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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CVEL DA COMARCA DE CATAGUASES-MG

EXMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CVEL DA COMARCA DE xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileira, divorciada, farmacutica, portadora da cdula de identidade xxxxxxxxxxxxxxx, inscrita no xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, filha de Afonso xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, residente e domiciliado nesta cidade, na xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, por seu advogado adiante assinado, legalmente constitudo no incluso instrumento particular de MANDATO e com escritrio advocatcio no endereo acima grafado onde recebe intimaes e/ou notificaes vem, perante V. Exa., propor a presente

AO DE REPETIO DE INDBITO CUMULADA COM REPARATRIA DE DANOS MORAIS

nos termos dos Artigos 39, III, VI e. 42 pargrafo nico ambos do Cdigo de Defesa e Proteo do Consumidor c/c o Art. 876 do Cdigo Civil, em face doREQUERIDO, BANCO xxxxxxxxxxxxxxxxx., pessoa jurdica de direito privado, constituda sob a forma de sociedade annima, situada na xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, expondo para tanto as razes de fato e de direito que adiante seguem:

I - DA ASSISTNCIA JUDICIRIA GRATUITA

Afirma a requerente no possuir condies de arcar com custas processuais e honorrios de advogado sem prejuzo do prprio sustento, bem como o de sua famlia, razo pela qual faz jus ao benefcio da gratuidade da justia, nos termos da Lei 1.060/50, o que desde j se requer.

II- DA LEGITIMIDADE PASSIVA

A relao de consumo aquela estabelecida entre consumidores e fornecedores, tendo por objeto a oferta de produtos e servios no mercado. No caso da utilizao de cartes de pagamento, h, portanto, relao de consumo entre aquele que fornece o servio e aquele que utiliza o servio. Como se trata de relao de consumo, ela deve ser regida pela Lei n. 8.078/90, o Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC).O CDC estabelece, em seus artigos 18 a 20, que o fornecedor do produto/servio responde solidariamente por qualquer prejuzo causado ao consumidor. O artigo 3, por sua vez, especifica que o sistema de proteo do consumidor considera como fornecedores todos os que participam da cadeia de fornecimento de produtos/servios, no importando a sua relao direta ou indireta, contratual ou extracontratual com o consumidor. De acordo com a Teoria da Aparncia, deve ser responsabilizado o fornecedor aparente de produtos e servios, ou seja, aquele que faz veicular ou se utiliza da informao negocial. A aparncia desperta a confiana do consumidor e leva responsabilizao pelos eventuais vcios ou defeitos na prestao pela cadeia de fornecimento. Diante disso o REQUERIDO figura perfeitamente no plo PASSIVO da presente ao.

III DOS FATOSAREQUERENTEcontratou o servio do Carto de Crdito do Banco Santander SA., com data do vencimento da fatura dia 10 de cada ms, a contar com um LIMITE DE CRDITO INICIAL DE R$3.150,00 (trs mil cento e cinqenta reais) conforme documentos acostados.Acontece que a requerida sempre arcou com seus compromissos religiosamente, efetuando os pagamentos nas datas exatas das faturas, no entanto, no ms de 10/01/2013 seu limite de crdito diminuiu MISTERIOSAMENTE para R$1.850,00 (mil oitocentos e cinqenta reais) sendo que em momento algum foi notificada antecipadamente para tal modificao. Diante disso, a requerente entrou em contato com o requerido que se prontificou a regularizar a situao voltando com o limite anterior no prazo de at 72 horas.Sabendo disso a requerente confiou e no mais se importou com o referido transtorno.De toda sorte, notvel no caso em tela que o fato do requerido ter diminudo, POR CONTA PRPRIA, os limites do credito da requerente, contribuiu para uma situao que hoje se encontra. Ademais, ao diminuir os limites da requerente, a mesma perdeu o controle do carto de crdito pelo fato do requerido estar cobrando indevidamente uma TARIFA DE AVALIAO EMERGENCIAL DE CRDITO e com isso o carto no tinha limites, pois, para os bancos quanto mais se gastar melhor, seno vejamos:1- Do carto de crdito n 4916.XXXX.XXXX.5629.Como demonstrativo das faturas acostadas notrio a cobrana