mono vania beatriz v oliveira univap final 31 out

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UNIVERSIDADE DO VALE DA PARAÍBA    UNIVAP PRÓ-REITORIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E CONTINUADA Curso de Pós-Graduação  Lato Sens u em Jornalismo Científico VÂNIA BEATRIZ VASCONCELOS DE OLIVEIRA POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA FLORESTAL POR MEIO DE SPOTS RADIOFÔNICOS: DIÁLOGO E DISCURSO São José dos Campos, SP 2011

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Monografia de conclusão de curso de especialização em Jornalismo Cientifico pela UNIVAP.

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UNIVERSIDADE DO VALE DA PARAÍBA  – UNIVAPPRÓ-REITORIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E CONTINUADA

Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo Científico

VÂNIA BEATRIZ VASCONCELOS DE OLIVEIRA

POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA FLORESTALPOR MEIO DE SPOTS RADIOFÔNICOS: DIÁLOGO E DISCURSO

São José dos Campos, SP2011

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Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira

POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA FLORESTALPOR MEIO DE SPOTS RADIOFÔNICOS: DIÁLOGO E DISCURSO 

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo Científico da Universidade doVale do Paraíba, como parte dos requisitos para obtençãodo título de Especialista em Jornalismo Científico.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Isaltina Maria de A. Mello Gomes

São José dos Campos, SP2011

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AUTORIZAÇÃO PARA REPRODUÇÃOAutorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta monografia, porprocessos fotocopiadores ou transmissão eletrônica, desde que citada a fonte.

______________________________Vânia Beatriz Vasconcelos de OliveiraData: 08/10/2011

Ficha catalográfica elaborada por:Daniela MacielCRB 638/11

O48p Oliveira, Vânia Beatriz Vasconcelos de.

Popularização da Ciência Florestal por meio de spots radiofônicos:diálogo e discurso / Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira. -- 2011.

54p.

Orientadora: Dra. Isaltina Maria de A. Mello Gomes.Monografia (Especialização em Jornalismo Científico) – Universidade

do Vale do Paraíba, São José dos Campos.Banca: Dra. Isaltina Maria de A. Mello Gomes; Msc. Elizabete

Kobayashi; Msc. Vera Lúcia C. Dias.

1. Comunicação ambiental. 2. Divulgação científica. 3. JornalismoCientífico. 4. Publicidade Sociambiental. 5. Ciência Florestal. I. Título. II.Universidade do Vale do Paraíba.

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VÂNIA BEATRIZ VASCONCELOS DE OLIVEIRA

POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA FLORESTALPOR MEIO DE SPOTS RADIOFÔNICOS: DIÁLOGO E DISCURSO

Monografia aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Jornalismo Científico,do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo Científico, da Universidade do Vale doParaíba, SP, pela seguinte banca examinadora:

Presidente: Prof.ª Dr.ª Isaltina Maria de A. Mello Gomes (UFPe) ____________________________________

Membro: Prof.ª M.Sc. Elizabete Kobayashi (UniVap) _____________________________________________

Membro: Prof.ª M.Sc. Vera Lúcia Catoto Dias (UniVap) ____________________________________________ 

Prof.ª Dr.ª Isaltina Maria de A. Mello GomesSão José dos Campos, 8 de outubro de 2011.

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Ao meu pai José Veríssimo da Silva Vasconcelos (Ferro) que,como leitor diário de jornal, me despertou o gosto pelo  jornalismo, e como inventor de fundo de quintal, em 27 de  janeiro de 2011 foi fazer seus experimentos científicos numlaboratório celestial.

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AGRADECIMENTOS

Aos inspiradores carismas (charísma, àtis) que orientam minhas buscas pelo

conhecimento, desde o batismo na Igreja Matriz do Divino Espirito Santo, no município do

Amapá, AP.

Ao Airton, Nilo e Bia, a grande-pequena-grande família que eu constituí em

Rondônia. À minha mãe Beatriz, meus sete irmãos, 18 sobrinhos, dois sobrinhos-netos, minha

grande-grande família-tronco fincada em Macapá que, mesmo à distância, marca presença em

minha vida. À Carolina Victória que me faz exercitar ser uma madrinha-avó.

Aos professores e colegas que se lançaram ao desafio de, pela interação virtual,

partilhar experiências, construir conhecimentos e dar provas de que a Educação à Distância,fez estabelecer interações para além do campus virtual da UNIVAP. Em especial à pequena-

grande orientadora professora Dr.a Isaltina Maria de A. Mello Gomes e à professora Vânia

Braz Oliveira, Coordenadora do Curso, que mesmo sem verbalizar, me estimularam a não

desistir deste empreendimento.

Às pequenas-famílias das pequenas-grandes-amigas joseenses: Flávia Ballvé-Boudou

(Olivier, Laura e Sofia) e Luciana Londe (Luis, Lucas e “Lelena”), agradeço o carinho, a

força e a acolhida em São José dos Campos.À minha pequena-grande mana Michelliny Bentes-Gama e demais colegas,

profissionais e estagiários da Embrapa Rondônia que fizeram parte da equipe do projeto

Com.Ciência Florestal, em especial os pesquisadores Abadio Vieira e Marilia Locatelli, que

como “clientes”, contribuíram com as análises deste trabalho.

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“O homem se revela ao mundo no discurso e na ação”

(Hannah Arendt) 

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RESUMO

Este estudo aborda o processo de elaboração coletiva de spots radiofônicos destinados

à divulgação cientifica da pesquisa agroflorestal. O objetivo principal é analisar como

interagiram os atores sociais (pesquisadores, comunicadores e acadêmicos de Comunicação

Social) no processo de reformulação do discurso cientifico (DC) e construíram o discurso da

divulgação cientifica (DDC) enunciado nos textos produzidos para a mídia radiofônica

(spots). Para alcançar esse objetivo, analisamos dez spots produzidos por dois grupos de

estudantes, visando divulgar soluções tecnológicas para a conservação florestal. Com suporte

teórico no dialogismo de Bakhtin, fez-se a descrição e análise do referido processo, sob três

aspectos: (1) a oficina como prática pedagógica; (2) a produção do discurso ambiental, e (3) aaceitação do produto spot, pelo pesquisador/cliente. Na análise textual dos spots, verificou-se

que os enunciados caracterizam-se como discursos de transmissão do conhecimento; e que os

principais argumentos foram os benefícios econômicos e o bem-estar social. Considera-se

que, ao orientar procedimentos e demonstrar a aplicação da ciência no setor florestal por um

viés econômico, imprimiu-se um discurso que porta-se muito mais como canal de

transferência de tecnologia do que de sensibilização para questões ambientais. Espera-se que

as informações geradas contribuam para a validação da Oficina de produção de spotsradiofônicos como uma prática pedagógica educomunicativa.

Palavras-chave: comunicação ambiental, divulgação científica, análise do discurso,

educomunicação científica.

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ABSTRACT

In this work, there are some analysis of radio spots, products of a process of collective

construction of a scientific vulgarization speech, arguing by the light of the dialogism theory

of Bakhtin, the speech source recast, by academic students in social communication,

enunciatee of a second speech. The issue we try to answer is: How the agroforestry scientific

vulgarization research was structuralized, enunciated by the involved social actors in the

process of radio spots production, in the Communication Forestry Science project? In order

to do that, a theoretical discussion of the conceptions related to the analysis focus (dialog,

enunciation, speech) was made. There was the textual analysis of the produced spots. Some

goals of this project: to describe and to analyze the collective elaboration process of radiospots as a tool of scientific educommunication; to systemize information that come to

contribute for the construction of a methodological proposal in the production of radio spots

as academic experiments in Workshops; and to identify the arguments of persuasion that

show the contribution of the vulgarization speech to the sensitization on the environmental

issues. In the analysis of the process and of the product it was verified that the vulgarization

of the enunciated scientific speech in the spots presents two predominant arguments: (1) of 

the economic benefits and (2) of the welfare state. About the process of collective production,the speeches are characterized by speeches of knowledge transmission. It was verified that

when “guiding procedures” and demonstrating the application of the science in the forestry

field by lots of economic ways, it was printed a speech that is behaved much more as a canal

of technology transfer than of sensitization for environmental issues.

Keywords: discourse analysis, environmental communication, scientific spreading,

educommunication, spots, social technology.

RÈSUMÉ

Cette étude s’agit du processus d'élaboration collective des spots radio pour la

vulgarisation scientifique de la recherche en agroforesterie. Le plus importante objectif est

d'identifier comment interagissaient les acteurs sociaux (chercheurs, des communicateurs et

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des universitaires de la presse) dans le processus de reformulation du discours scientifique

(DS) et construit le discours de la diffusion scientifique (DDS) a registré dans les textes

produits par les médias pour la radio (spots ). Pour atteindre cet objectif, nous avons analysé

dix spots produits par deux groupes d'étudiants, visant à diffuser des solutions technologiques

pour la conservation des forêt-bois. Avec le soutien théorique du dialogisme de Bakhtin, on a

décrire et l'analysé ce processus à trois égards: (1) de l'atelier en tant que pratique

pédagogique, (2) la production du discours environnement écologique, et (3) l'acceptation du

produit (spot) par le chercheur/client. Dans l'analyse textuelle des spots, on a constaté que les

états caractérisés comme des discours de transmission des connaissances, et les principaux

arguments étaient les avantages économiques et sociaux. On considéré que en guider

procédures  et de démontrer l'application de la science dans le secteur forestier, par le biaiséconomique, il s’agit d’ un discours imprimé qui se comporte beaucoup plus comme un canal

pour le transfert de technologie que de sensibiliser aux questions environnementales. On

espérer que l'information générée vienet a contribuer par la validation de la production de

spots radio, en atelier, comme une pratique pédagogique.

Mots-clés: communication environnementale, les sciences de la communication, l'analyse du

discours, la communication d'enseignement scientifique, tecnologie sociale.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD – Análise do Discurso.

C&T – Ciência e Tecnologia.

CEFET-PR – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

DC – Divulgação Científica.

DDC – Discurso de Divulgação Científica.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

NJR - Núcleo José Reis

PPG-7 – Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais.

P1 – Projeto 01 Reflorestamento (com espécies florestais de crescimento rápido).P2 – Projeto 02 Recuperação (de áreas degradadas com SAFs).

SAFs – Sistemas Agroflorestais

SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados

UNIRON – Faculdade Interamericana de Porto Velho.

