monografia juan f jannes_1

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1 UNIVERSIDADE GAMA FILHO Juan Francisco Jannes MÉTODOS E SISTEMAS DE AVALIAÇÃO NAS ÁREAS TÉCNICAS ESPECIFICAMENTE Governador Valadares - MG Outubro de 2009

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Page 1: Monografia Juan f Jannes_1

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UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE GGAAMMAA FFIILLHHOO

Juan Francisco Jannes

MMÉÉTTOODDOOSS EE SSIISSTTEEMMAASS DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO

NNAASS ÁÁRREEAASS TTÉÉCCNNIICCAASS EESSPPEECCIIFFIICCAAMMEENNTTEE

Governador Valadares - MG

Outubro de 2009

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JUAN FRANCISCO JANNES

MMÉÉTTOODDOOSS EE SSIISSTTEEMMAASS DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO

NNAASS ÁÁRREEAASS TTÉÉCCNNIICCAASS EESSPPEECCIIFFIICCAAMMEENNTTEE

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JUAN FRANCISCO JANNES

MMÉÉTTOODDOOSS EE SSIISSTTEEMMAASS DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO

NNAASS ÁÁRREEAASS TTÉÉCCNNIICCAASS EESSPPEECCIIFFIICCAAMMEENNTTEE

Monografia apresentada à Universidade Gama Filho com o requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Docência Superior.

Orientadora: Profª Julianna Cauchik Fontes Vieira

Governador Valadares - MG

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JUAN FRANCISCO JANNES

MMÉÉTTOODDOOSS EE SSIISSTTEEMMAASS DDEE AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO

NNAASS ÁÁRREEAASS TTÉÉCCNNIICCAASS EESSPPEECCIIFFIICCAAMMEENNTTEE

Monografia Julgada e Aprovada: Profª Orientadora: Julianna Cauchik Fontes Vieira

Local e Data: Brasilia, 30 de Outubro de 2009

Governador Valadares - MG

Outubro de 2009

Page 5: Monografia Juan f Jannes_1

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DDEEDDIICCAATTOORRIIAA

Ao meu pai, que fora Tenente Coronel exemplar no exercito

dos Países Baixos e posteriormente professor no mesmo país

e Rep. Argentina ate o dia de sua morte repentina, em 17 de

Fevereiro de 1963.

Devo muito a ele, fundamentalmente na educação, incentivo,

formação e o ser humano que sou hoje.

Obrigado pai.

Page 6: Monografia Juan f Jannes_1

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AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

A minha amada e querida esposa Liliam, quem teve calma e

paciência durante o ano de estudo e deu todo o seu apoio para

poder culminar o curso.

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RREESSUUMMOO

O presente trabalho tem como objetivo e finalidade apresentar uma visão geral da

avaliação e em especial a avaliação nas áreas técnicas, onde, a nosso modesto

entender, participam outros fatores externos a matéria que se esta avaliando em

forma propriamente dita, para contribuir a formação plena e integral do futuro

profissional. Devemos compreender que avaliar com intenção formativa não é o

mesmo que medir, nem qualificar e nem sequer corrigir; avaliar tampouco é

classificar, examinar, aplicar testes, etc. Paradoxalmente, a avaliação tem a ver com

atividades de qualificação, medição, correção, classificação, certificação, exame,

aplicação de prova, mas não se confunde com elas. Elas compartilham um campo

semântico, mas diferenciam-se pelos recursos que utilizam e pelos usos e fins aos

quais servem.

Palavras Chave: Avaliação, educação, aluno, proposta.

SSUUMMMMAARRYY

The present work has as objective and purpose to present a general vision of the

evaluation and especially the evaluation in the technical areas, where, our modest

one to understand, they announce other external factors the matter that if this

evaluating in form, to contribute the full and integral formation of the professional

future. We should understand that to evaluate with formative intention it is not the

same as to measure, nor to qualify and not even to correct; to evaluate either is to

classify, to examine, to apply tests, etc. Paradoxically the evaluation has to do with

qualification activities, measurement, correction, classification, certification, exam,

proof application, but their doesn't get confused with them. They share a semantic

field, but they differ for the resources that use and for the uses and ends to the which

serve.

Key words

: Evaluation, education, student, proposal.

Page 8: Monografia Juan f Jannes_1

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RREESSUUMMEENN

El presente trabajo tiene por objetivo y finalidad presentar una visión general de la

evaluación y en especial la evaluación en las áreas técnicas, dónde, a nuestro

modesto entender, participan otros factores externos a la matéria que se esta

evaluando en forma propiamente dicha, para contribuir a la formación plena e

íntegra del futuro profesional. Debemos entender que para evaluar con intención

formativa no es igual que medir, calificar y ni squiera corregir; evaluar tambien no es

clasificar, examinar, aplicar pruebas, etc. Paradógicamente la evaluación tiene a ver

con actividades de calificación, medida, corrección, clasificación, certificación,

examen, aplicación de la prueba, pero no se confunde con los mismos. Ellos

comparten un campo semántico, pero difieren de los recursos que usan y para los

usos y fines a los que sirven.

Palabras llave

: evaluación, educación, estudiante, propuesta.

