modelos de fluxo de energia vibratória

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ILKA BRINGHENTI MODELO VIBROACÚSTICO DO GABINETE DE UM REFRIGERADOR Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina, para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. Arcanjo Lenzi Florianópolis 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

ILKA BRINGHENTI

MODELO VIBROACSTICO DO GABINETE DE UM

REFRIGERADOR

Dissertao submetida ao Programa de

Ps-Graduao em Engenharia

Mecnica da Universidade Federal de

Santa Catarina, para a obteno do

Grau de Mestre em Engenharia

Mecnica.

Orientador: Prof. Dr. Arcanjo Lenzi

Florianpolis

2012

ILKA BRINGHENTI

MODELO VIBROACSTICO DO GABINETE DE UM

REFRIGERADOR

Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de

Mestre, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-

Graduao em Engenharia Mecnica.

Florianpolis, 16 de Maro de 2012.

________________________

Prof. Dr. Jlio Csar Passos,

Coordenador do Curso de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica

________________________

Arcanjo Lenzi, Ph. D.

Orientador

Banca Examinadora:

________________________

Arcanjo Lenzi, Ph. D.

Presidente

________________________

Jlio A. Cordioli, Dr. Eng.

Universidade Federal de Santa

Catarina

________________________

Roberto Jordan, Dr. Eng.

Universidade Federal de Santa

Catarina

________________________

Fbio Fiates, Dr. Eng.

Universidade do Sul de Santa

Catarina

Meus pais,

Ana Zanella Bringhenti e

Claudino Bringhenti,

dedico este trabalho, porque sem o

carinho, incentivo, pacincia e amor

esta jornada no seria possvel.

AGRADECIMENTOS

Meu maior agradecimento dirigido a meus pais, por terem sido o

contnuo apoio em todos os anos de minha vida, ensinando-me,

principalmente, a importncia da construo e a coerncia de meus

prprios valores.

As minhas irms, pelo amor, carinho, incentivo e apoio durante esta

jornada.

Aos meus amigos queridos pela inestimvel amizade, incentivo,

compreenso e pacincia durante as longas horas utilizadas na execuo

deste trabalho. Ao meu namorado Andr, pelo amor, incentivo e apoio.

Ao meu orientador Professor doutor Arcanjo Lenzi, a considerao de

ter aceito a orientao de minha dissertao, pela confiana em mim

depositada, apoio, amizade e por contribuir para minha formao

pessoal e profissional.

Ao meu colega de projeto Jesus Martinez, pela amizade, orientaes,

discusses, correes e dicas para o melhor desenvolvimento desta

dissertao. Aos meus grandes amigos Olavo e Paulo pela parceria,

amizade, pacincia e por me ajudar a melhorar este trabalho, primeiro

de perto e depois a distncia.

Aos colegas e amigos do Laboratrio de Vibraes e Acstica (LVA),

que contriburam, de forma direta ou indiretamente, na execuo deste

estudo.

Aos meus colegas da Ford pelo apoio, compreenso e flexibilidade nesta

fase de concluso do trabalho.

Ao programa de ps-graduao em Engenharia Mecnica (Posmec) da

UFSC por possibilitarem este aprendizado.

Agradeo Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel

Superior (Capes), pela bolsa concedida durante os anos do curso, e

empresa Embraco S/A, a qual forneceu os materiais para o

desenvolvimento desta pesquisa.

http://www.capes.gov.br/##http://www.capes.gov.br/##

Enquanto os cometas se movem em rbita

excntrica, a pura f jamais poderia ter feito todos

os planetas moverem-se na mesma direo em

rbita concntrica. Tal uniformidade maravilhosa

do sistema planetrio deve permitir o efeito da

escolha. Ns vivemos dentro do espao da mente

de Deus.

(Isaac Newton, 1642-1727)

RESUMO

As propriedades dinmicas de materiais so parmetros

importantes para a anlise vibroacstica numrica de um refrigerador

domstico. O gabinete de um refrigerador domstico geralmente

composto por trs tipos de materiais: ao laminado a quente, espuma

rgida de poliuretano (PUR) e poliestireno de alto impacto (PSAI). Neste

trabalho, as propriedades mecnicas (mdulo de elasticidade dinmico e

amortecimento) desses materiais foram determinadas, a fim de

compreender o seu comportamento dependente da frequncia, para us-

los corretamente em um modelo vibroacstico numrico de

refrigeradores domsticos. Procedimentos experimentais baseados nas

respostas impulsivas de vigas foram realizados para cada material. Alm

disso, modelos numricos foram usados para ajustar as propriedades da

PUR encontradas experimentalmente. Finalmente, um modelo numrico

de uma viga sanduche foi construdo usando-se as propriedades

obtidas. Os resultados foram comparados com os testes experimentais

realizados em amostra de viga sanduche de um gabinete de um

refrigerador. Anlise modal experimental foi realizada e comparada com

analise modal de um modelo numrico. Boa concordncia foi

encontrada para frequncias entre 0Hz a 600Hz. Finalmente, um modelo

em Mtodo do Elemento de Contorno (BEM) foi construdo utilizando-

se o modelo numrico para estimar a potncia sonora radiada pelo

refrigerador devido s principais excitaes.

Palavras-chave: Modelo vibroacstico. Anlise modal experimental.

Mtodo de elementos finitos. Mtodo de elementos de contorno.

ABSTRACT

The dynamic properties of materials are important parameters for

the vibroacoustic numerical analysis of a household refrigerator. The

cabinet of a household refrigerator is usually composed of three types of

materials: hot-rolled steel, rigid polyurethane foam (PUR) and high

impact polystyrene (HIPS). In this work, the mechanical properties

(dynamic elasticity modulus and damping) of these materials were

determined in order to understand the frequency dependent behavior and

to use them correctly in a vibroacoustic numerical model of domestic

refrigerators. Experimental procedures based on impulse responses of

beams were made for each material. In addition, numerical modeling

was used to adjust the properties of PUR found experimentally. Finally,

a numerical model of a beam sandwich was constructed using the

properties obtained. The results were compared with the experimental

tests carried out on a sample beam of a sandwich of a refrigerator

cabinet. Experimental modal analysis was performed and compared with

a numerical model. Good agreement was found for frequencies between

0Hz and 600Hz. Finally, a model in Boundary Element Method (BEM)

was constructed using the numerical model to estimate the sound power

radiated by the primary coolant due to excitations.

Keywords: Vibroacoustic model. Experimental modal analysis. Finite

element method. Boundary element method.

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Refrigerador tpico (Fonte: Embraco S/A). ....................................... 7

Figura 2.2 Materiais do gabinete do refrigerador: 1) Ao laminado, 2) Espuma

Rgida de Poliuretano (PUR) e 3) Poliestireno de Alto Impacto (PSAI). ........... 9

Figura 2.3 Nvel de Potncia Sonora (NWS) de um refrigerador tpico, avaliado

em banda de tero de oitava (Cortesia: Embraco S/A e Multibrs). ................. 10

Figura 2.4 NWS de um compressor e um refrigerador, avaliado em bandas de

tero de oitava (Cortesia: Embraco S/A e Multibrs). ...................................... 11

Figura 2.5 Exemplo de viga sanduche em flexo. ........................................... 13

Figura 2.6 Resposta livre para amortecimento linear viscoso ........................... 14

Figura 2.7 Sinal tpico da curva do tempo de decaimento. ............................... 15

Figura 2.8 Mtodo da banda de meia potncia. ................................................ 16

Figura 2.9 Dispositivo usado para realizar ensaios de trao simples............... 20

Figura 2.10 Sistema bsico de medio ............................................................ 23

Figura 2.11 Malha de elementos finitos viga engastada ................................... 25

Figura 2.12 Geometria do elemento tipo Solid 45. ........................................... 28

Figura 2.13 Geometria do elemento tipo Solid 92. ........................................... 28

Figura 3.1 Determinao da massa do corpo de prova no ar. ........................... 31

Figura 3.2 Determinao da massa aparente do corpo de prova. ...................... 32

Figura 3.3 Posio de extrao das amostras de poliestireno............................ 33

Figura 3.4 Dimenses do corpo de prova do ensaio de trao para a viga de ao.

.......................................................................................................................... 36

Figura 3.5 Curva de deformao de dois corpos de prova do ao laminado. .... 36

Figura 3.6 Strain gauge fixado em um corpo de prova. .................................... 37

Figura 3.7 Dimenses do corpo de prova do ensaio de trao para a viga de

PSAI. ................................................................................................................ 38

Figura 3.8 Curva de deformao para os dois corpos de PSAI. ........................ 38

Figura 3.9 Exemplo de papelo ondulado. ........................................................ 39

Figura 3.10 Placa de PP utilizado na montagem do refrigerador ...................... 40

Figura 3.11 - Dispositivo para determinar o mdulo de cisalhamento do PUR. 41

Figura 3.12 - Desenho esquemtico da deformao da amostra. ....................... 41

Figura 3.13 (a) Bancada para medir a FRF da viga de PUR e (b) Regies de

onde as amostras foram extradas do gabinete. .................................................. 43

Figura 3.14 Detalhe da malha utilizada para a configurao engastada da viga

de PUR. ............................................................................................................. 44

Figura 3.15 Anlise dos resultados experimentais da anlise modal realizada nas

seis amostras de PUR. ....................................................................................... 45

Figura 3.16 Comparativo das FRFs encontradas experimental e

numericamente. ................................................................................................. 46

Figura 3.17 (a) Viga de PSAI engastada e (b) Regies de extrao das amostras

de PSAI. ............................................................................................................ 48

Figura 3.18 (a) Mdulo de elasticidade das vigas PSAI. (b) Amortecimento das

vidas de PSAI. ................................................................................................... 49

Figura 3.19 Vista geral da medio realizada na viga de PSAI livre-livre. ....... 50

Figura 3.20 Detalhe da malha utilizada para a configurao livre-livre da viga

de PSAI. ............................................................................................................ 50

Figura 3.21 FRF experimental e estimada. ........................................................ 51

