fertirrigação do tomateiro

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A viabilidade econômica do gotejamento somenteé plenamente atingida quando o manejo dairrigação e da fertirrigação é realizado de formaeficiente e racional. Por favorecer que osnutrientes sejam fornecidos de forma parcelada,atendendo às necessidades das plantas, afertirrigação contribui para que a fertilidade dosolo seja mantida num nível próximo ao ótimodurante todo o ciclo da cultura, maximizando aabsorção de nutrientes pelas raízes.

Esta circular é destinada a produtores e técnicosligados à área de produção de tomate paraprocessamento industrial. Tem por objetivoapresentar informações básicas, assim comoaspectos relevantes e atuais sobre o manejo daágua de irrigação e da fertirrigação porgotejamento.

2 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento

almente O consumo de água e a incidência dedoenças da parte aérea, aumentando aprodutividade e a qualidade dos frutos. Em 2002, aárea irrigada de tomateiro por gotejamento atingiu620 ha, devendo, segundo previsão das indústriasde processamento, aumentar expressivamente nospróximos anos.

• Redução de 40% a 60% no uso defungicidas: por não molhar a folhagem eos frutos e não lavar o fungicida aplicado,diminui a incidência de doenças da parteaérea.

• Maior flexibilidade no uso da fertirrigação:os fertilizantes são aplicados junto àsraízes das plantas, em regime de altafreqüência conforme as necessidades dasplantas, aumentando a eficiência de usopelas plantas.

• Incremento na receita líquida do produtorentre 20% e 30%.

Alguns inconvenientes associados ao gotejamentosão: maior custo inicial por unidade de área (R$6.000 a 10.000 t/ha contra R$ 3.500 a 5.000 t/ha naaspersão); possibilidade de entupimento dosgotejadores; necessidade de remoção das linhas degotejadores ao final de cada safra. Entretanto, omaior custo do sistema é compensado por umincremento na receita total, enquanto queproblemas de entupimento podem ser evitadoscom o tratamento da água e o manejo adequado dafertirrigação.

Características do SistemaO sistema de irrigação por gotejamento éconstituído, de forma geral, por: conjuntomotobomba; cabeçal de controle (sistema defiltragem, sistema de injeção de fertilizantes);unidade de distribuição de água (linha adutora,linhas de distribuição, linhas laterias, gotejadores,válvulas, acessórios). Válvulas reguladoras depressão, anti-vácuo e de final de linha devem serutilizadas para um melhor funcionamento dosistema e maior eficiência da irrigação.

O sistema pode ser automatizado por meio depainéis controladores, válvulas hidráulicas esensores (Fig. 1). Freqüentemente são utilizadoscontroladores básicos, onde são programadosapenas as datas, os horários e a duração dasirrigações. Para tais controladores, a duração dasirrigações devem ser

• Maior eficiência (25% e 40%) no uso deágua pelas plantas: 25 a 35 gramas defruto por quilograma de água.

• Menor gasto de- água: utiliza entre 20% e40% a menos de volume água, por nãomolhar toda a superfície do solo eapresentar maior eficiência de irrigação.

Sistema por Gotejamento

Vantagens do SistemaAs principais vantagens do gotejamento,comparado à aspersão, para a irrigação dotomateiro são:

• Incremento de produtividade entre 20% e40%: rendimentos de 100 a 140 t/hapodem ser facilmente obtidos.

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medidor de pH). O uso do ácido fosfórico deveser evitado, pois possui baixo poderacidificante, pode formar precipitados napresença de cálcio e pode conter quantidadesexpressivas de ferro solúvel.

Outra medida preventiva que pode ser adotadaquando as concentrações de ferro, manganês esulfetos na água de irrigação estiverem acima doslimites mínimos aceitáveis (Tabela 1) é a cloraçãoda água, mantendo-se cerca de 1 mg/L de clororesidual livre. Neste caso, os precipitadosresultantes da oxidação devem ser filtrados antesde adentrarem o sistema de irrigação.

O processo mais eficiente para a remoção deferro da água de irrigação é o da aeração seguidode filtragem ou decantação. Antes que adentre otanque de decantação, a água é submetida auma completa aeração para oxidar o ferro àforma insolúvel. A incorporação de oxigênio àágua pode ser realizada aspergindo a água oufazendo com que a água passe sobre uma sériede defletores.

A obstrução parcial de gotejadores porpreci-pitados químicos pode ser muitas vezes revertidainjetando-se ácido durante 30 a 60 min nosistema, numa concentração que reduza o pH daágua para 4,0. Problemas mais sérios deentupimento podem, em alguns casos, serminimizados reduzindo-se o pH da água para 2,0.Após a aplicação do ácido, deve-se irrigar emexcesso e com a pressão mais elevada possívelpara a limpeza finaldas tubulações e gotejadores.

Aspectos FísicosAs partículas inorgânicas suspensas e osmateriais orgânicos presentes na água podemcausar a obstrução dos gotejadores. O problemapode ser eliminado filtrando-se a água e lavando-se a linha de gotejadores periodicamente. O usode válvulas de final de linha, em cada lateral,possibilita que a lavagem seja automática. Amaioria dos

fabricantes de gotejadores recomendam filtrosentre 75 e 150 µm (200 e 100 mesh,respectivamente). Alguns tipos de gotejadorestoleram partículas de até 600 µm (20 mesh).

Partículas de silte (2 a 50 µm) e de argila « 2µm) não provocam, via de regra, problemas deentupimento de gotejadores de fluxo turbulento,pois fluem facilmente pelas passagens de água.Todavia, águas barrentas podem provocarobstrução gradativa em alguns tipos degotejadores, devendo ser evitadas. Neste caso,a água deve ser submetida a um processo desedimentação ou de floculação antesde ser utilizada.

Os filtros de disco e de tela são indicados paraeliminar praticamente quaisquer tipos de sólidossuspensos, mas são facilmente obstruídos pormateriais orgânicos. Os filtros de areia retêmgrandes quantidades de sólidos suspensos e demateriais orgânicos antes de serem obstruídos.Apesar de reterem partículas menores que 100µm (depende do diâmetro do elemento filtrante),os filtros de areia devem ser seguidos por umfiltro secundário de tela ou discos para evitar quepartículas de areia do próprio filtro entrem nosistema (Fig. 2).

Fig. 2. Conjunto de filtros de areia e de disco, comsistema de retrolavagem automática.

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Partículas de maior diâmetro e densidade, comoareia grossa, são eliminadas por filtros do tipociclone, centrífugos ou tanques de sedimentação.Problemas com detritos vegetais (folhas, galhosetc.) podem ser reduzidos com o uso de telas nacaptação de água.

o uso de água com quantidade excessiva demateriais em suspensão requer a lavagemfreqüente do elemento filtrante para não provocarperdas excessivas na pressão do sistema.Nesses casos, os filtros com retrolavagemautomática são recomendados.

Aspectos BiológicosO desenvolvimento de algas e bactérias,inclusive dentro da tubulação, pode causarproblemas de obstrução de gotejadores. Aproliferação de algas é estimulada pela presençade nutrientes aplicados pela fertirrigação. Váriosgêneros de bactérias, por outro lado, quando napresença de substâncias como sulfetos, ferro,manganês e argila, produzem mucilagem (Iodo)que podem obstruir os gotejadores. Ativodesenvolvimento de bactérias pode ocorrermesmo quando a concentração de ferro,manganês ou sulfetos na água é baixa (0,2mg/L).

A cloração é o tratamento mais indicado para ocontrole de algas e bactérias; todavia, é caro erequer manejo cuidadoso. O cloro residual livre nofinal da linha de gotejadores deve ser entre 0,5 e2,0 mg/L, se injetado de forma contínua durante airrigação, ou entre

10 e 20 mg/L, se injetado de uma a duas vezespor semana durante os últimos 30 minutos dairrigação. Problemas graves de obstrução podemser minimizados realizandose uma supercloração(100 a 500 mg/L) e deixando-se a solução por 24horas dentro da tubulação. Para maior eficiência,o cloro deve ser usado em água com pH entre 5,5e 6,5. O hipoclorito de sódio ou de cálcio, o gáscloro e o ácido hipocloroso são as principaisfontes.