Page 9: Monografia Juan f Jannes_1

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SSUUMMÁÁRRIIOO

Introdução ................................................................................................. pág. 10

Capítulo 1 ................................................................................................. pág. 11

Capítulo 2 ................................................................................................. pág. 21

Capítulo 3 ................................................................................................. pág. 24

Considerações Finais ................................................................................ pág. 28

Referências Bibliográficas ......................................................................... pág. 29

Page 10: Monografia Juan f Jannes_1

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

Desde 1970 começamos a nossa carreira de professorado universitário, em

institutos de ensino superior federais, na Republica Argentina e na área técnica, ou

seja, engenharia civil, industrial, química e elétrica. Em poucos anos podemos

constatar que muitos professores avaliavam aos alunos da forma clássica, ou seja,

se limitando a medir ou avaliar os conhecimentos adquiridos no curso da matéria

ensinada.

O fato pode não chamar a atenção em se tratando de matérias básicas da

engenharia, assim como Matemáticas, Geometria, Analise Matemático, Física ou

Química. Mas se tratando de matérias mais avançadas, já especificas do curso que

o aluno adotou por fazer, a avaliação deve também se preocupar com a formação

global do aluno e não somente visando os conhecimentos adquiridos no período do

curso da matéria.

Nunca podemos perder de vista que, o hoje aluno, em pouco tempo mais, será um

profissional da engenharia e deverá saber se comportar como tal. A função compete

a Universidade e está em cada um de nós, professores, a responsabilidade de

oferecer este tipo de ensino, educação e formação. Se aceitarmos esta

responsabilidade também deveremos avaliar em idêntica forma. Ou seja, devemos

realizar uma avaliação diferenciada e plenamente formativa.

Esperamos que com o tempo a bibliografia a respeito do tema que nos ocupa seja

maior, pois hoje em dia não encontramos absolutamente nada de interessante a

respeito.

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11

1.

A presente Monografia é conseqüência de pensamentos e reflexões que venho

realizando nos últimos anos sobre o tema da avaliação da aprendizagem nas áreas

técnicas, buscando não só compreender e analisar criticamente as questões que

permeiam as práticas avaliativas dentro das instituições de ensino superior, como

também apontar possibilidades que, para além do uso da avaliação como aferição e

classificação, punição ou mero instrumento de controle ou expressão de poder,

possam contribuir para a efetivação de aprendizagens mais significativas em termos

dos-objetivos-pretendidos.

Todos falam de avaliação, mas cada um conceitua e interpreta esse termo com

significados distintos: ou se faz usos díspares, com fins e interpretações diversos, ou

então é aplicado com pouca variedade de instrumentos, seguindo princípios e

normas diferentes, para dar a entender que, em sua aplicação, segue critérios de

qualidade.

Sem dúvida, cada um age em nome de uma avaliação de qualidade e defenderá que

a sua é uma boa avaliação. A relação entre ambos os conceitos (qualidade e

avaliação) é estreita e, na prática docente, dificilmente uma pode ocorrer sem a

outra. Somente quando se fala de modo isolado e segregado do que apenas na

unidade tem sentido e significado é que se pode manter o discurso. Porém, no

próprio estilo da dispersão está a sua limitação e a sua pouca relevância, bem como

sua nula incidência sobre práticas docentes que em si são complexas.

Mais especificamente, esta proposta de investigação sobre a avaliação da

aprendizagem no Ensino Superior, esta direcionada para as seguintes indagações:

Que princípios devem nortear a prática pedagógica de um professor universitário, e

conseqüentemente seu processo avaliativo, com vistas a uma formação profissional

de qualidade?. É possível dar conta de efetivar um processo avaliativo contínuo,

crítico e coerente numa sala de aula universitária?. Que procedimentos avaliativos

CAPITULO

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12

são mais específicos e pertinentes aos processos de ensino de nível superior?. A

partir destas questões, pude formular o objeto da pesquisa nos seguintes termos: As

concepções e práticas de avaliação da aprendizagem dos professores de ensino

superior e suas repercussões na sala de aula do ponto de vista dos alunos. Um

estudo dessa natureza, voltado para a sala de aula universitária, justifica-se pela

complexidade da temática abordada e ainda pelo fato de serem incipientes as

contribuições provenientes de pesquisas no campo da avaliação da aprendizagem,

nesse nível de ensino. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa foi realizar uma

análise das práticas avaliativas na universidade e das concepções dos seus

protagonistas sobre avaliação, considerando-as como referência para uma análise

crítica da prática docente dos professores e de suas repercussões junto aos alunos.

A reflexão teórica sobre as questões pedagógicas e mais especificamente sobre o

processo de ensino-aprendizagem em cursos superiores, sua natureza e

especificidades não têm sido a tônica das discussões na Universidade.

No que se refere à avaliação, é possível constatar o recente interesse por parte dos

estudiosos, o que se expressa na produção e na carência de pesquisas sobre o

assunto.

