monografia leny f. oliveira
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FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE OLINDA – FUNESO
UNIÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DA FUNESO – UNESF
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
LENY FERREIRA DE OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA ÁUDIO-DESCRIÇÃO DE IMAGENS NA EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
OLINDA, 2009
LENY FERREIRA DE OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA ÁUDIO-DESCRIÇÃO DE IMAGENS NA EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Monografia apresentada aos membros da banca examinadora da Pós-Graduação da Fundação de Ensino Superior de Olinda – FUNESO Como requisito final para obtenção de título de Especialista em Educação Especial.
Orientadora: MS. Juliana Maria Lima Coelho
Olinda, 2009
Dados informacionais de Catalogação–na-Publicação (CIP), Biblioteca Luiz Delgado da Fundação de Ensino Superior de Olinda, Olinda- PE
Oliveira, Leny Ferreira de
A importância da áudio-descrição de imagens na educação de pessoas com deficiência visual.
Leny Ferreira de Oliveira. – Olinda: FUNESO, 2009
60 f
Orientadora Juliana Maria Lima Coelho
LENY FERREIRA DE OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA ÁUDIO-DESCRIÇÃO DE IMAGENS NA EDUC AÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Monografia apresentada aos membros da banca examinadora da Pós-Graduação da Fundação de Ensino Superior de Olinda – FUNESO Como requisito final para obtenção de título de Especialista em Educação Especial.
APROVADA EM __ / __/ _________________. Nota
BANCA EXAMINADORA
ORIENTADORA
EXAMINADOR
EXAMINADOR
___________________________________________________________________
EXAMINADOR
___________________________________________________________________
Dedico à Deus todo poderoso que me ajudou a
traçar cada linha e construir cada parte deste
projeto alicerce e a todos que lutam e fazem
desta vida algo melhor e mais justo.
AGRADECIMENTOS
À minha família, a orientadora e a todos que me acompanharam durante a
Pós-Graduação 2008.1
CCCComo omo omo omo é é é é o lugar o lugar o lugar o lugar
quando ninguém passa por ele? quando ninguém passa por ele? quando ninguém passa por ele? quando ninguém passa por ele?
Existem as coisas Existem as coisas Existem as coisas Existem as coisas
sem ser vistas?sem ser vistas?sem ser vistas?sem ser vistas?
(Carlos Drumond de Andrade)
RESUMO
A presente monografia faz um estudo aprofundado sobre o recurso da
audiodescrição com objetivo principal de pesquisá-la como forma de promoção da
acessibilidade comunicacional das pessoas com deficiência visual e também saber
qual sua importância no aprendizado das pessoas com deficiência visual. Levanta
dados da realidade da educação da pessoa com deficiência visual e o longo
percurso trilhado para que essas pessoas obtivessem acesso às escolas regulares.
Levanta e analisa trechos da Constituição da República Federativa do Brasil, Lei das
Diretrizes e Bases da Educação, Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto
da Pessoa com Deficiência que garantem acesso à educação e a cultura como
direitos fundamentais de todos ser humano. Ainda faz um levantamento sobre o que
é audiodescrição, história e garantias na legislação e aponta alternativas de como
fazer audiodescrição de obras de arte, imagens e lugares para minimizar as
barreiras comunicacionais e ajudar no aprendizado da orientação e mobilidade.
Ainda mostra a importância do estímulo nos canais sensoriais de aprendizado – tato,
olfato, visão, audição, paladar – como meio de ampliar as potencialidades de
aprendizados de todos alunos. A metodologia teve como base a abordagem
qualitativa, com análise bibliográfica e entrevistas com profissionais que já
trabalharam com pessoas com deficiência visual e começam a inserir audiodescrição
como recurso que ajuda na compreensão das imagens pelos alunos com deficiência.
O resultado da pesquisa mostra a importância da audiodescrição no acesso a
informação das pessoas que tenham ou não tenham deficiência visual.
Palavras-Chave : Deficiência Visual. Audiodescrição. Acessibilidade
Comunicacional. Educação.
RESUMEN
La presente monografía hace un estudio profundizado sobre el recurso de la
audiodescrición con objetivo principal de pesquísala como forma de promoción de la
acesibilidad comunicacional de las personas con discapacidad visual y también
conocer cual su importancia en la aprendizaje de esas personas. Llevanta dados de
la realidad de la educación de la persona con discapacidad visual y el largo camino
hecho para que esas personas tuviesen aceso a las escuelas regulares. Separa y
analiza partes de la Constituição da República Federativa do Brasil, Leys de las
Diretrizes e Bases da Educação, y Estatuto da Criança e do Adolescente y el
Estatuto da Pessoa com Deficiência que garantizan el aceso a la educación y a la
cultura como derechos fundamentales de todos los seres humanos. Aún hace un
levantamiento sobre lo que es audiodescrición, historia y garantías en la legislación y
apunta alternativas de como hacer audiodescrición de obras de arte, imágenes y
sitios para minimizar a las barreras comunicacionales y ayudar en la aprendizaje de
la orientación y mobilidad. Aún mostra la importancia de lo estimulo en los canales
sensoriales de la aprendizaje – tato, olfato, visión, audición y paladar – como
caminos de ampliar las potencialidades de los aprendizados de todos alumnos. La
metodología tuvo como base la abordaje cualitativa, con analize bibliográfica incluso
entrevistas con profesionales que yá trabajaran con personas con discapacidad
visual y comiezan a poner audiodescrición como recurso que ayuda en la
comprensión de las imágenes por alumnos con discapacidad visual. El resultado de
la pesquisa mostra a importancia da audiodescrición en el aceso a la información de
las personas que tengan o no discapacidad visual.
Palabras-Clave : Discapacidad Visual. Audiodescrición. Acessibilidad
Comunicacional. Educación.
SUMÁRIO
RESUMO
RESUMEN
1. INTRODUÇÃO 1
2. OBJETIVOS 5
2.1. OBJETIVO GERAL 5
2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO 5
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 6
3.1. A Realidade da Educação das Pessoas com Deficiência Visual 6
4. UM LONGO PERCURSO PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCI A1* OBTEREM
DIREITOS 7
5. UM POUCO SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL 11
5.1. Cegueira 11
5.2. Baixa Visão 12
6. LEGISLAÇÃO SOBRE O ACESSO À EDUCAÇÃO E À CULTUR A 14
6.1. Sobre a Educação 15
6.2. Sobre a Cultura 17
SUMÁRIO
7. METODOLOGIA 19
8. O QUE É ÁUDIO-DESCRIÇÃO? 21
8.1. História 21
8.2. Legislação Sobre a Áudio-Descrição 22
9. O QUE É TECNOLOGIA ASSISTIVA? 25
10. ACESSIBILIDADE À COMUNICAÇÃO: PELO DIREITO A NO VOS
CONHECIMENTOS 26
11. COMO FAZER ÁUDIO-DESCRIÇÃO? 31
11.1 Para se Áudio-Descrever Deve Saber Descrever. O Que / Quais Características
Buscar para Fazer Bem Esse Trabalho? 31
11.2. Como fazer descrição:
1. De Pessoas: 32
2. De Objetos 33
3. De Ambientes 33
4. Vestuário 34
5. No museu 34
6. Obras de Arte – Quadro 34
7. No Computador 35
8. Nos Filmes 35
9. Nas apresentações, Peças, Espetáculos ao Vivo 35
_______________________________________________________________
SUMÁRIO
12. A ÁUDIO-DESCRIÇÃO NA ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE AU XILIANDO O
APRENDIZADO 36
12.1. Orientação e mobilidade da criança 38
1.Berço 39
2.No colo 40
3.Ambientes Internos 40
4.Ambientes Externos 41
13. CANAIS SENSORIAIS DE CAPTAÇÃO DE INFORMAÇÃO E S UA
IMPORTÂNCIA NO APRENDIZADO 43
13.1. A Visão 44
13.2. A Audição 44
13.3. O Paladar 45
13.4. O Olfato 45
13.5. O Tato 46
14. A ESTIMULAÇÃO DOS SENTIDOS EM FAVOR DO APRENDIZ ADO 47
15. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS 49
16. CONCLUSÃO 54
17. REFERÊNCIAS 55
13. ANEXOS 59
___________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO
Muitas pessoas concordam que a educação deve ser dirigida a um fim, de
preferência, que este fim ajude no desenvolvimento individual, psicológico e social
para o progresso do educando.
Sabemos que o processo de desenvolvimento e crescimento se dá com a
mediação de uma pessoa adulta ou de alguém que tenha o nível de conhecimento
superior para que este auxilie esse aluno a construir seus ideais de vida e de
formação para um ideal.
A educação também tem como objetivo um conjunto de ações e influências
de um ser humano exercido para o outro, com o fim de formar as aptidões
necessárias que preparem o educando para a vida adulta.
Todo período histórico tem a sua educação que procura atender da melhor
forma as necessidades educacionais adaptando-se às necessidades sociais e,
sempre superando os conflitos e modificações.
Na medida em que aumenta a população, o desenvolvimento das ciências, a
competição internacional, os ideais democráticos de vida, a educação é convocada
a tender ou repensar suas maneiras de formar os alunos, auxiliando-os a atender às
exigências da nova situação, ou, modificando suas atitudes para ajustes à nova
situação.
A educação especial veio para dar conta de uma parte da educação, cuja
demanda crescia, e que nem todos os professores tinham conhecimento para
trabalhar, isso em uma época em que as pessoas começavam a voltar o olhar para
um público novo que também precisava e queria escolarização para terem os
mesmos direitos que as outras pessoas.
Infelizmente, o problema da educação especial está em pensá-la apenas
como meio de auxílio para as pessoas com deficiência, o que não é verdade, porque
quando se fala em educação especial fala-se em meios necessários para atender as
necessidades especificas de aprendizado de cada indivíduo, tenha a pessoa algum
tipo de deficiência ou não, porque toda pessoa pode ter necessidades específicas
1
momentâneas, temporárias ou permanentes que uma vez auxiliada pode ser
superada.
Do contrário, poderá ser cumulativo, uma necessidade poderá trazer com o
tempo outras necessidades, por isso é tão importante oferecer acompanhamento
especializado aos educandos, oferecer formação adequada aos professores,
informação aos pais e a sociedade em geral. Uma vez dando informações corretas à
sociedade haverá uma mobilização em tentar melhorar os hábitos, e é para isso que
a educação serve.
Com o advento da inclusão leis e normas exigem nova estruturação das
escolas para diminuir as classes especiais e aos poucos inserir as pessoas com
deficiência em salas da rede regular de ensino, tendo como um dos principais
objetivos desde muito cedo trabalhar a minimização do preconceito, a aceitação das
diferenças, a percepção do outro enquanto detentor de direitos e deveres iguais.
Além disso, também sabemos que a educação rende seus frutos com o
tempo, não é um trabalho imediatista e a prova disto é que a educação inclusiva no
Brasil começou na década de 1990 e vem caminhando a passos bem lentos, seja
por falta de informação ou por comodismo dos cidadãos em geral.
Tal comportamento pede medidas enérgicas para se fazer valer, porque
muitas pessoas dependem dos ideais da inclusão. Como dissemos anteriormente a
inclusão vem sendo divulgada, aos poucos, através da educação que por
conseqüência se interliga em outras áreas de grande fluxo público como: saúde,
trabalho e lazer, setores dos quais provocam mudanças que são significativas na
qualidade de vida das pessoas em geral. Mas, como inserir efetivamente esses
alunos em sala de aula?
Para inserir alunos com deficiência em sala de aula algumas mudanças
simples na arquitetura escolar, nos equipamentos, no material didático potencializam
o aprendizado dos alunos, mas também são necessárias mudanças de atitude dos
professores, dos profissionais da comunidade escolar em aceitar os alunos, o que
deve ser acompanhado de oferecimento de formação adequada aos profissionais da
instituição escolar, minimizando as dúvidas, melhorando o trabalho em equipe,
favorecendo práticas educacionais que tenham por real sentido a formação efetiva
2
de todos os alunos, pois a inserção de pessoas com deficiência no ambiente escolar
só vem acrescer experiências de aprendizado a TODOS, sejam alunos ou
profissionais da educação e vem ampliar as experiências das pessoas envolvidas
nesse processo.
