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MOÇAMBIQUE
Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
Maio de 2014
Parceiro estratégico:
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Índice
Acrónimos ............................................................................................................................................................................... 5
1. SADC. Enquadramento regional, político e económico ................................................................................................... 22
1.1.Caracterização da comunidade ....................................................................................................................................... 22
1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC. ................................................................................................... 22
1.1.2. Os Estados Membros da SADC ...................................................................................................................... 24
1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC ....................................................... 25
1.2. A SADC enquanto comunidade económica ............................................................................................................... 31
1.2.1. SADC e a COMESA ....................................................................................................................................... 35
1.3. As economias da SADC ............................................................................................................................................. 36
1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África. ............................................... 36
1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural. ................................................................................................ 37
1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano. ...................................................................... 39
1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de
forte orientação agrícola. ........................................................................................................................................... 40
1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial. .............................................. 41
1.3.6. Seicheles. SIDS com economia orientada para o Turismo. ............................................................................ 42
1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços. ........................................................... 43
1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. ................................... 44
1.4. Trocas comerciais na SADC ...................................................................................................................................... 46
1.4.1. Complementaridade das Economias .............................................................................................................. 46
1.4.2. Comércio intrarregional ................................................................................................................................... 47
1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região ............................................. 49
1.5. Comércio extrarregional ............................................................................................................................................. 52
1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC ....................................................................................................... 52
1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC ................................................................................................... 59
1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC .................................................................................................................. 63
1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial ................................. 65
1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos ............................................................................. 66
1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas ................ 69
2. África do Sul. O país com maior peso na região .............................................................................................................. 74
2.1. Macroeconomia .......................................................................................................................................................... 74
2.1.1. PIB da economia Sul-Africana ........................................................................................................................ 74
2.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................................... 75
2.1.3. Dívida Pública externa e interna ..................................................................................................................... 76
2.2. Estrutura produtiva ..................................................................................................................................................... 77
2.2.1. PIB por Setor .................................................................................................................................................. 77
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2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado ................................................................................................ 78
2.3. Política económica ..................................................................................................................................................... 79
2.3.1. Perspetivas futuras ......................................................................................................................................... 79
2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul ....................................................................................................... 79
2.4. Infraestruturas e energia ............................................................................................................................................ 82
2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas ............................................................................... 90
2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais .......................................................................................................... 94
2.7. Principais setores de oportunidade .......................................................................................................................... 106
2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul ...................................................................................................... 108
2.9. Financiamento à Economia ...................................................................................................................................... 109
2.9.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................................... 109
2.9.1. Bancarização da população .......................................................................................................................... 110
2.9.2. Microcrédito .................................................................................................................................................. 111
2.9.3. Taxas de juro de financiamentos .................................................................................................................. 111
2.9.4. Bolsa de valores ........................................................................................................................................... 112
3. Moçambique. Uma potência no setor do carvão, uma potência emergente no setor do gás natural ............................. 114
3.1. Macroeconomia ........................................................................................................................................................ 114
3.1.1. PIB da economia moçambicana ................................................................................................................... 114
3.1.2. Orçamento Geral do Estado ......................................................................................................................... 115
3.1.3. Dívida pública ............................................................................................................................................... 117
3.1.4. Reservas de moeda estrangeira ................................................................................................................... 117
3.1.5. Nível de financiamento à Economia .............................................................................................................. 117
3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez ....................................................................................... 118
3.2. Política Económica ................................................................................................................................................... 119
3.3. Estrutura produtiva ................................................................................................................................................... 126
3.3.1. PIB por setor ................................................................................................................................................. 126
3.3.2. Setor empresarial do Estado ........................................................................................................................ 126
3.4. Aproveitamentos hídricos e recursos naturais ......................................................................................................... 128
3.5. Infraestruturas e energia .......................................................................................................................................... 131
3.6. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas ................................................................................ 143
3.7. Abertura da economia e relações comerciais .......................................................................................................... 146
3.8. Investimento direto estrangeiro de, e para Moçambique ......................................................................................... 156
3.9. Principais polos de desenvolvimento ....................................................................................................................... 159
3.10. Principais setores de oportunidades ................................................................................................................... 162
3.11. Financiamento à economia ................................................................................................................................ 164
3.11.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................................... 164
3.11.2. Bancarização da população .......................................................................................................................... 165
3.11.3. Taxas de juro de empréstimo........................................................................................................................ 166
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3.11.4. Bolsa de valores ........................................................................................................................................... 166
4. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de segurança social .................................................................. 170
4.1. População Ativa ....................................................................................................................................................... 170
4.2. Desemprego ............................................................................................................................................................. 170
4.3. Desigualdades ......................................................................................................................................................... 170
4.4. Breve descrição do regime de Segurança Social ..................................................................................................... 171
4.5. Como investir? ......................................................................................................................................................... 171
4.5.1. Fases/Etapas a observar no Processo de estabelecimento em Moçambique .............................................. 173
4.6. Incentivos e benefícios ao investimento ................................................................................................................... 174
4.6.1. Benefícios genéricos ..................................................................................................................................... 174
4.6.2. Benefícios Específicos .................................................................................................................................. 175
4.7. Principais mecanismos de financiamento ................................................................................................................ 177
4.8. Competitividade de Moçambique ............................................................................................................................. 180
4.8.1. Atratividade de Moçambique no contexto regional ....................................................................................... 180
4.9. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação .................................................................................................. 182
4.9.1. Alfândegas – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos .......................... 182
4.9.2. Estabilidade legal e fiscal – Barreiras legais, fiscais e regulamentares ........................................................ 187
4.9.3. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra ................................................................................... 189
4.9.4. Modelos de cobertura de risco – Financeiros, operacionais, propriedade .................................................... 190
4.9.5. Sistema jurídico e judicial ............................................................................................................................. 191
4.9.6. Resolução extrajudicial de litígios em Moçambique ...................................................................................... 192
4.10. Principais características dos acordos Moçambicanos no domínio do comércio e investimento ....................... 193
4.10.1. Protocolos existentes e posicionamento de Moçambique face aos mesmos ............................................... 193
4.11. Acordos críticos estabelecidos (PTA, DTT, BTA e BIT) ..................................................................................... 195
4.11.1. Acordos entre Estados Unidos e Moçambique – AGOA ............................................................................... 196
4.11.2. Acordos entre a União Europeia e Moçambique........................................................................................... 197
5. Atratividade de Moçambique no contexto CPLP ............................................................................................................ 200
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Acrónimos
ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States
ACI - Acordos Comerciais de Investimento
ADT – Acordo para evitar a Dupla Tributação
AGO – Angola
AGOA – African Growth and Opportunity Act
ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado
APPRI – Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos
ASEAN – Association of Southeast Asian Nations
BAfD – Banco Africano de Desenvolvimento
BD – Barris (de petróleo) por dia
BDI – Burundi
BEI – Banco Europeu de Investimento
BIT – Bilateral Investment Treaty
BM – Banco Mundial
BNA – Banco Nacional de Angola
BNT – Barreiras Não Tarifárias
BTA – Bilateral Trade Agreements
BT – Barreiras Tarifárias
BWA – Botsuana
CAGR – Compound Annual Growth Rate - Taxa de crescimento anual composta
CAF – República Centro-Africana
CCI – Câmara de Comércio Internacional
CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal - Angola
CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
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CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central
CGD – Caixa Geral de Depósitos
CMR – Camarões
COD – República Democrática do Congo
COG – Congo
CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CRIP - Certificado de Registo de Investimento Privado (Angola)
DB – Ranking Doing Business
EIU - Economist Intelligence Unit
EM – Estados Membros
EUA – Estados Unidos da América
FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
FMI – Fundo Monetário Internacional
GAB – Gabão
GATT – General Agreement on Tariffs and Trade
GNL – Gás Natural Liquefeito
GNQ – Guiné Equatorial
IDE – Investimento Direto Estrangeiro
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
INE – Instituto Nacional de Estatística
IPA – Investment Promotion Agency
IRT - Imposto sobre o Rendimento do Trabalho
LSO – Lesoto
LUPP – Luanda Urban Poverty Programme
MDG – Madagáscar
MERCOSUL – Mercado Comum do Sul
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MIGA - Agência Multilateral de Garantia de Investimentos
MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia
MPME – micro, pequenas e médias empresas
MOZ – Moçambique
MUS – Maurícias
MWI – Maláui
NAM – Namíbia
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OEM – Original Equipment Manufacturer
OMC – Organização Mundial do Comércio
OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual
OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PE – Projetos Estruturantes
PIB – Produto Interno Bruto
PME – pequenas e médias empresas
PPPs – Parcerias Público-Privadas
PTAs – Preferential Trade Arrangements
RDC – República Democrática do Congo
SACU – Southern African Customs Union
SADC – Southern African Development Countries
SIDS – Small Islands Developing States
STP – São Tomé e Príncipe
SWZ – Suazilândia
SYC – Seicheles
TBI – Tratado Bilateral de Investimento
TCD – Chade
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TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
TZA – Tanzânia
UE – União Europeia
UNCTAD – United Nations Conference for Trade and Development
USAID – United States Agency for International Development
WTTC – World Travel & Tourism Council
ZAF – África do Sul
ZCL – Zona de Comércio Livre
ZMB – Zâmbia
ZWE – Zimbabué
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Nota prévia
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Nota prévia
O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa (“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).
Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.
Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.
As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.
Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita.
Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham
acesso ao presente documento.
Projeto Co-Financiado:
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Sumário
Executivo
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Sumário Executivo
A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.
Entre estas, os países da CPLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAE Macau) assumem um papel relevantíssimo, não só pelo seu potencial intrínseco, mas também por se encontrarem inseridas em comunidades económicas regionais em crescente integração económica. Constituem, assim, um incontornável desafio e uma oportunidade única para os empresários nacionais.
Com efeito, os países da CPLP e a RAE de Macau encontram-se integrados em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes.
Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.
Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro.
CPLP
Características
%
Comércio CPLP
(% Quota Mundial)
% - Valor
População CPLP 2012, % da população mundial
3,68% CPLP - Total do comércio mundial
3,9% - US$ 706 mil milhões
PIB 2012, % do PIB mundial 3,67% Exportações totais CPLP 2,1% - US$ 379 mil milhões
Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP 1,8% - US$ 327 mil milhões
Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86%
Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat
Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na proximidade cultural e na complementaridade de competências.
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O reforço da integração no espaço comum lusófono e o estabelecimento de players regionais e de redes de empresas oriundas desse espaço facilitarão o acesso a novos consumidores, com preferências tendencialmente convergentes, e a mercados com elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte necessidade de investimento.
Por outro lado, o desenvolvimento será exponenciado com o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas regionais, aumentando ainda o grau de integração de cada uma das comunidades económicas regionais.
Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não apresentam, ainda, um nível de concorrência particularmente elevado, podendo conferir uma vantagem relevante (first mover) aos investidores
que primeiro acedam ao mercado.
As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal de adesão à ASEAN.
Comunidades económicas regionais*
ASEAN
Estados Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei Darussalam, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja.
Membros observadores: Papua Nova Guiné e Timor-Leste.
SADC
Estados Membros: Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.
CEEAC
Estados Membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro - Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão
e São Tomé e Príncipe.
MERCOSUL
Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
CEDEAO
Estados Membros: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,
Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa comunidade económica regional foi analisada enquanto plataforma para a China e RAE Hong-Kong.
*RP China e RAE Macau
2.35% 2.60%
3.24% 3.40% 3.38% 3.54%
3.31%
4.04% 4.37% 4.46% 4.51% 4.49%
2%
3%
4%
5%
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Taxa de crescimento estimada
CPLP Mundo
Fonte: FMI e análise PwC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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O presente guia procura portanto enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu.
Para o efeito procurou-se caraterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e o país da CPLP. Foi analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que resultam no presente guia de investimento não só para os mercados alvo, neste caso Moçambique, como também para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.
Moçambique e a SADC
A crescente integração regional de Moçambique na SADC, apoiada na sua localização geográfica, no desenvolvimento dos corredores de ligação aos países vizinhos e na crescente disponibilidade de recursos naturais, poderá incrementar o potencial de crescimento deste país e permitir o desenvolvimento de oportunidades nos mercados adjacentes pelos agentes económicos da CPLP (sendo o oposto, igualmente, um objetivo).
O crescimento económico em Moçambique tem vindo a assumir uma maior solidez desde 2009. A
transformação da economia assentou nomeadamente em: i) incremento do investimento direto estrangeiro
(para compensação da deficitária conta corrente) que em 2011 ultrapassou pela 1º vez os apoios
internacionais (em parte resultante da disponibilidade de recursos naturais) e ii) a estabilidade
macroeconómica para a qual tem contribuído a manutenção do rácio entre dívida pública e PIB (após um
perdão parcial de dívida, ao abrigo de uma iniciativa do FMI).
O crescimento anual do PIB tem registado valores superiores a 7% (7,3% em 2011 e 7,4% em 2012), para o
qual contribuíram a generalidade dos diversos setores da economia, embora com preponderância no setor
extrativo, setor agrícola e setor financeiro. Estes valores deverão ser colocados em perspetiva com
acontecimentos recentes, como as cheias de 2013 e alguma instabilidade social localizada em regiões
específicas de Moçambique.
No sentido de facilitar e promover o crescimento económico o Governo Moçambicano definiu como prioridades
estratégicas para Moçambique:
i) Crescimento das exportações em 21% (comparativamente a 2013);
ii) Aumento do saldo de reservas internacionais líquidas para US$ 3 mil milhões, permitindo uma
cobertura de importações de bens e serviços superior a 3 meses;
iii) Melhoria da quantidade e qualidade de serviços públicos de educação, saúde, água e
saneamento, estradas e energia.
É de realçar a previsão do aumento do investimento em infraestruturas com possíveis financiamentos do
Banco Mundial para suportar parte da execução do investimento público, assim como a aceleração da
capacidade produtiva de carvão a médio prazo, a extração futura bem-sucedida de gás natural, e a superação
de limitações estruturais históricas (ex: elevada taxa de abandono escolar). São áreas em que os agentes
económicos privados, juntamento com o Estado, terão um papel preponderante e de onde emergem
oportunidades que poderão ser exploradas.
Moçambique assume-se, cada vez mais, como um país de sucesso, como uma nação segura, como um centro
de negócios e como um território de progresso e estabilidade.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Setores relevantes no país:
As principais oportunidades em Moçambique em encontram-se alavancadas em:
Setor primário:
90% da terra arável total por cultivar (de realçar que é dos países abundantes em terra arável da
SADC);
vastas bacias hidrográficas que permanecem por explorar;
extensão litoral superior a 2.700 kms; e,
zona económica exclusiva que ronda os 585 mil m2 de superfície oceânica.
Setor secundário:
recursos naturais significativos, nomeadamente em relação às reservas de carvão e gás natural;
crescimento exponencial previsto para o setor cimenteiro;
necessidade de desenvolvimento de infraestruturas sociais; e
potencial energético de 12.500 MW.
Setor terciário:
possibilidade de se posicionar como um player turístico da África Austral (exploração de praias
paradísicas;
Comércio Internacional de Moçambique com os parceiros económicos:
Moçambique poderá desenvolver vantagens competitivas na região assentes em: i) dimensão e posição
geográfica, ii) estabilização do sistema bancário, iii) facilidade de negócio na região (do qual resulta a criação e
funcionamento de uma Zona Económica Especial em Nacala - região de Nampula - e projeto de criação de
uma Zona Franca Industrial na região
da Beira).
Relações comerciais:
As suas principais relações comerciais
são com a África do Sul, Países
Baixos, e Emirados Árabes Unidos,
que representam no conjunto cerca de
47% das importações totais de
Moçambique.
As importações globais de
Moçambique ascendem a um total
anual de US$ 6.177 milhões.
Portugal atualmente representa 5% do
total das importações moçambicanas,
num volume total de US$ 312 milhões,
uma quota de importações que se
encontra, potencialmente, sob
explorada.
Do total dos produtos importados por Moçambique aos seus
parceiros comerciais no total de US$ 6 mil milhões, identificamos
de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que
representam 51% das importações, no montante de US$ 3.167
milhões, e a negrito os produtos que poderão representar
oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia;
Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a
construção civil; Arroz; Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e
aparelhos para as indústrias particulares; Fertilizantes;
Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; Alumínio;
Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos
residuais de petróleo; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;
Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Carvão;
Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-
de-ar; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados planos de
ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos e
perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Veículos automóveis para
transporte de pessoas; Sabonetes, limpeza e de polimento;
Mobiliário e peças.
Fonte: UNCTADStat, dados de 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Os produtos portugueses mais exportados
para Moçambique em 2012 foram as
máquinas e equipamentos para
empreitadas de engenharia e construção e
civil (US$ 21 milhões), material de
impressão (US $ 18 milhões) e estruturas e
partes de estruturas de ferro, aço ou
alumínio (US$ 14 milhões).
A composição das importações evidencia a
dependência de Moçambique,
relativamente aos países industrializados.
Os investidores Portugueses poderão
antecipar o esperado acréscimo de
rendimento disponível em Moçambique, e
posicionarem-se no sentido de diversificar
a base de exportação, nomeadamente ao
nível de bens de consumo e agroindustrial.
Note-se que 50% das importações
moçambicanas são relativas a energia
(gasóleo e energia elétrica) e automóveis,
nas quais Portugal não apresenta
vantagens comparativas.
Southern Africa Development Countries (SADC)
A SADC tem vindo a reforçar o seu impacto na comunidade internacional e a incrementar a integração da sua
zona de comércio livre. Em termos de setores relevantes na região, são de destacar:
Com o objetivo de melhorar a comunidade económica regional e desenvolver as infraestruturas de transportes
e comunicações, foi implementado pela SADC um programa que visa a liberalização do comércio, a livre
circulação de pessoas, bens e capital, bem como a realizar um conjunto de iniciativas com outras
comunidades regionais, com objetivos ambiciosos a médio prazo.
A SADC conta com um mercado potencial na ordem dos 286 milhões de consumidores, distribuídos pelos
seus EMs que apresentam características distintas, quer do ponto de vista das estruturas produtivas, como da
preferência dos consumidores.
