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Morcego Negro Ltda O Reino da Morte da Palavra Texto para Oficina Línguas do Poder da Bendita Trupe na OC Altino Bondesan, a pedido de Johana Albuquerque, com base nas matérias da Carta Capital de 24 de setembro de 2014: A Semântica das Urnas (Nirlando Beirão) e Expectativas Irracionais (Luiz Gonzaga Beluzzo). Cristian Korny São José dos Campos, 25 de outubro de 2014. Página 1 de 27

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Morcego Negro Ltda

O Reino da Morte da Palavra

Texto para Oficina Línguas do Poder da Bendita Trupe na OC Altino Bondesan, a pedido de Johana Albuquerque, com base nas matérias da Carta Capital de 24 de setembro de 2014: A Semântica das Urnas (Nirlando Beirão) e Expectativas Irracionais (Luiz Gonzaga Beluzzo).

Cristian KornySão José dos Campos, 25 de outubro de 2014.

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Personagens:

Ei, Eugênio, o Eleitor IngênuoP, Porteiro do Palacete da MeritocraciaB, Bilheteira da BisbilheteriaDo, DomadorMa, MágicoBa, BailarinaPa, Palhaço

ATO UM

CENA I

Toc tocP: Quem está aí? (Falando através da portinhola no portão)Batendo no portão do palacete da meritocraciaEi: Sou eu!P: Eu quem? Tem Senha?Ei: Não tenhoP: Aqui no Palacete da Meritocracia só entra com senha...Ei: Não há outro jeito?P: Não há... Outro jeito apenas para quem tem senha...Ei: Mas...

Portinhola se fecha, pow...

CENA II

Ei caminhando desconsolado, chutando latas, de repente avista um parque temático:

MORCEGO NEGRO LTDA

e se dirige à bilheteria aonde lê-se "Bisbilheteria"

Ei: Boa Noite!B: Boa noite, quantos ingressos?Ei: Um só, quanto é?B: DependeEi: depende do quê?B:Várias variáveis, estatísticas, expectativas, projeções, câmbios, PIB, PiG, enfim... Você não sabe?Ei: ? (Atônito)B: Então, quantos ingressos?Ei: Um só, já disse...B: É que, às vezes, é necessário mais de um ingresso para entrar no parque... Mas... Agora, é que transcorreu algum tempo, o cenário muda, o número de ingressos também,..Ei: Mas, eu continuo sozinho! Quanto é mesmo?B: Você vai pagar em dólar, peso, rublo, libra, lira, euro, iene, bitcoin, real, títulos do tesouro, títulos da dívida, ouro, ações da Petrobrás, ações da Sabesp, da OGX, PP, OP?Ei: Só tenho reais, e poucosB: Então, o preço é determinado pelo logaritmo da expectativa futura de cenário de mercado construída no presente e pela média do limite do nível intelectual que você está usando agora...Ei: Mas eu quero saber o preço, só isso...

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B: O preço que você quer saber é determinado pelo mercado com base nas ações de curto prazo a depender do que você espera do futuro e desse prazo em que você estará no parque pelo limite do tempo na cauda longa do parque temático...Ei: Ah, acho que será bomB: No começo ou no fim do passeio?Ei: Ué, deve ser bom, isso não basta? Tem dois preços?B: Bom no começo é um preço, bom no final é outro preço, temos preço para bom no começo e no final, e para todo ruimEi: Deixa eu ver, todo ruim é de graça?B: Tolinho, nada é de graça!Ei: Tudo bem, eu quero ingresso para tudo de bomB: Tudo de bom não tem, ou até tem, mas só para quem tem senha pro Palacete da Meritocracia, você pode escolher outro plano de expectativasEi: Caraio!, vocês querem ou não querem vender?B: Nesse contexto, vender é só um detalhe, e muito desprezível, por sinal, nada determinante (risinhos)Ei: Tudo bem, quero um deste últimoB: Sim, mas vai pagar como?Ei: Já disse, em reaisB: Mas,.. Reais passando pela Suíça, passando pela Ilhas Cayman, por Londres, por Mônaco? Cada histórico financeiro associado ao sistema de segurança e sigilo é um câmbio, em dinheiro ou cartão?Ei: Peraí, pagar em dinheiro é diferente de pagar em cartão? O preço muda?B: Claro! Grana viva tem a opção de caixa-dois e a gente tem de lavar, cobramos taxa para lavagem de dinheiro! Dinheiro de cartão já vem lavado...Ei: Ok, ok, se a Meritocracia tivesse me deixado entrar eu não passaria por nenhuma sabatina...B: Política é só aqui dentro do parqueEi: Tudo bem, nesse momento, quanto preciso desembolsar?B: (Passa um papel aonde deve estar escrito o valor a ser pago)Ei: Tá aqui! (Passa o dinheiro)B: Nosso sistema de rede cibernética está acusando que você é nosso visitante número 1.000.000, e você conquistou o direito de ganhar grátis a entrada para nosso parque em regime de ingresso VIP com guias especialmente treinados...Ei: (Cortando a explicação) Ufa, tudo isso para nadaB: Nada, nada, informação é de graça (Ironia)

