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maria cecília mazzariol volpe oab 19.369 - sp cic 214.205.648-20 caio carneiro campos oab 109.648 - sp cic 024.672.198-79 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA_____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________ PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO. Artigo 71 da lei nº 10741/03 ESTATUTO DO IDOSO NOME DO RQTE , NACIONALIDADE , ESTADO CIVIL , PROFISSÃO , portador da cédula de identidade RG nº_____________, e inscrito no CPF/MF sob o nº __________, residente e domiciliado na Rua/AV ________________________, nº____ BAIRRO , nesta cidade de _____________, por suas advogadas que esta subscrevem, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432 fone/fax: (19) 3232-8558 e-mail: [email protected] 1

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maria cecília mazzariol volpeoab 19.369 - spcic 214.205.648-20

caio carneiro campos oab 109.648 - sp

cic 024.672.198-79

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA_____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________

PRIORIDADE NA

TRAMITAÇÃO.

Artigo 71 da lei nº 10741/03

ESTATUTO DO IDOSO

NOME DO RQTE ,

NACIONALIDADE , ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, portador da cédula de

identidade RG nº_____________, e inscrito no CPF/MF sob o nº

__________, residente e domiciliado na Rua/AV

________________________, nº____ – BAIRRO, nesta cidade de

_____________, por suas advogadas que esta subscrevem, vem,

respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE

TUTELA

av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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em face da

NOME DO(A) REQUERIDO(A), representada por ( NOME DO

REPRESENTANTE) , situada na (ENDEREÇO) – (CIDADE), pelas razões

de fato e de direito a seguir expostas:

I - DOS FATOS

1. O Autor é PROFISSÃO DO

AUTOR (doc. nº 01).

2. Infelizmente, conforme laudo

médico datado de DATA DO LAUDO MÉDICO, o Rqte. descobriu ser

portador de NOME DA DOENÇA DO RQTE(INFORMAR O CID), (doc. nº

02):

“TRANSCRIÇÃO DO LAUDO

MÉDICO FORNECIDO AO PACIENTE, CONTENDO MAIORES

ESPECÍFICAÇÕES ACERCA DA DOENÇA”.

3. . Ainda conforme exame anátomo

patológico anexo, em DATA DO EXAME confirma-se o diagnóstico de

CASO O PACIENTE TENHA ALGUM AGRAVAMENTO NO SEU

QUADRO CLÍNICO, TAL COMO, METÁSTASE, DEVERÁ INDICÁ-LO

AQUI (doc. nº 03).

4. Como conseqüência, nesse

mesmo ano , o Rqte. foi submetido à PROCEDIMENTO MÉDICO AO

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QUAL O PACIENTE FOI SUBMETIDO conforme declara o Dr. NOME DO

MÉDICO DO PACIENTE (doc. nº 04).

5. A referida Declaração dá conta,

ainda, de que o Rqte. não está absolutamente curado, encontrando-se

ainda em tratamento, nos seguintes termos:

“(...)

ESPECIFICAÇÃO DO

TRATAMENTO AO QUAL O

PACIENTE ESTÁ SENDO

SUBMETIDO NO PRESENTE

MOMENTO.”

6. Desde então, conforme

documentos acostados à presente (docs. nºs 01 e 05 a 14), anualmente o

Autor vem sofrendo os descontos correspondentes ao Imposto de Renda

em seus vencimentos.

7. Entretanto, não há dúvidas de que

a referida cobrança é inconstitucional. Senão vejamos.

II - DA COMPETÊNCIA.

1. O Superior Tribunal de Justiça

entende ser pacifico que, nas demandas referentes à Isenção de Imposto

de Renda com fundamento no Inciso XIV, artigo 6º da Lei 7.713/88, a

competência para apreciação e julgamento das ações desta estirpe é da

Justiça Estadual.

Nesse sentido:

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“É por demais pacifico na

jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça que, nas

demandas atinentes à isenção de

Imposto de Renda sobre valores

pagos para a complementação de

aposentadoria de servidores

públicos estaduais, a competência

para apreciar e julgara ação é da

Justiça Estadual, por ser ilegítimo

passivamente o Delegado da

Receita Federal”. (STJ, AGA

572637/MG; Agravo Regimental no

Agravo de Instrumento

2003/0214184-2, Min. José Delgado,

1ª Turma, 22.06.2004, DJ 09.08.2004

p. 00179).

