monografia sergio 28 ago 2010[1]

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UNIVERSIDADE FEEVALE SÉRGIO PAULO RIBEIRO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC DESDE OS SEUS PRIMÓRDIOS NOVO HAMBURGO

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Page 1: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

UNIVERSIDADE FEEVALE

SÉRGIO PAULO RIBEIRO

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC

DESDE OS SEUS PRIMÓRDIOS

NOVO HAMBURGO

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2010SÉRGIO PAULO RIBEIRO

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC

DESDE OS SEUS PRIMÓRDIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Pós-graduado em Educação Musical: Ensino & Expressão pela Universidade Feevale

Orientadora: Profª Drª Patrícia Kebach

NOVO HAMBURGO

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2010SÉRGIO PAULO RIBEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso Educação Musical: Ensino & Expressão, com título A História da Educação Musical no Município de Chapecó-SC Desde os Seus Primórdios, submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Pós-Graduação.

Aprovado por:

________________________________

Professor(a) Orientador(a)

________________________________

Professor (Banca examinadora)

________________________________

Professor (Banca examinadora)

_________________________________

Professor (Banca examinadora)

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Novo Hamburgo, 30 de Agosto de 2010.

AGRADECIMENTOS

Obrigado Deus! Doador e sustentador da vida.

Obrigado queridos familiares! Sou grato pelo apoio, compreensão e amor.

Obrigado professores do Curso de Pós Graduação em Música: Ensino e

Expressão da Universidade FEEVALE. Com empenho, dedicação e paciência vocês

contribuíram muito para minha (de)formação.

Obrigado colegas de turma. Obrigado pela amizade e convivência! Sempre

me lembrarei de vocês com carinho

Obrigado Dra Patrícia Kebach pela orientação e interferências sempre muito

positivas. Você é uma personificação de um anjo bom.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi resgatar aspectos da história da educação musical no Município de Chapecó-SC, desde os seus primórdios. Entende-se por educação musical o processo de ensino e aprendizagem utilizado para ajudar os estudantes de música a construírem o conhecimento musical, ou seja, os elementos da linguagem musical, a fundamentação teórica, a prática instrumental e vocal, dando ao educando possibilidades de compreensão do processo musical enquanto ouve, executa ou compõe música. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo (entrevistas), que permitiram assim o resgate da história da educação musical no Município de Chapecó-SC no período proposto com resultados satisfatoriamente alcançados.

Palavras-Chave: História da Música em Chapecó, Educação Musical, Escolas de Música.

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RESUMEN

El objetivo desea investigación es rescatar aspectos de la historia de la educación musical en Chapecó-SC, desde sus inicios. Se entiende por la educación musical el proceso de enseñanza y aprendizaje utilizados para ayudar a los estudiantes de la música para construir sus conocimientos musicales, es decir, los elementos del lenguaje musical, la práctica teórica, instrumental y vocal, dando al estudiante oportunidades para la comprensión mientras escucha el proceso musical, realiza o compone canciones. La metodología utilizada fue la investigación bibliográfica y de campo (entrevistas), lo que permitió el rescate de la historia de la educación musical en Chapecó-SC en el período que se propone con resultados satisfactorios obtenidos.

Palabras claves: Historia de la Música en Chapecó, Educación Musical, Escuelas de música.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Vista noturna de Chapecó-SC...................................................... 12Figura 2 - Índios Kaingangs.......................................................................... 13Figura 3 - Museu do tropeiro em Chapecó-SC............................................. 14Figura 4 - Viola de Queluz............................................................................ 15Figura 5 - Tropeiro dos pampas no Oeste Catarinense................................ 16Figura 6 - Semana Farroupilha em Chapecó-SC......................................... 20Figura 7 – Chapecó-SC no ano de 1950 com apenas 5 mil habitantes........ 24Figura 8 - Chapecó da década de 1960....................................................... 26Figura 9 - Banda do 2º Batalhão da Polícia Militar de Chapecó................... 32Figura 10 - Primeira sede da Escola de Artes de Chapecó-SC..................... 34Figura 11 - Sede Atual da Escola Municipal de Artes de Chapecó–SC......... 35Figura 12 - Neyla Caramori – Diretora da Escola de Artes de Chapecó........ 38Figura 13 - Alceu Kuhn – Coordenador do NAPPB/ADEVOS........................ 40Figura 14 - Sérgio Paulo Ribeiro – Fundador da Escola Bela Bartok............. 42Figura 15 - Claudir Amaral – Primeiro aluno da Escola Bela Bartok.............. 43Figura 16 - Fundação Cultural de Chapecó-SC.............................................. 50Figura 17 - Sidnei Magal da Silva – Concerthus Centro de Ensino Musical

Ltda............................................................................................... 53Figura 18 - Márcio Hartmann – Fundador e Diretor da Casa da Música........ 55Figura 19 - Cíntia de Souza – Proprietária e Diretora da Escola Bela Bartok

Efapi............................................................................................. 57Figura 20 - Fabiano Fischer – Fundador e Diretor da Musicart...................... 58

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 82 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO MUSICAL NA REGIÃO DE CHAPECÓ –

SC DESDE OS SEUS PRIMÓRDIOS.............................................................. 123 O CAMINHO DAS NOTAS NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ–SC................. 213.1 OS ANOS INICIAIS: 1917 a 1929............................................................... 213.2 OS ANOS 1930........................................................................................... 223.3 OS ANOS 1940........................................................................................... 23

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3.4 OS ANOS 1950........................................................................................... 243.5 OS ANOS 1960........................................................................................... 263.6 OS ANOS 1970........................................................................................... 293.6.1 A banda de música do 2º Batalhão de Polícia Militar.............................. 313.6.2 A Escola Municipal de Artes.................................................................... 333.7 OS ANOS 1980........................................................................................... 393.7.1 A Musicografia Braille.............................................................................. 393.8 OS ANOS 1990........................................................................................... 413.8.1 A Escola de Música Bela Bartok.............................................................. 413.8.2 A Escola de Música Dó – Ré – Mi........................................................... 493.8.3 A Escola de Música Simal....................................................................... 493.9 O NOVO MILÊNIO...................................................................................... 493.9.1 A Fundação Cultural de Chapecó............................................................ 493.9.2 A Vibratto Musical Center Ltda................................................................ 513.9.3 A Concerthus Centro de Ensino Musical Ltda......................................... 533.9.4 A Escola de Música Casa da Música....................................................... 543.9.5 A Escola de Música Bela Bartok Efapi..................................................... 563.9.6 A Escola de Música Musicart................................................................... 583.9.7 A Escola de Música Som e Pausa........................................................... 59CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 60REFERÊNCIAS................................................................................................ 61

1 INTRODUÇÃO

Tex Willer é um conhecido personagem de história em quadrinhos criada por

dois italianos na década de quarenta. Tex é um cowboy equilibrado, com senso de

justiça e lealdade, priorizando sua luta sempre em defesa dos oprimidos.

Águia da Noite, como Tex é carinhosamente chamado pelos índios, ensina-

nos o gosto pela história e política, relata sobre a vida e costumes dos pioneiros, nos

faz admirar os povos indígenas e a entender seus costumes, leva-nos a

compreender a vida dos ourives nas minas e a desejar uma viagem nas velhas

Marias Fumaças, mas, sobretudo, ensina-nos sobre a vida em seus episódios reais

e marcantes no velho oeste americano.

Não temos Tex no velho oeste catarinense, mas temos muito a aprender dos

seus relatos nas similaridades entre o oeste americano e o oeste catarinense.

Estiveram por aqui povos indígenas pioneiros da região, paravam por aqui

tropeiros que compravam e vendiam de tudo, fixaram-se aqui desbravadores

oriundos das mais diversas regiões, imigrantes, principalmente italianos e alemães,

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em episódios reais e marcantes, trazendo em suas bagagens um elemento cultural e

artístico chamado educação musical. Esta era muitas vezes informal, cuja história

precisa ser resgatada e preservada para as novas gerações, como memória e como

fonte de ensino aprendizagem.

As histórias me fascinam. Penso que além da curiosidade nata do ser

humano, desenvolvi tal gosto ouvindo as histórias do meu avô materno. Ele era

caçador e como tal, tinha uma centena de “causos” que nos reuniam aos seus pés

para, sem piscar, ouvi-las com todo prazer e atenção. Apreciava cada parte: início,

meio e fim.

Sou músico, natural de Minas Gerais, mas estruturei minha carreira

profissional nesta cidade de Chapecó-SC, local que escolhi para viver de forma

definitiva desde 1990. Neste ano fundei a Escola de Música Bela Bartok, local onde

desde então tenho me dedicado ao ensino e aprendizagem da música.

Como educador musical, as curiosidades histórico-musicais infundiram em

mim o desejo de conhecer a trajetória da educação musical no município que escolhi

para viver e confesso que fiquei frustrado com o tão pouco que encontrei, sem início

registrado e com poucas informações.

A música é fascinante. Ela está presente em todas as esferas da vida

humana. Nascemos e somos embalados ao som das canções de ninar, crescemos

com “borboletinhas na cozinha, atirando o pau no gato, cirandando...”. Já no primeiro

aniversário somos homenageados com um coral, nem sempre muito afinado,

cantando “Parabéns prá você”. Nossos filmes, desenhos, novelas, comerciais, com

raras exceções, trazem sua mensagem com fundo musical. Na igreja ou nos jogos

de futebol cantamos nossos hinos, viajamos com música, nossos embalos precisam

de baladas, casamos com música e até na morte a marcha fúnebre nos acompanha.

Desse modo, não há como ignorar a presença constante da música em

nossas vidas. Essa presença é de vital importância de maneira que sua história não

pode e não deve ser esquecida. Onde quer que uma nota musical seja tocada e

ensinada, deverá haver esforço na sua valorização e preservação.

Dezenas, talvez centenas de músicos professores passaram por aqui, ou

seja, pela oeste catarinense, mas suas influências e interferências na educação

musical do município não foram registradas.

Desde os primórdios de sua história, entre os tropeiros que por aqui

paravam com gaita, pandeiro e violão, Chapecó carrega esquecimentos em relação

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aos seus músicos educadores musicais que precisam ser resgatados. Esses

educadores precisam ser valorizados, e (re)conhecidos pelas novas gerações pelo

valor e importância que tiveram no fomento e preservação da cultura musical. É

preciso valorizá-los, desde os pioneiros até nossos educadores atuais, conhecendo

seu trabalho, suas metodologias de ensino, seus locais de ensino e também seus

instrumentos de avaliação.

O início da Educação Musical em Chapecó-SC pensamos ter acontecido de

maneira bem informal, sendo os primeiros educadores, músicos que por aqui

passaram ou se fixaram. Pensamos não existiam currículos definidos, e sim, apenas

o ensino específico de músicas solicitadas pelo aluno ou sugeridas pelo professor de

música. Pensamos ainda, que não existia capacitação contínua na área de

educação musical, mas o professor ensinava com a sua experiência como

instrumentista ou cantor.

Ainda outras questões nos vieram à mente: os professores de música

usavam uma metodologia musical significativa? Usavam objetos de avaliação

adequados, ou seja, preocupavam-se com ensino e a aprendizagem contínua e

efetiva? O espaço onde as aulas de música foram ministradas era adequado, ou

seja, dispunham dos recursos mínimos necessários para o eficiente ensino e

aprendizagem da música?

Para a construção desta pesquisa, alguns passos foram dados em busca da

reconstrução histórica da educação musical. Assim, buscamos levantar dados sobre

a educação musical no município de Chapecó–SC, desde os seus primórdios.

Através da reconstrução de sua trajetória, procuramos identificar o perfil dos

educadores musicais, bem como dos alunos de música, verificamos as diretrizes

curriculares orientadoras dos professores de música e os cursos que ofereciam e,

em seguida, buscamos relatar o desenvolvimento da educação musical no município

citado, mapeando o quadro atual referente à educação musical.

A metodologia de pesquisa utilizada para subsidiar esta pesquisa foi a

bibliográfica conjuntamente com a pesquisa de campo composta de questionários e

entrevistas.

Buscam-se subsídios das informações com os seguintes grupos de pessoas:

pessoas com a idade próximas a do município de Chapecó–SC que tiveram algum

contato com educação musical, filhos ou netos ou qualquer parente de professores

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de música nos anos iniciais do município e também vizinhos de professores e/ou

alunos de música.

Desconhecer qual a trajetória da educação musical no Município de

Chapecó-SC deixou uma lacuna imensurável, mas, em contrapartida trouxe a tona o

desejo de conhecê-la, desvendá-la, narrá-la, eternizá-la e disponibilizá-la, esta a

razão desta pesquisa.

No primeiro capítulo serão apresentados os aspectos gerais do ensino da

música em Chapecó, usando as fontes bibliográficas, partindo da ocupação

indígena, com abordagem à música executada e ensinada pelos tropeiros nas suas

paradas, a música nos ambientes religiosos, incluindo o tocador de sinos, as

culturas, principalmente a italiana e o cultivo dos grupos de canto.

Já, no segundo capítulo serão tratados, mais especificamente, de

educadores musicais e outras curiosidade musicais no município de Chapecó,

mapeados através da pesquisa de campo, incluindo também algumas informações

gerais da história da música em outras regiões, usando, para tanto, outros

referenciais.

Por fim, serão feitas considerações finais, verificando o que foi possível

responder frente ao problema histórico levantado, bem como uma avaliação sobre o

alcance dos objetivos, a comprovação das hipóteses e a avaliação sobre o quanto

este trabalho contribui para o próprio desenvolvimento do autor e o quanto poderá

contribuir para a informação e desenvolvimento dos seus leitores.

