jornal da acil

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É SHOW! Ano 3 - Número 34 - Distribuição gratuita - MAIO 2005 Uma campanha que dure um ano, atinja empresas que jamais participaram de promoções desse porte e que distribua mais de R$ 500 mil em prêmios para consumidores, vendedores e até para empresários. Essa é a fórmula da Londrishow, campanha que a ACIL e a Prefeitura de Londrina colocaráo no ar no início de julho e que vem encantando o empresariado. A Londrishow terá também uma atuação muito importante: trabalhar pelo resgate da auto- estima do londrinense. Páginas 4 a 7 A saúde do café O ciclo áureo da cafeicultura no Paraná está encerrado desde 1975, mas nem por isso o café pode ser considerado liquidado como atividade econômica no Brasil. Pelo contrário, a cafeicultura brasileira vem ganhando um novo perfil, baseado na qualidade da bebida, e conquistando novos nichos de mercado. Evento realizado em Londrina mostrou um painel do café no Paraná, no Brasil e no mundo. Páginas 16 a 19 Londrina Convention é referência nacional Página 28 Av.Maringá consolida perfil comercial Páginas 14 e 15 É SHOW! Josoé de Carvalho Josoé de Carvalho A cidade dos condomínios Empreendimentos se multiplicam, ganham novas fatias do mercado e mudam o perfil de regiões como a Zona Sul Páginas 8 a 12 CD oferece “mapa” de oportunidades Páginas 22 a 23 Londrishow vai movimentar a economia da Cidade durante um ano e também trabalhar a auto-estima do londrinense

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Jornal da Acil, edição de maio de 2005

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Page 1: Jornal da Acil

É SHOW!Ano 3 - Número 34 - Distribuição gratuita - MAIO 2005

Uma campanha que dure um ano, atinjaempresas que jamais participaram de promoçõesdesse porte e que distribua mais de R$ 500 milem prêmios para consumidores, vendedores eaté para empresários. Essa é a fórmula daLondrishow, campanha que a ACIL e a Prefeiturade Londrina colocaráo no ar no início de julho eque vem encantando o empresariado. ALondrishow terá também uma atuação muitoimportante: trabalhar pelo resgate da auto-estima do londrinense.

Páginas 4 a 7

A saúde do caféO ciclo áureo da cafeicultura no Paraná está encerrado desde

1975, mas nem por isso o café pode ser considerado liquidadocomo atividade econômica no Brasil. Pelo contrário, a cafeiculturabrasileira vem ganhando um novo perfil, baseado na qualidadeda bebida, e conquistando novos nichos de mercado. Eventorealizado em Londrina mostrou um painel do café no Paraná, noBrasil e no mundo.

Páginas 16 a 19

LondrinaConventioné referência

nacionalPágina 28

Av.Maringáconsolida

perfilcomercial

Páginas 14 e 15

É SHOW!

Joso

é de

Car

valh

o

Joso

é de

Car

valh

oA cidade doscondomínios

Empreendimentos se multiplicam, ganham novas fatiasdo mercado e mudam o perfil de regiões como a Zona

Sul

Páginas 8 a 12

CD oferece “mapa”de oportunidades

Páginas 22 a 23

Londrishow vai movimentar a economia da Cidade duranteum ano e também trabalhar a auto-estima do londrinense

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EDITORIAL

JORNAL DA ACIL/Maio 20052

Out Dor = Comércio De Confecções Ltda - Me ................................................ Out Dor ConfecçõesRm Correia & Cia Ltda ............................................................................... Correia Informatica LtdaVest Mania Ind. E Com. De Confecções Ltda .............................................................Quirk FashionGlaucia Fernandes E Cia Ltda ..................................................................... Nudy’ Anne ConfecçõesM.C. Sastre Da Silveira .......................................................................................... Auriola BijuteriasExxcel Rastreamento De Veiculos Ltda ................................Exxcel Rastreamento De Veicuos LtdaGomes Lima & Aires Ltda ........................................................................................ Ótica BenjaminComl. De Revistas E Papéis Ciranda Ltda ............................................................. Papelaria CirandaRevilon Revisora De Maq. Londrina Ltda ............................................................................. RevilonFranco Representações De Artigos Ópticos Ltda ................................................. Ótica BandeirantesEmerson Leivinha Pozzebon .............................................................................................................. Lord Master Ferragens Ltda ........................................................................... Lord Master Ferragens

A S S O C I A D O Sn o v o s

FUNDADA EM 5 DE JUNHO DE 1937

O “Jornal da ACILé uma publicação da Associação Comercial e Indus-trial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências para o“Jornal da ACIL”, incluindo reclamações e sugestões de reportagens,devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail

[email protected]ção e ediçãoRoberto Francisco

FotografiaJosoé de Carvalho

RevisãoPedro WagnerColaboradoresFábio CavazottiFernanda BressanFernanda MazziniKátia Baggio

Márcio LeijotoVitor OgawaDiagramação etratamento de imagensAlessandro CamargoImpressãoJornal de Londrina

RUA MINAS GERAIS, 297, 1º ANDAR,ED. PALÁCIO DO COMÉRCIO.LONDRINA – PR CEP 86010-905TELEFONE (43) 3374-3000FAX (43) 3374-3060E-MAIL [email protected].

PresidenteJosé Augusto Rapcham

Vice-PresidenteRubens Benedito Augusto

Diretor-SecretárioMilton Kazunobo Tamagi

Segunda Diretora-SecretáriaJuliana de Souza

Diretor TesoureiroFrancisco Ontivero

Segundo Diretor TesoureiroFrancisco Henrique Francovig

Diretor ComercialJosé Roberto Alves

Segunda Diretora ComercialSilvana Martins Cavicchioli

Diretor IndustrialNivaldo Benvenho

Segundo Diretor IndustrialHerson Rodrigues Figueiredo Junior

Diretor de ServiçosBruno Veronesi

Segundo Diretor de ServiçosFernando Lopes Kireeff

Presidente do Conselhoda Mulher EmpresáriaHelenida Taufik Tauilda Costa Branco

CONSELHO DELIBERATIVOGeorge Hiraiwa, EduardoYoshimura Agita, Nestor DiasCorreia, Brasílio ArmandoFonseca, Leonardo MakotoYoshii, Cristiane Yuri Toma

SUPLENTES - MarceloMassayuki Cassa, NasserHassan El Kadri, José MarioTarozzo

Dividindo para formar o boloA ACIL está apostando na inversão do conceito de

que se deve formar o bolo para depois dividi-lo e lançaa maior campanha de sua história e da própria históriade Londrina. Fiquem atentos, pois está entrando no ara LONDRISHOW, uma campanha de elevação da auto-estima, de valorização da Cidade, de melhoria nosrelacionamentos, de premiações e, principalmente,para alavancar vendas de todos os setores de nossomunicípio.

Esta campanha de formato inédito em Londrina foiminuciosamente estudada e colocada emquestionamento para um grande número de empresá-rios. A aprovação de mais de 98% das pessoas,demonstrando ser uma campanha motivadora, alta-mente contagiante e com estrutura que permite aparticipação de todos os segmentos empresariais daCidade e para todos os tamanhos de negócios.

Nos preocupamos em montar uma estrutura quepossibilitasse contemplar todos os segmentos, e nãosomente os tradicionalmente atingidos de confecções,calçados, móveis e eletrodomésticos. Este novo modelopossibilita e convida à participação qualquer segmentocomercial e empresarial, desde restaurantes e hotéisaté videolocadoras e auto-peças, passando por todasas regiões da Cidade.

Os moldes desta campanha passam por grandesatrativos para o cliente, para o comerciário e para ocomerciante, todos podendo ser contemplados e pre-miados com o dinheiro da ACIL.

É uma campanha de um ano de duração. Contará

com sorteios semanais e com patrocinadores diversos.Já conta com o apoio da Prefeitura de Londrina comoparceira e organizadora e do Sicoob como patrocina-dor, devendo ter outras adesões.

Pretendemos com esta campanha iniciar uma novafase nas relações comerciais na Cidade e fazer com quetudo aquilo que tanto encanta os visitantes e aquelesque aqui chegam para ficar, que sejam elementosconstantes em nosso dia-a-dia. Não pretendemosesconder o que está errado ou o que não anda bem, massim procurar ajudar nas soluções destes problemas,sem ficarmos debruçados sobre eles lamentando ecriticando.

A ACIL está chamando para si as articulações nosentido de ser não só a promotora do desenvolvimentoda cidade e das relações comerciais, mas também sera promotora de uma nova fase de melhores relaciona-mentos e de melhoria consistente na qualidade de vidaatravés de ações que auxiliem a quem, por dever, tenhaque fazer a Cidade melhor.

Estamos com ações concentradas em diversos focosde problemas para auxiliar e orientar nas soluções. AACIL não é executora, nem tão somente crítica, masautêntica representante da sociedade, para assimestarmos agindo como parceiros na busca de soluçõespara nossos problemas.

Paralelamente, o LONDRISHOW irá alavancarcertamente melhores dias para a cidade de Londrina.

Venha, participe, somente assim todos ganhare-mos. Afinal NOSSA CIDADE É SHOW!

José Augusto Rapcham

ERRATA - Na reportagem “Crack alimenta violência em Londrina”, publicada na edição anterior do Jornalda ACIL, saiu erroneamente a profissão de Selma Frossard Costa, assistente técnica voluntária doMinistério Evangélico Pró-Vida (Meprovi), comunidade terapêutica para usuários de drogas ilícitas eálcool. Ela é assistente social e não psicóloga.

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 3

Márcio LeijotoEspecial para o Jornal da ACIL

Qual a melhor forma de tirar ocorpo fora de um problema no qualvocê deveria trazer as soluções?Jogando a responsabilidade para osoutros. E, segundo o secretário desegurança do Paraná, Luiz FernandoDelazari, durante reunião no últimodia 13, com a diretoria da AssociaçãoComercial e Industrial de Londrina(ACIL), a polícia “não resolve e nemtem como resolver” os problemas de“miséria, fome, desemprego” e tudo omais que gera a violência, a insegu-rança, a criminalidade numa socie-dade - situações sobre as quais apasta de Delazari tem responsabili-dades.

Durante o encontro com o presi-dente da ACIL, José AugustoRapcham, diretores da entidade, adeputada estadual Elza Correia erepresentantes das Polícias Civil eMilitar, Delazari não falou sobre ocombate ao crime organizado, sobreo fato de Londrina estar há temposna rota do tráfico de drogas, nãoapresentou dados sobre o índice decriminalidade da Cidade, nemmostrou informações que colocas-sem a real situação da atuação dasduas polícias que respondem a ele -a Militar e a Civil.

Delazari foi à reunião ouvir asreclamações que a entidade temrecebido muito freqüentemente dosempresários e comerciantes locais –aumento dos furtos, roubos, violên-cia e a falta de uma presença eficazda polícia. Rapcham aproveitou paracobrar uma atenção maior do governoà Cidade. “O aumento constatado daviolência está levando a uma insegu-rança muito grande. Os comercian-tes, os funcionários, a populaçãoestão sendo postos em perigo no dia-a-dia”, disse o presidente da ACIL àimprensa.

Porém, o secretário foi ao encon-tro, ocorrido na sede da ACIL, munidoapenas de informações sobre umasuposta redução no número dehomicídios em Londrina e dasaquisições materiais das Polícias Civile Militar. O resto foi o discurso políticode sempre. “Não existe o paraíso emnenhum lugar. Nem aqui, nem emoutra cidade do Brasil, nem nomundo. E não vai existir. Não vamosmais dormir de janela aberta, nemnunca poderemos mais deixar a chavena ignição do carro”, comentou.

Os únicos números apresenta-dos foram o de homicídios nos 133

QUALIDADE DE VIDA

Segurança, discurso e realidadeSecretário de Segurança do Paraná se reúne com diretores da

ACIL e afirma que ninguém mais poderá dormir de janela abertafazendo o máximo esforço paracontinuar investindo aindamais”.

Falou sobre a Patrulha Esco-lar, sobre o Projeto Povo, masnão disse nada sobre as prisõesrecentes de policiais envolvidosem crimes na Cidade e região.Preferiu afirmar: “Fizemos asmaiores aquisições da história”.Segundo o secretário, em 2003,o Estado investiu R$ 25 milhõesem segurança pública. Ano pas-sado, o valor aumentou para R$45 milhões, que proporcionarama contratação de policiais e com-pra de viaturas, entre outrasmelhorias. Para 2005, a previ-são do orçamento é de R$ 75milhões.

Ressalvas foram feitas: “Nãoposso aumentar a fatia do bolose não tiver como aumentar obolo. Mas este governo tem umprojeto para a segurança”, disse.Mas garantiu que há um projetode segurança pública.

Mesmo ressaltando que oobjetivo da reunião não era afron-tar o secretário, o presidente daACIL cobrou com determinaçãomaior eficácia do poder público edas polícias. Passou ao secretárioa reclamação que tem ouvido

primeiros dias dos três últimosanos, pois interessavam à suadefesa, já que o índice diminuía acada ano (2003 - 92; 2004 - 62; e2005 - 57). Entretanto, ele não seaprofundou nestes dados, casocontrário, se verificaria que, apesarda redução constatada, aumentouo número de execuções de adoles-centes e que as mortes ficarammais violentas, e na maior parteestão relacionadas ao tráfico dedrogas, que mal foi citado naconversa.

O secretário não se esqueceude garantir que o município estáentre as prioridades do Governodo Estado, ao lado de Curitiba eRegião Metropolitana e Foz doIguaçu, mesmo tendo a mídiadivulgado as principais operaçõespoliciais do Estado sendo feitasnestas outras regiões.

“Não existe bairrismo de mi-nha parte”, disse, respondendosobre um suposto privilégio dadoa Curitiba por parte da Secretaria.“Mesmo porque sou de Colorado,morei em Paranavaí, Maringá,Londrina e morei menos em

Curitiba do que nas outras cidadesem minha vida.” E prometeu parabreve grandes operações em Lon-drina.

Delazari preferiu seguir acartilha que prega a exaltaçãodos investimentos do governo,afirmando que o governo esta-dual foi o que mais investiu emsegurança “na história doParaná”, que fez a maiorcontratação de policiais, maioraquisição de veículos, de equi-pamentos, de material e que “está

várias vezes dos associados deque muitas vezes o telefone 190(da Polícia Militar) está ocupadoquando eles precisam de socor-ro. Delazari disse que parte doserviço poderá ser terceirizadapara agilizar o atendimento deemergências. A proposta foi feitapelos empresários presentes.

O secretário ressaltou que adificuldade é causada pelo mauuso que a população faz do telefo-ne. “De 2.800 ligações recebidaspor dia em Londrina, apenas 110geram ocorrências. A grandemaioria é trote ou pedido de infor-mações”, disse o major AltivirCieslak, subcomandante do 5º Ba-talhão da PM. Não faz muito tempoque se discutia um projeto paraunificar os atendimentos feitos pelo190 e 193 (Bombeiros, Siate), comosolução para “agilizar e dinami-zar” o socorro às vítimas.

Durante o encontro, o dele-gado-chefe da Polícia Civil deLondrina, Jurandir GonçalvesAndré, chegou a dizer que oJardim Nossa Senhora da Paz(Favela da Bratac) não sofremais com a violência de dois,três anos atrás. “Naquelaépoca, houve um aumento nonúmero de homicídios, mas

após uma ação conjunta daspolícias, zeramos este índice eo bairro está tranqüilo”, disse.

Entretanto, do final do anopassado para cá, aconteceramao menos cinco mortes relaci-onadas às gangues do bairro.Diversas entidadesassistenciais, ONGs e órgãospúblicos também afirmam

veladamente que não conse-guem entrar no bairro paradar o mínimo de apoio aos mo-radores, que sofrem diariamen-te a pressão dos traficantesque controlam não só a favelamas boa parte das principaisbocas de fumo da Cidade.

Bratac está “tranqüilo”, diz delegado

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É SHOW!JORNAL DA ACIL/Maio 20054

Proposta inovadora dacampanha encantaempresários. Promovidapela ACIL e Prefeitura,Londrishow vaimovimentar Londrina porum ano e terá sistema depremiação inédito

É SHOW!Katia BaggioEspecial para o Jornal da ACIL

Londrina, que já foi o centro cafeeiromundial e hoje ostenta o título de cidadeprestadora de serviços e pólo universitário,pode ter, também, um comércio aquecido epromissor. A ACIL tem feito campanhaspromocionais em datas específicas para di-namizar a economia local, porém, aindaassim, o fluxo de vendas é motivo de queixados empresários. Apesar de sentir os efeitos

das mudanças econômicas promovidas pe-los governos federal e estadual, é consensoque Londrina tem um potencial comercialmuito maior.

Para trazer à tona esse potencial adorme-cido e ainda resgatar o amor que o londrinensetem pela Cidade, a ACIL buscou uma campa-nha promocional inédita, inclusive no pro-cesso de escolha da agência responsávelpela campanha.

Em janeiro, foram contatadas todas asagências de propaganda filiadas à ACIL e

Dr. John Mc Wenda em algumas de suasperformances e em durante entrevista a

Jô Soares: atração do lançamento, dia 7 de junho

O vale com o qual os sorteados receberão seus prêmios: “moeda” dacampanha terá valor único de R$ 10,00. Abaixo, outdoor da campanha

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 5

APP – Associação dos Profissionais dePropaganda de Londrina. As interessadasdesenvolveram pré-projetos que foram ava-liados por uma comissão de membros daentidade e a agência que apresentou amelhor proposta foi a paulista Dispert, queatua há nove anos em Londrina.

Batizada de Londrishow e com marca járegistrada, pela ACIL, a campanha é umaparceria entre a Associação e a Prefeitura evai durar um ano e tem como principalcaracterística a continuidade, pois se com-põe de oito grandes promoções. A primeiraserá lançada em julho de 2005 e a últimaem junho de 2006. A abrangência é outrodiferencial da campanha, que prevê maisde 500 mil reais em prêmios para consumi-dores, vendedores e até mesmo para oscomerciantes. Será criado um fundopromocional, além da busca de parceirospara a realização das promoções da campa-nha. O custo total previsto é de R$ 3milhões.

“Buscamos mudar completamente a for-ma de promover o comércio varejista deLondrina, especialmente em época de féri-as e meses sem datas comemorativas. Acre-ditamos que a proposta da Dispert cumprenosso anseio de aquecer o comércio, fidelizarclientes, motivar vendedores, enfim benefi-ciar de fato todo o setor”, analisa o presi-dente da ACIL, José Augusto Rapcham.

A campanha prevê ações dinâmicas queenvolvem todo o meio comercial local eincentivo ao associativismo como forma defortalecer o comércio. A auto-estima dolondrinense também vai ser estimulada,com a divulgação de mensagens que valo-rizem os pontos positivos da Cidade. Oslogan da campanha é “Minha cidade éshow”, com o tema “Londrina vai ser palcoda maior promoção da sua história. Abramas cortinas e aplaudam em pé”.

O diretor da Dispert, Mário HenriqueNerger, destaca a importância da uniãoentre lojistas, comerciários e patrocinado-res para o sucesso da Londrishow. “É umacampanha inédita em Londrina e por issoestamos indo até o público a que se destina,apresentando suas potencialidades e opor-tunidades. Explicamos a filosofia do proje-to, inclusive no que diz respeito aoassociativismo, porque acreditamos ser esseo caminho para que o setor se reestruturee vença os desafios que lhe são impostos”,acrescenta Nerger.

Uma fase fundamental do processo é oenvolvimento dos 12 mil comerciários lo-cais, que vão ser cadastrados para a parti-cipação na campanha. A boa novidade éque os vendedores vão concorrer a prêmi-os, junto com seus clientes. O código per-sonalizado, emitido no cadastramento, vaigarantir o recebimento do prêmio, comoserá exposto adiante.

Uma palestra especial para a categoriavai esclarecer o funcionamento da campa-nha, além de ratificar sua atuação junto aoconsumidor como ponto decisivo para oaumento das vendas. Além da palestra,serão distribuídos informativos sobre téc-nicas de bom atendimento em formato degibi. “Premiar os vendedores é valorizar suaparticipação e, certamente, um estímulopara a melhoria do atendimento aosclientes”, acredita Rapcham. Nerger ob

Quais setores?Todos os setores do co-

mércio podem participar daLondrishow. Em maio fo-ram realizadas várias reu-niões setoriais no auditórioda ACIL, com representan-tes dos ramos de confec-ções, calçados, farmácias,auto-peças, gastro-nomia,móveis, materiais deconstrução, eletroele-trônicos, supermercados eoutros para apresentação eesclarecimento da campa-nha. Além disso, um grupode 31 promotoras está per-correndo todo o comérciodistribuindo materialexplicativo e de reforçosobre a Londrishow. “Essaé uma campanha voltadapara o comércio, mas égrande, tem vários desdo-bramentos e por esse moti-vo estamos informando opúblico-alvo o melhor pos-sível, pois dele depende osucesso do evento”, comen-ta Nerger.

