monografia apresentada ao centro de pesquisa...
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DARLI JUSTINA OSS EMER
DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE CRIADORANA EDUCAC;:AO INFANTIL ATRAVES DO DESENHO
Monografia apresentada ao Centro deP6s-Gradua~ao Pesquisa e Extensao,do Curso de Educa~ao Infantil eAlfabetiza~ao da Universidade Tuiutido Parana.Orientadora: Professora Olga MariaSilva Mattos
Dedico este trabalho as professoras da
Educa9ao Infantil do Colegio Nossa
Senhora das Neves que aceitaram 0
desafio de assum;r uma nova proposta.
"Uma crianya expressa os seus
pensamentos, sentimentos e interesses nos seus
desenhos e nas suas pinturas e mostra 0
conhecimento do seu meio nas suas express5es
criadora."
Lowenfeld, Viktor
III
Agrade90 a Con9re9a9ao das Irmas de
Sao Joao Batista e Santa Catarina de Sena -
Medeias pela oportunidade de aperfei90amento na
area da Educayao.
Meu especial agradecimento a Ir. Miriam
perc apoio e incentivo na realizac;ao deste trabalho.
IV
SUMARIO
RESUMO
1.INTRODU9A.O
2. ARTE E CONHECIMENTO NA EDUCA9A.O INFANTIL - 0
COTIDIANO
3. DESENHO E CONHECIMENTO NA EDUCA9A.O INFANTIL
3.1 - ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO GRAFICO SEGUNDO
KELLOGG
3.1.1 Rabiscos basicos
3.1.2 Pad roes de disposi~ao
3.1.3 Oiagramas emergentes
3.1.40iagramas
3.1.5 Combina~oes
3.1.6 Agregados
3.1.7 Mandala
3.2 - 0 DESENHO INFANTIL SEGUNDO G. H. LUQUET
3.2.1 0 realismo fortuito
3.2.2 0 realismo falhado
3.2.3 0 realismo intelectual
3.2.4 0 realismo visual
3.3 - L. S. VYGOTSKY
3.4 - ESTAGIOS DO DESENHO DA CRIAN<;:A DE ACORDO COM
RUDOLF ARHEIM
3.4.1 Rabiscos
3.4.2 Circulo primordial
3.4.3 Circulo primordial em duas dire90es
3.4.4 Linha como dire~ao
3.4.5 Vertical - Horizontal
3.4.6 Obliquidade
3.4.7 Fusao das Partes
v
VII
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4. SUGESTOES DE SITUA90ES DE APRENDIZAGEM 21
CONSIDERA90ES GERAIS 25
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 27
VI
RESUMO
Trabalhar enfatizando a arte na educa930 e levar a ser humane a sensibilizar-se e
desenvolver expressoes criativas frente ao mundo no qual esta inserido. Convem
refletir sobre a importancia da arte e do conhecimento na Educa~ao InfantH na busea
da compreensao do cotidiano. A crianc;a e urn ser em potencial e vern para a eseela
para desenvolve-Io. Eis 0 grande desafio neste trabalho: estimular a criatividade
atraves do desenho. Urge conscientizar as educadores sobre a importancia e
relevancia em desenvolver a capacidade criadora. Toda crianc;a pade desenhar. Ao
exercitar tal capacidade desenvolve a sensibilidade. estimula a imaginac;ao, adquire
e cultiva maior sensa artistico e estetico. Tudo isso e sin6nimo de diversao,
brincadeira, encantamento, superac;ao, ousadia, conhecimento. 0 educador atento
orienta, acompanha, estimula, sensibiliza, percebe e explora a realidade
proporcionando diferentes possibilidades de expressaolcriayao. Kellogg ressalta a
harmonia e equilibrio das estruturas do desenho da crianc;a apresentando as
seguintes etapas: rabiscos basicos, padroes de disposic;ao, diagramas emergentes,
diagramas, combinayoes, agregados e mandala. Luquet formula quatro fases do
desenho infantil, realismo fortuito, realismo falhado, realismo intelectual e realismo
visual. Vygotsky fala da imaginac;ao criadora. Arnheim distingue sete estagios no
desenvolvimento grafico da crianya: rabiscos, circulo primordial, circulo primordial
em duas dire90es, linha como dire9ao, vertical/horizontal, obliqOidade e fusao das
partes. Atividades como observac;:ao sen5ibilizadora, ge5tos, desenhos diversos,
pintura a dedo, manipulaC;:8o de sucatas, historias infantis, e outras, favorecem 0
desenvolvimento da imaginac;:ao criadora emergindo as capacidades expressivas
humanas.
VII
1. INTRODUr,;Ao
A arte esta presente no mundo, desde 0 aparecimento do ser humano.
Ela surgiu com as primeiras manifesta<;6es graficas, representadas nas cavernas.
Numa linguagem propria, a arte precisa ser desenvolvida pela sensibilidade e
capacidade de as pessoas analisarern, selecionarem, classificarem, identificarem,
generalizarem e sintetizarem tudo 0 que esta a sua volta.
A Arte-Educac;ao proporciona experiencias esteticas, visuais, tateis e
sonoras. Ela leva 0 aluno a sensibilizar-se e a desenvolver expressoes criativas,
fazendo com que ele perceba 0 mundo ao seu redor e 0 seu mundo interior, de uma
maneira mais intensa.
o desenvolvimento da capacidade artistica, na EduC8r;ao Infantil, e urn
trabalho que deve ser intensamente cultivado. Esse Irabalho ap6ia-se em tres
sistemas, relacionados entre si: 0 sistema motor, que desenvolve toda a
coordena980 motara do individua desde a simples abrir e fechar de olhos, caminhar,
ate a realiza980 de atividades mais complexas; a sistema que envolve as or98os dos
sentidos fazenda com que 0 individuo perceba 0 mundo, interna e externamente,
desenvolvendo a percep980 e a discrimina980 de formas e detalhes; e a sistema
transcendental que esla ligado ao sentimento e a emoty8o, por isso ele e de grande
importElncia para 0 ensino da Arte.
