mono corrigida 07-06

54
UNI-ANHANGUERA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE DIREITO A RESSOCIALIZAÇÃO NO SISTENA PENAL E A EFICÁCIA DAS PENAS ALTERNATIVAS DANIELA MONTEIRO GOMES 1

Upload: daniela-monteiro-gomes

Post on 05-Jul-2015

366 views

Category:

Documents


24 download

TRANSCRIPT

Page 1: Mono Corrigida 07-06

UNI-ANHANGUERA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS

CURSO DE DIREITO

A RESSOCIALIZAÇÃO NO SISTENA PENAL E A EFICÁCIA DAS

PENAS ALTERNATIVAS

DANIELA MONTEIRO GOMES

Goiânia2011

1

Page 2: Mono Corrigida 07-06

DANIELA MONTEIRO GOMES

A RESSOCIALIZAÇÃO NO SISTENA PENAL E A EFICÁCIA DAS

PENAS ALTERNATIVAS

Monografia apresentada à Coordenação de Atividade Complementar de Trabalho de Conclusão de Curso da Uni-Anhangüera – Centro Universitário de Goiás, requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientadora: Profª. Millene Baldy Sant´Anna Braga.

2

Page 3: Mono Corrigida 07-06

Goiânia2011

Monografia “A Ressocialização no Sistema Penal e a eficácia das Penas Alternativas”, apresentada a Professora Millene Baldy Sant´Anna Braga, do Curso de Direito do Uni-Anhangüera – Centro Universitário de Goiás, pela Bacharelanda Daniela Monteiro Gomes, como trabalho de Conclusão de Curso, requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, aprovada pela banca examinadora formada pelos professores:

Orientadora

Profª. Millene Baldy Sant´Anna Braga

Assinatura:

Examinador

Prof.

Assinatura:

3

Page 4: Mono Corrigida 07-06

Dedico este, em primeiro lugar a Deus que tem me dado sabedoria para vencer os obstáculos

4

Page 5: Mono Corrigida 07-06

da vida. A minha família a quem devo minhas maiores conquistas.

Agradeço em primeiro lugar à Deus pela minha vida, aos meus pais pela educação que me deram para chegar onde cheguei. Aos meus colegas de Faculdade, a minha orientadora Millene Baldy Sant´Anna Braga pela

5

Page 6: Mono Corrigida 07-06

dedicação e atenção no decorrer de suas orientações.

RESUMO

O presente estudo tem por finalidade discorrer sobre ressocialização no sistema penal e a eficácia das penas alternativas. O processo de ressocialização do indivíduo em condições de privação da liberdade se apresenta como um dos principais focos de preocupação, tanto das esferas governamentais, como da sociedade de uma forma geral. Visando contribuir para o entendimento do fenômeno, de forma a subsidiar a Administração Pública, é analisada a evolução do Sistema Penitenciário, através dos aspectos institucionais, os quais apontam, para a necessidade da ressocialização por intermédio de práticas organizacionais que envolvem a reeducação e a reintegração social. O presente trabalho se divide em três capítulos. No primeiro fala sobre o Histórico das Prisões. No segundo trata sobre as espécies de penas na Legislação Brasileira. O terceiro capítulo aborda sobre a ressocialização, penas alternativas e suas eficácia, discorrendo sobre o conceito e objetivos da ressocialização, conceito de pena alternativa, suas espécies e classificações, a não reincidência, da ausência de ameaça ou violência e por fim a eficácia das penas alternativas, discorrendo sobre suas vantagens e desvantagens. Demonstrando através das vantagens que existe uma possibilidade real de recuperação de condenados por meios dessas penas. A presente pesquisa tem o caráter bibliográfico, uma vez que a natureza das fontes investigadas foram os livros de Direito Penal, revistas, entre outras doutrinas.

Palavras-Chave: Penas; Individuo; Privação de liberdade; Sistema penitenciário.

6

Page 7: Mono Corrigida 07-06

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 08

1 SISTEMA PRISIONAL................................................................................... 101.1 Sistema Pensilvânico ou Celular...................................................................... 101.2 Sistema auburniano ......................................................................................... 111.3 Sistemas Progressivos...................................................................................... 11

2 ESPÉCIES DE PENAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA........................ 132.1 Reclusão e Detenção ....................................................................................... 132.2 Pena de Multa ................................................................................................. 142.3 Evolução e conceito das Penas privativas de liberdade................................... 152.4 Penas Alternativas de Direitos e Condicionamentos do Sistema Penal........... 162.4.1 Classificação e espécies de penas alternativas ............................................. 172.5 A conversão .................................................................................................... 182.6 Espécies de penas alternativas de direitos....................................................... 19

3 RESSOCIALIZAÇÃO, PENAS ALTERNATIVAS E SUA EFICÁCIA.... 263.1 Conceito e objetivo de Ressocialização .......................................................... 263.2 Da não reincidência ......................................................................................... 293.3 Da ausência de ameaça ou violência ............................................................... 303.4 Eficácia das penas alternativas com suas vantagens e desvantagens .............. 303.4.1 Vantagens das penas alternativas.................................................................. 313.4.2 Desvantagens das penas alternativas............................................................ 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 34

REFERÊNCIAS................................................................................................... 36

7

Page 8: Mono Corrigida 07-06

INTRODUÇÃO

O processo de ressocialização do indivíduo em condições de privação da liberdade se

apresenta como um dos principais focos de preocupação, tanto das esferas governamentais,

como da sociedade de uma forma geral.

Mas se o sistema atual está retrógrado e não ressocializa ninguém, sua substituição é

necessária e não somente possível. A sociedade - através de suas instituições - consolida as

desigualdades sobre as quais se estabelece sua "ordem" e cria um verdadeiro círculo vicioso

de marginalidade.

A ressocialização no moderno sistema penal vigente está deslegitimado sob vários

aspectos, principalmente sob o ponto de vista social, por trata-se de um sistema que age no

abstrato, não atendendo às demandas reais exigidas por aqueles que o utilizam.

Assim, o processo de ressocialização do indivíduo em condições de privação de

liberdade, assunto principal deste trabalho, é considerado bastante complexo, pois, além de

envolver diversos fatores, envolve também, a postura da sociedade em relação aos egressos.

A importância de se trabalhar o tema “A Ressocialização no Sistema Penal e a eficácia

das Penas Alternativas”, se justifica em face da problemática penitenciária se apresentar,

atualmente, como um dos focos de maior preocupação, tanto das esferas governamentais,

como da sociedade de uma forma geral.

Dizer que a pena de prisão e o cárcere não recuperam ninguém, mas, pelo contrário,

provocam a degradação do ser humano, é dizer uma verdade hoje incontestável. Aliás, tomou-

se um discurso por demais repetitivo e, por parte de alguns, um discurso meramente de

impacto, acomodatício, que não traz proposta alguma.

8

Page 9: Mono Corrigida 07-06

O presente trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas bibliográficas, realizadas

em revistas, internet e doutrinas.

A elaboração do projeto adveio do método indutivo, onde se cria conclusões a partir

da observação dos fatos, mediante a generalização do comportamento observado; na

realidade, o que realiza é uma espécie de generalização, sem que através da lógica possa

conseguir uma demonstração das citadas conclusões.

As referidas conclusões poderiam ser falsas e, ao mesmo tempo, a aplicação parcial

efetuada da lógica poderia manter a sua validade; por isso, o método indutivo necessita de

uma condição adicional, a sua aplicação considera-se válida enquanto não se encontrar

nenhum caso que não cumpra o modelo proposto.

O presente estudo se divide em três capítulos. No primeiro fala sobre o Histórico das

Prisões.