“Compete à Justiça Estadual

conhecer de mandado de

segurança impetrado contra

retenção de imposto de renda, no

pagamento de vencimentos de

servidor público estadual”. (CC

10108/SP; CONFLITO DE

COMPETENCIA 1994/0022797-3,

Rel. Min. Humberto Gomes de

Barros, S1 - Primeira Seção,

30.08.1994, DJ 26.09.1994 p.

25576).av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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“Consoante a jurisprudência

dessa Corte, com a qual o acórdão

se harmoniza, os valores retidos a

titulo de Imposto de Renda na

fonte dos servidores estaduais

pelos Estados, são de interesse

destes porque são responsáveis

por tais descontos e destinatários

da verba retida, não havendo falar

de interesse da União, por isso, a

Justiça Estadual é competente

para julgar as ações referentes a

tais retenções”. (RESP 258699/MG;

RECURSO ESPECIAL 2000/045406-

0, Rel. Min. Francisco Peçanha

Martins, T2 – Segunda Turma,

15.10/2002 p. 00217).

2. Sendo assim, como preceitua o

Superior Tribunal de Justiça em entendimento pacifico, cabe à

Justiça do Estado de São Paulo a competência jurisdicional para a

apreciação e o julgamento da presente Ação Ordinária

III - DO DIREITO

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1. Dispõe a Lei 7.713, de 22 de

dezembro de 1988, que altera a legislação do Imposto sobre a Renda, em

seu artigo 6º, XIV, que

Art. 6º Ficam isentos do imposto

de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas:

(...)

XIV - os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente sem serviços, e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose-múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 8.541, de 23.12.1992) (grifos nossos)

2. Conforme se verifica do

mencionado dispositivo legal, não estão aí abrangidos os rendimentos

percebidos pelos portadores das mencionadas moléstias e que no entanto

encontram-se na ativa, como é o caso do Autor, que é portador de

neoplasia maligna (câncer de próstata).

3. A lei condiciona a isenção à

aposentadoria ou reforma do doente.

4. É sabido que continuar a trabalhar,

não obstante estar doente, melhora as condições do paciente.

5. No entanto, fica claro que o

escopo da lei é propiciar aos portadores de tais enfermidades meios para av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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a aquisição dos caros remédios necessários ao tratamento, alimentação e

cuidados diferenciados, entre outras despesas.

6. Nesse contexto, forçoso concluir

que o doente que continua a trabalhar tem iguais necessidades.

7. Importante, ainda, ressaltar que o

doente, trabalhando, continua a ser útil à sociedade e não onera a

Previdência Social.

8. Ora. Tal disparidade de tratamento

não tem razão de ser e, por consubstanciar-se em patente afronta aos

Princípios Constitucionais da Isonomia (artigo 5º “caput”) e da Igualdade

Tributária (artigo 150, II), assim como pelo Princípio da Razoabilidade,

merece ser corrigida pela via do Judiciário.

9. Sendo assim passa a expor os

seguintes princípios:

A) DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA E DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA

1. Mais uma vez, aqui, cabe ao

intérprete buscar, em análise mais profunda, o verdadeiro espírito da lei,

que é justamente favorecer o tratamento dos portadores das referidas

moléstias graves.

2. Ora. Tão nobre investida

legislativa, que sem dúvida vem a corporificar a preocupação do legislador

em proteger acima de tudo a dignidade humana, não pode permanecer

restrita aos doentes que se encontram em inatividade, devendo, sem

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dúvida, ser estendida também àqueles que se encontram em atividade

laboral.

3. Com efeito, negar ao portador de

moléstia grave que se encontra na ativa, política fiscal que se reconhece

como verdadeira ação positiva garantida aos inativos, significa legitimar

violenta afronta aos princípios da isonomia e da defesa da dignidade da

pessoa humana.

4. Não há dúvidas de que incumbe à

legislação ordinária dar concreção aos princípios constitucionais,

conferindo, assim, de modo igualitário, meios que favoreçam o

tratamento digno daquelas doenças graves.

5. Sendo assim, propiciar a isenção

instituída pelo artigo 6º, XIV da Lei 7.713/88 somente aos inativos

consubstancia-se, diga-se mais uma vez, em evidente desrespeito à

Igualdade.

6. E não há como se justificar

racionalmente tal discriminação.

7. O artigo 150, inciso II da

Constituição Federal consagrou o princípio da ISONOMIA TRIBUTÁRIA,

que impede a diferença de tratamento entre contribuintes em situação

equivalente, vedando qualquer distinção em razão do trabalho, cargo

ou função exercidos.

