montagem e modelagem de um grupo gerador … · o gerador é síncrono do tipo “brushless”, de...

7
X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente 18 a 21 de setembro de 2011 São João del-Rei - MG - Brasil ISSN: 2175-8905 - Vol. X 356 MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR SÍNCRONO TURBINA HIDRÁULICA PARA SEU ESTUDO E OPERAÇÃO EM MICRO CENTRAIS HIDROELÉTRICAS PARA PEQUENOS SISTEMAS ISOLADOS JOSÉ DENTI FILHO, ÁLVARO CHRISTIAN MONTAÑO SAAVEDRA 1 1. Laboratório de Controle Inteligente, Departamento de Engenharia Elétrica,UFES Av. Fernando Ferrari, 514, CEP 29075 – 910, Vitória - ES E-mails: [email protected], [email protected] Abstract This work presents the assembly and modeling of a plant constituted by one turbine and one synchronous generator to function as a part of a Micro Hydroelectric Plant (MHP) for small isolated systems. Once the assembly of the plant at the la- boratory was constructed, has started the developing of an empirical model of the process in the form of reaction curves, ob- tained by the use of the step response technique that allowed the approximation of the main variables involved in a first order with dead time model. After obtaining the transfer functions of the plant, a PID controller was designed in order to maintain the output voltage of the generator on an appropriate reference value for electrical distribution in the network of the isolated electric system. With the purpose of validate the simulation results, curves of response were obtained from the real system in the labora- tory and were compared to both responses, giving a satisfactory and very similar result. These results will functionate as a basis for further studies in the areas of speed control (or charge controller) and system stability, among others, in the field of MHPs for small isolated systems. Keywords MHP, assembly, modeling, isolated system, AVR, sigmoidal curve, tune. Resumo O trabalho apresenta a montagem e modelagem de uma planta formada por uma turbina hidráulica e um gerador sín- crono para seu funcionamento como parte de uma Micro Central Hidroelétrica (MCH) para pequenos sistemas isolados. Uma vez feita a montagem da planta em laboratório, partiu-se para o desenvolvimento de um modelo empírico do processo, na forma de curvas de reação, obtidas utilizando-se a técnica de resposta ao degrau; e que possibilitou a aproximação das variáveis prin- cipais envolvidas para um modelo de primeira ordem com tempo morto. Depois de obtidas as funções de transferência da planta, projetou-se um controlador PID com a finalidade de manter a tensão de saída do gerador a um valor de referência adequado para a sua distribuição na rede elétrica no sistema isolado. A seguir, com a finalidade de validar os resultados obtidos nas simulações, obtiveram-se curvas de resposta do sistema real em laboratório e compararam-se ambas as respostas, dando um resultado satisfa- tório e muito parecido. Estes resultados servirão como base para futuros estudos nas áreas de controle de velocidade (ou gover- nador de carga) e estabilidade do sistema, entre outros, no campo das MCHs para pequenos sistemas isolados. Palavras-chave MCH, montagem, modelagem, sistema isolado, AVR, curva sigmoidal, sintonia. 1 Introdução Em um sistema isolado, o grupo turbina hidráuli- ca – gerador precisa para o seu correto funcionamen- to de governadores ou controladores que o mante- nham funcionando a valores nominais de operação. As variações na potência real (ou ativa) afetam principalmente à freqüência do sistema, enquanto que variações na potência reativa afetam principalmente a amplitude da tensão. Portanto, é possível controlar a potência ativa e reativa de maneira independente. A malha de controle de potencia real – freqüência LFC (load frequency control), controla a potência real e a freqüência (velocidade de rotação do gerador); en- quanto que a malha do regulador automático de ten- são ou de potência reativa – tensão AVR (automatic voltage regulator) regula a potência reativa e a am- plitude da tensão. Mudanças na potência real podem ser feitas através do ângulo do rotor e, por conseguin- te, da freqüência; a potência reativa pode ser contro- lada através da tensão de excitação do gerador (Van- fretti, 2005). A função básica de um sistema de excitação é de prover a corrente contínua ao enrolamento de campo de uma máquina síncrona. Além disso, o sistema de excitação desempenha funções de controle e proteção essenciais para o funcionamento satisfatório do sis- tema de potência através do controle da tensão de campo, e por conseqüente, da corrente de campo. As funções de controle incluem o controle da tensão e da potência reativa, como também o melhoramento da estabilidade do sistema (Vanfretti, 2007). Os controladores eletrônicos de velocidade (ou governadores de carga) se utilizam em pequenas cen- trais e sistemas isolados; estes mantêm a velocidade do conjunto turbina – gerador constante desviando para um dissipador (aquecedor de água ou ar) toda a energia elétrica que não esteja sendo consumida. So- mando as turbinas hidráulicas, os geradores, os con- troladores de tensão e de freqüência, e os painéis de controle, podem-se montar grupos completos de ge- ração hidroelétrica. Neste trabalho é apresentado o processo de iden- tificação dos parâmetros e a obtenção do modelo dinâmico da planta, definida como o conjunto turbina hidráulica – gerador elétrico, a partir de provas expe- rimentais em laboratório em uma planta montada para tal finalidade; para depois desenvolver a sinto- nia do controlador de tensão de saída da energia elé- trica gerada, com o objetivo de ter um modelo que sirva como base para futuras pesquisas sobre desen- volvimento e projeção dos controladores eletrônicos