Necessidade de Água das Plantas

A quantidade de água necessáriapara a irrigação do tomateiro varia de 350 a 500mm, dependendo das condições climáticas, dacultivar e do sistema de irrigação. O uso diário deágua, chamado de evapotranspiração da cultura eexpresso em mm/dia, engloba a lâmina de águatranspirada pelas plantas e a água evaporada dosolo.

O tomateiro apresenta quatro estádios distintos dedesenvolvimento com relação às necessidadeshídricas: inicial, vegetativo, frutificação ematuração. A duração de cada estádio depende,principalmente, da cultivar e das condiçõesedafoclimáticas predominantes. Informaçõessobre turno de rega, coeficiente de cultura, tensãocrítica de água no solo e profundidade efetiva dosistema radicular das plantas nos diferentesestádios de desenvolvimento são apresentadas naTabela 2.

1 Valores recomendados para a região do Cerrado.2 Plantio convencional e direto de mudas em palhada, respectivamente. 3 O menor valorrefere-se ao início do estádio.Fonte: Adaptado de Marouelli & Silva (2001) e Marouelli et aI. (2001).

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Estádio InicialAtualmente, os plantios de tomate são realizadosutilizando-se de mudas. Assim, o estádio inicialvai do transplante das mudas até oestabelecimento inicial das plantas. Irrigaçõesem excesso podem favorecer a maior incidênciade doenças e comprometer o estande. Por outrolado, a falta de água prejudica o pegamento dasmudas.

o transplante deve ser realizado em solopreviamente irrigado. A lâmina de água a seraplicada antes do transplante deve ser suficientepara elevar a umidade da camada de solo entre Oe 40 cm até a capacidade de campo. Dependendodo tipo e da umidade inicial do solo, deve-seaplicar uma lâmina líquida entre 1 O e 20 mm parasolos de textura grossa e entre 20 e 50 mm paraos de texturas média e fina. Para melhor formaçãodo bulbo molhado, a lâmina total deve serfracionada e aplicada durante 2 a 3 dias.

Após o transplante, as irrigações devem serfreqüentes (1 a 2 dias), procurando-se manter aumidade da camada superficial do solo (O a 20cm) próxima à capacidade de campo.

Estádio VegetativoO estádio vegetativo compreende o período entreo estabelecimento inicial das plantas e o início dafrutificação. É o estádio menos crítico dotomateiro quanto ao déficit hídrico. A deficiênciamoderada de água favorece o desenvolvimentodo sistema radicular, permitindo maior eficiênciana absorção de água e nutrientes pelas raízes.

Limitações no crescimento das plantas,resultantes da ocorrência de déficits hídricosmoderados, têm pequeno efeito na produção,desde que o suprimento de água no estádio defrutificação seja adequado. Irrigações emexcesso, tanto neste quanto nos estádiosseguintes, podem favorecer maior incidência dedoenças, além de favorecer a lixiviação denutrientes, especialmente de nitrato.

Estádio de FrutificaçãoO estádio de frutificação, que se prolonga até oinício da maturação, é o mais crítico quanto àdeficiência de água no solo. A deficiência de águareduz a viabilidade de pólen e o tamanho defrutos, comprometendo ã produtividade; enquantoo excesso, especialmente em sistema porgotejamento superficial, favorece a ocorrência dedoenças de solo e da parte aérea.

É o estádio em que o tomateiro atinge amáxima demanda de água, devendo a umidadedo solo permanecer próxima à capacidade decampo. Períodos prolongados de deficiência hídrica, seguidos de irrigação em excesso,podem causar danos fisiológicos, comorachaduras de fruto. Apesar de ser um aspectogenético associado à variedade, a rachadura defruto pode ser favoreci da pela alternância entreperíodos prolongados de deficiência hídrica eirrigação em excesso. Do ponto de vista prático, oemprego de cultivares sabidamente resistentes àsrachaduras e o manejo da irrigação de maneira aevitar o estabelecimento de déficits hídricosseveros são as principais estratégias de controle.

Estádio de MaturaçãoÉ o período entre o início da maturação de frutos ea colheita. Neste estádio há uma sensível reduçãodo uso de água pelas plantas (20% a 30%).Irrigações em excesso prejudicam a qualidade defruto, aumentando a incidência de apodrecimentode frutos, prejudicando a coloração, reduzindo oteor de sólidos solúveis totais, a acidez e suaconservação na planta.

Já a ocorrência de déficit hídrico prolongado ouestresse salino, durante o início do estádio dematuração, pode afetar a consistência e acoloração dos frutos. Por outro lado, o tomateiroapresenta tolerância moderada à concentraçãode sais na solução do solo. Assim, a irrigaçãocom água ligeiramente salina (até 2,0 dS/m),durante o estádio de frutificação e de maturação,desde que

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manejada de forma adequada e em solo com boadrenagem, produz frutos com maior teor desólidos solúveis e produtividade próximada potencial.

Para uniformizar a maturação e aumentar o teorde sólidos solúveis dos frutos, as irrigaçõesdevem ser realizadas adotando-se um turno derega maior que no estádio anterior e paralisadasvários dias antes da colheita. Para solos decerrado, maior rendimento de polpa é obtidoquando as irrigações são realizadas a cada 4 a 6dias, a partir do início da maturação dos frutos, eparalisadas com 40% a 50% de frutos maduros(cerca de 2 semanas antes da colheita). Por outrolado, máxima produção de frutos pode seratingida irrigando-se a cada 1 a 3 dias até 80% a90% de frutos maduros (cerca de 1 semana antesda colheita) .

A suspensão brusca das irrigações em períodosde alta radiação solar pode provocar, em algumascultivares, problemas de escaldadura de frutos,especialmente se as irrigações nas duas semanasanteriores à suspensão forem realizadas emregime de alta freqüência e em quantidadesexcessivas.

Manejo da Água de Irrigação

o manejo da água de irrigação engloba uma sériede procedimentos para responder quando equanto irrigar. Vários são os métodos para omanejo da irrigação. Os métodos do balançohídrico e o da tensão da água do solo baseiam-sena avaliação, em tempo real, de parâmetrosrelacionados à planta, ao solo e ao clima, epermitem um controle preciso da irrigação.Requerem, todavia, equipamentos para mediçãoda umidade do solo (tensiômetros, sensorescapacitivos, blocos de resistência elétrica etc.)e/ou da evapotranspiração (tanque Classe A,termômetros, higrômetros, radiômetros etc.).Métodos baseados em dados históricos deevapotranspiração são fáceis

de serem utilizados e não requerem o uso deequipamentos; porém, apresentam menorprecisão que os métodos do balanço hídrico e oda tensão.

A seguir são apresentados dois métodos, comdiferentes graus de precisão, para o manejo dairrigação por gotejamento na cultura do tomateiro.Do ponto de vista do produtor, é altamentedesejável a possibilidade de antever as datas dasirrigações, visto ser possível programar aspráticas culturais e as necessidades de trabalho.Assim, os dois métodos apresentados utilizamturnos de rega fixo em cada estádio dedesenvolvimento da cultura.

Método do Turno de Rega SimplificadoO cultivo do tomateiro na região do Cerrado érealizado principalmente na época em que aocorrência de chuvas é pouco significativa. Sobtais condições, a variabilidade daevapotranspiração de ano para ano é menor quena estação chuvosa, o que torna viável manejar airrigação a partir de dados climáticos históricos.

O método, que não requer a utilização deequipamentQs para o manejo da água, permiteestimar o turno de rega e o tempo de irrigação,para cada estádio de desenvolvimento dotomateiro, conforme as condições climáticasmédias da região (temperatura e umidade relativado ar), o tipo de solo a ser cultivado, aprofundidade efetiva do sistema radicular dacultura e as características do sistema deirrigação.O procedimento para a utilização do método éapresentado passo a passo a seguir:

Passo 1: Determinar, pela Tabela 3, a eva-potranspiração de referência (ETo) conforme os dados históricos médios de temperatura eumidade relativa do ar disponíveis na região.Estes dados podem, muitas vezes, ser obtidosnos escritórios locais de extensão rural ouprefeituras.