Seja bem-vindo aoMORCEGO NEGRO LTDA

CENA III

Est.:Liberdade, liberdadeO que se faz por liberdade?Segurança, segurançaO que se faz por segurança?O preço da primeira é a segundaO preço da segunda é a primeiraNão se pode ter as duasLiberdade e segurançaSegurança e liberdadeVeja se você alcançao preço da liberdade

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1.Todos pedem mais mudançaMas de onde virá ela de verdade?Quem fala-fala e não se cansaDaqui só o que se vê é maldade

2.São poucos que enchem a pançaPorque há miséria na cidadeTrabalho-trabalho e gastançaSem lugar para a felicidade

3.Eu queria mais uma dançaEu queria viver a eternidadeTalvez, voltar a ser criançaE ter em meu viver prioridade

Est.4.Meu Brasil, minha esperançaE nele ponho meu melhor sonhoMais uma ocupação invadeNa hora de levantar do sono

Est.

A CASA DOS HORRORES

Aqui você que entraDeixe toda a esperançaaqui na Casa dos HorroresÉ bem-vinda a matançaAqui se pratica a gastançaNão é como o nome indicaaqui são bem-vindas as pessoas bonitasNo período eleitoralSomos abertos e sensíveisAcabou esse malNos fechamos e dificultamosE adeus povoAqui na Casa dos HorroresSó crimes não previstosSó crimes não previstosSó crimes que não são previstos em lei

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CENA IV

Ei se encontra com Ba, Ma, Do, Pa

1.Nós contra elesEles contra nósTodos contra nósTodos contra elesEu você você euSe você acha que já deuDevia poder fazer diferentePara tanta gente que já deuMeu, para tanta gente diferente

2.Do: Agora diga, minha queridaBa: Cansada de nivelar por baixoBa: Estão pensando que somos burrosBa: Na nossa era do ConhecimentoBa: Nem tudo se resolve aos murrosBa: Botar essa ilusão toda abaixoBa: Entenda meu ponto de PartidaBa: A facilidade descabidaBa: Escuro é o entendimentoBa: Luta muito então encontra a saídaBa: Pois não a acharemos sem sofrimento

b.Ba: A facilidade descabidaBa: Escuro é o entendimentoBa: Luta muito então encontra a saídaBa: Pois não a acharemos sem sofrimento

1. b.

3.Ataques pessoais nada maisQue ataques pessoaisIsto eu sei fazerQue qualificação é preciso terPara fazer ataques pessoais?

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CENA V

Ei: aqui o que háDo: Casa dos Horrores, amigosBa: Todas as piores maquinaçõesMa: Eu compreendo os truquesPa: Mas não revela, né?Ei: Ali? (aponta)Ma: Ah, ali é a joia da coroaPa: Aparelhamento de estadoBa: E você acha que isso só existe no Estado?Ma: É, há que se diferir Estado de GovernoTodos: Estado de Governo

1.Preste atençãoNo que vou lhe dizerVirou um chavãoPara o poder esconder de todosO que ocorreNão salva nenhum correQuem fala morreSem poder se defender

Est.O aparelhamento de estadoNão levanta suspeitas sobreO aparelhamento privadoControlar-controlarPara não salvar,mas para submeter dominar

2.De pulo em puloJá tenho o alvoQuem fala com quemMeu caros metadados

3.Que você saiu de casa (eu sei)Encontrou a namorada (eu sei)Aí comeu mortadela (eu sei)Depois mudou o canal (eu sei)Mais um cara legal (eu sei)

4.Que você andou de carro (eu sei)E beijou na boca ontem (eu sei)Está engordando menos (eu sei)Omitiu a opção sexual (eu sei)Não provou o vegetal (eu sei)

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Est.5.Que fumou mais maconha (eu sei)Que deixou de fumar (eu sei)Tudo o que você fez (eu sei)Ou que deixou de fazer (eu sei)Tudo hei de saber (eu sei) rubrica: este último com enfado, cansado de saber

Est.

