modelo de petição garÇon

53
Modelo de Petição - Reconhecimento de Vínculo Trabalhista e Pagamento de Verbas EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA ____ VARA DO TRABALHO ___________ – ___ NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, nascido em _______, filho de ____________, inscrito no CPF sob o nº. _____________, portador do RG nº. ____________, CTPS _____________ Série _______ PIS ___________, residente e domiciliado na ____________________________, vem, perante Vossa Excelência, através de seus advogados que esta subscrevem, legalmente constituídos (documento anexo), com escritório profissional na __________________, onde recebem intimações, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de RECLAMADA , CNPJ _________________, na pessoa de seu representante legal, estabelecida na ______________________________, pelas razões de fato e de direito que a seguir aduz: DO CONTRATO DE TRABALHO

Upload: samuca-car

Post on 27-Dec-2015

49 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Modelo de Petição GARÇON

Modelo de Petição - Reconhecimento de Vínculo Trabalhista e Pagamento de Verbas

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A)  DA ____ VARA

DO TRABALHO ___________ –  ___

NOME DO RECLAMANTE,

nacionalidade, estado civil, profissão, nascido em _______, filho de

____________, inscrito no CPF sob o nº. _____________, portador do RG nº.

____________, CTPS _____________ Série _______ PIS ___________, residente e

domiciliado na ____________________________, vem, perante Vossa Excelência,

através de seus advogados que esta subscrevem, legalmente constituídos

(documento anexo), com escritório profissional na __________________, onde

recebem intimações, propor

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de RECLAMADA , CNPJ _________________, na pessoa de seu

representante legal, estabelecida na ______________________________, pelas

razões de fato e de direito que a seguir aduz:

DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi admitido em

____________, para exercer as funções de __________ junto a reclamada,

Page 2: Modelo de Petição GARÇON

trabalhando de _________ a ________, no horário de __________ às ___________,

recebendo por seu trabalho, remuneração mensal no importe

de_____________. Foi demitido em ___________________.

DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Ocorre que apesar te ter sido

contratado na data supra e prestado serviços para o requerido, e sempre

tendo laborado com pessoalidade, habitualidade, subordinação e

onerosidade, cumprindo, assim, todas as exigências do artigo 3º da CLT,

não teve o registro de sua CTPS, descumprindo assim, o reclamado, a

exigência trazida pelo artigo 29 do Diploma Legal Consolidado. Desta feita

desde já se requer o reconhecimento do vínculo empregatício com a

consequente anotação na CTPS.

DAS VERBAS CONTRATUAIS E RESCISÓRIAS

Até o momento, não recebeu o

reclamante qualquer pagamento e título de verbas contratuais (férias, 13º

salário + 1/3, DSR, FGTS), bem como rescisórias (aviso prévio , saldo de

salário, 13º proporcional, férias proporcionais + 1/3 e multa de 40 % sobre o

FGTS).

DAS MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477 § 8º DA CLT

Tendo em vista o não cumprimento

dos prazos estabelecidos no § 6º do artigo 477, requer a multa de um

salário em favor do empregado, como dispõe o § 8º do mesmo Dispositivo

Legal citado.

Ainda nessa hipótese, as verbas se

revestem de natureza incontroversa, pelo que requer seu pagamento na

audiência inaugural, sob pena de serem acrescidas de 50%, conforme artigo

467 da CLT.

Page 3: Modelo de Petição GARÇON

DO DANO MORAL

O trabalhador deliberadamente

sem registro fica marginalizado no mercado. Não contribui para a

previdência e não é incluído no FGTS e programas governamentais. Tem

dificuldade de abrir conta bancária, obter referência, crédito etc. A anotação

da CTPS na via judicial é insuficiente para reparar as lesões decorrentes

dessa situação adversa, em que o trabalhador, permanece como

"clandestino" em face do mercado de trabalho, à margem do aparato

protetivo legal e previdenciário.

In casu, sem registro, o reclamante

teve negada sua existência perante o mundo do trabalho e viu-se

submetido ao humilhante anonimato. A ausência deliberada do registro,

eufemisticamente apelidada de informalidade, é sinônimo de nulificação,

negação não apenas de direitos básicos trabalhistas e previdenciários, mas

da própria pessoa do trabalhador, traduzindo-se em exclusão social. 

Sendo assim devida a indenização

por dano moral, o que desde já se requer.

DO PEDIDO

Pelo exposto, requer:

a) o reconhecimento do vínculo empregatício com a Reclamada, com a

consequente anotação e baixa da CTPS da reclamante, nos termos

indicados;

b) notificação da reclamada, para que compareça em audiência, e,

querendo, conteste a presente ação, sob pena de, não o fazendo, incidirem

os efeitos da revelia;

c) os benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei nº. 1.060/50, por ser o

reclamante pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração em

anexo;

Page 4: Modelo de Petição GARÇON

d) a condenação da reclamada ao pagamento das seguintes verbas, mais

juros e correção monetária, na forma apurada em liquidação de sentença:

Aviso prévio (30 dias) R$ XXXDécimo terceiro (X/12) – com projeção aviso R$ XXXFérias proporcionais (X/12) mais 1/3 – com projeção aviso R$ XXXFGTS R$ XXXMulta 40% FGTS R$ XXXMulta do art. 477 § 8º da CLT R$ XXXMulta do art. 467 da CLT R$ XXXIndenização por danos morais R$ XXX

f) liberação de guias de seguro desemprego ou indenização substitutiva no

valor de X parcelas no valor de: R$ XXXX totalizando: R$ XXXX

g) a condenação da reclamada nas custas processuais e honorários

contratuais, devidamente corrigidos.

h) a procedência de todos os pedidos.

Provará o alegado por todos os

meios de prova em direito admitidos, em especial, depoimento pessoal, sob

pena de revelia e confissão, oitiva de testemunhas, perícia e juntada de

documentos.

Dá a causa o valor de R$ XXXXX .

Nesses termos, pede deferimento.

Cidade , data.

Fellipe Puiati Toledo

OAB/MG 139.960

Page 5: Modelo de Petição GARÇON

RELAÇÃO DE EMPREGO. GARÇOM. Trata-se de vínculo de emprego a relação mantida entre as partes, não havendo que se falar em serviços eventuais quando as funções desempenhadas pelo empregado estavam ligadas a atividade fim do estabelecimento, ainda que laborando somente nos fins de semana. Esclareça-se que pode haver a caracterização de vínculo empregatício daqueles empregados que trabalham somente um dia por semana, como o músico do restaurante ou a bilheteira do cinema. Não é a quantidade de dias por semana de trabalho que vai caracterizar ou não o vínculo de emprego. O fato de não ser diário, não significa dizer que não era contínuo o trabalho. Se digo: 'escovo os dentes todos os dias' ou 'vou à missa todos os domingos', quero dizer que exerço tal atividade continuamente, seguidamente, sem interrupção. Ficou evidenciado nos autos, também, a submissão a horários e recebimento de pagamento. Relação de emprego reconhecida. Recurso obreiro provido. EXTINÇÃO DO VÍNCULO. VERBAS RESCISÓRIAS. Admitindo a Reclamada, em contestação, que em decorrência da insatisfação e desinteresse do Reclamante resolveu dispensá-lo, assim como prestigiando o princípio da continuidade do contrato de trabalho e da proteção, resta comprovado que o contrato findou por iniciativa da Reclamada, sendo devidas rescisórias decorrentes desta modalidade de rompimento do vínculo. JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. Comprovando-se nos autos através de prova testemunhal que o Reclamante laborava às sextas-feiras e sábados, das 19h00 às 02h00, deverá prevalecer jornada declinada em defesa. Por outro lado, com relação ao labor prestado em véspera de feriados e no mês de janeiro/2006, deverá prevalecer a jornada declinada na inicial conjugada com a prova testemunhal, isso porque a Reclamada deixou de insurgir-se especificamente com relação a essas duas jornadas, aplicando, ao caso, a norma do art. 302 do CPC, devido o pagamento de horas extras. Existindo comprovação de labor prestado em período noturno, faz jus o Autor ao adicional noturno com acréscimo de 20%, conforme dispõe o art. 73, §§ 1º e 2º, da CLT . INTERVALO INTRAJORNADA- CONCESSÃO INFERIOR AO PERÍODO LEGAL- INDENIZAÇÃO INTEGRAL. A melhor exegese do art. 71, § 4º, da CLT, após a edição da Lei 8.923/94, é aquela segundo a qual o intervalo intrajornada não concedido ou concedido parcialmente induz ao pagamento integral do período mínimo de uma hora, de forma indenizada, com adicional de 50% sobre o valor da hora normal, consoante entendimento firmado na OJ 307 da SDI-1 do TST. VALOR DO SALÁRIO. Considerando que a contrapartida do labor prestado pelo Reclamante todas às sextas-feiras e sábado deixava de atingir, no mês, o valor do salário mínimo estabelecido no inciso IV do art. 7º da CF/88, fixo o salário do Autor em R$300,00 (trezentos reais), valor do salário mínimo em abril/2005. FÉRIAS E 13º SALÁRIO. A quitação de salário deverá ser efetuada mediante apresentação de recibo de pagamento, a teor do que dispõe o art. 464 da CLT. Deixando a Reclamada de fazer a comprovação de que quitou essas verbas, devido ao Reclamante o pagamento de férias e 13º salário. MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477 AMBOS DA CLT. Reconhecida a relação de emprego em juízo, a sentença que a declara, produz efeitos desde o nascedouro da relação jurídica. E, não tendo sido pagas as parcelas rescisórias no prazo estabelecido no § 6º do art. 477 da CLT, devida a multa prevista no § 8º do mesmo dispositivo legal. Por outro lado, improcede a multa do art. 467 da CLT, quando existir controvérsia acerca das verbas rescisórias. DANO MORAL. A petição inicial apontou para a existência de dano moral sob argumento de que após o Reclamante ter sido dispensado, uma ex-funcionária foi jantar na Reclamada indagando ao gerente sobre uma ex-colegada de trabalho, tendo ouvido como resposta que tanto sua colega como mais dois

Page 6: Modelo de Petição GARÇON

garçons, entre eles o Autor, foram dispensado por terem dado um rombo na empresa, fato presenciado por outros garçons e clientes. O depoimento testemunhal colhido em juízo confirmou os fatos narrados na exordial. Assim, resta pois caracterizada a ofensa à intimidade, honra, imagem e boa fama do empregado, o fato do empregador imputar ao Autor prática de furto na empresa, sem que tenha existido prévia apuração dos fatos, configurando-se dano moral, passível de indenização. (TRT23. RO - 00003.2008.005.23.00-5. Publicado em: 27/06/08. 2ª Turma. Relator: DESEMBARGADOR OSMAIR COUTO)

PODER JUDICIÁRIO  - 9 -JUSTIÇA DO TRABALHO – 9ª vara do trabalho de Curitiba - PrTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO

Autos RT nº 00920/2013

S E N T E N Ç AI - RELATÓRIOCESAR DOS SANTOS SOUZA,

devidamente qualificado, ajuizou ação trabalhista em face de YUKO NAKAGIRI e TURF BREEDINS SERVICES SUPERVISÃO DE CAVALOS LTDA - ME, também qualificado, postulando as parcelas descritas na petição inicial. Na audiência inicial o autor pediu a exclusão do segundo réu indicado na petição inicial, bem como a desconsideração da petição da fl. 28, o que foi acolhido pelo Juízo (fl. 34), ficando assim prejudicado o pedido 1, de responsabilidade solidária dos réus indicados na inicial (fl. 14).

A Ré apresentou contestação e procuração, sem outros documentos (fls. 36/60 e 61), oportunizando-se a manifestação da parte autora (fls. 66).

O Autor desistiu da ação em relação a TURF BREEDINS SERVICES SUPERVISÃO DE CAVALOS LTDA – ME, permanecendo no pólo passivo apenas o primeiro Réu.

Designada audiência de instrução, foram ouvidas as partes e uma testemunha.

Sem outras provas a produzir, encerrou-se a instrução processual com razões finais remissivas.

Propostas de conciliação rejeitadas.D E C I D E - S EII - FUNDAMENTAÇÃO

Page 7: Modelo de Petição GARÇON

1. Vínculo empregatícioO autor aduz que trabalhava como garçom

em uma em casa de jogos, de forma subordinada, porém sem registro em CTPS, pedindo assim o reconhecimento do vínculo empregatício, mais o pagamento de verbas rescisórias, dizendo que a tal título recebeu apenas R$ 1.205,00 (inclusive como último salário).

A ré, por seu turno, confessa que tinha como objeto a exploração de jogo de azar, e diz que o autor recebia comissões por jogos, jogando inclusive junto com o réu, pelo que seria impossível o reconhecimento do vínculo.

Restaram incontroversos o marco final do contrato em comento alegado pelo autor na inicial (27-10-2012), bem como o tipo de dispensa (sem justa causa, por iniciativa do empregador).