Com o trabalho no Museu Banco Real no ano de 2007- onde ocorreu a
primeira Exposição Itinerante de Arte Moderna em Contexto em que das 77 obras
apenas 11 foram disponibilizadas em relevo (de resina ou emborrachado). A
Exposição também contou com apoio dos arte-educadores para atendimento
especializado ao publico com deficiência visual. Percebeu-se quão é difícil trabalhar
a construção de significados das imagens, mas também como é importante oferecer
oportunidades iguais de acesso ao público.
Após essa primeira experiência me dediquei às pesquisas no que dizia
respeito às artes feitas por cegos e descobri um pintor turco, Eşref Armağan, pintor
de fino trato, nasceu cego e aprendeu a fazer suas pinturas, belíssimas, a partir da
descrição que faziam para ele das plantas, dos animais, do fundo do mar e também
das pessoas. O que seria das obras de Eşref Armağan se não descrevessem o que
ele perguntava? Com certeza não seria o artista renomado que é!
Atualmente, estas observações adquirem uma importância inteiramente nova,
pois nosso mundo está repleto de cartazes, anúncios luminosos. O cinema e a
televisão se baseiam inteiramente no que os olhos podem perceber. Foi dito, por
JACQUES LUSSEYRAN Apud OLIVEIRA (2002) que vivemos hoje na era das
imagens.
Em números, segundo OLIVEIRA (2002) o mundo oferece aproximadamente
80% de informação imagética e as pessoas que possuem o sentido visual, perfeito,
apreendem as informações por meio da visão, observação e repetição. Os outros
20% de informações restantes são apreendidos por meio dos outros sentidos
(audição, tato, olfato, paladar).
Então, perguntamos como as pessoas com deficiência visual (cegueira e
baixa visão) têm acesso as informações, uma vez que toda a sociedade apresenta
aproximadamente 80% das informações com imagens?
3
1
"O último censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) mostrou que o País tem 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual,
sendo 160 mil com deficiência visual total. A região Sudeste tem a maior
concentração, com quase 6 milhões de pessoas. Proporcionalmente, porém, o
Nordeste é que tem maior número por habitante: 5,6 milhões, ou seja, 11,2% da
população, têm deficiência visual total ou baixa visão" (SIMBIESP, 2006).
No Estado de Pernambuco aproximadamente 4 entre 10 pessoas tem algum
tipo de deficiência visual, 2 apresenta-se com baixa visão, e 2 apresenta-se com
cegueira total e 3 dentre estes estão em idade escolar .
Sendo assim, percebe-se que parte da população fica excluída das
experiências de: assistir a um filme no cinema, um programa de TV, perceber a
informação de comerciais, de uma peça de teatro ou um espetáculo de dança em
sua forma mais completa, também freqüentar museus, ou seja, falta ter acesso à
narrativa das imagens desses produtos que foi pensado para públicos apenas
visuais.
Diante desses fatos, entendemos ser necessário realizar uma pesquisa que
nos forneça informações necessárias para compreender o sentido informativo
comunicacional e educativo da áudio-descrição para pessoas com deficiência visual.
A monografia traz, em um primeiro momento, os objetivos do nosso estudo,
posteriormente um estudo sobre a temática áudio-descrição e logo em seguida,
trazemos teóricos que discutem essa metodologia de trabalho. Em seguida
apresentamos a metodologia do trabalho que foi organizada por meio de uma
pesquisa bibliográfica e ainda entrevistas com profissionais que trabalham utilizando
esse recurso em sala de aula. No terceiro momento, indicamos alguns pontos
observados no discurso desses profissionais no tópico análise dos resultados e por
fim, temos as considerações finais que retomam as questões que foram colocadas
para direcionar nosso estudo.
4
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
- Investigar a áudio-descrição como meio de acesso à informação e
conseqüente educação para pessoas com deficiência visual.
2.2. Objetivos Específicos
- Conceituar a áudio-descrição, sua história, leis que regem esse trabalho no
Brasil.
- Verificar como os profissionais que trabalham com a áudio-descrição
observam a contribuição dessa metodologia para o aprendizado do aluno.
- Identificar no que a áudio-descrição serve para a educação de pessoas com
deficiência visual.
5
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. A Realidade da Educação das Pessoas com Deficiência Visual
No Brasil, a educação de pessoas com deficiência visual caminha devagar e
com poucos recursos, seja didático, seja tecnológico, e, os recursos de que os
docentes dispõem são antiquados e ao mesmo tempo são os mesmos utilizados
desde a infância até a vida adulta o que resulta em perda de interesse pelos estudos
por parte dos alunos com deficiência visual desde muito cedo.
Além disso, a educação da pessoa com deficiência visual em muito depende
do esforço individual do professor que hora acredita no potencial dos alunos e usa
de sua criação e inventividade para construir, adaptar materiais que possam auxiliá-
los na educação diária, hora desiste pensando ser impossível tal trabalho por falta
de recursos e não ver progresso no aprendizado dos alunos.
É valido salientar que qualquer trabalho pedagógico realizado com pessoas
com deficiência visual é sempre prejudicado e perde muito das informações a que as
pessoas com o sentido da visão têm acesso, porque muito do que é ensinado nas
escolas, ou no cotidiano, é apresentado com imagens ou com auxilio de imagens e
muito do que é criado não privilegia as pessoas com deficiência visual.
6
4. UM LONGO PERCURSO PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCI A1* OBTEREM
DIREITOS
Em todo o mundo durante muito tempo houve a EXCLUSÃO SOCIAL em que
as pessoas ficavam totalmente a margem da sociedade. Este tempo foi chamado
assim porque além das pessoas com deficiência eram também excluídas todas as
minorias, tudo o que fosse diferente.
Essas pessoas simplesmente não participavam de atividades de educação,
lazer ou de turismo, ficavam a margem da sociedade dependendo da caridade das
pessoas para sobreviver porque também a elas não era dado o direito de trabalhar.
Após este longo e nebuloso período, deu-se inicio a SEGREGAÇÃO SOCIAL
onde surgiram as primeiras programações fechadas, exclusivamente para pessoas
com deficiência, oferecidas apenas no interior das instituições “especializadas”, com
profissionais que se dedicavam a eles proporcionando-lhes um pouco mais de
atenção as suas necessidades.
Com a INTEGRAÇÃO SOCIAL as entidades se propunham a preparar
pessoas com deficiência para participar de eventos comunitários de lazer ou, pelo
menos, freqüentar os espaços de lazer da comunidade, mas as pessoas com
deficiência tinham que se adequar aos ambientes, se quisessem participar, porém
ainda permanecia o sentimento de cuidado e proteção com as pessoas com
deficiência.
1*__________________
* Pessoa com deficiência porque segundo SASSAKI no texto: “Nomenclatura sobre a pessoa com
deficiência na era da inclusão”; Trabalho publicado no livro mídia e deficiência, da Agência de
notícias dos direitos da infância e da Fundação Banco do Brasil Brasília, 2003, 160-165. Pessoas com
deficiência vêm ponderando que elas não portam a deficiência; que a deficiência que elas têm não é
como coisas que às vezes portamos e às vezes não portamos, por exemplo, um documento de
identidade, um guarda-chuva. O termo preferido passou a ser pessoa com deficiência a partir de um
evento em 2002 realizado no Recife “Encontrão” onde conclamaram o público a adotar esse termo.
Elas esclareceram que não são “portadoras de deficiência” e que não querem ser chamadas com tal
nome.
7
Com a INCLUSÃO SOCIAL a sociedade começa a modificar seus sistemas
de recebimento ao público de forma geral (escola, hospitais, lazer, turismo, esporte,
setores empregatícios), e suas atitudes, fazendo-os perceber de maneira geral que
todas as pessoas tem direitos e deveres iguais e que para tal ser concretizado
devem obtê-los em todas as atividades, nos mesmos locais e sem descriminção,
separação ou diferença.
O interesse pela melhora da qualidade de vida começou a aparecer para
todas as pessoas com deficiência na INTEGRAÇÃO SOCIAL, quando finalmente
podiam sair de casa e ter acesso às primeiras atividades de lazer disponibilizadas
em ambientes comuns, mesmo que estes não fossem adequados ou adaptados às
necessidades delas. Essa atitude da sociedade já significou muito, se a
compararmos com as fases anteriores como a exclusão social e a segregação
social.
Foi, porém, na fase da INCLUSÃO SOCIAL que a qualidade de vida
realmente se consolidou nas atividades para pessoas com deficiência e que
começou-se a pregar o emponderamento como estilo de vida, que segundo
SASSAKI (2003, p.19) é o processo pelo qual pessoas usam o seu poder para
fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle de sua vida pessoal. E desde
essa filosofia as pessoas com deficiência fazem escolhas das opções de vida que
querem seguir e assumem o controle de todo o processo de escolha, decisão e
usufruto de questões educacionais, de empregabilidade, lazer e turismo entre tantas
outras.
E mais ainda, há uma mudança estrutural para atender adequadamente a
esse público, que segundo (LOPES FILHO, 2002.):
Ao mesmo tempo, que a fase da inclusão social propiciou a implementação do modelo social da deficiência, segundo o qual os locais (...) é que devem passar por modificações para se adequarem às necessidades dos usuários com deficiência. Um dos elementos a serem modificados consiste de ambientes físicos. Daí a importância da arquitetura e do conceito de desenho universal. Vários profissionais têm trabalhado com dedicação e competência para construir ambientes físicos inclusivos e/ou eliminar barreiras arquitetônicas existentes nos espaços e edificações.
8
Primeiro precisou-se entender a deficiência como uma diferença, porque
assim como existem pessoas brancas, negras, gordas, magras também existem as
com deficiência e sem deficiência.
Também se precisou entender que a deficiência não é contagiosa, e o mais
importante que é uma questão que envolve a toda sociedade e cuja inserção dessas
pessoas em qualquer atividade não vai diminuir o ritmo dos acontecimentos ou da
qualidade de vida, pelo contrário, irá otimizá-los exatamente porque são muitas
pessoas pensando para favorecer a vida de todos, é a igualitarização de
oportunidades, aspecto que um grupo sozinho não contemplaria.
Na educação não foi diferente. Há muito se informa e promove mudanças
para equiparar em igualdade o atendimento a todos os alunos independente de raça,
cor, credo ou deficiência, pois a educação é o maior legado que uma cultura pode
deixar a seu povo. Não é a toa que se diz que ela é alicerce para a vida social,
justamente porque é ela que faz as pessoas conduzirem suas vidas de forma correta
e assim guiar também as gerações futuras.
Aos educadores que trabalham em sala de aula há uma preocupação
constante em atender esses alunos, sem que nada falte a cada um deles, pois
sabemos que cada aluno tem suas particularidades e a um professor é angustiante
perceber que o aluno poderia ter apreendido mais conhecimentos do que aquele que
foi ensinado em sala de aula, e muito pior é imaginar que ele passa pela sala e não
apreendeu a maioria das informações que deveria para utilizar em sua vida diária.
Detendo-nos aos alunos com deficiência visual, os livros, os materiais ficam
escassos, esse problema é bem maior, porque como foi dito anteriormente, boa
parte do que aprendemos é por meio do uso do sentido da visão, quando vemos
naturalmente apreendemos e imitamos.
As instâncias superiores de educação nos oferecem uma gama de
documentos sobre como devemos conduzir a educação, não como um livro de
receitas, mais como um guia, em que o professor se apropria e sabe de suas
possibilidades em sala. É a partir desse ponto que o professor usa de seus
conhecimentos pedagógicos para adaptá-los segundo as necessidades de seus
alunos.
9
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s, 2000), temos um exemplo
disso, pois ele aborda em um dos seus objetivos para o ensino:
Que os alunos sejam capazes de utilizar as diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar as suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais em contextos públicos e privados atendendo as diferentes intenções e situações de comunicação (P.108).
Por outro lado, se no trabalho de sala de aula há alunos com deficiência
visual, muda todo o trabalho. Como seguir tal indicação se tudo o que foi sugerido
não é captado pelo sentido visual, com exceção da linguagem verbal? Para isso o
professor/a deve saber o que é a deficiência visual e como podemos contribuir na
educação de uma pessoa com essa limitação sensorial.
10
5. UM POUCO SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL
A deficiência da visão é uma limitação sensorial que prejudica ou anula a
capacidade de ver e abrange vários graus de acuidade visual2*, permitindo diversas
classificações de redução da visão e pode ser dividida em: cegueira ou baixa visão,
também conhecida por visão subnormal ou ambliopia.
