monografia: uma experiência de inclusão digital com o uso do notebook

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COMPUTAÇÃO – LICENCIATURA PLENA UMA EXPERIÊNCIA DE INCLUSÃO DIGITAL COM O USO DO NOTEBOOK: O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA” LUIZ FERNANDO JARDIM DE CARVALHO NITERÓI 2008

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Page 1: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

COMPUTAÇÃO – LICENCIATURA PLENA

UMA EXPERIÊNCIA DE INCLUSÃO DIGITAL COM O USO DO NOTEBOOK:

O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”

LUIZ FERNANDO JARDIM DE CARVALHO

NITERÓI 2008

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LUIZ FERNANDO JARDIM DE CARVALHO

UMA EXPERIÊNCIA DE INCLUSÃO DIGITAL COM O USO DO NOTEBOOK:

O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”

Monografia apresentada ao curso de Computação -

Licenciatura Plena, do Instituto Superior de

Educação La Salle, como requisito parcial para

obtenção do título de graduação.

Profª. Orientador: Msc. MARIA TEREZA CARMONA NASCIMENTO

NITERÓI 2008

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UMA EXPERIÊNCIA DE INCLUSÃO DIGITAL

COM O USO DO NOTEBOOK: O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”

Monografia apresentada ao curso de Computação -

Licenciatura Plena, do Instituto Superior de

Educação La Salle, como requisito parcial para

obtenção do título de graduação.

Aprovada em de 2008.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Msc. Maria Tereza Carmona Nascimento Orientadora UNILASALLE

Profª. Msc. Rita Simone Soares Vignoli UNILASALLE

Profª. Msc. Adriana Pires de Arezzo UNILASALLE

Niterói 2008

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado coragem, sabedoria e perseverança para fazer a faculdade. Ao meu pai Luiz Felipe da Costa Carvalho (in memorian) pela sua sinceridade e

honestidade que sempre me serviram de exemplo e orgulho.

A minha mãe Ivonete Jardim de Carvalho pelo amor e dedicação.

A minha esposa Miriam Oliveira de Carvalho que sempre me deu força e me

incentivou nos momentos de desânimo e cansaço.

Aos meus filhos Rodrigo Oliveira de Carvalho e Karina Oliveira de Carvalho

pelo amor e carinho dedicado.

À professora Orientadora Maria Tereza Carmona que sempre me incentivou e

ajudou na idealização e realização deste projeto.

À professora Rita Simone Soares Vignoli que sempre me ajudou e incentivou no

meu caminhar pedagógico.

Aos diretores e professores do Colégio Estadual “Elisiário Matta” que me

receberam e me acolheram com muito carinho e fraternidade na elaboração desta

experiência que tanto me enriqueceu como pessoa e como profissional.

Aos colegas e amigos da turma que me ajudaram e acreditaram que a amizade e

a união são a melhor maneira de se manter um convívio cordial e duradouro.

”Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria.”

Tiago capítulo 3, versículo 13.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 8

2. TECNOLOGIAS NA ESCOLA: A TRAJETÓRIA DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL. 10

3. INCLUSÃO DIGITAL NO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”: PRESSUPOSTOS PARA DESENVOLVER UM CURSO DE INFORMÁTICA COM O NOTEBOOK DISTRIBUÍDO PELO GOVERNO DO ESTADO. 15

4. RELATO DE EXPERIÊNCIA: CURSO DE CAPACITAÇÃO

EM INFORMÁTICA COM O USO DO NOTEBOOK NO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”. 17

5. REFLEXÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E TRAÇANDO DIRETRIZES PARA UM NOVO PROJETO. 30

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40

8. ANEXOS 41

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RESUMO

O presente trabalho discute a questão da Inclusão Digital dos

professores da Rede Pública utilizando o notebook cedido pelo

Governo do Estado do Rio de Janeiro. O trabalho de campo teve

como universo os professores do Colégio Estadual “Elisiário

Matta” onde realizou-se o curso de capacitação de docentes em

informática educativa. A obtenção de dados foi através da

pesquisa entre os participantes, entrevistas estruturadas e

posteriormente analisadas através da pesquisa bibliográfica.

Concluiu-se que em sua maioria os docentes não utilizavam a

informática como um instrumento pedagógico, por não

dominarem o seu uso.

Page 7: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

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ABSTRACT

The present work talks about the question of the Digital

Inclusion of the Public Net teachers using notebooks provided

by the State Government of Rio de Janeiro. The field work had

as universe the teachers of the State School “Elisiário Matta”

where the course of qualification of professors in educative

computer science was become fulfilled. The data collection was

obtained by participants’ research, as structured interviews,

analyzed by bibliographical research. The conclusion was: in the

major part of the teachers, they didn’t use the computer as a

pedagogical tool, because they were not able to operate it.

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1. INTRODUÇÃO

Todo início de vida e maturidade de uma criança passa, ou pelo menos deveria

obrigatoriamente passar, por uma instituição de ensino. É nesse local que aprendemos

os conceitos de socialização, de construção de um conhecimento que servirá de

norteamento para o restante da vida deste indivíduo. No Brasil, muitas crianças não

vivem este momento na infância, pois são criadas às margens deste mundo de

tecnologias e conhecimentos que a escola possibilita aos indivíduos que lá freqüentam.

Porém, na escola de hoje, a tecnologia tanto debatida e discutida nos congressos

e palestras, ainda está longe de ser uma realidade absoluta na rede educacional.

A evolução tecnológica anda na contramão da evolução educacional, devido a

um contexto burocrático e político imposto pelos nossos governantes, que para terem

suas popularidades sendo visivelmente veiculadas nas mídias, interrompem projetos que

estão dando resultados para a implantação de outros. Ao invés de manter os que estão

tendo resultados positivos e em pleno desenvolvimento, gastam-se milhões de reais na

elaboração de outros, faltando uma política de continuidade. Se não sofressem estas

interrupções nos investimentos da área tecnológica educacional, já haveria projetos

dando resultados muito mais significativos do que a realidade que vemos atualmente.

Além da educação estar sendo penalizada com essa vaidade política vivida no

Brasil, os jovens e adolescentes são os mais prejudicados, pois poderiam estar

desfrutando dos efeitos e vantagens que toda essa tecnologia tem a oferecer em suas

vidas pessoais e profissionais.

O resultado dessa incompetência de gerenciar uma educação tecnológica efetiva

e de qualidade vem refletir diretamente na formação de nossos jovens na hora de

ingressarem no mercado de trabalho, com o crescimento industrial e empresarial, falta

trabalhadores com conhecimentos mínimos em tecnologia para a ocupação dos cargos.

Isso é uma mostra vergonhosa de uma política mal distribuída e mal

administrada, sem compromisso com os próprios eleitores que dão a esses políticos

inescrupulosos o poder de legislar e administrar a aplicação dos recursos públicos, que

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acabam sendo usados para financiar obras superfaturadas e desvios escandalosos de

verbas.

Fica para a instituição escola e seus professores os planos pedagógicos mal

elaborados, falta de investimentos na rede física e estrutural e um salário digno para os

docentes. Porém, o que não falta são os discursos políticos que atribuem a estas

instituições e seus professores a culpa pela má qualidade de ensino oferecida aos alunos.

O desenvolvimento deste projeto vai ao encontro das necessidades do professor,

oferecendo um curso de capacitação em informática dentro de um contexto educacional,

dando-lhes uma maior habilidade na criação e elaboração de materiais didáticos que

possam introduzir seus alunos no universo tecnológico.

Quebrar paradigmas é um grande desafio, lidar com tecnologia é estar sempre

preparado para uma mudança no planejamento da aula diante de algum problema com a

utilização da mesma. Com a capacitação específica na realidade pedagógica dos

professores e por se tratarem de conhecedores do conteúdo apresentado, poderão criar

alternativas nestes momentos de falha tecnológica.

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2. TECNOLOGIAS NA ESCOLA: A TRAJETÓRIA DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL.

Não se pode precisar um momento exato para o processo tecnológico no mundo,

mas pode-se destacar a Segunda Guerra Mundial como primeiro indício do

desenvolvimento da informática, e a conseqüência da revolução que essa máquina

causaria na sociedade (Castells, 2002).

A revolução da Informação se alastrou a partir dos anos 70, ganhando

intensidade nos anos 90 com a propagação da Internet. O computador era, até então,

uma gigantesca máquina criada para processar grande volume de dados, e hoje, pensa-se

no computador como a principal ferramenta da Comunicação e da Informação.

Com o mundo cada vez mais cercado de tecnologia as habilidades exigidas pelo

mercado de trabalho, vão se tornando cada vez mais sofisticadas, desprezando o

trabalho desqualificado e repetitivo, valorizando a produção do conhecimento e o uso

das novas tecnologias. Desta forma, a educação é entendida como um dos pilares para a

construção de qualquer sociedade que pretenda ser desenvolvida e democrática.

Cabe, portanto, refletir sobre todas essas mudanças para que se possa escolher

um modelo de sociedade informatizada que permita a democratização e as mesmas

oportunidades sociais.

Para tal, faz-se necessário levantar algumas questões sobre o surgimento dessas

tecnologias no Brasil, e dos impactos que a mesma causou na sociedade e na educação

de uma maneira geral. Torna-se necessária uma retrospectiva histórica dos momentos

mais importantes das políticas de informática do país.

As políticas de informática no Brasil foram marcadas por confrontos entre vários

setores da sociedade que se posicionaram a favor ou contra das políticas de reserva de

mercado. Segundo Oliveira (2001) a história teve início através da Marinha do Brasil,

que na década de 60, vislumbrou a possibilidade de construir um computador com

tecnologia nacional.

O Brasil iniciou a busca de um caminho para informatizar a educação (Andrade

& Albuquerque Lima, 1993) em 1971, quando pela primeira vez se discutiu o uso de

computadores no ensino de Física (USP/São Carlos). Em 1973, algumas experiências

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começaram a ser desenvolvidas em outras universidades, usando computadores de

grande porte como recurso auxiliar do professor para ensino e avaliação em Química

(Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) e desenvolvimento de software

educativo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

Ainda nos anos 70, destacam-se as experiências do Laboratório de Estudos

Cognitivos do Instituto de Psicologia - LEC, da UFRGS, apoiadas nas teorias de Piaget

e Papert, com público-alvo de crianças com dificuldades de aprendizagem de leitura,

escrita e cálculo.

A Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, em 1975, iniciou

cooperação técnica - ainda existente - com o Media LAB do Massachussets Institute of

Technology - MIT, criando um grupo interdisciplinar para pesquisar o uso de

computadores com linguagem LOGO na educação de crianças.

A cultura nacional de informática na educação teve início nos anos 80, a partir

dos resultados de dois seminários internacionais (1981 e 1982) sobre o uso do

computador como ferramenta auxiliar do processo de ensino-aprendizagem. Nesta

época surgiu a Comissão Especial de Educação com o objetivo de criar normas e

diretrizes para a implantação da informática na educação.

Em 1981, aconteceu o I Seminário Nacional de Informática na Educação,

realizado em Brasília, tendo a finalidade de debater metas, pesquisas e formas para

efetivação e utilização da informática no processo educacional.

Em 1982, acontece o II Seminário Nacional de Informática na Educação,

desta vez realizada em Salvador, vários grupos apresentam suas recomendações e

questionamentos sobre o uso do computador na escola, sobre a formação dos

professores, e que a origem da tecnologia fosse de procedência nacional.

Só em julho de 1983, a CE/IE – Comissão Especial de Informática na

Educação elabora e aprova o Projeto Educom – Educação com Computadores, a

primeira ação oficial de inserção dos computadores no processo educacional.

Ainda em 1984, com recursos financeiros do FINEP, Funtevê e CNPQ,

acontece a oficialização do Projeto Educom.

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O projeto é dividido em cinco grandes centros para o desenvolvimento das

pesquisas e o emprego dos computadores nas escolas públicas, é composto pelas

seguintes Universidades: UFPE (Univ. Federal de Pernambuco), UFRJ (Univ. Federal

do Rio de Janeiro), UFMG (Univ. Federal de Minas Gerais), UFRGS (Univ. Federal do

Rio Grande do Sul) e Unicamp (Univ. Est. De Campinas).

Entre 1986 e 1987 é criado o Comitê Assessor de Informática para Educação

de 1º e 2º graus (Caie/Seps) ficando subordinado ao MEC, que desenvolve a

implantação dos Centros de Informática Educacional (CIEs).

Ainda em 1987, acontece a criação do Programa de Ação Imediata em

Informação na Educação, que desenvolve o Projeto Formar com a finalidade de preparar

a formação humana e o Projeto Cied com o objetivo de preparar e implantar os Centros

de Informática e Educação.

Em 1995, é criado o Proinfo visando à formação de NTEs (Núcleos de

Tecnologias Educacionais) pelos estados do País.

Conforme (OLIVEIRA, 2001) e (TAJRA, 2001), o processo de introdução da

Informática na educação passa por diversos processos e projetos, até chegar a nossos

dias. É possível ver projetos de sucessos e de fracassos, onde a mudança de Governo

teve uma influência decisiva no resultado final ou na transição do processo de um

Governo para outro.

Refletir sobre toda da essa trajetória de erros e acertos se faz necessário para o

amadurecimento e enriquecimento na maneira de implantação da Informática na

Educação, toda a participação dos mais diversos níveis da sociedade e da política,

segundo Youssef e Fernandez, (2003) impõe-se,

como direito e dever, que a reflexão sobre a utilização e conseqüências da Informática seja feita por indivíduos, comunidades, escolas, universidades, sindicatos, câmaras legislativas e setores públicos em geral, para que não nos limitemos a aguardar passivamente o futuro, mas, sim, que sejamos participantes ativos da criação crítica dessa nova Sociedade. (p.50).

Percebe-se que o empenho principal do Governo foi colocar computadores nas

escolas e tentar promover a inclusão digital dos alunos, faltando uma política mais

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eficiente na formação e qualificação dos professores, que são fundamentais para o

sucesso de todos os investimentos aplicados até o momento.

A alfabetização tecnológica do professor conforme Sampaio e Leite, (2000) é

muito importante no processo de modernização em que

a escola precisa contar com professores capazes de captar, entender e utilizar na educação as novas linguagens dos meios de comunicação eletrônicos e das tecnologias, que cada vez mais se tornam parte ativa da construção das estruturas de pensamentos de seus alunos. (p. 18).

Montar laboratórios nas escolas e criar vários projetos, não resolve a insegurança

e a falta de habilidade dos inúmeros professores da rede pública, que devido a um

salário considerado baixo para a classe, sentem a necessidade de trabalhar em vários

turnos. Esta jornada, além de causar um grande desgaste, faz com que o professor não

tenha um tempo necessário para freqüentar os cursos oferecidos pelos projetos.

Esse processo de informatização segundo Youssef e Fernandez, (2003) ainda

necessita de vários aprimoramentos.

No entanto, o que se coloca é a exigência de se repensar a Escola, em nível de seus valores e de sua eficiência, levando-se também em consideração a Informática e as suas contribuições indiscutíveis. (p.33).

O Governo do Estado do Rio de Janeiro distribuiu notebooks para os professores

com acesso ilimitado à internet, uma ótima iniciativa para aqueles que já têm o domínio

da tecnologia, mas não resolve definitivamente a exclusão digital da grande maioria dos

docentes que estão trabalhando nas diversas Escolas Públicas.

A necessidade da formação de professores voltada para esta tecnologia é de

fundamental importância, por isso Josso, (2004) relata que,

Começamos a perceber que o que faz a experiência formadora é uma aprendizagem que articula, hierarquicamente: saber-fazer e conhecimentos, funcionalidade e significação, técnicas e valores num espaço-tempo que oferece a cada um a oportunidade de uma presença para si e para a situação, por meio da mobilização de uma pluralidade de registros. (p.39).

A capacitação dos professores deve ser ministrada dentro do colégio onde ele

leciona, só assim, os docentes poderiam participar e se capacitar para o uso dos

laboratórios montados e abandonados nas inúmeras escolas públicas, podendo também

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fazer um melhor uso dos notebooks que receberam do Estado na preparação e

apresentação das aulas.

No caso dos professores do Município de Maricá o curso mais próximo de

capacitação em informática é oferecido pelo Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE),

que fica em Niterói, a cerca de 40 km de distância de Maricá, o que acaba

desestimulando os professores de participar destes cursos.

Este projeto foi elaborado e desenvolvido na tentativa de atender essas

dificuldades que os professores da rede pública estão enfrentando para sua capacitação,

segundo Youssef e Fernandez, (2001) a mudança deve acontecer

No plano educacional, a democratização será o primeiro estágio de uma reforma mais ampla. A escola certamente caminha para um significado maior de centro de vivência e troca de experiências, ficando a parte de informação cognitiva reservada, em sua quase totalidade, a redes que a levem diretamente ao aluno em sua residência. (p.34).

Foi possível perceber que além de querer se atualizar, o professor sentia a

necessidade de introduzir as TICs em seu planejamento, e através do curso eles

aprenderam a utilizar melhor os recursos tecnológicos, elaborando provas, montando

planilhas de médias, geração de gráficos, e principalmente aulas em PowerPoint ou

Impress.

Era necessário que os professores conseguissem ver o computador como um

aliado e não uma máquina que pudesse provocar seu próprio desemprego, conforme

Papert, (1994) já falava que,

O professor está no comando e é, portanto, quem precisa de habilidade; o aprendiz tem apenas que obedecer a instruções. Esta assimetria está tão profundamente arraigada que até mesmo os defensores da Educação “ativa” ou “construtivista” consideram difícil escapar dela. (p.78).

O objetivo era que os professores pudessem despertar para o uso de todos os

recursos que o computador pode oferecer, tanto nas pesquisas de conteúdos, quanto na

preparação de aulas que poderiam ser ministradas dentro do laboratório, usando desta

maneira esse espaço tecnológico que tanto encanta aos jovens.

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3. INCLUSÃO DIGITAL NO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”:

PRESSUPOSTOS PARA DESENVOLVER UM CURSO DE INFORMÁTICA COM

O NOTEBOOK DISTRIBUÍDO PELO GOVERNO DO ESTADO.

Nos últimos anos, tem sido difundida, em todos os estados brasileiros, a

necessidade de se fazer a inclusão digital para aqueles indivíduos que não têm acesso às

tecnologias de informação e comunicação. Para que a inclusão digital aconteça são

necessários três elementos: as tecnologias, renda e educação. Quando a relação entre

esses elementos não ocorre, qualquer projeto proposto por instituições, tanto públicas

quanto privadas, estará fadado ao fracasso.

Na área educacional é o que têm acontecido. Os projetos apresentados pelo

governo não têm continuidade e ainda não conseguiram atingir o docente das

instituições públicas, principalmente, os docentes da rede pública estadual de educação.

Considerando a necessidade do uso das tecnologias, tanto pela sociedade como

pela escola, discutidos nas mídias e literaturas acadêmicas, existe também a

preocupação do governo federal quanto à inclusão digital do professor e dos alunos. As

instituições públicas têm investido em compras de equipamentos tecnológicos tais

como: DVD, datashow, computadores, TV, etc.

Nesta oportunidade, aproveitando a necessidade de cursos de capacitação para

professores, bem como a minha formação na área de licenciatura em computação, decidi

desenvolver minha monografia baseado em uma experiência de inclusão digital.

Através da construção coletiva deste projeto, potencializei o desenvolvimento

organizacional da instituição, para que esta pudesse atingir melhor a sua missão

educacional.

O desenvolvimento deste projeto em Maricá se justifica pelo fato da cidade estar

em ritmo acelerado de crescimento. Atualmente, Maricá conta com uma população de

105.294 habitantes, segundo a contagem do IBGE em 2007.

Seu território municipal tem 363,81 km², faz divisa com cinco municípios,

Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá e Saquarema. Situada a 60 km do centro do Rio

de Janeiro, essa proximidade fez com que Maricá por muitos anos fosse considerada

uma cidade dormitório. A recente descoberta de petróleo e a expectativa de

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investimentos da Petrobrás em Maricá fizeram que vários empresários e grandes

empresas voltassem os olhos para a cidade, onde já podemos ver grandes investimentos

surgindo, além das oportunidades de emprego.

A escola escolhida para o desenvolvimento do projeto foi o Colégio Estadual

“Elisiário Matta”, situada no centro de Maricá, fundada em abril de 1948, mantida pelo

Governo Estadual, contando atualmente com 167 docentes, 17 funcionários de apoio e

educando cerca de 2.800 alunos divididos em três turnos. O avanço tecnológico

associado ao crescimento da Cidade faz com que a localização e a estrutura do colégio

possam contribuir ainda mais para a comunidade.

