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    1. Apresentação do grupo 

    Núcleo de Estatísticas sobre a Universidade (NEU) tem como objetivo realizar 

    pesquisas empíricas quantitativas e fornecer subsídios para as mais diversas discussões sobre a universidade pública. Trata-se de um grupo auto-organizado, formado apenas 

    por estudantes, cujo início se deu em um contexto de debates sobre o novo projeto 

    político-pedagógico da Faculdade de Direito da USP, e cuja motivação é derivada da 

    constatação, por parte do grupo, de que todas estas discussões teriam muito a ganhar 

    com o conhecimento da dimensão numérica da realidade à qual se referem. Acreditamos 

    que com a cooperação e confiança do corpo discente e a constante atenção ao rigor 

    metodológico é possível construir um debate mais qualificado e pautado na realidade.

     Atualmente, o NEU conta com   seis integrantes, tendo todos e todas ajudado na 

    elaboração deste relatório: Heloisa Bianquini Araujo, Rafael Viana Ribeiro, João Pedro 

    Favaretto Salvador, Matheus Zuliane Falcão, Rafael Edelmann e Vitória Oliveira.

    2. Introdução e justificativa

    Este relatório foi construído ao redor de dois objetivos principais:   (i)   obter um perfil 

    socioeconômico dos e das estudantes da Faculdade de Direito da USP; e   (ii)   realizar um 

    mapeamento das demandas materiais do corpo discente. Para tanto, realizamos um 

     survey   eletrônico, divulgado pela rede social Facebook, com a duração de cinco minutos. 

    Esse questionário poderia ser respondido sem o preenchimento do nome, desde que 

    fosse fornecido o número USP, essencial para a comprovação de que o/a respondente 

    de fato é aluno da FDUSP. O 

     survey  

    foi divulgado tanto através de grupos de Facebook quanto através de mensagens eletrônicas enviadas diretamente aos alunos.

    Decidiu-se que o recorte da pesquisa se limitaria a integrantes da turma 189. A  

    razão para isso é o fato de que esta turma teve uma forma de ingresso diferente de todas 

    as anteriores. Enquanto turmas que precedem a 189 tiveram seus e suas estudantes 

    selecionados apenas pelo exame da FUVEST, sem qualquer tipo de reserva de vagas, a 

    turma 189 teve 20% de seus e suas estudantes selecionados por outro exame, o ENEM 

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    (que, ao contrário da FUVEST, tem abrangência nacional), e estes mesmos 20% de vagas 

    foram reservados para egressos/as de instituições de ensino públicas.

     A abrangência do ENEM pode ter como resultado o maior ingresso de alunos de 

    outros estados além de São Paulo, e a reserva de vagas para escolas públicas também 

    pode causar uma mudança de procedência social dos/as ingressantes, pela entrada de 

    mais pessoas menos favorecidas financeiramente. Portanto, justamente pela seleção da 

    última turma ter-se realizado de forma   sui generis   em relação a todas as outras, o que 

    provavelmente causou e causará algum tipo de mudança no perfil socioeconômico dos e 

    das ingressantes, e pela grande probabilidade desse modelo de processo seletivo ser 

    mantido durante os próximos anos da FDUSP, a turma 189 foi selecionada como recorte 

    de pesquisa.

     Acreditamos que a relevância dessa pesquisa reside no ineditismo dos dados que 

    ela se propõe a organizar (como dados sobre gastos financeiros dos e das estudantes), 

    bem como no suporte empírico que ela pode proporcionar a qualquer discussão que 

    tangencie ou entre diretamente no tema da permanência estudantil. Acreditamos também 

    que ela mapeia as necessidades principais do corpo discente da FDUSP e dos/as 

    estudantes com bastante precisão (distinguindo renda própria, renda familiar, localização 

    da família, gastos com moradia, transporte, dentre outros) e considerável confiabilidade 

    (a amostra tomada, de 149 respondentes, corresponde a aproximadamente 32,4% do 

    total de ingressantes pela turma 189).

    3. Metodologia utilizada

    Tendo em vista a iminência de momentos de extrema relevância para o debate 

    acerca da permanência estudantil na FDUSP, além do contexto de greve estudantil, a 

    metodologia adotada por esta pesquisa foi a do   survey   (questionário) eletrônico, já que 

    ele possibilita que os e as respondentes possam responder às questões não 

    presencialmente. Ele consiste em um questionário a ser preenchido com uma série de 

    questões bem definidas e de rápida resposta. O método foi escolhido por ser o mais 

    viável para colher grandes volumes de dados de um grande número de pessoas com 

    rapidez (ainda mais proporcionada pelo   survey estar em formato digital), sem relevantes 

    perdas em precisão. O preenchimento do formulário se deu por meio da plataforma de 

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    elaboração de formulários eletrônicos desenvolvida e gratuitamente proporcionada pela 

    Google   (Google Forms) , sendo que os alunos levariam cerca de 5 minutos para responder 

    a todas as questões. Os dados recebidos em razão do preenchimento dos questionários 

    alimentaram uma base de dados que está disponível na íntegra, exceto pelo número USP 

    dos e das respondentes (substituído por um identificador numérico), no link a seguir: 

    http://bit.ly/263x4Jj 

    .

    4. Apresentação e análise dos dados

     Após a identificação do ou da estudante, por meio do número USP, pergunta-se o 

    período em que ele ou ela está matriculado, bem como se a forma de ingresso foi pelo 

    SISU ou pela FUVEST. A aproximação das porcentagens da amostra com as 

    porcentagens reais (as porcentagens estabelecidas pelos processos seletivos são de 

    48,9%/51,1% de alunos no período diurno e noturno, respectivamente, e 20% de alunos 

    tendo entrado pelo SISU) comprova a confiabilidade e a possibilidade de generalização 

    do espaço amostral. A variação no caso do período foi de 5,6% em relação às 

    porcentagens reais, e a variação por forma de ingresso foi de 5,5%.

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    http://bit.ly/263x4Jj

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     A próxima pergunta referia-se à idade dos e das ingressantes. Para obtermos os 

    perfis de quem ingressa em cada um dos processos seletivos, cruzamos os dados de 

    processos seletivos com os de faixa etária.

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    De acordo com o gráfico, os e as ingressantes pela FUVEST possuem um perfil 

    esmagadoramente jovem: 78,4% dos ingressantes estão na faixa de idade de 16 a 20 

    anos. Já o ingresso pelo ENEM, apesar de ocorrer em sua maioria também por pessoas 

    muito jovens (55,3% estão na faixa de 16 a 20 anos), possui um perfil mais diversificado: 

    as outras faixas de idade respondem por 44,6% dos ingressantes.