No segundo trata sobre as espécies de penas na Legislação Brasileira.

O terceiro capítulo aborda sobre a ressocialização, penas alternativas e suas eficácia,

discorrendo sobre o conceito e objetivos da ressocialização, conceito de pena alternativa, suas

espécies e classificações, a não reincidência, da ausência de ameaça ou violência e por fim a

eficácia das penas alternativas, discorrendo sobre suas vantagens e desvantagens.

9

Page 10: Mono Corrigida 07-06

1 SISTEMA PRISIONAL

O escopo do Sistema Prisional é além da penalidade retributiva pelo mal determinado

e da atenção de novas transgressões por meio da advertência, a regeneração, ressocialização

do condenado. A prisão há de influir sobre os condenados e modelá-los com uma meta

interior. Esse escopo consiste em torná-los aptos para a vida livre.

De acordo com Bitencourt (2005), os primeiros sistemas penitenciários surgiram nos

Estados Unidos.

Esses sistemas penitenciários tiveram, além dos antecedentes inspirados em concepções mais ou menos religiosas, um antecedente importantíssimo nos estabelecimentos de Amsterdan, nos Bridwells ingleses, e em outras experiências similares realizadas na Alemanha e na Suíça. Estes estabelecimentos não são apenas um antecedente importante dos primeiros sistemas penitenciários, como também marcam o nascimento da pena privativa de liberdade, superando a utilização da prisão como simples meio de custódia (BITENCOURT, 2005, p. 124).

Em seguida serão mostrados os três tipos de sistemas prisionais que são: sistemas

pensilvânico, auburniano e progressivo.

1.1 Sistema Pensilvânico ou Celular

O Sistema Pensilvânico ou Celular foi a primeira prisão norte-americana.

Segundo Bitencourt (2005), a primeira prisão norte-americana foi construída pelos

Quacres em Walnut Street Jail em 1776.

O início mais definido do sistema filadélfico começa sob a influência das sociedades integradas por Quacres e os mais respeitáveis cidadãos da Filadélfia, e tinha como objetivo reformar as prisões. Entre as pessoas que mais influenciaram

10

Page 11: Mono Corrigida 07-06

pode citar-se Bejamim Franklin e William Bradford (BITENCOURT, 2005, p. 125).

Neste Sistema Pensilvânico ou Celular, eram utilizados o isolamento celular absoluto,

onde o condenado era isolado em um pátio circular e não havia trabalho nem podia receber

visita só era incentivado a leitura da Bíblia.

Pode-se concluir que neste sistema o preso cumpre a sua pena o tempo todo dentro de

sua cela, sem poder sair. O grande problema encontrado neste sistema era quanto à

impossibilidade de readaptação social do condenado, devido ao isolamento.

1.2 Sistema auburniano

A autorização definitiva para construção da prisão Auburn só ocorreu em 1816. os

fundamentos que passaram a definir esse sistema foram a permissão do trabalho em comum

dos reclusos, sob absoluto silencio e confinamento solitário durante a noite. No sistema

auburniano não se admite o misticismo e o otimismo que inspirou o filadélfico.

O presente sistema surgiu devido ao desejo e necessidade de superar as limitações e os

defeitos do regime celular.

Em 1797 foi inaugurada a prisão Newgati, como referido estabelecimento era muito pequeno foi impossível desenvolver o sistema de confinamento solitário. E diante dos resultados insatisfatórios, em 1809 foi proposta a construção da prisão de Auburn só ocorreu em 1816 uma das partes do edifício destinou-se ao regime de isolamento (BITENCOURT, 2005, p. 127).

Em 1821, os prisioneiros de Auburn foram divididos em três categorias:

1. a primeira era composta pelos mais velhos e persistentes delinqüentes, aos quais se destinou um isolamento contínuo,2. na segunda situaram-se os menos incorrigíveis e somente eram destinadas as celas de isolamento três dias na semana e tinham permissão para trabalhar, e3. a terceira categoria era integrada pelos que davam maiores esperanças de serem corrigidos. A estes somente era imposto o isolamento noturno, permitindo-lhes trabalhar juntos durante o dia,ou sendo destinados às celas individuais um dia na semana. As celas eram pequenas e escuras, e não havia possibilidade de trabalhar nelas (BITENCOURT, 2005, p. 127-128).

De acordo com este sistema, os detentos não podiam falar entre si, somente com os

guardas, com licença prévia e em voz baixa, adotando então a regra do silêncio absoluto.

11

Page 12: Mono Corrigida 07-06

Neste sistema havia o trabalho, primeiro praticado nas celas, depois em comum, onde

os condenados deviam manter-se isolados durante o período noturno. Uma característica

marcante desse sistema era a exigência de um silencio absoluto entre os condenados.

1.3 Sistemas Progressivos

O apogeu da pena privativa de liberdade coincide com o abandono dos regimes celular

e auburniano e a adoção do regime progressivo.

Incorporado pelo direito penal brasileiro, o sistema progressivo, criado na Inglaterra

durante o século XIX, visava o comportamento do preso demonstrado pela boa conduta e pelo

trabalho, estabelecendo-se três períodos ou estágios no cumprimento da pena.

A primeira fase consiste no recolhimento celular continuo. O segundo estágio é o

trabalho e o ensino durante o dia e isolamento noturno. Em outra fase, o condenado trabalha

fora do presídio durante o dia, retornando pra o recolhimento no período noturno.

Segundo Bitencourt (2005, p. 128), o regime progressivo substitui o regime celular e

auburniano, uma vez que a pena privativa de liberdade continua sendo a espinha dorsal do

sistema penal atual.

Segundo Bitencourt (2005, p. 129), o regime progressivo significou um avanço

penitenciário já o sistema progressivo inglês foi dividido em três períodos:

1. isolamento celular diurno e noturno, onde o apenado refletia sobre seu delito. E era submetido a trabalho duro e obrigatório, com regime de alimentação escassa;2. trabalho em comum sob a regra do silêncio, o apenado era recolhido em estabelecimento denominado de "public warkhouse" sob regime comum, com a regra do silêncio absoluto, se fosse cumprida como era imposto e iria para o terceiro período;3. liberdade condicional neste período o condenado obtinha uma liberdade limitada que era restrita, e devia ser obedecido por um período determinado. Se neste período o condenado cumprisse as determinações ele obtinha a liberdade de forma definitiva.

No Brasil o conceito de um sistema penitenciário progressivo surgiu no final do século

XIX, mas, no entanto, sua utilização generalizou-se através da Europa só depois da I Guerra

Mundial.

Portanto, a adoção do regime progressivo coincidiu com a imagem da consolidação da

pena privativa de liberdade como instituto penal (em substituição à pena de deportação e a de

trabalhos forçados) e da necessidade da busca de uma reabilitação do preso.

12

Page 13: Mono Corrigida 07-06

Cada crime deve ser visto e levado em consideração todos os elementos que

concorreram para a antijuridicidade, assim como os fatores individuais.

2 ESPÉCIES DE PENAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

2.1 Reclusão e Detenção

Em se tratando da pena de reclusão e de detenção, pena de reclusão faculta ser

cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto, por outro lado a pena de detenção pode

ser cumprida em regime semi-aberto ou aberto.

Conforme Bitencourt (2005) existe uma outra diferença entre a pena de reclusão e de

detenção, sendo em caso do réu sofrer duas condenações, uma por crime de roubo e outra pelo

crime de ameaça, onde as penas antecipadas respectivamente são de reclusão e de detenção,

sempre será cumprida basicamente a pena mais rígida, qual seja a do crime de roubo.