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2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO MUSICAL NA REGIÃO DE CHAPECÓ – SC DESDE OS SEUS PRIMÓRDIOS

As terras onde se fundou a cidade de Chapecó-SC eram inicialmente

ocupadas por povos indígenas. O cacique Indígena Condá é, sem dúvida, um dos

personagens mais conhecidos de Chapecó-SC. Empresta o seu nome à rua, à rádio

difusora, à auto-elétrica, à imobiliária e, de maneira mais relevante, à Arena Condá,

estádio de futebol pertencente ao Município.

Na figura 1, a seguir, é mostrada a cidade referida:

Figura 1 - Vista noturna de Chapecó-SC Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Chapecó-SC, 2010.

Não poderia ser diferente uma vez que os povos indígenas, mais

precisamente os kaingángs foram os primeiros habitantes de oeste de Santa

Catarina e, evidentemente os pioneiros no cultivo da sua cultura, possivelmente

únicos até a chegada dos brancos na região em meados do século XVII.

No Brasil temos os primeiro registros da música aliada à educação ainda no

período colonial com os jesuítas que, diante do intenso interesse pela música

demonstrado pelos indígenas, exploraram a música como uma forte aliada para a

conversão e moralização jesuítica.

Bortolotti (2000, pg. 15 e 16) relata que:

O primeiro artefato utilizado para auxiliar o trabalho nos aldeamentos (indígenas) foi a música. Nóbrega conhecia o efeito que esta tinha sobre o espírito e a atração que exercia sobre os índios. Essa afirmação fica clara a partir da chegada dos órfãos vindos de Lisboa. Através da música conseguiram despertar a atenção e a simpatia dos nativos. [...] Os índios sentiam-se muito atraídos pela música. O ensino também passou a fazer

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parte dos colégios. Foi através dos meninos órfãos que os jesuítas introduziram a educação musical no Brasil.

De acordo com Mariz (2000) os jesuítas atuavam como professores de

música ensinando às crianças indígenas a arte do canto, bem como a tocarem

flauta, gaita, tambores, viola e até cravo. Inclusive nas aldeias mais desenvolvidas,

haviam pequenas escolas de música direcionadas às crianças indígenas.

Basicamente este processo de educação musical perdurou durante todo o tempo em

que os jesuítas estiveram à frente da educação.

Certamente os povos indígenas na região de Chapecó-SC tinham suas

expressões artístico-musicais e, de alguma forma, desenvolviam o ensino e a

aprendizagem de música. Contudo, faltam-nos referenciais bibliográficos e

informações sobre estes procedimentos existentes na época a respeito do que

ocorria em termos musicais dentro das aldeias indígenas.

A Figura 2 mostra índios Kaigangs:

Figura 2 - Índios Kaingangs Fonte: Café História, 2010.

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O primeiro povoado da região surgiu como consequência das paradas dos

tropeiros que comercializavam gado e outros produtos, saindo do Rio Grande do Sul

e dirigindo-se a Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

No site Overmundo encontra-se o seguinte relato:

Durante 250 anos os tropeiros foram responsáveis por toda a comercialização e transportes de produtos e informações no Brasil... A palavra “tropeiro” deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro (OVERMUNDO, 2010).

Os tropeiros, em meio as suas bagagens, traziam seus instrumentos

musicais tais como o violão, a viola, a gaita e o pandeiro, com o objetivo de alegrar

seus finais de noite e suas festas nas paragens, ou como passatempo dedilhando ou

compondo canções. Certamente, o interesse por este tipo de atividade e estilo

musical foi sendo despertado na cultura local progressivamente.

O Museu do Tropeiro de Chapecó é mostrado na Figura 3:

Figura 3 - Museu do tropeiro em Chapecó-SC Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Chapecó–SC, 2010.

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Roberto Corre, violeiro, compositor e pesquisador, em entrevista ao Globo

Rural em 01.10.2006, é perguntado sobre que tipo de música o tropeiro fazia e que

tipo de instrumento ele usava:

Não se tem registro da música que o tropeiro fazia de verdade, até porque não havia gravação naquela época e não se conhece partitura, documento. Só há os clássicos de hoje – entendendo como “hoje” os últimos 50, 70 anos. Mas uma coisa é certa: a maioria, pelo menos num determinado período, tocava um determinado tipo de viola: a viola de Queluz. Queluz é uma cidade de Minas Gerais que atualmente tem o nome de Conselheiro Lafaiete. Lá eram fabricadas no final do século 19 as melhores violas do Brasil. É uma preciosidade. Ela tem aproximadamente cem anos e é feita de mogno, pinho (araucária). As violas normalmente vinham de lá, mas no Vale do Tietê tinha viola bem construída também. Podemos imaginar, supor que tipo de música os tropeiros tocavam: Uma grande possibilidade é que eles cantassem as modas de viola. Ela é um tipo de romance medieval, uma tragédia, uma narrativa cantada. Na moda de viola contavam-se as coisas, era como se fosse um jornal (GLOBO RURAL, 2006).

A viola de Queluz é mostrada na Figura 4:

Figura 4 - Viola de QueluzFonte: Brazmusic.com, 2010.

Os tropeiros do Sul eram acostumados a levar sua cultura para outras

regiões do País. O fandango, dança de origem árabe e outras danças eram

dançadas pelos tropeiros em suas paradas.

Pode-se imaginar que nas paradas dos tropeiros no atual Município de

Chapecó–SC, tenha-se tido este ambiente com música, danças e outras expressões

artísticas. Assim, através destes dados, pode-se supor que os tropeiros foram os

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primeiros motivadores do estudo da música daqueles que se fixaram nas terras do

“velho oeste” catarinense e que as pessoas da região os ouviam e os assistiam nas

suas cantorias noturnas constantemente.

Registro de um tropeiro dos pampas do Oeste Catarinense é mostrado na

Figura 5:

Figura 5 - Tropeiro dos pampas no Oeste CatarinenseFonte: Sitio dos rodeiros, 2010.

Se esses tropeiros levaram e ensinaram o fandango em outras regiões,

pode-se pensar que eles ensinaram também a parte instrumental, tornando-se,

assim, agentes no processo de ensino e aprendizagem da música nos primórdios de

Chapecó–SC.

Com a chegada de companhias colonizadoras, foi iniciado o processo

migratório de outros estados brasileiros para Chapecó–SC, predominando a

chegada dos gaúchos, oriundos do Rio Grande do Sul e outras portas musicais

foram se abrindo.

Lemos no Jornal Chapecó 89 Anos (2006), o seguinte:

As primeiras iniciativas empresariais estão ligadas ao comércio, que surgiram para a comercialização dos produtos agrícolas e de origem animal, banha e salame, levando-os para São Paulo e buscando máquinas, ferramentas e outros produtos necessários à economia local. Em função dessa efetiva ocupação, descendentes de italianos começaram a deslocar-se para o oeste catarinense, em especial para Chapecó – SC. Essas pessoas vieram com muita disposição para o trabalho e uma vontade muito

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grande de vencer. Os colonizadores fizeram do espírito prático e da vontade de fazer suas principais características. Além dos italianos, que constituem a grande maioria, existem também descendentes de alemães e poloneses na região.

Com a chegada dos descendentes de italianos, supomos que novos

avanços musicais se deram em Chapecó–SC. Tradicionalmente cultivadores de sua

cultura, os descendentes de italianos não conseguem viver sem sua música, sem

seus grupos de canto e sem a transmissão destes legados às novas gerações.

Senhores e senhoras com alguma capacidade musical dirigem os menos

experientes no ensino e aprendizagem dos cantos italianos, mesmo nos dias de

hoje, às vezes cantando em uníssono, às vezes cantando em harmonia vocal.

Portanto, pensamos que a musicalização no território pesquisado pode ter

passado pelo fator de transmissão cultural, ou seja, as práticas desenvolvidas no

núcleo das famílias foram sendo repassadas ao longo das gerações. Hoje ainda é

possível, como já propomos, assistir a estes tipos de corais italianos em algumas

ocasiões.

Outro aspecto que não pode ser ignorado é a presença da música sacra.

Nos primeiros anos de Chapecó, missas já eram celebradas aqui e a música

certamente estava presente nos cantos congregacionais das diversas partes da

missa. Estas missas foram rezadas em casa particular por franciscanos vindos de

Palmas-PR.

No site da Catedral de Chapecó lemos sobre a construção da primeira igreja

matriz, 21 anos após a fundação do município:

A primeira Igreja Matriz da paróquia, construída de madeira, entre os anos de 1938 e 1940, foi aquela destruída pelo famoso incêndio, na noite de 04 para 05 de outubro de 1950. Dela sobrou apenas a torre. A capela do Colégio Bom Pastor serviu por dois meses como sede da paróquia. Aos domingos, abriam-se as paredes de três salas de aula para a celebração das missas dominicais (CATEDRAL SANTO ANTONIO, 2010).

Historicamente é conhecido o fato de que a música está sempre presente

nos ritos religiosos. Diante deste fato, reconhecemos que a igreja teve e tem papel

importantíssimo como local de ensino e aprendizagem dos cantos sacros que são

ensinados e agregados ao conhecimento das novas gerações.

O próprio Colégio Bom Pastor, citado anteriormente, foi local de ensino e

aprendizagem de música, sendo as irmãs as responsáveis pelo processo de

musicalização.

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Ainda, como música religiosa podemos citar o tocador de sinos.

Normalmente uma família era responsável pelo tocar do sino, tendo a

responsabilidade de ensinar as novas gerações de tocadores. Havia muitos

segredos na arte de tocar sinos, de forma que o educador musical precisava de

conhecimento apurado na execução e transmissão dos fundamentos do tocar os

sinos.

Para Alves Gabiatti1, a necessidade o fez tocador de sinos. Em sua

comunidade, cada Conselho Diretor eleito tem a responsabilidade de tocar o sino

nas solenidades e horários acordados, durante o tempo de gestão desta diretoria.

Com a mudança do Conselho Diretor, muda-se o tocador de sinos. Nestas

condições, há cerca de 20 anos, aprendeu com o Sr. Pedro, a arte do tocar o sino.2

No artigo a Arte de tocar sinos encontramos a seguinte menção sobre as

possibilidade musicais do instrumento:

[...] os experientes se quiserem tocar por longos períodos, podem tocar até cinco mil permutações! Uau! Isso resulta em horas de sinos tocando… Os caras não usam nada para se lembrarem das sequências, nem aqueles papéis com notas e um tocador não pode ser substituído por outro enquanto há a sessão de puxar as cordas do sino. Melhor ainda, deve conseguir recitar sem erros a sequência de várias centenas de combinações possíveis com o conjunto de sinos! (RAMOS, 2009, p.01).

Normalmente o tocador de sinos recebia uma remuneração mensal pelo seu

trabalho. Portanto, tocar sinos era uma profissão legalizada na época. Esta profissão

e os sons dela emanados inspiraram até escritores, por sua beleza, a escreverem

sobre o tema. Maciel (2010), por exemplo, num pequeno conto sobre o tocador de

sinos, escreve:

Havia um homem no topo da catedral de plástico. Todas as manhãs e todas as noites ele tocava o sino maravilhosamente... O homem no topo da catedral de plástico era um tocador de sino profissional. Legalizado. Carteira assinada. Décimo terceiro e férias. Plano de saúde, plano dentário, auxílio transporte, auxílio alimentação.

O Jornal Chapecó 89 Anos (2006) aborda algo importante que nos ajudar a

pensar o objeto deste estudo. Em relação à questão cultural diz que o grande

instrumento de preservação da cultura dos colonizadores gaúchos, desta e de outras

1 Entrevistado em 04 de março de 2010. Alves Gabiatti, é natural de Xavantina-SC, (1943-) tocador de sinos da Igreja da comunidade de Linha das Palmeiras do Município de Xavantina-SC.2Para interessados em entender melhor a arte de tocar sinos, consultar o site htpp://www.guiadelrei.com.br/index.php?secao=roteiros&cat=7

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regiões do estado, fora os Centros de Tradição Gaúcha (CTGs), fundados nos anos

40 e ainda com presença muito forte até os dias de hoje.

Dacanal (2010, p.01) no artigo intitulado “Origem e função dos CTGs” afirma

o seguinte:

Mesmo sem ter estudado especificamente as origens dos centros de tradições gaúchas (CTGs), é possível afirmar - desde que se conheça a história do Rio Grande do Sul – que devem ter nascido por volta da segunda metade da década de 40, a cavaleiro de um grande fluxo imigratório de habitantes das regiões de pecuária extensiva e suas periferias em direção aos centros urbanos, em particular Porto Alegre. Tangidos pela modernização e mecanização incipientes que se processavam em suas regiões de origem e, ao mesmo tempo, atraídos pelas oportunidades de ascensão social oferecidas pela industrialização crescente e pela rápida expansão do setor terciário (serviços) de economia gaúcha, muito destes migrantes não eram simplesmente peões incultos ou deserdados sociais. Pelo contrário, procedentes quase sempre de famílias de estratos inferiores da oligarquia ou das regiões mais atrasadas da campanha, alguns conseguiram não apenas estudar como também fazer carreira como profissionais liberais, pequenos empresários, etc. Contudo, fortemente marcados por seu passado agrário, sentiam-se como estranhos à cultura urbana, que – com a tradição européia já em franca desagregação – então sofria, de um lado, forte influência do Rio de Janeiro e, de outro, se submetia à rápida norte-americanização, típica do segundo pós-guerra.

