monografia de wagner simões de oliveira

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS XIV CONCEIÇÃO DO COITÉ WAGNER SIMÕES DE OLIVEIRA INTERCULTURALIDADE E RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA APRENDIZAGEM DE LI EM ESCOLA PÚBLICA Conceição do Coité 2013

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Page 1: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS XIV

CONCEIÇÃO DO COITÉ

WAGNER SIMÕES DE OLIVEIRA

INTERCULTURALIDADE E RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA

APRENDIZAGEM DE LI EM ESCOLA PÚBLICA

Conceição do Coité

2013

Page 2: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

WAGNER SIMÕES DE OLIVEIRA

INTERCULTURALIDADE E RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA

APRENDIZAGEM DE LI EM ESCOLA PÚBLICA

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras com habilitação em Inglês.

Orientadora: Prof. Juliana Bastos

Conceição do Coité

2013

Page 3: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

WAGNER SIMÕES DE OLIVEIRA

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras com habilitação em Inglês.

Aprovada em: ___/___/___

Banca examinadora

________________________________________ Juliana Bastos – Orientadora Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

_________________________________________ Neila Maria Oliveira Santana Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

_________________________________________

Emanuel do Rosário Santos Nonato

Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

Conceição do Coité

2013

Page 4: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

A minha mãe, pai e família, aos meus amigos e colegas da UNEB, Turminha 2009.1 e a minha

colega Lícia Maia, Márcio Mandes, Lauro Santiago e Moisés Santos, dedico o

testemunho do meu trabalho. Sempre acreditei na capacidade do ser humano de interagir de

forma inteligente, e essa é razão de podermos compartilhar nossas geniosas ideais.

Page 5: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

AGRADECIMENTOS

Quem mais conhece a criatura, se não o Criador. Agradeço primordialmente a

Deus por estar me iluminando, minha mãe, pai e família pelo carinho e apoio na

minha carreira acadêmica. Trilhei muitos caminhos e em meios a essas dificultosas

passagens espalhei a minha esperança na certeza de chegar ao fim do inicio de

uma caminhada na busca daquilo que me compraz. Recordo-me dos conselhos dos

meus queridos professores, que me ajudaram na busca do saber e do

conhecimento, e em meio a eles destaco os professores: Neila Santana, Letícia

Telles, Emanuel Nonato, Raulino Neto e minha orientadora Juliana Bastos, que me

auxiliou em todos os passos para que tudo desse certo no meu trabalho.

Page 6: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

“Se interculturalmente línguas queremos

ensinar, respeitamos as diferenças entre

culturas de lá e de cá e humanizadoramente

nossos alunos saibamos tratar”.

Gomes de Matos

Page 7: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... ........13

1.1 Aprendizagem de LI: interação entre língua/cultura.......................................13

1.2 Uma pedagogia multicultural no processo de aprendizagem de língua

estrangeira................................................................................................................18

1.3 Identidade em construção.................................................................................20

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................25

2.1 Tipo de pesquisa................................................................................................25

2.2 Técnicas utilizadas na pesquisa.......................................................................26

3 ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS................................................................28

3.1 Análise dos questionários dos professores....................................................31

3.2 Análise dos questionários dos alunos.............................................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................34

REFERÊNCIAS..........................................................................................................35

APÊNDICES........................................................................................ .......................37

Page 8: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é considerar a importância do ensino/aprendizado do Inglês a partir de uma perspectiva Intercultural nas escolas públicas de Conceição do Coité – Bahia. Os problemas encontrados nos ambientes relacionados às aulas de língua inglesa são fatores que devem ser ponderados para que o uso de atividades descontextualizadas em aulas de LI não submetam os aprendizes ao caos da desmotivação. Porém o caráter desta pesquisa é propor, através das discussões no embasamento teórico, uma revitalização no âmbito da aprendizagem da Língua Inglesa. A metodologia proposta neste estudo apresenta informações técnicas importantes para alcançar o resultado da mesma. A pesquisa foi qualitativa de base etnográfica, uma vez que esta trata basicamente de descrever e interpretar os fatos ocorridos em sala de aula de LI. Na análise de dados consta os resultados colhidos, conforme foi citado no procedimento metodológico, desenvolvido neste trabalho, sendo que as informações contidas nesta pretendem mostrar se há a presença dos fatores interculturais, o multiculturalismo e a reconstrução identitária do aprendiz no contexto do ensino/aprendizado de Inglês nas escolas públicas.

Palavras - chave: Interculturalidade. Língua. Aprendiz. Identidade.

Page 9: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

ABSTRACT

This paper aims mainly in considering the importance of teaching / learning English from an intercultural perspective in public schools of Conceição do Coité - Bahia. The problems encountered in the environments related to English language classes are factors that must be considered so that the use of decontextualized activities in EL don't lead learners to the chaos of demotivation. However the character of this research is to propose, through discussions on theoretical basis a revitalization in the context of learning the English language. The methodology proposed in this study provides important technical information to achieve the same result. The research was qualitative having ethnographic basis, since this is basically to describe and interpret the events of the English language in a classroom set. In the analysis of the collected data the results are shown, as it was mentioned in the methodological procedure developed in this work, and the information contained here is intended to show whether there is the presence of intercultural factors, such as multiculturalism and identity reconstruction of the learner in the context of teaching / learning English in public schools.

Keywords: Interculturalism. Language. Learner. Identity.

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INTRODUÇÃO

O caráter desta pesquisa é basicamente propor ao ensino de Inglês, maneiras

de inserir uma abordagem intercultural que contemple o trabalho dos professores, e

possibilite uma aprendizagem significativa, definida por Moreira (1995, p.153) “a

aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova informação

relaciona-se com um aspecto especificamente da estrutura de conhecimento do

indivíduo”.

O uso descontextualizado da gramática ou dos materiais didáticos, a falta da

valorização do sujeito-aprendiz e dos aspectos culturais nas escolas públicas são

fatores que têm favorecido para a desmotivação dos alunos, no que diz respeito a

aprendizagem de LE. Estes e outros fatores vêm sendo discutidos por

pesquisadores, com intenção de encontrar possíveis soluções dos problemas no

âmbito da aprendizagem de Língua Inglesa nas unidades escolares.

Este trabalho justifica-se em valorizar a aprendizagem de inglês nas unidades

escolares, focando uma perspectiva Intercultural, que também acontece a partir das

relações entre culturas. É importante que se aprenda uma segunda língua de forma

contextualizada, com vista nisto, a interculturalidade pode contribuir para que haja

aquisição de segunda língua com foco nos aspectos culturais, contextualizando a

realidade dos alunos através dos conteúdos e atividades abordados em sala de aula

de língua inglesa.

Para nortear o andamento desta pesquisa é necessário pautar quatro

objetivos importantes: Verificar a importância da interculturalidade em escola pública

e a consequente reconstrução identitária do aprendiz de LI, ilustrar a importância da

aprendizagem de Língua Inglesa com foco nas relações entre culturas, considerar o

valor significativo de uma abordagem multiculturalista e a inclusão da diversidade

cultural que compõem as aulas de Inglês e por fim, analisar o dinâmico processo de

reconstrução identitária do aprendiz no contexto de sala de aula de Língua Inglesa.

A comunicação de uma Língua Estrangeira (LE) também se estabelece na

oportunidade do uso da mesma. Portanto são as comunidades de falantes de Inglês

que agem de forma oportuna para manter o diálogo e, consequentemente, difundir a

língua no mundo contemporâneo. Os aspectos culturais inerentes à aprendizagem

de língua serão discutidos no âmbito desta pesquisa, e estes apresentarão a

linguagem como uma manifestação cultural no meio social.