Obs: Valores de Eto nos intervalos de umidade relativa e temperatura apresentados podem ser obtidos por interpolação linear.Fonte: Valores obtidos a partir da equação de Ivanov (Maroulli et al., 2001)

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Passo 2: Determinar, pela Tabela 2, o coeficientede cultura (Kc) para cada estádio dedesenvolvimento das plantas.

Passo 3: Determinar a evapotranspiração dacultura (ETc) para cada estádio dedesenvolvimento:

ET c = Kc x ET o (equação 1)

em que:ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia);Kc = coeficiente de cultura (adimensional);ET o = evapotranspiração de referência (mm/dia).

Passo 4: Determinar a profundidade efetiva dosistema radicular (Z) para cada estádio da cultura

Para esta determinação, não se deve considerartodo o perfil do solo explorado pelas raízes, masapenas a profundidade efetiva, que corresponde àcamada onde se encontram cerca de 80% dasraízes. Na Tabela 2 são apresentadas sugestõesde profundidades médias nos diferentes estádiosdo tomateiro.

Entretanto, diversos fatores, tais como textura desolo, fertilidade, práticas culturais, solos rasos,irrigações muito freqüentes e horizontes de solofortemente diferenciados, podem afetar odesenvolvimento das raízes. Para uma melhorestimativa da profundidade efetiva, é aconselhávelavaliar o sistema radicular no próprio local decultivo. A abertura de uma trincheira per -

pendicularmente à linha de plantio permite umaavaliação visual da profundidade.

Passo 5: Determinar o tipo de solo.

Para fins de manejo é necessário conhecer acapacidade de armazenamento de água do solopara, em função da evapotranspiração da cultura,determinar o intervalo entre irrigações em cadaestádio de desenvolvimento das plantas.

Para o uso do presente método, a caracterizaçãodo solo é feita com base na textura e estrutura.Muitas vezes o produtor já dispõe da análise datextura do solo a ser irrigado, sendo umainformação freqüentemente requerida por bancospara a liberação de financiamentos agrícolas. Apartir da classe textural, fornecida pela análise,deve-se utilizar o seguinte critério:

• Solo tipo I: solos de textura grossa(areia, areia franca, franco arenoso).

• ·Solo tipo II: solos de textura média (franco,franco siltoso, franco argiloarenoso, silte) e osde cerrado (exceto os de textura grossa).

• Solo tipo III: solos de textura fina (francoargilo-siltoso, franco argiloso, argila arenosa,argila siltosa, argila, muito argiloso), exceto osde cerrado.

Há casos em que a estrutura do solo é tão oumais importante que a textura. Por exemplo, ossolos de cerrado, com altos teores de argila

apresentam, em geral, baixa capacidade dearmazenamento de água (média de 1,2 mm/cm)devido ao elevado grau de agregação daspartículas. Assim, os solos de cerrado de texturafina devem ser considerados, para efeito decálculos da irrigação no método de manejo oraapresentado, como do tipo II.

Passo 6: Determinar, pela Tabela 4, o turno derega conforme a ETc, profundidade efetiva dosistema radicular e textura do solo, para cadaestádio da cultura. Os valores médios de turno derega, para a região do Cerrado, são tambémapresentados na Tabela 2.

A uniformidade de emissão em nível de campo écalculada pela equação 2, medindo-se, porexemplo, a vazão de 10 gotejadores ao longo de6 linhas laterais dentro de um setor de irrigação.Os gotejadores, incluindo-se o primeiro e oúltimo de cada lateral, devem estar igualmenteespaçados ao longo das laterais. Devem-seavaliar os

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Passo 7: Determinar a eficiência de irrigação dosistema.

A eficiência de irrigação é dependente dauniformidade de emissão dos gotejadores, dasperdas devido à percolação profunda nãocontrolável e das perdas menores, controláveis,como escoamento superficial, vazamentos eperdas resultantes de irrigações inadequadas. Porserem previsíveis e controláveis, as perdasmenores devem ser evitadas, realizando-se amanutenção preventiva do sistema e manejando-se a irrigação de forma adequada.

Em sistemas de irrigação bem dimensionados écomum obter-se uniformidade de emissão entre0,85 e 0,90. Todavia, em vez de se utilizar o valorda uniformidade definida na elaboração do projetoe fornecido pela empresa revendedora,recomenda-se sua determinação diretamente nocampo, pelo menos no início da safra. Isto podeser realizado medindo-se a vazão dos gotejadoresem condições normais de operação do sistema.

gotejadores da primeira e ultima lateral ,estando as quatro outras igualmente espa -çadas.

_Ue = _q 25%

__ q1OO%

(equação 2)

em que:Ue = uniformidade de emissão (decimal);q25% = média das 25% menores vazõesmedidas;C1,oo% = média das vazões de todos osgotejadores.A uniformidade de emissão, determinada pelaequação 2, expressa a variabilidade de vazãodos gotejadores devido à qualidade do processode fabricação do gotejador (coeficiente devariação), a variações de pressão (coeficiente dedescarga do emissor) e a problemas deentupimentos.

Adicionalmente, a vazão média dos gotejadores,medida a cada safra, deve ser comparada com avazão média determinada imediatamente após ainstalação do sistema de irrigação. Vazõessignificativamente inferiores podem ser umindicativo de problemas de pressão ou deentupimento de gotejadores.

Perdas por percolação profunda não controlável,para irrigação de alta freqüência, podem ocorrermesmo em sistemas adequadamente manejados.A eficiência associada a estas perdas (Es) éfunção principal do tipo de solo. Para solos do tipoI, recomenda-se Es = 0,90; para solos do tipo II,Es = 0,95; e para solos do tipo III,Es = 1,00.

Sistemas devidamente dimensionados ecom manutenção adequada apresentameficiência (Ue x Es) entre 80% e 90%.Todavia, é comum se observar no camposistemas operando com eficiência entre 50% e75%, seja em razão do dimensionamentoinadequado, do uso de equipamentos de baixaqualidade ou da manutenção inadequada(principalmente entupimento).

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Passo 8: Determinar a lâmina total de água a seraplicada por irrigação em cada estádio dedesenvolvimento das plantas.

LTN = Etc x TR (equação 3)Ue X Es

em que:L TN = lâmina de água total necessária porirrigação (mm);TR = turno de rega (dia).

Passo 9: Calcular o volume total de água a seraplicado por irrigação:

Vt = 10 x L TN x Ai (equação 4)

Exemplo 1: Determinar a freqüência e o tempo deirrigação para a seguinte condição.

• Local: Brasília/DF;• Classe textura I do solo: argila

(cerrado) ;• Mês: julho;• Temperatura média do ar: 20°C;• Umidade relativa média do ar: 55%;• Estádio: frutificação (início);• Área irrigada por vez: 2 ha;• Espaçamento entre linhas de gotejado res: 1,2 m;

• Espaçamento entre gotejadores: 0,20 m; .Vazão do gotejador: 1,1 L/h.

Passo 1: Pela Tabela 3, para a temperatura de20°C e umidade relativa de 55%, obtém-se ETo =5,5 mm/dia.

Passo 2: Pela Tabela 2, para o estádio defrutificação, tem-se Kc = 0,95.

Passo 3: Pela equação 1, para Kc = 0,95 eETo = 5,5 mm/dia obtém-se:ETc = 0,95 x 5,5 mm/dia = 5,2 mm/dia

Passo 4: Pela Tabela 2, a profundidade efetiva noinício do estádio de frutificação é de Z = 30 cm.

Passo 5: O solo, de cerrado com classe texturalargila, deve ser enquadrado como do tipo II.

em que:Vt = volume total de água a ser aplicado porirrigação (m3);Ai = área irrigada por vez (ha).

Passo 10: Calcular o tempo de irrigação paraaplicação da lâmina de água total necessária:

Ti = 60 x L TN x SI x SgVg (equação 5)

em que:Ti = tempo de irrigação (min);SI = espaçamento entre laterais (m);Sg = espaçamento entre emissores (m); Vg = vazão do gotejador (Llh).

Passo 6: Pela Tabela 4, para ETc = 5,2 mm/dia,Z = 30 cm, solo tipo II e estádio de frutifica -ção, o turno de rega recomendado no mês dejulho é de TR = 1 dia.