Os prêmiosEm cada compra, o consu-

midor pode preencher um cu-pom, que será depositado naurna instalada na loja. Ele vaianotar dados para contato e ovendedor, seu número e o daloja. Em cada sorteio o consu-midor ganhador poderá receberR$ 200,00, R$ 500,00 ou R$1.000,00. Esses valores serãodistribuídos em forma de vale-compra, cada um no valor de R$10,00. A idéia é que o consumi-dor volte para o comércio e com-pre novamente com a moeda dacampanha, porém, como vai termuitos vales de R$ 10,00, pode-rá distribuir esse dinheiro pelocomércio, nas lojas participan-tes da Londrishow. O processodifere de outras promoções nasquais o ganhador recebe umvale com valor fechado e só podegastar naquele estabelecimen-to. “A proposta é que o dinheirovolte para o comércio de formapulverizada, ou seja, todos ga-nham com o processo”, explicao diretor da Dispert.

Para o comerciário que fez avenda ao consumidor sorteado,o prêmio correspondente seráde R$ 90,00, R$ 150,00 e R$300,00. Ele tem a garantia dereceber porque o valecompraterá um espaço para que elecoloque seu número de cadas-tro, feito no início da campa-nha. Todo o sistema foi enviadopara Brasília, para ser autori-zado pela GENAB – GerênciaNacional de Bingos e Loterias,ligada à Caixa Econômica Fede-ral.

O valecompra será impres-so em papel especial e terácódigo de barras, para evitarfalsificações. O comerciantevai receber o dinheiro daLondrishow do consumidorpremiado e poderá trocá-lo pornotas verdadeiras no Sicoob.Nesse sentido, a campanhaprevê que boa parte do valorinvestido na campanha peloscomerciantes acabe voltandopara eles.

Através de parceria, oInbrape – Instituto Brasileiro dePesquisas, vai realizar oito con-sultas sobre o desempenho e atransparência da campanha,entre o público-alvo: comerci-antes, comerciários, ganhado-res, consumidores em geral emídia.

Outra parceria com os mei-os de comunicação garante ainformação de todo o processo,assim como a divulgação dosganhadores, toda semana. “Nospreocupamos em realizar umagrande campanha, com muitaseriedade e responsabilidade”,destaca Rapcham.

PremiaçãoO projeto da Londrishow prevê a sorte grande para 1.141

consumidores e consequentemente prêmios também para 1.141vendedores. São cerca de R$ 526 mil em premiação até o final dacampanha, em junho do ano que vem. Os comerciantes tambémvão concorrer a um carro e 24 home theaters durante esseperíodo. Para os consumidores, os sorteios vão se realizar todasegunda-feira, no calçadão, em frente ao Banco do Brasil. Serãomais de 100 sorteios a cada semana. As datas dos sorteios jáestão definidas, assim como o número de sorteios para cadasemana e os valores a serem sorteados, até o final da Londrishow.

Uma das peçaspublicitáriasda campanha

Reunião com empresáriosdo setor de material deconstrução: adesão de 100%

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JORNAL DA ACIL/Maio 20056

100% de adesãoAs perspectivas de sucesso da

Londrishow são consideradas óti-mas pela ACIL, tendo em vista a altareceptividade dos participantes dosencontros que aconteceram no au-ditório da ACIL. A entidade tem 900associados lojistas (de um total de1.400 filiados), mas pouco mais dametade, 560 lojistas, já garantiria osucesso do projeto, que tambémestá aberto para não-associados.

Praticamente todos os empresá-rios que foram às reuniões adota-ram a idéia de imediato. Para LuizCarlos Zandoná, proprietário doPizza Club, a iniciativa é muito boa.“Podemos atrair ainda mais os con-sumidores da região. Tenho feitolevantamentos e percebo que aosfinais de semana recebo mais che-ques de Rolândia, Arapongas e atéApucarana, Cornélio Procópio,Florestópolis e Jaguapitã. Isso sig-nifica que eles procuram a Cidade ecom uma promoção forte poderãovir também durante a semana”, dizZandoná.

A empresária Milena Bianco, doRestaurante Dá Licença, destaca ofato da proposta envolver bastantegente e a possibilidade dos prêmiosvoltarem para o comércio. Já SandraDias, do Hotel Bourbon, afirma:“Toda iniciativa para a Cidade, es-pecialmente da ACIL, é muito posi-

tiva e pode alavancar todos os seto-res e, afinal, quem não é visto não élembrado”.

O perfil democrático daLondrishow foi uma das caracterís-ticas avaliadas como altamente po-sitivas pelos empresários, já quelojistas de todos os segmentos esta-rão envolvidos, assim como seu con-sumidor. O fator sorte, e não opoder aquisitivo, será odeterminante para a distribuiçãodos prêmios.

O setor de materiais de cons-trução também aderiu de imedia-to à Londrishow. A representantedo Depósito São Marcos, Lucineyde Oliveira Souza, disse que “aproposta motiva as pessoas a va-lorizarem a Cidade e a gastaremseu dinheiro aqui, além de mos-trar o lado positivo de Londrina”.O empresário Pedro Garcia, doDepósito Maringá, classificou acampanha como “excelente”. ParaGarcia, a Londrishow vai atingir oobjetivo de fomentar o comércio.“Já sabia que a idéia era bemabrangente, mas não imaginei queestivesse tão organizada.”

A mesma opinião tem seu com-panheiro de segmento, OsvaldoLazarini, do Príncipe do Cal, paraquem Londrina precisa de algoassim para se apagar a imagem

negativa que a Cidade tem tidoultimamente. “Temos problemascomo qualquer outra cidade bra-sileira, mas nossos valores e po-tenciais também são grandes eprecisamos destacá-los.” SimoneFulchini, do Depósito Colibri,acredita que a idéia pode dar bas-tante resultado tanto para o con-sumidor como para o empresário.“A campanha parece bem persua-siva e além disso vai mexer com olado emocional do londrinense.”A reunião com as mulheres em-presárias de Londrina teve gran-de part ic ipação e fortereceptividade para a campanha.Elas se mostraram entusiasma-das com a dinâmica daLondrishow e adotaram a propos-ta.

As peças publicitárias

Entre o material pu-blicitário definido para co-locar a campanha nasruas estão outdoors, car-tazes, adesivos de vitrinee cerca de 100 mil adesi-vos de carro com o slogan“Minha Cidade é Show”,19 milhões de cupons decompra, urnas para de-pósito dos cupons,banners, displays e o pró-prio vale-compra, amoeda oficial da campa-nha. O material incluijingles para rádio e TV,com letra de fácilmemorização e melodiaagradável. Um deles seráespecífico para incenti-var a compra aos sába-dos. Os cupons que o con-sumidor vai preenchervão trazer imagens depontos turísticos de Lon-drina ou de instituiçõesimportantes para a Cida-de, como universidades ecentros de pesquisa,como forma de valorizare divulgar esses ativos lo-cais. Eventos culturais ede prestação de serviço,como campanhas de va-cinação, também vãoilustrar os cupons.

Cada empresa parti-cipante vai receber umkit com o selo de vitrine(adesivo) – identificandoque ela participa da cam-panha – banners,displays e cartazes. To-das as peças vão conter amarca Londrishow.

PromocionaisDurante todo o ano de

duração da campanha,

serão produzidos 12 vídeos, de 30 segundos cada,para divulgação da promoção do mês, e tambémmaterial para rádio. As campanhas começam emjulho, quando será realizada a Liquida Londrina.Em agosto, a campanha para o Dia dos Pais, emoutubro, Dia das Crianças; novembro e dezembro,Natal; janeiro e fevereiro de 2006, férias; março, 2ºLiquida Show; maio, Dia das Mães; junho, Dia dosNamorados. Para cada campanha, a empresa par-ticipante receberá o material específico, por exem-plo, cartazes para o Dia dos Pais, para o Natal etodas as peças produzidas para a promoção domês.

InstitucionaisAs peças que vão sustentar a campanha durante

um ano serão publicadas nos jor-nais impressos, todas com a marcaLondrishow, onde haverá o espaçoShow de Ofertas, com a divulgaçãodo nome das empresas de cadasetor e sua respectiva oferta do diaou da semana. Serão distribuídosoutdoors pela Cidade e as TVs vãoapresentar vídeos com imagens detodos os setores participantes. Ma-terial para as rádios também serápreparado. Nos dois últimos casos,os jingles institucionais e de sába-do vão acompanhar o material.

Modelos de cupons da campanha.No alto à direita, cartaz da Londrishow

Page 7: Jornal da Acil

JORNAL DA ACIL/Maio 2005 7

LançamentoO lançamento oficial da cam-

panha Londrishow acontece nodia sete de junho, no Iate Clubede Londrina. Os convites sãogratuitos e só poderão ser retira-dos na ACIL, inclusive pelos não-associados. Quem participou dasreuniões setoriais e fez a pré-adesão já tem seu convite ga-rantido. Os participantes doevento vão concorrer a sorteiosde equipamentos como palm top,DVD portátil, máquina fotográ-fica digital, gravador digital eum lap top. A grande atração danoite será o palestrante interna-cional Prof. Dr. John Mc Wenda,que vai fazer palestra com o tema“Marketing Mágico: Encantan-do o Cliente”.

CustoCom um custo previsto de R$ 3 mi-

lhões, a campanha está buscando R$ 2milhões com patrocinadores/parceirose R$ 1 milhão nas empresas locais.Instituições como Sercomtel já deramseu aval para a Londrishow. “A rápidaadesão da idéia por empresas acostu-madas a se envolver com grandes proje-tos nos dá a certeza de que estamos nocaminho certo”, avalia Nerger, daDispert.

A ACIL abre a campanha para aparticipação por empresas associadas etambém para as não-associadas, comoforma de experiência e conhecimentomais próximo da entidade. Os não-sóciospoderão aderir pagando os mesmos va-lores dos sócios, porém por um prazolimite de cinco meses. Depois, deverãose associar à ACIL para continuar pa-gando os mesmos valores; caso contrá-rio, poderão migrar para um novo planode pagamento da campanha. “Mas euacredito que todos vão optar por seassociar, pois o valor da mensalidade ébaixo e os benefícios que a ACIL oferecepara o associado, não só durante essacampanha, são importantes”, adianta ogerente geral da entidade, Wilson Battini.

Os valores a serem pagos por mêsforam identificados como estrelas. Se oempresário optar por uma estrela decota, vai pagar R$ 90,00 mensais e terádireito a um kit da campanha com 1.500cupons, dois adesivos de vitrine, umaurna, um banner, um display e 24 car-tazes. Para duas estrelas, o valor é de R$120,00/mês e aumenta a quantidade dematerial a ser recebido. A cota máximaé de cinco estrelas, na qual o empresá-rio paga R$ 300,00 mensais e recebe 7mil cupons, seis adesivos de vitrine,duas urnas, cinco banners, 10 displayse 80 cartazes. “O empresário deve ava-liar o tamanho da empresa e o volumede clientes antes de adotar a cota, maspodemos dar uma orientação, caso eleprefira”, sugere Nerger.

O palestranteJohn Mc Wenda é con-

sultor, formado emMarketing e Vendas pelaUniversidade de Harvard,onde obteve PhD. É espe-cializado em vendas, pro-moção, atendimento, mu-danças radicais efidelização de clientes emmercados altamente com-petitivos e globalizados. ODr. Wenda vai abordar te-mas como o foco do clien-te; o poder da identidadeno Marketing; ser criativoe pioneiro nas vendas; en-volver, motivar e surpre-ender o cliente; encantan-do e fidelizando o cliente,entre outros.

Sandra Dias, do HotelBourbon: “Todainiciativa para aCidade é muitopositiva e podealavancar todos ossetores”

Luiz Carlos Zandoná,proprietário do Pizza Club:“Podemos atrair maisconsumidores da região”

Luciney de Oliveira Souza,do Depósito São Marcos:“Proposta motiva avalorização de Londrina”

Page 8: Jornal da Acil

JORNAL DA ACIL/Maio 20058COMPORTAMENTO

Condomínios mudama paisagem da Cidade

Grande concentração destasconstruções em locais como a

região Sul transforma um cenárioque era rural até a década

passada. Urbanistas, porém, sãocontrários a este conceito de

moradiaTerminada a década de 90,

num curto espaço de tempo,em apenas cinco a seis anos,os condomínios horizontaistomaram conta de vez da re-gião Sul de Londrina e agoracomeçam a proliferar tambémpor outras regiões da Cidade.Eles criam novas áreas de ex-pansão urbana, uma vez quemuitos se localizam nas regi-ões de limite entre a Cidade e azona rural. Esse processo temocorrido de forma tão rápidaque chega a mudar a paisagemurbana de Londrina.

O que era, por exemplo,aquela grande gleba situadaatrás do Shopping Catuaí háapenas cinco anos? Uma gran-de lavoura de trigo e soja. Hojeo local está tomado por máqui-nas e construções que não pa-

ram um minuto sequer. Ali,naquela descida, dos dois la-dos da Rodovia Mabio Palhano(que liga a Cidade ao distrito deSão Luiz), estão situados hojeos loteamentos fechados maisvalorizados da região.

Mas não são só os consu-midores de renda elevada quetêm buscado esse tipo de al-ternativa. O conceito de semorar em casas cercadas pormuro se alastrou rapidamen-te por todas as camadas soci-ais e hoje podem ser encon-trados até condomínios po-pulares de casas geminadasnos bairros periféricos. Aidéia, que busca aliar a liber-dade de se morar numa casa,à segurança que é oferecidacomo num condomínio deapartamentos, ga

Condomíniosdominam a silhuetada Zona Sul, onde omodelo de moradia

determinou ostraçados das ruas evalorizou imóveis da

região. Abaixo,condomínioconcluído

recentemente naZona Norte

Page 9: Jornal da Acil

JORNAL DA ACIL/Fevereiro 2005 7JORNAL DA ACIL/Maio 2005 9

Primeiro condomínio fechadode Londrina foi o Tucanos, na

Avenida Harry Prochet. Surgimentodesse tipo de empreendimento

tem apenas 17 anos

nha adeptos de todos osgostos e faixas de renda.

Um rápido levantamento fei-to pelo Jornal da ACIL, umavez que a Prefeitura não dispõede dados exatos quanto ao nú-mero de condomínios horizon-tais existentes na Cidade, con-seguiu relacionar 35 dessesempreendimentos. Isso semcontar os condomínios de ca-sas e sobrados populares doprograma Poupalar, da Cohablocal.

“Lógico que esses númerosem nada se comparam aos maisde 1.000 condomínios verti-cais (prédios de apartamentos)existentes em Londrina, umavez que a Cidade se verticalizoumuito depressa na década de80. Porém, é um dado que pre-ocupa, porque os condomíniosde casas ocupam grandes áre-as urbanas e começam a deli-near bairros completamente fe-chados, o que é negativo doponto de vista urbanístico esocial”, afirma o diretor de pla-nejamento do Ippul – Institutode Pesquisa e Planejamento Ur-bano de Londrina, Gilson JacobBergoc.

Na Prefeitura, são dois ossetores responsáveis por fisca-lizar, registrar e aprovar aconstrução de condomínioshorizontais: um é a Diretoriade Loteamentos, que se encar-rega dos grandes lotea-mentos comercializados nas re-

giões ainda semi-rurais, comoé o caso da maioria dos lança-mentos de alto padrão da ZonaSul, como Alphaville, Sun Lakee os empreendimentos daincorporadora da TeixeiraHollzmann (Royal Golf, RoyalTennis, Royal Forest e RoyalPark). O outro é a Diretoria deAprovação de Projetos (DAP),responsável pela catalogaçãodos condomínios menores, lan-çados em áreas onde a plantaurbana já está definida (ondeas quadras já estão fracionadase onde a rede viária já foi pro-jetada para receber determi-nado fluxo de veículos).

Como é um processo recen-te essa corrida aos condomíni-os horizontais, o chefe da Dire-toria de Aprovação de Projetos,engenheiro Alexandre AndradeAddario, informa que o setornão dispõe de dados sobre onúmero dessas construções naCidade. “Mesmo se você preci-sar do número total de condo-mínios verticais existentes nósnão temos, porque os proces-sos não estão arquivados emcomputador. O que possuímosé a documentação separada decada imóvel”, justifica.

Na Diretoria de Loteamen-tos também não há ummapeamento com o númeroexato, segundo informou oengenheiro Ossamu Kami-nagakura, chefe do setor. Eleexplica que há diferenças en-

tre loteamento e condomíniofechado. “O loteamento é oparcelamento de uma gleba queainda não sofreu divisões parafins urbanos. Se tem lá umsítio ou um lote grande, geral-mente na área de expansãourbana (além do perímetro ur-bano) que ainda não sofreuparcelamento e que ainda re-quer um planejamento dasruas, praças, galerias de águae esgoto. E isso quem aprova éa Prefeitura. Já no condomí-nio, esse parcelamen-to do solo já foi feito anterior-mente e a Prefeitura já definiuo plano viário para esta regiãoe como chegarão as redes deserviços públicos às residênci-as”, afirma Ossamu.

Segundo ele, os condomíni-os horizontais são recentes emLondrina. O primeiro que setem conhecimento foi o Tuca-nos, na Avenida Harry Prochet,em 1987 ou 1988. De lá pra cáforam dezenas e todos, segun-do Ossamu, se enquadraramnas exigências do atual PlanoDiretor, datado de 1998. “Es-ses novos empreendimentos es-tão dentro da legislação. Quan-do foram aprovados os proje-tos, para receberem a autori-zação para murar todo o perí-metro, as loteadoras tiveramde transferir para o município35% da área total. Isso é neces-sário para se reservar espaçopara ruas de acesso, praças euma área institucional (parauma necessidade futura de cre-che, centro comunitário, etc.)”,explica OssamuKaminagakura.

MercadoE que conseqüências a

multiplicação desses condomí-nios tem trazido ao setor imo-biliário? “Somente fatores po-sitivos”, garante o delegado

regional do Secovi (Sindicatodas Empresas de Compra, Ven-da, Locação e Administraçãode Imóveis) em Londrina,Rosalmir Moreira. Segundo ele,ao contrário do que se pensa, amigração de muitas famíliaspara os loteamentos fechadosnão tem desvalorizado os apar-tamentos de alto padrão da áreacentral.

“Isso não ocorre porquehavia uma demanda reprimi-da por imóveis de alto padrãona Cidade. Durante toda a dé-cada de 90 as construções deprédios residenciais deramuma parada e quase não haviaapartamentos para oferta.Hoje, com exceção da GlebaPalhano, que tem um conceitode prédios diferentes, comgrande área verde no térreo,praticamente não há edifíciosem construção em Londrina.Então, esses apartamentos quetêm ficado vagos vêm sendorapidamente adquiridos poroutras famílias que estavamem busca de apartamentosmaiores, de quatro quartos,por exemplo, e que antes nãoestavam à venda”, comentaMoreira.

Com isso, a procura porcasas de condomínio tem ge-rado inclusive um aquecimen-to do mercado, segundo ele.“Enquanto a construção de

apartamentos caiu 80% nadécada passada, de acordocom dados do Secovi deCuritiba, as famílias continu-aram crescendo e mais pesso-as continuaram vindo paraLondrina. É uma coisa dinâ-mica. E não havia imóveis su-ficientes para esta camada so-cial, que estava ou em aparta-mentos pequenos ou morandode aluguel.”

O dirigente imobiliáriotambém está certo de umacoisa: “Numa cidade há espa-ço para todos os gostos e sem-pre haverá aqueles que prefe-rirão morar no Centro, devidoà praticidade para se fazer ascoisas sem ter que pegar ocarro, como ir aos bancos, aocomércio, etc. E é melhor paraquem tem filhos jovens ou ado-lescentes, que precisam fre-qüentar as escolas e ter acessoa outros serviços que só exis-tem na área central. Mastambém há os que preferem ocontrário: a distância doCentro, algo que proporcionasilêncio, sossego e maior qua-lidade de vida para os filhospequenos. Isso só é possívelem um condomínio afastadoda Cidade”, compara RosalmirMoreira.