Upload: truongkhuong

Post on 24-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 356

MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR SÍNCRONO – TURBINA HIDRÁULICA

PARA SEU ESTUDO E OPERAÇÃO EM MICRO CENTRAIS HIDROELÉTRICAS PARA PEQUENOS

SISTEMAS ISOLADOS

JOSÉ DENTI FILHO, ÁLVARO CHRISTIAN MONTAÑO SAAVEDRA1

1. Laboratório de Controle Inteligente, Departamento de Engenharia Elétrica,UFES

Av. Fernando Ferrari, 514, CEP 29075 – 910, Vitória - ES

E-mails: [email protected], [email protected]

Abstract This work presents the assembly and modeling of a plant constituted by one turbine and one synchronous generator to function as a part of a Micro Hydroelectric Plant (MHP) for small isolated systems. Once the assembly of the plant at the la-boratory was constructed, has started the developing of an empirical model of the process in the form of reaction curves, ob-tained by the use of the step response technique that allowed the approximation of the main variables involved in a first order with dead time model. After obtaining the transfer functions of the plant, a PID controller was designed in order to maintain the output voltage of the generator on an appropriate reference value for electrical distribution in the network of the isolated electric system. With the purpose of validate the simulation results, curves of response were obtained from the real system in the labora-tory and were compared to both responses, giving a satisfactory and very similar result. These results will functionate as a basis for further studies in the areas of speed control (or charge controller) and system stability, among others, in the field of MHPs for small isolated systems.

Keywords MHP, assembly, modeling, isolated system, AVR, sigmoidal curve, tune.

Resumo O trabalho apresenta a montagem e modelagem de uma planta formada por uma turbina hidráulica e um gerador sín-crono para seu funcionamento como parte de uma Micro Central Hidroelétrica (MCH) para pequenos sistemas isolados. Uma vez feita a montagem da planta em laboratório, partiu-se para o desenvolvimento de um modelo empírico do processo, na forma de curvas de reação, obtidas utilizando-se a técnica de resposta ao degrau; e que possibilitou a aproximação das variáveis prin-cipais envolvidas para um modelo de primeira ordem com tempo morto. Depois de obtidas as funções de transferência da planta, projetou-se um controlador PID com a finalidade de manter a tensão de saída do gerador a um valor de referência adequado para a sua distribuição na rede elétrica no sistema isolado. A seguir, com a finalidade de validar os resultados obtidos nas simulações, obtiveram-se curvas de resposta do sistema real em laboratório e compararam-se ambas as respostas, dando um resultado satisfa-tório e muito parecido. Estes resultados servirão como base para futuros estudos nas áreas de controle de velocidade (ou gover-nador de carga) e estabilidade do sistema, entre outros, no campo das MCHs para pequenos sistemas isolados.

Palavras-chave MCH, montagem, modelagem, sistema isolado, AVR, curva sigmoidal, sintonia.

1 Introdução

Em um sistema isolado, o grupo turbina hidráuli-ca – gerador precisa para o seu correto funcionamen-to de governadores ou controladores que o mante-nham funcionando a valores nominais de operação.