Muitos são os investimentos e projetos de inclusão digital oferecidos aos

professores em Niterói, porém os docentes sentem dificuldades de participar dos cursos

oferecidos pelo NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) devido à distância de Niterói

e a disponibilidade de tempo para a realização dos cursos.

A falta de um plano de carreira eficiente, e uma melhor valorização do trabalho

dos professores da rede pública, resulta em baixos salários e uma insatisfação que acaba

desmotivando-os no investimento em cursos de capacitação, principalmente em áreas

que não sejam ligadas a sua própria formação.

Existe também um problema crônico-cultural, na introdução das novas

tecnologias, foi assim com o vídeo, a televisão, o DVD e vários outros avanços

tecnológicos. A resistência é grande, muitas vezes não é possível convencer o educador

a aceitar e utilizar estes equipamentos em suas práticas educativas. Se analisarmos a

nossa história educacional, veremos vários relatos destas resistências nos mais diversos

momentos da nossa evolução.

O acesso à Internet oferece atualmente uma ótima opção de informação e conhecimento.

As aulas tiveram ênfase no uso desta tecnologia voltada para a educação. Os professores

foram capacitados a utilizar os computadores e seus recursos tecnológicos nas

atividades escolares com os alunos. Com a capacitação o professor tornou-se o sujeito

multiplicador desta tecnologia, possibilitando assim o uso efetivo do laboratório de

informática que contribuirá para que os alunos tenham maior interesse em participar

das atividades escolares.

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4. RELATO DE EXPERIÊNCIA: CURSO DE CAPACITAÇÃO EM INFORMÁTICA

COM O USO DO NOTEBOOK NO COLÉGIO ESTADUAL “ELISIÁRIO MATTA”.

Após uma longa pesquisa teórica, chegou o momento de construir uma prática

baseada nas especificidades encontradas na escola.

No sétimo período do curso de Computação – Licenciatura Plena, apresentamos

o nosso projeto de pesquisa. Ao conversar com a professora de Prática Pedagógica

Supervisionada, Maria Teresa, fui orientado a fazer o projeto final de Licenciatura,

requisito essencial para a conclusão do curso, com o tema “Inclusão Digital”. Não pude

deixar de pensar no “Elisiário Matta”, instituição que faz parte da minha história de

vida.

Em sua experiência de vida e formação, Josso (2004), conta que

...do ponto de vista de uma teoria de formação, a produção dos objetos de saber e dos conhecimentos gerados a partir dos procedimentos com as histórias de vida é, também, muito rica, mais muito individualizada (p. 25).

Com a idéia do projeto e com a orientação da professora, fui então procurar a

diretora do “Elisiário Matta”, Adriana, e apresentar a idéia com a finalidade de que ela

aceitasse a implementação do mesmo. Fui surpreendido com uma contraproposta: a

diretora pediu-me que primeiro, desenvolvesse o projeto com os professores,

possibilitando assim que ao dominar melhor essa tecnologia, eles pudessem utilizar o

laboratório de informática para o enriquecimento de suas aulas.

Quanto aos trâmites legais, a coordenadora do curso de Computação da

UNILASALLE, professora Márcia Sadok, formalizou a proposta enviando um ofício à

direção do Colégio Estadual “Elisiário Matta”.

O planejamento que havia sido feito inicialmente teve que ser modificado. Foi

necessário mudar o foco e preparar as aulas e exercícios voltados para as realidades dos

professores. Nesta nova proposta, houve necessidade de organizar atividades

relacionadas à prática pedagógica como: organização de provas, preparação de aulas em

PowerPoint, uso do Excel para calcular as médias dos alunos e como utilizar a internet

para filtrar pesquisas e verificar se os trabalhos dos alunos estavam sendo copiados na

integra da internet. Foi organizado o material didático a ser usado no curso e uma

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apostila sobre informática, voltada para o Sistema Operacional Windows que estava

instalado no notebook fornecido pelo Governo.

Foi solicitado à direção que fizesse um documento de autorização para o uso do

espaço escolar aos sábados, no período de 05/04 a 19/07/2008. A professora

Orientadora, Maria Tereza, ajudou nessa etapa, visto que trabalha no NTE (Núcleo de

Tecnologia Educacional), e sabe exatamente quais os passos seriam necessários para

oficializar este projeto e não correr o risco de tê-lo paralisado no decorrer do seu

desenvolvimento, o que acarretaria num problema, devido o tempo previsto para a

entrega do projeto final.

Após a entrega do projeto à direção da escola, foi preparada uma lista de

inscrição, um questionário e a ficha de cadastro, ficando a diretora com a

responsabilidade de divulgar o curso e selecionar os professores que participariam do

projeto de “Inclusão Digital”.

Segundo Lüdke e André (1986), todo este cuidado se faz necessário para o uso

de uma análise documental,

Os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que fundamentem afirmações e declarações do pesquisador. Representam ainda uma fonte de informação contextualizada, mas surge num determinado contexto e fornecem informações sobre esse contexto (p.39).

No início do projeto acontecia simultaneamente a entrega dos notebooks pelo

Governo do Estado do Rio de Janeiro para os professores das escolas públicas. A

entrega deste equipamento serviu para incentivar aos professores a se inscreverem

imediatamente no curso, pois sentiram a necessidade de aprender a usar o equipamento,

embora alguns já soubessem usar de maneira “tímida”. O primeiro contato com o grupo

ocorreu no dia 14/03/2008 – sábado letivo – a convite da direção para que houvesse

uma orientação sobre o manuseio do notebook e divulgação do curso.

Dentro deste olhar tecnológico Sampaio e Leite, (2000) mostra-nos que “a

presença inegável da tecnologia em nossa sociedade constitui a primeira base para que

haja necessidade de definir a utilização da alfabetização tecnológica na formação dos

professores.” (p. 61).

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Ao chegar à escola às 09h00min, poucos professores compareceram, pois nem

todos sabiam ou tinham recebido o equipamento. Foi dada uma explicação básica

voltada para o uso diário, como por exemplo: ligar e acessar a Internet, a maneira

correta de carregar inicialmente a bateria para aproveitar melhor o seu tempo de vida

útil, plugar e desplugar uma pen drive, visualizar o conteúdo de um CD ou DVD, e

algumas dicas específicas para as necessidades de cada professor.

No sábado dia 05/04/2008 cheguei às 07h40min para preparar o material. Logo

após chegar a chave da sala onde o datashow estava trancado, levei o equipamento para

a sala e comecei a montagem. No início o notebook não conseguiu reconhecer o

datashow, isso impedia a exibição do conteúdo, a solução do problema acabou servindo

como exemplo para o início da aula.

A diretora Adriana fez uma apresentação inicial e falou sobre o fato de eu ter

sido aluno daquela instituição, este comentário proporcionou aos professores presentes

uma reflexão, pois estávamos vivendo uma inversão nas posições, o aluno no lugar de

professor e os professores na posição de aluno.

Iniciei minha apresentação falando sobre a idéia do projeto, da proposta da

diretora para que o curso fosse oferecido aos professores e da importância desse curso

para o desenvolvimento do projeto final da faculdade.

Dando início à aula foram explicadas as diferenças e semelhanças entre o

Windows e o Linux. Foi falado sobre todos os componentes da área de trabalho dos

sistemas operacionais. A aula foi evoluindo e ganhando ritmo. No intervalo, uma

funcionária de apoio me confidenciou que na sala dos professores o comentário era

sobre a aula, e que eles estavam gostando da didática que estava sendo usada. Momento

de ficar mais confiante para o segundo tempo, pois todas as dúvidas eram tiradas e

explicadas em detalhes.

Em seu estudo sobre didática, Libâneo (2005), aponta perspectivas de formação

e faz um comentário interessante entre as propostas e objetivos com relação a este

assunto.

O ensino só é bem sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas forças intelectuais.

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Ensinar e aprender, pois, são duas facetas do mesmo processo, e que se realizam em torno das matérias de ensino, sob a direção do professor. (p. 55).

Ao término da aula, vários professores vieram falar que gostaram, e que

continuariam, pois o curso estava muito abrangente e diferente de cursos particulares

freqüentados por alguns.

Essa aula serviu de termômetro para avaliar o nível de satisfação que o curso

proporcionou. Os professores pediram que mandasse os slides da aula antecipadamente

por e-mail, possibilitando desta maneira que tivessem uma visão prévia do conteúdo,

essa sugestão oferecida por eles me serviu de feedback e passei a preparar e mandar a

aula antecipada para os professores.

No dia 12/04/2008, na segunda aula, vieram 23 professores com muita vontade

de perguntar e tirar dúvidas. A aula se tornou mais participativa com a interação dos

professores. Como já estava mais confiante, fiquei à vontade para explicar em detalhes e

até provocar alguns erros com mensagens na tela para que eles pudessem entender

melhor.

Havia um conhecimento em construção, sendo amplamente discutido e

disseminado entre os participantes do curso, foi uma resposta positiva para uma

primeira avaliação. Aprenderam a usar o programa para desenho (Paint) para criar

desenhos e tratar imagens podendo utilizar em provas e exercícios.

Assim confirma Freire (1998), que

Conhecimento não se transfere, conhecimento se discute. Implica uma curiosidade que me abre, sempre fazendo perguntas ao mundo. Nunca demasiado satisfeito, ou em paz com a própria certeza (p.46).

Mesmo com o início de um feriadão na semana seguinte, todos concordaram em

manter a aula, preferindo não interromper a seqüência das aulas.

No dia 19/04/2008 os assuntos foram Word e Write, a visão dos dois aplicativos

permitiu que pudessem comparar e perceber a semelhança entre as diferentes

plataformas. Demonstraram um grande interesse, pois o Word seria muito utilizado por

eles para a preparação de material didático.

Page 21: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

21

Foi explicado inicialmente sobre a barra de endereço, ferramentas, formatação e

desenho, depois foi apresentado detalhadamente cada barra, e suas particularidades. A

aula foi muito proveitosa porque o interesse era geral. Muitas dúvidas foram explicadas

e esclarecidas. Para finalizar fizemos um desenho no programa Paint que seria usado

na aula seguinte, onde começaríamos a montar uma prova interagindo com outros

programas, fazendo cópias e colagens.

Para a aula seguinte foi preparado o material e enviado por e-mail, inclusive um

exercício de fixação da aprendizagem. Estas atividades docentes são importantes no

processo pedagógico, segundo Esteban e Zaccur (2002), elas nos orientam para o

planejamento e organização do ensino.