Passo 7: Para o presente exemplo, consideraruma uniformidade de emissão de Ue = 0,85 (fitagotejadora). Para solo do tipo II , a eficiênciaassociada as perdas por percolação profunda nãocontrolável é de Es = 0,95.

Passo 8: Para ETc = 5,2 mm/dia, TR = 1 dia, Ue =0,85 e Es = 0,95, tem-se que a lâmina totalnecessária é de:

L TN -5,2 mm / dia x 1 dia = 6,4mm0,85 x 0,95

Passo 9: O volume total de água necessário porirrigação para aplicar uma lâmina de L TN= 6,4 mm em uma área de Ai = 2 ha é de:

Vt = 10 x 6,4 mm x 2ha = 128 m3

Passo 1 0: Para espaçamento entre as linhaslaterais de 1,2 m, espaçamento entre gotejado-res de 0,20 m e vazão de gotejador de 1,1 L/h,tem-se que o tempo de cada irrigação, após acompleta pressurização do sistema, é de:

Ti=60x 6,4mm x1,2mxO,2m =84min 1,1 L/h

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 15

Método do Tanque Classe A com Turno deRega FixoA precisão do método do "Turno de rega simpli-ficado" pode ser melhorada calculando-se a EToem tempo real, e não com base em dadosclimáticos históricos. Neste método, o turno derega é computado utilizando-se a Tabela 4, demaneira semelhante ao método anterior.

o método do tanque Classe A (Fig. 3) é um dosmais práticos e utilizados para se determinar a ETo em tempo real. Utilizando-se coeficientesempíricos, a ETo é estimada a partir da evapora-ção do tanque por meio da seguinte relação:

ETo = Kp x Eca (equação 6)

em que:Kp = coeficiente de tanque (adimensional);Eca = evaporação do tanque Classe A (mm/dia).

Os valores de Kp podem ser determinados a partirda Tabela 5, conforme a velocidade do vento,umidade" relativa do ar e tamanho da bordaduraao redor do tanque. Os passos necessários para omanejo da irrigação são sintetizados a seguir:

Fig. 3. Tanque de evaporação Classe A para estimativada evapotranspiração do tomateiro (solo nu).

Passo 1: Determinar, diariamente, aevapotranspiração de referência (ETo) pelométodo do tanque Classe A * .

Passos 2 a 7: Seguir os mesmos passos dométodo do "Turno de rega simplificado". Casoo manejo da irrigação seja realizado

* Podem-se utilizar outros métodos para estimar aETo em tempo real. No mercado existem estações

agro-meteorológicas automáticas de ETo.

Tabela 5. Coeficiente Kp para o tanque Classe A conforme a bordadura, umidade relativa do ar e velocidade dovento.

*R: posição do tanque - menor distância do tanque ao limite da bordadura (grama ou solo nu).F t Ad t d d All t I (1998)

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utilizando-se uma planilha eletrônica ouprograma de computador disponível no mercado,usar valores variáveis de Kc dentro de cadaestádio da cultura (Fig. 4).

Passo 8: Determinar a lâmina total de água a seraplicada por irrigação em cada estádio dedesenvolvimento das plantas.

n Σ Etc iLTN = i=1______ Eu x Es

(equação 7)

em que:L TN = lâmina de água total necessária porirrigação (mm);n = número de dias entre irrigações consecutivas(i > 1 dia).

Passos 9 e 10: Seguir os mesmos passos dométodo do "Turno de rega simplificado".

Adequação de TR e KcOs valores de Kc e TR fornecidos nas Tabelas 2e 4, respectivamente, podem não ser totalmenteadequados para condições específicas de cultivo.Por exemplo, valores de Kc podem variarligeiramente dependendo das condiçõesclimáticas, condições de cultivo, freqüência deirrigação e variedade

cultivada. Já os valores de TR apresentados naTabela 2 podem requerer ajustes em razão devariações na capacidade de retenção de águaentre solos apresentando a mesma textura.

Ajustes nos valores de TR e Kc podem serfeitos monitorando-se a tensão ou teor deágua no solo com o auxilio de tensiômetros (Fig. 5)ou outro tipo de sensor. Devem-se instalar duasestações de monitoramento em pontosrepresentativos da área. Em cada estação, instalarum sensor a 50% da profundidade efetiva dosistema radicular e outro ligeiramente abaixo dasraízes. Para solos de cerrado, sugerem-se asprofundidades de instalação de 10 e 30 cm até ainício da floração e a 20 e 50 cm após este estádio.Os sensores devem ser posicionados a umadistância entre 7 e 1 5 cm do colo da planta e dogotejador, sendo a maior distância para solos detextura fina.

A quantidade de água aplicada é consideradainsuficiente quando a tensão antes da irrigação,indicada pelos tensiômetros mais superficiais, forsistematicamente maior que a tensão crítica de águano solo recomendada para o tomateiro na Tabela 2.Neste caso,' deve-se fazer um ligeiro aumen

Fig. 4. Curva de coeficiente de cultura (Kc) para tomateiro para processamento irrigado por gotejamento superficial.

Tabela 6. Teores médios de nutrientes e solubilidade em água a 20°C dos principais fertilizantes utilizadospara fertirrigação.

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 17

No caso de a tensão indicada pelos tensiômetrossuperficiais ser muito maior que a tensãorecomendada (> 50%) e a tensão dos tensiô-metros profundos muito baixa (< 10 kPa), deve-sereduzir o intervalo entre irrigações. Talconstatação é um indicativo de que o solo nãotem capacidade de reter toda a água aplicada eque está ocorrendo perda de água (e denutrientes) por drenagem profunda.

Fertilizantes para Fertirrigação

Os nutrientes mais utilizados via fertirrigação sãoaqueles com maior mobilidade no solo como opotássio e, principalmente, o nitrogênio. Para otomateiro, a aplicação de fósforo e cálcio viairrigação, ainda que apresente risco potencial deentupimento de gotejadores, pode ser vantajosa.

A concentração de nutrientes e a solubilidade dos fertilizantes podem variar dependendo do fabricante.Fonte: Adaptado de Burt et aI. (1995) e Montag (2001).

to (entre 5% e 10%) no valor de Kc e, assim,aumentar a quantidade de água aplicada nasirrigações subseqüentes. Por outro lado, se atensão, indicada pelos tensiômetros maisprofundos, atingir valores inferiores a 20 kPa,deve-se reduzir o valor de Kc e, assim, diminuir airrigação. Tal procedimento permitirá que osvalores de Kc sejam ajustados para as condiçõesespecíficas de cultivo, as quais podem variar coma cultivar, as práticas de cultivo e o sistema deplantio.

Várias fontes de nutrientes podem ser utilizadaspara a fertirrigação (Tabela 6), considerando-seque a solubilidade, a conveniência de uso, aconcentração de nutrientes, a disponibilidade nomercado e o custo são os principais fatores aserem considerados na escolha. Dentre os fertili-zantes sólidos, existem aqueles usados na

18 Tomateiro para. Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento

fertilização convencional e os específicos parafertirrigação, com maiores níveis de pureza esolubilidade.

Muitos dos fertilizantes sólidos para adubaçãoconvencional, especialmente os granulados, sãomanufaturados utilizando-se substâncias paraevitar que absorvam umidade com facilidade, nãodevendo ser utilizados para fertirrigação. Alémdisso, o uso de fertilizantes não totalmentesolúveis não garante que a quantidade final denutriente aplicado seja igual à quantidade denutriente indicada no rótulo do fertilizante.

Existem no mercado formulações sólidas NPK +micras próprias para fertirrigação. A desvantagemé que, além de apresentarem custo mais elevadoque dos fertilizantes individuais, não satisfazem,muitas vezes, as necessidades nutricionais dacultura. O recomendado é que o produtor, com odevido conhecimento e/ou assistência, possapreparar as soluções com base nas reaisnecessidades da cultura.

Outra opção são os fertilizantes líquidos, quepodem conter somente um nutriente ou diferentesconcentrações de NPK + micros. Emborapráticos, devido à conveniência de manuseio,apresentam custo muito mais elevado que o dosfertilizantes sólidos.