Os centros de Tradições Gaúchas, a exemplo das comunidades italianas,

preocuparam-se com o ensino e aprendizagem de sua cultura, dentre elas, a cultura

musical. Dessa forma, meninos e meninas de todas as idades, desde cedo, são

incentivados a participarem dos cursos oferecidos dentro dos CTGs, bem como a

participarem das diversas apresentações e concursos que acontecem dentro da

instituição.

Uma representação da Semana Farroupilha em Chapecó-SC é mostrada na

Figura 6:

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Figura 6 - Semana Farroupilha em Chapecó-SCFonte: http://1.bp.blogspot.com, 2010.

Paralelos a estas formas de ensino e aprendizagem, muitas vezes

praticadas de maneira informal, músicos se propunham ao ensino da música em

suas próprias residências como acontecia em outras regiões do Brasil, já em séculos

passados.

No século XXVII encontramos outras menções a espaços de ensino e

aprendizagem de música que funcionavam na casa de seus professores. Mariz

(2000, p. 34 e 35) narra o seguinte, falando dos músicos deste período:

Eram músicos independentes que levavam consigo as partes de música para os concertos e depois traziam de volta para casa ou para o arquivo da Irmandade. Alguns diretores de conjuntos musicais, ou compositores, tinham escolas em sua própria casa, onde formavam os meninos. Eram verdadeiros conservatórios, onde viviam os alunos, se alimentavam e recebiam aulas de música, latim e outras matérias essenciais.

Os professores de música deste período, sempre que se apresentavam em

público nos concertos, estavam muito bem trajados e tinham também o costume de

usar perucas. Ainda Mariz (2000, p. 34,35) relata que um deles, José Joaquim

Emerico Lobo, além de organista exímio, também mantinha uma escola de música

que funcionava em sua própria casa.

No capítulo seguinte abordaremos vários destes músicos professores, bem

como a criação das escolas de música, estes sim, espaços formais para o ensino

aprendizagem da música.

20

Page 21: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

3 O CAMINHO DAS NOTAS NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ–SC

3.1 OS ANOS INICIAIS: 1917 a 1929

Vivemos numa época de verdadeiros milagres da ciência e tecnologia. As

novas tecnologias estão presentes praticamente em todos os segmentos da nossa

sociedade. Entre tantas podemos citar computadores, video fones, TVs digitais, e-

mails, listas de discussão, conecção global via internet, wireless, Ipods, e afins.

Nossos automóveis são eficientes, seguros, produzidos a custos relativamente

baixos, nossas estradas são em grande maioria asfaltadas, sinalizadas, aviões

cruzam os céus e navios cortam os mares, sendo orientados pelos modernos GPSs.

Moto-serras derrubam milhares de árvores por dia, tratores em plantio direto

lançam sementes em milhões de alqueires em pouco tempo, colheitadeiras potentes

recolhem toneladas de grãos por hora, fazendas de pecuárias engordam gado em

abundância, abatedouros preparam sua carne e distribuidoras e mercados colocam

à nossa disposição até por um disque entrega. Mas nem sempre foi assim. A

tecnologia é conhecimento acumulado, aplicado.

Enquanto o mundo vivia a primeira guerra mundial, Chapecó era fundada no

dia 25 de agosto de 1917. Os anos iniciais de Chapecó, na época conhecida como

Passo dos Índios, foi de dificuldades e desafios. Apesar de rica em recursos

naturais, estava coberta de mata virgem, quase sem nenhuma infra-estrutura, com

algumas poucas estradas que mais se pareciam com picadas cheia de buracos e

valetas. Estava situada longe dos grandes centros e é possível imaginar a

dificuldade dos pioneiros nestes anos iniciais.

Na música, com o final da primeira guerra mundial, o mundo passa a ser

animado pelos blues urbanos e as jazz-bands, sendo estes estilos incentivados pela

indústria fonográfica.

Enquanto o admirável mundo novo vivia um período de prosperidade e

liberdade, o oeste de Santa Catarina vivia sua fase de desmatamento e colonização

exigindo, para tal, muito trabalho e dedicação.

Na área de ensino e aprendizagem da música, encontramos neste período

as expressões relacionadas no primeiro capítulo, ou seja: a música dos indígenas,

dos tropeiros, dos grupos italianos e alemães e a música sacra.

21

Page 22: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

No Sunrise Musics (2010) encontramos o seguinte relato sobre os anos

vinte:

É extremamente difícil nos dias de hoje imaginar o impacto que essa nova música vibrante, sensual, dotada de ‘swing’, provocou sobre as platéias da época. Antes do jazz, a música para dançar era de origem européia, bastante formal e com regras claras para o contato entre os pares. A chegada do novo estilo, que trazia o caráter lascivo das danças coladas de cabaré, causou grande furor na imprensa conservadora e escandalizou a sociedade americana. Por outro lado, foi justamente esse um dos motivos que fez o jazz, desde que executado por músicos brancos, agradar em cheio à juventude enriquecida e emancipada que surgira no período posterior à Primeira Guerra Mundial (SUNRISE MUSICS, 2010).

Enquanto o novo mundo vivia a alegria do swing, no velho oeste a única

música para entretenimento era a executada nos bailes. Vários músicos anônimos,

normalmente gaiteiros, animavam os bailes acompanhados ora de violão, ora de

pandeiro, ora dos dois.

Os salões de baile eram improvisados. Como as casas existentes eram

quase que na totalidade feitas em madeira, normalmente se derrubava uma ou duas

paredes de acordo com a necessidade e ali se efetuava o baile com a animação do

músico presente.

Em um período posterior, Hartmann, (2008, p. 45) nos relata a história de

gaiteiro chamado Lauro que tinha no seu repertório somente seis músicas. Os

participantes do baile tinham que se contentar com a repetição das seis músicas,

isto porque, mesmo com repertório tão pequeno, Lauro era a única opção e

considerado o melhor gaiteiro da região.

A presente pesquisa até o presente momento não resgatou nenhum nome

de professor de música que tenha atuado neste período.

3.2 OS ANOS 1930

Nos anos trinta, o rádio nos Estados Unidos faz a música tornar-se popular

em toda sua extensão territorial. Surgem os grandes comunicadores e os mitos do

rádio. É a época do swing, corrente do jazz apropriada para a dança. Já aqui no

Brasil, foi a época de ouro da música brasileira, onde a portuguesa Carmem Miranda

era a principal representante.

No Oeste Catarinense, a gaita, o violão e o pandeiro reinavam soberanos

como os instrumentos musicais usados principalmente para o entretenimento nos

22

Page 23: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

bailes. Estes, até então, aconteciam na maioria das vezes anexo às residenciais

existentes.

Na área do ensino e aprendizagem, o músico de baile tinha uma função bem

importante em relação aos aprendizes de música. Como os aprendizes eram, quase

na totalidade, autodidatas, dependiam de observar o que o gaiteiro fazia na gaita e

posteriormente “estudavam” a nova descoberta até a imitação ficar parecida com a

fonte. Por várias vezes, estes gaiteiros eram procurados pelos novatos e, quando

“de bom humor”, davam preciosas dicas aos aprendizes.

Em 1938 Chapecó ganhou uma importante construção: o Clube Recreativo

Chapecoense. Este se tornou o espaço oficial para a realização dos eventos sociais

e, entre eles, os bailes. Solistas e duplas vinham de vários lugares para animar os

bailes da então jovem cidade com seus 21 anos. Este local certamente serviu de

estímulo a dezenas de jovens ao estudo da música, uma vez que o bom gaiteiro era

esperado e sua “boa música” apreciada.

A presente pesquisa até o momento não encontrou ninguém que tenha

estudado ou ensinado música neste período.

3.3 OS ANOS 1940

Estes foram os anos de glória de Carmem Miranda nos Estados Unidos. Ela

gravou cerca de trinta discos, participou de inúmeros programas de rádio e televisão,

fez vários filmes e construiu uma carreira de quinze anos de sucesso.

No Rio Grande do Sul, em Lagoa dos Três Cantos, no ano de 1941, nasceu

Romeu Roque Hartmann, radialista e gaiteiro que nos anos 60 tornou-se, juntamente

com Arlindo Sander, o precursor do rock na cidade de Chapecó3.

Em 1948 Chapecó ganha sua primeira emissora de rádio intitulada Rádio

Chapecó, que traria um desenvolvimento sem precedente na área da música, uma

vez que um dos carros chefes da emissora eram os programas de auditório com

vários músicos tocando ao vivo.

Sander (1968, pg. 01) relata o seguinte:

Há vinte anos passados, o Oeste Catarinense via nascer o veículo que transportaria suas reivindicações, que registraria seus anseios de expansão e de progresso, que levaria sua mensagem de amor, uma mensagem de esperança, um repositório da música e cultura, de entretenimento e utilidade pública.

3 Abordar-se-á este assunto com mais detalhes no conteúdo dos anos 60.

23

Page 24: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

3.4 OS ANOS 1950

Os anos 50 foram os anos pós-guerra, em cujo cenário nasceu o que

chamamos de música pop. No Brasil os anos 50 ficaram conhecidos como os anos

dourados, cujo fruto musical principal é a bossa nova de Tom Jobim e João Gilberto.

Chapecó conta nesta ocasião com cerca de cinco mil habitantes. Em 1950

um fato grave marcou para sempre este Município, a queima da Igreja de Santo

Antônio e o linchamento dos suspeitos de atear fogo.

A Figura 7 mostra a cidade de Chapecó-SC no ano de 1950:

Figura 7 – Chapecó-SC no ano de 1950 com apenas 5 mil habitantesFonte: Wikipédia, 2010.

Em 1952 chega a Chapecó, com cinco anos de idade Evaldir Xavier, vindo

de Passo Fundo – RS. O seu pai, Ataíde Xavier, foi proprietário de um salão de

bailes no Bairro Passo dos Fortes, na época ainda colônia. Xavier, como é

conhecido, ainda garoto sentiu-se atraído pela música. Os acordeonistas que

tocavam os bailes no salão do pai, muitas vezes deixavam seu instrumento musical

de um sábado para o outro no salão e Xavier aproveitava-os para treinar. Aos treze

anos ganha seu próprio instrumento e começa a estudar de forma mais sistemática

o seu instrumento musical, o acordeom.

24

Page 25: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Xavier nos conta que estudou música com dois acordeonistas que

ensinavam música: Nézinho da Luz e o gaiteiro Sabiá como era conhecido. Sabiá

era oriundo de Erexim – RS, radialista por profissão, mas chegando em Chapecó-SC

começou a tocar juntamente com os gaiteiros no salão do Sr. Ataíde e nesta ocasião

ensinava o acordeom pela teoria, acordes, o uso da voz.

Já o Nézinho da Luz ensinava em sua própria casa, Xavier levava a sua

acordeom para as aulas pelas quais pagava “uns trocos” como mensalidade.

Ensinava exercícios dos métodos que ele conhecia, escalas e os baixos. No

entanto, Xavier não se lembra de ter aprendido qualquer música com estes

professores. Ambos ensinaram a parte mais técnica, colocação das mãos no

teclado, ficando por conta de Xavier tirar as músicas do seu próprio gosto e a seu

próprio modo.

Outro acordeonista e professor citado por Xavier é o Sr. Atalício. Este

ensinava diretamente o repertório para o aluno. Partia-se das músicas, formando

assim o aluno seu repertório próprio. As questões técnicas ficavam em segundo

plano.

Xavier tocou seu primeiro baile aos quinze anos de idade, e durante muitos

anos esta foi a sua profissão. Fundou juntamente com o acordeonista Joãozinho

Soares o conjunto “Os Vaqueanos4”, onde por doze anos esteve à frente deste grupo

musical, quando, por questões particulares, vendeu sua parte para Adelar Gabiatti.

Posteriormente, o conjunto pertencendo exclusivamente de Ari da Rosa, foi vendido

para Nonoai - RS.

Xavier, em várias ocasiões ensinou o acordeom para instrumentistas menos

experientes, em encontros informais e sem cobrar qualquer valor pelo ensino. Ainda

hoje tem prazer em auxiliar com sua experiência, acordeonistas com dificuldades

técnicas.

3.5 OS ANOS 1960

4 O Grupo Os Vaqueanos foi um criado no ano de 1985 por Evaldir, o qual esteve à frente do mesmo até o no de 1982 O repertório era de música gauchesca.

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Page 26: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

É a década dos Beatles, dos Rollings Stones, do festival de Woodstock, dos

grandes festivais da Record, da jovem guarda, da tropicália, da rede globo de

televisão e da criação da 1ª EFAPI em Chapecó entre outros.

Na figura 8 é mostrada uma vista da cidade de Chapecó-SC, na década de

1960.

Figura 8 - Chapecó da década de 1960Fonte: http://1.bp.blogspot.com, 2010.

Em Chapecó inicia-se uma década em que sementes musicais são lançadas

e germinam em boa quantidade. No início dos anos 60 faz sucesso em Chapecó a

dupla dos irmãos Xavier. Eram acordeonistas que tocavam boa parte dos bailes da

região.5

Em 1961 Romeu Roque Hartmann, logo após sua chegada a Chapecó,

funda um trio, juntamente com dois colegas músicos, e passam a tocar no programa

de rádio Galpão da Querência6 e a animar bailes na região.

Em 1962 Romeu Roque Hartmann, com a mudança de seus colegas

músicos para outros municípios, passa a animar os bailes em carreira solo.

5 Um pouco da história de Evaldir Xavier está narrada no conteúdo dos anos 50.6 O programa Galpão da Querência era o principal e mais rendoso programa nesta época e era apresentado por um tal de Zé do Leme e posteriormente por Roque e Juca. Nele apresentavam-se duplas e trios da música sertaneja, bem como cancioneiros e intérpretes de música gaúchas. (HARTMANN, 2008, p. 76 e 77).