As variações na potência real (ou ativa) afetam principalmente à freqüência do sistema, enquanto que variações na potência reativa afetam principalmente a amplitude da tensão. Portanto, é possível controlar a potência ativa e reativa de maneira independente. A malha de controle de potencia real – freqüência LFC (load frequency control), controla a potência real e a freqüência (velocidade de rotação do gerador); en-quanto que a malha do regulador automático de ten-são ou de potência reativa – tensão AVR (automatic

voltage regulator) regula a potência reativa e a am-plitude da tensão. Mudanças na potência real podem ser feitas através do ângulo do rotor e, por conseguin-te, da freqüência; a potência reativa pode ser contro-lada através da tensão de excitação do gerador (Van-fretti, 2005).

A função básica de um sistema de excitação é de prover a corrente contínua ao enrolamento de campo de uma máquina síncrona. Além disso, o sistema de excitação desempenha funções de controle e proteção

essenciais para o funcionamento satisfatório do sis-tema de potência através do controle da tensão de campo, e por conseqüente, da corrente de campo. As funções de controle incluem o controle da tensão e da potência reativa, como também o melhoramento da estabilidade do sistema (Vanfretti, 2007).

Os controladores eletrônicos de velocidade (ou governadores de carga) se utilizam em pequenas cen-trais e sistemas isolados; estes mantêm a velocidade do conjunto turbina – gerador constante desviando para um dissipador (aquecedor de água ou ar) toda a energia elétrica que não esteja sendo consumida. So-mando as turbinas hidráulicas, os geradores, os con-troladores de tensão e de freqüência, e os painéis de controle, podem-se montar grupos completos de ge-ração hidroelétrica.

Neste trabalho é apresentado o processo de iden-tificação dos parâmetros e a obtenção do modelo dinâmico da planta, definida como o conjunto turbina hidráulica – gerador elétrico, a partir de provas expe-rimentais em laboratório em uma planta montada para tal finalidade; para depois desenvolver a sinto-nia do controlador de tensão de saída da energia elé-trica gerada, com o objetivo de ter um modelo que sirva como base para futuras pesquisas sobre desen-volvimento e projeção dos controladores eletrônicos

Page 2: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 357

de freqüência, estabilidade do sistema, entre outras, em pequenos sistemas isolados.

2 Elementos da planta montada

2.1 Gerador

O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380 V e tensão de fase de 220 V, freqüência de 50 Hz (de fabricação peruana) e fator de potência de 0.8.

Figura 1. Sistema de excitação do gerador sem escovas

Na figura 2 é apresentada a estrutura do regula-dor de tensão.

Figura 2. Diagrama de blocos do AVR.

O funcionamento do AVR é baseado na compa-ração do valor eficaz da tensão de realimentação com a referência de tensão, ajustada pela soma do trimpot de ajuste de tensão com o trimpot externo. O erro é processado pela malha de realimentação cujo valor determina o ângulo de disparo do tiristor que pode variar de 0 a 180°, controlando desta forma a tensão de saída do gerador. Com zero graus de disparo tem-se zero volts na saída do retificador, e com disparo de 180 graus, tem-se a saída máxima dada pelo retifica-dor de meia onda.

2.2 Turbina hidráulica

Nas provas em laboratório foi usada uma turbina tipo Banki, que admitia uma vazão máxima de 30 [l/s], desenhada para uma altura de 40 [m] e com uma potência no eixo de 8 [kW].

Figura 3. Turbina hidráulica tipo Banki

2.3 Planta montada

Na figura 4 mostra-se o esquema da planta que foi montada para realizar a experimentação; deve-se notar que todas as provas foram feitas a velocidade constante, com ajuda de um governador eletrônico de carga (f = cte.); isto foi feito devido a que o sistema é basicamente um sistema linearmente independente, ou seja, que o controle de tensão e de velocidade pode ser feito de forma independente. Se não tivesse sido usado o governador de velocidade teríamos ob-tido dados que não refletiriam o comportamento real do gerador, devido a que a resposta também estaria influenciada pela inércia dos demais componentes da planta (p.e. a turbina hidráulica).