A idéia que busca aliar aliberdade de se morar numa

casa à segurança oferecida comonum condomínio de apartamentos

ganha adeptos de todosos gostos e faixas de renda.

ONDE ESTÃO OS CONDOMÍNIOS DE LONDRINA

Como a Prefeitura não dispõe de um levantamento detalhado sobre o número e os nomes dos loteamentos fechados e condomínioshorizontais situados em Londrina, o Jornal da ACIL buscou relacionar os mais conhecidos. No total, foram listados 35 empreendimentos,apenas de casas. Há também os de chácaras, com média de 200 unidades por condomínio, citados mais abaixo.

Região Sul (alto padrão) – Belle Ville,Golden Ville, Tucanos, Pitanguá, SantanaResidence, Alphaville, Sun Lake, CatuaíResidence, Bela Manhã, Village Premium,Morada Imperial, Acácia Imperial, RoyalGolf, Royal Park, Royal Tennis, RoyalForest I e II (estes últimos todos daloteadora Teixeira Hollzmann).

Região Leste (médio padrão) – Gralha Azul, AspenPark, Avenida do Café, Golden Park e Havana.

Região Norte (padrão médio/popular) – cinco condomínios de casasgeminadas incorporados pelaConstrutora Curió, próximos aoResidencial das Américas; MoradasStrassberg (sobrados na região doConjunto Maria Cecília).

Região Sudeste(padrão médio/popular) – LagoaDourada I e II (JardimPiza)

Região Oeste (médio padrão) – ResidencialBandeirantes, Portal dos Bandeirantes, Alto dePinheiros, Residencial Bela Manhã, Village Pinheiros.

Condomínios dechácaras (todos naRegião Sul):Recanto do SantoEstância Bom TempoEstância CabralEstância Santa Paula

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JORNAL DA ACIL/Maio 200510

Jornal da ACIL – Como vocês vêem aproliferação de condomínios fechados naregião de Londrina?

Gilson Bergoc – Acho que antes demais nada a cidade deve ser construídapara todos. A infra-estrutura que se faznuma cidade tem que ser pensada eimplantada de maneira que todos possamusufruir dela e, com esse usufruto,possibilitar a melhoria da sua qualidadede vida na cidade.

Luiz Mello – Quando você começa acriar áreas fechadas com populações comdeterminadas faixas de renda bemdefinidas, você começa a criar aquilo quesociólogos, geógrafos e economistaschamam de segregação espacial da popu-lação. Nós temos na história da humani-dade já alguns momentos em que sesegregou muito as populações, e asconseqüências foram dramáticas.

Jornal da ACIL – Como no períodomedieval, por exemplo?

Luiz Mello – Sim, é um caso, aquelesmodelos de feudos... Mas temos umexemplo mais recente, que é a dicotomiaentre o Morro da Rocinha e os condomíni-os de luxo (apartamentos) na região daorla do Rio, o pobre ao lado do rico, um aolado do outro, situação em que se criamconflitos sociais com graves conseqüênci-as.

Jornal da ACIL – Os lançamentosnesse tipo de empreendimento na cidadede Londrina, no final da década de 80 ou90, foram de forma organizada ou fugiu aoplanejamento da cidade?

Gilson – Isso não iniciou de formaplanejada. É bom lembrar que Londrinalá pela década de 70 teve “um surto”,“uma febre”, de verticalização. O grandemote disso era que as pessoas teriammaior segurança morando em edifícios doque em residências. De algumas dezenasde prédios construídos no final da décadade 60 para mais de 1.000 prédios que nóstemos hoje espalhados pela cidade entrecomerciais e residenciais, sendo a grandemaioria residenciais. Quando você entrana década de 80, esse discurso se esvazia.Nada impede que um ladrão entre em umapartamento. Agora, quando começa, nadécada de 80, a se falar amplamente emqualidade de vida e na questão ambiental,o apartamento não é a solução pois elerestringe os movimentos das pessoas,suas possibilidades, condiciona-as e se vêessa nova forma de organização do espaço? que se contrapõe ao apartamento e aoloteamento aberto ? é o loteamentofechado. E os dois grandes motes doloteamento fechado são a segurança e a

Urbanistas vêem com preocupaçãograndes áreas fechadas

Técnicos do Ippul vêem com reservas a rápida expansão dos condomínios horizontais na Cidade. Na avaliação dessesespecialistas, esse tipo de complexo construtivo obstrui a liberdade de ir e vir das pessoas, cria grandes áreas muradasque podem se transformar em “guetos” e que futuramente poderão comprometer a malha viária e estrangular o trânsito emdeterminadas regiões. Foram ouvidos pela reportagem o presidente do Ippul, Luiz Figueira de Mello e o diretor deplanejamento do órgão, Gilson Jacob Bergoc.

como está sendo conduzido esse processo,nós estamos seccionando, criando umacidade à parte. O que é muito ruim sobvários aspectos: sociológicos, de seguran-ça... Porque você cria uma situação emque essa região fica muito vulnerável auma própria ação de invasões. Morandoali só pessoas ricas também pode setornar um local propício a seqüestros e avárias ameaças à segurança, devido àforma que está sendo conduzido esseprocesso, separando esses loteamentosda cidade.

Jornal da ACIL – É assim tão catas-trófico?

Luiz Mello – Sim porque do outro ladovocê tem algo, que não é o loteamentofechado, mas é uma caracterização degrande agressividade, que é a constitui-ção de bairros miseráveis, que estão sen-do feitos para atender às populações queinvadem os fundos de vale, numa visãotambém de aglomeração deste grupo so-cial num espaço só. Isso é muito ruim,porque estigmatiza ? quem mora naquelebairro são os ‘sem-terra’, por exemplo.Então, você cria as duas pontas antagôni-cas: numa mão você tem a pólvora e naoutra, a palha. É uma situação muitoruim para a cidade do ponto de vistaurbanístico e de desenvolvimento. Nóstemos que, efetivamente, ter essapreocupação e isso será colocado emdiscussão para a formulação do novoPlano Diretor que estamos preparando eque precisará estar aprovado até junho de2006. Queremos ampliar esse debate paraque possamos buscar uma cidade querealmente seja justa, em que todos tenhamacesso aos equipamentos sociais, que elapropicie o desenvolvimento dandoqualidade de vida para toda a população,e não só para um segmento.

Jornal da ACIL – O Plano Diretor de1998 contemplou esse tipo de ocupação degrandes áreas muradas ou cercadas en-quanto loteamentos? Ele disciplinou essetipo de construção?

Gilson – Ele criou legislações específi-cas que permitiram esse tipo deloteamento.

Jornal da ACIL – O que diz o Estatutodas Cidades sobre isso e em que sentido onovo Plano Diretor irá disciplinar esse pro-cesso?

Luiz Mello – Essa questão de pensara cidade vem desde a criação de Londrina,quando tínhamos aqui uma grande mata.Primeiro ela foi desenvol

qualidade de vida. Eu acredito que essasduas idéias estão colocadas de formainadequada, elas ajudam no processo devenda desses empreendimentos, mas elasnão resolvem e nunca resolverão esse tipode problema.

Jornal da ACIL – O que isso provocade mudanças na paisagem urbana, consi-derando Londrina até 1990 e, agora, em2005?

Gilson – Em relação aos grandesloteamentos fechados, acho que o maiorentrave e a questão é a mobilidade, é o dopróprio sistema viário. Da forma que temsido até então são loteamentos estanquese sem uma preocupação de integraçãocom o resto da cidade. Ali na Zona Sul,imagina-se que quando tudo aquilo estiverocupado, vamos ver um grande estrangu-lamento, então precisamos buscar solu-ções.

Luiz Mello – Tem um agravamentotambém na forma como está sendo con-duzido o processo, são grandes áreas

muradas, muros contra muros, semnenhuma casa no meio, criando corredo-res vazios e que possibilitam efetivamentea violência e criam uma situação estérilna paisagem urbana.

Jornal da ACIL – Isso do ponto devista paisagístico, que é uma das preocu-pações da arquitetura?

Luiz Mello – Não é só questão estética,pois a arquitetura tem a função social dehumanização da cidade. Você pode criarinternamente um ambiente harmonioso,agradável arquitetonicamente, mas ex-ternamente o resto da população nãopode usufruir disso. E é a população queestá financiando todo o sistema viário,pois quem faz a conservação desse sistemaviário é o município. Nós estamos gastandoenergia, estamos distorcendo a premissado Estatuto das Cidades (criado em 2001por meio da Lei Federal nº 10.257/01) quedetermina a socialização de todos osequipamentos sociais, de todas as estru-turas que uma cidade oferece. Da forma

Empreendimento na Avenida Robert Kock, que contatambém com outro condomínio destinado à classe média

“Tema será discutido naformulação do novo Plano Diretor,

que precisará estar aprovadoaté junho de 2006”

Luiz Mello

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 11

Condomínios zelam pelomeio ambiente, diz

empreendedorSe por um lado há opositores do

conceito de loteamentos fechados,para outros, este tipo de empreen-dimento representa um avançopara a Cidade em termos de cuidadocom o meio ambiente, muda ocenário das construções de verticaispara horizontais, e a concentraçãodeles na Zona Sul também mudouo eixo de crescimento de Londrina,que nas décadas de 1980 e 1990crescia em direção às regiões Oestee Norte. Segundo o sócio-diretor daTeixeira Holzmann NegóciosImobiliários, Marcos Holzmann,após a criação do primeiroempreendimento da loteadora, oRoyal Golf, em 1996, a Cidadepassou a se expandir rapidamenteem direção ao Sul, favorecidatambém por dois grandes centrosde compras que já estavaminstalados na região, o ShoppingCatuaí e o SupermercadoCarrefour.

“Após o lançamento do [Royal]Golf surgiram, nos anos seguintes,vários condomínios de outras em-presas. E como demos seqüência aoutros três empreendimentosnossos no local, acabamos rece-bendo, em 2003, um prêmio daAssociação Brasileira de Marketinge Negócios por termos direcionadoo crescimento de Londrina para aregião Sul, hoje a mais valorizadada Cidade”, diz o diretor. A TeixeiraHolzmann é a maior loteadora localno ramo de condomínios, contan-do com cinco empreendimentosque, no total, somam mais de 1.200lotes.

NÃO APENAS MUROSSegundo Marcos Holzmann, a

empresa sempre se preocupou emoferecer mais do que apenas segu-rança. “A maioria dos condomíniostem apenas a área murada e umespaço de lazer para festas. Nósquisemos oferecer também salasde ginástica e vários outrosequipamentos, mantivemos gran-des áreas verdes e criamos lagosecologicamente corretos que rece-bem a água da nossa rede pluvial(água das chuvas) para que ela nãová suja direto para o RibeirãoCafezal, que é um manancial deabastecimento da Cidade”, explicao diretor.

Essa preocupação ambiental,segundo ele, faz parte de uma somade projetos que demandaram cincoanos de estudos nas áreas debiologia florestal, engenhariasanitária, estrutura de pontes epsicologia do consumidor. “Comoas pessoas hoje querem espaço equalidade de vida, mantivemos umaproporção grande de área comum.Para cada metro quadro de áreaprivativa, cada condômino terá1,7m2 de área comum, além demuito verde. Enquanto a média daárea urbana de Londrina é de 20m2de área verde por habitante, nosnossos empreendimentos ela é deno mínimo 200m2.

CUIDADO AMBIENTALComo três loteamentos da

empresa fazem fundos com o

vida para atender uma população pe-quena, o máximo que se pode imaginarque Londrina pudesse ter 30 mil habitan-tes. E para essa população era propostotraçado de ruas largas de 30 metros. Inclu-sive isso não foi obedecido – o máximo queconseguiram foram ruas de 24 metros delargura, pois os colonizadores da épocatambém tinham uma visão imobiliarística,mercadológica, e havia uma pressão parase reduzir o que é de necessidade urbanís-tica. Há uma tendência natural de sediminuir o cumprimento das exigências enão pensar para frente. O que temosatualmente é a prerrogativa de termos emLondrina 1 milhão de habitantes daqui a25, 30 anos. Então, precisamos pensar emdar uma estrutura viária adequada para anova fronteira urbana e que permita tam-bém estruturas melhores de apoio ao ser-viço público: praças e parques melhores. Ocuidado com a qualidade de vida precisaser planejado agora para se colher frutosno futuro. Precisamos pensar grande, nãopodemos ficar pensando em pequenassoluções para o aqui e agora, pois elasacabam comprometendo a qualidade devida futura. Hoje, por exemplo, reclama-semuito da quantidade de semáforos que háno Centro da cidade, mas tem-se quepensar o seguinte: na época em que foiprojetada era para ela ter 30 mil e não 300mil habitantes, somente na região central.Nós temos que realmente planejar a cidade,a fim de resguardar uma qualidade de vidapermanente. Enfim, pensar o seguinte:“Que Londrina nós queremos construir?”

Jornal da ACIL – Falta visão a longoprazo?

Gilson – Precisamos priorizar a idéia deque a cidade não é uma coisa que existehoje e amanhã acaba. Uma vez feita umarua, dotado um espaço de certa infra-estrutura ou canalizações de água e esgo-to, drenagem e outros elementos que sãonecessários, não se mudam as coisas deuma hora para outra. Se a cidade não sepreparar de forma adequada, sempre pre-cisará fazer remendos. E remendos, alémde serem mais caros, também causammuitos problemas sociais. Por exemplo,para abrir uma via no meio de um bairro segera vários problemas sociais. Se Londrinaquiser se credenciar não apenas nacional,mas também internacionalmente, ela pre-cisa pensar bem à frente. E o Estatuto dasCidades determina que ela precisa seruma cidade sustentável e que o planeja-mento de seu desenvolvimento considere adistribuição espacial da população, alémdas atividades econômicas do município,não só na área urbana como rural. Eprocurar corrigir as distorções do cresci-mento urbano e seus efeitos negativossobre o meio ambiente.

Jornal da ACIL – Há coisas difíceis de

serem corrigidas, como o tráfego na áreacentral...

Gilson – Quando foi construída essaparte do sítio original de Londrina, nasruas com a largura em que estão, os carrosnão passavam de 40 km/h. Hoje o carroque anda mais devagar é a 40 km/h. Esseé um grande problema. Nós temos um altoíndice de acidentes no Centro porque asvias não foram dimensionadas para su-portar o tipo de equipamento que passahoje por elas. Como vai ser daqui a 50anos, 100 anos? Não dá para passar umaborracha e começar tudo de novo. Oumesmo desapropriar propriedades paraalargar as ruas. O custo econômico esocial é enorme. Outro problema que, comcerteza, vai dar muita dor de cabeça àcidade como um todo é esse monte deconstruções que estão na área de recuo(muito próximas à calçada). Começou comuma coisinha assim: “vamos regularizar asituação de alguns botecos que queremcolocar umas mesinhas para fora”. Hoje játemos carros que usam o recuo comoestacionamento e é uma área que precisaser reservada para eventuais ampliaçõesda via e para permitir circulação de ar,evitar problemas térmicos e acústicos.Uma coisa que temos percebido ao longoda história de Londrina é o desrespeito aopróprio planejamento.

Luiz Mello – Normatiza-se, como foifeito no último Plano Diretor e aos pou-cos ele vai sendo alterado, modificado,por razões até mesmo casuísticas muitopontuais e que causam transtornosmuito grandes para a cidade, provocan-do uma situação de vulnera-bilidade. Londrina é hoje vista como“tudo aqui se dá um jeitinho, tudo pode”.Isso é péssimo para o município, poisacaba perdendo investimentos, deixade ter credibilidade para competir comuma cidade que tem um regramento eonde se cumpre a lei. A gente tem criadona história de Londrina situações quevêm prejudicar muito o seu própriodesenvolvimento. Quando se está fa-lando de uso de solo você estabelece,por exemplo, uma região para ser in-dustrial. Tem que se ter o cuidado paraela permanecer como região industrial,para que se possa estabelecer as vias deacesso adequadas para aquela região, amobilidade de transporte, outros equi-pamentos, enfim, é toda uma análisecontextual importante. E quando seinterfere, ou seja, quando se deixa ins-talar lá construções residenciais nomeio, isso é prejudicial, pois se cria umentrave ao desenvolvimento. Isso temacontecido e precisa ser estancado. Nãopodemos permitir que o regramento,que é discutido com bases científicas,seja desrespeitado por atitudes

casuísticas e políticas que fogem aointeresse coletivo.

Jornal da ACIL – Como está o processodo novo Plano Diretor? Ele precisa ser entre-gue até março do ano que vem para serapreciado pela Câmara de Vereadores...

Gilson – Em algumas reuniões téc-nicas, já estamos formatando o termode referência, que vai possibilitar bus-car recursos no Estado para elaborar-mos esse Plano Diretor. Nesse termo dereferência está prevista uma série deaudiências públicas (no mínimo qua-tro, podendo chegar a cinco) e alémdelas haverá reuniões, debates,simpósios, seminários e workshops comas mais variadas formas de discussãocom a comunidade, com as associaçõesde moradores, as entidades de classe,como é o caso da ACIL, os sindicatos,etc. Afinal, o Plano Diretor tem que sebasear em premissas técnicas, mas tam-bém em questões do desejo que as

pessoas materializam através de suasorganizações.

Jornal da ACIL – Por exemplo, osmoradores e imobiliárias opinarem sobre oque é melhor para questões de moradia?

Luiz Mello – Todos precisam colo-car as suas necessidades. Nosso objeti-vo é não precisar dessas pequenas alte-rações. Nós temos que formatá-lo a fimde que ele (Plano Diretor) possibiliteacomodar as diferentes necessidades,mas também que possibilite estruturara cidade, mesmo que seja revisto a cada10 anos, o que o próprio Estatuto deter-mina que haja. Para isso, nós precisa-mos ter horizontes largos e destinarrecursos para a organização desta cida-de.

Continua na página 8

“Precisamos priorizar aidéia de que a cidade não

é uma coisa que existehoje e amanhã acaba”

Gilson Bergoc

Page 12: Jornal da Acil

JORNAL DA ACIL/Maio 200512

Ribeirão Cafezal (Royal Park,Tennis e Forest I e II), o cuidado como manancial foi especial. “Ao invésde apenas 30 metros, como manda alei, criamos uma faixa sanitáriamaior, de 100 metros de afastamen-to do Cafezal e entramos com umtrabalho de recuperação da sua mataciliar, com reflorestamento e plantiode mudas. Além da criação dos lagosque fazem um processo de “equilíbriobiológico” da água que vem da redepluvial, os três novos loteamentosda empresa estão sendo dotados detratamento natural do esgoto que égerado dentro do próprio condomí-nio. “Buscamos uma solução alemãque é o sistema de ‘zona de raízes’,criado em 1957 e que aqui no Brasilsó foi implantado a partir de 1995em Santa Catar ina” , contaHolzmann.

O sistema funciona da seguinteforma: o esgoto que desce das casaspassa por um tanque séptico com capa-cidade de 200m3 que retém as partícu-las sólidas. O líquido, que representa99% do total, vai para uma grande áreaque é a zona de raiz. No local, que éimpermeabilizado por baixo e conta comvárias camadas de brita e palha dearroz, há plantas como espécies dejuncos cujas raízes absorvem toda amatéria orgânica ali depositada. No final,a água sai limpa como a de um ribeirãocomum.

Esse conceito ambiental de “de-

senvolvimento sustentável”, juntadoa outros dois fatores rendeu ao RoyalForest (fases I e II) outro prêmio paraa loteadora em 2004. Também foi daAssociação Brasileira de Marketing,mas na categoria produto. “Concor-

remos com produtos da Sadia, daVolkswagen e da Embraer. Ganha-mos porque, além dessa preocupaçãoambiental, o Forest foi considerado omelhor condomínio do País para lotesde 300m2 a 360 m2. Com ele, conse-

Condomínio da Teixeira Holzmann na Zona Sul: projeto que abriua corrida à construção de empreendimentos na região

guimos democratizar esse conceitode qualidade de vida, tornando-o aces-sível a uma faixa da população derenda média, já que são lotes na faixade R$ 38 mil”, conclui Holzmann.