Preceitua o atual Código Penal (art. 33, caput) que a pena de reclusão deverá ser

cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto; a pena de detenção, porém, será

executada em regime semi-aberto ou aberto, Admitindo-se, excepcionalmente, a regressão

para o regime fechado. São, portanto, três os regimes de cumprimento das penas privativas de

liberdade, a saber, segundo Prado (2007, p. 101):

a) Regime Fechado: neste a pena privativa de liberdade será executada em estabelecimento de segurança máxima ou média (art. 33, §1º, a);b) Regime Semi-aberto: admite a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (art. 33,§ 1º, b);c) Regime Aberto: o cumprimento da pena dá-se em casa de albergado ou estabelecimento adequado (art. 33, §1º, c)

Portanto, tem-se então, no regime fechado, o cumprimento da pena em penitenciária,

construída – quando se tratar de condenados homens – em local afastado do centro urbano, a

distância que não restrinja a visitação (arts. 87 e 90, LEP – Lei de Execução Penal). O

sentenciado aí alojado estará sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o

repouso noturno (art. 34, § 1º, CP).

Já o regime semi-aberto a pena de acordo com Fragoso (2005, p.321), será cumprida

em colônia agrícola, industrial ou similar. Poderá o condenado ser alojado em compartimento

13

Page 14: Mono Corrigida 07-06

coletivo, observados, porém, os requisitos de salubridade ambientais supramencionados, bem

como as exigências básicas das dependências coletivas, tais como: seleção adequada dos

presos; limite de capacidade máxima que atenda aos objetivos de individualização da pena

(cf. arts. 91 e 92, LEP).

Por derradeiro, o regime aberto, baseia-se na autodisciplina e senso de

responsabilidade do condenado (art. 36, caput, CP). O cumprimento da pena privativa de

liberdade é feito, em tese, em casa de albergado. O prédio desta deverá situar-se em centro

urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracteriza-se pela ausência de obstáculos

físicos contra a fuga, devendo conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local

adequado para cursos e palestras, bem como instalações para os serviços de fiscalização e

orientação dos condenados (cf. arts. 94 e 95,LEP).

De acordo com Zaffaroni , neste regime, o condenado deverá, fora do estabelecimento

e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada,

permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36, §1, CP).

Zaffaroni (2009) ainda, menciona que a principal vantagem da prisão aberta consiste

em permitir que o sentenciado faça uma experiência de liberdade concreta, e não apenas

simulada, pois tem oportunidade de viver e de trabalhar como um homem livre, embora ainda

esteja cumprindo pena.

O sistema brasileiro adotou o sistema progressivo para a execução da pena. Portanto,

será advertido não só cumprimento de parte da pena (1/6 da pena) como também a

importância do condenado, em se tratando de seu comportamento durante a execução desta.

Contudo, o condenado que cumpre o regime fechado, posteriormente ao cumprimento

de um sexto da pena, e se seu comportamento for satisfatório durante este cumprimento, fará

jus ao direito de progredir de regime para o mais brando, neste caso, o semi-aberto. Em

contrapeso, caso o condenado venha a desobedecer uma norma interna de comportamento,

poderá regredir de regime, prontamente.

Conforme o art. 33 do Código Penal, os parâmetros para a imposição do regime inicial

pode ser imposto ao condenado. Neste sentido, ao réu condenado a uma pena superior a 8

anos, o regime inicial será o fechado. Ao réu não reincidente condenado a uma pena entre 4 e

8 anos, o regime inicial será o semi-aberto. Finalmente, ao condenado não reincidente a uma

pena inferior a 4 anos, será submetido ao regime aberto.

2.2 Pena de Multa

14

Page 15: Mono Corrigida 07-06

Na legislação brasileira, a pena de multa, também conhecida por pena pecuniária,

tem sua origem remotíssima, vinculada à reparação do direito germânico, podendo também

ser encontrada em quase todos os direitos penais antigos. Na sua forma atual, a pena de

multa, importa-se na obrigação de pagar uma soma em dinheiro ao Estado, com característica

de pena, objetivando-se assim, uma mera reparação do prejuízo causado à sociedade.

Para Zaffaroni (2009, p. 814), “a multa penal, ou seja, a multa como pena, não perde,

nunca este o seu caráter, pelo que conserva a sua principal função preventiva”.

O patrimônio, conjunto de bens e direitos de conteúdo econômico de uma pessoa, é um bem jurídico, além de ser objeto de múltiplos direitos, reais e de crédito, por conseguinte, o patrimônio também pode ser atingido por uma pena. A pena de multa é uma espécie de pena patrimonial, de caráter pecuniário (ZAFFARONI, 2009, p. 141-142)

De acordo com Beccaria (2007, p. 136), “a pena pecuniária como toda diminuição de

nossas riquezas sancionada pela lei como punição de um delito”.

Segundo Garraud (2002, p. 268) “alguns autores, todavia, entendem que ela procede

pela criação de obrigação – seu efeito é tornar o Estado credor do montante de multa, ainda

que conservando o caráter penal”.

No entender de Costa Jr (2006), a pena de multa tem como característica a diminuição

do patrimônio do indivíduo, consistindo na privação de uma parte do patrimônio do

delinquente, imposta como pena.

A perda de determinada importância representa sua consistência material e a imposição retributiva a razão de ser da perda. Ela incide diretamente sobre bens, e nem mesmo de modo indireto poderá atingir a liberdade social (COSTA JR, 2006, p. 750).

Concorrentemente, a multa penal é reconhecida como verdadeira pena, pela

unanimidade dos autores e das legislações modernas, estando, por conseguinte, submetida

irrestritamente aos princípios que norteiam as demais sanções criminais.

2.3 Evolução e conceito das Penas privativas de liberdade

A pena de prisão teve sua origem nos mosteiros da Idade Média, como punição

imposta aos monges ou clérigos faltosos, fazendo com que se recolhessem às suas celas para

se dedicarem, em silêncio, a meditação e se arrependerem da falta cometida, reconciliando-se

com Deus. Essa idéia inspirou a construção da primeira prisão destinada ao recolhimento de

15

Page 16: Mono Corrigida 07-06

criminosos, a House of Corrections, construída em Londres entre 1550 e 1552, difundindo-se

de modo marcante no século XVIII (MIRABETE, 2004).

As chamadas penas privativas de liberdade são denominadas de reclusão ou de

detenção. Destarte há distinção entre ambas, sendo a primeira adotada para os crimes de

maior gravidade e a segunda para os de menor.

A reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A detenção

em regime semi-aberto ou aberto, salvo a necessidade de regressão a regime fechado.

Na detenção e na reclusão, a pena de reclusão é mais aflitiva para o condenado e

dificultadora das vantagens decorrentes do sistema progressivo do cumprimento da pena,

chamado de transferência, pois se transfere de um regime de execução de maior gravidade

para um de menor gravidade, mas também pode ocorrer o inverso, isto é, do de menor

gravidade para o de maior gravidade, havendo assim a chamada regressão.

A progressão e a regressão implicam mudança de regime, não de uma pena para outra,

o que ocorre é a diminuição ou o aumento das restrições ao direito de liberdade do condenado.

Os sistemas de penas privativas de liberdade constituem em seu fim verdadeira

contradição. Quanto à pena privativa de liberdade, pode-se salientar o que ensina Mirabete:

[..] É praticamente impossível a ressocialização do homem que se encontra preso, quando vive em uma comunidade cujos valores são totalmente distintos daqueles a que em liberdade,deverá obedecer. Isso sem falar nas deficiências intrínsecas ou eventuais do encarceramento, como a superpopulação, os atentados sexuais, a falta de ensino e de profissionalização e a carência de funcionários especializados (MIRABETE, 2004, p. 251).

