monitoramento ecotoxicológico do estuário do rio poxim ... honorato de sousa... · maré baixa,...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIÓLOGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA DECO WALKIRIA HONORATO DE SOUSA Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim (Aracaju/Sergipe) São Cristóvão 2016.1

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Page 1: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIEcircNCIAS BIOacuteLOGICAS E DA SAUacuteDE

DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA ndash DECO

WALKIRIA HONORATO DE SOUSA

Monitoramento Ecotoxicoloacutegico do Estuaacuterio do Rio Poxim

(AracajuSergipe)

Satildeo Cristoacutevatildeo

20161

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIEcircNCIAS BIOacuteLOGICAS E DA SAUacuteDE

DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA ndash DECO

WALKIRIA HONORATO DE SOUSA

Monitoramento Ecotoxicoloacutegico do Estuaacuterio do Rio Poxim

(AracajuSergipe)

Profordf Drordf Jeamylle Nilin

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado

ao Departamento de Ecologia da

Universidade Federal de Sergipe como parte

dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

Bacharel em Ecologia

Satildeo Cristoacutevatildeo

20161

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me conceder a vida

A minha matildee Genilda uma grande mulher que na ausecircncia de meu pai Antocircnio (in memoriam)

conseguiu exercer os dois papeacuteis com grande maestria a fim de tornar meus sonhos em realidade

A minha orientadora jovem experiente e de alegria contagiante Profordf Drordf Jeamylle Nilin por toda

confianccedila ensinamentos e toda ajuda desde as coletas ateacute as anaacutelises Profordf serei eternamente

grata

Agradeccedilo a profordf Dra Maria Lara Palmeira e ao Msc Ameacuterico Souza por ter aceitado o convite

para contribuir neste trabalho obrigada

A todos os professores do departamento de Ecologia

A todos do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) pela ajuda durante o desenvolvimento

desde trabalho em especial a Meggie por natildeo medir esforccedilos para ajudar na montagem dos

experimentos Vitor e Amanda pela ajuda durante as coletas vocecircs foram muito importantes

Obrigada Aos demais amigos do LESE pela ajuda com o cultivo rodiacutezio e pelas boas risadas

A Anderson por me ensinar tuuudo (e mais um pouco) sobre bioseguranccedila durante a coleta rsrsrs

Obrigada

Ao grande e incriacutevel corpo teacutecnico do DBI em especial Ilma Josi Cosme e Damiatildeo por toda ajuda

cuidado amizade e ensinamentos que nenhuma sala de aula poderaacute me proporcionar infinitamente

obrigada

A profordf Carmen do Laboratoacuterio de Ecossistemas Costeiros (LABEC) por viabilizar as anaacutelises do

sedimento

A querida Luana Marina obrigada por separar um precioso tempo de suas feacuterias pra me ajudar nas

anaacutelises do sedimento

Aos grandes amigos de curso Galdecircnia Priscyla (Pri) Juacutenior (Augustursquos) Camila bebecirc Weverton

(gratiacutessimo) Juci Yane e Laysa (tesouro)

A famiacutelia Santos e Costa por ter me acolhido com todo carinho quando cheguei em Aracaju com as

roupas um travesseiro e a vontade de estudar Dani Zeacuteza dona Marta tia Nininha e matildee Silvacircnia

muito obrigada

Ao grande casal de amigos Marlinda e Felipe a quem serei infinitamente grata por toda ajuda vocecircs

satildeo seres iluminados obrigada por existirem

Aos meus amigos e companheiros de ldquoAptordquo e da vida Flaacutevia Kaique Tacircmara Jarllom e Bianca

vocecircs satildeo especiais Luana e Maiuga obrigada pela amizade sincera obrigada meu querido amigo

Everton que se fez presente virtualmente com palavras de apoio e por estaacute sempre torcendo por

mim Vocecircs satildeo os irmatildeos que a vida me deu

Enfim a todos muito obrigada

4

ldquoO que sabemos eacute uma

gota o que ignoramos eacute um

oceano Mas o que seria o

oceano sem as infinitas

gotasrdquo

- Isaac Newton

5

Sumaacuterio

RESUMO 6

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 4

21 Aacuterea de estudo 4

22 Amostragem de aacutegua e sedimento 5

23 Organismo-teste e cultivo 5

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos 7

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas 8

27 Anaacutelise dos dados 9

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 10

31Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas 10

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica 19

35 Testes ecotoxicoloacutegicos 21

5 REFEREcircNCIAS 26

Este trabalho seguiu as normas de formataccedilatildeo da revista OecologiaAustralis e do Departamento de

EcologiaUFS

6

RESUMO

O rio Poxim eacute um importante rio para o estado de Sergipe e principalmente para a cidade de

Aracaju que eacute abastecida em 30 com aacuteguas deste rio A regiatildeo estuarina estaacute totalmente inserida

na capital que cresce em ritmo acelerado poreacutem com deficiecircncia quando a questatildeo se trata de

saneamento baacutesico sendo os efluentes lanccedilados em corpos daacutegua sem o devido tratamento

causando danosagrave biota aquaacutetica e qualidade das aacuteguas O monitoramento constante da qualidade da

aacutegua e sedimentos no quesito fiacutesico-quiacutemico satildeo extremamente importante mas para compreender a

real situaccedilatildeo deste ambiente eacute preciso conhecer os efeitos dos poluentes sobre os organismos Neste

sentido o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental das aacuteguas e sedimentos

do estuaacuterio do rio Poxim atraveacutes de testes ecotoxicoloacutegicos utilizando o microcrustaacuteceo Mysidopsis

juniae Entre outubro15 e junho16 foram realizadas cinco coletas de aacutegua e sedimento durante a

mareacute baixa os misidaacuteceos foram expostos agraves amostras de aacutegua e interface aacuteguasedimento por 96

horas No iniacutecio e fim dos testes foram mensurados os paracircmetros de salinidade pH temperatura

oxigecircnio dissolvido amocircnia e nitrito e avaliado a sobrevivecircncia dos organismos Os testes com

aacutegua mostraram reduccedilatildeo significativa na sobrevivecircncia em abr16 para todos os pontos amostrados

P1 (Bairro Inaacutecio Barbosa) P2 (Bairro Farolacircndia) e P3 (Bairro Treze de julho) podendo ser

justificado pela baixa quantidade de oxigecircnio dissolvido (319 ndash 100 ppm) e elevada quantidade de

amocircnia (300ppm) Os testes com sedimentos mostraram diferenccedila significativa na sobrevivecircncia

em todos os meses amostrados principalmente no periacuteodo chuvoso (jun16) sendo observada uma

tendecircncia de toxicidade no P1 onde as taxas de amocircnia e nitrito tambeacutem foram maiores e a

quantidade de mateacuteria orgacircnica e carbonato de caacutelcio foram mais elevados neste mesmo ponto

Observando os resultados eacute possiacutevel concluir que a toxicidade foi maior nos teste com o

compartimento sedimento onde foram encontrados maiores valores de amocircnia e mateacuteria orgacircnica

estando relacionados ao constante aporte de efluentes domeacutesticos

Palavras-chave Poluiccedilatildeo Sedimentos Ecotoxicologia Mysidopsis juniae

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

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CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

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httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

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niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

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MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

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MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 2: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIEcircNCIAS BIOacuteLOGICAS E DA SAUacuteDE

DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA ndash DECO

WALKIRIA HONORATO DE SOUSA

Monitoramento Ecotoxicoloacutegico do Estuaacuterio do Rio Poxim

(AracajuSergipe)

Profordf Drordf Jeamylle Nilin

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado

ao Departamento de Ecologia da

Universidade Federal de Sergipe como parte

dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

Bacharel em Ecologia

Satildeo Cristoacutevatildeo

20161

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me conceder a vida

A minha matildee Genilda uma grande mulher que na ausecircncia de meu pai Antocircnio (in memoriam)

conseguiu exercer os dois papeacuteis com grande maestria a fim de tornar meus sonhos em realidade

A minha orientadora jovem experiente e de alegria contagiante Profordf Drordf Jeamylle Nilin por toda

confianccedila ensinamentos e toda ajuda desde as coletas ateacute as anaacutelises Profordf serei eternamente

grata

Agradeccedilo a profordf Dra Maria Lara Palmeira e ao Msc Ameacuterico Souza por ter aceitado o convite

para contribuir neste trabalho obrigada

A todos os professores do departamento de Ecologia

A todos do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) pela ajuda durante o desenvolvimento

desde trabalho em especial a Meggie por natildeo medir esforccedilos para ajudar na montagem dos

experimentos Vitor e Amanda pela ajuda durante as coletas vocecircs foram muito importantes

Obrigada Aos demais amigos do LESE pela ajuda com o cultivo rodiacutezio e pelas boas risadas

A Anderson por me ensinar tuuudo (e mais um pouco) sobre bioseguranccedila durante a coleta rsrsrs

Obrigada

Ao grande e incriacutevel corpo teacutecnico do DBI em especial Ilma Josi Cosme e Damiatildeo por toda ajuda

cuidado amizade e ensinamentos que nenhuma sala de aula poderaacute me proporcionar infinitamente

obrigada

A profordf Carmen do Laboratoacuterio de Ecossistemas Costeiros (LABEC) por viabilizar as anaacutelises do

sedimento

A querida Luana Marina obrigada por separar um precioso tempo de suas feacuterias pra me ajudar nas

anaacutelises do sedimento

Aos grandes amigos de curso Galdecircnia Priscyla (Pri) Juacutenior (Augustursquos) Camila bebecirc Weverton

(gratiacutessimo) Juci Yane e Laysa (tesouro)

A famiacutelia Santos e Costa por ter me acolhido com todo carinho quando cheguei em Aracaju com as

roupas um travesseiro e a vontade de estudar Dani Zeacuteza dona Marta tia Nininha e matildee Silvacircnia

muito obrigada

Ao grande casal de amigos Marlinda e Felipe a quem serei infinitamente grata por toda ajuda vocecircs

satildeo seres iluminados obrigada por existirem

Aos meus amigos e companheiros de ldquoAptordquo e da vida Flaacutevia Kaique Tacircmara Jarllom e Bianca

vocecircs satildeo especiais Luana e Maiuga obrigada pela amizade sincera obrigada meu querido amigo