Em seu depoimento, o autor disse que começou a trabalhar para o réu em set/2009, recebendo R$ 40,00 por dia, e que passou a receber R$ 1.500,00 fixos mês a partir maio/2012.

O Réu, em depoimento, reconheceu que o Autor lhe prestou serviços no clube de carteado, dizendo que o autor cobrava fichas, servia lanches e bebidas, e não se lembrando se o autor fazia ou não serviço de limpeza, porque a sua preocupação maior do réu era com o jogo. Disse ainda que o autor era remunerado exclusivamente por gorjetas, mas não sabendo dizer quanto o autor recebia.

A única testemunha ouvida (a convite do autor) disse que o autor trabalhava como garçom e também fazendo limpeza de banheiro, e que recebia do réu R$ 50,00 por dia de trabalho, além de gorjetas, em torno de R$ 35,00 a R$ 40,00 por dia, dos freqüentadores do clube, e que, assim como o autor, trabalhava em dias alternados (dia sim, dia não). Disse que saiu do referido clube em 2010, sem saber precisar o mês.

Pelo que ficou comprovado, portanto, a função do autor era a de servir clientes, como garçom, bem como executar serviços de limpeza, sendo remunerado pelo réu em valor fixo por dia, e depois pelos clientes, através gorjetas. Não houve prova de que o autor tivesse recebido comissões por realizações de jogos, como sustentou o réu em sua defesa.

Nesse sentido, ficou provado que o autor realizava atividade lícita (como garçom e zelador). Se o réu obtinha dinheiro de jogo para pagar os serviços realizados pelo autor, não é relevante para o deslinde da questão, pois o objeto do contrato foi lícito.

Page 8: Modelo de Petição GARÇON

Não pode o réu, nesse caso, portanto, tentar se prevalecer da sua própria torpeza, alegando que explorava atividade ilícita para com isso tentar se eximir de suas responsabilidades trabalhistas, o que, aliás, somente o faz porque a sanção prevista para o referido ilícito é fatalmente mais suave do que a responsabilidade trabalhista vindicada, em termos pecuniários.

De outra banda, deixar de reconhecer o vínculo em questão no presente caso seria, de uma forma indireta, estimular o réu a continuar explorando trabalhadores e sonegando a esses trabalhadores os direitos trabalhistas mais basilares.

Outrossim, considerando o caráter protetivo do Direito do Trabalho e a simples condição social do autor, é de se presumir que ele viu nesse trabalho um meio de subsistência, sendo certo que o autor, por si, não estimulou e nem incentivou qualquer pessoa para a prática de jogo, estando apenas a servir o réu e os jogadores, seja trazendo comida ou bebida, ou limpando e arrumando o ambiente, e pago apenas por isso, não em função de jogo ou de comissão por jogo.

Nesse sentido, independentemente de como o réu auferia lucros, reconheço o vínculo empregatício entre o autor e o réu, na função de garçom, com salário de R$ 40,00 por dia, tendo o autor trabalhado em dias alternados até 31-12-2010, e todos os dias a partir de 2011 (conforme Súmula 338, I do TST), mais gorjetas.

Por conseqüência, condenando o réu, a:1. anotar na CTPS do autor o vínculo reconhecido, com admissão

em 01-09-2009 (informado pelo autor em depoimento pessoal), função de garçom, remuneração de R$ 40,00 por dia, mais gorjetas, e saída em 27-10-2012, sob pena de multa diária de R$ 100,00 até o limite de 30 dias;

2. recolher na conta de FGTS vinculada ao autor o FGTS em 8% sobre todos os valores pagos ao autor no período em questão, inclusive sobre as gorjetas, nos termos da Súmula 354 do TST, e sobre este a multa de 40%, ante a dispensa vazia.

Acolho os pedidos 2 e 3 (fl. 13) em parte, nestes termos.

2. Prescrição

Page 9: Modelo de Petição GARÇON

Considerando o marco inicial acima fixado (01-09-2009), a dispensa em 27-10-2012 e o ajuizamento da presente demanda em 16-01-2013, não há prescrição a ser declarada.

Rejeito.

3. Gorjetas retidas – R$ 30,00 por diaNo ponto o autor diz que as gorjetas eram

pagas pelos clientes em fichas de jogo de poker nos valores de R$ 5, R$ 10, R$ 20 e R$ 50, e que o réu recebia do autor essas gorjetas na forma de fichas, e ao invés de lhe pagar em torno de R$ 50,00 por dia (o valor das fichas), lhe pagava apenas R$ 20,00 e retinha R$ 30,00.

Na defesa, o fundamento utilizado pelo réu para refutar o pedido é a ausência de vínculo empregatício.

Em seu depoimento, o Autor disse que recebia gorjetas na forma de fichas, sendo estas em valores variados (p. ex. R$ 5,00, R$ 10,00, etc.), em torno de R$ 35,00 a R$ 40,00 por dia; e que repassava essas fichas para o caixa ao término do expediente, mas que o valor dessas fichas somente era pago quando o réu queria, de modo que estima ter recebido apenas 25% desses valores, sendo que os 75% restantes ficaram retidos pelo réu.

Já o réu, em seu depoimento pessoal, disse não saber quanto o autor auferia a título de gorjetas.

A única testemunha ouvida disse que recebia cerca de R$ 35,00 a R$ 40,00 por dia, a título de gorjetas, parte em dinheiro e parte em fichas, sendo que as fichas ele devolvia para o caixa, mas o caixa nunca lhe reembolsava.

Nesse contexto, como o réu não soube explicar devidamente esses valores, tampouco comprovar os respectivos pagamentos, presume-se verdadeira a alegação de retenção de gorjetas, consoante artigo 302 do CPC c/c 769 da CLT, considerando-se, assim, que o autor recebia R$ 35,00 a título de gorjetas em fichas (depoimento pessoal), recebia apenas R$ 20 (petição inicial), sendo que os outros R$ 15,00 eram retidos pelo réu.

Por conseqüência, condena-se o réu a pagar ao autor R$ 15,00 (quinze reais) a título de gorjetas retidas, por cada dia trabalhado pelo autor, integrando-se as mesmas na remuneração do autor para todos os efeitos, na forma da Súmula 354 do TST.

Acolho em parte os pedidos 7 e 8 da inicial (fl. 13), nestes termos.

Page 10: Modelo de Petição GARÇON

4. Horas extras, adicional noturno, intervalos intrajornada e do artigo 384 da CLT; reflexos.

Discute-se a existência de horas extras trabalhadas pelo autor e não pagas pelo réu.

É incontroverso que o autor não recebeu o pagamento de adicional noturno, não tinha intervalos, não gozou férias e não teve folgas em domingos e feriados, ante a ausência de impugnação específica a respeito na contestação (fls. 50/52).

Na petição inicial, o autor diz que trabalhava das 14h30 às 4h30 em dias de semana e às 2h30 em domingos.

O réu na contestação esclareceu que a jogatina começava às 17h e ia até às 23h30, pelo que não haveria como o autor trabalhar até 02h30.

Em seu depoimento, o autor disse que trabalhava a partir das 14h, e que em set/2011 passou a trabalhar a partir das 19h saindo por volta das 3h30/4h, todos os dias da semana e do ano, exceto nos 5 dias do carnaval de 2012.

Já o réu em seu depoimento, disse que o clube abria às 5h/6h/7h, que o autor começava a trabalhar às 7h/8h, saía às 10h/11h e o clube fechava à meia noite.

A única testemunha ouvida (a convite do autor) disse que sabe que o autor trabalhava em dias alternados. Disse que o trabalho começava por volta das 14h terminando em média à 1h/2h/3h, podendo chegar até às 13h/14h do dia seguinte, de modo que quando o serviço apurava (aumentava muito), um garçom ligava para o outro e pedia auxílio, aí o outro vinha ajudar.

Desse modo, fixo a jornada do autor, ao longo de todo o contrato de trabalho, como sendo das 14h30 às 2h, sem intervalo, em dias alternados, excluído o período de sábado a quarta do carnaval de 2012, em que não trabalhou (depoimento pessoal).

Nesse contexto, observa-se que o autor trabalhou em jornada extraordinária, pelo que tem direito ao pagamento de todas as horas trabalhadas além da 8ª hora diária e, de forma não cumulativa, da 44ª semanal, a serem calculadas na forma da OJ 397 da SDI 1 do TST. Divisor 220, consoante os dias e horários acima fixados. Adicional de 50%.

Também faz jus ao recebimento como extraordinário da hora relativa ao intervalo intrajornada não usufruído (1h por dia trabalhado), nos termos do art. 71, § 4º, da CLT e Súmula nº 437 do TST.

Page 11: Modelo de Petição GARÇON

Pelo labor prestado em período noturno, o autor tem direito ao respectivo adicional, no importe de 20%, observada, ainda, a redução da hora noturna.

Indevidas as horas trabalhadas domingos e feriados, ante a folga compensatória, já que o Autor laborava dia sim, dia não.

O autor não possui direito ao pagamento do intervalo do artigo 384 da CLT, por ser do sexo masculino.

Não havia desrespeito ao intervalo do art. 66 da CLT, já que o trabalho se dava em dias alternados.

Ante a natureza salarial das referidas parcelas, são devidas com reflexos em aviso prévio indenizado (observada a Lei 12.506/2011), gratificações natalinas, e férias com 1/3. Exceto sobre os reflexos em férias com 1/3 incide o FGTS em 8% e sobre este a multa de 40%, ante a dispensa sem justa causa.

5. Verbas rescisórias e multa do artigo 477 da CLT

Considerando o vínculo em questão acima reconhecido, a partir de 01-09-2009, bem como ter ficado incontroversa a data da dispensa sem justa causa em 27-10-2012, o autor tem direito ao pagamento:

1. Saldo de salário de 27 dias;2. das férias dos períodos 2009/2010 e 2010/2011 com 1/3 e em

dobro, 2011/2012 com 1/3, de forma simples, e 2/12 das férias com 1/3 do período 2012/2013;

3. da gratificação natalina: 4/12 de 2009; integral de 2010 e 2011 e 11/12 de 2012;

4. do aviso prévio indenizado de 39 dias, conforme Lei 12.506/2011, e respectivos reflexos destes em férias e gratificação natalina;

5. FGTS em 8% sobre saldo de salário, gratificações natalinas, aviso prévio indenizado e reflexos deste sobre aquela;

6. multa de 40% sobre o salto apurado na letra “d”, acima;7. multa do artigo 477, §8º da CLT, em valor equivalente à última

remuneração do autor, vez que o réu assumiu o risco de não pagar as verbas rescisórias dentro do prazo legal;

Deve ser observada a remuneração do autor acrescida das gorjetas e horas extras, intervalos e adicional noturno habituais acima deferidos e deduzido o valor

Page 12: Modelo de Petição GARÇON

de R$ 2.705,00 (dois mil setecentos e cinco reais) pagos ao autor na rescisão (fl. 23).

Acolho em parte os pedidos 10, 12, 16 e 18, nestes termos.

6. Vale-transporte.Incontroversa a necessidade de vales-

transportes para o deslocamento do autor de sua casa para o trabalho e vice-versa, bem como a falta de pagamento dos aludidos vales ao autor por todo o período de vínculo empregatício reconhecido, razão pela qual condeno o réu ao reembolso respectivo, de forma indenizada, observada a dedução de 6% do salário fixo do autor (artigo 4º, parágrafo único, Lei 7.418/1985).

Acolho em parte o pedido 13 da inicial (fl. 14)

7.Vale alimentaçãoNão há, em princípio, obrigação de o

empregador pagar ao empregado a parcela em questão. Por outro lado, não houve por parte do autor sequer embasamento jurídico para o pedido em referência.

Por conseqüência, rejeito.

8. Salário famíliaEm momento algum o autor sequer

alegou, tampouco comprovou ter filhos menores de 14 anos, requisito este necessário para a configuração do direito ao benefício legal em comento, conforme artigo 2º da Lei 4.266/1963.

Assim, rejeito o pedido 17 (fl. 14).

7. Indenização por dano existencial – jornada excessiva

Rejeito a pretensão, eis que o Autor laborava em dias alternados, conforme esclareceu a testemunha por ele arrolada.

8. Multa do artigo 467 da CLTIncabível a multa em questão, ante a

inexistência de verbas incontroversas na presente demanda.

Page 13: Modelo de Petição GARÇON

9. Expedição de ofícios à DRT, MPT, CEF, INSS e Receita Federal

Ante os fatos apurados, expeçam-se ofícios à Polícia Civil e ao Ministério Público Estadual, com cópia integral dos autos, inclusive com cópia dos arquivos de vídeo da audiência de instrução.

10. Justiça GratuitaConcede-se ao Autor os benefícios da

Justiça Gratuita, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, e Lei 1.060/1950, pois declarou não possuir os meios necessários para custear o processo sem prejuízo próprio e de sua família (fl. 16).

11. Honorários advocatíciosIndevidos honorários advocatícios, pois o

Autor não está assistido por Sindicato de classe, sendo inaplicável o princípio da sucumbência ao processo do trabalho.