Recentemente, surgiram alguns trabalhos que discutem e indicam caminhos para a

avaliação da aprendizagem nesse nível de ensino. Dentre eles, destacam-se os de

Hoffmann (1995, 1998), que discute os mitos da avaliação e propõe uma avaliação

mediadora como possibilidade de acompanhamento contínuo e gradativo da

aprendizagem do aluno; Ludke e Salles (1997), que relatam e analisam um estudo

do processo de avaliação do ensino/aprendizagem realizado pelas autoras em um

curso de Nutrição da sua instituição, a partir da visão dos atores envolvidos; Villas

Boas (2000) discute a avaliação no contexto do trabalho pedagógico universitário,

passando por questões como o aluno que chega à universidade, o professor

universitário e sua formação, a relação objetivos/avaliação e ao propor um olhar

crítico sobre a avaliação aponta a necessidade de realização de pesquisas sobre o

tema que forneçam dados para uma análise aprofundada da questão; Wachowicz

(2000) refere-se aos paradoxos em torno da avaliação, abordando-a numa

perspectiva dialética; Castanho (2000) tem como foco de análise a inovação na

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avaliação em educação superior, relatando e analisando dados de uma pesquisa

realizada com alunos de pós- graduação sobre a temática; Chaves (2001) também

analisam a complexidade da avaliação, da formação de professores universitários,

propondo pontos fundamentais para uma pauta de discussão sobre a avaliação da

aprendizagem do aluno no ensino superior e De Sordi (1995, 2000, 2001) que

discute a prática de avaliação do ponto de vista de alunos e professores, através de

uma experiência desenvolvida no curso de enfermagem, aborda as possibilidades

de inovação e posteriormente aponta alternativas propositivas no campo da

avaliação-da-aprendizagem.

Os trabalhos anteriores se configuram na forma de artigos que compõem livros que

tratam de questões didático-pedagógicas. Além disso, tem chegado ao nosso país

alguma literatura estrangeira- que também não é vasta- abordando a avaliação no

ensino superior como Benedito e outros (1995), Sacristán e Gómez (1998) Rivilla et

al. (1998) os quais apontam já para uma tentativa mais sistematizada de

compreensão das relações que se estabelecem em uma sala de aula de nível

superior e o papel preponderante que a avaliação ocupa, ou continua ocupando,

nesse processo. Essas produções internacionais, traduzidas e/ou publicadas em seu

idioma de origem, têm exercido influência nas discussões e produções nacionais

sobre avaliação, a exemplo do que acontece em outras áreas de conhecimento.

Embora não se pretenda aqui esgotar uma relação da produção sobre esse tema, é

importante ressaltar que nos programas de pós-graduação no país, têm sido

produzidas dissertações e teses, fruto de pesquisas mais sistematizadas sobre

avaliação. Em sua tese de doutorado, Souza (1994), fez um estudo relevante sobre

a natureza e as contribuições da pesquisa em avaliação da aprendizagem no Brasil

de 1980 a 1990. Mais recentemente, podemos citar algumas pesquisas que buscam

tratar a temática numa perspectiva crítica e contextualizada: Cristino (2001) analisou

as práticas avaliativas realizadas no ensino de graduação de uma Faculdade

Brasileira de Odontologia; Bittencourt (2001) desenvolveu uma proposta de

avaliação formativa no ensino superior, no curso de Agronomia; Vieira (2002) analisa

a avaliação da aprendizagem em um curso de Pedagogia do ponto de vista dos seus

limites, avanços e evidências da prática. É importante ressaltar também a realização

em novembro de 2001, de um seminário fechado na Unicamp, que reuniu quinze

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especialistas em avaliação para discutir a sua aplicação a vários objetos: a formação

do indivíduo (incluída a aprendizagem), os programas e currículos e as instituições

educacionais. Embora esse seminário não tenha tratado especificamente da

avaliação no ensino superior, as discussões ali realizadas, FREITAS (2002), com

certeza expressam preocupações comuns dos estudiosos e trazem contribuições

significativas-à-compreensão-dessa-temática.

Apesar de alunos e professores universitários em geral estarem submetidos às

mudanças no campo educacional, às avaliações interna e externa, poucos se

dispõem a parar para discutir, refletir e analisar as implicações, por exemplo, da

avaliação na constituição das relações professor/aluno na universidade, preparando-

se-para-enfrentar-os-problemas-que-ela-envolve-e-promove.

O que se percebe ao aprofundar os estudos sobre a questão é que o ensino superior

não está isento dos problemas mais gerais constatados nesse campo e que, tanto

na teoria quanto na prática, a avaliação nesse nível de ensino se reveste de rituais e

atitudes discriminatórias. Neste caso, a avaliação ocorre de adulto para adulto,

talvez por isso seja menor a preocupação em compreender o seu papel no processo

de aprendizagem, seus limites e possibilidades no conjunto de procedimentos que

compõem a organização do trabalho pedagógico na sala de aula e sua influência na

condução do processo de ensino. Os médicos, engenheiros, arquitetos, advogados,

administradores, odontólogos, veterinários, agrônomos, etc. que assumem a

profissão de professores universitários estão, nesse contexto e em função de uma

ausência de formação específica, pouco preparados para lidar com as questões

pedagógico-didáticas. Em decorrência disso, grande parte deles avalia da forma

como foram avaliados em sua trajetória escolar, ou vão criando, a partir da

experiência e do bom senso, maneiras de se avaliar o desempenho dos alunos. A

maioria dos professores pratica uma avaliação tradicional, basicamente utilizando

provas escritas para verificar a retenção dos conhecimentos repassados, não

servindo para orientar ou re-orientar o aluno, para situá-lo frente às exigências da

disciplina e do curso e do papel que os conteúdos de cada disciplina têm na sua

formação-profissional.