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 - Fluxograma dos discursos e atividades componentes da pesquisa. ........................ 19 

Tabela 1 - Relação dos textos elaborados para a produção de spots, por projeto/grupo ......... 41 

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 14 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16 2. COMUNICAÇÃO DA CIÊNCIA .................................................................................... 21 

2.1. Abordagens conceituais da comunicação científica ................................................... 22 2.2. Divulgação científica na mídia ................................................................................. 25 2.3. Produção de spots educativos para a divulgação científica ........................................ 26 

3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 30 3.1. Educomunicação como novo campo do conhecimento.............................................. 30 3.2. Discurso e diálogo na divulgação científica .............................................................. 32 

4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 38 4.1. Aspectos analíticos ................................................................................................... 38 4.2. Corpus e procedimento técnico................................................................................. 39 

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 40 5.1. A oficina como prática pedagógica educomunicativa ................................................ 40 5.2. A avaliação dos spots  pelos “clientes” ...................................................................... 42 5.3. O discurso ambiental nos spots produzidos ............................................................... 46 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 49 

7. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 52 

APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO DA OFICINA DE PRODUÇÃO DE SPOTS ............... 56 

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APRESENTAÇÃO

Quando ingressamos no Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do

Pará, no longínquo ano de 1979 tínhamos apenas uma idéia na cabeça: a formação em

Jornalismo. Na primeira aula de Teoria da Comunicação, um professor com formação em

Arquitetura traçou um quadro tão tenebroso para o exercicio da profissão, que me fez desistir.

Resolvi apostar no que sempre ouvira desde criança: que eu tinha bom texto, era criativa e

sabia desenhar! Três qualidades que poderiam fazer de mim uma publicitária.

Publicitária sem nunca ter efetivamente exercido a profissão (embora por várias vezes

reconheça sua presença em algumas atividades que desenvolvo) desde a experiência como

estagiária da Fundação Projeto Rondon, trilhamos o caminho do Jornalismo. Nas voltas que o

mundo dá, e negando a visão limitada do professor arquiteto, a trajetória profissonal

desenvolvida desde então só tem demonstrado as possibilidades que a Ciência da

Comunicação nos proporciona: de assessora de comunicação, com forte atuação em Relações

Públicas interna no Serpro (até 1989) à pesquisadora em Comunicação e Transferência de

Tecnologias na Embrapa Rondônia (desde 1989).

A atuação profissional na Embrapa nos aproximou do mundo rural e tornou mais clara

a importância da comunicação da ciência, ao cursar o mestrado em Extensão Rural (2000).

Mas o jornalismo, não saiu de mim. Assim, em 2010, 28 anos após a primeira graduação,

concluimos, pela UNIRON (Porto Velho, RO) a segunda habilitação em Comunicação Social,

desta vez o Jornalismo. A especialização em Jornalismo Científico, iniciada simultaneamente

com o final da graduação em Jornalismo, foi quase uma consequência lógica das inquietações

surgidas nestes anos de atuação profissional em uma instituição de pesquisa agropecuária.

Assim, impulsionada pela sede de conhecimento, e pela vontade de, por meio da

pesquisa em comunicação, buscar soluções para problemas identificados nessa área, temosexperimentado as possibilidades de, pela interação comunicação e educação, atuar no campo

da divulgação científica, que passamos a denominar educomunicação científica. Da

experiência em buscar alternativas de comunicação com produtores rurais, na maioria das

vezes não letrados, foi que ingressamos no caminho da educomunicação, e nele temos nos

dedicado a estudar a produção de informação para popularizar ciência, não só pela via

midiatica, mas também em atividades grupais comunitárias.

  Neste trabalho, quando colocamos como problema de pesquisa a questão “como?”

interagiram os atores sociais na produção de informação para divulgar resultados de pesquisas

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que são soluções tecnológicas para problemas ambientais, não construimos hipóteses, porque

como membro da equipe do projeto que deu origem à questão, não fizemos registros pontuais

da interação ocorrida no momento do contrato de comunicação. Mas as respostas obtidas são

reveladoras de pequenos tesouros.

Sempre trabalhamos na perspectiva dialógica de Paulo Freire e, ao nos propormos

responder a questão problema sob a ótica da interação discursiva, da análise do discurso,

mergulhamos em mares nunca dantes navegados: o Dialogismo de Bakhtin. Um desafio e

tanto para uma cabocla nascida às margens do Rio Amazonas, no Amapá, mas que nunca

aprendeu a nadar, e nem por isso deixa de ensaiar mergulhos.

Espero que, ao mergulhar na leitura deste trabalho, os leitores encontrem alguns

tesouros que os mares sempre nos oferecem.

Vânia Beatriz

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1. INTRODUÇÃO

A divulgação da ciência é uma atividade que assume diversas características e

nomenclaturas, de acordo com o contexto e a forma como é realizada. Tão importante

quanto conhecer o pensamento dos estudiosos do campo da comunicação a respeito da

atividade de divulgação cientifica, é compreender a razão pela qual se deve divulgar a

ciência, assim como identificar formas de fazê-la, de modo a alcançar os objetivos de

despertar o interesse dos jovens, dar satisfação à sociedade e promover a cidadania, para

ficar em três exemplos de argumentos que muito frequentemente tem justificado a

importância da atividade.

Regra geral tem-se a divulgação científica como uma atividade que compreende aapresentação da informação científica, tecnológica e/ou de inovação, em uma linguagem não

especializada, de modo a tornar seu conteúdo conhecido e acessível ao não especialista, ao

leigo, ao público em geral. Os profissionais envolvidos nessa atividade têm buscado formas

inovadoras e eficazes de produção da informação a ser comunicada ao público leigo.

Trata-se não apenas de traduzir o jargão científico para uma linguagem simples,

acessível à compreensão do leigo, mas de fazer com que a mensagem gerada leve aos

mesmos, informações sobre a importância da pesquisa para a sociedade e mais que isso,que referido público possa estabelecer relações entre os benefícios desse conhecimento

com a sua vida cotidiana. As discussões que ocorrem neste campo do conhecimento, o da

divulgação científica, possibilitam interpretar e evidenciar a complexidade das inter-

relações entre ciência, política e sociedade.

Neste trabalho aborda-se um processo de produção de informação destinada à

divulgação científica de resultados de pesquisa do campo da ciência florestal. Referido

processo ocorreu em 2008, quando da execução do projeto “ Estratégias de comunicação  para a divulgação científica de resultados de pesquisa florestal desenvolvida pela

  Embrapa na Amazônia Ocidental” (Com.Ciência Florestal), coordenado pela Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária  – EMBRAPA, no Estado de Rondônia; atendendo a

demanda por divulgar ao público leigo os resultados de pesquisas financiadas pelo

Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG-7) na Amazônia.

Foram alvo das ações de divulgação científica os resultados de dois projetos de

pesquisa do campo da ciência florestal: Projeto 1  – Zoneamento edafoclimático para plantio

de espécies florestais de rápido crescimento na Amazônia e Projeto 2  –  Sistemas

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agroflorestais e alternativos para a recuperação de áreas degradadas na Amazônia 1. Os

resultados aportam em síntese, duas grandes contribuições para a sociedade, sintetizadas,

respectivamente, nas palavras reflorestamento (com espécies florestais de crescimento rápido)

e recuperação (de áreas degradadas, com a adoção de sistemas agroflorestais  – SAFs),

O principal objetivo deste estudo é analisar como os atores sociais envolvidos no

processo de produção de textos para a mídia radiofônica (spots), no projeto Com.Ciência

Florestal, interagiram para construir o discurso da divulgação científica da pesquisa

agroflorestal. Especificamente, os objetivos são:

  Sistematizar informações sobre o processo de elaboração coletiva de spots radiofônicos em

Oficinas, como experimento acadêmico, prática pedagógica educomunicativa;

  Analisar os textos produzidos, enfocando a construção de sentidos e os argumentos

utilizados pelos enunciadores, em relação à temática ambiental;

  Identificar a aceitação do produto spot, pelo pesquisador/cliente.

Para o alcance destes objetivos, as análises se processaram sobre dois momentos: (1) o

da produção da informação e (2) o da recepção dessa informação pelo pesquisador/cliente.

O primeiro momento situa-se na Sala de Aula, lugar de interação, tendo-se a Oficina

de produção de spots radiofônicos como prática educativa, espaço de diálogo e de

reformulação/construção coletiva do discurso de divulgação cientifica (DDC) que é aomesmo tempo educativo e ambiental. No segundo momento, se busca fechar o ciclo do

processo de interação para a construção de um novo discurso, confrontando o discurso do

acadêmico, com a lógica do pesquisador/cliente.

Com estas análises, a questão que buscamos responder é: Como os atores sociais

(pesquisadores, comunicadores e acadêmicos) envolvidos no processo de produção de

spots radiofônicos, no projeto Com.Ciência Florestal, construíram o discurso da

divulgação cientifica da pesquisa agroflorestal?O suporte para a discussão da questão, anteriormente enunciada, foi buscado na

revisão de literatura sobre comunicação da ciência em seu aspecto conceitual, a sala de

aula como lugar de interação e o estado da arte em produção de spots radiofônicos em

laboratório de instituições de ensino.

Diante da existência empírica do objeto de análise (spots radiofônicos) resultante de

uma produção coletiva, o estudo da construção/reformulação do discurso da divulgação

científica ora proposto, tem como instrumental de análise a teoria do Dialogismo de

1 A partir daqui, referidos projetos serão mencionados no texto, como P1-Reflorestamento e P2-Recuperação.

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Mikhail Bakhtin (1895-1975), que contribui para a compreensão sobre os gêneros

discursivos e suas análises.

Dentre os diversos conceitos formulados pelo autor, lançamos mão da noção de

contrato de comunicação (... parceiros em interação co-construindo o sentido), no qual

situamos a Sala de Aula/Oficina como lugar de interação social, através do uso da

linguagem. Outra abordagem que orienta nossa discussão é o da educomunicação, campo

do conhecimento onde situamos a relação educação/comunicação voltada para a

divulgação científica.

Desta forma, sob o ponto de vista metodológico, este trabalho caracteriza-se como

uma pesquisa-ação, uma vez que atuamos como pesquisador e ao mesmo tempo como

facilitador na interação com os acadêmicos na sala de aula (Oficina). O enfoque daanálise é predominantemente descritivo e qualitativo, aplicado somente à produção

textual. Buscamos identificar as características do discurso ambiental apropriadas pela

ciência florestal, quanto: a) as diferentes representações dos atores sociais envolvidos na

reformulação do discurso fonte; e (b) a aceitação das mensagens pelos cientistas, na

qualidade de “cliente”.  

