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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR DESENVOLVIMENTO DE GENÓTIPOS F 2 RC 2 DE TOMATEIRO PARA PROCESSAMENTO COM ALTOS TEORES DE ACIL-AÇÚCARES E RESISTENTES A ARTRÓPODES-PRAGA TESE DE DOUTORADO DIEGO MUNHOZ DIAS GUARAPUAVA-PR 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR

DESENVOLVIMENTO DE GENÓTIPOS F2RC2 DE

TOMATEIRO PARA PROCESSAMENTO COM ALTOS

TEORES DE ACIL-AÇÚCARES E RESISTENTES A

ARTRÓPODES-PRAGA

TESE DE DOUTORADO

DIEGO MUNHOZ DIAS

GUARAPUAVA-PR

2019

DIEGO MUNHOZ DIAS

DESENVOLVIMENTO DE GENÓTIPOS F2RC2 DE TOMATEIRO PARA

PROCESSAMENTO COM ALTOS TEORES DE ACIL-AÇÚCARES E

RESISTENTES A ARTRÓPODES-PRAGA

Tese apresentada à Universidade Estadual do

Centro-Oeste, como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Agronomia -

Doutorado, área de concentração em Produção

Vegetal, para obtenção do título de Doutor.

Prof. Dr. Juliano Tadeu Vilela de Resende

Orientador

GUARAPUAVA-PR

2019

Catalogação na Publicação Biblioteca Central da Unicentro, Campus Santa Cruz

Dias, Diego Munhoz

D541d Desenvolvimento de genótipos F2RC2: de tomateiro para processamento com altos teores de acil-açúcares e resistentes a artrópodes-praga / Diego Munhoz Dias. – – Guarapuava, 2019.

x, 82 f. : il. ; 28 cm

Tese (doutorado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Programa

de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, 2019

Orientador: Juliano Tadeu Vilela de Resende

Banca examinadora: Vanderlei Aparecido de Lima, Leandro Simões Azeredo Gonçalves, Paulo Roberto da Silva, Cristiano Kopanski Camargo

Bibliografia

1. Agronomia. 2. Produção vegetal. 3. Solanum lycopersicum. 4.

Solanum pennellii. 5. Aleloquímico. 6. Resistência às pragas. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Agronomia.

CDD 630

AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiramente a Deus pelo dom da vida.

A minha família, Geni Munhoz Dias, José Aparecido Veiga Dias, Jéssica Hellmann,

Diniara Munhoz Dias e Giovana Munhoz Dias, pela confiança e incentivo aos estudos.

A minha mãe, Geni, agradeço em especial, por todo investimento e carinho que

somente uma mãe pode oferecer.

Ao meu pai, José, que sempre evidenciou a importância da agricultura e as primeiras

aulas práticas da vida no campo.

Ao meu amor, Jéssica Hellmann, agradeço pelo companheirismo, confiança, amor,

paciência e por aceitar estar ao meu lado.

As minhas irmãs, Diniara e Giovana, pela parceria, amizade e confiança.

A Universidade Estadual do Centro-Oeste e ao Programa de Pós-Graduação em

Agronomia pela estrutura, professores, amigos, funcionários e serviços prestados que

possibilitaram a minha formação de Engenheiro Agrônomo, título de mestre em Produção

Vegetal e agora o título de doutor em Produção Vegetal.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES pela

concessão da bolsa de estudos, pois sem o auxílio, dificilmente conseguiria concluir o

mestrado.

Ao meu orientador Juliano Tadeu Vilela de Resende, pelo incentivo, orientação,

paciência, confiança, transferência de conhecimento, exemplo e amizade.

Ao Núcleo de Pesquisa em Hortaliças pelo incentivo da pesquisa científica e a todos

os integrantes que direta ou indiretamente contribuíram para a pesquisa e proporcionaram

novas amizades.

Aos integrantes do Laboratório de Genética e Biologia Molecular Vegetal da

Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), e especial ao professor Paulo

Roberto da Silva e a Claudia Gobatto, pela paciência, auxilio e ensinamentos.

Aos colegas de graduação, mestrado e doutorado pelas histórias, convívio, amizade,

festas e parceria.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8

2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 10 2.1 Geral ......................................................................................................................................................... 10

2.2 Específicos ................................................................................................................................................ 10

3. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 11 3.1 Origens e histórico do tomateiro ................................................................................................................ 11

3.2 Taxonomia, classificação e botânica do tomateiro ...................................................................................... 12

3.3 Aspectos gerais de produtividade do tomateiro ........................................................................................... 13

3.4 Aspectos gerais de produtividade do tomateiro para processamento ............................................................ 14

3.5 Artrópodes-praga do tomateiro................................................................................................................... 15

3.5.1 Traça-do-tomateiro - Tuta absoluta (Meyrick, 1917) ............................................................................... 15

3.5.2 Mosca-branca- Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B e/ou Bemisia argentifolii (Bellows e Perring, 1994) ...... 17

3.5.3 Ácaro rajado - Tetranychus urticae (Koch, 1836) .................................................................................... 19

3.6 Manejo integrado de pragas ....................................................................................................................... 20

3.7 Melhoramento genético do tomateiro visando resistência a artrópodes-praga .............................................. 21

3.8 Seleção assistida por marcadores moleculares. ........................................................................................... 23

3.9 Solanum pennellii LA 716 como fonte de resistência a artrópodes-praga..................................................... 24

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 28

ACIL-AÇÚCARES MEDIADORES DE RESISTÊNCIA À MOSCA BRANCA E À

FUMAGINA EM POPULAÇÕES SEGREGANTES DE TOMATEIRO ....................... 36 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 38

2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 40 2.1 Local do experimento ................................................................................................................................ 40

2.2 Obtenção das populações segregantes de tomateiro F2RC2 .......................................................................... 40

2.3 Medida indireta dos teores de acil-açúcares e seleção dos genótipos de tomateiro F2RC2 ............................. 41

2.4 Teste de resistência à mosca-branca, distribuição da mosca-branca na planta e severidade da fumagina em

genótipos de tomateiro com teores contrastantes de acil-açúcares ..................................................................... 41

2.5 Análises estatísticas ................................................................................................................................... 43

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 44 4. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 52

5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 53

ACIL-AÇÚCARES MEDIADORES DE RESISTÊNCIA À TRAÇA DO TOMATEIRO

EM POPULAÇÕES SEGREGANTES DE TOMATEIRO.............................................. 57

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 59 2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 61 2.1 Local do experimento ................................................................................................................................ 61

2.2 Obtenção das populações segregantes de tomateiro F2RC2 .......................................................................... 61

2.3 Quantificação dos teores de acil-açúcares e seleção dos genótipos de tomateiro F2RC2 ................................ 62

2.5 Teste de resistência à traça do tomateiro ..................................................................................................... 62

2.5.1 Análises estatísticas ................................................................................................................................ 64

2.4 Avaliação da recuperação do genoma recorrente ........................................................................................ 64

2.4.1 Marcadores moleculares (ISSR e SSR) .................................................................................................... 65

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 68 3.3 Teste de resistência a traça do tomateiro ..................................................................................................... 68

3.1 Uso de marcadores moleculares ISSR e SSR na seleção de genótipos com altos teores de acil-açúcares ...... 74

4. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 76

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. ........................................................................................ 77 5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 78

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Círculo de correlação das variáveis teor de acil-açúcares (Teor de acil-açúcares, número de ovos

(Nº ovos), número de ninfas (Nº ninfas), número de adultos (Nº adultos) e números de exúvias (Nº exúvias) e

distribuição dos genótipos em plano RVTA-2010-31-177pl#28 (G28), RVTA-2010-31-177pl#39 (G39), RVTA-

2010-83-347pl#61 (G61), RVTA-2010-83-347pl#77 (G77), RVTA-2010-31-177pl#113 (G113), RVTA-2010-

31-177pl#177 (G177), RVTA-2010-31-177pl#180 (G180), RVTA-2010-31-310 pl#205 (G205), RVTA-2010-31-319pl#214 (G214), RVTA-2010-83-347pl#257 (G257), RVTA-2010-83-347pl#301 (G301) e RVTA-2010-

83-347pl#359 (G359). Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ......................................................................... 49

FIGURA 2- Círculo de correlação das variáveis teor de acil-açúcares (Teor de acil-açúcares (TAA), número de

ovos (TTO), número de larvas (TL), Danos na planta (DFM) e Lesões nos folíolos (LFM) e Porcentagem de

folíolos atacados (PFM) e distribuição dos genótipos em plano Solanum pennellii (G1), RVTA-2010pl#28

(G28), RVTA-2010pl#39 (G39), RVTA-2010pl#113 (G113), RVTA-2010pl#177 (G177), RVTA-2010pl#180

(G180), RVTA-2010pl#232 (G232), RVTA-2010pl#257 (G257), RVTA-2010pl#359 (G359), RVTA-

2010pl#205 (G205), RVTA-2010pl#227 (G227), RVTA-2010pl#378 (G378), RVTA-2010pl#385 (G385) e

cultivar Redenção (G1). Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ...................................................................... 73

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Dados sobre os genótipos, classificação do teor de acil-açúcar e genótipo

utilizados no experimento. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ...................................... 44

TABELA 2- Teor de acil-açúcares, número médio de ovos, número médio de ninfas, número

médio de exúvias, número médio de adultos, correlações e contraste em genótipos F2RC2 de

tomateiro com diferentes teores de acil-açúcares, Solanum pennellii (acesso LA716) e

Solanum lycopersicum (Cultivar Redenção) submetidos à infestação da mosca-branca.

Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ................................................................................ 45

TABELA 3- Porcentagem de cobertura fumagina presente nas folhas, correlações lineares e

contraste, em genótipos F2RC2 de tomateiro, Solanum pennellii e cultivar Redenção.

Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ................................................................................ 51

TABELA 4- Primers ISSR utilizados para avaliação da similaridade genética entre os

parentais e as linhagens de tomateiro com alto de teor de acil-açúcares. Temperatura de

anelamento (TºCa). Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ................................................. 66

TABELA 5- Primers SSR indicando cromossomo onde foi mapeado, sequência e a indicação

se o primer é polimórfico. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ....................................... 67

TABELA 6- Dados sobre os genótipos, classificação do teor de acil-açúcar e genótipo

utilizados no experimento. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. ...................................... 68

TABELA 7- Teores de acil-açúcares, número médio de ovos, número médio de larvas e

contraste, durante 28 dias de avaliações, em genótipos F2RC2 de tomateiro com diferentes

teores de acil-açúcares, Solanum pennellii (acesso LA716) e Solanum lycopersicum (Cultivar

Redenção) submetidos à infestação da traça do tomateiro. Guarapuava-PR –UNICENTRO,

2019. .................................................................................................................................... 69

TABELA 8- Teores de acil-açúcares, danos nas plantas (DP) lesões nos folíolos (LF),

porcentagem de folíolos atacados (PF) e contraste, durante 28 dias de avaliações, em

genótipos F2RC2 de tomateiro com diferentes teores de acil-açúcares, Solanum pennellii

(acesso LA716) e Solanum lycopersicum (Cultivar Redenção) submetidos à infestação da

traça do tomateiro. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019. .................................................. 71

TABELA 9- Similaridade genética entre linhagens F2RC2 de tomateiro oriundas do

cruzamento entre o genótipo selvagem Solanum pennellii e a cultivar Redenção (Solanum

lycopersicum). Guarapuava-PR-UNICENTRO, 2019. .......................................................... 75

i

Resumo

Dias, Diego Munhoz. Desenvolvimento de genótipos F2RC2 de tomateiro para

processamento com altos teores de acil-açúcares e resistentes a artrópodes-praga.

Guarapuava: UNICENTRO, 2019. 88p. (Tese - Doutorado em Produção Vegetal).

A cultura do tomateiro apresenta alta suscetibilidade a vários artrópodes-praga, que causam

uma série de prejuízos. Estudos com a incorporação de genes advindos de espécies silvestres

são importantes, dentro do manejo integrado de pragas (MIP), como forma de resistência as

principais pragas. Objetivou-se neste estudo comparar os teores de acil-açúcares (AAs)

presentes nos folíolos quanto a resistência de genótipos F2RC2 de tomateiro para a mosca

branca, fumagina e traça do tomateiro, além do uso de marcadores moleculares ISSR e SSR

para seleção de genótipos com maior recuperação do parental recorrente. Nos experimentos

incluíram genótipos F2RC2 com altos teores de AAs, genótipos F2RC2 com baixos teores de

AAs, além dos parentais Solanum pennellii (padrão de resistência, altos teores de AAs) e

cultivar Redenção (linhagem comercial, padrão suscetibilidade). Os genótipos F2RC2 foram

clonados via enraizamento de brotações axilares e os parentais cultivados a partir de

sementes. Os testes de resistência à mosca branca, traça do tomateiro e para a fumagina, os

experimentos foram instalados em casa de vegetação em delineamento em blocos ao acaso

com (DBC), compreendendo os tratamentos (genótipos) com 4 repetições. Foram feitas

criações programada da mosca-branca e traça do tomateiro em gaiolas com tela antiafídica em

plantas hospedeiras de cada inseto para testes isolados para cada praga. No estágio

reprodutivo os genótipos F2RC2 foram infestados com as pragas e avaliados fatores

reprodutivos dos insetos e os danos causados pelas pragas nos diferentes experimentos.

Simultaneamente, os genótipos F2RC2 foram analisados com o uso de marcadores ISSR e

SSR. Foram utilizados seis primers ISSR e seis primers SSR. Geralmente, os genótipos com

altos teores de AAs apresentaram maiores níveis de resistência à mosca-branca, traça do

tomateiro, quando comparados aos com as testemunhas sem o aleloquímico. Foram obtidos

correlações e contrastes significativos entre os teores de AAs e os parâmetros de resistência às

pragas utilizadas no experimento, confirmando a associação entre os altos teores de AAs com

a resistência as principais pragas. A seleção direta em laboratório foi eficiente na

quantificação dos teores de AAs com a diferenciação dos genótipos contrastantes, além de

facilitar a seleção de genótipos F2RC2 de tomateiro. A utilização de marcadores moleculares

ISSR e SSR possibilitou a seleção de plantas com maior proporção genética do parental

ii

recorrente. Os genótipos F2RC2 de tomateiro RVTA-2010pl# 39, RVTA-2010pl#232 e

RVTA-2010pl#257 com características de resistência similar ao parental silvestre e maiores

proporção do parental Redenção serão utilizadas para prosseguir o programa de

melhoramento genético.

Palavras-chave: Solanum lycopersicum, Solanum pennellii, aleloquímico, resistência às

pragas.

iii

Abstract

Dias, Diego Munhoz. Development of tomato F2RC2 genotypes for processing with high

levels of acyl-sugars and resistant to pest arthropods. Guarapuava: UNICENTRO, 2019.

92p. (Thesis - PhD in Plant Production).

Tomato cultivation presents high susceptibility to several pest arthropods, which is a series of

losses. Studies with the incorporation of genes from wild species are important, as part of

integrated pest management (IPM), as a form of resistance as the main pests. The objective of

this study was to compare the levels of acyl-sugars (AAs) present in leaflets on the resistance

of tomato F2RC2 genotypes to whitefly, fumagine and tomato moth, as well as the use of

molecular markers ISSR and SSR for the selection of genotypes with higher recurrent parental

recovery. The experiments included F2RC2 genotypes with high levels of AA, F2RC2

genotypes with low levels of AAs, besides the Solanum pennellii genotypes (resistance

pattern, high levels of AAs) and cultivar Redenção (commercial strain, data exploitability).

F2RC2 genotypes were cloned via axillary sprouting and parental sprouting from seeds. The

experiments were carried out in the greenhouse in a randomized complete block design

(DBC), comprising the treatments (genotypes) with four replicates. Programmed creations of

the whitefly and the tomato moth were carried out in cages with antiphlogistic screens on host

plants of each insect for testicles, for each pest. In the reproductive stage, the F2RC2

genotypes were infested with pests and the pests in the different experiments evaluated the

insect factors and the negative effects. Simultaneously, F2RC2 genotypes were used with the

use of ISSR and SSR. Six ISSR primers and six SSR primers were used. Generally, genotypes

with high acid content decrease levels of resistance to whitefly, the tomato moth, when

compared to non-allelochemical controls. Correlated testimonies and contrasts between AA

theorists and the main situational indicators in experiments, confirming an association

between the high levels of AAs with war as major pests. The direct selection in the laboratory

was efficient in quantifying the AA contents with a differentiation of the contrasting

genotypes, besides facilitating the selection of tomato F2RC2 genotypes. The use of molecular

markers ISSR and SSR allowed the selection of plants with a higher genetic proportion of the

recurrent parent. The F2RC2 genotypes of RVTA-2010pl # 39, RVTA-2010pl # 232 and

RVTA-2010pl # 257 with parental resistance characteristics and a higher proportion of

Redenção parents are used for the progress of the breeding program.

Keywords: Solanum lycopersicum, Solanum pennellii, allelochemical, resistance to pests.

8

1. INTRODUÇÃO

O tomateiro cultivado (Solanum lycopersicum) é classificado como uma hortaliça fruto

de grande importância na agricultura nacional. No Brasil, especialmente no ano de 2017,

foram cultivados aproximadamente 64,6 mil hectares com produção 4,37 milhões de

toneladas, sendo cultivado em praticamente todas as regiões brasileiras (IBGE, 2018).

O mercado consumidor do tomate é amplamente versátil, apresentando grande

aceitação por parte dos consumidores, tanto para consumo tanto in natura, bem como o uso

de seus derivados por meio da industrialização (ABCSEM, 2010; CNA, 2017). Além de fazer

parte dos hábitos alimentares dos brasileiros o tomate possui importante papel econômico e

social para o país (ABCSEM, 2010). Na questão econômica, somente o tomate representa

16% do PIB produzido pelas hortaliças. Na questão social, a cultura possibilita a fixação do

homem no campo com a geração de cerca de 300 mil empregos na área agrícola, sem

considerar as atividades industriais que possuem elevada demanda de mão de obra

(GERALDINI et al., 2011).

O tomateiro cultivado para fins industriais no Brasil representa cerca de um terço da

produção com 1,45 milhões de toneladas no ano de 2017 (WPTC, 2017). O consumo per

capita de tomate processado é de cerca 0,665 kg de massa de tomate e 0,634 kg de molho de

tomate por ano. Porém, estima-se para os próximos anos, crescimento no consumo de

derivados do tomate. Os maiores centros consumidores nas regiões Sul e Sudeste,

possivelmente, devido ao maior poder de compra da população (CLEMENTE e BOITEUX,

2012).

Todavia, a cultura do tomateiro apresenta uma série de fatores que desfavorecem o

aumento do seu cultivo, dentre eles, a grande suscetibilidade ao ataque de vários artrópodes

que causam danos a cultura. O manejo destes é complexo e oneroso, resultando em aumento

do custo de produção sem, muitas vezes, apresentam resultados satisfatórios. Dentre as

principais pragas que acometem danos a cultura, a mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B) e

a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) são consideradas pragas chave, muitas vezes,

impossibilitando o cultivo do tomate em algumas regiões. Porém, em ambiente protegido

outras pragas de importância secundária podem ser o principal problema, como é o caso dos

ácaros do gênero Tetranychus.

A principal forma de manejo utilizada pelos agricultores para contornar os entraves

causados pelas principais pragas é o uso agroquímicos que quando pulverizados de forma

indiscriminada, favorecem a seleção de populações resistentes dificultando ainda mais o seu

9

manejo. Neste contexto, devido as pulverizações excessivas e o uso de produtos não

registrados para a cultura, o tomateiro é considerado como uma hortaliça que apresenta níveis

consideráveis de resíduos de agroquímicos que podem acarretar severos danos à saúde do

trabalhador rural, ao consumidor e ao meio ambiente (ANVISA, 2015).