     A próxima pergunta era   “Onde você mora?”  , perguntando qual a localização do 

    domicílio dos e das respondentes, tendo como opções:   (i)   capital;   (ii)   região 

    metropolitana de São Paulo; e (iii) outras cidades.

    Observa-se que, dentre os e as ingressantes do SISU, há uma maior porcentagem 

    de moradores/as da região metropolitana de São Paulo, de 23,7%; a mesma porcentagem fica em 14,4% para ingressantes da FUVEST.

     A próxima pergunta foi sobre em que bairro os e as respondentes moram. A partir 

    disso, foi possível verificar em que zonas da cidade de São Paulo se distribuem os e as 

    estudantes. Observa-se que há uma quantidade relativamente grande de pessoas que 

    moram no centro: é possível que isso tenha relação com a localização da FDUSP (fica na 

    subprefeitura da Sé, região central de São Paulo).

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    Na página seguinte, há um mapa (disponível em versão interativa no link: 

    http://bit.ly/1SGyFOv  ) sobre a distribuição de estudantes provenientes do SISU e da 

    FUVEST nos bairros da capital e na região metropolitana. É importante atentar-se a 

    algumas informações para a compreensão do gráfico. Estudantes que passaram via 

    FUVEST estão representados/as em azul; os/as do SISU, em laranja.

     Além disso, o tamanho dos círculos corresponde a um dado: o menor tamanho de 

    círculo representa um/uma respondente; os círculos maiores representam mais de 

    um/uma respondente, sendo 5 (cinco) o máximo de respondentes representados/as por 

    um mesmo circulo dentre ingressantes do SISU, e 14 (quatorze) o máximo de 

    respondentes simbolizados/as por um mesmo círculo dentre ingressantes da FUVEST. À  

    primeira vista, mesmo com a ressalva de que círculos maiores representam vários estudantes residentes no mesmo bairro, o número de pontos não parece corresponder 

    ao número total de respondentes. Isto se dá porque algumas respostas foram 

    descartadas, por não fornecerem informações que nos permitissem localizar o bairro 

    dentro do mapa da região metropolitana de São Paulo. Além disso, os pontos foram 

    colocados na posição central dos bairros declarados, podendo haver alguma 

    discrepância entre a localização do ponto e a localização real do/da respondente

    É possível observar uma concentração razoável de estudantes na área central da 

    cidade, com destaque para os bairros de Vila Mariana, Bela Vista e Jardim Paulista. 

    Contudo, pode-se afirmar que a presença de estudantes em bairros não pertencentes ao 

    Centro Expandido não é desprezível: há uma concentração no Jabaquara, e diversos 1

    pontos em pontos mais periféricos (ao menos em termos geográficos) da cidade, como 

    nos bairros do Rio Pequeno, Pirituba e Raposo Tavares (na Zona Oeste), Campo Limpo, 

    Vila Andrade, Capão Redondo, Sacomã, Cursino e Cidade Ademar (na Zona Sul), 

    Mandaqui e Tucuruvi (na Zona Norte), e Artur Alvim, Itaquera e São Miguel (na Zona 

    Leste). O mesmo pode ser dito em relação à presença em outras cidades da região 

    metropolitana, como Osasco, Carapicuíba, São Bernardo do Campo, Santo André, São 

    Caetano, Guarulhos e Cajamar (esta não foi enquadrada no mapa por falta de espaço).

    1 Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego): “O Centro Expandido da cidade de São Paulo é uma área da cidade localizada ao redor do centro histórico, e delimitada pelo chamado   minianel viário, composto pelas Marginais TIetê e PInheiros, mais as avenidas Salim Farah Maluf, Afonso d’Escragnolle Taunay, Bandeirantes, Juntas Provisórias, Presidente Tancredo Neves, Luis Inácio de Anhaia Mello e o Complexo Viário Maria Maluf.   Esta região da cidade concentra a maior parte dos serviços, empregos e equipamentos culturais e de lazer da cidade, assim como a população de maior renda, salvo exceções.”

     

    Esta área é delimitada para a realização da Operação Horário de Pico, popularmente conhecida como “rodizio”, que é uma restrição municipal à circulação de automóveis em função do número final das placas. 

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     A pergunta posterior foi  “Com quem vocêmora?” , e teve como opções:   (i)   sozinho; 

    (ii)  com amigos/colegas;   (iii)   com a família/parentes;   (iv)   com outros estudantes, em 

    moradia estudantil da Universidade de São Paulo (CRUSP, Casa do Estudante etc); e   (v) 

    com outras pessoas, em pensão. Os resultados apurados encontram-se no gráfico a 

    seguir.

    Observa-se que, em relação a ambos os perfis de ingressantes, a maioria mora 

    com a família ou parentes. É interessante notar que, dentre os moradores de moradia 

    estudantil, quase todos são provenientes do SISU.

     A pergunta seguinte pretendeu investigar se os e as estudantes, em sua maioria, já 

    eram de procedência local ou se vieram de outros lugares para realizar o curso de Direito 

    na FDUSP. A pergunta, de múltipla escolha, tinha como opções: 

    (i) vim de outra cidade 

    para estudar na USP; e   (ii)   já era da capital/região metropolitana. As respostas podem ser 

    visualizadas no gráfico exposto na página seguinte:

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     A partir do gráfico da página 8, nota-se que o SISU serviu para diversificar o perfil 

    de ingressantes que já vieram de outra cidade, tendo uma maior variedade de pessoas 

    de outras regiões, com destaque para a região Sul.

    Enquanto as questões mostradas anteriormente buscavam captar o perfil 

    socioeconômico de ingressantes, as questões a seguir são focadas especificamente em 

    dados de renda e nas demandas materiais dessas pessoas. A primeira indagação feita 

    nesse sentido foi: “Você trabalha ou estagia?”  :

    Como é possível observar, as porcentagens de   (i)   alunos/as que estagiam; e   (ii) 

    alunos que não estagiam são praticamente as mesmas para ingressantes do SISU e da 

    FUVEST. A maioria não estagia, o que pode ser explicado pelo fato de que a pesquisa foi 

    feita entre estudantes do primeiro ano, e, como a maioria está numa faixa etária bastante 

     jovem (16 - 20 anos) e mora com a família (mais de 70% de respondentes, tanto para 

    SISU quanto para FUVEST), provavelmente não há a necessidade de complementar a 

    renda. Mais detalhes sobre estes aspectos serão fornecidos a seguir.