Sendo o nível de complementaridade ainda reduzido na SADC, a intensificação das trocas comerciais é um
dos seus objetivos, pelo que se torna necessária a especialização da cadeia de valor dos Ems.
A economia moçambicana corresponde a 2,3% do PIB da SADC, a 6ª mais significativa ao nível da
comunidade, apresentando, contudo ainda um nível reduzido de relações comerciais com os restantes EMs
com exceção da África do Sul, sendo que 31% das suas importações são oriundas deste país.
Do total dos produtos importados por Moçambique a Portugal,
que totalizaram US$ 312 milhões identificamos de seguida, por
ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam
63% das importações, no montante de US$ 198 milhões:
Maquinas para a construção civil (7%); Material para impressão
(6%); Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio (4%); Equipamento
para distribuição de energia elétrica; Aparelho para circuitos
elétricos, tabuleiro, painéis; Mobiliário e peças; Veículos a motor
para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para
as indústrias; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;
Geradores; Equipamento de telecomunicação; Bebidas alcoólicas;
Equipamentos e ferramentas mecânicas; Medicamentos (incluindo
medicamentos veterinários); Metais comuns; Produtos da indústria
química; Papel e cartão; Embarcações; Materiais de construção;
Artigos de plástico; Trailers e semirreboques; Componentes para
máquinas de energia elétrica; Barras de ferro e aço, cantoneiras;
Tubos, canos e mangueiras de plásticos; Máquinas agrícolas e
peças.
Fonte: UNCTADStat, dados de 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
17
Nas exportações da SADC
o petróleo tem um peso
significativo. Os mercados
de maior relevância são a
China (em resultado da sua
incremental presença em
África, através de uma
política de apoio ao
desenvolvimento obtendo
como contrapartida
recursos naturais).
Os produtos mais
importados pela SADC são
os óleos brutos, óleos de
petróleo, veículos
automóveis para transporte
de pessoas, equipamentos
de telecomunicação e
máquinas para a
construção civil.
Refira-se que a China
surge como concorrente de
alguns produtos que
formam a base industrial
portuguesa, tendo como
fator competitivo, o baixo
preço.
Quanto às importações da SADC a Portugal, é de
destacar o seu grau de diversificação que
compreende maquinaria e equipamentos de
transporte, mas também bens e outros produtos
manufaturados, produtos alimentares, tabacos e
produtos químicos.
Nas trocas comerciais entre a SADC e os países
da CPLP, apenas Portugal e o Brasil têm
representatividade significativa (que resulta,
também, do facto de SADC incluir as duas
maiores economias Africanas dos EMs da CPLP).
O principal destino das exportações portuguesas
na SADC é Angola, absorvendo aproximadamente
87% destas. O Brasil exporta para a SADC,
maioritariamente, produtos agroalimentares, sendo
também de destacar a exportação de maquinaria e
equipamento de transporte. A África do Sul surge
como o principal mercado de destino das
exportações brasileiras para a SADC (54%),
seguido de Angola (35%).
Do total dos produtos importados pela SADC, no total de US$ 216.171 milhões,
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos
que representam 55% das importações, no montante de cerca de US$ 119.893
milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de
exportação para as empresas portuguesas:
Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou
de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de
pessoas; Equipamento de telecomunicação; Maquinas para a construção civil;
Veículos a motor para transporte de mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e
semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas
de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias
particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e
aparelhos elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas
comestíveis; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de
borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico manuseio; Aparelhos de
medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e equipamentos
associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas
compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e
refrigeração; Bebidas alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos
da indústria química; Arroz; Trigo e centeio em grão; Papel e cartão; Barras de
ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e óleos, refinado;
Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;
Gorduras vegetais e óleos e refinado; Automóveis; Aparelhos para
canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Equipamento para distribuição
de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos domésticos
elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão
interna e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento;
Cobre; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; e Materiais de
construção.
Fonte: UNCTADStat, dados 2012
Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal,
no valor total de US$ 5.279 milhões, identificamos de
seguida, por ordem decrescente, os 25 principais
produtos que representam 55% das importações do
bloco, no montante de US$ 2.908 milhões:
Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Óleos, petróleo bruto, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para impressão; Materiais de construção; Componentes para máquinas de energia elétrica; Alumínio.
Fonte: UNCTADStat, dados 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
18
A experiência brasileira na região é um fator que deverá ser analisado com maior detalhe, dado o nível de
penetração alcançado fora dos países africanos que são EM’s da CPLP, por via das relações com África do
Sul.
Já no domínio das exportações da SADC para a CPLP, também Portugal e o Brasil se destacam, denotando
igualmente crescimentos globais relevantes entre 2008 e 2012, de respetivamente 3.876 milhões de US$ para
6.800 milhões de US$, Tendo Portugal sido o principal importador com cerca de US$ 5.8 mil milhões em 2012.
Portugal importa quase exclusivamente petróleo (93%), as importações do Brasil são mais diversificadas,
incluindo-se i) produtos químicos e relacionados, ii) bens manufaturados, e iii) combustíveis minerais (85%).
África do Sul
A África do Sul é a principal economia da SADC, responsável por 59% do PIB, e representando 34% do PIB
da África Subsariana (valor revisto em baixa após a atualização da metodologia de cálculo do PIB da Nigéria
para o ano de 2013). É um país com uma razoável rede de infraestruturas, das quais se destaca a sua
estrutura portuária.
Após a recessão ocorrida em 2009, ultrapassada, em parte, pela melhoria da conjuntura externa e por um
conjunto de políticas governamentais expansionistas (que fomentaram a recuperação da procura interna) a
economia Sul-africana retomou o crescimento embora a níveis inferiores. O dinamismo económico da África
do Sul deve-se, por um lado, à relevância do setor mineiro (o qual contribuiu para 10% do PIB), e por outro à
capacidade de gerar riqueza no setor agrícola e de serviços, nomeadamente turismo.
O Governo assenta a sua estratégia global de
crescimento e desenvolvimento em 4 pilares
fundamentais:
i) a melhoria do bem-estar da população, ii)
redução dos custos associados à realização de
negócios, iii) aumento das exportações, e iv)
na criação de mais emprego.
Para o efeito, a África do Sul definiu, um
conjunto de medidas e objetivos futuros:
Aumento do PIB per capita de US$
4.700 para US$ 10.500 (2010-2030);
Nível de formação bruta de capital fixo
a crescer de 17% para 30%, com o
investimento fixo do setor público a
aumentar cerca de 10% até 2030;
Comércio da África do Sul com os
países vizinhos deverá aumentar de
15% para 30% até 2030;
Aumento da capacidade portuária do
porto de Durban (principal
infraestrutura portuária do país) de 3
milhões de contentores/ano para 20
milhões em 2040; e
Eletricidade disponível deverá
aumentar mais de 29 000 megawatts
até 2030.
Do total dos produtos importados pela África do Sul aos
seus parceiros comerciais, no valor de US$ 124.245 milhões,
identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25
principais produtos que representam 43% das importações,
no montante de US$ 54.093 milhões, e a negrito os produtos
que poderão representar oportunidades de exportação para
as empresas portuguesas:
Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo
ou de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos para
transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação;
Maquinas para a construção civil; Máquinas de
processamento de dados; Medicamentos (incluindo
medicamentos veterinários); Veículos a motor para
transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos;
Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e
aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e
componentes; Aparelhos de medição, análise e controle;
Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento
mecânico e componentes; Peças e acessórios para
máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro,
painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e
ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;
Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha
e câmaras-de-ar; Fertilizantes; e Arroz
Fonte: UNCTADStat, dados 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
19
As principais importações referem-se, maioritariamente, a maquinaria e equipamento de transporte, óleos
brutos de petróleo, veículos para transporte de pessoas e equipamentos de telecomunicações, representando
25% das importações.
As importações da África do Sul aos países da CPLP não são representativas (4,81%), sendo estas
maioritariamente asseguradas por Angola, e em segundo lugar pelo Brasil. Portugal tem uma dimensão
reduzida, representando em 2012, apenas 0,13% das importações.
Quanto a exportações da África do Sul estas compreendem matérias-primas (excetuando combustíveis –
26%), bens manufaturados (23%) e maquinaria e equipamentos de transporte (17%).
Os principais destinatários são países industrializados como a China, os EUA e o Japão.
Importa realçar oportunidades identificadas no setor energético, e ao nível de infraestruturas, dada a sua
significativa expansão se encontrar contemplado nos objetivos do Governo. Oportunidades a explorar foram
identificadas no i) desenvolvimento de tecnologia agroindustrial, ii) desenvolvimento de serviços e
equipamentos associados ao cluster da indústria extrativa, ou iii) exploração turística, tendo presente a
possibilidade do país se tornar um hub para a África Austral.
Conclusões Globais
Face ao que foi sobredito, existem relevantes oportunidades de negócio em Moçambique, assentes na
proximidade geográfica ao “líder de bloco” da SADC, a África do Sul, e pelo estimado dinamismo da economia
(através da expansão do setor de extração de recursos, do dinamismo do setor turístico, ou do
desenvolvimento de um hub logístico na região).
A forte integração regional associada ao início de exploração do gás natural, as reservas de carvão e a
hidroeletricidade poderão potenciar Moçambique enquanto fornecedor energético da região e aumentar a
ligação com os países vizinhos. A intenção do governo de África do Sul de aumentar a estrutura industrial do
país irá criar novas necessidades energéticas que poderão ser supridas por Moçambique, o que criarão novas
oportunidades na construção de infraestruturas, de redes elétricas, de gasodutos e de áreas de apoio
associadas. Sendo igualmente previsível um aumento do investimento nas infraestruturas básicas para acesso
a água potável, combate a doenças tropicais e melhoria das condições da sua população
O crescimento da economia alavancada pela integração regional e a necessidade dos países sem acesso
marítimo utilizarem as infraestruturas moçambicanas para o seu comércio e exportações, em particular os
corredores de desenvolvimento, poderá potenciar moçambique enquanto hub logístico de ligação entre estes,
a Índia e a região asiática.
Acresce que apenas 10% da área agrícola moçambicana (48 milhões de hectares) encontra-se por explorar. O
país dispõe de muitas possibilidades em termos de irrigação, possuindo grandes bacias hidrográficas que
poderão ser aproveitadas para o desenvolvimento da agrícola.
Por último, sendo o 4º país com maior população da SADC, o crescimento económico poderá potenciar o
rendimento per capita da sua população, que ganhará novos consumidores e aumentará o consumo interno.
Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte quadro:
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
20
Forças Fraquezas
Português é a língua oficial de Moçambique
Dimensão da ZEE oceânica
Portugal é um parceiro económico potencial ao nível de bens agrícolas
Perspetiva do início de exploração de gás natural
Elevadas reservas de gás natural descobertas na bacia oceânica do norte do país
Abertura ao investimento externo
As previsões de retoma da atividade económica nos próximos anos
Papel crescente do IDE ao nível da consolidação orçamental
Fortalecimento de Maputo enquanto centro financeiro robusto e credível
Grandes extensões de terreno arável com condições agrícolas
Outros fatores como as praias, a paisagem, o clima, a hospitalidade, o nível de segurança e a cultura local, que potenciam o turismo
Boa cobertura geográfica dos aeroportos locais
Localização geostratégica para a Ásia – acesso aos portos do Índico por EMs da SADC
Elevada percentagem de abandono escolar e falta de mão-de-obra qualificada
Dificuldade na obtenção de crédito
Baixos níveis de rendimentos
Várias infraestruturas em estado debilitado
Exportações dependentes de três setores de atividade – produção e comércio de alumínio, gás liquefeito e eletricidade
Acesso limitado a eletricidade
Vários distritos com limitado acesso a instituições financeiras
Oportunidades Ameaças
Grande potencial de crescimento, apoiado na tendência de crescimento económico registada nos últimos anos
A implementação, pela SADC, de programa que visa a liberalização do comércio, livre circulação de pessoas, bens, capital e infraestruturas
Os programas de apoio de organismos internacionais (FMI) e acordos de cooperação estabelecidos (EU, EUA e Portugal)
Fundo Fiduciário EU-África para as Infraestruturas
Atual solidez do sistema bancário moçambicano, com forte presença de bancos internacionais
Desenvolvimento de infraestruturas (habitação, educação, saúde, saneamento, transportes (porto e aeroporto) e comunicação
Potencial privatização da TDM
Grandes projetos de investimento previstos em infraestruturas (elevada concentração no setor energético)
Plano estratégico de desenvolvimento regional (2012-2015)
Crescimento potencial do setor da construção civil, educação e dos produtos de consumo intermédio
Atraso no início da exploração de blocos de GPL e reservas de carvão
O elevado nível de concorrência internacional em alguns setores específicos (ex. no turismo com maior oferta por parte de operadores / nações geograficamente próximas com setores turísticos mais desenvolvidos)
Nível de saneamento básico e a falta de acesso a cuidados básicos de saúde contribui para a propagação de doenças
S W
O T
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
21
1.SADC
Enquadramento regional, político e económico
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
22
1. SADC. Enquadramento regional, político e
económico
1.1. Caracterização da comunidade
1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC.1
A Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral (“SADC”) é uma organização de âmbito regional,
criada a 17 de agosto de 1992, no âmbito da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África
Austral (“SADCC”). A SADCC, criada a 1 de abril de 1980 – constituída por Angola, Botsuana, Lesoto, Maláui,
Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué – orientou-se sobre a cooperação em temas como a
independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra o apartheid.
A 17 de agosto de 1992, os Chefes de Estado e Governos da SADCC assinaram, durante a Cimeira de
Windhoek (Namíbia), o tratado que viria a transformar a “SADCC” em SADC – Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral. A fundação da SADC teve como objetivo principal a coordenação de
projetos estruturantes para a região, alvejando o desenvolvimento económico dos Estados Membros (“EMs”).
O Tratado da SADC serve de base jurídica e de quadro regulatório para a realização da missão da SADC na
promoção de um crescimento económico sustentável e equitativo, visando atingir um desenvolvimento
socioeconómico sustentável e justo através de sistemas produtivos eficientes, e de uma boa governação,
cooperação e integração aprofundada, paz duradoura e segurança, permitindo que a região se assuma como
competitiva e eficaz nas suas relações económicas internacionais. Efetivamente os EMs da SADC
apresentam, regra geral, um risco por país comparativamente menor do que a generalidade dos demais
Estados do continente Africano.
1 www.sadc.int
Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013
Dentro do contexto africano, os
países da SADC são os que
apresentam, em média, menor
risco, com exceção da República
Democrática do Congo e do
Botsuana
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
23
Abaixo elencam-se as principais etapas históricas que se encontram na origem e desenvolvimento da
SADCC/SADC.
Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
24
1.1.2. Os Estados Membros da SADC
Atualmente a SADC conta com 15 EMs: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui,
Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia,
Zâmbia e Zimbabué.
SADC
Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto,
Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia,
Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué.
Áreas de cooperação:
Segurança alimentar, terras e agricultura;
Serviços;
Indústria, comércio, infraestruturas e finanças;
Desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia;
Recursos naturais e meio ambiente;
Bem-estar social, informação, cultura e desporto;
Política, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança. Missão e objetivos da SADC:
Desenvolver valores políticos comuns, sistemas e instituições;
Promover e defender a paz e segurança;
Promover o desenvolvimento autossustentado na base da
autossuficiência coletiva, e da interdependência entre os EMs;
Conseguir a complementaridade entre as estratégias e os programas
nacionais e regionais;
Promover e otimizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos
da região;
Conseguir a utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção
efetiva do meio ambiente;
Reforçar e consolidar as afinidades e laços históricos, sociais e
culturais desde há muito existentes entre os povos da região;
Promover o crescimento económico e o desenvolvimento
socioeconómico sustentáveis e equitativos, que garantam o alívio da
pobreza, com o objetivo final da sua erradicação;
Melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral,
bem como apoiar os socialmente desfavorecidos, através da
integração regional.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
25
1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC2
Através do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (“RISDP”), foram definidos quatro
setores principais para impulsionar a integração regional e desta forma fomentar o crescimento e
desenvolvimento económico da região: Indústria, Comércio, Finanças e Infraestruturas.
Simultaneamente, e como forma de agilizar o processo de integração, a SADC introduziu medidas que visam:
1. A integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e
liberalização do comércio;
2. Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento;
3. Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiros e de capitais;
4. Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência
macroeconómica;
5. Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do investimento direto estrangeiro (“IDE”) e o reforço da
competitividade produtiva;
6. Participação eficaz e cumprimento dos acordos internacionais.
1 - Integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e liberalização do comércio
O grande objetivo nesta área está intimamente ligado à
implementação e à concretização da Zona de Comércio Livre
(“ZCL”), que visa a liberalização das trocas comerciais entre os
EMs. O processo teve início em 2008, com adesão imediata de 12
dos 15 EMs: África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Maláui,
Maurícias, Madagáscar, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia,
Zâmbia, Zimbabué (estando em via de concretização a entrada dos
países que ainda não aderiram ao Protocolo de Comércio - Angola,
República Democrática do Congo e Seicheles).
Protocolo de Comércio SADC
O Protocolo de Comércio é a base legal da ZCL - foi
assinado em 1996 e encontra-se em vigor desde 2000. O
Protocolo vincula os EMs à eliminação das taxas existentes
aquando da troca de produtos e serviços, visando
harmonizar os procedimentos comerciais e burocráticos
existentes ao nível da SADC, como sucede, a título
exemplificativo, com a harmonização dos títulos de
transporte de mercadorias. Tem ainda como objetivo a
definição das regras de origem da SADC e a redução de
outras barreiras ao comércio intrarregião, facilitando assim o
movimento de capitais, bens e serviços transfronteiriços.
Implementação da Zona de Comércio Livre da SADC
Ao abrigo da ZCL, os EM eliminaram taxas e outras
barreiras tarifárias e não tarifárias. Estão ainda incluídas na
ZCL medidas dirigidas à facilitação do comércio, reduzindo-
se assim a burocracia nas fronteiras e estabelecendo-se um
regime para dinamizar a circulação de mercadorias na
região.
2 Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional
Ao abrigo do Protocolo do Comércio foram
estabelecidas as seguintes instituições:
Comité de Ministros responsáveis pelo Comércio: Responsável pela implementação do Protocolo. Superintende o Comité de Funcionários Seniores e os subcomités.
