carl g.jung o simbolismo da mandala

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Jung, Carl Gustav - O Simbolismo da Mandala

XII O SIMBOLISMO DA MANDALA[Publicado pcla primcira vcz cm: Gestaltungen des Unbewussten (Psychologischc Abhandlungcn VII) Raschcr, Zuriquc, 1950. As imagcns foram rcunidas originariamcntc por C.G. JUNG para urn Seminrio rcalizado cm Bcrlim, cm 1930. Novc delas (imagcns 1,6, 9,25, 26, 28, 36, 37 c 38) foram rcproduzidas como "excmplos dc mandalas europcias" cm: RICHARD WILHELM c C. G. JUNG, Osegredo daflorde ouro. Urn livro de vida chines. Dorn Vcrlag, Muniquc, 1929.]Tentarei a seguir representar uma categoria especial de simbolismo, 627 a da mandala, atravs de grande numero de imagens. J me manifestei vrias vezes acerca desse tema e finalmente descrevi e comentei minucio-samente essa espcie de simbolo que ocorreu no decorrer de um trata-mento individual, no meu livro Psicologia e alquimia, 1944. Repeti a tentativa na contribuio precedente deste volume; neste caso as manda-las no provm de sonhos, mas da imaginao ativa. Na presente exposi-o publico mandalas da mais variadaprovenincia, a fim de fornecer ao leitor, por um lado, uma impresso da espantosa riqueza de formas da fantasia individual e, por outro, possibilit-lo a fazer uma idia da ocor-rncia recorrente dos elementos bsicos.Em relao interpretao devo remeter o leitor literatura respecti- 628 va. Neste trabalho contentar-me-ei com aluses, pois uma explicao mais aprofundada, como mostra o exemplo da mandala descrita em Psicologia e religio ou as descries das investigates preliminares deste volume, levariam muito longe."Mandala", em snscrito, significa circulo. Este termo indiano de- 629 signa desenhos circulares rituais. No grande templo de Madura (sul da ndia) observei sendo feita uma imagem desse tipo. Uma mulher a dese-nhava no cho do mandapam (trio) com giz colorido. A mandala media trs metros de dimetro. Um pandit que me acompanhava explicou-me que nada podia informar a respeito. Somente as mulheres que traavam tais imagens o sabiam. A prpria desenhista recusou-se a comentar o que fazia. Obviamente no queria ser perturbada em seu trabalho. Mandalas elaboradas, executadas com argila vermelha, encontram-se tambm nas paredes externas caiadas de muitas cabanas. As mandalas melhores e mais signifcativas so encontradas no mbito do budismo tibetano . Como exemplo, pode servir a seguinte mandala tibetana , cujo conheci-mento devo a RICHARD WILHELM.1.V. Psicologia e alquimia [pargr. 122s.]

2.Do China-Institut cm Frankfurt.

1.Imagem 1

630Uma mandala deste tipo urn assim ch.ama.do yantra, de uso ritual,instrumento de contemplao. Ela ajuda a concentrao, diminuindo ocampo psiquico circular da viso, restringindo-o at o centra. Habitual-mente a mandala tern trs crculos, pintados de preto ou de azul escuro,os quais devem excluir o exterior e manter coeso o interior. Quase que re-gularmente a beirada externa de fogo, isto , do fogo da concupiscentia,do desejo, do qual provm os tormentos do inferno. Quase sempre so re-presentados na beirada mais externa os horrores do sepultamento. Em di-reo ao interior h uma coroa de folhas de lotus, que caracteriza o todocomo um padma, flor de ltus. Dentro h urn tipo de ptio de mosteirocom quatro porticos. Este significa o sagrado isolamento e concentrao.No interior deste ptio encontram-se em geral as quatro cores bsicasvermelho, verde, branco e amarelo, representado os quatro pontos carde-ais e ao mesmo tempo as funes psquicas, conforme mostra o BardoTdof tibetano. Segue-se o centro, usualmente, mais uma vez separadopor um crculo mgico, como objeto essencial ou meta da contemplao.

631Este centro tratado de diversas maneiras, de acordo com as exign-cias rituais ou o grau de iniciaao do contemplativo ou da orientao daseita. Em geral representa-se Shiva em suas emanaes criadoras domundo. Segundo a doutrina tntrica o uno existente, o atemporal emseu estado perfeito. A criao comea pois com Shiva no expandido,sob a forma de ponto - designado por Shiva-bindu - aparece no externoamplexo de seu lado feminino, isto , do feminino em geral, da Shakti.Ento ele sai do estado do ser-em-si para atingir o estado do ser-para-si,utilizando a linguagem HEGELiana.

632No simbolismo da ioga kundalini, Shakti representada como ser-pente que se enrosca trs vezes em torno do linga, isto , Shiva sob a forma do falo. Esta a representao da. possibilidade das manifestaes doespao. De Shakti procede Maya, o material de construo de todas ascoisas individuals desdobradas; assim sendo, ela a geradora do mundoconcreto. Este considerado uma iluso, um ser no-ser. Ela e no entan-to permanece guardada em Shiva. A criao comea pois com um ato deciso dos opostos que so unidos na deidade. Da tenso entre eles surgecomo uma gigantesca exploso de energia, a multiplicidade do mundo.

3. [Cf. JUNG, Psychologischer Kommentar zum Bardo Todol in: Dan tibetanischer To-tenbuch, pargr. 850.]A meta da contemplao dos processos representados na mandala 633 que o iogue perceba (interiormente) o deus, isto , pela contemplaao ele se reconhece a si mesmo como deus, retornando assim da iluso da exis-tncia individual totalidade universal do estado divino.Como j foi dito, mandala significa circulo. H muitas variaes do 634 tema aqui representado, mas todas se baseiam na quadratura do circulo. Seu tema bsico o pressentimento de um centro da personalidade, por assim dizer um lugar central no interior da alma, com o qual tudo se rela-ciona e que ordena todas as coisas, representando ao mesmo tempo uma fonte de energia. A energia do ponto central manifesta-se na compulso e impeto irresistiveis de tornar-se o que se , tal como todo organismo compelido a assumir aproximadamente a forma que lhe essencialmente prpria. Este centro no pensado como sendo o eu, mas se assim se pode dizer, como o si-mesmo. Embora o centro represente, por um lado, um ponto mais interior, a ele pertence tambm, por outro lado, uma peri-feria ou area circundante, que content tudo quanto pertence ao si-mesmo, isto , os pares de opostos que constituem o todo da personalidade. A isso, em primeiro lugar, pertence a conscincia, depois o assim chamado inconsciente pessoal, e finalmente um segmento de tamanho indefinido do consciente coletivo, cujos arqutipos so comuns a toda humanidade. Alguns deles esto includos permanente ou temporariamente no mbito da personalidade e adquirem, atravs desse contato, uma marca individual, como por exemplo - para mencionar algumas das figuras conheci-das - a sombra, o animus e a anima. O si-mesmo, apesar de ser simples, por um lado, , por outro, uma montagem extremamente complexa, uma conglomerate soul, para usar a expresso indiana.A literatura lamaica d prescries muito pormenorizadas sobre 635 como deve ser pintado um circulo desse tipo e como utiliz-lo. Forma e cores sao estabelecidas pela tradio, motivo pelo qual as variaes se movem dentro de limites relativamente estreitos. Na verdade, o uso ritual da mandala no budista; em todo caso ele desconhecido no budis-mo original do hinayana, aparecendo somente no budismo mahayana.A mandala apresentada aqui (imagem 1) descreve o estado de uma 636 pessoa transportada, a partir da contemplao, a um estado absolute por isso que nesta mandala faltam as representaes do inferno e dos hor-rores do lugar do sepultamento. O belemnite (pedra sagitiforme) dia-mantino, o dorje no centro, manifesta o estado perfeito da unio do mas-culino e do feminino. O mundo das iluses desapareceu defmitivamente. Todas as energias concentraram-se novamente no estado inicial.637Os quatro belemnites nos porticos do ptio interno parecem sugerirque a energia vital flui para dentro; desprendeu-se dos objetos e volta aocentra. Quando atingida a perfeita unio de todas as energias nos quatroaspectos da totalidade, cria-se urn estado esttico, que no est mais sujei-to a qualquer mudana. Na alquimia chinesa, este estado denominado"corpo de diamante"; ele corresponde ao corpus incorruptibile da alquimia medieval que idntico ao corpus glorificationis na acepo crist,isto , ao corpo incorruptivel da rssjarreio. Esta mandala mostra assima unio de todos os opostos, colocad entre yang e yin, entre cu e terra, oestado do eterno equilbrio e, conseqentemente, da duraao imutvel.