Tal movimento só se torna concreto através do permanente diálogo prática-teoria-prática. A prática sinaliza questões e a teoria ajuda a apreender estas sinalizações, a interpretá-las e a propor alternativas, que se transformam em novas práticas, portanto, ponto de partida para novas indagações, alimentando permanentemente o processo reflexivo que motiva a constante busca pela ampliação dos conhecimentos de que se dispõe (p. 21).

No dia 26/04/2008, foi possível observar um interesse maior pelo programa

Word, pois era o aplicativo que estava instalado no notebook. A necessidade de explicar

mais sobre o Word do que o Write proporcionou a diminuição do tempo utilizado para

comparar as diferenças entre os aplicativos.

No momento de realizar o exercício foi possível explicar e demonstrar melhor,

como montar o cabeçalho de uma prova usando tabela, organizar as questões em duas

colunas, formatar as fontes, copiar imagens criadas ou salvas em outros programas e

utilizá-las na montagem da prova e como usar a barra de desenho para facilitar o uso de

alguns desenhos já prontos.

Todos gostaram muito do aplicativo Word, mas tiveram e demonstraram pouco

interesse em conhecer o Write, mesmo no momento que foi mostrado a maneira fácil de

gerar arquivos em documentos PDF, e o quanto esse modelo de arquivo pode ser útil

para o desenvolvimento de material a ser enviado pela internet para os alunos.

No final da aula surgiu um questionamento, pois na semana seguinte haveria um

feriado na quinta e isso poderia atrapalhar o andamento do curso, prevendo uma baixa

demanda de alunos, houve a proposta de transferir a aula para o fim de semana seguinte.

Page 22: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

22

A conclusão foi de manter o calendário. Este fato demonstrou um resultado positivo

quanto ao curso, visto que por escolha deles a aula foi mais importante que o lazer.

No dia 03/05/2008, foi a conclusão das aulas de Word e Write com uma revisão

geral de todo conteúdo apresentado. Logo após o intervalo começamos a trabalhar com

o exercício que já tinha mandado por e-mail. Essa alternativa de adiantar o material da

aula seguinte deu um resultado bem positivo, o assunto da aula é lido antecipadamente,

no caso desse exercício alguns já havia até iniciado.

Todas as dúvidas foram aproveitadas e explicadas de maneira ampla para

reforçar o conteúdo. Foi possível montar todo o exercício dentro do horário normal. Ao

término, uma nova preocupação com a aula seguinte, muitos estariam envolvidos no

conselho de classe e não poderiam participar.

A primeira sugestão foi o adiamento, porém muitos não ficaram satisfeitos, pedi

então que opinassem a esse respeito, assim eu saberia a real vontade de todos em

freqüentar o curso.

Novo impasse criado, alguns opinaram pela aula na parte da tarde, depois de

14h00min. Não haveria problema nenhum de minha parte em dar a aula neste horário,

mas algumas professoras não gostaram por se tratar da véspera do Dia das Mães. Ficou

decidido então que teria a aula no sábado à tarde para quem pudesse comparecer e seria

repetida no sábado seguinte para aqueles que não participassem dessa aula, todos

gostaram da solução ficando combinado desta maneira.

O mais importante neste episódio foi o debate gerado pela questão de manter a

aula normal e a preocupação daqueles que não poderiam comparecer, mas que também

não queriam perder a aula. Foi possível notar nesse momento que na verdade, ninguém

estava querendo faltar ou perder a aula, daí a repetição do conteúdo semana seguinte.

Esse feedback me fez perceber que o curso estava dando bons resultados e que tinha

conseguido tornar-se importante e necessário para todos os professores.

Após o término da aula, em uma conversa com a Diretora, que comentou estar

querendo montar um curso parecido com o que estava sendo oferecido para os

professores, mas voltado para os alunos do curso normal. O objetivo era que eles

tivessem esta capacitação também, e aprendessem a preparar suas aulas para os alunos

de primeira a quarta série, usando o computador como sua ferramenta auxiliar na

Page 23: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

23

didática da aula. Ficamos de conversar melhor depois, pois o curso seria para o semestre

seguinte.

No sábado 17/05/2008 a aula teve o início às 14h00min conforme o pedido dos

professores. Compareceu a metade do número dos participantes, mas todos muito

interessados sobre o conteúdo da aula, pois começaríamos com o Excel e Calc, e alguns

não tinham conhecimento nenhum sobre estes aplicativos. Foi mostrado como poderiam

usar este aplicativo na elaboração de lista de presença, calcular e controlar as médias

dos alunos e etc. Neste momento passaram a gostar da ferramenta e de sua aplicação,

pois facilitaria na hora dos cálculos das notas e das médias sendo mostrado

automaticamente o resultado de cada aluno.

À medida que o conteúdo foi apresentado, fomos fazendo um exercício para que

pudessem conciliar de maneira mais prática o uso da ferramenta. Ao término da aula

tínhamos montado uma planilha que calculava as notas e apurava as médias. Vimos que

não era tão difícil como muitos pensavam, e os professores começaram a pensar em sua

aplicação prática, como montar os controles dentro da necessidade de cada matéria.

No sábado seguinte foi a vez daqueles que não puderam participar dessa aula,

mas já tinham ouvido os comentários sobre a aula e não vieram tão assustados como os

outros, porém o colégio estava sendo usado pela Igreja Católica em um evento dedicado

aos jovens chamado de EAC (encontro de adolescentes com Cristo), ficamos sem sala

de aula.

Foi cedido então pela diretora, o espaço de leitura, um espaço recém lançado na

escola que fica ao lado do prédio da escola, foi preparado para se tornar uma sala de

leitura, um espaço muito bom com mesas, ar condicionado, onde foi possível apresentar

a aula para aqueles professores que não puderam participar da aula no sábado anterior.

Foi utilizada a mesma didática de ir praticando simultaneamente ao passo que ia

apresentando o conteúdo, para que pudessem experimentar como o Excel e o Calc

funcionavam na formatação, montagem de uma planilha, como calcular, copiar uma

fórmula e colar nas células seguintes e como o aplicativo atualizaria o calculo da

fórmula em função de um novo valor. Foi possível fazer que eles também não tivessem

dificuldades na aplicação desta ferramenta e pudessem assim utilizá-la em seus

trabalhos diários.

Page 24: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

24

Mais uma vez chega o término da aula com outro questionamento, desta vez

mais difícil de resolver, visto que muitos dos participantes não estavam presentes e era

melhor não definir nada sem a opinião dos ausentes. O problema em questão era

novamente mais um feriado, agora um longo feriado na cidade, pois dia 22 de maio era

Corpus Crist uma quinta feira, e na segunda feira dia 26 de maio era o aniversário da

cidade de Maricá, feriado municipal. Os professores cogitaram a possibilidade da aula

do sábado dia 24 ser antecipada para o dia 22 na quinta feira, causando-me uma

surpresa com o pedido, mais uma vez esse pedido serviu como um feedback, podendo

desta maneira observar que estavam gostando muito das aulas a ponto de comparecerem

em um feriado para não ter que adiar a aula para a outra semana.

Podemos concordar com Josso, (2002), quando nos fala que,

No campo da educação, quer se trate de estudos universitários, de formação profissional contínua, de desenvolvimento pessoal ou de desenvolvimento sociocultural, somos obrigados a constatar que temos sempre, em co-presença, ofertas, programas, cursos, que foram definidos em instâncias de decisão destinadas para essa finalidade e pessoas com as suas expectativas, necessidades, desejos, projetos. Esta coabitação, ao longo das atividades educativas entre uma vontade coletiva e as vontades individuais, desencadeou um conjunto de questões de pesquisa que decorre, quer da análise da relação pedagógica, quer dos trabalhos sobre avaliação dos saberes adquiridos. (p.212).

Mais não poderíamos resolver naquele momento devido a ausência de vários

professores. Ficou resolvido que no início da semana seria enviado um e-mail para

todos os professores com o conteúdo da próxima aula, aproveitaria este e-mail para

comunicá-los sobre a possibilidade de ter aula na quinta, aguardando uma resposta

sobre o assunto. A diretora Adriana estava presente na aula e se dispôs a questionar os

professores para saber sobre a possibilidade. Me comprometi de passar na terça feira no

colégio para saber o resultado. Se a grande maioria não pudesse participar seria melhor

adiar a aula. Os professores concordaram quando lhes disse que não participar de uma

aula do Excel e Calc poderia atrapalhar muito o desenvolvimento do conhecimento

sobre aquele aplicativo.

A aula ficou para a quinta-feira dia 22, e a grande maioria compareceu

normalmente, o que demonstrou um grande interesse por parte deles em participar e

compartilhar daquele conhecimento.

Page 25: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

25

Dentro desta visão Freire (2004), nos adverte que devemos “saber que ensinar

não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria

produção ou a sua construção” (p.47).

No dia 31 de Maio foi a conclusão do conteúdo de Excel e calc, finalizei com

uma revisão de todo o conteúdo. Foram tiradas todas as dúvidas em um exercício que

usava os conhecimentos aplicados nas aulas anteriores.

Todos gostaram da revisão, puderam refazer um boletim escolar que calculava

automaticamente as médias dos alunos e mostravam se o aluno estava aprovado ou

reprovado com aquela média, gerando inclusive um gráfico com rendimento e

aproveitamento de cada aluno.

Na aula do dia 07 de junho a sala estava cheia, a grande maioria dos professores

estavam aguardando este momento do curso.

Iniciei a aula com uma introdução ao PowerPoint e Impress, depois fomos

desenvolvendo juntos uma apresentação usando o aplicativo, fomos passo-a-passo

criando cada slide e tirando as dúvidas de cada tela, no término do exercício todos

estavam com uma apresentação pronta para ser exibida com imagens, efeitos,

personalização de design, transição e etc., ficaram animados porque começaram logo a

imaginar as aulas que poderiam ser criada.

A grande surpresa ficou para o final, quando ainda estava acontecendo aula a

diretora Adriana pediu que todos se reunissem para fazer uma foto que teria que mandar

para a coordenadora dela, demos uma pausa na aula e nos juntamos para a foto, em

seguida a aula continuou normalmente.

Ao término, todos saíram muito rápidos e fiquei dando uma ajuda a um

professor que estava com dúvidas para conectar o notebook ao datashow, quando de

repente chegou a esposa dele me dizendo que havia uma ligação na sala dos professores,

guardei o meu notebook e o datashow descendo logo em seguida para atender a ligação,

quando entrei na sala dos professores fui surpreendido com uma festa de aniversário.