Trata-se de uma produção de textos na qual se opera um processo de reformulação

do discurso primeiro, do qual participaram: 02 (dois) pesquisadores responsáveis pelosprojetos alvos da divulgação científica, como enunciadores do discurso fonte; 02 (dois)

comunicadores como intermediários da interação entre os pesquisadores e os acadêmicos;

e 11 (onze) acadêmicos, 10 de Comunicação Social e 1 (um) de Engenharia Florestal,

como enunciatários/locutores/reformuladores e enunciadores de um segundo discurso e

ao mesmo tempo mediadores entre o mundo científico e a sociedade. Os spots

radiofônicos, produto final de uma rede de gêneros particulares do discurso midiático,

constituem o quarto elemento deste processo que nos propusemos a analisar (Figura 1).O universo levado em consideração é o de indivíduos em interação (sujeitos

enunciador/enunciatário) pertencentes a determinadas categorias sociais (pesquisadores/ 

acadêmicos de Comunicação Social), localizados na região Amazônica brasileira,

materializando um discurso de vulgarização científica. Este processo de reformulação do

discurso científico situa-se num dado contexto sócio-histórico (de crise/degradação

ambiental) e neste caso, diante da existência empírica do objeto de análise (spots

radiofônicos) resultante de uma produção grupal, cujo teor deverá produzir efeito sobre a

ação do público alvo, uma vez que, diante dos problemas e conflitos ambientais, há um

apelo à mobilização global da sociedade para “salvar o Planeta”. 

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Figura 1 - Fluxograma dos discursos e atividades componentes da pesquisa.

Resultados de pesquisas do campo da ciência florestal apontam soluções

tecnológicas que podem minimizar os impactos, e que precisam ser comunicadas não só

aos seus possíveis beneficiários (no caso produtores/empreendedores rurais/florestais),mas, para toda a sociedade, de modo que de posse dessa informação, façam a sua “leitura

do mundo”, tomem suas decisões em relação ao seu agir como cidadão, contribuindo

assim para a resolução dos problemas ambientais.

O agir humano é o determinante das mudanças que se espera no comportamento da

sociedade. Sob o ponto de vista filosófico, Arendt (1991, p. 189) nos remete à reflexão

quanto ao falar e ao agir que dão visibilidade ao homem, ao afirmar que “... a ação e o

discurso são os modos pelos quais os seres humanos se manifestam uns aos outros ”.

Desta forma, podemos pensar que é a ação “... que vem acompanhada do discurso da

 fala”, que comunica esse agir ao outro.

Esta abordagem justifica-se pelo fato de que no contexto sócio-histórico da

atualidade, há uma demanda crescente por produtos florestais e, ao mesmo tempo,

atribui-se ao agronegócio florestal brasileiro grande parte da responsabilidade sobre os

danos ambientais decorrentes do mau uso agropecuário e florestal nos diferentes biomas

brasileiros (ABEEF, 2009). Daí a importância de comunicar para toda a sociedade,

especial na Amazônia, a contribuição da ciência florestal, a partir de um processo

reflexivo e dialógico.

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Assim, após introduzirmos este trabalho com seus objetivos e uma breve narrativa

do contexto de elaboração e execução dos projetos alvos da Divulgação Cientifica, antes

de passarmos para o resultado das analises, apresentamos uma revisão de literatura,

enfocada em experiências de produção de spots em contexto similar ao da nossa

observação empírica, a sala de aula; e de análises dos discursos ambientais na mídia.

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2. COMUNICAÇÃO DA CIÊNCIA

A sociedade, o público leigo em particular, tem convivido diariamente com o discurso

científico na mídia, informações estas que, na maioria das vezes, não lhes desperta o interesse,

seja por sua complexidade, seja por não encontrarem nessas mensagens uma relação com o

seu cotidiano. As mudanças climáticas, o sequestro de carbono e a destruição da camada de

ozônio são exemplos de assuntos, que passaram a ser veiculados com mais frequência na

mídia e fora dela, a exemplo das conferências e audiências públicas, em que se discutem

questões ambientais.

No que diz respeito a comunicação da ciência florestal, a indicação de espécies

potenciais para plantios de florestamento ou reflorestamento; a contribuição dos SAF para aredução do desmatamento de novas áreas de floresta primária e recuperação dos solos, são

exemplos de informações que, a partir do desenvolvimento de estratégias de comunicação

para a divulgação científica, são passíveis de despertar o interesse e aumentar a consciência do

cidadão comum sobre o papel e a importância da ciência florestal no seu dia-a-dia.

A difusão e compartilhamento do conhecimento científico é parte essencial do

processo de pesquisa. Na Conferência Mundial da Ciência (Conferência Budapeste), realizada

pela UNESCO em 1999, estabeleceu-se o compromisso de “... promover o uso do

conhecimento científico para o bem-estar da população, e para uma paz e um

desenvolvimento sustentáveis...”. Além disso, considerando a importância de uma ampla

abertura de acesso à informação e a dados de domínio público para a pesquisa científica e a

educação; e que a revolução da informação e da comunicação oferece novos meios muito

mais eficientes de intercâmbio do conhecimento científico e de progresso na educação e na

pesquisa; adotou-se como uma das diretrizes de ação da Agenda para a Ciência, que

grupos e instituições de pesquisa e organizações não-governamentais de pesodevem fortalecer as suas atividades de cooperação regional e internacional com

vistas a: facilitar o treinamento científico; compartilhar o uso de aparatos caros e

 promover a difusão da informação científica. (UNESCO, 1999, s.p.).

Os produtos da ciência e da tecnologia estão cada vez mais presentes no dia-a-dia da

população, e cresce a demanda por iniciativas que promovam a popularização e a difusão da

ciência e tecnologia. A divulgação científica compreende a apresentação da informação

científica, tecnológica e/ou de inovação, em uma linguagem não especializada, de modo a

tornar seu conteúdo conhecido e acessível ao não especialista, ao leigo, ao público em geral.

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Levar ciência ao conhecimento do cidadão comum é um desafio que se apresenta aos

cientistas e aos profissionais das áreas de comunicação e educação.

Se na educação o desafio é promover a “leitura do mundo”, por meio da transformação

necessária e crítica das práticas educativas (FREIRE, 2001, p. 261); na comunicação, discute-

se a formação de uma cultura científica, que seja generalizada para toda a sociedade, e

experimentam-se novas estratégias para a comunicação pública da ciência, visando ampliar e

melhorar a qualidade da divulgação científica no País.

O histórico do processo de divulgação científica demonstra que os resultados de

pesquisa se mantiveram por muito tempo, restritos aos meios acadêmicos, com poucos

trabalhos divulgados ao público não especializado. A falta de comunicação entre cientistas e

sociedade resulta em dificuldades para se justificar os investimentos em pesquisa básica,diante do cidadão comum, da imprensa ou dos gestores de verbas públicas. A superação desse

impasse é dificultada por problemas de comunicação entre pesquisadores e difusores/ 

comunicadores/divulgadores de ciência.

2.1. Abordagens conceituais da comunicação cientifica

Na literatura sobre comunicação da ciência, encontram-se expressões tais como:

“alfabetização científica”, “cultura científica”, “divulgação científica”, “difusão científica”,

“disseminação científica”, “difusão de tecnologias”, “comunicação pública da ciência”,

“jornalismo científico”, “popularização da ciência”, “vulgarização científica”, etc. O que é

harmônico e o que é antagônico nas idéias contidas nessa profusão de conceitos? Alguns são

equivalentes, outros se antagonizam, a maioria se complementa; mas “... nenhum dentre eles

 parece apropriado ao objeto designado” (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2008, p. 496).

Em sua definição de origem (1846), o termo “vulgarização científica” (vulgarisation

scientifique) é definido como “uma ação de por à disposição de todos” e está frequentemente

associado à “difusão dos conhecimentos científicos e técnicos para o grande público”.

(MICHELET apud CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit., p. 496).

A expressão tem sua origem e até os dias atuais é utilizada generalizadamente entre os

especialistas da área na França. Termos como “informação cientifica”, “comunicação

científica”, “divulgação científica”, “cultura cientifica e técnica”, tem sido empregados como

equivalentes e em detrimento do termo “vulgarização”, por contaminação do adjetivo vulgar,

que lhe confere uma conotação pejorativa (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit ., p.

496).

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Os usos do conceito de “vulgarização científica” no século XIX foi objeto de estudo

de Vergara (2008), visando contribuir para a compreensão da prática de comunicação da

ciência para o público em geral. A questão do desuso do termo, por ser considerado pejorativo

é objeto de discussão da autora que, se debruçando sobre as teorias de vários autores

(Jaqueline Authier-Revuz, Daniel Jacobi, Michel Cloître e Terry Shinn) considera que Cloître

e Shinn são os que melhor respondem a essa questão ao afirmar que “... a força da

vulgarização científica reside em sua capacidade de levar as preocupações sociais para a

comunidade científica e atualizar o público das novidades da ciência”. 

Rebul-Torré (2004) diz que o discurso de vulgarização científica se apresenta como

um discurso intermediário, uma vez que teria outra etapa da transmissão, a divulgação, que

apresentaria traços da vulgarização, porém, dentro de um quadro discursivo não específico,como a imprensa cotidiana, por exemplo. Portanto, o autor defende que o uso do termo

“vulgarização” seja reservado para as mídias especializadas. 

Em 1995, pesquisadores franceses lançaram um manifesto, publicado no Jornal  Le

Figaro, apelando à uma tomada de consciência para a importância da vulgarização, elencando

criticas, proposições e reivindicando o exercício de uma vulgarização criativa e distinta: [...]

ainda que freqüentemente queira-se confundi-la com o jornalismo, a educação ou a

publicidade... a vulgarização não se reduz à análise da realidade, nem a iniciação de alunos aum domínio especializado, nem a promoção de um objeto ou de uma marca” (JEANERRET

et al., 2009). A difusão de informação e da cultura cientifica e técnica à toda a população,

principalmente aos jovens, é missão instituída em lei de 15 de julho de 1982 na França,

entretanto não vem sendo respeitada, diz o manifesto.

A cultura cientifica é defendida por Carlos Voigt (2007), que considera que o termo

tem significado mais amplo que o de divulgação científica, por englobar as concepções de

“vulgarização”, “popularização”, “alfabetização” científica, e também a visão da ciênciacomo formadora da cultura  – seja do ponto de vista da sua produção, da sua difusão entre os

pares ou na dinâmica social do ensino e da educação. Nesta mesma linha, Destácio (2008)

afirma: “... sem divulgação científica, não pode haver cultura científica” e acrescenta a essa

dupla  –  formando então uma tríade  – a educação científica, a começar na escola, no ensino

fundamental.

No Brasil, dentre as instituições e grupos profissionais que desenvolvem pesquisas,

projetos e atividades teóricas e práticas no campo da divulgação científica no Brasil, destaca-

se o Núcleo José Reis da ECA/USP, cujo pesquisador que empresta seu nome ao Núcleo é

considerado um pioneiro que consolidou as bases dessa atividade no país. O NJR vem desde o

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início da década de 1990 divulgando a própria divulgação científica, e promovendo a

discussão de alguns conceitos, uma vez que neste campo é ampla e diversificada a abordagem

conceitual.