6.Mas de tudo o que eu seiUma coisa não preciso saber (eu sei)De tudo que eu já sei (eu sei)Não preciso saber seu votoPor que tudo o que interessa (eu sei)Porque para lhe controlarHá toda uma rede de informaçãoUm erro no sistemaUm ponto na curvaNão temos a vista turvaCaso, vire um problemaHaverá condenaçãoMas, não irei lhe dizerO que está na mente do grande Irmão

Est.

7.Quem desobedeceu (matei)Todos os dissidentes (matei)E os retardatários (matei)Quem ousou pensar por si (matei)E ninguém notou como eu (matei) rubrica: esse último com mais violência

Est.

CENA VI

Ei: Cara, isso tá mais feio do que eu pensavaTodos: Não há mais vida na Terra arrasada

Você vai se apavorarPoque seu mundo vai ruirFaltará chão para seus pésE faltará pão para sua fome

Faltará sobretudo atençãoPorque você sequer desconfiaQue todo esse discurso bonitoEstá ocultando o truque, a intenção

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Sucesso para lhe escravizarQualidade para lhe julgarResiliência para lhe quebrarPersistência para se esforçarConfiança para se exporMeritocracia para expulsarCompetência em lhe rebaixarCompetência em lhe rebaixar

Então, muita calma nessa horaEssa é a cilada de se cairPara todo lado tem um viésMas, para nenhum ali há um nome

Este é o tal do choque de gestãoPorque você sequer desconfiaQue todo esse discurso bonitoFaz um novo estado de exceção

Fracasso para lhe iludirCompetição para lhe destruirComentários para lhe banirConcorrência para lhe mentirMotivação para lhe sugarMeritocracia para lhe expulsarAdministração em lhe controlarAdministração em lhe controlar

CENA VII

Ei: Quem são aqueles enjaulados?Pa: São os que estão fora do esquemaBa: Iguais a vocêMa: Sabemos que foi barrado no PalaceteEi: Como sabem?Do: Forças ocultas sabem de tudoEi: E quem é aquele fora da jaula solto e ameaçando os enjaulados que não podem fugir?Do: É um corrupto, ao qual, não se prova absolutamente nada, pois tem muitos testas...Ei: Peraí, se esse é o povo, então ele é o dono do espetáculo! Deste parque temático!Do: Agora você pode entender por que se inventa tanta técnica econômica como a que você enfrentou em nossa BisbilheteriaEi: Claaaro, sem todo aquele obscurantismo o povo pode entender o que ocorreDo: O poooovoEi: Não troce!Ma: Por quê? No fundo são escravos que amam a própria escravidão, acontece que só veem a escravidão no outroEi: Amor fati é uma qualidade difícilMa: Mas amor ao destino é válido apenas quando você está consciente deleEi: Seu caráter, seu destinoDo: Calma, os horrores nem terminaram ainda

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1.Eu sou uma pessoa de bemE não tolero esquemasQuero distância dos problemasCom minha honra tudo bem

2.Eu pago meus impostosPagos mais que meio mundoQue não venha vagabundoZoar gestos, gastos e gostos

3.Um errinho todos cometemUns poucos são descobertosMenos ainda são abertosE essa sociedade, eles refletem

4.Minha corrupção não é temaA denúncia para existirTodos terão que comigo cairMas todos estão no esquema

R.5.Um caso ou outro vacilaE quem vacila cai no instanteQuem mandou cair o vacilanteQuando tendeu a furar nossa fila?

6.São poucos pecadosTudo certinho nada andaAqui, até a polícia comandaPara o leite dos padrinhos

R.7.Errado é o que ninguém fazPassar sinal vermelho jamaisUm empreguinho pro filho aprazQuem nunca foi disto capaz?