O professor cumpre as exigências legais da instituição – dar aulas, avaliar e atribuir

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notas. O aluno, na maioria das vezes, mais preocupado em passar na disciplina, em

conseguir notas, do que com a qualidade da sua formação profissional, submete-se

passivamente-a-esse-ritual.

É necessário buscar uma renovação do campo da avaliação que supere o velho

conceito e as práticas arraigadas de avaliação como constatação/ verificação de

certo nível de aprendizagem do aluno. É preciso conhecer as características dos

processos, ultrapassando o estudo de tudo quanto se manifesta para se prolongar

até a identificação das causas e conseqüências e não apenas dos resultados em si,

tornando possível tomar medidas que possam contribuir para o aperfeiçoamento do

ensino-e-conseqüentemente-para-a-efetivação-da-aprendizagem.

A construção de uma proposta de avaliação passa inevitavelmente por uma opção

sobre ensinar e aprender, a qual expressa por sua vez uma opção por um modelo

epistemológico-pedagógico. Essa opção, implica numa forma explícita de pensar o

ensino e as bases da proposta pedagógica. Em última instância, a avaliação

consiste na articulação da teoria à realidade, numa atividade de reflexão sobre o

ensino, que tem como base o recolhimento de dados sobre as manifestações dessa

mesma realidade, proporcionando informações básicas e necessárias a todos

aqueles implicados no processo educativo. É necessário também que haja coerência

em um sistema de avaliação que, considere a relação mútua existente entre os

aspectos qualitativos e quantitativos desse processo, a natureza da relação

pedagógica e os objetivos que se propõe alcançar, pois o ensino constitui um

processo eminentemente complexo, que evolui de maneira dinâmica, portanto a

avaliação da aprendizagem deve assumir a dificuldade que a consideração

simultânea de todos estes componentes implica ao longo do seu desenvolvimento.

Nesse sentido, ao avaliar o professor deverá coletar, analisar e sintetizar, da forma

mais objetiva possível, as manifestações das condutas cognitivas e afetivas dos

educandos, produzindo uma configuração do efetivamente aprendido, atribuir uma

qualidade a essa configuração da aprendizagem e tomar uma decisão sobre as

condutas docentes e discentes com base nessas informações. (Cf. Luckesi: 1991)

Estamos vivendo no Brasil atualmente um momento de reconstrução do cotidiano

escolar e a avaliação ocupa um papel preponderante nessa redefinição, devido

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principalmente á sua relação com o fracasso escolar e à percepção das implicações

e-determinações-da-avaliação-na-formação-profissional.

Dessa forma, é urgente buscar propostas alternativas para avaliar o desempenho do

aluno, propostas estas que para além das diferentes denominações que possam

receber, dêem conta de dar respostas ás exigências colocadas pelas características

e especificidades dos processos de formação que se desenrolam na universidade.

Para Estébam (1999), as alternativas que se apresentam oscilam entre três

perspectivas:

a) Retorno ao padrão rígido definido pela avaliação quantitativa:

– o que para o autor está sendo assumido pelas propostas vindas do MEC: SAEB,

ENEM, “Provão”, complementadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. A

dinâmica nesse caso está voltada para procedimentos que possam favorecer a

qualidade e produtividade

b) Consolidação de um modelo híbrido:

– essas propostas afirmam uma ruptura com a avaliação quantitativa,

compartilham a afirmação de que os sujeitos escolares são sujeitos históricos e

sociais, destacam a aprendizagem como processo e a necessidade de que o tempo

escolar-considere-os-tempos-e-ritmos-individuais.

c) Construção de uma avaliação democrática, imersa numa

pedagogia-da-inclusão:

– esta percepção implica numa mudança radical na lógica que conduz as práticas

de avaliação, pois pressupõe substituir a lógica da exclusão pela da inclusão

Sendo assim, uma concepção de avaliação que pode responder às necessidades de

uma universidade que vise a construção da cidadania aliada à formação do indivíduo

e à formação profissional, deve estar calcada numa visão progressista e crítica de

educação. Por isso mesmo é necessário redirecionar o ato pedagógico enquanto

influência mútua entre desiguais, onde cada um tem o seu papel específico. Esta

redefinição do ato pedagógico implicará na conseqüente redefinição da avaliação da

aprendizagem.

A superação de uma dada realidade se produz em uma proposta avaliativa que

possibilite ao estudante integrar conteúdos, articular diferentes perspectivas de

análise, exercitar a dúvida e o desenvolvimento do espírito de investigação,

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colocando-se a aprendizagem como um ato de ampliação da autonomia do aluno e

a avaliação da aprendizagem como oportunidade de inovação, de retomada, que

permita ao aluno ampliar as suas possibilidades de questionar suas ações e

decisões diante de situações singulares e divergentes.com vistas à melhoria da

qualidade-da-formação.