Comité de Funcionários Seniores: Atua como um órgão técnico de consulta, e é composto por Secretários Permanentes responsáveis pelo Comércio. Supervisiona a implementação do Protocolo do Comércio, bem como o Fórum de Negociação de Comércio.
Fórum de Negociação de Comércio: O Fórum é responsável pelas negociações do comércio da SADC, pela liberalização comercial, e pela cooperação regional noutros setores.
Angola poderá aderir, a breve prazo, à ZCL (que integra 12 EMs, fazendo já parte do Protocolo de Comércio desde 1996)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
26
Eliminação das Tarifas no Comércio Regional
Ao abrigo do protocolo de Comércio da SADC, a liberalização das tarifas na região foi efetuada
progressivamente. Em geral, os EMs mais desenvolvidos reduziram as tarifas para níveis mais baixos - a
África do Sul, em conjunto com outros países (Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) eliminaram grande
parte das taxas no ano 2000. Os países de rendimento médio, nomeadamente as Maurícias, reduziram
gradualmente as suas taxas no período compreendido entre os anos de 2000 e 2008. No entanto, nos países
menos desenvolvidos, como Moçambique e Zâmbia, as reduções tarifárias foram introduzidas apenas entre
2007 e 2008.
Todas as mercadorias são classificadas em quatro categorias tarifárias: A, B, C e E.
Categoria A
Liberalização imediata
Todas as tarifas são eliminadas, a partir da data de implementação, previsto
para o período após 25 de setembro de 2000, cumpridas as exigências de
ratificação do tratado.
Categoria B
Liberalização gradual
Adiantamento (liberalização gradual) - as tarifas são reduzidas, de forma
igualitária, desde o 1.º até ao 8.º ano;
Normalização (liberalização gradual pelas Maurícias e pelo Zimbabué) - as
tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 4º até ao 8º ano;
Atraso (liberalização gradual por MMTZ) - as tarifas são reduzidas, de
forma igualitária, desde o 6º até ao 8º ano.
Categoria C
Mercadorias sensíveis
Estão incluídas nesta categoria, as mercadorias de elevada importância
económica para os EMs:
A redução tarifária tem início apenas após o período de 8 anos;
Representam 15 % (ou menos) das tarifas.
Categoria E
Lista de exclusão
Esta categoria compreende um número reduzido de mercadorias (como,
nomeadamente, armas de fogo).
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
27
Cooperação aduaneira e facilitação do comércio
No sentido de reduzir dificuldades de cariz burocrático nas barreiras aduaneiras, o Subcomité de Cooperação
Aduaneira desenvolveu e implementou um documento único - SADC-CD3, consistindo num formulário de
declaração única que substituiu várias declarações aduaneiras concebidas para diferentes regimes.
Monitorização de implementação
A Direção de Comércio, da Indústria, das Finanças e do Investimento do Secretariado da SADC monitoriza as
operações da ZCL ao nível regional, embora a implementação
efetiva esteja dependente das estruturas desenvolvidas nos
EMs.
Encontra-se previsto o (potencial) estabelecimento de um
Mecanismo de Cumprimento e Monitorização do Comércio
(MCM), tendo como objetivo incrementar consideravelmente o
comércio na região.
Resolução de disputas na ZCL
A resolução de disputas entre os EM é regulada no Anexo VI do Protocolo de Comércio (baseado no
Entendimento da OMC sobre o assunto).
Zona Franca de Comércio (ZFC)4
No âmbito tarifário da SADC, cumpre ainda fazer
referência à Zona Franca de Comércio (“ZFC”), uma
zona geográfica delimitada dentro de um país onde dão
entrada mercadorias nacionais ou estrangeiras,
beneficiando as mesmas de tarifas alfandegárias
reduzidas, ou nalguns casos mesmo de isenção.
O principal objetivo da criação de uma ZFC é o de
estimular as trocas comerciais e de fomentar o
desenvolvimento regional.
Na SADC são de destacar as seguintes ZFCs (que
podem ter especial interesse para potenciais
investidores):
Na região do Sul de Angola no Lubango,
perspetiva-se a criação de uma zona franca de
desenvolvimento da Lusofonia que integrará as
províncias de Huíla, Namibe e Cunene, onde se prevê
que operem os empresários destas províncias e os da
Lusofonia com o objetivo de estreitar laços de
investimento;
Em Moçambique foi criada uma zona franca
industrial denominada Parque Industrial de Beluluane,
localizado na província de Maputo e, mais
recentemente, as Zonas Francas de Locone e
Minheuene, ambos localizados no distrito de Nacala.
3 Disponível em http://www.manica-africa.com/UserFiles/File/01a%20-%20TMS%20Traders%20Manual.pdf
4 Agência Angola Press, 2013; Portal do Governo Moçambicano.
Acordos de Comércio Livre - Oportunidade ou Ameaça ao desenvolvimento?
São vários os argumentos a favor e contra a
adoção de práticas regionais de comércio livre.
Por um lado, o livre comércio aumenta o nível
global de produção, permitindo a especialização
entre os países que dedicam recursos e
esforços para a produção de bens e serviços
específicos, nos quais detêm vantagens
comparativas. Por outro lado, argumenta-se que
os países se fecham na produção e exportação
de um limitado número de produtos, não
promovendo a inovação e desenvolvimento de
outros setores e a diversificação económica
interna, ficando igualmente dependentes da
importação de um conjunto relevante de
produtos e serviços. No entanto, é sabido que a
dependência económica contribui para reduzir a
probabilidade de conflitos regionais entre
países.
Acresce ainda que a redução mútua de tarifas
potencia, igualmente, o comércio e o
desenvolvimento económico, “desonerando” os
produtos e tornando-os mais acessíveis às
populações, e, consequentemente, potenciando
as estratégias de redução da pobreza nos
países menos desenvolvidos.
Desde o estabelecimento da ZCL, em
janeiro de 2008, que produtores e
consumidores não pagam taxas de
importação em aproximadamente 85%
nos bens de primeira necessidade. As
restantes tarifas serão, na sua maioria,
eliminadas até 2015
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
28
2 - Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento
No setor industrial, a SADC implementou uma nova política e estratégia de desenvolvimento industrial regional, bem como um plano de reforço da competitividade e diversificação do setor industrial, tendo em vista a concretização de vários objetivos, entre os quais se destacam:
Harmonização dos quadros reguladores no domínio da exploração mineira, tendo sido já desenvolvido
o respetivo plano de implementação;
Adoção de um quadro regional de política mineira da SADC;
Implementação de uma estratégia de cadeia de valores da indústria para os setores prioritários.
3- Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiro e de capitais
Nesta área, quatro países – a República Democrática do Congo, o Maláui, a África do Sul e a Tanzânia –
mantêm mecanismos de câmbio liberalizados, tendo sido desenvolvido um quadro para cotações duplas e
cruzadas das bolsas de valores regionais, bem como um modelo de interligação das bolsas de valores com o
objetivo de assegurar a eficiência e estabilidade do mercado financeiro e de capitais.
4 - Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência macroeconómica
No plano estratégico de desenvolvimento regional, a coordenação e a harmonização das políticas monetárias
foi reconhecida como essencial para o aumento dos índices de integração económica regional, tendo já os
EMs constituído um comité de governadores de bancos centrais da SADC.
No âmbito deste quadro de cooperação, foram fixados em 2013 os seguintes objetivos:
Adoção de mecanismos que aumentem os níveis da cooperação monetária regional;
Operacionalização do Sistema de Pagamento, Compensação e Liquidação Facilitada; e
Desenvolvimento do Quadro Administrativo e Jurídico Institucional Facilitado.
Regras de “origem” na SADC: As regras de “origem” são instrumentos importantes no processo de integração regional. Determinando a origem dos bens transacionados, estas regras servem para possibilitar o tratamento pautal preferencial de mercadorias comercializadas entre os EMs da SADC (caso estas tenham origem nos EMs da região). Para que um produto qualifique como originário de um EM, deve satisfazer um dos critérios das regras de origem da SADC: Regra "totalmente produzidos/obtidos": As mercadorias produzidas ou manufaturadas num EM utilizando materiais da região, são consideradas como originárias da região da SADC; "Regra suficientemente trabalhados ou processados": a transformação de um produto num produto diferente. Por forma a aferir se um produto foi ou não suficientemente trabalhado ou processado, o mesmo deverá ser submetido ao " teste de importação limitada" (critérios de conteúdo de importação ou de adição de valor) ou ao "teste de classificação pautal do SH" (regra de mudança da posição pautal). Para que um produto beneficie da isenção num EM, torna-se necessária a apresentação de evidência documental no posto aduaneiro fronteiriço.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
29
De notar que o memorando de entendimento de convergência macroeconómica celebrado pelos EMs tem
como principal objetivo o estabelecimento de um conjunto de critérios orçamentais que contribuam para a
diminuição dos défices fiscais e das dívidas públicas dos EMs.
Em resultado desta implementação, em 2008, todos os EMs da SADC conseguiram alcançar um défice inferior
a 5% do PIB. Cumpre ainda notar que 13 EM atingiram uma dívida pública inferior a 60% do PIB (com exceção
da República Democrática do Congo e do Zimbabué); por outro lado, em 2010, a África do Sul, o Lesoto, as
Maurícias, a Namíbia, e o Zimbabué concretizaram as metas de inflação inseridas no programa de
convergência macroeconómica de 2012.
5 - Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do IDE, bem como o reforço da competitividade produtiva
Em 2010, foi lançado um programa para promoção do investimento da região, através de Acordos
Preferenciais de Comércio (“PTA” – Preferential Trade Agreements), tendo sido também desenvolvido um
modelo de tratado bilateral de investimento na SADC, e criadas diretrizes para a concessão de isenções
fiscais. A necessidade de coordenação das políticas e das atividades de promoção do investimento é
necessária para facilitar o aumento de investimento na região.
Encontra-se atualmente a ser desenvolvido pelo Secretariado da SADC, um portal de investimento para a
região da SADC que tem uma informação prospetiva dos investimentos a realizar durante no âmbito do plano
de investimento regional. Este portal irá sensibilizar potenciais investidores quanto ao clima e às oportunidades
em aberto na SADC, bem como facilitar a interação com os PTAs dos vários EMs.
Foi ainda desenvolvido, através da colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento
Sustentável, um modelo Tratado Bilateral de Investimento (“BIT”) para a SADC. Assim, os EMs concordaram
em desenvolver diretrizes para implementação dos BITs, com o objetivo de regular, de forma eficaz, o
investimento estrangeiro nas suas economias.
Cumpre referir que em janeiro de 2011 foi inaugurado o fórum de PTA da SADC, que teve por objetivo
promover o diálogo e desenvolver estratégias com a vista a melhorar o clima de investimentos na região.
No âmbito de uma avaliação macro da competitividade regional, o relatório de 2013 do World Economic
Forum, ao ter procedido à análise da competitividade de 148 economias, com base em 12 pilares de
avaliação, dentre os quais fatores económicos, sociais, fiscais, populacionais, tecnológicos e infraestruturais,
entendeu que o mercado no qual a SADC se encontra inserido é pouco competitivo.
Aliás, entende o World Economic Forum que o continente Africano é, atendendo aos fatores em avaliação,
uma das regiões menos competitivas do mundo.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
30
Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013
Fonte: Fórum Económico Mundial
Porém, uma análise circunscrita aos fatores económicos poderá determinar uma diferente conclusão. A
análise em conjunto de outros fatores que não económicos, não reflete o valor de investimentos que estes
países têm captado nos últimos anos, como adiante é demonstrado.
6- Participação eficaz e cumprimento com os acordos internacionais
Atualmente, 14 dos EMs da SADC são também membros da Organização Mundial de Comércio (“OMC”) (com
a exceção das Seicheles, que se encontram em processo de adesão). Assim, os EMs da SADC pertencentes
à OMC estão adstritos ao regime jurídico estabelecido por esta organização.
Em junho de 2010, os responsáveis da SADC adotaram uma estratégia com vista a concluir um PTA que
abrange mercadorias. Apesar de ainda não estar em vigor, é intenção da SADC que as negociações sobre
serviços e investimentos estejam concluídas até 2014.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
31
1.2. A SADC enquanto comunidade económica
O desempenho económico da região da SADC nos últimos 5 anos, fortemente dependente da procura de
matérias-primas, foi largamente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das
economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho económico mundial provocou uma
diminuição na procura global, comprometendo o ritmo de crescimento da economia da região da SADC, que já
mostrava sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional.
Mesmo estando geograficamente ligados e tendo projetos comuns, as economias dos EM da SADC
apresentam características distintas em muitos aspetos, como geografia do país, população e níveis de
produção. Acresce que o nível de complementaridade das economias é limitado.
Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC
País
Extensão
Territorial
(milhares de
km2)
População5
População
(% s/ total
região)
PIB
(milhões
de US$)
PIB
per
capita Nível de IDH
6
Índice de
Liberdade
Económica
(Ranking Mundial
2013)
África do Sul 1.221,0 51.189.306 17,9% 384.313 7.508 Médio 74
Angola 1.246,7 20.820.525 7,3% 114.197 5.485 Baixo 158
Botsuana 581,7 2.003.910 0,7% 14.411 7.191 Médio 30
Lesoto 30,4 2.051.545 0,7% 2.448 1.193 Baixo 155
Madagáscar 587,0 22.293.914 7,8% 9.975 447 Baixo 73
Maláui 108,5 15.906.483 5,6% 4.264 268 Baixo 118
Maurícias 2,0 1.291.456 0,5% 10.492 8.124 Elevado 8
Moçambique 801,6 25.203.395 8,8% 14.588 579 Baixo 123
Namíbia 824,3 2.259.393 0,8% 12.807 5.668 Médio 84
R.D. Congo 2.344,9 65.705.093 23,0% 17.870 272 Baixo 171
Seicheles 0,5 87.785 0,0% 1.032 11.758 Muito Elevado 124
Suazilândia 17,4 1.230.985 0,4% 3.747 3.044 Médio 104
Tanzânia 945,1 47.783.107 16,7% 28.249 609 Baixo 98
Zâmbia 752,6 14.075.099 4,9% 20.678 1.469 Baixo 93
Zimbabué 390,8 13.724.317 4,8% 10.814 788 Baixo 175
Região SADC 9.854,5 285.626.313 100% 649.885 2.2757
5 Dados de 2012
6 Dados de 2012. Dado que o PIB per capita não leva em conta níveis de educação e de saúde como dimensões mais
próximas do desenvolvimento social, considerou-se o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela ONU/PNUD. Os resultados do IDH variam entre zero (na ausência completa de bem-estar social) e um (pleno desenvolvimento humano). 7 PIB per capita da região = PIB / População Total
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
32
A extensão territorial dos países membros oscila entre 0,5 km2 das Seicheles e 2.344,9 km
2 da República
Democrática do Congo, que, além de ser o país com maior extensão territorial, é também o que tem mais
habitantes (65,7 milhões), representando 23% do total da população da região.
Estima-se que a população da SADC ultrapasse os 285 milhões de habitantes (dados de 2012). Desse total,
35,5% vivem em centros urbanos. Importa salientar, no entanto, que o grau de urbanização difere entre os
diversos países que constituem a região. Na África do Sul, a população urbana representa 62,43% do total, no
Botsuana 62,25%, em Angola 59,91%, e nas Seicheles 54,01%. Os menores índices de urbanização
verificam-se no Maláui (15,85%) e na Suazilândia (21,25%).
Economicamente, a região é dominada pela África do Sul – que representa quase 60% do PIB da região –,
seguida de Angola, que representa quase 18%. A economia da África do Sul, abundante em recursos naturais
como o ouro, platina e diamantes, é a maior e mais sofisticada do continente Africano. Com um crescimento
de 2,5% em 2012, a economia Sul-Africana desacelerou face ao ano anterior (3,5%). No entanto, para 2013, o
FMI prevê uma expansão de 3,3%, e para 2014, de 3,4%. Angola, a segunda maior economia da SADC, é um
país rico em recursos naturais e o maior produtor de petróleo daquela região. As receitas deste recurso natural
representam quase ¾ do PIB do país.
Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos (2008-2012), foram a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabué,
com taxas de crescimento médias do PIB muito próximas dos 7%. No entanto, os principais impulsionadores
do PIB da SADC em 2012, foram Moçambique (7,40%), Zâmbia (7,32%) e República Democrática do Congo
(7,15%).
Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012
Fonte: Banco Mundial
Os países que apresentam um PIB per capita em 2012 abaixo da média da região - $2.275 USD - (i.e, Lesoto, Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué), têm revelado um crescimento significativo, denotando alguma convergência regional.
No entanto, a grande maioria dos países da SADC viram a sua posição no ranking do Índice Global de
Competitividade do World Economic Forum cair entre 2008 e 2013, exceção para as Maurícias (que passou de
57º para 45º), resultado dos esforços da agência de promoção de investimento – Enterprise Mauritius – na
desburocratização do país, e na criação de condições de maior atratividade ao investidor externo; Zâmbia (de
112º para 93º; Zimbabué (de 133º para 131º) e Suazilândia (em 2009 era 128º e passou para 126º).
8.91% 7.92% 6.71%
11.23% 10.69%
1.51%
-0.08%
2.14%
10.20% 9.74%
1.64%
5.54% 8.06% 9.01%
25.10%
-30.00%
-20.00%
-10.00%
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
Cre
scim
en
to m
éd
io 0
8-1
2 (
%)
Crescimento médio 08-12 PIB (crescimento, % anual, 2012)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
33
No entanto o desempenho no índice é particularmente relevante, como o demonstra a correlação deste com o crescimento do PIB (confrontar gráfico seguinte). Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013
Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do Fórum Económico Mundial
O Lesoto manteve a sua posição no ranking global.
Os restantes EMs da SADC viram o seu posicionamento no ranking cair, como sucedeu com Angola, África do
Sul, Moçambique, Namíbia e Tanzânia, não obstante o crescimento registado ao nível do PIB no mesmo
período.
A manutenção dos índices de crescimento atuais pode estar em crise, caso não sejam adotadas medidas, a
curto e a médio prazo, que sejam valorizadas pelos investidores externos e que permitam trazer maior
competitividade à Economia.