Ao mesmo tempo em que a linguagem verbal esta sendo desenvolvida na
crian9a, a linguagem visual tambem esta sendo adquirida, naturalmente. As Artes
Visuais tern por objetivo capacitar 0 individuo a Jer e a produzir imagens.
o trabalha de pesquisa desenvolvido visa conscientizar os educadores
sabre a importancia de desenvolver a sensibilidade, a criatividade da crian~. Para
tal desenvolvimento aponta 0 desenho como uma forma privilegiada.
Faz-se men980 a urna realidade que pode ser queslionada e de outro
lado encontra um referencial teorico que argumenta a importancia do Ensino da Arte-
Educac;ao.
Ao trabalhar com Arte urna das metas e que ela seja um fator de
integra980 entre as varias areas do saber. E miss80 do educador ensinar 0 saber
sabre 0 mundo conjugado com prazer, sensibilidade, criatividade.
Frente a tao importante missao, a pesquisa procurara compreender a
importancia do estimulo da capacidade criadora atraves do desenho visando
contribuir significativamente para 0 processo de desenvolvimento e aquisi9ao da
aprendizagem.
Para este fim buscar-se-a conscientizar educadores sobre a importancia
do despertar da criatividade, bern como fornecer sugestoes de algumas atividades
que poderao favorecer 0 despertar da criatividade desde a mais tenra idade.
A pesquisa pauta-s8 no metoda dedutivo 8 indutivo e utilizara pesquisas
bibliograficas, sugestoes de atividades pertinentes ao tema pesquisado atraves do
desenho.
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2. ARTE E CONHECIMENTO NA EDUCAc;:Ao INFANTIL - 0
COTIDIANO
A criatividade e urn fator de pouca relevancia entre os docentes, urna vez
que estes em sua grande maioria levarn para a sala de aula propostas de atividades
que naD despertam 0 potencial criativD da crian<;a.
Hi! muito pouco espa90 para 0 rabisco na Educa9ao Infantil. Esse espa90
e negado a criancya desde muito ceda, atraves da imposiC;80 de model os e de
atividades rnecanicas.
A arte na Educac;ao Infantil S8 confronta com a alfabetiz8C;80, com as
atividades preparat6rias baseadas em modelos ultrapassados de alfabetiz8c;ao. 0
conflito nao precisaria existir, pois a escrita pode ser entendida como meio de
expresseo - como arte.
Ao ensinar leitura e escrita a adulto ensina 0 seu conceito de leitura e
escrita - mesma sem perceber e mesma sem querer. Raras vezes 0 adulto escreve
como expressao, raras vezes como arte.
Na maior parte das vezes a adulto escreve textos de redac;ao
padronizada, quando nao da preferencia a urn texto impressa, que so falta assinar.
Ao ensinar, a professor reflete seu propria usa da escrita e a ensina a crianc;a. Ao
enfatizar a mecanica da escrita, a professor ensina uma visao mecanica da leitura e
escrita, que afasta a crian9a da literatura e da arte.
Essa realidade e enfatizada quando a professor utiliza continuamente
desenhos prontos, mimeagrafados para serem coloridos, e com a designayao de
exercicios de psicomoticidade, a que revela uma visao distorcida de
psicomoticidade.
Psicomotricidade e uma palavra formada por dais elementos: psique e
motricidade, indicando que a comportamento motor nao pode ser separado dos
outros aspectos da psique.
Colorir desenhas fe;tos pelo adulto e uma atividade mecanica, que nao
envalve inteligencia, a sensibilidade e a fantasia da crianc;a e que pode ser
considerado - quanta muito - um treino motor.
II
Treina motor e a especializ8C;2IO de urn movimento - claro que com
prejuizo de outros movimentos passiveis que nao sao treinados.
o que aconteee quando a crianc;a recebe urn desenho para colorir?
Muitas vezes ela despreza os contornos. Quando presta atenC;c30, acaba limitando
sua pesquisa grafica e dois ou tres tipas de tr8905 mais adequados para preencher
urn espa~o.
Os desenhos para colorir tambem sao utilizados como exercicios de
fix8r;ao de conceitos de tamanho, quantidade, posiyao, etc. Pede-s8 para a crianc;:a
colorir a figura grande ou pequena, 0 conjunto com mais elementos, a que esta
dentro ou fora, perlo ou longe, etc. Se a crian~a nao tern 0 conceito, ela nao pode
realizar a tarefa. S8 ela jil tern, 0 que vai aprender colorindo a desenho?
Nem sempre a crianC;8 S8 mantem nos limites do que foi pedido pelo
professor. Nao porque ela nao saiba ou seja distrafda, mas porque 0 fazer artfstico
tem uma dinamica que nao se restringe ao aspecto cognitiv~. E ao ser chamada a
atenc;ao sobre sua falha, a crianc;a vai se desestimulando e cada vez mais se
afastando da propria expressao pessoa!.
a desenho espontaneo e uma atividade que integra percepc;ao,
pensamento, sentimento e intuic;ao. Quando 0 professor pede que a crianc;a so leve
em conta 0 aspecto cognitiv~, ele esta, na verdade, pedindo para a crianya se des-
integrar.