Figura 4. Sistema montado no laboratório

3 Obtenção do modelo dinâmico

3.1 Método de identificação dinâmica através do

teste degrau

Para a identificação das características essenciais de um processo sob avaliação, é possível utilizar uma entrada degrau. Assim, o chaveamento abrupto atra-vés de um acréscimo ou decréscimo na magnitude do degrau pode ser estabelecido em nosso caso pela variação da tensão de excitação.

Em Coelho e Coelho (2004) define-se um siste-ma linear por meio da sua resposta ao degrau para diferentes amplitudes no sinal de entrada (teorema da superposição): “um sistema é linear se a forma (cur-va) da resposta ao degrau não depende da amplitude do sinal de entrada”, o que é cumprido pelas provas feitas.

Os parâmetros a serem estimados dos resultados obtidos de um teste degrau são: o ganho do processo, a constante de tempo e o tempo morto.

3.2 Obtenção do modelo de primeira ordem com

tempo morto

Um modelo é uma representação matemática de um sistema. Por ser um análogo matemático do sis-tema, espera-se que o modelo seja representativo das principais características do sistema real (Aguirre, 2007). Dado que o sistema pode sofrer perturbações tanto positivas quanto negativas (ligamento ou desli-gamento da carga elétrica à saída do gerador), neste estudo utilizaram-se degraus positivos e negativos

Page 3: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 358

com a finalidade de observar o comportamento da planta diante estas perturbações. Portanto, obtiveram-se duas funções de transferência que descrevem a dinâmica do processo.

Existem vários métodos para estimar a constante de tempo de um processo e o tempo morto a partir da resposta ao degrau. O primeiro destes métodos foi proposto originalmente por Ziegler e Nichols. Pode-mos chamar este método de “método da tangente”. Outros dois métodos, o “método do ponto e da tan-gente” e o “método dos dois pontos”, dão resultados mais próximos. Em Corripio (2001) encontra-se que o “método dos dois pontos“ resulta em uma estima-ção mais alta do tempo morto e uma estimação mais baixa da constante de tempo do processo em compa-ração com os outros dois métodos; entretanto, o “mé-todo da tangente” é o outro extremo. Portanto, deci-diu-se por utilizar o “método do ponto e da tangen-te”.

3.3 Respostas da planta ao teste degrau sem AVR e

obtenção das funções de transferência

Levantaram-se as funções de transferência pelo registro das curvas de reação da tensão de saída do gerador frente a degraus aplicados à tensão de excita-ção do campo.

Na figura 5 o circuito utilizado para realizar as provas é mostrado.

Figura 5. Circuito para teste

Fizeram-se várias provas, tanto para degraus ne-

gativos quanto para positivos; na figura 6 pode se ver a resposta do sistema ao degrau positivo.

Figura 6. Degraus positivos na tensão de excitação e resposta do sistema

Tomam-se só os dados do segundo degrau, devi-do a que se supõe que a planta irá trabalhar em uma faixa entre 190 – 240 [Vac] que são os valores reco-mendados pelo fabricante do AVR para que este tra-balhe corretamente, pode se fazer uma aproximação da curva com ruído por uma curva sigmoidal (Ferrei-ra, 2000) segundo mostrado na figura 7.

Figura 7. Curva de reação do sistema e obtenção dos parâmetros para a modelagem do processo

A seguir, podemos ver uma tabela resumo de to-

das as funções de transferência encontradas nos dis-tintos testes.

Tabela 1. Resultados das respostas do processo ao teste degrau

Page 4: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 359

4 Modelo proposto para o controlador de tensão

4.1 Sistema de controle em malha fechada Uma descrição detalhada do diagrama funcional

do sistema de controle em malha fechada (SCMF) é dada na figura 8. Este diagrama mostra os principais componentes do sistema de controle, sendo:

o Referência (SP): Valor desejado da variável

a ser controlada. o Comparador: Dispositivo que constrói o si-

nal de erro entre o valor desejado e o obtido. o Controlador: Dispositivo que manipula o si-

nal de erro, gerando um sinal de controle que será aplicado no sistema, com a finali-dade de corrigir a variável a ser controlada.

o Atuador: Dispositivo que recebe o sinal de controle e gera um sinal com potência sufi-ciente para atuar sobre o sistema.

o Sistema: Dispositivo ou fenômeno que se deseja operar com alguma finalidade (obje-tivo de controle).

o Medidor (transdutor): Dispositivos respon-sáveis pela medição e conversão da variável a ser controlada para fins de comparação e obtenção do erro de saída.

o Output to Process (OP): É a ação ou sinal de saída do controlador, para nosso caso, a ten-são de excitação do gerador (Edc).

o Process Variable (PV): É a variável do pro-cesso ou variável controlada, que em nosso caso é a tensão gerada (Vac).

o Manipulate Variable (MV): É a variável manipulada através do atuador, para nosso caso, é a intensidade de campo magnético para poder gerar a FEM induzida.

