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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS Mestrado em Educação Tecnológica BRUNO BRAGANÇA MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO: compreensão de significados Belo Horizonte (MG) 2009 A imagem não pode ser exibida. Talvez o computador não tenha memória suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquivo novamente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, poderá ser necessário excluir a imagem e inseri-la novamente.

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS Mestrado em Educação Tecnológica

BRUNO BRAGANÇA

MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO: compreensão de significados

Belo Horizonte (MG)

2009

A imagem não pode ser exibida. Talvez o computador não tenha memória suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquivo novamente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, poderá ser necessário excluir a imagem e inseri-la novamente.

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Bruno Bragança

MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO: compreensão de significados

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG, para obtenção do título de Mestre em Educação Tecnológica. Orientador: Prof. Dr. Paulo Cezar Santos Ventura

Belo Horizonte (MG)

2009

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Bruno Bragança

MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO: compreensão de significados

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG, em ---/---/---, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Tecnológica, aprovada pela Banca Examinadora constituída pelos professores:

____________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Cezar Santos Ventura – CEFET/MG – Orientador

____________________________________________________ Prof. Dr. Dácio Guimarães de Moura – CEFET/MG

____________________________________________________ Profa. Dra. Jussara de Loiola Araújo – UFMG

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DEDICATÓRIA

A Milli, minha namorada agora também esposa, pelo carinho.

Aos meus pais Gedeão e Margarete, pelo amor

acima de qualquer barreira.

As minhas irmãs Rubia e Juliana Di, pelo apoio e incentivo.

Aos meus sobrinhos, Camila e Gabriel, pela

sincera alegria.

Amo todos vocês!

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AGRADECIMENTOS

A Deus toda honra e toda glória para sempre amém!

Aos meus pais Gedeão e Margarete Bragança por me ensinarem o caminho em

que devo andar e que ao continuar crescendo não me desvie dele.

As minhas irmãs Rubia e Juliana Di e meus sobrinhos Camila e Gabriel pela

alegria nos meus retornos para casa.

A Milli, minha, no início, namorada, agora também minha esposa, por suportar a

distância e os momentos de cansaço de mais essa batalha.

A Kênya Nunes Castro (in memorian) pelos muitos: “você vai conseguir”.

Valeu Léo, em nome de quem agradeço a toda galera do Leão e a Gazela por

todos os momentos, mas principalmente pelos de descontração.

Ao Pr. João, Neemísia (sua esposa), Mel e Orranes (seus filhos), Tiaguinho (seu

neto), Lídia (sua nora) e Igreja Batista do Palmares por terem me acolhido em BH.

Aos professores Dácio e Adelson, e por extensão, aos grupos LACTEA pelas

interações sócio-técnicas e GESTA pelas atividades.

Ao Paulo Cezar pela confiança, apoio, liberdade e ensinamentos.

A Prof. Jussara de Loiola Araújo por aceitar o convite de compor a banca.

As escolas Herbert de Souza e EBA e ao Centro Universitário de Caratinga por

compreenderem minhas necessidades, principalmente de tempo.

Ao CEFET-MG pelo apoio financeiro durante o segundo ano dessa caminhada.

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Sobre tudo o que se deve guardar, guarde o teu

coração, porque dele procedem as saídas da vida.

-Provérbios 4:23-

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar trabalhos de Modelagem Matemática na

Educação à luz dos conceitos de prática educativa e ambiente de aprendizagem e

verificar se as diferentes caracterizações levam a diferentes ações educativas,

buscando assim contribuir para a compreensão da utilização dessas diversas

caracterizações. Este estudo consta de uma revisão bibliográfica que procura delimitar

os conceitos de prática educativa, ambiente de aprendizagem e Modelagem

Matemática na Educação e da análise de dados coletados através de análise

documental, questionário e fórum. Essa análise pautou-se na definição de prática

educativa como uma atividade desencadeada por um motivo e composta de ações e

seus objetivos e as operações com suas condições de realização. Constatamos que a

utilização de tantas expressões está relacionada à experiência do autor, de suas

concepções e locus onde está inserido e também pelo desmembramento de algumas

dessas. Tais expressões foram agrupadas em três blocos: Estratégia, Ferramenta e

Metodologia. Por fim interpretamos a Modelagem Matemática na Educação como uma

Prática Educativa pautada pela metodologia que ela carrega e que constitui um

ambiente de aprendizagem que busca dar importância às experiências dos estudantes

e propicia novas experiências no processo de busca e produção do conhecimento.

Palavras-chave: Modelagem Matemática no Ensino; Prática Educativa; Ambiente de

Aprendizagem.

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ABSTRACT

This paperwork aims to examine the work of mathematics Modelling on Education

according to the concepts of educational practice and the learning environment and also

check if the different characterizations lead to different educational actions, contributing

,this way ,to the understanding of the using of these various characterizations. This

study is a literature review that seeks to define the concepts of educational practice, the

learning environment and Mathematics Modelling on teaching and analysis of data

collected through document analysis, questionnaire and forum. This analysis is guided

in the definition of educational practice as an activity triggered by a reason and it

consists of actions, their goals and operations with their conditions of implementation.

We realized that the use of so many expressions is related to the experience of the

author, their ideas and place where they are present and also some of them

dismantled. Such expressions were grouped into three steps: strategy, tools and

methodologies. Finally we interpreted the Mathematics modelling on teaching as an

educational practice guided by the methodology that it carries and it also consists of a

learning environment that intends to make the students experiences important and

provide new experiences in the process of search and production of knowledge.

Keywords: Mathematics modelling on education, educational practice, learning

environment.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................ ............................................... 17

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 17 1.2 ANÁLISE DOCUMENTAL ........................................................................................... 20

1.2.1 A CNMEM .................................................................................................... 21 1.2.2 O fórum ........................................................................................................ 23

1.3 QUESTIONÁRIO ...................................................................................................... 24 1.4 ANALISANDO OS DADOS .......................................................................................... 26

2 MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO .................. .................................. 28

2.1 MATEMÁTICA APLICADA: O BERÇO DA MODELAGEM NA EDUCAÇÃO ............................. 28 2.2 MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO................................................................ 33

2.2.1 Concepções e Caracterizações .................................................................... 36 2.2.2 Argumentos e Obstáculos ............................................................................ 41 2.2.3 Projetos de Modelagem ................................................................................ 48

3 PRÁTICA EDUCATIVA ................................. ......................................................... 50

3.1 SOBRE PRÁTICA EDUCATIVA .................................................................................... 50 3.2 ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM .............................................................. 57 3.3 “EVOLUÇÃO” DO CONCEITO DE PRÁTICA EDUCATIVA .................................................. 60

3.3.1 Sobre Teoria da Atividade ............................................................................ 62 3.3.2 Uma nova concepção de Prática Educativa ................................................. 66

3.4 AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ................................................................................. 68

4 OS ARTIGOS DA V CNMEM ............................. ..................................................... 73

4.1 ANÁLISE QUANTITATIVA ........................................................................................... 73 4.1.1 Níveis de ensino ........................................................................................... 74 4.1.2 Casos descritos por Barbosa ....................................................................... 74 4.1.3 Caracterizações............................................................................................ 75

4.2 ANÁLISE QUALITATIVA ............................................................................................. 79 4.2.1 Motivos/necessidades .................................................................................. 79 4.2.2 Ações e seus objetivos ................................................................................. 87 4.2.3 Operações e Condições ............................................................................... 91 4.2.4 Resultados relatados da atividade................................................................ 94

5 O FÓRUM ............................................................................................................. 100

6 O QUESTIONÁRIO ............................................................................................... 110

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTU ROS ............ 122

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 132

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ......................... ....................................................... 142

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INTRODUÇÃO

Preocupados com a qualidade do ensino, profissionais da área têm se

empenhado em buscar novos métodos. Novas formas de facilitar a aprendizagem são

agregadas e metodologias tradicionais são substituídas e/ou modificadas.

No ensino e aprendizagem da Matemática não tem sido diferente. Professores e

pesquisadores têm elaborado, constantemente, novos métodos, os quais têm servido

de instrumento de trabalho para eles mesmos e para outros que, muitas vezes, os

utilizam na sua forma original ou modificados para que se tornem aplicáveis às suas

condições de trabalho, aos seus objetivos e aos seus alunos.

Esses métodos, em suas diferentes formas de aplicação, incluem o envolvimento

de professores, alunos, comunidade, objetos e outros, e contribuem para uma mudança

do ambiente de aprendizagem escolar. Na Educação Matemática, destacaremos a

utilização da Modelagem Matemática como uma prática alternativa para o ensino e

aprendizagem da Matemática.

Dissertações, teses, relatos de experiência sobre a Modelagem Matemática na

Educação têm sido frequentemente divulgados. Seja no campo teórico ou na prática,

têm-se caracterizado a Modelagem1 de diversas formas, como, por exemplo, estratégia

de ensino, ambiente de aprendizagem, metodologia e recurso pedagógico.

1 Deste ponto em diante usaremos apenas o termo Modelagem para designar a Modelagem Matemática no Ensino, evitando assim repetições.

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Nesta pesquisa, buscamos compreender a utilização desses diversos termos e

expressões para caracterização da Modelagem. Apresentamos concepções acerca de

Modelagem Matemática na Educação, Prática Educativa e Ambiente de Aprendizagem,

na busca por responder nossa inquietação: “Diferentes caracterizações levam a ações

diferentes no uso da Modelagem Matemática na Educação? Como poderia ser

caracterizada a Modelagem à luz dos conceitos de prática educativa e ambiente de

aprendizagem que vêm sendo estabelecidos e utilizados pela linha IV2 do Mestrado em

Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

(CEFET-MG)”?

Mas por que me envolver com Modelagem Matemática na Educação? O motivo

está totalmente ligado a minha trajetória acadêmica. Meu primeiro contato com

Modelagem Matemática foi no curso de pós-graduação lato sensu: “Matemática

Superior” do Centro Universitário de Caratinga (UNEC) através da disciplina Tendências

em Educação Matemática e de um artigo que apresentava a Modelagem da Conta de

Luz3. Assim, comecei a me envolver com leituras, ainda que tímidas, sobre Modelagem,

o que resultou em minha monografia sobre o tema. A leitura sobre Modelagem já

avançou, mas a prática ainda não, pois encontro sempre a rigidez do currículo.

Oportunidade para essa aplicação, como aluno, foi encontrada em um curso de

extensão intitulado: “Tendências em Educação Matemática: ênfase em Modelagem

Matemática”, realizado à distância, pela UNESP-Rio Claro, em um ambiente virtual de

aprendizagem. Já como professor, pude utilizar a Modelagem em uma turma de oitava

2 Linha IV: Fundamentos e Práticas Educativas no Ensino de Ciência e Tecnologia 3 ALBË, M. Q e GROENWALD, C. L. O. Proposta de trabalho em modelagem e simulação matemática. In:Educação Matemática em Revista, No 11, ano 8. p.41 – 50, São Paulo, 2001.

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série de ensino fundamental, exemplo que utilizo neste trabalho, e mais recentemente

com uma turma de pós-graduação.

Ao ingressar no Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do

CEFET-MG, encontrei na linha IV deste programa a oportunidade de continuar meu

envolvimento com Modelagem e, de alguma forma, contribuir com seu desenvolvimento

ainda que no campo teórico.

Inicialmente, pretendíamos utilizar os estudos que vinham sendo desenvolvidos

pelo orientador dessa dissertação, na linha IV, sobre Redes Sociotécnicas, de Bruno

Latour4, em que envolveríamos Modelagem através do Centro Virtual de Modelagem5,

vendo-o como um “nó” importante da Rede Sociotécnica de Modelagem Matemática.

Essa idéia avançou até o momento em que se começou a discutir os conceitos

de Ambiente de Aprendizagem e Prática Educativa dentro desta linha de pesquisa. As

discussões sobre o tema tomaram conta das reuniões do grupo de pesquisa

Laboratório Aberto de Ciência, Tecnologia, Educação e Arte - LACTEA por estar

diretamente ligado aos temas gerais das pesquisas propostas pelos mestrandos que

faziam parte do grupo. Vimos, neste momento, a oportunidade de responder questões

que nos incomodavam nas leituras sobre Modelagem:

4 Bruno Latour: sociólogo francês que desenvolveu, junto com outros estudiosos, a Teoria Ator-Rede. 5 O Centro Virtual de Modelagem (CVM) é um ambiente virtual, onde professores de matemática poderão encontrar suporte, oferecer ajuda e colaborar no sentido de encontrar soluções para problemas comuns, construir alternativas e debater questões ligadas a Modelagem (Centro ..., 2007).

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1. As diferenças de concepções e caracterizações de Modelagem trazem

atividades e/ou ações educativas diferentes na condução do ensino? Que atividades

e/ou ações são essas?

2. Qual é o real significado de cada uma das denominações que os autores dos

artigos utilizam para caracterizar Modelagem?

Para respondermos a essas perguntas precisávamos também buscar entender o

que é prática educativa e ambiente de aprendizagem, o que é Modelagem Matemática

na Educação e quais as diferentes concepções e caracterizações existentes. A partir

daí é que poderíamos, então, chegar a um posicionamento sobre onde se situaria a

Modelagem diante dos conceitos estabelecidos e utilizados pela linha IV do Mestrado

em Educação Tecnológica do CEFET-MG.

As questões acima apresentadas são norteadoras desta pesquisa, que tem como

objetivos: contribuir para uma caracterização da Modelagem como prática educativa ou

ambiente de aprendizagem; analisar trabalhos de Modelagem à luz dos conceitos de

prática educativa e ambiente de aprendizagem e verificar se as diferentes

caracterizações levam a diferentes atividades e/ou ações educativas.

A metodologia utilizada nesta investigação consta de análise documental e

questionário. Os documentos selecionados são os anais da V Conferência Nacional

sobre Modelagem na Educação Matemática - CNMEM e as participações no fórum

sugerido no Centro Virtual de Modelagem – CVM. Já o questionário, aplicado aos

autores das III, IV e V CNMEM, trata de buscar opiniões mais diretas daqueles que

trabalham com Modelagem, abordando os seguintes quesitos: a formação e atuação

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dos autores dos artigos; a utilização da Modelagem Matemática em sala de aula; o nível

de ensino em que tem ocorrido essa prática com maior frequência; a frequência da

utilização de alguns termos, que foram coletados na leitura dos artigos da V CNMEM,

para caracterização da modelagem; a concepção do autor de alguns desses termos

e/ou daquele(s) que considerava mais apropriado; possíveis motivos para utilização da

Modelagem em sala de aula; motivos para existência de tantas caracterizações; relação

dessas diferentes caracterizações com as ações dos atores envolvidos.

O trabalho está organizado em seis capítulos. No capítulo 1, descrevemos o

processo metodológico assumido durante o desenvolvimento desta pesquisa,

explicitando nossas escolhas e suas relações com nossa busca em responder às

questões norteadoras de nossa pesquisa.

O capítulo 2 apresenta a Modelagem Matemática na Educação, buscando suas

raízes. Embora muito presente nos trabalhos em Educação Matemática que abordam

esta temática, este capítulo fez-se necessário por dois motivos: primeiro, por ser o tema

geral deste trabalho e por esta pesquisa ter sido desenvolvida em um programa que

não tem como foco principal a Educação Matemática; segundo porque há um outro

programa de mestrado, na mesma instituição, com o nome de Modelagem Matemática

e Computacional, o que gerou questionamentos sobre a escolha do programa. Assim,

concepções, caracterizações e a forma como a Modelagem Matemática são vistas e

aplicadas dentro da Educação Matemática serão relatadas através de citações de

alguns autores já de renome dentro da área.

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No capítulo 3, apresentamos a fundamentação teórica desta pesquisa iniciando-

se com a exposição da concepção de alguns autores sobre prática educativa, o que a

compõe e diferenças entre as diversas práticas. Passamos, em seguida, à

apresentação de certa evolução da nossa concepção de prática educativa, buscando,

assim, suportes teóricos que apoiassem e refletissem a idéia principal de cada termo

utilizado. Chegamos, enfim, ao conceito de Prática Educativa, envolvendo, também, o

conceito de Ambiente de Aprendizagem, utilizado na análise dos dados.

Nos capítulos 4, 5 e 6, descrevemos a efetiva análise dos dados. Iniciando-se

pela análise dos artigos da V Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação

Matemática – CNMEM para a qual utilizamos como categorias de análise, componentes

da definição de prática educativa adotada no capítulo 2, apresentando e discutindo as

participações no fórum e, por último, analisamos o questionário aplicado aos autores

das três últimas CNMEM.

Por fim, apresentamos as considerações finais e a proposta de trabalhos futuros

que poderão dar prosseguimento à contribuição desse constructo teórico para o estudo

e desenvolvimento da Modelagem Matemática na Educação.

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1 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Quando decidimos enveredar por uma pesquisa é porque algo nos incomoda.

Delimitar esse algo encontrando o cerne deste incômodo não é uma tarefa simples.

Encontrado o real problema, partir para o processo de buscar entendê-lo requer um

planejamento que não precisa ter um corpo rígido de procedimentos, mas que sirva

como um guia no qual possam ser inseridos, ou até mesmo retirados, outros pontos no

decorrer da pesquisa. Assim este capítulo tem o objetivo de apresentar e justificar o

planejamento metodológico desta pesquisa e formata-se como o primeiro capítulo desta

pesquisa por considerarmos que todo o movimento desde o início, com a escolha do

tema, delimitação do problema, revisão bibliográfica, coleta e análise dos dados, até o

final com certas conclusões e sugestões de trabalhos futuros, perfazem o processo

metodológico construído nesta pesquisa.

1.1 Considerações Iniciais

Para Borba e Araújo (2004) a metodologia envolvida numa pesquisa em

educação matemática deve ser coerente com as visões de conhecimento e educação, o

que inclui as concepções de Matemática e Educação Matemática, do pesquisador.

Considerando que o conhecimento (matemático) é construído pelas relações entre

informações, pessoas, máquinas, etc., e que a Educação Matemática, com suas novas

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tendências, realça essas relações, não caberia aqui um conjunto de procedimentos que

não pudessem ser modificados durante a pesquisa. Isso não descarta um certo rigor

metodológico, que será seguido justificando-se as escolhas e as mudanças ocorridas

no processo.

Assim, quando decidimos desenvolver uma pesquisa, partimos de uma

inquietação inicial e, com algum planejamento desencadeamos um processo de busca.

(Borba e Araújo, 2004)

A inquietação inicial desta pesquisa surgiu no início do desenvolvimento de uma

outra pesquisa que buscaria estudar as contribuições do CVM como um nó da rede

sociotécnica Modelagem Matemática na Educação. Nas leituras iniciais dos anais das

CNMEM, que buscavam um conhecimento maior sobre Modelagem e as pesquisas

desenvolvidas sobre o tema, deparamos com diversos termos que acompanhavam as

definições de Modelagem, o que nos inquietou bastante.

Assim, norteados pelas seguintes questões: 1) Quais as diferentes concepções e

caracterizações existentes sobre Modelagem Matemática? 2) As diferenças de

concepções e caracterizações de Modelagem trazem atividades e/ou ações educativas

diferentes na condução do ensino? Que atividades e/ou ações são essas?, decidimos

buscar compreender os significados destes termos, suas possíveis relações com

concepções de Modelagem, os porquês da utilização de tantos termos e a consciência

dos autores dos artigos sobre essa diversidade de expressões.

Para tal adotamos como procedimentos metodológicos uma revisão bibliográfica

sobre Modelagem, tema principal desta pesquisa, e Prática Educativa por

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considerarmos que este tema poderia englobar vários, senão todos, os termos

utilizados.

A bibliografia consultada concentrou-se numa bibliografia brasileira. Isso justifica-

se pelo fato deste estudo não ter como objetivo comparar o trabalho de modelagem e

nem como ela é vista e caracterizada na educação brasileira, com trabalhos

estrangeiros.

Outro procedimento foi a análise documental dos anais da V CNMEM. De início

tínhamos como planejamento a análise dos anais das três últimas conferências, mas

após a leitura e análise dos documentos da V CNMEM constatamos que tínhamos

dados qualitativa e quantitativamente satisfatórios.

Foram feitas também análises das participações num fórum proposto no CVM II

que visava obter uma opinião de pesquisadores envolvidos com Modelagem e também

uma defesa quanto aos termos utilizados para o trabalho com Modelagem.

Diante da construção teórica e dos dados coletados na análise documental

formulamos um questionário que foi aplicado aos autores das três últimas CNMEM

tendo como objetivos colocá-los diante da grande quantidade de termos que estavam

sendo usados nos trabalhos de Modelagem, colher opiniões sobre os possíveis porquês

dessa variedade de termos e suas, também possíveis, relações com as diferentes

formas de aplicar Modelagem e suas concepções.

Finalizando, em parte, esta pesquisa, apresentamos nossas considerações

finais, onde buscamos relatar as respostas encontradas para nossas indagações após

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confrontar os dados coletados e sugerindo uma possível linha de trabalhos futuros para

continuação da mesma.

1.2 Análise Documental

A análise documental que, segundo Moreira (2008), “compreende a identificação,

a verificação e a apreciação de documentos para determinado fim” (p.271), foi de suma

importância a partir do momento que decidimos levantar e estudar dados contidos em

artigos que versavam sobre Modelagem Matemática e, ainda, quando nos propusemos

a iniciar um fórum de discussão sobre o tema desta pesquisa.

A análise documental foi caracterizada como quantitativa e qualitativa, pois não

teve somente a finalidade de reunir quantidade de informações, como por exemplo, os

termos e/ou expressões utilizadas para caracterizar Modelagem, mas também verificar

o conteúdo do material selecionado. “... a análise documental busca identificar

informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse”

(CAULLEY, 1981, apud, LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p.38).

“A opção por este tipo de análise indica que o pesquisador possui intuição ou

informação suficiente para guiá-lo na consulta a determinadas bases documentais”

(MOREIRA, 2008, p.274). Como a inquietação que levou a esta pesquisa surgiu,

principalmente, da leitura dos artigos das CNMEM, sabíamos que a análise documental

nos daria informações suficientes para darmos continuidade às nossas discussões.

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1.2.1 A CNMEM

A CNMEM tem como objetivo fomentar e aprofundar debates sobre a

Modelagem na Educação Matemática. Até o momento já aconteceram cinco edições da

conferência que tem uma periodicidade de dois anos. A seguir temos um quadro

(Quadro 3) com os temas, instituições organizadoras e datas das cinco edições.

TEMA INSTITUIÇÃO

ORGANIZADORA ANO

01 Modelagem no Ensino de Matemática UNESP – Rio Claro - SP 1999

02 -------------------------------------------------------------- USF – Itatiba - SP 2001

03 Modelagem na Perspectiva da Educação

Matemática

UNIMEP - Piracicaba -

SP 2003

04 Modelagem Matemática na Educação

Matemática: seu papel na formação humana

UEFS – Feira de

Santana - BA 2005

05 A Modelagem Matemática nas Diferentes

Práticas Sociais

UFOP/UFMG – Ouro

Preto - MG 2007

Quadro 1: Tema, instituição organizadora - local e data das CNMEM já ocorridas.

A escolha por analisar os artigos das CNMEM (relatos de experiência e

comunicações científicas) deve-se ao fato de que esta Conferência é um espaço que

busca reunir os envolvidos com a pesquisa em Modelagem e Educação Matemática no

Brasil.

A princípio nossa intenção era analisar todos os artigos das três últimas CNMEM

por terem seus anais publicados. Isso não foi necessário, pois encontramos, já na V

CNMEM, dentro dos seus 57 artigos, informações quantitativa e qualitativamente

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satisfatórias. Começamos pela leitura e análise dos artigos da V CNMEM por ser a mais

recente.

Fizemos uma análise quantitativa com o objetivo de verificar em que nível de

ensino estava sendo aplicada a Modelagem (quando o artigo descrevia essa aplicação)

e qual a “classificação” dessas aplicações nos casos descritos por Barbosa, buscando

encontrar, ou não, diferenças nas aplicações da modelagem.

Com esse material foram construídas duas tabelas que apresentam todos os

diferentes termos utilizados para caracterizar a Modelagem. A primeira apresenta os

termos utilizados diretamente pelos autores dos artigos e a segunda apresenta os

termos envolvidos em citações de outros autores. Essa divisão justifica-se pelo fato de

termos como hipótese para o uso de tantos termos o não controle, ou falta de rigor

nesse uso, e até mesmo o desmembramento de expressões já utilizadas.