Page 11: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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O ensino/aprendizagem de Inglês proporciona a interação dos aprendizes e,

para compreender melhor a interatividade ocorrida nas aulas de Língua Inglesa, será

apresentado o conceito de Pedagogia Multiculturalista, a partir das discussões

teóricas no decorrer deste estudo, serão abordadas as relações entre línguas e

culturas e a diversidade cultural no âmbito da aprendizagem.

As manifestações culturais e socioculturais presentes na sociedade são

fatores que precisam ser reconhecidos, sobretudo nos ambientes escolares, visto

que nestas localidades estão presentes os sujeitos, ou seja, aprendizes que se

manifestam a partir de suas culturas. Ao falar de aprendizagem de línguas, atreladas

a questões culturais no contexto de escola pública, observa-se também a

necessidade de abordar, a partir de fontes teóricas, as questões identitárias do

aprendiz de LI, sendo que estas serão pautadas no final do embasamento teórico

deste trabalho.

O propósito da metodologia é obter o resultado de casos investigados no

decorrer de uma pesquisa, sendo assim, a maneira eficaz e coerente de chegar ao

objetivo desejado é detectar os problemas presentes nas áreas trabalhadas. Em

vista disto faz-se necessário indicar para este trabalho o método baseado na

pesquisa etnográfica, sendo que, este pretende alcançar os objetivos a partir de

observações, análises descritivas e interpretativas sobre as ações dos sujeitos

inseridos no processo de aprendizagem. E neste o estudo, será feita uma análise

sobre os fenômenos encontrados no contexto de sala de aula de Língua Inglesa.

Para melhor entender o direcionamento técnico desta investigação através do

método escolhido, faz-se necessário apontar também as questões teóricas dentro do

processo metodológico, para poder embasar a pesquisa de campo, sendo esta

indispensável para a conclusão deste estudo.

Esse trabalho está organizado em três capítulos. No primeiro serão usadas

fontes teóricas sobre a aprendizagem de inglês, a partir de uma perspectiva

Intercultural; as relações entre culturas, visando a pedagogia multiculturalista; e as

questões identitárias do aprendiz.

No segundo capítulo será apresentado o procedimento metodológico, onde

constará também o tipo de pesquisa que será classificado como: uma pesquisa

qualitativa de base etnográfica. Esta se preocupará em descrever e interpretar

Page 12: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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apenas os dados investigados e quesitos básicos relacionados à realidade do

contexto de aprendizagem de LI em escola pública.

No terceiro capítulo será mostrada a análise dos dados em detalhe, colhidos

no Colégio Yêda Barradas Carneiro e no Colégio Professora Olgarina Pitangueira

Pinheiro, da rede pública de ensino, com o objetivo de verificar se há existência ou

não de certos problemas e discrepâncias encontrados em sala de aula de Língua

Inglesa.

Por fim serão apresentadas as considerações finais, tendo como base as

discussões desenvolvidas no decorrer desta pesquisa, em conformidade com a

análise dos dados obtidos na mesma.

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo pretende desenvolver um diálogo sobre a importância de

aprender uma língua estrangeira, abordando uma perspectiva intercultural. O

aprendiz precisa interagir com outros, por meio da linguagem e de fatores culturais,

que determinam seu padrão de vida, e podem ajudá-los no processo de

compreensão da língua, pois língua e cultura são consideradas historicamente

indissociáveis. A discussão que será feita no decorrer deste capítulo, apresentará

tópicos, estando esses interligados e vinculados na mesma ideia, que nos guiará

num caminho amplo para compreender as possíveis interações que há entre língua

e cultura, esboçando também diálogo sobre uma abordagem multiculturalista e a

consequente reconstrução identitária do aprendiz de LI.

1.1 Aprendizagem de LI: interação entre língua/cultura

Ao falar em aprendizagem de LI em tempos passados, por exemplo, no Brasil,

percebemos que método usado era o audiolingual, Mota (2005, p. 41), afirma que os

materiais utilizados priorizavam apenas atividades que transmitiam a idealização da

cultura “White Anglo Saxon Protestant (WASP)”. Através de uma análise crítica

sobre os eventos ocorridos em sala de LI, pode-se compreender e constatar que, de

certa forma, esse modelo de ensino apresentava possíveis contribuições e evolução

dos alunos, mas instigava os aprendizes de LI a fazer uso da língua sem refletir a

própria realidade. Ao passo que estes entravam em contato com outros códigos

linguísticos, criava-se uma nova identidade, porém baseadas em valores culturais

externos, não levando em consideração os próprios. Tais episódios e exercícios

enfatizavam as práticas de imitações de padrões fonológicos da língua inglesa,

buscando alcançar uma pronúncia correta, com certeza isso pode sim contribuir no

processo de aprendizagem de uma segunda língua, mas em hipótese alguma não

se pode abrir mão de uma reflexão sobre a presença das variações linguísticas no

uso da linguagem. Segundo Mota,

as práticas pedagógicas levavam, assim, à apropriação de uma nova

identidade, inculcada por valores de superioridade cultural. A sala de

aula transformava-se em uma ilha cultural de imersão no mundo do

estrangeiro, no sonho de “civilidade” do colonizador. Os alunos eram

estimulados a substituir seus nomes por equivalentes em inglês, a

imitar os discursos dos personagens dos livros ou dos filmes

Page 14: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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didáticos; enfim, a transferir-se, em viagens imaginárias ou reais,

para os territórios mais “abençoados” do hemisfério Norte (MOTA

2005, p. 41).

A atenção voltada para esta modalidade de ensino/aprendizagem de língua

possibilitava grande risco aos aprendizes de LI, pois com esse seguimento eles

teriam sua identidade cultural ameaçada e ou até mesmo excluída, por fortes

pressões hegemônicas. Por isso sugere-se que ao entrar em contato com o mundo

do estrangeiro, o estudante necessita refletir e fazer comparações entre a cultura da

língua materna e a da língua alvo para que o processo de aprendizagem de LI

aconteça de forma contextualizada. Tais situações não eram consideradas, pois os

professores não demonstravam preocupações em desempenhar um trabalho eficaz

com intenção de despertar o senso crítico dos alunos, e deixavam transparecer a

forte presença de estereótipos culturais. O ensino/aprendizagem de inglês passou a

ter uma nova visão e evolução logo após a inclusão de um novo método de ensino

de LI, a partir dos anos 80, sendo esse o comunicativo. No entanto essa situação de

estereotipagem desfavorável ao processo de aprendizagem é ainda encontrada nos

tempos atuais e nas as escolas.

Língua e cultura são fatores historicamente ligados principalmente quando se

trata em aprendizagem de línguas. A cultura representa manifestações de práticas

sociais, e a língua é uma dessas manifestações em que atreladas ao um

ensino/aprendizagem da linguagem podem ser propensas ao processo de formação

do sujeito-aprendiz, que é constituído pela mesma. (HOCKETT 1958 apud GOMES

DE MATOS 2005, p. 23) afirma que a língua é considerada “o bem mais precioso da

espécie humana”. No que diz respeito a isto, é importante considerar também a ideia

de (HUMBOLDT, 1936 apud GOMES DE MATOS 2005, p. 23): “A linguagem é o

órgão formativo do pensamento”. Percebe-se, então, que esta tem suas

manifestações reveladas, seja através da escrita, de sinais e principalmente da fala,

que é eminente a representação do pensamento, e se estabelece por meios

comunicativos entre indivíduos que participam deste processo e que o materializam

a partir das trocas que acontece através da história e pela cultura.

