modelo de petição - produto falsificado.pdf
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO
DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NATAL/RN
XXXXXXXXXXXX, brasileira, solteira, jornalista, inscrita no RG
nº XX.XXXX e CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada na Rua
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, por seu advogado, infra-assinado,
constituído mediante instrumento procuratório em anexo, com escritório
profissional na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, onde receberá
intimações, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 6º, VI,
da Lei nº 8.078 /90 e arts. 186 e 927 do Código Civil, PROPOR
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS
Em face de D&L SERVICOS DE INTERMEDIACAO DE NEGOCIOS E
SOLUCOES WEB LTDA. doravante denominada PANK SERVIÇOS DIGITAIS
LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 14.237.822/0001-
03, localizada no endereço na Av. Paulista, nº 726 – Conj. 1303 (parte) 13º
andar, Bela Vista, CEP: 01.310-100 – São Paulo/SP e J V X COMERCIO E
SERVICOS DE BALANCAS LTDA - ME doravante denominada LOJAS POUPE
BRASIL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº
13.235.794/0001-14, localizada no endereço na Rua Oscar Soares, nº 922 –
Loja C, Califórnia, CEP: 26.220-098 – Nova Iguaçu/RJ, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas;
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I – PRELIMINAR DE MÉRITO
1. DA JUSTIÇA GRATUITA A autora pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
assegurada nos termos do artigo 5º da Constituição Federal e das leis 1.060/50
e 7.510/86, em razão de se tratar de pessoa hipossuficiente, não tendo meios
de custear as despesas processuais e de arcar com um preparo de um eventual
Recurso Inominado sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
II – DA RESENHA FÁTICA
A autora adquiriu um Perfume Gucci Guilty Feminino EAU de
Toilette 75 ML, através do site www.pank.com.br, a compra fora realizada por
meio do cartão de crédito em 5 (cinco) parcelas de R$ 28,72 (vinte e oito reais
e setenta e dois centavos), que totalizou o montante de R$ 143,60 (cento e
quarenta e três reais e sessenta centavos) (doc.2).
Cumpre esclarecer, que no site referido constava que o envio
do produto teria frete grátis e que a autora não pagaria mais nada, além do
valor do produto.
Ato seguinte, após a conclusão da compra a Empresa “PANK”,
encaminhou um e-mail para a autora, informando que o prazo para entrega era
de 15 a 30 dias uteis e que seria cobrado um frete no valor único de R$ 28,00
(vinte e oito reais), assim como as tributações alfandegárias ou aduaneiras e,
caso estas ocorram, serão de responsabilidade do cliente (doc.3). Serviço
diferente do que estava sendo oferecido na publicidade.
Passaram-se mais de dois meses sem que o produto tivesse
sido enviado para a residência da autora, após esse tempo informaram que a
mesma deveria se deslocar até os correios para retirar o produto, momento em
que foi cobrada a quantia de R$ 27,61 (vinte e sete reais e sessenta e um
centavos), referente à cobrança de tributo pelo produto (doc.4). O que Causou
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total indignação da autora pela cobrança, porém resolveu pagar a contragosto,
tendo em vista que já estava esperando por um tempo superior ao estipulado
para receber o produto.
Como se não bastasse todo o ocorrido, após alguns dias em
que estava com a posse do produto e vindo a utilizar o mesmo, verificou que o
perfume era falsificado, pelos seguintes motivos; aroma estranho ao original,
ardência em contato com a pele e outros detalhes como a caixa do perfume e
do frasco de qualidade grosseira.
Levando a corroborar o que foi descrito acima, é que produto
teve a importação direta de Hong Kong e sem nota fiscal. Portanto, os réus
cometeram crime contra a ordem tributária, previsto nos artigos 1º, inc. V, da
Lei 8.137/90.
A autora relatou todo o ocorrido via e-mail e requereu a
devolução do dinheiro, entretanto ambos os réus alegaram que não tem
responsabilidade pelo produto, já que teria se passado 10 (dez) dias do
recebimento do produto (doc.5).