Maláui
Madagáscar
Moçambique
Tanzânia
Zimbabué
Lesoto
Zâmbia
Suazilândia
Angola
Namíbia
Botsuana
A. do Sul
Maurícias Seicheles
-5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
(20) (15) (10) (5) - 5 10 15 20
Taxa d
e c
rescim
en
to m
éd
ia a
nu
al d
o P
IB 2
008
-2012
Alteração ao Ranking GCI 08-09 e 13-14
Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em 2014
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
34
Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e do peso do PIB do País no total da SADC
Fonte: Banco Mundial
A análise do gráfico supra compara o crescimento do PIB, a taxa de crescimento média dos últimos 5 anos e a
sua representatividade regional, medida pela dimensão do círculo.
Atendendo aos respetivos critérios de análise, verifica-se que o desempenho da região é influenciado
fundamentalmente por dois países - a África do Sul, com o PIB mais relevante da região (59,14%), seguido de
perto por Angola (17,57%).
A manter-se o ritmo de crescimento médio dos últimos anos associado ao valor do PIB anual, África do Sul
poderá aumentar a sua representatividade económica na SADC. Os países que acompanharam o crescimento
de África do Sul em 2012 e que apresentam um valor de crescimento médio elevado do PIB entre 2008 e
2012, Namíbia e Maurícias, têm uma representatividade de PIB reduzida na economia da Região que não
influenciará o seu desempenho económico.
Angola, apesar de um crescimento médio abaixo de África do Sul, Maurícias e Namíbia entre 2008 e 2012,
apresenta uma variação de PIB no ano de 2012 elevada, a qual terá como consequência uma aproximação
aos níveis de crescimento médio dos países atrás referidos e uma maior influência na economia da região.
A SADC tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais que poderão
potenciar a integração regional entre os países africanos, nomeadamente com a COMESA.
África do Sul
Angola
Botswana
R.D. Congo
Lesoto Madagáscar
Malawi
Maurícias
Moçambique
Namíbia
Seicheles
Swazilândia
Tanzânia Zâmbia
Zimbabwe
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% 8.00% 9.00% 10.00%
Δ P
IB 2
012 (
US
$)
Taxa de crescimento média do PIB 2008-2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
35
1.2.1. SADC e a COMESA
Caraterização e objetivos
O Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA) surge como resultado das recomendações feitas pela
Comissão Económica para África (órgão das Nações Unidas) no sentido de se formar uma comunidade económica da
áfrica austral e oriental, como meio para facilitar a integração regional.
Atualmente são 19 os Estados Membros que constituem o mercado comum de África Austral e Oriental nomeadamente;
República do Burundi, Cômoros, RDC, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Madagáscar, Maláui, Maurícias,
Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda, Zâmbia, Zimbabué. Para além destes países existem 5 Estados que
figuram na lista de estados observadores desde Angola, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Lesoto.
Os objetivos da COMESA são amplos e de longo prazo, tendo, no entanto, sido definidas como prioridade de médio prazo
a “Promoção da Integração Regional através do Comércio e Investimento.”
São objetivos da COMESA:
A criação de uma área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços produzidos na região
que integra os países membros e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não tarifárias;
A criação de uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da COMESA
passem a estar sujeitos a uma tarifa única em todos os Estados da COMESA;
Livre circulação de capital e investimento suportada pela adoção de uma área comum de investimento bem como
pela criação de um clima mais favorável ao investimento na região da COMESA;
Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da COMESA e a eventual
criação de uma união monetária comum com uma moeda comum; e,
A adoção de regras comuns de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo
eventualmente à livre circulação de pessoas de boa-fé.
A SADC e COMESA – A proposta de “Acordo Tripartido entre a COMESA, SADC e EAC*”
Com o objetivo de aumentar a competitividade, os Estados membros das três Comunidades Económicas Regionais do
Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a Comunidade do Leste Africano (EAC) e a Comunidade para o
Desenvolvimento Africano Austral (SADC), têm vindo a negociar um acordo tripartido, que de acordo com a última versão
proposta, tem como objetivos principais:
Reduzir as tarifas impostas aos produtos originários e comercializados na região;
Eliminar todas as barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio de bens;
Liberalizar o comércio de serviços, facilitar o investimento transfronteiriço e a circulação de empresários;
Harmonizar os procedimentos aduaneiros e adotar medidas de facilitação do comércio;
Reforçar a cooperação no desenvolvimento de infraestruturas;
Estabelecer e promover a cooperação em todas as áreas relacionadas ao comércio entre os Estados-Membros
do Acordo Tripartido;
Estabelecer e manter uma estrutura institucional para a implementação e administração da Área de Livre
Comércio Tripartido e, eventualmente, uma união aduaneira.
O Acordo Tripartido propõe abranger igualmente a harmonização e coordenação de normas industriais e de saúde, o
combate de práticas desleais de comércio e surtos de importação, a liberalização de certos setores de serviços prioritários,
a promoção da agregação do valor de transformação da região.
A futura criação de uma vasta área de comércio livre composta por 26 Estados das três regiões económicas resultaria na
criação do maior mercado Africano, com 26 dos 54 países africanos, integrando as principais economias africanas e com
uma maior capacidade de atrair IDE e produção em larga escala.
* EAC é uma organização intergovernamental regional, que engloba o Burundi, o Quénia, o Ruanda,a Tanzânia e o
Uganda. Os principais objetivos desta organização passam, entre outros, por ampliar e aprofundar a cooperação politica,
económica e social entre os seus EMs, tendo sido criada, em 2005 uma União Aduaneira, e em 2010, um Mercado
Comum.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
36
1.3. As economias da SADC
1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África.8
Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola %
Fonte: African Economic Outlook
Energia (*) – Eletricidade, água e gás
Representando 17,57% do PIB da
SADC, Angola possui reservas de
petróleo que no ano de 2011 foram
estimadas em 10.470 milhões de barris,
tendo a produção nesse mesmo ano
sido de 1.618 barris/dia. Contudo, a
elevada importância deste subsetor na
economia poderá acarretar um
enviesamento da estrutura produtiva do
país (“dutch disease”).
Apesar de a produção de diamantes
corresponder apenas a 0,9% do PIB, o
setor não deixa de ter um forte
potencial de crescimento. Aliás, e de
acordo com o Sumário Global de 2009
do Esquema de Certificação do
Processo de Kimberley, Angola é o
quarto maior produtor mundial deste
recurso natural.
Constituindo 21,70% do PIB angolano, e em resultado do aumento do consumo interno e do investimento
privado nos últimos 4 anos, o comércio assume-se como setor essencial, sendo caracterizado por uma forte
preponderância das importações (enquanto a produção nacional não conseguir dar resposta às necessidades
do mercado nacional).
Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de
várias iniciativas, incluindo:
Programas de incentivos;
Linhas de financiamento;
Forte investimento público;
Campanhas de marketing e de estímulo a comprar nacional.
O Governo pretende também fomentar pólos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as
produções agrícolas e pecuárias, o seu processo de transformação, de armazenamento e de logística.
O setor da construção (8,40%) tem vindo a crescer, como resultado de uma forte aposta do Governo na
reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população.
8 Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC, Banco Nacional de Angola, setembro 2012;
Ministério das Finanças de Angola; BPI - Research Angola julho 2013; Análise BES, 2012; Indicadores de desenvolvimento mundiais, Banco Mundial; BNA
45.30
21.70
10.50
8.40
6.50
7.30 0.10
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Energia (*)
Outros
Indústria
Construção
Agricultura
Comércio
Ind. Mineira
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
37
Quanto ao setor industrial (6,50%), este é caracterizado pelo elevado nível de importações, o que deverá
conduzir a uma aposta estratégica na produção nacional.
1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural.9
Representando 2,24% do PIB da SADC,
Moçambique encontra-se localizado numa
zona estratégica, sendo uma porta de
entrada na região, condicionando o acesso
ao mar a muitos dos países da SADC,
nomeadamente: Maláui, Zâmbia e
Zimbabué.
Moçambique apresenta forte potencial de
exploração de carvão, gás natural e
hidroeletricidade. No entanto, não tem
capacidade para explorar eficazmente estes
recursos e servir as necessidades em
eletricidade da sua população. Sabe-se que,
atualmente, apenas 10% da população tem
acesso a eletricidade (2011). Estima-se que
o país exporte 35% da produção total de
energia, maioritariamente para a África do
Sul e para o Zimbabué.10
Apenas 10% da área agrícola
moçambicana (48 milhões de hectares) se
encontra explorada. O país dispõe de
muitas possibilidades em termos de
irrigação, possuindo grandes bacias
hidrográficas que continuam por explorar
(Zambeze, Save, Limpopo). O estado atual
das infraestruturas em nada tem ajudado o
desenvolvimento do setor agrícola do país,
apesar de já estarem perspetivados diversos
investimentos a este nível.
Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique %
Fonte: African Economic Outlook
Serv. Financeiros (*) Financeiros, Imobiliário e Serviços de Negócio
A agricultura foi definida, no Orçamento de Estado de 2012, como um setor prioritário, estando-lhe destinado
11,6% do orçamento de despesas totais. O Programa Estratégico para o Desenvolvimento Agrário (PEDSA
2010-2019) preconiza o crescimento acumulado da agricultura em pelo menos 7% ao ano, a duplicação da
produção, a intensificação do repovoamento pecuário, o aumento da capacidade de produção de aves e a boa
gestão dos recursos naturais.
Cumpre notar ainda que Moçambique é um país com grandes potencialidades pesqueiras, devido à sua
localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (“ZEE”) de
586 mil km2 de superfície oceânica, possuindo grande diversidade de recursos de pesca.
Os recursos naturais, especialmente o gás natural, desempenham em Moçambique um papel determinante
para o crescimento da Economia.
A relevância dada à indústria extrativa no Plano Económico e Social para 2013 dá enfoque aos objetivos de
desenvolvimento previstos para a área dos recursos minerais.
9 Análise BES, junho 2013; Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional
de Angola, setembro 2012; CPI Moçambique 10
Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, República de Moçambique: Country Strategy Paper, 2011-2015
30.60
28.00
11.20
8.70
7.30
6.50
4.50 2.70
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Agricultura
Outros
Admin. pública,saúdee educ.
Construção
Indústria
Transp. e comum.
Serv. Financeiros (*)
Comércio
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
38
De salientar que a dimensão e a qualidade do gás natural descoberto no país justificam o estudo sobre o
desenvolvimento, em larga escala de um projeto de GNL, tendo sido anunciado recentemente um projeto que
irá envolver duas das maiores empresas de prospeção deste recurso. Perspetiva-se a construção de 10
fábricas de processamento de gás natural avaliadas no valor de US$ 50.000 milhões. Assim, Moçambique
poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, ficando apenas atrás
da Nigéria.
A produção industrial tem crescido a uma taxa média anual acima dos 3% no decurso dos dois últimos anos,
prevendo-se que atinja os 5,8% em 2013. Os setores que manifestam maior potencial de crescimento são o
dos cimentos, o mobiliário e também das indústrias alimentares e bebidas. Um forte investimento no setor do
cimento vai triplicar a capacidade de produção até 2013, atualmente próximo de 1.3 milhões de toneladas
anuais.
Tem-se acentuado o aumento da procura no mercado da construção em Moçambique, estando perspetivados
grandes projetos na indústria extrativa, energia, e transportes. O crescimento económico do país requer
investimentos nas respetivas infraestruturas, desenvolvidas em torno dos três principais corredores logísticos
de Maputo, Beira e Nacala (o corredor de Mtwara fica a norte de Moçambique) que servem, não apenas as
exportações de carvão, mas também o desenvolvimento dos outros setores da economia nacional e a ligação
às regiões do interior.
Apesar do peso ainda diminuto no PIB do país,
cerca de 2% (5% se considerarmos os efeitos
indiretos), o setor do turismo tem vindo a recuperar
o seu potencial, tendo reforçado a capacidade de
alojamento e a qualidade do produto oferecido.
Destacam-se as áreas do país que têm vindo a ser
tidas como potenciais zonas turísticas:
Mapa 1 Corredores de desenvolvimento e potenciais polos de desenvolvimento
Fonte: Perspetivas para os Polos de Crescimento em Moçambique: Sumário do Relatório, FMI
Zona costeira de Matutuine – Maputo;
Parque Nacional do Limpopo – Gaza;
Corredor dos Parques Nacionais de
Banhine, Zinave e Bazaruto-
Inhambane/Gaza;
Reserva de Pomene- Inhambane;
Costa Morrungulo - Inhambane Vilanculos
– Inhambane;
Praia do Tofo – Inhambane;
Arquipélago de Bazaruto – Inhambane;
Cidade de Inhambane;
Parque Nacional de Gorongosa – Sofala;
Reserva de Marromeu- Sofala;
Ilha de Moçambique- Nampula;
Chocas Mar – Nampula;
Pemba - Cabo Delgado;
Ibo - Cabo Delgado;
Lago Niassa- Niassa; e
Reserva do Niassa – Niassa.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
39
1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano.11
Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul
Fonte: African Economic Outlook
Representando a África do Sul 59,14% do
PIB da SADC, os serviços financeiros e o
imobiliário desempenham, como se
salienta através do gráfico, um papel de
relevo no desenvolvimento do país. O
crescimento do setor deveu-se, em
grande parte, a um aumento da atividade
nos bancos comerciais. De salientar que
a África do Sul dispõe de uma estrutura
financeira sofisticada, sendo a Bolsa de
Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a
maior de África.
O Governo Sul-Africano está empenhado
em alcançar os resultados propostos pelo
Plano de Desenvolvimento Nacional,12
contando-se entre estes, melhores
resultados educacionais, a promoção da
saúde da população, adequada
localização e manutenção de
infraestruturas, uma forte rede de
segurança social, a criaçao de um Estado
competente e a aposta na redução dos
níveis de corrupção.
O turismo também se apresenta como um importante setor na sua economia. Também ao nível do emprego,
este setor apresenta uma importância relevante, tendo empregado, em 2011, cerca de 1.200 mil pessoas
(emprego direto e indireto). Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos
turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente africano (depois de Marrocos).
A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB Sul- Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu
10% para o PIB do país, estimando-se que, com os efeitos indiretos, esta contribuição ascenda a 20%. O setor
empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 201213
.
Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem
vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor
(US$), apresentando uma quota mundial de 9,87%.14
A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente africano, tem um peso diminuto no PIB do
país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter uma relevante base agrícola. Neste setor destaca-se o
vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção uma quota mundial de 3,5%.Para
além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança agrícola
positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de
autoabastecimento agrícola15.
11
Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012 12
“Banco Nacional de Desenvolvimento 2030: “Our future - make it work”, Capítulo 3: “Economy and employment” 13
Factos sobre a Indústria Mineira da África do Sul – agosto de 2013, Câmara de Minas da África do Sul 14
África do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme disponível em: https://kimberleyprocessstatistics.org/ 15
Conclusões com base nos dados da Análise Económica da Agricultura da África do Sul, 2011/2012
21.20
16.30
14.50
13.40
9.80
8.20
6.90
4.50 2.90 2.40
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00 Agricultura
Energia (*)
Construção
Outros
Transp. e comum.
Ind. mineira
Indústria
Comércio
Adm. pública, saúde eeducação
Serv. financeiros (*)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
40
1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de forte orientação agrícola.16
Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto
Fonte: African Economic Outlook, 2011
Lesoto, Madagáscar, Maláui, República
Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e
Zimbabué representam cerca de 13% do PIB
regional e apresentam forte peso da agricultura
na sua economia.
Apesar da relação entre o Lesoto e a África
do Sul ter por várias vezes beneficiado o
Lesoto, discute-se a necessidade de
diversificar a economia do país por forma a
reduzir a dependência deste face à África do
Sul.
O país que contribui com apenas 0,38% para o
PIB da região, tem cerca de 85% da população
residente em áreas rurais.
A economia do país cresceu aproximadamente
4,2% em 2011, impulsionada por uma
recuperação da atividade do setor mineiro (que,
por sua vez, cresceu a uma taxa de 14,5%).
Este setor foi estimulado, por um lado, pela
reabertura de algumas das minas e, por outro,
pela abertura de novas minas.
O setor com maior contribuição no PIB do Lesoto é o setor dos serviços financeiros (19,80%). Apesar deste
setor ser relativamente pequeno e subdesenvolvido, o acesso ao financiamento tem vindo a ser facilitado. A
banca comercial é responsável por 51,3% dos ativos do setor financeiro.17
O setor da indústria é impulsionado, principalmente, pela indústria dos têxteis, motor de crescimento e de
criação de emprego durante a última década (2011).18
No entanto, a competitividade deste setor está
condicionada à elevada concorrência dos produtores asiáticos no mercado americano, após a interrupção das
quotas pelo Acordo Multi-Fibras (AMF).
Com um peso de 1,53% e 0,66% do PIB da SADC, respetivamente, Madagáscar e Maláui apresentam uma
estrutura produtiva semelhante, com forte peso agrícola.
No caso de Madagáscar, este setor apresenta um peso preponderante na sua estrutura produtiva, contribuindo
com 70% das receitas das exportações, e empregando cerca de 80% da população. Contudo, apenas 5% do
terreno é próprio para cultivo. As plantações mais relevantes são o arroz, mandioca, batata-doce, vegetais
frescos, bananas, milho e feijão.19
O setor agrícola, responsável por 31,60% de valor acrescentado para a economia de Maláui, sustenta 85% da
população e contribui com 90% de receitas de exportação. A economia do Maláui depende, em grande
medida, das exportações do tabaco, tendo estas totalizado, em 2010, US$ 585 milhões, representando assim
49% do total das exportações do país.20
16
African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012 17
Relatório do País Nr. 12/102 – FMI 18
Reino do Lesoto, Country Strategy Paper 2013-2017, Banco Africano de Desenvolvimento 19
http://www.intracen.org/; http://faostat.fao.org/ 20
Estratégia Nacional de Exportações do Maláui para 2013-2018
19.80
12.80
12.50
11.50
9.10
8.60
7.90
6.70
6.50
4.70
-
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Energia (*)
Construção
Transp. e comum.
Ind. mineira
Agricultura
Comércio
Outros
Admin. pública,saúde eeduc.