Everton que se fez presente virtualmente com palavras de apoio e por estaacute sempre torcendo por

mim Vocecircs satildeo os irmatildeos que a vida me deu

Enfim a todos muito obrigada

4

ldquoO que sabemos eacute uma

gota o que ignoramos eacute um

oceano Mas o que seria o

oceano sem as infinitas

gotasrdquo

- Isaac Newton

5

Sumaacuterio

RESUMO 6

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 4

21 Aacuterea de estudo 4

22 Amostragem de aacutegua e sedimento 5

23 Organismo-teste e cultivo 5

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos 7

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas 8

27 Anaacutelise dos dados 9

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 10

31Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas 10

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica 19

35 Testes ecotoxicoloacutegicos 21

5 REFEREcircNCIAS 26

Este trabalho seguiu as normas de formataccedilatildeo da revista OecologiaAustralis e do Departamento de

EcologiaUFS

6

RESUMO

O rio Poxim eacute um importante rio para o estado de Sergipe e principalmente para a cidade de

Aracaju que eacute abastecida em 30 com aacuteguas deste rio A regiatildeo estuarina estaacute totalmente inserida

na capital que cresce em ritmo acelerado poreacutem com deficiecircncia quando a questatildeo se trata de

saneamento baacutesico sendo os efluentes lanccedilados em corpos daacutegua sem o devido tratamento

causando danosagrave biota aquaacutetica e qualidade das aacuteguas O monitoramento constante da qualidade da

aacutegua e sedimentos no quesito fiacutesico-quiacutemico satildeo extremamente importante mas para compreender a

real situaccedilatildeo deste ambiente eacute preciso conhecer os efeitos dos poluentes sobre os organismos Neste

sentido o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental das aacuteguas e sedimentos

do estuaacuterio do rio Poxim atraveacutes de testes ecotoxicoloacutegicos utilizando o microcrustaacuteceo Mysidopsis

juniae Entre outubro15 e junho16 foram realizadas cinco coletas de aacutegua e sedimento durante a

mareacute baixa os misidaacuteceos foram expostos agraves amostras de aacutegua e interface aacuteguasedimento por 96

horas No iniacutecio e fim dos testes foram mensurados os paracircmetros de salinidade pH temperatura

oxigecircnio dissolvido amocircnia e nitrito e avaliado a sobrevivecircncia dos organismos Os testes com

aacutegua mostraram reduccedilatildeo significativa na sobrevivecircncia em abr16 para todos os pontos amostrados

P1 (Bairro Inaacutecio Barbosa) P2 (Bairro Farolacircndia) e P3 (Bairro Treze de julho) podendo ser

justificado pela baixa quantidade de oxigecircnio dissolvido (319 ndash 100 ppm) e elevada quantidade de

amocircnia (300ppm) Os testes com sedimentos mostraram diferenccedila significativa na sobrevivecircncia

em todos os meses amostrados principalmente no periacuteodo chuvoso (jun16) sendo observada uma

tendecircncia de toxicidade no P1 onde as taxas de amocircnia e nitrito tambeacutem foram maiores e a

quantidade de mateacuteria orgacircnica e carbonato de caacutelcio foram mais elevados neste mesmo ponto

Observando os resultados eacute possiacutevel concluir que a toxicidade foi maior nos teste com o

compartimento sedimento onde foram encontrados maiores valores de amocircnia e mateacuteria orgacircnica

estando relacionados ao constante aporte de efluentes domeacutesticos

Palavras-chave Poluiccedilatildeo Sedimentos Ecotoxicologia Mysidopsis juniae

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

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Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

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Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

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importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 3: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me conceder a vida

A minha matildee Genilda uma grande mulher que na ausecircncia de meu pai Antocircnio (in memoriam)

conseguiu exercer os dois papeacuteis com grande maestria a fim de tornar meus sonhos em realidade

A minha orientadora jovem experiente e de alegria contagiante Profordf Drordf Jeamylle Nilin por toda

confianccedila ensinamentos e toda ajuda desde as coletas ateacute as anaacutelises Profordf serei eternamente

grata

Agradeccedilo a profordf Dra Maria Lara Palmeira e ao Msc Ameacuterico Souza por ter aceitado o convite

para contribuir neste trabalho obrigada

A todos os professores do departamento de Ecologia

A todos do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) pela ajuda durante o desenvolvimento

desde trabalho em especial a Meggie por natildeo medir esforccedilos para ajudar na montagem dos

experimentos Vitor e Amanda pela ajuda durante as coletas vocecircs foram muito importantes

Obrigada Aos demais amigos do LESE pela ajuda com o cultivo rodiacutezio e pelas boas risadas

A Anderson por me ensinar tuuudo (e mais um pouco) sobre bioseguranccedila durante a coleta rsrsrs

Obrigada

Ao grande e incriacutevel corpo teacutecnico do DBI em especial Ilma Josi Cosme e Damiatildeo por toda ajuda

cuidado amizade e ensinamentos que nenhuma sala de aula poderaacute me proporcionar infinitamente

obrigada

A profordf Carmen do Laboratoacuterio de Ecossistemas Costeiros (LABEC) por viabilizar as anaacutelises do

sedimento

A querida Luana Marina obrigada por separar um precioso tempo de suas feacuterias pra me ajudar nas

anaacutelises do sedimento

Aos grandes amigos de curso Galdecircnia Priscyla (Pri) Juacutenior (Augustursquos) Camila bebecirc Weverton

(gratiacutessimo) Juci Yane e Laysa (tesouro)

A famiacutelia Santos e Costa por ter me acolhido com todo carinho quando cheguei em Aracaju com as

roupas um travesseiro e a vontade de estudar Dani Zeacuteza dona Marta tia Nininha e matildee Silvacircnia

muito obrigada

Ao grande casal de amigos Marlinda e Felipe a quem serei infinitamente grata por toda ajuda vocecircs

satildeo seres iluminados obrigada por existirem

Aos meus amigos e companheiros de ldquoAptordquo e da vida Flaacutevia Kaique Tacircmara Jarllom e Bianca

vocecircs satildeo especiais Luana e Maiuga obrigada pela amizade sincera obrigada meu querido amigo

Everton que se fez presente virtualmente com palavras de apoio e por estaacute sempre torcendo por

mim Vocecircs satildeo os irmatildeos que a vida me deu

Enfim a todos muito obrigada

4

ldquoO que sabemos eacute uma

gota o que ignoramos eacute um

oceano Mas o que seria o

oceano sem as infinitas

gotasrdquo

- Isaac Newton

5

Sumaacuterio

RESUMO 6

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 4

21 Aacuterea de estudo 4

22 Amostragem de aacutegua e sedimento 5

23 Organismo-teste e cultivo 5

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos 7

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas 8

27 Anaacutelise dos dados 9

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 10

31Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas 10

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica 19

35 Testes ecotoxicoloacutegicos 21

5 REFEREcircNCIAS 26

Este trabalho seguiu as normas de formataccedilatildeo da revista OecologiaAustralis e do Departamento de

EcologiaUFS

6

RESUMO

O rio Poxim eacute um importante rio para o estado de Sergipe e principalmente para a cidade de

Aracaju que eacute abastecida em 30 com aacuteguas deste rio A regiatildeo estuarina estaacute totalmente inserida

na capital que cresce em ritmo acelerado poreacutem com deficiecircncia quando a questatildeo se trata de

saneamento baacutesico sendo os efluentes lanccedilados em corpos daacutegua sem o devido tratamento

causando danosagrave biota aquaacutetica e qualidade das aacuteguas O monitoramento constante da qualidade da

aacutegua e sedimentos no quesito fiacutesico-quiacutemico satildeo extremamente importante mas para compreender a

real situaccedilatildeo deste ambiente eacute preciso conhecer os efeitos dos poluentes sobre os organismos Neste

sentido o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental das aacuteguas e sedimentos

do estuaacuterio do rio Poxim atraveacutes de testes ecotoxicoloacutegicos utilizando o microcrustaacuteceo Mysidopsis

juniae Entre outubro15 e junho16 foram realizadas cinco coletas de aacutegua e sedimento durante a

mareacute baixa os misidaacuteceos foram expostos agraves amostras de aacutegua e interface aacuteguasedimento por 96

horas No iniacutecio e fim dos testes foram mensurados os paracircmetros de salinidade pH temperatura

oxigecircnio dissolvido amocircnia e nitrito e avaliado a sobrevivecircncia dos organismos Os testes com

aacutegua mostraram reduccedilatildeo significativa na sobrevivecircncia em abr16 para todos os pontos amostrados

P1 (Bairro Inaacutecio Barbosa) P2 (Bairro Farolacircndia) e P3 (Bairro Treze de julho) podendo ser

justificado pela baixa quantidade de oxigecircnio dissolvido (319 ndash 100 ppm) e elevada quantidade de

amocircnia (300ppm) Os testes com sedimentos mostraram diferenccedila significativa na sobrevivecircncia

em todos os meses amostrados principalmente no periacuteodo chuvoso (jun16) sendo observada uma

tendecircncia de toxicidade no P1 onde as taxas de amocircnia e nitrito tambeacutem foram maiores e a

quantidade de mateacuteria orgacircnica e carbonato de caacutelcio foram mais elevados neste mesmo ponto

Observando os resultados eacute possiacutevel concluir que a toxicidade foi maior nos teste com o

compartimento sedimento onde foram encontrados maiores valores de amocircnia e mateacuteria orgacircnica

estando relacionados ao constante aporte de efluentes domeacutesticos

Palavras-chave Poluiccedilatildeo Sedimentos Ecotoxicologia Mysidopsis juniae

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

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TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

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Page 4: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

4

ldquoO que sabemos eacute uma

gota o que ignoramos eacute um

oceano Mas o que seria o

oceano sem as infinitas

gotasrdquo

- Isaac Newton

5

Sumaacuterio

RESUMO 6

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 4

21 Aacuterea de estudo 4

22 Amostragem de aacutegua e sedimento 5

23 Organismo-teste e cultivo 5

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos 7

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas 8

27 Anaacutelise dos dados 9

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 10

31Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas 10

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica 19

35 Testes ecotoxicoloacutegicos 21

5 REFEREcircNCIAS 26

Este trabalho seguiu as normas de formataccedilatildeo da revista OecologiaAustralis e do Departamento de