12. Imposto de renda e contribuição previdenciária

Modificando entendimento anterior, sobretudo em razão do entendimento atual do TRT da 9ª Região, determino que a incidência do imposto de renda se dê sobre o salário contribuição de cada competência (mês a mês), observando-se o disposto no art. 12-A da Lei 7.713/1988, com a redação dada pela Lei 12.350/2010.

A contribuição previdenciária, nos termos da Súmula 368 do TST, da mesma forma, deve ser calculada mês a mês, sobre as parcelas que integram o salário contribuição.

O imposto de renda deverá ser deduzido do crédito do Autor, assim como as contribuições previdenciárias devidas pelo empregado.

As contribuições previdenciárias devidas pelo empregador deverão ser quitadas pela Ré.

Os juros de mora deverão ser excluídos do cálculo do imposto de renda, conforme o atual entendimento sufragado pelo TST.

Prejudicada a pretensão de indenização relativa ao imposto de renda (item “k” do rol de pedidos da petição inicial - fl. 10), tendo em vista a adoção do critério de competência.

Page 14: Modelo de Petição GARÇON

13. Fator de atualização e juros de mora

As verbas salariais devem ser atualizadas com os fatores do mês seguinte ao de referência, pois, conforme art. 459, p. único, da CLT, é quando se tornam exigíveis; as indenizatórias, por sua vez, devem ser atualizadas com os fatores do próprio mês de referência.

A correção monetária deve incidir a partir da exigibilidade da parcela. Os juros moratórios incidem a partir do ajuizamento da ação, no importe de 1% ao mês de forma simples (Lei n.º 8.177/91).

III - DISPOSITIVOPOSTO ISSO, ACOLHO EM PARTE o

pedido para, nos termos da fundamentação que integra este dispositivo, condenar YUKO NAKAGIRI a pagar a CESAR DOS SANTOS SOUZA as parcelas indicadas na fundamentação.

Liquidação por cálculos.Juros de mora e correção monetária na

forma da lei, observando-se os fatores de atualização monetária previstos na tabela expedida pela Assessoria Econômica do E. TRT, devendo ser utilizado o fator de atualização monetária conforme fundamentação.

Recolham-se a contribuição previdenciária e o imposto de renda, na forma da fundamentação.

Custas pela Ré, no importe de R$ 400,00, calculadas sobre o valor da condenação, provisoriamente arbitrado em R$ 20.000,00, sujeitas a complementação.

Cumpra-se no prazo legal.Oficie-se a Fazenda Nacional.INTIMEM-SE, eis que os prazos processuais

estão suspensos nesta Vara até 14/08/2013.Nada mais.Curitiba, 12 de agosto de 2013.

Eduardo Milléo BaracatJuiz Titular

PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHO

Page 15: Modelo de Petição GARÇON

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Bruno Losada Albuquerque LopesAvenida Presidente Antônio Carlos, 251 10º andar - Gab.27Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJPROCESSO: 0000767-27.2010.5.01.0069 - ROAcórdão5a TurmaRecurso do reclamante. VÍNCULO DE EMPREGO. GARÇOM EM EVENTOS. Considerando que o autor tinha autonomia para recusar os chamados da ré, somente participando dos eventos quando lhe restava tempo livre para tanto, tem-se a eventualidade da prestação do serviço e a ausência de subordinação jurídica capaz de configurar o pretendido vínculo empregatício. Recurso improvido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário em que são partes: RODOLFO DE OLIVEIRA, como recorrente, e ELIANE DE FÁTIMA DE MEDEIROS CESAR E OUTROS, como recorridos.Insurge-se o reclamante contra a decisão proferida pela 69ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, da lavra da juíza Adriana Malheiro Rocha de Lima, que julgou IMPROCEDENTES as pretensões deduzidas na inicial. (fls. 104/105-v).O reclamante, RODOLFO DE OLIVEIRA, apresenta suas razões de inconformismo, às fls. 107/110, destacando que os serviços realizados inseriam-se na atividade-fim dos réus, na medida em que organizavam eventos, fornecendo equipamentos e alimentos, bem como serviços de garçom, obtendo, portanto, resultado financeiro com o trabalho por ele desempenhado. Contrarrazões dos reclamados, às fls. 113/115, pela manutenção da sentença.Os autos não foram remetidos à douta Procuradoria do Trabalho, por não ser hipótese de intervenção legal (Lei Complementar n. 75/1993) e/ ou das situações arroladas no ofício PRT/1º Região nº 27/08-GAB, de 15/01/2008, ressalvando o direito de futura manifestação, caso entenda necessário.É o relatório.V O T O ADMISSIBILIDADEPor preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do recurso ordinário.203807 1 PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Bruno Losada Albuquerque LopesAvenida Presidente Antônio Carlos, 251 10º andar - Gab.27Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJPROCESSO: 0000767-27.2010.5.01.0069 - ROMÉRITODo vínculo de empregoAduz o reclamante, na petição inicial, que foi admitido aos serviços da primeira reclamada, em 07 de maio de 2005, na função de garçom, com salário

Page 16: Modelo de Petição GARÇON

inicial de R$70,00 por dia laborado, elevado para R$80,00 a partir de 01/05/2006 e para R$90,00 a partir de 01/05/2007, mantido até o término do contrato, ocorrido em 22/12/2009. Informa que não teve sua CTPS anotada, bem como pagos os valores decorrentes do vínculo de emprego, tais como férias, 13º salários, repouso semanal remunerado, dentre outros. Em defesa, a primeira reclamada nega a existência de vínculo de emprego, informando que ela própria, como pessoa física, desenvolve a consultoria gastronômica, de forma autônoma, na qualidade de “chef em gastronomia”.Destaca que, quando era contratada, valia-se dos serviços eventuais de garçons, auxiliares de cozinha e cozinheiros, contratados especial e exclusivamente para cada evento. Informa, inclusive, que o autor somente aceitava o convite nas ocasiões em que tinha folga de seu trabalho habitual, junto à Churrascaria Santos Anjos Ltda. Inicialmente, há que se consignar que, empregador, segundo a dicção do art. 2º da CLT, é todo aquele que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço, independente de se tratar de pessoa individual ou coletiva.A primeira reclamada, pelo que informa na defesa, exercia atividade econômica e se valia da prestação de serviços de terceiros contratados, a fim de desenvolver a sua atividade. Pois bem. O autor informa que lhe prestou serviços, na qualidade de empregado, e a reclamada nega a existência do vínculo, mas admite que, efetivamente, utilizava-se dos serviços do reclamante, quando necessário.Em razão disso, tem-se a inversão do ônus da prova, cabendo-lhe demonstrar que a relação havida era outra que não a de emprego, conforme se depreende da exegese da Súmula 212 do C. TST.Vejamos o que se tem dos autos.Em depoimento pessoal, o reclamante disse que:(...) ficou combinado a trabalharia no evento e quando tudo desmontado, recebia; que de janeiro a setembro, trabalhava no mínimo em 4 eventos da ré por semana, mas de outubro até o fim do ano, trabalhava em todos 203807 2 PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Bruno Losada Albuquerque LopesAvenida Presidente Antônio Carlos, 251 10º andar - Gab.27Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJPROCESSO: 0000767-27.2010.5.01.0069 - ROos dias da semana; que um evento dura 6 horas; que começou a trabalhar em maio de 2005; que quando não era chamado para trabalhar, às vezes ia para outro buffet; que quando perguntado para qual, o depoente disse “inúmeros”; (...) que no período de 15/06/2008 a 28/08/2008, em que foi empregado do Bistrô Pontal (fls. 18), fez pouco trabalho para as rés porque seu tempo livre era pela manhã; (...) que afirmou que não trabalhou para a Churrascaria Santos Anjos de 2005 a 2009 porque neste local é só pelo período do Carnaval, em que pese o documento aponte esta data; que era quase exclusivo da ré, que já lhe passava para quais eventos contava

Page 17: Modelo de Petição GARÇON

com ele para trabalhar; (...) (fls. 97)Os réus informaram que:(...) quem fecha um buffet com o 2º réu contrata seus serviços porque faz parte do pacote; que também tem esta mesma parceria com a Mansão da Colina; que o 2º réu não tem empregados garçons; (...) que fechado cada evento ligava-se para o garçom para confirmar sua participação; que tem um staff em torno de 50 contatos de garçons; que de janeiro a setembro tem em média um evento por semana, sendo que nem mesmo isto acontece em janeiro e fevereiro; (...) que a diária do garçom é de R$80,00; que se o reclamante pudesse ia nos 4 eventos mensais ou poderia ir em até menos eventos; que um evento dura 5 horas, levando em torno de 1h para ser desmontado; que não tem garçom como empregado; (...) que a depoente é que colocava o valor da diária no envelope e a coordenadora do evento e que os entregava ao pessoal; (...) que é a coordenadora do dia quem controla os garçons. (fls. 98)(...) que mantém contrato de prestação de serviços por escrito com a 1ª ré; que normalmente, fechado o pacote, o buffet para o serviço do evento é o da 1ª ré; (...) que não tem nenhum empregado garçom; que em janeiro tem em média 6 eventos mensais; que em fevereiro normalmente não há nenhum e que numa média anual, considerando os meses fracos, consegue ter 6 eventos mensais; que pelo contrato de prestação de serviços que firmou com a 1ª ré é de sua responsabilidade trazer o buffet com os garçons; que a coordenadora do evento normalmente é da empresa; (...) que não se preocupa em manter o controle dos garçons porque o serviço da 1ª ré é de bastante qualidade e nunca lhe deu problema; (...) (fls. 99)As testemunhas, trazidas pelo reclamante e pela primeira 203807 3 PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Bruno Losada Albuquerque LopesAvenida Presidente Antônio Carlos, 251 10º andar - Gab.27Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJPROCESSO: 0000767-27.2010.5.01.0069 - ROreclamada, assim esclareceram a questão:(...) que conheceu o reclamante, que trabalhava como garçom, num buffet próximo a sua casa, e trabalhou um único dia neste local, não sabendo dizer se o reclamante permaneceu trabalhando neste buffet; que foi o reclamante que indicou o depoente para trabalhar como garçom na 1ª ré e que em julho de 2008 começou a trabalhar com CTPS assinada como vigilante, em 12x36h, e por isto, somente trabalhava para a 1ª reclamada quando dava; que ao longo do mês trabalhava em 8 eventos, fazendo eventos sexta e

Page 18: Modelo de Petição GARÇON

domingo e dependendo da escala, na semana seguinte, somente no sábado e que trabalhou em alguns eventos às terças-feiras; que recebia por evento trabalhado, inclusive o reclamante; que o reclamante trabalhou em todos os eventos dos quais participou o depoente; que eram 6 horas de evento (...) ; (...) que nunca recusou serviço, não sabendo dizer o que acontecia se alguém recusasse; (fls. 100)(...) que é empregada da ré há 10 anos, na função de coordenadora de eventos; que é responsável pela decoração das mesas de doces em todos os eventos e faz a escala de garçons de todos os eventos; que quem fecha contrato com o 2º réu contrata o buffet do 1º, porque faz parte do pacote; que a 1ª ré é responsável por também levar os garçons; que a 1ª ré não tem garçons com CTPS assinada; (...) que liga para o garçom para saber se ele pode trabalhar no evento; que o reclamante estava no rol de garçons contactados esporadicamente; que tem um staff de contatos de garçons de 10 a 20 e que o reclamante estava neste núcleo de contatos; que sábado e domingo sempre há eventos, em média um; que, em média, cada evento demanda de 5 a 10 garçons; que o garçom que trabalhava no sábado também pode trabalhar no domingo e a diária é de R$80,00; que a 1ª ré documenta o valor e o dia trabalhado pelo garçom; (...) que, salvo engano, o reclamante foi contactado para festa em torno de 2 anos, não se recordando de datas; que o reclamante tinha pouca frequência, mas a frequência que ele teve foi documentada; que a ré perguntou se o reclamante alguma vez apresentou justificativa de estar ocupado em outro eventos para negar o serviço, e disse a depoente que várias vezes; que é a depoente que comanda os garçons nas festas e o pagamento era feito após o fim do evento; (...) que não havia contrato de prestação de serviços com os garçons, tendo apenas o contato dele; (...) (fls. 101)203807 4 PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Bruno Losada Albuquerque LopesAvenida Presidente Antônio Carlos, 251 10º andar - Gab.27Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJPROCESSO: 0000767-27.2010.5.01.0069 - ROInicialmente, dos elementos probatórios, verifica-se que, a despeito de haver informação do autor, no sentido de que o trabalho era realizado em quase todos os dias da semana, não há como reconhecer a veracidade das alegações, considerando que, por linhas transversas, disse que não era convocado a participar de todos os eventos, na medida em que trabalhava em inúmeros outros buffets quando não era chamado pela ré. Além disso, também há registrado em seu depoimento a autonomia do trabalho. Note-se que alegou que no período de 15/06/2008 a 28/08/2009 fez