    O próximo gráfico está relacionado à pergunta de múltipla escolha   “No seu 

    emprego, você é…”, que continha as alternativas:   (i)   empregado/a do setor privado com 

    registro em carteira (CLT);   (ii)   empregado/a do setor privado sem registro em carteira;   (iii) 

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    autônomo/a regularizado/a; 

    (iv) 

    autônomo/a não regularizado/a (informal); 

    (v) 

    funcionário/a público;   (vi)   empregador/a;   (vii)   profissional liberal;   (viii)   estagiário/a 

    remunerado/a no setor público;   (ix)   estagiário/a remunerado/a no setor privado;   (x) 

    trabalhador/a familiar sem remuneração regular; e (xi) não estou empregado/a.

     As porcentagens do gráfico acima são relativas apenas às pessoas que declararam 

    trabalhar ou estagiar no questionário. É notável a quantidade de funcionários públicos, 

    que são a maioria tanto dentre ingressantes do SISU que trabalham ou estagiam (50% do 

    total) quanto dentre o total de ingressantes (29%) do total. Ingressantes da FUVEST possuem um perfil ocupacional mais diversificado, com predominância de autônomos 

    não regularizados (26,3%). Empregos informais são mais comuns dentre quem fez 

    FUVEST (47,3% de todas as ocupações) do que dentre quem fez ENEM (25%). Os 

    estágios representam 22,6% das ocupações de primeiroanistas.

     A próxima questão foi:   “Se você estagia, qual o valor que recebe no estágio 

    (contando vale transporte e vale alimentação)?”.    A questão era opcional (vários 

    respondentes poderiam não estagiar por estarem no primeiro ano) e teve apenas 7 

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    respondentes. Apesar da amostra ser muito pequena, é oportuno utilizá-la 

    ilustrativamente, sem pretensões de generalização, apenas para que se tenha noção da 

    remuneração recebida por um/a estagiário/a primeiroanista:

     A questão seguinte foi: 

    “Somada a renda mensal de todos os membros do seu 

    domicílio, em qual faixa de renda domiciliar você se enquadra? (se sua família não mora 

    com você mas te ajuda em suas despesas, considere a renda da família)”.   Os 

    ingressantes foram separados por modalidade de ingresso, e os resultados estão 

    adiante:

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    É possível observar que a renda de ingressantes do SISU é substancialmente mais 

    baixa em relação a ingressantes da FUVEST, sendo bem mais da metade dos que 

    possuem a a faixa de renda mais baixa do gráfica, bem como muito menos da metade 

    dos que possuem a faixa de renda mais alta.

     Além disso, existe uma quantidade substancial de estudantes com renda familiar 

    que pode ser considerada baixa: 18,4% possuem renda familiar entre R$ 881,00 a 

    3520,00. Há também uma porcentagem grande de estudantes (22,7%) que estão na faixa 

    de renda de R$ 3251,00 a 6160,00, o que, a depender do tamanho da família e das 

    necessidades dos/das integrantes dela, pode ser pouco.

    Posteriormente, para avaliar as demandas individuais dos e das estudantes, 

    perguntamos o seguinte:   “Qual a sua renda pessoal (o que você recebe, contando salário 

    de emprego ou estágio, bolsas de auxílio, dinheiro enviado pelos pais etc)?”.   As respostas 

    obtidas estão ilustradas nos gráfico a seguir. Como a pergunta era aberta, consideramos 

    apenas as respostas que continham um valor numérico exato: foram descartadas 

    respostas como “depende” ou “ganho entre R$ 1000,00 e R$ 2000,00”. Além disso, não 

    foram incluídas respostas com o valor “0”, afinal, é bastante improvável que alguém de fato não tenha qualquer renda; a explicação mais plausível é que este tipo de resposta 

    seja de estudantes que não trabalham e não possuem fonte de renda pessoal, sendo 

    sustentados pela família.

    O primeiro gráfico mostra a distribuição dos valores fornecidos por respondentes 

    que preencheram valores menores ou iguais a R$ 1000,00, referindo-se a um universo de 

    57 respostas:

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    Tais valores podem ser provenientes de muitos lugares: podem representar o 

    valor de uma mesada, o valor recebido por um estágio, ou mesmo o valor de bolsas ou 

    auxílios da USP. Por isso, é importante entender que este gráfico não possui, sozinho, 

    grande força explicativa, devendo ser comparado a outros gráficos, como o de faixas de 

    renda mensal familiar, o de valores recebidos nos estágios e o de fração de pessoas que 

    recebem auxílios da Universidade de São Paulo. As mesmas ressalvas são válidas para 

    os outros gráficos, exibidos a seguir, sobre renda pessoal mensal.

    O segundo gráfico refere-se a renda pessoal mensal como um todo (sem o limite de 

    R$ 1000,00 considerado anteriormente; e, para não tornar a visualização do gráfico ruim, 

    excluímos uma resposta, que declarava renda pessoal mensal de R$ 17000,00).

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    curso quando receberam o survey. A questão foi:  “Você sente a necessidade de estagiar  

     por motivos financeiros em um futuro próximo?”.   Os resultados encontram-se no gráfico 

    a seguir, discriminados pela modalidade de ingresso do/da ingressante:

    Considerando o total de respondentes, 54,3% das pessoas declararam a 

    necessidade de estagiar por motivos financeiros. É notável a disparidade das respostas 

    entre ingressantes da FUVEST e do SISU: mais de 70% dos respondentes do SISU 

    confirmaram ter esta necessidade, contra pouco menos de 50% dos respondentes da 

    FUVEST.

    Depois, foi questionado o seguinte:   “Você recebe algum tipo de bolsa ou auxílio 

    financeiro?”.   Dos/das 149 respondentes, apenas 7 assinalaram respostas do tipo “sim”: 

    três marcaram 

    “Sim, da Universidade de São Paulo”; 

    dois marcaram 

    “Sim, de ONGs ou outras instituições privadas”,   e um marcou   “Sim, de programas do governo 

    federal/estadual/municipal.”

    É interessante comparar as respostas a esta pergunta com as respostas dadas à 

    questão seguinte:   “Você já tentou se inscrever para alguma bolsa da USP?”.   Dentre o 

    mesmo número de respondentes da questão anterior, seis pessoas assinalaram  “Sim, e 

    consegui”   e dez assinalaram   “Sim, e não consegui”;   os/as restantes responderam   “Não”. 