As fotos tiradas em sala na verdade era para montar uma foto com uma

dedicatória e a assinatura de todos os participantes da aula, ganhei também um relógio e

Page 26: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

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um cordão de prata, fiquei muito feliz com a homenagem e da forma que me trataram, já

não era mais um ex-aluno e sim um professor e amigo de todos ali presentes.

Na segunda aula de PowerPoint que aconteceu no dia 14/06/2008, foi instalado

no notebook dos professores um arquivo de vídeo e um arquivo de música, para que

fosse possível explicar como colocar o vídeo e a música em suas apresentações,

conheceram um pouco sobre a ferramenta de auto-forma, como aplicar um fundo para a

apresentação, como colocar fotos ou imagens, marcadores, cabeçalho e rodapé, fomos

aplicando os recursos nas apresentações criadas na aula anterior.

O momento mais interessante foi quando colocamos um vídeo, em uma das

aulas que tinha sido gravado anteriormente, depois colocamos uma música, porém só

tocou no primeiro slide, depois de aprenderem fazer a música tocar em toda a

apresentação, foi quando puderam ver e ouvir o resultado do vídeo e da música que eles

colocaram, ficaram muito satisfeitos com o momento da exibição da apresentação.

Neste momento, uma professora que também é sindica do condomínio onde

mora em Maricá, mostrou com muita alegria o que tinha terminado naquela aula,

montou uma apresentação para fazer a prestação de contas para seus condôminos. Ficou

muito bacana com transição de slides e efeitos aplicados nos textos, usou gráficos

elaborado por ela com o conteúdo aprendido durante as aulas de Excel.

No dia 21/06/2008 foi a última aula sobre o PowerPoint, os professores estavam

cheios de perguntas e alguns já estavam montando suas aulas, aprendemos a colocar

links, botões de ações que poderiam abrir outros programas ou simplesmente trocar de

slides, gostaram muito, viram que poderia ser criado um índice na apresentação com

botões que linkavam diretamente ao conteúdo que deveriam apresentar, desta maneira

poderiam preparar a aula para um semestre inteiro.

Viram como poderiam personalizar a apresentação e até colocar um link em uma

palavra no meio de um texto que ao ser clicado chamaria a página de um site para

explicar melhor o conteúdo da aula.

Foi baixado um programa que possibilitava baixar vídeos do site do Youtube, e

instalado em todos os notebooks, puderam ver que existe muita coisa interessante que

poderiam usar nas apresentações, como por exemplo, o vídeo que foi baixado

explicando sobre célula tronco e poderia ser usado nas aulas de Biologia.

Page 27: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

27

Começamos o conteúdo de internet no dia 28/06/2008, conheceram o

surgimento, a evolução da internet, como funciona, quais os mecanismos de controle e

como acessar, o tema foi amplamente discutido, pois a internet está ligado diretamente

ao nosso dia-a-dia, principalmente no dos alunos.

Vimos como era possível refinar pesquisas, e até como poderíamos encontrar

conteúdos que pudessem estar sendo copiado pelos alunos na elaboração de trabalhos,

gostaram muito de saber como pesquisar melhor utilizando o navegador, e a facilidade

de se encontrar um determinado conteúdo.

No dia 05/07/2008, aconteceu a segunda aula de internet, parecia que não teria

muitas novidades para apresentar, pois já sabiam enviar e receber e-mail, e até baixar

anexos, mas alguns professores estavam com muitas dificuldades e ainda não sabiam

verificar sua caixa de e-mail, foi explicado como fazer para acessar os conteúdos das

mensagens, baixar os anexos e anexar arquivos.

Viram que o programa Winzip é utilizado para compactar e descompactar

arquivos, o que acabou sendo novidade para a grande maioria que não sabia como

utilizá-lo.

Foi dado um enfoque maior na maneira de se proteger dos vírus, exibindo até um

vídeo que detalhava cada tipo de vírus e suas ações devastadoras no computador. A

preocupação foi unânime, entenderam bem o perigo e qual a melhor maneira de se

prevenir dessas pragas virtuais.

Na penúltima aula do curso no dia 12/07/2008, era um dia diferente para todos,

pois receberíamos a visita da representante do NTE (Núcleo de Tecnologia

Educacional), professora Maria Tereza que também é a orientadora do projeto, além de

saber como estava sendo desenvolvido o projeto, apresentou vários sites do governo e

alguns conteúdos ligados a docência.

No início da aula foi apresentado o conteúdo sobre WebQuest, conheceram o

que era, para que servia, e como montá-la, todos demonstraram muito interesse, viram o

sitio PHP Webquest, uma ferramenta que possibilita a criação de maneira prática, fácil e

muito simples, também hospeda muitas WebQuest prontas e elaboradas por vários

professores das mais diversas disciplinas. Foi possível visualizar vários exemplos e para

que serve este meio de transmissão de conhecimento.

Page 28: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

28

Além de um vasto campo para garimpar e pesquisar conteúdos para preparar os

trabalhos. Teriam no mesmo endereço a possibilidade de preparar um conteúdo

inteiramente didático e voltado à informática educativa, onde os alunos poderiam ser

conduzidos ao laboratório para desenvolver o trabalho proposto pelo professor.

O fato que mais interessou, foi a possibilidade da interdisciplinaridade que a

ferramenta oferece podendo ter um trabalho compartilhado por vários professores de

disciplinas variadas, fazendo que o aluno possa perceber que embora as disciplinas

sejam diferentes existam ligações em comum entre elas.

A professora Maria Tereza chegou por volta das 10h00min no momento exato

que terminava o conteúdo da primeira aula, tendo parado para um pequeno intervalo,

em seguida ela assumiu a condução da aula apresentando vários sites de suma

importância para os professores, que além de pesquisas, poderiam fazer diversos cursos

de capacitação e até cursos de extensão com 360 horas/aulas.

Explicou também sobre os projetos desenvolvidos pelo NTE, e a importância do

uso da tecnologia em sala de aula atualmente.

Falou sobre os grandes investimentos do Governo Federal e Governo Estadual

na área da informática educativa, e principalmente no investimento com software livre

que é o grande foco do Governo no momento.

Além de grande economia com o Linux, tem também a facilidade de ser

desenvolvido especialmente para a educação, que o torna mais específico e voltado para

as necessidades dos docentes em um laboratório de informática.

É chegado o final do curso no dia 19/07/2008, não foi preparada nenhuma

apresentação para a aula, mas foi enviado um e-mail para todos os professores, pedindo

que escrevessem algumas linhas a respeito do curso e o que representou para eles.

A última aula foi para explicar como fazer a ligação do notebook com o

datashow, viram os tipos de cabos e onde ligá-los. Puderam ver em qual saída ou

entrada do equipamento deveria ser conectado o cabo e como fazer para que pudesse

identificar a entrada que estivesse em uso.

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Como o Sistema Operacional do meu notebook era o vista, desconectei do meu e

conectei o da diretora Adriana para que pudessem seguir passo a passo a instalação e

configuração do notebook para transmitir a imagem para o datashow.

Depois de ter tirado todas as dúvidas quanto à ligação, mostrei o endereço do

sitio www.somatemática.com.br, onde poderiam ver e até adquirir material didático para

aulas de matemática, além poder visualizar alguns links mantido pelo sitio como:

www.pral.com.br, e outros, destinado a professores e alunos que ao se cadastrar no sitio,

possa montar uma sala virtual e enviar materiais didáticos, existem outros links também

destinado as disciplinas de português, biologia, ciências, etc. Todos gostaram muito,

vários se cadastraram na hora como professores para montar suas salas virtuais.

Ao término da aula foi passado um questionário para a avaliação do curso e

quantificar o resultado do conteúdo apresentado no decorrer das 15 aulas apresentadas.

A diretora Adriana, me chamou em sua sala no final da aula para mostrar o

ofício que pretendia encaminhar ao NTE solicitando um certificado para os

participantes do curso, pela qualidade e profundidade ao qual o tema foi desenvolvido e

abordado.

Ficou claro que o objetivo em oferecer um curso de capacitação em informática

de qualidade aos professores do Colégio Estadual “Elisiário Matta” atingiu as

expectativas necessárias, além de ter sido uma experiência profissional excelente para

minha carreira profissional.

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5. REFLEXÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E TRAÇANDO DIRETRIZES PARA UM NOVO PROJETO.

O Governo Federal tem investido maciçamente na implantação e manutenção do

projeto educacional de inclusão digital. Porém vários projetos foram criados e

descontinuados por falta de investimentos na esfera Estadual e Municipal,

principalmente quando acontece uma mudança de governo. Esse fato acabou levando ao

fracasso projetos que estavam começando a funcionar e foram obrigados a serem

paralisados.

Oliveira (2001), em suas pesquisas em Pernambuco (PE), relata as dificuldades

vividas pelo projeto na mudança de governo.

“Embora estes governos, em seus respectivos planos de educação, mostrassem objetivos “distintos” para a escola, mostraram práticas parecidas no que se refere ao Projeto de Informática Educativa, ou seja, ausência quase que completa de investimentos para a manutenção e ampliação desta experiência; limitando-se quase que exclusivamente às verbas recebidas do governo federal; decorrentes do convênio assinado para a criação dos Cieds em 1988.” (p.78).

Podemos observar estes fatos em vários periódicos que relatam o surgimento,

desenvolvimento e evolução desses projetos educacionais. Não existe uma continuação.

Quando um governo assume a administração uma de suas primeiras ações é paralisar

todos os projetos em desenvolvimento, um desperdício inescrupuloso de dinheiro

público. O problema é que enquanto os políticos apresentam seus novos planos de

governo, a educação vai se descompassando com relação aos avanços tecnológicos, o

que dificulta ainda mais o processo de inclusão.

Outra grande dificuldade encontrada é a grande população de professores que

tem muita resistência a uma nova tecnologia, muitos acham que é modismo e logo vai

sair de moda, outros acham que o computador pode substituí-los e preferem manter-se

afastados.

As faculdades de pedagogia e licenciatura, salvo pouquíssimas exceções, ainda

não têm em suas grades curriculares, uma disciplina que possa preparar o futuro

professor para o uso destas tecnologias. Como nem todos os professores recém

formados exibem um bom domínio nesta ferramenta acabam seguindo os discursos dos

professores mais antigos.

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Fica fácil entender estas deficiências quando observamos o que Estebam e

Zacur, (2002), fala sobre educação.

