n° 1 e 6 pioraram sua

performance do primeiro para o segundo mês no que diz respeito à classificação mental, visto

que no primeiro mês eles foram classificados como DLN.

De acordo com as observações expostas acima, pode-se explicar a correlação existente

afirmando-se que, para este grupo, a maior freqüência de peso ao nascimento abaixo da média

e mediana e a proximidade dos pesos ao nascimento com o limite inferior do mesmo foram

fatores determinantes para essa correlação, visto os casos n° 1, 6 e 46.

O fato dos valores de média e mediana estarem abaixo de 2500 gramas é também

importante para explicar esse achado. O peso de 2500 gramas é considerado pela OMS como

o peso limite inferior para um lactente ser considerado de peso adequado, ou seja, todo

lactente com peso abaixo de 2500 gramas é considerado lactente de baixo peso. Hediger et. al.

(2002) estudou a correlação do peso ao nascimento com o desenvolvimento motor e social no

2° e 47° meses em lactentes PIG, sendo que de seu número total, 28,8% foram de baixo peso

ao nascimento. Seus achados indicaram que o fator preditivo mais importante para a baixa

pontuação no desenvolvimento das meninas foi o peso de nascimento.

Um outro estudo realizado por Ounsted, Moar, Scott (1988) avaliando lactentes no

período neonatal, e no 2º, 6º e 12º meses de vida pós-natal encontrou correlação positiva

estatisticamente significante entre o peso de nascimento e a pontuação aos dois meses de

idade.

Além desse estudo que fez correlação entre o desenvolvimento e o peso de

nascimento, muitos outros já foram realizados, afirmando que as crianças nascidas com baixo

peso tem comprometimento em seu desenvolvimento (BEKEDAM et. al., 1985;

GRANTHAM- McGREGOR et. al., 1998; EICKMANN, LIRA e LIMA, 2002; OHGI et.al.,

2003).

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Na análise feita longitudinalmente para obter uma linha de tendência do

desenvolvimento dos lactentes, tanto mental quanto motora, os resultados demonstraram que

tanto no grupo PIG quanto no AIG o desenvolvimento mental no primeiro trimestre não

obteve diferenças significantes entre os meses. O mesmo não ocorreu com a escala motora,

que demonstrou haver diferença estatisticamente significante entre o 1º e 3º e o 2º e 3º meses

para ambos os grupos, com o 3º mês tendo média de IS inferior à do 1º e 2º meses.

Os resultados encontrados podem ser parcialmente explicados pelas exigências feitas

pelas provas de cada mês. O que se pode notar é que de um mês para o outro, o nível de

dificuldade das provas aumenta, sendo que as provas aplicadas no terceiro mês exigem dos

lactentes maior movimentação espontânea, equilíbrio, força e regulação de tônus do que as

provas aplicadas no primeiro e segundo meses, onde a maioria das provas é dirigida pelo

examinador. Isso demonstra que o nível de maturidade exigido no terceiro mês é maior do que

no primeiro e segundo meses, e talvez esses lactentes ainda não o tivessem atingido no

momento da avaliação.

Gagliardo (2003) e Mello (2003) também encontraram diferença na escala motora

entre os mesmos meses, tanto para os lactentes PIG quanto para os AIG, com os IS menores

no terceiro mês. Esse fato se torna importante pois, como já foi referido, o grupo de estudo de

Gagliardo (2003) foi similar ao desse porém, seu número de lactentes para o estudo

longitudinal foi menor (11 lactentes AIG e 9 lactentes PIG). O mesmo se aplica ao estudo de

Mello (2003) e, ambas as pesquisas vêm mostrar que, na escala motora, o grupo utilizado

pelas pesquisadoras pode ser representante de um grupo maior como o deste trabalho e vice-

versa.

A última análise feita nesse trabalho foi para verificar se em algum momento do

primeiro trimestre os grupos diferiram em sua evolução. Os resultados demonstraram que na

escala mental os grupos demonstraram divergência no 2º e 3º mês, com ascendência do IS dos

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lactentes AIG e descendência do IS dos lactentes PIG no 2º mês e ascendência do IS dos

lactentes PIG e descendência do IS dos lactentes AIG no 3º mês (Figuras 05 e 06).