     A diferença entre o número de pessoas que responderam   “Sim, da Universidade de São 

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    Paulo”   na questão anterior e as que responderam a essa questão   “Sim, e consegui”   pode 

    ter diversas razões; dentre elas, destacamos:   (i)   incompreensão dos/das respondentes 

    acerca da pergunta anterior; e   (ii)   alguns estudantes podem ter conseguido auxílio do 

    SAS relativo ao semestre seguinte, mas não auxílios emergenciais correspondentes ao 

    primeiro semestre. Além disso, é possível observar uma demanda por auxílios da USP 

    que não foi satisfeita.

     A pergunta seguinte foi   “Se você recebe uma bolsa da USP, que tipo de bolsa é?”. 

    Dos/as 149 respondentes, apenas quatro marcaram respostas indicando o recebimento 

    de alguma bolsa da USP: três respostas referiam-se ao auxílio-moradia financeiro, e uma 

    referia-se a bolsa de monitoria/atividade de cultura e extensão. As ressalvas que fizemos 

    em relação às respostas da questão anterior também são cabíveis a estas respostas.

     A questão  “Você paga aluguel (nas questões sobre aluguel, considere como parte 

    do aluguel o valor do condomínio e do IPTU)?”   tem suas respostas mapeadas no gráfico 

    abaixo (a porcentagem da fatia   “Sim, moro com minha família e contribuo para o 

     pagamento do aluguel” não coube no gráfico, e é de 3,4%):

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    Segundo o gráfico, 20,2% dos/das estudantes são, de alguma forma, 

    responsáveis pelo pagamento do aluguel de suas residências. A pergunta seguinte, com 

    o objetivo de mapear as necessidades materiais do corpo discente, buscou apurar qual o 

    valor pago pelos aluguéis. Tivemos 27 respostas que trouxeram valores fixos:

    Nota-se, a partir do gráfico, que os valores desembolsados em aluguéis giram em 

    torno de R$ 500,00 a 1500,00.

    Depois das questões sobre moradia, foi abordado o tema do transporte. Em 

    primeiro lugar, procurou-se apurar os meios mais usados para o transporte até a 

    Faculdade. Os resultados estão na imagem a seguir:

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     A opção  “Bicicleta, skate, patins”,   cuja porcentagem não coube no gráfico, teve 

    1,3% de respondentes. As opções   “Táxi/uber”   e   “Van/fretado”   não chegaram a ser 

    assinaladas por qualquer um/uma dos respondentes. Os dados mostram uma preferência 

    esmagadora pela utilização de transporte público.

    Dentro do tema, a pergunta posterior foi:   “Você gasta seu dinheiro para se 

    transportar até a Faculdade?”, cujas respostas foram:

     As respostas   “Não (outros motivos, como por exemplo, ir de carona com os pais ou 

    com amigos)”   representaram 5,4% do total. Segundo o gráfico, a quase totalidade do 

    corpo discente possui gastos com transporte. A próxima questão buscou mapear a 

    extensão de tais gastos:   “Se você gasta, quanto gasta mensalmente com transporte para 

     ir à Faculdade?”.   No gráfico da página seguinte, tais valores estão consolidados. Foram 

    consideradas apenas as respostas que forneciam um número exato (ou seja, descartamos respostas do tipo “gasto entre R$ 100 e 200”; mas consideramos respostas 

    como “aproximadamente 100 reais”) e acima de 1. Além disso, foram arredondados 

    valores que contavam centavos.

    Observa-se, a partir da figura, que 75,8% das pessoas que possuem gastos com 

    transportes desembolsam valores entre R$ 51,00 e 200,00, sendo esta demanda material 

    facilmente mensurável.

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     A pergunta seguinte buscou mensurar valores gastos na alimentação, sendo esta 

    uma pergunta aberta, cujas respostas estão organizadas abaixo. As observações feitas 

    acerca de quais respostas foram consideradas quando se perguntou valores gastos com 

    transporte cabem a estes dados (bem como aos dados de saúde e higiene básica que 

    serão mostrados logo adiante).

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    Pode-se observar que a maioria dos/as respondentes (49,6%) marcaram valores 

    entre R$ 1,00 e 200,00. Quanto a este dado, é importante fazer duas ressalvas sobre 

    valores muito baixos: 

    (i) 

    algumas pessoas podem declarar gastar pouco com comida por 

    fazerem suas refeições em suas casas, junto com a família, a qual arcaria como um todo 

    com os gastos com alimentação;   (ii)   nem sempre o que os/as respondentes declaram 

    gastar corresponde às necessidades e demandas reais, podendo ser valores menores 

    que o necessário para sua alimentação. Foi recebida, inclusive, uma resposta em que o/a 

    discente declarava passar fome quando estava na Faculdade.

    Sobre alimentação dentro da Faculdade, é importante saber que a FDUSP oferece 

    apenas duas refeições diárias, ao contrário do campus do Butantã, que também oferece 

    o café da manhã; além disso, ela não oferece refeições aos finais de semana, feriados e recessos. Se um/uma estudante almoçar e jantar por 20 dias (normalmente, esta é a 

    quantidade de dias úteis em um mês) no bandejão da FDUSP, ele ou ela gastará R$ 

    76,00. Lembrando que outros gastos diários com alimentação são necessários, como o 

     já mencionado café da manhã, bem como eventuais refeições à tarde ou à noite.

    O gráfico a seguir mostra valores gastos em produtos de saúde e higiene básica, e 

    revela que a maioria dos/as respondentes gasta até R$ 100,00 com este tipo de produto:

     A pergunta posterior,  “Você é pai ou mãe?”   teve apenas duas respostas positivas, 

    dentre 149 respondentes. Todos eram pais.

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     A penúltima pergunta, aberta e cuja resposta era opcional, era:  “Qual a renda que 

    você acredita que seria a mínima necessária para você viver com dignidade?”.   A pergunta 

    usou o termo “você” para aproximar os/as respondentes da problemática da questão. A  

    partir das respostas, foram cruzados dados de renda pessoal mensal e de renda mínima 

    que os/as respondentes alegaram necessária. Os resultados estão nos gráficos a seguir, 

    separados por respondentes egressos/as da FUVEST (em vermelho) e do SISU (em 

    amarelo):

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    Tanto a renda ideal quanto a renda real são mais elevadas no gráfico da FUVEST. 

     Além disso, é interessante observar que, em ambos os gráficos, as rendas consideradas 

    ideais para uma pessoa viver com dignidade concentram-se entre o intervalo de R$ 

    500,00 a 3000,00.