638Para os nossos propsitos psicolgicos mais modestos, temos queabandonar, porm, essa linguagem metafsica e colorida do Oriente. Oque a ioga busca com esse exercicio sem dvida uma transformaopsiquica do adepto. O eu expresso da existncia individual. Nesteexercicio ritual, o iogue troca seu eu por Shiva ou Buda; produz, portan-to, uma transposio muito significativa do centro psicolgico do eu pes-soal para o nao-eu impessoal, que agora experimentado como o verda-deiro "fundo do ser" da personal idade.

639Nesse contexto, quero mencionar uma concepo chinesa similar,isto , o sistema no qual se baseia o / Ching.

Imagem 2640No centro est o ch'ien, o cu do qual procedem as quatro emana-es, como foras celestes que se expandem no espao.ch'ien: energia autogeradora criativa, correspondente a Shivaheng: fora que permeia tudoyuen: fora geradorali: fora benficaching: fora inaltervel determinante641Em torno deste centro masculino de fora estende-se a terra comseus elementos configurados. a mesma idia da unio Shiva-Shakti naioga kundalini, mas que representada como espao da terra, recebendoem si a forca criativa do cu. Da unio de ch'ien (cu) com kun, o femini-no, surge a tetraktys que est base de todo ser (como em PITGORAS).

642O "mapa do rio" um dos fundamentos legendrios do / Ching, o Li-vro das Mutaes, o qual em sua presente forma data em parte do sec. XIIaC. Segundo a lenda, um drago trouxe do fundo de um rio os sinais m-

641gicos do "mapa do rio". Nestes, os sbios descobriram o desenho e den-tro dele as leis da ordem do mundo. A representao aqui mostrada se ca-racteriza, de acordo com a sua longa idade, por cordes com ns, signifi-cando nmeros. Tais nmeros tm o carter primitivo usual de qualida-des, principalmente masculinas e femininas. Todos os nomes impares sao masculinos; ao passo que os numeros pares so femininos.

Infelizmente desconheo se esta concepo primitiva da filosofia 643 chinesa influenciou ou no a formao das mandalas tntricas, muito mais recentes. Os paralelos porm saltam vista, de modo que o investi-gador europeu deve interrogar-se que concepo influenciou a outra: a chinesa proveio da indiana, ou esta proveio da chinesa? Um indiano a quem interroguei respondeu-me: "Naturalmente a chinesa surgiu da indiana". Mas no sabia determinar a antiguidade das concepes chine-sas. As raizes do / Ching remontam ao terceiro milnio antes de Cristo. Meu falecido amigo RICHARD WILHELM, eminente conhecedor da filosofia clssica chinesa, era da opiniao de que no haviaprovavelmente qualquer conexo direta entre ambas. Apesar da similaridade fundamental das idias simblicas, no necessrio haver uma influncia direta, uma vez que as idias, como a experincia mostra e como acredito ter de-monstrado, sempre surgem independentes umas das outras, de modo au-tctone, a partir de uma matriz anmica geral.Imagem 3Em contrapartida mandala lamaica, reproduzo a "roda do mundo" 644 tibetana que deve ser estritamente diferenciada da anterior. A roda uma representao do mundo. No centro, encontram-se os trs princpios: galo, serpente e porco, simbolizando a luxuria, a inveja e a inconscincia. Ela tern perto do centro seis raios e mais externamente doze raios. Baseia-se no sistema tridico. A roda sustentada pelo deus da morte, Yama. (Mais tarde encontraremos outros "sustentadores de escudo": imagens 34 e 47.) compreensivel que o mundo padecente da velhice, da doena e da morte se encontre nas garras do demnio da morte. O estado incompleto do ser significativamente expresso por um sistema tridico, ao passo que o estado completo (espiritual), o por um sistema tetrdico. A rela-o do ser incompleto com o completo corresponde portanto a uma pro-portio sesquitertia, isto , 3:4. Esta relao conhecida natradio alqu-mica ocidental como Axioma de Maria. No simbolismo onirico tambm desempenha um papel considervel .645Passemos agora s mandalas individuals, tais como so produzidasespontaneamente por pacientes e analisandos no decorrer da conscienti-zao do inconsciente. Ao contrrio das que acabamos de comentar, elas no se baseiam em qualquer tradio e modelo, na medida em que pare-cem representar criaes livres da fantasia que no entanto so determina-das por certos pressupostos arquetipicos, desconhecidos por parte de seus autores. Por isso os temas importantes em principio repetem-se tan-tas vezes que semelhanas evidentes aparecem em desenhos dos mais di-versos autores. Os quadros so feitos em geral por pessoas cultas, que no tinham conhecimento dos paralelos tnicos em questo. Conforme o estgio do processo teraputico, os quadros apresentam grandes varia-v es. No entanto, certos motivos correspondem a determinadas etapas importantes do processo. Sem entrar em pormenores da terapia, quero apenas dizer que se trata de uma nova ordenao da personalidade, de certo modo de uma nova centralizao. Por este motivo as mandalas aparecem de preferncia depois de estados de desorientao, pnico ou caos psiquico. Sua meta, pois, a de transformar a confuso numa ordem, sem que tal inteno seja sempre consciente. Em todo caso, as mandalas ex-pressam ordem, equilbrio e totalidade. Freqentemente os pacientes ressaltam o efeito benfico ou tranqilizador de uma tal imagem. Em geral, representaes e pensamentos religiosos, isto , numinosos ou entao idias filosficas se exprimem atravs das mandalas. Elas possuem qua-se sempre um carter intuitivo irracional e atuam de novo retroativamen-te sobre o inconsciente atravs de seu contedo simblico. Tern, por con-seguinte, em sentido figurado, um significado e efeito "mgicos", tal como os cones eclesisticos, cuja eficciajamais totalmente percebida pelos pacientes. Estes descobrem depois, mediante o efeito de seus pr-prios quadros, o que os icones podem significar. Os quadros no tm ef-ccia porque provm de sua prpria imaginao, mas porque os pacientes ficam impressionados com os motivos e simbolos inesperados os quais so produzidos por sua fantasia subjetiva, de acordo com certas leis, exprimindo uma idia e situao, as quais sua conscincia s apre-ende com muita dificuldade. Em muitas pessoas surge de uma mandala pela primeira vez a realidade do inconsciente coletivo como uma grande-za autnoma. Mas no quero estender-me muito sobre este assunto. Em4. Cf. acima [pargr. 252 dcstc volume].certos quadros podemos fazer finalmente a leitura da intensidade da im-presso ou da emoo.Anteciparei algumas observaes acerca dos elementos formais dos 646 simbolos da mandala antes de prosseguir. Trata-se principalmente de:1.Forma circular, esfrica ou oval.

2.A figura circular elaborada como flor (rosa, lotus, padma emsnscrito) ou como roda.

3.Um centra figurado pelo Sol, estrela, cruz, em geral de quatro,oito ou doze raios.

4.Os crculos, esferas e figuras cruciformes so freqentemente re-presentadas em rotao (sustica).

5.0 crculo representado por uma serpente enrolada circularmente (urboro) ou espiralada (ovo rfico) em torno do centro.6.A quadratura do circulo, como circulo dentro de um quadrado ouvice-versa.

7.Castelo, cidade, ptio (temenos) quadrado ou circular.

8.Olho (pupila e iris).

9.Ao lado das figuras tetrdicas (ou em multiplos de quatro) apa-recem tambm, mas muito mais raramente, formas tridicas ou pentago-nais. Estas ultimas devem ser consideradas como imagens da totalidade"perturbada", como veremos adiante.

Imagem 4A mandala foi feita por uma paciente de meia-idade, que tinha visto 647 este desenho (imagem 4) pela primeira vez em um sonho. A diferenca en-tre esta mandala e as orientals salta imediatamente vista. Ela essencial-mente mais pobre no tocante forma e idia, mas exprime a atitude individual da autora de forma incomparavelmente mais clara do que as imagens orientals, as quais se configuraram segundo uma tradio coletiva. O sonho em questo o seguinte: "Eu estava tentando decifrar uma amostra de um bordado dificil. Minha irm sabe comofaz-lo. Pergunto se ela de-bruara um leno. Ela responde: 'No, mas eu sei como sefaz'. Depots vejo o leno com o desenho pespontado, mas o trabalho ainda no estfeito. Devemos andarmuitas vezes em torno (a partir da periferia), at aproxi-mar-nos do quadrado central, ondepassamos a caminhar em circulos ".648A espiral com as cores tipicas: vermelho, verde, amarelo e azul. Pe-las indicaes da paciente, o quadrado central representa uma pedra quetem as quatro cores bsicas em suas facetas. A espiral no segmento interior a representao da serpente, a qual, como a kundalini, se enroscatrs vezes e meia em torno do centra.