Portanto, cabe ressaltar que a pena de prisão apresenta tais aspectos negativos, não se

pode, entretanto, questionar que continua ela a ser único recurso aplicável para os

delinquentes de alta periculosidade, isto no ponto de vista educativo e recuperatório.

Conforme estudos realizados, a prisão precisa ser mantida para servir como

reconhecimento inicial dos condenados que não tenham condições de serem tratados em

liberdade.

2.4 Penas Alternativas de Direitos e Condicionamentos do Sistema Penal

A pena alternativa é uma medida punitiva imposta ao autor da infração penal no lugar

da pena privativa de liberdade, sendo as mesmas punições de natureza penal. Entre estas a

multa, o perdão judicial (isenção da pena) e a prestação de serviços à comunidade.

16

Page 17: Mono Corrigida 07-06

Conforme Zaffaroni (2009, p. 806), a Lei nº 9.714, de 25 de novembro de 1998,

atendendo o apelo da política criminal dos dias atuais, ampliou as possibilidades da adoção

das penas alternativas de direitos, não só reprisando as contidas na legislação anterior, mas

acrescentando ao código mais duas outras espécies dessa penas (art. 43, incisos I, II, IV, V e

VI). Além disso, estabeleceu que essas penas são aplicadas de maneira autônoma, em

substituição às penas privativas de liberdade que não sejam superiores a quatro anos, desde

que o crime não tenha sido cometido com o emprego de violência ou grave ameaça, ou,

qualquer que seja a pena, no crimes culposos (art. 44 e seus incisos I e II).

Existe uma limitação para a substituição de uma pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, e só podendo ser realizada em duas hipóteses: a) quando, nos crimes dolosos, a pena aplicada não supere os quatro anos e não tenha o agente empregado violência física ou moral; b) quando se tratar de crime culposo, qualquer que seja a pena aplicada (art. 44, inciso I). A aplicação da pena restritiva de direitos depende da não reincidência do agente em crime doloso (inciso II) desde que “a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias, indicarem que essa substituição seja suficiente” (inciso III) (ZAFFARINI, 2009, p. 808).

Se a pena aplicada ao delito, seja o mesmo doloso ou culposo, pode ser operada a

substituição com a imposição de pena de multa ou de uma pena restritiva de direitos. Como

exemplo, tem-se, a pena for superior a um ano, e não excedendo a quatro anos quando doloso

o crime, ou mesmo superior em se tratando de crime culposo, a pena privativa de liberdade

pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas

de direito. (art. 44, §2º).

Porém será preciso que a pena privativa de liberdade aplicada não seja superior a dois anos (art. 180, LEP). Além deste requisito para se conceda tal benefício, o citado dispositivo prevê três outros pressupostos para que ocorra a conversão: a) que o condenado esteja cumprindo a pena em regime aberto; b) que tenha sido cumprido pelo menos um quarto da pena; c) que os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável (PRADO, 2007, p. 334).

Conforme Sznick (2000), a pena alternativa se refere que, mesmo punindo, não afasta

o indivíduo da sociedade, não o exclui do convívio social e dos seus, não impede os seus

afazeres normais.

Portanto, a pena alternativa é uma medida punitiva imposta ao autor da infração penal

no lugar da pena privativa de liberdade, sendo as mesmas punições de natureza penal. Entre

estas a multa, o perdão judicial (isenção da pena) e a prestação de serviços à comunidade.

As penas alternativas têm natureza jurídica de pena. São aflitivas, visam a prevenção

geral e a especial, sendo de dupla natureza.

17

Page 18: Mono Corrigida 07-06

Autônoma - são penas substitutivas; não são acessórias nem dependem da pena privativa para serem impostas; são próprias, como as penas privativas de liberdade, a pecuniária e as restritivas de direito. Acessória - é a que depende da aplicação de uma pena detentiva, ao depois substituída pela pena alternativa. O juiz, ao condenar, impõe a pena privativa de liberdade e, atendidos os requisitos pelo condenado, converte-a, por exemplo, em pena de prestação de serviços à comunidade como elemento de sursis e do livramento condicional (SZNICK, 2000, p. 55).

As penas alternativas se inserem em soluções simples e urgentes dentro de uma

criminalidade crescente e bastante violenta, e de outro lado não só a superlotação carcerária

mas a falta de vagas (quase o mesmo número de presos são os mandados de prisão, à espera

de serem cumpridos) estão a exigir substitutivos penais como as penas alternativas que

mantêm o condenado em seu ambiente social, no sentido de que, em não o afastando do

convívio social, melhor será a sua recuperação social.

Conforme Bitencourt (2005), o que a sociedade quer é uma punição pronta e célebre,

selecionando os casos mais graves à pena celular e os crimes leves, com penas pequenas,

sejam afastados de penas privativas que mais corrompem e pervertem o condenado mais do

que o corrigem e preparam seu reingresso na comunidade.

Esse é o papel da pena alternativa, que não constitui um benefício, mas sim uma pena,

que surgiu com a evolução dos tempos, para punir, mas ao mesmo tempo não degradar o

preso, impondo-lhe a pecha do condenado. Ademais, a pena de prisão não só exerce

influência perniciosa sobre o condenado, mas também atinge seus familiares, muitas vezes

desestabilizando-os e fazendo-os passar por dificuldades financeiras.

Dentro do conceito de que a pena deve também buscar a defesa da sociedade (defesa

social), verificamos que as penas alternativas - atendendo à personalidade, conduta,

antecedentes e não descurando do dano causado pela infração criminosa - são bastante

eficientes. Assim, em crimes de menor gravidade (os crimes de menor potencial ofensivo) não

se justifica sua retirada do convívio social e familiar, sendo que as penas alternativas se apresentam

como solução para o caso.

É uma pena que, mesmo aflitiva, mas com caráter retributivo presente, tem como maior

objetivo a reintegração do criminoso na sociedade, recuperando-o, já que possibilita a sua reabilitação.

2.4.1 Classificação e espécies de penas alternativas

18

Page 19: Mono Corrigida 07-06

Segundo Damásio de Jesus (2000), as penas alternativas podem ser classificadas em:

restritivas de liberdade, com limitação de fim de semana; restritivas de direitos, como as

interdições provisórias de direitos; pecuniárias, como a multa e a prestação pecuniária e de

tratamento, conforme exposto no capítulo anterior deste estudo.

Conforme Sznick (2000), as penas alternativas são da mais variada espécie. Para

ficarmos com dois países que mais tem-se destacando nos substitutos penais à pena de prisão -

coincidentemente ambos da common law e utilitaristas.

Como filosofia da pena temos a preferência por uma pena alternativa: Inglaterra – mesmo aplicando o serviço à comunidade, quiçá por ser mais antiga, há uma preferência pela probation, na qual - como também nos Estados Unidos - o condenado fica em liberdade sob a supervisão de um agente responsável, por um determinado período (três meses a três anos), objetivando dar apoio e fiscalização ao condenado e, assim, facilitar sua recuperação e evitar a reincidência. Em Londres a cada ano são impostas mais de 3.500 sentenças. Há casos em que na probation o condenado se recolhe à noite a instituições para esse fim (apoio, aconselhamento e orientação). No ano de 1994/95, 97% dos condenados são sujeitos à probation, sendo responsável cada um por 35 condenados (esses agentes têm formação universitária e são jovens, com idade mínima de 24 anos) (SZNICK, 2000, p. 56).