Depois desta análise passamos a apresentar uma análise qualitativa dos artigos

para a qual utilizamos, como categorias de análise, componentes da definição de

Atividade, termo principal do conceito de prática educativa adotado no capítulo 2 deste

trabalho assim apresentadas, com suas subdivisões quando tratamos da Atividade

Modelagem:

1) Motivos e necessidades

a. Mudança no ensino da matemática;

b. Interesse pela Matemática;

c. Mudança no currículo;

d. Utilidade da Matemática;

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e. Aprendizagem significativa;

f. Formação sócio-crítica;

g. Aprender a modelar;

2) Ações e seus objetivos

a. Diagnóstico;

b. Escolha do tema;

c. Desenvolvimento do conteúdo;

d. Reflexão e avaliação;

3) Operações e condições

4) Resultados relatados nas atividades

a. O papel da matemática e sua relação com outras áreas;

b. A mudança de postura do aluno e a instauração do conhecimento;

c. A mudança de postura do professor e o seu aprendizado;

d. Mudança no ambiente;

e. A importância do fazer modelagem;

1.2.2 O fórum

O fórum de discussão foi escolhido por ser um espaço mais aberto que

possibilita aos participantes a exposição e defesa de suas idéias e concepções sobre o

tema levantado de forma mais livre. Além disso, o fórum permite que os participantes

conduzam, juntamente, com quem propôs o fórum, as discussões, surgindo assim

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pontos ainda não idealizados pelo proponente, mas que não fogem do seu objetivo

devido ao acompanhamento sistemático das discussões e sua participação ativa no

fórum.

Buscando conseguir participações de pessoas ligadas diretamente ao tema

principal da pesquisa (Modelagem Matemática no Ensino) o ‘local’ escolhido para o

fórum foi o Centro Virtual de Modelagem (CVM), por comportar essa ferramenta e por

ter como participantes um número expressivo de membros interessados em

Modelagem.

O fórum não teve o número expressivo de participações que esperávamos.

Atribuímos o fato a modificações que estavam ocorrendo no ambiente virtual. Apesar

disso, não se perdeu em qualidade das participações e discussões que possibilitaram a

coleta de dados para posterior análise.

1.3 Questionário

O questionário (Anexo 1) foi outra ferramenta usada na coleta de dados. Por

meio dele pode-se ter a opinião um pouco mais direta daqueles que trabalham com

Modelagem Matemática. O questionário abordou os seguintes quesitos: a formação e

atuação dos autores dos artigos; a utilização da Modelagem Matemática em sala de

aula; o nível de ensino em que tem ocorrido essa prática com maior frequência; a

frequência da utilização de alguns termos, que foram coletados na leitura dos artigos da

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V CNMEM, para caracterização da modelagem; a concepção do autor de alguns

desses termos e/ou daquele(s) que considerava mais apropriado; possíveis motivos

para utilização da Modelagem em sala de aula; motivos para existência de tantas

caracterizações; relação dessas diferentes caracterizações com as ações dos atores

envolvidos.

O questionário foi aplicado a um grupo de 37 pessoas escolhidas aleatoriamente

pelos e-mails fornecidos nos artigos da V CNMEM no período de 5 a 24 de novembro

de 2008. Esse número, que corresponde a 25% da população total para a qual foi

enviado o questionário, configura o grupo teste do mesmo. Dos 37 questionários

enviados, recebemos resposta de 6 autores , o que corresponde a 16%, e um e-mail

teve resposta automática de não recebimento.

Como o número de respostas foi considerado pequeno para a realização da

pesquisa, decidimos enviar o questionário a todos os autores que disponibilizaram seus

e-mail nos artigos das três últimas CNMEM com o objetivo de alcançar um número

maior de respostas. Assim enviamos 146 questionários dos quais recebemos 32

respostas.

Para a aplicação do questionário foi utilizada a plataforma Google Docs, na qual

o participante da pesquisa recebe um e-mail que contém um link para acesso ao

questionário e uma mensagem produzida pelo autor do questionário. Ao acessar o link

o participante responde às questões propostas e envia o questionário respondido. As

respostas são, então, armazenadas em uma planilha, que pode ser salva em formato

.xls (exel) ou .pdf, para posterior análise. Esse instrumento elimina o incômodo de

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26

receber um e-mail com anexo (o questionário), ter que salvar o anexo, responder o

questionário e enviar um e-mail com o questionário respondido em anexo.

Para análise dos dados utilizamos a planilha .xls gerada pela plataforma fazendo

um estudo, em grande parte, quantitativo e algumas análises e considerações de

cunho qualitativo.

1.4 Analisando os dados

A análise dos dados foi o momento em que buscamos uma releitura de todo

nosso constructo teórico e dados obtidos através dos instrumentos selecionados.

Para Lüdke e André (1986),

Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais informações disponíveis. A tarefa de análise implica, num primeiro momento, a organização de todo material, dividindo-o em partes, relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes. Num segundo momento essas tendências e padrões são reavaliados, buscando-se relações e inferências num nível de abstração mais elevado (p.45).

Inicialmente, foi realizada uma leitura dos artigos com o objetivo de conhecer a

avaliar o conteúdo, mas sem a preocupação de uma formatação e recolhimento de

dados sistematizados. Uma segunda leitura foi realizada quando a parte teórica já

estava um pouco mais consolidada. Assim, pudemos utilizar as categorias de análise

apresentadas para, juntamente com o material coletado no fórum e as respostas dadas

ao questionário, construir o corpus de análise.

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“Para se realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados,

as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento

teórico acumulado a respeito dele” (LÜDKE E ANDRÉ, 1986, p.1).

O capítulo de considerações finais apresenta nossas conclusões da análise dos

dados, sugestão para trabalhos futuros e idéias surgidas durante a pesquisa.

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28

2 MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO

Neste capítulo, pretendemos apresentar a Modelagem Matemática na Educação,

buscando suas raízes. Concepções, caracterizações e a forma como a Modelagem

Matemática é vista e aplicada dentro da Educação Matemática serão relatadas com

base em pressupostos teóricos de alguns autores de renome dentro da área.

2.1 Matemática Aplicada: o berço da Modelagem na Ed ucação

“A Modelagem Matemática, arte de expressar por intermédio de linguagem

matemática situações-problemas” (BIEMBENGUT e HEIN, 2003, p.8) está presente

desde os tempos mais primitivos, desde quando o homem procurou entender

fenômenos que ocorriam a sua volta e descrevê-los de maneiras mais simples. A

própria Matemática, com seus teoremas, é fruto da Modelagem. D’ambrósio (2002)

afirma

A modelagem matemática é matemática por excelência. As origens das idéias centrais da matemática são o resultado de um processo que procura entender e explicar fatos e fenômenos observados na realidade. O desenvolvimento dessas idéias e sua organização intelectual dão-se a partir de elaboração sobre representações do real (p.11).

A Modelagem Matemática na Educação tem como berço a Matemática Aplicada,

afirma Barbosa (2001a). Na Matemática Aplicada, considera-se que a Modelagem tem

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como principal objetivo a obtenção de um modelo expresso através de equações,

programas de computadores, etc.

Este modelo é resultado da indagação sobre um determinado problema não-

matemático da realidade e deve expressar, da melhor forma possível, as variações

desse problema, podendo até mesmo antever eventos.

A questão levantada requer estudo e interação com o problema, levando à

obtenção de dados através dos quais se podem levantar variáveis a ele relacionadas.

As variáveis de maior importância/interferência devem ser selecionadas para que se

possa chegar à simplificação do problema em um modelo matemático. Este modelo

deverá servir para entender o problema e levar a agir, de forma mais eficaz, sobre ele.

Pode-se dizer, então, que um modelo traduz, em linguagem simbólica e

simplificada uma dada situação problema de posse das variáveis que interferem nessa

situação. Para Bassanezi (2002, p.20) modelo matemático é “um conjunto de símbolos

e relações matemáticas que representam de alguma forma o objeto estudado”. Se

pensarmos nas variáveis utilizadas para obtenção de um modelo, ou até mesmo na

teoria utilizada na sua formulação entenderemos as mudanças que são feitas em

alguns modelos. A utilização de novas variáveis, outras teorias e a opinião do

modelador, levam à obtenção de um novo modelo.

“Um modelo matemático é considerado adequado quando for satisfatório na

opinião do seu modelador, o que torna qualquer modelo matemático vulnerável e

sempre passível de ser modificado...” (BASSANEZI, 2002, p.325)

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“O objetivo fundamental do ‘uso’ de matemática é, de fato, extrair a parte

essencial da situação-problema e formalizá-la em um contexto em que o pensamento

possa ser absorvido com uma extraordinária economia de linguagem” (BASSANEZI,

2002, p. 18). Depois da obtenção desse modelo, o próximo passo é testá-lo para que

possa ser validado. Se algum ponto não estiver condizente com a situação real, o

modelo deve, então, ser modificado, fazendo da Modelagem na Matemática Aplicada

um processo dinâmico.

Além desse dinamismo, ou seja, a natureza cíclica do processo, outro aspecto

merece atenção: o processo de modelagem começa e termina no mundo real

(BARBOSA, 2001a). Autores, como Bassanezi (2002) e Biembengut e Hein (2003),

criaram esquemas que tentam retratar e simplificar a visualização das fases do

processo de modelagem.

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Figura 1 Esquema de modelagem: as setas contínuas indicam a primeira aproximação. A busca de um modelo matemático que melhor descreva o problema estudado torna o processo setas pontilhadas. (BASSANEZI, 2002,

Assim os matemáticos aplicados

problema, buscando criar um modelo através do qual possam entendê

previsões, baseados em uma

matemáticos puros dos

primeiros têm como objetivo criar novas teorias da matemática.

É claro que se houver necessid

processo de modelagem, isso será buscado, mas esse não é objetivo principal do

matemático aplicado.

Malheiros (2004) enfatiza que a Modelagem foi utilizada primeiramente por

outras áreas, depois pela Matemática Pura, chegando à Educação Ma

squema de modelagem: as setas contínuas indicam a primeira aproximação. A busca de um modelo matemático que melhor descreva o problema estudado torna o processo

pontilhadas. (BASSANEZI, 2002, p.27)

matemáticos aplicados, e profissionais de outras áreas, estudam um

problema, buscando criar um modelo através do qual possam entendê

previsões, baseados em uma teoria matemática já existente, o que difere

uros dos aplicados (BASSANEZI, 1994, apud, BARBOSA, 2001

primeiros têm como objetivo criar novas teorias da matemática.

É claro que se houver necessidade de se criar uma nova teoria

processo de modelagem, isso será buscado, mas esse não é objetivo principal do

(2004) enfatiza que a Modelagem foi utilizada primeiramente por

outras áreas, depois pela Matemática Pura, chegando à Educação Ma

31

squema de modelagem: as setas contínuas indicam a primeira aproximação. A busca de um

modelo matemático que melhor descreva o problema estudado torna o processo dinâmico, indicado pelas

, e profissionais de outras áreas, estudam um

problema, buscando criar um modelo através do qual possam entendê-lo melhor e fazer

teoria matemática já existente, o que difere os

, BARBOSA, 2001a). Os

ade de se criar uma nova teoria durante o

processo de modelagem, isso será buscado, mas esse não é objetivo principal do

(2004) enfatiza que a Modelagem foi utilizada primeiramente por

outras áreas, depois pela Matemática Pura, chegando à Educação Matemática. Assim

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32

reúne as duas primeiras aplicações ao grupo dos que veem a Modelagem como um

método de pesquisa. Na Educação Matemática, há o grupo dos que vêem a

Modelagem como um método pedagógico no ensino e aprendizagem da Matemática

(MONTEIRO, 1991, apud MALHEIROS, 2004).

O Curso de Pós-Graduação Strictu-Sensu, Modelagem Matemática e

Computacional, do CEFET-MG, se insere no primeiro grupo. Essa linha de pesquisa

entende a Modelagem como processo de abstração no qual, após levantadas

hipóteses, com os dados coletados, constrói-se um modelo. Este é verificado/testado e,

se houver alguma falha, retoma-se todo processo. Esses modelos servem para

representar fatos que ocorrem no cotidiano e os agentes desse processo são

denominados modeladores profissionais. Eles tentam prever e aperfeiçoar os processos

estudados como podemos observar no relato dos objetivos das linhas de pesquisas

deste programa.

Investigar aspectos matemáticos e computacionais para a resolução de problemas de ciências e tecnologia, dentre os quais destacam-se: problemas tecnológicos envolvendo problemas de fluxo de calor e massa, escoamento de fluidos, materiais, processamento de sinais, telecomunicações, geociências, manutenção industrial e automação da manufatura, dentre outros. [...] ... o estudo de problemas específicos em que a solução buscada envolva a obtenção e tratamento de modelos, em etapas de trabalho que podem se constituir, por exemplo, na modelagem, na identificação paramétrica, na simulação, na análise de desempenho, na proposição de novas estratégias, na automação, no controle, no aperfeiçoamento e/ou otimização. Em alguns casos pode se ter como meta o cumprimento de várias destas etapas até a completa solução do problema enfocado, incluindo, eventualmente, propostas de implementação tecnológica das soluções preconizadas (PPGMMC, 2009)

Para o segundo grupo, foco desta pesquisa, a Modelagem passa a ser encarada

como um método, caminho, estratégia, prática, ambiente para o ensino e aprendizagem

de matemática.

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33

2.2 Modelagem Matemática na Educação

A Modelagem, entendida como método pedagógico não pode perder a sua

essência que é a observação da realidade e o favorecimento à pesquisa e nem

transferir da Matemática Aplicada o processo, como ele é, para a Educação

Matemática, ou seja, não deve-se ter como objetivo a obtenção de um modelo

matemático, mas percorrer as etapas do processo na busca por entender , por meio da

matemática, alguns processos e acontecimentos e até mesmo agir sobre os mesmos.

Modelagem na Educação Matemática, por vezes, não conduz à construção de modelos propriamente ditos, o que corrobora o argumento de que não se pode transferir automaticamente para o campo da Educação Matemática as conceituações sobre a Modelagem da Matemática Aplicada (BARBOSA, 2001a: p.36).

Ainda, segundo Barbosa (2001a), a Modelagem na Educação Matemática teve

início no século XX, quando matemáticos puros e aplicados discutiam métodos para se

ensinar Matemática. No Brasil, a Modelagem começou a surgir a partir da década de

1970. Dessa época, podemos destacar o Professor Aristides Camargo Barreto que

usava a Modelagem nas suas aulas em cursos de graduação na PUC-RJ, no Rio de

Janeiro. Esse professor representou o Brasil em encontros internacionais e também

orientou a primeira dissertação de mestrado sobre o tema em 1976 (BIEMBENGUT,

2007).

Neste início, o termo Modelagem Matemática ainda não era usado nas pesquisas

de mestrado e doutorado. O termo era Modelo Matemático como mostra o título da

dissertação citada acima: “Modelos na Aprendizagem da Matemática”. A mudança

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desses termos configura-se no trabalho de Maria Cândida Muller em 1986 (SILVEIRA,

2007).

Nos anos 1980, a modelagem ganha forças na educação e, dessa época,

destacam-se dois professores da UNICAMP: Ubiratan D’Ambrósio e Rodney Carlos

Bassanezi. Esses professores aplicaram a modelagem em suas aulas, desenvolveram

e coordenaram cursos no Programa de Pós Graduação em Educação Matemática, na

UNESP de Rio Claro e, também, orientaram trabalhos de monografia e dissertação

(MALHEIROS, 2004). Desde então, a Modelagem tem sido aplicada e estudada por

professores e pesquisadores, nos diversos níveis de ensino e formação continuada,

trazendo novas demandas de discussões e reflexões sobre o tema

Assim, em novembro de 1999, foi realizada a I Conferência Nacional sobre Modelagem e Educação Matemática (I CNMEM) promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNESP/Rio Claro com o tema “Modelagem no Ensino de Matemática”. Esse encontro, considerado como a primeira iniciativa de reunir os envolvidos com a pesquisa em Modelagem e Educação Matemática no Brasil, permitiu a instauração de um espaço próprio de discussão sobre o tema. A II CNMEM foi realizada na Universidade São Francisco em Itatiba, em novembro de 2001. Em outubro de 2003, consolidando a Conferência no calendário da Educação Matemática no Brasil, realiza-se a III CNMEM, promovida pela Universidade Metodista de Piracicaba / UNIMEP. A IV CNMEM, realizada em novembro de 2005 na Universidade Estadual de Feira de Santana – Bahia e focalizou o tema: “Modelagem Matemática na Educação Matemática: seu papel na formação humana”. A V CNMEM, abordando o tema “A Modelagem Matemática nas Diferentes Práticas Sociais”, aconteceu em novembro de 2007 em Ouro Preto, MG e foi promovida pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP e Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Dois fatores importantes podem ser observados no decorrer das décadas de realização das conferências: um diz respeito à definição da Modelagem Matemática como área ou linha de pesquisa em reconhecidos programas de mestrado e doutorado em inúmeros estados brasileiros; outro fator é a participação de brasileiros em eventos internacionais de Modelagem Matemática (especialmente no ICTMA - International Conference on the Teaching of Mathematical Modelling and Applications). Neste cenário, em 2009, organiza-se a VI CNMEM, cujo tema é “Modelagem Matemática: ações, pesquisas e o delinear de perspectivas” que acontecerá de doze até quatorze de novembro de 2009 na Universidade Estadual de Londrina - Londrina – Paraná (VI CNMEM, 2009...).

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O refletir sobre a prática faz-se necessário, pois, ao traduzir-se a Modelagem da

Matemática Aplicada para a Educação Matemática, (ensino de Matemática) algumas

adaptações devem ser feitas devido a diversos fatores, como os abordados por

Biembengut e Hein (2003):

Há o inconveniente de não sabermos, inicialmente, por onde o modelo passará, ou seja, nem sempre o ferramental matemático requerido está ao alcance do educando e mesmo do professor. Existem também as dificuldades de adequação ao currículo estabelecido legalmente e a possibilidade do acompanhamento simultâneo, por parte do professor, dos temas escolhidos a priori pelos alunos (p.28).

Isso fez com que estes autores propusessem uma nomenclatura diferente para a

aplicação da modelagem no ensino: Modelação. Entretanto a denominação não foi bem

aceita pela comunidade acadêmica e logo caiu em desuso.

As adaptações, como pressupõem Biembengut e Hein (2003), podem ter grande

influência também na diversidade de práticas caracterizadas como Modelagem

Matemática, o que pode dar origem a concepções diferentes sobre a temática. Essas

práticas vão desde a utilização e/ou recriação de modelos já existentes à criação de

novos modelos, limitados pelo ferramental matemático disponível, perpassando por

análises críticas e sócio-críticas das situações e, também, pela visão de temas já

abordados por outros autores, sempre a busca de atingir objetivos diversos, como

ensino de determinado conteúdo, análise crítica de determinada situação através de

ferramental matemático, aplicação da matemática em outras áreas, etc.

Barbosa (2001a), ao analisar os trabalhos brasileiros que envolviam Modelagem

Matemática na Educação, propõe uma corrente que denomina de sócio-crítica, na qual

estariam os trabalhos que abrangessem o conhecimento de matemática e de

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modelagem e o reflexivo. “A ênfase está na compreensão do significado da matemática

no contexto geral da sociedade” (p.30).

Essa proposição se justifica porque alguns trabalhos de modelagem não se

encaixavam nas duas correntes de âmbito internacional: a pragmática e a científica. De

acordo com o mesmo autor, a corrente pragmática enfatiza o desenvolvimento de

habilidades/técnicas de Modelagem e a corrente científica valoriza a matemática

através da sua aplicação.

2.2.1 Concepções e Caracterizações 6

Entre professores e pesquisadores existem concepções diferentes sobre

Modelagem. As caracterizações, pelo menos em relação ao termos usados, também

são diferentes. Ora a Modelagem é tratada como Estratégia ou Metodologia de Ensino

e/ou Aprendizagem, ora como Prática e, ainda, outras vezes, como Ambiente de

Aprendizagem.

As concepções de Modelagem diferenciam-se de acordo com os seguintes

critérios para Malheiros,(2004 e 2008): escolha do tema e o sujeito que faz a escolha: o

aluno, o professor ou um acordo entre os dois. Já Silveira (2007) supõe outro motivo

para diferentes concepções de Modelagem Matemática na Educação: as diferentes

6 O termo caracterização, usado neste trabalho, tem o mesmo fim quando usado por Silveira (2007) para retratar os diversos termos e/ou expressões relacionados à Modelagem na Educação Matemática.

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formações, não específicas da área (Educação Matemática) dos pesquisadores que

trabalham e orientam pesquisas relacionadas ao tema.

Barbosa (2001a) aponta as crenças, conceitos, significados, regras, imagens

mentais e preferências, como fatores que interfere nas concepções de modelagem e

aponta duas concepções de modelagem levando em consideração as concepções de

ensino e de matemática de um grupo de futuros professores, ligadas diretamente as

duas correntes internacionais de modelagem: 1) Modelagem para ensinar matemática

relacionada com a corrente científica e seu argumento de aprendizagem e 2)

Modelagem para atuar no dia-a-dia relacionada à corrente pragmática e seu argumento

de utilidade.

Para Bassanezi (2002, p.24), “a modelagem consiste, essencialmente, na arte de

transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem

ser interpretadas na linguagem usual”. Para esse autor, a escolha do tema deve ser

feita, prioritariamente, pelos alunos, enfatizando uma participação mais efetiva do

educando no processo de ensino e aprendizagem (p.46). Ele, ainda, acredita que a

Modelagem é uma forma de aproximar os “jogos” (aspectos lúdicos) da Matemática e

suas possíveis aplicações. Com isso ele caracteriza a Modelagem como Estratégia de

Ensino e Aprendizagem, conforme se pode observar:

A modelagem no ensino é apenas uma estratégia de aprendizagem, onde o mais importante não é chegar imediatamente a um modelo bem sucedido mas, caminhar seguindo etapas onde o conteúdo matemático vai sendo sistematizado e aplicado (p. 38).

Com base na idéia de Ambiente de Aprendizagem de Skovsmose (2000), que

será trabalhada nesta pesquisa, Barbosa (2001b) define Modelagem como “um

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38

ambiente de aprendizagem no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar,

por meio da matemática, situações oriundas de outras áreas da realidade (p.6)”.

Já Biembengut e Hein (2003) colocam a Modelagem Matemática “como

metodologia de ensino-aprendizagem” que “parte de uma situação/tema e sobre ela

desenvolve questões, que tentarão ser respondidas mediante o uso de ferramental

matemático e da pesquisa sobre o tema” (p.28).

Malheiros (2004, p.70) caracteriza e define Modelagem “como uma estratégia

pedagógica, em que os alunos, a partir de um tema ou problema de interesse deles,

utilizam conteúdos matemáticos para investigá-lo ou resolvê-lo, tendo o professor como

um orientador durante todo o processo”. A autora enfatiza que, na sua concepção, o

tema deve ser escolhido pelos alunos.

Burak (1987), já no título de sua pesquisa, caracteriza a modelagem como uma

metodologia alternativa de ensino. Entretanto, no desenvolvimento de seu trabalho,

considera a modelagem como propiciadora de uma metodologia (p.11) e de uma prática

educativa caracterizada pelo ensino e aprendizagem ao nível de reflexão, uma das

quatro grandes classes de níveis de ensino e aprendizagem. Segundo Bigge (1977)

apud Burak (1987), as outras três classes seriam 1) Ensino e aprendizagem ao nível de

memorização; 2) Ensino e aprendizagem ao nível de compreensão e 3) Ensino ao nível

de desenvolvimento da autonomia.

Para Borba (2006), “a Modelagem é uma estratégia pedagógica que privilegia a

escolha de temas pelos alunos para serem investigados. Ela, que possibilita aos

estudantes a compreensão de como conteúdos matemáticos abordados em sala de

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aula se relacionam às questões cotidianas, é uma das alternativas para a incorporação

da Internet à sala de aula” (p.9).