Figura 8. Diagrama do sistema de controle malha fechada

4.2 Estratégia de controle utilizada

A controlabilidade da malha decresce quando a taxa entre o tempo morto do processo e sua constante de tempo se incrementa. Agora se pode definir o pa-

râmetro de incontrolabilidade (u

P ) da malha como:

τ

θ=uP (1)

Em Corripio (2001) um processo com um longo tempo morto será incontrolável se a sua constante de tempo for muito maior do que o tempo morto. Para valores do parâmetro de incontrolabilidade maiores do que 1, o sistema será incontrolável. A tabela 2

mostra o u

P para as funções de transferência obtidas

na tabela 1.

Tabela 2. Controlabilidade dos testes realizados

Os parâmetros estimados do teste 6 dão como re-

sultado um 1⟩u

P , isto pode ser por causa de muitas

razões, como por exemplo a má recolha dos dados quando feito o teste, uso incorreto do registrador, erro dos instrumentos de medição, etc. Portanto, ex-cluímos os dados do teste 6 para os futuros cálculos. 4.3 Sintonia do controlador

Segundo Astrom (1995) o controlador PID é de

longe o algoritmo mais comum de controle. Como mostrado na figura 2, o AVR tem incorporado um controlador PI, porém, devido ao tempo rápido de resposta do sistema com AVR, decidiu-se por usar um controlador PID paralelo para poder representar de uma maneira mais próxima o comportamento real do AVR operando juntamente com a planta (gerador - turbina hidráulica).

Como a finalidade é obter uma sintonia rápida e simples do sistema de controle, utilizamos um dos métodos mais simples e efetivos proposto para reali-zar a sintonia de controladores com realimentação (Corripio, 2001). Este método é conhecido como regras de sintonia IMC (Internal Model Control) e foi originalmente introduzido com o nome de “controller synthesis” em Martin (1976).

Para o modelo do processo de primeira ordem mais atraso, as regras IMC de sintonia consistem em fazer o tempo integral (

iT ) igual à constante de tem-

po (τ ) do processo e o tempo derivativo (D

T ) igual a

metade do tempo morto (θ ) do processo. O ganho do processo (

PK ) é depois ajustado para obter a res-

posta desejada. Para uma boa resposta a distúrbios, quando Pu

estiver entre 0,1 e 0,5, usar a fórmula:

θ

τ

KK

p

2= (2)

Page 5: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 360

Quando Pu for menor do que 0,1 ou maior do que 0,5 deve se usar só a metade do ganho como o valor inicial. Para uma resposta ótima a variações no set point, quando Pu estiver na faixa 0,1 a 0,5 e para um controlador PID usa-se a fórmula:

θ

τ

KK

p

83,0= (3)

As fórmulas acima confirmam a idéia de que o

ganho do controlador pode ser ajustado para obter vários tipos de resposta.

4.4 Estruturas do modelo do processo

Antes de definir as estruturas do modelo e fazer a sintonia do controlador, deve-se adaptar as unida-des das funções de transferência encontradas, isto é, o ganho adimensional (% / %), τ e θ em minutos. Para isto se utiliza a seguinte relação:

%]/[%)(

)(

12

12(%)

yy

uuKK

−= (4)

Os valores de 1y e 2y (240 [Vac] e 190

[Vac] respectivamente) formam a faixa de operação recomendada pelo fabricante do AVR para uma cor-reta operação do mesmo e sem que este sofra danos.

Conseqüentemente, os valores de 1u e 2u são obti-

dos a partir desses valores.

Tabela 3. Funções de transferência com as unidades adaptadas

Depois, optou-se por ter uma única função de transferência, tanto para o teste com degrau positivo quanto para o teste com degrau negativo; para isto obtiveram-se os valores médios de cada um dos pa-râmetros das funções de transferência.