Considerando que o ensino de língua atrelada às questões culturais é

essencial para aprendizagem e desenvolvimento dos aprendizes, entende-se que se

ao estudar línguas é preciso incorporar a Interculturalidade nos espaços de

aprendizagem da LI. Alvarez aponta que,

Page 15: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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a exemplo do que vem acontecendo com os estudos desenvolvidos

em outras línguas, sobretudo a língua inglesa, no

ensino/aprendizagem de português LE/L2, também são expressivas

as contribuições de pesquisa e discussões que defendem novas

propostas de abordagens de ensino, planejamentos e materiais

didáticos cuja preocupação é o ensino da língua como cultura, ou

que adotam a interculturalidade como umas das dimensões

importantes na pedagogia de línguas (ALVAREZ, 2007, p. 134).

Ao aderir às perspectivas interculturais nos projetos pedagógicos, as escolas

tendem a recontextualizar os métodos de ensino de LI, apresentando aos

estudantes uma forma humanizadora de se relacionar e aprender, através do

diálogo da compreensão e do conhecimento de mundo. Com isto, é fácil

compreender que o processo de interculturalidade pode oferecer possibilidades para

resolução de vários problemas encontrados em ambientes escolares, distanciando-

se de uma visão conservadora, assim, como as fortes ondas hegemônicas e de

ideologias que estimulam práticas discriminatórias sobre outras culturas,

consideradas subalternas por determinadas sociedades.

Ao observar as perspectivas no ensino/aprendizagem de línguas, sem que

haja o envolvimento da cultura nesse processo, compreende-se que isto acresceria

a, dificuldade do aprendiz e até mesmo, de quem o está ensinando, pois de modo

que se aprofunda no mundo da linguagem perceber-se que há necessidade de

também observar os fatores culturais das línguas. Sendo assim, manter o contato

com outros códigos linguísticos sem que estes estejam vinculados às questões

culturais, seria algo bastante trabalhoso, vez que a cultura pode ajudar o aluno a

compreender melhor o mundo da linguagem. Porem, ao passo que se analisa o

contexto histórico de uma determinada língua, juntamente com a representação dos

aspectos culturais da mesma, percebe-se que ambas são inerentes ao processo de

aprendizagem e, neste viés, percebe-se a necessidade de incorporar os aspectos

culturais no processo de aprendizagem de línguas.

muitos autores já apresentaram possíveis discrepâncias na interação entre língua e cultura, tratando-se de aprendizagem. Esses e muitos autores acreditam que a relação entre língua e cultura não é tão forte e coeso quanto parece. Eles dizem, por exemplo, que em muitos países onde se ensina inglês como segunda língua e/ou língua estrangeira, a ênfase maior é dada ao seu propósito técnico, ao invés

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de seus aspectos culturais. (APPEL & MUYSKEN, 1987; HYDE, 1994; SCOVEL & SCOVEL, 1980 apud LIMA, 2009, p. 182).

Esse conceito acaba transparecendo que há possibilidade de se dominar as

habilidades da língua estrangeira sem focar a questão cultural, poderá ser

extraordinariamente possível, abordando apenas a parte técnicas de aprendizagem.

A Língua Inglesa é usada como língua materna em vários países, e por isso os

professores deparam-se com um grande desafio de auxiliar os estudantes a fazer

um relacionamento entre a realidade deles e o mundo do estrangeiro, desta forma

ele terá que escolher uma língua/cultura especifica para abordar em sala de aula de

LI. Na tentativa de driblar esses desafios, o educador precisa ter conhecimento

sobre o ensino/aprendizagem, visando um contexto global, ou seja, ensinar língua

inglesa também como língua internacional, transmitindo aos aprendizes, aspectos

interculturais e que esses embates entre língua materna e língua-alvo, possibilite aos

estudantes compreender a relação que há entre as culturas.

Há diversas apresentações e definições do termo cultura, e por ser uma

questão abrangente, a tendência é tornar-se mais complexa de ser trabalhada, em

determinadas áreas. Considerando que cada país tem sua cultura, esta se manifesta

em seus grupos e comunidades, tornando-se muitas vezes conhecida entre povos

de culturas e mundos diferentes. (BROWN, 1994 apud LIMA 2009, p. 181), “compara

cultura a uma cola que une um grupo de pessoas e determina a identidade coletiva”.

Sendo assim, os aspectos culturais podem promover a união entre pessoas e

também possibilitar a interação e a relação entre diversas culturas, que se

estabelecem através da aceitação dos indivíduos, pois aprender outra língua é

aprender sobre a cultura e o mundo do outro.

Compreende-se assim que é inviável que determinada cultura assuma

postura de superioridade diante de outras diferentes. O importante é que estas

adotem a condição de exercer a cidadania, aceitando as diferenças e conservando

uma relação aberta entre aprendizes de línguas na certeza de que os alunos tomem

consciência da importância e valorização de outras culturas, sem que a sua seja

desfavorecida e ou até esquecida.

Debates foram feitos com intenção de identificar as possíveis contribuições

que os aspectos culturais podem oferecer ao processo de ensino/aprendizagem de

LE. Um fator determinante e emergente no âmbito da aprendizagem é o de

Page 17: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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incorporar a interculturalidade de forma inclusiva e cooperativa nos planos

pedagógicos das escolas públicas, buscando tornar a aprendizagem de LI

contextualizada e significativa. De acordo com Almeida Filho, a dimensão cultural,

num cenário de aprendizagem comunicativa, precisa romper fronteiras, ou seja,

[...] precisa atravessar o limite da própria cultura (e aí temos o

sentido transcultural) quando a consciência dela o permitir, e instalar-

se no intercultural que implica a reciprocidade de viver (mesmo que

temporariamente) na esfera do outro e simplesmente ter o outro

confortavelmente na nossa esfera de cultura. (ALMEIDA FILHO,

2002, p.210).

Ao passo que o aprendiz aceita essa perspectiva, ele pode adquirir a

capacidade de interagir e aprender a respeitar a diversidade cultural, aderindo a uma

condição humana de se comunicar e entrar com segurança em contato com outra

cultura, mas não inferiorizando a sua.

A Língua Inglesa vem sendo utilizada pela população mundial de maneira

abrangente. E esta ganhou espaço em várias áreas do conhecimento, sendo essas:

os meios tecnológicos, político, linguísticos, culturais e sociais. Bilhões de pessoas

estão envolvidas com essa prática, porem é necessário à elaboração de estudos e

pesquisas voltadas para a inclusão da cultura e as relações interculturais nas

práticas de ensino/aprendizagem. A ênfase é dada também, à comunicação e o

universo da linguagem humana; tais estudos realizados têm favorecido para o

desenvolvimento de uma investigação que aparece no âmbito da aprendizagem de

LE, com intenção de possibilitar maturidade no diálogo através da competência

comunicativa dos falantes.

O foco na aprendizagem intercultural apresenta evidências de alta

complexidade. Como Fennes e Hapgood (1997, p. 126) ressaltam, “não existem

fórmulas adequadas para esse tipo de ação, muito menos fórmulas mágicas, pois o

processo de aprendizagem intercultural em sala de aula é extremamente complexo

e, por isso mesmo, pouco conhecido ou de fácil predição”. Mesmo com essas

barreiras que o professor possivelmente enfrentará ao ensinar adotando uma

perspectiva intercultural, nada impede que ele a utilize esta abordagem em sala. Por

outro lado, para que haja a inserção da interculturalidade no processo de

ensino/aprendizagem de língua é necessário constante planejamento e que este

seja flexível e revisto quando possível.