Essas diversas denominações dadas à Modelagem Matemática na Educação

foram percebidas por Silveira (2007) em sua pesquisa de mestrado que envolvia um

estudo sobre as dissertações e teses sobre Modelagem Matemática em Educação no

Brasil. O autor apresenta o quadro abaixo (Quadro 1) com esses diversos nomes, bem

como o número de vezes que eles aparecem nas dissertações e teses estudadas, mas

não discute o quadro, pois vê, no assunto levantado, uma possibilidade de outra

pesquisa e fecha esse sentimento dizendo que “assim como Thomas Kuhn utilizou uma

mesma palavra com vários sentidos diferentes, é perfeitamente possível que os

pesquisadores do presente usem nomes diferentes para objetos semelhantes”

(SILVEIRA, 2007, p.49).

NOMES ATRIBUÍDOS NÚMERO DE VEZES

Metodologia de aprendizagem 5

Estratégia de aprendizagem 4

Estratégia de ensino 4

Estratégia de ensino e aprendizagem 4

Estratégia de ensino-aprendizagem 4

Método de ensino 4

Metodologia alternativa 4

Alternativa pedagógica 3

Ambiente de ensino e aprendizagem 3

Método da modelação matemática 3

Abordagem metodológica 2

Alternativa metodológica 2

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Método alternativo de ensino 2

Método da modelagem matemática 2

Método de ensino-aprendizagem 2

Método de ensino-aprendizagem (Modelação) 2

Abordagem alternativa para o ensino 1

Estratégia pedagógica 1

Método de aprendizagem e ensino 1

Método de ensino e aprendizagem 1

Método modelagem matemática 1

Metodologia de aprendizagem 1

Metodologia para o processo de ensino-aprendizagem 1

Proposta pedagógica 1

Proposta metodológica 1

Alternativa para o ensino (Modelação) 1

Estratégia de ensino-aprendizagem (Modelos

Matemáticos) 1

Quadro 2 Nomes atribuídos à Modelagem na Educação Matemática pelos pesquisadores

(SILVEIRA, 2007, p. 45).

Em algumas denominações o autor já incluiu outras, como podemos observar:

em Estratégia de Aprendizagem, está incluído Estratégia para aprendizagem de

matemática; em Estratégia de Ensino, estão incluídos Estratégia de ensino

interdisciplinar e Estratégia para o ensino de matemática e, em Método alternativo de

ensino, o autor inclui o nome Método como alternativa para o ensino de matemática.

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41

2.2.2 Argumentos e Obstáculos

A utilização da modelagem na educação carrega a perspectiva de alcançar

alguns objetivos e suprir algumas necessidades no ensino de matemática. “Há um

consenso no que diz respeito ao ensino de matemática precisar voltar-se para a

promoção do conhecimento matemático e da habilidade em utilizá-lo” (BIEMBENGUT e

HEIN, 2003, p. 18).

Esses mesmos autores enfatizam a necessidade de despertar no aluno o

interesse por tópicos matemáticos que não conhecem. Eles apontam, ainda, o aprender

a arte de modelar, compreender a matemática e a natureza do problema, como

objetivos que podem ser alcançados com a aplicação da modelagem na educação.

Esses e outros objetivos e necessidades a serem supridas são colocadas na literatura

da área como argumentos para a aplicação da modelagem.

Blum (1989), apud Bassanezi (2002, p. 36-7) aponta alguns dos principais

argumentos para tal inserção: 1) Argumento Formativo: busca desenvolver as

capacidades e atitudes dos estudantes; 2) Argumento de Competência Crítica: busca

formar estudantes atuantes na sociedade; 3) Argumento de Utilidade: considera a

Matemática como ferramenta em diferentes situações e áreas; 4) Argumento Intrínseco:

procura entender a própria matemática; 5) Argumento de Aprendizagem: faz com que a

aprendizagem realmente ocorra; 6) Argumento de Alternativa Epistemológica: considera

a alternativa mais adequada às diversas realidades sócio-culturais.

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Em textos como os de Barbosa (2004), Chaves e Santo (s/d) e Burak (2008)

podemos enumerar outros argumentos para a utilização da Modelagem na Educação:

1) motivação; 2) facilitação da aprendizagem; 3) preparação para utilizar a matemática

em diferentes áreas; 4) desenvolvimento de habilidades gerais de exploração e

compreensão do papel sócio-cultural da matemática; 5) interação maior, dos

estudantes, no processo de ensino e aprendizagem; 6) demonstração de uma forma

diferenciada de conceber a educação; 7) adoção de uma nova postura pelo professor

favorecendo o estabelecimento de relações mais próximas entre professor e estudante;

8) superação, gradativa, do tratamento estanque e compartimentalizado do ensino; 9)

favorecimento da relação ensino e pesquisa; 10) trabalho com resolução de problemas,

11) favorecimento da implementação de ambientes de aprendizagem em que o

conhecimento matemático poderá ser desenvolvido de forma mais significativa e 12)

mudança no currículo.

Alguns obstáculos que impedem a inserção da Modelagem são os seguintes: o

programa a ser desenvolvido; o costume dos alunos com um professor transmissor de

informação o que poderá dificultar a aceitação dessa nova metodologia; a formação

heterogênea da sala de aula; a falta de confiança do professor para enfrentar a

transição de uma “zona de conforto7 em que quase tudo é conhecido, previsível e

controlável” (BORBA e PENTEADO, 2005, p.56) para uma “zona de risco, na qual é

preciso avaliar constantemente as conseqüências das ações propostas” (BORBA e

PENTEADO, 2005, p.56); o engessamento do conceito de modelagem, aquele que é

7 Conforto, para os autores, tem o sentido de pouco movimento.

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transferido da matemática aplicada, tendo como objetivo principal a obtenção de um

modelo; e a formação inicial do professor.

Na nossa opinião alguns desses obstáculos podem ser superados se

modificarmos o processo de modelagem de acordo com os seguintes critérios: a

escolha do tema a ser estudado pelo grupo de alunos; a simplificação desse tema

através da formulação de questionamentos a serem respondidos; a busca por soluções

para estes questionamentos; e, durante todo esse processo, o possível uso de um

ferramental matemático. Apesar disso, poder-se-ia indagar: onde estaria a mudança

neste processo?

Em primeiro lugar, a escolha do tema, que ao invés de ser feito exclusivamente

pelos estudantes pode ser através de uma discussão entre eles e o professor ou até

mesmo pelo professor. Sendo a escolha feita pelo professor, faz-se necessário que o

tema proposto seja de interesse dos alunos. Se não for, que se usem estratégias para

aguçar o interesse pelo tema escolhido.

Biembengut e Hein (2003) sugerem a realização de um diagnóstico inicial com os

alunos como forma de superar essa fase de escolha do tema ‘certo’ e demais fases do

processo. O professor fará o levantamento de alguns dados como, por exemplo, a

realidade sócio-econômica, o nível de conhecimento matemático e tempo para

realização de atividades extra-classe.

Acreditamos, também, que o professor poderia aproveitar uma situação informal

em que se relacionasse com os alunos fora do ambiente escolar para sondar seus

interesses e, assim, ter condição de propor um tema que tenha maior chance de

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aprovação. Isso poderia superar o obstáculo e a desvantagem posta por alguns

autores: a não inserção do aluno já no início do trabalho.

Tendo solucionado a escolha do tema que, em si, já pode compreender um

problema digno de ser investigado, há, ainda, o levantamento dos dados. Essa etapa

pode, novamente, ser realizada tanto pelo professor quanto pelos alunos. Como na

seleção do tema, se o levantamento dos dados for realizado pelo professor, ele deterá

o controle da situação mais facilmente, mas perderá na adesão do estudante no

processo de ensino e aprendizagem.

Já na resolução do problema e discussão do processo e dos resultados obtidos,

a participação efetiva do aluno é imprescindível para que os objetivos buscados pela

aplicação da modelagem sejam alcançados.

Em um estudo de trabalhos nacionais e internacionais que envolviam

Modelagem, Barbosa (2001a, 2001b) propôs um quadro em que problematiza a

atuação de aluno e professor no desenvolvimento da Modelagem. Esse autor considera

quatro etapas da Modelagem: elaboração da situação problema, simplificação, dados

qualitativos e resolução.

Diferenciando quem atuava em cada uma destas etapas ele sugere três casos

que “ilustram a flexibilidade da Modelagem aos diversos contextos escolares” (p. 40).

Descrevo, a seguir, cada um desses casos e apresento um pequeno relato de

experiências vivenciadas por mim, autor desta dissertação, ora como aluno, ora como

professor ora como observador do processo de modelagem, colocando-me, não apenas

como leitor de Modelagem Matemática, mas também como praticante, mesmo que com

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pouca experiência, o que consideramos necessário para se inserir em uma discussão

nessa temática. Como praticantes, pensamos que os casos de Barbosa (2001a e

2001b) são formas graduais de aplicar a modelagem em sala de aula, podendo

adaptar-se à concepção de modelagem de que a pratica.

Caso 1. O professor apresenta a descrição de uma situação-problema, com as informações necessárias à sua resolução e o problema formulado, cabendo aos alunos o processo de resolução (BARBOSA, 2001b:p.8).

Relato 1: Foi apresentada a uma turma de 8ª série uma situação problema: Qual

a altura do mastro da bandeira do Brasil que fica na biblioteca da escola? Para resolver

tal problema os alunos já tinham conhecimento de trigonometria no triângulo retângulo,

isto é, já tinham os conhecimentos prévios necessários para a realização da atividade.

Os alunos receberam um “teodolito” para a medição do ângulo de visão e, outros

dados, como altura do observador e a distância deste ao mastro da bandeira foram

coletados pelos grupos. O objetivo desse trabalho era proporcionar aos estudantes a

aplicação de um modelo matemático, no caso a equação da tangente. O ponto mais

importante nessa atividade foi o questionamento de um grupo sobre a altura do

observador, chegando à conclusão de que essa altura deveria ser tomada até a altura

dos olhos, o que não era previsto na apostila que eles utilizavam.

Caso 2. O professor traz para a sala um problema de outra área da realidade, cabendo aos alunos a coleta das informações necessárias à sua resolução (BARBOSA, 2001b:p.8).

Relato 2: Situação problema apresentada a um grupo de alunos de 7ª série:

mostrar que a escola estava torcendo pelo Brasil na copa de 2006. A idéia dada pelo

professor foi de se construir uma bandeira do Brasil de EVA (um tipo de emborrachado).

A parte verde deveria ser formada por retângulos, a parte amarela, por losangos e a

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parte azul, por círculos. A coleta de informações como tamanho da bandeira, gastos

com material, etc. foi realizada pelos alunos. Diante da situação, eles revisaram,

principalmente, conteúdos de geometria plana (cálculos de área) e operações com

decimais, além de efetivarem pesquisas de mercado sobre preço e investigarem a

forma como é vendido o EVA e descobrirem a melhor forma de comprá-lo.

Caso 3. A partir de temas não-matemáticos, os alunos formulam e resolvem problemas. Eles também são responsáveis pela coleta de informações e simplificação das situações-problema. É via do trabalho de projetos (BARBOSA, 2001b: p.8-9).

Relato 3: Apresentamos um resumo de uma atividade realizada em um curso de

modelagem matemática à distância, oferecido pela UNESP-Rio Claro e realizado em

dupla com a Prof. Adriana Magedanz. O tema escolhido por nós, “Copa do mundo de

futebol de 2006: A matemática entra em campo”, teve como problema a seguinte

situação: Será possível representar um campo de futebol, com todas as suas “marcas”,

desde o retângulo que representa o campo até o ponto central que determina a saída

da bola no início do jogo – passando pelos cantos de escanteio, limitações dos gols,

pequenas e grandes áreas, marcas de pênalti, “meia lua” das grandes áreas, círculo

central e reta divisória de campo – a partir de um plano cartesiano? A coleta dos dados

– medidas oficiais do campo e modelos matemáticos representativos - foi toda

realizada por nós através de internet e livros didáticos e o resultado apresentado como

um modelo gráfico de um campo de futebol com medidas oficiais, num eixo de

coordenadas Bidimensional. Tudo isso envolve inúmeros conceitos da Matemática

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(inequações, intervalos reais, funções...) para os quais foi utilizado o software

matemático GraphEquation8.

Nesses três casos citados por Barbosa (2001b), há uma forma gradual de se

trabalhar com modelagem no ensino. Considerando um professor que tenha vivenciado

as três situações relatadas nos estudos de caso citados, poderíamos dizer que a partir

do caso 1, esse professor vai deixando a zona de conforto e entrando cada vez mais na

zona de risco na sala de aula. Imaginando que o professor pensou sobre um tema,

elaborou as questões norteadoras, recolheu os dados e percebeu uma possível

solução, verificamos que ele passou por um processo de ‘fazer modelagem’ que se

encaixa no caso 3.

Barbosa (2001a) também deixa claro em que nem todos os trabalhos

considerados de modelagem se encaixam, particularmente, em um dos casos.

Os casos 1, 2 e 3 não representam configurações estanques e definitivas, mas regiões de possibilidades. É possível adaptá-los para atender às demandas do contexto escolar, dos professores e dos alunos (p.40)

O autor ainda aponta que a modelagem pode aparecer no currículo de diversas

formas, sem que se engesse a prática. Desde que represente um convite a entender a

realidade e questionar algumas situações, considera-se modelagem. O processo de

observação e discussão da realidade e situações favorece uma educação matemática

crítica.

8 Disponível para download em: http://www.mat.ufrgs.br/~edumatec/software/softw.htm

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A capacidade de compreender e criticar os argumentos matemáticos postos nos debates locais ou gerais potencializa a intervenção das pessoas nas tomadas de decisões coletivas. Apesar de não determinar diretamente a capacidade de intervenção política na sociedade, a formação matemática pode potencializá-la, pois, à medida que estimula a intervenção social dos sujeitos, a educação matemática pode contribuir com a contraposição aos mecanismos sociais de cunho autoritário (BARBOSA, 2001a, p. 20).

2.2.3 Projetos de Modelagem

Barbosa enfatiza que trabalhos de modelagem que se encaixam no terceiro

caso, são vias do trabalho com projetos. Tal pressuposto foi corroborado por Malheiros

(2008) que, em sua tese de doutorado, fez um estudo do trabalho com projetos e

percebeu que as características fundamentais desse trabalho condiziam com a

Modelagem. A partir daí, a autora passou a chamar os trabalhos de modelagem, que se

encaixavam no caso 3 de Barbosa, como projetos de modelagem.

...alguns autores consideram Modelagem e Pedagogia de Projetos como enfoques pedagógicos similares no contexto da Educação Matemática. Para mim, esta visão é válida dependendo da concepção de Modelagem adotada, isto é, só considero que tal semelhança ocorre quando o tema eleito para a investigação surge do interesse dos alunos ou quando este é definido a partir de uma negociação pedagógica na qual os estudantes têm voz, são ouvidos e, conseqüentemente, seus interesses também prevalecem. Neste contexto, considero que são elaborados, então, projetos de Modelagem (MALHEIROS, 2008, p.65)

Ter o estudante como protagonista do processo de ensino e aprendizagem; ter a

escolha do tema pelo estudante ou através de uma negociação entre ele e o professor;

não valorizar excessivamente os fins (no caso da modelagem, por exemplo, a obtenção

de um modelo); manter a afinidade com a utilização das Tecnologias da Informação e

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Comunicação (TIC) são características que aproximam a Modelagem do trabalho com

Projetos.

No desenvolver do trabalho de Modelagem as TIC são, muitas vezes, agregadas

tanto como estratégia do aluno como do professor. Borba (2007), Araújo (2002), Nina

(2005) e Diniz (2007) apresentam a combinação do uso das TIC com a Modelagem

Matemática, apontando esse uso como facilitador no processo de pesquisa e análise

dos dados e, também, na apresentação dos resultados.

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3 PRÁTICA EDUCATIVA

Em busca de uma compreensão inicial das diversas caracterizações dadas à

Modelagem, buscamos referenciais teóricos que nos dessem apoio para discutir a

pluralidade dos termos usados na caracterização da Modelagem, de acordo com os

dados coletados nesta pesquisa. A construção do conceito de prática educativa faz-se

relevante, pois acreditamos que se relaciona com vários outros, senão todos, os termos

e ou expressões utilizados para a caracterização da Modelagem.

Iniciamos este capítulo com a exposição da concepção de alguns autores sobre

prática educativa, o que a compõe e diferenças entre as diversas práticas. A partir daí,

passaremos à apresentação de uma certa evolução da nossa concepção de prática

educativa, buscando suportes teóricos que apoiassem e refletissem a idéia principal de

cada termo utilizado e, por fim, chegaremos ao conceito de Prática Educativa que

utilizaremos na análise dos dados.

3.1 Sobre prática educativa

Segundo Zabala (1998), a prática é algo difícil de limitar com coordenadas

simples por se expressarem nela múltiplos fatores, idéias, hábitos, etc. Há, portanto,

envolvidos com o significado de prática, outros tantos significados.

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Tardif (2002) toma prática educativa como categoria fundamental da atividade

humana assim como o trabalho, a técnica, a arte e a política. Ele aponta, ainda, que, às

vezes, a prática é confundida e/ou identificada com uma, ou mais atividades. O autor

aponta três concepções de prática na educação: a educação enquanto arte, enquanto

técnica e a educação enquanto interação. Para cada uma dessas concepções haveria

um modelo ou tipo de representação elaborada.

A educação enquanto arte fundamenta-se no modelo de que o educador não é

um cientista, pois seu objetivo não é conhecer o ser humano, mas agir sobre ele e

formar indivíduos dotados de potencialidades específicas, conhecendo o que irá usar

para atingir determinado fim. Sua prática é uma mistura de talento pessoal, intuição,

hábito, bom senso, etc. (TARDIF, 2002).

A educação enquanto técnica guiada por valores é baseada na oposição entre

objetividade e subjetividade que gera duas categorias de ação que levam ao saber

moral e prático (conhecer as normas) e ao saber técnico e científico (controle dos

fenômenos educativos). Já a educação enquanto interação considera o ato de ensinar

como uma forma de buscar, promover relações a fim de desencadear um processo de

formação conjunta (TARDIF, 2002).

Diante desses três modelos, percebemos que prática educativa engloba alguns

personagens que, neste trabalho, chamaremos de atores, diretamente envolvidos com

o pensar/planejar, executar e avaliar a prática. Destacamos nos modelos acima o papel

do professor (educador), do estudante e a variação da participação deles na prática

educativa. Podemos perceber que as duas primeiras representações (educação

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enquanto arte e enquanto técnica) dão ênfase maior às ações do professor que é

colocado assim como ator principal do processo. Já a terceira representação (educação

enquanto interação), coloca professor e estudante como coparticipantes no processo de

fazer a prática através da interação.

Abordando também o papel desses dois atores, juntamente, com concepções de

ensino e aprendizagem, Bigge (1977) aponta quatro amplas classes que dividem,

segundo ele, os níveis de ensino e de aprendizagem. Esse autor nomeia a prática

educativa, considerando, ainda, o tipo de avaliação utilizada, tais como: 1) Ensino e

Aprendizagem ao nível de memorização; 2) Ensino e Aprendizagem ao nível de

compreensão; 3) Ensino e Aprendizagem ao nível de desenvolvimento da autonomia e

4) Ensino e Aprendizagem ao nível de reflexão.

Prática educativa seria, então, uma forma de agir plural que mobiliza diversos

tipos de ação, às quais estão ligados saberes específicos (neste caso Tardif coloca o

foco da sua discussão sobre o professor). Esses saberes seriam os pessoais, os

provenientes da formação escolar anterior, os provenientes da formação profissional

para o magistério, aqueles de programas e livros didáticos e aqueles obtidos com a

própria experiência (TARDIF e RAYMOUND, 2000 e TARDIF, 2002).

A prática é como um processo de aprendizagem através do qual os professores e professoras retraduzem sua formação anterior e adaptam à profissão, eliminando o que lhes parece inutilmente abstrato ou sem relação com a realidade vivida e conservando o que pode servi-lhe, de uma maneira ou de outra, para resolver problemas da prática educativa (TARDIF, 2002, p.181).

Percebemos, no pensamento de Tardif, os mais variados elementos que

compõem, interferem e modificam a prática educativa. Percebemos, também, que só

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podemos analisar uma prática em seu fazer, isto é, na prática da prática educativa. O

quadro Saberes dos Professores (TARDIF e RAYMOUND, 2000, p.215) lista os saberes

docentes, os relaciona às fontes onde foram adquiridos e mostra como esses saberes

se integram ao trabalho docente: ambiente escolar, relações sociais (família,

experiências vividas como aluno e como professor), ferramentas disponíveis (livro

didático, programas, fichas, etc.) e formação inicial e continuada. Isso corrobora o que

Zabala (1998) pressupõe sobre o pensar a prática como algo difícil de limitar. Para

esse teórico/professor a estrutura da prática educativa obedece a múltiplos

determinantes, entre eles a intervenção pedagógica e, neste sentido a

aula se configura como um microssistema definido por determinados espaços, uma organização social, certas relações interativas, uma forma de distribuir o tempo, um determinado uso dos recursos didáticos, etc., onde os processo educativos se explicam com elementos estreitamente integrados neste sistema (ZABALA, 1998, p.16 e 17).

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Quadro 3 Saberes dos professores (TARDIF e RAYMOUND, 2000, p.215)

Em um estudo sobre a prática educativa nas representações de docentes de

curso de licenciatura, Ribeiro e Soares (s/d), utilizam o conceito de prática educativa

adotado por Nélisse (1997): “um ‘fazer ordenado’, uma ação eficaz que exige um

momento de planejamento, um momento de interação, um momento de avaliação e,

finalmente, a reflexão crítica. Além disso, o replanejamento das ações” (p.2).

O que presenciamos nos dias atuais são discursos que trazem a proposta de

práticas educativas centradas na figura do estudante, práticas estas que busquem

promover, através, principalmente da interação e reflexão, oportunidades para que os

educandos participem, ativamente, de todo o processo de ensino e aprendizagem. Mas

mesmo assim, o professor não deixa de ter um papel de destaque nessas práticas, pois

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é ele o mentor, é dele o planejamento inicial, a iniciativa do momento de interação que

decidirá também a forma de avaliação, a reflexão e crítica sobre o desenvolver da

prática e, finalmente, o replanejamento das ações. Enfim, o professor continua tendo

um papel principal.

Esse papel do professor está entre os elementos (planejamento, interação,

avaliação e reflexão crítica) apontados por Ribeiro e Soares (s/d) como constituintes da

prática educativa. Com base nesses quatro elementos Ribeiro e Soares (s/d)

apresentam duas classificações para prática educativa: a prática educativa

conservadora e a prática educativa emergente. Essas práticas vão se diferenciar, como

veremos nos parágrafos que seguem, de acordo com a concepção de aprendizagem,

ensino e avaliação adotada por cada uma, de acordo com o papel exercido pelo

professor e pelo do aluno.

Na prática educativa conservadora, a aprendizagem consiste na receptação, de

forma mecânica, da informação e, muitas vezes, através de coação. O ensino baseia-se

em aulas expositivas, seguindo uma lógica/ordem já proposta, com uma variedade e

quantidade de conceitos e demonstrações, sem nenhum vínculo com outras disciplinas,

nem com a realidade. A avaliação é utilizada como instrumento de controle e poder e

busca indícios da reprodução do que foi memorizado. São atribuídas notas e/ou

conceitos sem uma preocupação em construir sentido para as respostas dadas. Único

responsável pela transmissão de informação, o professor tem um papel central no

processo de ensino e representa um modelo a ser seguido pelos estudantes.

Geralmente, mostra-se autoritário, severo e rigoroso, guardando uma distância dos

alunos. (RIBEIRO e SOARES, s/d)

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Já no modelo de prática educativa emergente, o professor, também, exerce sua

autoridade, mas através da interação, respeito, diálogo e negociação. Busca ajudar a

mediar a relação do estudante com as informações, acreditando nesse estudante e

legitimando seus sentimentos e emoções. A avaliação é um instrumento de

investigação, contínua e processual feita de forma conjunta, buscando a melhoria tanto

do ensino como da aprendizagem.