Outro metodo semelhante aos desenhos para colorir sao os treinos de
coordena9aO motora em que a crian9a deve seguir linhas pontilhadas ou copiar
tra90s que sao utilizados na escrita cursiva. Esses exercicios costumam receber
nomes figurativos como "pulo da sardinha", "pulo do canguru", "onda do mar", etc.
Se, para tornar a atividade agradavel, se faz uma liga~o com a imagem,
porque nao utilizar como atividade para 0 desenvolvimento da coordena9ao motora,
pura e simplesmente, 0 desenho espontaneo?
Frente a realidade que vislumbramos emerge inquietac;aes, pois a crianya
e um ser em potencial. Ela vern para a escola para desenvolver esle potencial e nao
para aprisiona-lo.
Este e grande desafio com 0 qual 0 educador infantil se depara: a
importancia de estimular a criatividade atraves do desenho.
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Para que este desafio S8 descortine urge conscientizar os educadores
sabre 0 desenvolvimento da capacidade criadora, que na Educac;ao Infantil urn dos
caminhos pode ser atraves do desenho
Com um velho lapis e uma lolha de papel qualquer, as crian~s
desenham. Desenham com as dedos au com gravetos sabre a areia ..
Desenhar nao depende de nenhum software complicado, e urn ato
democraticopor excelimcia.Toda crian~ pode desenhar.As dileren~s, nao de
possibilidade, mas de qualidade e frequencia ao desenhar.
Nessa dinamica 0 educador podera ter oportunidades para questionar sua
pratica pedagogica, bern como aprimorar sua forma metodol6gica de trabalhar
desenvolvendo tambem sua criatividade junto as criany8s dentro e fora da sala de
aula.
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3. DESENHO E CONHECIMENTO NA EDUCAc;:Ao INFANTIL
Em diversas situa¢es do dia-a-dia, as pessoas estao cercadas par obras
de arte. Muitas vezes sem S8 darem conta disso. Urna volta pela cidade com olhos
atentos e suficiente para descobrir ande a arte pode estar escondida: a disposi9ao
de urna vitrine, as arranjos em urn jardim, a musica de urn violeiro, as apresentag6es
de dang8 de rua, as fachadas das casas, as imagens sao variadas e expressivas. 0
fenbmeno artistico apresenta-se na cullura popular, na erudita enos meiDs de
comunica98o. Quando 0 aluno entra em contata com manifestagoes artisticas, pode
desenvolver a pr6pria sensibilidade, estimular a imaginag8o, adquirir e Gultivar maior
sensa artistico e estatico. Alem disso suas capacidades sao ampliadas ao exercitar
diferentes sentidos do corpo como 0 tato, a vi sao, audic;ao aprimorando seus gestos
e linguagem.
Senso de estatica, sensibilidade e criatividade sao habilidades que se
aprende. Um dos lugares privilegiados para tal aprendizagem sao as aulas de Artes.
Varios autores como Kellogg, Sardelich. Campos, Lowenfeld, Brittain.
Martins, Bodem, Luquet, Vygotsky e outros embasam essa discussao ressaltando a
importancia do ensino da arte desde a mais tenra idade.
Os autores nos mostram que a arte possibilita 0 desenvolvimento integral
da pessoa, pOis assim como a ciemcia necessita de imaginayao para desencadear
processos inovadores, a arte anda de maos dadas com 0 conhecimento. Sendo
esse conhecimento sinonimo de diversao, brincadeira, encantamento, superayao,
ousadia ..
Atravas da valorizay8.o da vida, 0 ensino da arte, atraves da emoyao,
refiex8.o, inteligencia envolve 0 ser humano de tal forma a transformar 0 mundo
explorando-o, especulando-o, compreendendo-o e expressando-o de diferentes
formas.
Arte a sinonimo de conhecimento. 0 homem e um ser de consciencia que
tem capacidade simb6lica. Nao apenas adapta-se mas transforma, modifica,
constroi, ou seja, da sentido as suas ayoes planejando, pensando, agindo,
favorecendo a imaginay80 a fruiy8o. Assim expressa atravas do fazer artfstico os
seus sentimentos criando formas diferenciadas. Com estes pensamentos Maria
Emilia Sardelich fundamenta ao dizer que:
como proprio dos homens, e a capta atraves de sua sensibifidade, suas sensaq6es
mais sua viseo de mundo" (Revista CEAP, pag. 46, junha 1999)
Atraves da arte e passivel reconhecer diversos aspectos na vida do
artista, ela revela, OU seja, 0 ato de desenhar au pintar e carregado de significados,
tude 0 que a crianC;8 desenha diz respeito a experiencias anteriores; catalisa,
provocando reac;oes adversas, permitindo que suas emoc;:6es sejam concretizadas;
urn espelho que apresenta discretamente situac;:6es de inseguranc;:a ou seguranc;:a,
atraves do desenho e passivel perceber, identificar a emoc;ao; a arte provoca
estfmulos a imagina~o favorecendo 0 desenvolvimento intelectual, fisico, perceptual
e social da crianc;a em desenvolvimento; e tambem age como mecanisme de catarse
liberando conflitos, canalizando energias de forma prazerosa e criativa.
Fazer arte implica ter urn alhar observativo, implica a capacidade de
interrogagao. Tais aspectos ampliam os caminhos, descortinam capacidades e
habilidades que qualquer ser humano pode desenvolver se bem motivado.