26

Page 27: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Ainda neste ano um novo movimento musical inicia-se na cidade de

Chapecó-SC. Nesito da Luz Moura7 conta sua própria experiência, e que certamente

representa a de muitos outros jovens desta época. Ele relata que, aos 12 anos,

começou a trabalhar no Clube Recreativo Chapecoense como auxilar de

churrasqueiro, e que neste local foi despertado para a música.

Nesito da Luz Moura, durante a entrevista, relata que quase todas as noites

havia música na pista de dança e, para tanto, muitos conjuntos de outras regiões

eram convidados para tocar. Um destes conjuntos foi Os Feios vindos de Lages-SC.

Tinha como formação: duas guitarras, baixo, bateria e um sax. Era um conjunto

basicamente instrumental. Este conjunto, de acordo com Nesito, revolucionou a

música em Chapecó, inclusive despertando o desejo no próprio Nesito de aprender

música.

De acordo com Nesito da Luz Moura, com toda esta revolução musical

provocada pelos Feios, ele foi motivado a tirar dez minutos a meia hora todos os

dias para estudar a música, mais especificamente, a bateria. Ficava observando o

baterista dos Feios e depois, enquanto a carne assava, treinava batendo nos

próprios joelhos.

Nesito da Luz Moura fala também sobre a maneira pela qual o processo de

ensino e aprendizagem acontecia:

Eu pegava os detalhes dele né, marcava como ele fazia com a mão, marcava como ele fazia com o pé, como que fazia o rolo, qual é a divisão que ele usava... ele (o baterista) dava explicação muito bonita e na época me chamou a atenção...nos intervalos ia assando a carne e prestando a atenção...eu treinava a bateria no joelho aqui oh, nem ia na bateria, treinava aqui né, depois a gente pegava a bateria porque eles eram ciumentos, não davam a bateria assim tão fácil. Só lá de vez enquanto pegava a bateria meio escondido do chefe do conjunto se não eles não deixaram... Eles ficavam acampados aqui, tanto que na época construíram alojamento aqui pra eles...eles ficavam um mês tocando, e aí a música deu um impulso muito grande em Chapecó, né.

Nesito da Luz Moura (ibidem) lembra de ver a primeira guitarra elétrica em

Chapecó sendo usada pelo Grupo Itamone8 de Caxias do Sul – RS em um dos seus

7 Entrevistado em 06 de junho de 2010. Nesito é músico fundador da banda Gota D’água, que surgiu no início dos anos 80 e durou até o início dos anos 90. É natural do distrito de Marchal Bormann, (1949-) local onde nasceu Chapecó-SC, aos 06 anos transfere-se para a linha Simoneto, e aos 10 anos vem para a cidade de Chapecó-SC.8 A BANDA ITAMONE tem mais de 45 anos de estrada e sempre primou pela qualidade musical em todas as suas apresentações. O Itamone sempre esteve à frente dessa busca incessante de melhorar, de oferecer “algo mais” para o seu público, que se tornou e é considerada até hoje como um "mito musical", entre os melhores grupos de bailes do Estado do RS. Suas maiores atuações hoje são, sem dúvida, em Festas de Clubes, como: Bailes de Debutantes, Formaturas, Jantares de Casais, Bailes de Comenda, Bailes para Empresas ou Entidades sociais (Rotary, Lyons,

27

Page 28: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

shows no ano de 1964. O Grupo Itamone, nesta época, estava no início das suas

atividades musicais.

No ano de 1966 Arlindo Sander e Romeu Roque Hartmann tornam-se os

precursores do rock em Chapecó9.

No ano de 1967, o radialista e músico Sandrinho traz a primeira guitarra

elétrica para Chapecó. Com a entrada de um baterista que passa a integrar a dupla

Sander e Roque, cria-se o Conjunto Musical X-5.

Com a entrada de novos integrantes no Conjunto Musical X-5, foi

conveniente a mudança de nome para The Jets10. A formação inicial era: Romeu

Roque HARTMANN, Arlindo Sander, Luiz Alberto Salvadoretti, Rogério Wink e José

Francisco Muller Bohner.

Neste mesmo ano, juntamente com os músicos Milton Camargo e Romeu

Roque, Sandrinho compõe a música Parabéns Chapecó11 em homenagem aos 50

anos do município.

A minha cidade é altaneira e bela

Desfilas altiva na passarela

Do meu querido Brasil

O teu encanto ninguém esquece

Do visitante o coração aquece

Com afeto de um povo gentil.

Tu és uma menina de olhar singelo

Até o céu é muito mais belo

Límpido mais puro e mais anil

Em teu seio o progresso inflamando

E de surto o tempo vai traçando

Massonaria...), sendo eventos que ocorrem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. A Banda existe há mais de 45 anos e, sempre primou pela qualidade musical em todas as suas apresentações. Todo o seu equipamento é importado, justamente para obter os recursos auferidos pela engenharia de construção dos mesmos. Edwino Menegar, Diretor e Fundador da banda, procurou no dicionário “Tupi-Guarany”, as palavras "Ita"; que significa pedra e, "mone" que significa gelo, que juntas significam: “Pedra de gelo”...ou, chuva de granizo, tempestade, avalanche e, ficou o nome da banda, até hoje. Disponível em: <http://www.katiavaldez.com.br/index.php?n_sistema=7092&id_banda=MjU=> Acesso em: 10 de junho de 2010.9 Pesquisa realizada pelo acadêmico Hérman Gomes Silvani, em seu trabalho de conclusão do curso de história da UNOCHAPECÒ.10 O grupo, no ano de 1971, encerrou suas atividades por motivo de força maior.11 Sandrinho no 20º aniversário da ZYX-5 Rádio Chapecó, p 35.

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Page 29: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Teu verdadeiro e belo perfil.

Os teus primeiros passos na infância

Que hoje se perdem na distância

Ao conquistar este torrão

A odisséia dos teus heróis

É chama viva dentro de nós

Lançando centelhas de gratidão.

As majestosas torres da catedral

Parecem anunciar a corte celestial

As festas do cinqüentenário

E Deus contente, na expressão sincera

Criou tua vida numa primavera

Com flores para o teu aniversário

3.6 OS ANOS 1970

Os anos setenta foram produtivos e inovadores na área musical no mundo.

Essa década, com o surgimento da dance music, tornou-se conhecida como a

década da discoteca.

É a década do movimento punk, do rock progressivo, do glam rock, da

grande força do hard rock, do grande concerto de Elvis Presley com uma audiência

estimada em mais de um milhão de expectadores, de John Travolta entre outros.

Na Wikipédia, a Enciclopédia Livre lemos sobre os anos 1970:

A música voltava a ser popular e tudo acabava nas pistas de dança. A disco music (ou dance music) resgatou o desejo pela dança...E a discoteca virou um dos símbolos supremos do período, o templo onde se cultivou o narcisimo mais delirante, onde o corpo ganhou suas maiores homenagens. Como se fosse um hiato entre a disco music e o punk rock, surgiu a new wave...Na música pop, a importância das palavras foi substituída pelo ritmo. Importava o balanço e a quantidade de decibéis, coisa que propiciou a aparição de dezenas de grupos e estrelas de sucesso fulminante e rápido desaparecimento. O efêmero e o descartável foram campeões em todas as paradas de sucesso. Modas e manias foram atiradas em ondas sucessivas a todos os cantos do planeta. Michael Jackson lança seus primeiros quatro álbuns em carreira solo: Got To Be There e Ben em 1972 e Music and Me em 1975, mas o sucesso vem mesmo com seu primeiro álbum em fase adulta: Off The Wall, em 1979 que já vendeu cerca de 20 milhões de cópias.

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Page 30: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

No Brasil é possível destacar também grandes avanços musicais, apesar

das grandes dificuldades encontradas com governos ditatoriais, com perseguições,

atrocidades, exílios, censura imposta aos artistas, que certamente inibiram muito da

criação artística musical.

Fragoso (2010) no artigo intitulado Década de 70 escreve que:

Música e música popular particularmente exercem grande influência no comportamento e nas posturas sociais... Uma das publicações que tiveram coragem de enfrentar a ditadura foi O Pasquim, semanário fundado no Rio de Janeiro em 1969 pelo cartunista e jornalista Jaguar com a colaboração de Ziraldo, Millôr Fernandes, Paulo Francis, Henfil e outros; o mesmo semanário lançou em seguida o Disco de Bolso da Revista Pasquim que revelava os novos nomes da MPB tendo inclusive marcado oficialmente em 1972 o aparecimento de quatro grandes artistas: João Bosco, Aldir Blanc, Fagner e Belchior. Muitos outros artistas também despontaram em suas carreiras nos anos 70 Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Gonzaguinha, Ivan Lins, Djavan, Martinho da Vila e Tim Maia entre outros.Os artistas já consagrados nos anos anteriores continuaram suas carreiras apesar das dificuldades políticas e econômicas: Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Baden Powell, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Roberto Carlos, Beth Carvalho, Elis Regina, Milton Nascimento, e tantos outros.Samba urbano, bossa nova, chorinho, baião, música sertaneja, rock brasileiro, jovem guarda, marchinhas e sambas de carnaval enfim inúmeros gêneros musicais continuaram sua caminhada de sucessos nos anos 70, comprovando a imensa riqueza e diversidade de nossa cultura musical popular.

Chapecó também viveu uma década de progressos musicais, tanto de

performance quanto de ensino e aprendizagem. Nesta década, duas instituições de

grande importãncia para a cultura músical foram criadas: a Banda da Polícia Militar e

a Escola Municipal de Artes.

Em 1975 e 1976, Nesito da Luz Moura foi convidado pelo SESC de Chapecó

para lecionar violão popular em uma das suas oficinas. As aulas ocorriam duas

vezes por semana, atendendo rapazes e moças do comércio de Chapecó. Nesito

ensinava inicialmente as notas musicais, os principais acordes e ritmos aos alunos

de violão. As músicas eram escritas em quadro negro e copiadas, devendo ser

exercitadas pelos alunos, e na aula seguinte eram conferidas e corrigidas pelo

professor. Para completar o processo de ensino e aprendizagem, o próprio professor

tocava e cantava a música para a apreciação e parâmetro do aluno.

O modelo de ensino do Professor Nesito era baseado naquele que ele

aprendeu: a observação. Desta forma, procurava perceber se o aluno havia

compreendido a imformação e a forma correta de execução no violão.

3.6.1 A banda de música do 2º Batalhão de Polícia Militar

30

Page 31: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

No dia 21 de setembro de 1893, A Polícia Militar de Santa Catarina criou a

sua primeira Banda Sinfônica de Música, sendo assim uma das bandas de Polícia

mais antigas do mundo e uma das mais tradicionais do Brasil e do Estado.

Há histórias interessantes sobre a origem da Banda de Música do 2º

Batalhão de Polícia Militar de Chapecó: uma delas é a de que, boa parte dos

primeiros integrantes eram músicos que, por necessidade financeira ou

oportunidade, tocavam na zona de meretrício conhecida como Céu Azul.

Quando da criação da Banda, buscou-se músicos que pudessem receber

formação pela Banda de Música de Florianópolis-SC, e os músicos acima citados

foram convidados para este novo empreendimento, abandonando o antigo emprego.

A Banda de Música de Chapecó foi criada em outubro de 1970 pelo governador Ivo

Silveira, através da Lei nº 4.525, tendo um efetivo inicial de 15 componentes.

A Banda fez sua primeira apresentação no dia 7 de setembro de 1972, em

desfile cívico no centro de Chapecó. Esta apresentação foi dirigida pelo maestro

e subtenente Valdir Gustavo Garcia.

A Banda se apresentou em eventos das mais diversas naturezas:

solenidades oficiais, culturais, religiosos e outros que lhes convinha quando

convidada e foi modelo para as demais Bandas de Música do estado de Santa

Catarina.

A Banda de Música do 2º Batalhão de Polícia Militar com cerca de 30 anos

de existência, por razões econômicas foi desfeita neste ano de 2010.

Além das suas funções específicas de performance musical, a Banda da

Policia Militar, realizou algo inédito no país que é a educação musical de civis

através do seu Conservatório de Arte Musical, criado em 23 de agosto de 2003.

O Comando do 2º. Batalhão de Polícia Militar, não dispondo de recursos

orçamentários para a efetuação deste centro de ensino musical, firmou convênio

com a Prefeitura Municipal de Chapecó e a Fundação Cultural de Chapecó para

criar o Conservatório de Arte Musical, estabelecimento este destinado ao ensino das

artes nas suas diferentes modalidades.

Na Figura 9 é mostrado um momento da Banda do 2º Batalhão da Política

Militar de Chapecó-SC.

31

Page 32: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Figura 9 - Banda do 2º Batalhão da Polícia Militar de ChapecóFonte: Augusto, 2010.

A Banda de música da PM de Chapecó-SC era composta por uma equipe de

vinte e quatro músicos, militares graduados pela Academia de Música. Alguns deles

trabalharam na educação musical dos alunos do Conservatório. Outros professores

civis são contratados para ensinarem instrumentos ou disciplinas não ensinados

pelos músicos da banda da PM. Atualmente, o Conservatório tem 10 professores

atuando no ensino de música.

No presente momento aguardo a relação dos educadores musicais que já

atuaram e atuam junto ao Conservatório de Arte da Polícia Militar.

Os alunos do Conservatório de Arte Musical da Banda da Polícia Militar de

Chapecó-SC, na sua maioria são moradores das redondezas da escola, buscando

instrução musical ou mesmo aproveitando o fato de serem as aulas oferecidas

gratuitas, devendo o aluno apenas adquirir seu material.