Um dos primeiros autores a distinguir os conceitos de difusão, divulgação e

disseminação, tomando por referência o tipo de público, foi Pasquali (apud BUENO, 1984).

Para o autor, a disseminação científica refere-se à transferência de mensagens, elaboradas em

linguagem especializada, aos “pares”, ao passo que a difusão e a divulgação científica têm um

público formado tanto por especialistas quanto por não-especialistas e, por isso mesmo,

pretende-se que as mensagens sejam elaboradas em uma linguagem de fácil compreensão.

Zamboni (2001, p. 48) em estudo sobre a subjetividade e heterogeneidade no discurso

dos jornalistas, registra que na língua portuguesa os termos “popularização” e “vulgarização

científica” são empregados indistintamente, e, embora tenha considerado mais adequado o uso

do termo “divulgação científica”, que estaria imune à tal “conotação pejorativa”, a autora usa

os referidos termos indistintamente.

Bueno (op. cit.) distingue a divulgação científica, do jornalismo cientifico, frisando

que:

... a divulgação científica não se restringe só ao campo da imprensa.Inclui os jornaise revistas, mas também os livros didáticos, as aulas de ciências do 2.º grau, os cursos

de extensão para não especialistas, as estórias em quadrinhos, os suplementosinfantis, muitos dos folhetins utilizados na prática de extensão rural ou emcampanhas de educação voltadas, por exemplo, para as áreas de higiene e saúde, osfascículos produzidos pelas grandes editoras, documentários, programas especiais derádio e televisão etc. (BUENO, 1984, p. 19).

A inclusão dos materiais didáticos no gênero da DC é questionada por Zamboni (2001,

p. 65). A autora considera que a diferença fundamental entre as modalidades está nas

“diferentes condições de produção” e , no caso particular dos materiais didáticos, este se

diferencia por ter um público destinatário bem definido. Gomes (2002, p. 28) corrobora asafirmações da autora, entretanto, colabora para este debate, ressaltando que “… não se pode

descartar a possibilidade de materiais de divulgação científica, como as revistas

especializadas em ciência, serem utilizados como recursos paradidáticos”. 

Diante desta diversidade de posicionamentos em relação ao uso dos termos, no título

deste trabalho adotamos a expressão “popularização” para reforçar a ideia de informação para

o público leigo, não obstante, também tendemos a usar mais frequentemente o termo

divulgação científica para designar qualquer ação de comunicação da ciência, com fins de

popularização da ciência, seja ou não através da mídia, a exemplo do teatro e da música.

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2.2. Divulgação cientifica na mídia

A divulgação cientifica e o jornalismo científico são conceitos discutidos nos meios

acadêmicos, apresentando confrontos de pontos de vista e consensos. Bialki (2004) em ampla

revisão conceitual sobre o jornalismo científico cita Wilson Bueno, que sistematizou os

deveres do Jornalismo Científico em seis funções básicas: informativa, educativa, cultural,

social, econômica e político-ideológica; e Marques de Melo, que ao se referir à função que

mais tem recebido atenção do Jornalismo Científico (a educativa), afirma que o jornalismo

deve na sociedade:

cumprir a atividade educativa dirigida à grande massa, popularizar o conhecimentoproduzido nas universidades e institutos de pesquisa; usar linguagem acessível aocidadão comum; despertar o interesse pelos processos científicos no público;conscientizar a população que paga impostos; e realizar um trabalho de iniciação dos jovens ao mundo do conhecimento e da educação continuada dos adulto. (MELO,apud BIALSKI, 2004). 

A conscientização da sociedade através da mídia aproxima as modalidades

 jornalísticas científica e ambiental. Euclides da Cunha, mais conhecido por sua obra literária

Os Sertões, é considerado um pioneiro do jornalismo e da divulgação cientifica, tendo

preconizado “... o jornalismo científico e ambiental contextualizado e interpretativo, no qual 

a informação científica dá suporte à compreensão da realidade” (OLIVEIRA, 2007, p. 33).

A realização da segunda Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco 92 ou Rio 92 é considerada marco das

discussões internacionais sobre meio ambiente e da inserção mais ostensiva do assunto nas

pautas das diversas mídias.

A importância da mídia na conscientização ambiental é reconhecida por Lima (2010)

que em artigo aponta deficiências na informação cientifica veiculada na imprensa e os fatores

que concorrem para isso:

... os mais freqüentes e de maior impacto: 1) Má formação humanística e falta decultura geral dos formados em cursos de comunicação social; 2) Informaçãoincorreta das fontes; 3) Auto-censura da informação científica; 4) Falta depreocupação pela informação científica. (LIMA, 2010).

Além disso, considera que é “... necessário e urgente dar novo tratamento a tudo o

que se refere a conceitos científicos em órgão de divulgação”, principalmente para que a

informação científica [...] tenha o objetivo de “... formar e colaborar com a melhoria da

qualidade de vida da sociedade”. 

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As atividades jornalísticas nas modalidades ambientais e cientifica também são muito

próximas. Jonh (1990, p. 88) diz que o papel desses especialistas ultrapassa os limites da

notícia, assumindo a tarefa de informar educando, com o uso de uma linguagem comum.

Linguagem esta, que visa proporcionar a compreensão, incentivar à ação, formar cidadãos

“ambientalmente educados”; consequentemente, “... contribuindo para a diminuição das

agressões ambientais e proporcionando o aumento da qualidade de vida”. 

A sustentabilidade ambiental, a preservação de recursos para gerações futuras e a

conquista ou a manutenção do bem estar social são argumentos recorrentes nas mensagens

veiculadas na mídia, não só com a finalidade de conscientização, mas também de

comercialização. Em estudo sobre o discurso ambiental na mídia, Pereira (2008) analisa o

chamado “marketing verde” utilizado por grandes empresas, que utilizam o discurso

ambiental em seus anúncios publicitários. A autora chama a atenção para a necessidade de um

olhar mais critico na leitura das mensagens ambientais veiculadas na mídia e considera que as

propagandas “... podem e devem ser utilizadas não só como uma ferramenta de venda, mas

também, como um modo de se promover mudanças no comportamento e nos valores

instituídos na nossa sociedade” (PEREIRA, 2008, p. 45).

A partir da observação de aspectos essenciais que caracterizam o jornalismo

ambiental, Girardi e Loose estudaram as estratégias discursivas de uma revista dita ambiental,examinando de que forma o meio ambiente é apresentado ao público leitor. Para isso,

delinearam duas formações discursivas (FDs) fundamentadas no modo como o meio ambiente

é visto pelo homem. Concluíram que “... a ideologia que permeia referidas formações

discursivas é aquela comprometida com o futuro do planeta e engajada com o bem-estar de

todos” (GIRARDI; LOOSE, 2009, p. 2).

No contexto histórico de preocupações com o aquecimento global e outras questões

ambientais que passaram a ganhar maior espaço na mídia, é necessário e de fundamentalimportância que as comunicações formuladas além de levar ao conhecimento da sociedade, as

contribuições da ciência, estimulem o estabelecimento de compromisso com o futuro.

2.3. Produção de spots educativos para a divulgação cientifica

O spot  é considerado um dos formatos mais conhecidos de gêneros radiofônicos,

caracterizado como um comercial com locução que pode ser apoiada por trilha musical,

efeitos e ruídos.

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Dentre as diversas definições relacionadas ao genêro radiofônico spot encontramos

que: a linguagem radiofônica é resultado da combinação de elementos verbais e não-verbais

(sonoplastia); quanto ao conteúdo, podem ser classificados como comerciais, educativos e

institucionais; o spot publicitário ou comercial, é aquele que visa seduzir, convencer, vender

ideias, produtos, bens e serviços. Os educativos têm a finalidade de promover idéias e

incentivar mudanças de hábitos, costumes e condutas; enquanto os spots institucionais, tem

por foco a criação de uma imagem para a instituição ou divulgar sua política.

Quanto às características textuais, os spots são expressos em versos, rimas, textos

elaborados de forma a serem facilmente memorizados. Quanto à interpretação, os spots

podem ser monólogos ou narração; testemunhal; dialogado; dramatizado e, ou, cantado

( jingle) (SILVA, 1999; RIEDEL et al., 2006; VICENTE, 2010).Quando usados para veiculação de campanhas educativas e de serviço, os spots são

chamados propaganda social, que tem por característica o uso de argumentos de

conscientização e, portanto de persuasão. Neste caso, os spots produzidos para o projeto

Com.Ciência é uma comunicação educativa ( não comercial) e institucional (a assinatura

Embrapa).

Por persuasão entende-se o uso de comunicação para alterar atitudes, crenças ou

comportamentos de outras pessoas:Nas interações sociais humanas, comunicação e persuasão são condições da própriavida em coletividade, pois é através dessas que se viabilizam os movimentos deadoção de determinadas modalidades de conduta e de rechaço de outras. Enquanto acomunicação pode ser encarada como meio através do qual aprendemos quemsomos e quem poderíamos chegar a ser, a persuasão é uma atividade consciente erelacionada à intencionalidade e de algum modo ligada à noção de inadequação.(FISCHER, 2007, p. 2).

Segundo Fiorin (2008, p. 75), “A finalidade última de todo ato de comunicação não é

informar, mas persuadir o outro a aceitar o que está sendo comunicado”. Portanto, todos osdiscursos são argumentativos, uma vez que visam a persuadir. Os discursos publicitários são

explicitamente argumentativos, enquanto os discursos científicos se mostram como discursos

informativos.

No Brasil, o uso da mídia rádio para a divulgação científica, tem sido pouco

explorado. Dentre as instituições de pesquisa mencionamos a Embrapa, que produz e distribui

o Prosa Rural. O programa é construido coletivamente de forma participativa, onde todos os

integrantes da equipe têm voz e vez. (ARAÚJO; MIURA, 2005).

As principais produções radiofônicas tem se localizado em Instituições de Ensino

Superior (IES) em todo o País, que por força das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso

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de Comunicação Social são obrigadas a manter laboratórios de radiojornalismo,

possibilitando o ensino-aprendizagem dos alunos, além de, em alguns casos, tornarem-se

espaços de divulgação das atividades cientificas das próprias escolas e de comunicação e

educação ambiental.

Com essas características, a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

(Unesp) lançou o “Fazer Ciência”, programa de divulgação científica veiculado pela web-

rádio Unesp Virtual (FERREIRA; BORZILO, 2007). Nos mesmos moldes, no Rio de Janeiro,

em 1990, o Departamento de Comunicação, do Instituto de Arte e Comunicação Social, da

Universidade Federal Fluminense (UFF) lançou o programa “E por falar em Ciência” que,

segundo Werneck (2002, p. 82), pretendia ocupar um espaço no qual o que predominava era

“... o total desinteresse do rádio pela pesquisa científica não-sensacionalista”.