Segundo nos diz Maria Luiza Campos ~a capacidade criadora tern inicio
quando a criam;a reage as experiencias sensoria is estabelecendo 0 cantato com 0
mundo. Essa e de fato a base essencial para a produqaa de formas artisticas."
(1996, pag. 53)
Esta autora vern reforc;ar a ideia de que a arte e expressao do
pensamento. Para a crianga a ato de desenhar, pintar esta carregado de
significados. Nesse sentido ao dar atividades e necessaria atentar para a forma de
encaminhamento dado pais ao inves de desenvolver autoconfianga, a capacidade de
expressao, a liberdade de ayao a educador podera projetar na crianga habitos de
dependencia, reforgando a inseguranga e possibilitando a rotina de repetig6es e nao
de criagoes. Atividades como ucopie a figuran, "preencha 0 pontilhado", poderao
reforgar situag6es de dependencia, mecanizagao e outras.
o educador deve estar atento para orientar e acompanhar a
desenvolvimento da criatividade do seu aluno estimulando-o, sensibilizando-o,
proporcionando-Ihe possibilidades diferentes de expressao, bern como a exploragao
e a percepyiia da realidade que ° cerca. Eo fundamental tam bern a fata de
estabelecer regras como por exemplo de higiene, organizagao que fazem parte de
um desenvolvimento harmonioso e integrado.
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Enquanto a crianr;:a trabalha, 0 professor dever estar atento as suas
manifestagoes, registrando-8s em seguida. 0 que interessa nao e 56 0 que a crianC;:8
desenha, mas como ela representa esses objetos.
Em 1970, Reda Kellogg publicou, nos EUA, Analise da alte infantil,
resultado do exame de aproximadamente urn milhaa de desenhos de criang8s entre
2 e 8 anos, de cerea de 30 paises, durante 20 anos.
Para Kellogg, a crianCY8 aprende a desenhar atraves de suas proprias
experiencias graficas, sem S8 importar muito com a realidade.
Contra ria mente a Lowenfeld e Brittain, para quem rabiscar e basicamente
uma atividade que produz prazer motor, Kellogg enfatiza as informac;oes visuais que
a crianCY8recebe de seus rabiscos.
Para Kellogg, os rabiscos naD sao uma mera prepara<;ao para a
fjgurativismo. Ela ressalta a harmonia e equilibria das estruturas nao-figurativas do
desenho da crianc;a pre-escolar e as caloca como materia-prima de toda arte.
Ressalta ainda a continuidade entre a arte da crian<;a e a arte do adulto e
lamenta a falta de considera<;a0 com a arte infanti!.
3.1 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO GRAFICO SEGUNDO
KELLOGG:
3.1.1 Rabiscos basicos: a crianc;a experimenta varios tipos de trac;os como a ponto
(ponto, virgula au linha muito curta), a linha vertical unitaria, a linha vertical multipla,
a linha em ziguezague au ondulada, a lac;ada, a layada multipla, a circulo com
circunferencia de linha multipla, a circulo com linha multipla sobreposta etc.
3.1.2 Padroes de disposi~ao: a crian<;a tambem explora varias posic;6es de seus
rabiscos na folha de papel: a cobertura total, central, metade vertical, metade
horizontal, metade diagonal, eixo diagonal, % da folha, etc.
3.1.3 Diagramas emergentes: pela proximidade dos trac;os, pel a sobreposiC;80 au
cruzamento de linhas, pela disposi\'iio na folha de papel au pela fechamento de uma
linha que volta ao seu ponto de origem, a crianc;a percebe estruturas que Rhoda
Kellogg denomina: diagramas emergentes.
3.1.4 Diagramas: A arte infantil pode ser analisada a partir de 6 diagramas. Cinco
deles sao figuras geometricas regulares: 0 ret1mgulo (inciuindo 0 quadrado), a oval
(incluindo 0 circulo), 0 triangulo, a cruz e 0 X. Ainda que as versoes infantis destas
cinco figuras carec;am de precisao geometrica, os diagramas sao trac;ados com
bastante clareza, freqOentemente com uma linha unica e ininterrupta. 0 sexto
diagrama, uma figura irregular serve para classificar uma grande diversidade de
estruturas lineares dellberadas que circulam uma superficie irregular.
Oiagramas, combinac;oes e agregados aparecem quase simultaneamente
no desenvolvirnento na arte infantil.
3.1.5 Combina~oes: As criant;as combinam os diagramas colocando-os lade a lado,
urn dentro do outro, sobrepostos, etc.
Kellogg chama os conjuntos de dois diagramas de combinagoes, algumas
combinac;oes sao habituais, enquanto oulras sao raras ou praticamente inexistentes.
Entre as preferidas esta a cruz e 0 X e qualquer urn deles unidos a um retangul0,
oval ou a uma forma irregular.
3.1.6 Agregados: Kellogg chama os conjuntos de tres 0 mais diagramas de
agregados, eles constituem 0 grosse da arte infantil entre 3 e 5 anos. As criant;as
nunca se cansam de faze-los. 0 que impede que os agregados se convertam numa
confusao de forma e 0 gosto infantil, inato pelo equilibrio e a regularidade.
3.1.7 Mandala: E uma palavra sanscrita que designa a circulo. Nas religi6es
orientais se aplica a varias estruturas hneares, especialmente a figuras geometricas
dispostas em estruturas coneentricas. 0 mesmo tipo de estrutura aparece
espontaneamente na arte infanti!. Com freqOemcia as mandalas feitas por crianc;as
sao combinac;oes formadas por um cfrculo ou urn quadrado divididos em quadrantes
por urna cruz ou urn X, ou entao agregados formadas por urn circulo ou quadrados
divididos em oitavos pela uniao da cruz e do X. Os circulos au quadrados
concentricos sao igualmente mandalas.