Pesquisas que busquem reduzir o uso de agroquímicos com métodos alternativos é de

extrema importância. A seleção e uso de genótipos de tomateiros com um nível adequado de

resistência a artrópodes-praga (TOSCANO et al., 2002; FANCELLI et al., 2003) tem

demonstrado ser promissor. Dentro do manejo integrado de pragas, a resistência varietal surge

como uma alternativa viável para reduzir os resíduos de agroquímicos e os custos de

produção.

As espécies silvestres de tomateiro podem ser usadas como fontes de genes de

resistência às principais doenças e pragas. A resistência as principais pragas apresentadas pelo

genótipo silvestre Solanum pennellii acesso LA 716 tem sido associada a presença de um

fitoquímico chamado acil-açúcares (AAs). Este aleloquímico possibilita efeitos deletérios no

desenvolvimento de um artrópode-praga, podendo impedir ou dificultar a alimentação ou, até

mesmo, a ovoposição por meio da liberação de aleloquímicos (RESENDE et al., 2002a;

LUCINI et al., 2015). Em programas de melhoramento visando a resistência às pragas o uso

do S. pennellii na introgressão de genes de resistência em cultivares comerciais é promissor,

principalmente por meio de retrocruzamentos para obter linhagens avançadas para a formação

de novos híbridos (RESENDE et al., 2009). Neste sentido, o uso simultâneo do

retrocruzamento assistido por marcadores moleculares apresentam-se como alternativa viável

para aumentar a eficiência do processo de retrocruzamento e identificação precisa e precoce

dos indivíduos que apresentam maior recuperação do genoma do genitor recorrente

(OPENSHAW et al., 1994).

Por fim, devido a necessidade de cultivares de tomate para processamento com um

nível de resistência satisfatório as principais pragas, pesquisas com a espécie silvestre S.

pennellii são de extrema importância na introgressão de novos genes em tomates, visando o

manejo ecologicamente sustentável, economicamente viável e socialmente justo.

10

2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Selecionar genótipos F2RC2 de tomateiro para processamento com altos teores de acil-

açúcares, provenientes do cruzamento entre S. lycopersicum L. (cultivar Redenção) x S.

pennellii acesso LA-716, resistentes a artrópodes-praga.

2.2 Específicos

Realizar o avanço da geração F2RC1 em genótipos de tomateiro por meio do uso de

retrocruzamentos para a geração F2RC2;

Quantificar o teor de acil-açúcares em genótipos F2RC2 de tomateiro pertencentes do

cruzamento interespecífico entre Solanum lycopersicum L. “Redenção” x Solanum pennellii

acesso LA-716.

Selecionar os genótipos F2RC2 de tomateiro com altos teores de acil-açúcares

resistentes à traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) e à mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B).

Selecionar genótipos F2RC2 de tomateiro com altos teores de acil-açúcares que

apresentam maior proporção do genoma do pai recorrente com base nos marcadores SSR e

ISSR.

11

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Origens e histórico do tomateiro

O tomateiro (S. lycopersicum) é cultivado na maior parte do Mundo, sendo

descendente da espécie silvestre Solanum lycopersicum var. cerasiforme que produz frutos

menores, do tipo cereja. A região andina da Colômbia, Bolívia, Equador, Peru e parte do

Chile são considerados como o possível centro de origem do tomateiro. Contudo, a

domesticação das espécies silvestres ocorrida no México antes da colonização espanhola fez

com que a região fosse considerada o centro secundário da cultura do tomateiro (NAIKA et

al., 2006; SANTOS, 2009; ALVARENGA, 2013).

Em meados do século XVI ocorreu a introdução do tomateiro na Europa pelos

espanhóis e a partir de então, a cultura foi difundida para os demais países do mundo. Nestas

regiões, inicialmente, as plantas de tomate eram utilizadas apenas para ornamentação de

jardins, não sendo utilizado para alimentação. Os frutos eram considerados tóxicos por

pertencer à mesma família de algumas plantas tóxicas já conhecidas pelos Europeus e também

devido a coloração vermelha de seus frutos. A toxidade destas plantas estava ligada a

presença de um alcaloide chamado tomatina, presente em maiores níveis nas folhas e frutos

imaturos. Porém, em frutos maduros é possível o consumo devido a tomatina ser degradada

em outros compostos inertes (ALVARENGA, 2013; BERGOUGNOX, 2014).

Os primeiros relatos de cultivos do tomate foram feitos pelos italianos devido ao

potencial ornamental e a beleza dos frutos do tomateiro. Na Itália em 1554, Matthiolus

realizou a primeira referência do uso do tomate para consumo, no qual a primeira espécie

introduzida apresentava frutos amarelos conhecidos popularmente como maça dourada ou

Pomi d’oro. Na América latina, especialmente no Brasil, o tomateiro foi introduzido por

imigrantes europeus no século XIX. Entretanto, o surgimento do tomate Santa Cruz no estado

do Rio de Janeiro foi considerado o marco inicial da trajetória do cultivo de tomate no Brasil,

em 1940. O tomate é considerado como uma das hortaliças mais prestigiadas e cultivadas no

Mundo (FILGUEIRA, 2008; ALVARENGA, 2013).

12

3.2 Taxonomia, classificação e botânica do tomateiro

O tomateiro é uma espécie dicotiledônea da ordem Tubiflorae, família Solanacea e

atualmente ao gênero Solanum e subgênero Eulycopersicon e Euriopersicon (PERALTA e

SPOONER, 2000; PERALTA et al., 2006; FILGUEIRA, 2008; ALVARENGA, 2013). O

primeiro descritor do gênero Solanum foi o pesquisador Carl Van Linnaeus no livro “Species

Plantarum”, porém, ocorreu a reclassicação do tomate como sendo do gênero Lycopersicum

por Miller e mais tarde descreveu a espécie Lycopersicon esculentum como sendo o tomateiro

cultivado. Posteriormente, diversas pesquisas evidenciaram alta correlação genética entre as

espécies do gênero Solanum com o tomate cultivado (L. esculentum). Devido a semelhança

encontrada com o outro gênero o gênero Lycopersicon caiu em desuso e, novamente, foi

reconhecido a espécie cultivada como do gênero Solanum e reclassificada como Solanum

esculentum (PERALTA e SPOONER, 2000; PERALTA et al., 2006). Por fim, após uma série

de estudos filogenéticos com a utilização de sequências de DNA, distribuição e detalhadas

pesquisas de morfologia, a maioria dos pesquisadores entraram em consenso sobre a espécie

cultivada de tomateiro como sendo Solanum, anteriormente proposta por Linnaeus,

apresentando mudança apenas no final do nome, sendo classificado pelos pesquisadores como

Solanum lycopersicum (SPOONER et al., 2005; PERALTA et al., 2006).

O tomateiro mesmo sendo uma planta herbácea perene, possui comportamento similar

a plantas anuais desde a semeadura até a produção de sementes (NAIKA et al., 2006;

FILGUEIRA, 2008). Possuem inúmeras ramificações laterais com arquitetura que lembra

uma moita em seu desenvolvimento natural. Porém, fazendo o uso do manejo cultural da

desbrota a característica pode mudar drasticamente. O crescimento em altura e o número de

ramificações estão intimamente ligados a arquitetura da planta, que possui dois tipos de

crescimento como o tipo determinado e indeterminado (ALVARENGA, 2013).

A parte comercializável da planta são os frutos que quando maduros apresentam

coloração vermelha, devido ao acúmulo de um pigmento carotenoide chamado licopeno. O

licopeno por atuar como antioxidante natural vem sendo ligado à prevenção do câncer de

próstata entre outras funções (FILGUEIRA, 2008).

Atualmente existem cerca de 13 espécies de tomateiro catalogadas e identificadas.

Dentre as espécies de tomateiro, apenas a espécie S. lycopersicum é cultivada, as demais são

consideradas silvestre, sendo elas, S. cheesmaniae, S. chilense, S. chmielewskii, S.

habrochaites, S. neorickii, S. pennellii, S. peruvianum, S. pimpinellifolium (ALVAREGA,

2013). Por fim, as últimas espécies identificadas foram S. huaylasense, S. galapagense, S.

13

corneliomuelleri e S. arcanum (PERALTA et al. 2006).

As espécies silvestres não são comercializáveis devido uma série de características

como baixa produção, frutos extremamente pequenos e, às vezes, pubescentes. Entretanto,

apresentam várias características de interesse no melhoramento genético como resistência à

artrópodes-praga, resistência a doenças, estresse abióticos e melhoria da qualidade nutricional.

No melhoramento genético do tomateiro estas espécies silvestres vem sendo utilizadas como

fonte de genes visando introgressão destes genes benéficos incorporados na cultivar comercial

por meio de cruzamentos interespecíficos (GONÇALVES et al., 1998; ZORZOLI et al., 2000;

MALUF et al., 2001; ARAGÃO et al., 2002; RESENDE et al, 2002b; AZEVEDO et al.,

2003; GONÇALVES et al., 2006; RESENDE et al., 2008; RESENDE et al., 2009;

GONÇALVES NETO et al., 2010; MALUF et al., 2010; DIAS et al., 2013; BAIER et al.,

2015).

3.3 Aspectos gerais de produtividade do tomateiro

Na safra de 2016, a produção mundial de tomate somou 177 milhões de toneladas em

uma área cultivada de 4,78 milhões de hectares com rendimento médio de 37 toneladas por

hectare. Dentre 173 países produtores de tomate no Mundo, merecem destaque os maiores

produtores mundiais, sendo em ordem decrescente a China com 56,3 milhões de toneladas,

Índia com 18,4 milhões de toneladas, Estados Unidos com 13,0 milhões de toneladas, Turquia

com 12,6 milhões de toneladas, Egito com 7,9 milhões de toneladas, Itália com 6,5 milhões de

toneladas, Iran com 6,4 milhões de toneladas, Espanha com 4,7 milhões de toneladas e Brasil

com 4,17 milhões de toneladas (FAOSTAT, 2016).

Com relação à área cultivada mundial, a China é o país que possui a maior área

cultivada de tomate com cerca de 999 mil hectares, seguida pela Índia com 760 mil hectares,

Nigéria com 574 mil hectares, Egito com 199 mil hectares e Turquia com 188 mil hectares.

No ranking mundial o Brasil é o 9° colocado em produção, 14° em área de cultivo e 40° no

rendimento (65,15 toneladas por hectare) (FAOSTAT, 2016).

Na safra 2017, o Brasil obteve produção aproximada de 4,37 milhões de toneladas em

uma área de cultivo 64,6 mil hectares e rendimento médio de 67,6 toneladas por hectare. As

regiões de maior destaque em produção de tomate do país são o Sudeste (44,8 %), Centro-

Oeste (29,7 %), Sul (13,1 %) e Nordeste (12,0 %). Em relação aos estados com maior

destaque na produção de tomate são Goiás (28.9 %), São Paulo (21,5 %), Minas Gerais (15,5

%), Bahia (7,0 %) e Paraná (6,0 %) (IBGE, 2017). No Brasil a cultura possui importante

14

papel, sendo amplamente utilizada pelo brasileiro no consumo in natura, assim como em

produtos industrializados, com consumo per capita de 39 kg ano-1 (CNA, 2017).

3.4 Aspectos gerais de produtividade do tomateiro para processamento

Segundo Word Production Estimate of Tomatoes for Processing- WPTC (2017), na

safra de 2017 houve redução na produção mundial de 1,9 %, obtendo assim o valor de 37,4

milhões de toneladas de tomate para processamento. O maior crescimento na produção foi

constatado na Rússia, com aumento de 176 % em comparação com 2016, porém, com

produção de apenas 400 mil toneladas. As maiores reduções nas produções ocorreram em

países como Austrália (- 32,7 %), Estados Unidos (- 17 %) e Polônia (- 35 %).

Contudo, o maior produtor de tomate para processamento continua sendo a Estados

Unidos, com previsão de produção de 9,52 milhões de toneladas, cerca de 32 % da produção

mundial, seguido pela China (5,6 milhões de toneladas), Itália (5,2 milhões de toneladas),

Espanha (3,3 milhões de toneladas), Turquia (1,9 milhões de toneladas), Portugal (1,55

milhões de toneladas) e Brasil (1,45 milhões de toneladas). Atualmente, o Brasil ocupa a

sétima posição na produção de tomate para processamento (WPTC, 2017).

No Brasil o mercado nacional de atomatados está em constante expansão,

impulsionado pela melhoria da renda per capita, crescimentos das redes “fast food”, inserção

de outras empresas de processamento, mudanças nos hábitos alimentares da população e,

principalmente, aumento da entrada da mulher no mercado de trabalho onde procura soluções

práticas de alimentação (CLEMENTE e BOITEUX, 2012).

O fruto do tomateiro possui de 90 a 95 % de água sendo considerado como um fruto

altamente perecível, tolerando assim poucos transtornos desde sua retirada do campo até o

consumidor. Uma alternativa para agregar valor e reduzir as perdas é a industrialização do

tomate com posterior comercialização de seus derivados, possibilitando que o produto

permaneça disponível por um maior período de tempo, aumentando a vida (GAMEIRO et al.,

2007). Além do fruto altamente perecível a alta suscetibilidade a diversas pragas torna o

manejo do tomateiro amplamente complexo.

15

3.5 Artrópodes-praga do tomateiro

3.5.1 Traça-do-tomateiro - Tuta absoluta (Meyrick, 1917)

Nativa da América Central a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) pertence à família

Gelechiidae, sendo considerada como um inseto holometabólico, por apresentar metamorfose

completa, com ciclo de vida composto pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto (INCAPER,

2010; CLEMENTE e BOITEUX, 2012).

Os ovos apresentam formatos elípticos, minúsculos e de coloração branca que com o

passar do tempo tornam-se amarelados. Embora ocorra divergências entre a preferência do

inseto para depositar seus ovos entre a superfície adaxial e abaxial das folhas é sabido que

ocorrem a presença de ovos em ambas as faces da folha (INCAPER, 2010; CLEMENTE e

BOITEUX, 2012). Porém, podem ser encontrados ovos nas flores, frutos, cálice e hastes das

plantas de tomateiro (SILVA e CARVALHO, 2004; CLEMENTE e BOITEUX, 2012). O

período de incubação dos ovos, larvas, pupas e adultos são variáveis e dependentes das

condições climáticas. Em média, a incubação dos ovos varia de 2 a 4 dias e após a eclosão dos

ovos as larvas penetram imediatamente nos frutos, ponteiros ou folíolos, onde permanecem

consumindo o tecido vegetal por 8 a 10 dias (SILVA e CARVALHO, 2004; INCAPER,

2010).

A coloração das larvas são variáveis de verde-claro ao rosado com a presença de uma

placa quitinosa de coloração escura no primeiro segmento torácico. Além de cinco pares de

pernas abdominais e três pares de pernas torácicas. Após a eclosão dos ovos as larvas passam

por 4 instares, variam o seu tamanho com o avanço dos instares, variando de 6 a 9 mm de

comprimento em 13 a 17 dias. Após este período a larva torna-se pupa com fase variando de 7

a 10 dias. As pupas podem ser encontradas nos frutos, gema apical e folhas, sempre

envolvidas por um casulo de seda. No solo, as pupas podem ser encontradas em detritos

vegetais (INCAPER, 2010).

A traça-do-tomateiro na fase adulta é uma pequena mariposa de hábito crepuscular de

cerca de 11 mm de comprimento de coloração cinza-prateada e asas franjadas, logo após a

emergência acasalam-se. Na fase adulta a longevidade do inseto pode chegar até 15 dias

(INCAPER, 2010). Na literatura é verificada divergência entre a quantidade de ovos que uma

fêmea consegue ovopositar, variando de 50 até 260 ovos. O ciclo biológico do inseto é muito

dependente das condições ambientais do local de avaliação e tipo de cultivo, podendo variar

de 30 até 38 dias (INCAPER, 2010; CLEMENTE e BOITEUX, 2012; ALVARENGA, 2013).

A traça-do-tomateiro está presente em qualquer sistema de cultivo e durante todo o

16

ciclo da cultura sendo considerada uma praga-chave. Acredita-se que por meio da importação

do tomate chileno ocorreu a introdução desta praga no Brasil (OLIVEIRA, 2004). No Brasil, a

primeira constatação foi na cidade de Jaboticabal-SP, disseminando, desde então, para as

demais regiões produtoras de tomate (SOUZA e REIS, 2000).

Os níveis de infestação deste artrópode são severamente influenciados pelas condições

climáticas. As condições de altas temperaturas com baixa precipitação pluviométrica e

veranicos em épocas chuvosas favorecem a proliferação desta praga (INCAPER, 2010). Em

contrapartida, os danos são reduzidos em cultivos sob precipitação pluvial e podem

desaparecer em períodos chuvosos. Os sistemas de irrigação podem influenciar fortemente na

população da traça-do-tomateiro. Normalmente, sistemas de irrigação por aspersão e por pivô

central ocorrem menores infestações quando comparados aos sistemas de irrigação localizada

por gotejamento e sulcos. Possivelmente, a redução na taxa de infestação ocorre devido a

água proveniente da irrigação derrubar os ovos, lagartas e pupas presentes na planta,

dificultando o ciclo e reduzindo o potencial reprodutivo do inseto (SILVA e GIORDANO,

2000; CLEMENTE e BOITEUX, 2012).

Os danos causados pela traça-do-tomateiro ocorrem no seu período larval, logo após a

eclosão dos ovos. Nas folhas, as lagartas penetram na mesma e consomem o parênquima

foliar, deixando apenas a epiderme superior e inferior da folha. Os sintomas nas folhas são

caracterizados por minas irregulares nos folíolos. Os principais danos causados pela praga

ocorrem no terço médio da planta, mas os primeiros danos ocorrem no terço superior. Nos

ponteiros as lagartas consumem a gema apical e penetram no caule no sentido descendente,

impedindo o fluxo de seiva no ponteiro, causando o travamento do crescimento da gema

apical ou até a sua morte. A constatação dos danos nos ponteiros pode ser feita pela

constatação de fezes escuras da traça do tomateiro próximas aos pequenos folíolos da gema

apical.

Nos frutos, o inseto faz galerias que tendem a ficar escuras devido a deposição de

fezes, provenientes da alimentação da polpa do fruto, onde os sintomas são notados próximos

das sépalas (INCAPER, 2010). Vale ressaltar que todos os frutos que apresentam perfurações

e galerias junto do cálice devido ao ataque de lagartas são descartados pelos produtores

devido a perda do valor comercial. Além da redução da produção devido ao superbrotamento

causado pelos danos no ponteiro e alimentação de botões florais que reduzem

consideravelmente a formação de frutos comercializáveis (SOUZA e REIS, 2003; SILVA e

CARVALHO, 2004).

17

3.5.2 Mosca-branca- Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B e/ou Bemisia argentifolii

(Bellows e Perring, 1994)

A mosca-branca é uma praga chave da cultura do tomateiro pertencente à família

Aleyrodidae e a ordem hemíptera. Apresenta desenvolvimento do tipo hemimetabolia com

ciclo biológico dependente das condições ambientais que dura em média 15 dias

compreendendo as fases ovo, ninfa e adulto (INCAPER, 2010).