649A prpria sonhadora no tinha a menor idia do que estava ocorren-do em seu ntimo, isto , o comeo de uma nova orientao; ela nem po-deria compreend-lo conscientemente. Alm disto, os paralelos com osimbolismo oriental lhe eram totalmente estranhos, de modo que esta in-fluncia devia ser totalmente descartada. A representao simblica nelasurgiu espontaneamente, no instante em que chegou a determinado pon-to de seu desenvolvimento.

650Infelizmente no possvel dizer de modo exato, neste contexto, emque circunstncias psquicas os quadros foram criados. Isto nos levariamuito longe. A inteno deste ensaio apenas a de dar um apanhado ge-ral acerca dos paralelos formais das mandalas individuais ou coletivas.Assim no podemos interpretar pormenorizadamente e de modo profun-do cada imagem particular. Seria necessrio para isso uma explanaovasta da situao analtica momentnea do paciente. Sempre que poss-vel iluminar o surgimento de um quadro atravs de uma aluso simples,como no caso presente, isso ser feito.

651No que diz respeito interpretao do quadro deve ser ressaltadoque a serpente primeiro disposta em ngulos e depois circularmente emtorno do centra significa a circumambulao em torno do meio e o cami-nho para ele. A serpente, enquanto ser ctnico e ao mesmo tempo espiri-tual, representa o inconsciente. ("Um bom homem em seu impulso obs-curo est por certo consciente do caminho correto"6.) A pedra no centra,presumivelmente um cubo, corresponde forma quaternria da lapisphilosophorum. As quatro cores pertencem tambm a este mbito7.V-se por a que a pedra representa neste caso o novo centro da persona-lidade, isto , o si-mesmo. No raro, este tambm representado pelovaso (alquimico).

5.O tcma 3 14 (o nmcro apocalptico dos tempos de calamidade, por ex. Apocalipse 11,9ell) refcre-sc aodilcma alquimico: 3 ou 4? oumclhor, kpropovtiosesquitertia (3:4). Sesquitcr-tius3+ 1/3.

6.[Fausto, Ia partc, Prlogo no cu.]

7.H um paralclo indiano muito intcrcssantc a cssa mandala: uma serpente branca, que scenroscou cm torno dc um centro dividido cm cruz e dc quatro cores. NEWCOM ANDREICHARD, Sandpaintings of the Navajo Shooting Chant, quadro XIII, p. 13 c 8 7. A obra con-tern um grandc nmero dc mandalas intcressantcs executadas cm cores.

5.Imagem 5

A autora uma mulher de meia-idade com predisposio para a es- 652 quizofrenia. Muitas vezes pintou mandalas espontaneamente, pois estas sempre tinham um efeito ordenador sobre os seus estados psquicos ca-ticos. A imagem representa uma rosa que equivale no Ocidente flor de lotus. Na ndia a flor de lotus (padtna) o colo feminino segundo a inter-pretao tntrica. Conhecemos este smbolo pelas inmeras representa-es de Buda (e de outros deuses indianos) na flor de lotus . Esta repre-sentao corresponde "flor de ouro" dos chineses, rosa dos rosacruzes e rosa mistica no Paradiso de DANTE. A rosa e a flor de ltus so em geral dispostas em quatro raios, o que indica a quadratura do circulo, isto , a unio dos opostos. 0 significado da rosa ou da flor como seio mater-no tambm no foi estranho aos misticos ocidentais; uma prece inspirada na Ladainha Lauretana diz:" coroa de rosas, teu florescer derrama nos homens o pranto da alegria. Sol de rosas, despertas o amor no humano corao. filho do Sol, filho da Rosa, Sol radioso.Flor da cruz, acima de todo florescer e ardor,desabrochas na pureza do seio da Rosa consagrada,Maria"9.Ao mesmo tempo, o tema do vaso (alqumico) um modo de expres- 653 sar o contedo, semelhana de Shakti que representa a realizao de Shiva. Como revela a alquimia, o si-mesmo um andrgino, constitudo de um principio masculino e um feminino. CONRADO DE WRZBURG fala de Maria, a flor no mar, que Cristo encerra em si. Em um antigo hino da Igreja lemos:Sob todos os cus ergue-se uma rosa sempre em plena lorao, sua luz brilha na Trindade. e Deus com el a se reveste .8.0 filho dc Hrus cgpcio tambcm c reprcscntado scntado sobrc a flor dc lotus.

9.[No pudc localizar csta fontc]

10.[No pudc localizar csta fonte.]Imagem 6654A rosa no centro representada como um rubi, cuja circunfernciafoi concebida como uma roda ou um muro circundante com porticos (afim de que o que est dentro no saia e nada de fora possa entrar). A man-dala um produto espontaneo da anlise de um homem. Baseia-se numsonho: O sonhador encontra-se em Liverpool com trs companheiros deviagem mais jovens . E noite e chove. O ar est enfumaado e cheio defuligem. Eles sobem do porto para a "cidade alta".O sonhador diz:"Est terrivelmente escuro e desagradvel, mal sepode suportar. Fala-mos sobre isso, e um dos metis companheiros conta que um de sens ami-gos, por estranho queparea, resolveu estabelecer-se aqui, o que nos es-panta. Conversando, chegamos a um tipo de jardimpblico 'quefica no centro da cidade. Oparque quadrado e em seu centro h um lago, ou melhor, uma grande lagoa; acabamos de chegar a ela, Algumas lanter-nas de rua mal iluminam a escurido de breu. Vejo, porm, na lagoa uma ilhota. H uma nica rvore no lugar, uma magnolia deflores averme-Ihadas, que miraculosamentese encontra sob uma eterna luz solar, Veri-fico que meus companheiros no vem esse milagre; comeo ento a compreender o homem que se estabeleceu neste lugar".655O sonhador diz: "Tentei pintar este sonho, mas, como de costume,saiu algo bem diferente. A magnolia tornou-se um tipo de rosa de vidro esua cor era de um rubi claro. Ela brilha como uma estrela de quatro raios.O quadrado representa o muro que cerca o parque e ao mesmo tempouma rua que circunda o parque quadrado. Neste comeam quatro ruasprincipais e de cada uma saem oito ruas secundrias, as quais se encon-tram num ponto central de brilho avermelhado, semelhana da toilede Paris. O conhecido mencionado no sonho mora em uma casa de esqui-na, numa dessas toiles". A mandala reune, pois, os temas clssicos: flor,estrela, crculo, praa cercada (temenos), planta de bairro de uma cidadecom uma cidadela. "O todo me parece uma janela que se abre para a eter-nidade", escreve o sonhador.11. Obscrvc-sc a insinuao dcstc nomc: Liverpool = Lcbcr-Tcich (lagoa do figado). Fi-gado c a sede da vida.Imagem 7Tema floral com uma cruz no centro. O quadrado tambm est dis- 656 posto a modo de uma flor. Os quatro rostos nos cantos representam os quatro pontos cardeais, os quais historicamente so muitas vezes repre-sentados como quatro deuses. Aqui eles tm um carter demoniaco. Isto pode ligar-se ao fato de a paciente ter nascido nas ndias Holandesas, onde mamou com o leite da ama nativa a demonologia da regio. Seus inumeros desenhos tinham um carter nitidamente oriental e assim a aju-daram a assimilar influncias que a principio nao se conciliavam com a mentalidade ocidental.Na imagem seguinte, da mesma autora, rostos semelhantes apare- 657 cem nas oito direes. O carter floral do conjunto oculta ao observador superficial o demoniaco que deve ser conjurado pela mandala. A paciente sentia que o efeito demoniaco provinha da influncia europia, com seu moralismo e racionalismo. Criada na ndia at os seis anos, conviveu mais tarde com europeus convencionais, o que teve um efeito devastador sobre a deiicadeza de flor de seu espirito oriental, causando-lhe um trauma psiquico persistente. No tratamento, seu mundo originrio emergiu novamente com esses desenhos e isso determinou sua cura animica.Imagem 8O tema floral vai se desdobrando e se impe ao tomar o espao das caretas. 658Imagem 9Esta ilustrao exprime um estado mais tardio. O cuidado minucioso 659 do desenho compete com a riqueza de cor e forma. Reconhece-se atravs deles no s a extraordinria concentrao da desenhista como tambm a vitria do "ornamento floral" do Oriente sobre o intelectualismo, racionalismo e moralismo demoniacos do Ocidente. Ao mesmo tempo tor-na-se visvel o novo centramento da personalidade.Imagem 10Neste desenho de outra paciente jovem vemos nos quatro pontos 660 cardeais cabeas bizarras, representando um pssaro, um carneiro, umaserpente e uma cabea antropomrfica de leo. Juntamente com as qua-tro cores com que so pintadas as quatro regies, so corporificados qua-tro principios. O interior vazio. Ele abriga o nada, expresso atravs de uma quatemidade. Isto concorda com a multiplicidade preponderante das mandalas individuais: em regra geral encontra-se no centro o tema do "rotundum", do redondo, que conhecemos na alquimia, ou a emanao qudrupla, ou a quadratura do circulo ou, mais raramente, a prpria forma humana em seu sentido geral, isto , como Anthropos. Encontramos esse tema tambm na alquimia ~. Os quatro animais lembram os queru-bins da viso de Ezequiel, bem como os simbolos dos quatro evangelis-tas e os quatro filhos de Hrus, os quais tambm podem ser representados de forma semelhante, isto , trs com cabeas de animais e urn com cabe-a humana. Os animais significam em geral as foras instintivas do in-consciente que se concentram numa unidade na mandala. Essa integra-o dos instintos constitui uma condio prvia da individuao.Imagem 11661Nesta mandala de uma paciente mais idosa v-se a flor no embaixo,mas no alto. A forma circular foi preservada dentro do quadrado atravs das linhas diretrizes do desenho, de modo que este deve ser visto como mandala apesar de sua singularidade. A planta representa o crescimento, isto , o desenvolvimento, semelhana do broto verde no chacra do dia-fragma do sistema kundalini tntrico, o qual significa Shiva. Ele representa o centro e o masculino, ao passo que o clice da flor representa o fe-minino, local da germinao e do nascimento . Assim Buda represen-tado como o deus em germinao, porquanto est sentado na flor de lotus. Ele o deus nascente, o mesmo simbolo de R como falco, a fnix que se eleva do ninho, Mitra na copa da rvore, ou o filho de Hrus dentro da flor de ltus. Todos eles so representaes do status nascendi no lu-gar germinativo do solo materno. Nos hinos medievais, Maria tambm louvada como clice de flor, sobre o qual desce Cristo como pssaro, nele repousando em aconchego. Psicologicamente, Cristo significa a unidade, a qual se revela atravs do corpo da Me de Deus, ou do corpo mistico da Igreja, como que envolto em ptalas de flor, manifestando-se assim na12.Cf. minhas cxplanacs in: Psicologia e religio.