A crianc;a nao utiliza essas estruturas apenas ao desenhar, pintar ou
modelar. Mas tambem ao brinear com bloeos de madeira, ao juntar pec;as de jogas
de encaixe como pinos magicos, monta tudo, lego, etc.
Urn desenho formado por uma cruz, triangulos e uma forma irregular
talvez sejam muito simples para despertar 0 interesse dos adultos.
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Mas as estruturas como estas sao a materia prima de toda arte. Ate do
nascimento de cidade como a Plano Piloto de Brasilia que "nasceu do gesto primario
de quem assinafa urn lugar 0 dele toma posse: dais eixos cruzando-se em angulo
reto, 0 proprio sinal da cruz. Procurou-se depois a adapta,iio a topografla local, ao
escoamento natural das aguas, a me/hor orientac;ao, arqueando-se urn dos eixos a
fim de conte-Io no triiingulo eqOilatero que define a area urbanizada." (Lucio Costa,
1957)
Uma figura humana desenhada com retangulos, ovais e rabiscos tern
muito pOUCD a ver com a "realidade" - mas mostra a capacidade da crianya em criar
sua linguagem grafica a partir de suas proprias experiencias.
Afinal par que as crian98s desenham? Oesenham para aprender,
compreender a si mesmas e as eoisas que as rodeiam. Desenham sua experiencia
de vida. Desenham os objetos que conhecem, as pessoas que conhecem, os
personagens dos seus desejos. Oesenham os desenhos que viram desenhados e
aqueles que aprenderam a desenhar. Sao representac;6es graficas que denotam os
recursos de sua educac;ao e cultura.
Fim do mito da crianc;a que e pura espontaneidade e criatividade. Para
alem da ingenua visao da onipotencia inocente, surge 0 sujeito em constituic;ao que
para sobreviver, precisa aprender todas as regras da sociedade da qual faz parte.
Sobre estes aspectos veremos 0 que outros autores dizem a respeito do
desenho infantil.
3.20 DESENHO INFANTIL SEGUNDO G. -H. LUQUET
Luquet (1969) realizou urn amplo estudo tendo como objeto de analise
principal mente os desenhos de seus filhos, Simone e Jean. 0 Realismo e 0 termo
que " ...convem melhor para caraelerizar 0 desenho infanlil no seu conjunlo,3
Signifieando representac;ao do mundo vivenciado, 0 autor formula quatro fases do
desenho infantil, isl0 e, pressup6e que 0 que mobiliza 0 desenhar infantil e
principal mente a possibilidade de assimilar, compreender, brincar, com os fatos e
eoisas do mundo atraves do ato de configura-Io.
3.2.1 Realismo Fortuito: Trata-se do momenta em que a crian9a eome<;a a produzir
linha sobre uma superficie, sao movimentos da mao registrados pelo lapis ou outro
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tipo qualquer de agente. IS50 provoca na criancya a sensayao de possuir urn poder
criador que promove a sua auto 8stima e a incita a produzir novos desenhos.
3.2.2 0 Realismo Falhado: 0 desenho quer ser realista mas nao chega a se-Io. A
inten<;8o realista nesta fase aponta aspecto que interferem e dificultam: dificuldades
gn3fico motoras, fisieas, ps[quicas distanciam a inteng80 primeira da crianc;a do
resultado que ela realmente conquista no desenho em fung80 da ausencia de
controle do seu proprio gesto.
3.2.3 0 Realismo Intelectual: 0 desenho da crian98 tern caracteristicas marcantes,
conquista urn sentido sintetico permitindo a representayao coerente de figuras. Dois
recursos graficos: a transparemcia da forma e 0 rebatimento permitem a presenga
visual dos elementos considerados importantes pela crianc;a.
3.2.4 0 Realismo Visual: A ultima fase elabora por Luque!. E a conquista
progressiva da capacidade de representagBo plena de formas e figuras segundo a
percepC;Bo visual. A conquista definitiva do desenho ocorre quando na etapa de
pleno desenvolvimento do realismo visual , 0 adolescente torna-se capaz de
representar 0 mundo de acordo com a sua vontade.
Apresenta-se a seguir considera90es da obra de Vygotsky sobre as
etapasdo desenhoinfanti!.
3.3 L. S. VYGOTSKY
Vygotsky elabora seu pensamento teorico sobre a imaginac;ao criadora
indicando complexidades na relagao entre fantasia e realidade, relac;ao esta
necessaria a produc;ao criativa. Aponta a experiemcia anterior, a memoria, a
capacidade receptiva e associativa, 0 conhecimento de tecnicas e da tradic;ao
cultural como fatores fundamentais a criac;ao. Verifica-se ainda que fatores
emocionais de reac;ao ao meio sociocultural, a "inadaptac;ao", e os fatores
intelectuais, sao igualmente fundantes no ate criativo.
Nos primeiros anos de vida 0 desenvolvimento da imaginac;ao e
surpreendentemente maior e mais rapido que 0 desenvolvimento intelectual ou
racional.
"As crianqas podem imaginar muito menos eoisas que os aduftos, porem
creem mais nos frutos de suas fantasias e a contro/am menos, por isso a imaginaqao
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no sentido vulgar, corrente da palavra, au seja, alga inexistente, sonhado, e maior do
que no adul/o." (VYGOTSKY, 1982. pag.42)
A imagina9c3o infantil e simplesmente resultado de urn modo proprio,
subjetivo, de ver a realidade externa.