8. Revela-se, pois, inaceitável privar

o Autor de um benefício legal que coadjuva às suas razões finais motivos

humanitários.av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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9. É o que se pode concluir da

brilhante e esclarecedora obra “Conteúdo jurídico do princípio da

Igualdade”1, do mestre Celso Antonio Bandeira de Mello, que, com

propriedade, estabelece critérios para o reconhecimento das

diferenciações que não podem ser feitas sem quebra da isonomia.

10. Nesse diapasão, o mestre ensina

que é imperioso investigar: a uma, o que se adota como critério

discriminatório. No presente caso, a atividade/inatividade do trabalhador

acometido pelas moléstias graves.

11. Em seguida, há que se verificar a

presença de justificativa racional, ou seja, fundamento lógico para o

tratamento jurídico construído em função da desigualdade proclamada.

12. Por fim, deve-se proceder a uma

análise da correlação lógica concreta entre o fator diferencial e os

interesses abrigados no direito positivo constitucional.

13. Com base neste raciocínio,

forçoso concluir que a diferenciação estabelecida pela Lei, excluindo da

isenção os trabalhadores em atividade laboral e acometidos das doenças

graves não se coaduna com as finalidades reconhecidas como de maior

valor pelo texto da Constituição, quais sejam, a Dignidade da Pessoa

Humana, a construção de uma sociedade justa, assim como uma Ordem

Social que objetiva o bem-estar e a justiça social e um Estado garantidor

do direito à saúde em caráter amplo e integral.

1 Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. Malheiros Editores, 3ª ed., ano de 2000,

p.21.av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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14. Com efeito, a apontada

desigualdade não se revela adequada, necessária nem tampouco

proporcional ou razoável ao tratamento constitucional isonômico do

Fisco em relação ao contribuinte (artigo 150, II da CF).

B – DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE

1. Outro ponto de relevância a ser

analisado é a incongruência do dispositivo legal em análise com o

princípio da razoabilidade, implícito em nosso sistema jurídico.

2. Sobre este relevante tema, Weida

Zancanner 2 preconiza que

“O princípio da razoabilidade que

“propicia a fiscalização da obediência

a todos os demais princípios e regras

albergados pelo sistema”, “é mais do

que mero critério para a verificação

da correta aplicação das normas

encartadas em um direito positivo.

Ele deve ser alçado a “critério de

intelecção” de todo e qualquer

sistema jurídico que pretenda se

perenizar. Não a perenização

estática, mas aquela que implica

movimento, atualização e

aperfeiçoamento das instituições

democráticas, acompanhando o

2 Razoabilidade e moralidade: princípios concretizadores do perfil constitucional do

Estado Social e Democrático de Direito. Estudos em homenagem a Geraldo Ataliba. São

Paulo. Malheiros, p. 619-631.av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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incessante ritmo da vida, “pois o

direito é feito para a vida, e não a

vida para o direito”.

3. Ora. O referido tratamento fiscal

deve e tem que ser UNIFORME, não podendo haver distinção mediante

diferenciação ao se conceder a isenção, se presente a mesma

circunstância de fato que a autorizou.

4. Nessa linha, ao analisar a

presente ação à luz do Princípio da Razoabilidade, o magistrado terminará

por concluir, no momento em que averigua qual a norma aplicável ao caso

concreto, que a melhor interpretação para o dispositivo legal em análise,

em consonância com os valores acolhidos e priorizados pelo

ordenamento, é a que permite estender a referida isenção aos

trabalhadores da ativa, portadores daquelas moléstias graves.

C – DA INTERPRETAÇÃO

1. Finalmente, retornando uma vez

mais à finalidade da Lei que instituiu a isenção do Imposto de Renda aos

portadores de moléstias graves, imperioso adentrar mais fundo no sentido

constitucional do direito à saúde.

2. Por conseguinte, será possível

concluir pela possibilidade de extensão da isenção aos contribuintes na

ativa, e que também são portadores de tais enfermidades.

3. Isto porque, em análise

sistemática da Carta Magna, fica claro que o legislador constitucional

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elegeu a saúde como um direito fundamental inerente a todos, cuja

garantia se configura como um dever do Estado.

4. Para tanto, estabeleceu metas a

ser em atingidas em consonância com a proposta do Estado de

erradicação da pobreza, organização do trabalho e dignidade da pessoa

humana.

5. No entanto, tal função promocional

do Estado só se revela possível diante de prestações positivas que

possibilitem a mudança do status quo.

6. Este raciocínio nos permite ainda,

e de forma mais contundente, qualificar o direito à saúde como um

DIREITO DE SOLIDARIEDADE e um ELEMENTO DE CIDADANIA.