    Por fim, o questionário trouxe uma pergunta bastante aberta e opcional (não 

    precisava ser respondida para o envio do questionário), com o objetivo de medir a 

    percepção dos e das estudantes sobre suas condições materiais e sobre a pertinência e 

    possível importância da Universidade como garantidora da permanência estudantil. 

    Dentre as 62 respostas recebidas, 

    cinquenta e três expressaram uma visão positiva 

    sobre a pauta da permanência estudantil, sua melhora e expansão; 

    sete respostas não 

    abordaram de fato o tema; e apenas 

    duas expressaram uma visão contrária à importância e à necessidade de melhora e expansão dos programas de permanência 

    existentes. Além disso, 

    trinta e nove 

    respostas continham críticas sobre as políticas de 

    permanência atuais e sobre a forma com que essa questão vem sido tratada na FDUSP e 

    na USP como um todo.

     A seguir, reproduzimos integralmente as respostas que abordaram o tema da 

    permanência, apenas ocultando nomes de pessoas que foram citadas:

    “A faculdade deveria fazer de tudo para que o aluno não precise trabalhar ou 

    estagiar durante o curso - pelo pouco que vi, Direito é uma área de conhecimento que se 

     beneficia muito de dedicação e esforço.“

    “  A USP tem critérios muito rígidos de concessão de bolsas. Quase ninguém 

    consegue preenchê-los. Além disso, durante greves dos funcionários as bolsas são 

     suspensas, o que leva a uma insegurança muito grande de quem depende de bolsa. O 

    que realmente funciona é o bandejão, pois todos têm acesso.“

    “A USP e a Faculdade de Direito deveriam, na medida de suas capacidades, 

     ampliar instrumentos de permanência para quem não tem recursos suficientes.”

    “  Fraca política de permanência , sem incentivo, e mascarada por uma sensação 

    de ‘fazemos o que é possível’”.

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    “Já possuo outra graduação e trabalho na área. Só consigo morar em SP por  

    causa disso, pois meus pais teriam q fazer um esforço para me manter aqui com a renda 

    deles.   Caso não trabalhasse, dependeria de fazer algum estágio para manter a 

     graduação, ainda mais considerando os preços de SP. Todo mundo em casa trabalha 

    e por isso aumenta a renda total.”

    “  Permanência estudantil não pode se resumir a bolsas.  Acredito que a 

    comunidade discente tenha consciência disso, porém o corpo docente não. E mesmo 

    elas faltam.”

    “Não tenho necessidade de permanência estudantil. Moro em São Paulo com 

     meus pais. Porém, 

     acredito que para uma pessoa que venha do interior é muito difícil viver em São Paulo sem ajuda de custos. A Casa dos Estudantes que é uma 

    opção de moradia para os alunos de Direito não possui condições adequadas para os 

     moradores e a faculdade não ajuda com a manutenção desta. A ajuda de custos prestada 

     pela faculdade é insuficiente, tendo em vista o custo de vida numa cidade como São 

    Paulo.”

    “Deveria ser melhor discutido, levado mais a sério  .”

    “  A necessidade de o Centro Acadêmico bancar a única medida de 

     permanência que contempla alunos da FD (Butantã é inviável, pela distância e 

    dificuldade de conseguir)   diz muito sobre a postura da Faculdade sobre isso.”   [falando 

    sobre a Casa do Estudante]

    “Pelas palestras assistidas vejo que falta apoio de todos os tipos para a casa do 

    estudante.”

    “A Faculdade de Direito e a Universidade de São Paulo tem sistemas pífios de 

     permanência estudantil. No entanto, a Universidade, ainda que precariamente mantêm o 

    Crusp, enquanto a  FDUSP delega ao centro acadêmico, entidade privada de 

     representação dos estudantes, a função de garantir moradia aos seus estudantes. 

     Essa situação é inadmissível.”

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    “USP: dificuldades de conseguir os auxílios e o acesso é dificultado à FDUSP por  

    causa da distância com a Cidade Universitária. FD: não tem nada relacionado a 

     permanência estudantil.”

    “  A permanência estudantil é extremamente negligenciada dentro dessa 

    faculdade/universidade.”

    “Sou um pouco ignorante sobre o assunto. Mas pelo o que eu ouço falar a 

     permanência estudantil não é boa na faculdade. Não há auxilio efetivo por parte da 

     instituição para os necessitados (não como deveria ter).”

    “  A Faculdade não vê importância na permanência estudantil. Fui aprovada  para receber uma bolsa e nunca recebi o pagamento. Meu caso não chega a ser   

    crítico, pois moro com minha mãe, mas já tenho grandes dificuldades, imagino então para 

     aqueles que dependem mesmo das medidas de permanência estudantil da Faculdade, 

    elas são pouquíssimas e muito restritas, a pessoa acaba praticamente privada do acesso 

     à educação.”

    “Acredito que haja falta de incentivo à permanencia estudantil e que a questao de 

    estagios deve ser avaliada pra que permita-se estagios, mas que busque impedir aqueles 

    que atrapalhem a formação dos estudantes.”

    “Só olharmos para a situação atual da Sanfran para perceber que a permanência 

     passa longe das prioridades da faculdade... “

    “A critica a forma como a USP trata a questão da permanência se resume a dois 

     pontos:

    1. Devido a quantidade irrisória de auxílios disponíveis (diferente do que afirma o/a 

     prof.   [nome omitido]  ) as bolsas não se direcionam a quem precisa delas, mas a quem 

    MAIS precisa. Sendo assim, por mais que ela garanta a permanência de uma parcela 

    extremamente necessitada, ela exclui uma parcela que também precisa urgentemente das 

     bolsas (caso não precisasse não estaria recorrendo a elas), e afirmo isso com base no que 

     me foi dito quando requeri um auxílio moradia, a assistente social disse que eu me 

    enquadrava na situação de necessidade do programa, que imagina que seria muito difícil  

     manter-me só com o que meus pais podem me mandar (analisando meus gastos 

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     mensais), mas que infelizmente existem pessoas numa situação ainda mais difícil que a 

     minha então a prioridade seria delas e possivelmente não sobraria bolsa para atender a 

     minha faixa socioeconômica. 2.   A burocratização no modelo de avaliação que eles 

    fazem para requerir auxílios também é falha. Conversei com pessoas que precisam 

    urgente de uma ajuda de custo mas não conseguiram provar que de fato estão 

     precisando pelo modelo como é feita a triagem econômica. Entendo que a situação 

    financeira de uma família está MUITO além de considerar a renda per capita dos 

     integrantes. E no que diz respeito a Faculdade de Direito não há o que se falar sobre a 

    questão da permanência porque a faculdade ignora totalmente as necessidades dos 

    estudantes.   Não há espaço para permanência numa faculdade elitista como é a São 