Figura 3.22 Esquema de bancada, onde: 1 Notebook, 2- Analisador de Sinais,

3 Martelo de Impacto, 4 Acelermetro, 5 Viga Sanduche e 6 Bancada.

........................................................................................................................... 52

Figura 3.23 (a) Dimenses da viga livre-livre e (b) Distribuio dos pontos de

medio. ............................................................................................................ 53

Figura 3.24 Representao dos quatro primeiros modos da viga livre-livre. ..... 54

Figura 3.25 Detalhe da malha utilizada para a configurao livre-livre da viga

sanduche. .......................................................................................................... 54

Figura 3.26 Curva FRF experimental e estimada para viga livre-livre. ............. 55

Figura 3.27 Esquema de bancada, onde: 1 - Computador, 2 Analisar de Sinais,

3 Martelo de Impacto, 4 - Acelermetro, 5 Viga sanduche e 6 Base. ...... 56

Figura 3.28 Representao de alguns modos da viga engastada. ....................... 57

Figura 3.29 Detalhe da malha utilizada para a configurao engastada da viga

sanduche. .......................................................................................................... 57

Figura 3.30 Curva FRF experimental e estimada para viga engastada. ............. 58

Figura 4.1 Geometria em CAD do gabinete do refrigerador ............................. 61

Figura 4.2 Modelo numrico do gabinete do refrigerador. ............................... 62

Figura 4.3 Primeiro modo de toro (a) e flexo (b) do modelo numrico do

gabinete. ............................................................................................................ 63

Figura 4.4 Anlise modal experimental do refrigerador em condio livre. ..... 64

Figura 4.5 Desenho esquemtico da anlise modal experimental do gabinete.. 65

Figura 4.6 Primeiro modo de toro (a) e flexo (b) da anlise modal

experimental do gabinete. ................................................................................. 66

Figura 4.7 Curva FRF experimental e numrica do gabinete do refrigerador. .. 67

Figura 5.1 Descrio do procedimento para gerar modelo BEM. ..................... 68

Figura 5.2 Desenho esquemtico do refrigerador com foras aplicadas nos

pontos de fixao da base do compressor. ........................................................ 70

Figura 5.3 Potncia sonora radiada para o caso (A). ......................................... 70

Figura 5.4 Resposta acstica com excitao na base em 65Hz. ........................ 71

Figura 5.5 Resposta acstica com excitao na base em 140Hz. ...................... 71

Figura 5.6 Resposta acstica com excitao na base em 255Hz. ...................... 72

Figura 5.7 Resposta acstica com excitao na base em 285Hz. ...................... 72

Figura 5.8 Desenho esquemtico do refrigerador com foras aplicadas nos

pontos de fixao do condensador. ................................................................... 73

Figura 5.9 Potncia sonora radiada para o caso (B). ......................................... 73

Figura 5.10 Resposta acstica com excitao do condensador em 65Hz. ......... 74

Figura 5.11 Resposta acstica com excitao do condensador em 140Hz. ....... 74

Figura 5.12 Resposta acstica com excitao do condensador em 200Hz. ....... 75

Figura 5.13 Resposta acstica com excitao do condensador em 255Hz. ....... 75

Figura 5.14 Resposta acstica com excitao do condensador em 285Hz. ....... 76

Figura 5.15 Desenho esquemtico do refrigerador com foras aplicadas nos

pontos de fixao da base do compressor e nos pontos de fixao do

condensador. ..................................................................................................... 76

Figura 5.16 Potncia sonora irradiada para o caso (C). .................................... 77

Figura 5.17 Resposta acstica com excitao na base e na traseira em 65Hz. .. 77

Figura 5.18 Resposta acstica com excitao na base e na traseira em 140Hz. 78

Figura 5.19 Resposta acstica com excitao na base e na traseira em 255Hz. 78

Figura 5.20 Resposta acstica com excitao na base em 285Hz. ..................... 79

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Designao das funes resposta em frequncia (FRFs) ................ 23

Tabela 3.1 Resultados experimentais da densidade para o ao laminado. ......... 33

Tabela 3.2 Resultados experimentais da densidade para o PSAI ....................... 34

Tabela 3.3 Resultados experimentais da densidade para o poliuretano. ............ 34

Tabela 3.4 Resultados experimentais da densidade para o polipropileno. ......... 35

Tabela 3.5 Resultados experimentais da viga de poliuretano. ........................... 46

Tabela 3.6 Resultados experimentais da viga livre-livre. ................................. 53

Tabela 3.7 Faixas de frequncias naturais para ajuste do e da viga livre-livre.................................................................................................................... 55

Tabela 3.8 Resultados experimentais das viga engastadas. ............................... 56

Tabela 3.9 Faixas de frequncias naturais para ajuste do e da viga livre-livre.................................................................................................................... 58

Tabela 4.1 Resultados numricos do refrigerador em condio livre-livre........ 62

Tabela 4.2 Resultados experimentais do refrigerador em condio livre-livre. . 65

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAM Fabricao Assistida por Computador (Computer Aided Manufacturing)

Coeficiente de Correlao de Amplitude

Funo de Autocorrelao

Mtodo do Elemento de Contorno (Boundary Element Method)

Projeto Assistido por Computador (Computer Aided Design)

Mtodo do Elemento Finito (Finite Element Method)

Funo Resposta em Frequncia

Algoritmo Gentico

Laboratrio de Vibraes e Acstica

Nvel de Potncia Sonora

Mtodo da Potncia Injetada (Power Input Method)

PP Polipropileno

Poliestireno de Alto Impacto

Espuma Rgida de Poliuretano

Anlise de Transferncia de Caminho (Transfer Path Analysis)

LISTA DE SMBOLOS

Mobilidade pontual

Funo mobilidade de transferncia

Energia potencial elstica

Intensidade sonora

Nmero de onda

Nmero de onda

Velocidade de volume da fonte esfrica

Densidade espectral

Tempo de reverberao estrutural

Power input

Active output power

Velocidade do som no meio [m/s]

Velocidade do som no meio

Velocidade de onda de flexo

Frequncia central da banda

Massa aparente do corpo

Massa do corpo

Amplitude de velocidade na superfcie da esfera

Nmero de ciclos

Operador-gradiente

Densidade do meio

Densidade da placa

Massa da placa por unidade de rea

Desvio padro

Eficincia de radiao

Energia Dissipada do Amortecimento

Espessura da Placa

Distancia

Mdulo de elasticidade

Mdulo de cisalhamento

Nmero de posies de medio

Massa das posies discretas

nmero de ciclos

Tempo

Coeficiente de Poisson

Decremento Logartmico

Fator de Amortecimento

Densidade

Frequncia

Potencial de velocidade

SUMRIO

Captulo 1: INTRODUO ...................................................... 1

1.1 TRABALHOS RELACIONADOS...................................... 2

1.2 OBJETIVOS ......................................................................... 3

1.2.1 Objetivo geral ..................................................................... 3

1.2.2 Objetivos especficos .......................................................... 4

1.3 DESCRIO E ORGANIZAO DO TRABALHO ...... 4

Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA .............................. 7

2.1 REFRIGERADOR DOMSTICO...................................... 7

2.1.1 Princpios de funcionamento .............................................. 7

2.1.2 Forma construtiva das paredes de um refrigerador............. 8

2.1.3 Fontes de rudo ................................................................. 10

2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ..................................... 12

2.2.1 Fundamentos de estruturas sanduche .............................. 12

2.2.2 Fator de amortecimento ............................................. 13

2.2.2.2 Mtodo do decaimento ................................................. 15

2.2.2.3 Mtodo da banda de meia potncia .............................. 16

2.2.2.4 Mtodo da Potncia Injetada (PIM) ............................. 17

2.2.3 Propriedades mecnicas.................................................... 18

2.2.3.1 Propriedades estticas .................................................. 19

2.2.3.2 Propriedades dinmicas ................................................ 21

2.2.4 Anlise modal experimental ............................................. 21

2.2.4.1 Funo resposta em frequncia (FRF) .......................... 22

2.2.4.2 Procedimentos de medio ........................................... 23

2.2.4.3 Fixao da estrutura ..................................................... 23

2.3 FUNDAMENTOS DE ELEMENTOS FINITOS ............ 24

2.3.1 Anlise modal numrica ................................................... 26

2.3.2 Anlise harmnica ............................................................ 26

2.3.3 Utilizao de software comercial Ansys para o modelo de

estrutura sanduche ........................................................................ 27

2.4 FUNDAMENTOS DE ELEMENTOS DE CONTORNO 29

Captulo 3: PROCEDIMENTOS DE CARACTERIZAO

DOS MATERIAIS.................................................................... 31

3.1 DENSIDADE ...................................................................... 31

3.1.1 Densidade do ao laminado ............................................. 32

3.1.2 Densidade do poliestireno (PSAI) ..................................... 33

3.1.3 Densidade do poliuretano (PUR) ...................................... 34

3.1.4 Densidade do polipropileno (PP) ....................................... 35

3.2 PROPRIEDADES ESTTICAS DOS MATERIAIS ...... 35

3.2.1 Placa de ao laminado ...................................................... 36

3.2.2 Poliestireno de alto impacto (PSAI) ................................. 37

3.2.3 Polipropileno (PP) ............................................................ 39

3.2.4 Espuma rgida de poliuretano (PUR) ............................... 40

3.3 PROPRIEDADES DINMICAS DOS MATERIAIS ..... 42

3.3.1 Poliuretano rgido (PUR) ................................................. 43

3.3.2 Poliestireno de alto impacto (PSAI) ................................. 47

3.4 VIGA SANDUCHE .......................................................... 51

3.4.1 Viga sanduche livre-livre ................................................ 51

3.4.2 Viga sanduche engastada ................................................ 56

3.4.3 Anlise dos Resultados obtidos das vigas sanduches ...... 59

Captulo 4: ANLISE NUMRICA E EXPERIMENTAL DO

GABINETE ............................................................................... 61

4.1 MODELO NUMRICO EM FEM ................................... 61

4.2 ANLISE MODAL EXPERIMENTAL ........................... 63

4.3 ANLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS DO

GABINETE DO REFRIGERADOR ............................................. 66

Captulo 5: ANLISE EM BEM DO GABINETE ................ 68

5.1 DESENVOLVIMENTO DO MODELO EM BEM ......... 68

5.2 RESULTADOS ................................................................... 69

Captulo 6: CONCLUSES .................................................... 80

6.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............ 81

Captulo 7: REFERNCIAS ................................................... 83

Captulo 1: INTRODUO

A preocupao em aumentar a eficincia e durabilidade, baixar

custo, reduzir o rudo e as vibraes geradas por eletrodomsticos

transformou-se em prioridade para as empresas fabricantes desses

produtos. Esse interesse est diretamente relacionado ao surgimento de

polticas ambientais e de sade mais rgidas do que as existentes no

passado, uma vez que a questo do rudo vista como um dos principais

aspectos a serem avaliados para o bem-estar do ser humano.