Os resultados da escala motora demonstraram que no 2º mês houve diferença

estatisticamente significante no desenvolvimento dos grupos entre si. Conforme mostra a

análise, os lactentes AIG obtiveram melhor pontuação de IS do que os lactentes PIG.

Vários estudos do desenvolvimento dos lactentes PIG e AIG vêm sendo realizados e,

muitos deles, têm referido performance inferior para os lactentes PIG porém, nenhum desses

estudos destacou diferenças no segundo mês (MICHAELIS, SCHULTE, NOLTE, 1970;

TENOVUO et. al., 1988; ABROL et. al., 1994; MARKESTAD et. al., 1997; NELSON et.

al.1997; GRANTHAM- McGREGOR, 1998; GRANTHAM- McGREGOR et. al., 1998;

GOLDENBERG, HOFFMAN, CLIVER, 1998; VIEIRA, MANCINI, 2000; BOS,

EINSPIELER, PRECTHL; 2001; MUNIZ, 2002).

Um estudo realizado por Ounsted, Moar e Scott em 1988 evidenciou o 2º mês. Nesse

estudo, 137 lactentes PIG e 170 lactentes AIG foram avaliados no período pré-natal, e no 2º,

6º e 12º meses de vida pós-natal. Seus resultados demonstraram performance

significativamente inferior para os lactentes PIG no 2º mês de vida.

No grupo GIADI, as pesquisas que objetivaram analisar o comportamento entre os

dois grupos encontraram resultados similares. A tabela 25, apresentada abaixo, visa mostrar o

número de sujeitos e o p-valor encontrado em cada uma dessas pesquisas e compará-los ao

resultado desta.

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TABELA 25. Demonstração dos resultados obtidos pela análise entre grupos dos estudosrealizados pelo GIADI que demonstraram diferença no 2º mês da escala motora.Pesquisadora Grupo n Média Mínimo Máximo Mediana p-valor

Gagliardo AIG 19 - 74 114 93 0,033

PIG 14 - 81 108 87

Mello AIG 19 - 74 114 93 0,033

PIG 14 - 81 108 87

Goto AIG 43 93,49 72 114 93 0,008

PIG 25 89,76 78 108 90

Castro AIG 23 95,09 81 114 93 0,019

PIG 11 89,18 78 108 87

Todos os estudos foram realizados com o Teste de Mann-Whitney.

Dos quatro estudos apresentados acima, o único que manteve os mesmos lactentes

durante o primeiro trimestre foi este (CASTRO). Os outros estudos consideraram a coorte

seccional de lactentes para cada mês, o que permite notar que o número de lactentes varia

entre os estudos. A observação dos quatro estudos em conjunto permite afirmar que a análise

feita utilizando o grupo seccional pode ser representante do longitudinal.

Essa diferença encontrada no 2º mês foi explicada tanto por Gagliardo et. al. (2004)

quanto por Mello, Gonçalves, Souza (2004) como sendo devida à maior transformação da

função neural que ocorre no final do 2º mês pós-termo e das muitas mudanças neurais

funcionais dentro de uma condição adaptativa mais específica ocorrida nesta época do que

durante os dois primeiros meses após o nascimento a termo (PRECHTL, 1986).

Os resultados deste teste são então concordantes com os de Ounsted, Moar e Scott

(1988), Gagliardo (2003), Mello (2003), Goto (2004) e Goto et al (2005) e sugere maior

atenção ao desenvolvimento dos lactentes PIG no 2º mês de vida.

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7. CONCLUSÃO

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De acordo com este estudo concluiu-se que:

• Os grupos não tiveram diferenças estatisticamente significantes em relação às

variáveis neonatais sexo, idade gestacional e APGAR de 1º e 5º minuto, porém a variável

peso ao nascimento demonstrou diferença estatisticamente significante entre os grupos.

• Das provas analisadas, a única que demonstrou diferença estatisticamente significante

quando comparou-se a realização da mesma entre os grupos foi a estende a mão em direção

ao aro suspenso” (ME_38) que obteve maior freqüência de respostas positivas no grupo PIG.

• O poder de associação entre a pontuação de IS e a classificação final dos grupos foi

significativo exceto quando foram correlacionados os IS e classificação motora do 2º mês do

grupo AIG e IS e classificação mental do 3º mês do grupo PIG.

• Das variáveis neonatais analisadas, a única que demonstrou correlação com a

classificação final foi o peso ao nascimento do grupo PIG com a classificação mental no 2º

mês.