     Francisco.  A única forma de permanência que os alunos encontram é exterior a 

    faculdade, é através dos estágios, que sim, comprometem o aprendizado, mas é a única fonte de renda para quem precisa, nesse momento de cortes de bolsa pela USP.   Se eles 

     argumentam que a política de proibir estágios visa a valorização das extensões, 

     porque não fornecem bolsas para alunos hipossuficientes que integram os grupos 

    de extensões da faculdade em vez de partir para medidas tão radicais?  Não há 

    desvalorização das extensões pela maioria dos alunos, argumentar isso é ridículo. As 

    extensões só não estão cheias porque nem todos podem se dar ao luxo de passar tardes 

     no páteo em formação. Quem desvaloriza as extensões é a própria faculdade, é o diretor, 

    é a comissão de graduação e os membros da congregação.”

    “O critério de seleção deve ser mais flexível. Nem sempre a análise da renda 

    familiar é suficiente para determinar se há ou não a necessidade de apoio da 

    Universidade.”

    “ Crítico muito a USP não custear a casa do estudante, uma vez que é de 

     grande importância para a permanência estudantil de diversos alunos da FDUSP.”

    “Acredito que apenas porque não sou da periferia não quer dizer que sou rica.   É  

     muito difícil para minha família sobreviver em São Paulo com dois salários mínimos 

    e, apesar do meu interesse pela área de pesquisa e em extensões diversas, estou 

    enviando currículo para diversos lugares, pois necessito complementar a renda familiar. 

    Desta forma   a faculdade desaparece do primeiro plano, que se torna ganhar  

    dinheiro.”

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    “A entrada em uma universidade pública é algo realmente difícil, pelo menos para 

    um estudante advindo de escola pública. Conseguir entrar na USP, é um desafio maior  

     ainda. Um processo longo, árduo e, em certa medida, destrutivo. A dificuldade de se 

     manter estudando para o vestibular, sem contar com trabalho remunerado, é realmente 

     grande, desencoraja e desmotiva o estudante. Após esse processo, tendo o êxito de ter  

    conseguido entrar na universidade, o estudante depara-se com mais uma barreira: a de se 

     manter dentro faculdade. Primeiro se recorre às bolsas e fica claro que são escassas, 

     necessitando de certos pré-requisitos que, em suma, nem todos se encaixam, mesmo 

     precisando de auxílio. Logo, a segunda opção a que se procura é o estágio. Este, além de 

     possibilitar o conhecimento prático do ensino e demonstrar ao estudante o cotidiano do 

     profissional da área do Direito, proporciona uma remuneração ao aluno pelo seu trabalho. 

    Isto, além de garantir o auxílio à permanência do aluno na universidade, não suprido por  esta, possibilita o acesso à cultura, saúde de qualidade, fomenta o estudo - já que, em 

     geral, livros jurídicos possuem valor elevado, vide a feira do livro da faculdade de direito - 

    e permite um curso melhor aproveitado pelo estudante. Diante disso, desconsiderando 

    vários pontos desse relato e ignorando a realidade social em que a universidade se insere, 

     a faculdade de direito decide, através do PPP, retirar do aluno a possibilidade de estagiar, 

    caso queira, ou precise. Sem dúvidas uma decisão contrária à inclusão e aos pontos aqui  

    defendidos.”

    “A faculdade deveria se comprometer a fazer uma analise séria e comprometida da 

     realidade de seus alunos com o intuito de calcular bolsas direcionadas a alunos com 

     hipossuficiência econômica que os permitam viver com dignidade na cidade de SP, tendo 

     acesso não só às necessidades básicas, mas também ao lazer e à cultura.”

    “Acredito que a ausência de programas com o foco na permanência seja o maior  

     problema. Acredito que se houvesse um programa de bolsas PARA PERMANÊNCIA (e 

     não de incentivo à Iniciação científica), ainda que cobrasse o desenvolvimento de algum 

     artigo por semestre, ou uma pesquisa ao longo de 2 anos p ex, a política seria realmente 

    eficiente e produtiva.”

    “Negligencia, mantendo o elitismo há 189 anos.”

    “Apesar de não precisar de nenhum auxilio de permanência estudantil, vejo que 

    existem pessoas que seriam beneficiadas e teriam uma maior tranquilidade para cursar a 

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    faculdade caso a bolsa de permanência fosse mais acessível. O que ouço por ai e que o 

     numero de estudantes que precisam de auxilio é muito maior do que número 

    contemplado pelas bolsas já existentes. Talvez isso se deva a má gerencia dos gastos da 

    faculdade ou mesmo da universidade como um todo, contudo, ate onde eu sei, os 

    estudantes não tem acesso aos dados administrativos da faculdade então não podemos 

     saber como o orçamento é aplicado.   Sugiro que seja proposto algum tipo mecanismo 

    que garanta transparência dos gastos da universidade/faculdade.  ”

    “Aumentar a permanência para esta conseguir suprir as necessidades dos alunos 

    que precisem.”

    “  A permanência estudantil na USP é vista com muito descaso 

     , pois poucos se  preocupam.”

    “  É urgente que o número de bolsas seja maior e que o valor das bolsas seja 

     incrementado. ”

    “A USP não trata a questão com a urgência que a mesma requer.”

    “  Acho que a FDUSP fecha os olhos para os horizontes que se abriram em todo 

    o país no que diz respeito à políticas de inclusão social na faculdade  , tratando o 

     assunto con negligência.”

    “  A bolsa de permanência estudantil não contempla as reais necessidades de 

    um estudante  e, além disso, as solicitações de bolsas demoram para serem atendidas.”

    “-A Casa do Estudante, que hoje é financiada pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, 

    deveria receber verbas diretamente da USP. - É preciso reformar e ampliar a Casa do 

     Estudante. -É preciso criar uma bolsa Vivência Estudantil no valor de um estágio no setor  

     público, aproximadamente R$650, para que alunos hipossuficientes não precisem estagiar  

     nos primeiros anos de faculdade. Dessa forma, esses alunos aproveitaram mais os 

    estudos do Direito e estariam disponíveis para as atividades extracurriculares e extensões 

    da USP e da FDUSP. ”

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    “A permanência estudantil é absolutamente necessária para que alunos de baixa 

     renda consigam se manter na universidade.  Para que a USP se concretize como 

    verdadeira universidade pública, deve investir em permanência. ”

    “Por mais nobre que seja a iniciativa, é impossível saber do que precisam os alunos 

    enclausurado num departamento.”