Page 18: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

18

1.2 Uma pedagogia multicultural no processo de aprendizagem de língua

estrangeira

Através dos conteúdos analisados percebe-se que a pedagogia

multicultural pode trazer contribuições e melhorias no ensino/aprendizagem

de LE. Sendo que esta oferece possibilidades que facilitam o trabalho dos

professores, através da criação de projetos pedagógicos inseridos nas

escolas, que visa o trabalho em um contexto multicultural. É provável que, no

embate entre culturas diferentes, possam ocorrer choques culturais por partes

dos envolvidos. Então cabe ao professor auxiliar os aprendizes a administrar

estes confrontos através do diálogo e compreensão, pois consequentemente

isto influenciará no desenvolvimento do senso crítico dos alunos, e abertura

para o conhecimento.

Acredita-se que o sujeito aprendiz tem capacidade de interagir de forma

pacífica, uma vez que, ele esteja inserido em um contexto de aprendizagem que

aborde também a pedagogia multicultural. Mota expõe que,

a pedagogia multicultural acredita na valorização da voz do

sujeito/professor e do sujeito/estudante, assim como no

desenvolvimento da sensibilidade de escuta às múltiplas outras

vozes, desconstruindo a polarização dos saberes e assumindo,

através do dialogismo, uma perspectiva de construção do

conhecimento de forma dialética e multidimensional (MOTA, 2005, p.

43).

Portanto, o professor deve apresentar novos olhares e perspectivas

contextualizando a realidade dos aprendizes de LI com intenção de ajudá-los a

resolverem possíveis problemas de aprendizagem de línguas encontrados em

escolas públicas.

A aprendizagem de LI, sendo analisada através de um contexto global, carece

de uma abordagem multiculturalista, que vai além dos limites da própria cultura, ou

seja, podendo desta forma trabalhar com a quebra de barreiras culturais. No

contexto do mundo pós-moderno, este assunto vem sendo discutido e é bastante

conflituoso. Visto que através da aquisição do status de línguas francas, tirando

como exemplo a língua Inglesa e Espanhola, pode ocorrer um processo de

desterritorialização e em consequência disso reterritorialização apropriada a um

procedimento dinâmico simbólico-cultural, que implica no surgimento de território

Page 19: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

19

culturalmente mais amplo. Talvez isto cause um impacto por parte das culturas

receptoras que podem ter suas características Identitárias nacionais ameaçadas,

mas como lidar com essa situação, sendo que é inevitável o contato entre povos de

diferentes culturas no mundo.

O incremento da pedagogia multicultural ao sistema educacional da rede

pública possibilita dinamicidade ao trabalho dos professores, sendo este, sustentado

pelas oficinas pedagógicas, com o objetivo de desenvolver a consciência crítica dos

participantes desses eventos. Isso acontece a partir da observação nas crenças,

valores e atitudes dos envolvidos nesta prática, que se propaga no contexto de

aprendizagem de LE, Mota (2005). Essa perspectiva pode auxiliar os profissionais

na compreensão da cultura dos aprendizes. Nota-se que, ao passo que o professor

conhece a cultura dos estudantes, ele encontra facilidade para tratar do assunto,

uma vez que este apresenta alto grau de complexidade e, assim, possibilita grandes

desafios nas práticas em sala de aula de LI. Além disto, estes espaços jamais

devem ser considerados ou visto como vácuo. De acordo com Van Lier (1994, p. 9),

a sala de aula não existe em um vácuo, “Ela está localizada em uma instituição, em

uma sociedade e em uma cultura”.

A inserção de uma abordagem multiculturalista no ensino-aprendizagem de

LE, segundo Mota, (2005, p. 43) “pretende recontextualizar a ação transformadora

da escola, incorporando os discursos silenciados e desfavorecendo os

potencialmente silenciadores”. Crendo na capacidade e ação do professor e do

aprendiz, essa incide na valorização do diálogo entre eles e resulta na construção do

saber. Entende-se que, a importância do termo multiculturalismo é seu múltiplo

significado, este se destaca como um item importante para a inclusão da diversidade

cultural que, sobre tudo, traz um grande benefício às práticas sociais na vida do

homem. McLaren apresenta ideias que,

abrange posturas ideológicas que se configuram em quatro

tendências: a) conservadora- serve apenas como ponto de partida,

mas a meta é a assimilação, a homogeneização; b) humanista

liberal- atende grupos socialmente marginalizados, através de

projetos específicos, no sentido de promover a igualdade intelectual;

c) liberal de esquerda- fortalece as identidades culturais

marginalizadas em movimentos separatistas de exclusão da cultura

dominante; d) critico revolucionário- busca o comprometimento com

Page 20: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

20

uma política crítica de justiça social a partir de uma agenda de

transformação, (MCLAREN, 2000, apud MOTA, 2005, p. 45).

O ensino-aprendizagem de LE necessita de uma proposta que aborda a

inclusão multicultural nos projetos pedagógicos escolares, os quais estabelecem um

vínculo com o educador e que os mantenham na condição de redimensionar seus

trabalhos, mostrando-se profissionais literalmente envolvidos com estes modelos de

ensino, e nas áreas de atividades desenvolvidas e projetadas por eles. A intenção é

que estas atividades possam trazer informações aos estudantes, sobre a

importância da consciência cultural e críticas nos ambientes escolares. O educador

profissional é um dos principais responsáveis pela transformação nos meios sociais,

por ter a capacidade inovadora de criar projetos que contribua para isso, conforme

ressalta Giroux,

[...] ao combinar a linguagem crítica com uma linguagem de

possibilidade, tais educadores podem desenvolver um projeto político

que amplie os contextos sociais e políticos nos quais atividade

pedagógica pode como parte de uma estratégia contra-hegemônica.

(GIROUX, 1997, p. 251).

No processo de aprendizagem de língua/cultura é importante enfatizar as

relações entre as culturas, partindo do ponto de vista multicultural. Há uma diferença

entre o diálogo intercultural e o multicultural, pois o primeiro aborda as relações

apenas entre duas culturas diferentes. A diferença entre esses dois termos foi

apresentada por (KRAMSCH, 1998 apud MOTA, 2005, p. 59), “na qual “intercultural”

refere-se ao encontro entre duas culturas ou grupos étnicos diferentes, enquanto

que “multicultural” refere-se à coexistência de grupos de identidades múltiplas em

uma sociedade multicultural ou aos múltiplos papéis sociais que um indivíduo

assume em várias comunidades discursivas”.

1.3 Identidades em construção

O sujeito (aprendiz) é um ser inacabado e seu processo de aprendizagem

está sempre em andamento. Portanto, ele precisa se relacionar com o outro,

encontrando neste o sentido das suas realizações, e assim ampliar seus horizontes.

Percebe-se, então, que esses fatores estão também inseridos no processo de

Page 21: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

21

aprendizagem de LE. Brun (2005, p. 83) afirma que “a aprendizagem de uma língua

é, indubitavelmente, uma experiência pessoal que deixará traços, uma vez que ela

convida para uma nova organização dos referentes psicoculturais da identidade”.

Com isso, o contexto de aprendizagem de LE pode ser propenso a uma inerente

(Re)construção Identitária do aprendiz de segunda língua. Norton (2000, p. 5), define

identidade como a forma “como a pessoa entende sua relação com o mundo, como

essa relação é construída ao longo do tempo e do espaço, e como a pessoa

entende possibilidades para o futuro”.

Para que o dinâmico processo de (re)construção identitária do aprendiz de LI

seja compreendido com clareza, faz-se necessário observar os eventos e interações

que acontecem no decorrer das aulas de LI. Nesses ambientes nota-se o

comportamento dos estudantes diante da língua-alvo, e eles se mostram capazes de

aprender a língua, fazendo o uso da mesma através de métodos comunicativos

propostos pelo professor.

Dessa forma, a comunicação presente no contexto da sala de aula de LI é

responsável e indispensável para contribuir para o aumento da proficiência

linguística dos estudantes, e estes interagem por meio de atividades comunicativas.