Page 19: Modelo de Petição GARÇON

pouco trabalho para as rés porque seu tempo livre era pela manhã. Daí se conclui que, mesmo sendo convocado pela primeira reclamada, poderia recusar o serviço, estando, portanto, a decisão de comparecer ou não aos eventos promovidos a cargo do interessado, no caso, o reclamante. O juízo de primeiro grau concluiu pela inexistência do vínculo de emprego e declarou a eventualidade da prestação de serviços, e destacou:A prova testemunhal (Sra. Sandra) foi categórica de que telefonava para os graçons, e, cabia a estes aceitarem o serviço. Ou seja, vale a repetição de que esta dinâmica de trabalho na qual o contratante depende do aceite do contratado não se caracteriza hipótese de subordinação jurídica. E, a incerteza do chamado, também não caracteriza habitualidade. (fls. 105)Assim, a despeito de, efetivamente, considerando a natureza dos serviços prestados na reclamada - serviços de bufê, a função de garçom estar ligada à atividade-fim da empresa, certo é que, no caso do autor, restou comprovado que o trabalho desenvolvido era autônomo, na medida em que inexistente a subordinação jurídica capaz de configurar vínculo de emprego.Conforme leciona o Professor Maurício Godinho, in Curso do Direito do Trabalho:(...) A subordinação classifica-se, inquestionavelmente, como um fenômeno jurídico, derivado do contrato estabelecido entre trabalhador e tomador de serviços, pelo qual o primeiro acolhe o direcionamento objetivo do segundo sobre a forma de efetuação da prestação do trabalho. A natureza jurídica do fenômeno da subordinação é hoje, portanto, entendimento hegemônico entre os estudiosos do direito do Trabalho. A subordinação que deriva do contrato de trabalho é de caráter jurídico, ainda que tendo por suporte o fundamento originário a assimetria social característica da moderna sociedade capitalista.203807 5 PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Bruno Losada Albuquerque LopesAvenida Presidente Antônio Carlos, 251 10º andar - Gab.27Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJPROCESSO: 0000767-27.2010.5.01.0069 - ROIn casu, o autor tinha autonomia para recusar os chamados da ré, tanto é assim que quando havia o contato telefônico era perguntado se poderia ou não participar do evento e, como acima destacado, somente participava quando lhe restava tempo livre para aquele trabalho.Portanto, ainda que existente o trabalho pessoal e remunerado, comprovada nos autos a eventualidade do labor, bem como a ausência da necessária subordinação que faz configurar a relação de trabalho entre as partes.Nego, pois, provimento, restando prejudicadas as demais matérias recursais. A C O R D A M os componentes da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e NEGAR-LHE provimento, nos termos do voto do desembargador relator. Rio de Janeiro, 9 de Abril de 2013.Desembargador Federal do Trabalho Bruno Losada Albuquerque Lopes

Page 20: Modelo de Petição GARÇON

Relator203807 6

RECORRENTE: W S R MARTINS.Advogados: Dr. Antônio Cândido Barra Monteiro de Brito e outros.

RECORRIDO: JONIBERTO MELO NASCIMENTO.Advogados: Drª. Anna Faride Hage Karam Giordano e outros.

RELAÇÃO DE EMPREGO. GARÇOM. FINALIDADE DO EMPREENDIMENTO. TRABALHO NÃO EVENTUAL. A dimensão do empreendimento econômico, sua finalidade, a permitir fazer-se a inserção da atividade exercida pelo Recorrido nos fins empresariais, em um caráter de normalidade, suscitam relevante óbice ao acolhimento da tese da Recorrente quanto a se tratar de simples trabalhador autônomo. Ainda que a atividade não fosse diária, mas habitual, em atendimento a necessidades regulares ante a natureza do cometimento empresarial.

1. RELATÓRIO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso ordinário oriundos da 10ª Vara do Trabalho de Belém (PA), em que são partes a Recorrente e o Recorrido acima especificados.

O MM. Juízo de origem, em Sentença proferida às fls. 249/266, decidiu rejeitar as preliminares de inépcia da inicial, de impugnação ao valor da causa, impugnação aos cálculos, impugnação aos documentos juntados pelo Reclamante, rejeitar, ainda a prejudicial de mérito de prescrição, para condenar e obrigar parcialmente a Reclamada a pagar e a fazer ao Reclamante o seguinte: reconhecer relação de emprego no período de 01/02/2004 a 30/08/2007, devendo a empresa cinco dias após ser intimada para tal, proceder a retificação da data de dispensa na CTPS para a data de 30/08/2007, a função de garçom a partir de maio/2004 e com salário mensal a partir de maio/2004 para R$-650,00, sob pena de multa de R$-5.000,00; 13º salário R$-2.417,78; FGTS sobre 13º salário R$-193,04; férias + 1/3 R$-

Page 21: Modelo de Petição GARÇON

4.951,83; FGTS sobre férias + 1/3 R$-396,14; FGTS R$-2.235,42; incidência de FGTS R$-589,57; principal Corrigido R$-7.369,61. Calculou o valor bruto devido ao Reclamante: R$-13.522,86; FGTS (8%) + Reflexos - Pago R$-3.414,17; juros de mora sobre Principal R$-1.871,88; INSS devido pelo Reclamante R$-172,04; Juros de Mora sobre FGTS R$-867,20; bruto devido ao Reclamante R$-13.522,86; líquido devido ao Reclamante R$-13.350,82; INSS segurado R$-172,04; INSS devido pelo Reclamado R$-18.488,93; INSS Empresa R$-23,00 R$-517,28; INSS Pacto R$-8.163,46; INSS encargo R$-9.808,19; outros débitos R$-18.488,93; total devido ao INSS R$-18.660,97; total Parcial 32.011,79. Custas pelo Reclamado R$-488,18; total devido pelo Reclamado (1+2+3+4) R$-32.499,97. Julgou improcedentes os demais pedidos. Atribuiu custas pela empresa no importe de R$-488,18, sobre o valor da condenação de R$-32.011,79.

Recorre a Reclamada, às fls. 292/317. Impugna a r. Sentença quanto ao afastamento da prescrição bienal e quinquenal, esta relativa aos encargos previdenciários; ao reconhecimento da relação de emprego; à aplicação da multa por embargos declaratórios e à incidência previdenciária por todo o pacto. Pede a exclusão da condenação dos juros e multa sobre o INSS, arguindo que o fato gerador da obrigação tributária (INSS) seria o do pagamento dos créditos ao Reclamante. Sobre os cálculos previdenciários alega que foram gerados em duplicidade. Impugna ainda, a condenação à multa pela não retificação da CTPS, postulando, alternativamente, a redução de seu valor.

Há contrarrazões às fls. 324/342.

Os presentes autos não foram encaminhados ao Ministério Público do Trabalho, por não se enquadrar o presente caso nas hipóteses do art. 103, do Regimento Interno deste Tribunal.

2. FUNDAMENTAÇÃO.

2.1. CONHECIMENTO.

Conheço do recurso porque atendidos os pressupostos de admissibilidade: é adequado, tempestivo, está subscrito por advogado habilitado nos autos (fls. 59/60) cujo preparo foi efetuado às fls. 318/319.

2.2. OBJETO DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.

2.2.1. Afastamento da prescrição bienal.

A Recorrente suscita a prescrição bienal ou quinquenal e para tal diz que tendo o Reclamante trabalhado no período de 01.02.2004 a 08.05.2004, resta fulminado todo e qualquer direito.

Por outro lado, lembra ter arguido também a prescrição quinquenal a atingir direito anterior a 01.10.2004, pois, a presente reclamação foi ajuizada em 01.10.2009.

Page 22: Modelo de Petição GARÇON

Acrescenta que, diferentemente do entendimento do Juízo de Primeiro Grau, este, ao reconhecer relação de emprego a partir de fevereiro de 2004 e proceder retificação na CTPS do obreiro na função de garçom, a partir de maio de 2004, até 30/08/2007, a prescrição quinquenal deve ser aplicada sob pena de violação à Súmula 308 do Col. TST.

Expõe que o ajuizamento de demanda interrompe o prazo prescricional para aplicação da prescrição bienal. No caso em tela, em sua versão, ao ingressar com a presente ação, o Recorrido já havia anteriormente intentado outra ação, vindo, na audiência inaugural, a requerer a desistência do feito, conforme documento, de modo que afastado estaria, tão somente, o risco da prescrição bienal em relação aos pedidos contidos naquela primeira ação, iniciando-se novo biênio a partir da extinção do processo sem julgamento do mérito, pela desistência, mas a prescrição quinquenal deveria ser contada a partir da nova ação.

Argumenta que isto é o que prescreve a Súmula 268 do Col. TST e assim, contando-se o quinquênio imediatamente anterior ao ajuizamento da nova ação, o Recorrido só pode pleitear créditos a partir de 30/09/2004.

A Recorrente assevera então que, ato contínuo, deveriam ser excluídas férias, gratificações natalinas, dentre outros pedidos. E inclusive, conforme alega, tal fora objeto de embargos de declaração, eis que, na primeira planilha de cálculos, fora levado em consideração período anterior ao comando da sentença que reconhece a relação de emprego como garçom a partir de abril de 2004.

Diz que nas planilhas os cálculos se fazem a partir de fevereiro de 2004 a incluir, deste modo, parcelas pagas e o cálculo abate o valor, mas considera salário de R$-650,00, em flagrante equívoco, pois, a decisão é cristalina no sentido de determinar o salário a partir de abril de 2004.

Por fim, aduz que se verifica tal situação em todas as verbas (férias, 13º salário e FGTS) e que o Recorrido “pedira demissão” daquele contrato em que trabalhou como recepcionista e percebeu seus haveres a contento, consoante TRCT anexado aos autos e está devidamente recolhido o FGTS de todo o período.

Primeiramente, quanto a não haver prescrição a ser declarada face a ação anteriormente proposta pelo Recorrido, este relator já se posicionou de modo a entender que somente a prescrição bienal estaria afastada. No entanto, ante entendimento desta E. Primeira Turma, revejo tal posicionamento primitivo e concluo por não ter razão a Recorrente.

Não há mesmo, assim agora entendo, como não se estender os efeitos interruptivos da prescrição à sua modalidade quinquenal. Não há como se estabelecer tal diferenciação que não está prevista no ordenamento. O teor da Súmula 268 do Col. TST não autoriza, “data venia”, a interpretação defendida pela

Page 23: Modelo de Petição GARÇON

Recorrente.

Quanto aos demais aspectos relacionados com os cálculos que estariam exorbitando do comando sentencial, não vejo como possa prosperar o inconformismo.

A Recorrente reitera, pura e simplesmente, razões expostas em seus embargos de declaração. Verifico a planilha de cálculos e não constato os desacertos arguidos, conforme já refutado na r. sentença de embargos de declaração.

Nada a prover. 2.2.2. Prescrição quinquenal relativa aos encargos

previdenciários.

Quanto aos encargos previdenciários, diz a Recorrente que se teria operado a prescrição. No seu entender, embora exista norma legal estabelecendo o prazo de dez anos para o órgão arrecadador apurar e constituir seus créditos e outros dez anos para a cobrança destes mesmos créditos, nos termos dos artigos 45 e 46 da lei ordinária 8.212/91, tal prazo seria inaplicável, por inconstitucionalidade do dispositivo legal citado, já que, ainda no entender da Recorrente, somente a lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência tributária, nos termos do artigo 146, III da Constituição Federal de 1988.

Analiso.

Em verdade, a inconstitucionalidade dos referidos dispositivos legais já foi declarada pelo Excelso STF, que editou a Súmula Vinculante nº 08, de 20/06/08, tendo os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, inclusive, sido revogados pela Lei Complementar nº 128, de 19/12/08.

Contudo, consoante precedente desta E. Turma (Acórdão TRT 8ª – 1ª T / ED-RO 01416-2007-012-08-00-6), da lavra do Des. Marcus Losada, o prazo prescricional e decadencial para a cobrança das contribuições previdenciárias, em casos de reconhecimento do vínculo empregatício, começa a fluir somente a partir de seu reconhecimento e, portanto, apenas com o trânsito em julgado da decisão.

Em sendo assim, nego provimento.

2.2.3. Reconhecimento da relação de emprego.

A empresa Recorrente manifesta sua irresignação com a r. sentença que reconheceu vínculo empregatício com o Recorrido, na função de garçom, por período sem registro em carteira.

Diz a Recorrente que o Recorrido fora contratado como recepcionista, não garçom, em 01.02.2004, no restaurante que oferece “buffet” por peso, a funcionar somente na hora de

Page 24: Modelo de Petição GARÇON

almoço.

Refere-se ao desate laboral motivado pelo trabalhador, através de pedido de demissão aceito e quitado.

Aduz que, a partir de maio de 2005 prestou serviços esporádicos em ocasiões em que o corpo de garçons não dava conta do serviço e que o salário jamais poderia ser aquele típico do trabalhador autônomo, com característica eventual e autônoma dos serviços prestados.