Na Amazônia, mais precisamente em Rondônia, o Grupo de Pesquisa ECOS/CNPq

(Educação, Comunicação e Tecnologias) implementou uma estratégia para inserção do rádio

em processos pedagógicos no sistema público estadual, por meio do Programa Rotação,

produzido em oficinas de rádio-educação; incluindo a investigação da construção de sentidos

múltiplos do texto radiofônico a partir da manipulação dos códigos técnico, lingüístico e

sonoro (ARAÚJO et al., 2005).

A utilização do rádio como veículo de comunicação e educação ambiental, verifica-setambém em rádios comunitárias. Mamede (2008, p.39) destaca os programas Fala Cerrado, no

entorno do Parque Nacional das Emas; Lado Verde, realizado na região do Parque Nacional

Marinho de Abrolhos e Rádio Maritaca, na região amazônica, como exemplos de programas

educomunicativos dirigidos a Unidades de Conservação (UC).

Decorrentes de tais experiências de produção radiofônicas surgem também no meio

acadêmico a produção de spots em laboratórios experimentais de instituições de ensino

técnico e superior, sendo monitorados o processo de produção em seu aspecto técnico eorientação teórica.

A Unesp-Bauru criou a PropagAção agência experimental de propaganda e

desenvolveu o projeto “Minuto Consciente”: propagandas sociais radiofônicas, no formato de

s pots e  jingles, produzidas por estudantes de Comunicação Social, que divulgam à

comunidade projetos sociais da universidade, além de propagar também valores que

despertem a reflexão sobre temas sociais (ALVES, 2010). A identificação de uma lacuna

bibliográfica sobre formatos de propagandas sociais radiofônicas levou Vieira e Gonzáles

(2010) a desenvolver pesquisa visando subsidiar a elaboração de roteiros radiofônicos para o

programa.

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No Nordeste, a Central de Produção de Rádio do Curso de Publicidade e Propaganda

da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) produz, semanalmente, spots para veiculação na

Rádio Gentileza, web rádio idealizada por professores e alunos do Curso de Comunicação

Social. Estagiários da Central de Rádio são orientados para a produção de mensagens

publicitárias educativas, como forma de incentivar a cultura e estimular a criatividade

(RIEDEL et al., 2008).

Ao categorizar a comunicação científica, Pleitez (2006) a divide em duas modalidades:

contemporânea e estabelecida. Sendo esta, a que trata da divulgação científica como atividade

que tem uma relação direta com atividades didáticas. Portanto, a elaboração de spots

radiofônicos, nos moldes propostos, configura-se como essa atividade didática que quer

colaborar com o estabelecimento de um método de produção de informação que aproxima ossujeitos do processo de reformulação do discurso científico.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. Educomunicação como novo campo do conhecimento

A inter-relação Comunicação/Educação se insere no debate sobre as sociedades

mediatizadas, discussões estas que em sua origem são atribuídas ao pesquisador francês

Célestin Freinet (1896-1966) e ao pedagogo brasileiro Paulo Freire (1825-1997) considerado

como precursor do desenvolvimento dos fundamentos de um novo modelo

educomunicacional para a América Latina, ao inaugurar um pensamento dialógico,

democrático e libertador na pedagogia nacional e latino-americana (SARTORI; SOARES,

2007).Martín-Barbero introduziu o conceito de ecossistema comunicativo. Tomando a idéia

proveniente da busca de uma relação equilibrada entre o homem e a natureza, o autor

entendeu ser necessária a criação de “ecossistemas comunicativos” nos espaços educativos,

que cuide da saúde e do bom fluxo das relações entre as pessoas e os grupos humanos, bem

como do acesso de todos ao uso adequado das tecnologias da informação (SOARES, 2002).

Outro expoente da educomunicação foi o professor/pesquisador Mário Kaplún, que

alicerçou as bases de uma metodologia para “fazer educação” através dos meios decomunicação, considerando esta uma ferramenta básica para a cidadania e a inserção social

(GOBBI, 2006). O conceito de educomunicação como fórum de cidadania foi registrado por

Soares (op. cit.) diante das manifestações em eventos sobre Comunicação e Educação nos

anos 90.

A Educomunicação é a principal linha de pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de

Comunicação e Educação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo

(NCE-ECA/USP), que inicialmente, sistematizou o campo de intervenção daeducomunicação, em quatro áreas, dentre elas a mediação tecnológica na educação, que

compreende os procedimentos e as reflexões em torno da presença e dos múltiplos usos das

tecnologias da informação na educação. Neste campo, considerou-se recomendável “...

implementar as práticas da Educomunicação a partir da introdução da linguagem

audiovisual na educação” (SOARES, 2009a, p. 1).

Em 1999, ao final de uma etapa de pesquisas do NCE, o termo Educomunicação,

anteriormente restrito aos estudos dos efeitos da mídia na educação, foi ressemantizado para

designar:

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[...] o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação deprocessos comunicativos, assim como de programas e produtos comintencionalidade educativa, destinados a criar e fortalecer ecossistemascomunicativos abertos, criativos, sob a perspectiva da gestão compartilhada edemocrática dos recursos da informação. (SOARES, 2009b, p. 162).

Com o avanço dos estudos do NCE o conceito de educomunicação ganha outras

abordagens. Além dos campos da educação para a comunicação; mediação educomunicativa

através das tecnologias; gestão da educação no espaço comunicativo; e reflexão

epistemológica; foi apontado um novo campo de intervenção e de inserção profissional, o da

expressão comunicativa através das artes (SOARES, 2002, p. 173).

Os estudos sobre a inter-relação comunicação educação estiveram por muito tempo

restritos ao campo da educação formal. Porém, registra-se sua inserção em outros segmentos.Peruzzo (1998) chama atenção para esta ocorrência no âmbito da educação informal,

situando-a nas organizações e movimentos populares, quando as pessoas se mobilizam, para

tratar de temáticas sociais que dizem respeito ao conjunto da sociedade, como, por exemplo,

as questões socioambientais.

Sob a designação de educomunicação socioambiental, o segmento ambiental tem se

destacado na adoção das práticas educomunicativas. O Ministério do Meio Ambiente, por

exemplo, criou o Subprograma de Educomunicação Socioambiental, cujas ações são dirigidasespecialmente à juventude. Eventos como o VI Simpósio Brasileiro de Educomunicação,

realizado em novembro de 2008 em São Paulo, reuniu educomunicadores e especialistas na

área do meio ambiente de todo o País e colocou o tema em debate. O propósito foi de

socializar as reflexões e experiências no campo da educomunicação socioambiental e refletir

sobre os desafios que o meio ambiente e sua preservação apresentam para a mídia, para o

ensino e para as práticas das organizações sociais.

Os museus, institutos de pesquisas e de ensino, dentre outras instituições, com o

objetivo de aumentar a consciência dos cidadãos sobre o papel e a importância da ciência na

sociedade, cada vez mais se abrem para essa aproximação, promovendo atividades que

envolvem a população e despertam o interesse pela ciência e pela tecnologia. A importância

de se fazer divulgação científica, em geral, está associada a uma ação educativa de promoção

da cidadania:

[...] o mais importante é formar uma sociedade crítica, com cabeças pensantes quetenham as ferramentas necessárias para atuar no beneficio de todos. Inspirar a juventude é um ótimo começo para galgarmos no caminho da maior entre todas as

aventuras: aprender e praticar ciência. (MATTOS-COSTA, 2007).

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Para este aprendizado, a criação de espaços de divulgação científica é a estratégia mais

freqüentemente empregada por instituições de ensino e pesquisa. Uma referencia na

Amazônia é o Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA) que desenvolve o Projeto AlfaCiência,

tendo como linha teórico-metodológica a alfabetização científica, que prevê “ o envolvimento

de diversos atores sociais na implementação de estratégias para promover um educação

inovadora, adequada à realidade vivenciada dos indivíduos (COSTA, 2007).

Foi a partir da experiência com o projeto Com.Ciência Florestal, que desenvolvemos

uma proposta de Programa de Educomunicação Científica que amplia a aplicação dos

princípios da educomunicação, para a divulgação da ciência, pautada pela inclusão social e

percepção ambiental, conceitos estreitamente ligado a educomunicação (OLIVEIRA, 2008).

Em síntese, a proposta metodológica de educomunicação para a divulgação científica,se apóia no princípio de produzir e desenvolver ecossistemas educacionais e comunicativos,

com base na comunicação grupal e na linguagem audiovisual; e na organização e

disseminação de informações, em linguagem acessível, sobre questões socioambientais, a

 partir da compreensão de como e para que “se faz ciência”, e qual a sua aplicabilidade no dia -

a-dia do cidadão comum.

O pressuposto é de que a mesma inter-relação Educação/Comunicação ocorre no

campo da difusão do Conhecimento, daí ser possível se falar em educomunicação científicacomo geradora de produtos para a divulgação científica, popularização da ciência, educação

ambiental, no espaço escolar formal e não-formal, promovendo a inclusão social e a cidadania

(OLIVEIRA, 2009).

Como um novo campo de intervenção social e de atuação profissional, se observa na

atualidade, a educomunicação transformada em políticas educacionais a exemplo da

educomunicação ambiental e suas aplicações como fórum de cidadania e de popularização da

ciência, aplicação esta que passamos a denominar de educomunicação cientifica (OLIVEIRA,2007b). Enquanto conceito e enquanto prática social, a educomunicação vem ganhando

legitimidade, especialmente no Brasil e nos países da América Latina, como uma opção para

promover a melhoria das relações nos espaços educativos, bem como para a eficácia dos

programas que utilizam a mídia de ensino.

3.2. Discurso e diálogo na divulgação científica

O quadro de pesquisa proposto neste trabalho se insere no campo da linguagem, cuja

origem está em estudos de pesquisadores da Escola Francesa na década de 60 que definiram

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propostas teóricas e procedimentos de Análise do Discurso (AD). No vasto universo de

concepções teóricas surgidas desde então, situamos a discussão sobre o processo de

construção do discurso científico na perspectiva de Mikhail Bakhtin, cujo nome é incluído na

lista dos principais teóricos na formulação dos pensamentos relacionados à análise do

discurso.

Charaudeau (2009, p. 67) recomenda prudência quando se pretende descrever os

fenômenos de discurso e de comunicação em razão das múltiplas abordagens de estudo do

discurso, e do que ele considera um “certo modismo” quanto a adoção de termos como atos

de fala, métodos comunicativos, gramáticas textuais.

Essa amplitude das idéias de Bakhtin é observada por Flores e Teixeira (2005, p. 46),

desde em trabalhos de semiótica dedicados ao estudo do cinema a estudos sobre literaturacom ênfase em questões estéticas do texto literário. Diante dessa constatação de diferenças

radicais de abordagens, os autores concluem que “... o princípio do dialogismo subjaz a todas

as utilizações que se faz da teoria”.