De acordo com Ana Carolina Pan12, aluna de teclado eletrônico do

conservatório, ela se tomou aluna por escolha da sua mãe que queria vê-Ia

ampliando os seus conhecimentos do seu instrumento de estudo, uma vez que

também é matriculada em outra escola de música. Continua dizendo que fez bons

amigos no conservatório, seu conceito sobre os professores é de que são

qualificados, gosta do material didático e destaca o benefício de ser um ensino

12 Entrevistada no dia 15 de abril de 2010.

32

Page 33: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

gratuito. De inconvenientes, cita o fato de haver um grande número de alunos por

sala, gerando desconforto e também o fato das aulas serem muito longas, o que as

toma cansativas e desestimulantes.

Nos períodos matutino e vespertino são priorizados o ensino individual ou

coletivo de um instrumento ou teoria, e no período noturno procura-se desenvolver a

prática de grupos de performance.

Dentre os conteúdos ensinados estão as noções de cidadania e direitos

humanos essenciais para o desenvolvimento e a construção de uma sociedade mais

humana e mais justa.

Assim, o Conservatório de Artes Musicais espera que, através da sua

contribuição, a Polícia Militar seja mais eficiente na prevenção do crime, usando a

música como a sua grande aliada. Entre os instrumentos ensinados destacamos os

seguintes:Violão popular e clássico, Violino, Sopros, Percussão, Teclado, Bateria e

Teoria musical.

3.6.2 A Escola Municipal de Artes

Em 1976 o Sr. Hilton Rôvere em conjunto com o Conselho Municipal de

Cultura idealiza a Escola de Artes de Chapecó.

Conforme Bedim (2010), no Jornal Diário Catarinense lemos as expectativas

do Sr. Hilton Rôvere:

[...] O Oeste de Santa Catarina sempre sofreu um desvirtuamento cultural devido ao hiato que sempre manteve com o litoral. Isso levou a maior integração com o Rio Grande do Sul e com o Paraná, em detrimento e até esquecimento do relacionamento com Santa Catarina (...) ela será o embrião do Centro Cultural de Chapecó (BEDIM, 2010).

No dia 01 de junho de 1979 a Escola Municipal de Artes foi criada pela Lei

Municipal 052/79, sendo Prefeito Sr. Milton Sander, e a passou a funcionar

regularmente no dia 19 de maio de 1980.

A Figura 10 mostra a primeira sede da Escola de Artes de Chapecó- SC.

33

Page 34: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Figura 10 - Primeira sede da Escola de Artes de Chapecó-SCFonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Chapecó-SC, 2010.

No site da Escola de Artes de Chapecó (2010, p.01) lemos os principais

objetivos da Escola:

O objetivo principal da Escola sempre será o desenvolvimento cultural, a expressão de sentimentos, a criatividade, a sociabilidade, e tornar-se veículo de comunicação, propiciando aos alunos meios de praticar e desenvolver aptidões artísticas que favoreçam o desenvolvimento da apreciação, avaliação e valorização do Artístico-Cultural, através do fornecimento de conhecimentos iniciais de Arte-Cultura. A Escola, passa a desenvolver atividades nas Áreas de Música, Artes Cênicas e Artes Plásticas (ESCOLA DE ARTES DE CHAPECÓ – MISSÃO, VISÃO, OBJETIVOS, 2010, p.01).

Os cursos iniciais foram: Acordeão, Piano, Balé e Violão. Em 1983 iniciam-

se os cursos de Flauta Doce, Teoria Musical e Solfejo e em 1987 inicia o curso de

Violino. Em 1990 inicia-se Coral Infantil, Teclado e Musicalização Infantil.

Em 1992 é criado o Grupo Instrumental coordenado pelo professor Sérgio

Paulo Ribeiro, autor desta pesquisa. Neste grupo participaram 10 jovens músicos

alunos da escola.

Em 1994 é implantado o curso de Saxofone. Ainda neste ano a escola

comemora quinze anos de atividades, promovendo exposições, recitais e

espetáculos de dança. Em 1995 é implantado o curso de Técnica Vocal.

Em 2002 é criada a Orquestra de Violões de Chapecó, em 2003 acontece a I

Semana do Violão, em 2004, a Escola completa 25 anos, realizando vários Recitais,

34

Page 35: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

para comemorar estes anos de sucesso. Em 2005 é realizado o 1º Concurso

Nacional de Violão Clássico, em 2007 a 1ª Semana da Música.

A sede atual da Escola Municipal de Artes de Chapecó é mostrada na Figura

11.

Figura 11 - Sede Atual da Escola Municipal de Artes de Chapecó–SCFonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Chapecó-SC, 2010.

Em 2008, comemorando seus 29 anos, a Escola de Artes foi realizou o

Espetáculo ARTE -CONEXÂO, espetáculo que integrou as áreas de Música, Dança

e Artes Visuais.

A Escola de Artes é uma Entidade sem fins lucrativos, buscando sempre o

desenvolvimento cultural da região oeste de Santa Catarina, apresentando sempre

que possível com espetáculos de Dança, Musica e Exposições em eventos dos mais

variados, levando um pouco de arte e cultura a toda a comunidade.

Em 2009 em comemoração aos seus 30 anos, de acordo com o site da

Escola de Artes de Chapecó, as seguintes atividades foram executadas:

O espetáculo ARTE-CONEXÃO II – “Escola de Artes 30 Anos Vi_Vendo Arte” e a 3ª Semana da Música – Cidade de Chapecó no mês de junho, a 5ª Maratona Fotográfica – Cidade de Chapecó em agosto, o 4º Dança Chapecó – Festival Sul - Brasileiro de Dança em setembro e a 3ª Semana das Artes Visuais em outubro. O propósito destes eventos é proporcionar sempre novidades e aprimorar o conhecimento dos alunos e comunidade em geral. Além de vários Recitais de Música, Exposição de Artes Visuais e Espetáculo de Balé "A Princesa Adormecida" (ESCOLA DE ARTE DE CHAPECÓ - EVENTOS, 2010, p.01).

35

Page 36: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

De acordo com Neyla Caramori13, Diretora da Escola Municipal de Artes, é

pré-requisito fundamental para o exercício da educação musical na referida

instituição a formação técnica específica, ou seja, professores habilitados para

lecionarem música. Cerca de 95% dos professores concluíram pós-graduação e há

vários mestres e mestrandos nas respectivas áreas de ensino. A idade média dos

professores é de 40 anos.

Ainda de acordo com Neyla Caramori, os educando que procuram a Escola

Municipal de Artes, na sua maioria, são alunos interessados em receber uma

formação técnica específica. Muitos dos estudantes de música querem adquirir

competências para ingressarem no mercado de trabalho dentro da área escolhida

para sua formação. Outros estudantes fazem música por amor e gosto de fazer arte.

A idade dos alunos varia de 05 a 70 anos.

Neyla Caramori nos diz em relação às diretrizes curriculares que os

programas de cada curso são estudados de acordo com a missão, visão e objetivos

da escola e anualmente são refeitos.

Podemos dizer que cursos de música são uma junção da fundamentação

teórica somada à prática instrumental, objetivando o domínio do aluno dos

conteúdos teóricos e de performance instrumental.

No site da Escola de Artes de Chapecó encontramos o seguinte texto sobre

suas diretrizes curriculares:

Todas as disciplinas buscam uma abordagem interdisciplinar no desenvolvimento dos cursos oferecidos, promovendo uma maior aproximação entre a teoria e a prática, e entre o aspecto cognitivo e o afetivo. O objetivo é desenvolver musicalmente o indivíduo, proporcionando através do ensino especializado técnico e musical em busca de uma formação artística, cultural, histórica e social. Contribuindo para o exercício da cidadania, através dos seguintes meios: aulas práticas, aulas teóricas, apresentações, estágio supervisionado, relatório de estágio, bancas examinadoras, provas bimestrais e 75% de freqüência (ESCOLA DE ARTES DE CHAPECÓ - MÚSICA, 2010, p.01).

Falando sobre os instrumentos e sobre as matérias teóricas, ainda no

mesmo site registra-se o seguinte:

Para os cursos de Acordeom, Flauta Doce Soprano, Canto, Regência, Canto-Coral, Violão, Teclado e Piano, serão desenvolvidos os aspectos: técnico e interpretativo de acordo com os conteúdos programáticos específicos de cada instrumento. Alunos que já tenham conhecimentos musicais adquiridos em outras Escolas de Música poderão fazer uma prova de adaptação para se adequar ao programa oferecido pela Escola de Artes.

13 Entrevistada em 10 de maio de 2010.

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Page 37: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Os cursos de Teoria Musical e História da Música assim como outros cursos teóricos, buscam complementar a proposta acima, ao desenvolver a percepção e domínio dos códigos (ESCOLA DE ARTES DE CHAPECÓ - MÚSICA, 2010, p.01).

Os instrumentos e disciplinas de música ensinadas atualmente pela Escola

de Artes de Chapecó em seu departamento de música são os seguintes: acordeom,

coral adulto e infanto juvenil, flauta doce e transversal, história da música, teclado,

técnica vocal, teoria musical e solfejo, violão clássico, piano, violino, viola de arco e

violoncelo.

De acordo com Neyla Caramori os instrumentos de avaliação constam de

provas bimestrais, exames semestrais e anuais, além da avaliação específica por

área tais como participação em eventos, frequência desenvolvimento geral, técnica,

expressividade e, também as bancas de avaliação e bancas abertas.

De acordo com o site da Escola de Artes de Chapecó (2010), os alunos

regulares devem ter uma avaliação a cada bimestre composta de desenvolvimento

geral, devendo o educando atingir média bimestral igual ou superior a sete. A nota

no exame deverá também ser igual ou superior a sete.

Para melhor aproveitamento dos estudos, é necessário que o aluno dedique-

se pelo menos uma hora diária de treinamento e estudo em casa. Desta forma,

estará mais bem preparado para prestar seus exames semestrais, bem como

compreenderá melhor os conteúdos da teoria musical, da história da música,

desenvolverá melhor seu estágio supervisionado, terá melhor desempenho nos

recitais de música e terá melhor embasamento para seu relatório de formatura.

Os educadores musicais que atuaram e atuam na Escola Municipal de Artes

são: Marlene Jeziorski, Canto e regência, Tereza Cerqueira, Musicalização, piano e

Teoria Musical, Otávio Peiter, Ricardo Mantelli, Edegar Giordani, Fabio Poletto,

Sérgio Paulo Ribeiro e Eldade Moreira Marcelino, violão clássico, Carmen Scheidt,

Piano e Violino, Maria da Glória Weissheimer, Teclado. Musicalização, Coral Infantil

e Teoria Musical, Neyla Maria Baú Caramori, Teoria Musical, Musicalização, História

da Música, Aldina paulina Lucca, Acordeão e Piano, Ernelo Huve, Acordeão e

saxofone, Michael Hartmann e Paulo da Rosa, Acordeão, Valdir A.S. Wassmuth,

Acordeão, técnica vocal, coral e regência, Eunice Dal Mazzo Perón, Teclado, Coral

infantil e Teoria Musical, Vicente Cenci, Teclado e Teoria Musical, Renata Zavadzki

Dutra, Piano, teoria Musical e História da Música, Antonio Simplício Muller, Violino,

Miriam Piva, Piano, Valdir Ribas França, Piano,Flauta, Violão e Acordeão, André

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Page 38: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

knoener, Saxofone, Sandro Zonta, Flautas Doce, Transversa e Clarinete, Lisiane

Maria Piola Casarin, Piano e musicalização, Gustavo Malfatti Pereira, Piano, Violino,

Viola, violoncelo e contrabaixo, Daniel Guelhen, Teclado, teoria Musical e piano,

Jakson Kreuz, Piano e Teoria Musical, Karine Cunha, Violão Popular e Grupo Vocal

popular, Nadir Reche e Roselaine Vinhas, Coral Infanto juvenil.

Na Figura 12 é mostrada a Diretora da Escola de Artes de Chapecó:

Figura 12 - Neyla Caramori – Diretora da Escola de Artes de ChapecóFonte: Orkut, 2010.

3.7 OS ANOS 1980

É a década da música eletrônica, do vídeo clipe moderno, do Rock in Rio, da

inauguração do sambódromo do Rio de Janeiro e das primeiras raves.

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Page 39: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

3.7.1 A Musicografia Braille14

A musicografia braille foi usada em Chapecó pela primeira vez em 1989. Em

março deste ano foi criado o Setor de Educação Especial junto a Biblioteca Pública

Municipal de Chapecó onde Alceu Kuhn, funcionário do município, iniciou a

produção de materiais em Braille, colocando-os a disposição dos leitores e

estudantes cegos de música. Dentre as várias obras, constavam grafias de

musicografia Braille bem como de teoria musical e solfejo.

Alceu Kuhn15, nascido em 02/02/1971, cego de nascimento, nos conta que

cursou o 1º grau em Porto Alegre no Instituto Santa Luzia, onde teve os primeiros

contatos com a música, mais especificamente piano, e paralelamente a musicografia

Braille.

Alceu Kuhn relata que estudou piano baseado nos fundamentos da teoria

musical. Executava peças de diversos musicistas algumas com alguma

complexidade. Straus, Beetoven, Schopan, etc.

No semestre de 2009, foi lançado no Brasil o programa desenvolvido pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) chamado Musibraille16, com objetivo

de difundir cada vez mais a musicografia Braille e ampliar a quantidade de materiais

musicográficos no Brasil. Este material vai para um banco de dados e fica a

disposição dos interessados.