A avaliação é elemento central dessa concepção de prática educativa e parte do

pressuposto que o indivíduo, como sujeito ativo, participa da construção do

conhecimento. O ensino baseia-se em uma prática pedagógica crítica, reflexiva e

transformadora, capaz de estabelecer o equilíbrio e a interconexão entre os

pressupostos teóricos e práticos (RIBEIRO e SOARES, s/d).

Em todas as conceituações, propostas de definição e de elementos constituintes

da prática educativa, percebemos a importância dada à interação entre os atores

envolvidos na prática educativa. Os estudantes com suas próprias estratégias de

aprendizagem, os objetos/ferramentas com suas potencialidades de mediar as

interações com as informações e, os professores, com sua prática pedagógica que

envolve suas estratégias de ensino.

Prática educativa não se confunde com prática pedagógica. A última constitui um

conjunto de ações realizadas pelo professor; prática educativa engloba as ações

realizadas pelo professor, as realizadas pelos alunos e a interferência do e no

ambiente.

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3.2 Estratégias de ensino e aprendizagem

No seu fazer docente, o professor busca alternativas que possibilitem ao

estudante a compreensão e apreensão de um determinado conceito, conteúdo, tema,

com o qual ele está trabalhando, na tentativa de fazer com que o aluno tome posse

daquela informação e perceba situações passíveis de utilização do que foi aprendido.

O professor comprometido com a aprendizagem de seus alunos buscará,

sempre, propor práticas educativas que possibilitem a utilização de estratégias para

realização de ações que sejam pertinentes e relevantes com o objetivo de instigar a

aprendizagem do aluno. Esse processo compõe uma prática educativa.

“As estratégias de ensino são procedimentos adotados pelo professor para

conduzir as atividades em sala de aula, no entanto, não estão limitadas a esse

ambiente” (PAIS, 2006, p.25). Quando o autor se refere à não limitação ao ambiente, à

sala de aula, entendemos que conversas de corredor, encontros em sala de bate papo,

comunidades virtuais, tudo isso pode ser usado como estratégia de ensino. Em um bate

papo informal, por exemplo, com seus alunos, um professor pode notar a insatisfação

em relação a algum comportamento, forma de conduzir uma aula, etc.

Várias estratégias podem ser usadas para ensino e possível aprendizagem de

um conteúdo. A simples exposição de um conteúdo, com o uso mínimo de recursos é

uma estratégia e, como percebemos, muito utilizada ainda nos dias atuais. Neste

trabalho, destacamos essa ocorrência no ensino de Matemática. Aliada a esta, vemos a

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resolução de listas de exercícios, testes e outras que, poderíamos dizer, são práticas

advindas de um ensino dito tradicional.

Mas existem, em práticas mais novas, outras estratégias como o fazer

questionamentos, atribuir maior autonomia ao aluno, negociação, etc. Zabala (1998)

aponta que, diante das necessidades dos alunos e de diversas outras situações, o

professor precisará lançar mão de algumas estratégias como, “às vezes, desafiar; às

vezes, dirigir; outras vezes, propor, comparar” (p.90). É sempre importante estar atento

às estratégias que irá usar porque “certas concepções e estratégias didáticas valorizam

somente a objetividade da ciência e não visualizam a parte subjetiva do fenômeno

cognitivo” (PAIS, 2006, p.7).

Esse mesmo autor, ainda, aborda a importância da contextualização como

estratégia. Para levar o aluno a se envolver com o saber, é preciso desenvolver

atividades que multipliquem as articulações internas possíveis entre os diferentes temas

da Matemática, entre as várias maneiras de representar o conhecimento, entre o saber

escolar e os conhecimentos do cotidiano e assim por diante.

Não queremos dizer que tais formas de conduzir uma prática educativa se

apliquem melhor ou não. Queremos, apenas, levar professores e futuros professores a

pensar se tais estratégias atreladas a uma determinada prática educativa podem

ofuscar a presença (pensamentos, formas de controle do processo de aprendizagem,

participação) do estudante.

O estudante, nesse contexto, poderá utilizar-se das condições/ferramentas

disponibilizadas pelo professor, como também de outras que achar necessário. Na sua

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interação com colegas, familiares e também com seus conhecimentos já adquiridos,

busca formas de desenvolver o que lhe foi proposto, e atingir o objetivo de sua ação, ou

seja, lançar mão de estratégias de aprendizagem.

Da Silva & De Sá (1997), apud Costa e Boruchovitch (2004) definem estratégias

de aprendizagem como “processos conscientes controlados pelos estudantes para

atingirem objetivos de aprendizagem, bem como qualquer procedimento adotado para a

realização de uma determinada tarefa” (p. 15). Um aluno pode ter facilidade em

compreender um determinado conteúdo lendo-o antes que o professor o explique,

fazendo anotações durante as aulas, resolvendo uma lista de exercícios, pesquisando

em outros livros sobre o assunto, procurando opiniões de outros autores e até

professores.

Weinstein e Mayer (1985), apud Boruchovitch (1999) identificaram cinco tipos de

estratégias de aprendizagem: ensaio, elaboração, organização, monitoramento e

estratégias afetivas. As estratégias de ensaio envolvem a repetição; já as de

elaboração implicam fazer conexões entre o material novo com o velho através de

analogias, resumos, etc.; as estratégias de organização referem-se à criação de um

roteiro de estudo do material, dividindo-o em tópicos, ou até construindo um mapa

conceitual; as estratégias de monitoramento constituem uma autoavaliação do aluno

para verificação do que realmente está absorvendo e, por último, as estratégias afetivas

que incluem o controle da emoção, planejando o tempo e o desempenho para uma

possível manutenção da motivação.

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É interessante que o professor conheça essas estratégias de aprendizagem e

que, durante o trabalho com uma turma, tente perceber as estratégias que os

estudantes estão usando, para que ele, o professor, possa direcionar as estratégias de

ensino que irão ao encontro das estratégias utilizadas pelos alunos e, até mesmo,

indicar para seus alunos estratégias de aprendizagem que eles podem aplicar naquele

momento.

É preciso que os meninos e as meninas sintam a necessidade de se fazer perguntas, de questionar suas idéias, de estabelecer relações entre fatos e acontecimentos, de revisar suas concepções. E para promover todas estas ações será necessário propor aquelas atividades que possibilitem este intenso processo mental (ZABALA, 1998, p.99).

3.3 “Evolução” do conceito de prática educativa

Segundo Moura e Ventura (2006), apud, Tonani (2007), a prática educativa vai

além da prática de ensino. Esta última constitui a prática pedagógica que objetiva o

desenvolvimento de habilidades e atitudes. Esses pressupostos foram confirmados por

meio de leituras de artigos, dissertações, teses e, também, com as discussões em sala

de aula, na disciplina ‘Projetos e Práticas Educativas no Ensino de Ciências e

Tecnologia' do mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG. Os citados autores

propõem, assim, a seguinte definição para prática educativa: “toda ação dirigida para

a promoção da competência ” (p.31).

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Nessa definição a expressão ‘dirigida’ indicaria uma intencionalidade e a

expressão ‘promoção’ pressupõe a “tentativa de” e não a “garantia de”. Já competência

estaria ligada a habilidades e atitudes.

A competência é a tomada de iniciativa e o assumir a responsabilidade do indivíduo diante de situações [...] com as quais se depara [...] é um entendimento prático das situações, que se apóia em conhecimentos adquiridos e os transforma, à medida que a diversidade das situações aumenta [...]. É a faculdade de mobilizar redes de atores em torno das mesmas situações, de fazer com que esses atores compartilhem as implicações de suas ações, de assumir áreas de co-responsabilidade (ZARIFIAN, 2001, apud FARINHA, 2006, p.10).

A autora aponta, ainda, alguns elementos que seriam importantes para a

constituição da prática educativa como a organização de conteúdos, os materiais e

recursos utilizados, a organização social da classe, a avaliação, a participação

construtiva do aluno e a intervenção do professor na busca pela aprendizagem.

A disciplina ‘Projetos e Práticas Educativas no Ensino de Ciências e Tecnologia

foi oferecida uma segunda vez, agora ministrada pelo professor Paulo C. S. Ventura. O

professor buscou fazer uma (re)leitura do conceito de prática educativa e das bases

teóricas, buscando por novas referências. Através desta (re)leitura e das discussões

iniciadas dentro do grupo de pesquisa Laboratório Aberto de Ciência, Tecnologia e Arte

– LACTEA, na formação do Grupo de Estudos Sobre Teoria da Atividade - GESTA,

modificou-se a definição de prática educativa passando a ser considerada como “toda

atividade dirigida para a promoção de competência ” (VENTURA, 2008). Da primeira

definição proposta, esta se diferencia, apenas, pela substituição do termo ação por

atividade. Antes do início das leituras e estudo sobre Teoria da Atividade, considerava-

se que ação era composta de atividades. Após essas leituras considera-se que

atividade compõe-se de ações.

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A partir desta definição, (re)inicia-se a discussão dos termos utilizados para

possíveis substituições. Torna-se, então, importante, para um maior entendimento desta

evolução a inserção de alguns referenciais além dos já descritos nos tópicos acima.

3.3.1 Sobre Teoria da Atividade

O que diferencia a primeira definição de prática educativa da segunda é a

substituição do termo “ação” pelo termo “atividade”. Essa mudança deve-se ao início

dos estudos e discussões sobre a Teoria da Atividade no GESTA, grupo de estudos

formado dentro do LACTEA.

Esta teoria é proposta por Leontiev9 como uma categoria “atividade com objetos”,

na relação entre estímulo e resposta, formando assim uma tríade cujas relações são

constituídas pelas condições, objetivos e meios (PONTELO e MOREIRA, 2008).

Toda atividade seria instigada por uma necessidade a satisfazer, ou seja, há um

motivo que está diretamente ligado ao objeto dessa atividade. Essa atividade é, então,

desenvolvida através de diversas ações, as quais estão ligadas a determinados

objetivos que estão claros para aqueles que as praticam e estão intimamente

relacionados com o motivo da atividade em questão. Essas ações podem ser realizadas

9 Alexei Nikolaievich Leontiev (1904-1979) foi um dos colaboradores mais próximos de Vygotsky. Sua teoria da atividade pode ser considerada um desdobramento dos postulados básicos de Vygotsky, especialmente no que diz respeito à relação homem-mundo enquanto construída historicamente e mediada por instrumentos (OLIVEIRA, 1997, p. 96)

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de diversas maneiras, formas ou métodos, que seriam as operações, e essas

dependem das condições que se tem para realizá-las. A necessidade, os objetivos e as

condições formariam então a situação objetal. Essa atividade objetal fica bem

representa pelo esquema abaixo proposto por Pontelo e Moreira (2008).

Figura 2 Representação esquemática da estrutura da atividade humana (PONTELO e MOREIRA, 2008).

Dado o seu caráter dinâmico, não se pode estudar os componentes da atividade

humana de forma separada. É preciso levar em consideração as relações entre eles e

as mudanças que podem ocorrer. Por isso a atividade é representada como um

sistema. Segundo Santos (2004), Leontiev não clarificou o conceito de sistema de

atividade. Para ela apontamentos significantes foram feitos por Engeström10,

principalmente, na proposta de alargamento do modelo de sistema de atividades. Tal

sistema, inicialmente, apresentava a relação entre o sujeito e o objeto, mediada por

artefatos e, agora, pode ser representado pelo esquema abaixo no qual

Necessidade/Motivo Objetivos

Condições

Atividade Ações

Operações

Situação Objetal

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ao incluir novos elementos – dado que alarga o conceito de sujeito inserindo-o numa comunidade que tem inerente a ela uma organização (com regras) e uma determinada divisão de trabalho – vai dar visibilidade à existência de novas relações como, por exemplo, as relações comunicativas entre o sujeito e a comunidade (SANTOS, 2004, p. 216).

Figura 3 Estrutura de um sistema da atividade humana (adaptado). (ENGESTROM, 1999, apud,

SANTOS, 2004, p.215)

Essa estrutura do sistema de atividade é proposta para análise de práticas

educativas dentro e fora da escola por Pontelo e Moreira (2008) pelas possibilidades

descritivas e analíticas desse referencial.

Baseados numa classificação apresentada por Engeström (1999) apud Santos

(2004), poderíamos definir os artefatos mediadores como ferramentas e signos

utilizados para identificar e descrever, guiar e orientar processos e procedimentos,

diagnosticá-los e explicá-los e, até mesmo, antever algo e prever sua potencialidade,

10 Yrjö Engeström, professor da Universidade de Helsinki e da Universidade da Califórnia conhecido pela sua teoria do aprendizado expansivo. Deu várias contribuições para o desenvolvimento da teoria da atividade, sendo que a mais conhecida foi a expansão do triângulo de Vygotsky, elaborando um diagrama de descrição e análise do sistema de atividade (ENGESTRÖM, 1987).

Produção

Consumo

Distribuição Troca

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relacionando-os com seu uso em cada atividade. Assim, na prática educativa,

poderíamos listar como exemplos desses artefatos mediadores, os livros didáticos,

computador, manuais, conceitos, teorias, informações, etc.

O objeto da prática educativa seria o conhecimento a ser adquirido pelo

estudante, sujeito da atividade, num processo de produção, troca, consumo e

distribuição de informações. O produto que é buscado pela prática educativa seria,

então, a instauração de um novo conhecimento que aconteceria num processo de

troca, distribuição e consumo de informações.

Nesta atividade, há uma divisão de trabalho, que seriam as ações delegadas aos

diferentes atores. Remetemo-nos, aqui, ao papel do professor com sua prática

pedagógica que, como já vimos, envolve as estratégias de ensino e as ações

delegadas ao sujeito (estudante). Essas ações podem ser desenvolvidas com a

utilização das estratégias de aprendizagem, lembrando que os artefatos mediadores,

também, atores importantes nessa rede de significações (conhecimento), já foram

citados anteriormente.

O desenvolvimento dessas ações dependerá das condições que são dadas a

esses sujeitos para essas realizações. Isso envolve regras como tempo das aulas,

currículo, planejamento pedagógico, cobrança dos pais, etc. O professor tem um papel

de suma importância na prática educativa, mesmo quando esta não o tem como

“centro”. É ele quem planeja um possível caminho a seguir nesta atividade, os objetivos

a serem alcançados, a necessidade, pelo menos inicial, a ser satisfeita, os possíveis

recursos a serem utilizados, determinando, assim, um maior ou menor grau de

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sistematização da prática e autonomia do aluno dentro dela. “A natureza da prática do

professor depende muito da forma como ele relaciona todos [...] elementos. Ele pode

lançar mão de alguns deles e não dar importância para outros” (BORBA E PENTEADO,

2005, p. 56).

3.3.2 Uma nova concepção de Prática Educativa

Dados os referenciais e discussões acima, apresenta-se o conceito de prática

educativa, a ser utilizado nesta pesquisa: “Toda atividade mobilizada para

instauração do conhecimento ” (VENTURA, 2008).

O verbo mobilizar nos dá idéia de engajamento, envolvimento. O dicionário de

língua portuguesa Houaiss (HOUAISS, 2009) traz três definições interessantes e que

cabem bem no nosso contexto: Mobilizar é:

1. causar a mobilização de (algo ou alguém ou de si próprio);

2. pôr(-se) em ação (conjunto de pessoas) para uma tarefa, uma campanha etc.

3. conclamar (pessoas) a participarem de uma atividade social, política ou de outra natureza, insuflando-lhes entusiasmo, vontade etc.

A prática educativa é uma atividade social e deve, portanto, ser uma atividade

que mobilize de certa forma os envolvidos com ela.

Outro dicionário de língua portuguesa, o Michaelis (GREGORIM, 2009), relaciona

os verbos estabelecer, formar e renovar com o verbo instaurar. Assim, o termo

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instauração nos remete à formação, estabelecimento e sustentação, que não podem

ser forçados, nesse caso, do conhecimento.

Por último faz-se necessário, também, expormos nossa concepção de

conhecimento, o que justifica a substituição do termo competência. Primeiramente,

deixamos de lado a idéia de conhecimento como um bem acumulável, que para

Machado (2000) preencheria um reservatório – “balde” – existente em cada ser

humano. Descartamos, também, a concepção de conhecimento como cadeia, o que,

para o mesmo autor, leva à construção de elos de forma linear, ordenados por uma

hierarquia bem definida conduzindo do mais simples ao mais complexo. Apoiamo-nos

na concepção de conhecimento como rede.

“A idéia de rede conduz efetivamente a uma permanente abertura das

significações, a uma contínua mudança na configuração dos nós e das relações, a um

acentrismo – ou a uma coexistência de múltiplos centros de interesse...” (MACHADO,

2000a, p.21).

O conhecimento, então, passa a ser entendido como uma “rede de significações,

com seus feixes de relações, causais ou não-causais, em permanente transformação”

(MACHADO, 2000a, p. 8). Essa rede seria instaurada a partir do momento que

houvesse a necessidade de alguns nós serem mobilizados a refletir sobre determinada

situação.

Somos como pescadores e nossas teorias como redes. E não deixamos de lado de bom grado as redes com as quais algumas vezes pescamos pelo mero fato de que não servem para certos peixes ou em determinados mares, mas continuamente inventamos e tecemos novas redes e as lançamos à água, para ver o que pescamos com elas. Não desprezamos rede alguma e em nenhuma confiamos excessivamente, ainda que prefiramos carregar o barco com as

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redes mais eficazes e deixar no porto as de menos uso. E assim vamos navegando, renovando continuamente nosso arsenal de redes em função das características da pesca (MOSTERÍN, 1987 apud MACHADO, 2000b, p.174).

Os pontos anteriormente citados e explicitados constituem a prática educativa,

que pela sua definição e dimensões constituirá um ambiente de aprendizagem. O

ambiente de aprendizagem escolar, também, interfere na prática educativa e, muitas

vezes até se confunde com ela. A melhoria de sua qualidade depende da organização

de ambientes de aprendizagem e, conseqüentemente, a qualidade dos mesmos

depende da escolha e organização de todos os elementos que compõem a prática e

dos caminhos a serem percorridos (BORBA e PENTEADO, 2005).

3.4 Ambiente de aprendizagem

Ole Skovsmose (2000) propõe que se estabeleça um movimento do paradigma

do exercício, no qual se enquadra o dito ensino tradicional caracterizado pela exposição

de conteúdo, resolução de alguns exemplos pelo professor, resolução de exercícios

pelos alunos e correção desses exercícios pelo professor, para os “cenários para

investigação, nos quais os alunos são convidados a se envolverem em processos de

exploração e argumentação justificada” (SKOVSMOSE, 2000, p.66). O autor combina

esses dois, paradigma do exercício e cenários para investigação, com três tipos de

referência: 1) Referência à matemática; 2) Referência à semi-realidade e 3) Referência

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à realidade. Com isso se obtém o que ele chama de seis diferentes ambientes de

aprendizagem.

Segundo Araújo (2006) o interesse de Skovsmose (2000) em propor os cenários

para investigação tem origem na Educação Matemática Crítica que se preocupa, dentre

outras coisas, com o desenvolvimento da “materacia”, para Skovsmose (2000),

“materacia não se refere apenas às habilidades matemáticas, mas também à

competência de interpretar e agir numa situação social e política estruturada pela

matemática” (SKOVSMOSE, 2000, p.68)

Cenários de investigação seriam, para o autor, ambientes que dessem suporte a

um trabalho de investigação através de um convite feito aos estudantes para que

formulem questões e busquem soluções. Assim, quando o estudante aceita esse

convite, passando a ser responsável pelo processo, começa a se constituir um novo

ambiente de aprendizagem. Observamos, então, a influência da prática educativa na

constituição e/ou mudança de um ambiente de aprendizagem, corroborando com

Moreira (2007): “A prática educativa constitui um ambiente de aprendizagem desde a

sua organização inicial fundada em certa concepção de aprendizagem até a sua

realização singular”.

Segundo Bragança, Ferreira e Pontelo (2008) um ambiente de aprendizagem

escolar é um ambiente em que um indivíduo está sujeito a oportunidades de

aprendizagem. Muitas vezes, o termo ambiente de aprendizagem é confundido com o

espaço físico onde ocorrem práticas educativas. Propomos uma visão mais geral,

abarcando o conjunto formado entre os sujeitos, objetos e recursos que interagem no

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processo de ensinar e aprender. Esse pressuposto é reafirmado por Pontelo e Moreira

(2008) quando pensam um ambiente de aprendizagem como a situação objetal

(Necessidade/Motivo da atividade, objetivos das ações e condições das operações) da

Teoria da Atividade.

Um ambiente de aprendizagem pode ser entendido como a situação objetal da prática educativa, isto é, o objeto da atividade, as condições, os objetivos das ações e o motivo da prática educativa compõem um ambiente de aprendizagem, cenário e contexto das interações entre seus participantes (p.5).

Um exemplo de ambiente de aprendizagem é o ambiente de aprendizagem

escolar, que é planejado, ou organizado para que ocorram práticas educativas. Nesse

ambiente, o professor tem um papel fundamental tanto na preparação, organização e

sistematização da aprendizagem, como no direcionamento ou orientação do processo

de aprendizagem.

O ambiente de aprendizagem escolar é um lugar previamente organizado para promover oportunidades de aprendizagem e que se constitui de forma única na medida em que é socialmente construído por alunos e professores a partir das interações que estabelecem entre si e com as demais fontes materiais e simbólicas do ambiente (MOREIRA, 2007).

Para Araújo (2006) “responsabilidades dos alunos e do professor, metodologia,

conteúdo, atividades, materiais, fundamentação teórica, etc” (p.60) são alguns

elementos que poderão interferir no ambiente de aprendizagem.

Para Moreira (2007) e Bragança, Ferreira e Pontelo (2008) esse elementos

podem concentrar-se em dois fatores: a sistematização e a autonomia do aprendiz. A

sistematização é o que estrutura e valida o processo de aprendizagem, como

avaliações, certificados e contratos entre os sujeitos que participam do processo. Já o

nível de autonomia do aprendiz expressa o grau de controle que a organização do

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ambiente e os demais atores envolvidos imprimem nas interações do aprendiz com os

diferentes objetos de aprendizagem.

Assim a organização de um ambiente de aprendizagem depende de uma

caracterização da prática educativa realizada. Um ambiente de aprendizagem escolar

implica uma estruturação prévia, uma intencionalidade que, por sua vez, se expressa

na prática educativa. Um ambiente de aprendizagem escolar é dinâmico e ainda

socialmente construído. “O caráter socialmente construído de um ambiente de

aprendizagem explica as diferentes percepções que estudantes e professores podem

ter de um ambiente com a mesma organização” (MOREIRA, 2007).

Pontelo e Moreira (2008) apontam a metodologia de projetos como uma prática

educativa que constitui ambientes de aprendizagem com características sócio-

construtivistas. Essas características estariam expressas em cinco categorias propostas

por Taylor, Fraser e Fisher (1997): 1) Relevância pessoal, 2) incerteza, 3) voz crítica, 4)

controle compartilhado e 5) negociação.

Sinteticamente, a relevância pessoal busca a utilização das experiências dos

estudantes. A incerteza relaciona-se com o processo de busca e produção do

conhecimento através da investigação. A voz crítica, terceira categoria, explora o

envolvimento do aluno no processo de ensino e aprendizagem, proporcionando a

oportunidade de manifestação em relação a qualquer aspecto do processo, até mesmo

as estratégias utilizadas pelo professor. Já o controle compartilhado expressa a

possibilidade do compartilhamento do controle do ambiente com o professor desde o

planejamento das atividades até os critérios de avaliação. Neste ponto, é interessante

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notarmos que o controle não é transferido do professor para o estudante, mas passa a

ser compartilhado com ele. E, por último, mas não menos importante, a categoria

negociação avalia até que ponto os estudantes podem expor e justificar suas idéias,

ouvir a idéia e justificativa dos colegas, refletir sobre a pertinência delas, podendo

avaliar criticamente suas próprias idéias.

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4 OS ARTIGOS DA V CNMEM

Tratamos aqui da nossa leitura dos artigos da V CNMEM fazendo uma análise

quantitativa com o objetivo de identificar pontos comuns e pontos divergentes entre

eles. Depois dessa análise, passamos a apresentar uma análise qualitativa dos artigos

para a qual utilizamos como categorias de análise, componentes da definição de prática

educativa adotada no capítulo 2 deste trabalho.