Segundo Bitencourt (2005) os Estados Unidos empregam, também, muito a probation

e o Serviço à Comunidade mas estão cada vez mais empregando o plea bargaining (transação

penal brasileira) como alternativa à prisão.

As espécies de penas alternativas segundo Sznick (2000), da seguinte maneira:

Penas pecuniárias: 1) - multa recolhida aos cofres do Estado; 2) - multa indenizatória (para a vítima, prevista no Código de Trânsito, Lei 9.009/95 e Lei dos Crimes Ambientais); 3) - reparação do dano (Lei 9.099/95 e Lei dos Crimes Ambientais); 4) - entrega de dinheiro ao Estado; 5) – entrega de dinheiro a instituições beneficentes; 6) - pagamento de cestas básicas (atual lei) ; 7) - multa assistencial (a entidades beneficentes) .Restrição de liberdade: 1) - limitação de fim de semana; 2) - penas de choque (privando a liberdade por curta duração: de um dia a uma semana de prisão); 3) – prisão (recolhimento) domiciliar (Lei dos Crimes Ambientais); 4) - prisão por período descontínuo. Restrição de direitos: 1) - interdição temporária de direitos; 2) - perda de direitos.Restrição de ir e vir: 1) - proibição de freqüentar certos lugares (como condição do sursis, livramento condicional, prestação de serviço à comunidade, recolhimento domiciliar - (atual lei); 2) - confinamento (exílio local ou rural); 3) - proibição de passar por certo lugar (diante da casa da vítima, seu local de estudo ou trabalho); 4) - expulsão do território; obrigação de mudar de residência ou de bairro.Penas de serviço: 1) - prestação de serviço à comunidade; 2) - tarefas outras (visitas a hospitais, asilos e casa de repouso, a presídios e cadeias, a pronto-socorros). Inabilitação ou perda de função: 1) - suspensão de direitos políticos (votar; ser votado); 2) - perda de cargo ou função (inclusive eletivo); 3) - incapacidade para o pátrio poder, tutela ou curatela; 4) - inabilitação para dirigir veículo (Código de Trânsito e Código Penal).

19

Page 20: Mono Corrigida 07-06

Programas sociais de reabilitação: 1) - freqüência a cursos profissionais e escolares (P e 2º grau); 2) - tratamento de desintoxicação (para alcoólatras e drogados: Lei de Entorpecentes); 3) - programas de reabilitação (sessões psicológicas, psiquiátricas, terapia social).Arrependimento: 1) - repreensão ou admoestação pública; 2) - retratação (pedido de desculpas à vítima); 3) - caução de não molestar mais a vítima;Inabilitação comercial: 1) - inabilitação temporária do uso de cheque bancário (em caso de estelionato, apropriação indébita); 2) - inabilitação temporária do uso de cartão de crédito (estelionato, apropriação indevida) (SZNICK, 2000, p. 57-58).

Como se pode verificar as penas alternativas possuem várias espécies, tendo como

objetivo principal a ressocialização e reintegração do individuo à sociedade.

2.5 A conversão

A conversão primordialmente visa dinamizar o quadro da execução de tal maneira que

a pena finalmente cumprida não seja, necessariamente, a pena da sentença, buscando

dignificar o procedimento executivo das medidas de reação ao delito, em atenção ao interesse

público e na dependência exclusiva da conduta e das condições pessoais do condenado

(Exposição de Motivos de Lei de Execução Penal, item 164). Isto posto, a Conversão nem

sempre será efetuada com vistas a beneficiar o réu, mas também se afigurará possível para

atender ao interesse público.

A Lei de Execuções penais reúne as causas de conversão obrigatória segundo a

modalidade de pena restritiva de direitos imposta. Dessa maneira, a pena de prestação de

serviços à comunidade será convertida quando o condenado (art. 181, § 1º, LEP):

a) não foi encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender à intimação por edital;b) não comparecer, injustamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço;c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;d) praticar falta grave;e) sofrer condenação, por outro crime, à pena privativa de liberdade cuja execução não tenha sido suspensa.

Quanto à pena de limitação de fim de semana, será convertida quando o condenado,

segundo art. 181, § 2º, LEP).

a) não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena;b) recusar – se a exercer a atividade determinada pelo juiz;c) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender à intimação por edital;d) praticar falta grave;

20

Page 21: Mono Corrigida 07-06

e) sofrer condenação, por outro crime, à pena privativa de liberdade cuja execução não tenha sido suspensa.

Finalmente, a pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o

condenado (art. 181, § 3º, LEP):

a) exercer, injustificadamente, o direito interditado;b) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender à intimação por edital;c) sofrer condenação, por outro crime, à pena privativa de liberdade cuja execução não tenha sido suspensa;

Logo ocorrendo a conversão, conforme Prado (2007, p. 254) computa-se na duração

total da pena privativa a ser executada o quantum de cumprimento efetivo da pena restritiva

inicialmente aplicada.

2.6 Espécies de penas alternativas de direitos

Após a publicação da Lei nº 7.209/84, acolheu-se o sistema de penas alternativas ou

substitutivas. Tais penas têm caráter geral, posto que podem substituir a pena privativa de

liberdade, independentemente do título em que esteja inserido o delito em questão, desde que

presentes os requisitos autorizantes. As penas restritivas de direitos – substitutivas por

excelência – encontram-se elencadas no art. 43 do Código Penal e abrangem as seguintes

espécies a seguir:

a) Prestação pecuniária

De acordo com Zaffaroni (2009, 810) a prestação pecuniária conforme o art. 45, do

CP, consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou

privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário

mínimo, nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será

deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os

beneficiados. A aplicação desta pena possui uma evidente natureza reparatória.

b) Perda de bens e valores

21

Page 22: Mono Corrigida 07-06

A perda de bens e valores pertencentes aos condenados está elencada no art. 43, II, do

Código Penal, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e

seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento

obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime ( art. 45, § 3). Essa

nova pena alternativa, de natureza patrimonial, guardadas as devidas distinções, assemelha –

se à pena de confisco especial ou individual, consistente na perda legal da propriedade pelo

condenado em favor do Estado.

c) Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas

A prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas é um trabalho

desenvolvido pelo réu, ou melhor, as tarefas lhe são atribuídas, e por este serviço não há

remuneração, (art. 30, LEP), posto que não há vínculo empregatício entre aquele e o Estado.

Esta prestação de serviço, somente é aplicável às condenações superiores a seis meses de

privação de liberdade.

De acordo com Prado (2007, p. 352) a entidade, órgão da execução penal, designado

pelo juiz, onde o réu cumprirá sua pena, deverá dentro dos termos do art. 79, I e II, da LEP,

orientar os condenados à pena restritiva de direitos, bem como fiscalizar o cumprimento das

penas de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas e de limitação de fim de

semana. Cabe ressaltar que a entidade beneficiada com a prestação de serviços, encaminhará

mensalmente ao juiz da execução, relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem

como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar (art. 150, LEP).

d) Interdição temporária de direitos

Na atualidade, estas penas são reguladas de diversas maneiras na legislação

comparada, tanto como penas principais como penas acessórias.

Reza em seu art. 47, as interdições cabíveis:

I – proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II – proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependem de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; III – suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;IV – proibição de freqüentar determinados lugares.

22

Page 23: Mono Corrigida 07-06

Essa pena restritiva de direitos tem sua aplicação particularmente indicada nas

hipóteses de violação de dever funcional relativo ao regular desempenho de cargo, função ou

atividade pública (dever de lealdade, obediência, conduta ética, etc.) ou mandato eletivo

(PRADO, 2007, p. 353).