• O desenvolvimento motor, considerando-se os valores médios de IS, apresentou

diferença estatisticamente significante tanto para o grupo PIG quanto AIG, sendo essa

diferença entre o 1º e 3º meses e 2º e 3º meses para ambos os grupos, com o 3º mês tendo

média de IS menor do que os outros meses.

• Os grupo demonstraram divergência no 2º e 3º meses em relação ao desenvolvimento

mental, porém, o desenvolvimento motor demonstrou que houve uma divergência

estatisticamente significante no 2º mês, com melhor performance dos lactentes AIG.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Essa pesquisa objetivou investigar a motricidade apendicular de lactentes a termo PIG

ou AIG no primeiro trimestre de vida, e dessa forma foi conduzida.

Quando começaram a surgir os resultados da pesquisa observou-se que o segundo mês

parece ser um momento crítico no desenvolvimento dos lactentes, e começaram então a surgir

as perguntas: O que torna o segundo mês um período importante no desenvolvimento? Qual a

influência da motricidade apendicular nesse segundo mês no contexto geral do

desenvolvimento motor?

Considerando que essas perguntas não foram respondidas nessa Dissertação de

Mestrado, mas surgiram a partir da análise dos dados coletados, fica como sugestão

desenvolver uma pesquisa direcionada para o estudo do desenvolvimento no segundo mês de

vida e sua correlação com a motricidade apendicular.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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114

10. APÊNCIDES

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115

APÊNDICE A

TABELA 26. Dados neonatais dos lactentes avaliados no estudo.

Nº Proj. Grupo Sexo Peso nasc. Idade gest Apgar 1º’ Apgar 5º’

1

2

3

4

6

7

11

12

13

17

18

20

24

32

36

40

43

46

49

52

54

PIG

AIG

AIG

PIG

PIG

AIG

AIG

PIG

AIG

PIG

AIG

AIG

AIG

AIG

PIG

AIG

PIG

PIG

AIG

AIG

PIG

fem

fem

fem

fem

fem

fem

fem

masc

fem

masc

masc

fem

fem

fem

fem

masc

masc

masc

fem

fem

masc

2380g

3540g

2790g

2520g

2290g

3030g

3280g

2460g

3220g

2440g

3330g

3130g

3710g

3225g

2450g

3135g

2485g

2125g

3280g

2935g

2530g

270 dias

285 dias

280 dias

275 dias

277 dias

285 dias

280 dias

275 dias

280 dias

280 dias

282 dias

285 dias

275 dias

275 dias

275 dias

280 dias

280 dias

275 dias

265 dias

277 dias

283 dias

5

7

8

10

9

7

7

8

8

8

8

8

9

9

8

8

8

8

8

7

9

9

9

9

10

10

10

9

9

9

9

9

10

10

10

10

9

9

9

9

8

10

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58

60

64

66

67

68

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70

71

77

82

84

92

AIG

AIG

AIG

PIG

AIG

AIG

AIG

AIG

AIG

AIG

AIG

AIG

PIG

masc

masc

masc

fem

fem

masc

fem

fem

masc

masc

fem

masc

masc

2785g

2975g

3160g

2190g

2685g

3360g

2635g

3045g

3500g

3850g

3515g

2845g

2620g

264 dias

277 dias

270 dias

280 dias

280 dias

283 dias

274 dias

273 dias

293 dias

290 dias

285 dias

-

288 dias

9

9

-

3

9

9

3

9

9

5

1

8

8

10

10

-

8

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10

10

10

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9

9

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APÊNDICE B

TABELA 27. Demonstração do Raw Score, Índex Score e Classificação final da escala mental dos lactentes no primeiro trimestre.