Em ambientes domsticos, os refrigeradores, ao contrrio de

outros eletrodomsticos, operam durante todo o dia. Os proprietrios de

refrigeradores so sensveis ao rudo gerado por ele e o nvel de rudo

est entre os critrios mais importantes na compra de eletrodomsticos.

Para atender demanda crescente de conforto em ambientes domsticos,

necessrio reduzir os nveis de rudo dos refrigeradores.

Sato et al. (2007) descrevem que as principais fontes de rudo

causadas por um refrigerador esto no compressor, no sistema de

ventilao, na expanso do gs, na base vibrante e no escoamento

bifsico do evaporador, o que resulta na potncia sonora de um

refrigerador de mdio porte na faixa entre 35 dB(A) e 45 dB(A), medida

em aplicaes domsticas. Cardozo e Van der Veen (1979) apresentam

os resultados das avaliaes subjetivas e afirmam que o rudo do

refrigerador causa maior desconforto em baixas frequncias.

Para compreender a influncia do gabinete do refrigerador no

rudo gerado pelo conjunto, necessrio conhecer caractersticas dessa

construo, denominada sanduche. A forma construtiva sanduche dos

refrigeradores domsticos atuais no utilizada com funo estrutural,

mas sim como isolante trmico. Para tal utilizado ao laminado na

parte externa, poliuretano rgido (PUR) no ncleo e poliestireno de alto

impacto (PSAI) na parte interna.

A comprovada eficincia dessa forma construtiva e a aplicao

dessa estrutura em grande escala exigem um maior conhecimento de

suas propriedades mecnicas e de seu comportamento quando sujeitos a

cargas dinmicas.

Em funo da pesquisa descrita acima, conclui-se que a

importncia de um estudo aprofundado tem ganhado grande relevncia

ao longo dos ltimos anos. A indstria de refrigeradores ter

ferramentas para melhor compreenso da interao entre os

componentes do refrigerador, sendo possvel simplificar o processo de

2

atenuao do rudo de aparelhos domsticos. Dessa forma, possvel

oferecer melhorias na qualidade de vida das pessoas em seus lares e

demais espaos de convivncia.

1.1 TRABALHOS RELACIONADOS Carvalho (2008) buscou quantificar experimentalmente a

contribuio dada ao rudo do refrigerador, em trs caminhos de

transmisso de energia vibro acstica existentes entre o compressor e o

gabinete de um refrigerador domstico de pequeno porte, pelo mtodo

da medio de potncia sonora em cmara reverberante (ISO 3741).

Diferentes montagens foram elaboradas com o objetivo de separar as

diversas conexes mecnicas existentes entre o compressor e o gabinete

do refrigerador. Um modelo numrico vibroacstico foi desenvolvido

para o conjunto compressor-gabinete, fazendo uso do Mtodo de

Elementos de Contorno (BEM), para quantificar a radiao sonora direta

emitida pelo compressor. Um estudo de intensimetria acstica no

entorno do refrigerador foi executado, de maneira que se pudesse

calcular a potncia sonora emitida pelo refrigerador. Finalmente, foi

aplicada a metodologia para quantificao de caminhos chamada anlise

de caminho de transferncia (TPA), sendo possvel a obteno das

contribuies parciais dos caminhos de transmisso analisados.

Concluiu-se que a interao vibroacstica existente entre o compressor e

o gabinete do refrigerador exerce grande influncia no rudo global de

um sistema de refrigerao domstico, principalmente nas bandas de

frequncia entre 100 Hz e 500 Hz.

Sato et al. (2007) utilizaram parmetros psicoacsticos e funo

de autocorrelao (ACF) para descrever as flutuaes temporais de

rudo do refrigerador durante a partida. Avaliaes subjetivas do rudo

de 24 refrigeradores diferentes foram conduzidas em um ambiente real.

Por meio de parmetros psicoacsticos, o rudo de refrigerador que

sofria flutuaes de campo foi classificado como o mais irritante. O

nvel de tolerncia para a fase inicial do rudo do refrigerador

encontrado foi de , em que 65% dos participantes nas provas subjetivas sentiram-se confortveis.

Barbieri et al. (2009) apresentam os parmetros fsicos de vigas

sanduche construdos com a associao de ao laminado, PUR e PSAI, utilizada para a fabricao de refrigeradores e congeladores domsticos,

so medidos e estimados usando-se as funes resposta em frequncia

(FRFs) . Os modelos matemticos so obtidos utilizando-se o mtodo de

elementos finitos (FEM) e a teoria da viga de Timoshenko. Os

parmetros fsicos so estimados utilizando-se o algoritmo de

3

coeficiente de correlao de amplitude (CCA) e algoritmo gentico

(GA). Os dados experimentais so obtidos com o impacto do martelo e

quatro acelermetros deslocados ao longo da amostra (viga em balano).

Os parmetros estimados so: mdulo de elasticidade e o amortecimento

da PUR e do PSAI.

Caracciolo et al. (2004) apresentaram uma tcnica experimental

para a caracterizao completa de material viscoelstico. Essa tcnica

permite a determinao do coeficiente de Poisson e o mdulo de

elasticidade para uma viga submetida a excitao ssmica. O mesmo

dispositivo experimental usado basicamente em dois tipos de testes: a

viga instrumentado, colocados em uma cmara com temperatura

controlada e excitado por meio de um shaker. As deformaes

longitudinal e transversal so medidas por extensmetros para obter-se o

coeficiente de Poisson, enquanto o deslocamento vertical do modelo e a

acelerao so medidos para obter-se o mdulo de elasticidade do

material. As curvas experimentais de coeficiente de Poisson e o mdulo

de elasticidade, obtidos em diferentes temperaturas, so ento reunidos

em uma curva-mestre nica usando-se o mtodo de variveis reduzidas.

As duas curvas-mestre representam, respectivamente, o coeficiente de

Poisson e o mdulo de elasticidade para o material testado em uma

ampla faixa de frequncia.

Oresten (2003) analisa as caracteristicas dinmicas de uma viga

sanduche composta pela associao de ao laminado, PUR e PSAI,

utilizada na fabricao de refrigeradores e congeladores domsticos.

Foram desenvolvidas rotinas em Fortrani para determinao das

frequncias naturais utilizando duas teorias: teoria de viga de

Timoshenko e a formulao de Mead-Makus. Os elementos foram

comparados entre si com resultados analticos oriundos da literatura

disponvel e com dados experimentais de vigas extradas de gabinetes de

refrigerador.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral Esta dissertao tem como objetivo principal conhecer o

comportamento dinmico dos materiais que compem o refrigerador

(ao laminado, poliuretano rgido e poliestireno de alto impacto) tanto

individual quanto associado, a fim de desenvolver um modelo

vibroacstico do gabinete de um refrigerador domstico.

4

1.2.2 Objetivos especficos Este trabalho envolve os seguintes objetivos especficos:

- caracterizar experimentalmente as propriedades mecnicas dos

materiais individuais (ao laminado, PUR e PSAI) que compem o

gabinete do refrigerador por meio de ensaios dinmicos e estticos.

- caracterizar experimentalmente as propriedades mecnicas das

vigas sanduche extradas do gabinete do refrigerador, por meio de

ensaios dinmicos.

- desenvolver modelos em elementos finitos, no intuito de validar

as propriedades mecnicas encontradas experimentalmente para os

materiais individuais e as vigas sanduche.

- realizar anlise modal experimental do gabinete do refrigerador.

- desenvolver modelos em elementos finitos, a fim de validar os

resultados experimentais para o gabinete do refrigerador.

- desenvolver modelo em BEM, a fim de estimar a potncia

sonora radiada do gabinete sujeito a excitaes do condensador e da

base do compressor.

1.3 DESCRIO E ORGANIZAO DO TRABALHO

As propriedades dinmicas de materiais so parmetros

importantes para a anlise vibroacstica numrica de um refrigerador

domstico, como descrito anteriomente. Portanto, neste trabalho, as

propriedades mecnicas (mdulo de elasticidade dinmico e

amortecimento) desses materiais foram determinadas, a fim de

compreender o seu comportamento dinmico, para utiliz-los

corretamente em modelos numricos de refrigeradores domsticos.

Procedimentos experimentais baseados nas respostas impulsivas de

vigas foram realizadas para cada material. Alm disso, modelos

numricos foram usados para ajustar as propriedades do PUR e da PSAI

aos dados experimentais. Finalmente, um modelo numrico da viga

sanduche foi construdo usando-se as propriedades obtidas. Os

resultados foram comparados com os testes experimentais realizados em

amostra de viga de sanduche de um gabinete de refrigerador domstico.

Finalmente, uma anlise modal experimental foi realizada no

gabinete do refrigerador; um modelo numrico foi construdo e validado

para os primeiros modos. O amortecimento do gabinete foi determinado

experimentalmente e a radiao estimada por BEM.

A presente dissertao est organizada basicamente em: Reviso

bibliogrfica, em que se apresentam os conceitos fundamentais

utilizados para o desenvolvimento deste (Captulo 2). No Captulo 3 so

5

descritos os procedimentos experimentais e numricos empregados na

caracterizao dos materiais que compem o gabinete de um

refrigerador. As anlises modais, experimental e numrica do gabinete

do refrigerador esto descritas no Captulo 4:. No Captulo 5 descreve-se

a formulao do modelo em BEM do gabinete do refrigerador e os

resultados de potncia sonora radiada.