Vale salientar, que o caso em tela não se trata do direito de
arrependimento estabelecido no artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor,
e sim, dos produtos impróprios para o uso e consumo, conforme o artigo 18,
§6º, II da Lei Consumerista.
A autora foi lesada e buscou saber sobre a credibilidade destas
empresas no site www.reclameaqui.com.br, para a surpresa da mesma acabou
constatando varias restrições negativas dos consumidores que realizaram
compras pelo site PANK (doc.6).
Portanto, a autora faz jus à restituição do valor pago pelo
produto e pelo tributo, corrigido monetariamente desde a data da compra,
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acrescido de juros legais, bem com a condenação dos réus por danos morais,
pelo constrangimento, angustia e aborrecimento causado a parte autora, de
outro modo, a condenação tem o caráter punitivo e pedagógico.
III – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
1. DA RELAÇÃO CONSUMERISTA
A relação estabelecida entre as partes é a toda evidência de
consumo, sendo certo que a ré é prestadora de serviços, e a autora, sua
destinatária. Incidem, pois, os artigos 2º e 3º da Lei n. 8.078/90. A
controvérsia deve ser apreciada sob o prisma consumerista, sem prejuízo do
diálogo das fontes.
O ponto controvertido da demanda cinge-se à análise do
produto falsificado que levou o consumidor ao erro, uma vez que acreditava
estar comprando produto original, com também, constando como importador o
consumidor sem anuência deste.
O artigo 18 da Lei nº 8.078/90, prevê que os fornecedores de
produtos de consumo respondem de forma solidária pelos vícios de qualidade
ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo. Esta
responsabilidade prevista no artigo supracitado é objetiva, sem qualquer
questionamento a respeito da culpa, apesar de o disposto não ter se utilizado
da expressão “independentemente da existência da culpa”, prevista nos artigos
12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor.
O parágrafo 6º do artigo supracitado define o que seria produto
impróprio:
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
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recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,
falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde,
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados
ao fim a que se destinam.
Depreende-se das regras presentes na legislação que o produto
falsificado está presente dentre aqueles que são impróprios para o consumo, e
assim dando ensejo à responsabilidade do fornecedor.
O produto foi adquirido por meio do site do réu. Percebe-se,
assim, que a autora ficou impedida de utilizar o referido produto (perfume), o
que faz gerar a responsabilidade perante o consumidor.
Deste modo, é inegável que se mostra incontroverso o ato
ilícito, bem como a obrigação de restituir a quantia de R$ 171,21 (cento e
setenta e um reais e vinte e um centavos), referente ao valor do produto e ao
tributo cobrado pela importação.
2. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Á partida, resta tecer alguns comentários a respeito da
responsabilidade, para entendimento do tema ora em exame.
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Cabe mencionar o artigo 927 e 186, ambos do Código Civil, que
tratam da responsabilidade civil e seus respectivos requisitos.
O ato ilícito pressupõe sempre uma relação jurídica originária
lesada e sua consequência é a responsabilidade, ou seja, o dever de reparar o
dano sofrido pelo inadimplemento da obrigação na relação jurídica.
No Código Civil a matéria encontra-se disciplinada nos artigos
186 e 927, in verbis:
Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art.927. Aquele que, por ato ilícito (art.186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Nesta linha de raciocínio, passando para a legislação
consumerista, o artigo 18 da lei nº 8.078 de 1990 prevê que os fornecedores
de produtos de consumo respondem de forma solidária pelos vícios de
qualidade ou quantidade que tornem impróprios ou inadequados ao consumo.
Esta responsabilidade prevista no artigo supracitado é objetiva, sem qualquer
questionamento a respeito da culpa, apesar de o dispositivo não ter se utilizado
da expressão “independentemente da existência da culpa”, prevista nos artigos
12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor.
No que tange aos danos morais, pode-se concluir, no caso em
apreço, que os danos são evidentes, em razão do sofrimento e angústia
ocasionados ao consumidor ante a constatação da falsificação do produto
adquirido.