4.1 Análise quantitativa

A análise quantitativa consta da apresentação de dados que mostram os

seguintes quesitos: a) quantos artigos relatam alguma experiência de modelagem; b)

em que nível de ensino essas experiências relatadas estão acontecendo; c) uma

classificação, quando possível, desses artigos, nos casos descritos por Barbosa, como

citado no capítulo que trata sobre Modelagem Matemática e d) a apresentação de um

quadro com as caracterizações usadas nos artigos. Os três primeiros quesitos tem

como objetivo traçar um perfil de como e onde a Modelagem está sendo aplicada

podendo interferir em diferentes ações educativas. Já o quarto quesito coloca a nossa

frente a gama de termos com certos significados dentro da Modelagem Matemática na

Educação.

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4.1.1 Níveis de ensino

Dos 57 artigos lidos 37 relatam alguma experiência de aplicação da modelagem

desde o ensino fundamental até a pós-graduação strictu-sensu. A frequência com que

essas aplicações ocorreram em cada nível de ensino encontra-se na tabela abaixo.

Níveis de ensino Frequência

Educação Infantil 1

Ensino Fundamental 11

Ensino Médio 3

EJA 1

Graduação 16

Especialização 4

Mestrado 1

Tabela 1 Níveis de ensino onde a modelagem foi aplicada. Fonte: Dados da pesquisa

Destacamos aqui os onze relatos de alguma aplicação no ensino fundamental,

os dezesseis da graduação em que sete são aplicações em cursos para não-

matemáticos e nove para cursos de licenciatura em Matemática.

4.1.2 Casos descritos por Barbosa

Como as diversas concepções existentes sobre modelagem se diferenciam

basicamente na escolha do tema, se esta é feita livremente pelo aluno ou não, e pela

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relação entre matemática e realidade, escolhemos os casos descritos por Barbosa

como um dos pontos de análise escolhidos, pois esses casos começam por diferenciar-

se na escolha do tema, passando pela coleta de dados e chegando à resolução do

problema.

Casos de Barbosa Frequência

Caso 1 2

Caso 2 16

Caso 3 14

Tabela 2 Classificação dos artigos pelos casos de Barbosa Fonte: Dados da pesquisa

Dos trinta e sete artigos que relataram alguma experiência, pudemos, identificar

em trinta deles características que nos permitiram classificá-los nos casos descritos por

Barbosa. Isso reforça os pressupostos de Barbosa (2001a, p.40) quando afirma que

nem todas as atividades consideradas por seus autores como de modelagem se

encaixam em um dos casos. A somatória superior a 30 da segunda coluna da Tabela 2

justifica-se pelo relato de mais de uma situação em um mesmo artigo.

4.1.3 Caracterizações

São muitas as caracterizações atribuídas à Modelagem Matemática no Ensino.

Abaixo se encontram duas tabelas que apresentam todas as diferentes caracterizações

encontradas na leitura dos anais da V CNMEM e a ocorrência de cada uma delas. É

importante ressaltar que não foi contada a quantidade de vezes que um termo ou

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expressão apareceu em um artigo, mas se esse termo ou expressão apareceu em mais

de um artigo. Termos como ensino-aprendizagem, ensino e aprendizagem, para o

ensino e aprendizagem e do processo de ensino e aprendizagem foram agrupados.

Decidimos separar as caracterizações em duas tabelas. A primeira –

Caracterizações - Voz do autor – mostra a incidência de caracterizações usadas pelo

autor, ou pelos autores, do artigo sem qualquer tipo de citação. Já a segunda tabela –

Caracterizações - Citações – apresenta as caracterizações utilizadas pelo autor do

artigo por meio de citações. Neste quadro achamos importante expor o autor citado.

Caracterizações – Voz do autor Frequência

Alternativa diferenciada de conceber o ensino da matemática 1

Alternativa metodológica 1

Alternativa pedagógica 5

Ambiente de aprendizagem 5

Ambiente de ensino e aprendizagem 1

Caminho alternativo 1

Caminho para o ensino e aprendizagem de matemática 1

Enfoque pedagógico 1

Estratégia alternativa para o ensino da matemática 1

Estratégia de aprendizagem 1

Estratégia de ensino 6

Estratégia de ensino e aprendizagem 11

Estratégia de ensino para a etnomatemática 1

Estratégia metodológica 1

Estratégia pedagógica 3

Ferramenta no processo de ensino e aprendizagem 1

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Instrumento metodológico 1

Instrumento pedagógico 1

Método 1

Método alternativo de ensino 1

Método de ensino 2

Metodologia 3

Metodologia de ensino 4

Opção metodológica 2

Perspectiva pedagógica 1

Prática educacional 1

Prática educativa 1

Prática pedagógica 2

Procedimento 1

Proposta metodológica 1

Recurso didático 1

Recurso metodológico 1

Recurso pedagógico 2

Tabela 3 Caracterizações utilizadas pelos autores dos artigos Fonte: Dados da pesquisa

Não foi colocado em separado na tabela, mas merece um destaque, três outras

expressões que surgiram: 1) Prática pedagógica pautada pela modelagem matemática

e 2) Dinâmica de ensino e aprendizagem pautada pela modelagem. O destaque nestas

expressões deve-se ao termo “pautada” que foi inserido fazendo com que, no nosso

ponto de vista, a modelagem não seja uma prática pedagógica e nem uma dinâmica de

ensino e aprendizagem e sim algo utilizado para compor essas duas. O termo pautada

nos traz a idéia de que a Modelagem foi algo utilizado para modificar a prática

pedagógica e a dinâmica de ensino e aprendizagem e não para substituir.

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O outro termo foi 3) Projetos de aplicação da matemática, que seriam projetos

desenvolvidos utilizando para isso a metodologia da modelagem matemática.

Caracterizações – Citações Frequência

Abordagem metodológica (Almeida) 1

Alternativa de ensino aprendizagem (Silva) 1

Alternativa de ensino aprendizagem (Oliveira) 1

Alternativa metodológica de ensino (Burak) 1

Alternativa para o ensino e aprendizagem (Almeida e Dias) 1

Ambiente de aprendizagem (Barbosa) 19

Caminho para ensino e aprendizagem da matemática (Monteiro) 1

Concepção pedagógica (Borba) 2

Enfoque didático-pedagógico (Borba) 1

Estratégia de ensino (Bassanezi) 1

Estratégia de ensino (Monteiro) 1

Estratégia de ensino e aprendizagem (Bassanezi) 5

Estratégia de ensino e aprendizagem (Biembengut e H ein) 1

Estratégia pedagógica (Bassanezi) 1

Ferramenta de ensino-aprendizagem (Scheffer) 1

Metodologia de ensino (D'Ambrósio) 1

Metodologia de ensino -aprendizagem (Biembengut e Hein) 2

Modelação (Biembengut e Hein) 4 Tabela 4 Caracterizações surgidas em citações feitas pelos autores dos artigos

Fonte: Dados da pesquisa

Nessa tabela, destacamos as dezenove citações envolvendo o termo ambiente

de aprendizagem. Essas caracterizações aparecem com certa frequência em citações,

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pois são usadas para definir modelagem, expondo a concepção que se tem. Esta

definição, na maioria das vezes, inicia-se com uma caracterização.

4.2 Análise qualitativa

4.2.1 Motivos/necessidades

Alguns artigos, mesmo que relatando uma experiência ou debatendo

teoricamente algo relacionado à Modelagem, justificam esse uso apontando o que

chamaremos aqui de motivos/necessidades para o uso. Na literatura, podemos

encontrar alguns desses motivos na forma de argumentos a favor do uso da

Modelagem.

A seguir, apresentamos excertos dos artigos analisados em que são destacados

o que chamamos de motivos para o uso da modelagem. É importante salientar que os

motivos listados abaixo não se encontram em ordem de importância. Preocupa-nos,

apenas, em dar conexão aos fragmentos retirados dos artigos e os comentários feitos e

proporcionar uma melhor leitura.

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A. Mudança no Ensino de Matemática

Os motivos, em sua quase totalidade, estão diretamente relacionados com a

necessidade e tentativa de implementar e introduzir mudanças nas práticas educativas

em vigor no ensino de Matemática, proporcionando uma ruptura com o ensino dito

tradicional. Verificamos isso nos excertos abaixo, de Oliveira e Campos (2007) e no de

Burak e Kluber (2007), que procuram mostrar como essa prática pode contribuir para

uma maior dinâmica no ensino através de uma participação mais efetiva do estudante

no processo.

…visualizar uma necessidade de ensinar Matemática de maneira não tradicional… (OLIVEIRA e CAMPOS, 2007, p.243). ...a possibilidade de uma dinâmica maior no ensino, pela ação e o envolvimento do próprio grupo na perspectiva da busca do conhecimento, bem como pela socialização desse conhecimento dentro do grupo (BURAK e KLUBER, 2007, p.916).

Nos trechos a seguir, percebemos, respectivamente, a preocupação com um

trabalho colaborativo, a quebra de paradigmas com relação entre o correto e o exato e

despertar o interesse pela Matemática.

...permitir um trabalho colaborativo e integrado entre professor e alunos, tornando-os responsáveis pelo próprio conhecimento (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.432). A possibilidade de obter resultados corretos mas não exatos parece despertar mais interesse que na resolução de um exercício padrão (SANT’ANA e SANT’ANA, 2007 p.259).

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B. Interesse pela Matemática

Esse (re)despertar o interesse pela Matemática é buscado, também, pela

possibilidade da Modelagem ser uma forma de tornar a Matemática mais atraente,

agradável e motivadora. Entendemos que isso levará ao resgate do gosto e do prazer

em aprender Matemática, levando o estudante a uma melhor compreensão de temas já

abordados e, até mesmo, a busca por conteúdos não previstos para aquele momento,

como podemos perceber nos excertos abaixo:

...um caminho para tornar a Matemática, em qualquer nível, mais atraente, agradável e motivadora (SANT’ANA e SANT’ANA, 2007 p.253). ...contribui para tornar a matemática mais atraente para os alunos no que se refere a aplicação deste componente curricular (matemática), no cotidiano da vida dos alunos (RODRIGUES, NECKEL e FAGUNDES, 2007, p.368). ...um instrumento valioso para resgatar nos alunos, de todos os níveis, o gosto e o prazer em aprender Matemática...( SILVA, 2007, p.710). ...pode propiciar ao aluno a melhor compreensão de conceitos complexos e a oportunidade de poder descobrir o novo de forma não-estática (ARAÚJO, 2007, p. 622).

A busca por novos conteúdos nos remete ao currículo. Um dos motivos, de se

usar Modelagem, em uma de suas formas de aplicação no ensino, é o cumprimento de

um conteúdo já previsto, como feito por Leite (2007) observado abaixo

... visando, essencialmente, desenvolver os conteúdos matemáticos previstos (p.163).

Mas outro motivo seria contrário do citado acima: a quebra da linearidade do

currículo, como vemos em Cunha e Santo (2007).

...ruptura da linearidade dos conteúdos e uma reorientação do trabalho pedagógico, com ênfase nas atividades ligadas aos problemas do cotidiano dos alunos (p.561).

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C. Mudança no currículo

Alguns autores apostam na Modelagem como uma prática capaz de permitir uma

(re)organização dos conteúdos de forma mais incisiva.

Por ser uma metodologia flexível e que valoriza a investigação e a exploração para introduzir o conceito matemático, a Modelagem Matemática nos permite a (re)organização do conteúdo de forma mais contundente (BUENO e REIS, 2007, p.599).

Preocupados com o resgate do prazer em aprender Matemática, percebemos

que o uso da Modelagem é uma prática que muito pode favorecer nesse aspecto,

essencialmente pelo fato de tornar visível a relação da Matemática com outras áreas

através aplicação de seus conteúdos, ou seja, da utilidade da Matemática. Vejamos:

D. Utilidade da Matemática

...utilização de aplicações da Matemática no ensino, operacionalizando esta utilização de diversas maneiras, uma destas é a Modelagem Matemática, que se difere de modo geral das demais por pressupor a utilização de dados reais e não de uma realidade “criada” pelo professor" (SANT’ANA e SANT’ANA, 2007, p.253)

Essa utilização de aplicações da Matemática visa, como destacado nos trechos

abaixo, à integração dessa com outras áreas da realidade fazendo com que o

estudante perceba a integração entre os conceitos que estão sendo estudados e suas

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aplicações, levando, novamente, à motivação pelo aprendizado da Matemática e a

percepção ou questionamento da importância dessa aprendizagem.

...entendemos que práticas educacionais que visem a integração entre a Matemática e outras áreas da realidade são de extrema importância (SANT’ANA e SANT’ANA, 2007, p.253, grifo nosso). ...o uso da Modelagem Matemática no ensino possibilita uma integração entre os conceitos e suas aplicações, como também motiva o aluno ao aprendizado da Matemática (FERRUZZI e ALMEIDA, 2007, p.426, grifo nosso). ...fiz uso da modelagem matemática como uma forma de levar os alunos a perceberem e/ou questionarem a importância da Disciplina Elementos de Cálculo II para o futuro Engenheiro Florestal (SILVA, 2007, p.708, grifo nosso).

Nos artigos analisados, percebemos, também, a intensa busca por uma

aprendizagem mais significativa que pode ser proporcionada pelos motivos já citados

cuja viabilidade é buscada pela utilização da Modelagem.

A Modelagem Matemática ao contemplar pesquisa, levantamento de hipóteses a respeito de situações, proporciona uma aprendizagem mais significativa e contextualizada (FERREIRA, 2007, p. 1020). ...um dos principais objetivos da modelagem é desenvolver no aluno o interesse pela pesquisa, pois a mesma pode ser direcionada para a proposição de atividades que sejam atraentes e que se relacionem com as experiências de vida dos educandos (FERREIRA, 2007, p.520)

E. Aprendizagem Significativa

Justifica-se a escolha da Modelagem Matemática por possibilitar trabalhar com problemas da vida dos alunos e, assim, dar significado aos conteúdos matemáticos e estatísticos... (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.432) ...tornando o ensino e a aprendizagem dos conhecimentos matemáticos mais significativos para os alunos (THOMAZ NETO; XAVIER, 2007, p.306).

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O resgate e a valorização de situações do cotidiano levaria, segundo Cunha e

Santo (2007) e Kfouri et al. (2007), a uma aprendizagem significativa, contextualizada e

crítica.

...a possibilidade de favorecer uma aprendizagem mais significativa da Matemática, o resgate e a valorização dos conhecimentos cotidianos / informais acumulados das experiências de vida dos alunos jovens e adultos (CUNHA e SANTO, 2007, p.558). ...uma aprendizagem de modo mais significativa e crítica, utilizando matemática de situações reais (KFOURI et al., 2007, p.780).

A abordagem de situações reais, quando feita sem uma interferência mais

enfática do professor (um dos pontos importantes do trabalho com Modelagem),

possibilitaria o estudante pensar, criar e estabelecer relações, o que levaria a despertar

o interesse pelo novo. E esse novo abordaria assuntos de outras áreas e tópicos

matemáticos ainda desconhecidos pelos estudantes, como podemos perceber nos

excertos abaixo:

…pode proporcionar o surgimento da intenção de aprender algo que não se conhece, com a finalidade de solucionar um problema em questão (FERRUZZI e ALMEIDA, 2007, p. 419). … possibilita o aluno a pensar, a criar e a estabelecer relações, despertando o interesse por tópicos matemáticos que ele ainda desconhece (KFOURI et al., 2007, p.781). ...a modelagem matemática no ensino pode ser um caminho para despertar no aluno o interesse por tópicos matemáticos que ele ainda desconhece, ao mesmo tempo, que aprende a arte de modelar, matematicamente. Isso porque é dada ao aluno a oportunidade de estudar situações-problema por meio de pesquisas, desenvolvendo seu interesse e aguçando seu censo critico (RODRIGUES, NECKEL e FAGUNDES, 2007, p.368).

Dada essa oportunidade de observação, pesquisa, busca por compreensão e

respostas para os problemas levantados, o estudante tem, então, a oportunidade de

uma formação sócio-crítica, um outro motivo para aplicação da Modelagem.

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F. Formação sócio-crítica

Assim, além de avançar os seus conhecimentos, pode contribuir para a formação de alunos com espírito investigativo, e como conseqüência torná-los cidadãos mais críticos e com poder de argumentação (FERREIRA, 2007, p.1018).

Segundo Leite (2007), a metodologia da Modelagem propiciaria discussões não-

matemáticas, o que levaria o estudante a desenvolver sua consciência sócio-crítica,

posicionando-se em relação aos temas abordados e em suas implicações sócio-críticas

e tomando decisões sobre esses temas, como exposto nos trechos abaixo:

...a Modelagem Matemática propicia as discussões paralelas (ou reflexões não matemáticas), aquelas que não fazem parte da construção do modelo matemático, mas favorecem as investigações matemáticas e as discussões sociais (LEITE, 2007, p.173).

...o desenvolvimento de uma consciência sócio-crítica que levem os alunos a buscarem soluções para os problemas enfrentados pelas comunidades e que podem, de um modo geral, ser modelados em sala de aula (FERREIRA, 2007, p.520). ... a sua fertilidade em despertar nos alunos o posicionamento em relação aos temas abordados (SOUZA, 2007, p. 903) ...pelas possíveis implicações sócio-críticas que os mesmos suscitavam (SOUZA, 2007, p.898). ...a fim de possibilitar aos alunos o desenvolvimento de capacidades permitindo a tomada de decisões em processos de resolução de problemas (RODRIGUES, NECKEL e FAGUNDES, 2007, p.367).

Os estudantes ainda terão, com isso, a oportunidade de perceber a importância e

o papel da Matemática nas discussões e práticas sociais vendo-a como uma ferramenta

de acesso e compreensão do mundo.

...discussão do papel da Matemática nas práticas sociais... (SANT’ANA e SANT’ANA, 2007, p.253)

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...vista como uma ferramenta para acessar e compreender o mundo (SILVA, 2007, p.710).

G. Aprender a Modelar

Um outro motivo exposto pelos autores é o fato de a aprendizagem do próprio

processo de Modelar poder levar o aluno a tornar-se um modelador, aguçando nele

características como pesquisa, resolução de problemas, criatividade, etc.

Pois, a modelagem matemática como estratégia de ensino tem como objetivo principal levar o aluno a desenvolver a criatividade matemática no sentido de torná-lo um MODELADOR, quando se dedica ao estudo de alguma situação fenomenológica, consegue explorar mais sendo criativo e habilidoso na resolução de problemas através de desempenho da modelagem matemática (SILVA, WIELEWSKI e GAZZETTA, 2007, p.1038).

Para fecharmos este levantamento dos motivos relacionados pelos autores dos

artigos, colocamos um que é mais pontual. Em especial em cursos de formação

continuada e formação de professores a construção de um modelo de atividades a

serem aplicadas nos ensinos fundamental e médio é um dos motivos do uso da

modelagem.

Como o objetivo final do projeto é que cada professor – aluno leve para suas salas de aulas uma atividade inovadora, em muitos casos, surge a idéia ou os professores orientadores sugerem a construção de um kit pedagógico que para auxiliá-lo na sala de aula, bem como a idéia da utilização das ferramentas computacionais (SALVADOR, 2007, p. 826).

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4.2.2 Ações e seus objetivos

Diante dos motivos colocados a atividade é, então, composta de ações que se

ligam a objetivos e levem a suprir a(s) necessidade(s)/motivo(s) da atividade. O

fragmento abaixo cita algumas ações como a experimentação, abstração,

sistematização de conteúdos, resolução de problemas, validação e aplicação e seus

objetivos que seriam, respectivamente, reconstrução do conhecimento matemático,

compreensão prévia da matemática, interpretação e busca de significados,

compreensão efetiva da Matemática e manifestação da compreensão.

O aluno ao percorrer as etapas do processo de modelagem, ele tem a possibilidade reconstruir o conhecimento matemático à medida que percebe a Matemática presente na situação em estudo (na fase de experimentação), tem dela uma compreensão prévia (na abstração), interpreta e busca significados (na sistematização dos conteúdos durante a elaboração do modelo e na busca por soluções), compreende efetivamente a Matemática percebida (na resolução) e manifesta a compreensão (nas etapas de validação e aplicação) (SANTOS; ALMEIDA, 2007, p. 690).

Quando nos referimos à aplicação da Modelagem no ensino é comum vermos,

como no texto acima, autores como Burak (1987) e Biembengut e Hein (2003) listando

etapas, que neste trabalho denominaremos, em concordância com a Teoria da

Atividade, de ações, que têm um papel de orientação da atividade, principalmente para

aqueles professores que decidem enfrentar essa atividade pela primeira vez. Esses

autores também listam os objetivos a serem atingidos com essas ações. É evidente que

estas ações não precisam ser seguidas rigidamente na ordem com que são

apresentadas, e esta é uma característica da atividade Modelagem, a flexibilidade das

suas ações.

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É importante ressaltar que essas ações, muitas vezes, se configuram como

diversas Atividades e que nem todas são contempladas nas diversas aplicações de

Modelagem.

A. Diagnóstico

Essa ação visa a conhecer a turma, suas experiências, seus interesses e

expectativas.

Foi a partir desse diálogo inicial, que visou conhecer a turma, compreender seus interesses e expectativas em relação à disciplina e avaliar o interesse deles pela Modelagem...(SILVA, 2007, p.711)

Para aqueles que desejam utilizar-se do estudo de temas da realidade do aluno,

mas não querem deixar que escolha dos mesmos seja feita pelos alunos, esse

momento pode ter o objetivo de levantamento de temas propostos pelos estudantes e

que serão analisados a posteriori pelo professor para a realização do trabalho.

Pode-se incluir, neste momento, a exposição do tipo de trabalho que será

realizado para que aluno se sinta, talvez, mas confortável para a execução do mesmo,

como realizado por Oliveira e Campos (2007), Silva (2007) e Souza e Santo (2007).

...sendo este o momento em que o professor comunica aos alunos que eles irão trabalhar com situações provenientes do cotidiano através da Matemática. Nesse momento o professor, ao apresentar a atividade de Modelagem aos alunos, busca utilizar estratégias para garantir o envolvimento deles, visto que a participação dos alunos é fundamental no desenvolvimento de atividades desta natureza (OLIVEIRA e CAMPOS, 2007, p.242). ...destinei um dos nossos encontros semanais, logo no início do semestre, para explicar-lhes detalhadamente a proposta dos projetos bem como o que era a

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modelagem. Também disponibilizei artigos, dentre os acima citados, para que consultassem e tirassem suas dúvidas sobre modelagem" (SILVA, 2007, p.711). Inicialmente, abordamos atividades contextualizadas, visando familiarizar os alunos na abordagem de temas não-matemáticos em aulas de Matemática… (SOUZA e SANTO, 2007, p. 788)

B. Escolha do Tema

A escolha do tema é uma ação sobre a qual não há consenso entre os

“modeladores”. Para alguns, ela deve ser feita pelo estudante objetivando, já nesse

momento, a sua maior participação, autonomia e interesse no processo.

A escolha [do tema] recaiu sobre as sementes de Leucema por tratar-se de uma espécie, segundo os proponentes, de grande importância econômica e ambiental, algo que interessa muito ao futuro engenheiro florestal e vai de encontro às preocupações atuais com aquecimento global e a necessidade de diminuir a emissão de gás carbônico na atmosfera com o plantio de árvores (SILVA, 2007, p. 713).

Outros, porém, consideram que o tema pode sair de um acordo entre professor e

estudantes, fazendo com que o professor tenha um pouco mais de controle sobre a

atividade, mas não deixe de lado o interesse do aluno. O tema pode ser sugerido pelo

professor. Essa escolha é feita, principalmente, quando se tem a necessidade de

abordar algum conteúdo específico.

C. Desenvolvimento do conteúdo

Na busca por solução para os problemas levantados, haverá o uso de

ferramental matemático. O trabalho em grupo com o mesmo tema ou temas diferentes

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faz com sejam abordadas estratégias de resolução diferentes e assim uso de tópicos

diferentes. Neste momento o professor poderá desenvolver o conteúdo envolvido

naquele tema visando à sistematização desse conteúdo.