Sabre 0 desenvolvimento do desenho refere-S8 a momento antecedente
no qual aparecem riscos, garatujas, denominando-as como primeira elapa cnde as
crian98s desenham de memoria, 0 que sabem sabre as eoisas, e que Ihes paraee
mais importante.
Entre as 3 e as 7 anos de idade, a crian98 ao desenhar, enumera, realiza
relatos graficos, desenha a que Ihe parsee mais caracterfstico e permanente no
abjeta.
A partir dos 10, 11 anos, algumas crianr;:as ja sao capazes de representar
amplamente urn objeto. A grande maioria necessita de ajuda dos professores, dos
pais.
S6 a partir dos 13 anos sao capazes de trabalhar com princfpios de
perspectiva.
Ao chegar a idade da adolescencia, dos 10 anos a idade adulta,
altera~es pSicol6gicas e fisicas coincidem com a desaparecimento da imaginac;ao -
idade de transi9aa, ap6s as 15 anas alguns adolescentes mais datados voltam a
desenhar.
3.4 EsrAGIOS DO DESENHO DA CRIAN<;:A DE ACORDO COM
RUDOLF ARNHEIM
Rudolf Arnherim distingue sete est8gios no desenvolvimento grafico da
crianc;a relacionando-os as primeiras explorac;6es do espac;o que a crianc;a faz.
3.4.1 Rabiscos: constituem uma forma de atividade motora agradavel na qual a
crianC;8 exercita seus membros com 0 prazer de ter os trac;os visiveis produzidos
pela vigorosa ag80 que 0 brago faz de urn lado para 0 outro.
3.4.2 Circulo Primordial: A partir dos rabiscos emergem a primeira forma
organizada: 0 cfrculo primordial. "Ver a forma organizada emergir dos rabiscos das
crianc;as e assistir a um dos milagres da natureza" (ARNHEIM, 1980 Pag.164)
20
3.4.3 Circulo primordial em duas dire~oes: "AD nivel mais e/ementar dais circulos
concentricos podem ser usados para representar uma ore/ha com seu orifieio au
uma cabeqa com a roslo" (Idem, ibidem. pag. 167)
3.4.4 Linha como dire~ao: Estagio em que a crianC;:8 esta preocupada com a linha
como direC;:8o e como movimento.
3.4.5 Vertical - Horizontal: A crian,a explora com linhas a rela,ao vertical -
horizontal e a angulo reto. De acordo com a lei de diferenclacyao, a prime ira relacyao
entre direg6es a ser adquirido e a mais simples, a em angulo reto.
3.4.6 ObliqUidade: Introduz a diferenya vilal entre configura96es estaticas e
dinamicas. As rela,oes obliquas sao aplicadas gradual mente a tudo 0 que a crian,a
desenha. Elas ajudam a tornar sua representa<;Elo mais rica, mais verossimil e mais
espedfica.
3.4.7 Fusao das partes: Com 0 tempo a crianc;a comec;a a fundir vari8s unidades
par meia de urn contorno camum mais diferenciado. Com a fusaa das partes 0
contorno fica mais organico e as figuras comec;am a se movirnentar devida tambem
a obliqiJidade.
o desenvolvimento deve ser considerado como urna fase de urn processo
continuo onde subdivisao e fusao alternam-se dialeticamente.
Uma vez analisado as diversos auto res mencionados poderfamos dizer
que a criancya desenha em primeiro lugar para si propria. Sente-se importante sendo
capaz de construir figuras e formas, sendo capaz de tornar concreta um
pensamento. Pelo mesmo motivo comunica ao outro essa sua capacidade. Gosta de
ser admirada pela sua produg8o visual.
Oesenha as coisas que estao no seu pensamento: personagens, objetos.
Nomeia-os no desenho como as nomeia pel a palavra.
Frente ao exposto no primeiro e no segundo capitulo podemos agora
buscar alternativas concretas de como desenvolver a ensina da arte na EducaCY80
Infantil estirnulando a criatividade natural das crianCY8s e 0 que faremos no terceiro
capitulo.
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4. SUGESTOES DE SITUA!;OES DE APRENDIZAGENS
Estabelecendo uma reflexao aeerca da realidade sentida e de como
diferentes autores apontam a importancia do desenvolvimento da arte-educayao,
apresentaremos a seguir algumas possibilidades que estimulem a imaginac;ao
cultivando urn sensa artistico e estetico.
Eo imprescindivel valorizar a presenl'a da arle no dia-a-dia das pessoas,
portanto ao educador cabe estimular continuamente seus alunos fazendo referencia
as formas expressivas contidas nas obras de arte, na musica, danC;8 .
Educar 0 olhar da observ8C;8o sensibilizando a crianC;8 para as paisagens,
objetos ao seu redor, ambiente, pessoas.. propondo desenhos a partir das
observa<;oes realizadas e algo que gradativamente faz fruir a capacidade de
expressar a compreensao de mundo atraves do desenho.
Urna crianya pequena olha, cheira, toca, ouve, se move, experimenta,
sente, pensa ... expressa. Desenha com 0 corpo, canta com 0 corpo, sorr; com todo
o corpo. 0 corpo e ac;ao/pensamento. Esta atenta e aberta a experiencias e ao
mundo, sem medo de riscos, per isso arrisca-se ... vive intensamente.
as gestos as tentativas, os desenhos, as linhas mel6dicas, os
movimentos ritrnicos, corporais da crianc;a pequena perseguem ideias num jogo de
exercicios porque esta exercitando sua ayao/pensamento.