No Captulo 6 so discutidos os mtodos numricos e

experimentais empregados nas anlises vibroacsticas e tambm so

apresentadas as concluses gerais da dissertao. Em seguida, so

apresentadas algumas sugestes para trabalhos futuros.

Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA Neste captulo ser apresentada uma reviso bibliogrfica dos

principais assuntos para o desenvolvimento deste trabalho.

2.1 REFRIGERADOR DOMSTICO

2.1.1 Princpios de funcionamento Um refrigerador domstico basicamente um equipamento onde

a temperatura do ar mantida num valor inferior do ambiente externo,

para permitir principalmente a conservao de alimentos. Tais

equipamentos so constitudos por um compartimento refrigerado e por

um sistema de refrigerao.

Os componentes bsicos do sistema de refrigerao so:

compressor, condensador, tubo capilar e evaporador, como mostra a

Figura 2.1.

Figura 2.1 Refrigerador tpico (Fonte: Embraco S/A).

8

O refrigerador domstico funciona em ciclos, usando um fluido

refrigerante num circuito fechado. Assim, o fluido circula

permanentemente, sem perdas, a no ser que haja um vazamento no

aparelho.

O funcionamento bsico de um refrigerador baseia-se em trs

princpios:

o calor transfere-se das zonas quentes para as zonas frias (ou menos quentes);

a presso proporcional temperatura, ou seja, aumentando-se a presso, aumenta-se a temperatura;

a evaporao de um lquido retira calor;

No interior do refrigerador existe uma serpentina oculta

(evaporador) por onde circula o fluido refrigerante. O calor dos

alimentos transferido para este fluido, que se aquece medida que

percorre a serpentina e evapora, transformando-se em gs. Em seguida o

gs passa pelo compressor que aumenta a sua presso. Esse gs

aquecido segue para o condensador, onde troca calor com o ar externo,

esfriando-se e condensando-se. O fluido lquido refrigerante passa,

ento, por uma vlvula de expanso, que provoca uma diminuio

brusca na presso. Esse fluido refrigerante a baixa temperatura e na

forma lquida entra no refrigerador e assim completa-se o ciclo

termodinmico.

Segundo Venturini e Pirani (2005), o fluido refrigerante deve

possuir algumas caractersticas especficas, tais como: baixa temperatura

de condensao com um valor elevado para o calor latente

correspondente e, tambm, de presses relativamente baixas para passar

do estado gasoso ao estado lquido, mesmo que esteja na temperatura

ambiente.

2.1.2 Forma construtiva das paredes de um refrigerador Atualmente os componentes bsicos para a construo dos

refrigeradores so: gabinete exterior, gabinete interior e isolamento

inserido entre os dois.

Segundo Oresten (2003), o gabinete externo (2.1.2Figura 2.2(1))

construdo de alumnio ou chapa de ao laminado. O gabinete interno formado de plstico termoformado (PSAI), Figura 2.2(3): uma chapa

de material plstico obtida por meio de extruso aquecida e soprada de

encontro a um molde, que conforma o material plstico de acordo com o

perfil desejado para um determinado modelo de produto. Para esta

aplicao utilizado o PSAI principalmente pela sua maleabilidade e

9

custo reduzido em relao a outros materiais como o ABS. O isolamento

que preenche a lacuna entre os gabinetes, interno e externo (Figura 2.2

(2)), composto de fibra de vidro, l de vidro ou PUR. Devido ao efeito

nocivo da l de vidro e da fibra de vidro natureza e aos seres humanos,

bem como sua baixa eficincia de isolamento trmico, o poliuretano

atualmente utilizado em todos os refrigeradores fabricados no Brasil.

Figura 2.2 Materiais do gabinete do refrigerador: 1) Ao laminado, 2) Espuma

Rgida de Poliuretano (PUR) e 3) Poliestireno de Alto Impacto (PSAI).

Os componentes do sistema de refrigerao (carcaa do

compressor, condensador, evaporador e tubo capilar) so feitos de

alumnio, cobre ou liga metlica. A tubulao geralmente de cobre,

devido ductilidade do metal. Os fluidos refrigerantes mais utilizados

so R-134 e R-600. Os compartimentos internos (gavetas, prateleiras,

etc.) so em plstico ou grades metlicas. H uma placa de polipropileno

(PP) que fica na parte de trs do refrigerador, onde o condensador

fixado.

As propriedades trmicas, resistncia mecnica, boa adeso e

leveza das estruturas sanduche das PUR tornam-nas adequadas para

diferentes aplicaes. Os sistemas de espumas rgidas de PUR so

utilizados no isolamento trmico de refrigeradores, contineres,

frigorficos, caminhes, vages, tanques, aquecedores, oleodutos,

tubulaes, etc.; na fabricao de paineis divisrios, pisos e telhas;

pranchas de surfe; materiais para embalagens; partes de moblias;

estruturas flutuantes a prova de furos para barcos e equipamentos de

1

2

3

10

flutuao; e componentes de carros, nibus, trens, avies, etc. As

espumas rgidas podem ser fabricadas por derramamento, injeo, spray,

sistemas pressurizados, ou outras tcnicas. Possuem uma estrutura

polimrica altamente reticulada com clulas fechadas, podendo ter desde

densidades to baixas quanto at quase slidos com . Todavia, o maior consumo em espumas, de baixa densidade ( ), usadas em isolamento trmico. As excelentes propriedades de isolamento trmico das espumas rgidas de PUR,

quando comparadas com outros materiais, so devidas baixa

condutividade trmica do gs retido dentro das suas clulas fechadas.

2.1.3 Fontes de rudo O espectro de rudo de um refrigerador tpico, conforme afirma

Carvalho (2008), foi avaliado em bandas de tero de oitava e pode ser

observado na Figura 2.3.

Figura 2.3 Nvel de Potncia Sonora (NWS) de um refrigerador tpico, avaliado

em banda de tero de oitava (Cortesia: Embraco S/A e Multibrs).

Os picos identificados podem ser associados s diferentes fontes

sonoras existentes no refrigerador, bem como s respostas de alguns de

seus componentes.

Segundo Sato et al. (2007), os compressores e ventiladores so as

principais fontes de rudo em refrigeradores.

11

Um sistema de ventilao gera rudo indireto de vibraes

transmitidas pelos pontos de fixao do mesmo,quando existente, ao

gabinete e tambm pela turbulncia gerada no escoamento de ar dentro

do refrigerador;

O rudo do conjunto motocompressor gerado devido s

variaes bruscas de presso no interior do cilindro durante o ciclo de

compresso do gs, e em funo do impacto causado pelo mecanismo

alternativo pisto-biela-manivela, conforme descrito por Lenzi (2003).

Devido ao fluxo da massa de gs e leo e ao fluxo de origem

eletromagntica, as foras dinmicas tambm contribuem para o rudo.

Portanto, conclui-se que as fontes de vibrao esto ligadas aos

fenmenos mecnicos e eletromagnticos relativos ao funcionamento de

um compressor.

Segundo Nunes (2005), a energia vibratria do motocompressor

transmitida at a carcaa por diversos caminhos, excitando-a, fazendo

com que parte dela se transforme em energia sonora e outra parte seja

transmitida para diferentes regies do refrigerador. Mecanismos do tipo

pisto-biela-manivela apresentam foras de inrcia inerentes ao sistema

com amplitudes importantes quando os mesmos encontram-se em

operao.

Figura 2.4 NWS de um compressor e um refrigerador, avaliado em bandas de

tero de oitava (Cortesia: Embraco S/A e Multibrs).

12

O conjunto motocompressor utiliza as molas internas como

apoio, reduzindo a transmissibilidade das vibraes em baixas

frequncias; porm so ineficazes nas mdias e altas frequncias. Pela

Figura 2.4 possvel concluir que a energia vibroacstica de um

compressor est distribuda principalmente entre as mdias e altas

frequncias do espectro de potncia sonora analisado. Na banda a partir

de , o nvel de potncia sonora do compressor supera o do refrigerador, uma vez que as componentes de frequncias altas sofrem

atenuao quando o compressor encontra-se instalado no gabinete do

refrigerador.

Outras fontes que devem ser consideradas no rudo global dos

refrigeradores so:

expanso de gs: Gera radiao direta e indireta caracterstica da vibrao do gabinete promovida pela expanso do gs no circuito de

refrigerao.

tubos vibrantes: Gera radiao direta e indireta de vibraes transmitidas ao gabinete do refrigerador pelos tubos de suco e

descarga.

base vibrante: Gera rudo indireto de vibraes transmitidas ao gabinete do refrigerador pela placa-base do compressor.

2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2.2.1 Fundamentos de estruturas sanduche Zenkert (1997) define que estruturas sanduche representam um

componente-chave da tecnologia de projetos estruturais de compsitos.

Compsitos so definidos como um conjunto de dois ou mais materiais

diferentes, combinados em escala macroscpica, para funcionarem

como uma unidade, visando obter um conjunto de propriedades que

nenhum dos componentes individualmente apresentaria. As vigas

sanduche fornecem alta eficincia estrutural formada por materiais

leves e de alto desempenho mecnico a fim de suportar cargas de trao,

compresso e cisalhamento impostas estrutura. Os materiais do ncleo

da estrutura sanduche variam em tipos, formas e propriedades (tanto

fsicas quanto mecnicas), em que cada material possui uma funo

especfica no trabalho da viga. O objetivo usar o material com o mximo de eficincia.

O ncleo de materiais sanduche pode ser das seguintes

categorias: madeira balsa, espuma, papelo ondulado e honeycomb (favo de mel).

As principais propriedades de interesse so:

13

baixa densidade.

o ncleo carrega a maior parte das cargas de cisalhamento (alta

resistncia e, portanto, valores de rigidez so muito importantes para o

desempenho estrutural).

o ncleo pode atuar como isolante trmico.

As vigas sanduche normalmente so construdas com trs

materiais: duas faces de dois materiais distintos ou iguais, que podem

ser chamadas de cascas, e o ncleo.

Figura 2.5 Exemplo de viga sanduche em flexo.