R.Corruptos são os outrosOs maus devem morrerOs bons devem viverPara os amigos, tudoPara o resto, a leiTudo depende de quemvai falar bem de vocêTudo depende de quemvai falar bem de você

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CENA VIII

1.Não faleiNão OuviNão viEstou em todos os lugaresE não estou em nenhumNão estou nem aquiSou a bênção sobres meus afetosE a maldição sobre os malfeitos

R.Corrupção é só no governoA empresa privada é honestaMas quem mais ganha na festaÉ o segredo mais guardado do infernoCorruptores são lenda urbanaSão os caras mais bacanasDeste nostro contubérnio

2.Você não vai ouvir falar de mimVocê nem ousará ouvir de mimSequer verá o tudo que viMas saiba logoNão faleiNão ouviNão vi

R.3.E a grana corre para quem falar minhas mil línguas

4.Esqueça que existo, para o seu próprio bemEi: E esses quem são?Todos: Shhhhh (com o dedo nos lábios)

TREM FANTASMA

R.Um na frenteOutro atrásE o trem fantasmaLeva-e-trazVai-que-vai

Passa pelo motoristaPassa pela secretáriaPassa pelo deputadoPassa pelo senadorDe favor em favorA pleno vapor ele vaiDe vagão em vagão

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Vagando no congressoE em cada eleiçãoE ele vai

E a cada fantasmaUma grana a maisPelos tubos dos fantasmasEla sai

Cai este, e aquele caiMas o trem fantasma vai-que-vai

R.

CENA IX

Ba: Agora Saímos da Casa dos Horrores, mas não pode melhorar...

1.Alternar, alternarPara azeitar a máquinaPrecisamos fazer mágicaEntão vamos mudarPara que tudo continue como está

2.Eu saio, não saioDepende de quem eu traioEu caio, não caioDepende do quê eu trago

3.Antes de mim, sou euE eu vim comigoTrouxe comigo meu amigoE só saio, se caioMas é sempre do mesmo balaio

4. 6.Todos querem derrubar do poderDerrubar do poder todos queremSó não quer sair do poderQuem está no poder não quer

5. 7.Todos querem se achegar ao poderSe chegar ao poder todos queremSim quem quer cair no poderQuem está sem poder só o quer

8.Ninguém quer sair, todo querem ficarNão poderia dividirPara todo mundo governar?Vamos resumir para explicar

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Alternância no poderSó é bom no lado de láSó é bom para quem no poder não está...

Pa: Então, gostou da alternância no poder?Ei: Que alternância? Se é um só poder?Do: Boa observação...

CENA X

Política Metafísica DialéticaÉtica Estética Técnica

O que poderia ser políticaAo olhar pra dentro metafísicaAo nossos passos seria DialéticaA aparição ah se fosse estéticaA nossos costumes com éticaMenos étnica e mais técnicaAssim seria a boa e velha Política

Do: Entendeu?Ei: Não!Pa: Podemos repetir de outro jeitoEi: Tá certo...

1.A arte do poder é a políticaA palavra vem daíMas a arte que se fazNo seu jogo me faz rir

2.O misticismo é a metafísicaA palavra não vemO silêncio é capazDe falar a nós também

3.E quando manjamos dialéticaA palavra é parteDois pra lá, dois pra cáVide-verso, seu aparte

4.Esta é bela até mais estéticaA palavra explodeNinguém pode escaparA pega, bate e sacode

5.Sequência natural é a éticaA palavra é ditaSendo ela feia ou bonitaParticipa desta fita

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6.O elaborar conduz à técnicaA palavra produzSentido e faz sentidoNo tempo em que ela reluz

7.Quando faz centro pobre étnicaA palavra segregaSepara gregos e baianosFaz-nos todos desumanos

Do: Entendeu?Ei: NãoDo: Se fosse fácilDo: Todo mundo eraDo: Se fosse comumDo: Todo mundo tinhaDo: Se fosse rápidoDo: Todo mundo alcançavaEi: Velha políticaDo: Velha e boa políticaEi: O que seria a Nova Política? Ignorar a Grécia Clássica? Por exemplo?Do: Esse é o ponto: cancelar toda a história humana em nome de um discurso moralista e midiático...

crítica técnica étnica estéticapolítica sifilítica raquítica réplicadialética tétrica mórbida lépidametafísica tácita fática fálicadiabólica lúgubre fúnebre tréplicaquanto mais difícil a teoriamelhor para malhar a poesia

ATO DOIS

CENA XI

Ma: Agora o assunto é sérioPa: Vamos falar em DeusBa: Cuidado, pois a danação na terra começa em transformar alguém em mau, depois saqueia-se esse alguém, isso, surge do nada, isso, vem do céu, não tem responsáveis...Pa: Quando não é a vítima a própria responsável no discurso do individualismoDo: E nada melhor para julgar e condenar sem direito de defesa do que Deus, ninguém questiona...Ei: Eu já estou no inferno, já fui saqueado, não tenho nada mais a perder...Pa: Tem sim, está vivo, por enquantoMa: Mas, o dono do circo tem féTodos: Ninguém se atreve à heresia, por mais que haja hipocrisia, de um lado, alimentando a histeria, de outroEi: Não seria lado de cima e lado de baixo?

