modelos de previsão de Áreas sujeitas a deslizamentos · o risco aqui poderia ser previsto?...

33
Modelos de Previsão de Áreas Sujeitas a Deslizamentos: Potencialidades e Limitações Nelson F. Fernandes Depto. de Geografia, Inst. de Geociências UFRJ [email protected]

Upload: trandan

Post on 21-Aug-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Modelos de Previsão de Áreas

Sujeitas a Deslizamentos: Potencialidades e Limitações

Nelson F. Fernandes

Depto. de Geografia, Inst. de Geociências

UFRJ

[email protected]

PREVISÃO

Até que ponto somos capazes de prever ONDE e QUANDO deslizamentos como estes irão ocorrer?

[deslizamento = mov. massa]

Timbé do Sul, SC (1995)

La Choncita, Califórnia (1995)

O risco aqui poderia ser previsto? (risco/susceptibilidade)

Pousada Sankay, Enseada do Bananal, Ilha Grande (RJ)

Hospital São Lucas,

Nova Friburgo, Jan 2011

O risco aqui poderia ser previsto? (risco/susceptibilidade)

Prever não é fácil, mas é possível!

E a Geomorfologia é Importante Nisso!

Gomes et al., (2013)

Embora grandes avanços tenham ocorrido nas últimas décadas

no desenvolvimento de modelos de previsão, muitos desafios

ainda persistem, principalmente em termos de:

- VALIDAÇÃO desses modelos

- Desenvolvimento de modelos DINÂMICOS (em tempo real) 356400,000000

356400,000000

357000,000000

357000,000000

357600,000000

357600,000000

358200,000000

358200,000000

73

63

60

0,0

00

00

0

73

63

60

0,0

00

00

0

73

64

20

0,0

00

00

0

73

64

20

0,0

00

00

0

73

64

80

0,0

00

00

0

73

64

80

0,0

00

00

0

73

65

40

0,0

00

00

0

73

65

40

0,0

00

00

0

73

66

00

0,0

00

00

0

73

66

00

0,0

00

00

0

1:13.000

MAPA DE SUSCETIBILIDADE - CENÁRIO A1(MODELO TRIGRS)

LEGENDA

Drenagem

Limite da Bacia

Cicatriz

FS

0.4 - 0.8

0.8 - 1.0

1.0 - 1.2

1.2 - 1.5

1.5 - 7.0

.

340 3400 metros

Projeção UTM - Zona 23Datum SAD-69 - Meridiano Central W 45°

Vieira et al., (2010)

Diferentes Tipos de Movimentos de Massa

• Queda de Rochas

• Rastejos

• Escorregamentos Rasos

• Escorregamentos Rotacionais

• Corridas de Massa

• Subsidências

(entre muitos outros....)

Há mecanismos de ruptura e fatores condicionantes

específicos para cada um dos processos acima

Logo, esta vasta tipologia de movimentos irá

requerer o desenvolvimento de VÁRIOS

modelos de previsão, simulando os

diferentes tipos de deslizamentos

observados em campo

Principais Métodos de Análise de Previsão

• Abordagens probabilísticas baseadas em inventários

de deslizamentos

• Abordagens heurísticas (combinação de mapas

qualitativos)

• Abordagens estatísticas

• Abordagens determinísticas

(van Westen et al., 2006)

• dSLAM (Distributed, physically based Slope Stability model)

(WU & SIDLE, 1995 e DHAKAL & SIDLE, 2003)

• SHALSTAB (SHAllow Landslide STABbility Analysis)

(DIETRICH et al., 1993; MONTGOMERY & DIETRICH, 1994 e MONTGOMERY et al., 1998)

• SINMAP (Stability INdex MAPping)

(PACK et al. 1998; MORRISEY et al., 2001; PACK et al., 2001 e CALCATERRA et al., 2004)

• TRIGRS (Transient Rainfall Infiltration and Grid-Based Regional Slope Stability)

(IVERSON, 2000 e BAUM et al., 2002)

Abordagem Determinística

• Modelos matemáticos, distribuídos, desenvolvidos em bases físicas

(em maior ou menor grau)