Assim, os condenados por crimes contra a administração pública, peculato culposo,

emprego irregular de verbas ou rendas públicas, prevaricação, condescendência criminosa,

advocacia administrativa, abandono de função, exercício funcional ilegalmente antecipado ou

prolongado, violação de sigilo ou proposta de concorrência, poderão ter a pena privativa de

liberdade imposta, desde que não superior a quatro anos, substituída pela interdição

temporária de direitos.

Não se faz confundir, a interdição temporária para o exercício de cargo, função ou

atividade pública, ou mandato eletivo, com sua perda. Esta é efeito de somente de condenação

(art. 92, I, CP).

Cabe ressaltar, que a pena de interdição temporária de direitos na modalidade

consignada no art. 47, II, do Código Penal, aplica-se não só àqueles que infringirem deveres

próprios de profissão, atividade ou ofício sujeito a habilitação, licença ou autorização do

poder público, mas predominantemente aos autores de delitos próprios, como o de maus

tratos, violação de segredo profissional, etc.

e) Limitação de fim de semana

A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer aos sábados e

domingo, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado,

período durante o qual poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas

atividades educativas (art. 48, CP; 152, LEP). Conforme Zaffaroni (2009, p. 813), trata-se

também de uma pena que só recentemente foi introduzida na legislação comparada, e é

conhecida como “prisão de fim de semana”.

Durante o cumprimento desta pena, deverá o estabelecimento onde o condenado

cumpre a pena, designado pelo juiz da execução, encaminhar mensalmente um relatório

comunicando a ausência ou falta disciplinar do apenado (art. 153, LEP).

23

Page 24: Mono Corrigida 07-06

3 RESSOCIALIZAÇÃO: AS PENAS ALTERNATIVAS E SUA EFICÁCIA

3.1 Conceito e objetivo de Ressocialização

A ressocialização refere-se ao retorno do condenado ao convívio social. Contudo seu

objetivo é o de humanizar a passagem do detento na instituição carcerária, dando a entender

sua essência teórica, numa direção humanista, passando a focalizar a pessoa que delinquiu

como o centro da reflexão científica.

Conforme Cruz (2009) ressocialização significa a convivência em sociedade, ou seja,

tem como objetivo a reintegração do condenado à sociedade.

A pena de prisão gera inovação com um exemplo que assinala que não basta punir o

indivíduo, mas orientá-lo dentro da prisão para que ele possa ser reintegrado à sociedade de

maneira efetiva, evitando com isso a reincidência.

Damásio de Jesus (2000) refere-se ao exemplo ressocializador como aparelho

reabilitador, que adverte a idéia de cautela especial à pena privativa de liberdade, devendo

consistir em medida que vise ressocializar a pessoa em conflito com a lei. Nesse sistema, a

prisão não é um instrumento de vingança, mas sim um meio de reinserção mais humanitária

do indivíduo na sociedade.

Esse modelo tem como característica a reinserção social da pessoa que cometeu a infração; onde a posição da vítima é secundária; admite progressão na execução da pena de acordo com o comportamento do condenado, iniciando-se no regime mais rigoroso até chegar ao regime mais ameno, sendo os regimes fechado; semi-aberto; e, aberto, não necessariamente, o sentenciado inicia-se no regime fechado (SILVA, 2003, p. 30).

24

Page 25: Mono Corrigida 07-06

Contudo, o modelo ressocializador ostenta a natureza social do problema criminal,

formado nos princípios de co-responsabilidade e de solidariedade social, entre o transgressor e

as normas do Estado (social) contemporâneo.

O modelo ressocializador propugna, portanto, pela neutralização, na medida do possível, dos efeitos nocivos inerentes ao castigo, por meio de uma melhora substancial ao seu regime de cumprimento e de execução e, sobretudo, sugere uma intervenção positiva no condenado que, longe de estigmatizá-lo com uma marca indelével, o habilite para integrar-se e participar da sociedade, de forma digna e ativa, sem traumas, limitações ou condicionamentos especiais. (MOLINA, 1998, apud Silva, 2003, p.31)

Conforme Bitencourt (2005), a ressocialização não capacita ser viabilizada numa

criação carcerária, pois essas resumem-se num microcosmo no qual reproduzem-se e

agravam-se as contradições que existem no sistema social.

Alguns desses setores chegam a afirmar que o ideal ressocializador é uma mera utopia, um engano, apenas discurso, ou simplesmente uma declaração ideológica. O descrédito em relação à ressocialização dá-se por que esta aparece apenas nas normatizações (Lei de Execução Penal, Regras de Tóquio, Declaração de Direitos Humanos), deixando a desejar no que tange à prática aplicada nas instituições carcerárias. Nestas acontecem, de fato, abusos repressivos e violentos aos direitos dos presos, onde o acompanhamento social, psicológico, jurídico ainda é geralmente precário, insuficiente, obstruindo qualquer forma efetiva de ressocialização e reinserção do preso à sociedade (SILVA, 2003, p. 33).

Contudo, na atualidade o exemplo ressocializador confirmou ser ineficaz, sendo

demonstrada a sua falência por meio de investigações sem caráter científico que identificaram

as dificuldades estruturais e os insuficientes resultados conseguidos pelo sistema carcerário,

em relação ao objetivo ressocializador.

A ressocialização não é o único e nem o principal objetivo da pena, mas sim, uma das finalidades que deve ser perseguida na medida do possível. Salienta também que não se pode atribuir às disciplinas penais a responsabilidade de conseguir a completa ressocialização do delinqüente, ignorando a existência de outros programas e meios de controle social através dos quais o Estado e a sociedade podem dispor para cumprir o objetivo socializador, como a família, a escola, a igreja, etc. (BITENCOURT, 2005, p. 25).

Conforme Bitencourt (2005), a ressocialização tem como objetivo a educação e

socialização do preso na sociedade. Mas isso se torna difícil atualmente devido ao grande

índice de superlotação, as más estruturas físicas dos complexos penitenciários nos presídios

brasileiros, se tornando assim impossível atenderem tal finalidade que é a ressocializar o

individuo.

25

Page 26: Mono Corrigida 07-06

Contudo, para Cruz (2009) é preciso reintegrar o condenado à sociedade,

desenvolvendo programas de ressocialização, sendo preciso que exista caráter preventivo e

punitivo, pois a realidade dos presídios brasileiros mostra o contrário, tendo como finalidade

apenas à de punir o condenado e não o de ressocializá-lo.

3.2 Da não reincidência

O requisito da não incidência para concessão de penas alternativas é um requisito

muito discutido e guerreado dentre os doutrinadores. Tal entendimento nos traz ao campo da

subjetivação de tais requisitos, eis que entendemos que deveria haver a possibilidade de

concessão ao reincidente se estudado cada caso de forma diferente.

Dotti (2009, p. 258), em estudo muito interessante ressalta:

É elementar que, se um condenado pelo crime de ameaça, beneficiado com pena restritiva de proibição de freqüentar o bairro onde mora a vítima, vier, dentro do prazo de 5 (cinco) anos, a cometer contra a mesma o delito de lesão corporal, a substituição se mostra absolutamente incabível. Outra poderá ser a solução se este último crime for praticado contra vítima diversa e as circunstâncias dos fatos em cotejo (do crime anterior e do atual) recomendarem a substituição como providência de interesse público.

É desta forma e seguindo este pensamento que entende-se ser necessária maior

subjetividade e quantificação às penas alternativas, ao invés de apenas proibir em qualquer

caso de reincidência.

 

3.3 Da ausência de ameaça ou violência

Outro requisito para concessão das penas alternativas é a necessidade de o crime

cometido não pode ser eivado de grave ameaça ou violência.