14 Musicografia Braille é uma área do estudo da música que está focada em prover o acesso de deficientes visuais e pessoas de visão reduzida ao material musical escrito em tinta através do sistema de grafia braile. Toda partitura pode ser escrita com os 63 símbolos Braille, indicando todos os detalhes possíveis em partituras escritas a tinta. Apesar disso, há pouco material e softwares que possibilitem o trabalho nesta área. Muitas vezes este fato é agravado pela falta de experiência dos professores de música para lecionar aos deficientes visuais alegando que é impossível passar o conteúdo das partituras efetivamente.Isso torna muito difícil a inclusão de músicos deficientes nas escolas e faculdades de música. As partituras em Braille proporcionam sua autonomia e independência e abrem novas possibilidades de trabalho. O uso de software específico pode dar ao músico deficiente a possibilidade de escrever suas próprias composições e ainda imprimi-las em tinta. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Musicografia_braile>. Acesso em: 12 jun. 2010.15 Entrevistado no dia 28 de junho de 2010.16 O MusiBraille é um projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro que pretende facilitar o aprendizado musical por deficiente visuais, facilitando o acesso à escolas e turmas que muitas vezes impedem sua presença por falta de recursos. O objetivo é capacitar professores para trabalharem com cegos, propiciar o desenvolvimento da autonomia e independência e melhorar as oportunidades no mercado de trabalho. A interface utilizada é bastante simples, podendo ser utilizada facilmente tanto por cegos quanto pessoas com visão normal. Cada botão do teclado corresponde a uma nota musical, e o programa fala todas as notas incluídas pelo usuário. Para verificar se o trabalho está correto, é possível ouvir tanto linhas individuais quanto toda a composição. As teclas utilizadas para a entrada de notas são: dó – d, ré –e, mi – f, fa – g, sol – h, La – i, si – j. O MusiBraille permite a impressão das partituras diretamente em Braille, permitindo a utilização fácil por qualquer aluno. Além disso, há indicações sonoras sobre o que cada um dos comandos e opções de menus realiza, facilitando o aceso a deficientes visuais.

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Page 40: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Na Figura 13 é mostrado Alceu Kuhn, Coordenador do NAPPB/DEVOS.

Figura 13 - Alceu Kuhn – Coordenador do NAPPB/ADEVOSFonte: Ribeiro, 2010.

3.8 OS ANOS 1990

Uma nova batida que misturava o disco com o house, ganhou o mundo no

iníco da década de noventa, o dance também conhecido como eurodance. Rádios

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Page 41: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

do mundo todo, inclusive a Jovem Pan 2 do Brasil, tornaram-se a estação da

dancemusic.

No rock nacional, muitas bandas surgem nesta década: Jota Quest, Pato Fú,

Mamonas Assassinas, Raimundos, Skank, Charlie Brown Jr, entre outras.

O sertanejo, axé o e pagode passam a vender de forma surpreendente,

ultrapassando o rock em vendagem no Brasil.

Em 1990 é fundada em Chapecó, a primeira escola de música particular de

Chapecó-SC que oferecia diversidade no ensino de instrumentos musicais, a Escola

de Música Bela Bartok.

3.8.1 A Escola de Música Bela Bartok

A Escola de Música Béla Bartók, (lê-se Bêla Bártok) é uma empresa do

segundo setor, com autonomia administrativa, patrimonial, financeira e didática que

desenvolve suas atividades na área de cursos livres de música.

Foi fundada em 1990 pelo instrumentista e educador musical Sérgio Paulo

Ribeiro, natural de Sacramento-MG, mas radicado em Santa Catarina desde 1974,

ou seja, pelo autor do presente estudo. Sérgio Paulo Ribeiro estudou música e

teologia no Seminário Teológico de Gramado, onde se graduou em 1989. Em 2006

formou-se em Pedagogia no Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná

(UNICS) e atualmente realiza este estudo com o intuito de concluir o curso de

especialização “Música: ensino e expressão” pela Universidade FEEVALE de Novo

Hamburgo–RS.

Na Figura 14, a seguir, é mostrado Sérgio Paulo Ribeiro, Fundador da

Escola Bela Bartok

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Page 42: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Figura 14 - Sérgio Paulo Ribeiro – Fundador da Escola Bela BartokFonte: Ribeiro, 2010.

Retornando a Chapecó, desejoso de cooperar no desenvolvimento

artístico e cultural do Município região, mais especificamente na área de ensino

musical, funda a referida escola, sendo seu primeiro diretor e professor.

O primeiro nome da escola foi CACUCHA - Centro Artístico e Cultural de

Chapecó-SC, pois o plano inicial do seu fundador era tornar a escola, não apenas

um centro musical, mas agregar nela o máximo de cursos que fomentasse a cultura

local e regional.

No primeiro semestre de funcionamento a escola manteve suas atividades

em sala anexa à residência de seu fundador, tendo como seu primeiro aluno Claudir

Amaral, hoje instrumentista da Comunidade Evangélica Cristã de Chapecó-SC e

professor de música da Escola Bela Bartok.

O primeiro aluno da Escola Bela Bartok é mostrado na Figura 15.

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Page 43: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Figura 15 - Claudir Amaral – Primeiro aluno da Escola Bela BartokFonte: Orkut, 2010.

Inicialmente a escola ofereceu quatro cursos de música, a saber, teclado,

violão, técnica vocal e teoria musical. No segundo semestre de funcionamento da

escola, a mesma transferiu-se para sala comercial do Edifício Piazza no Centro de

Chapecó - SC. Em 1991, com a contratação do professor e maestro Joaquim Olavo

Ruas, novos cursos foram implantados, ou seja, incluiu-se na grade curricular da

escola o curso de trompete, sax, acordeom, guitarra e baixo eletrônico. Neste

mesmo ano, a escola começa um projeto de expansão, abrindo extensões em

alguns Municípios da região Oeste de Santa Catarina, e Norte do Rio Grande do Sul.

Também em 1991 muda-se o nome da escola de Centro Artístico e Cultural

de Chapecó CACUCHA, para Escola de Música Béla Bartók. Este nome foi dado em

homenagem a Bela Viktor János Bartók17, pianista e compositor húngaro

homenageando o caráter inovador de suas obras.

O desejo do fundador da Escola de Música Béla Bartók era de que estas

características inovadoras do referido compositor húngaro pudessem ser vistas

também na vida da escola de música.

17 Béla Viktor János Bartók (1881-1945) foi um músico húngaro, um dos maiores compositores do século XX. Pianista e investigador da música popular da Europa Central e de Leste. Béla Bartók foi um dos fundadores da etnomusicologia, o estudo da antropologia e etnografia da música.

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Page 44: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Os anos que seguiram foram anos de consolidação e expansão da escola. A

partir de1992, já com dois anos de serviços educacionais na área de música

prestados à sociedade Chapecoense, a Escola de Música Béla Bartók começou a

ganhar destaque no município de Chapecó-SC, tendo o seu trabalho reconhecido

pelo público e pela mídia Chapecoense. Neste ano a escola recebe convite para

apresentar-se em programa de TV pelo Sistema Brasileiro de Televisão, na sua

regional de Chapecó-SC, sendo esta apresentação alavanca para muitas outras

apresentações que a Escola passou a realizar.

Com um repertório mesclando música erudita e popular, o instrumental Béla

Bartok passou a ser requisitado em diferentes solenidades em Chapecó-SC e região

Oeste de Santa Catarina.

Em 1997 ganha o Prêmio de Destaque Empresarial e Profissional do Oeste

Catarinense. Em 1999 é Destaque de Marketing, sendo a Escola de Música mais

lembrada por parte da população chapecoense. Em 2000 ganha o Prêmio Destaque

de Marketing, 2ª Edição, neste ano recebe o Troféu Chapecó em Destaque. Em

2001 recebe Destaque de Marketing 3ª Edição, em 2002 recebe o Troféu Sucesso

Profissional e o Destaque de Marketing 4ª Edição, em 2003 recebe o Troféu Sala de

Debates, 13 a. Edição, e o Destaque e Marketing 5ª Edição. Em 2004 recebe o

Troféu Sala de Debates, 14 a. Edição e o Destaque de Marketing, 6ª Edição. Em

2005, seu diretor recebe o Troféu Gente de Expressão, cujo critério de premiação é

a atuação profissional a nível municipal e regional, recebendo a indicação de vários

jornalistas locais. Neste ano a Escola recebe o Troféu Destaque de Marketing 7ª

Edição, sendo, desta forma, durante os últimos sete anos, a Escola de Música mais

lembrada pela população Chapecoense.

Neste ano cria-se a franquia Béla Bartók, no Itajoara Shopping, de

propriedade dos professores Sidnei Magal da Silva e Magali Pereira da Silva, como

demonstração de que a força de um nome aliada à qualidade da prestação dos

serviços educacionais prestados pela escola Béla Bartók, tem sido uma receita de

sucesso.

Em 2006, recebe o Troféu Destaque de Marketing, 8ª Edição em solenidade

para tal fim. Neste ano cria-se também a Escola de Música Béla Bartók, franquia

Belo Horizonte-MG, de propriedade de Amur, expandindo assim o nome e os cursos

Béla Bartók.

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Page 45: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Atualmente a Escola oferece 20 cursos de música - piano, teclado,

acordeom, violão clássico e popular, guitarra, baixo eletrônico, cavaquinho, violino,

viola, seu, flauta doce, técnica vocal, bateria, tumbadora, bongô, pandeiro,

musicalização infantil, teoria musical, harmonia e história da música. Esses cursos

são ministrados por uma equipe de profissionais treinados para atuar dentro da

demanda atual de cursos livres, permitindo que o aluno encontre espaço para o seu

desenvolvimento pessoal e artístico por meio da construção do conhecimento

musical.

A Escola de Música Béla Bartók atende hoje cerca de 900 alunos, sendo

composta por matriz e franquia em Chapecó-SC, franquia em Belo Horizonte-MG e

ministra oficinas através do seu diretor nos municípios de Palmitos, Cordilheira Alta

e Xavantina, na região oeste de SC.

A Escola de Música Béla Bartók tem promovido recitais e apresentações

musicais com a finalidade específica de difundir a música erudita e popular para

Chapecó e região, lembrando sempre que: "A grande lei da cultura é esta: deixar

que cada um se torne tudo o que foi criado capaz de ser”.

O corpo de professores e instrutores da Escola de Música Bela Bartók

buscam no seu exercício profissional utilizar as mais modernas técnicas

pedagógicas utilizadas nos centros mais avançados de ensino musical. Estão em

constante atualização através de cursos, seminários e atividades afins, para que,

assim, possam oferecer aos alunos uma educação musical de nível satisfatório.

Isso significa que os professores estão atentos aos interesses de seus

alunos e disponibilizam os meios mais eficientes, através de desafios significativos,

atividades interessantes, e com o olhar voltado para os processos e interesses

pessoais de seus alunos.

De acordo com Sidneia de Amaral18, professora de teclado eletrônico da

Escola Béla Bartók, o educador musical:

Interage com o aluno independente de suas diferenças, religiosas, culturais ou sociais, preocupa-se com a aprendizagem constante do aluno, escuta-o e passa a segurança necessária, é amigo, compreende que cada aluno tem facilidades e dificuldades, brinca e ri, usa a descontração, exige do aluno a tarefa, o ensaio, repete com o aluno o conteúdo quantas vezes se fizer necessário, é exemplo para o aluno, respeita suas opiniões, preocupasse com o seu aprendizado. O educador musical preocupa-se também com o seu próprio aprendizado buscando constantemente novos conhecimentos e aperfeiçoamento.

18 Entrevistada em 01 de junho de 2010.

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Page 46: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

O educador musical, autor deste texto, Sérgio Paulo Ribeiro pensa que a

missão do educador musical na Escola Bela Bartók deve ser a de educar pela

música, oportunizando o desenvolvimento das habilidades musicais e demais

competências, objetivando a formação da cidadania e o mundo do trabalho. Deve

proporcionar o máximo desenvolvimento do potencial artístico, levando o estudante

a realizar-se através da criatividade e sensibilidade bem como à compreensão do

universo musical. Precisa despertar no estudante a sua imaginação criadora, bem

como proporcionar-lhe meios para a compreensão e interpretação das obras

musicais em seus diferentes gêneros. Deve buscar um desenvolvimento global do

estudante de música, possibilitando que se torne crítico, provocando transformações

em seu meio. O importante não é o professor repetir com o aluno tantas vezes

quanto necessário, e sim, tornar o conteúdo significativo, fazer com que o aluno aja

por interesse, repita para tentar se apropriar ativamente, por regulações ativas, e

não, mecânicas, tentando compreender uma técnica. É importante também que o

professor proporcione meios para que os alunos brinquem com os sons, improvisem,

criem suas próprias músicas.

O educando normalmente procura a Escola Béla Bartók em função do

direcionamento curricular desenvolvido pela mesma. Mesmo estimulando o estudo

da música erudita e o estudo de seus grandes compositores, a Escola busca

valorizar a realidade musical atual ensinando ao aluno um repertório que vá ao

encontro de seus interesses.

Esse educando está sempre atento aos movimentos musicais que estão em

evidência nas mídias, buscando atualizar-se constantemente, não querendo perder

os "sucessos" que correm na boca do povo. São as músicas que fazem sucesso da

novela, na rádio FM, nas bandas regionais, etc. Ciente desta necessidade de tocar o

atual, a Escola Béla Bartók atualiza constantemente seu material didático, levando

em conta o perfil dos seus alunos, e aproveitando, sobre tudo, suas sugestões

relativas a repertório desejado por cada um deles.