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 13

MERCADOS

O desafio de exportarEm atividade há um ano, Caminho do Exportador centra esforços

para ajudar pequenos empresários a vencer a barreira que ossepara do mercado internacional

Semináriomostra comoexportar para

AlemanhaLondrina sedia, este mês, o

seminário Destino ExportadorAlemanha, que vai reunir em-presários de toda a região paraconhecer os potenciais espaçosexistentes atualmente para em-presas brasileiras no mercadoalemão. Esta é a primeira vezque o seminário, promovido pelaCâmara de Comércio e IndústriaBrasil-Alemanha em parceriacom a ACIL - Associação Comer-cial e Industrial de Londrina, érealizado no interior do Paraná.

A Alemanha é o segundo mai-or importador do mundo, atrásapenas dos Estados Unidos. Noano passado, os alemães impor-taram mais de US$ 629 bilhões.A Alemanha também é um paísestratégico para a distribuiçãode todo o tipo de produto, porsua localização na Europa.

Criados em 2003, os semi-nários são resultado de um pro-jeto da Câmara de Comércio eIndústria Brasil-Alemanha parafomentar as exportações brasi-leiras. Já foram realizados emnove cidades brasileiras, compúblico de mais de 1.600 em-presários. Como resultado des-se trabalho, a Câmara Brasil-Alemanha instalou um escritó-rio em Frankfurt, no ano passa-do.

O evento será realizado naACIL, no dia 19 deste mês, cominício às 13 horas.

Érika PelegrinoEspecial para o Jornal da ACIL

O Caminho do Exportador,criado há um ano, apontou para ospequenos e médios empresários deLondrina e região umapossibilidade antes cogitada ape-nas para os grandes: a exportação.Muitos se animaram em ampliarseus negócios ganhando mercadosinternacionais. No entanto, nemtodos obtiveram sucesso num pri-meiro momento. Muitos desistirame reforçaram as fileiras dos queacreditam que exportar é mesmouma possibilidade apenas para osgrandes.

Em um ano de funcionamentoo Caminho do Exportador, iniciati-va de diversas entidades e empresaspúblicas e privadas, detectou queentre o acesso à informação ecolocar o produto no contêiner paraentrar no mercado externo, há umprocesso cujo desconhecimento deseus detalhes tem feito muitospequenos empresários desistiremno meio do caminho.

No Brasil, apenas 12% dasmicro, pequenas e médias empre-sas participam no mercado externo.Em países como Estados Unidos eJapão, a participação chega a 50%.

Joel Franzim Júnior, represen-tante do Sebrae no Caminho doExportador, embora não tenhanúmeros precisos, afirma que emLondrina a situação não é diferente.Como auxiliar estes pequenosempresários para que viabilizemde fato a colocação de seus produtosem mercados externos?

A missão do Caminho do Ex-portador é mostrar que não sãoapenas as grandes empresas quepodem atuar no mercado interna-cional e que, no mundo dosnegócios, as fronteiras literalmen-te deixaram de existir.

Criar canal direto de comuni-cação entre o empresário quepretenda exportar e os vários setoresprestadores de serviços de comércioexterior: órgãos federais, órgãos es-taduais, câmaras de comércio eindústria, empresas de assessoria,despachantes, empresas de trans-portes internacionais, couriers, cor-reios, empresas comerciais expor-tadoras, etc, faz parte desta mis-são.

No entanto, já ficou claro,conforme explica Joel Franzim, que

Sem isto qualquer empreitadaem mercado externo pode setransformar em fracasso. Paraisto é preciso seguir um passoa passo da exportação: acessoà informação (o site Caminhodo Exportador e as palestrasjá estão dando conta destaparte); o treinamento em si; aformação de grupos de empre-sários; a busca de informa-ções direcionadas.

A pesquisa de mercado, porexemplo, depende de um le-vantamento que tem um cus-to alto para o empresário. Aformação de grupos de expor-tadores pequenos e médios éuma alternativa eficiente pararatear custos.

Franzim afirma que paraatender esta demanda, o Ca-minho do Exportador passaráa partir de junho a montargrupos multissetoriais de 10 a15 empresas. Assim, além doacesso básico à informação, jádisponibilizado, os interessa-dos em exportar receberão umacompanhamento maisespecífico. “O grupo será aten-dido por especialistas dentrodas temáticas levantadas pe-los integrantes”, explica.

isto não tem sido suficiente. Seos empreendedores estão tendoacesso às informações, por quemuitos desistem? Quais asdificuldades que estão sendoenfrentadas? Diante destasquestões surge uma novanecessidade: capacitar osempresários para a exportação.

Esta capacitação compreen-de orientar e acompanhá-lospasso a passo para que aexportação se traduza em su-cesso e não em prejuízos para opequeno e médio empresários.“Percebemos em um ano defuncionamento que apenasdisponibilizar a informação nãoé suficiente”, explica JoelFranzim.

Segundo ele, as dificuldadesenfrentadas por aqueles quetentam a exportação sãodiversas. Muitos não sabem paraonde querem exportar, quandosabem, desconhecem estemercado, não adaptam o seuproduto para colocá-lo no mer-cado escolhido.

Um exemplo comum, segun-do o representante do Sebrae noCaminho do Exportador: umempresário do ramo decamisetas quer exportar para aBolívia. Ele simplesmente enviaseu produto exatamente como éfabricado para o mercadointerno.

O que acontece: o biotipo doboliviano é diferente e ele perdea mercadoria. Franzim alerta queé preciso conhecer o mercadopara onde se quer exportar eadequar seu produto. Outro fatorfundamental é garantir a parte

organizacional da empresa, sóentão é possível pensar emconquistar outros mercados.

Franzim afirma ainda que écomum empresários pequenose médios partirem para a expor-tação sem uma tabela de preçosespecíficos para esta operação.“Eles trabalham com o mesmopreço do produto para mercadointerno”.

Quando se dispõe a expor-tar, o empresário deve primeirocuidar de quatro fatoresfundamentais: a organizaçãofinanceira da sua empresa; aorganização mercadológica (ve-rificar se o produto é adequadopara o mercado que ele queratingir); pesquisar o mercado;conhecer os trâmites para aexportação.

É o que Franzim chama de“estar com a empresa na mão”.

Porto de Paranaguá: para muitosempresários da região, um caminho

ainda não trilhado

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Quarentona esbanjavitalidade

AVENIDA MARINGÁ

Criada em 1964, avenida passou por duasampliações e perdeu, em definitivo, o perfilresidencial; hoje, é um eixo comercial emexpansão

Fernanda BressanEspecial para oJornal da ACIL

Trânsito intenso, co-mércio em expansão,variedade gastro-nômica, movimento 24horas por dia. A AvenidaMaringá de hoje, situadana zona Oeste deLondrina, é um belo re-trato do desenvolvimentoda cidade. As transfor-mações pelas quais elapassou foram tão inten-sas que fica até difícil re-cordar como era a ruaalgumas décadas atrás.Ao invés de lojas, restau-rantes e padarias, casasde família formavam a via,que nasceu em 1964 pelaLei 880. Naquela época,ela englobava apenas otrecho entre a AvenidaTiradentes e Rua Goiás.O Brasil passava por ummomento marcante emsua história, com o GolpeMilitar e a deposição doentão presidente JoãoGoulart, popularmentechamado de Jango.

De lá para cá, os bra-sileiros derrubaram a Di-tadura, conquistaram odireito de eleger seus pre-sidentes pelo voto diretoe ganharam força para lu-tar pelos seus direitos,derrubando inclusive umpresidente da República.A Maringá, apenas umadas infinitas vias dessePaís de milhões de habi-tantes, também buscava

seu espaço em Londrina.E ela cresceu em todos ossentidos. Em 1996, dei-xou de ser denominadarua para ganhar statusde avenida. A extensãotambém aumentou. O úl-timo prolongamento foiem 2000, com a transpo-sição do Lago Igapó II.Desde então, a avenidase tornou um dos princi-pais acessos para a Ave-nida Madre Leônia Militoe Gleba Palhano, bairrode classe média alta.

Essas mudanças atra-íram vários comerciantespara o local. Os primei-ros chegaram cedo. O res-taurante Casarão virouponto de referência e atéhoje é citado para dar in-

formações nas ruas. É co-mum ouvir as pessoas di-zendo frases como: “Ficabem perto de onde era oantigo Casarão”. Mas seo restaurante fechou suasportas, outros pontos per-maneceram firmes. Umexemplo é a Crokaju, há

Os consumidores locais são“motorizados”. Talvez esteja

aí a razão para outra ausência:a dos vendedores ambulantes.

24 anos na Maringá. DonaOdete Aoki Romero, pro-prietária da loja de avia-mentos e materiais es-portivos, recorda que nadécada de 1980 haviapoucos comerciantes nolocal. Na visão dela, ocrescimento trouxe um

problema: a violência.Para aumentar a segu-rança, a loja permanececom as portas trancadas,liberadas apenas para cli-entes por meio de uminterfone.

Se de um lado há vete-ranos no comércio daMaringá, do outro

Acima, avenida em plena luz dodia: crescimento e diversificaçãocomercial após a ampliação davia e a transposição do LagoIgapó.Ao lado, a avenida à noite: viaganhou impulso também com aampliação das empresas degastronomia e bares

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há inúmeras lojasabrindo suas portas. Agrande tendência do mo-mento são as lojas demóveis e decorações.Vizinhas umas às outras,elas oferecem uma infini-dade de opções entre so-fás, cortinas, colchões,armários para quartos ecozinhas. Maria AméliaEggler Camargo, sócia-proprietária da MônicaDecorações, está satisfei-ta com o local. “Nosso pú-blico é direcionado e pre-cisa de estacionamento.Antes tínhamos loja naRua Sergipe, mas o espa-ço estava pequeno e haviaessa dificuldade de oscarros não terem onde pa-rar”, comenta. Para ela, atransposição do LagoIgapó II pela Maringá au-mentou o fluxo de veícu-los, trazendo mais clien-tes para a loja. “Há pes-soas de outras cidadesque passam aqui no fimde semana e anotam otelefone da loja para pe-gar informações depois”,afirma.

Outra proprietária quecomemora o movimento éCristina Scarinci. Há umano, ela montou a loja deroupas infantis Cataventona avenida e está satisfei-ta. “As pessoas que pas-sam por aqui têm um po-der aquisitivo maior, hádois colégios e os própriosmoradores da região apro-veitam para comprar poraqui.” Cristina acreditaque a avenida ainda vai

crescer muito e pensa atéem futuramente fechar aloja que fica em umshopping da Cidade paraficar apenas com a loja daMaringá.

Diferente de todos ossegmentos, a Point 700completou 13 anos deavenida Maringá venden-do muitas bicicletas. Parao consultor de vendasTuffy Abraão Júnior, o co-

para o cachorro, remé-dio, presentes, artigos depapelaria, uniforme es-colar, carne e outros inú-meros itens na Maringá.Mas, apesar de toda essaoferta, há um fato curio-so no comércio da aveni-da: a ausência de pedes-tres. Os consumidores lo-cais são “motorizados”,sendo difícil encontrarpessoas caminhando pe-las ruas à procura de umartigo qualquer. Talvezesteja aí a razão para ou-tra ausência: a dos ven-dedores ambulantes.Com tantos carros tran-sitando incessantemente,a via apresenta um co-mércio direcionado, nãotendo espaço para a ven-da alternativa.

Diversidade gastronômicamovimenta a noite

mércio local melhorou mui-to nesse período. “O melhorinvestimento comercial hojeé a Avenida Maringá. Mui-tas empresas de móveis es-tão vindo para o local e ela épassagem para condomíni-os e bairros de luxo”, decla-ra. Fora isso, ele lembra quehá muitas famílias moran-do no entorno da avenida.

Além desses produtos, dápara comprar pão, ração

Cristina Scarinci, da Catavento: certa de quea avenida ainda terá muito crescimento

Maria Amélia EgglerCamargo, daMônica Decorações,diz que transposiçãodo Igapó II atraiuclientes

Tuffy Abraão Júnior, daPoint 700: “Melhor investimento

comercial hoje é a Avenida Maringá”

A maturidade trouxe o comér-cio noturno para a AvenidaMaringá. Focado na gastronomia,ele é um dos mais ricos da Cidade,correndo atrás da Avenida SantosDumond. Do pastel ao sushi, dosanduíche à comida espanhola, dapizza às iguarias chinesas. A vari-edade é tão grande que chega aconfundir na hora de escolher ondesentar.

Veterano no local, VanderBorelli atesta que a Maringá cres-ceu muito nesse ramo. Há 14anos ele montou a pizzariaBoreluccio na esquina da avenidacom a Castelo Branco e diz que noinício pensou até em desistir. “To-dos os carros viravam na ruaonde ficava o Casarão. Pareciaque a Maringá não vinha até aqui”,relata. Entretanto, a insistênciavaleu a pena. Hoje, a rotatóriaque liga as duas avenidas estárecheada de opçõesgastronômicas. “A concorrência

aumentou, mas o público tam-bém cresceu”, conta Borelli.

Cláudio Koyama, proprietáriodo restaurante Matsuri e Pastel doRoberto, também não tem queixas.Para ele, o fluxo de veículos daMaringá serve como meio de divul-gação e ajuda a atrair novos clientes.Entretanto, Koyama diz que a se-gurança é um ponto fraco da aveni-da. Para diminuir os riscos, o res-taurante fecha à meia-noite.

Bares e karaokê ajudam aaumentar o movimento à noite. Otrecho entre a Avenida CasteloBranco e a Avenida Humaitá co-meça a ganhar fôlego nesse seg-mento. Um restaurante chinês é amais nova fachada da Maringá.Mas ainda há muitos terrenosvazios à procura de investidores.Sinal de que a avenida ainda temespaço para crescer e surpreen-der.

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Vida longa ao café!Acerta quem diz que o café tem um gosto amargo na memória dos

norte-paranaenses, em especial dos londrinenses. O produto quealimentou o nascimento e o crescimento das cidades no eixo Norte-Noroeste do Estado, e que fez a riqueza de muitos nas décadas de1960 e 1970, passou à condição de vilão naquela dramáticamadrugada de inverno de 1975. A geada transformou o café de “ouroverde” a pai de todos os males: as plantações foram erradicadas ea economia da região se viu sem sua maior base.

E nesse posto que a cafeicultura ainda parece repousar nacabeça dos londrinenses. Mas vale a pergunta: o café deixou deexistir como atividade econômico. A resposta, negativa, foi reforça-da pelo IV Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, realizado estemês em Londrina. O evento serviu também para mostrar o atualestágio da cafeicultura no Paraná e no Brasil, quais as tendênciasdo mercado do produto e ainda estudos que revelam que o café fazbem à saúde, até das crianças.

Simpósio realizado em Londrina mostra que o café resiste como cultura viável, ganha novosespaços no mercado e ainda dá a volta por cima do estigma de produto nocivo à saúde

OURO QUE AINDA RELUZ

Bebida melhoraaprendizado de crianças

Caiu por terra aquela velha his-tória de que o café causa prejuízos àsaúde. Pelo contrário, se não fortomado em excesso, a bebida trazinúmeros benefícios à saúde. Emadultos, o café atrasa a manifesta-ção do diabetes, previne doençasc a r d i o v a s c u -lares, a depressão, o envelhecimen-to precoce e os três tipos de câncerde maior incidência no Brasil: decólon, reto e fígado. Para crianças, abebida traz ainda um outro benefí-cio: melhoria no aprendizado esco-lar.

Os resultados são comprovadosatravés de pesquisas realizadas peloConselho Científico da FederaçãoMundial de Cardiologia, Institutodo Coração de São Paulo e Universi-dade de São Paulo. Crianças de até10 anos devem consumir diaria-mente três xícaras de café. No en-tanto, é recomendado que a bebidaseja misturada ao leite. “O café éuma bebida estimulante, que au-menta a atenção do cérebro, porisso, ajuda no aprendizado esco-lar”, acrescenta o cardiologista LuizAntônio Machado César, professorda USP e diretor clínico do departa-mento Coronário do Incor de SãoPaulo.

O neurologista Darcy RobertoLima, professor da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro, lembraainda que o café é uma bebida na-tural, que não engorda. “Já os refri-gerantes e as bebidas isotônicas sãoos maiores causadores da obesida-de entre os jovens”, afirma. Por isso,já está em estudo um projeto de leique deverá tornar obrigatório a in-clusão do café na merenda escolar.“É uma bebida muito saudável”,acrescenta o neurologista. Compa-rando, dois litros de refrigerante decola têm a mesma quantidade decafeína em sua composição do quetrês xícaras de café.

Ele afirma ainda que um estudoaprofundado do café pode levar aodesenvolvimento de uma planta ain-da mais saudável. Através de pes-quisas, os grãos poderiam ser enri-quecidos ou fortificados com subs-tâncias que o tornassem ainda maissaudável. Em sua composição, ocafé tem menos de 1% de cafeína. Orestante é formado por antioxidantesnaturais, vitamina B3, minerais,ácidos e um número de voláteisdesconhecidos. No entanto, o pro-fessor acrescenta que o café nãodeve ser torrado em uma tempera-tura superior a 200ºC. “Acima des-ta temperatura, o grão forma outroscompostos que não são interessan-tes à saúde, além de perder as subs-tâncias mais saudáveis”, explica.

CONSUMO – Para pessoas commais de 20 anos de idade, é reco-

mendado o consumo de quatro xí-caras de café por dia: uma duranteo café da manhã, outra na metadeda manhã, depois do almoço e nomeio da tarde. “Se consumido emexcesso o café pode causar insônia,taquicardia, além de dar azia”, in-forma o cardiologista Luiz AntônioMachado César. Idosos com maisde 60 anos devem reduzir a quanti-dade de café para duas xícaras diá-rias porque o fígado já não conseguemanipular algumas substânciascomponentes do café.

“Não existe prova nenhuma deque o café faz mal ao coração. Pelocontrário, há provas de que o cafécontribui para a redução da inci-dência do diabetes entre adultos,dos riscos de infarto e de derra-me”, salienta o cardiologista. Noentanto, para comprovar os bene-fícios que o café traz à saúde, oIncor irá realizar duas pesquisassobre o consumo da bebida. Umaterá enfoque farmacológico e outroepidemiológico.

O primeiro estudo irá verificar assubstâncias concentradas no san-gue e no coração das pessoas quetomam café. Já foram selecionadoscem voluntários (pessoas normais,pacientes com doenças coronárias ediabéticos) que primeiramente deve-rão ficar três semanas sem consu-mir a bebida. Em seguida, será rea-lizada uma bateria de exames. De-pois disso, os voluntários, divididosem grupos de 20, iniciam o consumode café. Serão feitas pesquisas comcafé filtrado, sem filtro, descafeínado,solúvel e expresso.

A partir daí, os resultados obti-dos serão comparados para se co-nhecer as diferentes reações do or-ganismo. Esse estudo teve início nocomeço deste ano. A pesquisa épatrocinada pela Abic e todos osparticipantes receberão gratuita-mente o café do mesmo padrão, o dotipo arábica.

Já a pesquisa epidemiológica,que terá início no próximo ano, vaiobservar 2,5 mil pessoas durante10 anos. A metade delas será depessoas que tomam café e a outraque não toma. Entre os que conso-mem a bebida, metade será de pes-soas com problemas cardíacos emetade sem nenhuma doença. Nes-te período, serão feitos diversosexames em que serão comprovadosos benefícios, ou malefícios, do café.

(Fernanda Mazzini)

Cultura emprega hoje cerca de 8 milhões depessoas no Brasil. É como se toda a

população de Goiás e Mato Grosso trabalhassedireta ou indiretamente com o café

Fernanda MazziniEspecial para o Jornal da ACIL

Há anos Londrina não é maislembrada como a capital mundial docafé. O “ouro verde” que movimentoutoda a região nas décadas de 1960 e1970 não tem mais tanto apelo econô-mico. As fortes geadas que atingiramo Paraná naquela época motivaram osagricultores a erradicar os cafezais oque, conseqüentemente, reduziu dras-t icamente a produção cafee iraparanaense. Além deste fator, o Paranátambém assistiu a uma mudança noperfil do cafeicultor. Antes cultivadoem grandes e pequenas propriedadese basicamente como monocultura, o

que ocorre no Estado hoje é justa-mente o contrário. Atualmente a ca-feicultura é dominada por pequenosprodutores – cerca de 85% do caféproduzido no Paraná está em proprie-dades com menos de 50 hectares.