A Empresa se reporta também a inúmeros documentos a demonstrar que se tratava de garçom autônomo a oferecer serviços a inúmeras casas de recepções, a fazer serviços próprios em casas de particulares por ocasião de aniversários, festas, churrascos, fato reconhecido a quando da manifestação sobre os documentos e que estão suscitados na ata de audiência.

Creio oportuno transcrever os fundamentos do MM. Juízo de Primeiro Grau:

Diz o reclamante que começou a trabalhar como garçom em05/11/2003 até 30/08/2007, porém sua CTPS só foi anotada no período de 01/02/2004 a 08/05/2004 e ainda na função derecepcionista.A reclamada informa que conforme a demanda, lança mão em contratar garçons eventuais, conhecidos como extras, para finais de semana, pois oferece seus serviços a inúmeras casas de eventos, clubes, buffets da cidade, festas particulares, dentre outros, portanto não há relação de emprego.Ao ser interrogado, relatou o reclamante que após a baixa na CTPS continuou trabalhando como garçom extra, quatro a cinco vezes por semana, sendo chamado por telefone assim que clientes contratavam a reclamada para eventos em diversos estabelecimentos, recebendo 25 por evento de café da manhã, 30 almoço e 35 para jantares.Disse ainda que havia uma escala e quando não estava trabalhando para a reclamada, trabalhava para terceiros, mas diante do vínculo que tinha com a empresa, dava a preferência a mesma. Ao final relatou que recebia de 600 a 700 reais por mês e deixou o emprego, pois arranjou outro.A proprietária da empresa relatou (verso de folhas 246) que o reclamante passou a lhe prestar serviços eventuais a partir do segundo semestre de 2005, como garçom, que sua atividade fim é o ramo de restaurantes, sendo que chamava esporadicamente o autor, acreditando que a última vez foi no início de 2007.Disse ainda que jamais ligam para os garçons extras, mas sim eles é que ligam em busca de trabalho e não tem garçomempregado exclusivamente para trabalhar em eventos.A tese da empresa não vinga.A testemunha patronal (fl. 247), disse tudo ao

Page 25: Modelo de Petição GARÇON

contrário da proprietária: que existe uma escala uma semana antes do evento; que algumas vezes ligam para os garçons extras; que a empresa possui um departamento de eventos, inclusive é gerente do mesmo junto com outros e finalmente que a empresa possui funcionários escalados exclusivamente para os eventos.Vê-se que se trata de atividade permanente e lucrativa da reclamada.Ainda, a testemunha não soube informar quando o reclamante começou como garçom.A testemunha arrolada pelo reclamante trabalhou como garçom de 08/2002 a 06/2007, tendo trabalhado junto com o mesmo em diversos eventos, sendo que eram chamados pelos chefes desses eventos.Já apreciei a matéria na qualidade de juiz convocado ao segundo grau, nos autos do Processo 1243/2008 e lá como aqui a situação é a mesma e me permite repetir.Convém ressaltar que para a caracterização da relação de emprego, o elemento exclusividade não é essencial, bastando que as atividades desenvolvidas não sejam concomitantes.Além disso, diante da escassez de emprego e a baixa remuneração dos trabalhadores brasileiros, especialmente os que labutam na região Norte, é vital que o trabalhador para seu sustento pessoal e familiar, acabe desempenhando diversas tarefas, como medida de sobrevivência.Fora das hipóteses da negociação habitual e do ato de concorrência, prejudiciais ao empregador, não há na nossa legislação trabalhista nada que diga respeito à proibição de o empregado prestar serviços a outra empresa:

“Logo, é permitido ao empregado ter mais de um emprego, ou mesmo exercer, nas horas de folga de um dado emprego, uma atividade por conta própria, o que é até normal hoje em dia, quando os baixos salários obrigam o empregado a buscar outras fontes de rendimentos. Essas atividades, desde que não concorram com a do empregador, nem importem prejuízo ao serviço, não constituem justa causa” (in A Justa Causa no Direito do Trabalho, Domingos Sávio Zainaghi, 2º Edição, Malheiros Editores, pág. 79).

Assim, o empregado pode manter outro contrato de trabalho, como se depreende do artigo 138 da Consolidação das Leis do Trabalho: “Artigo 138. Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele”.A exclusividade não é requisito para a caracterização do contrato de trabalho, conforme preleciona Sérgio Pinto Martins:

“É lícito ao empregado ter mais de um emprego, pois não há proibição na lei. Aquilo que não é proibido é permitido. O fato de o empregado ter mais de um emprego não será motivo para caracterização da falta de negociação habitual. É comum um empregado exercer certa atividade durante o dia e à noite exercer atividade de professor. Se não há relação entre as atividades, não se pode falar em justa causa. O empregado só estará proibido de exercer outra

Page 26: Modelo de Petição GARÇON

atividade se assim for estabelecido no contrato de trabalho, hipótese em que o empregador exigirá exclusividade na prestação de serviço do trabalhador”. (“in” Justa Causa, Sérgio Pinto Martins, Editora Atlas, 2005, pág. 76)

Feita esta distinção, vejamos o que foi colhido nos autos.Pelo conjunto probatório se extrai que a empresa mantém um departamento de eventos (inclusive com propaganda em seu site na internet), ocorrendo vários eventos por semana, havendo aumento de demanda em épocas festivas; assim contratavam garçons extras, que executavam os mesmos serviços e tarefas dos garçons constantes em seu quadro funcional.A questão da eventualidade, entendo que a mesma não é temporal, mas sim atinente aos fins da empresa, que como consta em seu site tem departamento próprio para eventos e com funcionários exclusivos para esse fim, como relatou a testemunha.Tanto que assim conta em seu site (http://www.pommedor.com.br/interna.php?ACAO=eventos):

A divisão de Eventos e Recepções do Pomme D’Or, através da melhor equipe de profissionais do mercado, oferece aos seus clientes dois excelentes locais, para a realização de todos os tipos de eventos. Também organiza, planeja e realiza, aqueles programados para qualquer local externo, como centros de convenções, clubes,autarquias, empresas e residências.

Eventual e autônomo é um garçom, por exemplo, que é chamado para trabalhar em um batizado de uma criança de determinada família, prestando o labor em poucas horas e após recebe a diária, sendo que a família contratante não explora o ramo de restaurantes e de eventos.Outra situação bem diferente é acionar um garçom várias vezes por semana, durante mais de quatro anos, justamente para laborar em sua atividade fim, lucrativa e integrante do seu rol de serviços aos clientes.Dispõe o artigo 3° da CLT que "Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário".Assim, nos termos do dispositivo supracitado, identifica-se como empregado, ou seja, sujeito de uma relação de trabalho subordinada, protegida pelo Direito do Trabalho, todo aquele que laborar preenchendo os requisitos do citado dispositivo, quais sejam: pessoalidade na prestação dos serviços, não-eventualidade, subordinação e remuneração.Contudo, dentre esses requisitos há um que se evidencia como traço diferenciador dos demais tipos de contratos. Odoutrinador Maurício Godinho Delgado, na obra Curso de Direito do Trabalho, 5ª ed., São Paulo: Ed. Ltr, 2006, página 301, discorre a esse respeito:

Não obstante a relação de emprego resulte da síntese indissolúvel dos cinco elementos fático-jurídicos que a compõem, será a subordinação, entre

Page 27: Modelo de Petição GARÇON

todos esses elementos, o que ganha maior proeminência na conformação do tipo legal da relação empregatícia. De fato, a subordinação é que marcou a diferença específica da relação de emprego perante as tradicionais modalidades de relação de produção que já foram hegemônicas na história dos sistemas socioeconômicos ocidentais (servidão e escravidão). Será também a subordinação o elemento principal de diferenciação entre a relação de emprego e o segundo grupo mais relevante de fórmulas de contratação de prestação de trabalho no mundo contemporâneo (as diversas modalidades de trabalho autônomo).

Assim, a subordinação jurídica tem sido destacada na doutrina e jurisprudência trabalhista como o principal elemento de distinção entre trabalho autônomo e o celetizado. No contrato de trabalho, a subordinação jurídica está relacionada ao poder de direção, comando, controle e aplicação de penalidade pelo empregador.Ensina Délio Maranhão, na obra Instituições de Direito do Trabalho, volume 1, 21ª edição, São Paulo: Ed. Ltr, 2003,página 243, que "a situação de subordinação é fonte de direitos e deveres para ambos os contratantes". Acrescenta ainda: (...) Seja qual for a forma do trabalho subordinado, encontram-se, mais ou menos rigorosamente, exercidos de fato, mas sempre, potencialmente,existentes, os seguintes direitos do empregador: a) de direção e de comando, cabendo-lhe determinar as condições para a utilização e aplicação concreta da força de trabalho do empregado, nos limites do contrato; b) de controle, que é o de verificar o exato cumprimento da prestação de trabalho; c) de aplicar penas disciplinares, em caso de inadimplemento de obrigação contratual.No presente caso, resta evidenciado que o autor laborou por longos anos, pouco importando se nos dias de folga ou quando não era chamado pela empresa, prestava serviços a terceiros.Informa-se que eventual seria o trabalhador contratado para a realização de tarefas não incluídas no rol das atividades fins (normais) da empresa, de modo esporádico ou de duração estreita.Há de se adotada no presente caso, a denominada "teoria da descontinuidade", que se tem entendido a "descontinuidade"(vide Introdução ao Direito do Trabalho, de Maurício Godinho Delgado) como a não-permanência em uma organização com ânimo definitivo, um trabalho fracionado no tempo, de caráter esporádico e disperso, com rupturas e espaçamentos temporais significativos com respeito ao tomador de serviços examinado. Dicotômico em relação a uma das singularidades - o trato sucessivo - do contrato individual de trabalho consoante definido no art. 442 da CLT. Esta a caracterização doutrinal respaldada na teoria em epígrafe e que norteia a exegética dos pressupostos da relação de emprego.Logo, há forte indício da relação empregatícia entre ambos, estando caracterizada a subordinação, um dos requisitos do art. 3º da CLT. Ademais, em

Page 28: Modelo de Petição GARÇON

tais atividades, até por sua regulamentação legal, não se admite meros prestadores de serviço, estando aqui, também, mais um dos elementos configuradores da relação empregatícia entre as partes, a não-eventualidade na prestação dos serviços, pois inerente a atividade-fim da recorrida.Em situação similar esta Corte já apreciou a matéria:

ACÓRDÃO TRT 8ª - 1ª T/ RO 00280-2008-007-08-00-2RECORRENTE: W S R MARTINSRECORRIDO: DANIEL DO ROSÁRIO QUEIROZVÍNCULO DE EMPREGO - RECONHECIMENTO DA PRESTAÇÃO DESERVIÇOS - ÔNUS DA PROVA - RECLAMADA. Tendo a reclamada negado vínculo de emprego e reconhecido a prestação de serviços, atrai para si o ônus de provar o fato modificativo do direito alegado pelo reclamante, consoante preconiza o art. 818 da CLT. Não se desvencilhando de maneira satisfatória de tal encargo, impõe-se a manutenção da sentença que declarou a existência do vínculo empregatício. Recurso ao qual se nega provimento.

Do voto do ilustre Desembargador Relator, destaco:Não se conforma a reclamada com a decisão de primeiro grau, que reconheceu a existência de vinculo de emprego com o reclamante.Afirma, em resumo, que não estão presentes os requisitos essenciais para caracterização de vínculo empregatício entre as partes, daí porque necessária a reforma da decisão recorrida.Alega, ainda, que restou incontroverso que o reclamante só comparecia eventualmente nos eventos da reclamada por ocasião das festas, que geralmente ocorrem nos finais de semana, e que, dependendo da demanda, lança mão da contratação de eventuais profissionais conhecidos como ¿extra¿, ¿fim de semana¿, ou seja, aqueles que oferecem seus serviços a casas de eventos, clubes, buffets, festas particulares, fazendo da profissão um ¿bico¿.Por fim, salienta que restando demonstrado a natureza eventual, inexistência de subordinação, inexistência de salário, deve ser reformada a decisão recorrida.Analiso.Ora, como bem observou a decisão recorrida, a partir do momento em que a reclamada negou o vínculo de emprego, mas admitiu a relação de trabalho, dito como autônomo e eventual, atraiu para si o ônus da prova desse fato modificativo, do qual não se desincumbiu.Esclareço que a reclamada é a maior empresa de buffet de Belém, seja atendendo em seus estabelecimentos, seja em qualquer local contratado pelo cliente, sendo certo que em sua própria casa de recepção, recentemente adquirida, fato público e notório nesta cidade, não existem datas disponíveis para a realização de festas, o que me concluir que a demanda pelos serviços da reclamada é considerável, o que só confirma a necessidade da reclamada de provar a alegada eventualidade na prestação do trabalho do reclamante, pois induvidoso que a empresa precise de garçons para bem desempenhar suas atividades.Assim, dispensável que o reclamante produzisse alguma prova para confirmar a existência da relação de emprego, haja vista que o ônus, pelas razões que já apontei, era da reclamada, do qual, repito, não se desvencilhou.