...destinamos ao desenvolvimento dos procedimentos matemáticos e da relação intrínseca entre a matemática existente na conta de energia e também a matemática contida no interior da conta de energia [...]...o intuito de desvendar a matemática contida na conta do consumo de energia da casa dos alunos participantes. Momentos de generalização de alguns conceitos matemáticos como o de função. Momento também de trabalhar com atividades matemáticas (RODRIGUES, NECKEL e FAGUNDES, 2007, p.370).

Após a construção do modelo foi feita a sistematização dos conceitos referentes à função do primeiro grau…(FONTANINI e ALMEIDA, 2007, p. 405)

D. Reflexão e avaliação

Esta ação tem por objetivo verificar o que foi produzido pelo aluno tanto em

discussões matemáticas como não-matemáticas, destacando contextos mais gerais

como interesse, trabalho em grupo, posicionamento diante de situações da realidade e

a reflexão sobre a importância desse tipo de atividade. Vejamos:

A análise crítica das soluções é uma atividade que favorece o desenvolvimento do pensamento crítico e a argumentação lógica, discutindo, também, a coerência da solução dos problemas nas situações da realidade. É um momento importante para a discussão dos aspectos relacionados à Matemática e às Ciências Sociais, Culturais, Econômicas, Políticas e outras (BURAK e KLÜBER, 2007, p.914).

...os alunos foram avaliados de uma maneira continuada destacando na avaliação contextos mais gerais tais como: Escrita matemática, desempenho, interesse, colaboração com os colegas, senso crítico e capacidade de debater os assuntos, visando assim não utilizar a avaliação como um processo classificatório, mas sim um instrumento de motivação no processo de formação do trabalho proposto (RODRIGUES, NECKEL e FAGUNDES, 2007, p.371).

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...sobre o trabalho realizado e sobre o processo de ensino e aprendizagem da Matemática por meio da modelagem matemática. Também nestes momentos discutiremos com os alunos a respeito do trabalho realizado e finalizamos nossa relação com alunos naquele momento refletindo sobre a importância de se ensinar matemática por meio da realidade, ou seja, relacionar “Matemática e Realidade” (RODRIGUES, NECKEL e FAGUNDES, 2007, p.370).

4.2.3 Operações e Condições

A atividade está ligada ao seu motivo propulsor. Para se atingir este motivo são

propostas ações que tem seus objetivos. Como já citado, muitas vezes essas ações

acabam se configurando como uma Atividade. Mas para que estas ações possam ser

realizadas deve haver meios pelos quais isso acontecerá. Esses meios são

denominados, na Teoria da Atividade, de operações.

Um diálogo inicial, leitura de artigos, montagem de tabelas, gráficos, ajuste de

curvas, pesquisa com profissionais da área específica do tema abordado, pesquisas de

opinião, pesquisa em material especializado, busca por ferramental matemático,

discussão em grupo, divisão de tarefas, redação de um relatório final, apresentação do

trabalho (todo o processo) e outros itens são meios, ou seja, operações, que

encontramos em alguns dos artigos lidos como podemos perceber nos fragmentos

abaixo:

...entende-se que a leitura e a discussão são essenciais para quem pretende trabalhar com Modelagem Matemática e, em especial, para alunos que se preparam para o exercício do magistério (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.437).

A leitura desses textos teve o propósito de aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre a teoria da Modelagem Matemática e motivá-los para a realização do trabalho (BISOGNIN, FERREIRA e BISOGNIN, 2007, p.185).

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Percebemos acima que a leitura de textos sobre Modelagem é uma operação

que viabiliza a realização do trabalho e, também, podemos assim dizer, encoraja futuros

professores na implementação dessas atividades em suas salas de aula.

Essas operações, em Modelagem, têm recebido o nome de estratégias, que são

usadas pelos professores e alunos, professores com alunos, professores com

professores e alunos com alunos.

...apresentou como iria trabalhar, resgatou as experiências anteriores realizadas em sala de aula, direcionou o tema afunilando para um aspecto e ilustrou as experiências dos alunos com compras a partir do aspecto escolhido (OLIVEIRA e CAMPOS, 2007, p. 247).

Vemos a colaboração docente como uma estratégia para, de um lado, minimizar as dificuldades inerentes ao processo de coleta de dados e, de outro, analisar as possibilidades pedagógicas de trabalhos coletivos, baseados em projetos de modelagem centrados em temas que sejam do interesse da comunidade estudantil (JACOBINI; FERREIRA; LEITE, 2007, p.1059).

Encontramos, acima, o resgate de experiências anteriores, o direcionamento do

tema, ilustrações de experiências e a colaboração docente sendo usadas como

operações na atividade de modelagem.

A colaboração docente, ainda, é destacada no fragmento abaixo, também, como

uma condição favorável à realização da atividade.

...buscamos (i) extrapolar as fronteiras de uma única sala de aula, aglutinando ao redor desses projetos outros professores que lecionam Estatística e, com eles, seus alunos; (ii) ampliar, como conseqüência, a participação estudantil em discussões de questões relevantes para a comunidade; (iii) facilitar o trabalho de coleta de dados; (iv) avaliar as contribuições desse trabalho colaborativo para a prática docente e para e para o processo de ensino e de aprendizagem (JACOBINI, FERREIRA e LEITE, 2007, p.1059).

Essas operações acontecem de acordo com as condições que se tem para

serem realizadas. Essas condições são ditadas pelo ambiente e tudo o que o compõe.

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Na modelagem encontramos, como condições, a disponibilização de artigos para

leitura, o acesso à internet para viabilizar a pesquisa, o uso de programas

computacionais, a formação do estudante, caracterizadas por suas experiências

prévias, perspectivas futuras tanto do professor quanto do estudante, utilização do

computador (suas ferramentas básicas, como Word, Excel, Power Point), o tempo

disponível de estudantes e professores, etc. Notemos isso nos fragmentos a seguir:

Dessa maneira, é possível sugerirmos que no contexto em que as atividades de Modelagem são desenvolvidas, as experiências prévias e as expectativas futuras dos alunos interferem, direta ou indiretamente, em suas práticas de Modelagem (OLIVEIRA e BARBOSA, 2007, p.1073).

Os alunos construíam tabelas e utilizaram programas computacionais, como o Excel, Maple e CurveExpert para traçar gráficos e validar os modelos obtidos (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.437).

… o modelo matemático será mais ou menos elaborado segundo o conhecimento matemático do aluno naquele momento (SANTOS, 2007, p. 700).

Combinamos também que poderíamos marcar encontros fora do horário da disciplina para tirar dúvidas e delinear os encaminhamentos que deveriam empreender na realização dos experimentos. Para os que não podiam me encontrar fora do horário da disciplina, destinava alguns minutos no início e no final de cada encontro semanal. (SILVA, 2007, p.712).

Há um destaque nas condições para a realização das atividades de Modelagem.

As operações envolvidas nessas atividades encontram em alguns trabalhos uma

condição, dita, bastante favorável para este tipo de atividade que é a utilização das

tecnologias de informação e comunicação como vemos, por exemplo, em Diniz (2007) e

Santos (2007).

... a utilização do computador em atividades de modelagem parece ser uma solicitação quase natural tanto na etapa de obtenção dos modelos quanto para proporcionar uma análise mais aprofundada do problema em questão (SANTOS, 2007, p.691).

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4.2.4 Resultados relatados da atividade

Os relatos dos resultados encontrados nos artigos demonstram que a(s)

necessidade(s) ou o(s) motivo(s) foi (foram) suprido(s) e/ou alcançado(s), mesmo que

em parte em algumas vezes.

A. O papel da matemática e sua relação com outras á reas

O ato de observar o comportamento de um dado fenômeno, os questionamentos, as tentativas de matematização, de estabelecer conexões entre conteúdos e diferentes áreas da ciência, os cálculos, as simulações testadas, os resultados obtidos criticados e interpretados bem como suas implicações científicas constituem-se em atividades de prazer, contribuem para motivação e aprendizado do estudante e do professor engajado (SALVADOR, 2007, p.823). ... foi uma metodologia que envolveu a investigação, a compreensão matemática de fatos oriundos da sociedade e a interpretação dessas realidades (BISOGNIN, FERREIRA e BISOGNINP, 2007, p.189).

O uso da Modelagem propiciou a interpretação da realidade o que favorece o

entendimento, posicionamento e ação sobre a mesma.

B. A mudança de postura do aluno e a instauração do conhecimento

...o processo de ensino não sé dá no sentido único do professor para o aluno, que o estudante tem a oportunidade de sair da passividade, observar, questionar, discutir, experimentar, modelar, testar sua capacidade de

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organização, analisar situações, comparar, desenvolver a autonomia e tomar decisões, etc (SALVADOR, 2007, p. 824).

Fica claro, nos relatos a mudança do papel do estudante no processo de ensino

e aprendizagem, antes visto como um mero receptor de informações, agora um

membro ativo desse processo, o que propicia, também, uma mudança de postura do

professor.

Ao realizar o trabalho e analisar os dados percebeu-se mudanças de atitudes dos alunos frente ao trabalho, em sala de aula, como motivação, comprometimento, colaboração e o compromisso com a construção do conhecimento (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.431).

Compromisso com a “construção” do conhecimento é o destaque que damos ao

excerto acima. A mudança de atitude do aluno o faz responsável pelo conhecimento

que irá ou não construir. Coloca-o como responsável pela sua aprendizagem.

O fato de o grupo compartilhar o processo de ensino, isto é, escolher àquilo que gostaria de estudar, ter oportunidade de se manifestar, de discutir e propor, favorece um maior interesse de cada grupo envolvido (BURAK e KLÜBER, 2007, p.915).

Verifica-se novamente o destaque para o estudante como coparticipante do

processo de ensino e aprendizagem, com um destaque ainda maior na sua

interferência no processo de ensino tão associada à figura do professor.

Pode-se dizer que ocorreu um trabalho colaborativo entre os componentes dos grupos e dos grupos entre si, e trocas de experiências entre eles e também com a professora. Além disso, durante o processo da Modelagem várias discussões ocorreram, favorecendo o espírito crítico (FERREIRA, 2007, p. 1023).

A busca pela criticidade, e de momentos para isso é observado ao se trabalhar

com Modelagem e em Cargnin-Stieler e Bisognin (2007) percebemos que a premissa

dessa prática oportunizou esses momentos.

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...despertou o interesse e a motivação para estudar conteúdos matemáticos ou estatísticos contextualizados, bem como atitudes positivas em relação a matemática. O entendimento da realidade, a análise crítica do contexto estudado e a dedicação dos alunos nos processos investigativos, proporcionada pela contextualização das situações-problema que os envolviam foram aspectos positivos registrados por essa investigação (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.442).

Além das discussões não-matemáticas, temos também as matemáticas. A busca

por uma solução mais adequada para os problemas levantados levaram a um interesse

maior por tópicos da própria Matemática.

... as vantagens sobre a utilização da Modelagem Matemática foram a compreensão dos conteúdos matemáticos, o desenvolvimento da habilidade de pesquisa, a significação das atividades escolares, o envolvimento dos alunos num trabalho colaborativo em sala de aula (CARGNIN-STIELER e BISOGNIN, 2007, p.441).

Habilidades de pesquisa e trabalho colaborativo, mais dois pontos almejados,

são relatados por Leite (2007) como encontrados dentro da formação do estudante.

... mudança de postura de alguns alunos não só em relação à prática docente como também em relação a questões externas à Matemática, como questões sociais e ambientais (LEITE, 2007, p.164).

A formação do cidadão é colocada agora não somente como busca, mas como

resultado.

... na interação dos alunos com situações reais propiciada por esse ambiente, acontece a mobilização de variados conhecimentos, por meio de discussões técnicas, matemáticas e reflexivas, como as apresentadas na análise dos dados do presente estudo, ampliando, assim, o vocabulário, pensamentos e ações das crianças em sociedade (LUNA e ALVES, 2007, p.874).

Destacamos, aqui, a importância das discussões advindas da matemática e de

campos fora dessa disciplina para a mobilização de conhecimentos diversos,

percorrendo assim o caminho para instauração desses e outros conhecimentos.

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...ambiente gerado pela Modelagem aponta para mudanças de atitudes efetivas dos sujeitos perante futuras situações similares e/ou com as mesmas características do problema em questão (CUNHA e SANTO, 2007, p.571).

Apesar de remeter a futuras situações que sejam similares, o destaque que

desejamos dar aqui é o relato de mudanças efetivas de atitude e de comportamento.

C. A mudança de postura do professor e o seu aprend izado

Acrescentamos ainda que nós como professores orientadores, professores – alunos que adotamos a modelagem no ensino de matemática aprendemos muito, pois isto nos leva a enfrentar desafios de aprender algo novo que os alunos trazem e questionam, e ao discutirmos e pesquisarmos conseguimos superar as imprevisibilidades, tornando o trabalho desenvolvido muito mais gratificante (SALVADOR, 2007, p.839). … o papel do professor fica redefinido, pois este passa a se constituir no mediador entre o conhecimento matemático elaborado e o conhecimento do aluno ou do grupo (BURAK e KLÜBER, 2007, p.916).

Como já foi destacada em muitos fragmentos anteriores, a utilização da

Modelagem provocou uma mudança na postura do estudante ante o processo de

ensino e aprendizagem. Isso acarreta diretamente uma mudança da postura do

professor que agora sai do papel de único responsável pelo ensino e passa a

compartilhar esse papel atento às necessidades do estudante e aprendendo com este

em suas discussões.

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D. Mudança no ambiente

Vimos que a Modelagem propiciou um ambiente: (1) descontraído, prazeroso e

cooperativo; (2) ambiente de pesquisa, troca, colaboração e interação e (3) pautado em

problematizações, investigações e no diálogo.

...a participação deles nas aulas, o ambiente em sala de aula que foi mais descontraído…(SOUZA, 2007, p. 901)

A utilização de um “mecanismo” de ensino e aprendizagem mais dinâmico, que extrapole os limites do livro-quadro-giz e que torna o aluno um sujeito ativo na construção do conhecimento, propicia um ambiente de aprendizagem mais prazeroso, tanto para os alunos quanto para o professor (BUENO e REIS, 2007, p.599).

...propiciou a criação de um ambiente cooperativo de aprendizagem… (BISOGNIN, FERREIRA e BISOGNIN, 2007, p.180).

...a possibilidade de propiciar um ambiente de pesquisa e investigação (LEITE, 2007, p.174). ... observou-se que essa metodologia propiciou a criação de um ambiente de diálogo, de troca, de colaboração, de interação entre professores e alunos. Esse ambiente permitiu que os alunos se envolvessem com o trabalho, o que os motivou ao estudo do tema e dos conceitos matemáticos envolvidos (BISOGNIN, FERREIRA e BISOGNIN, 2007, p.188). ...o ambiente de ensino desenvolvido via Modelagem é pautado em problematizações e investigações (SOUZA, 2007, p.902, apud, BARBOSA, 2003). As experiências realizadas com os discentes nos aponta para um outro tipo de ambiente, que é o pautado no diálogo entre os atores do processo de ensino e aprendizagem (SOUZA, 2007, p.902).

E. A importância do fazer modelagem

O fazer modelagem, ou seja, participar do processo, se envolver, permitiu o

debate, criação de estratégias, resgate de conhecimento prévio e a uma nova visão da

Matemática. Vejamos:

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Destacamos as percepções dos alunos quanto à importância da Modelagem Matemática como trabalho cooperativo, permitindo o debate, a criação de estratégias, o resgate de conhecimentos prévios e a tomada de decisões, bem como a validação de resultados e o questionamento da exatidão em Matemática (SANT’ANA e SANT’ANA, 2007, p.253). … deixaram de considerar a Matemática como uma ciência desconexa com a realidade, passando a considerá-la como uma importante ferramenta teórica que possibilitou, desde tempos antigos, a evolução da humanidade (KATO, 2007, p. 730). …as atividades de Modelagem Matemática viabilizam a utilização e exploração de diferentes registros de representação semiótica bem como os processos de tratamento, de conversão e de coordenação entre registros (VERTUAN e ALMEIDA, 2007, p.886).

Diante do que foi analisado, explorado e mostrado no interior deste capítulo,

vemos a Modelagem na Educação Matemática apontar para uma Prática Educativa

por envolver uma metodologia que pode ser caracterizada como uma Atividade , por

ser proposta na busca de sanar um ou mais motivos/necessidades , como mudança

de ambiente, despertar o interesse pela matemática, mudança no currículo e formação

sócio-crítica, através de ações com objetivos próprios como um diagnóstico, escolha

do tema, desenvolvimento do conteúdo, reflexão e avaliação. Tudo isso se dá por meio

de operações como diálogo inicial, leitura de artigos, pesquisas diversas, divisão de

tarefas, entre outras, que são buscadas, modificadas e criadas levando em conta as

condições impostas pelo ambiente.

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100

5 O FÓRUM

O fórum de discussão foi escolhido por ser um espaço mais aberto que

possibilita aos participantes a exposição e defesa de suas idéias e concepções sobre o

tema levantado de forma mais livre. Além de possibilitar que os participantes conduzam

as discussões juntamente com quem propôs o fórum, surgindo assim pontos ainda não

idealizados pelo proponente, mas que não fogem do seu objetivo devido ao

acompanhamento sistemático das discussões e sua participação ativa no fórum.

Buscando conseguir participações de pessoas ligadas diretamente ao tema

principal da pesquisa (Modelagem Matemática no Ensino) o ‘local’ escolhido para o

fórum foi o Centro Virtual de Modelagem (CVM), por comportar essa ferramenta e por

ter como participantes um número expressivo de membros interessados em

Modelagem.

O Centro Virtual de Modelagem (CVM) é um ambiente virtual, onde professores de matemática poderão encontrar suporte, oferecer ajuda e colaborar no sentido de encontrar soluções para problemas comuns, construir alternativas e debater questões ligadas a Modelagem (Centro ..., 2007).

Esse ambiente é dotado de ferramentas que permitem comunicações síncronas,

como chat e também comunicações assíncronas como correio eletrônico, portfólio e

fórum. Há ainda a ferramenta hipertexto onde além de permitir que arquivos sejam

disponibilizados pelos usuários, permite também a criação de textos de forma

colaborativa.

... o CVM conta com 250 participantes entre alunos de graduação e pós-graduação, professores dos ensinos fundamental, médio e/ou superior, e professores-pesquisadores de diversas instituições do País. Para acessá-lo, é

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necessária uma identificação mediante login e senha. Depois de realizada essa identificação, o usuário do Centro encontra diversas atividades, relatos, etc. relacionados à Modelagem (Borba, et. al, 2007, p. 105)

Como participante do CVM sabia que poderia a qualquer momento propor um

fórum de discussão nesse ambiente, mas não sabia como fazê-lo. A dúvida era se

poderia simplesmente acessar o ambiente e abrir o fórum ou se teria que comunicar

àqueles que estavam à frente do CVM. Assim foi feito um primeiro contato, por e-mail,

com o idealizador do CVM, Marcelo de Carvalho Borba, no dia 22 de outubro de 2008.

Dois dias depois (24 de outubro de 2008) recebo a resposta de Borba dizendo

que o CVM estava sendo modificado para que num novo ambiente fosse também

possível a utilização de vídeos. A expectativa dele e demais responsáveis pelo novo

CVM, que a partir desse ponto chamaremos de CVM II, é que este começasse a

funcionar três a quatro dias depois (27/10 e 28/10). O fórum passaria a ser, então, uma

das primeiras atividades do CVM II. A resposta foi endereçada a Regina, que lidera o

CVM II, juntamente, com Borba e também para Maria Helena, Nilton e Orlando. Este

último está ligado a questões mais técnicas do CVM II.

Percebi na resposta de Borba que aqueles que já eram inscritos no CVM não

estariam automaticamente inscritos no CVM II e nem estavam sabendo dessa mudança

de ambiente, pois eu era um desses inscritos que tive uma nova inscrição e não estava

sabendo dessas mudanças.

A minha preocupação inicial foi a de que todos os participantes do CVM

soubessem do CVM II e pudessem, assim, participar do fórum. Então acessei o CVM e

enviei uma mensagem para todos que tinham seu e-mail cadastrado no ambiente.

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No dia 25 de outubro, recebo a resposta do monitor Nilton sobre minha inscrição

no novo ambiente para eu pudesse fazer uma visita e até mesmo abrir o fórum. Com

relação à minha preocupação, Nilton responde que os participantes do CVM não

estariam cadastrados diretamente no CVM II, pois muitos não deixaram e-mail para

contato. O que seria feito então era deixar no CVM o endereço do CVM II assim que

estivesse funcionando.

Nesse e-mail, Nilton fornece meu login e minha senha de acesso para o CVM II.

Assim, no dia seguinte fiz a minha primeira visita ao novo ambiente, que ainda não

estava aberto a toda comunidade.

O CVM é um ambiente constituído com base na conjectura de que há uma sinergia entre mídias e, ao mesmo tempo, será um meio para que questões relacionadas com a Educação a Distância (EaD) e Modelagem sejam investigadas, havendo troca de informações e experiências a partir da participação de professores e pesquisadores... (Centro...2008)

Apontando para essa sinergia no novo ambiente, além das ferramentas antes já

existentes agora se insere um espaço de discussão e investigação de atividades de

modelagem com o uso de vídeos. Além dessas atividades há também espaços como

wiki, biblioteca digital, podcasts e outros como podemos ver do lado esquerdo da figura

abaixo.

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Figura 4 Página inicial do CVM II.

O fórum foi criado com as seguintes características:

Título : Caracterizações de MM no Ensino Descrição resumida : Caracterizações seriam os adjetivos relacionados à modelagem como por exemplo "ambiente de aprendizagem" ou "estratégia de ensino e aprendizagem". (Achamos importante descrever o que entendíamos por caracterizações para esclarecermos um pouco mais as discussões que seriam levantadas no fórum) Descrição completa : As discussões desse fórum farão parte de uma pesquisa que procura compreender as caracterizações dadas à modelagem matemática no ensino. Aqui chamamos de caracterização adjetivos relacionados à modelagem como por exemplo "ambiente de aprendizagem" ou "estratégia de ensino e aprendizagem". Dados individuais, como, por exemplo, nomes dos participantes não serão citados na referente pesquisa. Primeiro tópico : Nomeamos de questão inicial com a seguinte descrição (a questão): Na sua concepção qual a melhor caracterização para modelagem matemática no ensino?

No dia 12 de novembro de 2008 começaram as participações no fórum que

serão expostas a seguir juntamente com nossas observações a respeito das mesmas.

Apesar do fórum ser um espaço aberto, utilizaremos letras maiúsculas para representar

os participantes do fórum, preservando assim, pelo menos nesse trabalho, a sua

identidade como proposto na descrição completa do fórum.

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A proposta de discussão foi aceita e vista como pertinente por uns e indiferente

por outros.

[A] A questão de caracterizar modelagem matemática no ensino tem sido realmente muito debatida. [...] a modelagem no ensino tem peculiaridades que são distintas da modelagem na Matemática Aplicada. [B] Creio que o que importa não é nome. Não creio que [...] nome "ambiente de aprendizagem" por exemplo, carregue uma definição que não exija compreensão por parte do leitor. Sendo assim, acho que não é fundamental que tenhamos uma denominação, mas sim uma concepção.

Em um chat acontecido no ambiente temos uma participação a favor do objetivo

dessa pesquisa. O participante disse estar ciente da pesquisa através do fórum, mas

não teve nenhuma participação nesse.

[D] Acho interessante esse movimento que o Bruno e outros pesquisadores já têm feito de entender melhor as coisas, de conceituar, achar nomes apropriados,[...] ... eu lembro da Paula e da questão de projetos. Parecia que modelagem era projetos.....

Concepções de modelagem matemática no ensino já foram apresentadas e

diferenciam-se, basicamente, pela participação de estudantes e professores na escolha

do tema a ser abordado.

[B] ... o que caracteriza a modelagem no fundamental é a escolha do tema para ser investigado pelo educando. Creio que a possibilidade de que o ponto de partida seja dado pelo aluno é o fundamental. A participação do aluno na escolha do tema pode ajudar a quebrar o tempo da escola tão marcado pela disciplinarização do currículo. [B] E aí a mudança fundamental é a participação do aluno na escolha do tema, e no recorte do problema.

Pelas participações acima, percebemos que os participantes podem não ter feito

a distinção entre caracterização e concepção fazendo-se importante nesse ponto uma

intervenção quanto a isso.