A região Norte sentiu tanto o im-pacto das adversidades climáticas quechegou a perder o posto de maiorprodutor do Paraná. Atualmente, a

maior área plantada está na região deJacarezinho, com 27 mil hectares;Londrina vem em segundo, com 20mil hectares. Embalado com essa re-dução, o Estado, que já chegou a sero maior produtor brasileiro, hoje ocupaa quarta posição com apenas 7% daprodução nacional. Em primeiro estáMinas Gerais, que produz 52% do cafébrasileiro, seguido pelo Espírito San-to (19%) e por São Paulo (9%).

Na década de 60, a área plantadade café no Paraná era de 1 milhão dehectares, hoje a cultura atinge poucomais de 10% deste espaço. Na safra61/62, a maior colheita já registradano Paraná, foram colhidos 21 milhõesde sacas; neste ano a produção esta-dual deverá atingir apenas 2,5 milsacas. No entanto, o emprego datecnologia conseguiu aumentar a sa-fra cafeeira em todo o País, mesmocom a redução da área plantada.

Em 2000, o café ocupava 2,2 mi-lhões de hectares, contra 2,7 milhõesde hectares em 97. E mesmo com essaqueda a produção aumentou em 10milhões de sacas, atingindo os 33milhões naquele ano. Isso ocorreugraças ao aumento da produtividademédia dos cafezais, que saltou de 10

sacas por hectare para mais de 15sacas. Entre os anos de 2000 e 2004o Paraná perdeu 50 hectares de áreaplantada.

A redução da área se deve, basica-mente, à migração do agricultor parao plantio de soja. A cotação da oleagi-nosa é muito mais atrativa do que a docafé, embora a cultura só seja rentávelse plantada em grandes áreas devidoaos altos custos de produção. O cafétambém é uma cultura consideradade alto risco porque é muito sensívelàs variações climáticas. A partir destequadro, a cafeicultura se transfor-mou em uma atividade para pequenasáreas, onde predomina a agriculturafamiliar. Com os cafezais, os agricul-tores também cultivam uma horta,frutas, outros tipos de grãos ou atépartem para a criação de frangos ouporcos.

PRODUTIVIDADE – Mesmo com aredução da área plantada, a produçãocafeeira do Paraná está estabilizadagraças a um plano de revitalização dacafeicultura, implantado na décadade 90. O objetivo do programa eraaumentar a produtividade, reduzir oscustos de produção e gerar estabilida-de econômica para a atividade. Foram

pesquisados também as variedadesda planta e os sistemas de plantio e,baseado neste estudo, foi introduzidoo cultivo adensado.

Os resultados são surpreenden-tes. Em 90, a produtividade registra-da nos cafezais era de 7 sacas porhectare; hoje são 22 sacas por hecta-re. Passada essa fase, o objetivo agoraé outro: provar que o café produzidono Paraná é de alta qualidade. “Omito de que o café paranaense era demá qualidade surgiu na década de 60devido ao elevado volume de produ-ção. Mas podemos conseguir uma boaprodução com qualidade”, frisa o eco-nomista Paulo Franzine, responsávelpelo setor de Café do Paraná do De-partamento de Economia Rural

(Deral), da Secretaria de Estado daAgricultura e Abastecimento.

O fato é que até 98, a qualidade docafé paranaense não era conhecida.Por isso, começou a ser feito ummonitoramento na plantação. Em 98,foi constatado que 36% da colheitaera feita no pano; somente 30% dosprodutores conheciam o tipo dos grãose a bebida; e 14% dos produtorescomercializavam suas safras benefi-ciadas. Em 2003 o panorama já eraoutro: a colheita no pano era feita por59% dos cafeicultores; 60% conheci-am o tipo e a bebida; e 62% dos cafei-cultores vendem o produto beneficia-do. Também já foi constatado quecerca de 87% do café produzido noParaná é de qualidade “dura paramelhor”, considerada de boa qualida-de. O restante – 13% – seria “riada erio”, de qualidade inferior.

Na produção de um bom café umdos fatores mais determinantes é oclima. “O clima favorece muito a qua-lidade, e os cerrados mineiros tem umclima seco durante a colheita, o queimpede a fermentação dos grãos”, ex-plica Gabriel Bartholo, gerente-geralda Embrapa Café. Segundo ele, o cafébrasileiro tem acidez, sabor, aroma edoçura natural, mas falta um certomarketing internacional. Mas o go-verno já está investindo neste setor,através da participação em feiras in-ternacionais especializadas.

EMPREGOS – O cultivo do café éimportante porque mantém os traba-lhadores na zona rural, principalmen-te a mão-de-obra desqualificada. Emtodo o País, cerca de 8 milhões debrasileiros estão direta ou indireta-mente trabalhando com o café. NoParaná, são 70 mil empregos diretos e220 mil indiretos. “O café, assim comoo algodão, demandam muita mão-de-obra, mas esses cultivos estão fadadosa diminuir devido aos altos encargosdas leis trabalhistas”, ressaltaFranzine. Atualmente, a cultura é res-ponsável por 4% do Produto InternoBruto (PIB) brasileiro.

Gabriel Bartholo,gerente-geral da

Embrapa Café: “Faltaainda marketing

internacional”

Paulo Franzine, doDeral: “Podemos

conseguir uma boaprodução com

qualidade”

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JORNAL DA ACIL/Fevereiro 200516 JORNAL DA ACIL/Maio 200518

Basicamente, as carac-terísticas do “café gourmet”são: aroma mais intenso eagradável, sabor mais fino ea permanência na boca dosabor da bebida por váriosminutos. “O café de baixaqualidade deixa um gostoamargo na boca, aocontrário do de alta quali-dade”, explica Herszkowicz.Mas consumir uma bebidade tamanha qualidade tam-bém pode causar uma certaindigestão. O seu preçochega a ser até três vezesmaior do que o do café co-mum. “É um novo nicho demercado, assim como osvinhos mais finos”, compa-ra.

E para quem estiver dis-posto a pagar o preço, háuma boa notícia. Atualmen-te, esse produto não é en-contrado apenas em casasespecializadas. “Os super-mercados também estãoinvestindo no mercado. Al-guns supermercadistas es-tão investindo na melhoriada qualidade para ofereceraos seus clientes”, comentao diretor-executivo da Abic.Segundo ele, já estão nomercado oito marcas novas.

O “café gourmet” apre-senta um grão selecionado,homogêneo na maturação esecagem. “O produtor deveter boas práticas de colheitae secagem. Atualmente,entre 20% e 25% dos grãoscolhidos no Brasil são dealta qualidade”, informaHerszkowicz. Já as indús-trias devem estabelecer umcontrole mais preciso natorra e moagem. A embala-gem também deve ser espe-cial, à vácuo, onde a atmos-fera é inerte. O oxigênio deveser substituído pelo nitro-gênio, uma vez que o arnatural favorece a oxidaçãodo grão.

Devido a essa melhoriana qualidade, atualmente oBrasil domina 40% do mer-cado mundial do grão cru.Em 99, esse índice era de19%. “Podemos dizer queum terço de todas as xícarasde café tomadas no mundo

O preparo do café não exige muitos segredos. Umadica importante é usar água filtrada e não deixá-la ferver.O ideal é que a temperatura da água esteja entre os90ºC (quando começa a formação das bolhas). Isso éimportante para que o sabor do café não seja alterado.Depois disso, é só jogar a água sobre o pó e deixarescorrer. Não se deve mexer com qualquer objeto.

Vale lembrar que pessoas de até 20 anos e com maisde 60 anos devem tomar apenas três xícaras de café pordia. Já pessoas com idade entre 20 e 60 anos podemaumentar a quantidade para quatro xícaras por dia.

O consumo do café só cresceu a partir do século 17,quando foi abençoado pelo papa Clemente VIII. Atéentão, os cristãos não tomavam a bebida porque, inici-almente, a bebida era consumida apenas pelos árabes.

Em 1667, as inglesas formularam uma petição contrao consumo do café. Elas queriam proibir seus maridosde tomar a bebida. Como o café causa insônia seconsumido em excesso, os homens costumavam voltarmais tarde para a casa.

Os países localizados no Hemisfério Norte eramcontrários à popularização do café porque a planta sópode ser cultivada em países de clima mais ameno,basicamente nas terras localizadas entre os trópicos deCâncer e de Capricórnio.

O café chegou ao Brasil no século 18, em sementestrazidas da América Central e das Guianas. No século 19já era responsável pela principal atividade agrícola dopaís.

O Brasil é o maior pesquisador de café do mundo. Osbrasileiros já dominam o genoma funcional da planta ejá conseguiram fazer a seqüência dos genes cafeeiros.Com as pesquisas, será possível produzir um café demaior qualidade, com sabor e aroma mais acentuados;grãos mais doces, com uniformidade de maturação eresistente a pragas.

Em média, cada brasileiro consome anualmente 4,8quilos de café.

O café considerado de melhor qualidade mundial éo colombiano porque é suave e lavado em seu processode industrialização.

Mercado emplena expansão

são produzidas com cafébrasileiro. Os produtoresconseguiram melhorar aqualidade do grão produzi-do aqui, mas ainda faltamarketing do nosso café e ogoverno federal tem que aju-dar nessa promoção”, ava-lia.

A Abic já se adiantou elançou o Programa de Qua-lidade do Café. Através deum selo, o consumidor podeidentificar se o café que eleirá comprar tem boa quali-dade. Para receber esse cer-tificado, as indústrias de-vem utilizar grãos melhorese passam por uma auditoriada Abic que avalia o controlee o monitoramento da qua-lidade. Oitenta indústriasjá conseguiram o selo daAbic, mas a estimativa éque durante este ano 200marcas sejam certificadas.

De acordo com informa-ções da Abic, o Paraná con-ta com três indústrias queproduzem o café considera-do de alta qualidade. A Cia.Cacique de Café Solúvel,instalada em Londrina; aIguaçu, localizada emCornélio Procópio; e o CaféDamasco, que fica na Re-gião Metropolitana deCuritiba. “A Cacique é amaior indústria exportado-ra de café solúvel e a quintamaior em café torrado e mo-ído”, acrescenta o diretor-executivo da Abic.

E durante o mês passa-do o mercado deu uma dasmaiores demonstrações deque acredita na qualidadedo café cultivado no Brasil.A Abic lançou a 1ª Edição

Especial dos Melhores Ca-fés do Brasil, que é com-posta por um conjunto decafés industrializados re-sultantes da aquisição portorrefadoras nacionais doslotes de cafés finalistas do1º Concurso Nacional Abicde Qualidade do Café, re-alizado em novembro. Naocasião, foram realizadosleilões dos grãos. As ven-das por saca alcançaramos maiores preços járegistrados no mercadomundial: U$ 3 mil a sa-ca, enquanto no mercadoa mesma quantidade écomercializada por U$120. “O mais importante éque esse café será ofereci-do ao consumidor brasi-leiro”, diz.

COMO PREPARAR O CAFÉ

CURIOSIDADES

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 19

Nos quatro dias em quefoi realizado, o IV Simpósiode Pesquisa dos Cafés doBrasil deixou na Cidadecerca de R$ 1 milhão. E omais importante é que essedinheiro não fica concen-trado em apenas um setorda economia. É divididoentre vários segmentos:como hotéis, restaurantes,serviços de segurança,transporte, higiene elimpeza, ambulatório, flo-ricultura e presentes. Oevento foi promovido peloIapar e Embrapa Café noCentro de Eventos de Lon-drina entre os dias 2 e 5 demaio.

Para se chegar a essemontante é feita uma con-ta bastante simples. Se-gundo estimativas do Lon-drina Convent ion &Visitors Bureau, o turistade negócios costuma gas-tar, em média, cerca deR$ 220 por dia em hotel,alimentação, serviços detransporte, compras desouvenirs, lazer e diver-são. Cerca de 600 pessoasparticiparam desse even-to e, pelo menos, 80% des-te total veio de Estadosonde há produção cafeeiracomo Minas Gerais, Espí-rito Santo, Rio de Janeiroe São Paulo. A maioria dosparticipantes foi formadapor cafeicultores e estu-dantes de graduação epós-graduação ligados aárea de Agronomia.

Além do gasto diáriodos participantes, aindaforam investidos cerca deR$ 400 mil na realizaçãodo simpósio. Somente aempresa organizadora doevento não é de Londrina,mas para a execução dosdemais serviços foram

OURO QUE AINDA RELUZ

Em quatro dias, eventomovimentou R$ 1 milhão

Simpósio do Café é exemplode como eventos desse perfil agitam

a economia da Cidade

contratadas apenas em-presas locais como o buffetque serviu a refeição nolocal, ambulatório, flori-cultura, equipe de segu-ranças e de limpeza, re-cepcionistas e a empresaque confeccionou o uni-forme da organização. Amaioria das empresas con-tratadas é associada aoLondrina Convention &Visitors Bureau.

Segundo Luciana deAndrade Lima Santos, re-lações públ icas daEmbrapa Café, o únicoserviço que deixou a dese-jar foi o de táxi. A organi-zação disponibi l izoutransporte gratuito paraos participantes apenasem dois horários: no iní-cio da manhã e no final datarde. Por isso, a intençãoera firmar uma parceriacom os taxistas para quealguns veículos permane-cessem no local para aten-der mais rapidamente osparticipantes que neces-

sitassem do serviço, umavez que o Centro de Even-tos é afastado da regiãocentral da Cidade.

“Mas não teve acordo,eles (taxistas) queriam quea gente fechasse um con-trato e que a comissãoorganizadora pagasse umvalor, o que ficou inviável.Diante do impasse, pas-samos a chamar um táximediante solicitação de al-gum participante. É la-mentável que serviços im-portantes como o de táxi

deixem a desejar em Lon-drina”, afirmou Luciana.

PROJETO DE LEI –Procurado pela reporta-gem, o presidente da Com-panhia Municipal de Trân-si to e Urbanização(CMTU), Gabriel Ribeiro deCampos, disse que preten-de convocar uma reuniãopara discutir o assuntocom taxistas e represen-tantes de entidades queincentivam o turismo naCidade como a ACIL, Lon-dr ina Conven-

tion & Visitors Bureau,Abav e Codel. Essa reu-nião deverá ser realizadaaté o final deste mês.

Campos disse aindaque a intenção é enviar àCâmara de Vereadoresainda neste mês um pro-jeto de lei que torna obri-gatória a reciclagem paraos taxistas. Nesse trei-namento, eles receberi-am informações e orien-tações sobre limpeza, hi-giene, cortesia e organi-zação, entre outros te-mas. Ele lembrou aindaque já recebeu do LC&VBuma cópia de uma lei deCur i t i ba , onde e ssareciclagem é obrigatóriadesde a década de 70.

A lei a ser implantadaem Londrina seria nosmesmos moldes dacuritibana e, a princípio,a Codel arcaria com partedos custos do treinamen-to. Segundo o presidenteda CMTU, a lei só não foienviada ainda à Câmaraporque a companhia este-ve envolvida, no início des-te mês, com o conserto docalçadão.

(Fernanda Mazzini)

Auditório montado no Centro de Exposições e Eventos: especialistasde todo o País participaram do Simpósio, que durou quatro dias

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JORNAL DA ACIL/Maio 200520

Domingos PellegriniEspecial para o Jornal da ACIL

ARTIGOARTIGOARTIGOARTIGOARTIGO

Lições da crise na RádioExerci a presidência

da Camtar – Comunidadede Amigos, Trabalhadorese Apoiadores da Rádio Uni-versidade, e entreguei omandato saturado com tan-ta burocracia. No Brasil, asuperburocracia é justifi-cada como defesa contraos desonestos, na verdadeapenas dificultando para oshonestos e justificando aexistência de tantos buro-cratas. Sugiro que, em enti-dades civis conveniadascom a UEL, a secretaria sejaexercida por alguém da Pro-curadoria Jurídica: assimdeverá ou diminuir a buro-cracia ou ser feita por quemganha para isso.

Ainda quando exer-cia a presidência, há maisde ano, soube extra-oficial-mente que a Reitoria pre-parava reestruturação ad-ministrativa que subordina-ria a Rádio, com perda deautonomia do seu jornalis-

mo. Opinei que a Camtarnada deveria fazer a res-peito, respeitando a auto-nomia da UEL em fazer quereformas administrativasqueira e arcando com suasconseqüências. Tambémopinei que os principais in-teressados em contrapor-se a isso seriam os jorna-listas da Rádio e os cursosde Comunicação, com par-ticipação do Sindicato dosJornalistas, mas pareceque nenhuma articulaçãofoi efetivada.

Não sei se a propos-ta de criação da Coordena-doria de Comunicação,como alega a diretoraexonerada da Rádio, foi maldiscutida antes de ser en-caminhada ao ConselhoUniversitário, sem partici-pação democrática, comotambém não sei se foi malavaliada pelo Conselho. Ocerto é que se, através deuma Coordenadoria, a Rei-

toria tinha alguma inten-ção de controlar o jornalis-mo da Rádio, seria ou éuma ingênua ilusão, pois opúblico da Rádio é majori-tariamente de formadoresde opinião, público críticoque logo perceberia erejeitaria isso.

O jornalismo da Rá-dio, se se colocar como cha-pa-branca, perderácredibilidade, por antítesereforçando toda denúnciaou desvelamento em con-trário feito pela imprensa,que continuará livre de con-trole da Universidade epluralista como é nossasociedade. A ilusão petistade controle da imprensa jáfracassou em nível federal,e sonhar o contrário seriaingenuidade totalitarista,com prejuízos de imagempolítica irreversíveis.

O que se tira dapseudocrise, como a cha-mou a reitora, é que a Rei-

toria podia ter evitado essedesgaste se tivesse enca-minhado a proposta depoisde avaliação plural e inten-sa, bem como o Conselhopodia evitar seu própriodesgaste se não votasse tãorapidamente proposta quemexe com assunto tão de-mocraticamente simbólico,como bem sentiu e repercu-tiu a imprensa.

Também fica como li-ção para os colaboradoresda Rádio que sua melhorposição deveria ser a neu-tralidade em relação à pro-posta, no entanto defenden-do a continuidade de seusprogramas, espaços deintegração cultural com a so-ciedade e grande mérito daadministração da Profa.Janete, e de que alguns ab-dicaram por emocional e in-gênuo acesso de solidarie-dade. Para apoiar o com-portamento emocional e po-liticamente desastroso dadiretora, colocaram em ris-co o patrimônio cultural le-gado por ela, uma triste iro-nia.

Salvou-se o compor-tamento dos jornalistas daRádio, que fazem um jorna-lismo tão digno e diferenci-ado, e que tiveram a cora-gem e a serenidade de pe-dir reconsideração ao Con-selho. Afinal, de que adian-taria ensinar isenção noCurso de Jornalismo e man-ter no ar um jornalismo atre-lado? Para isso já tem aReitoria sua assessoria deimprensa.

Esperemos que o as-sunto seja democratica-mente debatido, que o Con-selho reconsidere, que nos-so querido Baldy volte afazer seus belos progra-mas, que voltem tambémtodos os colaboradores quese afastaram, inclusive aJanete, e que a Rádio – coma autonomia necessáriapara qualquer veículo de co-municação – continue a serexemplo de integração cul-tural da Universidade coma sociedade, com jornalis-mo autônomo e responsá-vel como tem sido.

Domingos Pellegrini é escritorem Londrina e colaboradorda Rádio Universidade FM

Conselho mantémmudança na

Universidade FMFernanda BressanEspecial para o Jornal da ACIL

A expectativa de que a Rádio Universidade FM

pudesse retomar sua condição de órgão de apoioda Universidade Estadual de Londrina (UEL) caiupor terra no dia 10 de maio durante a reunião doConselho Universitário da instituição. Os conse-lheiros mantiveram a decisão do dia 18 de fevereiroque transformou a rádio de órgão de apoio paratorná-la uma diretoria da Coordenadoria de Co-municação (COM), criada naquele mesmo dia.Dos 55 conselheiros, apenas seis votaram a favordo documento encaminhado por jornalistas darádio que pedia a reconsideração da decisãotomada em fevereiro. Dessa forma, fica mantida anova hierarquização da comunicação na Univer-sidade, que deixou a rádio subordinada àCoordenadoria de Comunicação.

Para a diretora da rádio, Maria Irene Pellegrinode Oliveira Souza, a atual estrutura será melhorpara a emissora. Ela assumiu o posto em 5 deabril, ocupando o lugar de Janete El Haouli,exonerada do cargo pela reitora Lygia LuminaPuppato por não concordar com as mudançasestruturais propostas. Maria Irene contabilizaque desde a exoneração de Janete, sete colabora-dores pediram desligamento da rádio, tambémpor discordarem dos encaminhamentos feitospelo Conselho Universitário. Ao todo, nove pro-gramas deixaram de ser veiculados e o espaço estásendo preenchido com música brasileira. MariaIrene destaca ter conversado com todos essescolaboradores pedindo que eles retomassem aexibição dos programas. Nenhum deles deu umaresposta final.