EcologiaUFS

6

RESUMO

O rio Poxim eacute um importante rio para o estado de Sergipe e principalmente para a cidade de

Aracaju que eacute abastecida em 30 com aacuteguas deste rio A regiatildeo estuarina estaacute totalmente inserida

na capital que cresce em ritmo acelerado poreacutem com deficiecircncia quando a questatildeo se trata de

saneamento baacutesico sendo os efluentes lanccedilados em corpos daacutegua sem o devido tratamento

causando danosagrave biota aquaacutetica e qualidade das aacuteguas O monitoramento constante da qualidade da

aacutegua e sedimentos no quesito fiacutesico-quiacutemico satildeo extremamente importante mas para compreender a

real situaccedilatildeo deste ambiente eacute preciso conhecer os efeitos dos poluentes sobre os organismos Neste

sentido o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental das aacuteguas e sedimentos

do estuaacuterio do rio Poxim atraveacutes de testes ecotoxicoloacutegicos utilizando o microcrustaacuteceo Mysidopsis

juniae Entre outubro15 e junho16 foram realizadas cinco coletas de aacutegua e sedimento durante a

mareacute baixa os misidaacuteceos foram expostos agraves amostras de aacutegua e interface aacuteguasedimento por 96

horas No iniacutecio e fim dos testes foram mensurados os paracircmetros de salinidade pH temperatura

oxigecircnio dissolvido amocircnia e nitrito e avaliado a sobrevivecircncia dos organismos Os testes com

aacutegua mostraram reduccedilatildeo significativa na sobrevivecircncia em abr16 para todos os pontos amostrados

P1 (Bairro Inaacutecio Barbosa) P2 (Bairro Farolacircndia) e P3 (Bairro Treze de julho) podendo ser

justificado pela baixa quantidade de oxigecircnio dissolvido (319 ndash 100 ppm) e elevada quantidade de

amocircnia (300ppm) Os testes com sedimentos mostraram diferenccedila significativa na sobrevivecircncia

em todos os meses amostrados principalmente no periacuteodo chuvoso (jun16) sendo observada uma

tendecircncia de toxicidade no P1 onde as taxas de amocircnia e nitrito tambeacutem foram maiores e a

quantidade de mateacuteria orgacircnica e carbonato de caacutelcio foram mais elevados neste mesmo ponto

Observando os resultados eacute possiacutevel concluir que a toxicidade foi maior nos teste com o

compartimento sedimento onde foram encontrados maiores valores de amocircnia e mateacuteria orgacircnica

estando relacionados ao constante aporte de efluentes domeacutesticos

Palavras-chave Poluiccedilatildeo Sedimentos Ecotoxicologia Mysidopsis juniae

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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28

28

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Page 5: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

5

Sumaacuterio

RESUMO 6

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 4

21 Aacuterea de estudo 4

22 Amostragem de aacutegua e sedimento 5

23 Organismo-teste e cultivo 5

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos 7

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas 8

27 Anaacutelise dos dados 9

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 10

31Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas 10

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica 19

35 Testes ecotoxicoloacutegicos 21

5 REFEREcircNCIAS 26

Este trabalho seguiu as normas de formataccedilatildeo da revista OecologiaAustralis e do Departamento de

EcologiaUFS

6

RESUMO

O rio Poxim eacute um importante rio para o estado de Sergipe e principalmente para a cidade de

Aracaju que eacute abastecida em 30 com aacuteguas deste rio A regiatildeo estuarina estaacute totalmente inserida

na capital que cresce em ritmo acelerado poreacutem com deficiecircncia quando a questatildeo se trata de

saneamento baacutesico sendo os efluentes lanccedilados em corpos daacutegua sem o devido tratamento

causando danosagrave biota aquaacutetica e qualidade das aacuteguas O monitoramento constante da qualidade da

aacutegua e sedimentos no quesito fiacutesico-quiacutemico satildeo extremamente importante mas para compreender a

real situaccedilatildeo deste ambiente eacute preciso conhecer os efeitos dos poluentes sobre os organismos Neste

sentido o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental das aacuteguas e sedimentos

do estuaacuterio do rio Poxim atraveacutes de testes ecotoxicoloacutegicos utilizando o microcrustaacuteceo Mysidopsis

juniae Entre outubro15 e junho16 foram realizadas cinco coletas de aacutegua e sedimento durante a

mareacute baixa os misidaacuteceos foram expostos agraves amostras de aacutegua e interface aacuteguasedimento por 96

horas No iniacutecio e fim dos testes foram mensurados os paracircmetros de salinidade pH temperatura

oxigecircnio dissolvido amocircnia e nitrito e avaliado a sobrevivecircncia dos organismos Os testes com

aacutegua mostraram reduccedilatildeo significativa na sobrevivecircncia em abr16 para todos os pontos amostrados

P1 (Bairro Inaacutecio Barbosa) P2 (Bairro Farolacircndia) e P3 (Bairro Treze de julho) podendo ser

justificado pela baixa quantidade de oxigecircnio dissolvido (319 ndash 100 ppm) e elevada quantidade de

amocircnia (300ppm) Os testes com sedimentos mostraram diferenccedila significativa na sobrevivecircncia

em todos os meses amostrados principalmente no periacuteodo chuvoso (jun16) sendo observada uma

tendecircncia de toxicidade no P1 onde as taxas de amocircnia e nitrito tambeacutem foram maiores e a

quantidade de mateacuteria orgacircnica e carbonato de caacutelcio foram mais elevados neste mesmo ponto

Observando os resultados eacute possiacutevel concluir que a toxicidade foi maior nos teste com o

compartimento sedimento onde foram encontrados maiores valores de amocircnia e mateacuteria orgacircnica

estando relacionados ao constante aporte de efluentes domeacutesticos

Palavras-chave Poluiccedilatildeo Sedimentos Ecotoxicologia Mysidopsis juniae

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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28

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Page 6: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

6

RESUMO

O rio Poxim eacute um importante rio para o estado de Sergipe e principalmente para a cidade de

Aracaju que eacute abastecida em 30 com aacuteguas deste rio A regiatildeo estuarina estaacute totalmente inserida

na capital que cresce em ritmo acelerado poreacutem com deficiecircncia quando a questatildeo se trata de

saneamento baacutesico sendo os efluentes lanccedilados em corpos daacutegua sem o devido tratamento

causando danosagrave biota aquaacutetica e qualidade das aacuteguas O monitoramento constante da qualidade da

aacutegua e sedimentos no quesito fiacutesico-quiacutemico satildeo extremamente importante mas para compreender a

real situaccedilatildeo deste ambiente eacute preciso conhecer os efeitos dos poluentes sobre os organismos Neste

sentido o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental das aacuteguas e sedimentos

do estuaacuterio do rio Poxim atraveacutes de testes ecotoxicoloacutegicos utilizando o microcrustaacuteceo Mysidopsis

juniae Entre outubro15 e junho16 foram realizadas cinco coletas de aacutegua e sedimento durante a

mareacute baixa os misidaacuteceos foram expostos agraves amostras de aacutegua e interface aacuteguasedimento por 96

horas No iniacutecio e fim dos testes foram mensurados os paracircmetros de salinidade pH temperatura

oxigecircnio dissolvido amocircnia e nitrito e avaliado a sobrevivecircncia dos organismos Os testes com

aacutegua mostraram reduccedilatildeo significativa na sobrevivecircncia em abr16 para todos os pontos amostrados

P1 (Bairro Inaacutecio Barbosa) P2 (Bairro Farolacircndia) e P3 (Bairro Treze de julho) podendo ser

justificado pela baixa quantidade de oxigecircnio dissolvido (319 ndash 100 ppm) e elevada quantidade de

amocircnia (300ppm) Os testes com sedimentos mostraram diferenccedila significativa na sobrevivecircncia

em todos os meses amostrados principalmente no periacuteodo chuvoso (jun16) sendo observada uma

tendecircncia de toxicidade no P1 onde as taxas de amocircnia e nitrito tambeacutem foram maiores e a

quantidade de mateacuteria orgacircnica e carbonato de caacutelcio foram mais elevados neste mesmo ponto

Observando os resultados eacute possiacutevel concluir que a toxicidade foi maior nos teste com o

compartimento sedimento onde foram encontrados maiores valores de amocircnia e mateacuteria orgacircnica

estando relacionados ao constante aporte de efluentes domeacutesticos

Palavras-chave Poluiccedilatildeo Sedimentos Ecotoxicologia Mysidopsis juniae

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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28

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Page 7: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os estuaacuterios satildeo ambientes semi-fechados onde ocorre o encontro das aacuteguas do rio com o

mar altamente dinacircmicos com constantes mudanccedilas em respostas agraves forccedilas naturais Considerando

um ecossistema de transiccedilatildeo entre o continente e o oceano os estuaacuterios em condiccedilotildees naturais satildeo

bastante produtivos possuem grandes concentraccedilotildees de nutrientes que contribuem para produccedilatildeo

primaria assim sendo biologicamente mais produtivo que rios e mares adjacentes (Miranda et al

2002)o continuo fluxo de aacutegua dos dois ambientes formam caracteriacutesticas uacutenicas que resulta numa

grande diversidade geneacutetica dos organismos que satildeo originados tantos nos ambientes aquaacuteticos

quando nos ambientes terrestres (Arauacutejo 2006)Os sedimentos da regiatildeo estuarina satildeo praticamente

lamosos composto por siltes e argilas nas margens do estuaacuterio predomina vegetaccedilatildeo do tipo

mangue que estaacute adaptada a desenvolver-se em solos natildeo consolidados e com alta

salinidade(Heald Odum 1970)essa vegetaccedilatildeo tem como funccedilatildeo diminuir o assoreamento dos rios

contribuir com a mateacuteria orgacircnica que por sua vez serve de alimento pra os organismos que utilizam

o estuaacuterio

A principal importacircncia ecoloacutegica dos estuaacuterios estaacute ligada diretamente com o fato em que

inuacutemeras espeacutecies marinhas utilizam deste ecossistema para se reproduzir ou desenvolver sendo

assim considerado um berccedilaacuterio e muitas dessas espeacutecies possuem relevante valor econocircmico