Indústria
Serv. Financeiros (*)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
41
Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar
Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui
Fonte: African Economic Outlook, 2012 Fonte: African Economic Outlook, 2012
Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo
Fonte: African Economic Outlook, 2011
Representando 2,75% do PIB da SADC, a
República Democrática do Congo dispõe de
inúmeros recursos naturais, destacando-se os
diamantes, cobalto, cobre, ouro, e nióbio. A
participação de produtos minerais nas exportações
do país atinge cerca de 70%.
O setor agrícola carece de ganhos de
competitividade e de escala, embora não deixe de
ser um setor de grande importância para o país,
tendo contribuído para o seu crescimento nos
últimos anos. A agricultura ocupa a maior parte da
mão-de-obra local.
Tradicionalmente, o país exporta tabaco, madeira,
café, algodão e óleo de palma.
No plano industrial, a República Democrática do
Congo produz têxteis, artigos de limpeza, calçados
e plástico.
1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial.
Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) –
28.70
17.60
15.00
13.70
12.30
6.10
4.50
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00Construção
Admin. pública,saúdee educ.
Comércio
Indústria
Serv. Financeiros (*)
Transp. e comum.
Agricultura
31.60
23.50
11.80
11.30
7.00
5.60 3.40 2.80
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00Indústria
Construção
Outros
Transp. ecomum.
Ind. mineira
Serv. Financeiros(*)
Comércio
Agricultura
23.20
22.20
13.50
12.20
8.40
7.40
7.30
4.70
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Construção
Serv. Financeiros (*)
Admin. pública,saúde eeduc.
Ind. mineira
Transp. e comum.
Comércio
Agricultura
Indústria
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
42
O setor agrícola é ainda a principal fonte de
rendimento para mais de 70% da população
da Suazilândia, sendo por isso a principal
fonte de subsistência da Economia.21
Entre os
principais produtos exportados encontram-se o
açúcar, o algodão, os produtos enlatados e o
milho.
O setor industrial tem-se tornado mais
diversificado desde meados da década de
1980, e representou cerca de 44% do PIB em
2011.
Ao longo dos últimos anos, a estrutura
económica da Suazilândia tem vindo a alterar-
se, de uma base agrícola para uma base
industrial (43,50%).
Suazilândia
Fonte: African Economic Outlook, 2011
1.3.6. Seicheles. SIDS22 com economia orientada para o Turismo.23
Representado menos de 1% do PIB da
SADC, o turismo pesa fortemente no PIB
das Seicheles, sendo que dos quase 31%
do PIB relativos ao “Comércio”, 20,7%
respeitam à hotelaria e restauração (em
2011).
Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles
Fonte: African Economic Outlook, 2011
21
Reino da Suazilândia – Comunidade Europeia, Country Strategy Paper and National Indicative Programme 2008-2013. 22
Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento 23
Fonte: Áfrican Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012
43.50
21.20
9.90
7.40
7.40
7.20
2.20
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00Construção
Serv. Financeiros (*)
Transp. e comum.
Agricultura
Comércio
Admin. pública,saúde eeduc.
Indústria
30.60
28.00
11.20
8.70
7.30
6.50
4.50
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00Outros
Admin. pública,saúde eeduc.
Construção
Indústria
Transp. e comum.
Serv. Financeiros (*)
Comércio
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
43
1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços.
Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias %
Representando menos de 1,61% do PIB
da SADC, um dos setores que mais
impulsionou o crescimento económico
das Maurícias foi o setor dos serviços,
com destaque para o turismo,
transportes, comunicação e serviços
financeiros.
Não obstante, o setor industrial mantém
relevo económico no país, fruto da
estratégia de desenvolvimento de
clusters, zonas francas industriais e de
comércio e da atividade de captação de
IDE.
Acresce ainda a proatividade da agência
de investimento das Maurícias na
promoção das exportações e do país
enquanto destino de IDE, sendo ainda
uma plataforma de investimento em
África.
Fonte: African Economic Outlook, 2012
23.50
18.90
17.60
13.50
9.00
6.30
5.90
3.50
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Agricultura
Comércio
Serv. Financeiros (*)
Admin. pública,saúde e educ.
Transp. e comum.
Construção
Indústria
Ind.mineira
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
44
1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa.24
Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana
Fonte: African Economic Outlook, 2011
Atendendo à dimensão da economia do
Botsuana, Namíbia e Zâmbia, a análise
conjunta dos seus principais setores permitirá
uma visão mais abrangente e adequada do
seu impacto regional.
Destes países, verifica-se que a indústria
extrativa, em particular, a mineira assume-se
como o setor mais relevante representando
7,5% do PIB da SADC.
Representando 2,22% do PIB da SADC, o
Botsuana tem como pilar da sua economia o
setor diamantífero, o qual responde por
uma parte significativa do PIB, e representa
cerca de 45% das receitas do Governo, e
aproximadamente 70% das receitas de
exportação. Em 2011, o Botsuana produziu
28% do valor global de diamantes, com as
vendas perfazendo US$ 3.900 milhões.
A agricultura no Botsuana desempenha um
papel relevante do ponto de vista social pelo
número de pessoas que dependem deste
setor, apesar da sua reduzida expressão
económica no PIB. Ainda assim, as
condições do país para a prática agrícola não
são as melhores, devido às más condições
do solo e às chuvas irregulares, o que explica
a incapacidade de satisfazer a população a
nível alimentar. Um dos maiores sistemas de
águas insulares do mundo – o Delta do
Okavango – está localizado no Botsuana,
sendo um ponto de importante atração
turística.
Nos próximos anos o crescimento económico
deverá manter-se “robusto”, com os serviços
(hotelaria e serviços aéreos e financeiros) a
responderem por grande parte deste
crescimento.
24
Fontes: African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012
26.40
18.70
15.60
13.70
6.30
6.10
5.20
4.70 2.70
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Agricultura
Outros
Transp. e comum.
Indústria
Construção
Serv. Financeiros (*)
Comércio
Admin. pública,saúdee educ.
Ind. mineira
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
45
Equivalendo a 1,97% do PIB da SADC, a
Namíbia tem na base da sua economia a
extração e processamento de minerais,
representando o setor mineiro cerca de 20%
do PIB do país.
Mais de metade da população da Namíbia
depende da agricultura para a sua
subsistência. Apesar do peso relativo do
setor dos serviços financeiros ser relevante
para a economia (28,70%), este apresenta
um conjunto de fraquezas passíveis de se
transformar em oportunidades: mercado
financeiro superficial, concorrência limitada,
sistema de proteção financeira limitado,
mercado de capitais subdesenvolvido,
ineficiente e inadequada regulação, acesso
limitado aos serviços financeiros, iliteracia e
falta de proteção ao consumidor; falta de
competências de gestão financeira, e
domínio de capital estrangeiro na prestação
de serviços financeiros.
Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia
Fonte: African Economic Outlook, 2011
Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia
Fonte: African Economic Outlook, 2012
Representando 3,18% do PIB da SADC, a
Zâmbia, 4º maior produtor mundial de cobre,
é um país rico em vários minerais: cobalto,
ouro e diversas pedras preciosas. A indústria
extrativa representa uma grande parte das
exportações de mercadorias do país.
Outros setores relevantes na economia do
país são a agricultura (19,10%), o comércio
(16,20%) e os serviços financeiros (13,70%).
Contam-se, entre os produtos exportados, os
têxteis, os materiais de construção, os
alimentos processados e os produtos
animais e de couro.
Nos últimos anos, o país tem vindo a crescer
economicamente, devido, em grande
medida, às políticas económicas ponderadas
do Governo, visando melhorar e diversificar
a competitividade da Economia.
28.70
14.80
13.50
11.30
10.60
7.90
5.50
3.90 3.10
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Energia (*)
Construção
Outros
Agricultura
Ind. mineira
Comércio
Indústria
Transp. e comum.
Serv. Financeiros (*)
27.50
19.10
16.20
13.70
8.60
3.80 3.70 2.90 2.30
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00Admin. pública,saúdee educ.
Energia (*)
Transp. e comum.
Outros
Indústria
Serv. Financeiros (*)
Comércio
Agricultura
Construção
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
46
1.4. Trocas comerciais na SADC
1.4.1. Complementaridade das Economias
A intensificação das trocas exige a complementaridade industrial das economias, implicando níveis de
especialização diferenciados. O baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa
possibilidade, que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo esforço de
diversificação das economias - uma aspiração de muitos países da região.
Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC
25
País Exportador
AO
26 BW
27 CG
28 LS
29 MG
30 MW
31 MU
32 MZ
33 NA
34 SC
35 ZA
36 SZ
37 TZ
38 ZM
39 ZW
40
País
im
po
rtad
or
AO - 2 0 0 0 0 1 0 0 1 53 0 50 50 50
BW 27 - 29 29 23 30 25 31 38 29 16 31 64 67 67
CG 15 20 - 9 10 13 14 19 16 16 14 10 59 63 58
LS 42 44 42 - 52 44 47 43 43 43 44 44 71 71 71
MG 23 32 26 28 - 33 23 30 31 25 22 32 65 61 64
MU 20 22 14 25 26 - 22 24 25 25 12 29 59 58 65
MUS 19 20 17 29 44 21 - 21 27 28 9 30 58 59 62
MZ 16 34 18 25 18 25 13 - 21 14 34 30 64 57 64
NA 39 34 27 40 29 35 39 36 - 40 10 37 64 66 67
SC 10 21 15 15 13 18 9 15 15 - 15 18 61 55 58
ZA 58 54 62 53 51 58 45 77 65 55 - 58 80 81 86
SZ 14 9 12 11 9 10 15 13 12 12 3 - 55 55 56
TZ 27 32 28 34 28 41 23 33 34 29 17 35 64 64 69
ZM 22 28 28 31 31 40 23 31 31 29 18 31 - - 70
ZW 24 30 20 30 23 33 24 28 28 25 19 30 62 60 -
Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat
25
O Trade Complementary Index (TCI – Indice de Complementaridade de Comércio) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade. 26
Angola 27
Botsuana 28
República Democrática do Congo 29
Lesoto 30
Madagáscar 31
Maláui 32
Maurícias 33
Moçambique 34
Namíbia 35
Seicheles 36
África do Sul 37
Suazilândia 38
Tanzânia 39
Zâmbia 40
Zimbabué
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
47
O nível de complementaridade na SADC é reduzido, havendo no entanto maior complementaridade entre a
África do Sul enquanto importador de um vasto conjunto de países, dos quais se destacam o Zimbabué (86
pts), a Zâmbia (81 pts), a Tanzânia (80 pts) e Moçambique (77 pts).
Em termos de complementaridade enquanto país exportador, o Zimbabué apresenta um maior nível de
complementaridade com 6 países do bloco, o Botsuana (67 pts), o Lesoto (71 pts), a Namíbia (67 pts), África
do Sul (86 pts), Tanzânia (69 pts) e Zâmbia (70 pts).
É notória a importância da África do Sul no bloco e a capacidade de absorção das exportações de um
alargado conjunto de países atendendo à sua estrutura de importações, e em concreto de Moçambique.
1.4.2. Comércio intrarregional
A SADC regista o 3º maior valor mundial de trocas intrarregião, medido pelo rácio de exportações sobre o PIB,
dos espaços de integração económica analisados, cujo nível de integração é liderado pela União Europeia
(“UE”) e seguido pela ASEAN, o que indicia um nível de integração relevante, tendo em consideração o nível
de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem representar o dobro das
registadas.
Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012)
Indicador SADC União Europeia
CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN
Exportações intrarregião
(milhões US$, 2012) 27.153 3.630.191 16.283 1.111 67.343 11.667 324.184
Exportações intrarregião
(% no PIB da região, 2012)
4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90%
Exportações intrarregião
(% das exportações mundiais, 2012)
0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77%
Crescimento anual médio das exportações
intrarregião (2008-2012)
6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65%
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
Acresce que a dinâmica de crescimento é a mais acentuada das regiões analisadas. Importa no entanto,
referir que os produtos petrolíferos assumem especial relevo nas trocas comerciais, estimando-se que possam
representar 20% do total das exportações intrarregião.
As exportações intra-SADC só representam 8,86% do total das exportações da região
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
48
Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
A dimensão, estrutura, localização das economias e acordos prévios determinam o fluxo atual de trocas
comerciais.
A análise do peso das exportações vs. importações intrarregião revela que 4 países representem cerca de
52% das importações intrarregionais: África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, conjuntamente, demonstram
um elevado nível de integração económica regional.
Angola, apesar de apresentar um elevado índice de exportações regionais, tem um valor reduzido de
importações. Este indicador é característico de uma economia protecionista ou de uma baixa
complementaridade entre as necessidades dos países e a capacidade de exportação dos demais países da
região da SADC.
No polo oposto, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, apesar de apresentarem índices de importações regionais mais
elevados que os demais países, têm valores de exportação reduzidos (quando comparando com as
exportações). Este indicador é característico de economias menos protecionistas ou de um maior grau de
complementaridade regional. Para mais informações sobre o grau de complementaridade verificar a análise
realizada adiante em ponto autónomo.
Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
20,980 19,444
22,344 25,882 27,153
472,620 469,077
572,817
658,562 663,724
0
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
600,000
700,000
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
2008 2009 2010 2011 2012
PIB
a p
reço
s c
orr
en
tes (
mil
hõ
es U
S$)
Imp
ort
açõ
es;
Exp
ort
açõ
es (
Mil
hõ
es U
S$)
Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$)
África do Sul
Angola
Zâmbia
Zimbabué
Namíbia
Moçambique
Tanzânia
Botsuana
Maurícias
Maláui
Madagáscar
Rep. Dem. Congo
Seicheles
Lesoto
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Imp
ort
açõ
es in
tra-S
AD
C (
%n
o t
ota
l d
as im
po
rtaçõ
es in
tra-S
AD
C)
Exportações intra-SADC (%no total das exportações da SADC)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
49
De referir que apenas a África do Sul, Angola e Tanzânia (embora em menor grau) apresentam balanças
comerciais intra-regionais positivas, sendo a República Democrática do Congo e o Lesoto aquelas que
apresentam balanças comerciais proporcionalmente mais deficitárias.
Importa igualmente compreender, atendendo às características dos vários mercados, quais os produtos
transacionados intra-SADC e, consequentemente, aqueles que revelam menos obstáculos à exportação.
Produtos transacionados intra-SADC
Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012)
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região
A África do Sul, a economia mais desenvolvida da SADC, mantém vínculos comerciais com quase todos os
países-membros da SADC e possui uma grande diversidade de produtos exportados, sendo de destacar os
seguintes: petróleo refinado (6%), veículos de transporte de mercadorias (5%) e máquinas e equipamentos
para a construção civil (3%).
Da análise dos mercados de destino dos produtos exportados verifica-se uma dispersão das exportações de
petróleo refinado pelos vários países da SADC, e uma concentração das exportações com um maior volume
para seis países: Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botswana (12%), Angola (10%) e Rep.
Dem. Congo (10%).
35%
17% 14%
9%
8%
6%
4% 3% 3%
Combustíveis minerais,lubrificantes e materiaisrelacionadosMaquinaria e equipamentos detransporte
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
Químicos e produtos relacionados
Outros artigos manufaturados
Matérias-primas (excetocombustíveis)
Commodities e transações n.e.
Bebidas e tabaco
As principais trocas assentam
em matérias-primas, produtos
petrolíferos, nos quais a região é
abundante, produtos
agroalimentares para satisfazer
a procura decorrente do
aumento populacional, assim
como do aumento do poder de
compra, e em equipamento de
transporte.
Os produtos manufaturados têm
ainda uma baixa
representatividade, quando
comparado com as regiões
económicas mais desenvolvidas,
o que representa uma
oportunidade para os países que
acelerem a sua industrialização.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
50
Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
As principais exportações para estes seis países totalizaram em 2012 um montante superior a 4 mil milhões de
USD, sendo as exportações de maquinarias e equipamentos de transportes responsáveis por cerca de 49%
das principais exportações, num total de 1.9 mil milhões de USD exportados.
Angola tem um peso substancial nas trocas intra-SADC (25%), mas concentrando-se apenas num produto – o
petróleo (99% do total das exportações de Angola para a SADC) com destino a África do Sul.
África do Sul 43% das exportações intra-SADC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
51
Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2010 e 2012
O incremento e diversificação da base industrial, beneficiando de um mercado interno, poderão gerar uma
base de produção para as economias vizinhas, muito embora existam um conjunto de fatores críticos que,
entre outros, terão de ser ultrapassados:
Concorrência da África do Sul;
Crescimento da capacidade industrial;
Capacitação de quadros técnicos;
Adesão a instrumentos regionais de facilitação de transporte de mercadorias;
Compatibilização e futura harmonização aduaneira;
Adesão a instrumentos de harmonização fiscal;
Adesão à estratégia de integração regional da SADC.
Angola 25% das trocas intra-SADC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
52
1.5. Comércio extrarregional
1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC
A SADC tem historicamente apresentado uma Balança Comercial negativa em cerca de USD 8 mil
milhões (cerca de 1,2% do PIB da região), excetuando em 2011, ano em que as exportações
superaram marginalmente as importações.
Importações
A SADC importa maioritariamente de países industrializados (China, países membros da EU, Japão e Índia).
Nota-se que a China foi o único país que conseguiu aumentar significativamente a sua importância relativa nas
importações do bloco, em parte pela sua crescente necessidade de recursos naturais, dos quais se destaca,
entre outros, o petróleo.
A importação de petróleo do bloco resulta em grande medida das necessidades de África do Sul que, além das
importações de Angola, importa petróleo dos Emirados Árabes Unidos e Nigéria. Aliás, Angola encontra-se no
terceiro lugar das importações de petróleo de África do Sul, apesar de ter capacidade de produzir petróleo
suficiente para suprir a totalidade das necessidades deste país.
Entre 2008 e 2012, assistiu-se a um crescimento do nível das importações para a região, a ritmo anual de
5,72%.
Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro de Comércio Internacional, 2008-2012
Numa análise global, o aumento das importações demonstra um crescimento contínuo e consistente das
economias emergentes, como é o caso da China e da Índia, com forte presença na região e em todo o
continente Africano. Por outro lado, nos principais produtos importados pelo bloco, pode verificar-se uma certa
estagnação na importância dos países europeus, dos EUA e do Japão.