O discurso de que nada vai mudar na rádio,enfatizado pela reitora durante esse período demudanças, também foi reforçado pela novadiretora. Ela reafirma a tese de que para a rádioserá muito melhor ter ligação com a Coordenadoriaa ficar ligada diretamente à reitoria, como eraenquanto órgão de apoio. “Nós teremos maisforça”, garante. Para ela, institucionalizar a co-municação significa organizá-la e não fazer darádio um veículo de divulgação da universidade,preocupação levantada por vários colaboradoresda Universidade FM e também por Janete ElHaouli.

Uma Organização Civil de Interesse Público(Ocip) ajudava a rádio a buscar recursos junto àiniciativa privada. Denominada Comunidade deAmigos, Trabalhadores e Apoiadores da RádioUniversidade FM (Camtar), essa Ocip está com ostrabalhos parados. Em assembléia realizada em 2de abril, todos os membros da diretoria se decla-raram demissionários dos cargos. Na visão deles,a nova situação da rádio é perigosa e pode fazer doveículo uma ferramenta de assessoria de impren-sa. Maria Irene diz que sempre é prejudicialperder apoios, mas garante que a UEL está su-prindo essa carência. “Estamos aguardando umposicionamento deles”, diz. Uma nova assembléiadeve definir os rumos da Camtar. Segundo opresidente da Ocip, o médico José Luis da SilveiraBaldy, ainda não há data definida para a assem-bléia. Todos os membros da diretoria permanecemno cargo até a nova eleição.

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Fábio CavazottiEspecial para o Jornal da ACIL

A Companhia Paranaense de Gás(Compagás) deve investir R$ 3 milhões naimplantação de uma rede de distribuiçãode gás natural para três indústrias deLondrina até o primeiro semestre de 2006.De acordo com o presidente da empresa,Rubico Camargo, a Companhia Caciquede Café Solúvel e a Cerâmica Eliane –localizadas próximas ao Parque deExposições Ney Braga – já demonstraraminteresse pelo negócio.

Além do fornecimento para as indús-trias, a Compagás pretende abrir um postode abastecimento para veículosautomotores movidos a gás. “A idéia éfazer uma pequena rede e uma plantanossa. Distribuiremos para dois ou trêsgrandes consumidores e para um posto decombustíveis”, antecipa Camargo.

O produto será adquirido junto a umaunidade da Petrobras em Paulínia (SP),

OPÇÃO

Compagás terá rede para atenderindústrias e veículos em Londrina

Presidente da companhia diz que intenção é abrir mercado e criar um novo hábito de consumo e,assim, preparar terreno para a instalação de um ramal do gasoduto Bolívia-Brasil

prevista para ser inaugurada até setem-bro. Com a tecnologia atual, o gás tem atemperatura baixada a 162o C negativos,na origem, o que permite que seu volumeseja reduzido 600 vezes. O gás setransforma em líquido e pode sertransportado por caminhões. No local dedistribuição, a Compagás vai instalar umaunidade de gaseificação, para que o gásnatural possa ser distribuído no estadoadequado para as indústrias.

Com o sistema, a Compagás pretendeabrir mercado e criar o hábito de consumopelas indústrias, explica o presidente da

empresa. O projeto desta pequena redetem por objetivo preparar o terreno para ainstalação de um ramal do GasBol(Gasoduto Bolívia-Brasil), a- partir dePenápolis (SP).

“Não tenha dúvida de que esse gasodutovai sair, estamos trabalhando para queseja priorizado”, ressalta Camargo. Naúltima reunião do Codesul (Conselho deDesenvolvimento do Sul do País), no mêspassado, os governadores do Paraná, SantaCatarina, Rio Grande do Sul e Mato Grossodo Sul elaboraram um documento que foientregue ao governo federal, solicitando

agilização dos processos burocráticos dogasoduto.

O projeto subscrito pelos governado-res, com custo total de US$ 1,2 bi, atenderiao interior do Paraná, Santa Catarina e RioGrande do Sul.

Sobre os estudos realizados peloBNDES (Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social), há dois anos,que inviabilizaram a passagem do gasodutopelo Norte do Paraná, sob o argumento deque a região não tinha demanda suficiente,o presidente da Compagás afirma que oprojeto tem que ser visto de forma integral.

“Não justificava se fosse colocadoapenas para atender o Norte do Paraná,mas num plano integrado nacional, queinclui os outros estados, tem que sairnecessariamente. Estamos falando dosmaiores pólos consumidores de gás do Suldo Brasil”.

Gás será adquirido de uma unidadeda Petrobras em Paulínia, previstapara ser inaugurada até setembro

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NOVOS NEGÓCIOS

O mapa das oportunidadesPesquisas realizadas pelo Sebrae e lançadas no CD-Rom

“Negócios em Londrina”, numa parceiria com a ACIL e a Codel, mostramo perfil e as necessidades dos consumidores em regiões estratégicas de Londrina.

O resultado é um grande e rico apanhado de espaços a serem ocupados

Vitor OgawaEspecial para o Jornal da ACIL

Enxergar oportunidadesem localidades com dinâmicaeconômica menos acentuadaque em outros pontos da Cida-de e oferecer mecanismos desuperação dessa realidade.Este foi o desafio que o Sebrae-Pr de Londrina enfrentou aoelaborar uma série depesquisas sobre o perfil dosconsumidores em determina-das regiões da cidade e seusrespectivos hábitos. SegundoJoel Franzim Junior, consultordo Sebrae e um dos coordena-dores do “Programa Bairrosque Fazem”, em princípio haviaum estudo pela opção de setrabalhar nos bairros de Lon-drina onde houvesse a maiorconcentração de empresas.Mas Franzim afirma que,conceitualmente, elesperceberam que seria maisinteressante trabalhar numlugar onde houvesse menosempresas. “Como era umprojeto piloto que estávamosfazendo, resolvemos apostaras fichas nessa idéia e não nosarrependemos porque asinformações que a gente co-lheu desses bairros foram re-almente muito boas.” O con-sultor explica que foi consta-tada a existência de “vazioseconômicos” que poderiam seraproveitados.

A instituição apostou nodesenvolvimento dessas

A localização também aparececomo o fator mais importantepara o segmento de padariasna Vila Brasil, citado por50,67% dos entrevistados. Apadaria também é a mais cita-da, por 27% das pessoaspesquisadas, como sendo o queeles mais sentem falta naregião.

Esta carência pode não serapenas de estabelecimentos emsi. O bairro pode até possuiruma padaria, mas ao apontar

microrregiões, cuja tradiçãoempreendedora era pequena,visando à transformação parao bem-estar dessas comuni-dades. Uma parcela desta ini-ciativa pode ser vista no CD-Rom “Negócios em Londrina”,disponível para os interessa-dos na Associação Comercial eIndustrial de Londrina (ACIL).O trabalho em multimídia éfruto de parceria entre Sebrae,ACIL e Codel e contém, entreoutras coisas, uma série depesquisas sobre algumasmicrorregiões de Londrina.

Nessas pesquisas é possí-vel obter informações sobreconsumo e oportunidades nosdistritos e bairros de Londri-na, pesquisa de carências nasregiões da Cidade, perfil doconsumidor do centro da cida-de, potencial de consumo porclasse social e ramos de ativi-dade. Numa delas pôde-se afe-rir, por exemplo, que 47,77%dos entrevistados na Vila Bra-sil gastam entreR$ 200,00 e R$ 400,00 pormês em supermercado, sendoque 62,35% deles escolhem omercado pela sua localização.

esse item na pesquisa osconsumidores podem estarinsatisfeitos com o atendi-mento, preço, qualidade, lo-calização, em suma, qualqueroutro compostomercadológico.

A Vila Brasil é um casoemblemático do perfil das re-giões pesquisadas peloSebrae. Um número signifi-cativo dos entrevistados dobairro respondeu que nãoestá empregado atualmente.Por sua vez, a Vila Casoniregistrou quase 38% dos en-trevistados como não possui-dor de emprego. Na VilaRecreio, 39% dos entrevista-dos assinalaram esta opção eno Conjunto Vivi Xavier,40,74% dos entrevistados es-tão desempregados. Na VilaBrasil esse número pula para49%. São números muito su-periores aos do índice de de-semprego no País, que no anopassado fechou em 9,6%, me-nor nível de desemprego dosúltimos três anos.

Como a carência de umbairro pode se reverter emlucro para uma empresa?.Essa pergunta geralmentevem à tona quando se diz queos bairros menos desenvolvi-dos economicamente sãoótimas oportunidades de ne-gócio. Franzim afirma que aspesquisas divulgadas podemresultar em inúmeras con-clusões diferentes, dependen-do dos olhos de quem asanalisa, ou seja, cada pessoatem um filtro.

Analisando tudo isso épossível dizer que existemvárias oportunidades de ne-gócios em Londrina, muitasdelas inovadoras, outras demelhoria. Muitas atividadesque existem atualmente nes-sas localidades pesquisadasjá existiam, mas não atendi-am às expectativas de seu

Estudos revelam a existência devárias oportunidades de negócios

em Londrina, muitas delasinovadoras, outras de melhoria

Joel Franzim Júnior, coordenador das pesquisas:objetivo é sensibilizar a população e fazer as

informações chegarem até ela

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 23

público de formasatisfatória. Com essaspesquisas um campo muitogrande se abre para que asempresas já instaladasmelhorem seus serviços. “É aquestão de sair do comodismoe buscar uma situação melhorpara o cliente, melhorar oatendimento”, diz.

Outro fator interessanteé que muitas vezes existedisponibilidade de mão-de-obra, mas as pessoas su-põem erroneamente queaquilo não é viável para setornar um negócio. Ou seja,existe conhecimento nas lo-calidades, existe condiçãopara se melhorar o que jáexiste e existem oportunida-des novas também.

Franzim afirma que oSebrae quer sensibilizar apopulação e fazer com que ainformação chegue a ela. Opróprio CD-Rom divulgandoa pesquisa foi uma forma dese fazer isso e o apoio daimprensa tem feito com queas pessoas atentem para apesquisa. “O que a gente estáquerendo fazer esse ano ésensibilizar, estudar uma for-ma para que a informaçãochegue à pessoa que possa defato fazer as mudanças ne-cessárias para que o bairromelhore”, acrescenta.

Mas é bom ressaltar queas pesquisas apresentadasno CD-Rom são mais genéri-cas e abrangentes, portantoo Sebrae recomenda a qual-quer pessoa que venha a pen-sar em montar uma ativida-de ou até melhorar o que jáexiste que entre em contatocom a instituição. Lá os con-sultores podem realizar umaanálise de viabilidade econô-mica e financeira, sendo pos-sível buscar informaçõesmais refinadas sobre aquelaatividade, sobre o negócioque a pessoa está pensandoem implantar, para que elapossa minimizar o risco eevitar a realização de inves-timentos por impulso. Pro-curar o máximo de informa-ções possíveis é o mínimoque o empreendedor devefazer e, mesmo assim, quan-do se entra no negócio podeser surpreendido por algumitem que desconhecia. Parasuprir isso, existem institui-ções que podem estar auxili-ando a buscar informações euma delas é o próprio Sebrae.

Se as pessoas das comu-nidades pesquisadas quise-rem que os consultores doSebrae expliquem os dadoscolhidos na pesquisa é só

Distritos criam novosnegócios coletivos

O Sebrae realizou pes-quisas em todos os distri-tos de Londrina, com exce-ção da Warta, porque, se-gundo Franzim, é nítido quea Warta já apresenta umadinâmica econômica umpouco mais acentuada doque os demais. Pode-sedizer que quatro deles apre-sentaram uma velocidadeum pouco maior na implan-tação e no aproveitamentodo levantamento que foifeito. Guaravera, por exem-plo, continua com um gru-po de lideranças comuni-tárias trabalhando em prolda comunidade.

Lá foi implantada umafeira noturna que está fun-cionando desde dezembrodo ano passado. São 12barracas e cada uma delasé administrada por umafamília. Numa localidadeque possui 5 mil habitan-tes, a falta de empregos ébastante acentuada. Logo,a feira representa um in-cremento significativo derecursos girando dentro dacomunidade.

Inicialmente o grupo dacomunidade se reunia qua-tro vezes por mês para dis-cutir os dados da pesquisa.O estudo apontou que amaior necessidade emGuaravera era de um res-taurante e, inicialmente, adiscussão caminhou paraesse lado. Mas montar umrestaurante exige muitocapital e o grupo não tinhaesse dinheiro. A solução en-contrada foi montar umaFeira da Lua, mais econô-mica e de fácil execução. Osucesso foi tanto que hojeexiste até fila de interessa-dos querendo entrar nafeira, mas como o grupoinicial teme que a entradade um novo membro possaprejudicar os negócios dasbarracas já existentes,colocou-se critérios paraque não houvesse conflito.

Foi estabelecida umataxa de adesão ao grupo,de 40% do salário mínimo,e o interessado precisacomercializar algo que nãoesteja sendo oferecido pe-los demais. Com essasmedidas, o acesso de pes-soas novas ficou mais res-trito. O borracheiro Mar-cos Geraldo dos Santos,

morador de Guaravera há14 anos, trabalha em tem-po integral em seu próprionegócio, mas sentia a ne-cessidade de aumentarseus ganhos. Ele foi umdos fundadores do grupo ehoje possui uma barracana Feira da Lua, na qualvende aquários, peixes or-namentais, frango, pizza ebebidas.

O distrito de Guaravera,que era famoso pela Feirada Uva, se viu perdido de-pois que o cultivo da uvadiminuiu e o grande eventoda cidade morreu. O grupode trabalho da comunidadeimaginou que poderia criaruma feira que pudesse to-mar o lugar da festa, embo-ra a Festa da Uva tivesseuma dimensão muito mai-or. O grupo enfrentou odesafio e foi procurar asbarracas na prefeitura. ASecretaria de Cultura em-prestou as barracas com acondição de que os morado-res de Guaravera pagassem180 reais de frete parabuscar e levar as barracas.O segundo passo foi pedirum apoio da vinícola paraajudar a confeccionar oscartazes. Conseguiram issotambém.

Hoje a Feira da Lua é

uma atração da região quemobiliza mais de 1,5 milpessoas por fim-de-sema-na e cada barraca faturaem média R$ 200,00 a R$300,00 por fim-de-semana,o que representa muito parapessoas que até poucotempo atrás sofriam parapagar as contas. Virou umponto em que é possívelcomprar artesanato, flores,flores de plástico, vasos,guardanapos, roupas fei-tas de crochê, bordados,paliteiros feitos de latas dealumínio, mini-pizzas, sal-gadinhos, espetinho decarne frito ou assado nagrelha, porção de carne, lin-güiça ou mussarela, espe-to de peixe (de carpa),yakissoba e também asa defrango recheada compresunto e mussarela.

Dentre as atrações jáexistentes está a animaçãocom som profissionalexecutando diversos ritmoscomo o axé, sertanejo, forróe rock. Também é possívelmandar um correioelegante, e para as crian-ças existe passeio a cavaloe brinquedos.

O retorno tem sido tãobom que os integrantes dafeira já estão estudandocomprar a própria barraca.

As pessoas que aparecempara dançar, brincar e sedivertir acabam por movi-mentar também os baresno entorno da feira. Isso fezcom que o distrito se movi-mentasse e atraíssepessoas de outros lugarestambém.

Inspirado no sucesso daFeira da Lua, Guaraveratambém está gerando maisdois grupos novos. Sãogrupos de costureiras quepossuem equipamentos,têm capacitação, mas queatualmente trabalham iso-ladas. Simone Yumi Todapossui uma loja de confec-ções em Guaravera comuma sócia e participou deduas reuniões em que fo-ram ensinados controlesfinanceiros e de estoque.Ela diz que esses controlesajudaram bastante a equi-librar as contas da empre-sa. Ela também mudou oseu atendimento, diversi-ficou mais os produtos,mudou o foco de seupúblico-alvo que antes eravoltado somente para osadolescentes e hoje estápossui roupas infantis ede senhoras. Com tudo issoconseguiu atrair mais cli-entes e está satisfeita como retorno obtido.

Em Irerê, o trabalho ba-seado nas pesquisas estácaminhando para uma im-plantação de uma feira, eno Espírito Santo existe umgrupo, a Colônia Coroados.A comunidade toda doEspírito Santo criou umgrupo de artesanato base-ado no levantamento quefoi feito. A forte influênciada colônia nipônica possi-bilitou que eles produzis-sem móveis e artesanatoem bambu.

O grupo acabou de pas-sar por uma capacitação eagora está se aperfeiçoan-do. Eles conseguiram,através desse trabalho,melhorar o trevo e a en-trada do patrimônio, comidentificação visual pró-pria. Tudo isso graças àorganização social desen-volvida em prol do turis-mo.

(Vitor Ogawa)

Marcos Geraldo dos Santos,borracheiro e dono de barraca naFeira da Lua: nova fonte de renda

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INTEGRAÇÃO

Arapongas apostou na movelaria.

E acertouProliferação de marcenarias,

na década de 1960, levou o municípioa investir num parque industrial que

viria a ser o embrião do pólo moveleiroque é hoje o maior do Estado e o

segundo do País

Indústria moveleira representou64,75% do PIB do município em 2004e responde por 8,7% do faturamento

total do setor no País. Fábricasgeram 7,5 mil empregos diretos

Fábio CavazottiEspecial para o Jornal da ACIL

Predomínio da atividade ruralfoi o fator característico daeconomia de Arapongas no iníciode sua colonização. Fundada em1935 pela Companhia de TerrasNorte do Paraná, a exemplo damaior parte dos municípios doNorte do Paraná, Arapongas re-produziu o ciclo econômico regio-nal até o início da década de 1960,quando começou a diversificar as

atividades produtivas.Os primeiros impulsos de in-

dustrialização se deram no setor deprocessamento dos produtosprimários: empresas alimentícias ede couro, nas décadas de 1960 e1970. O grande salto, no entanto,que se transformou na marca ca-racterística da economia deArapongas, ocorreu com osurgimento da indústria moveleira.De acordo com o secretário degoverno e futuro se

Fábrica de móveis: eixo econômico de Arapongas

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CNPJ Nº 05.582.619/0001-75DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PROCEDIDAS EM 30/04/2005

BALANCETE PATRIMONIAL30/04/2005 30/04/2005

R$ R$ATIVO CIRCULANTE ........................................... 27.679.672,98 PASSIVO CIRCULANTE ................................... 21.384.686,72DISPONIBILIDADES ............................................. 12.297.619,51 DEPOSITOS ..................................................... 20.697.792,11TÍTULOS E VAL.MOBILIAR. ......................................... 41.267,48 Depositos à vista .............................................. 4.975.813,39Títulos de Renda Fixa ............................................................... - Depositos à prazo .......................................... 15.721.978,72Títulos de Renda Variável ........................................ 41.267,48 RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS ........................................... -OPERAÇÕES DE CRÉDITO .................................. 15.005.901,29 Cheques e outros papeis recebidos ................................. -Operações de Créd.Setor Priv. ....................... 15.203.119,03 RELAÇÕES INTERDEPENDENCIAS ........................... 2.581,73(-)Prov. P/Operações de Crédito ......................... 197.217,74 Recursos em Transito de terceiros ........................ 2.581,73OUTROS CRÉDITOS .................................................. 281.937,10 OUTRAS OBRIGAÇÕES ....................................... 684.312,88Rendas a Receber ................................................. 211.485,67 Cobrança e Arrec.de Trib. E Assemelhados .......... 110,12Diversos ...................................................................... 70.451,43 Sociais e Estatutárias ............................................ 69.480,48OUTROS VALORES E BENS ......................................... 52.947,60 Fiscais e Previdenciárias .................................... 207.866,79Despesas Antecipadas ............................................ 52.947,60 Diversas ................................................................ 406.855,49PERMANENTE ........................................................ 1.225.670,32 PATRIMÔNIO LÍQUIDO .................................... 7.520.656,58INVESTIMENTOS ....................................................... 611.274,08 Capital de Domic. No País ............................. 6.550.195,81Ações e Cotas ........................................................ 611.274,08 Reservas de Lucros ............................................. 341.791,60IMOBILIZADO DE USO ............................................. 362.659,09 Sobras ou Perdas Acum. No Período ............... 628.669,17Instalações, Moveis e Equip. ................................. 170.984,04 COMPENSAÇÃO ........................................... 79.135.503,22Outras Imob. De Uso .............................................. 256.814,99 Custódia de Valores ........................................ 4.932.876,10(-) depreciações Acum. .......................................... 65.139,94 Controle .......................................................... 58.999.508,09DIFERIDO .................................................................. 251.737,15 Classificações de Cart. De Créditos ........... 15.203.119,03Gastos de Org. Expansão ..................................... 311.645,11(-)Amortizações Acum. ........................................... 59.907,96COMPENSAÇÃO ................................................ 79.135.503,22Custódia de Valore ............................................. 4.932.876,10Controle ............................................................. 58.999.508,09Classificação da cart. de Créditos ................. 15.203.119,03TOTAL DO ATIVO .............................................. 108.040.846,52 TOTAL DO PASSIVO ..................................... 108.040.846,52

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO EM 30/04/2005DESCRIÇÃO 30/04/2005

R$10. RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA 1.932.218,34Operações de Crédito ..................................................................................................................................................... 1.930.490,19Resultado de Operações com. Tít.e Valores Mobiliários. .................................................................................................... 1.728,1515. DESPESAS DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA .......................................................................................................... (1.004.971,95)Operações de Captação no Mercado ......................................................................................................................... (872.535,41)Provisão para Operações de Crédito Líquid. Duvidosa ............................................................................................... (132.436,54)20. RESULTADO BRUTO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA (10-15) ................................................................................. 927.246,3950. OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONAIS ........................................................................................................... (297.668,70)Receitas de Prestação de Serviços ................................................................................................................................... 159.487,05Despesas de Pessoal .......................................................................................................................................................... (448.054,69)Outras Despesas Administrativas ..................................................................................................................................... (616.749,88)Despesas Tributárias ............................................................................................................................................................. (43.398,74)Outras Receitas Operacionais ........................................................................................................................................... 745.038,40Outras Despesas Operacionais .......................................................................................................................................... (93.990,84)60.RESULTADO OPERACIONAL (20+50) .............................................................................................................................. 629.577,6965. RESULTADO NÃO OPERACIONAL ............................................................................................................................................. 1,9875. RESULTADO ANT.TRIB. LUCRO E PART. (60+65) .............................................................................................................. 629.579,6780. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ............................................................................................................... (910,50)85. PARTICIP.ESTATURÁRIAS NO LUCRO ............................................................................................................................................... -90. SOBRAS OU PERDAS (75-80-85) ..................................................................................................................................... 628.669,17

NOTAS EXPLICATIVAS - 30.04.2005NOTA 01 - APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

a) Estão sendo apresentadas de acordo com a Legislação específica do Sistema Cooperativo e preceitos do PlanoContábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF.