“Na persistente crise da educação brasileira, novos complicadores inserem variáveis, mas não se desatam antigos nós: a escola continua excludente, produzindo analfabetos, analfabetos funcionais e iletrados.” (p. 12).

As poucas faculdades que oferecem formação na área de Licenciatura e

computação deparam com uma dura realidade, os baixos salários dos professores e a

falta de uma grade curricular da Educação Básica que possa utilizar esta mão de obra

específica no uso da tecnologia. Estes fatores fazem que os alunos que cursam estas

disciplinas acabem migrando para a área tecnológica onde as ofertas salariais são mais

interessantes, além de um grande número de vagas para esta formação devido a grande

expansão desta área atualmente.

O processo de evolução na educação fica em desvantagem quando comparamos

com a evolução da informática, tornando cada vez mais difícil convencer o professor a

fazer parte desta ação.

O governo do Estado do Rio de Janeiro, através da estratégia de oferecer um

notebook incentiva o professor para o uso do computador oferecendo além do

equipamento o acesso gratuito à Internet. Com o uso deste notebook, o professor poderá

além de fazer inúmeras pesquisas, participar de cursos de Ensino a Distância para

capacitação e pós-graduação melhorando sua qualificação profissional.

Segundo a Professora Sofia Galvão Baptista, adjunta IV UnB, do Departamento

de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília (UnB), em sua

reflexão sobre inclusão digital onde diz que,

“O Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac) é um programa de inclusão social do governo federal coordenado pelo Ministério das Comunicações, que utiliza ferramentas de tecnologia da informação para promover inclusão digital em todos os estados brasileiros. Para o Gesac, não basta apenas levar equipamento e conexão para comunidades carentes. É preciso levar serviços e metodologia de trabalho que permitam mudar a realidade local dos cidadãos (Ministério das Comunicações, 2005).” 1

1Disnponível em http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/view/22/36 acesso em 08 nov 2008.

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Através das entrevistas realizadas com os professores do colégio, percebeu-se

que alguns destes equipamentos não estão sendo usados pelos professores e sim por

seus familiares. Estes estão aproveitando o notebook para uso particular, desvirtuando

desta maneira o objetivo principal desta idéia, que é o uso pedagógico. A idéia da

distribuição de notebooks deveria ser feita após um curso de capacitação, que

possibilitaria o uso de maneira eficaz do equipamento, só distribuir não resolve a

exclusão digital vivenciada pelos inúmeros professores da rede pública.

Conforme Oliveira (2001), o planejamento educacional deve visualizar a escola

como local de construção de conhecimento.

“Assim, entendemos que qualquer projeto desenvolvido na área de educação deve ser analisado sob uma ótica que tenha como pressuposto que os projetos educacionais devem ser desencadeados, não a partir de altos escalões da burocracia estatal, mas, antes de tudo, a partir dos interesses expressos por aqueles que vivem a escola no seu dia-a-dia. (p.61)”

A importância do curso realizado para esta pesquisa se deu na capacitação do

professor para utilização deste equipamento em seu uso pedagógico. Possibilitando aos

docentes construir conhecimentos necessários para a utilização e criação de material

didático para uso em sala de aula e no laboratório de informática.

No decorrer do curso foi possível observar que há interesse de alguns

professores em preparar material didático usando e aplicando o uso do computador, seja

em sala de aula , seja nos laboratórios, porém esbarra-se em uma dificuldade: como

montar aulas fazendo o uso desta tecnologia? Onde procurar materiais que possam usar

nos laboratórios com os alunos? Falta toda uma estrutura pedagógica montada e

elaborada para que o professor utilize efetivamente estes recursos, fazendo que o

professor com pouco conhecimento nesta área acabe desistindo de usar esta ferramenta

em seu fazer didático.

O Governo Federal oferece no sitio http://portaldoprofessor.mec.gov.br alguns

conteúdos prontos para que o professor possa baixar e utilizar nas suas aulas (vídeos e

materiais didáticos). Esta oferta ainda é muito pouca para a necessidade diária das

disciplinas. Como a grande maioria dos professores tem pouco tempo para uma

pesquisa mais aprofundada sobre o material didático a ser apresentado em suas aulas,

Page 33: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

33

acaba voltando para as aulas tradicionais com as quais já estão acostumados e são

conhecedores do assunto.

Existe uma pirâmide invertida: os investimentos são aplicados no topo da

pirâmide e não na base. Antes de colocar os computadores na escola e incentivar

professores leigos na área da informática a levar os alunos para os laboratórios, o

Governo deveria preparar um programa pedagógico que pudesse orientar os professores

nas pesquisas e confecções de aulas com o uso desta tecnologia.

“Entre as críticas feitas pelo Macro Plano de Inclusão Digital está a falta de integração entre as iniciativas. “Não há coordenação clara e centralizada entre os diversos programas governamentais existentes, não havendo também um alinhamento com as iniciativas dos governos estaduais e municipais”, diz um dos trechos do estudo. Na visão da consultoria, a correção desta falha poderia levar a um melhor aproveitamento dos recursos utilizados - volume considerado baixo em relação ao gasto de outros países. O documento também destaca a falta de uma política nacional de inclusão digital e o baixo nível de cooperação entre o governo, o setor privado e o terceiro setor. Em outro ponto, identifica que a maioria das iniciativas prepara a população para lidar com computadores de modo superficial. “Além da grande sobreposição de programas de acesso coletivo sem o alcance de uma grande amplitude, há uma carência de programas significativos de capacitação e conteúdo”, destaca outro trecho. 2

Feito este investimento inicial, chegaria o momento de investir na qualificação

profissional, começando pelas universidades, onde todas as disciplinas de licenciaturas

e pedagogia deveriam ter uma cadeira que preparasse o professor para a utilização

destes equipamentos. É na universidade que se qualifica educadores pensantes e

conhecedores de seus objetivos e missões dentro de uma sociedade tecnológica e do

conhecimento.

Ao mesmo tempo deveria se oferecer cursos de capacitação para os docentes

formados e que já se encontram trabalhando na rede pública. Desta forma seria mais

fácil combater os efeitos gerados por essa exclusão digital tanto discutida e debatida em

congressos por todo o país. Quando chegasse o momento dos alunos freqüentarem os

laboratórios, haveria professores e conteúdos preparados para uma atividade prática

com o uso da tecnologia. Desta maneira chega-se à ponta da pirâmide com uma base

sólida e estruturada.

2 Disponível em http://www2.metodista.br/unesco/jbcc/jbcc_mensal/jbcc284/jbcc_direitosacomunicacao_plano_de_inclusao.htm acesso em 08 nov 2008.

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34

O curso teve como objetivo capacitar o professor para o uso do laboratório,

apresentando conteúdos diversos para cada disciplina e vários exemplos que poderia ser

utilizado para uma aula no laboratório.

É evidente que o tempo demandado para o curso não foi suficiente para uma

preparação sólida, mas para quem já tinha certo conhecimento, foi possível ousar mais

nas elaborações de suas aulas. Isso é possível de se constatar nos questionários e

declarações (em anexo) descritos pelos próprios professores.

Para um número inicial de 32 professores inscritos 10 não chegaram ao final do

curso, mas o resultado final com os 22 professores acabou gerando uma expectativa por

parte da instituição que acabou me convidando para continuar no colégio, sendo uma

espécie de orientador tecnológico para os professores. Ver Figura 1 do anexo.

Ao término do curso pesquisei com os professores desistentes na tentativa de

identificar a causa das evasões.

Observei que cerca de 40% atribuiu sua desistência a ausência completa de

conhecimento mínimo para usar o teclado, fato que dificultou muito no momento de

executar os exercícios. 30% não deram continuidade por estarem envolvidos em outros

trabalhos e preferiram parar com o curso para não atrapalhar o andamento dos mesmos.

30% desistiram por morar longe tendo dificuldade devido o horário (de 08 às 12h) e

pelo fato do curso ser no sábado.

A teoria está se tornando uma prática. Os professores que fizeram o curso já

estão usando o conhecimento construido em suas aulas com o datashow e levando os

alunos para o laboratório, criando e enviando e-mails, fazendo pesquisas para trabalhos

e etc., usando também a sala de vídeo para apresentar conteúdos criados no movie

maker (ferramenta de aplicativo do Windows que serve para montar pequenos vídeos).

Os demais professores que não são muito chegados ao uso das tecnologias estão

começando a me procurar nas segundas, quartas e sextas, horário que estou na escola

para tirar dívidas e ajudar na preparação e elaboração de aulas que possa usar as TICs

como ferramenta educativa.

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35

Uma das dificuldades possíveis de observar neste trabalho foi a

indisponibilidade de tempo que os professores tem para a preparação de conteúdos,

tornando-se um fator negativo na preparação de aulas que venham a usar a tecnologia.

A facilidade que os professores tem em ministrar aulas tradicionais deve-se ao

domínio dos conhecimentos necessários para apresentarem o conteúdo da disciplina.

Porém este tipo de transposição didática nem sempre é atrativo para os alunos. Na

escola “Elisiário Matta” a Diretora resolveu colocar uma pessoa para pesquisar os

conteúdos e ajudar na montagem das aulas na esperança que, com essa facilidade, os

professores comecem a utilizar as tecnologias em suas aulas.

Os professores de português, biologia, história, inglês e até matemática já estão

pesquisando na internet e trazendo textos com figuras para serem escaneadas e incluídas

nas apresentações de PowerPoint para serem apresentadas em sala de aula. Uma

professora de português já montou uma WebQuest para gerar um estudo dirigido de

pesquisa na internet, fazendo que os alunos depois de coletarem as informações

necessárias, pudessem montar uma apresentação em grupo e apresentar este conteúdo

em sala de aula.

Na semana comemorativa ao centenário da morte do escritor “Machado de

Assis” a professora de história montou um vídeo com seus alunos e com a participação

do professor de literatura, mostrando imagens feitas através de um passeio para

conhecer a história sobre esta personalidade da nossa história literária. No mesmo vídeo

havia a encenação de uma peça sobre o texto “O enfermeiro, uma das obras de Machado

de Assis”, traduzida para os dias atuais pelos próprios alunos da escola. Toda a escola

participou da exposição deste vídeo interdisciplinar.

Inicialmente parece começar a dar resultado o trabalho realizado no curso de

capacitação, pois a cada semana a procura está aumentando. Os professores já

perceberam que usando as tecnologias fica mais fácil fazer os alunos participarem das

aulas e produzirem conhecimentos desejáveis que tanto a escola busca.