Na pesquisa realizada (CHAVEZ, Sandrama – UFG) alguns professores

expressaram em suas respostas empenho em estabelecer coerência entre ensino e

avaliação, embora os alunos apontem a ausência dessa coerência, caracterizando a

avaliação como um processo desvinculado do ensino e da aprendizagem.

Embora os professores na sua fala expressem um entendimento de avaliação como

um processo contínuo e dinâmico, os alunos reclamam de sistemas de avaliação

estanques, meramente somativos, desvinculados do processo. A avaliação formativa

muitas vezes se perde em meio ao cumprimento das normas e regras da instituição

e-ao-comodismo-de-alguns-professores.

São poucos os professores que utilizam as dúvidas dos alunos ou os resultados das

avaliações como possibilidades de retomada que os auxilie a compreender melhor a

sua trajetória no processo de construção do conhecimento e na sua formação.

Embora o objetivo da pesquisa não fosse fazer uma acareação entre o que dizem os

professores e o que pensam os alunos, foi inevitável perceber a contradição entre o

que-se-diz-que-se-faz,-e-o-efetivamente-feito.

As situações de avaliação não se esgotam nelas mesmas, e vão para além da

discussão que envolve a atribuição de notas ou a aplicação de provas. Mais

importante do que isso, é definir e compreender o papel da avaliação no processo

de ensino aprendizagem, articulando-a aos objetivos - conteúdos -métodos, ao

projeto político pedagógico da instituição de ensino e aos objetivos, características e

perfil do profissional que se quer formar. Essa preocupação ficou explícita

principalmente na fala dos professores do curso de Enfermagem e História, ao

contrário daqueles do curso de Engenharia Civil e Elétrica, por exemplo, cujas

preocupações estão mais voltadas para a comprovação dos graus de aprendizagem

Page 18: Monografia Juan f Jannes_1

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e-para-a-avaliação-somativa.

É mister perceber que a avaliação não é um fato isolado, mas decorre de uma

prática pedagógica coerente e organizada, articulada ao perfil do profissional que se

quer formar, aos objetivos desta formação e interligando ensino-aprendizagem e

avaliação como elementos indissociáveis. Em alguns cursos, foi possível perceber

uma maior preocupação com a aprendizagem do aluno por parte de professores e

germens de práticas avaliativas mais integradoras. Em outros, os próprios

professores, expressaram a sua concepção de ensino como transmissão,

aprendizagem como reprodução dos conteúdos e a avaliação como devolução, via

memorização, desses mesmos conteúdos, sem muita preocupação com as

conseqüências-pedagógicas-e-profissionais-dessa-postura.

Acredito que para desenvolver um processo avaliativo na perspectiva aqui postulada

(avaliação integradora ) é necessário levar em conta alguns pressupostos,

considerando o nível de ensino, as características dos alunos, da disciplina, do curso

e-as-especificidades-da-formação-profissional:

- Discussão com os alunos do plano da disciplina, dos elementos que o compõe e

especialmente do sistema de avaliação, criando a possibilidade de ele ser assumido

por todos os envolvidos no processo e não apenas definido unilateralmente pelo

professor.

- Utilização do diálogo (professor/alunos, alunos-professor, alunos-alunos) como um

processo de debate coerente, fundamentado, sistemático, não só como meio para

adquirir ou construir conhecimentos, como também como possibilidade de

transformação das relações que se estabelecem numa sala de aula universitária,

onde uma relação de poder dá lugar a uma relação de respeito mútuo e

compartilhamento. Nessa relação, longe de perder a sua autonomia e

descaracterizar o seu papel, o professor o reafirma, através de uma postura

compromissada e competente diante da formação de seus alunos e do trabalho com

os-conteúdos-previstos.

- Relação dos conhecimentos com os aspectos contextuais externos (sociais,

Page 19: Monografia Juan f Jannes_1

19

culturais, políticos, econômicos) e internos, estabelecendo conexões entre os

elementos e temas trabalhados, evitando a fragmentação do conhecimento e

possibilitando a articulação com as peculiaridades do perfil do profissional que se

quer-formar.

- Utilização de uma gama variada de instrumentos e procedimentos para avaliar a

aprendizagem dos alunos, compatíveis com as características e os processos de

aprendizagem-do-aluno-universitário.

Como possibilidades podemos elencar alguns aspectos norteadores para uma pauta

de discussão sobre a avaliação da aprendizagem na educação superior, que podem

contribuir para a mobilização do debate, fornecendo elementos aos professores

universitários para discutir e criar alternativas a partir do seu próprio contexto, visto

que a alteração das práticas avaliativas não se dá de fora para dentro, mas, a partir

dos interesses e necessidades de seus protagonistas:

atentar principalmente para os processos e não só para os

resultados

dar possibilidades aos protagonistas de se expressarem e de se

avaliarem

utilizar procedimentos e instrumentos variados para avaliar a

aprendizagem

intervir, com base nas informações obtidas via avaliação, em

favor da superação das dificuldades detectadas

configurar a avaliação a serviço da aprendizagem, como

estímulo aos avaliados e não como ameaça

contextualizar e integrar a avaliação ao processo ensino –

aprendizagem

definir as regras do jogo avaliativo desde o início do processo

difundir as informações e trabalhar os resultados, visando

retroalimentar o processo

Page 20: Monografia Juan f Jannes_1

20

realizar meta – avaliação, paralela aos processos de avaliação

propriamente ditos

considerar e respeitar as diferenças e as dificuldades

manifestadas em sala de aula.