Nem sempre nos damos conta da variedade de rabiscos trayados pel a
crianga que sao gestos carregados de significados
A pintura a dedo oferecida para atividade com tintas tem urna qualidade
especial por atrair a crianya pela textura e pela cor. A crianya passa de um primeiro
interesse inicial, quando mexer com a tinta e mais importante do que deixar seu
registro no papel, para 0 espalhamento, trabalhando prazerosamente no cobrir a
folha, misturando cores, as vezes primeiro com um unico dedo, depois utilizando as
duas maDS. Variar cores, a temperatura da tinta e oferecer instrurnentos como
palitos, pentes, escovas podem incentivar explorayoes nao s6 tateis, mas tambem
visuais. Das varias experimentac;oes exercitadas, a crianya iniciara 0 estagio do
prop6sito, quando busca as marcas, e quando possibilitar a mudanya frequente de
suporte pode incentivar as formas e as cores mais limpidas. 0 ultimo estagio e 0
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pictorico, quando as formas sao representativas, pertencencto 80 segundo
movimento.
E necessaria desafiar a crian\A ampliando as possibilidades de pesquisa,
valorizando a explorac;ao gn3fica, plastica, tatH sensorial, sonora, corporal com
projetos propostos a partir da observa~ao atenta e sensivet da a~o das crian~as.
Sendo a arte a linguagem basica dos pequenos merece urn espac;o
especial que incentive a explorac;ao com as mais variadas formas de desenhos e
recursos, 0 que certamente nao sera obtido com desenhos mimeografados e
exercicios de prontidao.
Para cada emoc;ao, existe uma expressao. Quando estamos alegres,
trist85, com medo ou raiva, nosso rosto expressa essas emoc;6es par meio de
fisionomias diferentes. Assim e passivel proporcionar aos pequeninos 0
desenvolvimento da capacidade de observayao a identificar imagens vi sua is
desenvolvendo a percepc;ao e a consciencia do proprio corpo favorecendo a
expressao comunicada atraves da linguagem do desenho.
Com essa finalidade pode-se utilizar de uma historia infantil como Joao e
Maria, ou outras, mostrando ilustrac;oes do livro e fazendo com que eles
representem as expressoes que os personagens vao sentindo no decorrer da
historia. E importante distribuir os livros de historias as criangas para serem
manuseados. Assim criarao interesse pela leitura da imagem, direcionando-se rna is
tarde para a leitura da escrita.
o professor tem a missao de provocar na crianga a reflexao desde a mais
tenra idade. No caso da historia podera trabalhar com os alunos as expressoes
faciais: triste, alegre, medo, alfvio, susto, representando-as, se posslvel em frente a
urn espelho. Observando as tra90s fisionbmicos que surgem, dependendo das
diferentes expressoes que VaG sendo representadas, e comentando-as, au ainda
brincanda de imitac;:oes, caretas ..
Apos essa brincadeira e impartante pedir as crianc;:as que representem
graficamente 0 que vivenciaram at raves de desenhos e pintura, Para esse exercicio
deve-se proporcionar variedade de materia is, papeis variados, lapis, giz de cera,
tinta ... favorecenda a usa da criatividade.
Atraves da Arte a crianc;:a e envalvida na experiencia significativa de fazer
formas artisticas criadoramente, isso desenvalve recursos pessoais, habilidades, a
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desejo de explorar materiais e tecnicas desencadeando urn aprimoramenta da
percep~a, imagina~a, fruic;;aa. Gillo Oorfles refon;:a esse pensamento "foda a nossa
capacidade significativa, comunicativa e fruitiva e baseada em experiencias vividas -
por nos ou por outros antes de nos - , mas, de qualquer modo, feitas nossas".
Atividades significativas, esse e sem duvida 0 grande desafio. Varias
atividades poderaa proporcionar desenvalvimenta desde que contextualizadas.
Utilizar diversos tipos de materia is para proparcionar prazer na execuC;;8a de
trabalhos propondo atividades IDdicas, isso pode gerar uma aprendizagem
significativa.
Aproveitando 0 exemplo da historia citada anteriormente, pade se
enfatizar que as prodw;6es, desenhos sao marcas que vamos deixando ao longo de
nossa trajetoria, como pegadas ou impressao das maos. Recordar que os
personagens marcavam 0 caminho pereorrido, primeiro com pedrinhas e, depois
com migalhas de pao. Seu objetivo era encontrar 0 caminho de volta para casa. A
partir dessa situa~a a educadar podera direcionar a reflexao sabre como pademos
marcar urn caminho permitinda a participayao efetiva das crianc;:as compartilhando
suas ideias verbalmente. Ap6s as comentarios, mastrar que urna das maneiras ecom pegadas, que sao marcas corpora is; outra, e marcando arvores e arbustos pelo
caminha com 0 carimbo de nossas maos ou com marcas pessoais, criadas por nos,
como a desenho de algum objeto que seja significativo au as letras iniciais dos
nassas names. A partir dal e passivel trabalhar caminhando (com au sem calc;;ados)
ou desenhando na areia; apos a brincadeira pode-se propor a construC;;8o de urn
caminha em papel bubina com tinta, giz de cera. deixando que as ideias do
pequenino sejam expressas atraves de sua arte.
Ainda falando em marcas que sao comuns no dia-a-dia como marcas de
carras, de bancos, de lojas, que possivelmente podem ser mostradas em
transparencias au em cartazes com a ajuda dos alunas; pode tambem mastrar obras
de arte em que 0 artista deixa suas marcas registradas. Pode propar aos alunos que
a partir do que viram que eriem para si proprios marcas que relacionem-se com eles,
como urn brinquedo, urn animal de estimaC;;ao.. Essa marca devera ser assinada
como marca de seu trabalho.