Mesmo tendo grande importacircncia os problemas ambientais que cercam os estuaacuterios satildeo cada vez

maiores como o crescimento populacional nas margens dos rios resultando na supressatildeo da

vegetaccedilatildeo lanccedilamento de efluentes descarte irregular de resiacuteduos soacutelidos que aumentam a

quantidade de mateacuteria orgacircnica podendo promover a reduccedilatildeo do oxigecircnio dissolvido na aacutegua que

consequentemente afeta os organismos (Alcantara 2006)

O rio Poxim um dos principais afluentes do rio Sergipe localiza-se agrave margem direita na

bacia do rio Sergipe percorrendo cinco municiacutepios do Estado Itaporanga DrsquoAjuda Areia Branca

Laranjeiras Nossa Senhora do Socorro Satildeo Cristoacutevatildeo e a capital Aracaju que eacute abastecida pelo

sistema de abastecimento dos rios Poxim-Accedilu e Poxim-Mirim O estuaacuterio do Rio Poxim estaacute

localizado no sudoeste do Estado com extensatildeo de aproximadamente 9 km largura de 100m e

profundidade chegando a 2 m (Trindade 2010)

Em Aracaju a regiatildeo estuarina do rio Poxim percorre os bairros Inaacutecio Barbosa Farolacircndia

e Treze de Julho que natildeo possuem rede de saneamento adequada e grande parte dos efluentes satildeo

lanccedilados in natura diretamente no rio (Alves amp Garcia 2006) comprometendo assim essa delicada

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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28

28

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TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

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Page 8: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

2

regiatildeo A populaccedilatildeo de Aracaju passou de 571149 em 2010 para 632744 em 2015 (IBGE 2016)

com isso a necessidade por saneamento aumentou mas apenas pouco mais de 324000 habitantes

tem sistema de coleta e tratamento de esgoto o que representa apenas 3152 da populaccedilatildeo

(DESO2014) Portanto o problema de falta de saneamento afeta diretamente o estuaacuterio do rio

Poxim pois os efluentes possui substacircncias quiacutemicas bacteacuterias com potencial patogecircnico e

parasitas que contaminam as aacuteguas e consequentemente agrave biota aquaacutetica e ainda colocando em

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo (Arauacutejo2006)

Estudos realizados no estuaacuterio do rio Poxim buscaram determinar os contaminantes na aacutegua

e sedimento como os metais (Cd Cu Cr Mn Ni Pb Zn Al Fe) e apesar de alguns desses metais

terem sido encontrados em baixas concentraccedilotildees a exemplo do caacutedmio onde suas concentraccedilotildees

variaram de 007 a 046microg gˉsup1 podem apresentar toxicidade aos organismos aquaacuteticos ou terrestres

(Passos 2005) Jaacute o estudo de Souza (2009) buscou entender a biodegradaccedilatildeo dos efluentes

sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim e avaliou o impacto do descarte dos efluentes no estuaacuterio

observando que a salinidade influencia significativamente no crescimento microbiano e no consumo

do substrato e mesmo com organismos adaptados a suportar condiccedilotildees do meio o estuaacuterio em

condiccedilotildees naturais o processo de recuperaccedilatildeo eacute lento e mesmo que a poluiccedilatildeo que afeta o estuaacuterio

seja sanada se faz necessaacuterio poliacuteticas de saneamento baacutesico para o municiacutepio

Sabendo da importacircncia dos estudos ecotoxicoloacutegicos o estuaacuterio do rio Poxim possui

apenas um estudo onde (Santos 2014) estudou a qualidade ambiental da aacutegua do estuaacuterio do Poxim

atraveacutes de testes de toxicidade aguada com Mysidopsis juniae e foi observado toxicidade no periacuteodo

chuvoso

Os efluentes de qualquer fonte poluidora soacute devem ser lanccedilados diretamente ou

indiretamente em corpos hiacutedricos apoacutes um tratamento preacutevio se obedecer aos padrotildees e exigecircncias

da resoluccedilatildeo CONAMA nordm3572005 e nordm4302011 bem como realizar ensaios ecotoxicoloacutegicos para

determinar efeitos deleteacuterios de agentes fiacutesicos ou quiacutemicos aos diversos organismos aquaacuteticos

Para a politica nacional do saneamento baacutesico (PNSB) Art 3ordm Inciso I (Lei nordm 114452007) dispotildee

que saneamento baacutesico eacute o conjunto de serviccedilos infraestrutura e instalaccedilotildees operacionais que

quanto ao esgotamento sanitaacuterio garante instalaccedilotildees operacionais de coleta transporte tratamento e

disposiccedilatildeo final adequados dos esgotos sanitaacuterios desde as ligaccedilotildees prediais ateacute o seu lanccedilamento

final no meio ambiente (Brasil 2007)

A ecotoxicologia eacute uma ciecircncia que estuda os efeitos das substacircncias naturais ou sinteacuteticas

sobre os organismos vivos populaccedilotildees comunidades de animais ou vegetais terrestres ou aquaacuteticas

(Truhaut 1977) Analisa os efeitos adversos de poluentes sobre a biota utilizando testes laboratoriais

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

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Page 9: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

3

com organismos-testes que possuem caracteriacutesticas especiacuteficas a exemplo os misidaacuteceos sendo que

para o estudo da poluiccedilatildeo em ambientes marinhos satildeo utilizados principalmente larvas de ouriccedilo do

mar (Lytechinus variegatus) misidaacuteceos (Mysidopsis juniae) anfiacutepodos (Tiburonella viscana)

copeacutepodes (Nitokra sp) tanaidaacuteceos (Kalliapseudes schudarti) Os misidaacuteceos satildeo organismos

planctocircnicos que fazem parte do grupo dos crustaacuteceos a principal caracteriacutestica do grupo eacute a

presenccedila de marsuacutepio local onde satildeo carregados pelas fecircmeas os filhotes apresentam uma ampla

distribuiccedilatildeo no ambiente aquaacutetico possuem influecircncia na cadeia alimentar satildeo animais sensiacuteveis

que respondem as alteraccedilotildees no meio em que vivem seja agrave aacutegua ou sedimento Por serem animais

com alta sensibilidade satildeo amplamente utilizados em estudos ecotoxicoloacutegicos como organismos-

teste pois tambeacutem satildeo de faacutecil manuseio e cultivo possuem ciclo de vida curto onde eacute possiacutevel

observar desde efeitos agudos como letalidade ateacute efeitos crocircnicos como crescimento e reproduccedilatildeo

Satildeo diversas espeacutecies de misidaacuteceos utilizadas em testes de toxicidade

No Brasil a espeacutecie de misidaacuteceos mais utilizada em ensaios ecotoxicoloacutegicos eacute Mysidopsis

juniae principalmente na avaliaccedilatildeo de produtos quiacutemicos efluentes misturas com petroacuteleos fluiacutedo

de perfuraccedilatildeo e amostras ambientais (Badaroacute-Pedroso Reynier amp Proacutesperi2002)Anaacutelise da

toxicidade de metais zinco e niacutequel utilizando Mysidopsis juniae (Figueirecircdo 2013) Avaliaccedilatildeo de

aacuteguas de estuaacuterio (Oliveira 2015)

Tendo isso em vista o presente estudo teve como objetivo avaliar agrave qualidade ambiental do

estuaacuterio do rio Poxim a partir de ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua e com a interface

sedimentoaacutegua coletados em diferentes periacuteodos do ano

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

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ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

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Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

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Recife Universidade Federal de Pernambuco

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27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

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Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

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Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

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Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

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Page 10: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

4

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Aacuterea de estudo

As amostras de aacutegua e sedimento foram coletadas em trecircs pontos ao longo do estuaacuterio do rio

Poxim (Figura1) P1(10ordm571611S 37ordm3426 O) agrave 24 Km da foz no Piacuteer do bairro Inaacutecio

Barbosa localizado na porccedilatildeo interna do estuaacuterio O bairro possui grande quantidade de residecircncias

com populaccedilatildeo de aproximadamente 13000 habitantes (IBGE 2010) e no entorno do ponto existem

praccedilas bares e restaurantes Tambeacutem eacute possiacutevel observar a praacutetica de pesca e a vegetaccedilatildeo eacute mais

densa na margem direita (em direccedilatildeo agrave foz) P2(10deg573309S 37deg 31395O) agrave 17 Km da foz no

Parque dos Cajueiros bairro Farolacircndia localizado na porccedilatildeo intermediaacuteria do estuaacuterio Este bairro

eacute o mais populoso em relaccedilatildeo os outros dois bairros satildeo mais de 38000 habitantes (IBGE 2010)O

local de coleta fica inserido em um parque puacuteblico onde eacute possiacutevel realizar alguns esportes

aquaacuteticos pesca esportiva e bancos de areia satildeo de faacutecil detecccedilatildeo nesta regiatildeo e P3(10deg563089S

37deg 25801O) agrave 08 Km da foz proacuteximo agrave Ponte Godofredo Diniz no bairro Treze de julho

localizado na porccedilatildeo final proacuteximo agrave confluecircncia com rio Sergipe

Este bairro estaacute localizado na regiatildeo mais nobre da cidade onde encontra-se grandes preacutedios

residenciais hotel lojas shopping e a populaccedilatildeo passa de 9000 habitantes (IBGE 2010) A

cobertura vegetal eacute visivelmente a menor quando comparada com os outros locais amostrados

sendo possiacutevel observar o lanccedilamento direto de efluentes no estuaacuterio Laacute satildeo comumente

encontrados pescadores realizando pesca artesanal

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos pontos de coleta no estuaacuterio do rio Poxim Sergipe - (P1 Inaacutecio Barbosa

ndash P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho) Fonte Nascimento 2016

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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Page 11: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