Vale lembrar que estas ações de nada valerão se não estiverem voltadas para um

projeto de formação profissional e para os objetivos educacionais esperados.

Libâneo (2003, p.9) chama a atenção para a importância da organização e gestão

da instituição educativa em relação ao trabalho do professor:

Não é possível uma efetiva mudança nas práticas de ensino universitário sem ações e

mudanças na organização e gestão do curso. A organização e gestão das escolas têm

sido abordadas de um ponto de vista burocrático, administrativo, envolvendo os níveis

hierárquicos de exercício do poder, os colegiados acadêmicos e as formas de tomada de

decisões. Embora esses aspectos sejam relevantes, não é nesse sentido que afirmamos

a relação entre a sala de aula e a organização da escola, mas no sentido de que tudo

que ocorre na sala de aula deve estar em consonância com o que ocorre no âmbito das

decisões em torno do projeto pedagógico, dos objetivos de ensino, do currículo, das

formas convencionadas de relações professor-aluno e procedimentos de ensino. Pelo

exposto, fica claro então que mudanças mais significativas em relação à avaliação da

aprendizagem do aluno no ensino superior dificilmente acontecerão por meio de ações

individuais isoladas, desvinculadas de um projeto pedagógico curricular compartilhado e

participativo, que favoreça a reflexão conjunta e que não desconsidere o papel que o

contexto social exerce sobre a função que a universidade tem na formação profissional e

os riscos de, por meio da avaliação, legitimar processos de exclusão e discriminação na

sala de aula universitária. Dessa forma, possibilitar, por meio de reflexões conjuntas, a

análise do que é aparente e do que está subjacente às práticas avaliativas no ensino

superior é um caminho promissor para descortinar a sua complexidade e as

possibilidades que ela coloca , quando integrada aos objetivos de ensino e da formação

profissional,-para-atuar-a-serviço-da-aprendizagem-do-aluno.

Page 21: Monografia Juan f Jannes_1

21

2.

CAPITULO

Após anos na educação superior em carreiras com engenharia civil, industrial,

elétrica e química temos notado a imperiosa necessidade de introduzir modificações

nos-sistemas-de-avaliação-dos-alunos.

Como primeiro ponto, é necessário compreender que devemos ensinar e educar

para que os alunos sejam bons profissionais e não somente que aprendam ou

tenham conhecimentos da matéria que estamos ensinando ou transmitindo. Nas

áreas técnicas o aluno, uma vez formado, ira se inserir (na sua grande maioria) em

equipes de trabalho, e deverá saber lidar com tal situação. Também terá, muito

provavelmente, contato com mão de obra tipo pedreiros, carpinteiros, armadores,

soldadores, etc., ou seja, mão de obra pouco qualificada e de um nível de ensino

muitas vezes precário. O profissional deve poder-se comunicar com fluência com

eles e, por sua vez, eles devem compreender facilmente o que o Professional ou

engenheiro pretende deles. Para isto deve ter um vocabulário claro, concreto e

simples e geralmente deve complementar as suas palavras com algum desenho,

croquis ou esquema para ajudar no entendimento da questão ou problema.

Com o advento de programas ou softwares tipo CAD de desenho, hoje em dia, a

tarefa de executar desenhos técnicos tem se facilitado muito, sem contar a enorme

redução de tempo e aumento de qualidade que se consegue com a utilização de tais

programas. Porém isto acontece em “laboratório” no escritório ou no local onde o

engenheiro trabalha, projeta, calcula e desenvolve os seus projetos. Em “campo”, ou

seja, na obra, onde acontece a materialização da construção da obra projetada não

possuímos computador nem seria possível e muito menos pratico. Então o

profissional deve saber se comunicar mediante desenhos, gráficos e croquis de boa

qualidade como complemento de suas palavras. De ai a enorme importância do

ensino do desenho técnico nas universidades e não, como muitos alunos

pretendem, de diminuir a importância de tal matéria do currículo e ainda do

cancelamento-da-mesma.

Page 22: Monografia Juan f Jannes_1

22

Temos ainda outro tópico de grande importância que é o aprendizado e correto uso

de umas das “ferramentas” principais e fundamentais do engenheiro em todas as

suas especializações ou orientações: a “Matemática”. O professor deve ter muito

claro que o aluno, futuro engenheiro, deve conhecer a fundo a ciência da

matemática. Deve dominar a ciência em todos seus aspectos e não pode cometer

absolutamente nenhum erro, pois equivoco cometido em matemática pode ter

conseqüências dramáticas, trágicas e muito graves na engenharia, como falha de

peças, colapso de estruturas, etc. muitas vezes até com perdas de vidas humanas

Sintetizando, podemos falar sem medo de errar que, como professores de alunos da

área de engenharia e de outras áreas técnicas. Devemos ensinar também a ser

prolixos, claros, concisos na confecção de trabalhos práticos com uso de bons

desenhos e fazendo correto uso da matemática, sem erros, porque erro de

matemática e desde o ponto de vista cientifico e técnico implica em erro da

totalidade-do-trabalho.