    “Pelo que percebi até o momento, não há políticas fortes em termos de 

     permanência e mesmo o pouco auxílio fornecido (casa do estudante, eventuais bolsas, 

    etc) é fornecido de forma negligente, sendo pouco (ou quase nada) efetivo.”

    “A permanência estudantil deveria ser uma das prioridades da gestão universitária  atual, no entanto sofre um processo de precarização acentuado, o que é extremamente 

     prejudicial à formação de uma universidade pública efetivamente.”

    “  Acredito que a São Francisco, assim como toda a USP, deveria dar mais 

     atenção a questão da permanência, oferecendo mais bolsas, entre outras medidas. 

    Vejo que a USP é extremamente elitizada e branca e gostaria de uma faculdade mais 

     plural e democrática.”

    “A casa do estudante precisa ser melhor financiada e deveriam haver mais bolsas, 

    uma vez que as do PAPFE não atendem a toda a demanda.”

    “A minha permanência estudantil pessoalmente não foi tratada, meus pedidos de 

     bolsas foram negados, mesmo minha rendo sendo inferior a salário mínimo per capita, a 

    única bolsa a qual teria direito, por motivos alheios a minha vontade não pude receber por  

    conta da burocracia para o recebimento e por ser menor de idade.”

    “Só acredito que é um absurdo não haver bolsas e eles ainda quererem cortar   

    estágios.”

    “Embora eu não tenha me aprofundado quanto à situação, a questão da 

     permanência estudantil franciscana surge, frequentemente, com certo descaso, 

     principalmente ao que se refere na questão de moradia — o que acredito ser o cerne da 

     impossibilidade de inserção de classes mais baixas nas Universidades públicas.”

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    “Não existe permanência estudantil, mesmo morando na casa do estudante é com 

     passa livre, a bolsa-auxílio seria insuficiente.   Esses auxílios e cotas do ENEM são só 

    uma migué. A USP é elitista, racista e homofóbica, tal como sempre foi desde o Império, 

     no caso da FDUSP e de Vargas, na universidade como um todo.”

    “Faltam muitas oportunidades de bolsa para estudantes que se encontram em 

     necessidade. Não apenas estudantes de outros estados, mas que moram muito longe da 

    faculdade e isso prejudica completamente sua qualidade de vida. A maior parte dos 

    estudantes vão atrás de bicos por falta de qualificação a fim de ajudar a renda familiar e, 

     assim, ficam com menos tempo ainda para se dedicar aos estudos. Além disso, sempre 

    existem questões de opressão familiar por motivos religiosos, de saúde, por LGBTfobia, 

    entre outras e isso não é levado em conta da mesma forma que a renda. A FDUSP não divulga, nem aborda os alunos com questões de permanência que existem na 

    universidade. Falta quantidade substancial de auxílios permanência, uma vez que, agora 

     20% das vagas são para estudantes oriundos de escola pública. Se antes o perfil do 

     ingressante ainda era de classe média ou média alta, isso não tem como estar mais longe 

    da verdade no momento. Uma quantidade segura e razoável para se ter em mente, seria a 

    de conceder algum auxílio permanência a pelo menos metade dos ingressantes, claro que 

    com critérios bem definidos e não aleatoriamente. Caso sobrassem bolsas, seriam 

    devolvidas à SAS como normalmente já o são. O descaso da FDUSP quanto à moradia 

    estudantil financiada pelo XI de Agosto é alarmante e já é mais que urgente que a 

    verba da unidade sirva para manter a Casa do Estudante. Dessa forma, a FDUSP  

    deixará de estar um passo atrás da Medicina e da Poli, que destinam verbas 

     próprias para bolsas de permanência estudantil, inclusive financiando moradias 

    estudantis.  Com toda a certeza esses 1000 reais a cada estudante mudarão 

    completamente seus estilos de vida e o desempenho em suas graduações e, finalmente, 

    cumprirão com o compromisso pela permanência que deve ser seguido pela 

    universidade.”

    “Faltam bolsas de permanência estudantil, a realidade da faculdade é totalmente 

    descompassada com a realidade dos alunos ingressantes de escolas públicas.”

    “Hoje em dia em não preciso de políticas de permanência estudantil, mas na minha 

     primeira graduação   fui moradora do CRUSP e posso afirmar que as iniciativas de 

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     permanência estudantil foram cruciais naquele momento da minha vida , pois pude 

    concluir a graduação com um pouco de tranquilidade.”

    “Necessita oferecer mais bolsas de iniciação a pesquisa e trabalho.”

    “  A USP e a Faculdade de Direito deveriam oferecer atividades remuneradas na 

     própria instituição. Não me importaria de auxiliar no funcionamento da instituição para 

     poder ter condições mais humanas de viver em São Paulo.”

    “Tratam o assunto com descaso e descompromisso. Não há clareza nas motivações 

    das decisões institucionais em relação ao investimento e destinação de verba.   Além de 

    faltar um suporte pedagógico e psicológico atuante que auxilie os alunos, esses são 

    deixados à própria sorte.”

    “Há uma rejeição ao tema 'permanência estudantil' por parte de alguns órgãos da 

    universidade, sendo que esse é um assunto para ontem.   A permanência estudantil  

    deveria ser valorizada, acolhida, pautada e estimulada, porém o que vemos muitas 

    vezes é o descaso. ”

    “Retorno do auxilio transporte, principalmente para alunos que vem de outras 

    cidades/Auxilio mais concretos envolvendo extensão e pesquisa - não tenho interesse em 

    estagiar/trabalhar, acredito que não precisarei, apenas em caso de necessidade, ao qual  

    trocaria facilmente por um programa de iniciação cientifica remunerado, por   

    exemplo/Discutir formas de bolsas mais concretas e alternativas à USP para FD, como já 

    ocorre na POLI e na Pinheiros.”

    “A USP não incentiva a permanência!”

    “De acordo com o que venho acompanhando das reuniões/pautas da faculdade, há 

    um descaso com aqueles que necessitam de, por exemplo, Bolsas de Permanência. Os 

    critérios para consegui-las não parecem ser vinculados à realidade (principalmente pelo 

     alto custo de vida em São Paulo); além disso, há muitos que estão apenas um pouco 

     acima do limite estipulado, não sendo então contemplados pelo benefício solicitado.”