Nº Proj. Grupo Meraw_1 Meind_1 Meclas_1 Meraw_2 Meind_2 Meclas_2 Meraw_3 Meind_3 Meclas_3

1

2

3

4

6

7

11

12

13

17

18

20

PIG

AIG

AIG

PIG

PIG

AIG

AIG

PIG

AIG

PIG

AIG

AIG

10

12

15

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14

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11

5

12

4

5

92

96

102

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76

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72

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17

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32

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27

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83

97

87

87

97

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85

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24

32

36

40

43

46

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52

54

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64

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67

68

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AIG

AIG

PIG

AIG

PIG

PIG

AIG

AIG

PIG

AIG

AIG

AIG

PIG

AIG

AIG

AIG

7

8

9

12

10

3

8

6

7

16

7

7

5

11

5

8

84

87

92

96

92

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87

80

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104

84

84

76

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76

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27

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20

20

21

9

23

20

25

17

24

22

23

20

29

23

98

98

84

84

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90

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88

90

84

104

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27

28

25

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35

28

28

30

30

26

25

27

27

27

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89

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70

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AIG

AIG

AIG

AIG

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PIG

9

13

9

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29

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30

27

27

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30

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APÊNDICE C

TABELA 28. Demonstração do Raw Score, Índex Score e Classificação final da escala motora dos lactentes no primeiro trimestre.

Nº Proj. Grupo Moraw_1 Moind_1 Moclas_1 Moraw_2 Moind_2 Moclas_2 Moraw_3 Moind_3 Moclas_3

1

2

3

4

6

7

11

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13

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PIG

AIG

AIG

PIG

PIG

AIG

AIG

PIG

AIG

PIG

AIG

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9

11

9

11

5

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10

10

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76

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92

101

76

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97

97

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13

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17

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16

14

12

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90

99

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93

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14

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17

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15

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100

100

88

76

76

94

70

PSA

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24

32

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AIG

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PIG

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PIG

PIG

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AIG

PIG

AIG

AIG

AIG

PIG

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AIG

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10

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101

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97

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11. ANEXOS

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ANEXO A

Piracicaba, 17 de fevereiro de 2004.

Para: Profª Denise Castilho Cabrera Santos

De: Coordenação do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP-UNIMEP

Ref.: Aprovação do protocolo de pesquisa nº 82/03 e indicação de formas deacompanhamento do mesmo pelo CEP-UNIMEP

Vimos através desta informar que o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIMEP,após análise, APROVOU o Protocolo de Pesquisa nº 82/03, com o título “Desenvolvimentomotor em lactentes a termo pequenos para a idade gestacional no primeiro ano devida: um estudo comparativo” sob sua responsabilidade.

O CEP-UNIMEP, conforme as resoluções do Conselho Nacional de Saúde éresponsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisasenvolvendo seres humanos promovidas nesta Universidade.

Portanto, conforme a Resolução do CNS 196/96, é atribuição do CEP“acompanhar o desenvolvimento dos projetos através de relatórios anuais dospesquisadores” (VII.13.d). Por isso o/a pesquisador/a responsável deverá encaminhar parao CEP-UNIMEP um relatório anual de seu projeto, até 30 dias após completar 12 meses deatividade, acompanhado de uma declaração de identidade de conteúdo do mesmo com orelatório encaminhado à agência de fomento correspondente.

Agradecemos a atenção e colocamo-nos à disposição para outros esclarecimentos.

Atenciosamente,

Gabriele CornelliCOORDENADOR

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ANEXO B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“Eu,__________________________________________________________portador do RGnº: _________________, CPF nº _____________, residenteà_____________________________-_________________________________,nº_________, bairro_____________________cidade: ________________________ - _______, abaixoassinado, concordo que meu filho, o menor ________________________________participe do estudo “Desenvolvimento motor em lactentes a termo pequenos para aidade gestacional no primeiro ano de vida: um estudo comparativo”, como sujeito. Fuidevidamente informado e esclarecido pelos pesquisadores sobre a pesquisa, osprocedimentos nela envolvidos, assim como possíveis riscos e benefícios decorrentes deminha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquermomento, sem que isto leve a penalidade ou interrupção de meuacompanhamento/assistência/tratamento. Declaro que tenho _____ anos de idade e queconcordo que meu filho menor de 18 anos participe, voluntariamente, na pesquisaconduzida pelos alunos de mestrado responsáveis e por seu (sua) respectivo (a) orientador(a).

Justificativa e Objetivo do Estudo:Estudos mostram que o baixo peso ao nascimento pode trazer ao bebê alguma

alteração, ainda que pequena, no seu desenvolvimento. Por isso nosso objetivo é avaliar,durante o primeiro ano de vida, o desenvolvimento motor desses bebês e comparar com odesenvolvimento motor de bebês que nasceram com peso adequado.