Essas atividades apresentam duas dimensões relevantes no processo de

aprendizagem, sendo elas a dimensão fictícia e a dimensão teatral. A fictícia está

envolvida com o uso de atividades, e o aluno aprende a se comunicar em situações

específicas, criando personagens e mergulhando em outro mundo, o “imaginário”,

podendo ocorrer o deslizamento ao mundo real. Brun (2005, p. 87) destaca que

“assim, a aula de língua estrangeira é por natureza um espaço de ficção, uma vez

que ali a relação com o real é diferente”. Já na dimensão teatral, a aula de língua se

estabelece em três níveis: são os papéis, o drama e os tipos de interação e

atividades.

Nos eventos ocorridos em sala de LI, as funções desenvolvidas pelos

aprendizes são definidas, em partes, com nomenclaturas diferentes. Brun (2005, p.

89) diz que “o papel de co-aprendiz está associado ao estudante que exerce suas

atividades em grupos, onde ali ele aprende e ensina ao mesmo tempo, ou seja,

aprende no mesmo ambiente e com os outros.” O papel do aprendiz está atrelado às

atividades frente à aprendizagem bem como às relações que ele estabelece com a

língua.

Page 22: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

22

Quanto ao papel do professor, este é selecionado de forma variada. Para

Postic (1990, apud BRUN 2005, p. 91) “o professor tem três funções principais:

enquadrar, informar e despertar”. Por outro lado Cicurel (1985 apud BRUN 2005, p.

91), “considera o professor como informante, animador e juiz”. Observando as

características distintas praticadas pelo educador, pode considerá-lo também como

observador, pois este deve avaliar as atividades realizadas em sala de aula com

responsabilidade, e de maneira construtiva, buscando sempre despertar o interesse

do aprendiz para os conteúdos aplicados.

Ao analisar as funções do educador, compreende-se que a forma de agir do

professor pode ajudar o aluno a se posicionar de forma crítica durante as aulas.

Esse processo pode contribuir para que aconteça uma aprendizagem significativa de

línguas, e chegar à seguinte conclusão: que os diálogos interculturais inseridos no

contexto de sala aula de LI também podem ajudar compreender e entender como se

estabelece a (re)construção identitária do aprendiz de LE. Segundo Moita Lopes

(2003 apud MENDES & ORTIZ, 2009, p. 725), “um dos principais motivos para as

discussões sobre a identidade do aprendiz são as mudanças culturais e sociais

experienciadas no mundo”.

Através das atividades desenvolvidas em sala, os aprendizes formam

discursos e, consequentemente, em meio ao processo de aquisição, estes discursos

poderão ser representados em ambientes externos; ou seja, essas práticas

discursivas estarão presentes em meio à sociedade e, a partir deste contexto, os

sujeitos poderão ser considerados falantes de segunda língua, tendo sua identidade

reconstruída através dos conhecimentos linguísticos adquiridos nos espaços

escolares.

As representações das identidades são demonstradas nos aspectos culturais

e simbólicos de determinados grupos e sociedades. Um fator culturalmente negativo

encontrado em sala de LE é o estereótipo. Uma atitude negativa cometida por um

membro de um determinado grupo pode ser atribuída a todo o grupo, a depender de

quem faz julgamento desta. Estereótipos são tomados, segundo Scollon & Scollon

(2001 apud MENDES & ORTIZ, 2009, p. 726), “como os processos pelos quais os

membros de um grupo afirmam ter as características atribuídas a todo grupo”.

Partindo do ponto de vista analítico, os professores de LI precisam agir com

preponderância nas áreas de ensino, trabalhando assim, de maneira consciente,

Page 23: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

23

com estes fatores, não reforçando o uso destes, mas ajudando os alunos a refletir

sobre situações de estereotipagem em sala.

Os participantes de determinadas comunidades de aprendizagem de línguas

se identificam entre seus grupos e estes mantêm suas relações atreladas aos

aspectos culturais, formando ideologias manifestadas através das atitudes. Toda

cultura manifesta estereótipos e em certos pontos estes são apresentados em

propagandas, nas redes midiáticas, e também nos materiais didáticos das escolas. A

carga negativa que os estereótipos apresentam em parte não é condizente com o

contexto de aprendizagem dos alunos. Isto acaba deixando um vácuo em meio à

realidade deles. E acontece, muitas vezes, se não houver identificação por partes

dos aprendizes com as atividades que lhes são propostas, os quais acabam sendo

prejudicados no processo de aprendizagem em sala de aula.

Uma vez que as identidades são múltiplas, sua formação se estabelece

também através de contextos comunicativos e discursivos. Os ambientes e eventos

que possibilitam uma interação comunicativa de LE são fortemente dotados de

ideologias e manifestações culturais praticadas por indivíduos e, consequentemente,

essas práticas resultam na reconstrução identitária do sujeito, pois a cultura

desenvolve um caráter performativo na sociedade e este é mostrado a partir de

comportamentos e atitudes. Brun (2005, p. 93), diz que “ao entrar em contato com a

língua estrangeira, e, e simultaneamente, adquirir conhecimentos socioculturais

sobre a comunidade que a utiliza, o aprendiz é, de certo modo, obrigado a se

renovar tanto linguisticamente quanto culturalmente”. Portanto nota-se que a relação

e o envolvimento entre culturas distintas são fatores condizentes ao processo de

formação de identidade do sujeito, estes são notados também a partir do momento

em que são investigadas as manifestações interculturais na aprendizagem de

línguas.

O ensino/aprendizagem de LI vem passando por várias modificações ao longo

da sua existência, havendo a necessidade de abordagens que facilitem a

compreensão e a aquisição da língua. A abordagem comunicativa, por exemplo, tem

a capacidade de promover uma aprendizagem interativa e significativa, sendo que

há muitos outros métodos contributivos para que o aluno chegue a dominar as

habilidades linguísticas da LE. No entanto, os fatores discutidos aos quais se refere

e norteia esse trabalho também oferecem condições relevantes para a

Page 24: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

24

aprendizagem de LI, sendo esses: abordagem intercultural, pedagogia multicultural e

as questões identitárias do aprendiz de LI. Esses fatores estão inteiramente ligados

e são importantes para a aquisição de uma LE.

Page 25: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

25

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho foi realizado tendo por base a pesquisa etnográfica, definida

segundo Moita Lopes (1996, p. 88), como “uma descrição narrativa dos padrões

característicos da vida diária dos participantes sociais na sala de aula de línguas”.

Essa descrição nos ajuda a compreender melhor os sujeitos e os fenômenos a

serem investigados. Barros (1986, p. 73) afirma que “os fatos acontecem na

realidade, independentemente de houver ou não quem as conheça mas quando

existe um observador, a percepção que este tem dos fatos é que se chama

fenômeno”. Portanto o objetivo principal da pesquisa é analisar e considerar os

resultados coletados a partir dos problemas encontrados em sala de aula, com o

intuito de mostrar o que realmente acontece no contexto de sala de aula de LI.

2.1 Tipo de pesquisa

É importante apontar a pesquisa etnográfica como linha de análise para esse

trabalho, reconhecendo as contribuições que esta proporcionou no ato e após o

estudo. André explica que:

A etnografia é um esquema de pesquisa desenvolvido pelos antropólogos para estudar a cultura e a sociedade. Etimologicamente etnografia significa “descrição cultural”. Para os antropólogos, o termo tem dois sentidos: (1) um conjunto de técnicas que eles usam para coletar dados sobre os valores, os hábitos, as crenças, as práticas e os comportamentos de um grupo social; e (2) um relato escrito resultante do emprego dessas técnicas. (ANDRÉ, 1995, p. 27).