5.1. Cegueira
Uma definição menos técnica segundo SÁ (2007) da cegueira é a alteração
grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta a
percepção da cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo
mais ou menos abrangente. Pode ocorrer desde o nascimento (cegueira congênita),
ou após o nascimento (como adquirida) em decorrência de causas orgânicas ou
acidentais.
Segundo OLIVEIRA (2002) uma definição mais técnica da cegueira se dá a
partir da acuidade visual, que é a distância que um objeto pode ser visto e que na
escala de Snellen3*, a fração 60/60 corresponde à visão normal propriamente dita ou
o campo visual que é a amplitude angular em que os objetos são enquadrados para
que possam ser vistos.
2*________________________
Acuidade visual: grau de aptidão do olho para detectar detalhes espaciais, capacidade de perceber, formas e contornos dos objetivos. É medida com aplicação de teste simples utilizando a letra E (escala de sinais de Snellen). Pedindo que a criança mostre ou fale para que lado o sinal está direcionado. A medida é feita numa distancia de 6 metros e tem como objetivo conhecer a visão do indivíduo dentro de um referencial padronizado. (Ver portal do deficiente visual: www.cmpv.com.br
3*______________________________
Escala de Snellen: Também conhecida como escala optométrica de Snellen utilizada para fazer um pré-diagnostico da condição visual de pessoas em todo o mundo e dá um indicativo de que a pessoa precisa ir ao oftalmologista ou não, todavia esse diagnóstico não substitui o parecer de um oftalmologista. Informação retirada do portal do deficiente visual: www.cmpv.com.br, link: Sala De Leitura.
A cegueira define-se como a deficiência visual em nível máximo: é o estado
11
em que a visão não ocorre, ou está reduzida quanto à acuidade visual central a um
patamar igual ou inferior a 6/60 na escala Snellen. Em situação de cegueira, o
campo visual não excede a 20 graus, sempre tomando como parâmetro o melhor
olho, tendo sido realizada correção ótica.
5.2. Baixa Visão
Varia de acordo dos comprometimentos das funções visuais de cada
indivíduo. Uma pessoa com baixa visão pode apresentar variação na sua condição
visual devido ao estado emocional ou até mesmo devido às condições de iluminação
natural ou artificial do local em que ela se encontra.
Também traduz-se numa redução da quantidade e qualidade de informações
que o indivíduo percebe fazendo com que ele tenha um conhecimento muito
pequeno sobre o mundo exterior.
Outra definição técnica sobre baixa visão segundo OLIVEIRA (2002) é que
ela dá-se quando a acuidade visual central se reduz à faixa intermediada pelas
frações 6/20 e 6/60, na escala Snellen, feita correção máxima no melhor olho. O
campo visual é reduzido, em nível próximo ao que caracteriza a cegueira. A pessoa
pode ler impressos em tinta, por exemplo, desde que as letras sejam
suficientemente grandes e que ela use lentes especiais para ampliar mais.
Comumente os estabelecimentos educacionais para os cegos também
atendem às pessoas que têm visão subnormal e após as definições anteriores
percebemos que ambas precisam de cuidados diferentes. Tais como:
Primeiro é importante saber cuidar do canal sensorial responsável pela
aquisição do maior número de informações, pois comprovadamente 70% das
crianças declaradas cegas têm algum resíduo visual que pode ser aproveitado na
escola uma vez estimulado e também acompanhado por especialistas.
Segundo é importante elaborar formas de ensino que transmitam informações
que não podem ser obtidas por meio da visão para as pessoas cegas e também
12
elaborar atividades que estimulem a visão para as pessoas com baixa visão
proporcionando assim prazer e motivação no aprendizado do aluno além de
desenvolver a iniciativa e a autonomia, que são os objetivos primordiais da
estimulação visual.
O educador/a precisa mobilizar a turma e com os seus conhecimentos
trabalhar com os alunos elaborando estratégias para as situações em que apareçam
imagens seja nos livros, nos filmes, nos cartazes propiciando o ambiente ideal para
que novos conhecimentos se elaborem.
MANTOAN (2001) defende que nas salas de aula em que o ensino é para
todos, que o saber não passa do professor para o aluno como se passassem um
conteúdo de um recipiente a outro, mas é fruto de um trabalho conjunto e
progressivo que faz ambos aprenderem.
São nas instituições educacionais são desenvolvidas muitos aprendizados e
as noções de cidadania estão entre esses conhecimentos. E é lá na escola que se
constroem boas idéias que são semeadas em muitas casas e divulgadas em muitos
meios exatamente porque são os alunos responsáveis por distribuir lá fora o que de
novo se constrói nas escolas.
As pessoas com deficiência visual têm tantos direitos como quaisquer outras
pessoas de ter acesso à educação, à cultura, ao lazer, ao trabalho e a todas as
informações que neles estiverem contidas. Para isso mais a seguir destacamos
parte de leis discutimos qual o peso de cada uma delas na vida dessas pessoas.
13
6. LEGISLAÇÃO SOBRE O ACESSO À EDUCAÇÃO E À CULTUR A
O progresso e o acesso as fontes de cultura convence-nos cada vez mais de
que cada pessoa é única, que tem direitos iguais e também deve ter oportunidades
iguais. Para que tais direitos sejam seguidos, antes eles devem ser escritos e
firmados por leis, e em si tratando de leis para as pessoas com deficiência, elas vem
após muito tempo de situações vividas e repetidas e muitas vezes para firmar algo
que um grande grupo quer ou não deseja passar.
A carta para o Terceiro Milênio, documento feito em nove de Setembro de
1999, em Londres, Grã-Bretanha, pela assembléia governativa da Rehabilitation
Internacional vem para reforçar que em pleno século XXI que ‘nós precisamos
insistir para que os direitos humanos e civis sejam tanto para pessoas com
deficiência como para quaisquer outras pessoas’.
Além do mais, faz-se necessário esclarecer que Direitos humanos é um
repensar da humanidade para se fazer justiça e democracia para minimizar ou
extirpar da sociedade as injustiças e atrocidades. Tal conceito foi pensado após a
Segunda Guerra Mundial com fins de minar e não permitir outra vez nenhum
maltrato, a qualquer pessoa que seja. Atualmente, são valores Universais a serem
protegidos pelos Estados não se limitando apenas a estes, mais está sob a
observação da Comunidade Internacional.
De acordo com PIOVESAN (1997) Direitos Humanos são:
Um conjunto de faculdades e instituições que em cada momento histórico,
concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdades humana, as quais
devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos nos plano
nacional e internacional e que não busca apenas o equilíbrio entre as igualdades,
mas remediar os desequilíbrios entre as disparidades.
Entre todos os direitos citados nos Direitos Humanos, um chamou-nos a
atenção, em particular, para constar neste trabalho que é o Direito a Participação,
14
Art. 27, I: ‘Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de usufruir das artes, de participar do progresso científico e de seus
benefícios’. E sabemos que isso só acontece mediante o compromisso do Estado
em oferecer condições mínimas para que as pessoas participem da vida social.
Hoje, o Brasil conta com muitas leis e normas que podem melhorar a vida das
pessoas em vários ambientes, desde que lidas, internalizadas e executadas. Como
a temática da pesquisa também diz respeito ao acesso a informação buscamos na
Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº
8.069/90, na Lei das Diretrizes e Bases (LDB) Lei 9.394/96 e o Estatuto da Pessoa
com Deficiência Lei 7853/89, quais os pontos que reforçam o acesso a educação, a
informação e consequentemente o acesso à cultura destacamos:
6.1. Sobre a Educação
Em primeiro lugar captamos na Constituição Federal de 1988 e encontramos
em seu Art. 205 que “A educação é um direito de todos e dever do estado e da
família promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa (...).
Com esta proposição podemos interpretar que o Estado deve dispor de
educação para todos e se preocupar em sempre oferecê-lo em condição de
igualdade de direitos para todos e sem discriminar ou favorecer nenhum grupo.
Cabendo a família ou tutores o papel de zelar pela educação dos filhos, sendo de
grande responsabilidade da sociedade e das instancias superiores da educação a
discussão e a busca por melhores meios de educar as gerações.
Não diferente, mas com o mesmo sentido o ECA aborda em seu Capítulo IV,
Artigo 53 que “A criança e o adolescente tem direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho”.
E no Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei Nº 7.853/89, no seu Titulo II,
dos Direitos Fundamentais, em seu Artigo 36 traz que ‘a educação é direito
15
fundamental da pessoa com deficiência e será prestada visando o
desenvolvimento pessoal, a qualificação para o trabalho e o preparo para o
exercício da cidadania’.
Percebe-se que o ECA e o Estatuto da Pessoa com Deficiência tratam do
sentido do exercício da pessoa humana exercer uma vida organizada e bem
projetada desde a infância até a maior idade, e também fica claro o compromisso de
oferecer e preparar em idade escolar o educando para o mundo do trabalho.
Também no ECA em seu Art. 54, alínea III garante o “atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino”.
Nota-se que as pessoas com deficiência podem procurar escolas da rede
regular ou da rede privada de ensino. Comumente o atendimento educacional
especializado destina-se aos educandos com deficiências sensoriais (cegueira,
surdez) ou cognitiva, múltiplas, altas habilidades ou alguns quadros neurológicos, ou
psiquiátricos e, psicológicos.
Porém, é importante lembrar aos educadores quanto a alguns problemas
desenvolvidos pelos alunos que podem diminuir a capacidade e o desempenho
escolar deles, fazendo diminuir o seu ritmo de aprendizado. Também sabemos que
uma vez cuidado, tendo atendimento especializado de psicólogos, apoio dos
professores e dos pais o mau desempenho pode ser sanado. Se tivermos um olhar
diferente, pode ser considerado uma deficiência temporária, exatamente porque
causa um déficit no rendimento do aluno em fase escolar.
Diante desse quadro a Resolução nº 2 de 2001 em seu artigo 3º explicita que:
A educação especial, modalidade de educação escolar entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar suplementar e em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as modalidades da educação básica.
Somando se a isso na Lei das Diretrizes e Bases (LDB) em seu Titulo II, Art. 3
em que o ensino será ministrado com base nos princípios de: “I – Igualdade de
16
condições para o acesso e permanência na escola” em que fica claro que o que
deve ser oferecido em termos de educação, material didático, conteúdo e currículo
devem ser iguais, sem privilegiar ou favorecer ninguém. Também não se deve
diminuir os conteúdos a serem estudados, só porque a pessoa tem uma deficiência
ou simplificar as avaliações só para diminuir o desgaste e a quantidade de trabalho
do aluno e do professor.
Também no Artigo 3, alínea II em que diz que a “Liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, a arte, o pensamento, a cultura e o saber”.
Reforça o direito pelo aprendizado, porém abre espaço para a pesquisa, e mais
ainda, reforça que além do conteúdo escolar Todos têm direito ao conhecimento do
que a diversidade cultural do País oferece, bem como conhecer a extensão e a
diversidade do mundo artístico.
Ainda na LDB em seu Título III, Do Direito a Educação e o Dever de Educar,
Art. 4º, alínea V, acrescentam-se aos direitos educacionais o “acesso aos níveis
mais elevados do ensino, da pesquisa e criação artística, segundo a capacidade de
cada um”. Lançado ao aluno o direito de escolher a formação que deseja, porém
também lança nas mãos dos educandos que a sua escolha reside na sua
capacidade. Sabe-se que a formação escolhida independe do educando ter
deficiência ou não, porque as escolhas dependem das oportunidades que são
oferecidas a cada pessoa ao logo de seu percurso educacional.
6.2. Sobre a Cultura
A cultura pode ser o complexo dos padrões característicos de uma sociedade,
tudo o que um grupo ou meio social produzem a começar pelo próprio perfil humano
como produto do meio, mais os conceitos criados, as vestimentas, o comportamento,
etc.
A cultura é capaz de perpassar as formas de expressão, as criações
científicas artísticas e tecnológicas, obras de arte, literatura, documentos, objetos,
17
arquitetura e espaços de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
A Constituição Federal em seu Art. 215 aborda que o Estado garantirá “a
todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional,
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Uma
vez constituído direito, porque entendemos que através da cultura somam-se
informações a educação de todas as pessoas, não fica claro na constituição como
será possível o acesso aos bens culturais, cabendo aos responsáveis, pelos setores
onde há cultura, criarem segundo a procura dos interessados e a característica do
público específico, novas maneiras de tornar acessível as informações.