Explicação dos ProcedimentosSegundo o critério de sorteio pela ordem de nascimento e peso de nascimento, você

e seu filho(a) estão sendo convidados a participar e para serem acompanhados umavez/mês no CEPRE Gabriel Porto. As avaliações demoram cerca de 30 minutos, paraobservar a maneira como seu filho(a) se movimenta quando colocado deitado de barrigapara baixo, deitado de barriga para cima, sentado e em pé e enquanto manipula algunsobjetos padronizados "Tipo Brinquedos".

A cada mês você e seu filho (a) serão recebidos no CEPRE Gabriel Porto, por umaassistente social e depois disso seu filho será avaliado, sempre na sua presença, por umaFisioterapeuta (aluna de Mestrado), acompanhada pela sua orientadora e responsável peloprojeto. Você será informado sobre os procedimentos e resultado a cada avaliação e poderáesclarecer qualquer dúvida sobre o desenvolvimento de seu filho ou sobre a pesquisa.

A escolha foi muito criteriosa, de maneira que pedimos que nos comunique aimpossibilidade de um retorno ou a troca de endereço.

Estas avaliações são de graça e vocês receberão os vales-transportes e lanches,sempre que for preciso.

Caso seja encontrado qualquer problema no desenvolvimento de seu filho(a), nós lhecomunicaremos e ele será encaminhado para tratamento de graça.

Caso aceite, para que continuem fazendo parte da pesquisa, é muito importante quevoltem para as avaliações agendadas. Havendo duas faltas seguidas, ficará impossível aparticipação de seu filho(a).

Possíveis Benefícios:A avaliação do desenvolvimento motor poderá ser utilizada para diagnosticar atrasos

no desenvolvimento motor. Além disso os resultados servirão para a elaboração deprogramas de estimulação em pesquisas futuras. É importante que você saiba que não

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existem programas como este disponíveis nos serviços de saúde, sendo esta uma iniciativapioneira em nossa região.

Desconforto e Risco:O risco da avaliação é mínimo, visto que o material “tipo brinquedo” foi desenvolvido

especialmente para bebês e que os profissionais que realizam este trabalho tem grandeexperiência no acompanhamento de crianças de 0 a 1 ano de idade. Informamos ainda quea avaliação poderá ser interrompida a qualquer sinal de desconforto por parte de seu filhocomo choro, sono, necessidade de troca de fralda ou de ser amamentado.Inclusão de seu filho no grupo de baixo peso ou de peso adequado:

A participação do seu filho (a) no grupo de bebês de baixo peso ou no grupo de pesoadequado é definita pelos pesquisadores considerando o peso que ele (a) apresentou aonascer. Essa informação está nos registros da maternidade e também na “Carteirinha doBebê” que você receberá na alta hospitalar. È importante que você saiba que os bebês dosdois grupos serão avaliados da mesma maneira e receberão exatamente a mesmaassistência durante todo o estudo.

Sigilo de Identidade:As informações obtidas nesta pesquisa não serão de maneira nenhuma associadas à

minha identidade ou do meu filho e não poderão ser consultadas por pessoas leigas semminha autorização oficial. Estas informações poderão ser utilizadas para fins estatísticos oucientíficos, desde que fiquem resguardados a total privacidade e anonimato de minhafamília.

Os responsáveis pelo estudo me explicaram a necessidade da pesquisa e seprontificaram a responder as minhas questões sobre o experimento. Eu aceitei participardeste estudo de livre e espontânea vontade. Declaro ainda que autorizo filmagens efotografias durante a pesquisa e a exibição delas apenas com fins acadêmicos, desde quesem identificação. Entendo que é meu direito manter uma cópia deste consentimento.

Aluno de Mestrado Responsável: _____________________________________________

Responsável pela criança: ___________________________________________________

Orientador e Pesquisador Responsável: Profa. Dra. Denise Castilho Cabrera SantosCurso de Mestrado em FisioterapiaUniversidade Metodista de Piracicabae-mail: [email protected] para contato:Denise Castilho Cabrera Santos – (19) 3124-1558 / (19) 9711-9095CEPRE Gabriel Porto: (19) 3788-8801

Local e Data: ___________________________________________________________

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ANEXO C

ROTEIRO DE EXAME DO 1° MÊS DA ESCALA BAYLEY

Nº PROJ.________________Nome da criança:______________________________________HC ___________________________Nome da mãe:______________________________________________________________________Data de nascimento:____/____/____ Data:____/____/____ Id cron____Id corrig_________________