Diante disso, para que os objetivos deste trabalho fossem alcançados e para que o

objeto empírico escolhido fosse analisado, lançamos mão da teoria do dialogismo de Bahktin,

na qual situa-se a vulgarização científica , enquanto discurso de transmissão do conhecimento;

bem como a noção de contrato social, que é “ a condição para os parceiros de um ato de

linguagem se compreenderem minimamente e poderem interagir, co-construindo o sentido,

que é a meta essencial de qualquer ato de comunicação” (CHARAUDEAU ;

MAINGUENEAU, 2008, p. 130).

As interpretações que caracterizam o discurso da Divulgação Cientifica o tem como

uma atividade de reformulação que transforma um discurso-fonte (neste caso o do

pesquisador) em um discurso-alvo ou discurso-segundo (o da DC).

Para Authier-Revuz (1982), a vulgarização científica é uma prática resultante dareformulação textual-discursiva de um discurso-fonte (D1, do cientista) em um discurso-outro

(D2, o da vulgarização). Essa reformulação tem origem em um discurso a partir da tradução,

resumo, contração textual e ainda inserção de textos pedagógicos capazes de tornar o discurso

original inteligível para determinado leitor.

A reformulação pode ser um fenômeno enunciativo, quando “... um locutor retoma,

reformulando-o, o discurso de outro locutor ou o seu próprio discurso”. Pode também ter 

uma função explicativa (se situa no nível do significante, da didaticidade, da explicação do

texto fonte) ou imitativa (se situa no nível do significado, tem uma função lúdica)

(CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit., p. 420-421).

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O estudo das modalidades de reformulação informa sobre a orientação do discurso.

Para a análise do discurso há reformulação argumentativa quando a conclusão é uma quase-

paráfrase2  do argumento. “... em um sistema parafrasico, a orientação do argumento em

relação à conclusão é tão marcada que o argumento se confunde com a conclusão”

(CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit., p. 422).

Como o estudo linguistico da reformulação não é o foco principal das análises

processadas neste trabalho, abordaremos brevemente a discussão a respeito da propriedade do

uso do termo, como o faz Zamboni (op. cit., p. 50) que ao abordar a DC como atividade de

reformulação discursiva, discorda dos adeptos da reformulação, ao argumentar que “… o

discurso da divulgação cientifica é constitutivo de um verdadeiro trabalho de formulação”, no

qual o novo discurso (o discurso-segundo), não pertence mais ao campo cientifico (dodiscurso-fonte) nem é só dele originado, uma vez que o divulgador trabalha com outros

ingredientes, como o discurso do cotidiano.

Quando distingue os tipos de gêneros do discurso, como gêneros primários (simples) e

os secundários (complexos), Bakhtin (2003, p. 263), situa o discurso do cotidiano, na

categoria dos gêneros primários, aqueles constituídos nas circunstâncias de uma comunicação

verbal espontânea; enquanto os secundários são os que “surgem nas condições de um

convívio cultural mais complexo e relativamente muito desenvolvido e organizado(predominantemente o escrito) – artístico, científico, sociopolítico, etc.”. 

O dialogismo, colocado em evidência por Bakhtin, refere-se às relações que todo

enunciado mantém com os enunciados produzidos anteriormente, bem como com os

enunciados futuros que os destinatários poderão produzir: “Todo enunciado retoma e

responde necessariamente à palavra do outro, que está inscrito nele; ele se constrói sobre o já-

dito e o já-pensado que ele modula e, eventualmente, transforma (CHARAUDEAU;

MAINGUENEAU, op. cit., p. 216). Desta forma, trata da palavra como “...uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros” (BAKHTIN, 1997, p. 113).

Embora não explicitamente, encontra-se no dialogismo a noção de contrato de

comunicação que é “a condição para os parceiros de um ato de linguagem se compreenderem

minimamente e poderem interagir, co-construindo o sentido, que é a meta essencial de

qualquer ato de comunicação” (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit., 130). Os

autores definem o contrato de comunicação, como “... o conjunto das condições nas quais se

2 Grifo do autor.

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realiza qualquer ato de comunicação (qualquer que seja a sua forma, oral ou escrita,

monolocutiva ou interlocutiva).

Do ponto de vista do sujeito interpretante, o contrato de comunicação é o que

permite compreender, em parte, um ato de comunicação sem que se conheçam todosos detalhes: diante de um cartaz publicitário, compreende-se partendo que está em  jogo mesmo antes que se saiba de qual publicidade se trata (CHARAUDEAU;MAINGUENEAU, op. cit., p. 130).

A hipótese da co-construção do sentido dos filósofos da linguagem implica a

necessidade de condições de “intenção coletiva” para que a comunicação seja possível

(SEARLE, 1991, p. 227 apud  CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit., p. 131).

Dialogismo e co-construção do sentido são hipóteses que

convergem para uma definição contratual do ato de linguagem, que implica: aexistência de dois sujeitos em relação de intersubjetividade, a existência deconvenções , de normas e de acordos que regulamentam as trocas linguageiras, aexistência de saberes comuns que permitem que se estabeleça uma intercomprensão,o todo em uma certa situação de comunicação (CHARADEAU, 1995c).

Outra abordagem de Bakhtin é a de que “...  cada época histórica tem sua linguagem”.

O autor dá ênfase à relação do discurso com a conjuntura sócio-ideológica. Para ele, a vida

social viva e a evolução histórica criam, nos limites de uma língua nacional abstratamente

única, uma pluralidade de mundos concretos, de perspectivas literárias, ideológicas e sociais,

fechadas; os elementos abstratos da língua, idênticos entre si, carregam-se de diferentes

conteúdos semânticos e axiológicos, ressoando de diversas maneiras no interior destas

diferentes perspectivas (BAKHTIN, 1934-35, p. 96).

Sob esse ponto de vista, a linguagem de nossa época é a da preocupação com o meio

ambiente, com a conservação/preservação das florestas que vem sendo destruídas pelo

desmatamento e queimadas. Ao analisar reportagens e artigos sobre o desmatamento na

Amazônia, Costa (2009) constatou a existência de uma disputa discursiva, que envolve o

debate preservação ambiental x desenvolvimento econômico. Essa disputa estaria relacionada

com o poder, seja o poder econômico, seja o poder de vozes portadoras de um conhecimento

específico.

Estes são, portanto, aspectos a serem levados em consideração quando da análise de

como se estrutura um discurso midiático com fins de divulgação cientifica, uma vez que a

credibilidade da fonte e do próprio veiculo, podem determinar “verdades” que facilmente se

propagarão e influenciarão no agir do cidadão.

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3.3. Sala de aula/oficina, lugar de interação e de reformulação de discursos

A elaboração dos spots radiofônicos em análise se situa ao mesmo tempo num

ambiente intra e extra sala de aula. Considerando que o evento envolveu professores e alunos

do curso de Comunicação Social de uma faculdade privada, o espaço de construção dos spots

pode ser visto também como laboratório experimental de rádio. Entretanto, para

descaracterizar a atividade como aula, foi adotado o modelo de capacitação, no formato de

Oficina.

As oficinas, enquanto atividades pedagógicas trazem para a sala de aula a prática

dialógica preconizada por Paulo Freire em sua proposta de alfabetização de adultos, baseada

no estímulo à participação dos educandos. A técnica de Oficina permite várias formas deaplicação. Temos observado resultados concretos da aplicação da técnica na educação não-

formal, com grupos de agricultores familiares em assentamento e comunidades ribeirinhas

(OLIVEIRA et al., 2003 e 2006).

Para Rodriguez e Soto (1997), quando aplicadas em atividades de organização

comunitária, a oficina se caracteriza como um espaço onde se desenvolvem dinâmicas de

aprendizagem e compromissos mútuos, de maneira que, comunitários e agentes externos

realizem as ações necessárias para alcançar os objetivos propostos.Práticas de construção coletiva de textos e de produtos de mídia, em espaço de

educação, seja de nível médio ou superior, têm demonstrado que a sala de aula/laboratório de

comunicação se constitui em espaço singular de interação entre professores e alunos. Um

exemplo disso é a experiência desenvolvida no Centro Federal de Educação Tecnológica do

Paraná (CEFET-PR), Unidade de Ponta Grossa, em turmas do Ensino Médio. As práticas

demonstram que a sala de aula se constitui em espaço singular onde professores e alunos

assumem seus lugares enquanto falantes da língua materna, realizando interaçõessignificativas e produtoras de sentidos através da linguagem (STADLER et al., 2008).

Segundo Freitas (1999 apud STADLER), a sala de aula, sob uma visão bakhtiniana, é

uma arena onde podemos visualizar a função social da linguagem em plena atividade, pois

nesse local emergem discussões, opiniões, conflitos, possibilitados pelo diálogo. O trabalho

de Stadler analisa as tecnologias da informação e comunicação na educação a partir das

concepções de linguagem, interação, interatividade e dialogismo nas perspectivas de Paulo

Freire e Mikhail Bakhtin.

O argumento central é que há a necessidade de questionar os recursos tecnológicos

como meios de informação e comunicação que veiculam conteúdos pedagógicos através de

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atraentes e coloridos desenhos, sons e animações de forma monofônica e monológica. Os

autores consideram que mais importante do que a tecnologia, é a práxis do educador com os

educandos e viceversa, o que confere sentido e significado à comunicação. Sob este ponto de

vista, por sua dinâmica interlocutiva, a sala de aula permitiria chegar à compreensão do que

ocorre nesse espaço de interação social, através do uso da linguagem.

A contribuição de Paulo Freire é importante para o exercício das práticas dialógicas

em sala de aula, cuja postura democrática não se restringiu ao discurso, mas também à

introdução de novidades que visavam facilitar o diálogo e estimular a participação, como o

uso de recurso audiovisual e a distribuição das carteiras em círculos ao invés de enfileiradas

(BARRETO, 1998, p. 89).

A iniciativa do projeto Com.Ciência Florestal de levar a proposta da Oficina de spotspara sala de aula, ao invés de entregar a criação dos spots a um profissional de publicidade,

teve a perspectiva de estimular a participação dos alunos, apoiando ou desenvolvendo

programas locais de popularização da ciência, aproximando cada vez mais comunicação e

educação a partir da (e para além da) sala de aula, lugar de formação profissional dos

acadêmicos.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Aspectos analíticos

A análise do discurso como metodologia tem sido alvo de estudos de autores como

Baccega (2007 e 2008) que a entende (a metodologia) como a “postura filosófica que o

orienta” e considera primordial  –  nos estudos sobre relação entre discursos  –  conhecer o

 processo pelo qual nos acercamos desses discursos. Processo este que “... envolve o sujeito e

o objeto, mediados pela palavra, buscando o conhecimento de um universo pleno de palavras”

(BACCEGA, 2007, p. 9). A autora considera que, para que a comunicação se efetive, fazem-

se necessários: “o discurso (na enunciação manifesta, parte da formação discursiva), a

subjetividade (a constituição do sujeito enunciador/enunciatário) e o contexto (formação

ideológica/formação social)”.