5

22 Amostragem de aacutegua e sedimento

Foram realizadas cinco coletas entre outubro de 2015 e junho de 2016 (Tabelas 1) O

sedimento foi coletado nas margens expostas do rio durante a mareacute baixa sendo amostrada a porccedilatildeo

superficial do sedimento com auxilio de uma paacute plaacutestica (5 a 8 pegadas) coletando

aproximadamente 1kg As amostras foram armazenadas em sacos plaacutesticos devidamente

etiquetados e acondicionadas em caixas de isopor com gelo As amostras de aacutegua foram coletadas

no mesmo dia sendo que as amostras de aacutegua foram coletadas diretamente em frascos de

polietileno (1L) devidamente etiquetados e acondicionadas em caixa de isopor com gelo Apoacutes a

coleta as amostras foram encaminhadas para o Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos (LESE) da

Universidade Federal de Sergipe onde as amostras fora armazenadas em refrigerador abaixo de

10ordmC ateacute a realizaccedilatildeo dos experimentos (48h para amostras de aacutegua e ateacute 60 dias para amostras de

sedimento)

23 Organismo-teste e cultivo

Os organismos-teste utilizados nos testes ecotoxicoloacutegicos foram provenientes do cultivo do

laboratoacuterio de estudos ecotoxicoloacutegicos (LESE) da Universidade Federal de Sergipe Os misidaacuteceos

satildeo crustaacuteceos que apresentam ampla distribuiccedilatildeo no ambiente marinho e a fecircmea destaca-se por

apresentar um marsuacutepio onde satildeo carregados os filhotes (Figura 2) O tamanho dos misidaacuteceos

Mysidopsis juniae varia de 1 a 35mm de comprimento satildeo oniacutevoros possuem curto ciclo de vida

satildeo de faacutecil cultivo em laboratoacuterio e bastante representativos pois estatildeo inseridos na base da cadeia

alimentar

Mecircs da coleta Dia Mareacute (m) Hoacuterario da mareacute baixa

Out15 15 03 1123

Dez15 8 04 0821

Fev16 24 02 1043

Abr16 28 05 1424

Jun16 6 0 1104

Tabela 1 Dados das coletas no estuaacuterio do rio Poxim SergipeDHN 2016 (Capitania dos portos de Sergipe)

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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28

28

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Page 12: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

6

Figura 2Misidaacuteceo fecircmea Mysidopsis juniae Fonte Autor 2016

Figura 3 Misidaacuteceo macho Mysidopsis juniae Fonte Santos 2015

No laboratoacuterio os misidaacuteceos foram mantidos em aquaacuterios (Figura 4) preenchidos com 6L

(100mLanimal adulto) de aacutegua do mar artificial feita a partir da adiccedilatildeo de sal marinho (Red Sea)

em aacutegua destilada ateacute a salinidade 35plusmn20 Diariamente os organismos foram alimentados com

naacuteuplios de Artemia sp (48h) enriquecidos com oacuteleos de peixe e oacuteleo de fiacutegado de bacalhau ad

libitum e semanalmente foi feita limpeza por sifonamento e troca parcial da aacutegua dos aquaacuterios

juntamente com a separaccedilatildeo de filhotes para serem utilizados nos experimentos Em cada aquaacuterio

foi mantido em torno de 60 animais adultos (45 fecircmeas15 machos) com pareamento mensal Todos

os aquaacuterios foram mantidos sob aeraccedilatildeo constante fotoperiacuteodo de 12h claro e 12h de escuro e em

temperatura de 25plusmn2ordmC

Figura 4 Cultivo de misidaacuteceos Mysidopsis juniae do Laboratoacuterio de Estudos Ecotoxicoloacutegicos

(LESE)UFS Fonte Autor 2016

7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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7

24 Ensaios Ecotoxicoloacutegicos

Todos os procedimentos para realizaccedilatildeo dos ensaios ecotoxicoloacutegicos com Mysidopsis

juniae seguiram a norma estabelecida pela Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR 15308

(ABNT2011)

Durante a realizaccedilatildeo deste estudo para avaliar a sauacutede e sensibilidade dos animais foram

realizados experimentos com substacircncia de referecircncia sulfato de zinco (ZnSO4) em diferentes

concentraccedilotildees (0075 015 030 e 060mgL em triplicata) preparadas em aacutegua do mar artificial que

tambeacutem foi utilizada como controle Em cada beacutequer (300 mL) 10 misidaacuteceos com idade juvenil (1-

8 dias de vida) foram expostos durante 96h agraves diferentes concentraccedilotildees sendo que a cada 24h foi

realizada a contagem da sobrevivecircncia dos organismos e feita agrave alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp) Para realizaccedilatildeo dos experimentos as condiccedilotildees necessaacuterias (oxigecircnio dissolvido ge 400 mgL

temperatura 24plusmn2degC salinidade 35plusmn20 pH entre 71 ndash 83) foram observadas

Para os ensaios ecotoxicoloacutegicos com amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim foram

mensurados no iniacutecio e no final da exposiccedilatildeo oxigecircnio dissolvido pH salinidade temperatura

amocircnia e nitrito de cada amostra Nas amostras com salinidade inferior a faixa de aceitabilidade (35

plusmn 20) foi adicionado sal marinho ateacute atingir a salinidade requerida para organismo Cada amostra

de aacutegua foi testada em triplicata (300 mL) onde foram adicionados 10 misidaacuteceos juvenis (1 a 8 dias

de vida) e diariamente foi feita a verificaccedilatildeo da sobrevivecircncia e alimentaccedilatildeo (naacuteuplios de Artemia

sp sem adiccedilatildeo de oacuteleos) ateacute o encerramento do teste (96h)

Nos ensaios para avaliaccedilatildeo da interface sedimentoaacutegua as amostras de sedimento foram

aclimatadas em temperatura ambiente em beacutequeres (400 mL) foram adicionados 100 mL de

sedimentos acrescidos de 300 mL de aacutegua do mar artificial com salinidade 35plusmn20 (Figura 5)

sendo que para todas as amostras foram feitas quatro reacuteplicas Essa montagem foi realizada 24h

antes da adiccedilatildeo de cinco misidaacuteceosbeacutequer em idade juvenil (1 a 8 dias de vida) Os experimentos

de interface foram mantidos sob aeraccedilatildeo e temperatura constantes A cada 24h a sobrevivecircncia foi

verificada e posteriormente adicionado alimento (naacuteuplios de Artemia sp) Foram feitos as

mediccedilotildees dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (temperatura salinidade oxigecircnio dissolvido pH amocircnia

e nitrito) na aacutegua no iniacutecio e teacutermino das exposiccedilotildees

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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28

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Page 14: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

8

Figura 5 Ensaios ecotoxicoloacutegicos com misidaacuteceos Mysidopsis juniae na interface sedimentoaacutegua

com amostras de sedimentos de estuaacuterio do rio Poxim Sergipe Fonte Autor 2016

26 Anaacutelises sedimentoloacutegicas

A anaacutelise sedimentoloacutegica foi feita para determinaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (MO) e

carbonato de caacutelcio (CaCO3) nas amostras de sedimento do estuaacuterio do rio Poxim bem como da

granulometria dos sedimentos As amostras de sedimento foram secas em estufa (60degC) por

aproximadamente cinco dias para retirada de toda umidade

Para determinaccedilatildeo da porcentagem de mateacuteria orgacircnica foram macerados 10g de sedimento

de cada amostra com auxilio de almofariz e pistilo em seguida o material foi transferido para

cadinhos de porcelana que foram pesados em balanccedila analiacutetica e levados ao forno eleacutetrico tipo

mufla com temperatura de 550degC por 1h Na sequecircncia os cadinhos foram levados pra dessecador a

fim de evitar a ocorrecircncia de umidade nas amostras com as amostras em temperatura ambiente

foram feitas as pesagens utilizando balanccedila analiacutetica de precisatildeo

Jaacute para obtenccedilatildeo da porcentagem de carbonato de caacutelcio (CaCO3) foram utilizadas as

mesmas amostras utilizadas para obtenccedilatildeo de MO anotado o peso inicial as amostras foram

levadas agrave mufla com temperatura de 1000degC por 1h apoacutes esse periacuteodo as amostras novamente

voltaram para o dessecador e ao atingir temperatura ambiente foram pesadas(REF)

Para determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo dos sedimentos foram realizadas anaacutelises granulomeacutetricas

onde foram pesados 100g de sedimentos de cada amostra e transferidos para um conjunto de

peneiras que foram presas a um agitador de peneiras (Rotap) por 10 minutos posteriormente todos

os gratildeos retidos em cada peneira foram pesado em balanccedila analiacutetica e armazenados devidamente

identificados

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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28

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Page 15: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

9

27 Anaacutelise dos dados

A aceitaccedilatildeo dos dados foi feita com determinaccedilatildeo da norma da ABNT NBR 153082011

que indica o ensaios deve ser aceito apenas quando a mortalidade do controle for igual ou menor

que 10 Para os ensaios com a substacircncia de referecircncia amortalidade dos misidaacuteceos foi analizada

para determinaccedilatildeo de concentraccedilatildeo letal meacutedia agrave 50 dos organismos (CL50 96h) por meio da

utilizaccedilatildeo do software Trimmed Spearman-Karber

A avaliaccedilatildeo da sobrevivecircncia dos misidaacuteceos expostos as amostras de aacutegua e interface

aacuteguasedimento do estuaacuterio do rio Poxim foram feitas pela anaacutelises de variacircncia (ANOVA) seguida

de Dunnet Tais anaacutelises foram desenvolvidas no programa estatiacutestico GraphPad Prism versatildeo 501

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

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Page 16: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

10

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas

Os dados de salinidade (Tabela 2) da aacutegua do rio mostram um gradiente tiacutepico de regiotildees

estuarinas com salinidade aumentando do sentindo da porccedilatildeo interna do estuaacuterio (P1) para o mais

externa (P3) na confluecircncia com rio Sergipe A variaccedilatildeo da salinidade entre os meses pode estaacute

relacionada com a amplitude de mareacute em cada coleta (Tabela 1) e o padratildeo de chuvas por

conseguinte a vazatildeo do rio Apesar do mecircs de junho ter tido a maior precipitaccedilatildeo eacute possiacutevel que a

vazatildeo do rio natildeo tenha sido alterada devido a uma barragem de armazenamento de aacutegua para

abastecimento localizada em Satildeo Cristoacutevatildeo e que provavelmente tenha retido o excesso de aacutegua

caracteriacutestico desse periacuteodo

Tabela 2 Salinidade (0) de amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim e precipitaccedilatildeo meacutedia entre outubro15 e

junho16 em AracajuSE

Local Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 5 10 ND 15 17

P2 5 20 5 20 22

P3 15 33 20 30 35

Precipitaccedilatildeo (mm) 33 27 47 39

197

() portal INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Estaccedilatildeo AracajuSE 2016 ND = Natildeo Detectado