7. Tal conclusão não pode levar a

outra situação senão a de que a sociedade como um todo, e mais ainda, o

Poder Público, precisam estar engajados e envolvidos no sentido de

concretizar o direito à saúde.

8. E, se a Lei, de maneira louvável,

assim o faz para beneficiar com isenção fiscal os trabalhadores inativos

portadores de doenças graves, também deveria fazê-lo para aqueles em

situação idêntica, porém em atividade.

9. Como não o fez, absolutamente

adequado que o faça o Judiciário, fundando-se também na EQUIDADE, e

restabelecendo, ao menos no caso concreto em análise, a Igualdade tão

propugnada pela Constituição.

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10. E nem se diga que estaria o

magistrado impedido, no seu mister de interpretar e aplicar as normas de

direito, de se valer de uma equilibrada ponderação dos elementos lógico-

sistemáticos, históricos, finalísticos e teleológicos que integram a moderna

interpretação das normas jurídicas.

11. Muito ao contrário.

Perfeitamente possível ao intérprete aplicador do direito, fundando-

se em princípios legitimadores dos interesses humanos, estender a

aplicação da isenção aos trabalhadores ativos portadores daquelas

enfermidades.

12. Se assim o fizer, estará

reabrindo o diálogo entre o direito e a ética e conferindo real

efetividade aos Princípios Constitucionais da Isonomia e da

Dignidade da Pessoa Humana.

13. Com efeito, o próprio

ordenamento jurídico assenta como técnica de aplicação do direito à luz

do contexto social, ao enunciar que: “Na aplicação da lei, o juiz

atenderá aos fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem

comum” (artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).

14. Ademais, o Direito Tributário

admite na aplicação da lei o recurso à EQUIDADE, que é a justiça do

caso concreto.

15. Por fim, sustenta o pugnado uma

INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA, que permite analisar o sentido

normativo contido no preceito em análise, em conjunto com o

ordenamento jurídico em vigor, bem como com o princípio da av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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razoabilidade, o que conduz, inexoravelmente, à relevância dos

argumentos ora declinados.

16. Ora. A tarefa hermenêutica não

pode limitar-se ao exame de uma norma isolada, nem tampouco o texto

constitucional pode ser interpretado de forma fracionada.

17. Há um novo e amplo sistema

constitucional a ser considerado na sua totalidade e integridade, servindo

como fundamento de validade de todas as demais normas.

18. Nesta esteira, Maria Helena

Diniz3 ensina que

“A interpretação extensiva

desenvolve-se em torno de um

preceito normativo, para nele

compreender casos que não estão

expressos em sua letra, mas que

nela se encontram, virtualmente

incluídos, conferindo, assim, à

norma, o mais amplo raio de ação

possível, todavia, sempre dentro de

seu sentido literal. Não se

acrescenta coisa alguma, mas se

dá às palavras contidas no

dispositivo normativo o seu

significado. Conclui-se tão-

somente que o alcance da lei é

3 Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada, 3ª ed. São Paulo. Saraiva,

1999, p.161.av. barão de itapura, 1478, campinas - sp - 13020-432fone/fax: (19) 3232-8558e-mail: [email protected]

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mais amplo do que indicam seus

termos”. (grifos nossos).

19. Finalmente, não se pode deixar

de considerar a circunstância fática objetiva por demais relevante de que

os trabalhadores/contribuintes portadores de tais doenças, como é o caso

do Rqte., acabam por ter despesas bastante elevadas com o tratamento e

melhora de sua qualidade de vida.

20. Com efeito, a saúde, a

recuperação e uma adequada qualidade de vida dos pacientes portadores

daquelas enfermidades precisa ser mantida com a aquisição de remédios,

transportes, exames, cirurgias e tratamentos, o que implica em gastos

elevados, tanto para os contribuintes inativos quanto para aqueles que se

encontram em atividade laboral, como o Autor.

21. É o que comprovam os recibos

anexos, que dão conta de parte das elevadas despesas que o Autor tem

com seu tratamento (docs. nºs 15 a 18).

IV - DO PEDIDO

A) DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL

1. Presente, conforme amplamente

demonstrado na presente, o BINÔMIO PREMÊNCIA E GRAVIDADE, é de

se impor a concessão da ANTECIPAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL.