ilegal da Tarifa de Avaliao de Crdito, aumentando assim o poderio de endividamento da requerente, SEM SUA PRVIA AUTORIZAO, o que desrespeita no s a resoluo 3.919 do Banco Central, que estabelece apenas cinco tarifas a serem cobradas pelos bancos pelo uso dos cartes de crdito, como tambm h uma desarmonia com o Cdigo de Defesa e Proteo do Consumidor e o Cdigo Civil e a prpria CF/88 .Ademais, o limite de crdito contratado previamente pela requerente era de R$3.150,00, o que certamente condizia com sua renda mensal poca. No entanto, mesmo com esse limite, a cobrana na fatura do carto de crdito na data de 10/02/2012 excedeu ao limite pr-estabelecido e chegou a quantia de R$4.106,39, fazendo com que a requerente optasse obrigatoriamente pelo parcelamento da fatura e vindo assim a arcar, alm dos juros altssimos, com a Tarifa emergencial de crdito. O requerente, tratou de autorizar, por conta prpria, a liberao de tal crdito, sem que aumentasse o limite antes estipulado.Como tambm demonstrado nas faturas acostadas aos autos, o banco tambm vem fazendo cobranas da referida tarifa de avaliao emergencial de crdito no valor de R$17,00 (dezessete reais), e que a partir da resoluo do Banco Central, o banco requerido, AGINDO DE M F, comeou a no mais respeitar o limite do carto de crdito da cliente da as faturas subseqentes aumentaram exorbitantemente ultrapassando sempre o limite ora estipulado, TRAZENDO UM GRANDE DESCONFORTO A REQUERENTE, que veio fazendo desde ento, cada vez mais o uso do parcelamento da fatura, exigindo assim ser avaliada emergencialmente ms aps ms sem sua prvia autorizao carreando ao pagamento de uma tarifa que depende legalmente de prvia autorizao e conhecimento da requerente.Ora, h de se admitir ser um timo negcio para as instituies financeiras, pois, inicialmente estabelecer um limite baixo de crdito e conseguinte cobrar uma tarifa para aqueles consumidores que extrapolarem seus limites de crditos preestabelecidos, sem a cincia e autorizao dos mesmos consumidores.

2- Da tarifa de Avaliao Emergencial de Crdito admitida a cobrana de cinco tarifas, vlidas tanto para os cartes bsicos quanto para os diferenciados. So elas: anuidade, para emisso de 2 via do carto, para retirada em espcie na funo saque, no uso do carto para pagamento de contas e especfico no caso de PEDIDO de avaliao emergencial do limite de crdito.Essa limitao ser obrigatria para os cartes de crdito que forem emitidos a partir de 1/6/2011. Para quem j tem carto de crdito hoje ou adquirir um at 31/5/2011, as cinco tarifas admitidas passam a valer a partir de 1/6/2012. Esses prazos valem tambm para as regras sobre carto bsico e carto diferenciado.As instituies financeiras emissoras de cartes de crdito so reguladas pelo Conselho Monetrio Nacional e supervisionadas pelo Banco Central, estando sujeitas s sanes previstas na Lei n 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Entre as punies possveis esto, por exemplo, advertncia e multa.Avaliao emergencial de limite de crdito -Esta tarifa cobrada pela avaliao da viabilidade e dos riscos envolvidos para a concesso de crdito em carter emergencial. Ela ocorre quando o cliente faz algum pedido, por meio de um atendimento pessoal, para a realizao de uma despesa acima do limite do carto. A tarifa cobrada no mximo uma vez a cada trinta dias.A cobrana feita pela demanda de servios gerada por um PEDIDO de anlise de crdito, que envolve a avaliao do histrico do cliente com o banco e tambm outras informaes sobre a capacidade financeira do cliente.Assim sendo, requer a devoluo em dobro da quantia paga indevidamente, acrescidos de juros e correes, por ser o justo.Diante da situao, insta salientar, que a requerida ao disponibilizar servios e bens de consumo sem a autorizao da requerente, causou um grave dano e descontrole patrimonial seno vejamos:- A imposio de uma Tarifa Emergencial de crdito sem prvia autorizao camuflando o limite do carto e fazendo com que a mesma perdesse o controle da fatura;- A diminuio do limite de crdito do carto, sem prvia conhecimento, de R$3.150,00 para R$1.850,00;- A atual situao da requerida, ou seja, desempregada.