Na Figura 2.5, a casca inferior est em trao enquanto a casca

superior sofre compresso; assim, o ncleo sofre cisalhamento.

As duas faces dos materiais so colocados a distncia uma da outra para aumentar o momento de inrcia e, assim, a rigidez flexo,

sobre a linha neutra da estrutura. O ncleo tambm suporta a maior parte

da carga de cisalhamento.

Para que o sanduche trabalhe corretamente, as camadas adesivas

entre as cascas e o ncleo devem ser capazes de transferir as cargas e,

assim, ser pelo menos to rgidas quanto o material do ncleo. Sem uma

ligao adequada, o trabalho dos trs materiais de vigas sanduche e a

rigidez so perdidos.

2.2.2 Fator de amortecimento A resposta dinmica e as caractersticas de transmisso de som

em estruturas so determinadas basicamente por trs parmetros: massa,

rigidez e amortecimento. A massa e a rigidez esto associadas ao

armazenamento de energia cintica e energia de deformao, enquanto o

amortecimento diz respeito dissipao de energia (Beranek, 1992).

14

No possvel, geralmente, predizer o amortecimento de uma

estrutura j construda. extremamente difcil calcular a energia

dissipada por atrito nas juntas e articulaes de uma estrutura complexa

devido incerteza sobre os detalhes das articulaes e seu elevado

nmero. A medio experimental a nica alternativa prtica para

determinar o amortecimento da maioria dessas estruturas, como em

edifcios, pontes e cabos.

Experimentalmente pode-se obter tanto a frequncia natural

quanto o fator de amortecimento da curva oscilatria.

Figura 2.6 Resposta livre para amortecimento linear viscoso

A partir da Figura 2.6 pode-se determinar o decremento

logartmico como:

, (2.1)

onde o nmero de ciclos utilizados, a amplitude em e a amplitude em .

Infelizmente, o amortecimento frequentemente depende da

amplitude, pois aparece em vrias e diferentes fontes e mecanismos.

Juntas e acoplamentos so fontes importantes de amortecimento

dependente da amplitude em estruturas; em baixas amplitudes de

vibrao as juntas so rgidas, enquanto que em amplitudes altas

frequentemente ocorrem deslizamentos. Esses deslizamentos so um

tipo de fenmeno de atrito de Coulomb ao invs de um fenmeno

viscoso linear.

As tcnicas utilizadas para a determinao da taxa de

amortecimento nos ensaios esto baseadas em um mesmo conceito: a

resposta da estrutura uma funo da excitao e de caractersticas da

15

estrutura, entre as quais o amortecimento. Sendo assim, ao aplicar uma

excitao conhecida, o amortecimento determinado pela anlise da

resposta da estrutura. A seguir, sero apresentadas tcnicas comumente

usadas para medir amortecimento viscoso equivalente:

Mtodo do decremento logartmico;

Mtodo da banda de meia potncia;

Mtodo da medio da potncia de entrada (potncia injetada).

2.2.2.2 Mtodo do decaimento O mtodo mais simples e conveniente para caracterizar o

amortecimento de painis a medio do tempo de reverberao nas

freqncias de interesse.

Para tal mtodo, o fator de amortecimento obtido pela seguinte

equao:

, (2.2)

onde definida como a frequncia central da banda.

Figura 2.7 Sinal tpico da curva do tempo de decaimento.

A simplicidade a virtude principal dessa tcnica, pois so

necessrios apenas poucos equipamentos para a realizao desse tipo de

ensaio. A estrutura pode ser excitada mecanicamente pela imposio de

um deslocamento pr-determinado, com posterior liberao da estrutura,

16

por impactao ou vibrador (shaker). A deficincia principal dessa

tcnica :

Se as frequncias naturais dos primeiros modos estiverem muito prximas, pode ser impossvel separar os sinais de cada um deles, e

conseqentemente obter a taxa de amortecimento do primeiro modo.

2.2.2.3 Mtodo da banda de meia potncia O mtodo da banda de meia potncia ou mtodo de largura de

banda consiste em medir a largura de banda dos picos de ressonncia na

FRF a abaixo do pico da ressonncia. A abaixo do pico (Figura 2.8) tem-se a metade da energia do sistema. A frequncia a frequncia de um modo do sistema. O mtodo de banda de meia

potncia associa o aumento da largura de banda com o aumento do

amortecimento modal.

Figura 2.8 Mtodo da banda de meia potncia.

O fator de amortecimento determinado atravs da seguinte

equao:

. (2.3)

A vantagem dessa tcnica que pode ser aplicada a qualquer

modo de vibrao que possa ser excitado.

As principais desvantagens dessa tcnica so: a necessidade de

um sistema de excitao com grande preciso em frequncia quando o

sistema tem um amortecimento baixo, que o caso da grande maioria

das estruturas civis usuais; o amortecimento de modos cujas frequncias

naturais esto muito prximas no pode ser medido.

17

2.2.2.4 Mtodo da Potncia Injetada (PIM) O mtodo da potncia injetada ou PIM (Power Input Method)

baseado nas medies da potncia injetada e da medio da energia

vibratria da estrutura. Esse mtodo a aplicao direta da definio do

amortecimento. Portanto, tem-se a seguinte relao:

, (2.4)

onde a energia dissipada do amortecimento, a energia

potencial elstica e o amortecimento na frequncia considerada.

Considerando uma fora estacionria a excitar uma estrutura num

ponto fixo da mesma, tem-se um campo de resposta de vibrao

estacionria, significando que a energia dissipada ( ) pode ser substituda por energia entrada ( ), considerando igual energia dissipada sob as condies de regime estacionrio. Nesse caso, o

amortecimento pode ser calculado conhecendo-se a energia dissipada

( ) e a energia potencial elstica ( ), porm as energias de e

no podem ser medidas diretamente. Tornando-se necessrio

considerar que a energia de entrada de uma fonte de excitao em uma

estrutura pode ser calculada por meio da medio simultnea da fora e

velocidade no ponto de excitao, tem-se:

, (2.5)

onde, a mobilidade pontual (velocidade/fora) e a densidade espectral de potncia da fora de excitao.

Para a determinao da so consideradas trs condies. Na primeira, assume-se que a energia cintica do sistema igual energia

elstica, j que a energia elstica no pode ser calculada a partir das

medies experimentais de acelerao e fora.

A segunda condio estabelecida para a avaliao da energia

cintica, na qual a integral do volume estimada a partir de um nmero

N de medies de velocidade distribuda sobre alguns pontos da

estrutura, onde cada ponto de medio representa uma poro da mesma.

Na terceira condio supe-se um sistema linear; assim, tem-se a

seguinte relao:

18

, (2.6)

Por fim a equao (2.4) que define o amortecimento pode ser

reescrita combinando as condies citadas acima:

, (2.7)

onde o amortecimento na frequncia considerada, a funo mobilidade pontual, a massa das posies discretas de cada medio, o nmero de posies de medio e a funo mobilidade de transferncia.

Esse mtodo mostra resultados precisos nas frequncias naturais

dos modos bem definidos, conforme Bloss e Mohan (2002).

A preciso dos resultados obtidos pela aplicao da equao (2.4)

depende fortemente da preciso das medies dos pontos FRF ( ).

Sendo assim, deve-se ter extremo cuidado com a suspenso do

componente e com a fixao dos acelermetros para que a energia

perdida por esses elementos seja minimizada, afirma Lenzi, 2007.

O mtodo PIM apresenta a vantagem de o amortecimento poder

ser calculado para diferentes amplitudes de vibraes, permitindo que

seja aplicado na pesquisa de novos mecanismos de amortecimento, bem

como na medio do amortecimento de estruturas altamente

amortecidas. Por outro lado, esse mtodo apresenta a desvantagem de

ser bastante demorado e s vezes apresentar problemas na juno de

fases entre os sinais de fora e resposta, conforme Lima (2010).

2.2.3 Propriedades mecnicas Compreender como propriedades mecnicas so determinadas e o

que essas propriedades representam em um sistema fundamental para

o projeto de estruturas, a fim de que no ocorram nveis inaceitveis de

deformao e/ou falhas. O comportamento mecnico de um material

reflete, por exemplo, a relao entre sua resposta ou deformao a uma

carga ou fora aplicada.

As propriedades mecnicas dos materiais so verificadas pela

execuo de experimentos de laboratrio, cuidadosamente programados,

que reproduzem o mais fielmente possvel as condies de servio.

Dentre os fatores a serem considerados incluem-se a natureza da carga

aplicada e a durao da sua aplicao. A carga pode ser de trao,

19

compresso ou de cisalhamento, e a sua magnitude pode ser constante

ao longo do tempo ou continuamente flutuante.

Desse modo, as propriedades so muito importantes nas

estruturas dos materiais, elas podem ser obtidas mediante mtodos

experimentais, mtodos analticos e usualmente so validadas por

mtodos numricos.

As principais propriedades dos materiais de interesse para a

construo dos modelos vibro acsticos numricos so: mdulo de

elasticidade , mdulo de cisalhamento , coeficiente de Poisson e densidade . Essas propriedades podem ser determinadas por mtodos dinmicos ou estticos.

Callister (2007) define o mdulo de elasticidade como a relao entre a tenso aplicada e a deformao elstica que ela produz.

Em outras palavras, a tenso necessria para produzir uma quantidade

unitria de deformao elstica. O mdulo de elasticidade est

vinculado rigidez do material e expresso em termos de tenso de

trao ou de tenso de compresso, e suas unidades so as mesmas para

esses dois tipos de tenso.

O mdulo de cisalhamento de um material, tambm conhecido por mdulo de rigidez, definido como a razo entre a tenso

de cisalhamento aplicada ao corpo e sua deformao angular.

Morrel (1996) define o coeficiente de Poisson como a medida da deformao transversal (em relao direo longitudinal de

aplicao da carga) de um material homogneo e isotrpico.

A densidade de um corpo definida como o quociente entre a massa e o volume desse corpo. Dessa forma, pode-se dizer que a

densidade mede o grau de concentrao de massa em um determinado

volume.