O aluno inclusive tem seu material didático personalizado, ou seja, em sua

primeira aula, professor e aluno discutem o alvo musical de interesse do aluno e

passam a trabalhar especificamente nesta direção. Por exemplo: o aluno de

acordeom Carlos da Silva, pretende tocar música gaúcha em banda gaúcha, logo,

todo o seu currículo é desenvolvido em cima do repertório da música gaúcha.

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Page 47: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Soma-se a este repertório a fundamentação teórica e técnica necessária

para que possa executar suas músicas com uma performance ao menos satisfatória.

Os currículos dos cursos de música da Escola de Música Béla Bartók, foram

montados visando um desenvolvimento da expressividade musical e da criatividade

dos alunos. Para isso, além do desenvolvimento técnico, teórico e prático do

educando, a escola atua procurando proporcionar o acesso à diversidade cultural, a

apreciações de uma variedade de estilos, e procurando incentivar a autonomia em

suas criações, dentro de uma perspectiva da educação musical atual. Mesmo

estudando a história da música desde os seus primórdio, passando pelos grandes

compositores dos diversos períodos, o aluno aplicará seus esforços no domínio da

música atual, levando em consideração esta geração e sua forma de expressão

musical. Além disso, procurando contemplar uma pedagogia musical

contemporânea, adota-se no Béla Bártok o ensinamento de psicólogos atuais da

música como Swanwick, que gerou o modelo (T)EC(L)A19

Sobre a pesquisa de Swanwick e a elaboração de sua teoria, o site CCM –

Centro e Cultura Musical (2006, p.01) no artigo intitulado O desenvolvimento musical

segundo Swanwick nos relata o seguinte:

Tendo como premissa a convicção de que o aprendizado musical, assim como qualquer outro ramo do conhecimento, deve obedecer etapas sucessivas, consoantes com o nível de amadurecimento psicológico do indivíduo, Swanwick fez um mapeamento do progresso desse conhecimento, estudando um grupo de estudantes na faixa entre os 3 e os 14 anos. Essas crianças, todas alunas de três escolas em Londres, eram oriundas de diversos grupos étnicos e culturais (crianças de origens asiáticas, antilhanas, africanas e sul e norte européias). Durante quatro anos, Swanwick fez gravações de composições feitas por elas, em um total de 745 composições de um universo de 48 estudantes. É importante frisar que esse estudo foi feito dentro da ótica das 'oficinas de música', priorizando uma visão chamada por seus defensores de linha 'criativa' do ensino musical. Dentro dessa ótica, defendida por muitos educadores contemporâneos, tais como John Paynter e Murray Schafer, o professor deve buscar desenvolver a criatividade e a improvisação, utilizando para isso todo e qualquer material sonoro disponível.

19 A partir dessa teoria, Swanwick propôs um processo de aprendizagem baseado em um modelo que ele batizou de 'C.L.A.S.P.', que em português foi traduzido para modelo 'T.E.C.L.A.'. O modelo consiste em trabalhar os conteúdos de maneira vinculada, para justamente favorecer o desenvolvimento cognitivo de forma integral e não fragmentada. Sua intenção é que as fases não estejam dissociadas, mas sim, mantenham um vai-e-vem contínuo entre elas. Dessa forma, para uma boa educação musical o professor deve, no entender de Swanwick, estar atento para não priorizar e nem desprezar qualquer dos elementos abaixo, resumidos na sigla 'T.E.C.L.A.': T- Técnica (manipulação do instrumento, notação simbólica, audição)E- Execução(tocar, cantar), C- Composição (criação, improvisação), L- Literatura (história da música) A- Apreciação (reconhecimento de estilos/ forma/ tonalidade/ graus).

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Page 48: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

A Escola de Música Béla Bartók entende o processo de avaliação como o

recurso disponível para a averiguação da real aprendizagem do aluno. É voltada

para o futuro, ou seja, constatado deficiências no ensino e aprendizagem do aluno,

novas investidas serão feitas por parte do educador em relação à educação musical

de cada aluno para que possa alcançar satisfatoriamente seus objetivos.

O aluno é avaliado constantemente de maneira informal, ou seja, o

educando é avaliado sem o saber. O aluno é incentivado a desenvolver o domínio

de cada conteúdo, seja uma música ou um fundamento teórico de modo a usá-Io de

imediato numa situação real, seja o aniversário da família ou o churrasco do final de

semana, e assim, o uso imediato deste novo conhecimento numa situação

prazerosa o leva a um domínio mais rápido e eficiente dos conteúdos.

Se não houver assimilação deste conteúdo no prazo esperado, o mesmo é

retomado pelo professor que procura ajustar suas condutas docentes de acordo com

os interesses dos alunos, ou seja, tornando tal conteúdo algo significativo, inserindo,

inclusive, um novo material de apoio na mesma linha e com o mesmo grau de

dificuldade do anterior, até a superação das dificuldades.

Além da avaliação formativa, ou seja, a averiguação dos processos de

ensino e aprendizagem, faz-se na escola uma avaliação final, ao término de cada

bimestre. Ou seja, no final de cada bimestre, nos cursos teóricos, é aplicada uma

prova específica para averiguação dos conteúdos, permitindo e incentivando o

educando a recuperar os conteúdos não aprendidos. A Prova nunca tem o objetivo

de reprovar, mas fazer apontamentos da compreensão e domínio dos conteúdos.

Os professores e instrutores de música que atuam ou atuaram na Escola de

Música Bela Bartok são: Sérgio Paulo Ribeiro, Joaquim Olavo Ruas, Jair Antonio

Miotto, Francisco Miotto, Sidnei Magal da Silva, Ana Claudia da Silva Ribeiro, João

Corvalão, Anderson Amaral, Claudir Amaral, Sidnei de Amaral, Sidneia de Amaral,

Sérgio Paulo Ribeiro Junior, Wanderlei Branco, Neville Marco Rodrigues, Eldade

Moreira Marcelino, Vivian Severino Ribeiro, Miriam Severino Ribeiro, Robson

Machado, João Batista Souto, Adroaldo, Tiago, Suellen, Vanessa, Èdi, Amarildo,

Dirceu, Cintia de Souza, Igor, Magali Pereira, Débora Pereira, Arno Pereira, Andrei

Eberle.

48

Page 49: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

3.8.2 A Escola de Música Dó – Ré – Mi

A Escola de Música Dó – Ré – Mi foi um estabelecimento de ensino de

música que funcionou no Bairro São Cristovão na década de 1990. Funcionava em

anexo à residência de seu proprietário e professor.

A Escola encerrou suas atividades abruptamente, anoitecendo com as

portas abertas e amanhecendo com as portas fechadas. Não se sabe o paradeiro do

seu proprietário e professor.

3.8.3 A Escola de Música Simal

Com proprietários vindos do Paraná, a Escola de Música SIMAL estabeleceu

suas atividades em Chapecó-SC. No entanto, não obteve êxito. Com poucos meses

de funcionamento, seus proprietários foram trabalhar na Nova Zelândia,

ocasionando o fechamento da mesma.

3.9 O NOVO MILÊNIO

Uma das aspirações antigas do povo Chapecoense, principalmente no meio

cultural, era a criação de um centro de cultura que pudesse agregar todos os pilares

da arte, com espaço físico adequado e específico para concertos, espetáculos de

dança, teatro e afins.

3.9.1 A Fundação Cultural de Chapecó

Em 18 de novembro de 2002 foi fundada a Fundação Cultural de Chapecó,

tornando-se uma grande difusora da cultura, das artes e do conhecimento como um

todo. Inúmeros eventos têm sido realizados, dentre os quais se podem citar: pales-

tras, oficinas de arte, exposições, shows, lançamentos e inaugurações.

A Fundação Cultural de Chapecó tem incentivado a produção artístico-cultu-

ral, estimulando à arte e a cultura, desenvolvendo políticas públicas que possibilitem

o acesso à cultura do cidadão Chapecoense, entre outros.

As ações educativas desenvolvidas pela Fundação Cultural de Chapecó

abordam questões referentes ao ensino, extensão, pesquisa e preservação do

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Page 50: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

patrimônio histórico e memória, além de incentivar a produção artístico-cultural. Com

isso, busca ser referência nacional no estímulo à arte e cultura.

A Fundação Cultural de Chapecó é mostrada na Figura 16.

Figura 16 - Fundação Cultural de Chapecó-SCFonte: Ribas, 2010.

De acordo com o site do Lado Avesso (2007, p.01) a Fundação Cultura de

Chapecó possui:

[...] alguns espaços culturais, tais como a Biblioteca Pública Municipal “Neiva Maria Andreatta Costella”, a Galeria Municipal de Artes “Dalme Marie Grando Rauen”, o Memorial “Paulo de Siqueira”, o Museu Histórico “Antônio Selistre de Campos”, o Arquivo Público Municipal e a Escola de Artes de Chapecó. Desenvolve também parceria com o 2º Batalhão de Polícia Militar de Chapecó projetos como o “Conservatório de Música”, oferecendo o ensino de música gratuito à comunidade, e “Banda na Escola”, que visa o resgate do civismo e patriotismo. Para estimular o gosto pelo canto presta assessoria técnica e possui convênios com os Grupos de Corais de Chapecó. Em parceria com Entidades e Secretarias realiza diversos eventos do município, entre eles o Rodeio Crioulo e Artístico Nacional de Chapecó, a Festa do Imigrante, a Maratona Fotográfica, o Dança Chapecó, o Concurso Nacional de Violão Clássico e outros mais.

A Fundação Cultural de Chapecó busca incentivar e valorizar os artistas

locais, possibilitando o acesso da população aos bens culturais, a descentralização

da cultura, o saber e o fazer artístico e principalmente a inclusão social através das

artes e eventos culturais.

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Page 51: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

3.9.2 A Vibratto Musical Center Ltda

A Vibratto Musical Center Ltda. foi fundada em 2004 por quatro músicos que

se reuniram para criar uma escola diferenciada para Chapecó-SC, a saber, sócios-

diretores-professores: Neville Marco Rodrigues, Marcos Antonio Janovicks,

Vanderlei Branco e Vilmar Dalla Cort (in memoriam).

O nome Vibratto é oriundo de uma rede de franquias que, antes de instalar-

se em Chapecó, já mantinha escolas em oito cidades de Santa Catarina. Por

ocasião da instalação em Chapecó, mantinha uma média de 100 alunos

matriculados em seus cursos.

De acordo com um dos sócios fundadores da Vibratto, Neville Marco

Rodrigues20, sua escola utilizava, primeiramente os métodos de ensino popular da

TKT21, empresa sediada em São Paulo-SP e que tinha cerca de 60 franquias por

todo o país. Os métodos abordavam exclusivamente Teclado e Órgão Eletrônico.

Mais adiante, a TKT começou a contratar mestres da música popular brasileira dos

mais variados estilos e instrumentos, e, em parceria com os mesmos, desenvolveu

métodos para o estudo desses instrumentos.

De acordo com informações obtidas no site da TKT, esta empresa é pioneira

na prestação de serviços de assessoria musical. Entrou no mercado em 1988, e no

decorrer deste período tem unido qualidade e diversidade no ensino musical.

No site da TKT Assessoria Musical lemos o seguinte:

A preocupação didática traduzida pela alta capacidade de nossos profissionais somada as mais modernas técnicas de ensino, fez da TKT a empresa mais conceituada no setor. Para comprovar a credibilidade de nossos cursos, tivemos a Yamaha, Kawai, Minami, Pearl, Epyphone, Di Giorgio, Contemporânea, e hoje temos a Roland, como parceria e apoio musical. E a Francal juntamente com a Abemúsica como apoio aos nossos Festivais de Banda. Nossas escolas autorizadas participaram como juradas do e-festival IBM em 2003 e 2004. Elaboramos este material com toda a informação necessária, para que você possa conhecer nosso trabalho e tomar-se mais um filiado da rede de ensino TKT.

A rede de escolas, inclusive a Vibratto, adotou o sistema TKT de ensino,

embora trabalhasse também com cursos especiais de acordo com a necessidade do

aluno. No final do ano de 2004, a Escola Vibratto chegou a contar com 282 alunos

matriculados e estudando em um dos seus cursos na escola.20 Entrevistado em 13 de abril de 2010.21 A TKT é pioneira, atuando desde 1988 nos serviços de Assessoria Musical. Pelos anos de tradição no mercado tão competitivo, empreendedorismo, desenvolvimentos de métodos inovadores e contribuição para o crescimento e desenvolvimento do ensino musical no Brasil.

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A Vibratto Musical Center Ltda. teve em seu quadro de professores oito

profissionais com idades entre 19 a 31 anos de idade. A formação destes

profissionais era de cursos e oficinas de música e sua prática instrumental

autodidata. Além da educação musical, estes profissionais atuavam no campo

popular da música, em performance com as mais diversas visões e estilos musicais,

desde o hard rock até a bossa nova.

De acordo com Neville Marco Rodrigues, boa parte dos professores da

Vibratto Musical Center foram músicos bem conhecidos na cidade de Chapecó-SC e

região e muitos dos alunos que estudaram na Vibratto, escolheram esta escola para

terem o privilégio de estudarem com estes professores.

A maior parte dos alunos que estudaram música na Vibratto Musical Center

Ltda., não viam na música um meio de profissionalização, mas de complementação

educacional ou uma forma de lazer. Faziam música por divertimento, como atividade

prazerosa.

O currículo utilizado pela Escola Vibratto Musical Center Ltda. era o material

colocado à disposição pela TKT - Assessoria de Música com sede em São Paulo-

SP. Este currículo é disponibilizado para todas as escolas franqueadas e funcionam

de maneira igual em todas as partes do território nacional.