NOTA 02 - OUTROS CRÉDITOS O saldo de R$-70.451,43- classificado no Ativo Circulante como Diversos, grupo Outros Créditos está assim composto:

Conta SaldoAdiantamentos e Antecipações Salariais .................................................................. 7.242,27Adiantamentos por conta Imobilizações ................................................................. 21.700,00Títulos e Créditos a receber ........................................................................................... 9.936,14Valores em Compensação ......................................................................................... 21.319,40Adiantamentos p/pagamentos n/conta ................................................................. 10.253,62TOTAL ........................................................................................................................... 70.451,43

NOTA 03 - PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS

a) Apuração do Resultado: As Receitas e Despesas são apropriadas mensalmente, pelo regime de competência.b) Operações Ativas e Passivas: As operações Ativas e Passivas com encargos pré e pós-fixados são registradas pelo valor principal, com acréscimodos respectivos encargos incorridos inclusive atualização monetária observada a periodicidade da capitalizaçãocontratual. c) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa:

A provisão para créditos de liquidação duvidosa teve seu método de constituição modificado em função daResolução 2682 de 21.12.1999, com efeitos a partir de 01.03.2000, sendo que cada devedor terá uma classificação específicaem função do risco ou não, bem como em função do efeito atraso a partir de 15 dias, estando a carteira deempréstimos assim classificada em 30.04.2005:

Classificações Normal Vencida TotalOperações Nível AA 89.039,89 - 89.039,89Operações Nível A 14.745.201,15 1.564,64 14.746.765,79Operações Nível B 12.589,21 12.458,78 25.047,99Operações Nível C 103.749,54 19.919,33 123.668,87Operações Nível D 60.736,40 28.081,06 88.817,46Operações Nível E 2.208,99 23.054,21 25.263,20Operações Nível F 460,75 326,65 787,40Operações Nível G 2.790,24 745,18 3.535,42Operações Nível H 53.988,95 46.204,06 100.193,01Totais 15.070.765,12 132.353,91 15.203.119,03

d) Efeitos Inflacionários: Não efetuada a Correção Monetária dos valores que compõem o Ativo Permanente e Patrimônio Líquido, emobediência a Lei 9249 de 26.12.95, art. 4º, a que veda a tal providência no âmbito das demonstrações financeiras.e) Investimentos: Estão demonstrados ao custo de aquisição, deduzido, conforme o caso, das provisões para Perdas.f) Imobilizado: Demonstrado pelo custo de aquisição. As depreciações são calculadas pelo método linear com base em taxasdeterminadas pelo prazo de vida útil estimado:

*Instalações, móveis e equipamentos de uso 10% a . A *Sistema de transportes e equipamentos Proc. Dados 20% a . A *Bens imóveis sujeitos à depreciação 4% a . A

NOTAS 04 - OUTRAS OBRIGAÇÕES DIVERSASO Saldo de R$-406.855,49- classificado no Passivo Circulante como Diversos, grupo Outras Obrigações está assimcomposto:

Conta SaldoCheques Administrativos .............................................................................................. 14.960,87Fornecedores .................................................................................................................. 40.091,08Provisão para pagamento de pessoal ..................................................................... 92.485,41Outras Despesas Administrativas .............................................................................. 120.069,02Crédores Diversos .......................................................................................................... 12.959,84Cheques descontados ............................................................................................... 126.289,27

COOP. DE ECO. E CRÉDITO MÚTUO DOS COM. DECONF.

DO NORTE DO PARANA - SICOOB NORTEPARANA

FRANCISCO ONTIVERODiretor PresidenteCPF.115.577.969-04

RAFAEL DE GIOVANI NETTODiretor Vice-PresidenteCPF. 486.511.508-06

ANTONIO LUIZ BARÃOCONTADORCPF.408.585.539-53CRC-PR. 026.496/O-3

cretário de Indústria e Comércio deArapongas, Luiz Pontes, Arapongas éhoje o segundo maior pólo moveleiro doPaís e o primeiro do Paraná.

O próximo passo do segmento parafortalecer sua posição deve ser o inves-timento para aumentar as vendas aomercado externo. A diversificação dosmodelos para produção de móveisdirecionados à classe B também se apre-senta como um dos objetivos do setor.Atualmente, o perfil dos compradores écomposto predominantemente pelasclasses C e D.

“Temos informações de que 95% dosmóveis produzidos em Arapongas sãocomercializados no mercado nacional, eapenas 5% para o mercado externo,notadamente para o Canadá, Europa,Ásia e África. Esse é um gargalopreocupante: precisamos conquistar omercado externo”, diz o secretário.

Em paralelo à industrialização, aatividade rural também se desenvolveuao longo da história de Arapongas. Le-vantamento da Secretaria de Estado doDesenvolvimento Urbano (Sedu), indi-ca que, além das indústrias de couro,alimentos e móveis, destacam-se em

giu, empresarialmente, a partir dos anos1960. Naquela década, a Prefeitura,percebendo a proliferação de marcena-rias de fundo de quintal, criou o primei-ro parque industrial e fez a doação detrês terrenos para empreendedores lo-cais.

Desta forma, Arapongas levou à cri-ação das primeiras indústrias de mó-veis. A atividade evoluiu e na década de1970 os empresários criaram a Associ-ação dos Moveleiros de Arapongas, en-tidade que nos anos 1980 se transfor-mou no Sindicato das Indústrias deMóveis de Arapongas (Sima). O Sindi-cato congrega hoje 60 associados nomunicípio e 145 no eixo Londrina-Maringá, sua base de atuação.

A importância da indústria moveleirapara a economia local pode ser medidaem números: em 2004, R$ 812 milhões,o que representa 64,75% do ProdutoInterno Bruto (PIB); gera 7.500 empre-gos diretos. O setor também é respon-sável pela realização do maior eventoeconômico bianual do Norte do Estado,a Feira de Móveis do Paraná (Movelpar).

O pólo moveleiro de Arapongas res-ponde por 8,7% do faturamento total do

Arapongas as unidades da indústriaquímica.

O setor primário ainda ocupa espa-ço importante na economia local e res-ponde por aproximadamente 10% doProduto Interno Bruto (PIB), estimadoem US$ 168,5 milhões.

“Nossos principais produtos são osgrãos – principalmente soja e milho –,avicultura e suinocultura. Mas os da-dos econômicos estão defasados. OIpardes (Instituto Paranaense de De-senvolvimento Econômico) está reali-zando novos levantamentos.”

Com 85.415 habitantes, sendo 3.638na zona rural, Arapongas é o tema daquinta reportagem espe-cial sobre os municípios norte-paranaenses, parte de uma série inici-ada em janeiro pelo Jornal da ACIL. Empauta, o perfil econômico e a integraçãoregional. Nas edições anteriores, foramabordados os municípios de Maringá,Paiçandu, Sarandi, Marialva,Mandaguari, Jandaia do Sul, Cambira,Apucarana. Nos próximos meses serãofocados Rolândia, Cambé, Ibiporã e Lon-drina.

O setor que funciona como carro-chefe da economia de Arapongas sur-

setor de móveis no País, de acordo comdados do Sima. Para sediar a Movelpar,o empresariado de Arapongas se uniupara construir o Pavilhão InternacionalExpoara, localizado às margens da BR-376, a menos de 40 km de Londrina.

A Movelpar/2005, que ocorreu emfevereiro, teve 180 expositores e 25 milvisitantes. Balanço oficial apurado apóso evento indica que o faturamento che-gou à casa de R$ 250 milhões.

“A organização já iniciou os prepa-rativos para a próxima feira, que acon-tece em 2007. Queremos que o eventosupere todos os seus números, garan-tindo a superação e o sucesso mais umavez”, disse o coordenador da Movelpar,Rubens Ortiz. Em 2007 a feira estarácompletando dez anos de existência.

Além da Movelpar, o PavilhãoExpoara sedia a Feira Internacional daQualidade em Máquinas, Matérias Pri-mas e Assessórios para IndústriaMoveleira (FIQ) e outros eventos demédio e grande portes.

População .................................................................................................... 85.415PIB ............................................................................................... US$ 168,5 milhõesPIB per capita .......................................................................................... US$ 2.453População economicamente ativa ................................................ 35.209 hab.

Fonte: IBGE e Sedu

Pólo Moveleiro de Arapongas

Empresas ............................................................................................ 60 unidadesEmpregos diretos ............................................................................................ 7.430Empregos indiretos ......................................................................................... 2.100Participação no PIB municipal ................................................................. 64,75%Faturamento .................................................................................. R$ 812 milhões

Fonte: Sima/2004

OS NÚMEROS DO MUNICÍPIO

Page 27: Jornal da Acil

JORNAL DA ACIL/Maio 200528

Modelo para o PaísLC&VB é referência brasileira de Conventionestabelecido no interior; entidade é a maior

do Paraná em número de associadosIncentivar o turismo de eventos,

trabalhar na captação de eventos epromover a Cidade em todo o Brasil.Trabalhando intensamente com essafilosofia, o Londrina Convention &Visitors Bureau (LC&VB) se tornou umareferência em todo o Brasil. Constante-mente, a entidade local tem sido solicita-da para auxiliar na estruturação deConventions de outras cidades. Alémdisso, no final do ano passado, aEmbratur e o próprio mercado de turis-mo declararam que o LC&VB é um dosConventions modelo do interior do País.

A “consultoria” já foi prestada para afundação do Convention Bureau deCampo Grande (MS) e na elaboraçãodo estatuto do Convention de PontaGrossa. A introdução das rodadasde negócios – que liga empresas-âncora e prestadores de serviços –também tem chamado a atenção.Conventions de todo o País têmconsultado a entidade local sobre arealização e o planejamento dessasrodadas.

Atualmente o LC&VB é o maiordo Paraná em número de associa-dos: são 92 ao todo. Nesse quesito,Londrina supera cidades tradicio-nalmente turísticas como Foz doIguaçu e Curitiba. A meta agora éatingir 150 filiados até o final dopróximo ano. “Isso mostra que osempresários locais e regionais apói-am nosso trabalho e estão se filiandopor causa dos bons resultados al-cançados”, avalia Maitê Ulhmann,diretora-executiva do LC&VB. Alémde trabalhar para divulgar o poten-cial da Cidade, o LC&VB tambémmostra as qualidades regionais e,inclusive, já conta com associadosde Cambé, Arapongas e CornélioProcópio.

Em abril, por iniciativa doConvention de Londrina, foi funda-da a Federação dos Conventions doParaná. A federação terá um assen-to no Conselho Estadual de Turismo e,com isso, poderá garantir mais demo-craticamente a distribuição de verbastambém para o interior. Até então, osrecursos eram destinados apenas paraCuritiba e Foz do Iguaçu, cidades consi-deradas turísticas no Estado. Cincomunicípios paranaenses têmConventions estabelecidos (Curitiba, Fozdo Iguaçu, Maringá, Londrina e PontaGrossa) e todos fazem parte da federação.

TURISMO CULTURAL – Teve inícioneste mês o trabalho de divulgação doturismo cultural na Cidade. “Londrinanão tem atrativos naturais como cacho-

eiras ou praias, mas temos vários eventosculturais que podem atrair muitosvisitantes”, diz Maitê. A partir dos várioseventos realizados em Londrina –Londrina Matsuri, Mostra de Decoraçãoe Interiores, Filo, Festival de Dança eLondrina Jazz Festival –, foi montado umfolder que mostra também aspotencialidades da Cidade. O trabalho jáfoi apresentado em Curitiba neste mês e,em junho, será divulgado no Salão doTurismo, em São Paulo. “É um projetopioneiro, que vai seguir continuamente”,afirma.

Além disso, por incentivo do LC&VB

foi ampliada a estrutura para o turismode eventos da Cidade. O Centro de Eventosde Londrina construiu 4 novas salas e,agora, tem capacidade para abrigar 2,7mil pessoas. A entidade também auxiliouo Catuaí Shopping na elaboração de umbusiness plan para a estruturação doseu Centro de Eventos. Segundo asuperintendência do shopping, o resul-tado deste projeto deverá ser conhecidoaté o final deste mês.

O Convention também estámonitorando a Varig, uma vez que aempresa deixou de operar e Londrina noinício deste mês. A empresa alegou falta

de equipamentos para encerrar seusserviços, mas o LC&VB acredita que essadecisão foi tomada aleatoriamente, sema realização de um estudo de mercado.“Foi montada uma comitiva comentidades e fizemos uma reunião com osdiretores da Varig, mostrando os dadosde Londrina”, informa a diretora-execu-tiva do Convention.

Em parceria com a CMTU, Codel eAbav também está em estudo uma lei dequalificação para taxistas. O LC&VB,inclusive, já enviou à Companhia Muni-cipal de Trânsito uma cópia da lei deCuritiba, onde essa reciclagem é obriga-

tória desde a década de 1970.“Estamos estudando a melhor ma-neira de tornar regular essa qualifi-cação. Afinal, os taxistas são o cartãode visitas da cidade”, argumentaMaitê.

O turismo de eventos pode inje-tar quase R$ 20 milhões na econo-mia local até 2007. Os dados sãopreliminares e envolvem a realiza-ção de 19 eventos. Atualmente, oLondrina Convention & VisitorsBureau está realizando estudos paraapresentar aos organizadores a can-didatura de Londrina para sediaresses eventos. Com todos estes even-tos, a Cidade vai receber a visita de67 mil pessoas. Todos esses núme-ros devem trazer ao comércio localum impacto superior a R$1.270.000,00.

A captação de eventos é bastan-te trabalhosa porque envolve estu-dos, pesquisas e planejamento. Pri-meiramente, tem que ser feito umtrabalho de sensibilização dos pro-motores. Depois disso, é marcadauma assembléia para apresentaçãoda candidatura oficial da Cidade.Nesta ocasião, o LC&VB já apresentaos realizadores locais, apoios, localde realização e ainda indicapotenciais patrocinadores e osfomentadores de pesquisa.

Também é apresentado o comitêgestor local e sugerido um formatopara o evento, os temas que podemser discutidos em palestras, confe-rências e debates, a programação eaté o seu orçamento. Ainda há umaargumentação das qualidades da Ci-dade e região como localização geo-gráfica privilegiada, estrutura deequipamentos e hotelaria adequada,Cidade barata com relação ao mix deserviços necessários para o evento,presença de cinco universidades eoito faculdades o que garante umaboa concentração de público acadê-

O LC&VB EM NÚMEROS

Número de associados: 92

Arrecadação (abril): R$ 11.122,53

Orçamentos gerados para sócios: + de 80

Calendário de Eventosda Cidade: 208 (até 17/05/05)

Eventos captados: 04

Eventos em prospecção: 19

Eventos apoiados: 21

OS NÚMEROS ATÉ MAIO...

Eventos trabalhados entrecaptação e apoio: 19 (até junho 2006)

Número de visitantes: 67.150 pessoas

Somatória dos orçamentos: R$ 7.150.000,00

Previsão do gasto por visitante: R$ 12.726.000,00

Previsão de impacto no comércio: R$ 1.272.600,00

mico, locais de demonstração de campo,entre outros itens.

No final deste mês, o LC&VB apresenta-rá uma candidatura em assembléia com ospromotores do Zootec. Essa reunião serárealizada em Campo Grande (MS). Esseevento, se captado, será realizado em 2007e a previsão é que mais de mil pessoasparticipem. Em julho, há outra candidatu-ra agendada com os promotores do XXXVIConbea (Congresso Brasileiro de Engenha-ria Agrícola). O evento poderá ser realizadoem julho de 2006 ou 2007 e teria comorealizadores locais Embrapa Soja, Iapar eUEL. Neste caso, é esperada a participaçãode 1,2 mil pessoas.

NÚMEROS – Desde 2003, o LC&VBestá registrando um aumento em seunúmero de associados. Naquele ano eram47; atualmente são 92. Ainda em 2003foram realizados 168 eventos no total;para este ano já estão no calendário doórgão 208. “Até o final de 2006 espera-mos contar com 150 associados. Preten-demos ainda mais intensificar o apoio ea captação de eventos para a cidade”,afirma Maitê Ulhmann, do LC&VB.

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JORNAL DA ACIL/Maio 2005 29

Jota OliveiraEspecial para o Jornal da ACIL

CRÔNICACRÔNICACRÔNICACRÔNICACRÔNICA

Anúncios de jornal

Lembro-me de (outras) lojas famosas eanunciantes, daquela e de outras épocas: Móveis

Cimo, Motosima, Casas Buri, Mayrinck Góes,Casas Fuganti, Mesbla, Lord, Lojas D’Andrea ...

Algum marqueteiro ou publicitáriodeve saber a longevidade e o alcance deum anúncio de jornal. Eu não sei estimarisso e, como jornalista, tenho certa anti-patia por anúncio, que muitas vezesaparece quando você fechou aquela belapágina, com matéria importante, que aca-ba mutilada ou suprimida pelo apareci-mento de um anúncio de última hora. Seique a propaganda é indispensável paraa sobrevivência de um jornal eclético,independente, mas é doloroso perderuma matéria que deu tanto trabalho,para um anúncio que já vem pronto daAgência de Publicidade.

A “guerra” entre Redação e Comercialnunca vai acabar. É fenômeno mundial –do Pólo Norte às dunas do Saara, ondehouver um jornalista, haverá um “conta-to” (vendedor de anúncios) e a ojerizaentre eles. Esta é coisa natural, comoágua e azeite, que não se misturam. Mas,admito, o diacho do anúncio é importantetambém até como distração... e cultura.Que o diga quem já sentou numa privadade posto de gasolina ou de um boteco debeira de estrada e viu, na sua frente,jornais velhos rasgados, para seremusados como papel nada higiênico. Elese distrairá, vendo empresas, produtos eanúncios antigos, o que também é cultu-ra, junto com informações que vai terdaquela época.