2. Demonstrado está que o Rqte. tem

direito a cessação do desconto do Imposto de Renda em seus

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vencimentos, para que possa ter a NECESSÁRIA e URGENTE

assistência à sua saúde, como forma de impedir o agravamento de sua

delicada e grave situação, e por que não dizer a garantia de sua vida.

3. Restaram, ainda,

consubstanciados o ”PERICULUM IN MORA”, evidenciado pela

necessidade de adequado tratamento da doença, que somente poderá ser

garantida com a isenção requerida.

4.Todo o alegado pelo Autor

encontra-se fartamente amparado na documentação acostada,

demonstrando, inequivocamente, a VEROSSIMILHANÇA de suas

alegações.

5. É, também, demonstrativo da

plausibilidade do direito invocado os precedentes jurisprudenciais

consagrados pelos tribunais pátrios, ora trazidos à tona pelo Rqte.

(ANEXO).

6. É obrigação da Rqda., pois,

cessar a incidência do Imposto de Renda sobre os vencimentos do

Rqte.

7. Ante o exposto, com fundamento

no artigo 273 do CPC, requer seja ANTECIPADA A TUTELA

JURISDICIONAL, inaudita altera pars, para o fim de que V. Exa.

determine à Rqda.:

I - A imediata cessação do

desconto do Imposto de Renda

nos vencimentos do Rqte.;

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II – Seja oficiado ao Departamento

de Recursos Humanos da

UNICAMP/empregadora para que

cesse imediatamente o desconto

do Imposto de Renda nos

vencimentos do Rqte.;

III - A restituição das importâncias

descontadas nos vencimentos do

Rqte. a título de Imposto de Renda

desde novembro de 1999 até a

presente, devidamente corrigidas

e acrescidas de juros legais.

B) DA PROCEDÊNCIA DA AÇÃO

1. A final, espera seja julgada

TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, para declarar que ficam

isentos do Imposto de Renda os vencimentos do Rqte., determinando-se

ao Departamento de Recursos Humanos da empregadora que cesse os

descontos do Imposto de Renda retido na fonte de forma permanente,

com base em todo o direito já apontado, tornando definitiva, portanto, a

tutela antecipadamente deferida.

2. Requer, ainda, a procedência da

ação para deferir a restituição das importâncias descontadas nos

vencimentos do Rqte. a título de Imposto de Renda desde (DATA EM

QUE O PACIENTE TEVE A DOENÇA DIAGNOSTICADA) até a presente,

devidamente corrigidas e acrescidas de juros legais, caso V. Exa. não

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caio carneiro campos oab 109.648 - sp

cic 024.672.198-79

tenha entendido por bem deferir este pleito em sede de antecipação de

tutela.

3. Requer seja CITADA a Rqda.,

para que no prazo de lei, querendo, conteste a presente ação, sob pena

de confissão e revelia.

4. Requer, ainda, com fundamento

nos artigos 1.211-A e B do Código de Processo Civil, e artigo 71 da Lei nº

10.741/03 (Estatuto do Idoso), a PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO

PRESENTE FEITO, uma vez que o Autor conta com 64 (sessenta e

quatro) anos de idade), além de ser portador de câncer, o que diminui sua

expectativa de vida. CASO O PACIENTE NÃO TENHA A IDADE EXIGIDA

EM LEI PARA QUE A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO CORRA DE

MANEIRA MAIS RÁPIDA, DEVERÁ SER USADO A ANÁLOGIA, POSTO,

QUE AOS PACIENTES DE ENFERMIDADES GRAVES PODERÁ SER

ESTENDIDO O BENEFÍCIO DA CELERIDADE PROCESSUAL (VIDE

MODELO DA CARTILHA)

5. Requer, por fim, seja a Rqda.

condenada ao pagamento das despesas judiciais, bem como dos

honorários advocatícios, em valor a ser arbitrado por V. Exa.

6. Protesta provar o alegado, por

todos os meios de prova permitidos, em especialmente pela juntada de

novos documentos, depoimento pessoal dos representantes legais da

Rqda., perícia, provas testemunhais, etc.

7. Requer o recolhimento a final das

custas judiciais referentes ao montante a ser restituído, efetuando, na

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propositura da presente, o recolhimento do valor correspondente às

prestações vincendas.

8. Dá-se a presente causa o valor de

R$ VALOR DA CAUSA

Termos em que

Pede Deferimento.

Campinas, 20 de setembro de 2004

Maria Cecília Mazzariol Volpe

Advª OAB/SP 19.369

Flavia Travaglini

Advª OAB/SP nº 202.614

Maria Cecília J. B. M. Oliveira

Advª OAB/SP nº 127.918

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