Ora, o dano moral é aquele que causa na pessoa dor,
frustração, tristeza, amargura, sofrimento, os quais se afastam da normalidade,
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bem como interfiram no comportamento psicológico da vítima, acarretando-lhe
desequilíbrio em seu bem estar.
Assim, analisada a situação e à míngua de critérios
estabelecidos em lei para a fixação do quantum debeatur (a liquidação do dano
moral no direito pátrio não é tarifada), no caso concreto, entendendo como
razoável e proporcional à lesão moral, a quantia de R$ 7.000,00 (sete mil
reais).
3. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
A autora apesar de acostar nos autos provas que acreditem
serem suficientes para a demonstração da verdade dos fatos ora narrados, para
a condução deste exímio Juízo para a formação de seu livre convencimento,
protesta pela Inversão do Ônus da Prova, pois considera ser a medida da boa
administração da justiça e do exercício de seus direitos, conforme disposição no
Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6º. (...)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências; (g. n.)
No presente caso, conforme os documentos carreados, tanto é
verossímil a alegação da autora, bem como resta demonstrada a sua
hipossuficiência, não cabendo, assim, a aplicação do inciso I do artigo 333 do
Código de Processo Civil, por prestígio ao Principio da Especialidade das Leis.
Desta maneira, por serem verossímeis as alegações da autora,
conforme as provas conduzidas aos autos, e pela condição de hipossuficiência
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em relação aos Réus, é a presente para que se inverta o ônus da prova, em
benefício da autora.
IV – DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer à autora que Vossa
Excelência se digne de:
a) Conceder os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
assegurada nos termos do artigo 5º da Constituição Federal e
das leis 1.060/50 e 7.510/86, em razão da autora se tratar de
pessoa hipossuficiente, não tendo meios de custear as
despesas processuais e de arcar com o preparo de um eventual
Recurso sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família;
b) Que Vossa Excelência se digne a determinar a CITAÇÃO
DOS RÉUS para comparecerem a audiência una, nos termos
do art. 18, § 1º, da Lei 9.099/95, para, querendo, contestarem
a ação no prazo legal, se assim entenderem conveniente, sob
pena de revelia ou confissão ficta prevista no art. 20 da Lei
9.099/95 e 319 do CPC em caso do não comparecimento,
concedendo ao final, a procedência integral do pedido;
c) Conceder, nos termos do art. 6º, inc. VIII do CDC, a
inversão do ônus da prova em favor da autora, por ser a
parte mais frágil, sobretudo pelas alegações e provas carreadas
aos autos.
d) Ao final, Julgar a presente ação PROCEDENTE in totum,
condenando os Réus a restituírem a quantia de R$
171,21 (cento e setenta e um reais e vinte e um
centavos), referente ao valor do produto e ao tributo
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cobrado pela importação, corrigido monetariamente
desde a data da compra, acrescido de juros legais.
e) bem como, a condenação a título de indenização por
Danos Morais no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais),
dentro da teoria do valor de desestímulo, ou seja,
“quantum” que façam os RÉUS refletirem e tomarem
todas as precauções possíveis, antes de repetirem
novos ilícitos, como o comprovado nos presentes autos, para
que não exponha outros consumidores à mesma situação de
humilhação, sofrimento e angustia que se submeteu a AUTORA.
Por último, requer a condenação dos réus em custas judiciais e
honorários advocatícios, com fundamento no art. 133 da CF, art. 20 do CPC e
art. 22 da lei 8.906/1994, no percentual de 20% incidente sobre o valor da
condenação.
Pretende provar o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos, em especial prova documental, testemunhal e depoimento
pessoal das partes.
Dá-se à causa o valor de R$ 7.171,21 (sete mil cento e
setenta e um reais e vinte e um centavos).
Termos em que,
Pede deferimento.
Natal/RN, 24 de setembro de 2013.
ADVOGADO
OAB