11% 12% 13% 14% 17%
9% 9% 9% 8% 8% 5% 4% 5% 6% 6% 4% 4%
4% 4% 5%
4% 3% 4% 3%
3% 4% 4%
3% 3% 3%
1% 2% 2% 2%
3%
3% 3% 2% 2%
3%
2% 3% 2% 2%
3%
2% 2% 2% 2%
2%
2% 2% 2% 2%
2%
3% 3% 2% 2%
2%
171.955
140.592
162.756
205.792 214.824
-
50,000
100,000
150,000
200,000
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2008 2009 2010 2011 2012
Imp
ort
açõ
es (
mil
hõ
es U
S$)
Peso
nas im
po
rtaçõ
es d
a S
AD
C
China Alemanha Índia Reino Unido Japão
França Gana Portugal Países Baixos Bélgica
Tailândia Brasil Importações
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
53
Importações da SADC – Top produtos
Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012
Relativamente aos produtos, destacam-se as importações de maquinaria e equipamentos de transporte,
representando cerca de 33% das importações totais da região. Em segundo lugar surgem as importações de
combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados com um peso de 18%, dada a inexistência de
capacidade instalada na refinação de petróleo na região.
33%
18% 15%
11%
9%
8%
3% 2% Maquinaria e equipamentos detransporte
Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados
Bens manufaturados
Químicos e produtos relacionados
Alimentos e animais vivos
Outros artigos manufaturados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Óleos vegetais e animais, gorduras eceras
Do total dos produtos importados pela SADC no montante de US$ 216 mil milhões identificamos
de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das
importações, no montante de cerca US$ 119.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão
representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais
betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de
telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de
mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos
veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as
indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos
elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para
circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico
manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e
equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas
compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas
alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio
em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e
óleos; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras
vegetais e óleos refinados; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios,
cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos
domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna
e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos
inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Materiais de construção.
Fonte: UNCTADStat, dados 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
54
Importações SADC da China e da Alemanha
Gráfico 22 - Importações SADC da China
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Nas importações de maquinaria e equipamento de
transporte vindas da China, são de destacar as
importações de máquinas automáticas para
processamento de dados, equipamentos de
telecomunicações e calçado.
Este facto resulta da política explícita do Governo
chinês, que troca petróleo por bens e
infraestruturas.
Note-se que a China posiciona-se como um
concorrente de muitos produtos que formam a base
da estrutura industrial portuguesa.
Da Alemanha os grandes fluxos de importação
referem-se a veículos de transporte de pessoas,
turbinas de vapor e partes e acessórios para veículos
automóveis.
45%
23%
21%
8% 3%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Outros artigos manufaturados
Químicos e produtos relacionados
Alimentos e animais vivos
59%
14%
13%
7% 4%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Químicos e produtos relacionados
Bens manufaturados
Outros artigos manufaturados
Alimentos e animais vivos
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
55
Importações SADC dos EUA e da Índia
Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 25 - Importações SADC da Índia
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Os Estados Unidos da América também apresentam
um peso significativo nas importações da SADC de
veículos (para transporte de pessoas e de
mercadorias), assim como de máquinas e
equipamentos de engenharia civil.
Da Índia são importados veículos de transporte de
passageiros, embora pesem mais os óleos de petróleo
ou de minerais betuminosos (> 70%) e as importações
de medicamentos (incluindo medicamentos
veterinários).
A Índia, apesar de não ser um importante produtor de
petróleo, aproveita a sua capacidade excedentária de
refinação para se posicionar como um fornecedor de
combustíveis beneficiando, deste modo, as suas
exportações para o bloco.
52%
13%
10%
9%
9% 4%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Químicos e produtos relacionados
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
Outros artigos manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados
34%
23%
18%
13%
7% 5%
Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados
Maquinaria e equipamentos de transporte
Químicos e produtos relacionados
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
Outros artigos manufaturados
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
56
Importações SADC do Reino Unido
Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Relativamente ao Reino Unido, são de
destacar as importações de óleos brutos
de petróleo, óleos de minerais
betuminosos, crude, artigos de cerâmica
e veículos de transporte de pessoas.
Note-se que a proximidade cultural do
Reino Unido é explorada, em produtos
menos complexos, permitindo-lhe
posicionar-se como um sério concorrente
de muitos produtos que formam a base
da estrutura industrial portuguesa.
44%
23%
10%
9%
5% 5%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Químicos e produtos relacionados
Outros artigos manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados
Bebidas e tabaco
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
57
Exportações da SADC – Top produtos
Exportações
Os principais destinos das exportações dos países da SADC são a China, os EUA, a Índia e o Reino Unido,
representando cerca de 54% do total das exportações da SADC em 2012.
Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro Internacional de Comércio, 2008-2012
Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012
Fonte: International Trade Centre
As exportações dos EM da SADC são maioritariamente matérias-primas, com especial relevo para o petróleo e
seus derivados, diamantes, minérios e cobre, denotando assim a elevada importância que as indústrias ligadas
à extração mineira ou petrolífera têm nos países da região.
Pela natureza das exportações (matérias-primas), os principais destinos analisados individualmente continuam
a ser os países com elevada produção industrial. Assim, boa parte do petróleo exportado pelos países da
SADC tem como destino a China, os EUA, a Índia e Taiwan.
17% 20% 25% 27% 28%
16% 13% 13% 11% 10% 4% 7% 7% 7% 8% 6% 5% 5% 4% 8%
5% 4% 4% 4%
4% 5% 5%
4% 4% 4%
171,049
131,156
170,444
206,740 206,868
-
50,000
100,000
150,000
200,000
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2008 2009 2010 2011 2012
Exp
ort
açõ
es (
mil
hõ
es U
S$)
Peso
nas e
xp
ort
açõ
es t
ota
is d
a S
AD
C
China EUA Índia
Reino Unido Japão Alemanha
Taipé Chinesa Hong Kong, China Exportações
40%
21%
14%
8%
5%
4% 4% 2% 2%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Bens manufaturados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Maquinaria e equipamentos de transporte
Alimentos e animais vivos
Commodities e transações n.e.
Químicos e produtos relacionados
Outros artigos manufaturados
Bebidas e tabaco Angola representa 85%
das exportações de
combustíveis da SADC
As exportações da
SADC cresceram, em
média, 17% por ano,
desde 2009
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
58
Gráfico 29 - Exportações SADC para a China
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
58% 24%
10%
2% 2%
2%
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Bens manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Químicos e produtos relacionados
Bebidas e tabaco
Maquinaria e equipamentos de transporte
72%
11%
7%
4% 3%
2%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Bens manufaturados
Maquinaria e equipamentos de transporte
Outros artigos manufaturados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Químicos e produtos relacionados
79%
11%
4% 2% 2%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Commodities e transações n.e.
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
49%
25%
8%
5%
5% 3% 3%
Bens manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionadosAlimentos e animais vivos
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Maquinaria e equipamentos de transporte
Outros artigos manufaturados
Commodities e transações n.e.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
59
1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC
Importações
Analisando a relação comercial na vertente das trocas comerciais da SADC com os países pertencentes à CPLP,
começando pelas importações, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Portugal
merece especial destaque pelo aumento do volume de exportações para a SADC (crescimento médio anual de 21%, entre
2008 e 2012).
Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio)
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC
Fonte: Centro de Comércio Internacional, 2012
3,895 3,298 2,620 3,357 4,317
3,883 4,527
3,135
4,468
8,187 4.52% 5.57%
3.54%
3.80%
5.82%
-
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
2008 2009 2010 2011 2012
Imp
ort
açõ
es (
mil
hõ
es U
S$)
Brasil Portugal
Angola é o principal
parceiro comercial
de Portugal dentro
da SADC,
absorvendo 87% das
exportações
portuguesas para
este mercado
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
60
Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Quando observados os principais grupos de produtos
exportados por Portugal para a SADC, os que
apresentam maior peso são a maquinaria, o
equipamento de transporte e os bens manufaturados.
Se analisarmos cada um dos países da CPLP que
integram a SADC são de destacar os seguintes
produtos exportados por Portugal:
- Angola: bebidas alcoólicas; estruturas e partes de
estruturas de ferro, aço ou alumínio e móveis e suas
partes, cujo principal destino é Angola.
- Moçambique: máquinas e aparelhos, metais comuns,
veículos e outros materiais de transporte, produtos
alimentares, pastas celulósicas e papel e químicos, para
Moçambique.
Importações SADC do Brasil
Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC
30%
23% 15%
10%
10%
8% 2%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Outros artigos manufaturados
Alimentos e animais vivos
Bebidas e tabaco
Químicos e produtos relacionados
Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras
A África do Sul é o país da SADC que mais importa produtos oriundos do Brasil, seguido de Angola
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
61
O Brasil apresenta uma forte exportação de
alimentos para a SADC. São de destacar as “outras
carnes e miudezas comestíveis” com elevado envio
para Angola e para África do Sul, assim como os
açúcares, melaço e mel, com presença forte em
Angola.
As exportações de móveis e peças de mobiliário
apresentam também um valor relevante, tendo como
principal destino, dentro da SADC, Angola.
O Brasil apresenta uma base mais diversificada de
exportação, com competências para exportar para a
África do Sul (pese embora a base de produtos
corresponder a bens do setor primário).
O peso de Moçambique nas importações do Brasil é
diminuto.
Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil
Exportações
A CPLP é responsável somente por cerca de 3,3% das exportações da SADC, sendo que apenas Portugal e Brasil apresentam valores dignos de registo.
Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio)
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012
Portugal tem vindo a aumentar a sua importância no seio da SADC, nomeadamente através da crescente
importação dos produtos da SADC. Entre 2008 e 2012, Portugal aumentou a sua quota nas exportações da
SADC de 0,68% para 2,81%.
49%
21%
10%
7%
5% 4%
Alimentos e animais vivos
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Outros artigos manufaturados
Químicos e produtos relacionados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
1,160 692 1,094
1,980
5,808 2,716
528
1,209
1,392
992
2.27%
0.93%
1.35%
1.63%
3.29%
-
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
7,000
8,000
2008 2009 2010 2011 2012
Exp
ort
açõ
es (
mil
hõ
es U
S$)
Portugal Brasil
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
62
O Brasil surge como o 2º país da CPLP, não pertencente ao bloco, em termos de destino das exportações dos
países membros da SADC, representando cerca de 0,48% das exportações da zona.
Exportações SADC para Portugal e para o Brasil
Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Enquanto Portugal importa quase exclusivamente combustíveis da SADC, o Brasil importa também químicos e
outros bens manufaturados, bem como alguma maquinaria.
93%
4%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Alimentos e animais vivos
32%
27%
25%
8%
5%
Químicos e produtos relacionados
Bens manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Maquinaria e equipamentos de transporte
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
63
1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC
A SADC tem vindo a registar desde 2008 uma tendência de abrandamento na sua competitividade para
captação de investimento direto estrangeiro, nomeadamamente pela diminuição do capital investido na região
que em 2008 registava um volume de US$ 18 mil milhões e em 2012 somente de cerca de US$ 11 mil
milhões. Os países da SADC que mais captaram IDE em 2012 foram Moçambique, África do Sul e a Rep.
Democrática do Congo.
Relativamente ao aumento do investimento da região no exterior (Outward) este tem vindo a aumentar
exponencialmente desde 2008, tendo atingido em 2012 cerca de US$ 7.8 mil milhões.
Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012
Com exeção de Angola, Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo, os fluxos de IDE nos demais países da região têm-se apresentado heterogéneos. Países como o Botsuana, o Lesoto, Madagáscar, Maláui, Namíbia, Seicheles, Suazilândia e Zimbabué têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor estrangeiro, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva.
Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$)
País 2008 2009 2010 2011 2012
Angola 1.679 2.205 (3.227) (3.024) (6.898)
Botsuana 521 129 (6) 414 293
Rep. Dem. Congo 1.727 664 2.939 1.687 3.312
Lesoto 112 100 114 132 172
Madagáscar 1.169 1.066 808 810 895
Maláui 195 49 97 129 129
18,714
13,177
8,198
12,865 11,788
(514)
1,509 2,591
2,080
7,841
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10,000
15,000
20,000
2008 2009 2010 2011 2012
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Inward Outward
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
64
País 2008 2009 2010 2011 2012
Maurícias 383 248 430 273 361
Moçambique 592 893 1.018 2.663 5.218
Namíbia 720 522 793 816 357
Seicheles 130 118 160 144 114
África do Sul 9.006 5.365 1.228 6.004 4.572
Suazilândia 106 66 136 93 90
Tanzânia 1.383 953 1.813 1.229 1.706
Zâmbia 939 695 1.729 1.108 1.066
Zimbabué 52 105 166 387 400
SADC 18.714 13.177 8.198 12.865 11.788
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
Nos últimos 2 a 3 anos registou-se um forte aumento da atratividade de Moçambique como destino de IDE,
muito tendo contribuído os projetos associados ao potencial de desenvolvimento da exploração de LNG – Gás
Natural.
A Tanzânia e a República Democrática do Congo viram igualmente os fluxos de IDE serem reforçados em
2012.
Por outro lado, verificou-se também uma diminuição dos fluxos de IDE para a África do Sul com uma queda
de 24 por cento para US$ 4,6 milhões.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
65
1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial
A SADC constitui uma geografia de oportunidade de IDE, na contribuição para o seu desenvolvimento,
agregando cerca de US$ 650 mil milhões de PIB e mais de 285 milhões de habitantes.
Os planos de desenvolvimento e reforço de integração gerarão a prazo oportunidades de modernização
económica da região e intensificação de trocas comerciais, a par de um incremento do tecido industrial com
potencial exportador, os quais poderão ser impulsionados pela concretização das ZCL e dos instrumentos para
o desenvolvimento de setores industriais competitivos a nível global, a que não ficará alheia a modernização e
maior integração do mercado de capitais e do sistema financeiro.
De fato, presentemente as importações de maquinaria, combustíveis, bens manufaturados e químicos
constituem cerca de 75% das importações da SADC, como resultado da incapacidade de refinação dos países
produtores de petróleo (Angola em particular) e da menor industrialização das economias, em particular as de
menor dimensão. As importações de fora da SADC têm origem na sua maioria da China, EUA, Alemanha e
Reino Unido, excetuando o que respeita a combustíveis que são exportados a partir da Índia e também de
Angola (por refinar).
Aliás, em termos de balança comercial, desde o final da década de 90, o desempenho económico e a balança
comercial dos países da SADC encontram-se altamente correlacionados com o crescimento da economia
chinesa. Por outro lado, verificou-se um declínio das relações comerciais relativas com os EUA, deixando
assim os países da SADC menos expostos ao desempenho da Economia norte-americana. Estas mudanças
são particularmente expressivas no caso da África do Sul, de Angola, de Madagáscar, da Namíbia e das
Seicheles.
A heterogeneidade económica dos EMs da SADC releva o peso da África do Sul e Angola, que representam
cerca de 60% e 18% do PIB da região, respetivamente, mas com estruturas produtivas substancialmente
diferentes, sendo que, as restantes 13 economias representam cerca de 22% do PIB (dados de 2012).
A África do Sul, quando comparada com as restantes economias da região, apresenta uma estrutura produtiva
bastante diversificada, sendo o parceiro dominante nas trocas comerciais intra-regionais, representando 43%
das exportações intra-SADC e com elevada diversidade de produtos exportados. As exportações com maior
volume destinam-se à Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botsuana (12%), Angola (10%) e
Rep. Dem. Congo (10%), sendo que este conjunto de nações importa, fundamentalmente, Maquinaria e
Equipamento de Transporte, Químicos e Combustíveis.
O petróleo é particularmente significativo na estrutura económica angolana. Fortalecida por uma Balança
Comercial positiva, Angola representa 25% das trocas comerciais da SADC, com elevada concentração de
exportações de petróleo para a África do Sul. No quadro da estratégia do Governo de Angola surge o fomento
à diversificação da economia. Esta opção governativa introduz um conjunto de oportunidades de investimento
no tecido empresarial local, desde o setor agrícola, passando pela indústria agroalimentar, até às atividades de
logística e serviços. O tecido industrial deverá ser igualmente alvo de crescimento a prazo como resultado da
política de fomento, bem como do incremento do rendimento da população e do consumo privado, constituindo
aqui também uma oportunidade de investimento.
Moçambique, a prazo, tem focos desenvolvimento no projeto de exploração de gás natural, estimando-se que
todas as atividades no cluster da prospeção, extração e exploração possam prosperar a médio / longo prazo, a
par das atividades subsidiárias e acessórias ao mencionado cluster. De igual modo, a aceleração esperada da
Economia colocará mais capital a circular nas ruas, fomentando o aumento do consumo de bens duradouros e
bens não - duradouros. A oportunidade que o gás natural poderá gerar tem levado a um intensificar dos níveis
de IDE para Moçambique, que desde 2010 têm crescido a um ritmo superior a 100% ao ano.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
66
A agricultura surge com principal relevo no Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que no seu conjunto representam cerca de 16% do PIB da região. Principal
fonte de emprego, a agricultura apresenta, na maioria das explorações, oportunidades de mecanização e
incremento de produtividade. Acresce ainda que é um setor que em muitos países apresenta fortes índices de
exportação, apresentando um peso relevante na Balança Comercial desses países. São também estes países
que se têm apresentado menos atrativos à captação de IDE, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura
produtiva.
A indústria extrativa, em particular a mineira, é preponderante nas economias do Botsuana, Namíbia e Zâmbia,
concentrando-se as oportunidades de negócio neste cluster.
As oportunidades de investimento no Turismo têm sido, na sua maioria, concretizadas nas Seicheles e
Maurícias, sendo que o Botsuana (Bacia do Okavango), Moçambique e Namíbia vêm apostando no
desenvolvimento deste setor. Angola tem também como objetivo, a prazo, a criação de uma indústria de
Turismo, promovendo o desenvolvimento de 3 polos turísticos em Cabo Ledo, Kalandula e junto ao Okavango,
o qual impulsionará atividades de serviços profissionais nas áreas do ambiente, ordenamento do território e
construção e infraestruturas.