ESCALA MENTAL

_____ 1- Olha por 2 segundos para o examinador_____ 14- Sorri ou vocaliza quando o examinador acena a cabeça, sorri ou fala_____ 19- Sorri ou vocaliza quando o examinador acena a cabeça e sorri_____ 21- Vocaliza quando o examinador acena a cabeça, sorri ou fala_____ 13- Reconhece visualmente o responsável (sorri, olha intensamente)_____ 20- Reage ao desaparecimento de face_____ 7- Habitua-se ao chocalho_____ 8- Discrimina entre sino e chocalho (choro, mudança de atividade motora)_____ 3- Responde à voz_____ 6- Observa o aro por 3 segundos_____ 15- Olhos seguem o aro, excursão horizontal_____ 16- Olhos seguem o aro, excursão vertical_____ 17- Olhos seguem o aro, excursão circular_____ 18- Olhos seguem o aro, em arcos de 30º_____ 9- Procura som com olhar ou cabeça_____ 5- Segue com o olhar pessoa em movimento_____ 11- Torna-se excitado antecipadamente_____ 12- Antecipadamente, ajusta o corpo ao ser apanhado OBSERVAÇÃO ACIDENTAL_____ 2- Acalma-se quando é apanhado no colo_____ 4- Explora visualmente o ambiente_____ 10- Vocaliza 4 vezes (ah, uh, grito, bolhas, guturais)_____ 22- Vocaliza 2 vogais diferentes

ESCALA MOTORA

_____ 3- Eleva cabeça intermitente quando colocado no ombro_____ 4- Segura cabeça ereta por 3 segundos_____ 5- Ajusta postura quando colocado no ombro_____ 7- Sustenta cabeça ereta e estável por 15 segundos_____ 15- Segura cabeça estavelmente enquanto é movido_____ 8- Levanta parcialmente a cabeça na suspensão dorsal_____ 14- Ajusta cabeça na suspensão ventral_____ 11- Troca de decúbito lateral para dorsal_____ 13- Segura aro por 2 segundos OBSERVAÇÃO ACIDENTAL_____ 1- Movimenta braços_____ 2- Movimenta pernas_____ 6- Mãos cerradas a maior parte do tempo_____ 9- Eleva pernas por 2 segundos, em supino_____ 10- Faz movimentos alternantes para arrastar em prono_____ 12- Tenta levar mãos à boca_____ 16- Manifesta movimentos simétricos de membros_____ 17- Cabeça na linha média a maior parte do tempo_____ 18- Eleva cabeça e tronco superior com apoio nos braços, em

MENTAL

RAW SCORE

INDEX SCORE

IC 95%

CLASSIFICAÇÃO

MOTORA

prono

RAW SCORE

INDEX SCORE

IC 95%

CLASSIFICAÇÃO

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ROTEIRO DE EXAME DO 2° MÊS DA ESCALA BAYLEY

Nº PROJ.________________Nome da criança:____________________________________HC____________________________Nome da mãe:_____________________________________________________________________Data de nascimento:____/____/____ Data:____/____/____ Id cron____Id corrig________________

ESCALA MENTAL

_____ 14- Sorri ou vocaliza quando o examinador acena a cabeça, sorri ou fala_____ 19- Sorri ou vocaliza quando o examinador acena a cabeça e sorri_____ 21- Vocaliza quando o examinador acena a cabeça, sorri ou fala_____ 33- Vocaliza quando o examinador acena a cabeça e sorri_____ 13- Reconhece visualmente o responsável (sorri, olha intensamente)_____ 20- Reage ao desaparecimento de face_____ 23- Desvia o olhar do sino para o chocalho_____ 35- Brinca com o chocalho_____ 30- Vira cabeça para som_____ 15- Olhos seguem o aro, excursão horizontal_____ 16- Olhos seguem o aro, excursão vertical_____ 17- Olhos seguem o aro, excursão circular_____ 18- Olhos seguem o aro, em arcos de 30°_____ 37- Manipula o aro_____ 36- Olhos seguem bastão_____ 24- Cabeça segue o aro_____ 26- Habitua-se ao estímulo visual_____ 27- Discrimina um novo padrão visual_____ 28- Manifesta preferência visual_____ 29- Prefere novidade_____ 25- Observa cubo por 3 segundos_____ 32- Olhos seguem bolinha rolando sobre a mesa OBSERVAÇÃO ACIDENTAL_____ 22- Vocaliza 2 vogais diferentes_____ 31- Vocalizações expressivas_____ 34- Inspeciona a própria mão(s)