Os adultos são pequenos insetos de 1 mm de comprimento com dois pares de asas

membranosas com uma pulverulência branca. A pulverulência modifica o aspecto do inseto e

causa o nome falho apresentado pela mesma, mosca-branca. Os adultos apresentam

preferência pela ovoposição pela superfície abaxial dos folíolos do tomateiro, fixando por

meio de um curto pedúnculo os ovos na folha com duração de 3 a 6 dias até o inicio do

estágio ninfa (ALVARENGA, 2013).

Após a eclosão dos ovos surgem as ninfas com corpo de formato ovalado e

translúcidas. A coloração das ninfas é variável podendo apresentar cores do amarelo ao

amarelo pálido, onde possuem pernas que possibilitam sair do local da eclosão dos ovos para

outro local da folha que facilite a introdução do seu estilete para o início do processo de

sucção de seiva (INCAPER, 2010).

Na tomaticultura ocorre, principalmente, a presença de duas espécies de mosca-

branca. A Bemisia tabaci é considerada a espécie mais comum com ovoposição média de 110

ovos por fêmea. No entanto, outro biótipo conhecido como Bemisia tabaci biótipo ou B.

argentifolii tem causado maiores problemas para o cultivo do tomateiro, principalmente,

devido a maior capacidade de ovoposição da fêmea com cerca de 300 ovos (ALVARENGA,

2013).

A mosca-branca possui elevada capacidade de redução da produtividade e elevado

potencial de danos nas lavouras. É considerada como uma das pragas-chave da cultura do

tomateiro (FRANÇA et al., 2000). Na região de Goiás, devido aos prejuízos que este sugador

vem ocasionando, desde 2002, esta praga é considerada como o principal inseto na cultura

(MARTINS, 2013). Em testes de preferências com diversas chances de escolha entre as

principais culturas, demonstraram, entre as culturas estudadas o tomateiro e a abobrinha são

as preferidas para ovoposição pela mosca branca (VILLAS BÔAS et al., 2002).

A coloração branca é predominante nos adultos, principalmente pelas asas que cobrem

18

a maior parte do corpo inseto. Entretanto, o dorso do inseto apresenta a coloração amarelo-

claro. Em relação ao tamanho, os adultos apresentam cerca de 1 mm de comprimento, sendo

considerados insetos pequenos. Nos adultos ocorre dimorfismo sexual, do qual os machos são

menores em relação as fêmeas. O aparelho bucal da mosca-branca é do tipo “picador-

sugador” com elevada capacidade de sucção de seiva, principalmente, pelo número de insetos

presentes na folha (INCAPER, 2010).

A mosca-branca é capaz de causar diversos danos ao tomateiro, sendo estes danos

divididos entre danos diretos e indiretos. Os danos indiretos causados pela B. tabaci ocorrem

no momento em que é inserido o aparelho bucal no interior do tecido vegetal para alimentação

e, concomitantemente, pode ocorrer a transmissão de partículas virais, em especial, ao grupo

geminivírus que a mosca-branca é especializada na sua transmissão. Independente do período

de desenvolvimento da planta a transmissão pode ocorrer, sendo mais drásticas nos estágios

iniciais da cultura. Os danos causados pela geminivirose variam de 40 a 70 %, principalmente,

devido a paralização do crescimento normal da planta e redução de sua produção (FRANÇA

et al., 2000). Nas plantas infectadas ocorrem mosaicos amarelados nas folhas com posterior

enrijecimento, além de apresentar o fenômeno de curvatura da folha para baixo conhecido

como epinastia. Nos frutos o vírus pode causar perda da atratividade no consumidor final

devido ao amadurecimento desuniforme reduzindo seu valor comercial. Na alimentação deste

artrópode-praga ocorre a liberação de uma secreção açucarada no limbo foliar que serve de

substrato para o crescimento de um fungo responsável pelo escurecimento dos órgãos

atacados (folhas e frutos) e redução da capacidade fotossintética da planta (HAJI et al., 2005).

Os danos diretos causados pela mosca-branca são os danos causados apenas pela

alimentação do inseto, do qual, o mesmo insere o aparelho bucal e suga a seiva. Em altas

infestações, a retirada considerável de seiva causa uma série de modificações fisiológicas na

planta com redução de até 50 % da produtividade da cultura. Em várias regiões a mosca-

branca é considerada como uma ameaça para a produção de tomate por todos os prejuízos

associados a esse inseto, além a alta capacidade de adaptação a diversos ambientes e ataque a

diversas culturas, condicionam uma situação ideal para o seu desenvolvimento (FRANÇA et

al.,2000).

19

3.5.3 Ácaro rajado - Tetranychus urticae (Koch, 1836)

O ciclo de vida do ácaro rajado compreende as fases de ovo, larva, protoninfa,

deutoninfa e adulto. A característica diferenciadora da espécie em contraste as demais são a

presença nas fêmeas da coloração esverdeada na lateral de seu dorso com um par de manchas

escuras. O dimorfismo sexual apresentado por esta espécie é considerado alto, no qual as

fêmeas apresentam corpo ovalado e maior tamanho quando comparado ao macho. A espécie é

um haplo-diplóide, em que as fêmeas são advindas da reprodução sexuada e os machos de

partogênese arrenótoca (SILVA e CARVALHO, 2004).

A superfície abaxial das folhas é preferida para a ovoposição pelas fêmeas do ácaro

rajado, que ocorrem próximos as nervuras ou sobre as teias. Os ovos são de aproximadamente

0,14 mm de diâmetro com formato esférico, primeiramente de coloração quase transparente

passando para a coloração opaca e quando estão próximos da eclosão das larvas apresentam

coloração amarelada (GALLO et al., 2002). As larvas possuem coloração incolor ou

translúcidas com tamanho semelhante ao dos ovos, mas com três pares de pernas e

apresentando duas manchas laterais com coloração avermelhada. A coloração da larva vai

sendo modificada de acordo com a sua alimentação. Nas fases de protoninfa e deutoninfa são

diferenciadas somente pelo tamanho, cuja deutoninfa é pouco maior que a protoninfa

(MORAES e FLECHTMANN, 2008)

Os ácaros podem apresentar elevada capacidade de explosão populacional, devido a

sua alta capacidade reprodutiva de cerca de 20 a 25 gerações em um mesmo ano. Portanto, o

manejo do ácaro rajado deve apresentar grande eficiência, sempre mantendo a população de

ácaros presentes na cultura abaixo do nível de dano econômico (MARUYAMA et al, 2002;

MARUYAMA e TOSCANO, 2003).

No mundo, o ácaro rajado é considerado como o único representante das seis espécies

de Tetraniquídeos de importância econômica e o principal ácaro fitófago, devido ao grande

número de hospedeiros e os sérios danos causados às plantas (BOOM et al., 2003; SILVA e

CARVALHO, 2004; SATO et al., 2007). Os ácaros pertencentes ao gênero Tetranychus spp.

por tecerem uma determinada quantidade de teia são conhecidos como ‘spider mites’. As teias

possuem diversas funções, sendo utilizadas principalmente para dispersão, marcar território e

proteção contra predadores (MORAES e FLECHTMANN, 2008). Em condições ambientais

favoráveis como baixa umidade e alta temperatura os ácaros podem se tornar a principal praga

na cultura do tomateiro (MALUF et al., 2007). Em ambiente protegido ocorrem os principais

danos causados pelos ácaros na cultura do tomateiro. Neste tipo de sistema os ácaros

20

encontram os fatores ideais ao pleno desenvolvimento e podem ser uma das principais pragas

presentes (SILVA e CARVALHO, 2004).

Na alimentação o ácaro insere o seu estilete no limbo foliar, alimentando-se de todo o

conteúdo celular e, posteriormente, formando bolsas. No decorrer da alimentação ocorre a

formação de manchas branca-prateadas que com a oxidação adquirem coloração escura

(bronzeadas). Em ataque severo é comum a ocorrência de manchas necróticas com posterior

secamento e queda prematura da folha. Nos frutos o ataque severo nas folhas leva a

diminuição do número e tamanho dos frutos, além do amadurecimento prematuro dos frutos

remanescentes (MARUYAMA e TOSCANO, 2003; SILVA e CARVALHO, 2004;

MORAES e FLECHTMANN, 2008).

Neste sentido, o desenvolvimento de cultivares com nível satisfatório de resistência ao

ácaro é de grande valia para redução do número de pulverizações com produtos químicos. As

pesquisas com espécies silvestres do gênero Solanum tem procurado novos mecanismos e

fontes de resistência aos principais artrópodes-praga entre eles, os ácaros (KENNEDY, 2002).

3.6 Manejo integrado de pragas

O manejo integrado de pragas (MIP) no tomateiro é de extrema importância na cultura

do tomateiro, visto que, a cultura é danificada por uma infinidade de artrópodes-pragas, que

podem causar severos danos e, por vezes, impossibilitar a comercialização do tomate pelo

agricultor. Visando garantir um produto de qualidade ao comércio os produtores utilizam

produtos fitossanitários como principal forma de manejo. Contudo, o uso indiscriminado pode

elevar os custos de produção sem um manejo eficiente da praga. O controle químico na

cultura do tomateiro é oneroso e representa cerca de 8,1 % do custo total da lavoura (FAEG,

2013).

O MIP na cultura do tomateiro surgiu com o intuito de buscar uma série de medidas

eficientes para o manejo de pragas. O MIP é reconhecido como o uso simultâneo de medidas

diferentes de manejo de artrópodes-praga, visando reduzir os danos até um nível que não

cause prejuízo econômico, procurando conciliar que o inseto sobreviva na cultura sem

prejuízos significativos. Dentre as diversas medidas utilizadas, merece destaque o uso de

cultivares resistentes, medidas preventivas, medidas culturais, medidas de manejo biológico e

uso do manejo químico racional (FRANÇA et al., 2000; GALLO et. al., 2002).

A resistência genética é considerada por vários autores como uma medida importante

21

no controle de pragas por apresentar custo relativamente baixo e possibilitar a manutenção

dos insetos abaixo do nível de dano econômico. O uso de cultivares resistentes possibilitaria a

manutenção do equilíbrio ecológico entre os inimigos naturais e as pragas, além de não

oferecer risco à saúde humana e ao meio ambiente (VENDRAMIM e NISHIKAWA, 2001;

GALLO et al., 2002). Por não influenciar nos tratos culturais do tomateiro e ainda facilitar o

manejo, as cultivares resistentes de tomateiro a artrópodes-pragas podem ser inseridas em

novas áreas sem resultar em dificuldades de manejo para o agricultor, sendo uma alternativa

economicamente viável, não resultando em resíduos e podendo ser usada em conjunto com

outros métodos do manejo integrado de pragas (VENDRAMIM, 1990).

3.7 Melhoramento genético do tomateiro visando resistência a artrópodes-

praga

A resistência de cultivares de tomateiro aos danos provocados por artrópodes-praga

ocorrem devido ao somatório relativo das características hereditárias presentes na planta, que

influenciam na redução dos danos provocados pela praga (PAINTER, 1951). Neste sentido,

quando uma população, com diferentes indivíduos da mesma espécie, é submetida ao ataque

de uma determinada praga que causa uma série de danos, podemos considerar plantas

resistentes aquelas que possuem a capacidade de manter ou aumentar as características

agronômicas desejáveis em relação a maioria das plantas (GALLO et al., 2002). Diversos

programas de melhoramento genético vegetal exploram três tipos de resistências de plantas às

pragas que são conhecidos como antibiose, não preferência e tolerância (OLIVEIRA, 2013;

LUCINI et al., 2015).

A resistência do tipo antibiose é presente quando ocorre a alimentação dos tecidos da

planta hospedeira pelo artrópode-praga. No entanto, quando em contato ou ingeridos os

tecidos da planta com a praga ocorrem uma cadeia de efeitos deletérios sobre a praga. Os

efeitos podem alterar alguns dos seus padrões biológicos, como fecundidade, ovoposição,

duração das fases imaturas e mortalidade. Neste tipo de resistência a ingestão dos metabólitos

deletérios produzidos na planta pela praga são a causa de resistência. A antixenose ou não

preferência é uma modalidade de resistência quando a planta possui alguma característica que

cause uma resposta negativa pela praga, reduzindo a atratividade da planta para determinadas

funções básicas do artrópode-praga como abrigo, alimentação e ovoposição. Possivelmente,

os fatores característicos nesta resistência sejam aspectos químicos, físicos e morfológicos

22

apresentados pela planta. Por fim, a tolerância é um tipo de resistência que ocorre quando a

planta não modifica a biologia ou o comportamento dos insetos, porém consegue manter as

principais características produtivas quando comparadas a outras plantas sobre o mesmo

ataque de pragas. As plantas consideradas tolerantes compensam os danos causados pelas

pragas com o aumento da área foliar, brotações ou espessura da cutícula (GALLO et al.,

2002).

As resistências de plantas às pragas podem ter origem de diferentes causas podendo

ser agrupadas em fatores químicos, físicos e morfológicos. Os fatores químicos podem ser

representados por enzimas, antimetabólitos e substâncias tóxicas que agem no metabolismo

e/ou comportamento da praga. Diferente dos fatores morfológicos e físicos que são associados

aos aspectos estruturais presentes na epiderme da planta como cerosidade, textura, espessura

e, principalmente, a presença de tricomas grandulares (NORRIS e KOGAN, 1980).

Na natureza é possível observar diferentes níveis de resistência entre as plantas

podendo ser diferenciadas por possuírem alta suscetibilidade, suscetibilidade, resistência

moderada, alta resistência e imunidade. As plantas que apresentam dano médio superior ao da

média da população em que foi comparada são chamadas de plantas altamente suscetíveis.

Posteriormente, quando o dano presente em uma planta é similar ao ocorrido pela média geral

a mesma é reconhecida como plantas suscetíveis. Na seleção de plantas resistentes é

interessante plantas com danos menores ao dano médio ocorrido pelas demais, sendo

chamadas de plantas resistência moderada. As plantas classificadas com alta resistência são as

que apresentam poucos danos em relação à média geral. O ideal, porém, difícil, seria a seleção

de plantas imunes que são as plantas que em qualquer condição não sofrem nenhum dano

(Lara, 1991).

A introgressão de novos genes que promovam a resistência às principais pragas é

importante. Normalmente, os programas de melhoramento genético do tomateiro utilizam

cruzamentos interespecíficos entre algumas espécies silvestres que apresentam características

de resistência químicas ou morfológicas, para o cruzamento com o tomateiro cultivado,

visando a incorporação desta característica de resistência na espécie de uso comercial

(RESENDE et al., 2008; RESENDE et al.,2009; SILVA et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2012;

DIAS et al., 2013; NEIVA et al., 2013; BAIER et al., 2015).

23

3.8 Seleção assistida por marcadores moleculares.

Dentro dos diferentes métodos de melhoramento, virou rotina nos programas de

melhoramento a utilização da seleção assistida por marcadores moleculares (SAM). O SAM é

definido como sendo a seleção de uma determinada característica com base no genótipo

marcador correlacionado com a característica de interesse (FOOLAD; PANTHEE, 2012).

A utilização da SAM de forma eficiente pode aumentar a precisão de seleção, diminuir

os custos e ainda aumentar a eficiência de seleção, quando comparada aos métodos que levam

em consideração as características fenotípicas. Entre as diversas vantagens na utilização de

marcadores moleculares como critério de seleção vale destacar o fato de que eles são

independentes das perturbações do ambiente, sendo assim mais precisos. A maior eficácia tem

sido documentada em programas de melhoramento no qual as características de interesse são

de controle monogênico, sendo a maior eficiência da SAM em estudos com herdabilidade

moderada ou baixa em relação a seleção fenotípica (FOOLAD, 2007).

O uso de marcadores moleculares em programas de melhoramento com o uso de

retrocruzamento tem sido bem trabalhada, pois além de monitorar a introgressão do gene de

interesse, a utilização da genotipagem molecular dos indivíduos permite a seleção dos

genótipos mais semelhantes ao pai recorrente e com melhor conversão na região próxima ao

gene recentemente incorporado (DUARTE et al., 2003). Portanto, o número de ciclos de

retrocruzamentos necessários para a recuperação do pai recorrente é reduzido, resultando na

maximização do desenvolvimento de variedades melhoradas (OPENSHAW et al., 1994).

Atualmente, vários marcadores moleculares têm estreita ligação ou mesmo fazendo parte de

alguns destes genes, chamados de marcadores funcionais, estes já estão disponíveis para

serem utilizados na seleção assistida (TANKSLEY, 2004).

Nos diferentes processos de transferência de alelos de resistência, os marcadores

moleculares do DNA podem servir como uma ferramenta de grande valia. Esses marcadores

quando estão ligados aos alelos de resistência podem ser usados no processo de SAM,

principalmente nas etapas iniciais e intermediárias do programa de melhoramento. A

identificação de marcadores moleculares ligados aos alelos de resistência a doenças são um

dos principais objetivos dos atuais programas de melhoramento genético da cultura do

tomateiro. Podemos citar como exemplo o marcador molecular microssatélite SSR-47 que é

mapeado no cromossomo 6 do tomateiro a uma distância menor que 1 cM do loco Mi (SOL

GENOMICS NETWORK, 2008). Este marcador molecular também está intimamente ligado

24

ao loco Ty-1, possuindo grande importância na caracterização de genótipos de tomateiro

quanto a presença do alelo Ty-1 de resistência a begomovírus (ZAMIR et al., 1994).

Em relação a virose conhecida como tospovírus (TSWV), uma importante ferramenta

para a resistência a esta virose conferida pelo alelo Sw-5 e a sua detecção feita através do uso

dos marcadores moleculares funcionais. O marcador SCAR codominante correspondente a

uma certa região dentro do lócus Sw-5, sua utilização possibilitou identificar tomateiros

resistentes e suscetíveis de maneira inequívoca ao tospovírus. O uso destes marcadores é um

facilitador do programa de melhoramento, pois não é necessário o emprego de técnicas

biológicas de inoculação de doenças, que são demoradas, além de consumir recursos e espaço

com casas de vegetação (DIANESE et al., 2010). O gene Sw-7 supera a resistência conferida

do Sw-5, sendo que o lócus Sw-7 foi localizado próximo ao marcador SSR20 no cromossomo

12 (DOCKTER et al., 2009), também facilitando a detecção.

Nas pesquisas com a cultura do tomateiro tem sido desenvolvido mapas genéticos

extremamente densos, possuindo um número elevados de marcadores, estes tem permitido a

localização genômica/isolamento dos genes. Além de proporcionar o uso de diversos

marcadores moleculares em programas de seleção assistia em genótipos superiores

(BARONE et al., 2009). Vários genes do tomateiro relacionados a resistência a doenças têm

sido isolados via mapeamento genético de lata resolução (BARONE & FRUSCIANTE,

2007).

As técnicas genético-moleculares têm contribuído em diagnose, pesquisas com estudos

de herança e mecanismos de resistência contra pragas e patógenos. As informações genômicas

tem oferecido maior segurança no processo de seleção de plantas superiores nos programas de

melhoramento. Nas sementes, a detecção mais precisa de patógenos usando técnicas

moleculares tem permitido aumento na qualidade sanitária de sementes comerciais evitando

danos aos produtores por sementes contaminadas (CARVALHO et al., 2014).

3.9 Solanum pennellii LA 716 como fonte de resistência a artrópodes-praga

As espécies silvestres são as principais fontes de genes de resistência às principais

limitações causadas por pragas na cultura do tomateiro. As principais espécies utilizadas são a

S. pennellii, S. habrochaites, S. peruvianum e S. pimpinellifolium (MARUYAMA et al., 2002;

FANCELLI e VENDRAMIM, 2002; SUINAGA et al., 2004; ESCOBAR et al., 2010;

GONÇALVES-NETO et al., 2010; ORIANI et al., 2011). No entanto, as espécies silvestres S.