1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos
Região País Principais
produtos agrícolas
Oportunidades
para o bloco
(produtos e serviços
associados aos setores)
Principais
aeroportos
Principais
portos
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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
69
1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas
A SADC apresenta um conjunto alargado de oportunidades para as empresas portuguesas em termos de
exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por Moçambique.
Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no total US$ 5.3 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de US$ 2.9 mil milhões:
Do total dos produtos importados por Moçambique aos seus parceiros comerciais no total de US$ 6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ 3.167 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças
de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos,
tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras,
cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção
civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários);
Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados;
Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos
plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias;
Outras máquinas e aparelhos para as indústrias
particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;
Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Gorduras vegetais
e óleos, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos
elétricos; Equipamento e componentes mecânicas;
Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para
impressão; Materiais de construção; Componentes para
máquinas de energia elétrica; Alumínio.
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a construção civil; Arroz; Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Fertilizantes; Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; Alumínio; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos residuais de petróleo; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Carvão; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados planos de ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sabonetes, limpeza e de polimento; Mobiliário e peças.
Do total dos produtos importados pelo Botsuana aos seus parceiros comerciais no, total US$ 8.025 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ 5.870 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados pela República Democrática do Congo aos seus parceiros comerciais no, total US$ 6.1 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 50% das importações, no montante de cerca de US$ 3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Equipamento de telecomunicação; Materiais de construção; Geradores; Aeronaves e equipamentos
associados; Madeira e aparas de madeira; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas de processamento de dados; Cereais em grão; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Peças e acessórios dos veículos; Tabaco; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Metais comuns; Mobiliário e peças; Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Calçado; Produtos comestíveis e preparações.
Veículos a motor para transporte de mercadorias; Óleos
de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas para a construção civil; Outras carnes e miudezas comestíveis; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Peixe fresco ou congelado; Produtos comestíveis e preparações; Tubos e perfis ocos, de ferro e aço; Tecidos de algodão; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Materiais de construção; Bombas para água; Máquinas e aparelhos elétricos; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Metais comuns; Máquinas de energia elétrica e componentes; Bombas, compressores a gás e ventiladores; geradores; Roupas e outros artigos têxteis; Ferramentas mecânicas e outras.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
70
Do total dos produtos importados pelo Lesoto aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no montante de US$ 1.4 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados por Madagáscar aos seus parceiros comerciais no, total US$ 3.05 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 1.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos de malha; Tecidos de algodão; Outras refeições à base de cereais e farinha; Equipamento de
telecomunicação; Outras carnes e miudezas comestíveis; Automóveis; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Perfumaria e cosméticos; Recetores de televisão; Produtos residuais de petróleo; Milho; Calçado; Fios têxteis; Sabonetes, produtos de limpeza e polimento; Pregos, parafusos, porcas, parafusos, rebites e semelhantes; Aparelho para circuitos elétricos, painéis; Gás natural; Papel e cartão; Trigo e centeio em grão; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plástico; Leite e produtos lácteos.
Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fios têxteis; Arroz; Açúcar, melaço e mel; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tecidos de algodão; Tecidos artificiais; Gorduras vegetais e óleos; Tecidos de malha; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Outros tecidos; Peixe fresco ou congelado; Equipamento de telecomunicação; Carvão; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Artigos de plástico; Lã; Artigos de matérias têxteis; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Materiais de construção.
Do total dos produtos importados pelo Maláui aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 56% das importações, no montante de cerca de US$ 1.5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados pela Maurícia aos seus parceiros comerciais no, total US$ 5.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 5.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Fertilizantes; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Tabaco; Materiais de construção; Material para impressão; Trigo e centeio em grão; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos medicinais e farmacêuticos; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Máquinas para a construção civil; Mobiliário e peças; Aparelhos elétricos de diagnóstico para as ciências médicas; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Artigos de matérias têxteis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Papel e cartão; Polímeros de etileno; Automóveis; Óleos essenciais e perfumes; Máquinas e aparelhos elétricos; Minerais em bruto.
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Peixe fresco ou congelado; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carvão; Materiais de construção; Tecidos de algodão; Pérolas, pedras
preciosas e semipreciosas; Leite e produtos lácteos; Máquinas de processamento de dados; Fios têxteis; Propano e butano liquefeito; Tabaco; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Motores de pistão de combustão interna e componentes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Perfumaria e cosméticos; Produtos comestíveis e preparações; Metais comuns; Arroz; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Máquinas e aparelhos elétricos; Trigo e centeio em grão; Artigos de plástico.
Do total dos produtos importados pela Namíbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 6.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 57% das importações, no montante de US$ 3.679 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados pelas Seicheles aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 752 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 68% das importações, no montante de cerca de US$ 513 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios de cobre; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Embarcações; Peixe fresco ou congelado; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Madeira e aparas; Gorduras
vegetais e óleos, refinado, do fracionamento; Metais
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71
telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Aparelhos e equipamentos fotográficos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Cobre; Mobiliário e peças; Aeronaves e equipamentos associados; Artigos de matérias têxteis; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Bebidas alcoólicas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Metais comuns; Máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Aparelhos de medição, análise e controle; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Peças e acessórios de veículos; Trigo e
centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Artigos plásticos.
comuns; Materiais de construção; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Papel e cartão;
Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Arroz; Artigos plásticos; Aeronaves e equipamentos associados; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Outras carnes e miudezas comestíveis; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Material para impressão; Legumes.
Do total dos produtos importados pela Suazilândia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 1.2 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados pela Tanzânia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 11.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações, no montante de cerca de US$ 6.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Tecidos de malha; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Tecidos de algodão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Óleos essenciais e perfumes; Material para impressão; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sumos de frutas e de vegetais; Artigos de plástico; Produtos comestíveis e preparações; Energia; Calçado; Refeições à base de cereais e farinha; Bebidas alcoólicas; Produtos diversos das indústrias químicas; Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tules, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas;
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos artificiais; Cobre; Equipamento de telecomunicação; Peças e acessórios dos veículos; Outros produtos químicos orgânicos.
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Automóveis; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado e não revestido; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motocicletas e velocípedes; Outras matérias plásticas em formas primárias; Fertilizantes; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plásticos; Geradores; Polímeros de etileno, em formas primárias; Metais comuns; Máquinas de processamento de dados; Semirreboques.
Do total dos produtos importados pela Zâmbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 8.2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados pelo Zimbabué aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 4.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 52% das importações, no montante de cerca de US$ 2.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Minérios de cobre e seus concentrados; Óleos brutos de petróleo e outros; Máquinas para a construção civil;
Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Cobre; Fertilizantes; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Óleos de
petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios e concentrados de metais básicos; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço e alumínio; Bombas de água; Metais comuns; Produtos diversos das indústrias químicas; Tubos e perfis ocos,
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fertilizantes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Máquinas para a construção civil; Milho; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Açúcar, melaço e mel;
Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Tabaco; Níquel minérios e concentrados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Energia; Produtos comestíveis e preparações; Automóveis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Artigos de plástico; Papel e cartão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Sais metálicos e
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acessórios, ferro e aço; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos laminados planos de ferro e aço, revestidos, folheados; Automóveis; Ferramentas mecânicas, outras; Peças e acessórios de veículos.
peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tecidos artificiais.
Países analisados autonomamente
Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros comerciais no, total US$ 24 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 49% das importações, no montante de US$ 11.811 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Do total dos produtos importados a África do Sul aos seus parceiros comerciais no total de US$ 124 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 43% das importações, no montante de US$ 54 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:
Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns; Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas, compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e componentes; Peças e acessórios para máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; Arroz.
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73
2.África do Sul
O país com maior peso na região
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
74
2. África do Sul. O país com maior peso na região
2.1. Macroeconomia
2.1.1. PIB da economia Sul-Africana
A África do Sul é o país com maior peso na região, representando mais de 59% do PIB da SADC.
Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC41
A economia da África do Sul 42
é a maior e mais sofisticada do continente Africano, representando cerca de
34% do PIB da África Subsaariana e 59% do PIB da SADC. É uma economia abundante em recursos naturais,
como platina, ouro, diamantes e carvão, dispõe de uma razoável rede de infraestruturas e transportes e
apresenta um sistema financeiro bastante desenvolvido. A sua importância no continente Africano foi
confirmada pela inclusão no acrónimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - South Africa).
41
World Bank 42
Fonte: FMI (Fundo Monetário Internacional), IFI (Instituto de Finanças Internacionais), Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul, e Análise BPI agosto 2013
África do Sul 59.14%
Angola 17.57%
Botsuana 2.22%
Congo R.D 2.75%
Lesoto 0.38%
Madagáscar 1.53%
Malauí 0.66%
Maurícia 1.61%
Moçambique 2.24%
Namíbia 1.97%
Seicheles 0.16%
Suazilândia 0.58%
Tanzânia 4.35%
Zâmbia 3.18%
Zimbabué 1.66%
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
75
Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$
Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB
Após o decréscimo do PIB registado em 2009 a trajetória de crescimento do PIB recuperou, em parte como
resultado do conjunto de políticas governamentais de estímulo fiscal e da recuperação da procura interna, por
via da realização do Mundial de Futebol. Em 2011 o crescimento do PIB de 3.5% (segundo o FMI e o IFI),
resulta da contribuição positiva das exportações (evolução dos preços das commodities), mas também da
procura interna.
O setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo
contribuído em 2010 com cerca de 8,6% para o PIB e em 2011 com cerca de 10% (Análise BES 2012). A
importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país bastante rico em recursos minerais. Em
2010, o país foi o maior produtor mundial de crómio, o maior produtor de platina (com uma quota mundial de
76%), o 5º maior produtor de ouro e o 4º maior produtor de diamantes (em volume e valor).
Para além deste setor, aqueles que têm maior peso no crescimento económico do país são as infraestruturas
(transportes, energia, comunicações e habitação social), a agricultura e o turismo.
2.1.2. Orçamento Geral do Estado43
A situação orçamental da África do Sul é sólida, muito embora se tenha registado uma ligeira quebra no
exercício de 2012. O défice do setor público administrativo aumentou ligeiramente de 4.1% do PIB em 2011,
para 4.2% do PIB em 2012.
Os maiores défices orçamentais recentes foram consequência de medidas anticíclicas do Governo, que
visaram apoiar o crescimento e o emprego. Assim, a despesa pública governamental aumentou, tendo subido
de 20% do PIB em 2011, para 29,9% em 2012.
O Governo previu para o ano de 2013 um aumento na despesa pública. No entanto, tudo indica que este
aumento está a decorrer a um ritmo inferior quando comparado com os resultados do exercício anterior, e com
as previsões orçamentais.
Apesar da economia Sul-Africana ter continuado a crescer desde a recessão de 2009, o ritmo moderado do
seu crescimento tem afetado negativamente as receitas, tendo a economia sido afetada pela instabilidade no
mercado laboral e pela diminuição dos preços nas matérias-primas. A degradação contínua do crescimento
económico verificada nos principais parceiros comerciais do país também não contribuiu para inverter esta
tendência.
43
Fontes: African Economic Outlook; Relatório Económico Anual – Banco Central da África do sul, 2013
5,591 5,766
7,265 7,951 7,507
2008 2009 2010 2011 2012
PIB per capita (USD)
3.6
-1.5
3.1 3.5
2.5
2008 2009 2010 2011 2012
PIB (variação anual)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
76
2.1.3. Dívida Pública externa e interna44
A dívida pública interna aumentou substancialmente, tendo passado de cerca US$ 87 mil milhões em 2011,
para cerca de US$ 105 mil milhões em 2012. A dívida nacional corresponde a 90% do endividamento total.
Devido à natureza da moeda nacional e dos mercados de capitais, a fonte de financiamento primária para o
défice orçamental continua a ser a contratação de empréstimos internos através de uma combinação de títulos
do Tesouro, de obrigações de taxa fixa, e de obrigações indexadas à inflação.
A dívida pública externa reduziu de 3,8% do PIB em 2011, para 3,7% em 2012, enquanto a dívida externa total
passou de 27% (US$ 50,9 mil milhões) do PIB em 2011, para 29,2% (US$ 53,3 mil milhões) em 2012. O rácio
do serviço da dívida (que avalia a proporção das receitas da exportação necessárias para pagar o serviço da
dívida), aumentou de 93.8% em 2011, para 96.4% em 2012..
O aumento da dívida externa deveu-se, em grande parte, ao aumento do financiamento junto dos mercados de
capitais internacionais pelo Governo, pelo setor bancário, e através de financiamento externo com vista a
financiar investimentos em infraestruturas.
A Moody’s desceu a notação do crédito soberano da África do Sul em um nível - de A3 para Baa1, bem como
as notações dos depósitos externos das principais instituições financeiras e dos bancos comerciais. Cumpre
informar que as notações revistas, emitidas pela Moody’s, estão alinhadas com as notações das outras
principais agências de notação de risco de crédito, sendo improvável que afetem o acesso do país aos
mercados de crédito internacionais.
A estratégia para a gestão da dívida faz parte integrante das amplas políticas de sustentabilidade do Governo,
sendo de destacar afixação dos objetivos líquidos de financiamento, que incluem projeções detalhadas de
componentes internos e externos, a longo e a curto prazo (para um período de três anos).
O total da dívida bruta aumentou de cerca US$ 97 mil milhões, a 31 de março de 2011, para US$ 119 mil
milhões em 2012.
44
Fonte: African Economic Outlook
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
77
2.2. Estrutura produtiva
2.2.1. PIB por Setor
O papel do Governo é relevante ao ponto de assegurar 40%, do investimento na Economia.
Conforme referido, os serviços financeiros e o imobiliário desempenham um papel de relevo no
desenvolvimento da África do Sul, sendo um dos setores determinantes na contribuição para o PIB. O
crescimento do setor deveu-se, em grande parte, a um aumento da atividade dos bancos comerciais. De
salientar que a África do Sul dispõe de uma estrutura financeira sofisticada, sendo a Bolsa de Valores de
Joanesburgo (JSE Limited) a maior de África.
Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011
No setor dos serviços, o turismo vem-se apresentando como um importante setor na sua Economia,
contribuindo fortemente para os níveis de emprego. Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking
mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente Africano (depois de
Marrocos).
A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB sul-Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10%
para o PIB do país, estimando-se que com os efeitos indiretos destas contribuições ascendam a 20%. O setor
empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 201245
. Em 2011, a
África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a
reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (apresentando
uma quota mundial de 9,87%46
).
A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente Africano, tem um peso diminuto no PIB do
país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter relevantes fundações agrícolas. Neste setor destaca-se o
vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção, com uma quota mundial de
3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança
45
Facts about South African Mining-August 2013, Câmara de Minas da África do Sul 46
BES Research Africa do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme available at: https://kimberleyprocessstatistics.org/
7%
16%
21%
8%
15%
5%
3%
13%
10% 2%
Serviços Pessoais
Serviços Públicos
Serviços Financeiros e imobiliário
Transportes e comunicação
Turismo e Comércio
Construção
Eletricidade, gás e água
Indústria Transformadora
Mineração
Agricultura, pescas e florestas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
78
agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a
capacidade de autoabastecimento agrícola47.
2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado
O Departamento de Empresas Públicas (Department of Public Enterprises – DPE) é o representante do
Governo com responsabilidade pelas seguintes empresas detidas pelo Estado (State Owned Companies -
SOC):
Setor da Energia e Extração Mineira - Eskom e Alexkor;
Setor da Produção - Denel, Safcol e Broadband Infraco;
Setor dos Transportes - South Áfrican Airways, Transnet e South Áfrican Express Airways.
Estas empresas têm um papel fundamental no crescimento económico do país, e um peso muito importante
em vários domínios da região da África Subsariana.
A Eskom é responsável por 95% da energia usada na África do Sul e por cerca de 45% da energia usada em
todo o continente Africano. Estas empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de infraestruturas chave e
contribuem para o aumento da capacidade de produção do país – por exemplo, a principal filial da Safcol, a
Komatiland Forests, detém 80% da companhia de florestas moçambicana - Indústrias Florestais de Manica -,
tendo um papel vital no desenvolvimento rural e na redução do desemprego local.
Os investimentos em infraestruturas são um elemento fulcral da estratégia de crescimento, e as empresas
detidas pelo Estado estão a implementar programas por forma a assegurar que são criadas oportunidades
sustentáveis para investir.
O objetivo deste departamento é o de impulsionar o investimento e a produtividade, e transformar o leque de
empresas do Estado, bem como os seus clientes e fornecedores, por forma a incentivar o crescimento,
industrialização, criação de novas empresas e o desenvolvimento de novas competências. Para que tal
aconteça, os objetivos e atividades do departamento deverão estar em linha com os do Governo.
47
Conclusões com base nos dados do Economic Review of the South African Agriculture 2011/2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
79
2.3. Política económica
2.3.1. Perspetivas futuras
Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul
48
As perspetivas de crescimento futuro continuam a
refletir uma incapacidade estrutural do país em
retomar o crescimento registado na última década.
Para 2014, a média das previsões de instituições
internacionais aponta para um crescimento de
3,5%, ainda que o cenário do FMI aponte para um
crescimento de 2,0%, e para 2015 as instituições
internacionais esperam um crescimento de 3,7%,
prevendo o FMI um crescimento de apenas 3,4%.
A desaceleração da Economia da África do Sul é
consistente com o abrandamento da taxa de
crescimento dos BRICS e da economia mundial. O
retomar das taxas de crescimento de 5%,
encontra-se pois dependente de alterações da
estrutura económica, e também da conjuntura
mundial.
Vários são os fatores limitativos do potencial crescimento da África do Sul: um mercado de trabalho ineficiente,
com grande falta de formação técnica e infraestruturas deficitárias e degradadas. Por outro lado, as elevadas
taxas de criminalidade, corrupção, ineficiência das entidades públicas e um crescimento mundial mais fraco,
continuarão a atrasar o crescimento do país.
No entanto, verificam-se alguns aspetos positivos como, designadamente, a expansão da classe média, que
deverá estimular o consumo privado de bens duradouros e serviços e a melhoria de redes de transporte e
estações elétricas que deverão permitir um reforço gradual da atratividade ao investimento externo.