Page 29: Modelo de Petição GARÇON

Mesmo que o reclamante não trabalhasse todos os dias da semana, a relação de emprego pode ser confirmada, até porque nada impede que o empregador utilize o trabalho do empregado por algumas horas ou por alguns dias, inclusive o que possibilitaria o ajuste, expresso, de remunerar as horas trabalhadas.Registro, por oportuno, que o fato do reclamante eventualmente ter prestado serviços de garçom para terceiros, em nada modifica a situação, uma vez que a exclusividade não é requisito essencial para a configuração da relação de emprego.Por essas razões, nego provimento ao recurso da reclamada.Desembargador Federal do Trabalho Marcus Losada –Relator.

O Direito do Trabalho é informado por princípios que tentam igualar a situação das partes adversas na relação capital-trabalho, uma vez que sabidamente o empregado sempre é a parte mais fraca, por ser o hipossuficiente nessa relação. Então,qualquer ato da parte economicamente mais estável, ou seja, do empregador, que venha de encontro aos ditames preceituados nas normas laborais devem encontrar no Poder Judiciário uma verdadeira barreira, ou melhor, um repulsor.Assim entendido, contratos de prestação de serviços, tentam desnaturar a verdadeira relação de emprego, não devem jamais encontrar abrigo no Poder Judiciário Trabalhista, mormente se o labor desenvolvido pelo trabalhador for prestado dentro do campo de abrangência da finalidade precípua da empresa.Diante disso, nem se alegue que o contrato de prestação de serviços fora conseguido sem qualquer vício na vontade de qualquer das partes (consensual, livre e espontânea vontade) e que ele tem validade jurídica, na forma preceituada no artigo 104 do Código Civil, pois, para o direito do trabalho, a relação de emprego é inafastável. Ainda, para a Justiça do Trabalho, não são apenas os vícios de consentimento na consecução do contrato que teriam, ainda que em tese, o condão de desnaturar as cláusulas acordadas, mas sim, a conjugação e análise de vários outros elementos de ordem fática (artigo 3º, CLT), como dito alhures, uma vez que o contrato de trabalho é um contrato realidade e o princípio da primazia da realidade é um norte a sempre ser seguido.Portanto presentes os pressupostos dos arts. 2º e 3º da CLT, uma vez que a reclamada beneficiava-se do trabalho despendido pelo reclamante, na medida em que os serviços prestados estavam diretamente ligados à atividade-fim da empresa.Nesse diapasão, entendo que o reclamante se desincumbiu do ônus da prova, nos termos dos arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC, razão pela reconheço que após a baixa na CTPS passou a trabalhar como garçom até 30/08/2007. Entendo ainda que não restou provado qualquer labor antes da assinatura da CTPS.Assim, determino que seja retificada a data de dispensa posta na CTPS para constar a data de 30/08/2007, bem como que seja retificada a função a partir de maio/2004 como garçom. Ainda, fixo o

Page 30: Modelo de Petição GARÇON

salário em R$-650,00 por mês, pois o autor informou que recebia de 600 a 700 reais por mês.

Não vejo razões factuais e jurídicas que me devam conduzir a conclusão diversa do Juízo “a quo”.

Em primeiro lugar, vejo que, inevitavelmente, a dimensão do empreendimento econômico, sua finalidade, a permitir fazer-se a inserção da atividade de garçom, desempenhada pelo Recorrido, nos fins empresariais em um caráter de normalidade, suscitam um primeiro e relevante óbice a se acolher a pretensão da Recorrente quanto, em sua versão, tratar-se de trabalhador autônomo.

A existência de recibos de prestação de serviços a terceiros, por sinal, o que é confessado pelo obreiro em seu interrogatório, como adequadamente enfrentada pelo magistrado sentenciante, não pode, neste contexto, vir a constituir fato impeditivo ao reconhecimento do vínculo. Em síntese, como bem fundamentado com transcrições doutrinárias e jurisprudenciais, não há se exigir exclusividade do labor se compatíveis os horários e na inocorrência de impedimentos outros de ordem legal.

Atenho-me, outrossim, a precedente desta E. Turma em Acórdão da lavra do Desembargador Marcus Maia, transcrito na r. Sentença, em que é bem focalizada a circunstância de ser a Recorrente dotada de departamento de eventos, com disponibilização de profissionais para esse fim. Quanto a não poder ser atividade cotidiana, mas de múltiplas ocasiões semanais, como lançado no pré-citado Acórdão, a legislação trabalhista prevê o assalariamento por hora de labor.

Creio que seriamente comprometedor da tese defendida pela Recorrente é ainda o descompasso ou a incoerência entre o que declarou o preposto da empresa, no interrogatório, e o depoimento de sua testemunha quanto a não dispor de garçons exclusivos para trabalhar em eventos. Após a negativa da proprietária, a testemunha diz “que existem funcionários escalados somente para os eventos”. E há outra divergência quando a proprietária declara “que são os garçons que ligam na segunda-feira solicitando serviços no decorrer da semana” e a testemunha da empresa afirma “que a empresa faz uma programação e geralmente escala os garçons, uma semana antes, e algumas vezes liga diretamente para os garçons; que chamam mesmo os garçons que faltam”.

Ademais, na sustentação da assertiva de que se tratava de contratações eventuais de garçom extra, competia à Recorrente comprovar as ocasiões todas da prestação dos serviços, de modo a convencer o Juízo dessa eventualidade o que, insisto, já se torna difícil quando os fins normais do empreendimento econômico sugerem tratar-se de labor habitual.

Mantenho a r. sentença.

Page 31: Modelo de Petição GARÇON

2.2.4. Multa por embargos declaratórios.

Diz a Recorrente que o Juízo deixou de enfrentar as questões trazidas em seus embargos de declaração e lhe impôs multa de 20% sobre o valor da causa por entender protelatórios os embargos.

Acrescenta que há violação ao art. 538, parágrafo único do CPC e art. 897-A da CLT, haja vista que os embargos não poderiam ser considerados protelatórios, eis que, analisados devidamente, concluiriam por excluir INSS ENCARGOS duplamente cobrado e enfrentariam, face a omissão, a questão suscitada na defesa relacionada com a prescrição quinquenal e recolhimento previdenciário (aplicação da Súmula 368 do C. TST, juros e multa), pontos em que a r. sentença fora silente.

Faz alusão a pontos em que pedia a manifestação do Juízo.

De todos os pontos suscitados pela Recorrente como omissos ou contraditórios na apreciação do Juízo “a quo”, vejo apenas um que, se não esteja a revelar, propriamente, posicionamento omisso do Juízo de Primeiro Grau, bem poderia merecer mesmo um esclarecimento em torno do contido nos cálculos de liquidação que integram a r. sentença.

É que a Recorrente, em sua defesa, à fl. 190, em caso de condenação, pugna por ser determinada retenção de descontos previdenciários e fiscais incidentes apenas sobre verbas remuneratórias, e ainda, postula expressa manifestação do Juízo quanto a decisão do Plenário do STF no sentido de ser editada súmula vinculante a determinar não caber à Justiça do Trabalho estabelecer, de ofício, débito de contribuição social para com o INSS com base em decisão que apenas declare a existência de vínculo empregatício.

Defende a Recorrente o entendimento de que, com base em decisão do Excelso Pretório, proferida em recurso extraordinário interposto pelo INSS contra decisão do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, os descontos previdenciários incidem apenas sobre verbas decorrentes de sentença condenatória, com fulcro em regra constitucional de competência contida no inciso VIII do art. 114 da Constituição da República.

Na r. sentença, o Juízo, tal qual justifica no julgamento dos embargos de declaração, assinala determinação de observância, quanto aos recolhimentos previdenciários, do art. 26 da Lei nº 11.941/2009.

Ocorre que nos cálculos se observa estarem aferidas as contribuições previdenciárias desde o período reconhecido como de relação de emprego a incidirem sobre o salário fixado, o que, a meu sentir, estava a viabilizar, senão o saneamento de omissão, esclarecimentos melhores acerca do posicionamento adotado na r. sentença.

Page 32: Modelo de Petição GARÇON

Colho no magistério de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero1 o seguinte:

O recurso manifestante protelatório é aquele que tem por escopo unicamente retardar o andamento do processo. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de que não se considera recurso manifestamente protelatório recurso em tese cabível pela legislação vigente (STJ, 6ª Turma, Resp 215.418/SP, rel. Min. Vicente Leal, j. Em 16.05.2000, DJ 29.05.2000, p. 194). Ainda, que “embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório” (Súmula 98, STJ). Não pode ser considerado protelatório o recurso interposto para esgotar a instância ordinária, objetivando o acesso às instâncias extraordinárias, já que aí o intuito do recorrente passa ao largo de unicamente retardar o andamento do processo.

Embora sabidamente não esteja o Juízo obrigado a responder exaustivamente todas as questões suscitadas pela parte, creio que, neste aspecto analisado, bem caberia nos embargos de declaração explicitação em torno da incidência das contribuições previdenciárias sobre período contratual reconhecido na r. sentença, ainda mais, quando assim deliberado de ofício pelo Juízo.

Creio que, por este detalhe ora enfocado, ainda que rejeitados os embargos de declaração, não se devesse aplicar a sanção ora questionado pela Recorrente.

Dou provimento ao apelo para excluir da condenação a multa de R$-5.627,99 imposta na r. sentença proferida em embargos de declaração.

2.2.5. Incidência previdenciária por todo o pacto.

A Recorrente aqui alega que a r. sentença calculou o INSS de todo o pacto, inclusive, em duplicidade e ainda considerou juros e multa utilizando de outra denominação (INSS ENCARGOS), INSS PACTO.

Acrescenta que a r. sentença reconheceu o vínculo de emprego, não obstante o STF tenha editado súmula vinculante nº 8 declarando a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91.

Expõe ainda que a decisão vem infringir o disposto na Súmula 368, I, do Colendo TST, a proclamar que a Justiça do Trabalho somente é competente para determinar os recolhimentos das contribuições previdenciárias referentes às parcelas pecuniárias que sejam objeto da condenação e nada além disso.

1 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código De Processo Civil Comentado artigo por artigo. São Paulo, Editora dos Tribunais. p. 551

Page 33: Modelo de Petição GARÇON

Quanto às contribuições sobre todo o pacto, ainda que sensível este relator quanto à cizânia jurisprudencial sobre o tema, mantenho posicionamento já defendido anteriormente, do seguinte teor:

Dou razão à Recorrente.

E o faço na observância da jurisprudência recente do Col. TST, da lavra do Ministro Walmir Oliveira da Costa, ainda mais, por se referir e solidificar o posicionamento em Acórdão do Supremo Tribunal Federal lidos na íntegra por este relator através dos sites do TST e STF. O Acórdão do STF, sem dúvida, chancela a Súmula 368, I, do TST em sua atual redação, “verbis”:

“I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição”.

Não desconheço, “data maxima venia”, ser questionável a restrição assinalada na Súmula às sentenças condenatórias em pecúnia, ante o parágrafo único do art. 876 da CLT, com a redação da Lei n. 9.958, de 12.1.2000, no que considero ponderável fundamento em contrário.

Neste ponto, vale recordar que a Súmula teve uma redação abrangente das parcelas integrantes do salário de contribuição pagas em virtude do contrato ou emprego reconhecido em juízo ou decorrentes de anotação da carteira de trabalho.

Tal redação, como está referido no voto do Min. Menezes Direito relativo ao Acórdão invocado pelo Ministro Walmir, em seu voto no TST, remonta à Resolução nº 125/2005 do Col. TST.

Restou, pois, superada pelo entendimento restritivo do texto atual da Súmula.

Acontece que, como sinalizado, o entendimento contido na Súmula, em sua redação atual, restou chancelado pela composição plena do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 569.056-3 PARÁ, da lavra do Ministro Menezes Direito, ao proclamar o Excelso Pretório que o verbete do Tribunal Superior do Trabalho, na versão final - porque a primitiva era mais abrangente, é harmônico com a Constituição Federal.

Vale transcrever o que diz o Ministro Walmir no AIRR Nº TST-AIRR-160740-36.2005.5.02.0046, de 16/03/20011 (site do TST, acesso a 04/08/2011):

“O STF também decidiu, à unanimidade, editar Súmula Vinculante determinando que não cabe à Justiça do

Page 34: Modelo de Petição GARÇON

Trabalho estabelecer, de ofício, débito de contribuição social para com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com base em decisão que apenas declare a existência do vínculo empregatício”.

E, na verdade, em consulta ao site do STF para a leitura do Acórdão citado, vê-se que ficou aprovada a súmula que, conforme esclareceu o relator Menezes Direito, está na própria ementa. A ementa é a seguinte:

Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Competência da Justiça do Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da Constituição Federal. 1. A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança apenas a execução das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir. 2. Recurso extraordinário conhecido e desprovido.

Com estes fundamentos é que dou provimento ao apelo para excluir da condenação as contribuições previdenciárias calculadas e decorrentes, pura e simplesmente, do reconhecimento do vínculo empregatício.