No “sanitário” de um posto de com-bustíveis, no Bairro dos França, eu vi, háanos, em pedaços da Folha de Londrina,anúncios de imobiliárias que vendiamterras no Paraná e no Oeste e Norte doPaís, além de propagandas de outrasgrandes empresas que, nos anos 60, játinham desaparecido. Outras desapare-ceram mais recentemente, porque fecha-ram ou porque foram absorvidas porempresas maiores. Lendo minha coleçãode “Realidade”, uma das melhores revis-tas já feitas no Brasil, vi anúncios decarros, brilhando de novos e que não sevêem mais. Vi até anúncio dos famosos“biribas”, que formavam a maior frota decarros de aluguel de Londrina.

Tinha ali muitas outras obras da in-dústria mundial e nacional. Não sei

mandioca de dois metros e meio, expostanuma livraria de Rolândia. Pena que, naépoca, as fotografias e os textos-legen-das não eram assinados. Não dá prasaber quem fotografou e quem escreveu.Acima estava a foto de um seguidor doparanormal Uri Gueller. O imitador de Urifazia um truque na Redação do jornal:rasgou em duas uma nota de 500 cruzei-ros, pediu a um repórter para segurar ametade, fez um “passe” sobre a mão dorepórter e, quando o jornalista abriu amão, a nota estava inteira!

Em quatro colunas do rodapé, ladodireito, um anúncio de Casas Blanc, co-municando mudança de endereço, para aRua Duque de Caxias, 582. Lembro-mede outras lojas famosas e anunciantes,daquela e de outras épocas: Móveis Cimo,Motosima, Casas Buri, Mayrinck Góes(uma loja vendia linha branca; outra,veículos Ford), Casas Fuganti, Mesbla,Lord – “A Loja”, como anunciava AroldoRomano na televisão; Lojas D’Andrea;Franz, Hotel Bourbon, Hotel São Jorge,que fechou como Sahão Palace Hotel;Restaurante Lodi, Bar e RestauranteCaloni e dezenas de outros estabeleci-mentos grandes e pequenos. Então,lembrei-me de que de-sapareceram o Bar Líder, que durantemais de quarenta anos nunca fechou asportas; churrascarias Campo Grande eGaúcha...

Existia aqui, na esquina das ruasDuque de Caxias e Sergipe (ou seriamais embaixo?), a “Panela de Pressão”,de grandes carnavais; na Vila Nova, aArol, o chamado “Clube dos Pretos”, quetambém promovia grandes bailes. O maisque falado Salão de Chá Fuganti, fre-qüentado principalmente pelos que oscomunistas chamariam de burgueses.Mas os desaparecimentos que mais sur-preenderam foram das lojas Fuganti eHermes Macedo – esta um fenômenonacional, que chegara a ser a maior redede lojas de departamentos do País.

Todos esses nomes estão ali,empoeirados, nos arquivos da cidade, emtodos os jornais que já existiram e existemem Londrina. Devido à modernização dossanitários - até dos postos de gasolina debeira de estrada e um dia, quem sabe?,das estações rodoviárias - você provavel-mente não lerá este escrito em uma priva-da do interior do Paraná; nem sob umcafeeiro e muito menos num bosque nabeira da estrada – porque, como as gran-des lojas, hoje mortas, e antigos anúnci-os e notícias de jornal, cafeeiros e bosquespoderão ser, em breve, apenas uma lem-brança preservada em fotografias demuseu. Mas o jornal, apesar da onda dewebjornalismo, não desaparecerá. Atéporque ninguém leva o computador parao banheiro de um posto de gasolina, parauma moita na beira da estrada. Ou seráque leva?...

Jota Oliveira é jornalista em Londrina

quantos anos mais durará aquela coleçãoencadernada. Nela, assim como em “Se-leções” e nos arquivos de jornais, meusfilhos puderam saber o que acontecia nomundo, quando nasceram. Nos arquivosde jornais, souberam o que acontecia demais importante em Londrina, no Paranáe no Brasil.

Viram os modelos, agora há muitoultrapassados, de automóveis, geladei-ras, fogões, roupas e aviões. Há equívo-cos históricos, que jornais e revistas co-metem, como a matéria principal de umagrande revista que, em março de 64,publicou na primeira página: “O País quesalvou a si mesmo”. O país era o Brasil...Oano, 1964. Bem, eu comecei falando nalongevidade dos anúncios em jornais erevistas e acabei ampliando o assuntopara as notícias. No tempo dos cafezais,predominantes no Norte do Paraná, en-contravam-se pedaços de material im-presso largados à sombra dos cafeeirosou em outros lugares onde houvesse algu-ma privacidade.

Eu ia para São Paulo, com a família eas crianças, que gritavam e brigavam nobanco de trás do Fusca. Elas sentiram

sede. Uma mina jorrava na beira da es-trada, acho que entre Bandeirantes eSanta Mariana, no lado esquerdo de quemsegue no sentido de Ourinhos. Parei e,enquanto minha esposa tomava contadas crianças, subi um barranco, até umbosque, onde nascia a água, que descia,por uma tubulação de plástico, até a bicana beira da estrada. Ajeitei-me numaposição discreta, perto de uma árvore e,bem na minha frente, vi um pedaço daFolha de S. Paulo. Eu era correspondentee, pra minha surpresa, estava lá umamatéria minha, assinada, publicada hámeses. Falava de uma escola-modelo doNorte Pioneiro, não me lembro mais onde,talvez Jacarezinho. Ou Santo Antônio daPlatina. Li, satisfeito: afinal alguém leraaquela notícia. Deixei o recorte no mesmolugar, para que o próximo usuário damoita também pudesse ler.

Agora, mexendo em meus arquivos(de vez em quando é bom tirar a poeirados arquivos), vejo de novo notícias anti-gas. Na primeira página da Folha deLondrina, edição de 10/9/79, a notíciade que morrera na véspera o sambistaNerino Silva. Ao lado, a foto de uma

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Espaço APP-Londrina é uma publicação da Associação dos Profissionais de Propaganda –Capítulo Londrina em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Londrina.Sede: Rua Minas Gerais, 297, 2o andar – Edifício Palácio do Comércio –Tel.: (43) 3329-5999.Endereço eletrônico: [email protected] e edição: Claudia Romariz - CR ComunicaçãoEditoração eletrônica: Jornal da ACILAPP-LondrinaPresidente: Spartaco Puccia FilhoVice Presidente: Carlos MacariniDiretor Financeiro: Alessandro CesárioDiretor 1º Secretário: Maria Ângela FerrazDiretor 2º Secretário: Victor GouveiaDiretor: Luiz Felipe de SouzaDiretor: Carlos Galli, Flávio Lanaro, Wagner Rodrigues, Renato Bastos Jr, Claudia RomarizMárcio Ceneviva Conselho de AdministraçãoPresidente: Spartaco Puccia Filho1º Vice-Presidente: Valduir Pagani2º Vice-Presidente: Carlos MacariniMembros: 1 - Alessandro Cesário, 2 - Maria Ângela Ferraz, 3 - Paulo Pereira Nobre, 4 - RenataManttovanni Conselho Fiscal - Titulares: 1 - Rafael Lamastra Jr, 2 - JB Faria, 3 - Nivaldo BenvenhoSuplentes: 1 - Rosana Modelli Kühnlein, 2 - Airton Soares, 3 - Edevaldo Custódio de Oliveira

ESPAÇO APP - ASSOCIAÇÃO ESPAÇO APP - ASSOCIAÇÃO ESPAÇO APP - ASSOCIAÇÃO ESPAÇO APP - ASSOCIAÇÃO ESPAÇO APP - ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE PROPAGANDADOS PROFISSIONAIS DE PROPAGANDADOS PROFISSIONAIS DE PROPAGANDADOS PROFISSIONAIS DE PROPAGANDADOS PROFISSIONAIS DE PROPAGANDA

Em 2001, o governo fe-deral decidiu criar um ór-gão de fomento, regulaçãoe fiscalização das indústri-as cinematográfica evideofonográfica. Nesteano, através de Medida Pro-visória, nasceu a Ancine -Agência Nacional do Cine-ma, uma agência indepen-dente, mas vinculada aoMinistério da Cultura des-de 2003.

Em princípio, a Ancineteria a finalidade de pro-mover a autosus-tentabilidade da indústriacinematográfica e video-fonográfica nacional nosvários elos da cadeiaprodutiva, garantindo aparticipação das obras deprodução nacional em to-dos os segmentos do mer-cado interno. E ainda, apoi-ar a capacitação de recur-sos humanos e o desenvol-vimento tecnológico do se-tor, zelando pelo respeitoao direito autoral sobreobras audiovisuais nacio-nais e estrangeiras.

Em junho de 2002, aAncine colocou em vigor asnovas regras para a produ-ção de filmes publicitáriosbrasileiros e instituiu oCondecine – Contribuiçãopara o Desenvolvimento daIndústria Cine-matrográfica Nacional(Condecine). De acordo comas novas determinações,passou a ser obrigatório oregistro da produtora dofilme na Ancine. O objetivoseria o de contribuir para odesenvolvimento daindústria cinematográfica eregulamentação da forma

Produtoras de vídeo terãoque ter registro na Ancine

Todos os vídeos veiculados em televisão e cinema, mesmo produçõesantigas, terão que ter registro da Ancine para irem ao ar. Pagamento de

taxa será necessária caso o material seja veiculado em municípioscom população superior a 1 milhão de habitantes

de produção também defilmes publicitários brasi-leiros.

Assim, a obra publicitá-ria passou a ser considera-da parte da indústriavideofonográfica, estandosujeita a uma série de obri-gações, entre elas o regis-tro do título do vt comercialpassou a ser necessáriopara sua veiculação. Semele, os veículos não pode-rão aceitar a divulgação docomercial.

TAXASSegundo as regras, a

veiculação dos vts em mu-nicípios com menos de 1milhão de habitantes estáisenta de taxas, assim comoas obras de caráterbeneficente, filantrópica ede propaganda política.Para veiculações em muni-cípios que tenham mais de1 milhão de moradores, orecolhimento deverá serfeito pela empresa produ-tora. A taxa, anual, deveser recolhida para cadasegmento de mercado emque a obra seja veiculada.Versões, adaptações,vinhetas e chamadas reali-zadas a partir da obra pu-blicitária original devem serconsideradas de forma con-junta em um só título parao pagamento da Condecine.Todas as obras, mesmo asantigas, nacionais ou es-trangeiras, deverão serregistradas na Ancine an-tes de serem exibidas, vei-culadas oucomercializadas. Quempaga é a empresa produto-ra do comercial.

retiradas de exibição casoseja constando o não paga-mento da Condecine ou ofornecimento de informa-ções incorretas.

CLAQUETEO Certificado de Regis-

tro de Título de obraaudiovisual publicitáriabrasileira e de obra publi-citária brasileira filmadano exterior se equipara aoCertificado de ProdutoBrasileiro. Na forma dodisposto na Instrução nº5 da Ancine, é obrigatórioque da claquete de identi-ficação da obra publicitá-ria constem as seguintesinformações: (I) título; (II)versão; (III) duração emsegundos; (IV) empresaprodutora; (v) agência; (VI)anunciante; (VII) produtoanunciado; (VIII) nome dodiretor; (IX) número do re-gistro do título por seg-mento de mercado; (X)

A Condecine terá vali-dade de cinco anos paraobras não publicitárias ede 12 meses para obraspublicitárias, sempre porsegmento de mercado a quese destinarem. O pagamen-to se faz através de Darf, nadata do registro do títuloou até o primeiro dia útilseguinte à sua solicitação.O não recolhimento impõeo pagamento de multa quevaria de 2 mil a 2 milhõesde reais. É bom lembrarque mesmo as obraspublicitárias isentas do pa-gamento da Condecine, es-tão obrigadas a inserir naclaquete o número doregistro na Ancine. Paraisso, o órgão exige o registroprévio de todas as empresasde produção, distribuiçãoe exibição de obras cine-matográficas ev i d e o f o n o g r á -ficas nacionais ou estran-geiras.

Os recursos arrecada-dos, segundo a Medida Pro-visória, serão direcionadosao custeio das atividadesda Ancine, ao fomento docinema e do audiovisual de-senvolvidos pelo Ministé-rio da Cultura e ao Progra-ma de Apoio ao Desenvolvi-mento do Cinema Nacional- Prodecine.

Sem o registro da em-presa, será impossível ob-ter o registro da própriaobra e efetuar o pagamentoda Condecine. As obrasvideofonográficas publici-tárias poderão ser exibidasa partir da solicitação doregistro do título junto àAncine, mas poderão ser

data de solicitação doregistro (XI) qualificaçãoda obra – brasileira, bra-sileira filmada no exterior,estrangeira adaptada ouestrangeira.

Os veículos de comuni-cação que divulgarem có-pia ou original de obra ci-nematográfica ouvideofonográfica publicitá-ria, sem que conste naclaquete de identificação onúmero do respectivo re-gistro do título, pagarãomulta correspondente atrês vezes o valor do con-trato ou da veiculação.

INFORMAÇÕES Através dosite www.ancine.gov.br sãodisponibilizados dados esta-tísticos, boletos de recolhi-mento de taxas, formulários,editais, esclarecimentos per-tinentes à legislação emvigor e notícias do setor.

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Ed Nogueira de Azevedo Jr.Especial para Jornal da ACIL

P A I N E L J U R Í D I C OP A I N E L J U R Í D I C OP A I N E L J U R Í D I C OP A I N E L J U R Í D I C OP A I N E L J U R Í D I C O

Da nova Lei das FalênciasFigura da concordata fica extinta e, em substituição, surgem as

possibilidades de recuperação extrajudicial e judicial da empresa

Um dos assuntos mais comentados noDireito atualmente é, sem dúvida, a novaLei de Falências (Lei nº 11.101, de 9 defevereiro de 2005), que surge para substi-tuir um sistema que vigorou por quase 60anos, depois de 11 anos em trâmite peranteas casas legislativas federais.

O objetivo maior do legislador foiviabilizar a recuperação de empresas emdificuldade financeira, com a manutençãode empregos, redução dos juros bancáriose maiores garantias aos credores.

Neste espaço, analisaremos de formasimples as inovações mais relevantes queserão implantadas por esta nova lei e seusreflexos na atividade empresarial.

Com a aprovação da nova lei ficaextinta a figura da concordata e, em subs-tituição, surgem as possibilidades de recu-peração extrajudicial e judicial da empre-sa.

No processo de recuperaçãoextrajudicial, apenas os credores mais re-levantes são chamados a renegociar seuscréditos, de forma a permitir que a empresase reestruture sem comprometimento dascaracterísticas, prazos e valores dos crédi-tos pertencentes aos demais credores.

O empresário em situação de insolvên-cia deverá apresentar aos seus credores,excluídos os trabalhadores e o Fisco, umaproposta de recuperação, que, se aceitapela maioria dos credores em AssembléiaGeral, será levada ao Judiciário apenaspara homologação.

Nesta ocasião, o juiz apreciará os even-tuais pedidos de impugnação formuladospor credores insatisfeitos com o acordo ecaso não sejam acatados, o acordo seráhomologado, cabendo sua gestão às partesenvolvidas.

O Poder Judiciário somente voltará a semanifestar na hipótese de descumprimentodo acordo homologado. Neste caso, as rela-ções entre devedor e credores retornarãoaos termos anteriores, podendo serrequerida a instalação de um processo derecuperação judicial ou mesmo a falência.

Esta possibilidade representa um gran-de avanço e benefício para os empresários,visto que, conforme o artigo 2º, inciso III daLei nº 7.661/1945, aquele que propusessedilatar o prazo de pagamento de suas obri-gações e pedisse remissão de seu débitopoderia ter sua Falência declarada.

A recuperação judicial é tida, por al-guns doutrinadores, como a principal alte-ração proposta pela nova lei em substitui-ção à atual concordata, espécie de moratóriasolicitada pela empresa à Justiça até queseja regularizado o pagamento das dívidas.

Isto porque, através deste processo, se-ria possível evitar a quebra de empresasconsideradas viáveis, por meio de acordoentre estas e uma comissão formada peloscredores.

Diferentemente da recuperaçãoextrajudicial mencionada no item anterior,a recuperação judicial não tem início comuma tentativa direta de acordo entre deve-dor e credores. Nesse instituto, o devedorapresenta ao Judiciário um plano de recu-peração, contendo um diagnóstico da situ-ação financeira da empresa e sua propostapara a renegociação das dívidas, inclusiveas trabalhistas e tributárias.

A proposta será então submetida a umaAssembléia Geral de Credores, que poderáaprová-la ou rejeitá-la.

Durante 180 dias ficam suspensas to-das as execuções de créditos e, nesta fase,apenas o Fisco tem o direito de executá-las.Havendo acordo, o juiz homologará o planode recuperação elaborado pela empresa;caso contrário, terá início o processo defalência. Durante esse período, a empresanão poderá aumentar gastos, despesas oucontratar empregados, exceto se houverconcordância do juiz, ouvidos os credores.

Para as micro e pequenas empresas, oprojeto estabelece que, no procedimento derecuperação judicial, os débitos existentesserão pagos em 36 (trinta e seis) meses,sendo a primeira parcela paga em 180(cento e oitenta) dias após a apresentaçãodo pedido de recuperação.

No processo de recuperaçãoextrajudicial não existe nenhuma ordemlegal de preferência para o recebimento dos

créditos. O pagamento deverá ser feito con-forme pactuado entre o devedor e seuscredores. O pagamento dos credores res-ponderá a uma nova ordem de prioridade,diversa da estabelecida pela Lei nº 7.661/1945, que concede prioridade ao pagamen-to dos créditos de natureza trabalhista efiscal.

O novo texto estabelece que os créditoscom garantia real (dívidas bancárias) pas-sam a ter prioridade no processo de falên-cia, abaixo apenas dos créditos trabalhis-tas, estes limitados ao valor equivalente a150 (cento e cinqüenta) salários mínimos.

Com isto, os bancos, principais credoresde garantia real, irão contar com a seguran-ça de poder recuperar o valor do empréstimoantes que as dívidas com o Fisco sejampagas. O governo acredita que este aumentode garantia irá refletir positivamente norisco dos empréstimos bancários e deverácausar a diminuição do spread bancário,considerado um dos mais altos do mundo.Além disso, para o pagamento das dívidas,o devedor poderá ter seus bens vendidossem a necessidade de composição do quadrogeral dos credores.

A nova lei aumenta o prazo que era de60 para 90 dias do período suspeito, tor-nando inoponíveis perante a massaliquidanda certos atos praticados pelo de-vedor que venham a prejudicar os credores,como a constituição de garantia real oualienação de bem do ativo imobilizado. Oobjetivo desta dilação de prazo é reforçar aproteção aos credores, garantindo que opatrimônio global do devedor sirva comogarantia de suas dívidas.

Outra inovação do legislador é a possi-bilidade de venda antecipada de bens, cujoobjetivo é evitar que os bens se deterioremou se desvalorizem ao longo do tempo, alémde minimizar possíveis fraudes e desviosque ocorrem na fase de arrecadação da

falência.A venda antecipada de bens deverá

respeitar a seguinte ordem de preferência:a) alienação do estabelecimento em blo-

co;b) alienação de suas filiais ou unidades

produtivas isoladamente;c) alienação em bloco dos bens que

integram cada um dos estabelecimentos dodevedor, caso tenha cessado a exploraçãodo seu negócio, ou de todos eles;

d) a alienação parcelada ou individualdos bens.

Embora o legislador tenha eliminadoos institutos da concordata preventiva,concordata suspensiva e da continuidadedos negócios do falido, a possibilidade dedecretação continua a existir, mesmo com ainserção das possibilidades de recupera-ção extrajudicial e judicial da empresa. Afalência poderá ser requerida:

a) pelo próprio devedor;b) pelo credor;c) em decorrência de decisão que, por

qualquer motivo, julgue improcedente o pe-dido de recuperação judicial;

d) pela não-aprovação do plano de recu-peração judicial;

e) pela conversão de um processo derecuperação judicial em Falência, quandouma obrigação essencial do empresário fordescumprida. Destaca-se que para reque-rer o pedido de Falência será exigido, nomínimo, crédito equivalente a 40 (quarenta)salários mínimos.

Ed Nogueira de Azevedo Junioré advogado em Londrina econsultor jurídico da ACIL

No processo de recuperaçãoextrajudicial não existe nenhumaordem legal de preferência para o

recebimento dos créditos

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