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1.Por favor, deus de poderQue a tudo pode concederMinha sincera hipocrisiaPara semear muita histeriaBasta-me dez por centoUm lícito reconhecimentoDe meu próprio enriquecimentoNão deixai, ó todo poderosoQue eu perca a eleição

2.Será acusado de heresiaQuem acalmar a histeriaQue eu vejo como fervorEm adoração ao senhorUm som pobre num lamentoOculta um podre entendimentoPromessas pós-sepultamentoSendo eu tão orgulhosoPossa eu perder a eleição

R.3.Quem ousar renegar a féNão conseguirá ficar de péSe rendeu à filosofia vãA não colherá amanhãDe todas essas, a pior heresiaÉ desmontar a hipocrisiaQue faz do fervor histeriaDe todos o mais poderosoÉ quem vence a eleição

R.Bênção para quem é do bemPelo senhor escolhidoPara quem é do mal, danaçãoDeus não mexe com dinheiroMas pode deixar no meu tesoureiroQue ele fará distinçãoE adquirir grande poderO escolhido para vencerA disputada eleição

CENA XII

R.De todos, o pior fantasmaSão os formadores de opiniãoQue lançam essa dúvidaCom o nome de Opinião Pública

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1.Opinião que exige explicaçãoDesde o cataclisma do climaA chuva que não vem de cimaPara refrescar do calorão

2.Eu sei que não é mais que ficçãoO jornal escrito não animaEssa cega busca por uma rimaQue está proibida na televisão

R.3.A ficção nossa de cada diaO povo quer ver é a garantiaUma mentira mil vezes ditaPara virar a verdade em que se acredita

4.Este espectro desmaterializadoSem corpo, indeterminadoTudo são pontos de audiênciaSe pelo menos fossem suturados

R.5.No fim das contas, a opiniãoE um serviço prestado à NaçãoPor pessoas sem noçãoQue têm pavor de dar uma opinião

F.A opinião espectralFoi a invenção mais legalDa televisãoQuando não é de ninguémAí que tem razãoE todos apoiarãoQuando não é de ninguémAí que tem razãoE todos apoiarão

Ei: Tá feio o bagulho~ôxe~

MONTANHA RUSSA

A toda velocidadeAs coisas mudam de lugarDão até enjoosTodos esses voosE essa falta de arPara ninguém entenderO que está acontecendo

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Subindo e descendoAcho que vou vomitarUm momento sobeNo seguinte desceCrises e bonançasUm dia estou bemMas nem sempre bemNo outro estou malNoutro dia tambémQuando tudo melhoraOuvem-se barulhosQuando tudo pioraEu sinto engulhosÀ toda velocidadeAs coisas mudam de lugarNessa montanha russaDa nossa vidaSofrida sem respirar

CENA XIII

Ei: Bolivarianismo, eu já ouvi falarDo: Não é perfeito, mas tem gente que precisa para não padecer na fome, na inanição e na misériaEi: E por que é tão combatido?Ba: Porque é combativo...Do: Simples, para que as pessoas trabalhem mais é preciso coagi-los, não pagá-los, fundamentalismo desenvolvimentista,Ei: coisas de um histórico escravocrataDo: Isso

1.O de cima, sobeO de baixo, desceNessa montanha russaDo sistema capetalistaAo apelo populistaRacional irracionalistaBolivariano parou na pista

R.2.O de cima, sobeO de baixo, desceNessa montanha russaDa nossa servidão diáriaÉ por brigar por migalhasPor medo de medalhasOu sou coxinha, ou sou petralha

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3.O de cima, sobeO de baixo, desceNessa montanha russaCada ponto que suba a audiênciaSe refletirá na urnaSerá melhor voltar à urnasPor amor ou por impaciência

Est.É por sentir o sofrimento alheioPor esse pouco de sensibilidadeQue se defendem programas sociaisQue se possa afirmar sem receioE sem medo toda a felicidadeAssim se garantem oportunidadesNão são medidas irracionaisNão é quase nada, nada de maisNão lhe fará falta, pelo bem que causaPelo bem que faz

Do: Sacou?Ei: Tem gente explorada nesse mundo

RODA GIGANTE

Nessa roda giganteEm certos momentosEm que tudo vemosBelas paisagensBrisa nos cabelosAcontece que dura poucoO belo passeioTemos de voltar à TerraA guerra do dia a diaO pagar mais uma vezE seguimos pagandoO preço do brinquedoPara quem o brinquedo fezMas sempre tem um trancoPara que esqueçamosTudo o que vimosPerdendo dessa maneiraUma vida inteiraEnquanto subimos e caímosBela rasteira.