25

habrochaites e S. pennellii merecem destaque entre as demais quando se objetiva a resistência

pragas.

A espécie S. pennellii acesso LA 716 possui diversas pesquisas que demonstraram a

sua importância na cultura do tomateiro, principalmente, devido aos altos níveis de resistência

aos principais artrópodes-praga, dentre eles pragas-chave da cultura como a mosca-branca e

traça-do-tomateiro e outras secundárias de maior importância em cultivo protegido como os

ácaros tetranichídeos (PAMPLOMA, 2001; NEVES et al., 2003; GONÇALVES et al., 2006;

RESENDE et al., 2006; MACIEL et al., 2009; PEREIRA et al., 2008; RESENDE et al., 2008;

RESENDE et al., 2009; SILVA et al., 2009; GONÇALVES- NETO et al., 2010; MALUF et

al., 2010; DIAS et al., 2013; BAIER et al. 2015).

Em relação a mosca-branca (B. tabaci e B. tabaci biótipo B) diversas pesquisas com

acessos de S. pennellii LA-716 demonstraram a menor preferência para ovoposição da praga

por este acesso silvestre. Demonstrando a presença de resistência do tipo antixenose que

possivelmente, é promovida pela presença de tricomas na superfície dos folíolos desta espécie

(PAMPLOMA, 2001; TOSCANO et al., 2002; FANCELLI e VENDRAMIM, 2002). Nas

ninfas os efeitos deletérios ocorrem no período do seu desenvolvimento, não sendo descartado

a atuação da resistência do tipo antibiose (FANCELLI e VENDRAMIM, 2002). Em adultos,

foi observado maior mortalidade de adultos submetidos a espécie silvestre e os genótipos F2

selecionados para a característica de resistência a insetos (PAMPLOMA, 2001). A maioria

das características de resistência da espécie silvestre S. pennellii está envolvida aos tricomas

foliares e a concentração de acil-açúcares presentes nos folíolos.

A espécie S. pennellii em pesquisa com a traça-do-tomateiro possibilitou maior

rejeição para a ovoposição, sendo que a menor quantidade de ovos presentes na folha favorece

a diminuição dos danos causamos pela praga quando comparada a uma cultivar comercial,

sendo considerada uma espécie importante para o melhoramento (DIAS et al., 2013). A

resistência do tipo não preferência da espécie S. pennellii também foi constatada em pesquisas

com o ácaro T. evansi, provavelmente, pela presença de fitoquímicos conhecidos como acil-

açúcares presentes na espécie silvestre em contraste a espécie comercial (RESENDE et al.,

2008).

A presença de tricomas glandulares do tipo IV na espécie S. pennellii têm sido

associados a resistência do tipo antixenose e antibiose. Os tricomas glandulares presentes nos

folíolos da espécie silvestre produzem um fitoquímico que atua exercendo um efeito deletério

sobre a alimentação, ovoposição e no desenvolvimento da praga (GIANFAGNA et al., 1992;

ECOLE et al., 1999; MALUF et al., 2007; GONÇALVES-NETO et al., 2010; LUCINI et al.,

26

2015). Este aleloquímico pode ser encontrado em outros tecidos da planta como por exemplo

a lamela média das folhas e nos frutos (e ISMAN, 1981).

Os acil-açúcares (AAs) são um dos composto fitoquímicos mais estudados na

resistência as principais pragas do tomateiro, sendo considerado um éster de ácido graxo

(PEREIRA et al., 2008; RESENDE et al., 2009; GONÇALVES-NETO et al., 2010; MACIEL

et al., 2010, 2011; DIAS et al., 2013; BAIER et al., 2015). Na espécie S. pennellii os AAs é o

principal fitoquímico (aleloquímico) presente (RESENDE et al., 2006; GONÇALVES-NETO

et al., 2010; MALUF et al., 2010; MACIEL et al., 2011). Estudos utilizando plantas com

teores contrastantes do aleloquímico demonstraram correlação positiva dos altos teores do

aleloquímico com a maior resistência às pragas (PEREIRA et al., 2008; DIAS et., 2013).

A utilização de cruzamentos interespecífico entre a espécie silvestre S. pennellii com

altos teores de AAs com uma cultivar comercial que naturalmente possuem baixos teores de

AAs é de grande valia no melhoramento genético do tomateiro, visto que na geração F2 do

cruzamento alguns descendentes podem ser selecionados para teores altos e médios de acil-

açúcares visando a resistência às pragas (RESENDE et al., 2006).

Vale destacar que, geralmente, os genótipos F2 selecionados para altos teores de AAs

provenientes do cruzamento interespecífico entre a espécie silvestre e uma cultivar comercial

foram mais eficientes em reduzir os danos causados pela traça-do-tomateiro, semelhante ao

parental S. pennellii, sendo, portanto, promissores para a continuação do programa de

melhoramento genético por meio de retrocruzamentos em tomateiro (DIAS et al., 2013).

Em relação a mosca-branca, quando avaliados diferentes genótipos F2 quanto a

resistência a ovoposição e mortalidade de adultos, verificaram que os genótipos com altos

teores de AAs foram mais efetivos nos fatores relativos a maior resistência quando

comparados com os genótipos com menores teores de AAs. As principais diferenças presentes

entre os genótipos estavam ligadas, principalmente, aos teores de AAs presentes nos folíolos e

a densidade de tricomas foliares (PAMPLOMA, 2001). Em ácaros foi verificada uma

correlação negativa e significativa entre os teores de AAs e as médias de distâncias

percorridas por ácaros, sendo a menor distância percorrida aos genótipos com maiores

concentrações de AAs em seus folíolos. A seleção indireta realizada para quantificar altos

teores de AAs nos diferentes genótipos de tomateiro foi efetiva no aumento da resistência

(PEREIRA et al., 2008).

Há estudos genéticos com o aleloquímico acil-açúcar que demonstraram herança

monogênica, facilitando a seleção de plantas com os alelos de interesses nas diferentes etapas

de seleção (RESENDE et al., 2002b; BAIER et al., 2015). A seleção de plantas com médios e

27

altos teores de AAs provenientes do cruzamento interespecífico pode ser realizada de maneira

eficiente e com níveis satisfatórios de resistência as principais pragas. Visto que os teores do

aleloquímico AAs se mantém com o avanço das gerações de retrocruzamentos, possibilitando

ao melhoristas a seleção de novos indivíduos com elevados teores de AAs e com bons níveis

de resistência a pragas (GONÇALVES et al., 2006).

28

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36

CAPÍTULO I

ACIL-AÇÚCARES MEDIADORES DE RESISTÊNCIA À MOSCA BRANCA E À

FUMAGINA EM POPULAÇÕES SEGREGANTES DE TOMATEIRO

Resumo- A mosca branca é considerada como uma das principais pragas capazes de causar

danos na cultura do tomateiro. Os prejuízos provocados pela mosca branca apresentam-se

desde distúrbios fisiológicos no momento da alimentação, como também danos indiretos via

transmissão de viroses para as plantas e exsudação de substâncias açucaradas que servem de

substrato para o crescimento da fumagina. A fumagina causa na planta escurecimento dos

tecidos e pode interferir nas trocas gasosas, sendo mais um fator para análise. Objetivou-se

nesta pesquisa selecionar genótipos F2RC2 de tomateiro com altos teores de acil-açúcares

(AAs) e com resistência à mosca-branca e à fumagina. Para tanto, foram utilizados genótipos

F2RC1 de tomateiro com altos teores AAs, provenientes do cruzamento interespecífico entre a

cultivar Redenção e a espécie silvestre Solanum pennellii. Os genótipos foram retrocruzados

com a cultivar Redenção e autofecundados até a geração F2RC2, que incluía um total de 500

genótipos com teores contrastantes do aleloquímico. Posteriormente, os genótipos foram

submetidos a quantificação dos teores de AAs mediante análises de laboratório, sendo

selecionados 14 genótipos para o teste de resistência para a mosca branca e a severidade da

fumagina. No experimento foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso com

14 tratamentos e 4 repetições. Dentre os tratamentos foram utilizados nove genótipos com

altos teores de AAs, três genótipos com baixos teores de AAs, e os parentais como padrão de

resistência (Solanum pennellii) e suscetibilidade (cultivar Redenção), sendo cultivados em

casa de vegetação. A infestação com a praga ocorreu 45 dias após o transplante. Nas

avaliações foram contabilizados o número médio de ovos, número médio de ninfas, número

médio de exúvias e número médio de adultos presentes nos folíolos do terço superior,

mediano e inferior em um período de 28 dias de análises. Os adultos foram contabilizados no

folíolo e os ovos, ninfas e exúvias foram contabilizados em uma superfície de 2 cm2 do

folíolo. A avaliação referente a porcentagem da folha com a fumagina foi realizada com a

retirada de uma folha do terço superior, mediano e inferior, escaneadas e analisadas no

programa QUANT. Ocorreram diferenças significativas na redução do número de ovos,

ninfas, exúvias e adultos da mosca-branca em relação ao parental comercial Redenção. Em

relação a fumagina, os genótipos com altos teores de AAs obtiveram a menor severidade de

cobertura foliar com a presença da fumagina quando comparados com a cultivar Redenção.

37

Houveram correlações negativas e significativas entre os teores de AAs e os ovos, ninfas,

exúvias, adultos e severidade de cobertura da fumagina na folha. O programa QUANT

possibilitou quantificar a porcentagem de fumagina presente nas folhas. Os genótipos RVTA-

2010pl# 28, RVTA-2010pl# 39 e RVTA-2010pl# 113 serão utilizados na continuidade do

programa de melhoramento genético visando obtenção de genótipos com altos teores de AAs.

Palavras-chave: Solanum pennellii, Solanum lycopersicum, Bemisia tabaci, Capnodium sp.

38

1. INTRODUÇÃO

O tomateiro (Solanum lycopersicum) é uma cultura suscetível a artrópodes-praga, que

causam uma série de limitações que dificultam o sistema de cultivo. O manejo das pragas é

complexo, sendo necessário o uso do manejo integrado de pragas para obter um resultado

satisfatório. Os danos causados pelas pragas elevam os custos de produção por causar

distúrbios que diretamente ou indiretamente afetam o produto comercial, ou seja, os frutos

(ALVARENGA, 2013).

Dentre as principais pragas que causam danos significativos na cultura do tomateiro

destaque-se a mosca-branca (Bemisia tabaci e Bemisia tabaci biótipo B) pela sua expressiva

capacidade de provocar danos e redução do potencial produtivo do tomateiro (SRINIVASAN

et al., 2012). Os diversos prejuízos causados pela mosca-branca podem ser agrupados em

danos de origem direta e indireta (VILLAS BÔAS et al., 2002). Os danos de origem direta

ocorrem no momento da sucção da seiva presente no floema, e, em alta população da praga,

provocam uma série de distúrbios fisiológicos na planta, como a maturação irregular dos

frutos (FIRDAUS et al.,2012). Por sua vez, os danos de origem indireta são aqueles

decorrentes dos danos diretos. Na alimentação dos adultos da mosca-branca ocorre o

extravasamento da seiva para fora da epiderme da planta, servindo de substrato para o

aparecimento do patógeno fumagina (Capnodium sp.) que provoca o escurecimento dos

tecidos da planta, principalmente folhas e frutos, interferindo as trocas gasosas da planta e,

consequentemente, na produtividade (FIRDAUS et al., 2012). Porém, a maior preocupação é

com a geminivirose, uma virose que é transmitida pela mosca-branca no momento da sucção

de seiva causando uma série de distúrbios fisiológicos irreversíveis, sendo considerado outro

dano indireto causado por esta praga (TAVARES, 2002).

A principal forma de manejo utilizado pelos produtores para contornar os danos

causados pelos artrópodes-praga é o uso de produtos fitossanitários. No entanto, quando

usados de forma indiscriminada e sem o auxílio de outros métodos de manejo, provocam a

seleção de indivíduos com resistência as principais moléculas químicas, perigo de

contaminação ambiental e o risco à saúde humana (FORGET et al., 1993; ISMAN, 2006). A

utilização desenfreada de produtos não seletivos pode causar desequilíbrios biológicos pela

morte de polinizadores e insetos predadores de outras pragas (SILVA et al., 2009). Neste

sentido, o uso de métodos alternativos de manejo da mosca-branca que visem reduzir a

quantidade de produtos químicos é de grande importância (SAYEDA et al., 2009). Dentre os

39

diferentes métodos, o melhoramento visando a seleção de genótipos de tomateiro resistentes

aos principais artrópodes-praga tem apresentado resultados promissores (TOSCANO et al.,

2002; FANCELLI et al., 2003; MALUF et al, 2007; DIAS et al., 2013; LUCINI et al., 2015).

Vale destacar que dentro do manejo integrado de pragas a resistência genética surge como

uma forma importante de auxílio no manejo da mosca-branca, uma vez que os níveis de

resistência presentes nas cultivares comerciais são insuficientes (DIAS et al.,2016).

Na domesticação do tomateiro e seleção de espécies mais produtivas sem levar em

conta outros fatores de seleção resulta na perda de alelos importantes, especialmente os

responsáveis pela resistência a pragas e doenças. O estreitamento da base genética é um dos

fatores prováveis da suscetibilidade das cultivares atuais a inúmeras pragas e doenças

(GONÇALVES NETO et al., 2010; MALUF et al., 2010).

Diversas espécies de tomateiro silvestre são utilizadas como fonte de resistência a

doenças e pragas, como o Solanum pennellii. A principal característica de resistência para as

principais pragas presentes no S. pennellii vem sendo associada a fitoquímico chamado acil-

açúcares (AAs), principalmente 2,3,4-tri-O-éster de glicose (BURKE et al., 1987). Estes

fitoquímicos que atuam causando algum efeito deletério no ciclo de vida de determinadas

fases dos artrópodes-praga e contribuem na redução da preferência para ovoposição e a

alimentação da praga (MUIGAI et al., 2002; RESENDE et al., 2002a; SILVA et al., 2009;

LUCINI et al., 2015).

A utilização de genótipos selecionados para altos teores de AAs dentro de um

programa de melhoramento para pragas tem apresentado resultados satisfatórios, que por

meio de retrocruzamentos podem-se obter linhagens avançadas resistentes para o

desenvolvimento de novos híbridos de tomateiro de mesa (RESENDE et al., 2009).

A seleção de genótipos de tomateiro com altos teores de AAs presentes em seus

tecidos e com nível satisfatório de resistência as principais pragas são de grande valia para

redução do uso de produtos fitossanitários, aumento de renda do agricultor e favorecer o

manejo consciente. Atualmente ocorre a necessidade de novas cultivares de tomateiros

resistentes as principais pragas, devido não ter referências sobre o uso destes materiais para

uso comercial (DIAS et al., 2016). Diante do exposto, objetivou-se avaliar a resistência dos

genótipos F2RC2 de tomateiro para processamento com teores contrastantes de AAs quanto a

resistência a mosca-branca e a severidade da fumagina.

40

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local do experimento

A obtenção das populações segregantes da geração F2RC2 e os testes de resistência à

mosca-branca e à fumagina foram conduzidos em casa de vegetação pertencentes ao Setor de

Olericultura e a quantificação dos diferentes teores de acil-açúcares foram realizadas no

Laboratório de Fisiologia Vegetal/Núcleo de Pesquisa em Hortaliças, ambos presentes ao

Departamento de Agronomia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO,

Guarapuava-PR. A região possui altitude média de 1.100 m, 25°23’01’’ de latitude Sul e

51°29’46’’ de longitude Oeste.

2.2 Obtenção das populações segregantes de tomateiro F2RC2

Foram utilizados no experimento os genótipos de tomateiro F2RC1 com altos teores de

acil-açúcares (AAs) 177, 310, 319 e 345 anteriormente selecionados por Dias et al. (2016)

para resistência à mosca-branca. Os genótipos utilizados no experimento foram provenientes

do cruzamento interespecífico entre a cultivar Redenção (Solanum lycopersicum, linhagem

que apresenta naturalmente baixos teores de AAs e com características favoráveis para o

processamento) e a espécie silvestre Solanum pennellii acesso LA-716 (acesso silvestre que

apresenta altos teores de AAs e fonte de resistência para artrópodes-praga) submetidos a

vários testes de resistência a pragas nas populações segregantes e retrocruzadas na cultivar

Redenção.

Os genótipos de tomateiro F2RC1 com altos teores de acil-açúcares (AAs) RVTA-

2010-31-pl#177, RVTA-2010-31-pl#310, RVTA-2010-31-pl#319 e RVTA-2010-83-pl#345

foram clonadas e retrocruzadas com o pai recorrente, cultivar Redenção. A clonagem foi

realizada com a intenção de aumentar os indivíduos de cada genótipo sem a perda da

característica de resistência. Na clonagem foram utilizados brotos axilares retirados de cada

genótipo e transplantados para bandejas de poliestireno de 60 células preenchidas com

substrato comercial, separadamente e devidamente identificados. Simultaneamente a

clonagem foi realizada a semeadura da cultivar Redenção em bandejas de 128 células com

substrato comercial. Após 30 dias da semeadura os clones e a cultivar Redenção foram

transplantados para vasos com capacidade de 7 dm3.

Os retrocruzamentos foram realizados no estágio de pleno florescimento dos genótipos

41

selecionados e da cultivar Redenção. Os frutos provenientes de cada retrocruzamento foram

identificados e colhidos separadamente. As sementes F1RC2 foram retiradas dos frutos,

secadas e semeadas em bandeja de 128 células. As plantas F1RC2 foram cultivadas em vasos

de 7 dm3 para a coleta dos frutos e obtenção da semente F2RC2.

2.3 Medida indireta dos teores de acil-açúcares e seleção dos genótipos de

tomateiro F2RC2

Na quantificação dos teores de acil-açúcares (AAs), os genótipos foram cultivados em

casa de vegetação em vasos de 2 dm3, utilizou-se 420 genótipos da geração F2RC2, sendo 105

plantas de cada parental, 40 plantas da cultivar Redenção (S. lycopersicum, testemunha para

baixo teor AAs) e 40 plantas de Solanum pennellii (testemunha para altos teores de AAs). Os

genótipos foram distribuídos em bancada elevada sequencialmente e identificadas no croqui.

No início do florescimento dos genótipos foram retirados seis discos foliares do terço

superior com auxílio de um vazador 3/8 de diâmetro de cada planta com posterior

acondicionamento em tubos de ensaio com identificação. Em seguida, foram extraídos os

AAs com a adição de diclorometano e reação colorimétrica pelo teste de Somogy-Nelson. As

amostras foram submetidas a leitura no espectrofotômetro e a absorbância obtida no

comprimento de onda de 540 nm (NELSON, 1944) com 3 repetições, segundo a metodologia

proposta por Resende et al. (2002a). Considera-se que as concentrações de AAs presentes nos

folíolos são diretamente proporcionais as leituras de absorbância, com maiores teores de AAs

refletindo em maiores valores de absorbância. Por meio da concentração, foram selecionadas

as plantas com teores contrastantes de AAs da população F2RC2.