13.Cf. WILHELM c JUNG, O segredo da flor de ouro.

12.realidade. Cristo, como idia, um smbolo do si-mesmo14. Tal como a planta representa o crescimento, a flor manifesta o desabrochar a partir de um centro.

Imagem 12Aqui os quatro raios que emanam do centro atravessam o quadro intei- 662 ro. Isto confere ao centro um carter dinmico. A estrutura de flor um multiplo de quatro. O quadro caracterstico da personalidade marcante da autora que possui um certo talento artistico. (A imagem 5 foi criada pela mesma pessoa.) Alm disso, ela especialmente dotada de um sentido mstico cristo que representa um grande papel em sua vida. Para ela era muito importante vivenciar o cenrio arquetpico dos smbolos cristos.Imagem 13Fotografia de um tapete feito por uma mulher de meia idade, em um 663 periodo de grande aflio interna e externa, maneira do tecido de Penelope. Trata-se de uma mdica que, num trabalho diligente, dirio, que du-rou meses, teceu este crculo mgico como contrapeso s dificuldades de sua vida. No era paciente minha, sendo portanto impossivel ter sofrido a minha influncia. O tapete contm uma flor de oito ptalas. Sua peculia-ridade ter verdadeiramente um "em cima" e um "embaixo". Em cima h luz, embaixo um relativo escuro. Dentro deste encontra-se uma esp-cie de escaravelho, representando um contedo inconsciente, compar-vel situao do Sol nascente como Khepri. Nao raro, o "em cima" e o "embaixo" encontram-se fora do crculo protetor e no dentro dele. Em casos semelhantes a mandala oferece proteao contra os opostos extre-mos, isto , toda a agudeza do conflito aindano reconhecida ou sentida como insuportvel. O circulo protetor guarda contra um possivel rompi-mento atravs da tenso entre os opostos.Imagem 14O desenho seguinte uma representao indiana do ponto-Shiva 664 (Shiva-bindu). Ele mostra a forca divina antes da criao, nos opostos14. Cf. Aion, cap. 5.ainda unidos. Deus repousa no ponto. A serpente em tomo significa a ex-panso, a me do vir-a-ser, a configurao do mundo das formas. Na ndia, este ponto tambm designado por Hiranyagarbha, o germe de ouro ou ovo dourado. Lemos no Sanatsugtiya: "A grande luz pura que radiante; a magniflcncia que os deuses verdadeiramente veneram, que faz o Sol brilhar mais intensamente - este ser eterno e divino percebido pelo fiel. Ela vista por um homem que fez votos supremos" .Imagem 15665Este quadro, feito por uma mulher de meia-idade, representa a qua-dratura do circulo. As plantas indicam novamente o que germina e cres-ce. No centro h um sol. Como mostra a serpente e o tema da rvore, tra-ta-se de uma representao do paraiso. Um paraleo deste a idia do den com os quatro rios do paraiso na gnose naassena. Para entender o significado funcional da serpente em relao mandala, veja os comen-trios anteriores neste volume .Imagem 16666A autora deste quadro uma mulher neurtica relativamente jovem.A representao da serpente algo incomum, na medida em que se en-contra no prprio centro, e sua cabea com ele coincide. Normalmente ela se encontra fora do circulo interior, ou pelo menos enrolada em torno do ponto central. H uma suspeita fundada de que no interior escuro no se esconda a unidade buscada, o si-mesmo, mas a natureza (velada) ct-nica feminina da paciente. Em um quadro posterior da mesma paciente, a mandala explode e a serpente vem para fora.Imagem 17667O quadro foi feito por uma jovem. Esta mandala "legtima" na me-dida em que a serpente est enrolada em torno do ponto central de quatro raios. Ela move-se para fora: trata-se do despertar da kundalini, isto , a15.Sacred Books of the East VIII, p. 186.

16.[Comcntrio s imagens 3, 4 e 5.]

15.natureza ctnica toraa-se ativa, o que tambm indicado pelas flechas que apontam para fora. Praticamente, isto significa uma conscientizao da natureza instintiva. A serpente personifica h muito tempo os gn-glios da coluna e da medula. Pontas dirigidas para fora podem significar o contrrio em outros casos, isto , a defesa externa do interior em perigo.