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[Pesquisador] O que procuro é 'entender' se os adjetivos que antecedem a concepção estão diretamente relacionados a ela. E também, qual a idéia/concepção/conceito tem a pessoa que usa tal adjetivo.

Quanto aos nomes utilizados para caracterizar a Modelagem concordamos em

parte com o participante B sugerindo que o nome pode sim interferir na compreensão

da Atividade pelo leitor. Mesmo o nome não trazendo uma compreensão completa da

forma como se entende Modelagem, pode haver um confronto das duas definições, do

termo utilizado e da Modelagem. Como vemos na participação, do próprio participante

B, os nomes carregam associações e significados que dependem da experiência de

quem escreve ou lê.

[B] Embora eles carreguem associações e significados de usos em outros contexto, dependendo da experiência do leitor.

A utilização do termo ‘melhor’ na questão inicial gerou um incômodo nos

participantes:

[C] ... discutir sobre qual a melhor caracterização seja um tanto quanto delicada. Penso que olhar a modelagem sob um ponto de vista da educação matemática tira todas as certezas que a matemática nos dá, e isso está intrínseco na própria pergunta: "qual a melhor?" [A] ... escolher a melhor caracterização é complicado

Foi sim, um incômodo, mas foi este incômodo que levou os participantes a

exporem possíveis motivos, como por exemplo, aplicações diferentes de modelagem,

concepções diferentes, objetivos diferentes, para existência de tantos nomes.

[C] ... ao escolher uma concepção, devemos ter em mente quais são os nossos objetivos. Sob o ponto de vista de professor, trabalho com todas as perspectivas, entendendo que todas elas devem ser abordadas e se destinam a situações distintas. Porém, ao assumir uma visão de pesquisador, [...] entendo que a perspectiva assumida deve ser clara, bem definida e, acima de tudo, proporcionar que novas descobertas possam ser feitas, e não apenas antecipadas.

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Destaca-se, na participação acima, a diferenciação feita na escolha de

concepção da modelagem quando se está na posição de pesquisador e/ou na posição

de professor.

[A] A diferentes contextos de utilização se adequam diferentes "rótulos" [C] ...depende muito da pergunta que você quer responder. [A] .... acho que podem ser adequadas as [...] caracterizações... Por exemplo, em uma situação onde se escolhe um tema e se tenta responder questões relativas a ele, utilizando recursos variados de pesquisa, trabalhando de forma participativa e colaborativa, a caracterização como ambiente de aprendizagem é bastante adequada. Se for possível sistematizar conteúdos matemáticos a partir de sua relação com os problemas em estudo, a caracterização como estratégia de aprendizagem também me parece bastante adequada.

Percebe-se no último relato que, além de objetivos diferentes, ações e

ferramentas utilizadas na atividade também podem levar a caracterizações diferentes.

Diante dessas primeiras participações lançamos um novo questionamento:

[Pesquisador] Qual ou quais são os motivos, as necessidades a serem satisfeitas, quando se aplica a Modelagem no Ensino?

A primeira participação deixa claro que não há um único motivo, mas sim

diversos, e relaciona esses motivos à concepção de modelagem. A concepção,

entretanto está intimamente ligada à trajetória pessoal do pesquisador e suas crenças.

Para confirmar sua hipótese, relaciona alguns autores e seus motivos para aplicação da

modelagem.

[C] Um vez eu ouvi alguém dizer: "a concepção de modelagem matemática na educação depende muito da trajetória pessoal do pesquisador e de suas crenças". [...] Acredito que os os motivos e necessidades a serem satisfeitas dependem diretamente do "olhar" que se está dando à modelagem. Para alguns, o objetivo é contextualizar a matemática (o foco é a matemática), portanto consideram uma adaptação da modelagem ao currículo (acho que um bom exemplo seriam as idéias de Biembemgut). Outros, como Borba, procuram uma maior participação do aluno no currículo, deixando que a proposta de modelagem venha do estudante (o foco já não está mais na matemática). Já

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Barbosa foca sua atenção para as discussões dos alunos, procurando usar a matemática para a construção de um pensamento crítico. [...] existindo em alguns momentos intersecções entre os conceitos e em outros, divergências. Mesmo assim, já é possível detectar a diferença de foco e de intencionalidade de cada uma. [...] como professor, acredito que todos os focos são importantes, porém como pesquisador ficaria receoso em utilizar todas ao mesmo tempo, sendo que cada uma têm seu olhar específico.

Concordamos com o motivo relacionado a cada um e acrescentamos que a

adaptação da modelagem ao currículo acontece mais quando há aplicação da

modelagem nos ensinos fundamental e médio. Há algumas exceções quando essa

aplicação é feita em paralelo. Já a participação do aluno no currículo é mais abordada

em cursos superiores, principalmente no ensino de matemática para não-matemáticos.

A participação, abaixo, no fórum expressa esse motivo de maneira clara e objetiva

dizendo que

[B] ... o fundamental em modelagem é a idéia de currículo, a mudança na idéia de currículo.

Nessa mesma linha de pensamento poderíamos citar a professora Araújo (2002)

que, ao lecionar uma disciplina de cálculo para uma turma de Geografia, organizou o

currículo juntamente com a turma através do uso da Modelagem. Já a atenção para

discussão dos alunos, procurando usar a matemática para a formação de pensamento

crítico permeia os trabalhos dos diversos níveis de ensino.

As discussões no fórum pararam nesse ponto. Mesmo com o pedido de

organização do fórum por um dos participantes

[B] Creio que após os diversos comentários e sua intervenção de que iria mudar a pergunta, você deveria reabrir esse fórum, ou abrir um outro para que tivéssemos um novo debate. Faça uma síntese, e reorganize esse fórum.

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Essa síntese foi feita e o fórum foi reaberto com duas questões em tópicos

separados. O primeiro buscava explorar a possível relação entre as concepções e as

caracterizações tendo as seguintes características:

Título : Concepções interferem na caracterização da modelagem? Descrição resumida : A caracterização da modelagem como ambiente de aprendizagem, estratégia de ensino e aprendizagem, metodologia de ensino(para citar algumas delas) está relacionada à concepção de modelagem? Descrição completa : O que encontramos na literatura é que as concepções de modelagem diferenciam-se basicamente pela escolha do tema, se é feita pelos estudantes ou pelo professor, etc.... E as caracterizações, teriam alguma ligação com a concepção, com a forma de aplicação da modelagem? Para aqueles que utizam a modelagem no ensino deixando que o tema seja escolhido pelos estudantes, ela seria caracterizada como o que? Se a concepção fosse outra, a caracterização também seria?

O segundo abordava os motivos relacionados ao uso da modelagem e teve as

seguintes características:

Título : Ao decidir usar a modelagem no ensino, qual o objetivo a alcançar, qual a necessidade a satisfazer? Descrição resumida : Essa questão foi gerada a partir do fórum que tratava das caracterizações dadas à modelagem no ensino. Descrição completa : Nesse fórum discutiu-se que escolher a melhor caracterização para modelagem é complicado, talvez impossível, pois esta estaria ligada à concepção de modelagem de quem aplica ou vai aplicá-la, e que essa esta estaria ligada àquilo que se quer obter.

Essas foram as questões abordadas nessas poucas participações no fórum.

Esperava-se uma participação maior e durante essa participação dar-se-ia um

encaminhamento para discussão sobre os termos utilizados, almejando-se uma

conceituação e/ou significado desses termos. Como isso não aconteceu, inserimos

esse tópico no questionário cujos dados levantados serão exibidos no próximo capítulo.

Creditamos a pouca participação no fórum ao fato de ter havido alteração no

ambiente virtual e haver necessidade de uma nova inscrição o que dificultou a inserção

de muitos interessados em modelagem que participavam do primeiro ambiente. Mesmo

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assim, as discussões ocorridas foram de grande valia, principalmente, no que tange à

escolha do trabalho com modelagem e à constatação de ela, a modelagem, está ligada

a um motivo ou necessidade a ser satisfeita, e serem esses motivos diversos,

apontando novamente para uma caracterização da Modelagem como uma Atividade e

assim como uma prática Educativa.

Percebemos pelas participações no fórum que um dos motivos para tantos

nomes pode ser a não preocupação com esse fato e também a consideração de que o

nome usado não é importante para o entendimento da prática de Modelagem

Matemática na Educação. Outros pontos teriam uma maior relevância, como por

exemplo: a concepção de modelagem, sua ação sobre o currículo e os objetivos a

serem alcançados pela mesma.

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6 O QUESTIONÁRIO

O questionário foi aplicado no período de 25 de novembro de 2008 a 10 de

janeiro de 2009, para um grupo de 146 autores que forneceram seus e-mails nos

artigos da III, IV e V CNMEM.

Para a aplicação do questionário foi utilizada a plataforma Google Docs11, na

qual o participante da pesquisa recebe um e-mail que contém um link para acesso ao

questionário e uma mensagem produzida pelo autor do questionário. Ao acessar o link

o participante responde às questões propostas e envia o questionário respondido. As

respostas são, então, armazenadas em uma planilha, que pode ser salva em formato

xls. (exel) ou pdf., para posterior análise. Esse instrumento elimina o incômodo de

receber um e-mail com anexo (o questionário), ter que salvar o anexo, responder ao

questionário e enviar um e-mail com o questionário respondido em anexo.

Dos 146 questionários enviados recebemos resposta de 32 autores12, o que

corresponde a 22%. Um desses 32 autores expôs que não trabalhava com modelagem

no ensino e sim na matemática aplicada. Como nosso objetivo é a Modelagem no

ensino, descartamos as poucas questões respondidas por este autor perfazendo o total

de 31 respostas ao questionário.

11 Para acessar esse serviço da Google: www.google.com.br → mais → Docs 12 Chamaremos os participantes que responderam ao questionário de autores, pois foram selecionados através de seus artigos submetidos às III, IV e V CNMEM.

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Formação Autores (%)

Graduando 3,2

Pós-graduado (latu-sensu) 9,7

Mestrando 6,5

Mestre 45,2

Doutorando 16,1

Doutor 19,4

Tabela 5 Formação dos autores Fonte: Dados da pesquisa

Quanto ao perfil dos autores, mostrado na Tabela 5, destacamos os 51,6% de

mestrandos e mestres e os 35,5% de doutorandos e doutores.

Atuação Autores (%)

Professor de ensino fundamental 29,0

Professor de ensino médio 35,5

Professor de graduação 61,3

Professor de pós-graduação 25,8

Estudante de graduação 6,5

Estudante de pós-graduação 19,4

Pesquisador 32,3

Tabela 6 Atuação dos autores Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 6, vemos a modalidade de ensino e pesquisa em que esses autores

atuam, destacando, aqui, os 61,3% atuantes como professores de graduação e os

32,3% que se colocam como pesquisadores.

Apenas 6,5%, o que corresponde a dois autores, afirmaram não ter usado

modelagem em sala de aula. Os outros 29 autores que afirmaram já terem utilizado

modelagem em sala de aula o fizeram desde o ensino fundamental à pós-graduação

(Tabela 7).

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Nível de ensino Autores (%)

Ensino fundamental 45,2

Ensino médio 25,8

Superior (graduação) 51,6

Pós-graduação 22,6

Tabela 7 Níveis de ensino onde os autores afirmam já terem utilizado a modelagem Fonte: Dados da pesquisa

Destaca-se na Tabela 7, o uso da modelagem no ensino fundamental (45,2%),

mostrando uma preocupação com a mudança na forma de ensinar o que poderá trazer

conseqüências positivas na forma de aprender dos estudantes desde sua formação

básica.

Em média, cada autor já utilizou três dos quatorze termos e/ou expressões

listadas no questionário além da opção “outros”, para caracterizar a modelagem no

ensino. Esses 14 termos e/ou expressões foram listados através dos artigos já

analisados até o momento da aplicação do questionário.

Como podemos verificar no Gráfico 1, a seguir, os termos mais utilizados foram,

ou são, Estratégia de ensino e aprendizagem (58,1%), Ambiente de aprendizagem

(54,8%) e Metodologia de ensino (48,4%). Já os menos utilizados foram Estratégia de

aprendizagem, Prática pedagógica e enfoque didático pedagógico, cada um com 6,5%.

Aqueles que optaram por outros termos relataram mais seis termos que não

estavam na lista. Esses termos foram: 1) Alternativa metodológica; 2) Tendência

metodológica; 3) Sistema de ensino e aprendizagem; 4) Alternativa pedagógica; 5) Um

misto de programa e estratégia e 6) Geradora de um ambiente de aprendizagem,

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totalizando, assim, 20 termos já utilizados para caracterizar modelagem, isso num grupo

de 32 autores.

Gráfico 1 Termos e expressões utilizados para caracterizar a modelagem

Fonte: Dados da pesquisa

Alguns desses termos estão inseridos na concepção de modelagem de autores

que são mais citados em revisões bibliográficas. Assim, quando o autor do artigo

apresenta concepções e ou definições para modelagem no ensino, nessa já está

inserida, na maioria das vezes, um desses termos. Outros termos podem carregar o

mesmo significado ou serem usados de forma mal controlada, ou seja, sem que haja a

preocupação com o possível significado que eles carregam, ou até mesmo podem estar

sendo usados por modismo.

6,5

6,5

6,5

9,7

9,7

12,9

12,9

16,1

16,1

19,4

19,4

29,0

48,4

54,8

58,1

Enfoque didático-pedagógico

Estratégia de aprendizagem

Prática pedagógica

Prática educativa

Recurso pedagógico

Estratégia de ensino

Opção metodológica

Ferramenta de ensino e aprendizagem

Outro

Estratégia pedagógica

Proposta metodológica

Alternativa diferenciada de conceber o ensino da matemática

Metodologia de ensino

Ambiente de aprendizagem

Estratégia de ensino e aprendizagem

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Questionados sobre um possível motivo para existência de tantos termos, e

diante de quatro opções, 1) Aplicações diferentes da Modelagem Matemática no

Ensino; 2) Citação de outros autores; 3) Uso de termos e expressões com mesmo

significado e 4) Utilização mal controlada ou por modismo de alguns termos, tivemos as

freqüências relativas apresentas na Tabela 8:

Motivo Autores (%)

Aplicações diferentes da Modelagem Matemática no Ensino 71,0

Citação de outros autores 12,9

Uso de termos/expressões com mesmo significado 29,0

Utilização mal controlada ou por modismo de alguns termos 29,0

Tabela 8 Qual o motivo para a existência de tantas caracterizações? Fonte: Dados da pesquisa

A grande maioria dos autores (71%) aponta aplicações diferentes como um dos

motivos para a existência de tantas caracterizações. Dentre esses, 64% marcaram

apenas essa opção, os outros autores marcaram, em média, quase duas opções e um

disse não saber responder.

Essas aplicações diferentes poderiam estar ligadas a motivos diferentes que

levam ao uso da Modelagem, o que nos levou a apresentar aos autores alguns motivos

que poderiam levá-los a utilizar modelagem. Os motivos apresentados foram: 1) Ensino

de um determinado conteúdo; 2) Utilização do processo de modelagem e 3 )

Conhecimento reflexivo, e o resultado encontra-se no diagrama abaixo.

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Diagrama 1 Qual o motivo para a utilização da modelagem

Fonte: Dados da pesquisa

Mais da metade dos autores apontam o conhecimento reflexivo como um dos

motivos para o uso da modelagem. 35,5% escolheram esse como o único motivo para

tal aplicação o que corrobora a corrente sócio-crítica proposta por Barbosa (2001), ao

analisar os trabalhos brasileiros com modelagem.

Pensando ainda nos motivos que levariam à existência de caracterizações

diferentes, principalmente no segundo motivo que é “Citação de outros autores”,

levantamos um outro questionamento: Qual(is) dos termos ou expressões você

considera mais apropriados para caracterizar a Modelagem Matemática no Ensino?

Assim, queríamos obter o posicionamento do respondente. O resultado está

apresentado no Gráfico 2.

2

6

11 5 Conhecimento

reflexivo

Ensino de determinado conteúdo

Utilização do processo de modelagem

3 3

1

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116

Gráfico 2 Qual(is) dos termos/expressões você considera mais apropriado para caracterizar a Modelagem

Matemática no Ensino? Fonte: Dados da pesquisa

Nesta questão tivemos a escolha de dois termos em média para cada autor, uma

média um ponto menor quando comparada com a questão representada pelo Gráfico 1.

Mesmo continuando com uma grande variedade de termos considerados mais

apropriados, consideramos que os três primeiros, no Gráfico 2, são os mesmos do

Gráfico 1. Foram eles os únicos escolhidos por 5 autores (Ambiente de aprendizagem e

Estratégia de ensino e aprendizagem) e 4 autores (Metodologia de ensino).

É importante ressaltar que um dos autores aproveitou o espaço de uma questão

para expor sua opinião do uso do termo “mais apropriado” dizendo e justificando que:

...não concebo que algum termo seja mais apropriado, é necessário focá-lo temporal e localmente, ou seja, em que lócus está sendo efetuada a discussão

0,0

3,2

3,2

3,2

3,2

6,5

6,5

6,5

9,7

12,9

16,1

22,6

32,3

35,5

41,9

Prática educativa

Estratégia de aprendizagem

Estratégia pedagógica

Prática pedagógica

Proposta metodológica

Enfoque didático-pedagógico

Estratégia de ensino

Opção metodológica

Outro

Ferramenta de ensino eaprendizagem

Recurso pedagógico

Alternativa diferenciada deconceber o ensino da matemática

Metodologia de ensino

Estratégia de ensino eaprendizagem

Ambiente de aprendizagem

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117

para podermos optar por uma ou outra nomenclatura, que é mais que um nome, mas é fruto de outras concepções...

Podemos visualizar no Gráfico 3, logo em seguida, a comparação dos resultados

dos dois primeiros gráficos. Nele, percebemos que há uma diferença entre o já ter

usado e achar mais apropriado, resultado esse que pensamos estar associado às

revisões bibliográficas, mesmo não sendo esse o principal motivo, apontado pelos

autores, como responsável por tantas caracterizações.

Gráfico 3 Termos já utilizados e termos considerados mais apropriados

Fonte: Dados da pesquisa

O uso de termos/expressões com os mesmos significados foi também explorado

numa outra questão em que os autores foram convidados a agrupar os termos que,

para eles, teriam o mesmo significado. Esses agrupamentos foram feitos por 14

autores, os quais se diferenciaram bastante e não contemplaram nem a metade dos

6,5

3,2

3,2

0,0

16,1

6,5

6,5

12,9

9,7

3,2

3,2

22,6

32,3

41,9

35,5

6,5

6,5

6,5

9,7

9,7

12,9

12,9

16,1

16,1

19,4

19,4

29,0

48,4

54,8

58,1

Enfoque didático-pedagógico

Estratégia de aprendizagem

Prática pedagógica

Prática educativa

Recurso pedagógico

Estratégia de ensino

Opção metodológica

Ferramenta de ensino eaprendizagem

Outro

Estratégia pedagógica

Proposta metodológica

Alternativa diferenciada deconceber o ensino da matemática

Metodologia de ensino

Ambiente de aprendizagem

Estratégia de ensino eaprendizagem

Já utilizou

Considera mais apropriado

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118

termos, não sendo possível, pois, apresentar um agrupamento que se configure como

dos autores. Além desses 14 autores, outros 3 justificaram o não-agrupamento dos

termos.

Para mim, todos se complementam.

Na verdade não considero sinônimos, apenas se forem abordados pelo mesmo autor, aí pode existir alguma correlação.

Posso dizer, por um lado, que não há sinônimos. Mas, por outro lado, arrisco afirmar que todos os termos supramencionados guardam certa correspondência entre si.

Das justificativas acima, destacamos a existência de uma correspondência, um

complemento, entre os termos e não um mesmo significado para mais de um termo.

Isso só se dá quando são abordados por um mesmo autor. Um outro autor afirma que

todos os termos são sinônimos.

Pelo gráfico 4 percebemos que os autores estabelecem uma relação entre os

nomes utilizados e as ações dos diferentes atores no decorrer da atividade, afirmando

que essas ações são diferentes quando se caracteriza a modelagem de forma

diferente. Entretanto pode ser que esses autores tenham relacionado as ações e seus

autores com a concepção de modelagem e não com a caracterização.

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Gráfico 4 Quando há caracterizações diferentes, as ações também são diferentes?

Fonte: Dados da pesquisa

Por último, os autores são questionados sobre uma possível metodologia para

Modelagem e são levados a fazer uma escolha entre as alternativas seguintes: de 1

(discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente), cujo resultado pode ser visto do gráfico

seguinte (Gráfico 5)

1 2 3 4 5

Discordo Totalmente

Concordo

Totalmente

Gráfico 5 A modelagem matemática no ensino possui uma Metodologia? Fonte: Dados da pesquisa

Ainda em relação à metodologia da Modelagem um dos autores expôs que

o que podemos identificar das diferentes concepções de Modelagem são alguns aspectos que são semelhantes, então isso, de alguma forma, caracterizaria uma espécie de Metodologia da Modelagem

Alguns autores ao serem indagados sobre a concepção que tinham dos termos

que achavam mais apropriados para caracterizar modelagem deram as respostas que

ora relacionam dois ou mais termos como ambiente, estratégia, metodologia, programa

61%

39% Sim

Não

90% 10%

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120

e prática e ora explicitavam a sua definição de um termo em específico como ambiente

de aprendizagem, método e metodologia. Vejamos:

Um ambiente no qual está inserida uma estratégia, guiada por uma metodologia, configurando uma prática, ou seja, o termo ambiente contempla todas as noções.

Atualmente, concebo a modelagem como um misto de "programa" e de "estratégia". Por ser dotada de etapas, prescrições e/ou regras, identifica-se com o termo "programa". Pelo fato de um programa não ser suficiente (embora necessário) para o enfrentamento das incertezas do porvir, vejo que a modelagem, [...] precisa ser entendida, outrossim, como dotada do espírito de estratégia e/ou de criatividade. Como os fenômenos naturais e sociais possuem o duplo aspecto da "ordem/certeza" e da "desordem/incerteza", a modelagem, enquanto programa, diz respeito (ou procura alcançar) a ordem, e, enquanto estratégia, diz respeito (ou procura dialogar com) a desordem.

Ambiente de aprendizagem: refere-se às condições que oferecemos aos alunos para desenvolverem suas ações.

Uma metodologia de ensino é a característica de suas aulas, sempre segue esta mesma direção.

A modelagem é um método, não uma metodologia. Metodologia é um conjunto de métodos. Logo ela é opção entre outros métodos.

Alternativa Metodológica - uma forma diferente de se fazer.

Como se pode perceber até aqui, a Modelagem tem sido utilizada nos mais

variados níveis de ensino, por profissionais com diversas formações. Constatamos,

também, que a metodologia de abordagem da Modelagem constitui um ponto de

interseção entre diferentes concepções.

Esses pontos seriam a escolha do tema, coleta e análise dos dados e as

conclusões ao final de cada trabalho. O que muda nesses pontos é o ator que pratica

tais ações, as operações realizadas para atingir os objetivos dessas ações e as

condições para tais realizações. Tudo isso por um motivo que, em grande parte dos

artigos, constitui um misto de ensino de um conteúdo, utilização do processo de

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modelagem e conhecimento reflexivo com um apontamento maior para o conhecimento

reflexivo como visto no Diagrama 1.

Tomando, então, a Metodologia da Modelagem como uma Atividade composta

de um motivo, ações e objetivos, operações e condições, observamos que a

caracterização como prática educativa contempla as concepções de Modelagem e até

mesmo as caracterizações como ferramentas, estratégias e ambientes de

aprendizagem, apesar de os autores não colocarem este termo como uma boa

representação para Modelagem.

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122

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÃO PARA TRABALHOS

FUTUROS

A utilização da modelagem, que teve início em cursos de graduação para não

matemáticos já atingiu todos os níveis de ensino, desde a educação infantil, esta ainda

com menor incidência, até programas de mestrado.

Há uma maior incidência em cursos de graduação com destaque, agora, para o

curso de licenciatura em Matemática, o que pode explicar uma alta concentração de

aplicações no ensino fundamental. Isso reforça a idéia de que professores e futuros

professores de Matemática vivenciem o processo de modelagem como alunos para que

possam sentir-se encorajados e um pouco mais seguros para proporem esta aplicação

em suas salas de aula.