2.4 Teste de resistência à mosca-branca, distribuição da mosca-branca na planta

e severidade da fumagina em genótipos de tomateiro com teores contrastantes de

acil-açúcares

O bioensaio foi conduzido em casa de vegetação com delineamento experimental em

blocos ao acaso com 14 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos que fizeram parte do

experimento foram 9 genótipos de tomateiro F2RC2 selecionados para altos teores de acil-

açúcares (AAs) (RVTA-2010-31-177pl#28, RVTA-2010-31-177pl#39, RVTA-2010-83-

347pl#61, RVTA-2010-31-177pl#113, RVTA-2010-31-177pl#177, RVTA-2010-31-

42

177pl#180, RVTA-2010-31-319pl#214, RVTA-2010-83-347pl#257 e RVTA-2010-83-

347pl#359), 3 genótipos de tomateiro F2RC2 selecionados para baixos teores de AAs (RVTA-

2010-83-347pl#77, RVTA-2010-31-310pl#205 e RVTA-2010-83-347pl#301) e como

testemunhas os parentais Redenção (S. lycopersicum) e Solanum pennellii acesso LA-716.

Anteriormente ao bioensaio foi realizado a criação programada da mosca-branca em

gaiola de madeira com tela antiafídica, onde a população de mosca branca foi criada em

plantas de feijão comum (Phaseolus vulgaris). Os genótipos de tomateiro F2RC2 utilizados no

experimento foram clonados com a utilização de brotos axilares, em bandeja de polipropileno

de 45 células com uso de substrato comercial. Os parentais utilizados como testemunhas de

resistência foram semeados em bandejas de poliestireno de 128 células. Após os clones

apresentarem adequado desenvolvimento radicular e os parentais com 3 a 5 folhas definitivas,

foram realizados os transplantes para vasos de polipropileno com capacidade de 7 dm3,

preenchidos com solo de subsuperfície corrigido mediante análise do solo e substrato

comercial, na proporção 1:1.

Na implantação do experimento foi realizada o sorteio dos vasos de cada genótipo

dentro de cada bloco, considerando-se cada tratamento um vaso com um genótipo diferente

presente em cada bloco. A infestação com a mosca-branca nos tratamentos foi realizado com a

retirada de todos os vasos de feijão cobertos com tela antiafídica que estavam na criação

programada e levados para a casa de vegetação e distribuídos nas entrelinhas dos blocos dos

tratamentos.

Os tratamentos foram submetidos à contagem do número de ovos, ninfas, exúvias e

adultos presentes em seus folíolos em intervalos correspondentes aos 7, 14, 21, e 28 dias após

a infestação. Na avaliação, primeiramente, foi contado o número de adultos presentes em cada

folíolo identificado em cada terço da planta e após foram retirados os mesmos e

acondicionados em placas de gerbox para o transporte até o Laboratório de Fisiologia

Vegetal/Núcleo de Pesquisa em Hortaliças para posterior contagem do número médio de

ovos, ninfas e exúvias. A contagem foi realizada na superfície abaxial do folíolo e no mesmo

lugar de cada tratamento em uma área correspondente a 2 cm2, com auxílio de um

microscópio estereoscópico. O número de ovos e adultos são correspondentes a média das 4

avaliações, o número de ninfas correspondente a média das 2 últimas avaliações e as exúvias

correspondentes da última avaliação.

Foram realizadas análises da distribuição de ovos, ninfas, exúvias e adultos na planta

utilizando cada terço da planta como um tratamento e utilizado a média das 14 plantas em

cada terço da planta para o estudo da preferência de cada estágio da praga pelo terço superior,

43

terço mediano e inferior da planta. O número de ovos e adultos são correspondentes a média

das 4 avaliações, o número de ninfas correspondente a média das 2 últimas avaliações e as

exúvias correspondentes a média da última avaliação.

A avaliação da fumagina foi realizada na última avaliação dos testes de resistência

para a mosca-branca com a retirada de uma folha proveniente do terço superior, terço

mediano e terço inferior de cada tratamento. As folhas foram devidamente identificadas e

levadas para o Laboratório de Fisiologia Vegetal/Núcleo de Pesquisa em Hortaliças.

Posteriormente, foi feito o escâner destas folhas em 300 dpi e salva em computador. A análise

da porcentagem de fumagina na superfície adaxial foi realizada pelo programa QUANT

v.1.0.1 licenciado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). A avaliação foi realizada

com a utilização de uma foto da folha correspondente a um dos tratamentos que era aberta no

programa. Em seguida, no programa a foto era selecionada para 300 dpi. Após era reduzido as

cores da imagem para apenas 3 cores, sendo uma do fundo da imagem, outra da folha normal

e outra da fumagina presente na superfície adaxial. O programa QUANT v.1.0.1 após a

redução para 3 cores, era excluído o fundo da imagem e o programa calculava a porcentagem

da folha com a presença da fumagina. Foram consideradas as médias de porcentagem de

fumagina em cada um dos genótipos de tomateiro F2RC2 para avaliar a severidade do fungo

na planta.

Por fim, a análise da distribuição da fumagina na planta foi realizada utilizando 3

folhas de cada terço da planta como um tratamento e utilizado a média das 14 plantas em cada

terço da planta para o estudo da distribuição da fumagina pelo terço superior, terço mediano e

inferior da planta. A porcentagem de fumagina é correspondente a média das 14 folhas

presentes em cada bloco.

2.5 Análises estatísticas

Mediante distribuição normal e a homogeneidade dos dados, estes foram

submetidos à análise de variância e posteriormente foi realizado análise de

agrupamento pelo teste de Scott-Knott, usando o programa estatístico SISVAR (FERREIRA,

2008).

A associação dos teores de acil-açúcar e a resistência dos genótipos foram estimadas

por meio da correlação de Pearson e a significância das correlações foi calculada por meio do

teste t, utilizando o programa ASSISTAT (SILVA e AZEVEDO, 2009).

No bioensaio, foram estimados contrastes entre os grupos de genótipos com teores

44

contrastantes de AAs, com o intuito de caracterizar diferenças nos níveis de resistência a

pragas em função dos teores de acil-açúcar, por meio do programa estatístico SISVAR, em

ambas as gerações (FERREIRA, 2008). A análise de componentes principais foi processada

no software STATISTICA versão 7.0 (STATSOFT, 2004).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da concentração foliar do aleloquímico, foram selecionadas as plantas com

teores contrastantes de acil-açúcares (AAs) da população F2RC2. Para altos teores de AAs

foram selecionados os genótipos RVTA-2010-31-177pl#28 (28), RVTA-2010-31-177pl#39

(39), RVTA-2010-83-347pl#61(61), RVTA-2010-31-177pl#113 (113), RVTA-2010-31-

177pl#177 (177), RVTA-2010-31-177pl#180 (180), RVTA-2010-31-319pl#214 (214),

RVTA-2010-83-347pl#257 (257) e RVTA-2010-83-347pl#359 (359). Enquanto que para

baixos teores de AAs foram selecionados os genótipos RVTA-2010-83-347pl#77 (77),

RVTA-2010-31-310 pl#205 (205) e RVTA-2010-83-347pl#301 (301) (Tabela 1).

TABELA 1- Dados sobre os genótipos, classificação do teor de acil-açúcar e genótipo

utilizados no experimento. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Dados sobre os genótipos Teor de acil-açúcar Genótipo

Solanum pennellii acesso LA-716 Alto Solanum pennellii

RVTA-2010-31-177pl#28 Alto RVTA-2010pl#28

RVTA-2010-31-177pl#39 Alto RVTA-2010pl#39

RVTA-2010-83-347pl#61 Alto RVTA-2010pl#61

RVTA-2010-31-177pl#113 Alto RVTA-2010pl#113

RVTA-2010-31-177pl#177 Alto RVTA-2010pl#177

RVTA-2010-31-177pl#180 Alto RVTA-2010pl#180

RVTA-2010-31-319pl#214 Alto RVTA-2010pl#214

RVTA-2010-83-347pl#257 Alto RVTA-2010pl#257

RVTA-2010-83-347pl#359 Alto RVTA-2010pl#359

RVTA-2010-83-347pl#77 Baixo RVTA-2010pl#77

RVTA-2010-31-310 pl#205 Baixo RVTA-2010pl#205

RVTA-2010-83-347pl#301 Baixo RVTA-2010pl#301

Linhagem Redenção (Solanum lycopersicum) Baixo Cultivar Redenção

A preferência da mosca-branca foi significantemente influenciada pelos teores de AAs

presentes nos tecidos foliares dos genótipos F2RC2, provenientes do cruzamento entre o

acesso silvestre LA-716 (Solanum pennellii) e a linhagem comercial Redenção (Solanum

lycopersicum). Nas avaliações foram observadas diferenças significativas (p<0,05) entre os

genótipos do presente estudo em todas as características avaliadas (Tabela 2).

45

Em relação ao número de ovos, observou-se a ocorrência de 5 grupos distintos, com o

número médio de ovos variando de 0,00 (Solanum pennellii) até 25,69 (cultivar Redenção)

(Tabela 2). Dentre os diferentes grupos, merece destaque o acesso silvestre S. pennellii e o

genótipo com altos teores de AAs RVTA-2010pl#39 que apresentaram a menor preferência

pela mosca-branca para ovoposição em relação aos demais. Porém, vale destacar, que todos

os genótipos com alto teores de AAs obtiveram, estatisticamente, menor preferência de

ovoposição quando comparados a cultivar comercial Redenção e os genótipos com baixos

teores de AAs RVTA-2010pl#205 e RVTA-2010pl#301.

TABELA 2- Teor de acil-açúcares, número médio de ovos, número médio de ninfas, número médio de exúvias,

número médio de adultos, correlações e contraste em genótipos F2RC2 de tomateiro com diferentes teores de

acil-açúcares, Solanum pennellii (acesso LA716) e Solanum lycopersicum (Cultivar Redenção) submetidos à

infestação da mosca-branca. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Genótipo Valores de

absorbância

Ovos

(2 cm2)

Ninfas

(2 cm2)

Exúvias

(2 cm2)

Adultos

(por

folíolo)

Solanum pennellii (alto) 0,4833 0,00 e 0,00 f 0,00 e 0,31 f

RVTA-2010pl#28 (alto) 0,3614 10,00 d 44,87 d 4,00 d 6,38 c

RVTA-2010pl#39 (alto) 0,4564 3,13 e 27,38 e 3,75 d 4,81 d

RVTA-2010pl#61 (alto) 0,2930 11,50 d 66,38 c 10,25 c 8,50 b

RVTA-2010pl#113 (alto) 0,3119 9,94 d 48,00 d 1,50 e 9,13 b

RVTA-2010pl#177 (alto) 0,2251 16,56 c 11,75 f 0,25 e 5,63 c

RVTA-2010pl#180 (alto) 0,3478 11,63 d 58,38 c 5,75 d 2,69 e

RVTA-2010pl#214 (alto) 0,4212 9,56 d 43,00 d 0,50 e 2,94 e

RVTA-2010pl#257 (alto) 0,3112 15,75 c 63,13 c 4,00 d 8,81 b

RVTA-2010pl#359 (alto) 0,2107 11,06 d 74,38 b 2,75 d 8,50 b

RVTA-2010pl#77 (baixo) 0,1094 11,75 d 99,75 a 23,50 b 7,19 c

RVTA-2010pl#205 (baixo) 0,0643 22,38 b 76,25 b 10,50 c 7,63 b

RVTA-2010pl#301 (baixo) 0,1017 13,79 c 89,50 a 36,75 a 17,81 a

Cultivar Redenção (baixo) 0,1104 25,69 a 102,38 a 10,75 c 8,06 b

CV (%) 22,38 16,82 22,72 14,96

C1- Genótipos (altos) vs. Genótipos (baixos) - 8,34** - 48,24 ** - 17,10 ** - 4,40 **

Correlação de Pearson - 0,78* -0,77* -0,65* -0,64*

Médias seguidas pela mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5 % de

probabilidade. 1Valores de absorbância a 540 nm.

* Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

Possivelmente, os teores de AAs presentes nos folíolos dos genótipos testados foram

os fatores determinantes na menor preferência da mosca-branca pela ovoposição. Tal fato

possibilita demonstrar os AAs como uma importante forma de manejo da mosca-branca,

sendo os altos teores de AAs presentes nos genótipos F2RC2 responsáveis pela redução da

ovoposição, fator este relacionado a resistência do tipo antixenose ou não preferência (Tabela

2). Os acil-açúcares são ésteres de sacarose e glicose liberados pelos tricomas glandulares do

tipo IV, presentes naturalmente nos folíolos da espécie silvestre Solanum pimpinellifolium e

46

Solanum pennellii que possibilitam uma série de efeitos deletérios no ciclo de vida dos

artrópodes-praga (SLOCOMBE et al., 2008; SCHILMILLER et al., 2009; RODRIGUEZ-

LOPEZ et al., 2011). Os aleloquímicos AAs quando presentes nos folíolos tornam a planta

menos atrativa à praga para as funções básicas do seu ciclo de vida como alimentação, abrigo,

ovoposição e entre outras características essenciais (LUCINI et al. 2015).

A redução da taxa de ovoposição da mosca-branca em genótipos com altos teores de

AAs é de grande valia dentro do manejo integrado de pragas, pois contribui com o manejo,

reduzindo o uso de produtos químicos e, concomitantemente, favorecendo a redução do custo

de produção (DIAS et al., 2016). Lucini et al., (2015) realizando estudos com genótipos F2

com teores contrastantes de AAs quanto a resistência ao ácaro, provenientes do mesmo

cruzamento entre a cultivar Redenção e a espécie silvestre S. pennellii. Os principais fatores

envolvidos com a resistência destes genótipos foram a alta concentração de AAs nos folíolos

e a densidade de tricomas do tipo IV.

Diversos estudos genéticos indicaram altas correlações entre os tricomas do tipo IV

com a maior resistência à mosca-branca (FANCELLI e VENDRAMIM 2002; MUIGAI et al.,

2003; ORIANI e VENDRAMIM 2011; RODRIGUEZ-LOPEZ et al., 2011). Os trabalhos de

pesquisa de Maciel et al. (2009), Resende et al. (2009) e Silva et al. (2009), Dias et al. (2016)

relatam os menores níveis de ovoposição da mosca-branca em genótipos de tomateiro com

altos teores de AAs, corroborando, portanto, com o presente estudo.

Na avaliação relativa ao número médio de ninfas presentes em 2 cm2 na superfície

abaxial dos folíolos ocorreu a presença de 6 diferentes grupos pelo teste de Scott Knott, com

variação de 0,00 (S. pennellii) a 102,38 ninfas (cultivar Redenção) (Tabela 2). O grupo com a

menor média de ninfas era composto pelo acesso silvestre S. pennellii e o genótipo com alto

teor de AAs RVTA-2010pl#177. Nos genótipos com baixos teores de AAs (RVTA-

2010pl#77, RVTA-2010pl#205 e RVTA-2010pl#301) e na cultivar Redenção ocorreram o

maior número médio de ninfas diferindo, estatisticamente, dos genótipos com altos teores de

AAs RVTA-2010pl#28, RVTA-2010pl#39, RVTA-2010pl#61, RVTA-2010pl#113, RVTA-

2010pl#177, RVTA-2010pl#180, RVTA-2010pl#214, RVTA-2010pl#257 e do acesso

silvestre Solanum pennellii com a menor presença da praga.

Com exceção do genótipo RVTA-2010pl#359, as maiores médias de ninfas presentes

nos folíolos foram encontradas nos genótipos que apresentavam baixos teores de AAs nos

folíolos (Tabela 2). Fato este que pode estar ligado a menor taxa de ovoposição da mosca-

branca ou a efeitos deletérios que o aleloquímico acil-açúcar pode causar no desenvolvimento

das ninfas. Resultados semelhantes também foram encontrados por Freitas et al. (2000) e

47

Fancellii et al. (2005) que comprovaram a importância dos AAs. Dias et al. (2016) relatam o

maior número de ninfas na maioria dos genótipos com baixos teores de AAs e,

principalmente, na cultivar Redenção, quando comparados com os genótipos contrastantes.

Em relação ao número médio de exúvias foi observado a ocorrência de 4 grupos

distintos de médias com valores entre 0,00 (S. pennellii) a 36,75 exúvias (RVTA-2010pl#301,

genótipo com baixos teores de AAs) (Tabela 2). Dentre os diversos grupos, podemos destacar

o grupo composto por S. pennellii, RVTA-2010pl#113, RVTA-2010pl#177 e RVTA-

2010pl#214 que apresentaram, o menor número médio de exúvias diferindo dos demais

genótipos.

Entretanto, quando comparamos os grupos de médias referentes aos genótipos com

altos teores de AAs pode ser observado diferença significativa entre os genótipos com baixos

teores de AAs (RVTA-2010pl#77, RVTA-2010pl#205 e RVTA-2010pl#301). Sendo os

genótipos com altos teores de AAs apresentaram menor média de exúvias quando comparado

com os demais. O número de exúvias é um importante fator de resistência para a mosca-

branca, pois demonstra o número de ninfas que efetivamente passaram para o estágio adulto.

Na avaliação referente ao número médio de adultos presente nos folíolos na superfície

abaxial constatou-se a ocorrência de 6 grupos de médias com valores entre 0,31 (S. pennellii)

até 17,81 adultos (RVTA-2010pl#301, genótipo com baixos teores de AAs) (Tabela 2). O

grupo com menor média de adultos foi compostos pelo acesso silvestre S. pennellii. Porém,

vale destacar os genótipos com altos teores de AAs RVTA-2010pl#180, RVTA-2010pl#214 e

RVTA-2010pl#39 que apresentaram menor média de adultos na folha quando comparados

com os genótipos com baixos teores de AAs (RVTA-2010pl#77, RVTA-2010pl#205 e

RVTA-2010pl#301) e a cultivar Redenção.

O contraste C1 demonstrou a relação inversamente proporcional e significativa (p

<0,01) entre os genótipos com altos teores de AAs quando comparados aos genótipos de

baixos teores com resultados significativos para todas as variáveis analisadas (Tabela 2).

Neste sentido o contraste C1 comprova a importância dos AAs presentes nos folíolos no

aumento de resistência a mosca-branca.

Pela análise de correlação de Person foi observado que o teor de AAs é inversamente

proporcional ao número médio de ovos (-0,78), número médio de ninfas (- 0,77), número

médio de exúvias (-0,65) e número médio de adultos (- 0,64), corroborando com a análise de

agrupamento de Scott-Knott e indicando a importância dos aleloquímicos AAs na redução das

taxas destas variáveis nos genótipos analisados (Tabela 2).

Resultados semelhantes foram encontrados por Dias et al. (2013) que obtiveram

48

correlações negativas e significativas ao comparar os teores de AAs presentes nos genótipos

de tomateiro com o número de ovos e lagartas da traça-do-tomateiro. Porém, Resende et al.

(2009) em trabalhos com mosca-branca obtiveram correlações negativas e significativas em

relação aos teores de AAs e o número médio de ninfas, não ocorrendo diferença significativa

em relação ao número de ovos.

O acesso silvestre foi utilizado como doador de genes de resistência para a mosca-

branca e apresentou comportamento similar aos genótipos com altos teores de AAs em

relação aos fatores de resistência avaliados. Resultado contrário ao ocorrido pelos genótipos

com baixos teores de AAs, com comportamento de suscetibilidade semelhante a cultivar

Redenção. Dias et al. (2016) evidenciam a importância dos altos teores de AAs como sendo o

principal fator de resistência apresentado pelo acesso S. pennellii para a mosca-branca, onde o

comportamento similar dos genótipos com altos teores de AAs são a garantia que o programa

de melhoramento foi eficiente na manutenção do padrão de resistência no avanço das

gerações.