Imagem 18O quadro de uma paciente mais idosa. Contrariamente ao anterior, 668 este "introvertido". A serpente enrola-se em torno do centro de quatro raios com a cabea colocada no ponto central branco (= Shiva-bindu), de modo a parecer um halo. como se se tratasse de uma incubao do ponto central, isto , do tema da serpente guardt do tesouro. O centro fre-qentemene caracterizado como o "tesouro difcil de alcanar" .Imagem 19Mulher de meia idade. Os crculos concntricos exprimem "concen- 669 trao". Isto ainda sublinhado pelos peixes que circumambuam em re-lao ao centro. O nmero quatro tern o significado de concentrao "total". A direo para a esquerda mostra presumivelmente o movimento em direo ao inconsciente, portanto a "imerso" no mesmo.Imagem 20 um paralelo imagem 19, constituindo uma representao do 670 tema do peixe que pude ver no teto da luxuosa tenda do Maraj, em Benares (um esboo).Imagem 21O peixe ocupa aqui o lugar da serpente (peixe e serpente so ao mes- 671 mo tempo atributos simblicos de Cristo e do demnio!). No mar do in-17. Cf. Simbolos da transformao. Scgunda Parte, cap. 7.consciente ele gera um redemoinho em cujo centra deve surgir a prola. O movimento tambm sinistrogiro. Um hino do Rigveda diz:Coberto de trevas estava o mundo,Um oceano sem luz - perdido na noite;Ento o que na casca se ocultavaNasceu: o Uno mediante fora e tormento de paixo.Dele surgiu no incio o Amor: Germe - semente do saber...672A serpente personfca em geral o inconsciente, ao passo que o peixerepresenta um contedo do mesmo. Tais diferenas, embora sutis, devem ser levadas em conta na interpretao de uma mandala, pois os dois sim-bolos correspondem provavelmente a duas etapas diversas do desenvol-vimento: a serpente representaria um estado mais primitivo e instintivo do que o peixe, ao qual corresponde tambm historicamente uma autori-dade superior da serpente (smbolo ictlico!)Imagem 22673Neste quadro de uma jovem, o peixe produziu um centro diferencia-do, no qual aparecem me e filho diante de uma rvore estilizada da vida e do nascimento (paraiso). O peixe aqui se assemelha a um drago; pois um monstro da espcie de um Leviat, o qual originariamente era uma serpente como indicam os textos de Ras Shamra. O movimento aqui tambm sinistrogiro.Imagem 23674A bola de ouro corresponde ao germe de ouro (hiranyagarbha). Elaest em rotao e a kundalini que enrosca em torno duplica-se. Isto indica a conscientizao na medida em que um conteudo, ao emergir do inconsciente, em dado momento se decompe em duas metades idnticas, uma das quais consciente e a outra, inconsciente. A duplicao no opera-da pela conscincia, mas surge espontaneamente nos produtos do inconsciente. Outro indicio da conscientizao o movimento dextrogiro da rotao, expresso atravs de asas (tema da sustica). As estrelas carac-terizam o ponto central da estrutura csmica. A mandala que tern quatro18. DEUSSEN, Die Ceheimleltre des Veda, p. 3.raios comporta-se como um corpo celeste. O Shathapatha - Brhmana diz: "Ele olha para cima, em direo ao Sol, pois esta a meta final, o re-fugio seguro. Assim pois ele vai rumo meta final, a esse refugio: por este motivo ele olha para cima, em direo ao Sol. (16.) Ele olha para cima, com as palavras: 'Tu s auto-existente, o melhor raio de luz!' O sol realmente o melhor raio de luz, e por isso diz: 'Tu s auto-existente, o melhor raio de luz. s doador de luz: d-me luz!', assim falo eu, disse Yagnavalkya, 'pois para essa meta que o brmane deve tender, para ser iluminado por Brahma'. (17.) Ento ele se volta da esquerda para a direi-ta com as palavras 'Eu me movo, seguindo o percurso do Sol', tendo al-canado essa meta final, esse refgio seguro, ele se move agora, seguindo o percurso daqueie (Sol)" .Deste sol so mencionados sete raios. Um comentarista observa que 675 quatro apontam para os quatro pontos cardeais; um para cima, outro para baixo; e o stimo, "o melhor" deles aponta para dentro. ao mesmo tempo o disco do sol, chamado hiranyagarbha . Hiranyagarbha , segundo o comentrio de RAMANUJA aos Vedanta Stras (II, 4,17), o Eu Supremo, o "agregado coletivo de todas as almas individuais". Ele o corpo do Brahma supremo e representa a alma coletiva. Em relao idia do si-mesmo como um composto de muitos, compare-se "Cada um de ns no um, mas muitos", e "Todos os justos so um, aquele que obteve a palma" em ORGENES21.A autora uma mulher de setenta anos, com dons artsticos. O pro- 676 cesso de individuao desencadeado pelo tratamento, que esteve bloque-ado por muito tempo, mobilizou sua atividade criativa (o quadro 21 da mesma fonte), dando oportunidade ao surgimento de uma srie de qua-dros bem-sucedidos e de cores alegres, os quais exprimem eloqente-mente a intensidade da vivncia.19.[1,9,3,15s {Sacred Books of the East XII, p. 271 s): "He then looks up to the sun, for thatis the final goal, that the safe resort. To that final goal, to that resort he thereby goes: for this reasonhe looks up to the sun (16). He looks up, with the text... 'Self-existent art thou, the best ray oflight'! The sun is indeed the best ray of light, and therefore he says, 'Self-existent art thou, the bestray of light7. 'Light-bestowing art thou: give me light (varkas)'! 'so say 1', said Yagnavalkya, 'forat this indeed the Brahmana should strive, that he be brahmavarkasin' (iluminado por Brah-ma)...(17). He then turns (from left to right), with the text... 'I move along the course of the sun',having reached that final goal, that safe resort, he now moves along the course of that (sun)".

20.Op. cit.

21.["Unusquisquc nostrum non est unus, sed cst multi", c "Omncs justi unus est qui acci-pit palmam" {In libros regnonim homiliae, I, 47).]19.Imagem 24

677Trata-se da mesma autora. A contemplao, isto , a concentraorumo ao centra, praticada por ela mesma. Ela tomou o lugar do peixe eda serpente. Uma imagem ideal dela mesma disps-se em torno do ovoprecioso. As pernas sao flexiveis (sereia!). A psicologia de uma imagemcomo esta no estranha tradio da Igreja. O que no Oriente Shiva eShakti, no Ocidente corresponde a vir afemina circumdatus, isto , aoCristo e sua noiva Igreja; compare-se tambm o Matryana Brhma-na - Upanixade: "Ele (o si-mesmo) tambm o que aquece, o Sol, ocultopelo ovo dourado dos mil olhos, como um fogo por outro. Devemos me-ditar nele, procur-lo. Depois de despedir-se de todos os seres vivos, de-pois de ir para a floresta, renunciando a todos os objetos sensuais, o ho-mem poder perceber o si-mesmo em seu prprio corpo" .

678Aqui tambm sugerida uma radiao provinda do meio, que ultra-passa o circulo protetor e atinge o distante. Isto expressa a idia de umefeito distncia do estado introvertido da conscincia. Poder-se-ia en-tend-lo tambm como uma conexo inconsciente com o mundo.

Imagem 25679De outra paciente de meia-idade esta imagem. Ela representa vri-as fases do principio de individuao. Embaixo, encontra-se enroscada num emaranhado ctnico de raizes (= muldhra na ioga kundalini). No centra, ela estuda um livro, cultiva sua inteligncia multiplicando saber e conscincia. Em cima, ela recebe como "renata" a iluminaao sob a forma de uma esfera celeste, que amplia e liberta a personalidade e cuja forma redonda representa de novo a mandala, em seu aspecto "Reino de Deus"; a mandala de baixo, em forma de roda, de natureza ctnica. Trata-se de um confronto da totalidade natural e espiritual. A mandala in-comum devido sua estrutura de seis raios (seis picos de montanhas, seis pssaros, trs figuras humanas). Alm disso, ela se encontra nitidamente entre um alto e um baixo, que se repetem na prpria mandala. A esfera superior clara e desce para uma estrutura senria (de seis unidades), ou22. [Homcm ccrcado pcla mulher. - He (the Self) is also he who warms, the Sun, hidden by the thousand-eyed golden egg, as one fire by another. He is to be thought after, he is to be sought after. Having said farewell to all living beings, having gone to the forest, and having renounced all sensuous objects, let man perceive the Self from his own body.seja, ternria, sendo que j transps o cimo da roda. Segundo uma antiga tradio, o numero seis significa criao e devir, uma vez que representa uma coniunctio de dois e trs (2 X 3), (par e impar = feminino e masculi-no). FILO JUDEU chama o senarius (6) de "numems generationi aptissi-mus" (o nmero mais apropriado para a gerao23). Segundo uma concep-o antiga o nmero trs representa a superficie, o quarto, a altura, isto , a profundidade. O "quaternarius solidi naturam ostendit" (mostra a nature-za do slido), ao passo que os trs primeiros caracterizam ou produzem a intelligibilia incorprea. O nmero quatro aparece como pirmide de trs lados. O senrio (hexa) mostra que a mandala constituda de duas triades, sendo que a superior se completa na quaternidade, no estado da aequabili-tas e iustitia, como diz FILO. Embaixo nuvens escuras, ainda no inte-gradas, ameaam. Este quadro demonstra o fato freqiiente de que a per-sonalidade carente de ampliao, tanto para cima como para baixo.Imagens 26 e 27Estas mandalas so em parte atipicas. Ambas foram feitas pela mes- 680 ma pessoa, uma mulher ainda jovem. No centra, encontra-se, como no caso anterior, uma figura feminina, igualmente encerrada em uma esfera de vidro ou numa bolha transparente. Parece que um homunculus est em vias de surgir. (Compare-se com o homunculus na retorta, de Fausto, Se-gunda parte.) Em ambas as mandalas, alm do nmero quatro ou oito, h um centro de cinco raios. Existe portanto um dilema entre o quatro e o cinco. Cinco o nmero do homem natural, na medida em que ele con-siste de um tronco e cinco adendos. Por outro lado, o quatro significa uma totalidade refletida que descreve o homem ideal ("espirituar) e o formula como uma totalidade em oposio ao pentagonal que descreve o homem corpreo. E significativo que a sustica simboliza o homem "pensante"" , ao passo que a estrela de cinco pontas simboliza o homem material corpreo . O dilema de quatro e cinco corresponde ao dilema23.De opificio mundi, p. 2.

24.Op. cit., p. 79.

25.Ncstc caso c prcciso lcvar cm conta que a sustica dcstrogira ou sinistrogira. A sinis-trogira rcprcscntaria no Tibet, Bn, a rcligio da magia ncgra, cm oposio ao budismo.