- A m-f da requerida ao no atender ao estabelecido por lei em relao autorizao expressa da requerente para Liberar a Avaliao Emergencial de Crdito.Ora, h de se admitir ser um timo negcio para as instituies financeiras, pois, inicialmente estabelecer um limite de crdito e conseguinte cobrar uma tarifa para aqueles consumidores que extrapolarem seus limites de crditos preestabelecidos, sem a cincia e autorizao dos mesmos consumidores.Sendo assim, lcito concluir que o banco praticou, em detrimento da requerente, sua correntista, condutas abusivas vedadas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, a saber, (i) "enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servio" (art. 39, inciso III) ; (ii) prevalecer-se da fraqueza ou ignorncia do consumidor, tendo em vista sua idade, sade, conhecimento ou condio social, para impingir-lhe seus produtos ou servios" (art. 39, inciso IV).A esse respeito, observou com propriedade a ilustre magistrada de primeiro grau em sua sentena: "H a aparncia regular na relao da autora (correntista), com o banco-ru. Um olhar um pouco mais apurado, apenas, demonstra, no entanto, que o banco deveria ter sido mais diligente com o caso especfico da autora no oferecimento de seus servios, o que no ocorreu. Nem se alegue que no responsabilidade do banco se certificar das caractersticas pessoais de cada cliente, pois o banco faz isto com muita diligncia quando em seu benefcio, recusando clientes, crditos ou servios.(...)

IV- DA SUJEIO DOS BANCOS AO CDCO Cdigo de Defesa do Consumidor em seu art. 2 define como consumidor, toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produtos ou servios. Fornecedor, consoante o mesmo diploma legal, toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. Produto, de acordo com Lei Consumerista, qualquer bem mvel ou imvel, material ou imaterial, enquanto servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das decorrentes das relaes de carter trabalhista. (CDC. art. 3, 1 e 2)O CDC rege as relaes bancrias, inclusive as de abertura de crdito e de mtuo, pois so relaes de consumo.O produto da empresa de banco o dinheiro ou crdito, bem juridicamente consumvel, sendo, destarte, fornecedor a instituio financeira; e consumidor o creditado. Apesar da clareza meridiana que o Cdigo trata dessa questo, os bancos sempre procuraram pr-se margem das normas protetivas das relaes de consumo sob os mais diversos e estapafrdios argumentos. Entretanto, neste diapaso o Superior Tribunal de Justia sumulou a questo no deixando dvidas sobre a aplicao do CDC as instituies financeiras, in verbis: STJ Smula n 297 - O Cdigo de Defesa do Consumidor aplicvel s instituies financeiras. Portanto, a teor da doutrina e da jurisprudncia mais abalizada, no h dvida de que bancos ou instituies financeiras so fornecedores de produtos e servios bancrios, sujeitando-se s regras protetivas do Cdigo de Defesa do Consumidor.V- DA INVERSO DO NUS DA PROVAPara que no paire dvida sobre a irregularidade cometida pelo promovido, mister a inverso do nus da prova, nos termos do inciso VIII do artigo 6 do CDC, pois a relao jurdica havida entre as partes est sujeita tutela do CDC, e, portanto, impe-se a inverso do nus da prova, devendo a REQUERIDA apresentar em juzo toda a documentao referente ao contrato firmado entre as partes, especificando de forma detalhada as cobranas efetivadas.Consoante o melhor entendimento doutrinrio e jurisprudencial dominante sobre o tema, a hipossuficincia deve ser aferida no em relao vulnerabilidade econmica, mas em relao aos conhecimentos tcnicos especficos da atividade do fornecedor. Traduz-se, portanto, na fragilidade do consumidor, seja do ponto de vista econmico ou cultural quanto ao conhecimento tcnico relativo ao produto ou ao servio, que o situa em posio desigual ou desvantajosa em relao ao fornecedor, detentor do monoplio de informaes acerca dos componentes e caractersticas do seu produto ou servio, que o situa em posio desigual ou desvantajosa em relao ao fornecedor, detentor do monoplio de informaes acerca dos componentes e caractersticas do seu produto ou servio, e ao qual, diante de tal vantagem, se mostra fcil ou menos difcil produo da prova.Desta forma, requer desde j que Vossa Excelncia se digne em determinar, no mandado de citao, a inverso do nus da prova, por ser medida necessria e para que se faa justia.