Na pesquisa podemos observar que mesmo com uma maior quantidade de adultos

presente no folíolo como o ocorrido pelo genótipo RVTA-2010pl#61, RVTA-2010pl#113,

RVTA-2010pl#257 e RVTA-2010pl#359, não resultaram em maior número de ovos.

Possivelmente, algum fator desfavorável reduziu a preferência da mosca-branca pela

ovoposição nestes genótipos. Dentre outros fatores, os teores de AAs presentes nos folíolos

podem tem causado este fator desfavorável ao adulto, resultando na repulsa pela maior taxa de

ovoposição. Fato diferente ao ocorrido na cultivar Redenção com baixos teores de acil-

açúcares, pois poucos adultos resultaram em maior número de ovos.

A ACP foi realizada sobre o conjunto de dados e indica que os dois primeiros

componentes explicam 87,46% da variabilidade dos dados. A análise de componentes

principais (ACP) mostrou a formação de quatro grupos. O grupo 2 com os genótipos G1,

G205, G257 e G359 apresentam elevados números de ovos e de ninfas (Figura 1). O grupo 3

(Figura 1) com os genótipos G61, G77 e G301 apresentam alto números de adultos e de

exúvias. O grupo 4 com os genótipos G2, G28, G39 e G113 (Figuras 1) apresentam altos

teores de acil-açúcares. O grupo 1 (Figuras 1) formado pelos genótipos G177, G180 e G214

apresentam os medianos teores de acil-açúcares e os menores valores para os números de

ovos, de ninfas, de exúvias e números de adultos entre todos os genótipos selecionados.

49

FIGURA 1- Círculo de correlação das variáveis teor de acil-açúcares (Teor de acil-açúcares,

número de ovos (Nº ovos), número de ninfas (Nº ninfas), número de adultos (Nº adultos) e

números de exúvias (Nº exúvias) e distribuição dos genótipos em plano RVTA-2010-31-

177pl#28 (G28), RVTA-2010-31-177pl#39 (G39), RVTA-2010-83-347pl#61 (G61), RVTA-

2010-83-347pl#77 (G77), RVTA-2010-31-177pl#113 (G113), RVTA-2010-31-177pl#177

(G177), RVTA-2010-31-177pl#180 (G180), RVTA-2010-31-310 pl#205 (G205), RVTA-

2010-31-319pl#214 (G214), RVTA-2010-83-347pl#257 (G257), RVTA-2010-83-347pl#301

(G301) e RVTA-2010-83-347pl#359 (G359). Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

50

Em relação a porcentagem de fumagina na folha, foram identificados 4 grupos

distintos com valores variando de 2,96 (RVTA-2010pl#177) até 70,29 % (cultivar Redenção)

(Tabela 3). Dentre os genótipos merecem destaque o grupo composto pelo acesso silvestre S.

pennellii, RVTA-2010pl#39 e RVTA-2010pl#177 que diferiram significativamente dos

demais genótipos com a menor porcentagem de área foliar atacada pela fumagina. Vale

destacar que todos os genótipos com altos teores de AAs obtiveram menor área foliar com a

presença da fumagina quando comparados com o cultivar comercial. Quando comparados

com os genótipos com baixos teores de AAs, os genótipos com altos teores de AAs RVTA-

2010pl#28, RVTA-2010pl#39, RVTA-2010pl#61, RVTA-2010pl#113, RVTA-2010pl#177,

RVTA-2010pl#214, RVTA-2010pl#257 e RVTA-2010pl#359 obtiveram menor porcentagem

da folha com a presença da fumagina.

No tomateiro o desenvolvimento da fumagina nas folhas é causado, principalmente,

pela liberação de excreções açucaradas (honeydrew) que servem como substrato para o

desenvolvimento da fumagina na folha, que por sua vez, reduz o aproveitamento

fotossintético, prejudicando a qualidade dos frutos e a produção (FIRDAUS et al., 2012).

Na pesquisa, observamos a liberação de excreções açucaradas pela mosca branca

(Bemisia tabaci) nos estádios de ninfa e adulto. A presença do inseto é predominante na

superfície abaxial da folha, enquanto que a maior severidade de fumagina é encontrada no

terço inferior da planta e na superfície adaxial. Possivelmente, a mosca em diferentes estádios

(adulto e ninfa) quando realiza a excreção de substâncias açucaradas na superfície abaxial das

folhas do terço superior e mediano estes excrementos por gravidade se depositam na

superfície adaxial das folhas do terço inferior favorecendo o aumento da severidade do fungo.

A presença da fumagina (Capnodium sp.) sobre as folhas ocasiona o aumento da

temperatura e o acúmulo de radiação solar pode acarretar queima das folhas. Além de

bloquear boa parte da radiação solar, prejudicando a fotossíntese (OLIVEIRA et al., 2001). O

bloqueio da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) nos comprimentos de onda entre 400 e

700 nm é significativo e com potencial de suprimir em até 40% a fotossíntese líquida (WOOD

et al., 1988).

Pela análise de correlação de Person foi observado correlações negativas (- 0,64) e

significativas (p<0,01) entre os teores de AAs e a área foliar com a presença da fumagina

(Tabela 3). Possibilitando inferir que os maiores teores de AAs presentes nos folíolos

possibilitaram menores áreas foliares com a presença da fumagina. Fato este, devido à

redução no número de ninfas e adultos presentes no folíolo.

O contraste C2 evidenciou, significativamente, a redução de área foliar afetada pela

51

fumagina na folha dos genótipos com altos teores de AAs, quando comparados aos baixos

teores de AAs presentes nos demais genótipos (Tabela 3). Dias et al. (2016) obtiveram

resultados significativos e negativos quando contrastaram plantas com altos teores de AAs e

plantas com baixos teores de AAs, sendo menores as médias de ovos e ninfas nos genótipos

selecionados para maiores teores do aleloquímico.

TABELA 3- Porcentagem de cobertura fumagina presente nas folhas, correlações lineares e contraste, em

genótipos F2RC2 de tomateiro, Solanum pennellii e cultivar Redenção. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Genótipo Valores de absorbância Fumagina

Solanum pennellii (alto) 0,4557 16,72 e

RVTA-2010pl#28 (alto) 0,3614 14,40 d

RVTA-2010pl#39 (alto) 0,4564 4,58 e

RVTA-2010pl#61 (alto) 0,2930 32,55 c

RVTA-2010pl#113 (alto) 0,3119 26,29 c

RVTA-2010pl#177 (alto) 0,2251 2,96 e

RVTA-2010pl#180 (alto) 0,3478 40,61 b

RVTA-2010pl#214 (alto) 0,4212 24,68 c

RVTA-2010pl#257 (alto) 0,3112 28,09 c

RVTA-2010pl#359 (alto) 0,2107 29,49 c

RVTA-2010pl#77 (baixo) 0,1094 42,10 b

RVTA-2010pl#205 (baixo) 0,0643 40,14 b

RVTA-2010pl#301 (baixo) 0,1017 51,21 b

Cultivar Redenção (baixo) 0,1017 70,29 a

CV (%) 23,49

Correlação linear -0,64 **

C2- Genótipos (alto) vs. Genótipos (baixo) -28,90**

Médias seguidas pela mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5 % de

probabilidade. 1Valores de absorbância a 540 nm.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01).

A redução da área foliar atacada com a fumagina é uma característica interessante no

manejo da mosca-branca, visto que, o aparecimento deste fungo está relacionado com a

alimentação deste inseto. Firdaus et al. (2012) relatam que com o avançar do escurecimento

dos tecidos vão afetar ativamente na taxa fotossintética da planta que vai refletir na

diminuição da produtividade.

Silva et al. (2009) conduziram pesquisas com híbridos de tomateiro, provenientes de

cruzamentos de linhagens com altos teores de aleloquímicos AAs e zingibereno para

observarem fatores envolvidos na resistência para a mosca-branca. Os autores concluíram não

ocorrer efeito sinérgico entre híbridos heterozigotos para AAs ou zingibereno quando a

resistência à mosca-branca. Neste sentido, apenas os usos de genótipos com altos teores de

AAs seriam eficientes no manejo da mosca-branca.

Neste estudo a seleção direta em laboratório, realizada anteriormente aos testes de

52

resistência visando a seleção de plantas com teores contrastantes de AAs, demonstrou

eficiente na seleção de plantas com diferentes níveis de resistência. Principalmente na

facilidade de descarte de genótipos poucos promissores dentro do programa de melhoramento

genético, possibilitando acelerar os trabalhos de pesquisa com o avanço dos genótipos.

Entretanto são necessárias pesquisas com exposição dos genótipos selecionados para altos

teores de AAs com as principais pragas para confirmar a resistência e selecionar genótipos

com outros fatores relacionados ao aumento de resistência. Resende et al. (2002b) destacam

que plantas com altos teores de AAs nas folhas de tomateiro possuem padrão de herança

simples com valores moderadamente altos de herdabilidade, possibilitando em populações

segregantes aumentar a eficiência de seleção de genótipos com altos teores do aleloquímico.

4. CONCLUSÕES

Os genótipos F2RC2 com altos teores de AAs RVTA-2010pl# 28, RVTA-2010pl# 39 e

RVTA-2010pl# 113 apresentaram maiores características de resistência devem ser usamos

como fonte de genes para continuar o programa de melhoramento.

53

5. REFERÊNCIAS

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57

CAPÍTULO II

ACIL-AÇÚCARES MEDIADORES DE RESISTÊNCIA À TRAÇA DO TOMATEIRO

EM POPULAÇÕES SEGREGANTES DE TOMATEIRO

Resumo- A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é considerada praga-chave na cultura do

tomateiro, causando uma série de prejuízos na produção desta hortaliça-fruto. O

desenvolvimento de cultivares resistentes é uma alternativa importante para reduzir os danos

causados por esta praga. Objetivou-se com este trabalho selecionar genótipos de tomateiro

com elevados teores de acil-açúcares (AAs), resistentes a traça do tomateiro e com maior

proporção do genoma do parental recorrente via utilização de marcadores moleculares. Foram

utilizados genótipos da segunda geração de retrocruzamentos (F2RC2) interespecíficos entre a

espécie silvestre Solanum pennellii acesso LA 716 com altos teores de AAs, e a cultivar

Redenção com características comerciais de tomate para processamento. Foram realizados

dois experimentos distintos visando a seleção de plantas. O primeiro experimento foi

realizado contendo 14 tratamentos, contendo genótipos com teores contrastantes de AAs,

além dos parentais. Os tratamentos foram submetidos a um ensaio de resistência a traça do

tomateiro visando avaliar as características de resistência presentes em cada genótipo.

Houveram correlações e contrastes significativos e inversamente proporcionais entre os teores

de AAs e as características de resistência avaliadas. A análise dos componentes principais

(ACP) possibilitou a formação de dois grupos distintos, sendo cada grupo representante de

cada parental. Os genótipos RVTA-2010pl#39, RVTA-2010pl#359, RVTA-2010pl#232 e

RVTA-2010pl#257 comportou-se de maneira similar ao parental silvestre reduzindo os danos

causados pela traça do tomateiro. O segundo experimento possuiu 15 tratamentos, sendo

utilizado os genótipos F2RC2 de tomateiro com altos teores de AAs presentes nos folíolos,

juntamente com seus parentais. Os genótipos foram analisados em laboratório com a

utilização de 6 primers ISSR e 6 primers SSR. Os fragmentos polimórficos amplificados

foram utilizados para a montagem da tabela de similaridade. A maior similaridade ocorreu

entre os genótipos RVTA-2010pl#257, RVTA-2010pl#152 e RVTA-2010pl#28 e os com

menores, RVTA-2010pl#177 e RVTA-2010pl#180. A análise conjunta dos dados de

resistência e molecular evidência que os genótipos RVTA-2010pl#232 e RVTA-2010pl#257

são os com maior potencial para utilização para avanço do programa de melhoramento para

obtenção de linhagens com boas características comerciais e com resistência a traça do

tomateiro.

58

Palavras-chave: Solanum pennellii, Solanum lycopersicum, Tuta absoluta, Marcadores

moleculares.

59

1. INTRODUÇÃO

No mundo, o tomateiro (Solanum lycopersicum) é considerado a principal hortaliça-

fruto, sendo cultivado nas regiões tropicais e subtropicais (EL BALLA et al. 2013). No Brasil,

a produção de tomate é distribuída em diversas classes de produtores rurais. Geralmente, nas

grandes áreas de cultivo ocorre o predomínio empresarial com preferência de produção para o

processamento industrial, diferindo de pequenas e médias propriedades rurais onde a

produção é voltada para o consumo in natura (GAMEIRO et al., 2007).

A suscetibilidade a diversas pragas que a cultura do tomateiro possui dificultam a

logística produtiva, influenciando na redução da produção e aumento de frutos fora do padrão

comercial. Na tentativa de reduzir os prejuízos ocasionados pelas pragas o uso de produtos

fitossanitários que aumentam os custos de produção, podendo ocasionar desequilíbrios

ecológicos e problemas de saúde do consumidor e do produtor rural (SILVA et al., 2009;

MAMTA et al., 2016).

Dentre as diferentes pragas, a traça do tomateiro (Tuta absoluta) é considerada como o

inseto com maior capacidade de dano na tomaticultura brasileira, sendo considerada como

praga-chave da cultura. O manejo traça do tomateiro é complexo, sendo necessários diversos

métodos de controle para obter êxito. Dentro do manejo integrado de pragas (MIP) a

utilização de métodos alternativos como a utilização de genótipos resistentes seriam uma

opção viável e de fácil adaptação para o produtor rural (MOREIRA et al., 2013; SILVA et al.,

2016).

Em diversas pesquisas científicas as espécies silvestres de tomateiro são utilizadas

como doadoras de genes de resistências em programas de melhoramento para as principais

pragas e doenças (LUCINI et al., 2015; LIMA et al., 2016; DIAS et al., 2016). A espécie

Solanum pennellii, acesso LA-716, apresenta efetiva resistência a pragas (MOREIRA et al.,

2013; DIAS et al., 2016). Os aleloquímicos presentes neste material tem sido associado aos

mecanismos de resistência do tipo antixenose e antibiose (MALUF et al., 2010; TIAN et al.,

2012; DIAS et al., 2016).

Um dos fitoquímicos presente no acesso LA-716 é os acil-açúcares (AAs), que são

exsudados por tricomas glandulares do tipo IV (ANDRADE et al., 2017), quando os insetos

entram em contato com os tricomas. Os AAs agem ocasionando uma série de efeitos

deletérios no ciclo de vida do inseto, assim como, reduzindo a alimentação e/ou a ovoposição

(MOREIRA et al., 2013; LUCINI et al., 2015). Estudos com a herança dos AAs

60

demonstraram que a obtenção de maiores teores do aleloquímico devem-se, principalmente, a

ação de um gene maior associado a outros de efeito menor e com ação aditiva. Em razão da

herança da característica envolvida, é possível a obtenção de híbridos com nível satisfatório

de resistência a pragas pela sequência de cruzamentos e seleção de linhagens com altos teores

de AA foliares (RESENDE et al., 2009).

A utilização de retrocruzamentos para seleção de genótipos com altos teores de AAs

são importantes nos programas de melhoramento visando resistência a pragas. Em cada ciclo

de retrocruzamento é possível obter linhagens resistentes e com maiores níveis de

características comerciais, que futuramente, poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de

híbridos de tomateiro (RESENDE et al., 2009). Porém, somente o uso do retrocruzamento

apresenta algumas limitações, como longo período de tempo e custo relativamente alto para

terminar o processo e obter maior recuperação do genitor recorrente (MESQUITA et al,

2005).

Em comparação aos métodos convencionais, a seleção assistida por marcadores

moleculares apresenta melhor custo benefício (DREHER et al., 2003). Os marcadores

moleculares não são influenciados pelo ambiente, neste sentido, a introgressão de genes com

o uso de retrocruzamentos combinado ao uso de marcadores moleculares é uma forma viável

de incorporação de um alelo desejável de uma linhagem doadora e também para selecionar

maior número de alelos do genoma do recorrente, visto que o genoma doador apresenta

características não comerciais (ALZATE-MARIN et al., 2001).

Os marcadores moleculares ISSR (inter simple sequence repeat) são amplamente

utilizados em estudos de polimorfismo por ser uma técnica eficiente, relativamente simples e

com alta reprodutibilidade, além dos altos índices de polimorfismo (REDDY et al., 2002).

Porém, dentre os marcadores moleculares, os microssatélites ou SSR (simple sequence

repeats) além de utilizar a agilidade da técnica de PCR, apresentam-se codominantes com

uma frequência alta e distribuição uniforme ao longo de todo o genoma da planta, sendo

preferidos em estudos (AKKAYA et al., 1992).

A maior parte das pesquisas realizadas para a obtenção de linhagens com altos teores

de aleloquímicos nos folíolos com resistência a pragas são realizados com linhagens com

características para consumo in natura (SILVA et al., 2009; GONÇALVES NETO et al.,

2010; MALUF et al., 2010). No tomateiro para processamento industrial faltam trabalhos para

a incorporação de genes de resistência a pragas com utilização de marcadores moleculares e

que exploram a variabilidade interespecífica com aptidão para indústria aliado aos altos teores

de AAs. Portanto, objetivou-se selecionar genótipos de segunda geração do segundo

61

retrocruzamento (F2RC2) com elevados teores de AAs presentes nos folíolos e resistentes à

traça do tomateiro com auxílio de marcadores moleculares.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local do experimento

A obtenção das populações segregantes da geração F2RC2 e os testes de resistência à

traça do tomateiro foram conduzidos em casa de vegetação pertencentes ao Setor de

Olericultura e a quantificação dos diferentes teores de acil-açúcares foram realizadas no

Laboratório de Fisiologia Vegetal/Núcleo de Pesquisa em Hortaliças, ambos presentes ao

Departamento de Agronomia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO,

Guarapuava-PR. A região possui altitude média de 1.100 m, 25°23’01’’ de latitude Sul e

51°29’46’’ de longitude Oeste.

2.2 Obtenção das populações segregantes de tomateiro F2RC2

Foram utilizados no experimento os genótipos de tomateiro F2RC1 com altos teores de

acil-açúcares (AAs) RVTA-2010-31-pl#177, RVTA-2010-31-pl#310, RVTA-2010-31-pl#319

e RVTA-2010pl#345 anteriormente selecionados por Dias et al. (2016) para resistência a

mosca-branca. Os genótipos utilizados no experimento foram provenientes do cruzamento

interespecífico entre a cultivar Redenção (Solanum lycopersicum, linhagem que apresenta

naturalmente baixos teores de AAs e com características favoráveis para o processamento) e a

espécie silvestre Solanum pennellii acesso LA-716 (acesso silvestre que apresenta altos teores

de AAs e fonte de resistência para artrópodes-praga) submetidos a várias testes de resistência

a pragas nas populações segregantes e retrocruzadas na cultivar Redenção.

Os genótipos de tomateiro F2RC1 com altos teores de acil-açúcares (AAs) RVTA-

2010-31-pl#177, RVTA-2010-31-pl#310, RVTA-2010-31-pl#319 e RVTA-2010pl#345

foram clonadas e retrocruzadas com o pai recorrente, cultivar Redenção. A clonagem foi

realizada com a intenção de aumentar os indivíduos de cada genótipo sem a perda da

característica de resistência. Na clonagem foram utilizados brotos axilares retirados de cada

genótipo e transplantados para bandejas de poliestireno de 60 células preenchidas com

substrato comercial, separadamente e devidamente identificados. Simultaneamente a

62

clonagem foi realizada a semeadura da cultivar Redenção em bandejas de 128 células com

substrato comercial. Após 30 dias da semeadura os clones e a cultivar Redenção foram

transplantados para vasos com capacidade de 7 dm3.