26.O simboio da cstrcla prefcrido tanto pela Russia, como pcla America. A primeira cvcrmclha, a outra, branca. Sobrc o significado destas cores cf. Psicologia e alquimia [indice v.vcrbctc "cores"].

23.do homem cultural e natural. Era este o problema da paciente. 0 quadro 26 aponta para o dilemanos quatro grupos de estrelas: dois deles contm quatro estrelas e dois, cinco. Na orla mais externa das duas mandalas representado "o fogo do desejo". Na imagem 26 a orla externa constitu-da por algo que parece um tecido (pegando fogo). Em contraste caracte-ristico com a mandala "radiante", estas duas (em especial a imagem 27) "ardem". Trata-se do desejo flamejante, comparvel saudade do ho-munculo encerrado na retorta, em Fausto, Segunda parte, cuja cpsula de vidro se despedaa no trono de Galatia. Trata-se realmente de um desejo ertico, mas ao mesmo tempo de um amorfati, que arde a partir do mais intimo do si-mesmo, que quer dar forma ao destino e assim ajudar o si-mesmo a realizar-se. Tal como o homunculus em Fausto, a figura en-cerrada no interior quer "vir a ser".

681A prpria paciente sentiu o conflito, pois contou-me que no conse-guia tranqilizar-se depois de pintar o quadro. Tinha chegado metade de sua vida, isto , aos trinta e cinco anos, e estava em dvida se devia ter mais um filho. Decidiu t-lo. 0 destino porm no o permitiu, porque o desen-volvimento de sua personalidade tendia para outro fim, isto , para uma meta no biolgica, mas cultural. O conflito resolveu-se nesse sentido.Imagem 28682Trata-se do quadro de um homem de meia idade. No centro h umaestrela. O cu azul com nuvens douradas. Nos quatro pontos cardeais vemos figuras humanas: em cima, um velho em atitude contemplativa e embaixo Loki ou Hefesto, com cabelo ruivo chamejante, segurando um templo na mo. direita e esquerda h duas figuras femininas, uma es-cura e outra clara. So indicados desse modo quatro aspectos da personalidade, isto , quatro figuras arquetipicas que pertencem por assim dizer periferia do si-mesmo. As duas figuras femininas podem ser logo reco-nhecidas como os dois aspectos da anima. O velho corresponde ao arqu-tipo do sentido, ou seja, do esprito, e a figura ctnica escura no piano inferior, ao oposto do sbio, isto , ao elemento luciferino, mgico (e s ve-zes destrutivo). Na alquimia trata-se de Hermes Trismegisto versus Mer-crio como o "trickster" evasivo" . O primeiro circulo que cerca o cu contm estruturas vivas semelhantes a protozorios. As dezesseis esfe-27. V. capitulos 8 c 9 dcste volume, bcm como O espirito de Mercno.]ras de quatro cores no crculo contguo provm de um tema originrio de olhos e representam portanto a conscincia observadora e diferenciado-ra. Assim tambm os ornamentos que se abrem para dentro do circulo se-guinte significam aparentemente receptculos, cujo contedo despeja-do em direo ao centro . Os ornamentos no circulo mais externo abrem-se inversamente para fora, a fim de receber algo do exterior. No processo de individuao as projees originrias refluem para dentro, isto , so novamente integradas na personalidade. Em contraste com a imagem 25, o "em cima" e o "embaixo", bem como o "masculino" e o "feminino" aqui esto integrados, como no hermaphroditus alquimico.Imagem 29Aqui o centro tambm simbolizado por uma estrela. Esta represen- 683 tao muito freqente corresponde s fguras precedentes nas quais, o sol est no centro. O sol tambm uma estrela, um germe radioso no oceano do cu. O quadro mostra o aparecimento do si-mesmo como estrela, a partir do caos. A estrutura de quatro raios ressaltada pelas quatro cores. O significativo desta imagem que a estrutura do si-mesmo colocada29como uma ordem frente ao caos . O autor o mesmo do quadro 28 (re-produo em preto e branco).Imagem 30Esta mandala de uma paciente mais idosa est novamente cindida 684 em um "em cima" e um "embaixo"; em cima o cu, embaixo o mar, como indicado pelas linhas ondulantes douradas sobre um fiindo azul. Quatro asas circundam o centro para a esquerda, que apenas marcado por uma cor vermelho-aiaranjada. Os opostos tambm so integrados neste caso e so talvez a causa da rotao do centro.28.Uma idia semclhante encontra-sc na alquimia, isto , na assim chamada Ripley-Scrowle c suas variantcs (cf. Psicologia e alquimia, p. 524 fig. 257). Ncla os deuscs pianctriosmisturam suas qualidades ao banho do renascimento.

29.Sobre a psicologia da meditao oriental [pargr. 942].

28.Imagem 31

685Uma mandala atipica baseada no nmero dois (dade). Uma lua dou-rada e outra prateada orlam a mandala em cima e embaixo. O interior na parte superior urn cu azul e na inferior, algo parecido com um muro negro com ameias. Sobre ele, do lado direito e externo, pousa um pavo com a cauda em leque e do lado esquerdo h um ovo, talvez de pavo. Em vista do papel significativo desempenhado pelo pavo e seu ovo, tanto na alquimia quanto no gnosticismo, podemos esperar o milagre da cauda pavonis, isto , o aparecimento de "todas as cores", o desdobramento e conscientizao do todo, no momento em que tiver ruido o muro divis-rio e sombrio. (Compare-se com a imagem 32.) A paciente presumia que o ovo poderia romper-se, dele saindo algo de novo, talvez uma serpente. Na alquimia, o pavo sinnimo da fnix. Uma variante da lenda da F-nix diz que o pssaro Semenda queima-se a si mesmo, um verme se forma de suas cinzas e dele surge de novo o pssaro.Imagem 32686Esta imagem uma reproduo do Codex Alchemicus Rhenovacen-sis da Biblioteca Central de Zurique. O pavo substitui aqui o pssaro F-nix, o renascido das cinzas. Uma representao semelhante pode ser en-contrada num manuscrito do Museu Britnico, mas neste o pavo est encerrado num alambique de vidro, no vas hermeticum, como o homun-culus. O pavo um antigo simbolo do renascimento e da ressurreio, que encontramos com freqncia tambm nos sarcfagos cristos. No vaso proximo ao do pavo aparecem as cores da cauda pavonis como si-nal de que o processo de transformao se aproxima da meta. No proces-so alquimico a serpens mercurialis, o drago, transformar-se- na guia, no pavo, no ganso de Hermes ou na Fnix .Imagem 33687Esta imagem foi desenhada por um menino de sete anos cujospais eram problemticos. Ele havia feito uma srie de desenhos de circulos cercando comeles suacama. Ele os chamava seus "amados"30. V. dcpois Psicologia e alquimia [pargr. 334 c 407].e no dormia sem eles em torno. Isto indica que as imagens "mgicas" ti-nham para ele ainda o significado originrio e funcionavam como circu-los encantados protetores.Imagem 34Uma menina de onze anos, cujos pais estavam se divorciando, so- 688 freu, por algum tempo, grandes dificuldades e reviravoltas e desenhou muitas imagens que revelam claramente a estrutura da mandala. Aqui tambm trata-se de crculos mgicos cuja funo seria a de deter as dificuldades e adversidades do mundo exterior, impedindo-as de penetrar em seu espao psquico. Eles representarn uma espcie de autoproteo.Talvez de um modo semelhante ao kilkhor, a roda do mundo tibetana 689 (fig. 3), encontram-se de ambos os lados desta imagem algo parecido com chifres que, como sabemos, pertencem ao diabo ou a um de seus smbolos teriomrficos. A ele tambm pertencem os dois traos oblquos dos olhos, nariz e boca. Isto significa que atrs desta mandala o diabo est escondido. Quer sejam os "demnios" uma imagem da fora mgica escondida e portanto eliminada - o que parece ser o propsito da mandala - quer no caso de tratar-se da roda tibetana do mundo, este ultimo est aprisionado nas garras do demnio da morte. Nesta imagem os demni-os apenas espreitam pelas margens. O significado disto s se revelou a mim em um outro caso: uma paciente com dotes artisticos realizou uma tipica mandala tetrdica, que colou num pedao de papel grosso. Nas costas do papel desenhou um circulo cheio de desenhos de perverses sexuais. Este aspecto de sombra da mandala representava as tendncias desordenadas e em desagregao, o "caos" que se esconde atrs do si-mesmo e pode manifestar-se de modo perigoso, quando o processo de individuao se detm, ou quando o si-mesmo no se realiza, perma-necendo inconsciente. Este aspecto da psicologia foi representado pelos alquimistas atravs do seu mercurius duplex, o qual por um lado o Hermes mistagogo e psicopompo, e por outro lado o drago venenoso, o es-pirito do mal e o "trickster" (trapaceiro).Imagem 35Desenho da mesma menina. Em torno do sol h um circulo com o 690 tema dos olhos e o urboro. O motivo da polioftalmia ocorre muitas ve-zes em mandalas individuals. (Ver por exemplo os quadros 17 e 5 no ca-pitulo XI deste volume.) No Maitryana-Brhmana-Upanixade o ovo {hiranyagarbha = germe de ouro) descrito como se possusse "milha-res de olhos". Os olhos na mandala significam, por um lado, indubitavel-mente, a conscincia observadora e, por outro, podem ser atribuidos, em texto e imagens, figura mitica de um anthropos do qual procede o ver. Isto me parece indicar o fascinio que atravs de um olhar mgico chama a ateno da conscincia (cf. fig. 38 e 39).Imagem 36691Representao de uma cidade medieval, com muralhas e fossos degua, ornamentos e igrejas numa disposio de quatro raios. A cidade in-terna tambm cercada de muros e fossos, semelhante cidade imperial em Pequim. Toda a construo abre-se aqui em direo ao centra, repre-sentado por um castelo com teto de ouro. Este cercado tambm por um fosso de gua. O cho em torno do castelo coberto de ladrilhos pretos e brancos. Eles representam os opostos que assim se renem. Esta mandala foi feita por um homem de idade madura (cf. imagens 28 e 29). Tal imagem no estranha na simbologia crist. A Jerusalem celeste doApo-calipse de So Joao conhecida por todos. No mundo das idias indianas encontramos a cidade de Brahma no monte Meru, montanha do mundo. Podemos ler na Flor de ouro : "O livro do Castelo amarelo diz: 'No campo de uma polegada quadrada da casa de um p quadrado podemos ordenar a vida'. A casa de um p quadrado a face. Na face o campo da polegada quadrada o que poderia ser senao o corao celeste? No meio da polegada quadrada mora a gloria. Na sala purpura da cidade de jade mora o deus do vazio supremo e da vida". Os taoistas chamam este centra de "terra dos antepassados ou Castelo amarelo".Imagem 37692A imagem da mesma desenhista das imagens 11 e 30. Aqui o lugardo germe representado como um recm-nascido envolvido numa esfe-ra em rotao. As quatro "asas" tern as quatro cores bsicas. A criana31.[SacredBooks, XV, VI, 8, p. 311.]