• Tentam simular matematicamente os processos envolvidos

• A susceptibilidade é determinada através do uso de modelos de análise

da estabilidade das encostas (alguns combinam com modelos

hidrológicos)

• As encostas são classificadas com base no Fator de Segurança (FS)

estimado pelos modelos

• Principais modelos:

MODELO SHALSTAB

PARÂMETROS

DO SOLO

PARÂMETROS TOPOGRÁFICOS derivados do MDT

(declividade, área de contribuição)

MODELO DE ESTABILIDADE DE ENCOSTA

+ MODELO HIDROLÓGICO

PREVISÃO DE ÁREAS INSTÁVEIS

A ESCORREGAMENTOS RASOS

Dietrich & Montgomery (1998)

N

Resultado

do Modelo

Bacia do

Quitite Bacia do

Papagaio

(Guimarães, 2000; Fernandes et al., 2004)

Abordagem Determinística

• TRIGRS – Transient Rainfall Infiltration Grid based

Regional Slope stability analysis; Baum et al., 2002; Savage et al., 2004

– Simula o avanço da frente de infiltração nas encostas (ou seja, é um modelo transiente)

– Combina esse modelo hidrológico com um modelo de análise da estabilidade

– Simula como as modificações nas poro-pressões dentro do solo, que ocorrem ao longo da chuva, influenciam na estabilidade

356400,000000

356400,000000

357000,000000

357000,000000

357600,000000

357600,000000

358200,000000

358200,000000

73

63

60

0,0

00

00

0

73

63

60

0,0

00

00

0

73

64

20

0,0

00

00

0

73

64

20

0,0

00

00

0

73

64

80

0,0

00

00

0

73

64

80

0,0

00

00

0

73

65

40

0,0

00

00

0

73

65

40

0,0

00

00

0

73

66

00

0,0

00

00

0

73

66

00

0,0

00

00

0

1:13.000

MAPA DE SUSCETIBILIDADE - CENÁRIO A1(MODELO TRIGRS)

LEGENDA

Drenagem

Limite da Bacia

Cicatriz

FS

0.4 - 0.8

0.8 - 1.0

1.0 - 1.2

1.2 - 1.5

1.5 - 7.0

.

340 3400 metros

Projeção UTM - Zona 23Datum SAD-69 - Meridiano Central W 45°

Vieira (2007)

Vieira et al. (2010)

Como validar o modelo?

Evento de

Fev/2006

Cicatrizes de 1996 Visão de Detalhe com as

Cicatrizes de 1996

0

20

40

60

Núm

ero

de e

scorr

egam

ento

s

Instável

Classe de Log Q/T

-3.1_-2.8 >-2.2 Estável-2.5_-2.2-2.8_-2.5< -3.1

Avaliação do Modelo

Resultados de Outras Metodologias Aplicadas à Área

)KNn

1k

.KP(ijA

(Moreira, 1999)

PREVISÃO DE

CORRIDAS DE

MASSSA

SIMULAÇÃO DE

CORRIDAS DE DETRITOS

Combinação de 2 modelos:

SHALSTAB+FLO-2D]

(Gomes, 2006)

Simulação de Corrida de Detritos

Bacias dos rios Quitite e Papagaio (RJ)

(Evento de Fev de 1996)

(Gomes, 2006; Gomes et al., 2007)

Previsão do Alcance e Espessura dos

Depósitos de Corridas de Detritos (Fev 1996; Maciço da Tijuca – RJ)

Espessura Máxima (m)

0.010 - 0.500

0.501 - 1.000

1.001 - 2.000

2.001 - 3.000

3.001 - 8.110

(Gomes, 2006; Gomes et al., 2013)

Corrida de Detritos (cerca de 10 km) - Rio Vieira

(Teresópolis)

Corrida de Massa (6 km) do Vale da Posse/Campo Grande

(Teresópolis, Janeiro de 2011)

Corridas de Massa (Detritos)

No entanto, na maioria dos locais não há um banco de

cicatrizes (polígonos) de eventos antigos

(nem mesmo dos eventos mais recentes)

muitos são mapas com pontos de atendimentos da defesa civil

Isso dificulta uma efetiva validação dos modelos!