Desta forma, percebe-se a relevância de se fazer uma análise também por meio de

uma visão antropológica, sendo que, através desta há possibilidades de

compreender os meios que a análise etnográfica oferece para alcançar um

resultado coerente e significativo sobre os fenômenos pesquisados. Estes

fenômenos apresentam vários aspectos que contribuem para a conclusão de uma

determinada pesquisa, são eles: valores, crenças, hábitos, entre outros

comportamentos de um grupo social.

Foi de extrema importância à escolha da pesquisa, etnográfica, sendo esta a

mais adequada para o desenvolvimento do trabalho, uma vez que a mesma

possibilitou uma análise interpretativa, com observações nas práticas e atitudes dos

Page 26: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

26

indivíduos presentes em sala de aula. Por isso foi utilizado o método de observação

e recolhimento de dados através de questionários, em um ambiente propício ao

ensino/aprendizagem de LI, contribuindo assim para a análise dos resultados

obtidos.

A pesquisa foi dirigida por uma abordagem qualitativa, não se atendo ao

recolhimento de dados estatísticos e quantitativos. Portanto esse estudo segue uma

linha interpretativa e descritiva sobre eventos ocorridos e observados em salas de

aulas de LI. O trabalho procurou obedecer a um modo de compreensão sobre as

dimensões apresentadas pela abordagem qualitativa e interpretativa, segundo o

caráter de suas informações.

Dessa forma, a pesquisa buscou compreender e explanar os fatos

relacionados às aulas de língua Inglesa. Para Denzin & Lincoln,

a pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma

variedade de matérias empíricas - estudo de caso; experiência

pessoal; introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e

produção culturais; textos observacionais, históricos, interativos e

visuais.[...]. Entende-se, contudo, que cada prática garante uma

visibilidade diferente ao mundo. Logo, geralmente existe um

compromisso no sentido do emprego de mais de uma prática

interpretativa em qualquer estudo (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 17).

Tendo em vista esta abordagem metodológica observa-se que o foco da

pesquisa se preocupa em analisar e interpretar as atitudes do professor, e como

estas podem influenciar na aprendizagem dos alunos. Portanto, será imprescindível

observar as práticas e comportamentos dos alunos e professor em sala de aula,

uma vez que o ensino e aprendizagem são considerados processos fortemente

conjugados.

2.2 Técnicas utilizadas na pesquisa

Os dados recolhidos para o desenvolvimento e amostra da análise foram

decorrentes da observação não participante das aulas e da aplicação dos

questionários, os quais se preocuparam em tratar basicamente de situações

relacionadas ao ensino/aprendizagem de Língua Inglesa, de questões sobre a

inserção do ensino de língua/cultura nos projetos pedagógicos dos colégios de rede

Page 27: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

27

publicas e da compreensão identitária do aprendiz no contexto de sala de aula de

LI.

A aplicação dos questionários foi realizada em dois colégios de rede pública

de Conceição do Coité - Ba: Colégio Yêda Barradas Carneiro e Professora Olgarina

Pitangueira Pinheiro. Os sujeitos responsáveis que se dispuseram em responder os

questionários foram dois professores, um de cada colégio, e quinze alunos

subdivididos entre duas turmas: 1º e 2º ano do Ensino Médio. A pesquisa tem como

objetivo principal investigar e analisar se a abordagem intercultural vem sendo

trabalhada nas salas de aula de LI, se os sujeitos envolvidos na pesquisa têm

familiaridade com essa abordagem e como esta pode ajudá-los na compreensão da

língua.

Os questionários foram aplicados da seguinte forma: em primeira instância

foram selecionados os colégios e as turmas, lembrando que antes de tudo foi

preciso ser feito um pedido de autorização prévia aos professores para a realização

da observação e da aplicabilidade dos questionários. Posteriormente, estes foram

entregues primeiramente aos professores e em seguida aos alunos, sendo

recolhidos para análise das informações coletadas. Salientando que foi necessário

retornar um dos Colégios em outra data para recolher os questionários, pois, neste

estava acontecendo avaliação.

Nesta pesquisa houve a necessidade de um prazo prolongado durante o uso

das técnicas de observação. Foram três semanas de aulas observadas pelo

pesquisador, totalizando uma carga horária de sete horas. O objetivo das

observações foi fazer as descrições dos fatos ocorridos na sala e,

consequentemente, analisar os dados obtidos; lembrando que esse processo

aconteceu obviamente com autorização e presença do professor regente em sala.

Page 28: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

28

3 ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS

Neste capítulo será apresentado e explicado o caráter das informações dos

dados coletados durante a pesquisa, realizada nas escolas de rede pública

visitadas. Este procedimento tem a pretensão de averiguar a realidade do ensino de

LI voltado às perspectivas interculturais e se há possíveis discrepâncias em relação

a este, conforme foi explanado no procedimento metodológico.

Foram selecionadas as instituições a serem investigadas, as quais foram

nomeadas Escola 1 e Escola 2, citadas na metodologia. Portanto, serão analisados

os questionários respondidos pelos professores, e posteriormente será a vez da

amostra dos resultados dos questionários dos alunos, sendo que essa análise tem a

intenção de mostrar suas características contrastivas baseadas no referencial

teórico proposto neste projeto, a qual mostrará o perfil do ensino de LI nas escolas

de rede pública. Segue então a análise dos dados obtidos.

3.1 Análise dos Questionários dos Professores

Através da resposta fornecida pela professora da Escola 1, percebe-se que

esta tem conhecimento sobre o conteúdo questionado. Segundo ela, “uma vez que,

os fatores interculturais sejam trabalhados de forma consciente podem ajudar no

processo de aprendizagem de LI, e facilitar o trabalho docente no decorrer das

aulas”. O professor da Escola 2 explicitou sua resposta corroborando a importância

dos intercâmbios culturais e as trocas de experiências entre culturas diferentes, que

podem sim possibilitar um diálogo Intercultural por parte dos envolvidos neste

processo, sendo estes alunos e professores.

Na escola 1 a professora explanou que usa a motivação como uma das

abordagens, contribuindo para que os alunos estejam dispostos a conhecer novas

culturas e preparando estes para uma Comunicação Intercultural frente à

1) O que você entende por Interculturalidade?

2) De que forma a Interculturalidade é trabalhada nas aulas de Língua Inglesa?

Page 29: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

29

globalização. O professor da escola 2 justificou que a Interculturalidade é trabalhada

de forma implícita, exemplificando a presença destas em vídeos, textos, aulas

expositivas e músicas, e descartou a possibilidade de se prender a perspectivas

teóricas.

A partir dessa segunda opinião, percebe-se que há uma possível discrepância

na forma de agir do professor, uma vez que este afirmou que não é necessário se

ater a questões teóricas, abordando somente a prática no curso das aulas. É

importante afirmar que, ao passo que se usa uma abordagem para por em prática

em sala, precisa-se de fontes teóricas para o sucesso desta no processo de

ensino/aprendizagem.

Neste quesito não houve resposta por parte da professora da escola 1. Já o

professor da escola 2 afirma que não vê desvantagens nesta modalidade de ensino

e justifica que a perspectiva intercultural de uma LE é primordial para a

aprendizagem. Muitos teóricos já afirmaram que há possibilidades de não se obter

muito sucesso na aprendizagem de LI, enfatizando as questões culturais. esses e muitos autores acreditam que a relação entre língua e cultura não é tão forte e coeso quanto parece. Eles dizem, por exemplo, que em muitos países onde se ensina inglês como segunda língua e/ou língua estrangeira, a ênfase maior é dada ao seu propósito técnico, ao invés de seus aspectos culturais. (APPEL & MUYSKEN, 1987; HYDE, 1994; SCOVEL & SCOVEL, 1980 apud LIMA, 2009, p. 182).