Os retrocruzamentos foram realizados no estágio de pleno florescimento dos genótipos

selecionados e da cultivar Redenção. Os frutos provenientes de cada retrocruzamento foram

identificados e colhidos separadamente. As sementes F1RC2 foram retiradas dos frutos,

secadas e semeadas em bandeja de 128 células. As plantas F1RC2 foram cultivadas em vasos

de 7 dm3 para a coleta dos frutos e obtenção da semente F2RC2.

2.3 Quantificação dos teores de acil-açúcares e seleção dos genótipos de

tomateiro F2RC2

Na quantificação dos teores de acil-açúcares (AAs), os genótipos foram cultivados

dentro na casa de vegetação em vasos de 2 dm3, utilizando 420 genótipos da geração F2RC2,

sendo 105 genótipos de cada genótipo selecionado para altos teores de AAs, 40 plantas da

cultivar Redenção (S. lycopersicum, testemunha para baixo teor AAs) e 40 plantas de

Solanum pennellii (testemunha para altos teores de AAs). Os genótipos foram distribuídos em

bancada elevada sequencialmente e identificadas no croqui.

No início do florescimento dos genótipos foram retirados seis discos foliares do terço

superior com auxílio de um vazador 3/8 de diâmetro de cada planta com posterior

acondicionamento em tubos de ensaio com identificação. Em seguida, foram extraídos os

AAs com a adição de diclorometano e reação da reação colorimétrica pelo teste de Somogy-

Nelson. As amostras foram submetidas a leitura no espectrofotômetro e a absorbância obtida

no comprimento de onda de 540 nm (NELSON, 1944) com 3 repetições, segundo a

metodologia proposta por Resende et al. (2002a). Considera-se que as concentrações de AAs

presentes nos folíolos são diretamente proporcionais as leituras de absorbância, com maiores

teores de AAs refletindo em maiores valores de absorbância. Por meio da concentração, foram

selecionadas as plantas com teores contrastantes de AAs da população F2RC2.

2.5 Teste de resistência à traça do tomateiro

O bioensaio foi conduzido em casa de vegetação com delineamento experimental em

63

blocos ao acaso com 14 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos que fizeram parte do

experimento foram 8 genótipos de tomateiro F2RC2 selecionados para altos teores de acil-

açúcares (AAs), 4 genótipos de tomateiro F2RC2 selecionados para baixos teores de AAs e

como testemunhas os parentais Redenção (S. lycopersicum) e Solanum pennellii acesso LA-

716. Em relação ao teste de resistência a mosca branca, para os genótipos de altos teores de

AAs foram descartados os genótipos RVTA-2010-83-347pl#61 e RVTA-2010-31-

319pl#2014 e adicionados os genótipos RVTA-2010-31-177pl# 232. Para baixo teor AAs

foram descartados os genótipos RVTA-2010-83-347pl#77 e RVTA-2010-83-347pl#301 e

adicionado o genótipo RVTA-2010-31-177pl#227, RVTA-2010-31-177pl#376 e RVTA-

2010-31-310pl#385. Esta troca de genótipos foi em função da perda das plantas quando estas

estavam sendo clonadas para a realização do experimento de resistência a traça do tomateiro.

Anteriormente ao bioensaio foi realizado a criação programada da traça do tomateiro

em gaiola de madeira com tela antiafídica, onde a população foi criada em plantas de tomate

(Solanum lycopersicum). Os genótipos de tomateiro F2RC2 utilizados no experimento foram

clonados com a utilização de brotos axilares, em bandeja de polipropileno de 45 células com

uso de substrato comercial. Os parentais utilizados como testemunhas de resistência foram

semeados em bandejas poliestireno de 128 células. Após os clones apresentarem adequado

desenvolvimento radicular e os parentais com 3 a 5 folhas definitivas, foram realizados os

transplantes para vasos de polipropileno com capacidade de 7 dm3, preenchidos com solo de

subsuperfície corrigido mediante análise do solo e substrato comercial, na proporção 1:1.

Na implantação do experimento foi realizada com sorteio dos vasos de cada genótipo

dentro de cada bloco, considerando-se cada tratamento um vaso com um genótipo diferente

presente em cada bloco. A infestação com a traça do tomateiro nos tratamentos foi feita com a

retirada de todos os vasos de tomate cobertos com tela antiafídica que estavam na criação

programada e levados para a casa de vegetação e distribuídos nas entrelinhas dos blocos dos

tratamentos.

Os tratamentos foram submetidos à contagem do número de ovos e lagartas presentes

em seus folíolos na superfície adaxial e abaxial em intervalos correspondentes aos 7, 14, 21, e

28 dias após a infestação. Na avaliação, primeiramente, foi contado o número de adultos

presentes em cada folíolo identificado em cada terço da planta e após foram retirados os

mesmos e acondicionados em placas de gerbox para o transporte até o Laboratório de

Fisiologia Vegetal/Núcleo de Pesquisa em Hortaliças para posterior contagem do número de

ovos e lagartas. A contagem foi realizada na superfície abaxial e adaxial do folíolo com

auxílio de um microscópio estereoscópico. O número de ovos e adultos são correspondentes a

64

média das 4 avaliações, o número de lagartas correspondente a média das 3 últimas

avaliações.

A severidade dos danos ocasionados pela traça-do-tomateiro foi avaliada por meio de

escala de notas (Labory et al. 1999), conforme segue:

A) intensidade de danos nas plantas (IDP): 0- nenhum dano; 1- lesões pequenas (0,1 a 5% de

dano); 2- lesões pequenas e não coalescentes (5,1 a 20% de dano); 3- lesões médias a grandes

(20,1 a 50% de dano); 4- lesões grandes e coalescentes (50,1 a 80% de danos); e 5- plantas

totalmente destruídas (acima de 80% de danos).

B) Tipos de lesões nos folíolos (TLF): 0- sem lesões; 1- poucas e pequenas lesões; 2- lesões

pequenas e médias; 3- lesões de tamanho médio, sem coalescência; 4- lesões grandes e

coalescentes, folíolos deformados; e 5- folíolo totalmente destruído.

C) Porcentagem de folíolos atacados (PFA): 0- sem folíolos atacados; 1- 0,1 a 5% de folíolos

atacados; 2- 5,1 a 20% de folíolos atacados; 3- 20,1 a 50% de folíolos atacados; 4- 50,1 a 80%

de folíolos atacados; e 5- mais de 80% dos folíolos atacados. As avaliações ocorreram aos 14

e 21 dias após a infestação, por cinco avaliadores previamente treinados.

2.5.1 Análises estatísticas

Mediante distribuição normal e a homogeneidade dos dados, os dados foram

submetidos à análise de variância e as variáveis ovos e larvas transformados (raiz de X+1) e,

posteriormente, foi realizado análise de agrupamento pelo teste de Scott-Knott, usando o

programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2008).

A associação dos teores de acil-açúcar e a resistência dos genótipos foram estimadas

por meio da correlação de Pearson e a significância das correlações foi calculada por meio do

teste t, utilizando o programa ASSISTAT (SILVA e AZEVEDO, 2009).

No bioensaio, foram estimados contrastes entre os grupos de genótipos com teores

contrastantes de AAs, com o intuito de caracterizar diferenças nos níveis de resistência a

pragas em função dos teores de acil-açúcar, por meio do programa estatístico SISVAR, em

ambas as gerações (FERREIRA, 2008). A análise de componentes principais foi processada

no software STATISTICA versão 7.0 (STATSOFT, 2004).

2.4 Avaliação da recuperação do genoma recorrente

O experimento foi conduzido no Laboratório de genética e Biologia Molecular

65

Vegetal da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). No trabalho foram

utilizados 13 genótipos F2RC2 selecionados para altos teores de acil-açúcares (AAs) (todos os

genótipos utilizados para o teste de resistência a mosca branca e traça do tomateiro) e os

parentais da linhagem comercial Redenção (Solanum lycopersicum) e o acesso silvestre

Solanum pennellii LA 716. Nesta etapa não foram utilizados os genótipos com baixo teor de

AAs uma vez que estes são somente controles para os testes de teores de AAs e resistência a

praga. Para as análises moleculares foram coletadas folhas de cada genótipo e armazenadas

em nitrogênio líquido para posterior extração do DNA. A extração do DNA foi realizada

seguindo o método descrito por Sharma et al. (2008). Primeiramente foi realizada o

esmagamento do material vegetal coletado em nitrogênio líquido e separado em tubo 100 mg

de tecido. A este tecido foi adicionado 1 mL de tampão de extração (100 mM Tris-HCl pH

8.0, 200 mM EDTA, 2 M NaCl, 2%PVP, 2% CTAB, 2% β-mercaptoethanol), posteriormente

os tubos foram colocados em banho-maria por 30 min a 65°C. Após, com a utilização de

fenol:clorofórmio:alcoolisoamílico (proporção:25:24:1, respectivamente) o DNA foi separado

da solução pelo processo de centrifugação. Em seguida, o DNA foi precipitado com PEG

(Polyethylene Glycol) e para obter um alto grau de pureza foram realizadas sucessivas

lavagens com etanol. No final da extração o DNA foi ressuspendido em TE (10mM Tris-HCl;

pH 8,0; 1mM EDTA) com a RNAse, incubado a 37 °C por 30 min e armazenado em freezer a

–20 °C até o uso. O DNA foi quantificado por eletroforese em gel de agarose 0,8%, corado

com brometo de etídio (0,5 μg mL-1). A determinação da quantidade de DNA foi feita pela

comparação com quantidades conhecidas do DNA do fago Lambda (50, 100 e 200 ng).

2.4.1 Marcadores moleculares (ISSR e SSR)

No estudo foram utilizados seis primers ISSR (Tabela 4) e seis pares de primers SSR.

Estes primers foram anteriormente selecionados por Secco (2013) como os mais informativos

considerando os parentais utilizados neste estudo. Para os marcadores ISSR, nas reações de

amplificação do DNA de cada genótipo via PCR foram conduzidas em volume final de 12,5

μL que continham: 20 ng de DNA, 0,2 μM de primer, 200 μM de cada dNTP, 1,5 mM de

MgCl2 e 1U de Taq DNA polimerase e tampão para PCR 1X. A programação do

termociclador para amplificação seguiu os seguintes passos, para desnaturação inicial a 94 °C

por 5 minutos, em seguida com 35 ciclos de 94 °C por 45s, a temperatura de anelamento dos

primers por 45s e 72°C por 90s, e um passo a 72 °C por 5 minutos para extensão final dos

fragmentos. Os produtos de amplificação foram resolvidos por eletroforese em gel de agarose

1,8% corado com brometo etídio (0,5 μg mL-1). A determinação do tamanho dos fragmentos

66

amplificados fui por comparação com o marcador de peso molecular DNA Ladder 100 pb. O

resultante da eletroforese foi visualizado com o auxílio de luz UV e fotodocumentador com

sistema digital.

Tabela 4- Primers ISSR utilizados para avaliação da similaridade genética entre os parentais

e as linhagens de tomateiro com alto de teor de acil-açúcares. Temperatura de anelamento

(TºCa). Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Primer Sequência (5’-3’) TºCa

807 (AG)8T 52º

809 (AG)8G 55º

835 (AG)8YC 54º

864 (ATG)6 50º

873 (GACA)4 50º

878 (GGAT)4 54º

Os pares de primers SSR utilizados estão descritos na Tabela 5. Para cada genótipo as

reações de amplificação do DNA via PCR foram conduzidas em volume final de 10 μL

contendo: 0,5 ng de DNA, 0,8 μM de cada primer, 0,2 mM de cada dNTP, 3 mM de MgCl2 e

0,4U de Taq DNA polimerase, tampão para PCR 1X e água ultrapura para completar o

volume. Para amplificação o termociclador foi programado para uma desnaturação inicial a

94ºC por 3 minutos, seguida de 9 ciclos de 94ºC por 30s, 68ºC por 30s e 72ºC por 30s,

seguido de mais 21 ciclos de 94ºC por 30s, 62ºC por 30s e 72ºC por 30s, para o anelamento

dos primers, e por foi feito um passo a 72°C por 10 minutos para extensão final dos

fragmentos.

Os produtos da amplificação foram separados em gel de poliacrilamida a 12%. Após a

aplicação das amostras no gel, estas migraram por 40 min a 2000 V 55 MA 5 W para

empilhamento das amostras de DNA. Em seguida os parâmetros foram ajustados para 2000 V

55 MA 55W e corridos por 4 horas. O resultado da eletroforese foi visualizado por coloração

com nitrato de prata, utilizando o seguinte protocolo: Após desprendimento das placas, o gel

foi mantido em solução de fixação contendo 1 L de água ultrapura, 200 mL de etanol e 10 mL

de ácido acético durante 5 min. Em seguida, transferido para solução de coloração com 1 L de

água ultrapura, 1,5 g de nitrato de prata e 5 mL de formaldeído por 7 min, após isso, uma

lavagem em 1 L de água ultrapura por 15 s. Por fim, o gel foi revelado em solução contendo 1

L de água ultrapura, 15 g de hidróxido de sódio e 10 mL de formaldeído até o surgimento das

bandas.

As análises das fotografias dos géis foram realizadas a olho nu cuidadosamente,

67

seguida pela genotipagem dos indivíduos de acordo com a presença (1) ou ausência (0) de

bandas. A partir desses dados foi gerado uma matriz binária para análise de similaridade

genética entre os genótipos, utilizou-se o coeficiente de Jaccard, com utilização do programa

NTSYS 2.2. A análise foi feita em conjunto com os dados dos marcadores ISSR e SSR.

TABELA 5- Primers SSR indicando cromossomo onde foi mapeado, sequência e a indicação

se o primer é polimórfico. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Cromossomo Primer Forwad/Reverse Sequência (5’-3’)

1 TES1444 TES1444F GATTTTTGTTTTGTCGCGTGC

TES1444R AAAGCTAACCGTGCAAAGGA

1 TES1242 TES1242F CCACCGCAACAAACCTTATT

TES1242R GGGTGGTGAGAAGGATCTGA

2 TES1925 TES1925F GAGCTTTTAACATGGCGGATG

TES1935R CCACAGCTGAATCTCCAACA

3 TES1935 TES1935F GTTCAAAGGAGTCCTCATGGC

TES1935R CCACAGCTGAATCTCCAACA

3 TES1203 TES1203F GAAGACTGCAGGCGATCCTTA

TES1203R CCTCACAAACAGGTTTCGGT

8 TES1884 TES1884F GCCTTCCTTACTTCGCCACTG

TES1884R TTCCGTGAAATACTTTGCCC

68

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.3 Teste de resistência a traça do tomateiro

A partir da concentração foliar do aleloquímico, foram selecionadas as plantas com

teores contrastantes de acil-açúcares (AAs) da população F2RC2. Para altos teores de AAs

foram selecionados os genótipos RVTA-2010-31-177pl#28, RVTA-2010-31-177pl#39,

RVTA-2010-31-177pl#113, RVTA-2010-31-177pl#177, RVTA-2010-31-177pl#180, RVTA-

2010-31-177pl#232, RVTA-2010-83-347pl#257 e RVTA-2010-83-347pl#359. Enquanto que

para baixos teores de AAs foram selecionados os genótipos RVTA-2010-31-310 pl#205,

RVTA-2010-31-177pl#227, RVTA-2010-31-177pl#276 e RVTA-2010-31-177pl#385 (Tabela

6).

TABELA 6- Dados sobre os genótipos, classificação do teor de acil-açúcar e genótipo

utilizados no experimento. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Dados sobre os genótipos Teor de acil-

açúcar Genótipo

Solanum pennellii acesso LA-716 Alto Solanum pennellii

RVTA-2010-31-177pl#28 Alto RVTA-2010pl#28

RVTA-2010-31-177pl#39 Alto RVTA-2010pl#39

RVTA-2010-31-177pl#113 Alto RVTA-2010pl#113

RVTA-2010-31-177pl#177 Alto RVTA-2010pl#177

RVTA-2010-31-177pl#180 Alto RVTA-2010pl#180

RVTA-2010-31-177pl# 232 Alto RVTA-2010pl#232

RVTA-2010-83-347pl#257 Alto RVTA-2010pl#257

RVTA-2010-83-347pl#359 Alto RVTA-2010pl#359

RVTA-2010-31-310 pl#205 Baixo RVTA-2010pl#205

RVTA-2010-31-177pl#227 Baixo RVTA-2010pl#227

RVTA-2010-31-177pl#376 Baixo RVTA-2010pl#376

RVTA-2010-31-310pl#385 Baixo RVTA-2010pl#385

Linhagem Redenção (Solanum lycopersicum) Baixo Cultivar Redenção

Na pesquisa a preferência da traça do tomateiro foi significativamente influenciada

pelos teores de AAs presentes nos genótipos F2RC2, provenientes do cruzamento entre a

linhagem comercial Redenção (Solanum lycopersicum) e o acesso silvestre LA-716 (Solanum

pennellii). Nas avaliações foram observadas diferenças significativas (p<0,05) entre os

genótipos em estudo em todas as características avaliadas (Tabela 7).

Em relação a quantidade média de ovos presentes nos folíolos foram identificados 6

grupos distintos, com valores médios variando de 1,00 (Solanum pennellii) até 2,85 (cultivar

Redenção) (Tabela 7). Dentre os diferentes grupos, o genótipo com menor preferência pela

69

praga foi o Solanum pennellii. Os genótipos provenientes do cruzamento interespecífico e

com altos teores de AAs RVTA-2010pl#39, RVTA-2010pl#177, RVTA-2010pl#232, RVTA-

2010pl#257 e RVTA-2010pl#359 obtiveram menores valores de ovoposição quando

comparados com os genótipos selecionados para baixos teores de AAs (RVTA-2010pl#205,

RVTA-2010pl#205, RVTA-2010pl#376 e RVTA-2010pl#385) e a cultivar Redenção.

TABELA 7- Teores de acil-açúcares, número médio de ovos, número médio de larvas e

contraste, durante 28 dias de avaliações, em genótipos F2RC2 de tomateiro com diferentes

teores de acil-açúcares, Solanum pennellii (acesso LA716) e Solanum lycopersicum (Cultivar

Redenção) submetidos à infestação da traça do tomateiro. Guarapuava-PR –UNICENTRO,

2019.