Além do momento pós curso estar sendo muito positivo, não é possível descartar

ou desconsiderar a experiência profissional e pessoal adquirida ao longo do

desenvolvimento do projeto. Refletindo mais profundamente sobre essa prática, foi

possível através de questionários, coletar informações de suma importância para a

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36

construção de vários gráficos, permitindo levantar pontos positivos e negativos durante

o desenvolvimento do projeto e contribuindo para a avaliação do resultado do curso.

No estudo do questionário inicial foi possível observar que grande parte dos

professores inscrito tinha computadores, mas não tinham a cultura ou a curiosidade de

usá-lo em pesquisas e elaboração de suas aulas, poucos dominavam bem a tecnologia e

alguns não sabiam quase nada sobre essa tecnologia. Ver Figura 2 do anexo.

A maioria nunca fez curso de informática e por isso nunca tiveram coragem de

levar seus alunos ao laboratório, embora tenham sido expressivos em afirmar que

gostariam de aprender mais sobre essa tecnologia para que pudessem levá-los para o

laboratório, admitindo que a informática se faz muito importante para esse novo

contexto educacional.

O projeto foi prazeroso de ambas as partes, é possível ver na figura 5 do anexo,

que mesmo sem ter participado de outro curso de informática todos gostaram muito da

maneira que foi ministrada, pois a meta era oferecer um curso que ajudasse os

professores na preparação de provas e aulas.

Os exercícios e exemplos foram organizados e voltados para o dia-a-dia dos

professores. Estes puderam aprender o necessário para um uso inicial dentro das

necessidades diárias na qual já tinham experiências e práticas sem o uso da tecnologia.

Assim foi possível que fizessem comparações e avaliações de como seus trabalhos

ficariam ainda melhores com a introdução dessa cultura tecnológica em seus dias.

Na Figura 6 foram avaliados os recursos empregados para o desenvolvimento

do projeto que possibilitou uma maior aproximação dos professores com estes novos

objetos pedagógicos. Muitos que ainda não tinham experimentado o uso desse recurso

puderam participar da elaboração de aulas usando tais recursos, percebeu-se que os

alunos poderiam ver os conteúdos disciplinares com um olhar participativo e crítico.

Na questão 14 do questionário aplicado, foram unânimes depois de questionados

se haveria interesses em outros cursos, sugeriram os cursos de Linux e Photoshop para

melhorar suas técnicas.

Ao perguntar sobre o que o curso acrescentou na vida pessoal e profissional, a

grande maioria respondeu que acrescentou muito, oferecendo um melhor domínio da

Page 37: Monografia: Uma experiência de Inclusão Digital com o uso do Notebook

37

tecnologia, criando mais segurança, dando motivação para enfrentar melhor os desafios

tecnológicos.

Após o curso, segundo as respostas da questão 16, os professores estão se

sentindo mais dinâmicos e atualizados, mais criativos, mais seguros, capazes de ousar,

perceberam que com a utilização destes recursos suas aulas poderão ser mais dinâmicas

e agradáveis. Para os alunos seria o início de uma mudança efetiva na forma tradicional

adotada pela grande maioria dos docentes desta instituição para um modelo de aula que

pode acrescentar um maior interesse dos alunos em compartilhar os conhecimentos

apresentados.

A questão 17 deixou claro o resultado positivo deste projeto, a maioria dos

professores que participaram do curso de capacitação, se sente mais seguro para

conduzir uma aula no laboratório ou na sala de aula com auxílio de um datashow. Tal

conclusão pode ser melhor comparada com trechos de depoimentos escritos pelos

próprios professores e entregues no final do curso, ao qual apresentarei sem mencionar

os nomes.

Professor 1: “Antes de fazer este curso minha relação com um computador era mínima, apenas digitava minhas provas (e muito mal) e abria e-mail (criado por meu marido), sem maiores interesses pela informática. Com o curso, a cada nova aula, minha curiosidade e meu interesse foram aumentando ao perceber quanta coisa podemos fazer com as ferramentas oferecidas pela informática. Sem dúvida alguma, as aulas deste curso foram muito importantes para mim, pois foram capazes de dar nova motivação para meu trabalho e mesmo que eu esqueça algo que foi ensinado (ainda posso recorrer a apostila), uma coisa nunca mais será a mesma: minha vontade de continuar aprendendo. No mais só posso agradecê-lo, pois sei que o professor faz a diferença ao estimular seus alunos e você foi um senhor PROFESSOR.”

Professor 2: “O curso foi extremamente proveitoso, pois nos proporcionou condições de aprendermos muito, além do que aprenderíamos em um curso básico de informática. Foi dinâmico com uma metodologia diferente do que estamos acostumados ver. O que nos permitiu nunca voltarmos para casa “vazios” ou com dúvidas. As dúvidas individuais eram jogadas para o grupo e sanadas coletivamente acrescendo nosso grau de conhecimento. Isto permitiu uma interatividade enorme, pois podíamos no decorrer da semana ajudarmos entre si. A linguagem foi fácil com exemplos aplicados ao nosso dia-a-dia, o que facilitou o entendimento de termos novos e complicados. Sabemos que obteremos a melhoria do desempenho com a prática e atualização constantes, mas adquirimos um domínio satisfatório para nossa atuação enquanto professores, desmistificando um pouco essa tecnologia que muito tem a contribuir com o exercício de nossa profissão. Foi emocionante invertermos as posições e sentarmos nos bancos escolares recebendo instruções de alguém que, até bem pouco tempo, foi nosso aluno. Isso nos renova e dá forças para “continuarmos remando contra a maré”. Citando

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Renato Russo: “Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?” Obrigado por devolvê-la.”

Professor 3: “O curso foi excelente. Todas as pessoas que conheço afirmam que não aprendem nada num curso de informática porque o professor não tira dúvidas. Isso não ocorreu com as aulas ministradas por você, Fernando. Sua extrema paciência com os iniciantes foi fator fundamental para uma aprendizagem real. As aulas foram organizadas de forma bastante didática e esclarecedora. Não deixaram dúvidas. Aprendi mais do que esperava, muito mais. E o resultado disso tudo foi um melhor aproveitamento dos programas e ferramentas do meu computador e a possibilidade de otimização de minhas aulas. Muito bom! Não tenha dúvida. Você é excelente.”

Todos estes depoimentos e outros mais estarão em anexo para comprovar que os

professores querem e podem sair da condição de excluídos digitais, basta que se ofereça

um curso voltado para suas realidades. O objetivo de capacitá-los no local onde

trabalham, criando assim uma facilidade na questão de deslocamentos para outros

lugares, gera uma demanda de tempo muito excessiva para a participação no curso.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além de uma experiência pessoal fantástica, a experiência profissional foi plena

e gratificante. O fato de sair da escola como aluno e retornar dando aula para vários ex-

professores e agora amigos docentes, acabou gerando uma expectativa de ambas as

partes, fato que contribuiu muito para o bom resultado desta pesquisa e no

desenvolvimento do curso.

Foi possível além de contribuir com um conhecimento tecnológico, permitir que

os professores refletissem para um assunto polêmico que é o uso da informática no

currículo pedagógico.

Na condição de alunos puderam perceber que uma aula digital provoca uma

maior participação e questionamento, permitindo também a demonstração interativa que

pode ser feita em tempo real, acrescentando muito mais conteúdos do que uma aula

tradicional que restringe o aluno à condição de ouvinte e não de participante de um

conhecimento a ser construído.

O paradigma da exclusão digital dos professores está prestes a ser eliminado do

Colégio Estadual “Elisiário Matta”. É evidente que o curso não é o grande modificador

deste modelo, mas a Direção da escola com sua consciência pedagógica, que apostou e

está investindo neste momento no pós-curso.

Esta atitude está se tornando o grande diferencial na mudança deste

comportamento permitindo que os professores continuem aprimorando e aplicando o

que foi desenvolvido durante os quatro meses do curso, transformando-se em uma

grande alavanca impulsionadora na mudança de comportamentos e hábitos no dia-a-dia

dos docentes desta instituição de ensino.

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40

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 35ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. ____ Novos tempos, velhos problemas. In: SERBINO, R. V. [et al] (Org). Formação de Professores. São Paulo: Unesp, 1998. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1994. SAMPAIO, Marisa Narcizo; LEITE, Lígia Silva. Alfabetização Tecnológica do professor. 5ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. ESTEBAN, Maria Teresa; ZACCUR, Edwiges. Professora-pesquisadora. Rio de Janeiro: DP&A Editora Ltda, 2002. JOSSO, Marie-Christine. Experiências de Vida e Formação. São Paulo: Cortez Editora, 2004.

OLIVEIRA, Ramon de. Informática Educativa. 5ª ed. São Paulo: Papirus Editora,

2001.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na edicação. 5ª Ed. São Paulo: Editora Érica, 2001. PAPERT, Seymour. A Máquina das Crianças. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1994. YOUSSEF, Antonio Nicolau; FERNANDEZ, Vicente Paz. Informática e Sociedade. 2ª Ed. São Paulo: Editora Ática, 2003. PERRENOUD, Philippe. A Prática Reflexiva no Ofício de Professor. São Paulo: ARTMED Editora, 2002. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária LTDA, 1986. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A, 2002. http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/view/22/36 acesso em 08/11/2008 às 17:15h. http://www2.metodista.br/unesco/jbcc/jbcc_mensal/jbcc284/jbcc_direitosacomunicacao_plano_de_inclusao.htm acesso em 08/11/2008 às 17:35h.

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8. ANEXOS:

Figura 1: Estatística sobre a quantidade de professores capacitados.

Questionário Inicial

Questão 1 Tem computador em casa? Questão 2 Você sabe utilizar o computador? Questão 3 Já fez algum curso de informática? Questão 4 Você dá aula usando a informática? Questão 5 Você acha que o uso do laboratório de informática é Bom, Regular ou

Ruim? Questão 6 Gostaria de aprender mais sobre computador e seus programas

participando deste curso para levar seus alunos ao laboratório e/ou desenvolver suas atividades administrativas?

Questão 7 A informática é importante para ter uma educação melhor? Questão 8 Você já se imaginou preparando uma aula virtual ou tirando duvidas em

algum tipo de chat?

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Figura 2: Questionário apresentado no início do curso.

Figura 3: Avaliação por idade dos incritos.

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Figura 4: Avaliação por nível de graduação dos incritos.