VI- DA COBRANA INDEVIDA E DA REPETIO DO DBIBTOO CDC, em seu artigo 51, IV, 1, III, reza que: Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a equidade; 1 Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e contedo do contrato, o interesse das partes e outras circunstncias peculiares ao caso.Conforme foi relatado inicialmente, o REQUERENTE vem pagando para a instituio bancria a tarifa de AVALIAO EMERGENCIAL DE CRDITO, caracterizando-se uma despesa desnecessria, injustificada, e que trouxe a promovente desvantagem exagerada por no ter sido em momento algum autorizada pelo REQUERENTE, estando assim o REQUERIDO agindo em desacordo com a resoluo 3.919 do Banco Central. Por se caracterizar como uma conduta ilcita, que causou um prejuzo parte promovente, o CDC bastante claro quanto cobrana de quantia indevida, assim vejamos: Art. 42. Na cobrana de dbitos, o consumidor inadimplente no ser exposto a ridculo, nem ser submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaa. Pargrafo nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel. (GRIFO NOSSO)Portanto, como a REQUERENTE pagou indevidamente a quantia de R$332,89 (trezentos e trinta e dois reais e oitenta e nove centavos), que corrigidos de acordo com tabela TJMG em anexo, chega a quantia de R$379,62 (trezentos e setenta e nove e sessenta e dois centavos), sendo que a mesma deve ser ressarcida em dobro, bem como ter a sua quantia atualizada nos mesmos parmetros estabelecidos pelo REQUERIDO, conforme preceitua a inteligncia do pargrafo nico do art. 42 do CDC. Assim, a REQUERENTE deve ser ressarcida no valor de R$379,62 (trezentos e setenta e nove e sessenta e dois centavos) devidamente corrigidos com juros e correo monetria at a presente data.(VER MEMORAIL DE CLCULO EM ANEXO).A conduta do banco demandado totalmente abusiva e feriu violentamente a funo social do contrato, pois no respeitou os princpios da boa-f objetiva e da equivalncia material das partes.VII- DO DANO MORAL SOFRIDOA consumidora, em razo da conduta ilcita do Ru, teve assoladas sua tranqilidade e sossego (CDC 71), alm de desgastar-se mentalmente nas suas diversas tentativas infrutferas de persuadir o Ru a cumprir o contrato e a lei, devolvendo as quantias das quais indebitamente se apropriou.O dano moral, em casos que tais, in re ipsa, decorrendo do prprio do fato lesivo ilcito agravando-se ainda mais na hiptese dos autos, por tratar-se de delito tipificado na lei penal (CP 168):os danos morais, em si mesmos, no se provam. Trata-se, como acima rapidamente se mencionou, de um dano in re ipsa, ou seja, o dano que se compreende, de certo modo, em sua prpria causa. O que se h de comprovar a ocorrncia de acontecimento que provoca dano moral, mas no atributos, dimenso ou qualidades deste. Vale dizer, provado o fato caracterizador do dano moral, ipso facto haver-se- de estimar ou quantificar o dano moral. A reparabilidade do dano decorre do simples fato da violao e no da comprovao do dano em si mesmo. Dor, vergonha, perturbao, intranqilidade, angstia e outros estados de alma no so objeto de prova em ao que se pleiteia indenizao por dano moral. (g. n.) (TEREZA ARRUDA ALVIM WAMBIER, in O Dano Moral de Pessoa Jurdica e sua Prova, Revista Prtica Jurdica, Editora Consulex, Ano III, n. 22, 31/jan./2004, p. 53)

A Turma deu parcial provimento ao recurso consoante a jurisprudncia consolidada, na qual, em matria de danos morais, basta a constatao de ato ilcito para se concretizar o direito reparao. Na espcie, as instncias locais reconheceram a conduta ilcita da recorrida em manter os nomes dos recorrentes no SERASA, mesmo aps a quitao da dvida do carto de crdito, mas no aceitaram que houve ofensa moral, sob o argumento de no ter havido prejuzo, vez que existiam, poca, outros registros de dbitos no cadastro de devedores. Vencido, em parte, o Min. Slvio de Figueiredo apenas no que se refere ao quantum indenizatrio. (RESP 196.024-MG, REL. MIN. CESAR ASFOR ROCHA, JULGADO EM 2/3/1999)Prova do dano. Tratando-se de dano moral, dispensada a prova, por estar in re ipsa. Como prtica atentatria aos direitos da personalidade, traduz-se num sentimento de pesar ntimo da pessoa ofendida, capaz de gerar-lhe alteraes psquicas ou prejuzos parte social ou afetiva de seu patrimnio moral. A prova se satisfaz com a ocorrncia do ato ilcito. Montante indenizatrio. Adequao s circunstncias da causa, em especial, natureza e extenso da leso, ao porte econmico e financeiro das partes e ao carter punitivo e pedaggico da condenao. Preliminar rejeitada. Apelao desprovida.