Fertilizantes NitrogenadosOs fertilizantes nitrogenados apresentam, via deregra, alta solubilidade em água (Tabela 6). Osmais utilizados para fertirrigação são o nitrato depotássio, de cálcio e de amônio, o sulfato deamônio e a uréia. O nitrogênio, presente nessasfontes, pode estar disponível nas formas nítrica,amoniacalou amídica.

O nitrato de potássio é um excelente produtopara a fertirrigação, pois contém nitrogênio, naforma nítrica, e potássio. O nitrato de cálciocontém cálcio e nitrogênio, na forma nítrica,sendo útil para a

fertirrigação durante o estádio de frutificação,quando a demanda por cálcio é expressiva. Oproblema do nitrato de cálcio e, principalmente, donitrato de potássio é o alto custo.

O sulfato de amônio, que contém nitrogênioamoniacal, pode ser utilizado como fonte deenxofre na fertirrigação. Já a uréia, que contémnitrogênio na forma amídica, é o fertilizante commenor custo por unidade de nitrogênio, sendopor isso um dos mais utilizados.

Dentre as formas de nitrogênio, a nítrica é apreferencialmente utilizada pelas plantas, sendoabsorvida pelas raízes e translocada de imediatopara a parte aérea da planta. A amoniacal,preferida pelas plantas mais jovens, é translocadaapós supridas as exigências das raízes outransformada para a forma nítrica. A formaamídica não é utilizada diretamente pelas plantas,mas somente após ser transformada em amônio eposteriormente em nitrato. Assim, um balançoentre as formas nítrica e amoniacal (ou amídica) érecomendado para maximizar o desenvolvimentoda cultura, especialmente sob temperaturasabaixo de 15 De, em que a taxa de nitrificação éreduzida. Em termos gerais, a quantidade denitrogênio na forma amoniacal (ou amídica) deveser semelhante à da forma nítrica, ou seja, 50%para cada.

A uréia e, principalmente, o amônio apresentamalta capacidade de acidificação do solo, nãodevendo ser utilizados como fontes isoladas denitrogênio em solos com pH abaixo de 5,5. Paraesses solos, a fração de nitrogênio na formanítrica deve representar pelo menos 2/3 do totalaplicado. No caso do tomateiro cultivado em solosde cerrado com pH devidamente corrigido (5,5 a6,5) cujo cultivo não seja realizado por mais dedois a. três anos seguidos na mesma área, afração de nitrogênio na forma nítrica pode serreduzida a 1/3 sem que a produtividade sejaafetada.

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 19

A forma nítrica é a que apresenta maiorsusceptibilidade à lixiviação, por permanecertotalmente livre na solução do solo. Já onitrogênio amoniacal é retido pelas cargasnegativas das partículas de argila e matériaorgânica, estando pouco sujeito à lixiviação. Auréia apresenta alta mobilidade no solo; todavia,é transformada rapidamente nos primeiros 5 a 10cm do solo para a forma amoniacal. A lixiviaçãopoderá ser significativa após a nitrificação doamônio.

A vantagem da uréia em relação ao sulfato deamônio na fertirrigação por gotejamento é suamaior penetração no perfil do solo, o que minimizaa volatilização de nitrogênio (< 5%). Perdassignificativas de nitrogênio (>40%) podem ocorrer,especialmente em solo e água com pH acima de7, devido à transformação do amônio em amôniagasosa. Além de menos sujeita à volatilização(< 5%), a forma nítrica pode reduzir substan-cialmente a volatilização se aplicada juntamentecom nitrogênio na forma amoniacal.

Fertilizantes PotássicosAs principais fontes de potássio para fertirrigaçãosão o cloreto e o nitrato de potássio (Tabela 6). Onitrato de potássio é um produto excelente parafertirrigação, porém apresenta custo muito maiselevado que o cloreto de potássio. A potencialdesvantagem do cloreto de potássio é a presençado íon cloreto, que pode causar problemas detoxicidade às plantas de tomate quando aplicadoem excesso ano após ano (acima de 2,0 meq/L).Este limite, devido à fácil lixiviação do cloreto, éimprovável de ser atingido em regiões comprecipitação acima de 1.000 mm por ano.

Deve-se evitar, todavia, utilizar o cio reto depotássio de coloração rosa, normalmente usadoem adubação convencional. Este fertilizante,embora apresente boa solubilidade, fornece umasolução com certo grau de oleosidade e deresíduos que pode levar à obstrução de filtros egotejadores. O

cloreto indicado para fertirrigação apresentacoloração branca.

O sulfato de potássio é uma fonte de custoligeiramente menor que o nitrato de potássio.Apresenta, porém, menor solubilidade que onitrato e o cloreto de potássio. Não deve seraplicado em água rica em cálcio nem misturadocom fertilizantes contendo este elemento, poispode provocar precipitação e entupir osgotejadores.

O potássio, elemento menos móvel que onitrogênio, é adsorvido pelas cargas negativas daspartículas de argila e matéria orgânica. Pode, noentanto, ser parcialmente lixiviado quandoaplicado em excesso, especialmente em solosarenosos com baixo teor de matéria orgânica.

Fertilizantes FosfatadosAs fontes solúveis de fósforo para fertirrigação sãoo fosfato monoamônico (MAP), o fosfato di -amônico (DAP), o fosfato monopotássio (MKP) e oácido fosfórico. Esses fertilizantes são mais carosque os utilizados para aplicação convencional,como os fosfatos naturais, superfosfato simples etriplo.

O fósforo é um elemento pouco móvel no solo,com baixo potencial de lixiviação, especialmenteem solos de textura média e fina. Fertilizantesfosfatados, mesmos aqueles altamente solúveis,são rapidamente transformados em formas menossolúveis de fósforo, tendendo a acumular nacamada superficial do solo (5 a 15 cm), princi-palmente quando o pH do solo se situa fora dafaixa entre 6,0 e 6,5.

A fertirrigação com fósforo pode causarproblemas de entupimento de gotejadoresdecorrente da precipitação de sais insolúveis,principalmente quando injetado em água com pHacima de 7,5 e concentração de cálcio acima de60 mg/L. O risco pode ser minimizado reduzindo-se o pH da água durante a

Fertilizantes com Cálcio, Magnésio eEnxofreO suprimento de cálcio e magnésio às plantas é,normalmente, realizado por meio da calagem,com a aplicação de calcário dolomítico oucalcítico, ou por ocasião do plantio, usandofertilizantes contendo tais elementos.

O cálcio é absorvido em grandes quantidades pelotomateiro (70 a 140 kg/ha), sendo responsávelpelo bom desenvolvimento radicular efortalecimento da parede celular. A fertirrigaçãocom cálcio a partir do florescimento elimina aocorrência de podridão apical e a necessidade depulverizações foliares de cálcio. As fontes maiscomuns são o nitrato e o cloreto de cálcio, sendoo cio reto a fonte de mais baixo custo. A aplicaçãode cálcio, no entanto, pode acarretar problemasde entupimento de gotejadores, não devendo serrealizada no mesmo dia da aplicação de qualquerfonte de sulfato, nitrato ou fósforo.

Aplicações de magnésio via irrigação nãoimplicam, em geral, ganhos de produtividade,além do risco potencial de formar compostosinsolúveis e causar a obstrução de filtros egotejadores. Caso necessário, pode ser utilizado osulfato ou o nitrato de magnésio.

O enxofre apresenta alta mobilidade no solo,existindo várias fontes solúveis para fertirrigação,como o sulfato de amônio e o de potássio.Todavia, o fornecimento de

20 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento

aplicação de fósforo para valores entre 5,0 e6,0, por meio da injeção de ácidos.

Apesar do risco potencial de entupimento degotejadores, da reduzida mobilidade do fósforo nosolo e do maior custo das fontes de fósforosolúveis, a aplicação de fósforo via água deirrigação pode ser viável e proporcionarincrementos significativos de produtividade,principalmente em solos com teor de fósforoabaixo de 20 mg/L.

enxofre às plantas é realizado usualmente pormeio dos fertilizantes carreadores dosmacronutrientes primários, não sendo, via deregra, considerado no programa defertirrigação ou adubação convencional.

Fertilizantes com MicronutrientesOs sulfatos são as fontes solúveis de zinco,manganês, cobre e ferro de custos maisreduzidos para fertirrigação. Todavia, são poucoeficientes quando aplicados via irrigação, porserem retidos na camada superficial do solo.