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CENA XIV

Ei: Esse assunto de economia é um sacoPa: Olha, não faça isso, faça um esforçoEi: Como assim?Pa: Conhece a resposta para todas as perguntas?Ei: Qual?Pa: A economia, estúpido!Ei: hmmm, É sua a frase?

1.Na roda giganteDa economia mundialO capital corre soltoE o homem preso num localHá quem não pare num cantoOutro se desespere num prantoPara alguns é só um jogoCom um papo demagogoPara outros escassezEncarada com desfaçatezNo vídeo produzido eleitoral

2.Na roda gigante da economiaInventaram de nome de glocalTodos submetidos à normativaE tomando no orifício anal

3.Na roda gigante da economiaMuito importa quem tá na linhaQuebrou, joga fora, morta ou vivaA mentalidade mais mesquinha

4.Na roda gigante da economiaNada escapa de ser mercadoriaInsalubre, arbitrário e precárioDesde o trabalho até a moradia

5.Na roda gigante da economiaO segredo é girar no eixoPara quem está fora de lugarÉ como um soco no queixoNa roda gigante da economiaNem tem mais graça em falar de mais-valiaLuta de classes é todos contra todose a relação de capital e trabalhoé acachapante e sufocanteesmaga as gentesNa roda gigante da economia

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6.Mas algo de bom que se guardeAntes que tudo desabeE que seja tardeO capetalismo destrambelhadoSendo salvo de si mesmoPor bancos de estadoSalvando o capital privadoSem nenhum segredo

Ei: Como disse alguém, crise é o próprio capitalismo

BARCO DO AMOR

Aquele que roubaO outro dá boa-açãocom a outra mãoTem uma bênçãoUm outro, traiçãoAquele que faltaTambém armadoNa tensãoO outro cansadoO pai e o irmãoQuem não diráQue aquilo que fazNão o faria por amor?Ou não faria por paixão?Estamos todos no mesmo barcoUm barco furadoCom água pelo chãoÉ o barco do amorIndo a pique no tufãoEm plena tempestade de verão

CENA XV

Ei: E agora?Ba: É a ética da coligaçãoEi: Isso é bom ou ruim?Ba: Um mal necessárioEi: Foi alguém que disse que a democracia nem é boa, mas é o melhor que nós temos, a menos pior...

1.Eu sou o rei da coligaçãoPolítico de fino tratoJunto aliados e oposiçãoSempre atento ao fatoDe ser da situação

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2.Vamos fazer a coligaçãoDe lá, de cá, governançaBem juntinhos, transaçãoNinguém é mais criançaPra ser um sem noção

R.Que Deus abençoe essa uniãoE nossa senhora coligaçãoÉ tudo o que desejava a naçãoDesde os párias até a televisão

3.De lá, de cá, a coligaçãoA governabilidadeDita a nossa posiçãoAgressividadeDe regra e exceção

R.4.Vamos fazendo coligaçãoFazendo coligaçãoE vem, e vai, vai e vemPara o nosso bemA nossa solução

F.Eu já não faço coligaçãoGovernabilidade tem limitesSou o único que une o paísSaciando apetitesNão sou eu quem dizÉ a liberdade de expressão

F2.Sigamos nesse barco do amorQue já virou uma bacanalA suruba pelos privilégiosDa instituição estatalNa privada não é melhorSem corruptores, sem corruptos100 corruptores, 100 corruptosÉ dando que se recebeE uma mão lava a outraQuem semeia ventosColhe o que plantou...

Ei: Quem semeia ventos, colhe tempestadesBa: Furacão, tornados, secas, inundações, rsrsPa: Quem semeia peidos, rsrsrs

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CENA XVI

Ei: Felação premiada, rsrsrsBa: Relação premiada, rsrsrsMa: É sim...Ei: Mas por que o áudio nunca aparece?Ma: Poisé...