Conseqüentemente, se a nossa obrigação é ensinar estes tópicos, na hora da

avaliação também devemos ter em conta estes conceitos. Podemos dizer que os

conceitos propriamente ditos (da matéria a ser avaliada) devem ir ligados com os

tópicos mencionados neste trabalho. Assim sendo estamos propondo que nos

trabalhos práticos, durante o ensino da matéria, sejam contemplados os seguintes

pontos:

Ensinar e avaliar o “layout” do trabalho, apresentação do trabalho em forma clara e

de fácil compreensão por qualquer integrante da hipotética equipe onde o

profissional estivesse atuando (por exemplo).

Incentivar a utilização de croquis, tabelas e desenhos técnicos de boa qualidade.

Prestar especial atenção nas formulas matemáticas utilizadas e seus resultados, que

devem estar estritamente corretos . O aluno deve tomar como hábito, sempre revisar

as contas realizadas, para ter total e plena certeza de que tudo este correto e sem

equívocos. O erro é fatal e pode levar a graves conseqüências para a sociedade e

para-ele-próprio,-na-sua-vida-profissional.

Devemos educar e ensinar a não somente aprender os temas da matéria que esta

sendo ensinada, mas também a serem bons profissionais, engenheiros ou técnicos

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de-nível.

De idêntica forma, na avaliação final devemos prestar especial atenção aos pontos

citados.-Não-podemos-ser-neste-aspecto.

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33..

CCAAPPÍÍTTUULLOO

Quando se fala de avaliação, são muitas as técnicas e muitos os métodos

anunciados para resolver os problemas relacionados com ela . No entanto, não são

tão variados, sobretudo porque a maioria esta a serviços dos mesmos fins, é

utilizada para os mesmos usos e desempenham as mesmas funções. Por isso há

tão pouca diversificação na oferta, além de expressões novas: exame tradicional,

entrevista, observação, correção de provas, provas objetivas, auto-avaliação, co-

avaliação, relatórios, dossiês, etc. O importante, em todos os casos, serão os usos

feitos delas e as funções anunciadas e ocultas que desempenham.

Outro critério para escolher os mecanismos de avaliação é em função do tipo de

informação que queremos coletar. E esta em função do propósito da avaliação:

Avaliação para reproduzir, repetir, memorizar, criar, compreender ? Avaliação para

comprovar a capacidade de retenção, exercer o poder, manter a disciplina ?

Avaliação para comprovar aprendizagens, desenvolver atitude crítica, submissão,

obediente, crédula ?. Avaliação para garantir a integração do indivíduo na sociedade

ou para assegurar o êxito escolar ?. Avaliação em um sistema que garante o acesso

a cultura comum e a superação das desigualdades sociais por meio da educação ?

Avaliação para garantir a formação correta de quem aprende ?. As respostas dadas

a essas perguntas deveriam, obviamente, levar a formas de avaliação distintas.

Com estas reflexões iniciais, pretendemos chamar a atenção sobre a necessidade

de que os colegas professores se situem, posicionem em relação ao conhecimento,

ao contexto sócio cultural e econômico e ao processo educativo no qual a avaliação

será realizada. Como a educação, a avaliação não é um exercício neutro; reduzida a

um exercício técnico, oculta outros valores implicados e que justificam alguma das

funções implícitas que desempenha de maneira eficaz, embora nem sempre justa.

Tomar posição é uma condição moral que previne contra o adoutrinamento, o

proselitismo, o engano ou qualquer outro tipo de fundamentalismo.

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Uma mudança elementar, porém imprescindível, para iniciar o caminho da inovação

e da renovação que conduza a outras formas de avaliar consiste em transformar a

aula, o tempo de aula, em tempo e lugar de aprendizagem, em oposição ao tão

habitual-costume-de-dar-e-tomar-anotações.

O tempo de aula, transformado em tempo de aprendizagem facilitado, estimulado,

ajudado, orientado pelo ensino, deve converter-se em uma oportunidade simultânea

de avaliação. Não devem ser atividades distintas se, com elas, queremos a

apropriação do saber e a emancipação que dá acesso a cultura e ciência.

É de vital importância agir conscientemente, reconhecendo ao que se dá mais

importância nesse processo: se à transmissão de informação ou à sua

compreensão; se ao ensino ou à aprendizagem; se ao programa ou à dinâmica

interna do grupo de pessoas que pretendem aprender; se à tensão externa à qual se

submete quem é examinado ou a atenção e motivação pessoal de quem deve

deparar-se com perguntas que estimulam ou reforçam o pensamento; se ás

pressões externas ou á convicção sobre o valor das idéias com as quais

honestamente trabalha e ensaia. Diante dessas alternativas, o modelo de processo,

modelo-crítico,-se-inclina-decididamente-pelas-segundas.

Temos notado que muitos colegas não acreditam no valor formativo que as formas

de avaliação oferecem, porque não servem para discriminar com precisão e

objetividade-as-diferenças-entre-os-alunos-no-rendimento-acadêmico.