Atraves do desenho e possivel registrar experifmcias vividas e perceber a
desenvolvimento do potencial que cada ser humano traz dentro de si.
Uma forma de proporcionar a interagao de varios recursos e metodologias
pedag6gicas e 0 trabalho a partir de projetos, atraves deles pode haver uma
desfragmentagao do saber.
Como exemplo podemos citar 0 ~desenho do som" Sabendo que 0 som emovimento, e onda, e vibrac;ao, e impulso e repouso. E gesto. Sem papel ou lapis
costumando registrar corporal mente os sons que ouvimos, au seja dando asas aimaginagao pode-se propor as criangas que fechem os olhos e ougam 0 que vai
soar, e entao escolham uma ou varias cores para desenhar 0 que ouviram - fazer 0
que a mao ficou com vontade
o desenvolvimento da imaginagao criadora, da expressao, da
sensibilidade e das capacidades esteticas das criangas poderao ocorrer no fazer
artistico, assim como no contato com a produc;8o de arte presente nos museus,
igrejas, livros, produ~6es, revistas, gibis, videos, CD-ROM, ateli"s de artistas e
artesaos regionais, feiras de objetos, espagos urbanos etc.
As atividades em artes envolvem os mais diferentes tipos de materiais e
indicam as criangas as possibilidades de transformagao, de re-utilizagao e de
construgao de novos elementos, formas, texturas, etc.
Explorar e manipular materiais, como lapis e pincais de diferentes texturas
e espessuras, brochas, carvao, carimbo, etc; de meios como tintas, agua, areia,
terra, argila, etc; e de variados suportes graficos, como jornal, papel, papelao,
parede, chao, caixas, madeira, etc, proporcionam vivencias significativas ao fazer
artistico da crianga.
Tambem os movimentos gestuais, 0 contato com colegas, e 0 cui dado
com materiais, trabalhos e objetos propiciam 0 emergir da capacidade criadora.
Criar desenhos a partir de seu proprio repertorio utilizando elementos
como ponto, linha, forma, cor, volume, espago, textura, etc, geram a utilizagao de
procedimentos necessarios para aprofundar as possibilidades e potencial ida des de
cada ser em desenvolvimento.
Algo que 0 educador infantil nao pode se esquecer e que 0 mais
importante para a crianga e "brincar". Portanto 0 comando para qualquer atividade e:Vamos brincar de ... desenhar ... escrever ..
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CONSIDERAC;:OES GERAIS
Ao iniciar 0 trabalho de pesquisa muitas surpresas foram emergindo.
Primeiro a consciencia de que uma longa caminhada estava por iniciar.
Deparamo-nos com urn desafio: a carencia do educador infantil em
conhecer os referenciais te6ricos, estando mUlto apegado a praticas pedag6gicas
que moldavam a crianya, reforyando a inseguranya e a dependemcia.
o trabalho de reflexao foj e continua sendo arduo. Estavamos habituados
com uma forma de trabalhar e a mudanya gerou inseguran9a, medo de nao dar
certo, mas em equipe foi possivel enfrentar 0 desafio.
A forma de desenvolver os conteudos, utilizando 0 desenho e outras
formas de expressao foram modificando as resultados da aprendizagem tanto das
crian9as quanto da equipe pedag6gica.
As vivencias com as diversas possibilidades de desenvolver conteudos,
interligando as areas do conhecimento, gerou e continua gerando maior interesse,
aguyou a sensibilidade, a criatividade.
Dessa forma fo; possivel perceber que a pesquisa contribuiu
significativamente com 0 trabalho dos professores no desenvolvimento de atividades
voltadas para a criatividade em sala de aula enos diversos espac;os fora dela. 0 fato
de ler, trocar ideias, falar da importancia do aspecto criatividade gerou envolvimento,
novas posturas e portanto veio corroborar com a pesquisa realizada enfaticamenrte.
Sabemos que tudo 0 que foi conquistado e apenas 0 inicio de urn
despertar. Os desafios em apr;morar 0 jeito de trabalhar com as crianc;as surgem
diariamente.
Algo tem feito parte do nosso cotidiano: a ousadia, 0 dar -se as maos, 0
acreditar no aprimoramento, no desenvolvimento integral do ser humano ..
A arte esta presente na vida, por meio del a e possivel desenvolver os
aspectos cognitivos, preceptivos, criativos, e expressivos nas linguagens corporais,
visuais-cibernetica, musicais e cenica atraves do lazer.
Assim a atuayao do educador desencadeia a curiosidade, 0 desejo de
fazer e faze-Io utilizando as recursos mais variados possiveis; propor atividades
novas (inovar), envolventes, prazerosas, repletas de significados, capazes de
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colaborar com 0 processo de humanizayao do ser humano sao situa90es esperados
do educador infanti!.
Par vivermos em urn mundo mutante, complexo, globalizado; 0 fator
criatividade emerge como uma necessidade para a pessoa humana enfrentar as
mais variados desafios que 0 cotidiano oferece, nesta perspectiva tal fator
(criatividade) deve ser desenvolvido, trabalhado com as crianyas nas diferentes
faixas etarias em que encontrarem.
Artes Visuais abrangem muitas formas de expressao ah~m do desenho.
Fica aqui 0 convite a pesquisar com maior afinco as Qutras formas de expressao, de
registro. E tambem 0 desejo de conhecer mais desta incrivel forma de manifestar 0
sentimenta, 0 conhecimento que e a arte atraves de desenhos.
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