Outro Problema Falta de Modelos Dinâmicos

Muitas vezes os deslizamentos foram mais frequentes nas áreas definidas

como de médio risco do que nas definidas como de alto risco

Razões Possíveis:

- as metodologias usadas na definição do risco foram ruins

(modelos ruins previsões ruins)

Esse é um problema real, que só vai ser resolvido quando os modelos

usados tenham provado ser eficientes (validados)

- a chuva ocorrida for maior nas áreas de médio risco do que nas de alto

risco (algo desse tipo aconteceu em Teresópolis no evento de Jan de 2011)

Isso só vai ser resolvido quando tivermos o uso de modelos dinâmicos

simulando a estabilidade em tempo real, incorporando a chuva já ocorrida

e aquela prevista para curto prazo (2h, 4h, 6h, etc)

1:10000 1:50000

[Gomes, 2002]

Outro Problema

Raramente temos bases cartográficas

disponíveis em escalas adequadas ao uso

de modelos de previsão de deslizamentos

0

10

20

30

40

50

Instável < -3.1 -3.1 - -2.8 -2.8 - -2.5 -2.5 - -2.2 > -2.2 Estável

%

Classes

0

10

20

30

40

50

Instável < -3.1 -3.1 - -2.8 -2.8 - -2.5 -2.5 - -2.2 > -2.2 Estável

%

Classes

= 80% = 46%

1:10000 1:50000

Percentual de Cicatrizes nas Classes de

Susceptibilidade a Escorregamentos

(Quitite e Papagaio)

[Gomes, 2002]

OUTRO PROBLEMA

Os processos associados aos movimentos de

massa precisam ser analisados na escala

de bacia de drenagem

Isto é especialmente importante para os

estudos das corridas de massa

(debris flows)

Muitas vezes, a topografia mais detalhada é apenas obtida nas proximidades

da área de maior interesse (por ex., ao longo da faixa de um duto)

Isso impede a utilização de modelos mais complexos de risco à ocorrência de

corridas de detritos porque não consideram toda a bacia de drenagem

(área de contribuição a montante do ponto)

oleoduto

(Serra do Mar, RJ)

Outro Problema

Em áreas urbanas o risco é muito dinâmico, o que requer

mapeamentos contínuos do uso e ocupação

Conselheiro Paulino, Friburgo (RJ)

Jardim Salaco, Teresópolis (RJ)

Outro Problema Falta de Modelos Dinâmicos

Muitas vezes os deslizamentos foram mais frequentes nas áreas definidas

como de médio risco do que nas definidas como de alto risco

Razões Possíveis:

- as metodologias usadas na definição do risco foram ruins

(modelos ruins previsões ruins)

Esse é um problema real, que só vai ser resolvido quando os modelos

usados tenham provado ser eficientes (validados)

- a chuva ocorrida for maior nas áreas de médio risco do que nas de alto

risco (algo desse tipo aconteceu em Teresópolis no evento de Janeiro de

2011)

Isso só vai ser resolvido quando tivermos o uso de modelos dinâmicos

simulando a estabilidade em tempo real, incorporando a chuva já ocorrida

e aquela prevista para curto prazo (2h, 4h, 6h, etc)

Outro Problema Falta de Modelos Dinâmicos

Muitas vezes os deslizamentos foram mais frequentes

nas áreas definidas como de médio risco porque a chuva

ali foi mais intensa do que nas áreas de alto risco (algo

desse tipo aconteceu em Teresópolis no evento de

Janeiro de 2011)

Isso só vai ser resolvido quando tivermos o uso de

modelos dinâmicos simulando em tempo real,

incorporando a chuva já ocorrida e aquela prevista para

curto prazo (2h, 4h, etc)

Prever não é fácil, mas é possível!

Requer o desenvolvimento de modelos determinísticos distribuídos e

dinâmicos, efetivamente validados e alimentados por dados refinados

(topografia, propriedades mecânicas dos materiais, uso e cobertura, etc.)