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos (Tabela 3 e 4) que foram mensurados no iniacutecio e teacutermino dos

experimentos natildeo demonstraram diferenccedila significativa entre os pontos e os meses exceto as

amostras de abr16 onde o oxigecircnio dissolvido teve reduccedilatildeo brusca principalmente no P2 fato que

pode causar mortalidade de organismos aquaacuteticos A norma para experimentos com misidaacuteceos

informa que o oxigecircnio natildeo deve ser inferior a 400 mgL para sobrevivecircncia dos

organismos(ABNT 2011)

A presenccedila do oxigecircnio dissolvido nas aacuteguas eacute fundamental para os organismos aquaacuteticos

principalmente em ambientes estuarinos jaacute que naturalmente existe um consumo elevado de

oxigecircnio para decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica por microrganismos Poreacutem ainda existe um fator

agravante nessas regiotildees que frequentemente recebem efluentes domeacutesticos e industriais que

acabam por diminuir os niacuteveis de oxigecircnio e assim podendo causar eutrofizaccedilatildeo e

consequentemente a reduccedilatildeo na sobrevivecircncia dos organismos (Ohrel e Register 2006) Em 2015

um estudo neste mesmo estuaacuterio mostrou que o oxigecircnio esteve entre 715 e 763mgL no periacuteodo

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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Page 17: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

11

seco assim estando dentro dos limites permitidos pelo CONAMA 3572005 (para classe 1 5mgL e

classe 2 4mgL) (Santos 2015)

Tabela 3 Dados dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemico das amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

a Valores abaixo do indicado na NBR e CONAMA 3572005 para classe 2

b Valores abaixo do indicado pelo CONAMA 3572005 para classe 3

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 64 350 256 80 54 350 250

P1 77 59 350 264 86 50 350 244

P2 77 57 350 262 81 52 370 244

P3 77 51 340 262 80 53 350 243

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 51 350 249

P1 81 45 340 230 82 44 350 246

P2 82 47 340 232 82 44 350 242

P3 82 49 340 228 81 45 350 242

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 45 350 242 80 44 370 247

P1 80 49 330 263 80 49 350 247

P2 80 45 350 257 80 44 370 246

P3 80 53 350 257 80 56 350 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 81 48 350 256 76 34 a 350 247

P1 80 44 350 230 80 36 a 350 246

P2 79 44 350 232 77 10 b 350 243

P3 80 45 350 233 75 31 a 350 247

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 42 350 255 80 41 350 247

P1 79 42 350 250 85 42 350 246

P2 79 42 350 245 86 41 370 247

P3 78 42 350 245 83 42 370 245

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Junho16

Fim

Outubro15

Fim

Dezembro15

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

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27

27

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Page 18: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

12

A quantidade de amocircnia total (300 ppm) e toacutexica (0067 ndash 0164 ppm) foi maior nos pontos

P1 e P2 em todos os meses no P3 os meses com maior quantidade de amocircnia foram out15 e abr16

e jun16 De forma geral os valores encontrados neste estudo estiveram acima do permitido pela

resoluccedilatildeo CONAMA 3572005 onde para aacuteguas salobras o valor permitido de amocircnia total eacute de

040 mgL (Classe 1) e 070 mgL (Classe 2)A elevada quantidade de amocircnia no estuaacuterio do rio

Poxim jaacute havia sido detectada em outros estudos (Santos 2015) Outro estudo realizado neste rio

mostra que a concentraccedilatildeo de amocircnia encontrada (600 ndash 1000 iacutegL-1) indica um processo de

eutrofizaccedilatildeo do ambiente (Alves amp Garcia 2004)

A amocircnia mostra-se toacutexica quando presente em concentraccedilotildees diferentes do permitido para o

ambiente os efeitos natildeo satildeo cumulativos nem persistentes eacute encontrada como amocircnia natildeo-ionizada

(NH3) que facilita a difusatildeo na membrana celular do organismos assim sendo considerada como

toacutexica e a amocircnia ionizada (NH4+) que natildeo apresenta efeitos aparentemente (Hermes et al 2012)

Os valores de nitrito foram bastante semelhantes entre os pontos poreacutem o P1 e P2 em

dez15 tiveram valores na faixa criacutetica (100 ppm) e P3 tambeacutem considerado criacutetico nos meses de

abr16 e jun16 e os demais meses todos os pontos apresentaram nitrito na faixa do aceitaacutevel pelo

fabricante (Labcon Test) O nitrito eacute uma forma nitrogenada altamente toacutexica para os organismos

em quantidades criacuteticas impede a transferecircncia de oxigecircnio para os tecidos diminuindo o oxigecircnio

no metabolismo levando a hipoacutexia e causando mortalidade nos organismos (Campos et al 2012)o

nitrito sendo uma das formas quiacutemicas do nitrogecircnio encontrado em pequenas quantidades em

aacuteguas relaciona-se com oxigecircnio e se faz presente no corpo hiacutedrico nas aacuteguas superficiais Os

ambientes que apresentam nitrogecircnio na forma de nitrato eacute um indicador que o ambiente natildeo se

encontra poluiacutedo jaacute os ambientes potencialmente poluiacutedos predominam nitrogecircnio orgacircnico e

amoniacal sendo assim o somatoacuterio de nitrogecircnio total (N- orgacircnico + N-amoniacal + N- nitrito +

N-nitrato) (Alves Garcia 2006)

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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28

28

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Page 19: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

13

13

Tabela 4 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito encontrado nas amostras de aacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 00 025 00 00 00 00 0011 00 00 00 00 00 00

P1 30 30 30 30 30 0067 0133 0164 0133 0108 05 10 05 025 025

P2 30 30 30 30 30 0108 0133 0164 0133 0108 05 10 05 05 00

P3 15 025 050 10 15 0054 0011 0027 0044 0054 025 05 05 10 10

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

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27

27

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28

28

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Page 20: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

18

18

Os paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim natildeo

mostraram diferenccedila entre os pontos amostrados e os meses Entretanto foi possiacutevel verificar niacuteveis

altos de amocircnia total e toacutexica no P1 em todos os meses (150 ndash 300 ppm) nos demais pontos P2 e

P3 a amocircnia variou de 000 ndash 150 ppm (Tabelas 5 e 6) Moreira (2009) tambeacutem observou niacuteveis

altos de amocircnia em sedimentos no porto de MucuripeCE que contribuiacuteram para o baixo

desenvolvimento larval do organismo estudado

Tabela 5 Paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos da interface sedimentoaacutegua do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 82 55 350 247 79 47 370 242

P1 80 58 350 247 82 45 370 233

P2 79 57 350 246 80 45 370 236

P3 80 50 350 244 80 48 370 235

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 50 350 250 80 49 350 248

P1 80 47 350 250 85 45 350 247

P2 80 45 350 252 81 44 350 243

P3 80 47 350 252 81 43 370 248

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 78 47 340 262 78 44 350 250

P1 79 45 350 263 82 41 350 247

P2 78 47 350 260 80 41 350 248

P3 80 47 350 262 80 41 350 251

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 80 48 340 246 76 45 340 256

P1 80 43 350 242 82 43 350 253

P2 80 45 350 241 82 44 350 252

P3 79 42 350 241 80 42 360 254

Amostras pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC) pH OD (ppm) Salinidade Temperatura (degC)

Controle 75 43 350 257 78 43 350 246

P1 75 41 350 251 80 41 350 245

P2 76 42 350 253 80 42 360 243

P3 76 46 350 255 79 45 350 246

Outubro15

Fim

Dezembro15

Fim

Junho16

Iniacutecio

Iniacutecio

Fim

Fevereiro16

Fim

Abril16

Fim

Iniacutecio

Iniacutecio

Iniacutecio

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

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27

27

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Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

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Page 21: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

19

19

Tabela 6 Amocircnia total amocircnia toacutexica e nitrito da aacutegua exposta aos sedimentos do estuaacuterio do rio Poxim Sergipe

P1 Inaacutecio Barbosa - P2 Farolacircndia ndash P3 Treze de julho

32 Anaacutelise sedimentoloacutegica

O teor de mateacuteria orgacircnica encontrado nas amostras (Figura 6) foi de 092 a 1247 sendo

observado que o P1 apresenta maior quantidade de MO P2 e P3 apresentaram quantidades

semelhantes entre si A mateacuteria orgacircnica possui efeitos positivos e negativos pois eacute o combuacutestivel

baacutesico da cadeia alimentar marinha mas em quantidades excessiva produz efeitos indesejaacuteveis

como a superproduccedilatildeo de algas que podem ser toacutexicas podem causar reduccedilatildeo na penetraccedilatildeo de luz

na coluna drsquoaacutegua e ainda causar a reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido que por sua vez pode levar a

morte do organismos (Alves Garcia 2006)

Figura 6 Mateacuteria orgacircnica () do sedimento do estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de carbonato de caacutelcio (Figura 7) nas amostras foram bastante semelhantes

natildeo ultrapassando 6 sendo que o P1 apresentou maior quantidade em todos os meses amostrados

Ponto de Coleta

out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16 out15 dez15 fev16 abr16 jun16

Controle 00 00 025 00 00 00 00 0009 00 00 025 00 00 00 00

P1 30 15 30 30 30 0164 0082 0108 0164 0017 10 00 025 00 025

P2 10 05 10 10 15 0055 0027 0036 0055 0034 05 10 05 025 00

P3 03 00 15 10 10 0014 00 0055 0036 0022 025 00 025 00 00

Amocircnia Total (ppm) Amocircnia Toacutexica (ppm) Nitrito (ppm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

Mat

eacuteria

org

acircnic

a (

)

P1

P2

P3

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

BRASIL Marinha do Brasil Taacutebuas de Mareacutes [Internet] Brasiacutelia DF2016[ Acesso em 03 de

Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

maretabuasindexhtm

BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 22: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

20

20

(221 ndash 549) enquanto P2 e P3 a porcentagem variou de 018 a 228 A maior presenccedila de

CaCO3 no P1 indica influecircncia marinha e decomposiccedilatildeo dos organismos que utilizam a regiatildeo

estuarina (crustaacuteceos e moluscos) que possuem carbonatos em sua constituiccedilatildeo Uma caracteriacutestica

que deve ser levada em conta eacute que os carbonatos possui afinidade por metais e em locais com

metais considerados toacutexico o CaCO3 adsorve os metais e potencializa os efeitos de toxicidade

(Moreira 2009)

Figura 7 Carbonato de caacutelcio ( CaCO3) no estuaacuterio do rio Poxim AracajuSE (P1 Inaacutecio

Barbosa P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

As porcentagens de areia em todos os pontos variaram de 7300 a 9600 sendo P1 local

com maior porcentagem de areia seguido do P3 e P2 com menor composiccedilatildeo arenosa entre os

locais amostrados O P3 apresenta porcentagem semelhante ao P2 sendo possiacutevel perceber que os

pontos P1 e P2 encontra-se em regiotildees pouco proacuteximas a foz e recebe influencia do oceano assim

depositando os sedimentos mais arenosos A porcentagem de finos variou de 400 a 2700 sendo

o P2 local com maior porcentagem de sedimentos finos seguido do P3 e por uacuteltimo P1 (Tabela 6)

0

1

2

3

4

5

6

Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

C

aCo

3

P1

P2

P3

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

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5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

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poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

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BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

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Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

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saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

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2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

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FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

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197711(7) 714-719

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Miami Floacuterida p 130 ndash 135

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classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 23: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

21

21

P1 P2 P3

Out15 90 75 73

Dez15 90 83 85

Fev16 89 78 96

Abr16 91 91 88

Jun16 96 84 85

Out15 10 25 27

Dez15 10 17 15

Fev16 19 22 4

Abr16 9 9 22

Jun16 4 16 15

Sedimentos Arenosos ()

Sedimentos Finos ()

35 Testes ecotoxicoloacutegicos

Os testes ecotoxicoloacutegicos com aacutegua (Figura 8) do estuaacuterio mostram que a sobrevivecircncia

dos misidaacuteceos foi reduzida significativamente em dez15 e abr16 principalmente no P1 e P2

sendo que nos demais meses natildeo houve diferenccedila significativa em comparaccedilatildeo com o controle

(Figura 7)

Em out15 a sobrevivecircncia esteve acima de 90 (93 em P1e 96 em P2) mesmo com alta

quantidade de amocircnia toacutexica a sobrevivecircncia natildeo foi afetada este dado corrobora com os dados de

Santos 2015 que tambeacutem natildeo encontrou diferenccedila significativa na sobrevivecircncia de M juniae mas

observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em estudos neste mesmo estuaacuterio

Em dez15 ocorreu reduccedilatildeo significativa no P1 (33) quando comparado com o controle

(93) neste mecircs ocorreu a menor precipitaccedilatildeo (27mm) em relaccedilatildeo aos meses amostrados

consequentemente menor hidrodinanismo o niacutevel de amocircnia esteve alto (300 ppm) assim como

nitrito (100 ppm) e desse modo infere-se que os poluentes presentes na aacutegua tendem-se a acumular

assim afetando a biota

No mecircs de fev16 todos os pontos mostraram uma pequena reduccedilatildeo na sobrevivecircncia poreacutem

natildeo foi significativa quando comparadas com o controle neste mecircs a precipitaccedilatildeo foi de 47 mm

NH3 alta (300 ppm) assim podendo justificar que a precipitaccedilatildeo aumenta o hidrodinanismo

revolve os sedimentos de modo que os poluentes passem pra coluna drsquoaacutegua que possivelmente

reduz a sobrevivecircncia dos organismos mas eacute possiacutevel observar que quando a precipitaccedilatildeo eacute baixa

os poluentes concentram-se chegando a afetar os organismos

Tabela 7 Granulometria do sedimento no estuaacuterio do rio Poxim entre out15 a jun16 AracajuSE (P1 Inaacutecio Barbosa

P2 Farolacircndia P3 Treze de julho)

22

22

Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

BRASIL Marinha do Brasil Taacutebuas de Mareacutes [Internet] Brasiacutelia DF2016[ Acesso em 03 de

Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

maretabuasindexhtm

BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

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197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 24: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

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Foi observado em abr16 que a sobrevivecircncia sofreu reduccedilatildeo em todos os pontos ficando

entre 0 e 30 a reduccedilatildeo nesse ponto pode ser explicada pela reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido

elevado teor de mateacuteria orgacircnica e alta concentraccedilatildeo de amocircnia total de modo que esse conjunto de

paracircmetros em concentraccedilatildeo superior ao permitido causam a mortalidade dos organismos

Em jun16 natildeo houve diferenccedila significativa na sobrevivecircncia do Mjuniae (90 ndash 96) mecircs

este caracterizado pela estaccedilatildeo chuvosa (maio a agosto) o regime pluviomeacutetrico foi maior (197mm)

em relaccedilatildeo aos demais meses com maior precipitaccedilatildeo tambeacutem ocorrem maior diluiccedilatildeo dos

poluentes presentes Em estudo de sobrevivecircncia e maturaccedilatildeo (Silva 2015) observou reduccedilatildeo na

maturidade e sobrevivecircncia de M juniae em trecircs campanhas amostradas sendo observada

toxicidade tanto no periacuteodo seco quanto no periacuteodo chuvoso sendo atribuiacuteda a quantidade de

foacutesforo encontrado nas anaacutelises quiacutemicas e aporte de efluente que eacute lanccedilado sem tratamento Outro

estudo de sobrevivecircncia de M juniae realizado em NatalRN em um estuaacuterio inserido numa regiatildeo

urbanizada (Oliveira 2015) notou reduccedilatildeo da sobrevivecircncia nos pontos mais internos do estuaacuterio

podendo ser atribuiacuteda ao zinco foacutesforo e carbono orgacircnico

Figura 8 Sobrevivecircncia dos misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave aacutegua do estuaacuterio do rio

Poxim AracajuSE entre out15 e jun16P1 ndash Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash

Bairro Treze de julho = Indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

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Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

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Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

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4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

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5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

BRASIL Marinha do Brasil Taacutebuas de Mareacutes [Internet] Brasiacutelia DF2016[ Acesso em 03 de

Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

maretabuasindexhtm

BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 25: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

23

23

Os testes realizados com sedimentos do estuaacuterio mostram de forma geral grandes diferenccedilas

na sobrevivecircncia do organismo exposto a interface sedimentoaacutegua sugerindo que a maioria dos

poluentes concentra-se nos sedimentos (Figura 9) Em um estudo dos sedimentos deste mesmo

estuaacuterio foi encontrado diversos metais traccedilos estando em maiores quantidades proacuteximo aos pontos

de despejos de efluentes e concluiu-se que seriam necessaacuterias anaacutelises ecotoxicoloacutegicas (Passos

2005) assim o presente estudo mostra que os poluentes presentes nos sedimentos causaram reduccedilatildeo

expressiva na sobrevivecircncia do M juniae No mecircs de out15 a maior reduccedilatildeo da sobrevivecircncia

ocorreu no P3 (666 plusmn 1155) pode estaacute relacionado aos efluentes domeacutesticos lanccedilados proacuteximo ao

ponto de coleta que recebe efluentes provenientes de ligaccedilotildees sanitaacuterias ligadas direto nos canais

Aniacutezio Azevedo e Tramanday (Alves Garcia 2006)

Em dez15 a sobrevivecircncia dos misidaacuteceos ficou entre 6 (P1) 60 (P2) jaacute em fev16 no

P1 a sobrevivecircncia foi de 0 sendo assim observada diferenccedila significativa (plt005) comparando

com o controle (95) Moreira (2009) tambeacutem observou reduccedilatildeo na sobrevivecircncia (30 ndash 50 ) do

microcrustaacuteceo (anfiacutepodos) expostos a sedimentos do estuaacuterio do porto de MucuripeCE local onde

recebe atracaccedilatildeo comercial durante todo o ano No mecircs abr16 P1(5) novamente apresenta

reduccedilatildeo na sobrevivecircncia e em jun16 todos os pontos apresentaram reduccedilatildeo significativa na

sobrevivecircncia P1 (5) P2 (20) P3(5)

Estudo com Nitokra sp (microcrustaacuteceo) exposto aos sedimentos de trecircs estuaacuterios do Cearaacute

(Nilin 2008) observou grandes variaccedilotildees na fecundidade dos copeacutepodes (Arauacutejo 2008) observou

toxicidade nas aacuteguas quando relacionados com o regime das mareacutes em contrapartida os testes com

sedimentos do estuaacuterio de Suape PE mostraram maior resposta quanto agrave toxicidade do local assim

evidenciando que as substacircncias toacutexicas estatildeo ligadas diretamente as partiacuteculas finas dos

sedimentos

Vale ressaltar que as amostras coletadas no P1 apresentaram reduccedilatildeo na sobrevivecircncia em

todos os meses inclusive no mecircs de junho onde a precipitaccedilatildeo foi maior Durante a mareacute baixa

onde foram realizadas as coletas foi possiacutevel observar grandes quantidades de resiacuteduos soacutelidos de

origem domestica as margens do estuaacuterio

24

24

Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

25

25

4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

BRASIL Marinha do Brasil Taacutebuas de Mareacutes [Internet] Brasiacutelia DF2016[ Acesso em 03 de

Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

maretabuasindexhtm

BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 26: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

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Figura 9 Sobrevivecircncia de misidaacuteceos Mysidopsis juniae expostos agrave interface aacuteguasedimentos do

estuaacuterio do rio Poxim entre out15 e jun16 AracajuSE P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro

Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho = indica diferenccedila significativa (plt005) com o controle