As fontes mais eficientes de cobre, ferro e zincovia irrigação são as formas quelatizadas. Osquelatos movem-se no perfil do solo, juntamentecom a água, disponibilizando os micronutrientesàs raízes. O alto custo é a principal desvantagempara o uso das formas quelatizadas parafertirrigação.

O bórax e o ácido bórico são as fontes deboro mais comuns. O bórax apresenta baixasolubilidade a frio, o que Limita a utilização. Deum modo geral, a maneira mais prática eeconômica de fornecer micronutrientes àsplantas é via adubação de plantio ou foliar.

Compatibilidade de FertilizantesPara evitar problemas de precipitação e deentupimento de gotejadores, recomenda-seavaliar a compatibilidade dos fertilizantes entre sie com a água a ser utilizada. Um teste simplespode ser feito misturando o(s) fertilizante(s) aser(em) injetado(s) com a água de irrigação emum recipiente, na mesma taxa de diluição a serutilizada. Deve-se agitar a solução por algunsminutos e observar, por cerca de uma hora, aocorrência de precipitados e a turbidez dasolução. Se a solução permanecer clara etransparente, será provavelmente seguro injetaros fertilizantes testados no sistema de irrigação.

Algumas regras básicas de compatibilidade aserem observadas durante a mistura e a

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 21

injeção de fertilizantes incluem:

• Colocar inicialmente no tanque de misturaentre 50% a 70% da água requerida para amistura.

• Misturar os fertilizantes líquidos à águaantes de adicionar os fertilizantes sólidossolúveis.

• Adicionar fertilizantes sólidos lentamente naágua mantendo a solução agitada paraevitar formação de aglomerados quedificultem a solubilização.

• Adicionar os ácidos lentamente na água enunca água ao ácido.

• Não misturar fertilizantes contendo sulfatocom fertilizantes nem água contendoconcentrações de cálcio acima de 400 mg/Lou de magnésio acima de 240 mg/L. Oresultado será a formação de gessoinsolúvel que irá entupir filtros egotejadores.

• Não injetar fertilizantes fosfatados em águacom concentração de cálcio acima de 60mg/L, sob o risco de formar precipitados defosfato de cálcio.

• Não misturar fertilizantes fosfatados comprodutos contendo magnésio e ferro sob orisco de se formar fosfato de magnésio oude ferro, que são insolúveis.

• Usar somente ácido fosfórico com alto graude pureza para minimizar o risco deobstrução de gotejadores.

• Os ácidos e os fertilizantes acidificados sãocompatíveis com micronutrientes na formade sulfatos até de 1,5% (em peso), mas sãoincompatíveis com os quelatizados.

• Não injetar fertilizantes contendo cálcio emágua com mais de 300 mg/L de carbonatoácido (HCO3) e pH acima de 7,5, sob orisco de precipitar sais de cálcio.

• Evitar a injeção de fertilizantes contendocálcio, magnésio e enxofre, pois podemformar compostos insolúveis.

• Não injetar fertilizantes nitrogenados naforma nítrica em água contendo cálcio emagnésio, pois a elevação do pH da águapoderá precipitar esses elementos.

Manejo da FertirrigaçãoDosagem de NutrientesA dosagem total de nitrogênio é normalmentecalculada a partir da produtividade esperada dotomateiro, considerando que para cada toneladade fruto a ser produzida deve-se aplicar cerca de2,0 kg de nitrogênio. Por exemplo, se aprodutividade esperada é de 120 t/ha, a dosagemtotal de nitrogênio a ser aplicada será de 240kg/ha.

As dosagens de potássio e de fósforo devem serdeterminadas conforme a análise química do soloe a produtividade esperada de frutos. Na Tabela7 são apresentadas recomendações de adubaçãopara uma

Tabela 7. Sugestão de adubação de fósforo e potássio, para solos de cerrado, segundo o nível de disponibilidadedos nutrientes no solo, para uma produtividade esperada do tomateiro de 85 t/ha.

* Método de Mehlich.Obs.: mg/L = 1 ppm.Fonte: Adaptado de Fontes (2000).

22 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento

produtividade de 85 t /ha. Se a produtividadeesperada for acima de 85 t /ha, deve-se aplicaruma quantidade adicional de potássio e fósforopara suprir a maior extração de nutrientes pelasplantas. Sugere-se aplicar 4,0 kg de K20 e 1,0 kgde P 205 para cada tonelada de fruto produzidoacima das 85 t /ha.

Para cálcio deve-se aplicar, além da quantidadenecessária para que a saturação de bases dosolo (V %) atinja 70%, uma dosagem entre 40 e70 kg/ha de Ca via fertirrigação a partir doflorescimento.

Parcelamento dos NutrientesPor razões econômicas, nem todos os nutri-entes necessitam ser aplicados via fertirrigaçãono cultivo do tomateiro. Sugere-se aplicar naadubação de plantio: 15% do nitrogênio e dopotássio total requerido; 50% a 100% do fósforo;saturar o complexo de troca do solo para 70%;100% dos demais macro e micronutrientes.

Recomendações para o parcelamento denutrientes via fertirrigação, ao longo do ciclo dedesenvolvimento do tomateiro, são apresentadasna Tabela 8. As quantidades são indicadas deforma relativa, sendo que a quantidade a seraplicada por fertirrigação é determinada a partir dadosagem total recomendada de cada nutriente.

Freqüência da FertirrigaçãoA freqüência da fertirrigação depende, dentreoutros fatores, do tipo de fertilizante e do solo.Fertilizantes com maior potencial de lixiviação,como os nitrogenados, devem ser aplicados maisfreqüentemente que aqueles com menorpotencial, como os potássicos. Todavia, para nãoaumentar o uso de mão-de-obra, e em razão deas principais fontes de nitrogênio e potássiopoderem ser misturadas e aplicadassimultaneamente, geralmente se adota a mesmafreqüência. Para gotejamento em solos de texturamédia e fina, a fertirrigação pode ser realizada'semanal

1 % de nutriente a ser aplicada em cada fase da cultura em relação à quantidade total recomendada. 2 Aplicartodo o fósforo em pré-plantio caso a análise de solo indicar P > 20 mg/dm3.3 % em relação ao total a ser aplicada via fertirrigação.4 Aplicar a quantidade necessária para que a saturação de bases atinja 70%.Fonte: Adaptádo de Marouelli et aI. (2001).

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 23

mente. Em solos de textura grossa, duas vezespor semana. A freqüência da fertirrigação parafósforo e cálcio pode ser sema

Exemplo 2: Calcular a quantidade denutrientes a ser aplicada por fertirrigação aolongo do ciclo cultural do tomateiro para aseguinte situação:

• Ciclo da cultura: 115 dias

• Produtividade esperada: 125 t/ha

• Solo: classe textural argilosa (cerrado)

• Freqüência de irrigação: 1 a 3 dias

• Freqüência de fertirrigação: 1 vez porsemana

• Análise de solo: 85 mg/dm3 de K;18 mg/dm3 de P

• Dosagem de cálcio via fertirrigação:50 kg/ha

nal, mas nunca no mesmo dia para nãoprovocar problemas de precipitação natubulação.

A dosagem de nitrogênio, computada conforme aprevisão de produtividade, é de 250 kg/ha (2,0kg/t x 125 t/ha). Pela Tabela 7, para um solo com85 mg/dm3 de potássio e 18 mg/dm3 de fósforo,obtémse que a dosagem é de 150 kg/ha de K20e 500 kg/ha de P205. A dosagem total de K20será de 310 kg/ha[150 kg/ha + 4,0 kg/t x (125 t/ha - 85 t/ha)) e a deP 205 de 540 kg/ha[500 kg/ha + 1,0 kg/~ x (125 t/ha - 85 t/ha)).

A quantidade de nutriente a ser aplicadapor semana (Tabela 9) é calculada multiplicando-se a dosagem total recomendada do nutrientepela quantidade relativa indicada na Tabela 8 emcada fase, para um cultivo com ciclo de 115 dias.

Tabela 9. Quantidade de nitrogênio, potássio, fósforo e cálcio, em kg/ha/semana, a ser aplicada via fertirrigação,ao longo do ciclo de desenvolvimento do tomateiro, referente à solução do exemplo 2.