ESCALA MOTORA

_____ 7- Sustenta cabeça ereta e estável por 15 segundos_____ 15- Segura cabeça estavelmente enquanto é movido_____ 19- Equilibra a cabeça (no plano vertical)_____ 8- Levanta parcialmente a cabeça na suspensão dorsal_____ 14- Ajusta cabeça na suspensão ventral_____ 11- Troca de decúbito lateral para dorsal_____ 13- Segura aro por 2 segundos_____ 20- Eleva cabeça aos 45º por 2 segundos, e abaixa com contro_____ 21- Senta com suporte dado no quadril OBSERVAÇÃO ACIDENTAL_____ 9- Eleva pernas por 2 segundos, em supino_____ 10- Faz movimentos alternantes para arrastar em prono_____ 12- Tenta levar mãos à boca_____ 16- Manifesta movimentos simétricos de membros_____ 17- Cabeça na linha média a maior parte do tempo_____ 18- Eleva cabeça e tronco superior com apoio nos braços, em

le

prono

MENTAL

RAW SCORE

INDEX SCORE

IC 95%

CLASSIFICAÇÃO

MOTORA

RAW SCORE

INDEX SCORE

IC 95%

CLASSIFICAÇÃO

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ROTEIRO DE EXAME DO 3O MÊS DA ESCALA BAYLEY

Nº PROJ.________________Nome da criança:_____________________________________________HC___________________Nome da mãe:_____________________________________________________________________Data de nascimento:____/____/____ Data:____/____/____ Id cron:____Id corrig_______________

ESCALA MENTAL

_____ 21- Vocaliza quando o examinador acena a cabeça, sorri ou fala_____ 33- Vocaliza quando o examinador acena a cabeça e sorri_____ 20- Reage ao desaparecimento de face_____ 23- Deixa o olha do sino para o chocalho_____ 35- Brinca com o chocalho_____ 36- Olhos seguem bastão_____ 37- Manipula o aro_____ 38- Estende a mão em direção ao aro suspenso_____ 39- Agarra o aro suspenso_____ 40- Leva o aro à boca propositalmente_____ 24- Cabeça segue o aro_____ 26- Habitua-se ao estímulo visual_____ 27- Discrimina um novo padrão visual_____ 28- Manifesta preferência visual_____ 29- Prefere novidade_____ 25- Observa cubo por 3 segundos_____ 30- Vira cabeça para som_____ 32- Olhos seguem bolinha de açúcar rolando sobre a mesa OBSERVAÇÃO ACIDENTAL_____ 22- Vocaliza duas vogais diferentes_____ 31- Vocalizações expressivas_____ 34- Inspeciona a própria mão(s)

ESCALA MOTORA

_____ 15- Segura cabeça estavelmente enquanto é movido_____ 19- Equilibra cabeça (no plano vertical)_____ 14- Ajusta cabeça na suspensão ventral_____ 11- Troca de decúbito lateral para dorsal_____ 26- Troca de decúbito dorsal para lateral_____ 13- Segura aro por 2 segundos_____ 20- Eleva cabeça aos 45º por 2 segundos, e abaixa com contro_____ 24- Eleva cabeça aos 90º por 2 segundos, e abaixa com contro_____ 25- Transfere peso sobre os braços_____ 21- Senta com suporte dado no quadril_____ 22- Senta com leve suporte, dado no quadril, por 10 segundos_____ 28- Senta sozinho momentaneamente, por 2 segundos_____ 29- Apanha o bastão com toda a mão OBSERVAÇÃO ACIDENTAL_____ 12- Tenta levar mão(s) à boca_____ 16- Manifesta movimentos simétricos de membros_____ 17- Cabeça na linha média a maior parte do tempo_____ 18- Eleva cabeça e tronco superior com apoio nos braços, em _____ 23- Mantém mãos abertas a maior parte do tempo_____ 27- Rotação de punho ao manipular objetos

lele

prono

MENTAL

RAW SCORE

INDEX SCORE

IC 95%

CLASSIFICAÇÃO

MOTORA

RAW SCORE

INDEX SCORE

IC 95%

CLASSIFICAÇÃO