Já no Art. 216 da Constituição Federal informa que “Constituem patrimônio
cultural os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência ou à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira”.
18
7. METODOLOGIA
A metodologia do trabalho nos baseou-se na pesquisa qualitativa porque,
segundo MARTIN & GASKELL (2003), é a pesquisa que nos permite
aprofundamento subjetivo no qual podemos interpretar as informações recolhidas na
sociedade.
Partiu-se do princípio de que nenhuma abordagem é capaz de esgotar todas
as dimensões da realidade social, concordando com MINAYO (2000, p.37), “para
que nenhuma das linhas de pensamento social tem o monopólio de compreensão
total e completa da realidade”.
E DEMO (1995, p. 249) completa admitindo que se a “comunicação fosse
totalmente interpretada, em completa fidedignidade, não teríamos necessidade de
ciência”, o que não ocorre.
LACERDA (2005), também afirma que a pesquisa na área de educação
especial se faz premente, dadas às necessidades de soluções para numerosos
problemas enfrentados cotidianamente nesta área, todavia nos parece importante
ressaltar que tais pesquisas apoiadas No referencial qualitativo permite-nos a
construção de conhecimentos muito mais sintonizados com o objeto que se pretende
estudar.
Desse modo, a pesquisa foi elaborada a partir de levantamento bibliográfico-
descritivo, do qual extraiu-se informações sobre o que é áudio-descrição, sua
história e características, quando iniciou esse trabalho no mundo e no Brasil.
Foi feito também um levantamento sobre as leis que fundamentam esse
trabalho no Brasil, mais as leis que garantem o acesso à educação, à cultura e ao
lazer e concluímos mostrando a importância da áudio-descrição na educação das
pessoas com deficiência visual por meio de entrevistas estruturadas abertas.
Para a realização das entrevistas escolheu-se dois profissionais da área da
educação que trabalham com pessoas com deficiência visual situando os benefícios
desse recurso comunicacional para a vida das pessoas com deficiência visual.
Nos utilizamos de entrevista semi-estruturada e a escolha por essa
modalidade de entrevista ocorreu devida à flexibilidade na aplicação da entrevista,
aspecto esse também defendido por LÜDKE (1986), quando o autor coloca que a
entrevista semi-estruturada “se desenrola a partir de um esquema básico, porém
19
não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias
adaptações” (p.34).
Outro aspecto contemplado na entrevista semi-estruturada foi discutido por
ROSA E ARNOLDI (2006):
As questões, nesse caso, deverão ser formuladas de forma a permitir que o sujeito discorra e verbalize seus pensamentos sobre os temas apresentados. O questionamento é o mais profundo e, também, mais subjetivo, levando ambos a um relacionamento recíproco, muitas vezes de confiabilidade, freqüentemente, elas dizem respeito a uma avaliação de crenças, sentimentos, valores, atitudes, razões e motivos acompanhados de fatos e comportamentos. Exigem que se componha um roteiro de tópicos selecionados. As questões seguem uma formulação flexível e a seqüência e minúcias ficam por conta do discurso dos sujeitos e da dinâmica que acontece naturalmente (P. 31).
A entrevista, composta por cinco questões envolviam desde os
questionamentos relacionados à dificuldade de trabalhar com imagens com pessoas
com deficiência visual até perguntas que estavam relacionadas à opinião da pessoa
sobre a contribuição da áudio-descrição na educação das pessoas.
No tópico seguinte observaremos as análises traçadas envolvendo a pesquisa bibliográfica em um primeiro momento e a realização da entrevista com os profissionais de educação que trabalham com a áudio-descrição e sua devida análise.
20
8. O QUE É ÁUDIO-DESCRIÇÃO?
A áudio-descrição é um recurso comunicacional que permite a inclusão de
pessoas com deficiência visual e viabiliza o acesso às informações imagéticas.
Consiste na tradução de imagens em palavras. Ela também pode ser disponibilizada
ao vivo em ambientes públicos onde contenham espaços abertos com informações
apresentadas apenas com imagens, ou movimentos, de forma que comunique o
conteúdo das imagens.
Pode acontecer em TV’s ao mesmo tempo em que a imagem aparece na tela,
entre o conteúdo verbal imagético do produto audiovisual, e sempre está em
sincronia com outras informações sonoras do produto, ou seja, se na imagem
ocorrer situações que contenham uma risada, uma porta batendo ou um tiro, serão
descritos para que o telespectador compreenda a situação que está acontecendo e
se sinta inserido, de fato, na situação comunicacional. É válido ressaltar que, o papel
da áudio-descrição é não se sobrepor ao conteúdo sonoro principal da imagem
trabalha em sincronia com a imagem e seu sentido é de comunicar o que acontece
na cena.
A áudio-descrição vem como novo recurso pensado para a inclusão e se
classifica como Tecnologia Assistiva capaz de proporcionar ampliação das
habilidades de compreensão ou participação das pessoas com algum tipo de
deficiência na sociedade de forma igual e sem prejuízo de participação de todos.
PARCKER (1996), pesquisador do tema, enfatiza que “a áudio-descrição
precisa ser difundida e usada antecipadamente em televisões, vídeos, bem como
em museus, espaços públicos, salas de aula e computadores”.
8.1. História
A áudio-descrição deu-se na década de 70 e realizou-se pela primeira vez
como a formulação de uma técnica que consistia em agregar ao suporte visual de
TV uma pista de áudio na qual eram gravadas umas vozes que descrevessem as
imagens utilizando para isso os espaços que ficam livres de informações faladas e
21
narrativas. O que antes só devia ser escutada por pessoas com deficiência visual,
com auxílio de fones, sem afetar aos outros espectadores.
O primeiro pesquisador da áudio-descrição foi GREGORY FRAZIER em sua
tese “Master of Arts” desenvolvida na Universidade de San Francisco, tal
pesquisador conheceu August Coppolla, irmão do famoso cineasta, e desde esse
momento a áudio-descrição se difundiu pela América, Europa, países ocidentais e
Japão.
Em 1989 a áudio-descrição ficou conhecida amplamente pela primeira vez em
um festival de filmes, em Cannes, e em setembro de 1993, iniciou-se um programa
de investigação e desenvolvimento de audiodescrições, que culminaram com a
publicação da norma UNE 153020, intitulada: Audiodescripción para las personas
com descapacidad visual. Requisitos para la audiodescripción y elaboración de
audioguías?
No Brasil, a áudio-descrição vem sendo difundida desde 2000 e começou a
ser utilizada timidamente em pequenos filmes de curta duração, chamado a atenção
especificamente para o que ocorria nas imagens dos filmes, no momento em que
não havia fala ou narração preenchendo o vazio e o silêncio da cena com a
descrição da imagem, do cenário, do vestuário, do significado da cena, etc;
Passados alguns anos tem-se tentado dispor desde recurso em exposições,
museus (audiodescrevendo imagens), como na exposição Arte Moderna em
Contexto que ocorreu em abril de 2007 – 1º exposição itinerante com áudio-
descrição para as pessoas com deficiência visual, que passou pelos estados do Rio
de Janeiro, São Paulo, Recife e Curitiba.
8.2. Legislação Sobre a Áudio-Descrição
No Brasil há muitos anos existe leis que fundamentam a áudio-descrição.
Essa ferramenta foi criada para otimizar o atendimento das pessoas que tivessem
problemas sensoriais (cegueira e baixa visão). Na portaria Nº 310, 3.3, DE 27 DE
JUNHO DE 2006 destacamos uma definição sobre áudio-descrição: ‘Corresponde a
uma locução, em língua portuguesa, sobreposta ao som original do programa,
22
destinada a descrever imagens, sons, textos e demais informações que não
poderiam ser percebidos ou compreendidos por pessoas com deficiência visual’.
Além disso, a Lei Nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000 trata dos padrões de
acessibilidade e dispõem de diretrizes para algumas áreas, uma dessas áreas
aborda o tratamento de imagens em meios de rádio difusão e televisão que podem
muito bem ser utilizadas em outros ambientes em que há trabalho com informações
imagéticas, servindo assim para a melhoria do entendimento dos usuários em
setores de atendimento ao público.
No capítulo VII, artigo 17 da LEI 10.098/00 que estabelece critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência, o qual fala:
O poder público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte, ao lazer.
É de clareza solar a ampliação de trabalhos dispostos à eliminação de todas
as barreiras comunicacionais para favorecer a informação das pessoas com
deficiências sensoriais e amplia pela primeira vez ao longo de anos ao acesso a
cultura, ainda tão reduzido no século XXI mesmo para quem tem todos os sentidos a
seu favor.
Tais artigos só afirmam o desejo e o interesse das pessoas usuárias de
veículos comunicacionais em quebrar a barreira comunicacional e despertar para a
importância de se promover o acesso à informação a todas as pessoas em qualquer
ambiente, garantindo assim, igualitarização de acesso, de direitos e também o
despertar da sociedade no sentido de promoção à igualdade e qualidade de vida
para todos.
Some-se a isso o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei 7853/89, ainda
reserva em seu capítulo III, Do Acesso à Informação e à Comunicação, Art. 147 e
148: “Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de (...) recursos tecnológicos que
permitam sua utilização de modo a garantir o direito de acesso à informação às
23
pessoas com deficiência auditiva ou visual”. Para que isso aconteça deverá se
adotar medidas em que privilegiem a pessoa com deficiência sensória (auditiva ou
visual), seja legenda para as pessoas surdas ou janela com intérprete de língua de
sinais e a descrição e narração em voz de cenas e imagens.
24
9. O QUE É TECNOLOGIA ASSISTIVA?
É também aplicada para minorar os problemas encontrados pelos indivíduos
com deficiências e é definida como uma ampla gama de equipamentos, serviços,
estratégias e práticas concebidas de acordo com o surgimento de situações e
necessidades. Pode ser feita para prevenir, compensar ou neutralizar uma
deficiência temporária ou momentânea, e ser produzida em larga escala para
auxiliar muitas pessoas ou pode ser produzida com recursos simples para melhorar
a vida de uma única pessoa.
A importância deste recurso se dá exatamente em favorecer as atividades e
melhorar o estilo de vida da pessoa em questão.
No Brasil, encontramos também terminologias diferentes que aparecem como
sinônimos da Tecnologia Assistiva, tais como “Ajudas Técnicas”, “Tecnologia de
Apoio“, “Tecnologia Adaptativa” e “Adaptações”.
Também tem como objetivo proporcionar as pessoas, com deficiência, maior
independência, qualidade de vida e inclusão ampliando sua comunicação,
mobilidade, habilidades de trabalho e aprendizado.
A áudio-descrição também pode ser pensada como tecnologia assistiva
porque foi pensada para servir à todas as pessoas com e sem deficiência
considerando as possibilidades de tempo de uso, beneficiando o uso de pessoas de
todas as idades e capacidades.
25
10. ACESSIBILIDADE À COMUNICAÇÃO: PELO DIREITO A NO VOS
CONHECIMENTOS
Nos dicionários a palavra "acessibilidade" é um substantivo que significa ser
acessível e "acessível", por sua vez, é um adjetivo que significa aquilo a que se pode
chegar facilmente; que está ao alcance.
Quando este termo começou a ser utilizado para as pessoas que tinham
deficiência significava apenas que precisava eliminar “barreiras” no dicionário
significa limite; obstáculos; mecanismos que impedem a passagem de espécies a
outro espaço.
Neste caso, as barreiras citadas pelas pessoas com deficiência ou seus
parentes faziam referências as barreiras dos ambientes arquitetônicos, eram nada
mais que uma série de obstáculos que a pessoa com deficiência deveria ter que
ultrapassar sozinha se quisesse conviver “igualmente” com as outras pessoas.
Aos poucos a situação da pessoa com deficiência foi mudando em 1981, foi
importante para as pessoas com deficiência, a ONU - Organização das Nações
Unidas - decretou que era o Ano Internacional das Pessoas Portadoras de
Deficiência (AIPPD).
A partir desse momento, a sociedade passou a perceber essas pessoas e que
eram em um número consideravelmente grande, que elas tinham direitos iguais a
todas as outras e que a sociedade deveria adequar-se a elas e não o contrário.