2.2.3.1 Propriedades estticas Um dos ensaios mecnicos mais comuns para determinao das

propriedades estticas e executado na forma de trao. Na Figura 2.9 descrito o dispositivo utilizado para realizar ensaio de

trao simples.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Isotr%C3%B3picohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corpo_%28f%C3%ADsica%29http://pt.wikipedia.org/wiki/Massahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Volume

20

Figura 2.9 Dispositivo usado para realizar ensaios de trao simples.

O ensaio de trao pode ser usado para avaliar diversas

propriedades mecnicas dos materiais que so importantes em projetos.

Uma amostra deformada, geralmente at sua fratura, mediante uma

carga de trao gradativamente crescente aplicada uniaxialmente ao

longo do eixo no corpo de prova. Normalmente a seo reta circular,

porm corpos de prova retangulares tambm so usados. Durante os

ensaios, a deformao fica confinada regio central, mais estreita do

corpo de prova, que possui uma seo reta uniforme ao longo do seu

comprimento. O corpo de prova preso pelas suas extremidades nas

garras de fixao do dispositivo de testes.

O mtodo comumente utilizado para determinar a densidade pelo princpio de Arquimedes.

H relatos historicos de que o sbio grego Arquimedes descobriu,

enquanto tomava banho, que um corpo imerso na gua se torna mais

leve devido a uma fora vertical e para cima, exercida pelo lquido sobre

o corpo, que alivia o peso deste. Essa fora do lquido sobre o corpo

denominada empuxo. Desta forma foi estabelecido o Princpio de

Arquimedes. Baseado nesse princpio pode-se obter a densidade de um

determinado material, seja ele slido ou lquido, a partir da utilizao da

equao (2.8):

.

(2.8)

onde corresponde a massa do corpo; a massa aparente do corpo,

ou seja, a sua massa quando imerso em liquido; e a densidade do lquido.

21

2.2.3.2 Propriedades dinmicas A determinao das propriedades dinmicas de uma estrutura

tem-se revelado um mtodo de grande importncia, pois complementa

os ensaios estticos e fornece informaes integradas a respeito da

rigidez e do amortecimento do sistema. Segundo Almeida (2006), essa

determinao tem sido utilizada para: estimar parmetros estruturais,

determinar a localizao e extenso de danos, avaliar a rigidez

equivalente de elementos danificados, detectar mudanas na

deformabilidade, e ponderar sobre o envelhecimento de estruturas.

Caetano (1992) descreve que as relaes excitao-resposta

utilizadas na descrio do comportamento dinmico de estruturas

permitem a abordagem de trs tipos de problemas diferentes:

o problema direto, que consiste na determinao da resposta estrutural, sendo conhecidas a excitao e as propriedades

dinmicas do sistema;

o problema inverso, cujo objetivo a identificao das caractersticas da excitao atuante sobre um sistema de que so

conhecidas a resposta estrutural e as propriedades dinmicas;

o problema da identificao de sistemas que, em termos gerais, traduz-se na caracterizao das propriedades dinmicas

de um sistema de que so conhecidas a excitao atuante e a

correspondente resposta estrutural.

A caracterizao do comportamento dinmico de uma estrutura

exige uma adequada idealizao das aes atuantes e a considerao de

um modelo matemtico capaz de descrever de forma suficientemente

aproximada o funcionamento estrutural, permitindo obter relaes

matemticas entre as caractersticas essenciais da excitao e da

resultante-resposta do sistema analisado.

2.2.4 Anlise modal experimental O mtodo da anlise modal caracteriza-se pela extrao dos

parmetros modais de uma estrutura com base nos registros no tempo de

sua excitao e resposta.

Os modos de vibrao so propriedades inerentes de uma

estrutura. So determinados pelas propriedades do material (massa,

rigidez e amortecimento) e pelas condies de contorno da estrutura. Cada modo definido por uma frequncia natural (modal ou de

ressonncia), amortecimento modal, e forma do modo. Se as

propriedades dos materiais ou condies de contorno tiverem uma

mudana de estrutura, os seus modos vo mudar.

22

Ewins (1984) destaca dois grandes objetivos das observaes

experimentais de vibraes estruturais: a determinao da natureza e

extenso dos nveis de resposta das vibraes, assim como a validao

dos modelos tericos e previses do comportamento dinmico de

estruturas.

Jordan (2002) descreve que a estimao experimental dos

parmetros modais da estrutura pode ser realizada diretamente a partir

dos sinais medidos ou ps processamento dos mesmos. Isso pode ser

feito no domnio do tempo ou no domnio da frequncia.

O mtodo no domnio do tempo preferencial para faixas de

frequncias grandes ou grande nmero de modos, enquanto os modelos

no domnio da frequncia so mais adequadas para faixas de frequncias

e nmero de modos relativamente pequenos. Porm, mtodos no

domnio do tempo tm uma desvantagem importante, pois podem no

levar em conta os efeitos residuais de modos que se encontram fora da

faixa de frequncias de anlise.

O mtodo no domnio da frequncia aplica funes resposta em

frequncia (FRFs) obtidas por processamento dos sinais adquiridos por

meio de excitao e resposta.

2.2.4.1 Funo resposta em frequncia (FRF) Em termos gerais, uma FRF uma relao entre a Transformada

de Fourier da resposta e a Transformada de Fourier da excitao. Em

outras palavras, uma funo da frequncia entre dois pontos da

estrutura, sendo um deles a entrada e o outro a sada. Quando a resposta

medida no mesmo ponto de excitao diz-se que a FRF pontual, e

quando a excitao e a resposta esto em um ponto diferente, ento

obtida FRF de transferncia.

A excitao da estrutura geralmente feita por atuadores

eletromecnicos do tipo vibrador (shaker) ou impacto com martelo.

Depois que os sinais de entrada e de sada so medidos no tempo, faz-se

o clculo das transformadas de Fourier destes para determinar a FRF do

sistema, sendo os parmetros fsicos obtidos a partir da amplitude e da

fase das vrias FRFs medidas.

Na Tabela 2.1 so mostrados os detalhes dos seis parmetros de

FRF.

23

Tabela 2.1 Designao das funes resposta em freqncia (FRFs)

Tipo de resposta Razo resposta/fora Razo fora/resposta

Deslocamento Receptncia Rigidez dinmica

Velocidade Mobilidade Impedncia mecnica

Acelerao Inertncia Massa aparente

2.2.4.2 Procedimentos de medio O mtodo no domnio da frequncia baseado no processamento

de FRFs, tornando necessria a medio tanto da fora aplicada

estrutura quanto sua resposta, pontual ou de transferncia.

Um sistema bsico de medio, com capacidade de gerar

excitao na estrutura e de obter sua resposta, descrito na Figura 2.10.

Figura 2.10 Sistema bsico de medio

Neste caso, no necessrio gerar um sinal, pois a excitao

produzida pelo impacto do martelo na estrutura. O transdutor de fora

do martelo gera um sinal que transmitido igualmente a um analisador

de sinais.

2.2.4.3 Fixao da estrutura Existem duas condies bsicas relacionadas ao apoio de uma

estrutura a analisar, denominadas fixa e livre.

Quando uma estrutura est fixa, admite-se que alguns de seus pontos esto firmemente conectados a pontos externos fixos.

Teoricamente, tais pontos da estrutura no devem apresentar qualquer

tipo de movimento. Uma estrutura livre, ao contrrio, est de alguma

maneira suspensa no ar, permitindo que todos os seus pontos

movimentem-se. Na prtica, a condio livre no possvel, pois a

24

estrutura est submetida aos efeitos da gravidade. Nesse caso, algum

tipo de suspenso deve ser providenciado. Se a suspenso for bastante

flexvel, o conjunto suspenso/corpo rgido apresenta, nos modos de

corpo rgido, frequncias naturais baixas e distantes das frequncias

naturais correspondentes aos modos flexveis de vibrao, que so

aqueles em que h deformao da estrutura. Existem vrias alternativas

de suspenso para a condio livre: o corpo pode ser suspenso por molas

bem flexveis, por fios flexveis semelhante a um pndulo ou ainda ser

depositado sobre algum material bem macio, como espuma.

A condio fixa da estrutura teoricamente a mais fcil de ser

obtida, porm difcil obter uma estrutura efetivamente rgida, sendo

necessrio garantir que a base de engaste no enrijea a regio em que o

corpo de prova estiver fixado: isso pode levar a rigidez localizada,

fazendo com que os resultados sejam prejudicados.

Como consequncia, a condio livre deve ser a preferida, porm

h casos em que no pode ser adotada, como, por exemplo, estruturas

com dimenses muito avantajadas.

2.3 FUNDAMENTOS DE ELEMENTOS FINITOS

O Mtodo dos Elementos Finitos (FEM) uma eficiente

ferramenta numrica de resoluo de problema de meio contnuo, muito

utilizada na anlise de problemas dinmicos de estruturas. um mtodo

utilizado, normalmente, quando o sistema a ser modelado possui

geometria complexa, inviabilizando a soluo por mtodos analticos

convencionais. Porm, para atingir boa preciso em altas frequncias o

FEM geralmente exige um grande custo computacional.

Cook et al. (2002) descrevem FEM como um mtodo que visa

transformar um problema infinito-dimensional em um

problema finito-dimensional, ou seja, transformar um sistema

contnuo em um sistema discreto, com um nmero finito de

incgnitas. O mtodo consiste em dividir o domnio sobre o

qual o problema analisado em vrias regies e so chamados

de elementos, os quais esto conectados por ns ou pontos

nodais. O conjunto de elementos utilizados na discretizao da

estrutura denominado de malha. A Figura 2.11 ilustra a malha

de elementos finitos de uma viga engastada.

25

Figura 2.11 Malha de elementos finitos viga engastada

Como citado anteriormente, o mtodo considera uma estrutura

contnua sendo formada por conjuntos de subestruturas menores,

denominadas elementos, nos quais propriedades so uniformemente

distribudas. As caractersticas dinmica de cada um desses elementos

so concentradas em pontos chamados ns. Para cada grau de liberdade,

rotao e translao, tem-se uma equao, resultando em uma linha e

uma coluna nas matrizes geradas. Como resultado obtem-se:

, (2.9)

onde a matriz de massa, o vetor acelerao, a matriz de

amortecimento, o vetor velocidade, a matriz de rigidez,

o vetor deslocamento e o vetor fora.