Preparo e Aplicação da SoluçãoPara evitar que fertilizantes sólidos causemproblemas de obstrução de filtros e gotejadores,os fertilizantes devem ser previamente dissolvidosem um tanque secundário, obedecendo àslimitações de compatibilidade entre osfertilizantes. Nesse tanque, a solução deve serdeixada em repouso por 24 horas para queresíduos não solúveis sedimentem no fundo dotanque. Somente a solução clara, transparente elivre de resíduos deve ser transferida para otanque de solução.

O procedimento de aplicação de fertilizantes viaágua de irrigação envolve três fases; na primeirae na terceira, deve-se somente irrigar, e nasegunda fertirrigar. A primeira permite equilibrar apressão do sistema de irrigação, de modo agarantir maior uniformidade de distribuição dosfertilizantes. A segunda fase, em que o fertilizanteé efetivamente aplicado, não deve ser inferior a10 minutos. A terceira fase deve ser suficientepara lavar completamente o sistema de irrigação,para minimizar problemas de corrosão,entupimento de gotejadores, desenvolvimen

24 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento

to de microorganismos no sistema e paramelhorar a incorporação do fertilizante nazona radicular.

Estado Nutricional das Plantas

o processo de fertirrigação pressupõe quanti-dades e freqüências de aplicação de nutrientesadequadas visando maximizar a produtividade. Noentanto, muitas vezes depara-se com sintomas dedeficiências ou de toxicidade nas plantas. Alémdisso, o manejo impreciso da fertirrigação podecausar problemas de salinização, de acidificaçãodo solo e de contaminação do lençol freático.

A disponibilidade e as interações entre os diversosmacro e micronutrientes, além da produtividade,podem influenciar no ciclo da cultura e naqualidade dos frutos. A manutenção de nívelelevado de nitrogênio nas folhas após afrutificação tende a prejudicar a viabilidade depólen e retardar a maturação. Alta disponibilidadede potássio no solo está relacionada com maiorsíntese de açúcares nos frutos, maior firmeza emelhor coloração de fruto, enquanto que excessode nitrogênio causa redução nos teores desses carboi-dratos e afeta a qualidade geral do fruto. Jáofósforo ajuda o bom desenvolvimento dasraízes, das ramas e das folhas.

A podridão apical e o coração preto são distúrbiosfisiológicos causados pela deficiência de cálcio,resultante da baixa disponibilidade desseelemento no solo ou por condições que limitem atranslocação de cálcio para o fruto, como é o casoda deficiência de água no solo. A incidência des-ses distúrbios aumenta significativamente quandoos teores de cálcio no fruto caem abaixo de 0,8g/kg (massa fresca), raramente ocorrendo comteores acima de 1,2 g/kg.

A cultura do tomateiro, como a grande maioriadas hortaliças, tem ciclo relativamente curto, oque não permite larga margem para arecuperação de danos causados

por práticas inadequadas de fertilização. Mesmoassim, é possível detectar problemas a tempo deevitar maiores prejuízos ao rendimento dacultura.

Antes, porém, de serem tomadas quaisquerprovidências no sentido de diagnosticar aocorrência de deficiência ou toxicidade denutrientes às plantas, é necessário eliminar-se apossibilidade de outros fatores estarem causandodeterminados sintomas, tais como: excesso oufalta de água; toxicidade de herbicidas;temperaturas anormais; danos mecânicos; eataque de pragas e/ou doenças.

Métodos de AvaliaçãoExistem diversos procedimentos que podemser empregados para avaliação, direta ouindiretamente, do estado nutricional dasplantas. Os métodos indiretos estimam aconcentração de determinado nutriente na plantapor meio da aparência visual da planta ou dealguma característica que seja correlacionada comas concentrações do nutriente na planta. Comoexemplo, podese citar o teor de clorofila nas folhascomo função da concentração de nitrogênio. Osmétodos diretos são aqueles em que aconcentração de certo nutriente é estimada pormeio da análise química da matéria seca ou daseiva da planta.

Qualquer que seja o método utilizado, ainterpretação dos resultados e o diagnóstico serãomais confiáveis se feitos com auxílio de umaanálise visual dos sintomas, eliminando-se ospossíveis efeitos de fatores varietais, ambientais,pragas ou doenças.

Método visualConsiste na observação, caracterização edescrição de sintomas de deficiência ou toxicidadeem determinada planta e compará-Ios comsintomas padronizados de cada nutriente, para amesma espécie ou variedade de planta. Paramaior precisão do diag -

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 25

nóstico, deve-se levar em consideração aspectoscomo: distribuição dos sintomas na área; estadofisiológico da planta; posicionamento dossintomas na planta; localização dos sintomas nasfolhas; e simetria do aparecimento de sintomas dedeficiência mineral na planta. Os sintomas dedeficiência de elementos muito móveis nasplantas, como o nitrogênio, fósforo, potássio emagnésio, por exemplo, aparecem primeiro nasfolhas mais velhas.

O método visual, por ser realizado no campo,sem o uso de equipamentos, é muito rápido.Existem, entretanto, desvantagens oudificuldades associadas à utilização do mesmo.As principais estão relacionadas às interaçõesantagônicas por um lado e sinergísticas por outro,entre os elementos no solo e na planta, além deinterferências e interações de diversos fatoresambientais e genotípicos. Tudo isso faz com queseja perdida a especificidade dos sintomas,dificultando o diagnóstico.

Os sintomas de deficiência mais encontrados nasfolhas, seja em todo o limbo foliar seja entre asnervuras, são a clorose, que é umamarelecimento das folhas, as deforma

ções e a necrose foliar. A clorose uniforme temsido considerada como o sintoma mais evidenteda deficiência de nitrogênio. Na Tabela 10 e naFig. 6 apresentam-se as características dosprincipais sintomas visíveis de deficiência demacronutrientes em plantas de tomateiro.

Outros métodos indiretosExistem vários outros métodos indiretos para aavaliação de distúrbios nutricionais em plantas,que incluem, por exemplo, a medição daatividade enzimática em determinado tecido, doteor de clorofila nas folhas, da reflectância decertos comprimentos de ondas pelas folhas e aavaliação de características morfológicas efisiológicas das plantas. Geralmenterequerem equipamentos sofisticados e carose/ou procedimentos trabalhosos.

Método da análise química ou foliarO método da análise foliar é um procedimentolaboratorial para a determinação dasconcentrações de macro e micronutrientesexistentes na planta. Desta forma, há anecessidade de coletar

Tabela 10. Sintomas visíveis de deficiências de macronutrientes em tomateiro.

Fonte: Fontes (20001 e Fontes (2001 I.

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 27

amostras de material para análise em laboratório.A estratégia de amostragem inclui cuidados eprocedimentos específicos para cada cultura. Asamostras devem ser coletadas em pelo menos 30plantas por hectare, de forma aleatória, sempreretirando-se a quarta folha (e respectivo pecíolo),a partir do ápice da planta. Os resultados daanálise devem ser comparados a padrõesexistentes de níveis de nutrientes na folha detomateiro (Tabela 11).

Um fator limitante do método é o tempo (1 a 2semanas) que leva entre a amostragem e aobtenção dos resultados de laboratório.Dependendo do grau de deficiência, prejuízos aodesempenho da cultura podem ocorrer antesmesmo dos resultados da análise serem obtidos.

Método da análise da seivaA análise de nutrientes na seiva, geralmente dopecíolo ou da folha, tem sido empregada emalgumas culturas pela rapidez e facilidade,podendo ser realizada no próprio campo.

Pode ser uma valiosa ferramenta para monitorar oprograma de fertirrigação e para diagnosticarsuspeitas de deficiência de nutrientes em temporeal. Níveis adequados de nitrato e potássio naseiva de pecíolos de tomateiro são apresentadosna Tabela 12.

A análise, geralmente de nitrogênio (nitrato) epotássio, é feita com a utilização de kits dereagentes comercializados em várias formas,principalmente fitas de papel que, quando emcontato com a seiva, apresentam uma coloraçãode determinada intensidade, a qual é comparadacom padrões preestabelecidos. Também estãodisponíveis no mercado microeletrodos portáteis,baseados em princípios potenciométricos.