Segundo SASSAKI (2002) muitas pessoas com deficiência não podem ter
acesso aos espaços públicos porque existem, nos ambientes de lazer, recreação e
turismo do País alguns tipos de barreiras que impedem a pessoa com deficiência
exercer seus direitos de igualdade e acesso, e aos mesmos benefícios e
informações que todas as outras pessoas.
Na sociedade podemos encontrar seis tipos de barreiras (arquitetônica,
comunicacional, atitudinal, metodológica, instrumental e programática). Porém
26
vamos nos ater a barreira4* comunicacional que está diretamente ligada ao nosso
objeto de estudo.
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência as barreiras nas
comunicações são:
Quaisquer fatores que dificultam ou impossibilitam às pessoas a expressão ou recebimento de mensagens por intermedio dos meios ou sistemas de comunicação e informação, sejam ou não de massa, incluídos os portais públicos ou de acesso à internet.
Primeiro devemos considerar que a pessoa com deficiência visual tem muito
pouco para divertimento, aculturação e lazer, uma vez que sabemos que muitos dos
divertimentos são visuais e carregados de informações imagéticas, e pouco se
pensa ou se dispõe em atrativos para esse público.
Por sua vez, o uso exagerado de imagens para informar algo exclui parte da
sociedade e constitui barreira comunicacional grave que é quando nem todas as
pessoas têm acesso ao que se comunica.
4*________________________
Barreiras arquitetônicas são aquelas presentes em construções onde circulam público variado e que impedem a participação desse público no ambiente. Por exemplo portas largura menor que 90 centímetros para cadeiras, óbvio que impossibilita a passagem de cadeirantes.
Barreiras atitudinais é o preconceito implicito ou explícito para com as pessoas que tenham deficiência, está presente na sociedade como um todo quando não permite entrada dessas pessoas em locais públicos, quando não se abrem oportunidades de trabalho ou mesmo quando dão oportunidade com intuito apenas de comprir a lei de cotas, mas continuam com protecionismo.
Barreiras comunicacionais estão presentes na falta de sinalizações dos locais tátil quando ignoram as pessoas cegas. A ausência de sinalização visual ignorando as pessoas surdas e a não-contratação de intérpretes da língua de sinais ignorando o direito a participação das pessoas surdas também constitui barreira comunicacional.
Barreiras metodológicas ocorrem quando desconsideramos a diversidade do público que frequenta ou frequentará o ambiente não levando em conta seus direitos, suas necessidades.
Barreiras instrumentais quando há dificuldade para utilização dos aparelhos, equipamentos, ferramentas e outros dispositivos tecnologicos que fazem parte dos locais visitados sejam por problemas de adaptações técnicas ou falta de profssional especializado para auxílio ao público que tenham limitações físicas, sensoriais, mentais, limitação temporária.
Barreiras programáticas existentes nos decretos, leis, regulamentos, normas, políticas públicas e outras peças escritas, barreiras estas invisíveis, não-explícitas, mas que na prática impedem ou dificultam que as pessoas utilizem serviços de acesso ao público.
27
Muitas pessoas ainda não conhecem os termos barreira comunicacional ou
acessibilidade comunicacional, porém já existem ambientes onde há uma
preocupação em comunicar as informações exatamente exatamente para facilitar
o atendimento ao público, e por consequência melhorar a qualidade do
atendimento.
Como exemplo, podemos citar os metrôs onde há um interlocutor que
transmite os locais de destino, descreve o espaço arquitetônico, faixa de proteção, e
o transporte para que o passageiro se sinta confortável para caminhar no ambiente e
utilizar o transporte. Por sua vez a partir do momento que um ambiente oferece essa
melhora no atendimento outros setores também tentam seguir, melhorar ou ampliar
a idéia.
Mas o que é necessário para que haja acessibilidade comunicacional para as
pessoas com deficiência?
- Em primeiro lugar deve-se sempre consultar as pessoas com deficiência,
com o objetivo de melhorar a prestação de serviços de comunicação dos ambientes
físicos, de circulação pública ou dos meios digitais de divulgação, visando à
eliminação das barreiras de comunicação.
- Promover em ambientes onde haja circulação de pessoas, independente de
que tenha deficiência ou não, a minimização e de preferência a exclusão dessas
barreiras, repensando as formas de comunicação de informação(ões),
principalmente nas informações que contenham imagem.
- Solicitar às editoras, os jornais, as revistas para que tornem acessíveis os
seus produtos, tanto os veiculados ao público de forma impressa, quanto às
disponibilizadas em meio digital.
- Oferecer sempre panfletos de comunicação, cardápios, guias de turismo,
avisos, em letra ampliada ou em Braille nos ambientes de circulação pública,
eventos como shows, palestras, divulgação de filmes. É valido ressaltar que o
conteúdo deve ser o mesmo de forma que não descrimine de maneira alguma
ambos os públicos: o público com deficiência e o sem deficiência.
28
0
- Criar ambientes na web onde as pessoas possam contribuir nas discussões
para assegurar ou melhorar o acesso igualitário e a educação inclusiva.
- Eliminar barreiras na iluminação de espaços físicos que prejudicam o acesso
à informação e comunicação de pessoas com baixa visão, e também de pessoas
com deficiência auditiva.
- Sinalizar o espaço arquitetônico de forma a comunicar as escadarias,
obstáculos, portas, telefones públicos, etc.
- Disponibilizar os materiais didáticos em áudio, letra ampliada, Braille, em
relevo, e com a descrição ao lado ou em folder a parte, com indicações
bibliográficas, sempre com vistas em ampliar o acesso ao conhecimento da pessoa
com deficiência visual.
- Solicitar que os filmes, novelas e programas televisivos tenham além do
intérprete da Língua de Sinais Brasileira ou legenda e áudio-descrição.
- Disponibilizar nos espetáculos ao vivo recursos de acesso à comunicação,
áudio-descrição, por exemplo, informativos e panfletos sobre o conteúdo dos
espetáculos.
- Caso não haja disponibilidade de tecnologias, que facilitem o acesso a
comunicação como leitores de tela para computadores e caixas eletrônicos é válido
disponibilizar apoios humanos como ledores, intérpretes da Língua Brasileira de
Sinais (para os surdos) tudo isso para garantir o pleno aproveitamento do que se
quer comunicar aos espectadores.
- Incentivar a formação de recursos humanos em acessibilidade e
comunicação da informação para atuarem nos mais distintos meios de circulação
pública para fortalecer ou melhorar a qualidade da informação.
O que há de acessibilidade à comunicação na educação das pessoas com
deficiência visual?
A acessibilidade a comunicação já aparece de várias formas, alguns livros
impressos já são disponibilizados em áudio, não todos como deveria. As editoras
também liberam os arquivos digitais em doc. Word a quem os solicita, desde que
29
10
comprovanda a deficiência por meio de ofício e documentação prévia com
justificação do uso do arquivo..
Os livros disponibilizados pelas editoras são coloridos e bem ilustrados, mas
não são disponibilizados em Braille ou em letra ampliada e as informações dadas
aos alunos sobre as imagens não são completas. Primeiro porque as ilustrações
não possuem legendas, segundo porque o professor não tem informação ou
formação adequada para fazer descrição ou áudio-descrição das imagens.
Alguns filmes educativos já vêm com legenda e também com janela com
Intérprete da Língua de Sinais Brasileira, porém poucos filmes contém o recurso da
áudio-descrição e os alunos podem contar apenas com a boa vontade dos
professores para “descreverem” as cenas.
Mas na sala de aula os professores ainda precisam de algumas dicas para
trabalharem melhor com esse aluno.
Uma vez que os alunos estão mediados pelo sentido da visão, as informações
orais dadas pelo professor só vem somar informações para todos os alunos. Se
pensarmos na pessoa com deficiência visual muito pouco é oferecido em termos de
qualidade de informação oral. Ou seja, as pessoas que enxergam não lembram de
informar o que vêem para as pessoas cegas, a menos que elas perguntem.
A partir do momento que se oferece novas formas de transmitir informação,
adaptam-se conteúdos, ampliam-se as oportunidades de aprendizado para as
pessoas, seja em sala de aula, seja em qualquer ambiente que se tenha por objetivo
maior passar alguma informação.
Vivemos numa sociedade que é fundamental ser bem informado e saber lidar
com a informação, saber consumi-la e manejar os instrumentos e meios a ela
ligados. A informação precisa ser divulgada porque quando não circula não tem
valor algum.
Então, de que serve informação se não for para ampliar os nossos
conhecimentos e fazer com que compreendamos o que há ao nosso redor?
30
11. COMO FAZER ÁUDIO-DESCRIÇÃO?
Para se fazer áudio-descrição seja em estúdio seja ao vivo, temos que ter
alguns recursos em mente:
1) Conhecer bem o meu objeto de estudo, de trabalho, fazendo
antecipadamente uma pesquisa para adquirir o máximo de informações possíveis,
para discorrer sobre o tema de forma fluente e acessível a todas as pessoas.
2) Lembrar sempre que uma forma, imagem ou situação mal descrita pode
dar margem a várias interpretações.
3) Não se estender nas audiodescrições, para não tornar, o momento de
lazer/lúdico (filme, peça, amostra em museu, aula) cansativo e enfadonho, porque
muita áudio-descrição diminui o interesse e a atenção pelo assunto em pauta, por
isso é importante uma pesquisa prévia para dosar o que se vai falar.
4) Fazer com que a áudio-descrição seja um momento fantástico no qual a
pessoa se sinta inserida como participante na comunicação das informações.
5) Não ser redundante na áudio-descrição, nem impreciso; ser exato,
conciso.
6) Ser ético, falando a verdade sem esconder o que realmente se passa na
cena, na imagem ou na peça porque quem precisa desse recurso está confiando no
trabalho e na veracidade das informações que o locutor/ audiodescritor transmite.
11.1 Para se Áudio-Descrever Deve Saber Descrever. O Que / Quais Características
Buscar para Fazer Bem Esse Trabalho?
Descrição:
Uma boa descrição deverá levar em conta, todos, ou quase todos os
elementos para que a pessoa tenha acesso à informação de forma que a
compreenda.
31
A pessoa responsável pela descrição deve ser ético, passar qualquer tipo de
informação com veracidade, de forma que as pessoas que dependem de sua
informação para compreender a imagem saiba que você audiodescreve tal e qual as
imagens aparecem, sem faltar nem acrescentar informação ou opinião pessoal.
11.2. Como fazer descrição:
1. De Pessoas:
Não é tão simples porque muitos fatores precisam ser levados em
consideração. Porém, os elementos que compõem o ser humano podem ser
divididos em dois grupos: características físicas e psicológicas.
• As características físicas são a aparência externa tudo o que pode ser observado
externamente quando analisamos uma pessoa. Tais características vêm em uma
seqüência lógica:
• Estatura, cor do cabelo, cor da pele, tipo de pele;
• Face: traços do rosto, olhos, lábios, nariz, expressão traços da voz, modo de vestir
que se encaixa na aparência externa e muitas vezes auxilia a descrever também as
características psicológicas da pessoa.
• Uma vez bem descritos tais características só ajudam a reconhecer as pessoas, e
saber enumerar as diversidades de raça, cor, no reconhecimento das singularidades
de cada pessoa.
No que diz respeito às características psicológicas pode-se enumerar:
• Tudo que associe características da pessoa como: temperamento, caráter,
comportamento, preferências, postura profissional, comportamento em relação à si e
aos outros.
32
2. De Objetos:
• Iniciar com referência de caráter geral dizendo onde o objeto foi fabricado ou
trazido podendo falar dos lugares de procedência.
• Depois descrever os detalhes do objeto, o formato, comparado esses formatos as
figuras geométricas conhecidas, comparando também a objetos semelhantes
deixando bem claro como é o objeto descrito, se possível deixar tocar.
• As dimensões, diâmetro, largura, comprimento, altura são importantes.
• E por fim, falar sobre que ou qual material foi feito o objeto, a textura, cor, peso,
brilho, se tem perfume, temperatura.
3. De Ambientes:
• Primeiramente devemos perceber se é um ambiente fechado ou aberto. Se for
fechado denominamos ambiente e se for aberto denominamos paisagem. A
paisagem subdivide-se em paisagem rural ou urbana.