(...)Ora, os danos morais decorrentes da conduta da requerida so notrios, dispensando a realizao de prova a respeito.O dano moral, como prtica atentatria aos direitos da personalidade, traduz-se num sentimento de pesar ntimo da pessoa ofendida, capaz de gerar-lhe alteraes psquicas ou prejuzos parte social ou afetiva de seu patrimnio moral. Nessas condies, torna-se a meu ver difcil seno mesmo impossvel em certos casos a prova do dano, de modo que me filio corrente que considera estar o dano moral in re ipsa, dispensada a sua demonstrao em juzo.Assim tem entendido o Superior Tribunal de Justia, de que exemplo o Acrdo unnime da 4 Turma (Resp 58.151-ES, j. 27.3.1995, Rel. o Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU 29.5.1995). (...)Necessrio se mostra para o acolhimento do pedido de indenizao, repito, apenas a prova da ilicitude da conduta do agente e a gravidade da leso suportada pela vtima.(TJRS, Ementa do Acrdo na Apelao Cvel n 70005279112) Mas o Ru pouco se importa em atentar contra o bem-estar, a paz e descanso pessoal de seus clientes com a eventual prtica de ato ilcito que venha a cometer, pois considera sua relao com o cliente que vem a lesar como de custo-benefcio: o nmero de clientes que recorrem Justia para fazer valer seus direitos violados extremamente vantajoso em relao aos que no os buscam, resultando economicamente benfica a prtica de eventuais ilcitos contra os consumidores.Com essa mentalidade operacional voltada to-somente ao lucro, e no de respeito aos direitos de seus clientes consumidores de seus servios, o Ru chega ao ponto de, como in casu, cometer o delito de apropriao indbita.Essa conduta extraprocessual de m-f, alis, demonstra a inteno do Ru em beneficiar-se de sua conduta violadora do Direito, o que justifica a antecipao dos efeitos da tutela jurisdicional para reprimir o manifesto propsito protelatrio da Demandada, que se vale do processo para obter fins ilcitos, pois quanto mais tempo o dinheiro apropriado indevidamente permanecer com sob sua custdia, mais lucrar com os valores retidos que, empregados ou no em aplicaes financeiras, lhe proporcionam frutos e rendimentos econmicos.Para obstar um maior enriquecimento do Ru, e dado seu comportamento fora do processo manifestamente procrastinatrio, tendente a no ressarcir mesmo o consumidor dos danos a ele ocasionados (apesar de, para tanto, notificado), requer-se desde j, com fundamento no inc. II do art. 273 do CPC, a antecipao dos efeitos da tutela de mrito, ressarcindo em dobro os valores cobrados e apropriados indevidamente, com os acrscimos legais e contratuais ao final especificados.De outra parte, sendo cedio que a indenizao por danos morais praticados tem tambm funo punitiva, visando a desestimular nova prtica do ilcito pelo Ru contra outros consumidores, necessrio acrescer-se ao valor do ressarcimento dos danos morais sofridos pela Autora montante indenizatrio que sirva de sano exemplar ao Ru, para que o mesmo no mais reincida em condutas ilcitas como a ocorrida no caso dos autos. A melhor doutrina e a jurisprudncia dos Tribunais, inclusive do prprio STF, assevera o carter punitivo, ao lado do ressarcitrio, que deve ter a indenizao por danos morais:Definitiva, sob tal aspecto, a lio sempre autorizada de CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA (Responsabilidade Civil, p. 55 e 60, itens ns. 45 e 49, 8 ed., 1996, Forense), cujo magistrio, a propsito da questo ora em anlise, assim discorre sobre o tema:Quando se cuida do dano moral, o fulcro do conceito ressarcitrio acha-se deslocado para a convergncia de duas foras: carter punitivo para que o causador do dano, pelo fato da condenao, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o carter compensatrio para a vtima, que receber uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido.(...) (reticncias do Relator)O problema de sua reparao deve ser posto em termos de que a reparao do dano moral, a par do carter punitivo imposto ao agente, tem de assumir sentido compensatrio. (...). Somente assumindo uma concepo desta ordem que se compreender que o direito positivo estabelece o princpio da reparao do dano moral. A isso de se acrescer que na reparao do dano moral insere-se uma atitude de solidariedade vtima (Aguiar Dias).A vtima de uma leso a algum daqueles direitos sem cunho patrimonial efetivo, mas ofendida em um bem jurdico que em certos casos pode ser mesmo mais valioso do que os integrantes de seu patrimnio, deve receber uma soma que lhe compense a dor ou o sofrimento, a ser arbitrada pelo juiz, atendendo s circunstncias de cada caso, e tendo em vista as posses do ofensor e a situao pessoal do ofendido. Nem to grande que se converta em fonte de enriquecimento, nem to pequena que se torne inexpressiva. Mas certo que a situao econmica do ofensor um dos elementos da quantificao, no pode ser levada ela ao extremo de se defender que as suas ms condies o eximam do dever ressarcitrio. (grifei)Essa orientao tambm acompanhada pelo magistrio doutrinrio, que exige, no que se refere funo de desestmulo ou de sano representada pela indenizao civil por dano moral, que os magistrados e Tribunais observem, no arbitramento de seu valor, critrios de razoabilidade e de proporcionalidade (CARLOS ALBERTO BITTAR, Reparao Civil por Danos Morais, p. 115 e 239, itens ns. 20 e 40, 2 ed., 1994, RT; PABLO STOLZE GAGLIANO/RODOLFO PAMPLONA FILHO, Novo Curso de Direito Civil, vol. II/319, item n. 2, 2 ed., 2003, Saraiva; CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO/SRGIO CAVALIERI FILHO, Comentrios ao Novo Cdigo Civil, vol. XIII/348-351, item n. 4.5, 2004, Forense; YUSSEF SAID CAHALI, Dano Moral, p. 175-179, item n. 4.10-D, 2 ed., 1998, RT; SLVIO DE SALVO VENOSA, Direito Civil: Responsabilidade Civil, vol. 4/189-190, item n. 10.2, 2 ed., 2002, Atlas; MARIA HELENA DINIZ, Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil, vol. 7/105-106, 18 ed., 2004, Saraiva, v.g.) - igualmente perfilhada pelos Tribunais, especialmente pelo E. Superior Tribunal de Justia, cuja jurisprudncia, na matria em questo, firmou essa mesma diretriz (REsp 295.175/RJ, Rel. Min. SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA Resp 318.379/MG, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI - REsp 355.392/RJ, Rel. p/ o acrdo Min. CASTRO FILHO, v.g.):I A indenizao por dano moral objetiva compensar a dor moral sofrida pela vtima, punir o ofensor e desestimular este e outros membros da sociedade a cometerem atos dessa natureza. (RSTJ 151/269-270, Rel. Min. ANTNIO DE PDUA RIBEIRO - grifei).(STF, VOTO DO MIN. RELATOR CELSO DE MELLO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 455846/RJ, JULGADO EM 11.12.2004)O critrio de fixao do valor indenizatrio do dano moral levar em conta tanto a qualidade do atingido como a capacidade financeira do ofensor, de molde a inibi-lo a futuras reincidncias, ensejando-lhe expressivo, mas suportvel gravame patrimonial. (g.n.)(TJRS, 3 GRUPO DE CMARAS, J. 10.9.95, RJTJRS 176/250)A indenizao por dano moral tem natureza punitiva e disciplinadora sendo destinada a satisfazer a dor da vtima e dissuadir, de igual e novo atentado, o autor da ofensa. (g.n.)