Conforme Lopes (2010), a ameaça e a violência são dois caracteres por demais

subjetivos, bem como a supracitada reincidência, para que sejam, a exemplo daquela,

completamente excluídas do crivo alternativo.

Já de acordo com Cruz (2009), há inúmeras formas de ameaça e violência, algumas

inclusive que não causam grandes prejuízos à vítima e, destarte, talvez não ensejassem o

envio do delinqüente à prisão.

Acerca do discutido, mais uma vez o professor Dotti (2009, p. 260), leciona: “O

dispositivo proibindo a substituição quando o crime for cometido com violência ou grave

26

Page 27: Mono Corrigida 07-06

ameaça (art. 44, I, do CP) não pode ser interpretado no sentido meramente literal, mas

compreendido em seu contexto lógico-sistemático”.

Nesse diapasão, é o entendimento de muitos doutrinadores, que a jurisprudência

deveria ser chamada a decidir sobre a possibilidade ou não da concessão de penas alternativas

a autores destes crimes.

3.4 Eficácia das penas alternativas com suas vantagens e desvantagens

Quando se discute a eficácia das penas alternativas, não se pode deixar divagar acerca

das ideologias e vontades da população. Deve-se ater às reais e práticas falhas que tornam as

penas alternativas atuais não-efetivas.

Cabe, entretanto, atinar para as declarações pertinentes de Bitencourt (2005, p. 358);

Na verdade, a nova lei limita-se a estender a aplicação das penas restritivas às penas antes previstas para serem cumpridas em prisão-albergue, e que, no sistema anterior, terminavam sendo efetivadas em prisão domiciliar, vale dizer, flagrante impunidade.

O renomado autor continua sua brilhante lição:

Trocou-se a não efetividade da prisão–albergue pela não efetividade da prestação de serviços à comunidade. Ao fim e ao cabo, resultará em se aplicar a pena que nenhum trabalho ou dispêndio de esforço acarreta ao Juízo da Execução penal, à Administração Pública, ao Ministério Público, ou seja, a pena de prestação pecuniária (...). A extensão das penas restritivas às penas não superiores há quatro anos entra no sistema como corpo estranho, pois torna sem sentido a suspensão condicional da pena, bem como a própria prisão albergue que remanesce no código (p. 358).

Assim sendo, preocupa o fato de que não depende da efetividade das penas

alternativas de novas leis incluindo diversidades de penas, mas sim que o legislador defenda a

partir de agora as condições de aplicação das penas para que sua efetividade seja plena.

A grande quantidade de opções a serem aplicadas, é indiscriminadamente, sem

qualquer critério e mesmo que sejam aplicadas dificilmente atingirão seu efeito desejado.

O próprio sursis queda-se prejudicado pelas tentativas do legislador em resolver a não

efetividade das penas alternativas criando mais opções de penas e não discriminando formas

de aplicação.

27

Page 28: Mono Corrigida 07-06

3.4.1 Vantagens das penas alternativas

Conforme Damásio de Jesus (2000, p. 30-31), as vantagens das penas alternativas, são

as seguintes:

Diminuem o custo do sistema repressivo;Permitem ao juiz adequar a reprimenda penal à gravidade objetiva do fato e ás condições pessoais do condenado. Como disse o ex-ministro Renan Calheiros, “as penas alternativas têm capacidade de retribuir a culpa, reparar o dano e satisfazer os fins preventivos da pena”;Evitam o encarceramento do condenado nas infrações penais de menor potencial ofensivo;Afastam o condenado do convívio com outros delinqüentes;O condenado não precisa deixar sua família ou comunidade, abandonar suas responsabilidades ou perder seu emprego;

Em se tratando da diminuição do custo do sistema repressivo. Segundo uma

reportagem especial da Revista Notícia Agora (2010, p. 12), em que “há 10 mil pessoas

cumprindo penas alternativas em liberdade, número maior do que as 5,3 mil em presídios. (...)

Isso irá gerar economia ao Estado de R$ 1,9 mil por preso. (...) O lucro será resgatar um

infrator, que será ressocializado. Segundo o Juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, cada dia de

trabalho voluntário, aos fins de semana e fora do horário de trabalho, equivale a um dia na

cadeia. O custo mensal de um detento é de R$ 2 mil, contra R$ 16,80 do apenado. (...) No

entanto, para que o sistema funcione, é necessário que tenha fiscalização. (...)”

A lógica é simples: para cuidar de um detento, uma penitenciária precisa de pelo

menos um funcionário para cada três presos. Em um programa de serviços prestados à

comunidade, a secretaria calcula que precisa de apenas uma pessoa para grupo de 50

condenados. Isso porque eles trabalham em hospitais, escolas e órgãos públicos e cumprem

suas tarefas com os demais funcionários oferecendo oportunidade para o cumprimento de

pena em liberdade, por meio de atividades que venham reforçar uma reflexão sobre a relação

delito, cidadania e sociedade.

Assim, é possível uma queda de reincidência na proporção dos condenados ao regime

fechado. Isto ocorre porque com a passagem pela prisão praticamente dobra as chances de que

alguém venha a delinqüir novamente.

Em se tratando de evitar o encarceramento do condenado nas infrações penais de

menor potencial ofensivo, na verdade, conforme Damásio de Jesus (2000) isso só evita o

28

Page 29: Mono Corrigida 07-06

aumento do número de condenados a cumprirem pena no regime fechado, mas não permite

uma queda no número de encarcerados. Essa modalidade de punição ajuda a não superlotar as

prisões e sua efetividade é muito maior, pois é aplicada nos delitos de menor potencial

ofensivo.

O condenado não precisa deixar sua família ou comunidade, abandonar suas

responsabilidades ou perder seu emprego. Deve-se oferecer oportunidade para o cumprimento

de pena em liberdade, por meio de atividades que venham reforçar uma reflexão sobre a

relação delito, cidadania e sociedade.

Portanto, conforme Sznick (2000), as penas alternativas, não deixam no condenado, o

estigma de ex-presidiário.

3.4.2 Desvantagens das penas alternativas

Entre as desvantagens segundo Damásio de Jesus (2000, p. 31-32), pode-se destacar:

Não reduzem o número de encarcerados;Não apresentam conteúdo intimidativo;O legislador é induzido a criar novas normas incriminadoras, aumentando o número de pessoas sob controle penal e ampliando a rede punitiva;Faltade fiscalização.

Em se tratando de não reduzirem o número de encarcerados, o impacto negativo das

medidas da população carcerária, o sentenciado condenado até quatro anos, regra geral, inicia

o cumprimento da pena no regime aberto (art. 33, § 2º, c, CP), enquanto a crise do sistema

penitenciário se centra, principalmente, no sistema prisional fechado.

Por não apresentarem conteúdo intimidativo, as penas alternativas parecem meios de

controle pessoal ou medidas disciplinadoras do condenado. É preciso aplicar as penas com

caráter punitivo, como forma de intimidar o delinqüente, para que ele pense duas vezes antes

de cometer um novo crime. De acordo com Paulo Renato Ferrony, “a alternatividade à prisão

é temporária e não recuperatória. E, na grande maioria dos casos, é levada a final, tão somente

com uma alternativa à restrição da liberdade e não como instrumento de fazer com que o

punido repense sua postura”.

Ocorre a falta de fiscalização, pois não adianta simplesmente aplicar a pena

alternativa, é preciso fiscalizar frequentemente o condenado a cumpri-la. Se não houver uma

fiscalização, como já vem ocorrendo, podemos dizer que não há uma punição para o

delinqüente, tendo em vista que ele vai estar desvigiado e livre para a prática de novos crimes.