2.2.6. Juros e multa sobre o INSS.

A Recorrente alega que a cobrança de juros e multa pelo atraso no pagamento das contribuições previdenciárias somente é possível, como o próprio nome indica, quando o empregador não vem a pagar os valores principais do INSS no prazo legal.

Refuto as assertivas da Recorrente com os precedentes desta E. Turma, do seguinte teor:

Conforme a legislação previdenciária (arts. 35 e 43, §§ 2º e 3º, da Lei nº 8.212/1991 e arts. 103 e 104 da IN MPS/SRP nº 971/2009), a contribuição previdenciária é apurada mês a mês sobre o valor histórico da parcela deferida, ou seja, valor ainda não acrescido da correção monetária e dos juros de mora. Como o fato gerador da contribuição ocorre na data da prestação do serviço, se a parcela previdenciária não foi recolhida na época própria será acrescida de juros e multa, pois evidente o atraso do recolhimento, que somente será efetivado com a liquidação da decisão exequenda, quando será conhecido o valor total devido. Desta forma, em estrita observância à legislação previdenciária (artigos 35 e 43, §§ 2º e 3º, da Lei nº 8.212/1991 e artigos 103 e 104 da Instrução Normativa MPS/SRP nº 971/2009), a contribuição previdenciária, se não recolhida no prazo, deve ser acrescida de juros e multa.

A matéria é conhecida desta E. Turma, como se vê do Acórdão TRT/1ªT/AP 00023400-31.2007.5.08.008 da lavra da

Page 35: Modelo de Petição GARÇON

Excelentíssima Desembargadora Federal do Trabalho Suzy Elizabeth Cavalcante Koury, proferido em 01.7.2010. Cito ainda, no mesmo sentido, o Acórdão TRT/1ªT/AP 00080-2007-003-08-00.3 da lavra da Excelentíssima Desembargadora Federal do Trabalho Rosita de Nazaré Sidrim Nassar, proferido em 07.12.2009.

Os parágrafos 2º e 3º do art. 43 da Lei nº 8.212/1991 estabelecem o momento de ocorrência do fato gerador da contribuição; que a apuração desta será mês a mês com relação ao período da prestação do serviço, com os acréscimos legais moratórios vigentes; e que o recolhimento deve ser efetuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos encontrados em liquidação de sentença.

Art. 43 …

§ 2º Considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do serviço.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

§ 3º As contribuições sociais serão apuradas mês a mês, com referência ao período da prestação de serviços, mediante a aplicação de alíquotas, limites máximos do salário-de-contribuição e acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma das competências abrangidas, devendo o recolhimento ser efetuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos encontrados em liquidação de sentença ou em acordo homologado, sendo que nesse último caso o recolhimento será feito em tantas parcelas quantas as previstas no acordo, nas mesmas datas em que sejam exigíveis e proporcionalmente a cada uma delas.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

E os artigos 103 e 104 da Instrução Normativa MPS/SRP nº 971/2009:

Art. 103. Serão adotadas as competências dos meses em que foram prestados os serviços pelos quais a remuneração é devida, ou dos abrangidos pelo reconhecimento do vínculo empregatício, quando consignados nos cálculos de liquidação ou nos termos do acordo.

Art. 104. Serão adotadas as alíquotas, limites máximos de salário-de-contribuição, critérios de atualização monetária, taxas de juros de mora e valores de multas vigentes à época das competências apuradas na forma do art. 103.

Page 36: Modelo de Petição GARÇON

Concluo não haver qualquer dúvida de que é devida a incidência de juros e multa sobre os valores apurados a título de contribuição previdenciária, pelo que nego provimento ao apelo.

2.2.7 Fato gerador da obrigação tributária (INSS) no pagamento dos créditos ao Reclamante.

Creio aqui tratar-se de matéria correlata à enfrentada no item anterior, pelo que remeto aos fundamentos ali traçados e nego provimento ao apelo.

2.2.8. Duplicidade dos cálculos previdenciários.

A Recorrente alega que os cálculos não foram feitos de forma correta, pois, o INSS está aplicado para todo o pacto e ainda, quando de promover a aplicação de juros e multa sobre todo o pacto, aplicou novamente o INSS PACTO para fazer o que denominou INSS ENCARGOS.

Acrescenta que, deste modo, o INSS Encargos (formado pelo INSS de todo o pacto, juros e multa) fora somado com o INSS Pacto (formado pelo INSS de todo o período).

Diz ainda ser visível o equívoco, pois, mesmo que houvesse competência para a cobrança das contribuições de todo o pacto e aplicar juros e multa, não poderiam os cálculos considerar duas vezes o valor do principal, ou seja, no máximo alcançaria o valor do pacto integral e juros e multa e não repetir, novamente, o valor do principal.

Razão não assiste à Recorrente.

Primeiro, observo que simplesmente alega a duplicidade, sem demonstrar, com números, sua tese. Em uma análise mais apurada, é possível constatar que a verba “INSS encargo” é composta apenas por juros e multa aplicada sobre a contribuição previdenciária, inexistindo qualquer duplicidade, como a seguir demonstrado:

a) No demonstrativo de fl. 261, relativo a contribuição sobre as parcelas deferidas, consta:

INSS segurado 172,04

INSS empresa 517,28

INSS encargo(R$-429,30 de juros + R$-137,86 de multa) 567,16

Total devido 1.256,48

b) No demonstrativo de fl. 263, relativo a contribuição previdenciária do pacto, consta:

INSS patronal 8.163,46

Page 37: Modelo de Petição GARÇON

INSS encargos (R$-7.608,34 de juros + R$-1.632,69 de multa)

9.241,03

Total R$-17.404,49

c) No resumo dos cálculos (fl. 257), constam os seguintes valores:

INSS segurado 172,04

INSS empresa 517,28

INSS pacto 8.163,46

INSS encargo(R$-567,16 + R$-9.241,03)

R$-9.808,19

Portanto, inexiste a duplicidade alegada.

Recurso improvido.

2.2.9. Multa pela não retificação da CTPS. Exclusão ou redução de seu valor.

Refere-se a Recorrente no tocante à multa de R$-5.000,00 para a hipótese de descumprimento da obrigação de retificar as anotações na CTPS do Recorrido.

Diz que o valor é exagerado e o acessório chega a ser o valor da condenação.

Argumenta que a multa, em valores irreais e desmedidos para a prática de ato simplório que até poderá ser realizado pela Secretaria do Juízo, deixa entrever enriquecimento ilícito do credor.

Acolho parcialmente o apelo e reduzo a multa para valor que reputo razoável, correspondente a um salário mínimo atual, R$-622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).

Recurso aqui parcialmente provido.

Ante o exposto, conheço do recurso; no mérito, dou provimento ao apelo em parte, para, reformando parcialmente a r. sentença, excluir da condenação a multa de R$-5.627,99 imposta na sentença de embargos de declaração; excluir as contribuições previdenciárias calculadas e decorrentes do reconhecimento do vínculo empregatício e reduzir a multa por falta de retificação da CTPS para R$-622,00 (seiscentos e vinte e dois reais). Custas pela Reclamada na quantia de R$-660,00, calculadas sobre o valor da condenação ora arbitrado em R$-33.000,00.

3. CONCLUSÃO.

ISTO POSTO,

ACORDAM OS DESEMBARGADORES da Primeira Turma do

Page 38: Modelo de Petição GARÇON

Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, unanimemente, em conhecer do recurso; no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao apelo, em parte, para, reformando parcialmente a r. sentença, excluir da condenação a multa de R$-5.627,99 imposta na sentença de embargos de declaração; excluir as contribuições previdenciárias calculadas e decorrentes do reconhecimento do vínculo empregatício, vencidos o Excelentíssimo Desembargador Relator que reduzia a multa por falta de retificação da CTPS e a Excelentíssima Desembargadora Rosita Nassar quanto à incidência da contribuição previdenciária por todo o pacto. Custas pela Reclamada na quantia de R$-660,00, calculadas sobre o valor da condenação ora arbitrado em R$-33.000,00.

Sala de Sessões da Egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região. Belém, 13 de abril de 2012.

____________________________________________________________

HERBERT TADEU PEREIRA DE MATOSDesembargador Federal do Trabalho – Relator

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DA ........... JUNTA 

DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO DE .................. - ..... 

MARIA................. , nascida em .../.........../............, brasileira, solteira, balconista, portadora da C.T.P.S. n.º........, Série ..........., e da Cédula de Identidade R.G. sob n.º ................, e, C.P.F. sob n.º ........................., residente e domiciliada nesta Capital na Rua ..........................., através de seus advogados e bastante procuradores adiante assinados, com o devido instrumento de procuração incluso, vem, com o devido acatamento perante Vossa Excelência a fim de propor 

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 

em face de JOSÉ............ – ME., (LANCHONETE ........), pessoa jurídica, inscrita no C.G.C. sob n.º .........................., estabelecida na Rua ....................... - ............. - ..... - CEP ................; nos termos do artigo 840 e seguintes da C.L.T., pelos motivos de fato e de direito que de ora avante, passa a expor: 

DA JUSTIÇA GRATUITA 

Esclarece a reclamante, que é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não estando em condições de demandar, sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, motivo pelo qual,

Page 39: Modelo de Petição GARÇON

pede que a Justiça do Trabalho lhe conceda os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos das Leis n.º. 5.584/70 e 1.060/50, com a redação que lhe deu a Lei n.º 7.510/86; I - Da Admissão 

A Reclamante ingressou aos préstimos da Reclamada em 08/outubro/1.997, sendo que, ao contrário do que preceitua o artigo 29 c/ com artigo 41 da CLT, em sua CTPS não foram anotados registros, devendo ser oficiado aos órgãos competentes, para aplicação da multa contida no artigo 47 e 53 da referida Norma. Ademais, face a irregularidade constatada, requer-se a expedição de ofícios ao DRT, CEF, E INSS, para tomada das devidas providências. 

Ressalta-se que a reclamante exercia a função de BALCONISTA, percebendo como salário último a importância de R$ 330,00 (Trezentos e Trinta Reais) por mês, acrescido de uma estimativa de gorjeta de R$27,19 (Vinte e Sete Reais, Dezenove Centavos), totalizando vencimentos de R$357,19 (Trezentos e Cinqüenta e Sete Reais, Dezenove Centavos). 

II - MULTA PELO ATRASO NO REGISTRO 

Caso a reclamada venha a ser condenada em alguma obrigação de fazer (Verbis Gratia - efetuar a anotação do contrato de trabalho na CTPS do reclamante), deverá ser fixada multa nos termos dos artigos 644 e 645 do CPC, por atraso no seu cumprimento, a contar da data do transito em julgado da R. Decisão. 

Assim dita a jurisprudência: 

" Se a obrigação consiste em fazer ou não fazer, o credor poderá pedir que o devedor seja condenado a pagar uma pena pecuniária por dia de atraso no cumprimento, sendo que tal condenação deverá constar na sentença que julgou a lide. Esta norma (arts. 644/645 do CPC) tem ampla aplicação ao processo do trabalho. Assim, salvo se a multa estiver prevista na CLT ( art. 729 - caput ), não pode o juiz aplicá-la sem expresso pedido prévio do empregado) (TRT 10ª R. 1.471/91 - 2ª T. - 2.014/92 - Rel. Juiz José Luciano C. Pereira - DJU 19.11.92 ) (grifo nosso). 

III - VERBAS DO PERÍODO SEM REGISTRO Ressalta-se que devido a falta de registro, a reclamante ficou prejudicada em relação ao pagamento das verbas decorrentes do pacto laboral. Destarte, não percebeu a reclamante férias + 1/3 da Constituição Federal, 13º salários e depósitos fundiários + 40% durante todo pacto laboral, fazendo jus aos mesmos, com as devidas incidências legais, observando-se o disposto no artigo 467 da CLT (a multa deverá ser corrigida pela variação diária da UFIR, conforme instrução normativa n.º 02, de 12.03.92, artigo 5º, parágrafo Único, item b). 

Independentemente das sanções administrativas previstas no Decreto-Lei 368 de 19 de dezembro de1.968, deve a reclamada, nos termos do artigo 22 da Lei 8.036 de 11 de maio de 1.990, responder pelos depósitos fundiários acrescidos de juros de 1% ao mês, além da multa de 20%, com incidência na multa fundiária de 40%. 

IV - Da Jornada de Trabalho 

Cumpriu, em todo o pacto laboral, o horário das 06h00m às 15h00m, de Segunda à Sábado, sem intervalo para descanso e alimentação; com descanso semanal aos domingos. V - HORAS EXTRAORDINÁRIAS E REFLEXOS 

A reclamante faz jus as horas extras supra declinadas, demonstradas em relatório acostada a inicial, acrescida do adicional de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) e 100% (cem por cento) nos termos do artigo 7º, Inciso XVI da Constituição Federal, perfazendo, portanto, uma média de 216 (Duzentos e Dezesseis) horas suplementares por mês, sem jamais a reclamada ter remunerado. 