Tabela 4. Funções de transferência com as unidades adapta-

das

A primeira estrutura propõe a utilização de duas

funções de transferência, e a partir delas, fazer a sin-tonia dos controladores PID para cada uma delas.

Enquanto a segunda estrutura de controle propõe que, na identificação experimental do processo, ao se repetir um teste degrau positivo e outro negativo, uma média dos parâmetros pode ser obtida. Na tabela 5 pode se ver um resumo das funções utilizadas nas duas estruturas.

Tabela 5. Funções obtidas para as diferentes estruturas de

controle

5 Resultados na planta real

A figura 9 mostra o diagrama de blocos da planta utilizada para fazer os testes; já na figura 10 apresen-tam-se as conexões do AVR para dar o degrau na tensão de excitação.

Figura 9. Malha fechada submetida à variação no SP

Page 6: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 361

Figura 10. Diagrama de conexão do AVR

Como visto acima, os pinos 6 e 7 do AVR são

utilizados para fazer um ajuste externo da tensão de referência (SP); neles foi instalado uma chave comu-tadora que tinha duas posições, uma para colocar os pinos em curto-circuito e o outro para conectar uma resistência de 1 [kΩ]. Deve-se mencionar que inici-almente ao gerador estavam ligadas cargas elétricas externas (resistências de ar e lâmpadas), isto para poder ter um funcionamento correto do AVR e poder atingir os valores nominais sem problemas.

Na figuras 11 e 12 apresentam-se as respostas obtidas ao degrau positivo e negativo nas simulações e nos testes na planta real para a primeira estrutura de controle.

Figura 11. Resposta do sistema ao degrau positivo no SP

Figura 12. Resposta do sistema ao degrau negativo no SP

Já nas figuras 13 e 14 apresentam-se as respostas

obtidas para a segunda estrutura de controle.

Figura 13. Resposta do sistema ao degrau positivo no SP ob-

tida com a segunda estrutura de controle

Figura 14. Resposta do sistema ao degrau negativo no SP obtida com a segunda estrutura de controle

Page 7: MONTAGEM E MODELAGEM DE UM GRUPO GERADOR … · O gerador é síncrono do tipo “BRUSHLESS”, de três fases com conexão em estrela com ponto neu-tro; uma tensão de linha de 380

X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente18 a 21 de setembro de 2011São João del-Rei - MG - Brasil

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 362

Figura 15. Planta para experimentação

6 Conclusão

Neste artigo é apresentado o modelo obtido ex-perimentalmente da planta (gerador – turbina hidráu-lica) e o controlador PID projetado usado para con-trolar a tensão de saída da energia elétrica gerada, que demonstraram ter um comportamento dinâmico muito próximo com a planta real. Então é mostrado que uma função de transferência de primeira ordem com tempo morto pode representar o comportamento do processo de forma satisfatória. O trabalho feito poderá ser a base para futuros trabalhos no que se refere a pesquisas nas áreas de controle de velocida-de, estabilidade do sistema, entre outros, no campo das Micro Centrais Hidroelétricas.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer ao IHH – UMSA (La Paz - Bolívia) e ao CNPq.

Referências Bibliográficas

Aguirre, L., 2007, Introdução à Identificação de Sistemas, UFSC, Brasil.

Aström, K e Hägglund, T., 1995, PID Controllers: Theory, Design and Tuning, ISA, USA.

Coelho, A e Coelho, L., 2004, Identificação de Sistemas Dinâmicos Lineares, UFSC, Brasil.

Corripio, A., 2001, Tuning of Industrial Control Sys-tems, ISA, USA.

Ferreira, E., 2000, Proposta de Controle para uma Coluna de Destilação Didática, UFES, Brasil.

Martin, J Jr., 1976, How to Select Controller Modes and Tuning Parameters from Simple Process Models, ISA Transactions, Vol. 15, pp. 314-19.

Vanfretti, L., 2005, Modelación y Simulación de la Máquina Síncrona y su Operación en Sistemas de Potencia, USAC, Guatemala.

Vanfretti, L., 2007, Sistemas de Control de Excita-ción y Estabilizadores de Sistemas de Potencia, RPI, USA.