A precisão das avaliações utilizando taisdispositivos tem sido questionada devido a umasérie de fatores. O principal está relacionado àfalta de calibração específica para determinadascondições, pois os teores de nutrientes na plantasão muito influencia dos por fatores ambientais,como hora do dia e intervalo entre a últimairrigação e o momento da avaliação.

Disponibilidade de Nutrientes naSolução do Solo

28 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento

Adicionalmente aos procedimentos relatadosanteriormente para avaliação do estado nutricionaldas plantas, pode ser interessante, quandopossível, fazer-se o monitoramento dadisponibilidade de nutrientes na solução do solo,principalmente durante os estádios mais críticosda cultura, como no de frutificação. Além dosnutrientes da solução do solo, podem serverificados também a condutividade elétrica (CE)e o pH, que expressam, respectivamente, o nívelde salinidade e acidez do solo.

Amostragem da SoluçãoAs amostras da solução do solo são coletadas,preferencialmente uma vez por semana, por meiode tubos extratores instalados na zona dedesenvolvimento ativo do sistema radicular.Semelhante a um tensiômetro, o tubo dispõe deuma cápsula porosa em uma das extremidades euma tampa hermética na outra.

A coleta é realizada com auxílio de uma bombade vácuo para fazer a sucção da solução do solopara o tubo via cápsula porosa. A amostra dasolução é, então, retirada com uma seringa eposteriormente levada para análise. Em algunstipos de extratores, a solução é automaticamentedepositada em um pequeno recipiente acopladoao tubo coletor.

A instalação do tubo coletor deve ser cuidadosapara evitar a retirada de amostras em

regiões não típicas do sistema radicular e nãoacarretar resultados errôneos. Em termos gerais,sugere-se que o extrato r seja instalado entre 10 e20 cm de profundidade, a cerca de 5 e 10 cm do'gotejador e da planta.

Tipos de AnáliseA solução do solo pode ser analisada emlaboratórios de análise química de solo/ água.Entretanto, dada a necessidade de ter-serespostas rápidas para que sejam tomadasprovidências corretivas imediatas, é convenienteque as análises sejam realizadas no próprio localde cultivo.

Devido à sua importância como nutriente e à suadinâmica no sistema solo-planta, o procedimentode análise da solução tem sido mais empregadopara nitrogênio. Em geral, os kits de testes rápidossão limitados a determinações de N03, pH e CE, oque na maioria das vezes é suficiente pararesolver os problemas mais aflitivos. Todavia,equipamentos para determinações de P, K, Ca,Mg, S04 e CI também estão disponíveis.

Interpretação dos ResultadosInformações generalizadas para a interpretaçãoda análise da solução do' solo são apresentadasna Tabela 13. Com base nas faixas de suficiência,a taxa de injeção de fertilizantes pode ser ajustadapara corrigir o suprimento dos nutrientes. Convémsalientar que devido às características típicas dafertirrigação por gotejamento, já discutidas

Fonte: Adaptado de Burt et aI. (1995) e Allen et aI. (1998).

Pode ocorrer dificuldade na obtenção daamostra quando o solo apresentar teoresbaixos a moderados de água no solo. Assim,para facilitar o procedimento, a amostragemdeve ser realizada logo após a irrigação. Nocaso da irrigação por gotejamento, as dificuldadessão menores, pois a umidade do solo émantidarelativamente elevada durante quase todo otempo.

Tabela 13. Sugestão para interpretação de nutrientes,condutividade elétrica (CE) e acidez na solução dosolo.

Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 29

neste trabalho, a interpretação dos níveis denutrientes na solução do solo será diferentequando o processo de fertilização for outro.

o nível de suficiência de determinado nutrientedepende, além da cultura, do tipo de solo e dapercentagem do volume de solo umedecido pelosistema de irrigação. Além disso, devido àsmuitas possibilidades de erros que podem ocorrerno processo de amostragem, principalmente, aanálise química da solução do solo não deve serutilizada como única fonte para tomada dedecisões, mas apenas para indicar tendências.

É conveniente observar ainda que nem semprevariações de determinado nutriente, como porexemplo a redução de nitrato, significa que estefoi absorvido pela plantas durante o período emconsideração. Neste caso, pode ter havido perdapor lixiviação, causada por irrigações excessivas,chuvas ou por problemas de uniformidade dedistribuição da irrigação.

Síntese das Recomendações

• gotejamento é uma opção viável para airrigação do tomateiro para processamentoindustrial na região do Cerrado. A viabilidadeeconômica, todavia, está condicionada a ummanejo racional da água de irrigação e dafertirrigação.

• As principais vantagens do gotejamento,comparativamente à aspersão, são: maiorprodutividade e qualidade de frutos; menorgasto de água; menor incidência dedoenças foliares; maior flexibilidade no usoda fertirrigação; maior receita líquida.

• sistema de plantio deve ser realizadopreferencialmente em fileiras simples, comuma lateral de gotejadores por linha deplantio. O espaçamento entre gotejadoresdeve ser de 50% a 70% do diâme -

tro molhado na superfície do solo (20 a 40cm para solos de cerrado).

• As linhas de gotejadores devem serinstaladas na superfície do solo ou paraminimizar os danos mecânicos e oscausados por roedores à tubulação e facilitaras práticas culturais e a colheita - entre 5 e10 cm de profundidade. Profundidadessuperiores a 10 cm apresentam limitações,não devendo ser utilizadas em solos decerrado.

• principal problema do gotejamento é oentupimento dos emissores. Para evitá-Io,deve-se instalar um sistema eficiente defiltragem de água, analisar a qualidade daágua e verificar a compatibilidade dosfertilizantes a serem aplicados viafertirrigação.

• estádio de frutificação é o mais crítico quantoà deficiência de água no solo; contudo, oexcesso favorece a ocorrência de doenças eo apodrecimento de frutos.

• controle preciso da irrigação pode serrealizado pelos métodos do balanço hídrico eda tensão da água do solo, os quaisbaseiam-se na avaliação, em tempo real, deparâmetros relacionados à planta, ao solo eao clima. Requerem, todavia, equipamentospara medição da umidade do solo e/ou daevapotranspiração.

• As irrigações devem ser realizadas quando atensão de água no solo, a 50% daprofundidade efetiva de raízes, atingir 70 kPadurante o estádio vegetativo, 15 kPa duranteo estádio de frutificação e 40 kPa durante amaturação.

• coeficiente de cultivo Kc para tomateiroirrigado por gotejamento é 0,45 para oestádio inicial, 0,40 para o vegetativo, 0,95para o de frutificação e 0,70 para o dematuração.

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• método do turno de rega simplificado,baseado em dados históricos deevapotranspiração, é fácil de ser utilizado enão requer o uso de equipamentos; porém,apresenta menor precisão que os métodosdo balanço hídrico e da tensão.

• Em termos gerais, o turno de rega para solosde textura média e fina de cerrado varia de 1a 2 dias durante os estádios inicial e defrutificação, de 4 a 6 dias durante ovegetativo e de 2 a 4 dias durante o dematuração.

• Para uniformizar a maturação e aumentar oteor de sólidos solúveis dos frutos, asirrigações devem ser paralisadas vários diasantes da colheita. Para solos de cerrado,maior rendimento de polpa é obtido quandoas irrigações são suspensas cerca de 2semanas antes da colheita (40% a 50% defrutos maduros). Máxima produção de frutospode ser atingida irrigando-se até cerca de1 semana antes da colheita (80% a 90% defrutos maduros).

• Por razões econômicas e práticas, afertirrigação pode ser realizada comfreqüência semanal. Também não sefaz necessário o fornecimento de todosos fertilizantes via água. Sugere-seaplicar na adubação. de plantio: 15% donitrogênio e do potássio; 50% a

100% do fósforo; saturar o complexo de trocado solo para 70%; 100% dos demais macro emicronutrientes.

• tomateiro tem ciclo relativamente curto e altaexigência nutricional, o que não permite largamargem para a recuperação de danoscausados por práticas inadequadas defertilização. Assim, a adubação de plantio e afertirrigação devem ser realizadas de formaadequada, visando minimizar prejuízos aorendimento da cultura.

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CircularTécnica, 30

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