    “Não,  acho que tanto a USP quanto a FD oferecem grande número de 

     incentivos à permanência estudantil . Dentro do quadro atual de recessão econômica 

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    do nosso país, bem como de corte de investimentos públicos, espero sinceramente que 

     sejamos bem sucedidos em não sofrer o corte desse tipo de programa.“

    “Acho que a FD tem outras coisas mais sérias para se preocupar, como o ensino 

    em si.”  

    5. Conclusão

     A partir dos dados trazidos neste relatório, inúmeras conclusões são possíveis. As 

    variáveis presentes em nosso banco de dados (cujo link está disponível no capítulo 3 - 

    Metodologia utilizada) podem ser cruzadas e relacionadas de diversas maneiras. Nosso 

    objetivo não é de forma alguma esgotar a discussão sobre permanência estudantil. Pelo 

    contrário: o propósito que norteou a elaboração deste documento foi justamente fornecer 

    uma primeira (mesmo que restrita) base empírica para o debate.

     A partir dos gráficos sobre renda familiar mensal e renda individual mensal, é 

    possível inferir que, apesar da Faculdade de Direito da USP ter um perfil elitizado, há uma 

    parcela significativa do corpo discente que conta com baixa renda familiar, bem como 

    individual:   18,4% dos/as respondentes possuem renda familiar entre R$ 881,00 a 

    3520,00. Além disso, pode-se apontar que dentro dessa porcentagem há uma 

    participação significativa e proporcionalmente maior de estudantes selecionados/as pelo 

    ENEM: 30,77% destes/as estudantes possuem renda familiar baixa (de R$ 881,00 a 

    3520,00), contra 14,79% dentre os ingressantes pela FUVEST.

     Além disso, por mais que poucos respondentes tenham declarado estagiar 

    (possivelmente devido ao recorte de pesquisa ser restrito a primeiranistas), uma 

    porcentagem expressiva de estudantes vê o estágio como possibilidade de satisfazer 

    suas necessidades financeiras: 54,3% dos/as respondentes relataram sentir necessidade 

    de estagiar por motivos financeiros em um futuro próximo. Isto pode ter relação com a 

    falta de esperanças do corpo discente em relação a bolsas e auxílios da Universidade de 

    São Paulo: apenas 4,9% declararam receber algum tipo de bolsa; e, dentre respondentes 

    que tentaram se inscrever para uma bolsa da USP, 55,5% não tiveram sucesso.

     As demandas materiais abordadas no   survey   (moradia, transporte, alimentação e 

    saúde/higiene) são facilmente mapeáveis e quantificáveis. Os gastos com moradia giram 

    entre R$ 500,00 e 1500,00; os com transporte ficam em torno de R$ 50 a 200,00 

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    (provavelmente gastos com transporte público - 91,3% dos/as respondentes disseram 

    ser este seu meio principal de locomoção até a Faculdade); despesas com alimentação 

    frequentemente não passam dos R$ 200,00; e despesas com produtos de saúde e 

    higiene básica são aproximadamente R$ 100,00.

    Sobre tais dados, em especial os de alimentação, consideramos pertinente repetir 

    as ressalvas que fizemos no momento da análise de dados:

    “Quanto a este dado, é importante fazer duas ressalvas sobre valores muito baixos: 

    (i) 

     algumas pessoas podem declarar gastar pouco com comida por fazerem suas 

     refeições em suas casas, junto com a família, a qual arcaria como um todo com os gastos 

    com alimentação; 

    (ii) 

     nem sempre o que os/as respondentes declaram gastar  corresponde às necessidades e demandas reais, podendo ser valores menores que o 

     necessário para sua alimentação. Foi recebida, inclusive, uma resposta em que o/a 

    discente declarava passar fome quando estava na Faculdade.

    Sobre alimentação dentro da Faculdade, é importante saber que a FDUSP oferece 

     apenas duas refeições diárias, ao contrário do campus do Butantã, que também oferece 

    o café da manhã; além disso, ela não oferece refeições aos finais de semana, feriados e 

     recessos. Se um/uma estudante almoçar e jantar por 20 dias (normalmente, esta é a 

    quantidade de dias úteis em um mês) no bandejão da FDUSP, ele ou ela gastará R$ 

    76,00. Lembrando que outros gastos diários com alimentação são necessários, como o já 

     mencionado café da manhã, bem como eventuais refeições à tarde ou à noite.”

    Por fim, acreditamos que um dos principais indicadores do sucesso ou fracasso de 

    das políticas de permanência estudantil implantadas pela Universidade de São Paulo 

    estejam na avaliação que o corpo discente faz delas. Dentre as 62 respostas que 

    recebemos, há relatos, sugestões e reclamações dos mais diversos tipos: 53 pessoas 

    mostraram uma visão positiva sobre permanência estudantil; 7 não abordaram o tema; 

    apenas 2 expressaram opiniões contrárias quanto ao aprimoramento e expansão destas 

    medidas; além disso,   39 respondentes criticaram o tratamento dado, tanto na FDUSP 

    como na USP, à pauta da permanência estudantil. O que surpreende, dado que as 

    necessidades materiais do corpo discente são facilmente mapeáveis, e seriam mais ainda 

    se houvesse alguma iniciativa institucional para colher tais demandas.

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    Com este relatório, esperamos ter contribuído de alguma forma para uma visão 

    calcada na materialidade das demandas estudantis, bem como para o desenho de 

    políticas públicas que tenham como objetivo satisfazer estas necessidades mais básicas 

    e urgentes. O Núcleo de Estatísticas sobre a Universidade coloca-se à disposição para 

    explicar e discutir quaisquer dados e afirmações contidas neste relatório.

    Nota:  Sobre permanência estudantil, recomendamos um relato bastante extenso e 

    detalhado feito por um aluno da USP, mostrando sua luta e as inúmeras dificuldades 

    pelas quais ele passou para obter moradia e auxílios da Universidade. O texto se chama 

    “A experiência universitária como uma interdição violenta de direitos”, foi publicado pela 

    revista Carta Maior, e está disponível no link a seguir (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Educacao/A-experiencia-universitaria-co

    mo-uma-interdicao-violenta-de-direitos-II-o-inferno-da-permanencia/13/30238 ).

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    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Educacao/A-experiencia-universitaria-como-uma-interdicao-violenta-de-direitos-II-o-inferno-da-permanencia/13/30238http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Educacao/A-experiencia-universitaria-como-uma-interdicao-violenta-de-direitos-II-o-inferno-da-permanencia/13/30238

  • 8/16/2019 Relatório NEU

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