R.Tiro ao alvoDelação premiadaBriga de foice no escuroTiro ao alvo com a luz apagada

1.Senhor tecnocrataSabe lá o porquêdesonrou a gravataEntrou na deprê

2.Senhor tecnocrataA chapa esquentouAcabou a mamataE o bico rachou

R.3.Senhor tecnocrataOntem, queridinhoOu morre ou se mataPerdeu o padrinho

4.Senhor tecnocrataDe tantos segredosE tantas bravatasColeciona medos

R.F.Senhor tecnocrataTem de se queimarNão pode recusarE segue a mamataO show tem de continuarE segue a mamataO show tem de continuarAcabou teu carnavalSeleção premiadaEm período eleitoralAção orquestradaRepetidaEsquecidaPela plebe

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DesmemoriadaDe uma gravaçãoDesaparecida (que gravação?)

Ei: Mas a memória está voltandoMa: Sim, a história nunca chegou ao fim...

CENA XVII

Ei: Bate-bate cabeçasMa: A mágica da repetiçãoEi: repetição para desorientaçãoMa: repetição para amnésia

R.TODOS SOMOS BATE-BATEFICAMOS NOS BATENDOPIRULITO QUE BATE-BATECARINHO QUE BATE-BATECARRINHOS DE BATE-BATENUM CERCADO EXTREMOACIMA FAÍSCA DE ELETRICIDADEABAIXO CIMENTO LISOPRESOS DE UMA À OUTRAEXTREMIDADEFOMOS ÀS RUASFOMOS ÀS URNASPARA MANTER A APATIAE A PASSIVIDADE

BATE-BATE CABEÇAS NA ENGANAÇÃOBATE-BATE CORAÇÃO NA SOLIDÃO

BATE-BATE CABEÇAS NA ENGANAÇÃOBATE-BATE CORAÇÃO NA SOLIDÃO

1.Todos somos carrinhos de bate-bateBombardeados por luzes faiscantesE sons muito hipnotizantesQue a nossas memórias abate

2.Todos somos carrinhos de bate-batePresos num espaço pequeninoTratados todos como meninosSinal de carinho a que nos cabe

3.Todos somos carrinhos de bate-bateAcabou a diversão com a energiaDurou apenas um breve momentoAmnésia garantida, xeque-mate

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Ma: Por isso a memória é importante, para que não fiquemos perdidos, para respeitarmos a nós mesmos também e sobretudo, dividir para governarEi: E o áudio nunca aparece, e para uns é dossiê, para outros apenas um mal necessário, ainda podem ser coisas infundadas contra quem quer que seja, é um, perigo, um controle, mas insistimos em achá-las absurdasMa: ObservoEi: Absorvo

SALA DOS ESPELHOS

1.Não aceite nenhum conselhoNossa imagem da semanaEstá num partido espelhoQue a nenhum de nós irmana

2.Uma imagem invertidaNum quarto escuroDe uma casa sem vidaBuscando a fresta no muro

3.Não aceite nenhum conselhoÉ nossa vida que assim se danaNos quebraram nosso espelhoPor um fio pra sair da lama

Est.A sala de espelhosÉ um labirintoSem fio de AriadneOu asas de DédaloA sala de espelhosÉ um labirintoQue vemos infinitoNo fundo do que sintoNa verdade do que mintoPerdido no meio do recintoA sala de espelhosSete anos de azarPor setenta anosPara sair de lá

1.2.3.

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CENA XVIII

Ma: Desaparecem como que por mágica

1.Sabemos de toda sua vidaManter o clima de moralismoDe outro modo não há chantagemUm dossiê para todo mundo verDifamação, fofoca e espionagem

2.Em breve, você sobraráSozinho, vamos lhe tirar tudoVocê no olho da tempestadeUm dossiê para todo mundo verSerá quebrada essa sua vontade

Est.Mas, em lugar de um adversárioEstiver algum dos nossosNão seremos otáriosDe fazer isso com um dos nossosNão concederemos espaçoPara mentiras levianasEntão o tempo ficará escassoDepende de quem se difamaEm breve, também, no seu bairroA explicação rasa que a todos engana

3.Nem todos serão destruídosSomente aqueles que conspiramSeguindo condenados as penasUm dossiê para todo mundo verCritério, temos para nós apenas

Est.