Os conceitos dos autores citados acima podem apresentar verdades, mas

sabe-se que ao passo que se estuda uma língua, estuda-se também a cultura desta.

Portanto é importante considerar a ênfase no ensino de uma LE a partir dos

aspectos culturais. Uma vez que língua e cultura são fatores indissociáveis à

aprendizagem de línguas.

Nesta questão a professora da escola 1 se preocupou em sintetizar sua

resposta, apontando a Interculturalidade como um fator pluralizado presente em

vários ambientes do meio social, enquanto a pedagogia multicultural está atrelada

3) Há vantagens e desvantagens no processo de aprendizagem através do ensino de

cultura nas aulas de LI? Como você descreve?

4) Em sua opinião qual a relação que há entre Interculturalidade e uma

Pedagogia Multicultural?

Page 30: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

30

apenas ao contexto cultural escolar, o qual pretende desafiar novas visões e práticas

do dia-a-dia.

O professor da escola 2 considera o Multiculturalismo como a coexistência de

culturas globais, sem status de cultura soberana. E acredita que a Pedagogia

Multicultural tem a capacidade de reformular significativamente as práticas

pedagógicas e curriculares de LE. Isso porque reconhecer o Inglês em sua

diversidade é incluir nos materiais didáticos assuntos que dizem respeito à muitas

outras culturas e povos que falam a língua Inglesa, um desafio para quem pretende

trabalhar com fatores interculturais em sala, enfrentando a necessidade de driblar as

imposições das culturas Britânicas e Norte-Americana.

A relação entre estes dois termos foi apresentada por (KRAMSCH, 1998 apud

MOTA, 2005, p. 59), “na qual ‘intercultural’ refere-se ao encontro entre duas culturas

ou grupos étnicos diferentes, enquanto que ‘multicultural’ refere-se à coexistência de

grupos de identidades múltiplas em uma sociedade multicultural ou aos múltiplos

papéis sociais que um indivíduo assume em várias comunidades discursivas”.

Na escola 1 a professora mencionou uma variedade de técnicas que ela usa

para motivar os alunos a aceitar e conhecer os fatores culturais presentes nas

atividades de LI. O professor da escola 2 afirmou que “a relevância está justamente

na indissociabilidade dos termos: Cultura e Língua contidos na pergunta”. Ele afirma

que o fato do docente reconhecer esse vínculo entre língua e cultura torna esta um

elemento indispensável dentro do planejamento pedagógico, mas não de forma

rígida e sim de uma maneira descontraída.

Concordando com as respectivas respostas fornecidas pelos professores é

importante assemelhar estas com a ideia de Alvarez,

a exemplo do que vem acontecendo com os estudos desenvolvidos

em outras línguas, sobretudo a língua inglesa, no

ensino/aprendizagem de português LE/L2, também são expressivas

as contribuições de pesquisa e discussões que defendem novas

propostas de abordagens de ensino, planejamentos e materiais

didáticos cuja preocupação é o ensino da língua como cultura, ou

que adotam a interculturalidade como umas das dimensões

importantes na pedagogia de línguas (ALVAREZ 2007, p. 134).

5) Cultura e Língua são dois termos considerados indissociáveis, então como o ensino

de cultura na sala de LI pode ser relevante mesmo havendo outros métodos de

ensino?

Page 31: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

31

Na escola 1 a professora respondeu de forma sucinta a pergunta, e ela

explicou que a reconstrução identitária do sujeito-aprendiz de LI se estabelece

mediante a relação com o outro. A exposição da opinião do professor da escola 2

indica a falta de crença na reconstrução identitária do aprendiz de LI, uma vez que

ele afirma: “eu não sei se essa reconfiguração ou reconstrução identitária cultural

dos alunos se dá num ambiente precário de aprendizagem de línguas como o das

escolas públicas. Acredito que tais reconstruções identitárias se dão através de

práticas culturais como: (comer hambúrguer, frequentar academias) que se

globalizaram através da quebra de fronteiras no mundo moderno e pós-moderno”.

Na dimensão do ensino/aprendizagem de línguas, principalmente de LI, os

professores se deparam com situações extremamente difíceis de serem trabalhadas

quando se trata de questões identitárias, porém se o educador ponderar sobre o

assunto abordado provavelmente encontrará facilidade para lidar com estas

situações. Brun (2005, p. 83), afirma que “a aprendizagem de uma língua é,

indubitavelmente, uma experiência pessoal que deixará traços, uma vez que ela

convida para uma nova organização dos referentes psicoculturais da identidade”.

Entende-se então que o contexto de sala de aula de LE é por natureza um

espaço para possíveis reconstruções identitárias dos aprendizes línguas, uma vez

que, estes se expõem a uma nova identificação com o outro.

3.2 Análise dos Questionários dos Alunos

Neste quesito quase todos os alunos respondeu que Interculturalidade “é o

envolvimento de culturas diferentes e de outros países”. A partir destas respostas é

perceptível que os sujeitos envolvidos neste questionário estão cientes sobre o que

foi indagado, uma vez que o mundo intercultural se estabelece exatamente na

relação entre as diferentes culturas.

6) As identidades são múltiplas nos ambientes de aprendizagem de línguas, como o

processo de reconstrução identitária acontece nas aulas de LI?

1) O que você entende por Interculturalidade?

Page 32: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

32

Foi possível perceber a partir das respostas dos discentes a presença da

Interculturalidade no método abordado pelos professores em sala. Alguns alunos

afirmaram que, “há textos e pesquisas relacionados a diferentes tipos de culturas”

outros responderam que “durante as aulas os assuntos nos permitem ter um diálogo

intercultural, sendo que, este é mostrado através de filmes e atividades que

envolvem outras culturas, onde o lado cultural se expressa muito”. Através das

respostas concedidas pelos alunos percebe-se que, agindo desta forma, o professor

tende a alcançar seu objetivo nas aulas de LI e ajudar o aprendiz a ter sucesso na

aprendizagem de línguas.

A ação estimulante do professor nas práticas em sala de LI é determinante

para que o aluno tenha sucesso na aquisição da língua. Em todas as amostras as

respostas dos alunos foram afirmativas e alguns deram exemplos sobre as atitudes

dos professores, onde estes afirmaram que, “eles nos mostra como funciona a

cultural inglesa, o modo de vida do outro e trazem textos sobre culturas para serem

traduzidos em aula”.

O Multiculturalismo se preocupa basicamente em estabelecer a relação,

aceitação e respeito mútuo sobre o diferente. Nesta questão os alunos expuseram

suas ideias de forma superficial e responderam que o “Multiculturalismo é o

envolvimento de varias culturas junto, onde estas podem ter costumes semelhantes”.

O termo Multiculturalismo refere-se à diversidade cultural em um determinado

ambiente; é perceptível que através das respostas concedidas pela maioria dos

alunos há a falta de conhecimento sobre o assunto, mesmo entrando em destaque

uma das respostas coerentes à pergunta, onde um dos alunos respondeu que o

“Multiculturalismo é muitas culturas ligadas uma a outra”.

2) O método trabalhado pelo professor(a) em sala envolve Interculturalidade? Como este

método é aplicado?

3) Você é estimulado pelo professor(a) a participar do mundo Intercultural nas aulas de

Língua Inglesa?

4) O que você entende por Multiculturalismo?