A Vibratto/TKT disponibilizava os seguintes cursos de música: bateria,

cavaquinho, contrabaixo, gaita cromática. Guitarra, musicalização infantil, órgão

Eletrônico, percussão, piano digital, teclado eletrônico, técnica vocal, teoria musical

e violão popular.

Ainda, de acordo com Neville Marco Rodrigues, todo aluno, quando se

matriculava na escola, passava por uma avaliação do seu conhecimento prévio,

através de demonstração, execução instrumental e expressão oral.

Os alunos, quando finalizavam cada módulo de ensino, tinham de,

obrigatoriamente, fazer prova de execução, seja instrumental ou vocal, exercícios e

prova teórica do conteúdo. Alguns professores trabalhavam com sistema integrado

de exercícios e avaliação mensal, mas não havia um critério específico abrangendo

a totalidade dos alunos, visto que nem todos optam pelo convencional método TKT.

O Colégio Musical Vibratto, por razões adversas encerrou suas atividades no

ano de 2009, deixando de atuar na área de educação musical.

3.9.3 A Concerthus Centro de Ensino Musical Ltda

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Na Figura 17 é mostrado o fundador e diretor do Concerthus Centro de

Ensino Musical Ltda.

Figura 17 - Sidnei Magal da Silva – Concerthus Centro de Ensino Musical LtdaFonte: Orkt, 2010.

A Escola de Música Concerthus Centro de Ensino Musical Ltda. foi fundada

no dia dez de novembro de 2005 pelo casal Sidinei Magal da Silva, sua esposa

Magali da Silva e seu sócio Leoclides Antonio da Silva. Tem nome fantasia Escola

de Música Bela Bartok - do Shopping Itajoara - devendo chamar-se a partir de 2011

Escola de Música Som e Tom. Desde sua fundação está localizada na Rua

Marechal Floriano Peixoto, 240 L, Shopping Itajoara, Sala 18, onde em anexo

mantêm loja de revenda de instrumentos musicais e material didático musical.

A Concerthus Centro de Ensino Musical Ltda. oferece os seguintes cursos

de musica: violão, guitarra, teclado, acordeom, violino, técnica vocal e musicalização

infantil. Os cursos são divididos em níveis, onde para cada nível há material

correspondente que deve ser aprendido pelo aluno. Atende a alunos a partir de

quatro anos de idade e tem como objetivo prestar serviços de cursos ligados à

cultura com instrumentos musicais.

De acordo com Sidnei Magal da Silva, fundador e diretor da Concerthus

Centro de Ensino Musical Ltda., os educadores musicais da escola são os seguintes

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professores e instrutores: o próprio Sidnei Magal da Silva, Magali Pereira da Silva,

Daniel Antonio da Silva, Douglas João Foschiera e Bruna Carla Hendges.

A faixa etária dos alunos atendidos pela Concerthus Centro de Ensino

Musical Ltda., é de cerca de 70% adolescente, 20% crianças e 10% adultos, que

normalmente procuram a Escola no período noturno.

O Sistema de avaliação é de prova de avaliação teórica e prática ao final de

cada nível.

3.9.4 A Escola de Música Casa da Música

A Casa da Música foi fundada em 26 de março de 2007. De acordo com seu

Diretor e fundador Márcio Hartmann22, a Casa da Música nasceu da união dos seus

sonhos e dos sonhos de Allan Vieira, músico que durante muitos anos tocou na

banda Conexão Brasil.

Hartmann (2008, pg109) relata o seguinte sobre Márcio Hartmann:

Completando a nossa família, no dia cinco de outubro de 1979, nasceu o nosso terceiro e último filho, que recebeu o nome de Márcio, e que também nasceu com o dom da música. Foi marcante a forma de ele demonstrar, com dois cabides, quando ainda era criança, a sua vocação para tocar violino. Usava um deles escorado contra o queixo, com a parte curva virada para baixo, como se fosse o violino, e o outro com a parte curva do cabide para cima, deslizando-o sobre o primeiro como se fosse o arco. Desde a mais tenra idade aprendeu a tocar este instrumento. Além de violino, também aprendeu a tocar guitarra, violão, contrabaixo e bateria. Mais tarde fundaria também a escola de música “Casa da Música”, onde além de aulas teóricas e de técnica vocal, também é professor dos referidos instrumentos.

De fato, não pensamos que exista um conhecimento musical que é

carregado “no sangue”, como herança genética, mas reconhecemos o fato de que

exista uma herança cultural, ou seja, que um ambiente rico musicalmente possa

despertar o interesse desde cedo de uma criança em se musicalizar.

Márcio Hartmann diz ainda que depois de anos trabalhando com educação

musical em outras instituições, decidiu colocar sua experiência adquirida em mais de

dez anos lecionando guitarra, violino, contrabaixo, violão e técnica vocal, em uma

Escola que tivesse o perfil que ele julgava necessário para que o aluno absorvesse

melhor a música. Desde essa época, a preocupação da Casa da Música é com a

qualidade de ensino e com a responsabilidade do professor para com seu aluno.

22 Entrevistado em 26 de maio de 2010.

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Page 55: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

Além de recitais didáticos três vezes ao ano, a Casa da Música tem a

preocupação de promover workshops e masterclasses, para possibilitar ao aluno

cada vez mais conhecimento nas mais diversas áreas relacionadas à música.

Nesse sentido, já foi possível aos alunos da Casa da Música ter contato com

renomados expoentes da música como: Edu Falaschi (Angra/Almah), Aquiles

Priester (Angra/Almah), Fernando Sulzbacher (Dazaranha) e Thedy Corrêa (Nenhum

de Nós).

Na Figura 18 é mostrado o diretor e fundador da Casa da Música.

Figura 18 - Márcio Hartmann – Fundador e Diretor da Casa da MúsicaFonte: Orkut, 2010.

Os Educadores musicais que atuaram e atuam na Casa da Música são: o

professor Anderson Amaral, atuando desde a fundação da escola, e o professor

Júnior Fantin que entrou na equipe em época posterior.

Já passaram pela escola também o professor Vicente Cenci, Jean Sutili, o

professor Pedro Teles, além do próprio sócio-fundador, Allan Vieira, que hoje é

baterista da banda Santo Graau23.

23 A (Banda) Santo Graau é fruto de um amadurecimento musical e profissional dos integrantes da formação atual. Em 1998, foi criada a DP5, liderada pelo vocalista Ricardo Avlis, a banda tinha

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O perfil do aluno da Casa da Música, de acordo com Márcio Hartmann, é

voltado ao estudo do rock. Grande parte dos alunos identifica a Casa da Música

como uma “Escola do Rock”.

3.9.5 A Escola de Música Bela Bartok Efapi

A escola de Música Bela Bartok do bairro Efapi Iniciou suas atividades em

abril de 2007, sendo fundada pelo professor Sérgio Paulo Ribeiro, autor deste texto.

Está localizada na Avenida Senador Atílio Fontana, n° 2595 loteamento Colatto,

desde sua fundação.

Em junho de 2008, a escola foi vendida para a professora Cíntia de Souza e

Edemar Leandro de Souza, continuando, no entanto, franqueada Bela Bartok. A

escola tinha em 2008 cerca de 60 alunos e hoje, após dois anos, possui cerca de

200 alunos. A Escola passou por ampliações com o objetivo de melhor atender

melhor seus alunos e clientes.

De acordo com Cíntia de Souza24, proprietária e diretora, a escola conta

atualmente com seis instrutores de música: Israel Leandro Koba,Zubaid Manah,

Lucas Gosh Alves, Edemar Leandro de Souza e Cintia de Souza, proprietária e

diretora.

Na Figura 19 é mostrada a proprietária da Escola Bela Bartok Efapi.

inspiração na black music dos anos 70. Com essa formação um álbum foi lançado. “Tudo surgiu da vontade de tocar e cantar coisas que eu mesmo escrevia e músicas que tinham a ver com a minha vida e da banda”, destaca o vocalista e fundador Ricardo Avlis. Cinco anos depois houve uma mudança na formação original da banda. Permaneceram o vocalista Ricardo Avlis e o guitarrista e vocal Cleber Souza. Juntaram-se a dupla o baterista Márcio Pereira, o guitarrista Fernando Baldissera e o baixista Edinho Vidal. A banda troca de identidade e passa a se chamar Santo Graau.O nome Santo Graau foi sugerido pelo produtor musical da banda, Juliano Cortuah, que participou do programa Fama da Rede Globo. Segundo ele, a trajetória musical da banda poderia ser inspirada na história do Santo Graal, o cálice sagrado utilizado por Jesus Cristo na última ceia. A partir desse momento a banda passa a apostar no Pop Rock. Disponível em: <http://www.myspace.com/santograau> Acesso em: 28 jun. 2010.24 Entrevistada em 07 de junho de 2010.

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Figura 19 - Cíntia de Souza – Proprietária e Diretora da Escola Bela Bartok EfapiFonte: Orkut, 2010.

Já lecionaram na Escola os seguintes professores e instrutores de música:

Sérgio Paulo Ribeiro, Sérgio Paulo Ribeiro Junior, João Corvalão, Andrei Eberle,

Juliano dos Santos, Marcio Martins, Mauricio Minozo, Thiago Augusto Costella e

Arcide.

De acordo com Cíntia de Souza, os alunos que frequentam a escola são a

maioria de classe média, sendo que a maior parte são crianças e adolescentes,

seguindo jovens e depois adultos. Na maior parte, são alunos iniciantes na música,

em busca de conhecimento musical.

O primeiro contato do aluno na sala de aula inicia-se com o conhecimento do

instrumento escolhido, em seguida, a prática do instrumento e, paralelamente, o

estudo da teoria musical.

Os cursos de música ministrados são os seguintes: Técnica Vocal, Violão

Popular, Bateria, Guitarra, Contrabaixo, Teclado, Acordeom, Musicalização Infantil,

Cavaquinho e Teoria Musical. A escola mantém também o curso de balé clássico.

O aluno é avaliado através de provas teóricas e práticas e através de recitais

didáticos e concursos.

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Page 58: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

3.9.6 A Escola de Música Musicart

Em janeiro do ano de 2008, o músico Fabiano Andreas Eberhard Fischer

funda a Escola de Música Musicart. A Escola Musicart se estabeleceu na Rua Índio

Condá e atende principalmente a região do bairro Santa Maria e alguns grupos

isolados em Chapecó e região.

De acordo com Fabiano Fischer25, “a Musicart promove recitais para que os

alunos tenham a oportunidade de mostrar o seu desenvolvimento para a

comunidade.”

O diretor e fundador da Escola Musicart é mostrado na Figura 20.

Figura 20 - Fabiano Fischer – Fundador e Diretor da MusicartFonte: Orkut, 2010.

Também oferece bolsas de estudo para alunos da comunidade que não

possuem recursos suficientes para estudar música de uma forma integral e com

qualidade, colaborando também na formação de indivíduos mais disciplinados,

cultos e melhor preparados socialmente.

Atualmente a escola tem se consolidado como fonte de conhecimento e

ensino musical de qualidade, visando ao melhor desenvolvimento de seus alunos,

colaboradores e da sociedade em geral.

A Musicart conta também com uma equipe para sonorização e suporte

musical a empresas e eventos.

25 Entrevistado em 09 de junho de 2010.

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3.9.7 A Escola de Música Som e Pausa

A mais nova instituição de ensino e aprendizagem de música fundada no

município é a Escola de Música Som e Pausa. Iniciou suas atividades neste ano de

2010.

Ainda não foi possível mapear os dados desta Escola.

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Page 60: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fazer o resgate da educação musical no Município de Chapecó-SC desde

os seus primórdios foi um desafio. A busca de informações no referencial

bibliográfico existente foi frustrante, uma vez que este referencial é escasso. Poucas

unidades de obras sobre o assunto estão à disposição. No entanto, cada nova

informação foi razão para deleite e a oportunidade de entrevistar pessoas que

contribuíram para o ensino e aprendizagem da música no Município, um privilégio.

No entanto, entendemos que a pesquisa, principalmente as de campo, devam

continuar, uma vez que o desafio não foi completado.

O contato com pessoas e instituições que se dedicaram e têm se dedicado

ao ensino e aprendizagem da música, a observação dos seus processos

educacionais, do uso que fazem das ferramentas musicais, do perfil de alguns

educadores e alunos, o entendimento de alguns critérios de avaliação a apreciação

das diferenças curriculares, permitiu perceber com clareza a evolução da educação

musical no Município de Chapecó, nos seus 93 anos de existência.

Foi possível, dessa forma, responder aspectos do problema histórico

levantado: Qual a trajetória da Educação Musical no Município de Chapecó–SC

desde os seus primórdios?

Da mesma forma, foi possível alcançar satisfatoriamente alguns dos

objetivos propostos, ou seja, levantaram-se vários dados sobre a educação musical

em Chapecó, identificou-se o perfil de alguns professores e alunos de música,

mapeou-se o quadro atual referente à educação musical no município.

Também foi possível comprovar várias das hipóteses levantadas, ou seja, o

início da educação musical no município aconteceu de maneira bem informal, sendo

os primeiros professores de música, instrumentistas que por aqui passaram ou se

fixaram.

No início não existiam currículos definidos para o estudo da música, e sim, o

ensino específico de músicas solicitadas pelo aluno o sugeridas pelo professor.

Também, não existia capacitação contínua na área de educação musical, mas os

professores ensinavam com a sua experiência como instrumentista ou cantor.

O presente trabalho contribuiu significativamente para o desenvolvimento do

próprio pesquisador, e poderá contribuir para a informação e desenvolvimento dos

seus leitores.

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Page 61: Monografia Sergio 28 Ago 2010[1]

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