• Captar as informações de caráter geral, detalhes de caráter, paredes janelas
portas, teto, chão, luminosidade, aroma, luminosidade. Detalhes do ambiente como
eletrodomésticos, quadros, esculturas, mobília.
• Atmosfera que paira no ambiente, se é tranqüilo, seguro, agitado, lúgubre, feliz,
limpo, sujo, empoeirado.
• Informações que possa localizá-lo casa, museu, cidade, centro, norte, sul.
• Paisagem, ambiente externo, localizar o ambiente, o aspecto, se é longe ou perto,
pequeno ou grande, dia ou noite, pano de fundo, o que se vê ao longe, e atmosfera
que paira no ambiente, destacando com exatidão o momento.
33
4. Vestuário
Muito do que a pessoa veste é escolha e parte das características
psicológicas de como pode ser tímido, comportado, sensual, pobre, rico, rebuscado,
austero, despojado, religioso, a cultura a que pertence ou foi formado.
5. No Museu
Saber informações sobre a exposição, temas ligados ao que é exposto.
Descrever o ambiente interno, como as obras estão dispostas, se há uma cronologia
da disposição das obras, etc.
6. Obras de Arte – Quadro
Falar sobre o autor/a, as cores, o tipo da pintura. Como foi pintado? Com
pincel? À mão? Com os dedos? Falar sobre o que está desenhado, plano de fundo
da obra, se ele/a era exclusivo ou se pintava seguindo o estilo de outro pintor/a
famoso/a, qual a importância daquela obra para a sociedade da época que foi feita,
qual o significado desta obra para a sociedade na atualidade, qual a ligação da obra
com o eixo da exposição em si.
7. No Computador
As pessoas responsáveis pelos desenhos das páginas devem ficar atentas
tanto para a questão de acessibilidade, quanto para os símbolos (desenhos que
estiverem dispostos) porque estes deverão ser descritos, não só em seu significado
mais em sua ligação com o conteúdo disposto na página. Perceber também se estes
34
desenhos não atrapalham usuários que necessitam utilizar dispositivos de leitura à
se apropriar das informações da página. Os desenhos não podem ser impeditivos e
não podem entrar em conflito com a tecnologia assistiva - comando de voz- de
apropriação das informações.
8. Nos Filmes
Primeiro vem do interesse do autor e do diretor. Depois um levantamento
sobre a história do filme, vestuário, estudo sobre detalhado sobre as cenas dos
filmes e os espaços com cenas que permitam as entradas de narrações sem
sobrepor as falas dos personagens informando o que acontece, sem desmotivar o
espectador.
9. Nas apresentações, Peças, Espetáculos ao Vivo
Devem dispor de pontos auditivos para as pessoas com deficiência visual e
de pessoal capacitado para que descrevam os intervalos sem narração, musica ou
falas, para que o expectador em momento algum deixe de privilegiar o que está
acontecendo.
35
12. A ÁUDIO - DESCRIÇÃO NA ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE AUXILIANDO O APRENDIZADO
Com o fim da II guerra muitas pessoas ficaram com algum tipo de deficiência
e por iniciativa do Dr. Richard Hoover deu-se início a estudo mais científico voltado à
mobilidade das pessoas cegas e por ele novos métodos foram aperfeiçoados para
auxiliar a vida das pessoas com deficiência visual. A antiga bengala curta,
ortopédica e branca foi substituída pela bengala longa com extensão tátil-cinestésica
e testada no Veteran Administration Hospital, de Illinois e adotada pelos veteranos
cegos.
Já no Brasil as técnicas de orientação e mobilidade chegaram no ano de
1959 quando foi criado o primeiro curso para treinar instrutores de “Orientação e
Mobilidade” pelo Instituto de Reabilitação da Escola de Medicina da Universidade de
São Paulo.
A orientação e a mobilidade são extremamente importantes para o
desenvolvimento e a autonomia das pessoas em geral, porém são importantíssimos
na vida da pessoa com deficiência visual. Tais conceitos são introduzidos em nossas
vidas desde cedo e deve ser inserido na vida da pessoa com deficiência desde o
colo da mãe com acréscimo de informações técnicas a medida que a criança se
desenvolve.
De acordo com ÁLVARO (2005) a orientação serve para a pessoa perceber o
ambiente que o cerca e estabelecer relações corporais, espaciais e temporais com o
ambiente, através dos sentidos de que a pessoa dispõe. A orientação da pessoa
com deficiencia visual é alcançada através da utilização dos sentidos da audição,
aparelho vestibular, tato, consciência cinestésica5*, olfato e visão residual, nos casos
de pessoas que possuem de baixa visão.
5*________________________
Segundo Mc Candless (1987) Apud Gallahue, D. É o processo pelo qual todas as pessoas passam
para conhecer peso, volume, textura.
36
A capacidade ou estado de um indivíduo se mover reconhecendo os
estímulos internos ou externos, em equilíbrio estático ou dinâmico chama-se
MOBILIDADE, é alcançada através de um processo ensino-aprendizagem que pode
ser feito na infância ou mesmo na vida adulta e que de acordo com MASI (2002),
ÁLVARO (2005) pode utilizar de recursos mecânicos, ópticos, eletrônicos, animal
(cão-guia) em vivências sempre contextualizadas, favorecendo o desenvolvimento
das habilidades e capacidades perceptivo-motoras6* de cada indivíduo com
deficiência visual.
Existem alguns passos a serem cuidados para o desenvolvimento da
aprendizagem da orientação e mobilidade das pessoas com deficiência visual. Em
que destacamos primeiramente alguns movimentos básicos fundamentais para o
aprendizado:
► Locomotores de ação como andar, correr, pular, deslizar, saltar, rodar,
rastejar, subir.
► Não-locomotores de relização de atividades como: puxar, empurrar,
balançar-se, agachar-se, estirar-se, inclinar-se, girar.
► Manipulativos que servem para apropriação de conhecimento e realização
de atividades: como manejar, manipular, sustentar, efetuar movimentos de preensão
com os dedos e mãos.
► Discriminação cinestésica: consciência corporal (bilateralidade,
lateralidade, dominância, equilíbrio), imagem corporal, relação do corpo com os
objetos circundantes no espaço.
► Discriminação visual: acuidade visual, acompanhamento visual, memória
visual, diferenciação figura-fundo, coerência perceptiva. Uma vez bem estimulada,
usar/estimular o máximo possível e de forma segura a capacidade funcional da visão
residual de pessoas com baixa visão.
6*________________________
Segundo GALLAHUE é a percepção dele ou do mundo ao redor e o significado que ele dá as sensações que ele recebe.
37
► Discriminação auditiva: acuidade auditiva, acompanhamento auditivo,
memória auditiva, reconhecimento dos sons. É extremamente útil quando a pessoa
circula por um ambiente para reconhecer o som por onde passa. De uma escola, de
um local em construção, etc.
► Discriminação tátil para reconhecimento dos objetos concretos e sua
sensações térmicas: redondo, ondular; quente, frio , áspero, úteis para a proteção
da pessoa com deficiência.
► Discriminação olfativa: fragrâncias, odores podem ajudar na percepção da
localização.
► Capacidade de coordenação: coordenação olho-mão, coordenação olho-
pé, coordenação ouvido-mão, coordenação ouvido-pé.
12.1. Orientação e Mobilidade da Criança
Para uma criança o trabalho começa com os pais desde cedo, que diferente
da criança que enxerga, precisa que se diga e se mostre tudo aos mínimos detalhes
com objetivo de favorecer a atividade motora, proprioceptiva e vestibular, para que
ela não tenha rupturas nas experiências sensório-motoras integradas.
Quando as atividades motoras não são estimuladas por experiências
“compensatórias”, brincadeiras, atividades que ensinem concretamente a caminhar,
a reconhecer os objetos durante os primeiros anos de vida, poderão trazer prejuízos
à organização e planejamento do ato motor e vivência do corpo no espaço,
responsáveis pelo desenvolvimento de adaptação e de organização “interna” da
pessoa.
O desenvolvimento perceptivo depende da qualidade de experiências
sensório-motoras vividas, da elaboração e organização construída pela criança que
diferente do adulto (que perdeu a visão), já possui experiências dos objetos porque
possui uma memória visual recente.
38
Haverá o estímulo à consciência e percepção tátil-cinestésica, ao
reconhecimento do que se toca através do objeto, à audição através dos sons
produzidos pelo objeto no piso e no tocar em outros elementos presentes no
ambiente. As sensações térmicas são de grande importância o para o
desenvolvimento da pessoa cega.
É através destes sentidos combinados que a pessoa conhece o conceito
concreto dos objetos. A criança passa por tres níveis de aprendizado: o concreto
conhecer o objeto em si; o funcional conhecer o objeto e funcionalidade e abstrato é
sistematização de todas as características dos objetos demora mais tempo para
aprender a completude do objeto.
Alguns brinquedos podem ser utilizados para melhorar a locomoção e a
confiabilidade de caminhar das crianças com deficiência visual, porque além de
serem lúdicos incentivam a caminhar, melhoram a postura e acrescentam ao
aprendizado tátil-cinestésico.
1. Berço
Um dos primeiros ambientes com o qual a criança estabelece relações é o
interior do seu berço. Depois vem o quarto, o banheiro, sala, cozinha, etc. Cada um
desses lugares tem características diferentes e que devem ser apresentadas para à
criança pela verbalização sempre demarcando um local para início de
reconhecimento e fim de percurso. Se não enxergar deve-se apresentar pelo toque,
manipulação tátil e cinestésicamente, ouvir e cheirar.
Quando ela adquire o comportamento verbal, a nomeação dos objetos
contribuirá para a formação da imagem corporal e facilitará o desenvolvimento de
conceitos durante a exploração dos novos ambientes. Não basta para uma pessoa a
verbalização, eles precisam conhecer os objetos tatil-cinestésicamente para
conhecer bem do que estão se apropriando.
39
2. No Colo
Quando o bebê não se locomove só, ele aprende as primeiras habilidades de
orientação e mobilidade no colo da mãe pois ela é que deverá estimulá-lo,
colocando na posição de engatinhar, depois de pé. Para quem não sabe as crianças
começam a engatinhar porque vêem alguns animais andarem nos quatro pés como
é o caso do cão, do gato, animais domésticos comuns que são percebidos pelas
crianças que enxergam. Por isso, é de responsabilidade da mãe proporcionar os
primeiros estímulos. Aos poucos ele adapta-se aos braços de quem o segura e pode
se familiarizar com o está dentro desse campo de ação.
Outra área de limitação na formação de conceitos da criança cega é a da
consciência espacial. Os conceitos ligados a posição, localização, direção e
distância são adquiridos de forma restritiva prejudicando boa parte de sua educação.
3. Ambientes Internos
Em casa, o aprendiz pode demarcar um ponto de partida para o
reconhecimento de detalhes dos ambientes: tipos e texturas de paredes e pisos,
mobília, portas, trincos e maçanetas, luminárias, interruptores e tomadas elétricas,
utensílios domésticos, ambientes externos como jardim, quintal, etc. Durante esses
reconhecimento a pessoa poderá contar com os conhecimentos de uso da bengala
longa, com o guia vidente e também as técnicas de autoproteção.
É interessante para o aprendizado seja da criança ou do adulto reconhecer as
diferenças nos nível e desníveis do piso andando calçado, descalço, com meias,
escadas, pisos lisos, ásperos.
Na escola, instituição ou clínica de atendimento - O primeiro espaço a ser
explorado é a própria sala de aula ou de atendimento utilizada como o ponto focal
para ampliação da familiarização. Igual ao ambiente doméstico, em que se deve
40
aproveitar as possibilidades de aquisição de conceitos para o treinamento
perceptivo-motor.
Outros ambientes - Em áreas de lazer, cultura, esportes, prédios comerciais,
industriais, etc, deve-se seguir o mesmo modelo de mobilidade orientação e
autoproteção.
4. Ambientes Externos
Área Residencial - Inicialmente, quadras, esquinas, quarteirões bem definidos e
calçadas com pisos regulares, evitando trânsito, muitos pedestres e veículos.
Aproveitar os equipamentos urbanos e iniciação com o público externo nas
solicitações de travessia de ruas, de pontos de referência, etc.