A representao de uma estrutura contnua por elementos finitos

leva a um sistema de n equaes diferenciais de segunda ordem que

geralmente apresentam acoplamento dinmico e esttico, por meio dos

termos de massa e rigidez, respectivamente.

O FEM tem hoje uma grande difuso no meio acadmico e

industrial. RADE (2003) afirma que isto ocorre devido sua eficincia e

flexibilidade, alm de sua adequao implementao em computadores

estando disponvel em grande nmero de pacotes comerciais existentes

no mercado (ANSYS, NASTRAN, ABAQUS, etc.). As anlises

realizadas nestes softwares comerciais envolvem basicamente trs

etapas:

Pr-processamento: Nesta etapa construda uma geometria, a

qual possui as correspondentes propriedades do material,

26

condies de carregamento e de contorno. Define-se o tipo de

elemento para gerar a malha em elementos finitos. No modelo

possvel definir um ou mais tipos de elementos.

Anlise Numrica: Esta etapa consiste em determinar o tipo de

anlise que ser realizada no modelo. Em seguida, o software

gera automaticamente as matrizes que descrevem o

comportamento de cada elemento, combinando estas matrizes

dentro de uma equao matricial que representa os elementos

finitos da estrutura. No final, o software resolve esta equao

matricial determinando a soluo nodal da malha de elementos

finitos.

Ps-processamento: Nesta etapa os resultados obtidos atravs da

anlise de elementos finitos so apresentados graficamente. Os

softwares utilizados para FEM, trazem diversas ferramentas que

tornam possvel ao engenheiro analisar o modelo numrico em

questo de forma mais detalhada para melhor entendimento do

fenmeno fsico. No caso da anlise dinmica, por exemplo, na

soluo de uma anlise modal, possvel visualizar os modos de

vibrao da estrutura.

2.3.1 Anlise modal numrica A anlise modal consiste na resoluo de uma matriz de massa e

rigidez da estrutura, resultando num problema de autovalores. Os

autovalores resultantes esto relacionados s frequncias naturais e os

autovetores so as correspondentes formas de vibrao.

Yoneda (2002) descreve que a anlise modal consiste na

resoluo da seguinte equao diferencial:

. (2.10)

Para a anlise modal numrica, importante mencionar que a

matriz de amortecimento e o vetor fora so considerados nulos, e a estrutura considerada homognea.

2.3.2 Anlise harmnica Para determinar a resposta de estruturas submetidas a

carregamentos que variam com o tempo, utilizada a anlise harmnica.

27

A resposta da estrutura calculada para vrias frequncias de excitao.

Essas podem ser: deslocamento, velocidade ou acelerao.

No caso da anlise harmnica, a equao (2.9) considera a matriz

de amortecimento e o vetor fora no-nulos. Por meio dessa equao obtida a soluo do problema com a inverso da matriz. Pode

ser realizada utilizando diversos mtodos,):

Full: o mtodo de maior preciso. Utiliza as matrizes completas, o que implicada maior custo computacional.

Reduzido: mtodo que utiliza matrizes de ordens reduzidas.

Superposio modal: o mtodo de maior velocidade que o full e mais preciso que o Reduzido. Utiliza apenas alguns autovalores e

autovetores para determinar a resposta.

2.3.3 Utilizao de software comercial Ansys para o modelo de estrutura sanduche

A modelagem de estruturas sanduche ligadas por um material

viscoelstico de baixo mdulo de elasticidade no um assunto simples.

Uma das tcnicas utilizadas consiste em modelar a estrutura sanduche

usando-se elementos clssicos para camadas rgidas e um elemento

viscoelstico normalizado para o material do ncleo. Para modelar tais

estruturas, utiliza-se o emprego de elementos de casca (shell) de maiores

ordens com a conexo dos ns com mltiplos elementos de elevada

rigidez (solid). O desenvolvimento de um elemento especial pode ser muito caro quando se trata de softwares comerciais, que nem sempre

representam com fidelidade o comportamento do material.

A maior dificuldade encontrada na utilizao do Ansys para o modelo do gabinete a complexidade da conexo dos elementos de

casca (shell) usados para representar as placas metlicas, com os elementos de volume (solid) utilizados para representar o material do

ncleo. A conexo inadequada entre os dois tipos de elemento (shell e

solid) pode ser uma dessas dificuldades, uma vez que o nmero de graus de liberdade por n diferente para os elementos de casca e de volume.

Em um elemento de casca, cada n possui seis graus de liberdade, ou

seja, trs translacionais e trs graus de liberdade rotacionais. O elemento

de volume, entretanto, possui apenas trs graus de liberdade por n.

Assim, cada n de um elemento clssico de volume possui trs graus de liberdade translacionais, isto , sem rotaes.

Devido s possveis conexes inadequadas, o tipo de elemento

definido para representar a uma estrutura sanduche solid 45 para todas as camadas.

28

Conforme o Tutorial Ansys (2009), o elemento solid45 usado

para a modelagem 3-D de estruturas slidas. O elemento definido por

8 ns com 3 graus de liberdade em cada n.

Figura 2.12 Geometria do elemento tipo Solid 45.

Para o modelo numrico do gabinete completo foi utilizado

elemento tipo solid 92 por possuir um n no centro do elemento (Figura

2.13).

Figura 2.13 Geometria do elemento tipo Solid 92.

Conforme o Tutorial Ansys (2009), o elemento solid92 tem formulao que utiliza funes de forma quadrticas, sendo adequado

para modelar geometrias irregulares (como as produzidas a partir de

vrios sistemas CAD/CAM1). O elemento definido por dez ns com

trs graus de liberdade em cada n: x, y, e z.

1 CAM: Fabricao Assistida por Computador.

29

2.4 FUNDAMENTOS DE ELEMENTOS DE CONTORNO

O Mtodo de Elementos de Contorno (BEM) um mtodo

numrico usado para soluo de determinados problemas acsticos em

campo aberto, e baseado em equaes integrais de contorno. Segundo Li

(2011), o mtodo BEM tem sido considerado uma tcnica muito

promissora em acstica, pois permite a simulao de campos em

domnios ilimitados e automaticamente satisfaz a condio de radiao

no infinito. Apenas o limite da estrutura de som deve ser discretizada

em vez de domnio, o que implica um custo muito baixo para a

gerao de malha e de pr-processamento. Carvalho (2008) comenta que o objetivo do mtodo , por meio

de simulao numrica, discretizar um domnio em elementos

suficientemente pequenos e ento calcular as respostas do sistema

vibroacstico na forma de deslocamento, velocidade, fora ou mesmo

presses e intensidade sonoras, em todos os ns da geometria.

A tcnica consiste basicamente na diviso do contorno do

domnio em segmentos, chamados de elementos do contorno. nesses

elementos que as integrais de contorno sero resolvidas. Isso feito pela

aproximao das funes integrais por funes interpoladoras, as quais

so definidas em funo de pontos escolhidos em cada elemento, sendo

esses pontos chamados de pontos nodais ou ns. Essa aproximao

discreta d origem a um sistema de equaes a ser resolvido para obter-

se a soluo final do problema.

Neste trabalho foi utilizado o mtodo denominado BEM direto,

utilizado pelo software comercial Sysnoise. No BEM direto, os

potenciais de presso nos ns da superfcie da malha de BEM so

calculados a partir das presses nodais e velocidades normais nodais

atravs das matrizes de influncia do BEM direto A( ) e B( ), que so

funes da geometria da superfcie e da frequncia.

, (2.11)

onde o vetor dos deslocamentos nodais e o vetor das presses nodais.

A eficincia de radiao no LMS Virtual.Lab definida pela

razo entre a potncia ativa de sada e a potncia de entrada, a qual

dada por:

, (2.12)

30

onde a potncia de sada ativa (Active Output Power) e a potncia de entrada (Power Input).

A potncia de entrada uma quantidade convencional usada para medir a potncia sonora associada s vibraes mecnicas. O

software LMS Virtual.Lab calcula essa potncia de entrada integrando a velocidade normal sobre a malha acstica, como mostra a equao

abaixo.

, (2.13)

onde o valor ou raiz mdia quadrtica da velocidade

normal local nas condies de contorno. Observa-se na equao (5.8) que a potncia de entrada depende somente da velocidade prescrita

nas condies de contorno.

J a Active Output Power corresponde potncia mdia radiada

pela superfcie vibrante durante um ciclo de frequncia. Integrando a

intensidade normal ativa sobre a superfcie da malha acstica, tem-se a

potncia ativa. Para o BEM direto, a potncia ativa dada por:

, (2.14)

onde o conjugado complexo da velocidade e a presso de

superfcie na malha BEM.

Captulo 3: PROCEDIMENTOS DE CARACTERIZAO DOS MATERIAIS

Neste captulo, sero descritos os procedimentos utilizados para a

caracterizao dos materiais e discutidos os resultados obtidos.

As propriedades elsticas dos materiais da viga foram

determinadas com os ensaios de trao simples. A densidade dos

materiais foi determinada experimentalmente pelo princpio de

Arquimedes.

3.1 DENSIDADE

Os ensaios para determinao da densidade dos materiais que

compem o gabinete de um refrigerador domstico (ao laminado,

PSAI, PUR e PP) foram realizados por meio do Princpio de

Arquimedes no Labmat (Laboratrio de Materiais UFSC).

Inicialmente foi determinada a massa do corpo de prova, conforme a

Figura 3.1.

Figura 3.1 Determinao da massa do corpo de prova no ar.

Corpo de

prova

32

Em seguida, o corpo de prova foi submerso e determinou-se a

massa aparente (Figura 3.2). A densidade, ento foi determinada pela

Equao (2.8).

Figura 3.2 Determinao da massa aparente do corpo de prova.

Todos os corpos de prova submetidos aos ensaios foram extrados

do mesmo gabinete do refrigerador.