Do ponto de vista prático e crítico, seguindo um enfoque alternativo, próximo a

racionalidade prática, as decisões são tomadas com base em um juízo bem

informado, no qual o dialogo, o debate, a conversação, a crítica e os argumentos

com os quais cada um defende as suas idéias entre os sujeitos em que intervém é

parte-importante-que-fundamenta-as-decisões.

Nessa interpretação, a comunicação através do dialogo constituirá o eixo central de

participação em forma de discussão, argumentando, ensaiando e justificando como

um fato normal e natural o próprio pensamento. Nesse meio, os alunos poderão não

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só ouvir e receber informação sobre uma matéria determinada, mas também falar

sobre ela, debatendo sobre o que recebem e observam, dando explicações,

comprovando, raciocinando, comparando e, quando o caso permitir, transferindo as

observações-e-as-explicações-a-situações-novas.

Nesse contexto de aprendizagem, os alunos terão oportunidades para ver, ouvir,

debater e avaliar as explicações e as justificativas próprias da matéria em questão.

As aulas estarão centradas mais em analisar, raciocinar. Argumentar, criticar e

persuadir do que em memorizar os procedimentos trilhados e em reproduzir

respostas automáticas. A avaliação estará centrada mais no que os alunos

conhecem-e-são-capazes-de-fazer.

Para agir nesse sentido, quem aprende deve não só das respostas a perguntas já

feitas e das quais se espera uma resposta única e fechada, mas também deve

explicar o seu pensamento e os argumentos nos quais se baseiam suas idéias.

Formular perguntas também é outra forma de colocar em pratica o conhecimento.

Esta representa uma nova visão de acordo com os novos enfoques que são dados

sobre-a-educação,-em-geral,-e-sobre-o-currículo,-em-particular.

Voltando um pouco ao tema que nos ocupa especificamente, ou seja sistemas de

avaliação nas áreas técnicas e adotando a palavra “exame” como a prova de

avaliação propriamente dita. ÀLVAREZ MENDEZ, J.M. (2002, pag. 102) afirma que:

Resulta necessário ressaltar duas questões: uma relativa aos usos do exame; a outra

relativa-ao-tipo-de-perguntas-que-nele-são-formuladas.

A primeira questão refere-se aos usos que são feitos dele, que serão o critério definitivo

para evidenciar as possibilidades do exame. Brevemente: se da informação fornecida

pelas respostas que os alunos dão ás perguntas de um exame o professor pode obter

dados importantes para melhorar seu próprio ensino e reorientar e ajudar os alunos em

sua aprendizagem, o instrumento-exame pode desempenhar um papel educativamente

construtivo na formação do aluno. Se o exame só serve como recurso para medir,

sinônimo de qualificar, a informação transmitida que o aluno pode produzir linearmente,

o-artefato-exame-serve-para-pouco,-educativamente-falando.

A segunda questão sobre a qual se chama a atenção é a relevância das perguntas. Um

dos problemas do exame que exige respostas atomizadas e automatizadas e que obriga

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a repetir as mesmas trivialidades ou imprecisões previamente contadas que informam

sobre o pensamento ou o conhecimento transmitido. Talvez este seja importante, mas

permanece oculto, indecifrável ou confuso entre tantas palavras vazias que simplificam o

conteúdo até torná-lo incompreensível e, conseqüentemente, reproduzível nos mesmos

termos em que foi contado, sem sair uma linha, uma palavra, do roteiro dado

anteriormente.

Infelizmente, o exame não é o momento propício para a dúvida, o erro, o mal-

entendido ou , inclusive, a distração ou a ignorância, uma vez que o erro é

penalizado sem maiores considerações. O tempo do exame é tempo apenas de

expressar verdades absolutas, verdades conclusivas, que não admitem réplica,

sendo apenas valores absolutos que, na maioria dos casos, só persistem e servem

no imediatismo da sala de aula. Tudo isto falando de “área técnica” ou seja no

ambiente de ciências exatas.

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CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS

Pode-se concluir que quando se atua como professores em carreiras de áreas

técnicas e estamos imbuídos da tarefa de ensinar ou lecionar matérias já do último

período ou, se assim podemos chamar, no período de “especialização” do aluno.

Devemos ter cuidados especiais e redobrados de que o aluno aprenda e saiba lidar

muito bem com as ferramentas que lhe foram outorgadas e saiba se comunicar

muito bem tanto verbal como graficamente. Não é só suficiente que saiba e domine

a matéria o os conhecimentos que lhe forma passados na matéria que nos ocupa ou

de nossa responsabilidade.

Devemos sempre estar atentos a formação integral do aluno, futuro profissional e

colega.

Assim sendo, o ensino deverá ser adequado e por tanto a avaliação, seja via teste

ou prova oral ou escrita, deverá ser condescendente.

Muito se lamenta de que, em linhas gerais, quase nenhum professor tenha

outorgado a devida importância a este tema. Assim sendo vemos hoje profissionais

recém formados nas áreas já citadas como Engenharia Civil Industrial, Mecânica,

etc, com grandes falhas nos aspectos mencionados neste trabalho. Outro fator ou

indicador do que se menciona é que não existe praticamente bibliografia nenhuma a

respeito, o que não deixa de ser lamentável e demonstra o pouco interessa que

existe a respeito.

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