modernização agrícola

1
Geografia Geral - Clarisse 22.08.08 Modernização Agrícola e Processo de Formação Latifundiária A modernização agrícola no Brasil é mal distribuída. A agricultura intensiva foi desenvolvida a partir da melhoria da tecnologia pela mecanização, insumos e biotecnologia mas esse desenvolvimento não aconteceu uniformemente pelo território e as consequências à estrutura agrária e a outras áreas da economia e do meio ambiente não foram todas positivas. A mecanização, em geral, causa uma redução na oferta de empregos no setor primário desencadeando uma intensificaçnao do êxodo rural e o encarecimento do custo de vida nas cidades. Em países periféricos, o êxodo resulta também em exclusão econômica e social, já que há falta de especialização da mão de obra vinda do campo. O mesmo processo em países centrais pode desencadear exclusão social mas não necessariamente econômica dado o grau de know-how dos trabalhadores. Insumos agrícolas foram muito incentivados durante a Revolução Verde (principalmente nas décadas de 60 e 70). Suas principais consequências são a superprodução de agrotóxicos nos alimentos e um solo menos produtivo. O teor de agrotóxicos por sua vez é responsável por um aumento no custo da saúde pública além de reduzir a capacidade nutricional dos alimentos. Finalmente, a biotecnologia consegue aumentar a produtividade e a qualidade da agricultura. Ao mesmo tempo, o grande lucro leva agricultores a ampliar as áreas de monocultura em detrimento dos biomas locais. Um bom exemplo desse processo ocorre no sul do país onde a formação de grandes latifúndios produtivos em áreas que antes eram ocupadas por agricultura familiar está mudando a estrutura fundiária. Os fazendeiros que vendem as terras aos latifúndios estão, por sua vez, migrando para o Centro-Oeste e expandindo a fronteira agrícola para a plantação de soja. Região Sul: é caracterizada por pequenas e médias propriedades de estrutura de produção familiar coletiva. É responsável por cerca de 38% dos produtos para consumo interno. Nessa região, podemos dizer que a terra exerce uma função social já que gera renda, emprego e produção. ESTRUTURA FUNDIÁRIA A estrutura fundiária do Brasil pode ser descrita como super concentrada porque a maior parte das terras estão concentradas nas mãos de poucos proprietários rurais. 70% das terras agrícola com 10% dos proprietários A perigosa consequência dessa concentração é o uso da terra para expeculação. Dizemos então que a terra deixa de ter valor de uso e passa a ter valor de troca. Essa visão da terra leva à redução da produção agrícola, à supervalorização dos alimentos, à intensificação do êxodo rural e ao aumento dos conflitos por terra. CRONOLOGIA DA FORMAÇÃO LATIFUNDIÁRIA DO BRASIL A concentração da possessão de terras iniciou- se com a expropriação das terra indígenas durante o capitalismo mercantil inicialmente com a exploração do Pau-Brasil. A terra, no entanto, ainda retinha o valor de uso. A instalação das capitanias hereditárias agregou à terra um valor de poder de decisão. A posse de terra significava maior importância aos olhos da coroa, que era a verdadeira dona de todo o território. Aos meados do século XVII, com a intensificação da economia agrária exportadora (cana de açúcar, algodão, borracha, café), a terra volta a ter valor de uso e há uma intensificação da concentração fundiária. Em 1850, passa-se a Lei de Terras que garante a posse da terra mediante à escrituração da propriedade. O pagamento ao estado era necessário para o reconhecimento da posse excluindo assim ex-escravos e imigrantes europeus que tinham pouco capital do processo. Com o grande acúmulo de terras para poucos ricos proprietários, a terra assume definitivamente um valor expeculativo, de troca.

Upload: setentaesete

Post on 07-Jun-2015

7.862 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Modernização Agrícola

Geografia Geral - Clarisse22.08.08

Modernização Agrícola e Processo de Formação Latifundiária

A modernização agrícola no Brasil é mal distribuída. A agricultura intensiva foi desenvolvida a partir da melhoria da tecnologia pela mecanização, insumos e biotecnologia mas esse desenvolvimento não aconteceu uniformemente pelo território e as consequências à estrutura agrária e a outras áreas da economia e do meio ambiente não foram todas positivas.

A mecanização, em geral, causa uma redução na oferta de empregos no setor primário desencadeando uma intensificaçnao do êxodo rural e o encarecimento do custo de vida nas cidades. Em países periféricos, o êxodo resulta também em exclusão econômica e social, já que há falta de especialização da mão de obra vinda do campo. O mesmo processo em países centrais pode desencadear exclusão social mas não necessariamente econômica dado o grau de know-how dos trabalhadores.

Insumos agrícolas foram muito incentivados durante a Revolução Verde (principalmente nas décadas de 60 e 70). Suas principais consequências são a superprodução de agrotóxicos nos alimentos e um solo menos produtivo. O teor de agrotóxicos por sua vez é responsável por um aumento no custo da saúde pública além de reduzir a capacidade nutricional dos alimentos.

Finalmente, a biotecnologia consegue aumentar a produtividade e a qualidade da agricultura. Ao mesmo tempo, o grande lucro leva agricultores a ampliar as áreas de monocultura em detrimento dos biomas locais. Um bom exemplo desse processo ocorre no sul do país onde a formação de grandes latifúndios produtivos em áreas que antes eram ocupadas por agricultura familiar está mudando a estrutura fundiária. Os fazendeiros que vendem as terras aos latifúndios estão, por sua vez, migrando para o Centro-Oeste e expandindo a fronteira agrícola para a plantação de soja.

Região Sul: é caracterizada por pequenas e médias propriedades de estrutura de produção familiar coletiva. É responsável por cerca de 38% dos produtos para consumo interno. Nessa região, podemos dizer que a terra exerce uma função social já que gera renda, emprego e produção.

ESTRUTURA FUNDIÁRIA

A estrutura fundiária do Brasil pode ser descrita como super concentrada porque a maior parte das terras estão concentradas nas mãos de poucos proprietários rurais.

– 70% das terras agrícola com 10% dos proprietários

A perigosa consequência dessa concentração é o uso da terra para expeculação. Dizemos então que a terra deixa de ter valor de uso e passa a ter valor de troca. Essa visão da terra leva à redução da produção agrícola, à supervalorização dos alimentos, à intensificação do êxodo rural e ao aumento dos conflitos por terra.

CRONOLOGIA DA FORMAÇÃO LATIFUNDIÁRIA DO BRASIL

A concentração da possessão de terras iniciou-se com a expropriação das terra indígenas durante o capitalismo mercantil inicialmente com a exploração do Pau-Brasil. A terra, no entanto, ainda retinha o valor de uso.

A instalação das capitanias hereditárias agregou à terra um valor de poder de decisão. A posse de terra significava maior importância aos olhos da coroa, que era a verdadeira dona de todo o território.

Aos meados do século XVII, com a intensificação da economia agrária exportadora (cana de açúcar, algodão, borracha, café), a terra volta a ter valor de uso e há uma intensificação da concentração fundiária.

Em 1850, passa-se a Lei de Terras que garante a posse da terra mediante à escrituração da propriedade. O pagamento ao estado era necessário para o reconhecimento da posse excluindo assim ex-escravos e imigrantes europeus que tinham pouco capital do processo. Com o grande acúmulo de terras para poucos ricos proprietários, a terra assume definitivamente um valor expeculativo, de troca.