A grande maioria dos trabalhos analisados pode ser classificada em um dos

casos descritos por Barbosa (2001a e 2001b), quando já não explicitam no corpo do

próprio texto essa classificação.

A diferença entre as concepções da modelagem deve-se, entre outros motivos,

às adaptações que são feitas para que seja possível a sua aplicação em diversas

situações e condições de ensino, a necessidade a ser satisfeita, a relação entre

matemática e realidade, entre outros. Isso nos evidencia a interferência do ambiente

socialmente construído sobre a modelagem.

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As políticas pedagógicas de cada escola, o perfil do estudante e do professor, o

objetivo da escola, pais e alunos, determinam as adaptações que são necessárias para

o cumprimento do currículo. Assim, ao escolher um tema, o professor já deve conhecer

algumas possibilidades de encaminhamento para o cumprimento de algum conteúdo

específico, o que justifica os mais de 50% dos trabalhos serem classificados no caso 2

descrito por Barbosa.

Outro motivo que leva a mudanças no processo de modelagem difere de pelo

menos um dos motivos que levam professores a utilizá-la: a quebra da linearidade do

currículo. Essas mudanças estariam no caminho inverso: a modelagem se adaptando

ao currículo e não o currículo se adaptando ao trabalho com modelagem.

Posicionando-nos sobre isso, o que importa é que não podemos perder de foco o

estudo de situações da realidade e uma maior autonomia e participação por parte do

estudante no processo quando se propõe a trabalhar com modelagem. Felizmente essa

maior participação e autonomia tem sido considerável, o que podemos justificar pela

pouca quantidade de trabalhos que puderam ser classificados no caso 1.

Para a proposição dos três casos, Barbosa (2001a e 2001b) os diferenciou pelo

agente de quatro ações ou etapas: escolha do tema; formulação do problema; coleta de

dados e resolução do problema, envolvendo a análise dessa resolução. Aponta-se,

então, um caminho para ser seguido, claro que não rigorosamente.

As diversas adaptações do processo de modelagem e a busca por proporcionar

ao professor um pouco mais de segurança na sua aplicação fez com que autores, como

já vimos, Burak (2008), Biembengut e Hein (2003), Bassanezi (2002) entre outros,

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124

sugerissem etapas, também, não estáticas, com obrigatoriedade de ordenação.

Juntando isso ao processo de Modelagem da Matemática Aplicada, berço da

Modelagem no ensino, consideramos que a Modelagem possui uma metodologia sendo

que essa idéia foi bem aceita entre aqueles que responderam ao questionário e

também é facilmente percebida nos relatos das experiências com a modelagem.

A diversidade de aplicações da modelagem, em contextos diferentes, foi

levantada como um importante fator para tantas caracterizações, nomes, atribuídos à

modelagem. Mesmo assim não consideramos que temos tantas concepções como

temos tantos nomes. Concepções diferentes surgem, como já vimos, de diferentes

aplicações, objetivos e outras concepções. A diferença nessas aplicações não se

encontra somente nas ações, que possuem pouca diferença, mas nos sujeitos dessas

ações e nas situações em que elas ocorrem: em referência à realidade, à semi-

realidade ou à matemática.

Concordamos que a utilização desses termos depende da experiência do autor,

de suas concepções e locus onde está inserido. Recorremos então a sinônimos ou

termos com certa semelhança de forma a possibilitar o agrupamento de alguns desses

termos, diminuindo o impacto de quando nos colocamos frente às três tabelas contidas

nesse trabalho que enumeram esses termos.

A partir de nossa concepção de prática educativa - Toda Atividade mobilizada

para instauração do conhecimento - apresentamos o quadro abaixo que mostra o

agrupamento de muitos desses termos em três blocos: 1) Estratégia, 2) Ferramenta,

que contempla termos como recurso e instrumento e 3) Metodologia e método.

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125

METODOLOGIA E MÉTODO

Abordagem metodológica

Alternativa metodológica

Alternativa metodológica de ensino

Caminho para o ensino e aprendizagem

Caminho alternativo

Estratégia metodológica

Instrumento metodológico

Método

Método alternativo de ensino

Método de ensino

Metodologia

Metodologia de ensino

Metodologia de ensino-aprendizagem

Opção metodológica

Proposta metodológica

Recurso metodológico

Programa

Procedimento

FERRAMENTA

Ferramenta de ensino para a etnomatemática

Ferramenta de ensino-aprendizagem

Ferramenta no processo de ensino-aprendizagem

Recurso didático

Recurso pedagógico

Instrumento pedagógico

ESTRATÉGIA

Estratégia alternativa para o ensino da matemática

Estratégia de aprendizagem

Estratégia de ensino

Estratégia de ensino-aprendizagem

Estratégia pedagógica

Quadro 4 A

grupamento dos term

os usados para caracterizar a Modelagem

em três blocos.

Fonte: D

ados da pesquisa

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126

Ficaram ainda fora desse quadro conceitos que, na nossa concepção são

constituídos por Metodologia, estratégias e ferramentas. Esses termos mais amplos

seriam Prática (educacional, educativa e pedagógica) e Ambiente de aprendizagem e

de ensino e aprendizagem, sendo que Prática Educativa abordaria ainda ambiente de

aprendizagem como citado por Moreira (2007): “A prática educativa constitui um

ambiente de aprendizagem desde a sua organização inicial fundada em certa

concepção de aprendizagem até a sua realização singular”.

O termo Atividade inserido em nossa concepção de prática educativa levou-nos

ao agrupamento dos termos no quadro 4 ao tomarmos que toda atividade seria

instigada por uma necessidade a satisfazer, ou seja, há um motivo que está

diretamente ligado ao objeto dessa atividade. Essa atividade é, então, desenvolvida

através de diversas ações que caracterizariam uma certa metodologia carregada de

métodos, as quais estão ligadas a determinados objetivos que estão claros para

aqueles que as praticam e estão intimamente relacionados com o motivo da atividade

em questão. Essas ações podem ser realizadas de diversas maneiras, ou seja cada

ator ou grupo de atores lançaria mão de certas estratégias que iriam compor as

operações que dependem das condições que se tem para realizá-las, condições essas

que englobam as ferramentas disponíveis.

Não incluímos no quadro e nem nos parágrafos acima termos como Alternativa

de ensino, pois aceitamos que a expressão “alternativa” se encaixa em todos os outros

termos. Quando se tem mais de uma prática, ou mais de uma ferramenta, ou mais de

uma metodologia, tem-se aí várias alternativas.

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Percebemos, então, que a Modelagem Matemática na Educação não possui

tantas caracterizações assim. As expressões foram sendo desmembradas, como por

exemplo, às vezes se usa a expressão ensino e aprendizagem, outras, se usa só

ensino, ou só aprendizagem como observado na leitura dos anais da V CNMEM. Já

outros termos foram, ao contrário, sendo acrescidos às expressões antes utilizadas.

Esses se configuram como outros motivos que podem ter causado essa gama enorme

de termos e/ou expressões.

Com aporte em nosso constructo teórico e dados levantados e analisados,

interpretamos a Modelagem Matemática como uma Prática Educativa pautada pela

metodologia que ela carrega. Apesar de esse termo, Prática Educativa, não ser

considerado, pelos autores que responderam ao questionário (Gráfico 2) como sendo

mais apropriado para caracterização da Modelagem, levando-os a, nesta busca por

entender o porque de tantos termos, propor mais um.

A modelagem caracteriza-se como uma Atividade que tem motivos/necessidades

para ser proposta, como por exemplo mudança no ensino da matemática, mudança no

currículo, formação sócio-crítica, dentre outros apontados na leitura e análise dos anais.

A busca por sanar esses motivos/necessidades é então feita por meio de ações como

escolha de um tema de interesse dos alunos, desenvolvimento de conteúdos, reflexão e

avaliação, etc. com objetivos próprios, que são delegadas a diferentes atores individual

ou coletivamente e os sujeitos dessas atividades seriam alunos e professor

Esses diferentes atores, na busca por atingir os objetivos propostos em suas

ações realizam operações que são condicionadas por ferramentas e signos, que

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128

englobam, entre outros, suas próprias estratégias, motivação, encaminhamento da

atividade, recursos tecnológicos, etc.

Essa prática educativa (Modelagem Matemática), então, constitui um ambiente

de aprendizagem que busca dar importância às experiências dos estudantes e propicia

novas experiências no processo de busca e produção do conhecimento. Esse processo

se dá através da investigação, explorando a participação do estudante no processo de

ensino e aprendizagem, abrindo espaço para manifestação do seu posicionamento com

relação à atividade proposta, dando a ele a oportunidade de compartilhar com o

professor o controle do processo, que pode ser avaliado pela observação e negociação

durante todo o processo.

Negociar é criar um espaço de direção para as mudanças da sociedade [...], somos também levados a crer que soluções novas são possíveis. Negociar é criar relações sociais,[...]. Negociar de maneira autêntica é reunir os meios para agir, partido-se das informações possuídas por cada um para encontrar soluções complementares, como para criar uma situação nova (VENTURA, 2001, p.128).

Em que grau as características de um ambiente sócio-construtivista, expostas

por Taylor, Fraser e Fischer (1997), a saber: relevância pessoal, incerteza, voz crítica,

controle compartilhado e negociação, serão expressos, dependerá da concepção de

modelagem adotada, dependo das crenças, conceitos, significados, regras, imagens

mentais e preferências (BARBOSA, 2001) do professor que toma a Modelagem como

Prática Educativa. Um maior ou menor grau de autonomia e sistematização da/na

prática educativa – Modelagem Matemática acarretará uma mudança no ambiente.

A figura abaixo (Figura 6) representa os casos de Barbosa (2001) relacionados

com os dois fatores, sistematização e autonomia, que para Moreira (2007) e Bragança,

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129

Ferreira e Pontelo (2008) concentrariam os fatores que influenciam num ambiente de

aprendizagem como “responsabilidades dos alunos e do professor, metodologia,

conteúdo, atividades, materiais, fundamentação teórica, etc” (ARAÚJO, 2006, p.60).

Figura 5 Relação entre os casos de Barbosa e fatores que influenciam um ambiente de aprendizagem

Na figura temos os casos descritos por Barbosa sendo representados numa

escada, figurando, assim, uma forma gradual de implementação da modelagem em sala

de aula. Pensando, realmente, numa escada, justifica-se colocar o caso 1 não mais ao

nível do chão porque já configura uma ruptura em relação a práticas educativas “mais

tradicionais”. A diferença existente em relação à dimensão comprimento de cada

degrau busca representar a zona de conforto que vai sendo diminuída ao subirmos a

escada e a diferença na dimensão altura de um degrau para o outro representa a

dificuldade de enfrentar a transição de uma “zona de conforto13 em que quase tudo é

conhecido, previsível e controlável” (BORBA e PENTEADO, 2005, p.56) para uma

13 Conforto, para os autores, tem o sentido de pouco movimento.

AUTONOMIA

SISTEMATIZAÇÃO

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130

“zona de risco, na qual é preciso avaliar constantemente as conseqüências das ações

propostas” (BORBA e PENTEADO, 2005, p.56).

A base da escada representa o grau de sistematização e autonomia que

caracterizaria o ambiente de aprendizagem, dando um caráter mais formal ao ensino e

aprendizagem à medida que se tem uma maior sistematização e menor autonomia.

Uma prática educativa pautada pela metodologia da modelagem pode ainda

constituir outros ambientes de aprendizagem, além de modificar o ambiente de

aprendizagem escolar, devido, principalmente, à relevância pessoal que esse tipo de

atividade pode mobilizar, influenciada pela concepção de Modelagem adotada.

Uma prática educativa como essa engloba vários aspectos, pessoas ou um

grupo delas, formando assim uma comunidade que, de uma forma ou de outra,

inserem-se e fazem diferença na prática: as regras que são impostas e podem colocar-

se como um obstáculo ou não, a divisão do trabalho, o sujeito a quem ela é

direcionada, o objeto dessa prática, os artefatos que serão utilizados na busca de um

resultado/produto através da produção, consumo, distribuição e troca de experiências,

informações, descobertas, etc. além das contradições envolvidas na Atividade.

São estes aspectos e suas relações que Engestrom (1987) apresentou em seu

diagrama ao estender o triângulo que relacionava apenas o sujeito e o objeto através

dos artefatos e que Pontelo e Moreira (2008) apontam como “referencial de análise de

práticas educativas”.

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Utilizando esse diagrama para analisar a Modelagem Matemática como prática

educativa podemos visualizar os aspectos relacionados acima.

Diagrama 2 Um Diagrama de Engestrom para a Prática Educativa de Modelagem Matemática.

Vendo a Modelagem Matemática na Educação como uma prática educativa

pautada por sua metodologia que deve ser analisada durante o processo e ainda,

concordando com Pontelo e Moreira (2008), sugerimos, para trabalhos futuros, a

análise de atividades de Modelagem, tendo como base o diagrama de Engestrom. Isso

poderá ajudar professores, pesquisadores e alunos a entenderem e relatarem situações

pontuais envolvidas nessa prática, dando maior aporte àqueles que pretendem utilizar

ou já utilizam a Modelagem em suas aulas.

ARTEFATOS MEDIADORES (textos, livros didáticos e

paradidáticos, softwares, relatórios)

DIVISÃO DO TRABALHO (professor e estudantes,

estudantes com estudantes)

REGRAS (currículo, trabalho em grupo,

estudo sobre a realidade, prazos, avaliação)

COMUNIDADE (estudantes, professor(es), autores de artigos e livros, família e outras pessoas

consultadas)

SUJEITO (estudante)

OBJETO (tema proposto ou

escolhido)

PRODUTO (estudo de um determinado conteúdo,

reflexão sócio-crítica)

PRODUÇÃO CONSUMO

DISTRIBUIÇÃO TROCA

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132

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BRAGANÇA, B., FERREIRA, L. A. G. e PONTELO, I. Práticas Educativas e Ambiente de Aprendizagem Escolar: Relato de Três Experiências. In: Seminário Nacional de Educação Profissional e Tecnológica – SENEPT, 1, 2008. Belo Horizonte-MG. Anais... Belo Horizonte: CEFET-MG, 2008. 1CD.

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TONANI, R. L. A informática educacional e o professor de fisioterapia: estudos sobre busca e produção de conhecimentos da disciplina no processo de ensino-aprendizagem. 2007. 98f. Dissertação (Programa de pós-graduação em Educação Tecnológica), CEFET-MG, Belo Horizonte. 2007.

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VENTURA, Paulo Cezar S. La négociation. In: Les objets et le public dans les musees techniques et les salons professionnels. 2001. p. 126-128 . Tese (doutorado) – Université de Bourgogne, Dijon.

ZABALA, A. A Prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 224 p.

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REFERÊNCIAS DA V CONFERÊNCIA NACIONAL SOBRE MODELAG EM NA

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

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BISOGNIN, Eleni; FERREIRA, Márcio Violante; BISOGNIN, Vanilde. Uma experiência com modelagem matemática em curso de formação de professores. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 180 - 190. CD-ROM. BUENO, Vilma Candida; REIS, Frederico da Silva. Modelagem matemática e ensino de funções: uma experiência com alunos da 8ª série do ensino fundamental. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 588 - 601. CD-ROM.

BURAK, Dionísio; KLÜBER, Tiago Emanuel. A modelagem matemática na perspectiva da educação matemática e seu ensino na educação básica. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 907 - 922. CD-ROM

CARGNIN-STIELER, Marinez; BISOGNIN, Vanilde. Modelagem matemática no ensino superior: caminhos para uma aprendizagem significativa e contextualizada. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 431 - 445. CD-ROM.

CUNHA, Silvia Danielle da; SANTO, Adilson Oliveira do Espírito. Modelagem matemática gerando um ambiente de ensino e aprendizagem para a educação de jovens e adultos. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 556 - 572. CD-ROM.

DINIZ, Leandro do Nascimento. O papel da informática na simulação e previsão de informações quantitativas no desenvolvimento dos projetos de modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 667 - 686. CD-ROM.

FERREIRA, Denise Helena Lombardo. Modelagem matemática no curso de licenciatura em matemática: uma experiência. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 1018 - 1027. CD-ROM.

FERREIRA, Milton Rosa. A modelagem como ação pedagógica para o programa etnomatemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 517 - 535. CD-ROM.

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FERRUZZI, Elaine Cristina; ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de. Uma perspectiva socioepistemológica para a modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 416 - 430. CD-ROM.

FONTANINI, Maria Lucia de Carvalho; ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de. O uso de mapas conceituais na busca de indícios de aprendizagem significativa dos conteúdos matemáticos em atividades de modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 394 - 415. CD-ROM. JACOBINI, Otávio Roberto; FERREIRA, Denise Helena L; LEITE, Maria Beatriz Ferreira. Colaboração docente: uma estratégia pedagógica para o trabalho com projetos de modelagem nas aulas de Estatística. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 1057 - 1069. CD-ROM.

KATO, Lilian Akemi. Modelagem matemática e a formação da consciência crítica frente aos problemas ecológicos. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 722 - 732. CD-ROM.

KFOURI, William et al. Aprendendo e Ensinando Matemática com Situações Reais. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 305 - 316. CD-ROM.

LEITE, Maria Beatriz F.. Reflexões sobre a disciplina de modelagem matemática na formação de professores. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 163 - 179. CD-ROM.

LUNA, Ana Virginia de Almeida; ALVES, Josélia. Modelagem matemática: as interações discursivas de crianças da 4ª série a partir de um estudo sobre anorexia. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 855 - 876. CD-ROM.

OLIVEIRA, Andréia Maria Pereira de; CAMPOS, Ilaine da Silva. As estratégias do professor a partir do “convite inicial” nas atividades de modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 239 - 252. CD-ROM.

OLIVEIRA, Marcelo Leon Caffé de; BARBOSA, Jonei Cerqueira. Modelagem matemática: os alunos e a participação do professor nas suas estratégias. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 1070 - 1084. CD-ROM.

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RODRIGUES, Márcio Urel; NECKEL, Gelson J.; FAGUNDES, Minéia Cappellari. Investigando o consumo de energia e aprendendo conceitos matemáticos por meio da modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 367 - 381. CD-ROM.

SALVADOR, José Antonio. Ensinando e aprendendo com projetos, modelagem matemática e a arte de resolver problemas. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 821 - 842. CD-ROM. SANT’ANA, Alvino Alves; SANT’ANA, Marilaine de Fraga. Modelagem matemática: uma experiência inicial. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 253 - 265. CD-ROM. SANTOS, Fábio Vieira Dos; ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de. A utilização do computador pelos estudantes em uma situação de modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 687 - 705. CD-ROM. SILVA, Elizabeth Gomes Souzaivo Pereira da; WIELEWSKI, Gladys Denise; GAZZETTA, Marineusa. A modelagem matemática presente no curso de formação de professores de matemática- projeto parceladas- unemat- vila rica- mt. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 1028 - 1039. CD-ROM. SILVA, Maria Deusa Ferreira da. O uso da modelagem matemática no curso de elementos de cálculo para engenharia florestal. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 706 - 721. CD-ROM. SOUZA, Elizabeth Gomes. Um debate sobre o uso da modelagem matemática a partir das inferências dos alunos. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 888 - 906. CD-ROM. SOUZA, Elizabeth Gomes; SANTO, Adilson Oliveira do Espírito. A organização escolar em ciclos: um caminho para incluir a modelagem matemática na prática escolar docente. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 784 - 804. CD-ROM. THOMAZ NETO, Mario Oliveira; XAVIER, Jocimar Albernaz. Explorando a lei dos senos e lei dos cossenos a partir da modelação do telhado duas aguas. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 305 - 316. CD-ROM.

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VERTUAN, Rodolfo Eduardo; ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de. O uso de diferentes registros em atividades de modelagem matemática. In: CNEMEM, 5., 2007, Ouro Preto. Anais... . Ouro Preto, 2007. p. 877 - 887. CD-ROM.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO Questionário - Modelagem Matemática no Ensino: Comp reensão de Significados

Este questionário faz parte de uma pesquisa de mestrado,que está sendo desenvolvida

no CEFET-MG, que visa compreender as caracterizações dadas à modelagem

matemática no ensino. As caracterizações se remetem aos nomes dados à modelagem.

Seu endereço eletrônico foi selecionado através dos anais das III, IV e V CNMEM, por

ser um autor de relato de experiência ou comunicação científica nestes eventos.

Os dados individuais não serão divulgados. Para responder ao questionário é só

acessar o link acima, responder às questões e clicar em submit.

Obs: Em algumas questões você poderá marcar mais de uma opção.

Desde já agradeço a sua contribuição, que é de suma importância para esta pesquisa.

Bruno Bragança (mestrando)

1. Endereço eletrônico 2. Atuação 1. ( ) Professor de ensino fundamental 2. ( ) Professor de ensino médio 3. ( ) Professor de graduação 4. ( ) Professor de pós-graduação 5. ( ) Estudante de graduação 6. ( ) Estudante de pós-graduação 7. ( ) Pesquisador 3. Formação 1. ( ) Graduando 2. ( ) Graduado 3. ( ) Pós-graduando (Latu-Sensu) 4. ( ) Pós-graduado (Latu-Sensu) 5. ( ) Mestrando 6. ( ) Mestre 7. ( ) Doutorando 8. ( ) Doutor 9. ( ) Outros 4. Já utilizou modelagem matemática em sala de aula? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não

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5. Em qual nível de ensino? (Se a resposta acima foi não desconsidere essa e a próxima questão) 1. ( ) Fundamental 2. ( ) Médio 3. ( ) Superior (graduação) 4. ( ) Pós-graduação 6. Qual (is) deste (s) termo (s) ou expressão (ões) você já utilizou para caracterizar modelagem matemática no ensino? 1. ( ) Alternativa diferenciada de conceber o ensino da matemática 2. ( ) Ambiente de aprendizagem 3. ( ) Enfoque didático-pedagógico 4. ( ) Estratégia de aprendizagem 5. ( ) Estratégia de ensino 6. ( ) Estratégia de ensino e aprendizagem 7. ( ) Estratégia pedagógica 8. ( ) Ferramenta de ensino e aprendizagem 9. ( ) Metodologia de ensino 10. ( ) Opção metodológica 11. ( ) Prática Educativa 12. ( ) Prática pedagógica 13. ( ) Proposta metodológica 14. ( ) Recurso pedagógico 15. ( ) Outro __________________________________________ 7. Se você marcou “outro” na questão anterior escreva qual o termo ou expressão utilizada. 8. Dos termos ou expressões acima agrupe aqueles que, em sua opinião, são sinônimos. Para fazer o agrupamento separe os grupos com duas barras e os termos ou expressões de um mesmo grupo por vírgula. 9. Qual o seu motivo para o uso de Modelagem Matemática em sala de aula? 1. ( ) Ensino de um determinado conteúdo 2. ( ) Utilização do processo de modelagem 3. ( ) Conhecimento reflexivo 10. Qual dos termos/expressões, você considera mais apropriado para caracterizar modelagem matemática no ensino? 1. ( ) Alternativa diferenciada de conceber o ensino da matemática 2. ( ) Ambiente de aprendizagem 3. ( ) Enfoque didático-pedagógico 4. ( ) Estratégia de aprendizagem 5. ( ) Estratégia de ensino 6. ( ) Estratégia de ensino e aprendizagem 7. ( ) Estratégia pedagógica

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8. ( ) Ferramenta de ensino e aprendizagem 9. ( ) Metodologia de ensino 10. ( ) Opção metodológica 11. ( ) Prática Educativa 12. ( ) Prática pedagógica 13. ( ) Proposta metodológica 14. ( ) Recurso pedagógico 15. ( ) Outro __________________________________________ 11. Qual a sua concepção sobre o termo escolhido 12. Na sua opinião, qual o motivo para existência de tantas caracterizações? 1. ( ) Citação de outros autores 2. ( ) Uso de termos e/ou expressões com mesmo significado 3. ( ) Aplicações diferentes para a modelagem na educação matemática 4. ( ) Utilização mal controlada dos termos 5. ( ) Não sei responder 13. Quando há caracterização (nome) diferente para modelagem matemática no ensino as ações dos diferentes atores mudam? ( ) Sim ( ) Não 14. Modelagem matemática no ensino possui uma metodologia? 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente

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