Questionário Final

Quanto ao desenvolvimento do curso. Questão 1 A motivação dos alunos foi adequada para a compreensão? Questão 2 Perguntas formuladas pelo professor, focalizaram, estimularam e

desencadearam novas idéias? Questão 3 As idéias principais foram retornadas, resumidas, esclarecidas ou

completadas, quando necessário? Questão 4 Os exemplos utilizados foram ilustrados, simples, relevantes e

ajustados aos conceitos principais? Questão 5 O vocabulário utilizado na apresentação foi preciso, correto, sendo

traduzido quando necessário? Questão 6 O professor demonstrou domínio suficiente aos assuntos abordados? Questão 7 Houve seqüência no desenvolvimento do assunto de modo que

facilitasse o entendimento por parte do aluno? Questão 8 Qual o grau de profundidade que foi desenvolvido o curso? Questão 9 As técnicas de ensino utilizadas foram adequadas aos objetivos

propostos?

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Figura 5: Avaliando o desenvolvimento do curso.

Quanto aos recursos auxiliares e tempo. Questão 10 O prazo (tempo do curso) foi adequado? Questão 11 O uso da apostila foi relevante para melhorar a aprendizagem? Questão 12 Os recursos audiovisuais foram utilizados adequadamente? Questão 13 As instalações físicas foram suficientes para um bom desenvolvimento

do curso?

Figura 6: Avaliando os recursos auxiliares e tempo do curso.

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DEPOIMENTO DOS PROFESSORES:

Professor 1

“Antes de fazer este curso minha relação com um computador era mínima,

apenas digitava minhas provas (e muito mal) e abria e-mail (criado por meu marido),

sem maiores interesses pela informática.

Com o curso, a cada nova aula, minha curiosidade e meu interesse foram

aumentando ao perceber quanta coisa podemos fazer com as ferramentas oferecidas pela

informática. Sem dúvida alguma, as aulas deste curso foram muito importantes para

mim, pois foram capazes de dar nova motivação para meu trabalho e mesmo que eu

esqueça algo que foi ensinado (ainda posso recorrer a apostila), uma coisa nunca mais

será a mesma: minha vontade de continuar aprendendo.

No mais só posso agradecê-lo, pois sei que o professor faz a diferença ao

estimular seus alunos e você foi um senhor "PROFESSOR.”

Professor 2:

“O curso foi extremamente proveitoso, pois nos proporcionou condições de

aprendermos muito, além do que aprenderíamos em um curso básico de informática. Foi

dinâmico com uma metodologia diferente do que estamos acostumados ver. O que nos

permitiu nunca voltarmos para casa “vazios” ou com dúvidas.

As dúvidas individuais eram jogadas para o grupo e sanadas coletivamente

acrescendo nosso grau de conhecimento. Isto permitiu uma interatividade enorme, pois

podíamos no decorrer da semana ajudarmos entre si.

A linguagem foi fácil com exemplos aplicados ao nosso dia-a-dia, o que facilitou

o entendimento de termos novos e complicados.

Sabemos que obteremos a melhoria do desempenho com a prática e atualização

constantes, mas adquirimos um domínio satisfatório para nossa atuação enquanto

professores, desmistificando um pouco essa tecnologia que muito tem a contribuir com

o exercício de nossa profissão.

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Foi emocionante invertermos as posições e sentarmos nos bancos escolares

recebendo instruções de alguém que, até bem pouco tempo, foi nosso aluno. Isso nos

renova e dá forças para “continuarmos remando contra a maré”.

Citando Renato Russo: “Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o

mundo. Quem roubou nossa coragem?” Obrigado por devolvê-la.

Professor 3:

“O curso foi excelente. Todas as pessoas que conheço afirmam que não

aprendem nada num curso de informática porque o professor não tira dúvidas. Isso não

ocorreu com as aulas ministradas por você, Fernando. Sua extrema paciência com os

iniciantes foi fator fundamental para uma aprendizagem real. As aulas foram

organizadas de forma bastante didática e esclarecedora. Não deixaram dúvidas. Aprendi

mais do que esperava, muito mais. E o resultado disso tudo foi um melhor

aproveitamento dos programas e ferramentas do meu computador e a possibilidade de

otimização de minhas aulas. Muito bom! Não tenha dúvida. Você é excelente.”

Professor 4:

“Como avaliar um curso perfeito, que é ministrado por uma pessoa muito

qualificada?

É muito difícil, pois o curso foi maravilhoso em todos os aspectos.

Material didático de ótima qualidade, espaço físico bom, grupo de estudos

fantástico e o professor excelente.

Só tenho a comentar que foi muito importante participar deste curso, onde pude

sanar minhas dúvidas em relação à informática.

Com certeza a partir de agora meu trabalho será mais valorizado e de "alto nível

técnico.”

Professor 5:

“Eu gostei muito do curso, foi bastante proveitoso e o professor é ótimo:

COMPETENTE, ATENCIOSO, OBJETIVO, ETC. Tirei muitas dúvidas e aprendi

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muitas coisas que não sabia. Agora já posso tornar minhas aulas mais criativas e

agradáveis.

Espero que o professor Luiz Fernando continue conosco.

São poucos professores que tem tanta paciência e dedicação!”

Professor 6:

“Gostaria de deixar aqui meus agradecimentos pelo muito que foi proveitoso o

curso administrado, pois através dele ficou possível uma integração e inclusão no

mundo digital, proporcionando assim a tranqüilidade de administrar aulas.”

Professor 7:

“Meu conhecimento em informática sempre foi reduzido a um simples acesso de

e-mail.

Nunca tive interesse em fazer curso, sempre achava que tudo se resolveria no

momento em que eu comprasse um computador.

Feita a compra tudo mudou. Meu interesse pela informática explodiu. Tive a

sorte de encontrar pessoas que foram me ensinando o pouco que já sabiam, mesmo

assim, via que meu conhecimento estava fragmentado, não me sentia seguro.

Tudo mudou com a chegada do Laptop, era chegada a hora de organizar tudo

que sabia para melhor utilização daquela ferramenta em sala de aula.

O projeto de inclusão digital praticado pelo nosso ex-aluno Luiz Fernando

aconteceu no melhor momento, adquirimos, entre outras coisas, a confiança e o prazer

pelo desafio a tudo que envolve esse enigma que se chama informática.

Mas isso foi só um grande começo... esperamos que profissionais como Luiz

Fernando continuem com suas práticas pedagógicas, fazendo o que mais sabem...

ensinar...

Sabe-se que o seu ambiente profissional será outro, não cabe aqui uma crítica ao

sistema...

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Lista de Presença do Curso de Capacitação em Informática Básica

Colégio Estadual Elisiário Matta

Ministrado por: Luiz Fernando Jardim de Carvalho

Qtd. Matrícula Nome Aulas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

1 0833037-5 Adriana Inês Firme Vieira p p p p p p p p p p p p f p f

2 0251619-3 Adriana Luiza da Costa p p p p p p p p p p p f p p P

3 0291543-7 Ana Carvalho Rodinsky p p f p p p p p p p p f p p p

4 0280957-2 André da Costa Pereira p p f f f f f f f f f f f f f

5 0162732-2 Aurélio da Piedade Silva p p f p f f f f f f f f f f f

6 0911350-7 Carmen Lucia Costa Ribeiro Corrêa p p p p p p f f p p f p f p p

7 0935663-5 Elaine Cotta Seabra p f f f f f f f f f f f f f f

8 0236157-4 Elizete Siqueira P. Cesar p p p p p p p f p p p f p p p

9 0243937-0 Guido Roberto de Souza Pavão p p p p p p p p p p f p p p f

10 0829617-0 Guilherme de Almeida Santos p p f p f f f f f f f f f f f

11 0826262-8 Ivonea Limeira de Souza p f p p f f f f f f f f f f f

12 0916353-6 Leila Lobão de Souza Morgado Monteiro p p f p f p p p p p p p p p p

13 0187142-5 Leticia Maria Rangel Cordeiro p p p p p p p p p p p p f p p

14 0834412-9 Lucinda Augusta Costa da Silva p p p p p p p p p p f p f p f

15 0827344-3 Magaly de Oliveira Faria p p f f f f f f f f f f f f f

16 0916308-0 Marcelo Menezes de Britto Pereira p p f p f p p p p p p p p p p

17 0827476-3 Marcia Gomes Bitencourt Miethe p f p f p p f f f f f p f f p

18 0829692-3 Marcia Vieira dos Passos p p f p p p f p p p p p p p p

19 0916303-1 Marcus Antônio Lacerda p p p f p f f p p f p p p p f

20 0805483-5 Margareth Gonçalves Mataruna p p p p p p p f p p p p f p p

21 0243138-5 Maria Aparecida P. da Costa p p f p p p f p p p p p p f p

22 0808263-8 Maria Nazareth Antunes Ramos p p f p f p p f p p p p f p p

23 0827654-5 Marília Ribeiro Martins p p p p p p p p p p p p p p p

24 0833516-8 Raimundo Barroso p p p p p p p p p p p p p p p

25 0845100-7 Ricardo de Souza Anhaia p p p p p p p p p p p p p p p

26 0916385-8 Rubem Ubiratan de Cardoso Gonçaves p p f f f f f f f f f f f f f

27 0280634-7 Sandra Maria de Souza Ferreira Amaral p p p f f f f f f f f f f f f

28 0916339-5 Sandro Barcelos Venturini p p f p p p p p f p p p p p p

29 0940150-6 Suzanne Vianna Prasser p p f f f f f f f f f f f f f

30 0285068-3 Valdemiro Vieira Mendonça p p p p p p p p p p p p p p p

31 0916370-0 Valéria Leonelo Venturini p p f p p p p p f p p p p p p

32 0805570-9 Valéria Maffei dos Santos Krause p p p p p p p f p f p p p f p

P = Presença F = Falta/ Os nomes em negrito não atingiram o percentual necessário

para aprovação.

Foi ministrado o curso de informática básica com os seguintes conteúdos: Sistema Operacional Windows e Linux, aplicativos Word, Write, Excel, Calc, Power Point, Impress, navegadores de internet Mozilla e Internet Explorer e a criação de webquest.

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Fotos do Curso:

Foto1: Aula inaugural com a Diretora Adriana apresentando o curso.

Foto 2: Os professores com seus notebooks acompanhando a aula.

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Foto 3: Os professores fazendo um exercício e tirando as dúvidas.

Foto 4: Momento de uma visita da Orientadora do Projeto Profª Maria Tereza.