Quanto à interpretação do discurso, Orlandi diz que faz-se necessário construir um

dispositivo que coloque o dito em relação ao não dito, o que o sujeito diz em lugar com o que

é dito em outro lugar, o que é dito de um modo com o que é dito de outro, procurando ouvir,

naquilo que o sujeito diz, aquilo que ele não diz mas que constitui igualmente os sentidos de

suas palavras (ORLANDI, 2007, p. 59).Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa-ação, uma vez que atuamos como

pesquisador e ao mesmo tempo como facilitador na interação com os alunos na sala de aula

(oficina). O enfoque de análise é predominantemente descritivo e qualitativo, consistindo na

identificação dos elementos das principais formações discursivas, que deram base à

reformulação do discurso de vulgarização analisado.

O universo levado em consideração é o de indivíduos (sujeitos enunciador/ 

enunciatário) pertencentes a determinadas categorias sociais (pesquisadores/acadêmicos deComunicação Social), localizados na região amazônica brasileira, em interação,

materializando um discurso de vulgarização científica da pesquisa florestal. Ao submeter o

material empírico à compreensão do proceso dos discursos estaremos gerando verdades

parciais, que colaboram para a acumulação de saber, e aproximação da verdade absoluta e

incansável, da qual fala Baccega (2007, p. 15).

A totalidade deste trabalho é dada pelas questões endereçadas à realidade observada,

qual seja o processo de reformulação do discurso científico visando a vulgarização científica,

num dado contexto sócio-histórico (de degradação ambiental) e diante de um “contrato de

comunicação”. Contrato aqui refere-se à concepção de “parceiros em interação co-construindo

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o sentido” (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, op. cit., p. 130) e, neste caso, num processo

grupal de produção de spots radiofônicos.

No trabalho empírico e operacional sobre as mensagens elaboradas, buscamos

identificar as marcas lingüísticas características do discurso ambiental apropriadas pela

ciencia florestal, nos seguintes aspectos: a) as diferentes representações dos atores envolvidos

na reformulação do discurso fonte; (b) a recepção das mensagens por pesquisadores, na

condição de “clientes”; O discurso de vulgarização científica expresso nos spots é o objeto

empírico de observação deste estudo que se situa no campo da comunicação. O contexto desta

observação é a interação de sujeitos para a produção social de sentido, que neste caso, é a

comunicação que se quer efetivar por meio da enunciação manifesta nos textos dos spots.

4.2. Corpus e procedimento técnico

O corpus de análise no momento de recepção da informação pelo pesquisador/cliente

constituiu-se dos 10 spots radiofônicos produzidos, que foram submetidos,

individualmente, à audição e avaliação por três pesquisadores que, como responsáveis

pelos projetos alvos da DC, em última instância, no linguajar publicitário, seriam os

“clientes” e, portanto, responsáveis pela aprovação dos spots produzidos. A audição dos

spots, seguida da avaliação, foi feita em ambiente de trabalho, com a utilização de um

computador portátil (notebook ) com caixas de som externas; resultando na seleção dos

spots que alcançaram maior pontuação e,ou destaque na avaliação dos pesquisadores.

A análise dos spots aplica-se somente ao texto verbal escrito, uma vez que a produção

textual é o objeto de analise. Utilizou-se o método de análise de discurso a partir da teoría do

dialogismo Bakhtin e a abordagens conceituais de subjetividade, interação, interdiscurso, e de

reformulação, deste e de outros autores.

Bacegga considera o discurso, simultaneamente, texto, interação e prática social. Para

a autora, o estudo da subjetividade é essencial para a discussão das questões referentes ao

discurso, subjetividade esta que só será possível estudar a partir do conhecimento da dinâmica

da sociedade. “Toda subjetividade configura-se, portanto, a partir do, com o e no universo do

grupo e, ou classe” (BACCEGA, 1998, p. 24).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. A oficina como prática pedagógica educomunicativa

O ambiente em que se produziu o contrato de comunicação em que foram produzidos

os spots situa-se no evento denominado Oficina de criação de spots radiofônicos, que

apresenta as seguintes características: a) uma experiência didático-pedagógica no ensino

superior em sala de aula; b) enfoque multidisciplinar pelo envolvimento de acadêmicos de

Jornalismo e Publicidade.

Duas concepções metodológicas orientaram a elaboração da programação da oficina:

1) a oficina como um espaço de comunicação dialógica; e 2) a construção coletiva por meiodo trabalho em grupo. O evento foi realizado em parceria com a Faculdade Interamericana de

Porto Velho (UNIRON) em razão do objetivo do projeto de capacitar estudantes de

Comunicação Social para iniciá-los na produção de textos e materiais audiovisuais, destinados

à divulgação científica. Também participaram do processo de reformulação do discurso duas

alunas de Jornalismo da Faculdade de Ciências Humanas de Rondônia (FARO).

A programação do evento (Apêndice A), elaborada conjuntamente pela coordenadora

do projeto e o professor da Uniron responsável pela cadeira de radiojornalismo, foi executadaem dois dias, totalizando oito horas/aulas, abordando na primeira etapa aspectos teóricos da

divulgação científica e da pesquisa florestal e, na segunda, aspectos teóricos e práticos da

elaboração de spots radiofônicos.

O desafio apresentado aos acadêmicos foi, a partir da interação com os pesquisadores

responsáveis pelos projetos alvo da divulgação científica, criarem textos para a produção de

spots radiofônicos educativos. Na primeira etapa, referidos pesquisadores apresentaram

palestras sobre os projetos e responderam perguntas dos estudantes. Nesta etapa tem-se entãoo início do processo de construção coletiva, no qual os pesquisadores são os portadores de um

discurso fonte, o discurso da DC, transmitido face-a-face para os estudantes.

Na fase de elaboração dos textos para os spots, o discurso científico fez-se presente

por meio de textos de autoria dos pesquisadores. O pesquisador responsável pelo projeto 1

(Reflorestamento) ofereceu como subsidio um artigo técnico cientifico em 10 páginas,

enquanto o pesquisador responsável pelo projeto 2 (SAFs) ofereceu um resumo de página e

meia.

Os 11 alunos participantes da etapa de elaboração dos textos, foram divididos em dois

grupos, cada um deles formado por dois alunos de Publicidade e três de Jornalismo, sob a

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supervisão das coordenadoras do projeto de divulgação científica (Com.Ciência Florestal),

responsáveis por orientar a discussão no grupo e se necessário, agregar informações sobre as

tecnologias em pauta. Excepcionalmente, no grupo 2, também participou uma estudante de

Engenharia Florestal.

Pelo resultado obtido ao final da Oficina, depreende-se que os alunos tiveram mais

dificuldades em assimilar as informações dos resultados do P2, o que justificaria o fato de

terem sido formulados apenas dois spots sobre o tema SAF.

Não se tem claro a influência do quantitativo de informações impressas fornecidas, na

produção textual dos grupos, mas a orientação foi para que os mesmos produzissem pelo

menos um texto sobre cada um dos projetos, entretanto, ao final do evento, cada grupo

produziu cinco textos, sendo que apenas um texto de cada grupo versava sobre o P2 (SAFs)(Tabela 1).

Tabela 1 - Relação dos textos elaborados para a produção de spots, por projeto/grupo

N.º Projeto alvo Grupo Título do spot 

1 P1 Reflorestamento 2 Bandarra – Dê um tempo, comece agora reflorestar2 P1 Reflorestamento 2 Árvore dá dinheiro3 P1 Reflorestamento 1 Plante Teca4 P2 SAFs 1 Aprenda a fazer um SAF5 P2 SAFs 2 Na casa do meu avô6 P1 Reflorestamento 1 Teca na escola7 P1 Reflorestamento 1 Consciência no campo8 P1 Reflorestamento 2 Agora eu sei – Samauma9 P1 Reflorestamento 2 Agora eu sei – Bandarra

10 P1 Reflorestamento 1 Teca-modelo

Fonte: Relatório do Projeto Com.Ciência Florestal (2009).

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No papel de supervisoras dos grupos, coube as coordenadoras do projeto de

divulgação científica (Com.Ciência Florestal) registrar as dificuldades do grupo em relação ao

processo de produção coletiva. Ressaltamos que foi proposto aos grupos, o exercício de

elaboração coletiva de texto cujas características eram, ao mesmo tempo, de um texto

publicitário, educativo e de divulgação científica.

Propositalmente, nos primeiros minutos da organização do grupo, não foram dadas

pistas, sobre o caminho a ser trilhado. Registrou-se nessa etapa a inquietação dos estudantes

de publicidade que alegavam não conseguir fazer um briefing de um produto, para um público

que eles consideraram muito abrangente “toda a sociedade”.

5.2. A avaliação dos spots pelos “clientes”

Os pesquisadores “clientes” foram solicitados a aceitar ou rejeitar os spots, apontando

se fosse o caso, que não poderiam ser aprovados e, portanto, não divulgados, em razão de

informações que eles considerassem incorretas. Dentre os oito spots produzidos para o P1-

Reflorestamento, o pesquisador responsável não aprovou o Spot 1 com o seguinte argumento:

Texto enfatiza destruição quando fala em 3 segundos para tombar. O áudio também

leva a pensar em destruição... derrubar de maneira planejada não causa destruição

 pois a floresta quando manejada é um recurso renovável (Dados da pesquisa, 2010).

O pesquisador reafirmou a demanda por precisão, característica do discurso cientifico,

ao refutar a informação de que “...se derruba uma árvore em três segundos”.

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O texto que mereceu o destaque do pesquisador, nota máxima para texto e áudio, foi o

do Spot 10, sem entretanto apresentar comentários adicionais:

Em nossa observação, este é um discurso que reflete o  já-dito na publicidade

comercial. Valendo-se das informações do nome da árvore ser um nome feminino, os

acadêmicos expressam no texto o uso da imagem de mulher para “vender” as qualidades da

árvore, acentuada pelas indicações de áudio (voz feminina, insinuante). A expressão “exótica”

na linguagem da ciência florestal é usada para indicar uma espécie florestal que não pertence

ao bioma onde ela está sendo inserida, no caso a Teca (Tectona grandis L.) é uma árvore

originária da Ásia. O emprego da expressão no discurso dos acadêmicos é um exemplo do que

comumente se identifica na análise dos discursos publicitários, de como se realizam as

combinações entre o implícito e o explicito do sentido.