Área mista de pequeno comércio servirá para reconhecer locais onde
encontramos pequenas lojas, padarias, farmácias, postos, calçadas com trânsito de
pessoas, veículos, ruídose também usar semáforos e estabelecimentos comerciais.
12.2. Para que Serve a Áudio-Descrição no Aprendizado da Orientação e
Mobilidade?
1.A pessoa com deficiência visual reconhecer o ambiente, através de pistas
verbais dos intrutores favorecendo o reconhecimento e o desenvolvimento da
autonomia;
2. Áudio-descrição feita pelo instrutor serve para a familiarização e
reconhecimento dos objetos, objeto/som, locais internos ou externos/ruídos,
pessoas.
41
3. As pistas sonoras contribuem para caminhar em cada ambiente seja aberto
ou fechado caracterizados pelos ruídos que podem informar em que lugar o
indivíduo caminha.
4. Também são utilizadas as pistas sonoras de objetos caídos no chão, para
que a pessoa saiba a distância que ele caiu que e aprenda que postura física utilizar
para abaixar e procurar sem causar danos ou acidentes.
5. Permitir que a pessoa obtenha informações seguras sobre objetos
encontrados durante sua caminhada favorecendo a proteção da pessoa, evitando
acidentes.
42
13. CANAIS SENSORIAIS DE CAPTAÇÃO DE INFORMAÇÃO E S UA
IMPORTÂNCIA NO APRENDIZADO
Todos nós aprendemos na escola quais são os cinco sentidos humanos: a
visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. Nosso aprendizado toma esses
sentidos por canal direto e principal e todos eles estão interligados entre si, são
canais diretos de comunicação e de recepção de informações responsáveis pelo
nosso aprendizado e principalmente pela nossa sobrevivência.
A pessoa que tem deficiência visual conta com um sentido a menos e tem de
utilizar-se dos outros sentidos com maior habilidade/profundidade, por isso é falso
afirmar que a pessoa com deficiência visual escuta melhor, tem o tato mais apurado
etc, ela simplesmente usa melhor os sentidos dos quais dispõe, enquanto que quem
tem os cinco sentidos pode variar sua escolha de acordo com a situação.
De acordo SÁ (2007, p.15)
Os sentidos têm as mesmas características e potencialidades para todas as pessoas. As informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque elas recorrem a esses sentidos com mais freqüência para decodificar e guardar na memória as informações. Sem a visão, os outros sentidos passam a receber a informação de forma intermitente, fugidia e fragmentária. O desenvolvimento aguçado da audição, do tato, do olfato e do paladar é resultante da ativação contínua desses sentidos por força da necessidade.
Então se o s sentidos são tão importantes para todas as pessoas conheçamos a
importância de cada um detalhadamente:
2.3. A Visão
A maioria das pessoas acredita que o sentido da visão é responsável pelo o
que podemos perceber do mundo e conhecê-lo passando de uma forma a outra.
43
Segundo OLIVEIRA (2002) uma pessoa capta não menos que 80% das informações
pela visão e tal processo de visualização é condicionado pela existência de luz. Para
ver, perceber as imagens os olhos também exigem movimentos das pálpebras, do
globo ocular e da cabeça.
Em se tratando da força que é responsável pelo movimento dos olhos em
direção de um objeto a outro objeto esta não é comandada pelos olhos. É
comandada pelo cérebro que além de tudo nos faz acompanhar e junto a outras
mensagens sensoriais reconhecer e registrar cada imagem durante toda a vida e é
lá, no cérebro, onde temos um extenso arquivo em que as informações ficam
armazenadas para que possamos reconhecer e utilizar durante toda a vida, ou seja,
no aprendizado, na defesa.
2.4. A audição
Dos sentidos a audição vem em segundo lugar e atua em conjunto com a
visão. E em caso de cegueira assume cerca de 75% por cento da capacidade de
apreensão de informações. Pode ser dividido em três segmentos ouvido externo,
ouvido médio e ouvido interno. O som ao entrar no ouvido vai para o córtex auditivo
é lá são realizadas a interpretação da altura e do ritmo, em que faz-se diferenciação
entre sons e ruídos.
Quanto à percepção dos sinais característicos da linguagem, cabe à área de
Wernicke fazer a distinção entre, sílabas, palavras e frases, mas sua compreensão
efetiva cabe a outros sentidos. Também é na área de Wernicke que se origina o
processo relativo à fala. E é uma das tarefas mais importantes realizada pelo
sistema auditivo uma vez que o homem é o único ser que detém expressão e
compreensão da linguagem.
44
2.5. O Paladar
O paladar é considerado um sentido químico e é responsável pela percepção
dos sabores dos alimentos. Originando-se nas papilas gustativas, localizadas na
membrana mucosa da boca, a sensação de gosto vai até o córtex primário relativo à
gustação, indo para a área do paladar. Também na área de Wernicke, essa
informação junta-se à outras informações sensoriais.
2.6. O Olfato
Também é um sentido químico. Seu processo de percepção dá-se nas células
olfativas, que são encontradas na parte interna superior do nariz. A sensação é
enviada ao córtex cerebral e encaminha à área de Wernicke, unindo-se então ao
restante do nosso material sensório, já devidamente elaborado.
No caso da pessoa cega, o olfato tende a desempenhar função importante, na
dinâmica de orientação. É comum que o cego diferencie o ambiente a partir dos
odores característicos que o circundam: conhece a sapataria pelo cheiro de couro, a
farmácia pelo de medicamento e assim por diante.
2.7. O Tato
Pertencente ao âmbito das sensações somestésicas, que têm sua origem na
superfície do corpo ou em suas estruturas profundas, o tato está diretamente ligado
ao mundo exterior. Nisso consiste uma importante diferença entre ele e os outros
quatro sentidos externos, que são protegidos do contato direto: os olhos têm as
pálpebras; os ouvidos, as orelhas; o paladar, a boca; o olfato, o nariz.
A sensação táctil começa com receptores sensoriais especializados, tais
como o corpúsculo de Meissner, com sensibilidade extrema a tudo o que toca a
superfície corpórea. Encontramos uma grande concentração nas pontas dos dedos
45
das mãos. E auxilia na identificação das texturas, calor. Divide-se em tato passivo
quando as informações são recebidas de forma não intencional ou passiva. E o tato
ativo ou háptico quando a informação é buscada de forma intencional pelo indivíduo
que toca. Assim estão envolvidos não somente os receptores da pele e os tecidos
mais os receptores dos músculos e dos tendões.
Ademais, o tato, por expandir-se através de todo o exterior do corpo,
auxiliando na proteção quanto aos perigos, informando através de boas ou más
sensações como a dor, o calor e o frio sendo de importantíssima valia para a pessoa
cega ou com baixa visão.
46
3. A ESTIMULAÇÃO DOS SENTIDOS EM FAVOR DO APRENDIZA DO
Para o aprendizado cada pessoa utiliza melhor um sentido tanto para
assimilar quanto para responder aos estímulos externos. Porém o certo seria um
equilíbrio entre esses sentidos porque não sobrecarregariam uns aos outros. Mas
como fazê-lo?
Aos alunos que compreendem melhor ouvindo, ou que fazem melhor uso do
SENTIDO AUDITIVO apresentar imagem para que tenha estímulo visual desde que
tenha música como estimulação auditiva ou venha acompanhado com bons textos
lidos ou poesias com informações faladas que completem as imagens – áudio-
descrição.
Para as pessoas que fazem melhor uso do SENTIDO VISUAL, que captam
melhor vendo, apresentar informações faladas que completem as imagens mais
também proporcionar aprendizado através de experiências táteis com materiais
diferenciados em cor e em textura e volume para estimulação tátil.
Muitas pessoas passam despercebidas mais aprendem melhor se tocar os
objetos, esquecem do mundo e passam muito tempo analisando um determinando
objeto, a essas pessoas fica patente que o aprendizado por meio do TATO se
sobressai. A essas pessoas apresentamos outras formas de aprendizado
privilegiando usos de imagens e estímulos auditivos, como citados anteriormente,
músicas, por exemplo.
O SENTIDO OLFATIVO e o PALATAR podem ser utilizados na aquisição de
conhecimentos do que traz ou não benefícios ao corpo em termos de alimentação,
limpeza, saúde.
Esse estímulo dos outros sentidos pode ser realizado com todas as pessoas
independente de ter deficiência ou não chama-se Dieta sensorial e tem o objetivo de
estimular outros canais de aprendizado em todas as pessoas é feito por meio de
estímulos externos. Esse estímulo a outros sentidos na pessoa com deficiência
47
visual é de grande importância porque diminui consideravelmente os estímulos
auditivos equilibrando o aprendizado entre os outros sentidos.
48
15. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
Entrevistamos um professor de matemática /A/ que leciona há três anos no
Ensino Fundamental e percebemos que o professor defendia claramente o trabalho
com essa metodologia.
É fazer com que os alunos imaginem como é o formato da imagem, do que
está se falando com aproximações, as coisas... os objetos.
Nesse momento, entendemos que a matemática por ser uma disciplina na
qual o aprendiz deve ter contato com o concreto para melhor entender o abstrato,
certamente essa imaginação beneficia a criação e a percepção do que se escuta.
Ao ser questionado sobre como é feito esse trabalho de áudio-descrição o
professor coloca:
Pego nos dedos dos alunos e faço com que eles desenhem a imagem no ar
enquanto eu falo sobre elas. Adotaria desenhos em forma de relevos de
texturas diferentes, também construo com material reciclado, emborrachado.
Nesse momento o professor mostra outras alternativas de trabalho para
facilitar a compreensão do aluno. Esses recursos indicam uma junção entre áudio-
descrição e percepção tátil-cinestésica do que se está explicando, fazendo com que
o aluno desenhe no ar objetos promovem a reflexão sobre as formas e o conceito.
No que concerne ao segundo professor entrevistado, que ensina desenho
(professor /B/), há quinze anos, quando questionado sobre as dificuldades de
trabalhar com imagens com crianças com de deficiência visual, o professor
respondeu:
49
O trabalho com imagem trata a emoção pelo olhar. O impacto que ela causa
na primeira impressão. Pode ser uma imagem de alto impacto que cause
medo, ou uma meiga que cause afeto. Tudo isso é difícil ser trabalhado com
pessoas com deficiência visual. Tem que Tentar novas formas de passar
essa emoção do mesmo jeito e impacto do que com o olhar.
Percebemos que o professor /B/ fala claramente sobre as dificuldades de se
trabalhar com as imagens. Porém, os dois concordam quando tentam transmitir o
significado das imagens mostrando através de aproximações com os objetos, ou
idéias. O professor B deixa claro que deve ser passada a informação de forma que
cause a mesma emoção.
Independente de ter ou não formação específica ambos preocupa-se com os
alunos, com a formação de conceitos, com a carência de material adequado. De
acordo com CERQUEIRA & FERREIRA (2000) a formação de conceitos depende do
maior número de informações que a pessoa tenha e do contato com o mundo. Mas
para a pessoa com deficiência visual quanto maior for o contato com objetos e
informações melhor será sua apreensão de informações, e por conseqüência
aquisição de informações7*.
No momento em que foi questionado sobre o trabalho com áudio-descrição o
professor /B/ expressa claramente o trabalho que é feito indicando a credibilidade
que tem esse recurso didático.
Num primeiro momento, imagino que o trabalho tenha que interagir com as
pessoas, usando os outros sentidos para transmitir a mesma emoção. Ou
seja, usar do áudio com narração específica e até sons que passem essa
emoção. Texturas e auto-relevos, e até, aromas e cheiros, são, também, um
ótimo meio para se ter as mesmas sensações.
7*________________________
Ver capítulo 12: A áudio - descrição na orientação e mobilidade auxiliando o aprendizado.
50
O professor /A/ chama os alunos para a construção dos conceitos, mas o
professor /B/ sempre ressalta que ao fazer um trabalho com esse público deve-se
passar a mesma emoção das imagens para os alunos em questão.
E quando pergunto que outras alternativas o professor adotaria para trabalhar
imagens os professores /A/ e /B/ concordam em trabalhar usando relevos e texturas
para dar as informações e que já tinha o hábito de trabalhar usando material
reciclado e emborrachado. Já o professor B vai além admitindo que usar áudio com
narração e sons que transmitissem a emoção e até mesmo aromas ampliaria o seu
trabalho com imagens, atribuindo mais significado as suas aulas, facilitando assim a
inserção do indivíduo e avanço cognitivo de crianças com dificuldades de visão ou
não.