32.Scgunda edio, p. 102.

31.corresponde ao hiranyagarbha e ao homunculus dos alquimistas. O mi-tologema desta "criana divina" baseia-se em idias deste tipo33.

Imagem 38Mandala em rotao, cuja autora a mesma paciente das imagens 21 693 e 23. notvel a estmtura quaternria das asas de ouro em confronto com a trade dos ces, correndo em torno do centro. Eles voltam a parte trasei-ra para este, indicando com isso que o centro para eles se encontra no in-consciente. A mandala contm - de modo incomum - um motivo tridi-co sinistrogiro, enquanto as asas se movem para a direita. Isto no de modo algum ocasional. Os ces representam a conscincia perseguindo o inconsciente mediante o faro e a intuio; as asas mostram o movimen-to do inconsciente em direo conscincia, de acordo com a situao da paciente naquele tempo. Era como se os ces estivessem fascinados pelo centro que no podiam ver. Eles parecem representar a fascinaao da mente consciente. A imagem incorpora a proporo sesquitertia (3:4).Imagem 39O mesmo motivo anterior, mas representado por lebres. Trata-se de 694 uma janela gtica na catedral de Paderborn. No h um centro reconheci-vel, se bem que a rotaao pressupe sua existncia.Imagem 40Quadro de uma paciente mais jovem. Ele representa igualmente a 695 proporo sesquitertia, e por isso aquele dilema com o qual comea o 77-meu de PLATO e o qual, como eu j disse, desempenha um papel consi-dervel na alquimia: o axioma de Maria. Remeto o leitor a respeito disto "Simbologia do Espirito " e especialmente ao meu comentrio, quando falo do "Timeu", em Tentativa de uma interpretaopsicolgica do dogma da Trindade (cf. tambm com o texto da imagem 3).33.Capitulo VI deste volume.

34.[pargr. 184.]

33.Imagem 41

696Esta imagem de uma paciente jovem com predisposio esquizi-de. O momento patolgico manifesta-se quando as "linhas quebradas" aparentemente cindem o centre As formas agudas, pontudas destas linhas quebradas significam impuisos maus, agressivos e destrutivos que poderiam impedir a desej ada sintese da personalidade. Parece porm que a estrutura regular que cerca a mandala estaria apta a restringir a aparente tendnciaperigosaparaadissociao interna. Este foi o caso, no decurso do tratamento e no desenvolvimento posterior da paciente.Imagem 42697Mandala neuroticamente perturbada. Foi desenhada por uma jovempaciente solteira num periodo de extrema perturbao: achava-se num dilema entre dois homens. A margem mais exteraa mostra quatro cores diferentes. O centra duplicado de um modo estranho; o sol aparece di-reita cercado de veias sangneas mveis, enquanto ao fundo num campo escuro, irrompe fogo atrs de uma estrela azul. Esta tern cinco raios e lembra o pentagrama simbolizando o homem: braos, pernas e cabea com o mesmo valor. A estrela de cinco pontas significa, como j vimos, o homem natural, terreno e inconsciente (cf. imagens 26 e 27). A cor da estrela azul e portanto fria. O sol que irrompe amarelo e vermelho, por-tanto cores quentes. O prprio sol (que aqui se assemelha a uma gema de ovo podre) significa em geral conscincia ou iluminao e compreenso. A respeito da mandala poderiamos dizer que pouco a pouco uma luz est despontando na paciente; ela estaria despertando de um estado at ento inconsciente que correspondia a uma existncia meramente biolgica e racional. (O racionalismo no garante de forma alguma uma conscincia superior, mas to-s unilateral!) O novo estado se caracteriza pelo vermelho do sentimento e pelo amarelo (ouro) da intuio. Trata-se por con-seguinte de um deslocamento do centro da personalidade para a regio mais quente do corao e do sentimento, e pela incuso da intuio surge a modo de um pressentimento uma apreenso irracional da totalidade.Imagem 43698Este quadro de uma mulher de meia-idade, a qual, sem ser neurti-ca, trabalhava no sentido de seu desenvolvimento espiritual, utilizando a"imaginao ativa" para este fim. Destas tentativas surgiu a representa-ao do nascimento de uma nova viso, ou conscincia (olho) das profun-dezas do inconsciente (mar). O olho tem aqui o significado do si-mesmo.Imagem 44Esta uma representao que se encontra num mosaico de piso ro- 699 mano, em Mokhnin (Tunisia), onde a fotografei. Trata-se de um expedi-ente apotropaico contra o mau olhado.Imagem 45Mandala dos ndios navajo. Eles confeccionam tais mandalas com 700 areia colorida, num trabalho demorado e difcil, para fms curativos. Trata-se de uma parte do ritual do chamado Canto da Montanha (Mountain Chant), o qual entoado para o doente. Em torno do centro estende-se num amplo arco o corpo da deusa do arco-iris. A cabea quadrada carac-teriza a divindade feminina, e a redonda, a masculina. A disposio dos quatro pares de deuses nos braos da cruz sugere uma sustica dextrogi-ra. A este movimento correspondem tambm as quatro divindades mas-culinas que fecham a sustica.Imagem 46Esta imagem representa outra pintura em areia dos navajos. Ela per- 701 tence cerimnia do Male Shooting Chant . Os quatro pontos cardeais so representados por quatro cabeas com chifres, nas quatro cores cor-respondentes aos pontos cardeais.Imagem 47Ofereo aqui, a titulo de comparao, uma representao da me do 702 cu dos egipcios, que, tal como a deusa do arco-iris, se inclina sobre a35. [Canto de caa dos homens.] Agradeo os dois desenhos a Mrs. MARGARET SCHEVILL. A imagem 45 c uma variante da pintura em areia publicada in: Psicologia e alqui-mia [Tig. 110, p. 234]."terra" com o horizonte circular. Por trs da mandala encontra-se (presu-mivelmente) o deus do ar, parecido com o demnio (imagens 3 e 34). Embaixo, os braos em adorao do Ka com o tema do olho, seguram a mandala que poderia significar a totalidade da "terra" .Imagem 48703Esta imagem provm de urn manuscrito de HILDEGARD VONBINGEN. Representa a terra cercada pelo oceano, pelo reino do ar e pelocu estrelado. No centro, a esfera terrestre propriamente dita divididaem quatro paries37.