(TJSP, 2 CC, AC 162.655-1/5, j. 28.4.92, Rel. Des. CEZAR PELUSO)A reparao pecuniria do dano moral um misto de pena e de satisfao. No se pode negar sua funo: a) penal, constituindo uma sano imposta ao ofensor, visando a diminuio de seu patrimnio, pela indenizao paga ao ofendido, visto que o bem jurdico da pessoa integridade fsica, moral e intelectual, no poder ser violado impunemente, subtraindo-se o seu ofensor s conseqncias de seu ato por no serem reparveis; e b) satisfatria ou compensatria, pois como dano moral constitui um menoscabo a interesses jurdicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que no tm preo, a reparao pecuniria visa proporcionar ao prejudicado uma satisfao que atenue a ofensa causada. (g.n.)(MARIA HELENA DINIZ, in Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Saraiva, 7 volume, 11 edio, 1997, pg. 90)Como realado pelos venerandos arestos e excerto doutrinrios acima colacionados, a indenizao por danos morais tem tambm que atender s condies econmicas do Ru e situao social do lesado. Sendo o Ru instituio financeira que dispe de imensurvel patrimnio e carteira de clientes (milhes) no s no Brasil como nas Amricas e Europa, de forma a ser o lder no seu segmento, intuitivo que para o mesmo, a condenao em R$ 15.000,00 (quinze mil reais) pelo danos morais que praticou no afetar em nada a continuidade de seus negcios e a sobrevivncia da empresa.Tal valor vir, ao revs, puni-lo pelo dano que causou, tendo o propsito ainda de tornar-lhe menos vantajosa a relao de custo-benefcio que faz entre o nmero de clientes que entende valer a pena lesar comparado com os poucos que iro buscar a reparao de seus direitos violados.De outro lado, ressarcir a Autora dos prejuzos morais de que padeceu na tranqilidade e paz de sua vida diria, o qual em demasia se desgastou psiquicamente, nas reiteradas tentativas, sem qualquer xito num completo desrespeito do Ru aos direitos do usurio e cliente de seus servios , de obter a composio extrajudicial do litgio. DO PEDIDO vista do que se exps, e do que ser suprido pelo elevado descortino, sendo de Justia e prudncia de VOSSA EXCELNCIA, requer-se: a) os benefcios da JUSTIA GRATUITA, fundamentado no art. 2, pargrafo nico da Lei n. 1.060/50.b) A procedncia da ao, em todos os seus termos; c) Seja concedida, diante da prova inequvoca da verossimilhana das alegaes, a antecipao dos efeitos da tutela de mrito, para o fim de ordenar-se ao Ru a restituio, em dobro (CDC n., 42), do valor que indevidamente faturou, cobrou e se apropriou nas faturas de carto de crdito da Autora, isto , R$ 379,62 (trezentos e setenta e nove reais e sessenta e dois centavos) acrescido dos juros mximos praticados das faturas, pela instituio financeira (14,80 a.m. cf. faturas em anexo), multa moratria de 2% e juros de mora de 1% am, segundo a taxa praticada pelo Ru nas operaes de financiamento, a contarem-se desde 10/002/2012, data da prtica do ilcito (CC art. 398 e Sm. 43 e 54 STJ).d) Em razo dos fatos alegados provarem-se pelos documentos acostados presente, e o dano moral ser in re ipsa, decorrendo do prprio fato lesivo (documentalmente demonstrado), seja concedida em antecipao dos efeitos da tutela jurisdicional de mrito a condenao do Ru nos danos morais sofridos pela Autora, sugerindo-se como parmetro para sua fixao o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), acrescido de juros legais e atualizao monetria;e) o julgamento antecipado da lide, aps a contestao, ou havendo revelia, dada a desnecessidade in casu de produo de prova oral (CPC 330 I);f) Caso seja inexitosa a conciliao e Vossa Excelncia entenda no ser hiptese de julgamento antecipado da lide, requer-se o depoimento pessoal do representante legal do Ru, sob pena de confisso (CPC 277 2);g) a inverso do nus da prova (CDC 6 VIII);h) A citao do Ru por carta AR, para, querendo, vir contestar a presente, sob pena de revelia e confisso;i) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, notadamente juntada de documentos;j- A condenao da requerida ao pagamento das custas processuais e honorrios advocatcios a serem estipulado por este juzo, conforme art. 20, 3 e 4 do CPC;D-se causa o valor de R$ 15.379,62 (quinze mil trezentos e setenta e nove reais e sessenta e dois centavos).Pede deferimento.Cataguases, 23 de janeiro de 2014.2