De acordo com ARANHA (2000) as adaptações de métodos de ensino vêm
para atender as reais necessidades dos alunos sem que implique a diminuição de
conteúdos. Ou seja, as adaptações devem vir para melhorar o trabalho do professor,
ampliar as formas de aprendizado dos alunos sem necessariamente abrir mão da
qualidade, proporcionando um ambiente inclusivo aos alunos com os seus pares.
Na questão que concerne à formação recebida pelo professor, o professor /B/
se colocou da seguinte forma:
Não recebo informação. No Brasil, acho que há muito pouca informação de
como se trabalhar com áudio-descrição. E não só com áudio-descrição, como
também, todas as outras "ferramentas" de inserção dos portadores de
necessidades especiais. Isso passa pela universidade que não trabalha com
isso, mas passa pela sociedade que não cobra e não dá tanta importância
como devia.
O professor /A/ e o professor /B/ concordam quanto à ausência de formação
específica para professores que trabalham com alunos com deficiência,
principalmente formação que prepare os professores na criação de material didático
e adaptação para atender especificamente o público com deficiência visual. E o
professor /B/ dá ênfase falando dessa problemática quando diz que a defasagem de
materiais para se trabalhar com as pessoas com deficiência visual começa desde o
51
ensino fundamental, depois ensino médio, entra na universidade passa por lá
despercebida e as pessoas tanto fora quanto dentro da universidade não dão
importância quanto à equiparação das oportunidades de acesso a informação
quanto deveria ser dado.
Segundo ARANHA (2000) cabe a direção das unidades escolares suporte
técnico, administrativo e científico. Cabe também proporcionar a formação para que
haja flexibilização do processo de ensino de modo a atender a diversidade, bem
como, sabermos que nem todas as mudanças necessárias (mudanças estruturais,
formação de professores, aquisição de equipamentos) estariam disponíveis de um
dia para o outro. Mas não podemos ficar parados esperando que as coisas mudem
sozinhas, devem-se traçar planos e metas para construção de um sistema
educacional digno ao trabalho dos professores e que a população merece.
No que concerne a contribuição dessa metodologia de trabalho para a
educação dos alunos, o professor /B/ também discute a importância dela para a
socialização.
Ela insere uma grande quantidade de pessoas a interagir com o mundo ao
seu redor. Fazê-los participar ativamente de todos os momentos da vida,
sejam eles os de lazer, ou seja, até os de trabalho. Importante é que se
sintam incluídos na rotina da sociedade.
O professor /A/ volta o olhar para o acesso à informação das pessoas com
deficiência visual e o professor B amplia a resposta elucidando que além das
pessoas com deficiência visual o trabalho com audiodescrição faz todas as pessoas
interagirem, perceberem o que está ao seu redor, seja em momentos de trabalho, de
educação ou de lazer. E que, o mais importante é que tenham oportunidades iguais
para que se sintam participantes efetivos das mesmas atividades oferecidas na
sociedade.
ARANHA (2000) complementa dizendo que cabe a população a
conscientização de que as pessoas com deficiência fazem parte dela e que tem os
mesmos direitos. O primeiro passo é fazer o mapeamento das pessoas com
52
deficiência e para fazer os ajustes necessários para acolhê-las de fato em cada
setor da sociedade. E aos profissionais das áreas técnicas mobilização junto aos
órgãos de representações de pessoas com deficiência com fins de criarem ou
melhorarem os produtos e as formas de atendimento oferecidos à sociedade, capaz
de ampliar não somente as oportunidades educacionais inclusivas mais as
oportunidades para a construção de uma sociedade inclusiva.
No tópico seguinte retomamos questionamentos e apontamos descobertas
resultantes do nosso estudo.
53
16. CONCLUSÃO
Diante do que foi pesquisado, percebemos que a áudio-descrição é um
trabalho minucioso que exige dedicação de quem faz e que com certeza será
valorizado por muitas pessoas com e sem deficiência.
Quando falávamos na abordagem da valorização dos sentidos na educação
pretendíamos criar possibilidades de favorecer uma educação melhor que
contemplasse a todos, tenham ou não deficiência.
Compreendemos que é promovendo possibilidades de acesso à informação
que criamos pessoas como Eşref Armağan, completas, mas para isso precisamos
comunicar. E se vivemos na era das imagens que dizem tudo por que não
transformá-las em informações tão fortes quanto a sua presença?
Acreditamos que é absolutamente possível fazer um trabalho de áudio-
descrição porque já existe um número de profissionais que estão dispostos a ampliar
esse trabalho cuja importância está além dá ampliação do acesso à educação.
Esses profissionais crêem na informação como um direito de todos.
A importância da áudio-descrição também ocorre com a estimulação dos
outros sentidos quando permite que estimule o sentido auditivo e minimize a
sobrecarga de informações visuais.
Também há pessoas cujo significado das imagens não é acessível, é um fato,
nem todos conseguem fazer interpretação das imagens e os disléxicos não-verbais
são exemplo verdadeiros de quem precisa da áudio-descrição tão quanto as
pessoas com deficiência visual.
Ainda há um público contemplado que são as pessoas que tem todos os
sentidos, mas não estão atentas e perdem o significado de uma imagem exatamente
porque nem todos têm a mesma velocidade de interpretação.
A áudio-descrição vem para atender as necessidades desse público real e
diversificado para que a igualdade de comunicação seja real.
54
17. REFERÊNCIAS
ÁLVARO, João. Orientação e mobilidade. LARAMARA, 2005.
ARANHA, Maria Salete Fábio. Garantindo o acesso e permanência de todos os
alunos na escola – alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília,
SEESP, 2000.
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Educação Básica. SEESP, MEC, 2001.
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Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. 2ª
edição, Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
BRASIL, Ministério da Educação. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988.
BRASIL, Ministério da Educação. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei Nº
7.853/89.
BRASIL, Ministério da Educação. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Nº
8.069/90.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei das Diretrizes e Bases da Educação. Nº
9.394/96.
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKSON, Dee. Inteligências Múltiplas.
Ensino e Aprendizagem por Meio das Inteligências Múltiplas na Sala de Aula.
Haward, Gardner: Tradução: por Magda França Lopes. Artes Médicas, 2ª edição,
Porto Alegre, 2000.
55
CERQUEIRA, Jonir Bechara; FERREIRA, Elise de Melo Borba. Recursos didáticos
na educação especial. SEESP, 2000.
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3ª edição, São Paulo,
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LACERDA, Cristina B. F. Questões Metodológicas e Pesquisa em Educação
Especial. Cielo, 2005.
LOPES FILHO, Borret. Revista Nacional de Reabilitação, 1996, 2002, nº 24, nº 25 e
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LÜDKE, Menga. Marli, E. D. A, ANDRÉ. Pesquisa em educação: Abordagens
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MARTIN W. Bauer e George GASKELL Tradução: Pedrinho A. Guareschi, Pesquisa
qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Petrópolis, 2003, Editora
Vozes.
MASI, Ivete De. Deficiente Visual Educação e Reabilitação. Programa Nacional de
Apoio à Educação de Deficientes Visuais. Formação de Professor. Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa
em Saúde. 7ª edição, São Paulo, Hucitec; Rio de Janeiro, Abrasco, 2000.
56
OLIVEIRA, João Vicente Ganzarolli de. Do Essencial Invisível: Arte e Beleza entre
os Cegos. Reven Editora, 2002.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 3ª
edição, São Paulo Max Limonad, 1997.
ROSA, M. V. De f. C; ARNOLDI, M. A. G. C. A entrevista na pesquisa qualitativa:
mecanismo para validação dos resultados. Belo Horizonte, Autêntica, 2006, p. 28-
101.
SÁ, Elizabet Dias de; CAMPOS, Izilda Maria de; SILVA, MYRIAN Beatriz Campolina.
Formação Continuada à Distância de Professores para o Atendimento Educacional
Especializado: Deficiência Visual. SEESP / SEED / MEC, Brasília/DF, 2007.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão no lazer e turismo: em busca de qualidade de
vida. São Paulo, áurea editora, 2003.
___. Revista Nacional de Reabilitação, Nº 28, 2002.
17.1. REFERÊNCIAS DA INTERNET:
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http://www.esrefarmagan.com/index-tr.html
Audiodescription solutions: audiodescription.com
Áudio-descrição: http://www.audiodescricao.com/home.htm
57
Audiodescripition.com – http://www.audiodescripcion.com/brevehistoria.html
BRASIL, Ministério da educação. LEI Nº 10.098/00. Legislação sobre Acessibilidade;
Áudio-descrição.
http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache%3A0ezUk5P9dmIJ%3Awww.vezdavoz.com.br%2Fartigo
s%2Flegislacao_audiodescricao.pdf+audiodescri%C3%A7%C3%A3o+-legisla%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-
BR&gl=br&sig=AFQjCNECTe4X27hzK10LoIsoPvHlljJUFw&pli=1
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=43
8&id_pagina=1
PACKER, Jaclyn. The following article is published in a book entitled: New
Technologies in the Education of the Visually Handicapped (1996), edited by
Dominique Burger, published by John Libbey Eurotext, p. 103 - 107.
http://www.afb.org/Section.asp?Documentid=1231
Tecnologia Assistiva. www.assistiva.com.br
SIMBIESP – fonte – dados do IBGE sobre numero de pessoas com deficiência
visual:
http://www.sinbiesp.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=87&Itemid
=42
Site sua mente sobre : os canais pessoais de comunicação
http://site.suamente.com.br/os-canais-pessoais-de-comunicacao/
58
18. ANEXOS
ENTREVISTA 1 – Professor A
Professor de matemática, ensino fundamental, leciona há 3 anos.
1. Quais as dificuldades de se trabalhar com imagens com os alunos com deficiência
visual?
É fazer com que os alunos imaginem como é o formato da imagem, do que está se
falando com aproximações, as coisas... Os objetos.
2. Como você faz esse trabalho? Que alternativa você adota/ria?
Pego nos dedos dos alunos e faço com que eles desenhem a imagem no ar
enquanto eu falo sobre elas. Adotaria desenhos em forma de relevos de texturas
diferentes, também construo com material reciclado, emborrachado.
3. Que tipo de informação os professores recebem para trabalhar com áudio-
descrição?
Essas informações não são passadas para os professores em lugar nenhum.
4. Para você em que a áudio-descrição acresce, melhora a educação dos alunos?
Uma inclusão ao convívio social dos alunos portadores de deficiência, mais uma
forma de informar sobre que acontece e não é percebido pelos olhos.
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ENTREVISTA 2 – Professor B
Professor de desenho, leciona há 15 anos.
1. Quais as dificuldades de se trabalhar com imagens com os alunos com deficiência
visual?
O trabalho com imagem trata a emoção pelo olhar. O impacto que ela causa na
primeira impressão. Pode ser uma imagem de alto impacto que cause medo, ou uma
meiga que cause afeto. Tudo isso é difícil ser trabalhado com pessoas com
deficiência visual. Tem que Tentar novas formas de passar essa emoção do mesmo
jeito e impacto do que com o olhar.
2. Como você faz esse trabalho? Que alternativa você adota/ria?
Num primeiro momento, imagino que o trabalho tenha que interagir com as pessoas,
usando os outros sentidos para transmitir a mesma emoção. Ou seja, usar do áudio
com narração específica e até sons que passem essa emoção. Texturas e auto-
relevos, e até, aromas e cheiros, são, também, um ótimo meio para se ter as
mesmas sensações.
3. Que tipo de informação os professores recebem para trabalhar com áudio-
descrição?
Não recebo informação. No Brasil, acho que há muito pouca informação de como se
trabalhar com áudio-descrição. E não só com áudio-descrição, como também, todas
as outras "ferramentas" de inserção dos portadores de necessidades especiais. Isso
passa pela universidade que não trabalha com isso, mas passa pela sociedade que
não cobra e não dá tanta importância como devia.
4. Para você em que a áudio-descrição acresce, melhora a educação dos alunos?
Ela insere uma grande quantidade de pessoas a interagir com o mundo ao seu
redor. Fazê-los participar ativamente de todos os momentos da vida, sejam eles os
de lazer, ou seja, até os de trabalho. Importante é que se sintam incluídos na rotina
da sociedade.
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