29

Page 30: Mono Corrigida 07-06

A fiscalização é a essência e o principal meio de vigilância das penas alternativas. Sem

a fiscalização poderemos falar que não há penas alternativas.

Um dos grandes questionamentos acerca das penas alternativas é se elas são objetos de

ressocialização ou de estímulo à impunidade penal.

Conforme Damásio de Jesus (2000), se as penas alternativas forem cumpridas e

fiscalizadas de formas rigorosas, atingindo seus objetivos, poderemos ter a ressocialização dos

condenados a cumpri-las. Reeducando o condenado para o convívio social, sem crimes, sem

tê-lo que tirá-lo da própria sociedade, o reintegra de forma mais vantajosa do que inserí-lo no

sistema prisional. Não podemos esquecer que, para o juiz, não basta simplesmente aplicar a

pena alternativa, é preciso seguir criteriosamente os requisitos ou pressupostos, para, somente

depois, aplicá-las.

30

Page 31: Mono Corrigida 07-06

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visando conhecer o processo de ressocialização do indivíduo em condições de

privação da sua liberdade, este trabalho teve como objetivo analisar a ressocialização no

sistema penal e a eficácia das penas alternativas, demonstrando as vantagens e desvantagens

das penas alternativas.

O aumento na adoção de Penas e Medidas Alternativas pode ser uma das alternativas

para minimizar um dos graves problemas das unidades penitenciárias: a superlotação.

Entretanto esse fim só pode ser alcançado, caso sejam proporcionadas ao preso,

durante o processo de cumprimento da pena, condições para a sua ressocialização, e dessa

forma, após seu regresso à sociedade, possa inspirar-lhes a vontade de viver conforme a lei, a

manter-se com o produto do seu trabalho e criar neles a aptidão para fazê-lo.

As hipóteses para solucionar o tema em pauta, devem possuir um traçado para a

elaboração de leis mais dinâmicas, tanto processuais como de execução penal, guardadas as

devidas proporções das garantias individuais. Nesse sentido, tem-se como exemplo a adoção

do encarceramento apenas para autores de crimes considerado violento ou reincidente, ou

ainda ampliação dos casos de aplicação de penas restritivas de direito, de multa, etc.

Durante o desenvolvimento do presente trabalho, foi analisado as espécies de penas na

Legislação Brasileira.

Foi demonstrando através das vantagens que existe uma possibilidade real de

recuperação de condenados por meios dessas penas.

Objetivou explicar a pena alternativa e seus objetivos bem como a finalidade desta

como meio de reintegração à sociedade o indivíduo e as teorias das penas. Tendo a finalidade

tríplice da pena punir, prevenir e ressocializar, porém pode-se concluir facilmente que a pena

31

Page 32: Mono Corrigida 07-06

em si não tem alcançado o seu objetivo, pois a real situação prisional tem se revelado um

verdadeiro fomento para a volta ao crime.

O sistema carcerário não dá condições para recuperar o preso, pelo contrário, a atual

situação de superlotação nos presídios têm sido fomento para a criminalidade e

conseqüentemente para aumentar o índice de reincidência criminal.

Acredita-se que podem ser realizados convênios entre Ministério da Justiça e os entes

públicos estaduais e municipais e a iniciativa privada, além também de serem modificadas as

leis para se dar uma interpretação mais suave a certos delitos.

Assim fazendo, seria possível dar uma maior chance de reintegração e/ou integração

aos indivíduos que tivessem interesse por não mais praticar crimes, possibilitando assim sua

iniciação no mercado de trabalho onde poderiam seguir uma carreira.

Ademais, entende-se que o legislador deveria pensar em estipular graduação de

incidência para as penas alternativas assim como existe para as penas privativas, para que

dessa forma não continuasse a miscelânea de aplicações de penas alternativas sem critério.

Não obstante, demonstrou-se ainda que as penas alternativas atuais e melhoradas são o

futuro do sistema carcerário.

32

Page 33: Mono Corrigida 07-06

REFERÊNCIAS

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 12 ed. São Paulo: Hemus, 2007.

BITENCOURT, C. R. Manual de Direito Penal – Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2005.

CALHEIROS, Renan. Um novo modelo penal. 1998. Disponível em www.mj.gov.br. Acesso em 02/01/2011.

________. Falência da pena de prisão – Causas e Alternativas. São Paulo: Saraiva, 2009.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 5 ed.. São Paulo: Saraiva, 2005.

CRUZ, Walter Rodrigues da. As penas alternativas no direito pátrio. Leme: LED - Editora de Direito Ltda, 2005.

____________. As penas alternativas no Brasil. Leme: LED - Editora de Direito Ltda, 2009.

COSTA JR. P.J. Comentários ao Código Penal. São Paulo: Saraiva, 2006.

DOTTI, René Ariel. et al. Penas Restritivas de Direitos – Críticas e Comentários às Penas Alternativas. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2009.

FELIPETO, Rogério. Prestação de serviços à comunidade, Revista Brasileira de Ciências Criminais, 1994, v. 7, p. 145,150.

FERRONY, Paulo Renato. Disponível em http://orbita.starmedia.com/jurifran Acesso em 02/01/2011.

FRAGOSO, H.C. Lições de Direito Penal. Parte Especial. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

GARRAUD, R. Elementos de Direito Penal. São Paulo, 2002. Volume I

GODOY, Luiz Antônio. Penas restritivas de direito: estudo sobre algumas alternativas penais. São Paulo: Unesp, 2004.

33

Page 34: Mono Corrigida 07-06

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 4 .ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004.

JESUS, Damásio E. Penas alternativas. São Paulo: Saraiva, 2000.

_________. Penas alternativas. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

_________. Direito Penal (Parte Geral). São Paulo: Saraiva, 2009.

LOPES, Jair Leonardo. Curso de Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais. 2010. .

MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

NOGUEIRA, Ataliba. Pena sem Prisão. São Paulo: Saraiva, 2001.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

PRADO, L. R Curso de Direito Penal Brasileiro – Parte Geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

REPORTAGEM Especial. Revista Notícia Agora. Vitória, 12/05/2010.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: RT, 2008.

SILVA, José de Ribamar da. Prisão: ressocializar para não reincidir. 2003. Disponível em: http:// www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/monografia_joseribamar.pdf, Acesso dia 25 de maio de 2011.

SZNICK, Valdir. Penas alternativas. 2 ed. São Paulo: LEUD, 2000.

ZAFFARONI, E. R. Manual de Direito Penal Brasileiro, Parte Geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

34

Page 35: Mono Corrigida 07-06

DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO

Eu, Daniela Monteiro Gomes, portador(a) da Carteira de Identidade n°5153916,

emitida pelo Superintendência de Policia Técnico – Cientifica, inscrito (a) no CPF sob n° 020

175 941-13, residente e domiciliada na Rua da Tainha, Quadra 25, Lote 13, Casa 01, Jardim

Atlântico, Goiânia/GO, telefone (62) 39320644 e (62) 82037890, endereço eletrônico

[email protected], declaro, para os devidos fins e sob pena da lei, que o

trabalho de Conclusão de Curso: “A Ressocialização no sistema penal e a eficácia das Penas

Alternativas” é de minha exclusiva autoria.

Autorizo o Centro Universitário de Goiás, Uni-Anhanguera a disponibilização do texto

integral deste trabalho na biblioteca (consulta e divulgação pela internet), estando vedadas

apenas a reprodução parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais e penas

cominadas na lei.

___________________________________

Daniela Monteiro Gomes

Goiânia (GO), 07 de Junho de 2011.

35