Na avaliação dos Spots do P2 SAFs, o pesquisador “cliente” aprovou com notas

máximas o Spot 4, ressaltando entretanto a ausência de uma informação que remetesse o

ouvinte ao local onde procurar por informações adicionais, “deveria enfatizar a necessidade

de procurar a Assistência Técnica”: 

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O outro pesquisador, da área florestal registrou nos comentários a ausência da menção

à floresta:

O texto fala em sistema agroflorestal incluindo frutas, animal e floresta, e naconclusão fala apenas de frutas e carne, esquecendo o serviço prestado pela florestae seu produto final e os derivados animais, leite, ovos, adubo orgânico, etc. (23SP4)

Por oposição o spot não aprovado pelo pesquisador/cliente2 foi o Spot 5. A

  justificativa principal é que ele não “vende “ a tecnologia SAFs, ou seja, o texto dos

estudantes exclui, ou deixou de mencionar, a informação que para o pesquisador é a que

melhor caracteriza um SAF, que é o plantio “misturado” ou concomitante das espécies. 

De modo geral, evidencia-se no discurso dos acadêmicos (comunicadores) e nas

“falas” dos pesquisadores o conflito entre o interesse da comunicação de ambos. O discurso

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interior dos acadêmicos dialoga, com suas referências familiares (na casa do meu avô), com a

influência da mídia (a árvore teca, com a voz sensual, remete a imagem de mulher, “a boa”, a

mesma que vende cerveja); com a vida cotidiana (Spot6) onde se tem a aluna voltando da

escola e contando para a mãe as novidades.

No Spot 5, o acadêmico imprime um valor sentimental, que o remete ao quintal de um

avô, já o pesquisador ao observar sobre o lado técnico da informação a refuta, pois na sua

percepção, seria o inverso: “na casa do avô tinha árvores e agora sim não tem mais!”. Daí se

 justifica demanda por reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.

O apelo as vantagens econômicas, presente no Spot 2, situado em primeiro lugar na

totalização de pontos atribuidos ao texto pelos pesquisadores, foi destacado no conjunto e

considerado como um excelente argumento, nos comentários livres.

Diferente do que, em geral, ocorre no jornalismo científico, onde a tradução da

linguagem cientifica, coloca os termos científicos nas matérias, como informaçõessecundárias que auxiliam o sujeito interpretante a compreender os processos e técnicas

utilizadas pela ciência. O texto da publicidade social não quer explicar a pesquisa, mas

persuadir o sujeito interpretante a reproduzir o discurso da ciência, como importante para a

sociedade. Não pelo processo de pesquisa em si, mas pela contribuição e importância que os

produtos dela resultantes representam para a sociedade: “... e até navio!” (spot6).

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5.3. O discurso ambiental nos spots produzidos

Os substantivos reflorestamento e recuperação estão fortemente ligados as ações em

prol da minimização dos problemas ambientais. Quando pensadas como ação efetiva dohomem em interação com a natureza, reflorestar e recuperar são verbos que traduzem o

mesmo princípio de “cuidar” do meio ambiente. 

As tecnologias geradas pela ciência florestal, neste caso, apresentam-se como muito

importantes para a sociedade, já que o desmatamento é apontado como um dos principais

problemas ambientais, com repercussão na questão climática (aquecimento global) da mesma

forma que os sistemas agroflorestais, que, conforme as vantagens apontadas pelo pesquisador

no texto de referência embutem estes conceitos.A definição de conceitos chaves constituiu-se em uma etapa intermediária entre o

cientista e os comunicadores, neste caso, representados pelos acadêmicos de comunicação. O

pesquisador da área de comunicação social, como portador de um discurso intermediário

definiu as palavras-chaves, que representariam a tecnologia, evidenciando os seguintes

aspectos: a velocidade com que as florestas são derrubadas, é muito maior do que a

velocidade com que as árvores crescem, portanto a vantagem competitiva oferecida pela

tecnologia do Pj1é o “crescimento rápido” que pode vir a dar um equilíbrio entre os

 participantes dessa “corrida”; o potencial de “recuperação” dos solos com o uso dos SAFs é a

principal vantagem oferecida pelo PJ2.

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Também se identificou nos textos produzidos um discurso que tem características de

didaticidade, quando por meio de expressões como “aprenda a fazer” (Spot 4) tem a intenção

de fazer saber, de dividir seus saberes, ou de fazer saber com que o outro aprenda:

representados pelas frases, “eu não sabia, agora eu sei” (Spot 8 e 9).

Não obstante a forte presença na midia do discurso ideológico maniqueísta, que coloca

em oposição as boas e as más relações do homem com a natureza; não se verificou a

repetição desses argumentos; tampouco o uso do signo “verde” tão repetidamente associado à

floresta, a atitudes ecológicas “saudáveis”. Entretanto, o discurso dos acadêmicos ainda é

 permeado de “lugar comum” representado por expressões tais como: “ar puro para respirar”,

“qualidade de vida” (Spot3 e Spot7).

A disseminação de uma consciência ecológica, que advém da necessidade de usar

racionalmente os recursos naturais, foi o argumento mais frequentemente utilizado, enfocando

as possibilidades de reflorestamento com espécies de crescimento rápido e de utilização dosSAFs.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A demanda por divulgar ao público leigo os resultados de pesquisas financiadas pelo

Programa Piloto para a proteção das Florestas Tropicais (PPG-7) na Amazônia deu origem ao

 projeto “ Estratégias de comunicação para a divulgação científica de resultados de pesquisa

  florestal desenvolvida pela Embrapa na Amazônia Ocidental” (Com.Ciência Florestal),

coordenado pela Embrapa Rondônia, por meio do qual foram desenvolvidas estratégias de

comunicação com a finalidade de promover a divulgação científica, a popularização da

ciência florestal.

Foi objeto de análise neste trabalho: a Oficina como prática educativa e lugar de

contrato de comunicação, de parceiros em interação na reformulação do discurso fonte (dospesquisadores/enunciadores), por acadêmicos de comunicação social, enunciatários e ao

mesmo tempo locutores/ enunciadores /reformuladores e produtores de um segundo discurso.

Com estas análises, a questão que buscamos responder foi: como os atores sociais

(pesquisadores, comunicadores e acadêmicos) envolvidos no processo de produção de spots

radiofônicos, no projeto Com.Ciência Florestal, construíram o discurso da divulgação

cientifica da pesquisa agroflorestal?

Para o alcance dos objetivos, as análises se processaram sobre dois momentos: (1) o daprodução da informação e (2) o da recepção dessa informação pelo pesquisador/cliente.

Como demonstrado na apresentação dos resultados, o primeiro momento resultou na

produção de 10 spots, portanto sob o ponto de vista da Oficina como um processo de

interação que resulta em um produto elaborado, o objetivo foi cumprido. Entretanto, faltam-

nos elementos para avaliá-la como prática pedagógica de ensino, uma vez que o professor da

disciplina, após sua atuação como facilitador na transmissão dos conhecimentos teóricos,

manteve-se neutro no processo de interação e de construção do novo discurso. A nosso vercomo intermediário do processo, não nos caberia interferir, mas promover a discussão sobre

os argumentos com os grupos.

Se tivessemos construido uma hipótese de que a Oficina é uma prática pedagógica a

ser recomendada, estariamos negando-a e recomendando a reformulação da proposta,

incluindo em sua programação uma carga horária muito maior do que as 8 horas programadas

e uma discussão anterior mais ampla sobre formação discursiva, e sobre difusão de

tecnologias. Note-se que a Faculdade parceira não oferece nenhuma disciplina que trate da

comunicação ambiental, ou rural, ou científica.

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Não obstante, não se descartam as demais possibilidades que a prática educativa

ofereceu e que se confirma sua validade como lugar de interação, e de produção. Desta forma,

acreditamos ser possivel repetir a realização de Oficinas nestes moldes, como prática

educativa, de modo a corrigir procedimentos no processo de interação/criação, uma vez que a

mesma oferece possibilidades de renovar ou mesmo romper com a concepção do modelo

tradicional da educação instaurando outra práxis comunicacional.

Em outras palavras, isto significa a possibilidade de exercitar o conceito de

educomunicação, no sentido da criação de “ecossistemas comunicativos” nos espaços

educativos, que cuide da saúde e do bom fluxo das relações entre as pessoas e os grupos

humanos. Estruturar as condições de produção do discurso de modo a elevar esse

procedimento a uma categoria de tecnologia social.Ao situar o problema de pesquisa, a partir do “como?” tínhamos como pressuposto

a possibilidade de reconstituir um modus faciendi do processo de produção de

informação, com começo, meio e fim, e com a possibilidade de reaplicação; o que

categorizaria a Oficina como uma tecnologia social (TS) no campo educacional. O

conceito de TS, adotado pela Rede de Tecnologias Sociais (RTS) a entende como um

processo de inovação a ser implementado   “coletiva e participativamente”, de caráter 

reaplicável, e que só se constitui como uma TS quando tiver lugar um processo deinovação (DAGNINO et al., 2011).

Enquanto laboratório experimental de rádio a Oficina pode ser considerada “o espaço

físico e social do ato de comunicação” (CHARAUDEAU, 2009, p. 69) onde se processou a

transformação do discurso fonte e se obteve um produto: os spots expressando um discurso

que se pretendia de sensibilização ambiental, mas que se revelou, muito mais dirigido ao

beneficiário direto das tecnologias, sobretudo por evidenciar a oportunidade econômica do

investimento em reflorestamento. Mas ao mesmo tempo, a mensagem que faz apelo à açãocidadã é a que argumenta pelo bem estar social.

No segundo momento, ao analisar os spots produzidos, confrontando o discurso do

acadêmico com a lógica do pesquisador/cliente, ficou evidente a permanência do conflito que

caracteriza o interesse dos referidos atores sociais. Busca-se fechar o ciclo do processo de

interação para a construção de um novo discurso, confrontando o discurso do acadêmico, com

a lógica do pesquisador/cliente.

Neste processo de produção coletiva, os discursos caracterizam-se por discursos de

transmissão de conhecimento. Identifica-se também um discurso que tem características de

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didaticidade, expresso em “aprenda a fazer”, revelando a intenção de fazer saber, de dividir

saberes, ou de fazer com que o outro aprenda.

Por fim, destacamos a possibilidade de contribuição desse trabalho para ampliar a

reflexão crítica sobre o processo de produção de informação com fins de divulgação

científica, bem como estimular o aluno de Comunicação Social a exercítar sua atividade de

produção textual, para além da técnica, orientando-os para a leitura do mundo, de modo que,

ao iniciar a construção de um discurso de divulgação científica, tenham claro, ou busquem

clareza, sobre o porquê, como e para quem fazer ciência? Questões que devem anteceder ao

processo de reformulação do discurso cientifico.

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APÊNDICE A

PROGRAMAÇÃO DA OFICINA DE PRODUÇÃO DE SPOTS

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