Considerando que a reclamante sempre trabalhou em sobrejornada, essas horas prestadas com habitualidade integram a remuneração para todos os efeitos legais, de modo que devem refletir nas férias, 13º salários, D.S.R.’s., F.G.T.S. e verbas rescisórias, conforme entendimentos jurisprudências cristalizados nos Enunciados de Súmula do E. TST - 45, 63, 76, 94,151 e 172. 

VI - INTERVALO INTRAJORNADA 

A Reclamante não dispunha de intervalo para refeição e descanso, sendo frontalmente descumprido o que determina o artigo 71 da CLT, tendo-se com ininterrupta a jornada de trabalho,

Page 40: Modelo de Petição GARÇON

cabendo à mesma, o recebimento de 01 hora extra referente aos 60 minutos destinados à alimentação e repouso, não desfrutado, como hora extraordinária , com reflexos nas férias + 1/3, 13º salários, DSR’s, FGTS + 40% e verbas rescisórias, conforme jurisprudência a qual pedimos "venia" para transcrever a seguir: 

" SE A EMPREGADORA CONCEDE MENOS QUE SESSENTA MINUTOS DE DESCANSO INTRAJORNADA, O OBREIRO SUJEITO A OITO HORAS DE TRABALHO POR DIA, HÁ DE SER CONDENADA NO PAGAMENTO DE UMA HORA EXTRA, POR VIOLAÇÃO AO QUE DISPÕE O ARTIGO 71 DA CLT"( TRT 2º Região - 1ª Turma - Ac. 0291000743 - DJE, 07.06.91 - pag. 85 ). " A INOBSERVÂNCIA DA CONCESSÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA POR NÃO SE TRATAR DE INFRAÇÃO MERAMENTE ADMINISTRATIVA, ASSEGURA AO EMPREGADO O DIREITO DE RECEBER A CORRESPONDENTE REMUNERAÇÃO COMO EXTRA "( TRT 12ª Região - 1ª Turma - Ac. 1780/90 - DJSC 07.06.91 - pg.28 ). 

VII - D.S.R.s. A autora jamais foi registrada ficando prejudicada em relação ao percebimento dos D.S.R.’s, visto que não tinha folga remunerada, fazendo jus aos mesmos, deixou a reclamada durante todo o período laborado de pagar os reflexos das horas normais e extraordinárias nos D.S.R.’s. 

Por não receber os D.S.R.’s a reclamante ficou prejudicada ao recebimento de férias, 13ºsalário, depósitos fundiários e verbas rescisórias, pois o D.S.R. integra o salário da obreira para todos os fins, fazendo jus às diferenças, devidamente corrigidas e acrescidas de juros legais. 

Requer, outrossim, sejam os referidos consectários pagos na forma corrigida e atualizada até a data do efetivo pagamento, acrescidos de juros de mora, bem como integrados nas verbas contratuais e rescisórias de todo o período. 

VIII – DA ESTABILIDADE DA GESTANTE 

A Obreira à época da dispensa encontrava-se grávida de UM MÊS E DUAS SEMANAS, conforme se verifica em documentos anexo, portanto, faz jus a estabilidade provisória, consoante dispõe o artigo 10, inciso II, letra "b", do Ato das Disposições Transitórias, combinado com o artigo 7º, inciso XVIII da Constituição Federal, in verbis: "ARTIGO 10,INCISO II: Fica Vedada a Dispensa arbitrária ou sem justa causa; I - ...... 

II – da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez, até cinco meses após o parto." 

Destarte, a reclamante faz jus em perceber os salários correspondentes aos meses de dezembro/1.997 à junho/1.998, até o parto, e de julho/1.998 à novembro/1.998, cinco meses após o nascimento da criança, correspondente a 12 salários, bem como 12/12 avos de férias simples, mais 1/12 avos de férias proporcionais, ambas acrescidas de 1/3 Constitucional, 13ºsalário a razão de 10/12 avos + 3/12 avos do período estável. A Reclamada deverá ainda, arcar com as verbas relativas ao FGTS e a indenização fundiária referente ao período da estabilidade, uma vez que não foram efetuados os depósitos fundiários, bem como a indenização de 40% de maneira integral e correta, pois os depósitos devem ter como base de cálculo o salário de R$330,00(Trezentos e Trinta Reais). 

IX - DAS VERBAS RESCISÓRIAS/DA MULTA DO ARTIGO 

477 PARÁGRAFOS 6º E 8º DA CLT. 

As verbas rescisórias não foram liquidadas até a presente data. Faz jus, portanto, a Reclamante ao pagamento do saldo de salário de 15 dias do mês de dezembro/97, aviso prévio, 13 salário proporcional (4/12) referente à 1.997/1.998, férias proporcionais de 3/12 avos acrescida do terço constitucional, observada a projeção do aviso prévio para todos os efeitos legais, inclusive FGTS, além da multa prevista no artigo 477, parágrafos 6º e 8º da CLT. É o que ora se requer. 

É de salutar, portanto, a demandante foi injustamente dispensada em 15/dezembro/1.997, sem receber até a presente data, os consectários legais, "a contrariu" do que determina o parágrafo 6º do artigo 477 da C.L.T., incorrendo na multa prevista no parágrafo 8º do mesmo diploma legal, sendo que a multa deverá ser corrigida pela variação diária da UFIR conforme instrução normativa n.º 02 de 12.03.92, artigo 5º, parágrafo único, item "b". 

Page 41: Modelo de Petição GARÇON

Outrossim, requer a Autora sejam, as referidas diferenças, pagas na forma corrigida e atualizada até data do efetivo pagamento acrescidas dos juros de mora. 

Por derradeiro, sem ter recebido suas verbas rescisórias e demais direitos trabalhistas, a reclamante, não teve outra alternativa, senão bater as portas do judiciário em busca da tutela jurisdicional. 

X - INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA DOS PIS 

Devido a falta de registro imediato em sua CTPS, impõe-se o pagamento de um salário mínimo a título de INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA DO PIS, conforme Enunciado 300 do TST e Súmula 82 do TFR. 

XI - SEGURO DESEMPREGO 

Devido o não registro, a reclamante ficou prejudicada quanto ao recebimento do seguro desemprego. Deverá, a reclamada, arcar com a indenização de forma direta correspondente aos prejuízos advindos da injustificada postura, apurável na importância de R$858,24 (Oitocentos e Cinqüenta e Oito Reais, Vinte e Quatro Centavos). 

XII - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 

Requer-se a condenação da reclamada nos honorários advocatícios, ante ao princípio da sucumbência, que encontra-se fundamentado no texto da Lei n.º 8.906/94, em seu artigo 22, vez que os patronos do reclamante são devidamente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, conforme já constou na primeira lauda da presente. 

XIII - DAS VERBAS PRETENDIDAS 

Diante de tudo o quanto aqui exposto, pretende a Reclamante seja a Reclamada compelida a lhe pagar as verbas abaixo indicadas, acrescidas de juros de mora, correção monetária e honorários advocatícios: 

Reconhecimento do Vínculo empregatício de 08/10/1.997 à 15/12/1.997 com as devidas anotações em sua CTPS. Pagamento de salários correspondente ao período Estabilidade, ou seja, 12 meses, dezembro/1.997 à junho/1.998, até o parto, e de julho/1.998 à novembro/1.998, cinco meses após o nascimento da criança, bem como 12/12 avos de férias simples, mais 1/12 avos de férias proporcionais, ambas acrescidas de 1/3 Constitucional, 13ºsalário a razão de 10/12 avos + 3/12 avos, FGTS, 40% sobre FGTS, e demais verbas não elucidadas;. ..........................................................R$ 2.039,07 Indenização pelo não recebimento do seguro desemprego.......R$ 858,24 Depósitos de FGTS de todo período...................................... R$ 142,40; Indenização de 40% sobre o FGTS face à dispensa imotivada, bem como sobre as verbas rescisórias, inclusive aviso prévio..R$ 56,96; aviso prévio.......................................................................R$ 357,19; Saldo de salário de 15 dias de dezembro/1.997.....................R$ 178,60; 13º salário proporcional/1997(04/12)...................................R$ 119,06; Férias proporcionais (3/12) e terço Constitucional...................R$ 119,07; multa do artigo 477, parágrafos 6º e 8º da CLT.....................R$ 357,19; pagamento dos DSR’s de todo o período................................R$ 124,49; horas extras c/adicional de 50% e 100% de todo período .......R$ 633,44; l.1) Integração das H.Extras no Aviso Prévio, férias +terço Const.,13º sal., sobre FGTS+40%......................... R$ 346,95; l.2) Integração das H.Extras nos DSR’s....................................R$ 124,50; 

Indenização compensatória do PIS.-......................................R$ 136,00; Pagamento do FGTS +40%+20%+1% sobre as verbas supra,.................R$ 1.294,00; ----------------------------- SUB TOTAL DAS VERBAS APURADAS................R$ 6.887,16 XIII.1 - DEMAIS PEDIDOS: 

honorários advocatícios na forma do artigo 22 da Lei 8906/94; juntada do contrato social da reclamada; aplicação do artigo 467 da CLT; aplicação do artigo 75 por infração ao artigo 71 ambos da CLT; Expedição de ofícios denunciadores à DRT, CEF, INSS, para aplicação das medidas punitivas cabíveis diante das irregularidades aqui denunciadas( Lei 8.844/94). aplicação dos artigos 47 e 53 da CLT; 

Page 42: Modelo de Petição GARÇON

aplicação da multa pelo atraso na obrigação de fazer. Aplicação das cominações previstas do artigo 729 da Lei Consolidada e no artigo 633 do Código de Processo Civil; O quantum condenatório deverá ser apurado em liquidação, devendo ser observados todos os reajustes salariais que beneficiaram e que beneficiarão a sua categoria profissional, concedidos através de Legislação, Dissídios, Acordos, Convenções Coletivas de Trabalho, Aditamentos, etc., devendo ainda serem observados os demais direitos e vantagens que forem deferidos a referida categoria profissional. Juntada do Contrato Social da Reclamada. Esclarece a reclamante, que é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não estando em condições de demandar, sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, motivo pelo qual, pede que a Justiça do Trabalho lhe conceda os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos das Leis n.º 5.584/70 e 1.060/50, com a redação que lhe deu a Lei n.º 7.510/86, juntando para tal fim, a inclusa declaração de que trata a Lei n.º 7.115/83; VERBAS LÍQUIDAS A RECEBER.......................R$ 6.887,16 Desligamento Dezembro/1.997 

Índice de correção – 1,132955 

Crédito atual da reclamante......................R$ 7.802,85 

XIV - DAS PROVAS 

Protesta-se por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente pelo depoimento pessoal da Reclamada, sob pena de confissão, juntada de documentos, inquirição de testemunhas, exames, perícias, vistorias e tantas outras quantas forem necessárias para prova de tudo quanto aqui afirmado. 

XV - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS 

Requer-se que as verbas de natureza salarial sejam pagas em primeira audiência, sob pena do artigo 467 da C.L.T., bem como requer que a reclamada junte aos autos Contrato Social ou ata de Assembléia, nos termos do artigo12, inciso VI do CPC, todos os comprovantes de pagamentos, de depósitos fundiários GR’s e RE’s, controle de freqüência nos termos e finalidades dos artigos 355 e 359 do CPC, 

Requer, outrossim, que as Contribuições Previdenciárias fiquem a cargo da Reclamada, em face do disposto no artigo 33, parágrafo 5º da Lei 8.541/92, entendendo-se como rendimento, somente os juros, com apoio da súmula 493 do Colendo TST, respeitando assim, a integridade salarial Constitucional e legalmente assegurada pelo artigo 7º, inciso IV da Constituição Federal e art.462 da C.L.T. 

Requer ainda a reclamante que todas as notificações a serem publicadas sejam feitas em nome de sua patrona, ou seja, ........................, OAB/.... ............ com escritório na ....................... - São Paulo - SP - CEP ....................; 

Isto posto, requer se digne V.Ex.a., D. Junta, determinar a notificação da reclamada, sob pena de revelia, para querendo, contestar a presente reclamatória, acompanhando-a até seus ulteriores trâmites, quando deverá ser julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, com a condenação da reclamada no pagamento das verbas postuladas, acrescidas de juros de mora, correção monetária, custas processuais e honorários advocatícios, bem como suportar os ônus dos recolhimentos fiscais e previdenciários, como medida de lídima 

JUSTIÇA!!!!!!!!! 

XVI - DO VALOR DA CAUSA Dá a presente o valor de R$ 1.000,00 (Um Mil Reais), por estimativa, inclusive para efeito de alçada. 

Termos em que, 

d. a . r. 

Pede Deferimento. 

Page 43: Modelo de Petição GARÇON

.................., ..... de ......... de 1.999. 

pp. ..................... - Advª 

OAB/..... ................ 

pp. ................... - Adv. 

OAB/..... ............... 

Fonte: Escritório Online