Genótipo Valores de absorbância Ovos Larvas

Solanum pennellii (alto) 0,4557 1,00 f 1,00 d

RVTA-2010pl#28 (alto) 0,3614 2,38 b 1,55 c

RVTA-2010pl#39 (alto) 0,4564 1,74 e 1,60 c

RVTA-2010pl#113 (alto) 0,3119 2,34 b 1,48 c

RVTA-2010pl#177 (alto) 0,2251 2,02 c 1,82 c

RVTA-2010pl#180 (alto) 0,3478 2,43 b 1,52 c

RVTA-2010pl#232 (alto) 0,3969 1,76 e 1,25 d

RVTA-2010pl#257 (alto) 0,3112 1,68 e 1,32 d

RVTA-2010pl#359 (alto) 0,2107 1,80 d 1,20 d

RVTA-2010pl#205 (baixo) 0,0643 2,43 b 2,35 b

RVTA-2010pl#227 (baixo) 0,1080 2,55 b 2,56 a

RVTA-2010pl#376 (baixo) 0,1052 2,34 b 2,21 b

RVTA-2010pl#385 (baixo) 0,0955 2,38 b 2,51 a

Cultivar Redenção (baixo) 0,1104 2,85 a 2,57 a

CV (%) 6,14 10,09

C1- Genótipos (altos) vs. Genótipos (baixos) -0,40** -0,90**

Correlação de Pearson -0,65** -0,82** Médias seguidas pela mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5 % de probabilidade. 1Valores de absorbância a 540 nm.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

O número médio de larvas presentes nos folíolos formou 4 grupos distintos, com

valores médios variando de 1 (Solanum pennellii) até 2,57 (cultivar Redenção) (Tabela 7). O

grupo que apresentou menor quantidade de ovos foi formado pelo Solanum pennellii e os

genótipos com altos teores de AAs RVTA-2010pl#232, RVTA-2010pl#257 e RVTA-

2010pl#359. Porém, os genótipos que apresentaram maiores quantidade de larvas presentes

nos folíolos foram os genótipos com baixos teores AAs (RVTA-2010pl#205, RVTA-

2010pl#227, RVTA-2010pl#376 e RVTA-2010pl#385) e a cultivar Redenção quando

comparados com os genótipos que apresentavam maiores teores de AAs (Solanum pennellii,

RVTA-2010pl#28, RVTA-2010pl#39, RVTA-2010pl#113, RVTA-2010pl#177, RVTA-

70

2010pl#180, RVTA-2010pl#232, RVTA-2010pl#257 e RVTA-2010pl#359).

Os genótipos F2RC2 selecionados para altos teores de AAs apresentaram, geralmente,

os menores valores de ovos e larvas presentes nos folíolos. No entanto, alguns genótipos com

altos teores do aleloquímico foram similares estatisticamente aos genótipos contrastantes em

relação ao número de ovos. Possivelmente, estes resultados têm relação com a perda de alelos

ligados a resistência da planta, possuindo ou não relação com a presença dos AAs, fatores

estes que com o avançar das gerações podem ser perdidos. Neste sentido, a exposição dos

genótipos ao inseto-praga favorece a seleção dos genótipos com maior quantidade de genes

responsáveis pela resistência.

Resultados semelhantes foram observados por Dias et al. (2013) em relação ao número

de ovos e larvas em que alguns genótipos com altos teores de AAs que não diferiram dos

genótipos selecionados para baixos teores. Maluf et al. (2010) relatam que em programas de

melhoramento genético visando a resistência a pragas que a divergência de resultados é

comumente observada nos genótipos retrocruzados obtidos a partir do cruzamento entre uma

espécie silvestre e uma linhagem de S. lycopersicum.

Lucini et al. (2015) utilizaram genótipos F2 com teores contrastantes de AAs e

provenientes do cruzamento interespecífico entre S. lycopersicum e S. pennellii acesso LA

716 para estudos relativos com o mecanismo de resistência. Foram observados os

mecanismos de resistência do tipo antibiose e antixenose nos genótipos F2 selecionados para

altos teores de AAs em testes com e sem chances de escolha.

O contraste C1 demonstrou relação significativa (p<0,05) e inversamente proporcional

entre os genótipos com altos teores de AAs quando comparados com os genótipos que

apresentavam baixos teores do aleloquímico para a quantidade de ovos (-0,40) e larvas (-0,90)

presentes nos folíolos (Tabela 7). Neste sentido o contraste C1 evidencia os teores de AAs

presentes nos folíolos como um fator de resistência para a traça do tomateiro.

Os prejuízos causados pela larva da traça do tomateiro foram estatisticamente

influenciados pelos teores de AAs presentes nos folíolos dos genótipos quando comparados os

danos na planta (DP), lesões nos folíolos (LF) e porcentagem de folíolos atacados (PF)

(Tabela 9). Em relação aos DP, LF e PF, foram observados a presença de 3 grupos distintos, o

grupo com a menor quantidade de danos causado pela traça do tomateiro que foi composto

exclusivamente pelo acesso silvestre Solanum pennellii LA- 716. O segundo grupo composto

pelos genótipos com altos teores de AAs (RVTA-2010-31-177pl#28, RVTA-2010-31-

177pl#39, RVTA-2010-31-177pl#113, RVTA-2010-31-177pl#177, RVTA-2010-31-

177pl#232, RVTA-2010-83-347pl#257 e RVTA-2010-83-347pl#359), exceto o genótipo

71

RVTA-2010-31-177pl#180. Por fim, o terceiro grupo foi composto pela cultivar comercial

Redenção e os genótipos com baixos teores de AAs (RVTA-2010pl#205, RVTA-2010pl#227,

RVTA-2010pl#376 e RVTA-2010pl#385), incluindo o genótipo RVTA-2010-31-177pl#180

(Tabela 8).

TABELA 8- Teores de acil-açúcares, danos nas plantas (DP) lesões nos folíolos (LF),

porcentagem de folíolos atacados (PF) e contraste, durante 28 dias de avaliações, em

genótipos F2RC2 de tomateiro com diferentes teores de acil-açúcares, Solanum pennellii

(acesso LA716) e Solanum lycopersicum (Cultivar Redenção) submetidos à infestação da

traça do tomateiro. Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

Genótipo

Teor de acil-

açúcares

(Absorbância1)

DP LF PF

Solanum pennellii (alto) 0,4557 0,25 c 0,03 c 0,08 c

RVTA-2010pl#28 (alto) 0,3614 1,62 b 1,62 b 1,67 b

RVTA-2010pl#39 (alto) 0,4564 1,37 b 1,39 b 1,41 b

RVTA-2010pl#113 (alto) 0,3119 1,19 b 1,24 b 1,32 b

RVTA-2010pl#177 (alto) 0,2251 1,50 b 1,54 b 1,67 b

RVTA-2010pl#180 (alto) 0,3478 2,49 a 2,42 a 2,36 a

RVTA-2010pl#232 (alto) 0,3968 1,53 b 1,54 b 1,64 b

RVTA-2010pl#257 (alto) 0,3112 1,21 b 1,21 b 1,23 b

RVTA-2010pl#359 (alto) 0,2107 1,21 b 1,27 b 1,29 b

RVTA-2010pl#205 (baixo) 0,0643 2,90 a 2,88 a 1,95 a

RVTA-2010pl#227 (baixo) 0,1080 2,61 a 2,56 a 2,67 a

RVTA-2010pl#376 (baixo) 0,1052 2,63 a 2,69 a 2,70 a

RVTA-2010pl#385 (baixo) 0,0945 2,70 a 2,76 a 2,79 a

Cultivar Redenção (baixo) 0,1017 2,59 a 2,57 a 2,69 a

CV (%) 14,37 20,41 20,54

C2- Genótipos (altos) vs. Genótipos (baixos) -1,33** -1,32** -1,33**

Correlação de Pearson -0,83** -0,81** -0,81**

Médias seguidas pela mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5 % de

probabilidade. 1Valores de absorbância a 540 nm.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

O contraste C2 demonstrou relação significativa e inversamente proporcional quando

comparados os genótipos contrastantes em relação aos DP (-1,33), LF (-1,32) e PF (-1,33)

(Tabela 8). Os resultados evidenciam que os maiores teores de AAs presentes nos folíolos

favorecem a redução dos prejuízos causados pela traça do tomateiro nos folíolos da planta.

A análise de correlação de Person mostrou que o teor de AAs é inversamente

proporcional ao número médio de ovos (-0,65), número médio de larvas (- 0,81), Danos na

planta (-0,83), lesões nos folíolos (-0,81) e porcentagem de folíolos atacados (-0,81). As

correlações lineares utilizadas no presente trabalho compararam os teores de AAs presentes

nos folíolos com a média de ovoposição, larvas, danos na planta, lesões nos folíolos e

72

porcentagem de folíolos atacados. Possibilitando a averiguação do importante papel dos

aleloquímicos AAs na redução das taxas destas variáveis nos genótipos analisados (Tabelas

8).

Foram observados resultados nesta pesquisa semelhantes a inferências de outros

autores (RESENDE et al., 2006; SAEIDI et al., 2007; RESENDE et al., 2008, PEREIRA et

al., 2008; GONÇALVES NETO et al., 2008, 2010, MALUF et al., 2010; MACIEL et al.,

2011; DIAS et al., 2013; DIAS et al., 2016; LUCINI et al., 2015). O principal provedor de

resistência a pragas foram a presença de altos teores de AAs nos folíolos. A seleção em

laboratórios dos teores de AAs para a obtenção de materiais com bons níveis de resistência é

satisfatória, principalmente, pelo tipo de herança simples responsável pela expressão da

resistência. A herança do tipo monogênica com a presença de outros genes modificadores de

efeito aditivo favorece a introdução dos AAs em linhagens elite de tomateiro (RESENDE et

al., 2002; GONÇALVES et al., 2007).

A ACP foi realizada sobre o conjunto de dados e mostrou que as duas primeiras

componentes explicam 94,77% da variabilidade dos dados. A análise de componentes

principais (ACP) mostrou a formação de dois grupos (Figura 2). O grupo 1 formado pelos

genótipos RVTA-2010pl#205 (G205), RVTA-2010pl#227 (G227), RVTA-2010pl#378

(G378), RVTA-2010pl#385 (G385) e a cultivar Redenção com baixos teores de AAs e

maiores quantidades da presença de ovos, larvas, danos na planta, lesões nos folíolos e

porcentagem de folíolos atacados (Figura 2). Todavia, o Grupo 2 formado pelos genótipos

Solanum pennellii (G1), RVTA-2010pl#28 (G28), RVTA-2010pl#39 (G39), RVTA-

2010pl#113 (G113), RVTA-2010pl#177 (G177), RVTA-2010pl#180 (G180), RVTA-

2010pl#232 (G232), RVTA-2010pl#257 (G257), RVTA-2010pl#359 (G359) com maiores

teores de AAs e menores números de ovos, larvas e danos provocados pela praga (Figuras 2).

73

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Variables factor map (PCA)

Dim 1 (88.40%)

Dim

2 (6

.37%

)

TAA

TTO

TL

DFMLFM

PFM

-4 -2 0 2 4

-10

12

Factor map

Dim 1 (88.40%)

Dim

2 (

6.3

7%

)

G2 G257

G39

G232G359

G113

G180

G28

G177

G376

G227

G385 G205

G1

cluster 1

cluster 2

FIGURA 2- Círculo de correlação das variáveis teor de acil-açúcares (Teor de acil-açúcares

(TAA), número de ovos (TTO), número de larvas (TL), Danos na planta (DFM) e Lesões nos

folíolos (LFM) e Porcentagem de folíolos atacados (PFM) e distribuição dos genótipos em

plano Solanum pennellii (G1), RVTA-2010pl#28 (G28), RVTA-2010pl#39 (G39), RVTA-

2010pl#113 (G113), RVTA-2010pl#177 (G177), RVTA-2010pl#180 (G180), RVTA-

2010pl#232 (G232), RVTA-2010pl#257 (G257), RVTA-2010pl#359 (G359), RVTA-

2010pl#205 (G205), RVTA-2010pl#227 (G227), RVTA-2010pl#378 (G378), RVTA-

2010pl#385 (G385) e cultivar Redenção (G1). Guarapuava-PR –UNICENTRO, 2019.

74

Maluf et al. (2010), Maciel et al. (2011), Dias et al. (2013) e Baier et al. (2015),

relatam a importância da presença de altos teores de AAs nos folíolos como provedor de

resistência a pragas em genótipos obtidos a partir do cruzamento interespecífico entre o

acesso silvestre LA 716 e S. lycopersicum e posteriores retrocruzamentos com a linhagem

comercial. Dentre os genótipos segregantes F2RC2 destacou-se os genótipos RVTA-

2010pl#39, RVTA-2010pl#232, RVTA-2010pl#257 e RVTA-2010pl#359 com a presença de

altos teores de AAs foliares e com maiores padrões de resistência à traça do tomateiro, visto

que apresentou menor preferência para ovoposição, larvas e reduzida severidade dos danos

ocasionados pela praga similares ao Solanum pennellii.

3.1 Uso de marcadores moleculares ISSR e SSR na seleção de genótipos com

altos teores de acil-açúcares

Os seis primers ISSR amplificaram 40 fragmentos polimórficos entre a cultivar

Redenção (genoma recorrente) e o acesso silvestre Solanum pennellii LA 716 (genoma

doador). Em relação aos seis primers SSR testados foram obtidas 10 bandas polimórficas. A

avaliação conjunta dos 50 fragmentos polimórficos permitiu estabelecer a similaridade

genética entre todos os genótipos avaliados (Tabela 9). Houve diferença na similaridade com

a cultivar Redenção quando comparado as diferentes linhagens (Tabela 9). A maior

similaridade ocorreu entre os genótipos RVTA-2010pl#257 (12), RVTA-2010pl#152 (5) e

RVTA-2010pl#28 (1) e os com menores, RVTA-2010pl#177 (8) e RVTA-2010pl#180 (9)

(Tabela 9).

A avaliação da similaridade entre as linhagens e os parentais evidenciou que todas as

linhagens apresentaram maior similaridade com a cultivar redenção do que com o parental

selvagem (Tabela 9). Esta condição provavelmente é devido a seleção de plantas com

características mais semelhantes com a cultivar redenção. Embora ainda as plantas não

estejam sendo selecionadas de forma criteriosa para as características da cultivar redenção, no

momento de escolher as plantas a serem avaliadas, é dado preferência para as com o fenótipo

mais semelhante ao tomate cultivado.

75

TABELA 9- Similaridade genética entre linhagens F2RC2 de tomateiro oriundas do

cruzamento entre o genótipo selvagem Solanum pennellii e a cultivar Redenção (Solanum

lycopersicum). Guarapuava-PR-UNICENTRO, 2019.

Solanum

Pennellii Redenção 1 2 3 4 5 7 8 9 10 11 12 13

Redenção (RE) 0,00

RVTA-2010pl#28 (1) 0,23 0,62

RVTA-2010pl#39 (2) 0,33 0,54 0,65

RVTA-2010pl#61 (3) 0,24 0,57 0,61 0,73

RVTA-2010pl#113 (4) 0,32 0,54 0,66 0,69 0,65

RVTA-2010pl#152 (5) 0,23 0,62 0,66 0,78 0,83 0,62

RVTA-2010pl#155 (7) 0,29 0,54 0,58 0,65 0,69 0,74 0,70

RVTA-2010pl#177 (8) 0,40 0,42 0,60 0,60 0,56 0,58 0,57 0,60

RVTA-2010pl#180 (9) 0,32 0,50 0,62 0,58 0,57 0,72 0,58 0,70 0,64

RVTA-2010pl#214 (10) 0,14 0,56 0,45 0,53 0,60 0,53 0,53 0,57 0,51 0,53

RVTA-2010pl#232 (11) 0,22 0,60 0,56 0,63 0,68 0,64 0,73 0,68 0,48 0,52 0,46

RVTA-2010pl#257 (12) 0,21 0,64 0,68 0,75 0,81 0,63 0,86 0,72 0,62 0,56 0,58 0,70

RVTA-2010pl#359 (13) 0,12 0,55 0,44 0,40 0,42 0,45 0,51 0,56 0,50 0,60 0,53 0,49 0,57

RVTA-2010pl#160 (17) 0,18 0,59 0,55 0,55 0,58 0,55 0,63 0,59 0,50 0,48 0,44 0,57 0,69 0,52

O uso dos marcadores ISSR e SSR foram eficientes na identificação genótipos com maior

recuperação do genoma recorrentes neste estudo. Na literatura o uso de marcadores

moleculares para seleção assistida tem sido uma das aplicações mais eficientes da

biotecnologia na agricultura. Goswami et al. (2018), em estudos para seleção de linhagens de

milho com maior teor de provitamina A (proA), a introgressão assistida por meio de

marcadores moleculares foram eficientes no desenvolvimento acelerado de progênies elite

com utilização de 100 SSRs e recuperação média de 91,07 % do genoma recorrente.

Pukalentthy et al. (2019), em pesquisas com linhagens de milho para incorporar o gene

recessivo opaco-2 (o2) responsável pelo maior conteúdo de lisina e triptofano em suas

proteínas, relatam a importância da seleção assistida com 250 SSR aliado a seleção fenotípica

possibilitou a seleção de 3 linhas avançadas de milho com 97% de recuperação do genoma

recorrente e com a presença do gene recessivo o2. Babu et al. (2005), relatam o uso de

marcadores moleculares SSR foram eficientes na seleção de 3 plantas com 93 a 96 % de

conteúdo genômico recorrente auxiliando na redução do tempo envolvido para obtenção de

uma linhagem com alta concentração de triptofano em proteína (0,85 %) em suas sementes.

Iftekharuddaula et al. (2011), em estudos para incorporação da tolerância a submersão em

arroz irrigado por meio de cruzamentos assistidos por marcadores moleculares, entre eles os

marcadores SSR, possibilitaram em apenas dois retrocruzamentos e uma geração de

autofecundação a obtenção de uma linhagem com 99,8% do genitor recorrente, produtiva e

76

tolerante a submersão. Rai et al. (2017) relatam o uso combinado de três locos de

características quantitativas (QTLs), diferentes marcadores SSR e seleção fenotípica que

resultaram na seleção de 5 variedades de trigo com potencial uniformidade, estabilidade e

tolerância ao estresse hídrico e com 89,2 % a 95, 4 % de recuperação do parental recorrente.

Neste sentido, o uso simultâneo do retrocruzamento assistido por marcadores moleculares

apresentam-se como alternativa viável para aumentar a eficiência do processo de

retrocruzamento e identificação precisa e precoce dos indivíduos que apresentam maior

recuperação do genoma do genitor recorrente (OPENSHAW et al., 1994).

4. CONCLUSÕES

Nos testes de resistência a traça do tomateiro os genótipos com maiores níveis de

resistência foram RVTA-2010pl#39, RVTA-2010pl#359, RVTA-2010pl#232 e RVTA-

2010pl#257.

A utilização de marcadores moleculares possibilitou a identificação dos genótipos

RVTA-2010pl#257, RVTA-2010pl#152, RVTA-2010pl#28 e RVTA-2010pl#113 como os

com maior recuperação do genoma recorrente.

A análise conjunta dos dados de resistência e molecular evidência que os genótipos

RVTA-2010pl#232 (11) e RVTA-2010pl#257 (12) são os com maior potencial para utilização

para avanço do programa de melhoramento para obtenção de linhagens com boas

características morfoagronômicas e com resistência a traça do tomateiro.

77

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O teste de resistência para a mosca branca, análise dos componentes principais e teste

de avaliação da severidade de fumagina presente nos folíolos possibilitaram a seleção dos

genótipos F2RC2 de tomateiro RVTA-2010pl# 28, RVTA-2010pl# 39 e RVTA-2010pl# 113

que devem ser usados como fonte de genes para continuar o programa de melhoramento para

resistência a mosca branca.

O teste de resistência para a traça do tomateiro, análise dos componentes principais

(ACP) e a seleção assistida por marcadores moleculares evidenciaram que os genótipos F2RC2

de tomateiro com maiores níveis de resistência a traça do tomateiro foram os genótipos

RVTA-2010pl#232 e RVTA-2010pl#257 que devem ser usados como fonte de genes para

continuar o programa de melhoramento para resistência a traça do tomateiro.

O programa de melhoramento genético do tomateiro visando resistência as principais

pragas presentes no Núcleo de Pesquisa em Hortaliças na Universidade Estadual do Centro-

Oeste devem continuar os retrocruzamentos e a seleção assistida visando a seleção de

genótipos com maiores características do parental recorrente e resistência para artrópodes-

pragas com os genótipos F2RC2 de tomateiro RVTA-2010pl# 39, RVTA-2010pl#232 e

RVTA-2010pl#257.

78

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