Ma: Ou são martelados diariamente por anos a fio até serem condenados socialmente, independentemente da sentença, ficam aniquilados

CENA XIX

Ei: É, daqui a pouco proíbem alguns políticos de fazer algo pelo povo, a tirada do rouba mas faz, porque apenas querem se elegerDo: Tem pior, tem o rouba, mas não faz...Do: Quase conseguiram fazer isso aí no caso dos médicos marcianos, lembra?Do: Proibir pela leiEi: Se as leis foram feitas por políticos, você já viu, isso diz muito sobre elas

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R.Medidas eleitoreirasEm tempo eleitoralSeria melhor proibirUm benefício à populaçãoEm período eleitoral

1.Quando os mandatáriosAcham quem somos otáriosE nada fazem por ninguémApenas para seu próprio bemO que é feito é ignoradoMas no período eleitoralPassa a ser divulgadoVem logo a acusaçãoDe ser para ganhar o eleitoradoUé, teria de ser o contrário?

2.Quando os mandatáriosFeitos beneficiáriosPreferem ter uma quadrilhaOu benefício de sua famíliaO eleitor então é iludidoMas isso dito não é legalPode ser escondidoVem logo a acusaçãoDe ser para ganhar a eleiçãoUé, vamos assim fazer mal?

CENA XX

Do: Agora você vai saber quem doura a pílula, quem faz parecer bom aquilo que lhe prejudica, quem faz o escravo amar a própria escravizado (cada um no seu quadrado)Ei: O MarqueteiroPa: O Marqueteiro são os outros

1.Versado nas forças ocultas (Incultas)Aí vem o rei da bruxariaQuem os opositores insultaSempre em boa companhia

2.Usa bem a vergonha alheia (tapeia)Apela sempre para a baixariaNunca lhe falta uma ideiaPara perpetuar a patifaria

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R.3.Veja como a imagem é limpa (tão linda)Tudo precisamente calculadoUm humor perfeitamente supimpaCandidato como sempre bajulado

4.Manter o nível pasteurizado (calado)Para a sempre boa digestãoNão vamos clarear o eleitoradoOu abrir as mentes nação

R.O Marqueteiro e sua habilidadeDe aparentar que mostra a realidadeMas o desafio é de esconder de vocêO que realmente ocorre no poder (foder)

Ei: E ele faz tudo por amor a profissão e o mais autêntico profissionalismoPa: Isso foi marqueteiro de sua parte...

CENA XXI

Pa: Agora, um privilégio que o marketing transformou em direito:Pa: A sacrossanta Liberdade de ExpressãoEi: Mas é direito constitucionalPa: É sim, mas quem tem acesso a televisão?Ei: Quem tem muito dinheiro ou pouco caráterPa: Seu caráter, seu destino

R.Liberdade de expressãoTrata-se da minhaNão é da sua visãoE não mostre esta razãoA ninguém da população

1.Estava tudo na sua frenteNesta sala de espelhosVamos evitar mostrar para toda a genteE dar sempre bons conselhos

2.Uma ideia diferenteRejeitamos o vermelhoNunca nos verão criticar o capitalMesmo em seu destrambelho

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R.3.Algumas pessoas são cortadasAlguns assuntos, proibidosMuitos enfoques editadosHarmonia e não conflitos

4.Vamos dizer que são técnicasO que na verdade é estratégiaPara quem criou as técnicasEstava pensando em estratégia

R.1.2.

5.Se tudo pode ser ditoPor que só o bonito?Se nada é proibidoNão vale o sem sentido?Mas são padrões fixosE sempre repetidosPara sermos esquecidos

f.E é assim que seráA censura é veladaFalsidade reveladaTravestida de razãoLiberdade de expressãoNunca na casa errada

Ei: E parece tudo tão belo, bom, certo e honesto...

CENA XXII

Ei: Amigos, vi muita coisa suspeita, errada mesmo, mas é melhor do que engavetá-las, ou esquecelas, ou escondê-las, mas prefiro ser ingênuo do que um mala destes engravatadosEi: Sim, a ingenuidade na malandragem

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Todos:

1.O que devem ser?Criar é dizer o que não viveuFalar de alguém além do seu próprio euTer o cuidado de reterAlguma coisa tem de sobreviver

R.2.Criar viver o que não viveuVencer correntes bem no centro do euSer um pedaço de seu serE outro pedaço de um outro ser

R.Est.Encontrar, ver, viver e sobreviverA beleza na feiuraA alegria na tristezaA riqueza na pobrezaA doçura na amargurae a luz na escuridãosim, meu irmãoe a luz na escuridãosim, meu irmãoe a luz na escuridão

R.Assim,Viver o que não viveuReter para sobreviverE se capaz de verA luz na escuridãoe ser capaz de vera luz da escuridão

R.

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