Page 33: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

33

A Interculturalidade e o Multiculturalismo são termos diferentes, uma vez que

o Intercultural se preocupa em estabelecer as relações entre duas culturas ou povos,

e multiculturalismo está voltado para a tolerância e aceitação de múltiplas culturas

envolvidas entre si. Alguns alunos responderam que as ligações entre estas duas

modalidades de ensino podem ajudá-los na compreensão e no avanço do processo

de aprendizagem de LI. Outros afirmaram que “o interesse sobre certas culturas nos

faz interagir com o professor e traz resultados e benefícios para o professor e o

aluno”. A partir destas respostas percebe-se que há a possibilidade de abordar as

questões Interculturais atreladas à pedagogia multiculturalista em sala de LI, uma

vez que estas são capazes de tornar os aprendizes seres pensantes e críticos.

O processo de (re)construção identitária do aprendiz de LI se estabelece

frente à aprendizagem de línguas. Isto acontece também através do processo

Intercultural, uma vez que as relações estabelecidas com o outro são propicias à

uma nova identificação do sujeito. Todas as respostas desta questão foram

afirmativas, alguns alunos responderam que ao “obtermos conhecimentos sobre

coisas diferentes, isso pode nos ajudar na nossa identificação”.

Outros discentes corroboraram que as questões culturais podem ajudá-los

neste processo, onde eles afirmaram que, ao “colocar em prática as culturas de

outros lugares, tornam-se pessoas multiculturais”. As trocas de experiência a partir

de novas identificações podem ajudar no processo de reconstrução identitária do

aprendiz, observa-se então que não há apenas identidades únicas e sim múltiplas

identidades neste processo.

5) Em sua opinião a Interculturalidade atrelada a uma abordagem multiculturalista

possibilita resultados positivos na aprendizagem de Língua Inglesa?

6) Você acha que sua identidade pode passar por um processo de reconstrução enquanto

aprendiz? Como?

Page 34: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

34

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de aprendizagem de Inglês vem passando por transformações no

Brasil e no mundo globalizado, e nem todos os professores trabalham a

interculturalidade nas aulas. Por outro lado, se houver a intenção e necessidade dos

educadores usar este tipo de abordagem, a sugestão é que seja levado em

consideração o cuidado no uso desta modalidade de ensino, uma vez que esta

apresenta também suas complexidades.

O uso da Interculturalidade, ainda tão pouco conhecida no âmbito da

aprendizagem de línguas, vem sendo investigada para melhor favorecer os

professores de LI. Esta abordagem não acomete aversão sobre o uso das outras,

mas é verdadeiro afirmar que o enfoque Intercultural é indispensável no contexto

escolar, visto que este apresenta relevância condizente à realidade dos aprendizes.

Diante da pesquisa realizada e da análise das respostas cedidas pelos

professores e alunos, através dos questionários, e também com o resultado das

observações, foi possível notar a presença dos aspectos culturais nos ambientes

escolares visitados e citados neste trabalho. Portanto é importante considerar o

reconhecimento destes aspectos e inseri-los nos planos pedagógicos das aulas de

LI.

Por meio das opiniões expressas pelos sujeitos participantes nesta pesquisa,

foi importante destacar o sucesso de alguns objetivos alcançados, sendo estes: a

verificação e a importância da Interculturalidade em escolas públicas, a ilustração da

aprendizagem de Inglês com foco nas relações entre culturas e consideração do

valor da Pedagogia Multicultural e a diversidade cultural nos ambientes escolares. A

partir destes pressupostos foi importante considerar um possível desdobramento no

processo de aprendizagem de inglês. Isto não convém afirmar que os problemas

presentes nos ambientes escolares foram totalmente resolvidos, mas ficou evidente

que a Interculturalidade contribuiu para o avanço da aprendizagem.

Para melhor ajudar o aprendiz na compreensão da língua, percebe-se que o

trabalho baseado na perspectiva Intercultural também contribui para que os

docentes/pesquisadores encontrem maior facilidade em compreender as possíveis

relações que há no processo de (re)construção identitária do aprendiz, que também

envolve a aprendizagem de uma LE. Desse modo, é possível afirmar que este

processo também acontece dentro do mundo Intercultural.

Page 35: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

35

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, Maria Luisa Ortiz; SILVA, Kleber Aparecido da (Org.). Linguística Aplicada: Múltiplos Olhares. Brasília: Pontes, 2007. ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar/ Marli Eliza Dalmazo Afonso de André. Campinas, SP: Papirus, 1995. (Serie Prática Pedagógica) BARROS, Aidil Jesus Paes de.Um guia para a iniciação cientifica / Aidil Jesus Paes de Barros, Neide Aparecida de Souza Lehfeld. – São Paulo: McGraw-Hill, 1986. BRUN, Milena. (Re) Construção Identitária no Contexto da Aprendizagem de Línguas estrangeiras. Salvador. Egba, 2005. DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. S. (orgs). O Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006. FENNES, H.; HAPGOOD, K. Intercultural learning in the classroom: crossing borders. Londres: Cassel, 1997 GIROUX, H. Os professores como intelectuais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. GOMES DE MATOS, F. Línguas Estrangeiras, Interculturalidade e o Desenvolvimento da Consciência Humanizadora. Salvador. Egba, 2005. LIMA, Diógenes Candido de. (org.) Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: Conversas com Especialistas. São Paulo. Parábola, 2009. MCLAREN, P. Multiculturalismo revolucionário: pedagogia do dissenso para o novo milênio. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. MENDES, Edleise. Contextos brasileiros de Pesquisas Aplicada no âmbito da linguagem/ Salvador: Quarteto, 2009. MOITA LOPES, L. P. Oficina de Lingüística Aplicada: a natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de línguas. Campinas, Mercado de Letras, 1996.

MOREIRA, Antônio Marcos. Teorias da aprendizagem, Segunda Ed. São Paulo,

Moraes, 1995.

MOTA, Kátia Maria Santos. Incluindo as diferenças, regatando o coletivo- novas perspectivas multiculturais no ensino de línguas estrangeiras. Salvador: Egba, 2005.

Page 36: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

36

NORTON, B. Identity and language learning: gender, ethnicity and educational change. London: Pearson Education, 2000. VAN LIER, L. some features of a theory of practice. TESOL Journal, v. 4, n. I, Autumm 1994.

Page 37: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

37

Apêndice A

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS XIV

Questionário aplicado aos professores

1º O que você entende por Interculturalidade?

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2º De que forma a Interculturalidade é trabalhada nas aulas de Língua Inglesa?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3º Há vantagens e desvantagens no processo de aprendizagem através do ensino

de culturas nas aulas de LI? Como você descreve?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4º Em sua opinião qual a relação que há entre Interculturalidade e uma pedagogia

Multicultural?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Page 38: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

5º Cultura e Língua são dois termos considerados indissociáveis, então como o

ensino de cultura nas aulas de LI pode ser relevante mesmo havendo outros

métodos de ensino?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

6º As identidades são consideradas múltiplas nos ambientes de aprendizagens de

línguas, como o processo de reconstrução identitária acontece nas aulas de LI?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Page 39: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

39

Apêndice B

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS XIV

Questionário aplicado aos alunos

1º O que você entende sobre interculturalidade?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2º O método trabalhado pelo professor (a) em sala envolve a Interculturalidade?

Como esse método é aplicado?

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

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3º Você é estimulado pelo professor (a) a participar do mundo Intercultural nas aulas

de Língua Inglesa?

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4º O que você entende por Multiculturalismo?

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Page 40: Monografia de Wagner Simões de Oliveira

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5º Em sua opinião a Interculturalidade atrelada a uma abordagem multiculturalista

possibilita resultados positivos na aprendizagem de Língua Inglesa?

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6º Você acha que sua identidade pode passar por um processo de reconstrução

enquanto aprendiz? Como?

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