Finalmente eacute possiacutevel observar que as amostras de aacuteguas foram consideradas toacutexicas apenas

em dez15 e abr16 enquanto nas amostras de sedimentos (interface) todos os meses apresentaram

toxicidade expressiva principalmente no P1 inclusive no mecircs de junho quando ocorreu maior

precipitaccedilatildeo (197 mm) entre os meses amostrados e nas amostras de aacutegua natildeo foi observada

toxicidade continua jaacute os sedimentos apresentaram toxicidade em todos os pontos (Tabela 7)

P1- Bairro Inaacutecio Barbosa P2 ndash Bairro Farolacircndia P3 ndash Bairro Treze de julho NT ndash natildeo toacutexico T ndash toacutexico

Teste Pontos Out15 Dez15 Fev16 Abr16 Jun16

P1 NT T NT T NT

Aacutegua P2 NT NT NT T NT

P3 NT NT NT NT NT

P1 NT T T T T

Interface aacuteguasedimento P2 NT NT NT NT T

P3 T NT NT NT T

Tabela 8 Comparaccedilatildeo dos testes com Mysidopsis juniae exposto agrave aacutegua e a interface aacuteguasedimentos do estuaacuterio do

rio Poxim entre out15 e jun16

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4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

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5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

BRASIL Marinha do Brasil Taacutebuas de Mareacutes [Internet] Brasiacutelia DF2016[ Acesso em 03 de

Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

maretabuasindexhtm

BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

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bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 27: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

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4 CONCLUSOtildeES

Neste estudo concluiu-se que as anaacutelises ecotoxicoloacutegicas com aacutegua do estuaacuterio

apresentaram toxicidade apenas em dois meses (dez15 e abr16) caracterizados como estaccedilatildeo seca

jaacute os testes com sedimentos mostraram toxicidade em todos os meses sendo jun15 mecircs com maior

toxicidade em todos os pontos amostrados Tambeacutem foi possiacutevel observar tendecircncia de toxicidade

no P1 ao longo deste estudo os niacuteveis de amocircnia natildeo-ionizada nitrito carbonato de caacutelcio e

mateacuteria orgacircnica apresentaram-se mais elevados neste ponto levando a compreender que as

substacircncias toacutexicas no Poxim satildeo inuacutemeras e pouco conhecidas onde o lanccedilamento de efluentes

domeacutesticos predominam influenciando neste ponto do estuaacuterio

O teste de interface aacutegua-sedimento com Mysidopsis juniae mostrou-se com uma boa

ferramenta para detecccedilatildeo de toxicidade por outro lado eacute sugerido que sejam feitos monitoramentos

contiacutenuos das aacuteguas e principalmente dos sedimentos para que seja observado padratildeo de variaccedilatildeo de

toxicidade relacionado agrave sazonalidade local por fim vale ressaltar que anaacutelises quiacutemicas devem ser

realizadas juntamente aos testes ecotoxicoloacutegicos para detecccedilatildeo dos principais poluentes a fim de

apontar medidas de mitigaccedilatildeo dos impactos causadores de poluiccedilatildeo no estuaacuterio

26

26

5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

BRASIL Marinha do Brasil Taacutebuas de Mareacutes [Internet] Brasiacutelia DF2016[ Acesso em 03 de

Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

maretabuasindexhtm

BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

27

27

bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

28

28

OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 28: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

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5 REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas NBR15308 2011 Ecotoxicologia aquaacutetica -

Toxicidade aguda - Meacutetodo de ensaio com misidaacuteceos (Crustacea) 19p

ALCANTARA AV 2006 A ictiofauna do estuaacuterio do rio Sergipe In ALVES JPH Rio

Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracaju p111-141

ALVES HMP GARCIA CAB 2006 O rio Sergipe no entorno de Aracaju qualidade da aacutegua e

poluiccedilatildeo orgacircnica In In ALVES JPH Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo

Ed Oacutes Editora Aracaju p 88-109

ARAUacuteJO HMP 2006 Estuaacuterio do rio Sergipe Importacircncia e Vulnerabilidade In ALVES JPH

Rio Sergipe Importacircncia Vulnerabilidade e Preservaccedilatildeo Ed Oacutes Editora Aracajup65-85

ARAUacuteJO RJV 2008 Avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica da aacutegua e utilizaccedilatildeo de diferentes meacutetodos na

avaliaccedilatildeo toxicoloacutegica de sedimentos do complexo estuarino de Suape PE Brasil Dissertaccedilatildeo

Recife Universidade Federal de Pernambuco

BADAROacute-PEDROSO C REYNIER MV PROacuteSPERI VA 2002 Testes de toxicidade aguda

com misidaacuteceos - ecircnfase nas espeacutecies Mysidpis juniae e Mysidium gracile (Crustacea Mysidacea)

In NASCIMENTO IA SOUSA ECPM NIPPER M Meacutetodos em Ecotoxicologia Marinha -

Aplicaccedilatildeo no Brasil Ed Artes Graacuteficas e Induacutestrias Ltda p 123 ndash 139

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Julho de 2016] Disponiacutevel em httpwwwmarmilbrdhnchmbox-previsao-

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BRASIL Lei nordm 11445 de 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento baacutesico altera as Leis nordms 6766 de 19 de dezembro de 1979 8306 de 11 de maio de

1990 8666 de 21 de junho de 1993 8987 de 13 de fevereiro de 1995 revoga Lei nordm 6528 de 11

de maio de 1978 e da outras providecircncias Brasiacutelia [Acesso em 23 de outubro de 2016] Disponiacutevel

em httpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2007-20102007leil11445htm

CAMPOS B R MIRANDA FILHO K C DrsquoINCAO F POERSCH L WASIELESKY W

2012 Toxicidade agudada amocircnia nitrito e nitrato sobre juvenis de camaratildeo-rosa Farfantepenaeus

brasiliensis (latreille 1817) (crustacea decapoda) Atlacircntica Rio grande do Sul 34 (1) p 75ndash 81

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resoluccedilatildeo ndeg 357 de 18 de marccedilo de 2005

Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo dos corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento

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bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

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Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

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2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 29: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

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bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e daacute outras providecircncias

[Internet] Brasiacutelia DF 2005 [acesso em outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf

DESO - COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE Indicadores de Saneamento

Disponiacutevel em httpwwwdeso-secombrv2indexphpinstitucionaldeso-em-numeros

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo populacional

2010 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=280030ampsearch=sergipe|aracaju

FIGUEIREcircDO L P 2013 Uso de Mysidopsis juniae na avaliaccedilatildeo de toxicidade dos metais zinco e

niacutequel Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

INMET ndash INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA Dados meteoroloacutegicos Estaccedilatildeo

Aracaju (A409) [Acesso em 13 de outubro de 2016] Disponiacutevel em

httpwwwinmetgovbrportalindexphpr=tempograficosrdquo

HAMILTOM MA Russo RC Thurston RV Trimmed Spearman-Karber method for estimating

median lethal concentrations in toxicity bioassays Environmental Science amp Technology

197711(7) 714-719

HEALD E J ODUM W E 1970 The contribution of the mangrove swamps to Florida fisheries

Miami Floacuterida p 130 ndash 135

HERMES C L FAY EF SILVA CMMS SILVA EcircFF 2012Consideraccedilotildees Gerais agrave

classificaccedilatildeo e Monitoraccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua InFay EF SILVA CMMSedit Iacutendice do

uso sustentaacutevel da aacutegua (ISA-AGUA) - regiatildeo do sub meacutedio satildeo Francisco Jaguaruacutena Embrapa

Meio Ambiente p 17-41

MIRANDA LB CASTRO BM KJERFVEB 2002 Princiacutepios de oceanografia fiacutesica de

estuaacuterios Satildeo Paulo Ed EDUSP p 27- 47

MOREIRA L B 2009 Avaliaccedilatildeo da toxicidade dos sedimentos e macrofauna bentocircnica em aacutereas

portuaacuterias porto de Mucuripe e terminal portuaacuterio de Peceacutem (CE) e porto de Santos (SP)

Dissertaccedilatildeo Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

NILIN J 2008 Avaliaccedilatildeo da qualidade do sedimento do estuaacuterio do rio Cearaacute Dissertaccedilatildeo

Fortaleza Universidade Federal do Cearaacute

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OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173

Page 30: Monitoramento Ecotoxicológico do Estuário do Rio Poxim ... Honorato de Sousa... · maré baixa, os misidáceos foram ... sobre os organismos vivos, ... que respondem as alterações

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OLIVEIRA L G C 2015 Avaliaccedilatildeo ecotoxicoloacutegica de aacuteguas do estuaacuterio PotengiJundiaiacute

(RNBrasil) Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

curso de Ecologia departamento de oceanografia e limnologia

OHREL Ronald L Jr REGISTER Kathleen M 2006 Volunteer Estuary Monitoring A Methods

Manual Second Edition The Ocean Conservancy and EPA Washington

PASSOS E A 2005 Distribuiccedilatildeo de sulfeto volatizado em meio aacutecido e metais pesados em

sedimentos do estuaacuterio do rio Sergipe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe

PASSOS EA BEZERRA DSS GARCIA CAB ALVES JPH 2005 Distribuiccedilatildeo de metais

pesados em sedimentos do estuaacuterio do rio PoximSE Sociedade Brasileira de Quiacutemica

SANTOS A A O 2014 Qualidade ambiental do estuaacuterio do rio Poxim (AracajuSergipe) com

enfoque ecotoxicoloacutegicos Trabalho de conclusatildeo de curso Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de

Sergipe Curso de Ecologia Departamento de Ecologia

SILVA A R 2015 Avaliaccedilatildeo de toxicidade aquaacutetica de amostras provenientes de um estuaacuterio

nordestino Trabalho de conclusatildeo de curso Natal Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Curso de Ecologia Departamento de Oceanografia e limnologia

SOUZA C S 2009 Biodegradaccedilatildeo de efluentes sanitaacuterios no estuaacuterio do rio Poxim em

AracajuSe Dissertaccedilatildeo Satildeo Cristoacutevatildeo Universidade Federal de Sergipe 2009

TRINDADE M A D 2010 Caracteriacutesticas sobre a bacia hidrograacutefica do rio Sergipe e os rios de

importacircncia para abastecimento de Aracaju Sergipe

TRUHAUT R 1977 Ecotoxicology objectives principles and perspective Ecotoxicology and

Environmental Safety 1 p 151 - 173