704JACOB BHME apresentou uma mandala em seu livro ViertzigFragen von der Seele (quadro 3 no capitulo precedente deste volume). Ocrculo contm um semicirculo claro e outro escuro que se do as costas.Representam opostos no unificados. Por este motivo o corao que seencontra entre ambos deve unific-los. Esta representao incomum,mas expressa adequadamente o conflito moral insolvel na viso crist."A alma um olho / no abismo eterno: uma metfora da eternidade: umafigura perfeita e retrato do primeiro Principio, e como Deus Pai de acordocom sua pessoa (se assemelha) eterna Natureza. Sua essncia e subs-tncia (onde est puro em si mesmo) em primeiro lugar a roda da natureza - com as quatro primeiras formas". Em outro texto do mesmo trata-do, BHME diz: "A natureza das almas com sua imagem / est na terra /em uma bela flor". Ou: a alma "um olho de fogo", "que provm do eterno centro da natureza", uma "metfora do primeiro Principio". Comoolho ela "recebe a luz / do mesmo modo que a Lua a (recebe) do brilho doSol,... pois a vida da alma origina-se no fogo". Em outra passagem: "Aalma assemelha-se a uma esfera de fogo / ou a um olho de fogo" .

Imagem 49 e 50705A imagem 49 particularmente interessante, na medida em que nelase reconhece com nitidez em que relao se encontra com seu autor. A36.0 desenho veio s minhas mos do British Museum, Londres. O rclcvo do mesmo pa-rccc encontrar-sc cm Nova Iorquc.37.Lucca, Biblioteca governativa. Cod. 1942, fol. 37.

38.[(Das umbgewandte Augc), O olho voltado para trs, p. 161s.]

37.desenhista (a mesma da imagem 42) tern um problema com a sombra. A figura feminina no quadro representa sua sombra, seu lado escuro ctni-co. Encontra-se diante de uma roda de quatro raios, formando com a mesma uma mandala de oito raios. De sua cabea saem quatro serpen-tes , as quais expressam a natureza tetrdica da conscincia; fazem-no porm - concordando com o carter demonaco do quadro - num sentido mau e nefasto, na medida em que representam pensamentos maus e des-trutivos. A figura inteira est envolta em chamas, que emitem uma luz ofuscante. Ela uma espcie de demnio do fogo, la salamandre, a idia medieval de um elfo do fogo. O fogo expressa um intenso processo de transformao. Por isso a matria-prima a ser transformada na alquimia representada por uma salamandra no fogo, tal como mostra a imagem 50 . A ponta da espada ou da flecha exprime "direo" em sentido figu-rado. Ela aponta para cima, a partir do meio da cabea. Tudo o que o fogo consome ascende ao trono dos deuses. O drago arde no fogo, volatili-zado. Do tonnento do fogo gera-se a uminao. O quadro deixa entre-ver algo do desenrolar no pano de fundo do processo de transformao. Descreve obviamente um estado de tonnento, o qual lembra por um lado a Crucifixo e, por outro, Ixion preso na roda. V-se ento com clareza que a individuao, isto , a realizaao da totalidade no nem 'summum bonum', nem 'summum desideratum', mas o processo doloroso daunifi-cao dos opostos. Este o significado da cruz no circulo. Por este moti-vo, a cruz tem um efeito apotropaico, pois quando apresentada ao malf-co, mostra-lhe que j est includa e por isso perdeu seu efeito destrutivo.

Imagem 51A partir de uma problemtica semelhante uma paciente de dezesseis 706 anos fez este quadro: um demnio de fogo subiu atravs da noite at uma estrela, onde atado a uma situao catica passou para um estado firme e ordenado. A estrela sugere a totalidade transcendente. O demnio corres-ponde ao animus o qual, como a anima, estabelece uma relaao entre o consciente e o inconsciente. A imagem evoca um simbolismo antigo, por exemplo o de PLUTARCO : para este a alma est s parcialmente no cor-39.Cf. as quatro scrpcntes na mctadc ctnica (sombria) da mandala na imagem 9 no artigoque preccdeu cstc volume.

40.Fig. Xextraida das figures dcLAMBSPRINCKde \611noMusaeumhermeticum [p. 361].

41.De genio Socratis, cap. XXII {berden Damon des Sob-ates, p. 195].

39.po, por outra parte, paira sobre o humano como uma estrela, que simboli-za seu genius. Encontramos a mesma concepo entre os alquimistas.

lmagem 52707Esta imagem da mesma paciente que fez a imagem 51. Ela repre-senta chamas atravs das quais uma alma sobe, flutuando. O mesmo mo-tivo - e com o mesmo significado - se encontra no Codex Alchemicus Rhenovacensis (sculo XV) na Biblioteca Central de Zurique (imagem 54). As almas da matria-prima calcinada no fogo escapam (como vapo-res) sob a forma de criancas (homunculi). No fogo encontra-se o drago ao transformar-se, sob a forma ctnica da anima mundi.Imagens 53 e 54708Devo observar neste ponto que nem a paciente tinha qualquer conhe-cimento da alquimia, e nem eu mesmo conhecia nessa poca o material imagistico alquimico. A semelhana entre estas duas imagens, por not-veis que sejam, nada tern de extraordinrio, uma vez que o grande pro-blema no que concerne alquimia flosfica o mesmo que subjaz psicologia do inconsciente, isto , o da individuao, a integrao do si-mesmo. Causas semelhantes tern efeitos semelhantes, e as situaces psicolgicas semelhantes servem-se do mesmo simbolismo, o qual por sua vez est a seu lado nos fundamentos arquetipicos, como j indiquei no caso da alquimia.Concluso709Espero ter conseguido dar ao leitor alguma idia do simbolismo damandala, atravs destas imagens. Naturalmente no pretendia dar com essas explicaes mais do que uma orientao acerca do material empiri-co, que est abase destas investigaes. Apresentei alguns paralelos que podem indicar o caminho para outras comparaes histrico-tnicas, mas renunciei a uma exposio mais completa e pormenorizada neste contexto, porque isso me levaria longe demais.O significado funcional das mandalas dispensa muitas palavras. J 710 tratei vrias vezes desse tema. Alm disso possvel intuir com urn pou-co de sensibilidade o sentido mais profundo que o autor tenta expressar atravs dessas imagens, muitas vezes pintadas com o maior amor, embo-ra com mos desajeitadas. Trata-se deyantras no sentido indiano, isto , de instruments de meditao para mergulhar em si mesmo, de concen-trao e realizao da experincia interior, tal como expus no Coment-rio Flor de Ouro. Ao mesmo tempo, as yantras servem ao estabeleci-mento da ordem interior, encontrando-se por isso freqiientemente em series de imagens; aparecem logo depois de estados caticos, desordena-dos, conflitivos ligados ao medo. Expressam por conseguinte a idia do refugio seguro, da reconciliao interior e da totalidade.Poderia mostrar um numero muito maior de imagens, das mais di- 711 versas regies do mundo e o que surpreenderia seria ver como esses sim-bolos partem do mesmo fundamento bsico j observado nas mandalas individuais. Em vista do fato de que em todos os casos aqui demonstra-dos h novos fenmenos independentes de qualquer influncia, somos obrigados a constatar que, alm da conscincia, deve existir uma disposi-o inconsciente universalmente disseminada, uma disposio capaz de produzir em todos os tempos e lugares os mesmos simbolos, ou pelo me-nos, muito semelhantes entre si. Uma vez que essa disposio em geral inconsciente para o individuo, eu a designei inconsciente coletivo, postu-lando como o fundamento dos produtos simblicos do mesmo a existn-cia de imagens originrias: os arqutipos. No necessrio acrescentar que a identidade dos contedos inconscientes individuais se expressa atravs dos contedos dos paralelos tnicos, no s na configurao ima-gstica, como tambm no sentido.O conhecimento da origem comum do simbolismo inconsciente- 712 mente pr-formado se havia perdido por completo para ns. Para traz-lo de volta luz do dia devemos ler antigos textos e investigar culturas arcai-cas, a fm de poder compreender aquilo que os nossos pacientes nos tra-zem hoje para o esclarecimento de sua evoluo psquica. Penetrando mais profundamente nas camadas interiores da alma, deparamos com es-tratos histricos que no constituent letra morta, mas continuam vivos e atuantes em todo ser humano; ultrapassam nossa possibilidade de apre-enso, no estado atual de nossos conhecimentos.

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IMAGEM 54Texto publicado em portugus na obra de Carl Gustav Jung Os Arqutipos e o Inconsciente Coletivo. - Petrpolis: Vozes, 2000. Pginas 347-381