O procedimento foi realizado com uma balana digital Mettler

Toledo, Modelo XS205. Durante o procedimento, a temperatura da gua foi controlada em 24C.

3.1.1 Densidade do ao laminado As amostras de ao laminado foram extradas diretamente do

refrigerador e cortadas com aproximadamente: . Os resultados experimentais do ao laminado esto apresentados na Tabela

3.1

Corpo de

prova

submerso

33

Tabela 3.1 Resultados experimentais da densidade para o ao laminado.

Ao laminado

Amostra

1 7,453

2 7,35

3 7,222

Desvio Padro 0,116

Mdia 7,342

Ao observar os resultados, constata-se que no h grande

variao desse parmetro entre as amostras com pintura e as amostras

sem pintura, de modo que o valor mdio pode ser calculado pela mdia

aritmtica simples dos trs corpos de prova analisados para cada

situao, resultando em um valor mdio de com pintura e sem pintura.

A densidade do ao citado em Callister (2002) de , valor prximo ao encontrado experimentalmente.

3.1.2 Densidade do poliestireno (PSAI) Os corpos de prova de poliestireno foram cortados com

dimenses aproximadas de , com espessura variando de a . Seis amostras de regies distintas do gabinete interno foram analisadas, como mostra Figura 3.3.

Figura 3.3 Posio de extrao das amostras de poliestireno.

34

Os resultados experimentais do PSAI seguem na Tabela 3.4

Tabela 3.2 Resultados experimentais da densidade para o poliestireno.

Poliestireno

Amostra

1 1,015

2 1,013

3 1,013

4 1,015

5 1,016

6 1,012

Desvio Padro 0,002

Mdia 1,014

A densidade mdia do poliestireno obtida experimentalmente por

Oresten (2003) e segundo Callister (2002) , valores prximos aos encontrados experimentalmente.

3.1.3 Densidade do poliuretano (PUR) Os corpos de prova foram cortados com dimenses aproximadas

de: Estes corpos de prova foram separados em dois grupos, amostras do fundo do gabinete e amostras das laterais, devido s

diferenas esperadas do processo de injeo do PUR.

Os resultados experimentais do poliuretano seguem na Tabela 3.3

Tabela 3.3 Resultados experimentais da densidade para o poliuretano.

Poliuretano

Amostras do fundo do gabinete

1 0,039

2 0,041

3 0,053

Desvio Padro 0,0062

Mdia 0,041

35

Amostras das laterais do gabinete

4 0,035

5 0,037

6 0,036

Desvio Padro 0,0008

Mdia 0,036

A densidade mdia do poliuretano obtida experimentalmente por

Orsten (2003) e segundo Callister (2002), , valores prximos aos encontrados experimentalmente.

3.1.4 Densidade do polipropileno (PP) Os trs corpos de prova de polipropileno (PP) foram cortados

com dimenses aproximadas de 10x10mm, onde a espessura 2 . Os resultados experimentais da placa de plstico seguem na Tabela 3.4 .

Tabela 3.4 Resultados experimentais da densidade para o polipropileno (PP).

Placa de Plstico

Amostra

1 0,919

2 0,924

3 0,917

Desvio Padro 0,004

Mdia 0,920

A densidade do PP, segundo Callister (2002), varia de , valores prximos aos encontrados experimentalmente.

3.2 PROPRIEDADES ESTTICAS DOS MATERIAIS

Os procedimentos experimentais para determinao das

propriedades mecnicas estticas dos materiais que compem o gabinete

de um refrigerador domstico em estudo so apresentados nesta seo.

36

3.2.1 Placa de ao laminado O mdulo de elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson ( ) do

ao laminado foram determinados por ensaio de trao simples,

utilizando-se os procedimentos e equipamentos descritos na norma NBR

6673.

Os corpos de prova foram fabricados com as dimenses

especificadas na Figura 3.4 e espessura de .

Figura 3.4 Dimenses do corpo de prova do ensaio de trao para a viga de ao.

A Figura 3.5 mostra as curvas tenso-deformao de dois dos

corpos de prova analisados.

Figura 3.5 Curva de deformao de dois corpos de prova do ao laminado.

Para o ao laminado foram ensaiadas trs amostras de regies

distintas com strain-gauges (Tabela 3.5

37

Tabela 3.5 Resultados experimentais de ensaio de trao do ao laminado.

Amostra Poisson

L1 210,45 0,3

L2 207,51 0,3

L3 191,83 0,3

Mdia 207,51 0,3

Desvio Padro ( ) 7,6255 0,000

O dispositivo chamado Strain-gauge possibilita encontrar

diretamente os valores do mdulo de elasticidade (E) e o Poisson ( ) onde, o a deformao transversal (em relao direo longitudinal de aplicao da carga) de um material homogneo e isotrpico. A

relao estabelecida entre deformaes ortogonais.

Figura 3.6 Strain gauge fixado em um corpo de prova.

Os resultados mdios encontrados para as amostras de ao

laminado a quente: com desvio padro e para o ao.

3.2.2 Poliestireno de alto impacto (PSAI) Para a determinao das propriedades estticas do PSAI, foram

realizados ensaios de trao simples com base na norma ASTM D 638-

77a. Essa norma descreve o procedimento e os equipamentos

necessrios para determinar as propriedades mecnicas de amostras

plsticas. Esse procedimento frequentemente utilizado em materiais

que possuem espessura mxima de . Segundo essa norma, o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Isotr%C3%B3pico

38

corpo de prova a ser construdo para realizar o ensaio deve ter um

formato padro denominado dumbbell-shaped. A referida norma

descreve os procedimentos de obteno das propriedades mecnicas de

materiais injetados, No foram encontradas normas que descrevessem

procedimentos para materiais termoformados.

O corpo de prova foi confeccionado com as dimenses

apresentadas na Figura 3.7 e com espessura variando de .

Figura 3.7 Dimenses do corpo de prova do ensaio de trao para a viga de

PSAI.

A Figura 3.8 mostra as curvas tenso-deformao para os trs

corpos de prova analisados.

Figura 3.8 Curva de deformao para os dois corpos de PSAI.

Para o PSAI foram ensaiadas trs amostras de regies distintas

com strain-gauge.

39

Tabela 3.6 Resultados experimentais de ensaio de trao doPSAI.

Amostra Poisson

L1 1,953 0,281

L2 1,999 0,341

L3 1,89 0,32

Mdia 1,953 0,32

Desvio Padro ( ) 0,0382 0,022

O mdulo de elasticidade mdio encontrado para o PSAI foi:

e coeficiente de Poisson .

3.2.3 Polipropileno (PP) O polipropileno utilizado na montagem do refrigerador (Figura

3.10) visualmente semelhante ao papelo ondulado (Figura 3.9).

Figura 3.9 Exemplo de papelo ondulado.

Esse formato refere-se s formas de sulcos, que so pressionados

em uma folha de material e suavizados pelo vapor O material , ento,

prensado entre folhas planas. Os sulcos servem como amortecimento e

aumentam a rigidez do material. Larguras e configuraes diferentes dos

sulcos oferecem vantagens de desempenhos distintos.

40

Figura 3.10 Placa de PP utilizado na montagem do refrigerador

Para determinar o mdulo de elasticidade e coeficiente de Poisson no possvel utilizar ensaio de trao simples devido aos sulcos presentes no material, tornando necessrio desenvolver um

experimento especfico para esta configurao. Sendo assim, os valores

de e utilizados foram tirados de bibliografias. Segundo Callister (2002) e Ramm (2007) .

3.2.4 Espuma rgida de poliuretano (PUR)

Para a determinao do mdulo de elasticidade do PUR no

possvel atravs de ensaio de trao simples por se tratar de uma

espuma. Ento um dispositivo foi projetado e construdo (Figura 3.11)

para determinar o mdulo de Cisalhamento (G).

41

Figura 3.11 - Dispositivo para determinar o mdulo de cisalhamento do PUR.

Este dispositivo ter sua parte inferior fixa e a superior mvel. As

dimenses das amostras sero de e coladas nas partes

laterais e na superior com cianoacrilato. Atravs do Clip-gage o

deslocamento medido, com esse valor determinado encontra-se o

valor de . Na Figura 3.12 pode-se observar a deformao esperada no

ensaio.

Figura 3.12 - Desenho esquemtico da deformao da amostra.

Com as equaes descritas abaixo so determinados o mdulo de

cisalhamento e de elasticidade.

Amostras

de PUR

42

A deformao elstica de cisalhamento ( calculada atravs da

seguinte equao:

. (3.1)

Entao, com o valor de calculado o mdulo de Cisalhamento,

, (3.2)

Para determinar o mdulo de elasticidade, o valor do coeficiente

de Poisson foi utilizado de Villar (1998) e o valor de

encontrado atravs da Equao (3.3):

. (3.3)

Os ensaios ocorreram com quatro pares de amostra de PUR, dois

pares da lateral e dois do fundo do refrigerador.

Os resultados encontrados foram analisados e comparados entre

si e com os valores de encontrados em Barbieri et al. (2009)

e no foi encontrada boa concordncia. Isto pode ser

atribudo a dificuldade de colar adequadamente as amostras de PUR ao

dispositivo. Sendo assim, o valor de utilizado para os modelos

numricos foi de bibliografia.

3.3 PROPRIEDADES DINMICAS DOS MATERIAIS

Nesta seo, esto descritos os parmetros de medio usados

para determinar o comportamento dinmico de cada material em estudo

no domnio da frequncia. O processo de determinao do mdulo de

elasticidade dos materiais consistiu em obter os espectros de resposta a fim de determinar as frequncias de ressonncia.

Uma preocupao importante para medies de vibraes a

preparao da estrutura a ser testada para que no ocorram erros nos

procedimentos de medio e nas localizaes dos sensores, falhas no

processamento digital, dentre outros que possam prejudicar a qualidade

dos dados obtidos experimentalmente. A primeira deciso a ser tomada

refere-se condio de contorno mais adequada para ensaios, livre ou

engastada.

43

Ewins (1984) afirma que difcil garantir que uma estrutura

engastada esteja efetivamente rgida. A condio livre deve ser a

preferida, contudo