2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul
Embora tenham ocorrido avanços significativos em determinadas áreas, a África do Sul continua a debater-se
com desafios significativos.
A maior economia Africana, e a 28º do mundo, enfrenta um alto nível de desemprego, sobretudo jovem, uma
população que vive com escassos rendimentos (contextos que explicam os elevados índices de criminalidade);
para além de questões de saúde pública, nomeadamente o ainda significativo flagelo da incidência de VIH.
A fraca qualidade do ensino e lacunas ao nível da educação contribuem também para o posicionamento mais
frágil em termos de desenvolvimento. A nível económico, pontua a dificuldade sentida nos últimos anos em
alcançar patamares de expansão mais robustos, que permitam sustentar a trajetória de desenvolvimento e
prosseguir na senda do crescimento. Neste ponto, entre os fatores que mais contribuem para esta situação,
destacam-se a deficiente oferta de energia elétrica, causando roturas nos transportes e na atividade
económica; o comportamento volátil do setor de extração e transformação de minério; o impacto desfasado
das políticas económicas restritivas antes da crise de 2008; e o recuo da procura externa e dos preços das
commodities nos mercados internacionais.
Mais recentemente, o Governo Sul-Africano anunciou as linhas gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento
(NDP) para 2030.
48
Fonte: FMI, IFI, Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul - BPI Research agosto 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
80
Plano Nacional de Desenvolvimento: Uma estratégia para o crescimento e desenvolvimento49
O Orçamento para 2013 consubstancia os objetivos estratégicos de crescimento e redução da pobreza
definidos no Plano Nacional de Desenvolvimento (“NDP”, na sigla original). O NDP, criado com o objetivo de
introduzir uma estratégia de longo prazo para um combate definitivo à pobreza e para reduzir as
desigualdades sociais até 2030, tem como principal foco (i) a melhoria do bem estar da população, (ii) a
redução dos custos associados à realização de negócios, (iii) o aumento das exportações e (iv) a criação de
mais emprego, com o objetivo último de tornar o crescimento económico mais inclusivo.
Plano Nacional de Desenvolvimento – África do Sul: 10 Ações Prioritárias
1. Criação de um pacto social (entre o Governo, setor privado, sindicatos e a sociedade civil) para reduzir a
pobreza e as desigualdades, com o objetivo de impulsionar o investimento e o crescimento económico;
2. Definição de uma estratégia para erradicar a pobreza e os seus efeitos que passe por reduzir o desemprego,
reforçar o salário mínimo nacional, desenvolver a rede de transportes públicos e aumentar o rendimento dos
trabalhadores em zonas rurais;
3. Melhoria da gestão e responsabilidade do serviço público, a coordenação do Governo com outras áreas e
eliminação da corrupção;
4. Impulso ao investimento em setores com maior intensidade de trabalho (com especial foco na criação de
emprego para os mais jovens), impulso da competitividade do país e das exportações;
5. Desenvolvimento do sistema educativo;
6. Desenvolvimento do sistema de saúde, através da modernização das infraestruturas de apoio à saúde pública,
de uma maior formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde e da redução do custo dos seguros
privados de saúde (em relação aos seguros públicos);
7. Impulso ao desenvolvimento em infraestruturas até 10% do PIB;
8. Assegurar a sustentabilidade ambiental e a capacidade de proteção contra choques externos;
9. Reforma do espaço geográfico, aumentando a densidade populacional das cidades, melhorando o sistema de
transportes, criando empregos mais próximos das zonas residenciais e desenvolvendo o mercado imobiliário; e
10. Redução da criminalidade através do reforço da justiça criminal e da melhoria do ambiente comunitário.
As ações prioritárias têm por base um conjunto de medidas e objetivos futuros definidos pelo Governo, até 2030 nas diversas dimensões.
Economia
O PIB deverá aumentar 2,7 vezes em termos reais, o que implica uma taxa de crescimento médio
anual do PIB de aproximadamente 5,4%. O PIB per capita deverá aumentar de R50 000 por pessoa,
em 2010, para R110 000 por pessoa em 2030 (preços constantes);
As exportações (medidas em volume) deverão registar uma taxa de crescimento de 6% ao ano em
2030, com a rubrica das exportações “não tradicionais” a crescerem cerca de 10% ao ano;
As poupanças nacionais deverão aumentar de 16% do PIB para 25% do PIB até 2030;
O nível da formação bruta de capital fixo deverá crescer de 17% para 30%, com o nível de
investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10%
até 2030.
Comércio
O comércio intrarregional da África Austral deverá aumentar, de 7% para cerca de 25% até 2030;
49
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul / BPI Research agosto 2013
Aumento estimado do comércio intrarregional na África Austral de 7% para
25% em 2030
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
81
O comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030.
Emprego
A taxa de desemprego deverá baixar de 24,9% em 2012 (junho 2012) para 14% em 2020 e 6% em
2030. Seguindo estas previsões, o “emprego total” deverá aumentar de 13 milhões para 24 milhões de
pessoas empregadas;
A percentagem da população adulta a trabalhar deverá aumentar de 41% para 61% até 2030;
A percentagem da população adulta a trabalhar, nas áreas rurais, deverá aumentar de 29% para 40%
até 2030;
Os programas do Governo para o apoio ao emprego deverão atingir 1 milhão de pessoas em 2015 e 2
milhões de pessoas até 2030.
Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030
Objetivos 2010 2015 2020 2030
Taxa de desemprego (%) 25% 20% 14% 6%
Emprego (milhões) 13 15,8 18,9 23,8
Energia
A proporção de pessoas com acesso à rede elétrica deverá aumentar pelo menos 90% até 2030
(segundo dados da IEA, World Energy Outlook 2011, a taxa de eletrificação na África do Sul é de
cerca de 75% nas zonas urbanas / centrais, e o número de pessoas sem eletricidade é de cerca de
12.3 milhões).
Até 2030, a África do Sul precisará de mais 29 000 MW de eletricidade disponível, e será dada maior
importância ao setor das energias renováveis. Este deverá registar um desenvolvimento considerável
até 2030.
Água
Assegurar que toda a população tenha acesso a água limpa e potável, (estima-se que cerca de 94%
da população tenha acesso a água potável, de acordo com o Department water affairs – Rep of South
África) e que este recurso é suficiente para satisfazer as necessidades relativas à agricultura e
indústria.
Transportes
Futuramente, a percentagem de utilizadores de transportes públicos no seu dia-a-dia deverá aumentar substancialmente. Um dos objetivos do Governo para 2030 é tornar os transportes públicos mais “amigos do utilizador e do ambiente” e mais económicos.
Portos
É esperado um aumento da capacidade portuária de Durban, de aproximadamente 3 milhões de
contentores por ano para 20 milhões em 2040. O porto de Durban concorre diretamente com o Porto
de Maputo no qual foi anunciado em 2011 um investimento de US$ 750 milhões até 2030.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
82
2.4. Infraestruturas e energia
Panorâmica das infraestruturas na África do Sul
Situada no extremo sul do continente Africano, a África do Sul
faz fronteira com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbabué e
Moçambique, possuindo uma área de 1,1 milhões de
quilómetros quadrados.
Desde as eleições de 1994, que o país se encontra dividido em nove províncias distintas. A densidade populacional, como se poderá apreender da tabela ao lado, varia bastante de província para província
Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
83
Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas50
A atual degradação de infraestruturas
é comumente apontada como um
constrangimento ao crescimento
(destacando-se o défice na rede de
fornecimento elétrica, na rede de
transportes e nas rodovias), o que é
ampliado pelo fraco investimento no
desenvolvimento das estruturas de
apoio à capacidade produtiva.
Note-se que de acordo com o índice
de Competitividade Global do World
Economic Fórum para 2012-2013, a
África do Sul está, a nível de
infraestruturas, acima do nível padrão
da região. Mas, ainda assim, o país
encontra-se posicionado em 63.º
lugar (de um total de 144 países). As
suas infraestruturas requerem
manutenção, e muitas delas
encontram-se obsoletas.
Apesar de em 2012 o investimento público ter aumentado em estradas, linhas ferroviárias, em portos e no
setor energético, continua a existir falta de dinamismo no setor, muito devido aos baixos níveis de investimento
privado.
Na tabela seguinte pode-se ver o investimento público previsto em infraestruturas, por setor, entre 2010 e
2015.
Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 201551
(US$M)
Setor Total
Serviços Económicos 677
Energia 296.2
Água e saneamento 75.2
Transporte e logística 262.0
Outros serviços económicos 43.6
Serviços sociais 140.2
Saúde 36.0
Educação 40.7
Serviços às comunidades 57.6
50
Fonte: Census 2011 51
Fonte: Análise do Orçamento de Estado para 2012
Província População (2011)
Área (km²)
Densidade populacional
(por km²)
Gauteng 12.272.263 18.178 675.1
KwaZulu-Natal 10.267.300 94.361 108.8
Mpumalanga 4.039.939 76.495 52.8
Western Cape 5.822.734 129.462 45.0
Limpopo 5.404.868 125.755 43.0
Eastern Cape 6.562.053 168.966 38.8
North West 3.509.953 104.882 33.5
Free State 2.745.590 129.825 21.1
Northern Cape 1.145.861 372.889 3.1
África do Sul 51.770.561 1.220.813 42.4
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
84
Energia
O setor elétrico na África do Sul é dominado pela Eskom, que detém e opera a maioria
das infraestruturas elétricas, fornecendo 95% da energia do país.
O índice Doing Business de 2013 do Banco Mundial, estabelece que um dos aspetos mais negativos no
investimento na África do Sul está relacionado com a obtenção de eletricidade, encontrando-se o país em
150.º lugar (de 185.º posições possíveis).
As infraestruturas elétricas deficitárias constituem graves obstáculos à produção, especialmente quanto à
produção mineira.
Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul52
Como resultado de baixos investimentos no setor, o total de energia passível de distribuição é inferior aos
níveis de 2006.
O país não se encontra capaz de gerar a energia necessária para fazer face à procura, acrescendo ainda que,
reflexo do avançado estado de degradação das infraestruturas, a Eskom, empresa de distribuição elétrica Sul-
Africana, não tem conseguido responder às necessidades da população. A falta de manutenção adequada tem
resultado numa recorrência cada vez maior nos cortes energéticos imprevistos, reduzindo assim a capacidade
elétrica nacional. As reservas marginais de energia da Eskom têm vindo a descer abaixo de 1% nos passados
meses, o que, quando comparado com uma norma internacional de 15% não deixa de ser preocupante.
52
Fonte: Eskom (2011)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
85
Apesar de a Eskom deter o monopólio no setor, existem hoje expetativas claras relativas à alteração das
regras que vigoram presentemente, e à implementação de regulação económica neste âmbito, visando a
quebra do atual monopólio na energia Sul-Africana.
Transportes
Os transportes, a par da energia, são o setor que tem atraído maior atenção por parte
do Governo, por se estabelecer como uma área bastante deficitária.
Cumpre salientar as seguintes caraterísticas da rede ferroviária da África do Sul (figura abaixo):
Ligação dos oito principais portos marítimos ao interior do país;
Os comboios de passageiros e de mercadorias utilizam as mesmas linhas ferroviárias (pelo menos em
serviços intercidades); e
Ligação da África do Sul à Namíbia, ao Botsuana, a Moçambique e ao Zimbabué (e através do
Zimbabué, liga o país à Zâmbia). A linha ferroviária percorre ainda a Suazilândia.
A rede ferroviária Sul-Africana é constituída por quase 21 mil quilómetros de linha (num total de mais de 30 mil
quilómetros, quando consideramos as rotas ferroviárias principais que têm linhas duplas).
Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos53
Na África do Sul existem oito
principais portos marítimos
comerciais (cuja localização pode
ser vista na figura ao lado):
Durban;
Baía de Richards;
Cidade do Cabo;
Baía de Saldanha;
Nggura / Coega;
Porto de East London;
Baía de Mossel;
Porto Elizabeth.
Os portos sul-Africanos
encontram-se divididos em três
grupos: ocidentais, centrais, e
orientais. A divisão geográfica
decorre da respetiva área de
influência que cada porto serve.
Os vários portos encontram-se ligados, por corredores, aos centros industriais e mineiros de Gauteng e
Mpumalanga, sendo a operação dos portos efetuada na sua maioria pela Transnet (que detém uma posição
dominante nos portos Sul-Africanos).
53
Fonte: Transnet, Ltd (2010)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
86
Considerando que os portos são compostos por uma mistura complexa de infraestruturas físicas e serviços
operacionais, a sua eficácia é avaliada através da eficiência com que os portos conseguem servir quem os
utiliza, criando assim valor para a economia nacional.
De referir que os portos sul-Africanos abrangem várias funções – enquanto uns estão focados quase
exclusivamente em produtos a granel, outros dão apoio apenas a determinados setores (a Baía Mussel, por
exemplo, presta apoio à indústria off-shore petrolífera). Existem portos que, por outro lado, se especializam
num só tipo de carga.
Porto Categoria de mercadorias por porto e suas especializações
Baía de Richards e Durban 65% de todo o fluxo de carga e passageiros
Baía de Richards e de Saldanha 80% de carga de granéis sólidos (principalmente minérios)
Durban e Baía de Saldanha 84% de granéis líquidos
Durban e Porto de East London 98% de todas as importações e exportações de veículos
Durban e Cidade do Cabo 82% do comércio de contentores
Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) 54
54
Fontes: Trasnet, Ltd, 2010
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
87
Porto Principais características
Durban
É o porto que oferece o maior leque de infraestruturas e serviços em todo o país.
Entre os principais produtos movimentados contam-se os contentores, veículos, grãos (arroz e milho), produtos florestais (incluindo aparas de madeira), granéis líquidos (petróleo bruto, produtos petrolíferos e químicos), carvão, fertilizante, aço, fruta, açúcar e passageiros (incluindo navios de cruzeiro).
O porto pertence à Transnet, através da Associação Nacional dos Portos, ainda que alguns terminais sejam operados por empresas privadas.
Baía de
Richards
Maior porto de granéis sólidos do país.
A carga a ser movimentada neste porto tem crescido, uma vez que muitas empresas têm estado a sair de Durban (devido ao ambiente menos congestionado à volta da zona de Richards).
O comércio do porto é dominado por exportações de carvão e de fluxos de granéis sólidos.
Cidade do
Cabo
Não tem a relevância do porto de Durban e da Baía de Richards em termos de comércio nacional, servindo uma função mais regional.
Não obstante, e estando localizado na muito preenchida rota marítima oriental-ocidental, desempenha um papel relevante enquanto centro de transbordo para mercadoria destinada à África Ocidental.
Mais do que uma infraestrutura facilitadora do comércio, o Porto da Cidade do Cabo dispõe de atividade piscatória, reparação de navios e instalações de lazer.
Desempenha um importante papel na reparação de navios, especialmente nos setores da indústria petrolífera, diamantífera e piscatória do Atlântico Sul.
Baía de
Saldanha
É o porto com maior profundidade do país, estando apto a receber embarcações até 21,5 m de calado.
Grande parte da carga que passa pelo porto é a granel.
Porto
Elizabeth
Tem seis terminais, que servem diferentes funções (de contentores, de carga a granel, de carga a granel fracionada, de veículos, de navios petroleiros, e de produtos alimentares frescos).
Os terminais do porto estão, na sua maioria, equipados com carros e guindastes pórticos de última geração.
Os principais bens a serem transacionados no porto são carga contentorizada (destinada tanto a exportações como a importações), apoiando a indústria automóvel, bem como as exportações de minério de manganês.
Está previsto um plano de expansão para o porto.
Nggura /
Coega
É o porto mais recente do país, tendo começado a sua atividade em outubro de 2009.
Fica apenas a 20 km nordeste do porto Elizabeth.
Porto de
East London
É, atualmente, o único porto fluvial do país.
Dispõe de um terminal multiusos (incluindo um terminal de contentores), um terminal de granel, e um terminal de veículos.
As exportações e importações de veículos são hoje a principal atividade do porto.
Baía de
Mossel
É quase totalmente dedicado a prestar apoio à indústria off-shore petrolífera.
Relativamente à rede rodoviária Sul-Africana, esta compreende, aproximadamente, 154 mil quilómetros de
estradas pavimentadas, e 454 mil quilómetros de estradas de cascalho. As estradas são classificadas como
estradas nacionais, provinciais ou municipais.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
88
Existem, no entanto, estradas “não reclamadas” cuja
dimensão ascende aos 140.000 quilómetros e que se
encontram normalmente nas áreas rurais do país. Não
são incluídas nas contagens oficiais, nem existe
qualquer entidade responsável pela sua manutenção.
A má condição da rede rodoviária Sul-Africana é geral,
mas afeta mais gravemente as estradas de cascalho
localizadas na província. Para além de melhorias na
qualidade da rede rodoviária, mostra-se também
necessário um planeamento de acesso a estradas
rurais, que assegurem ligações a estradas provinciais
e distritais, possibilitando um acesso eficiente a
localidades mais dispersas, e com baixa densidade
populacional.
Apesar da condição das estradas Sul-Africanas se ter deteriorado devido à sobreutilização e parco
investimento há, contudo, estabilidade na condição dos eixos rodoviários principais (como resultado de
investimentos mais elevados ao longo dos últimos anos).
Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas55
A distância entre Maputo e Joanesburgo é de cerca de 460 kms. O principal eixo rodoviário que liga estas
duas cidades é a estrada N4/EN4 passando pelo eixo principal de Lebombo, conhecida em Moçambique como
Ressano Garcia. A estrada entre Maputo e Joanesburgo é alcatroada e dispõe de facilidades de acesso, como
postos de combustíveis. É um dos principais eixos viários do país e é muito utilizada por camiões de carga
provenientes da África do Sul.
Em termos ferroviários são necessárias melhorias na qualidade do serviço oferecido aos utilizadores da rede,
e na capacidade operacional da rede ferroviária.
55
Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
A deterioração das estradas sul-Africanas
acarreta três principais consequências:
Estima-se que o custo para reparar a
deterioração sofrida é, á data, sete vezes
maior do que se a manutenção tivesse
sido feita atempadamente;
Os custos pelos utilizadores numa estrada
em más condições são o dobro quando
comparados com uma estrada em boas
condições; e
A acumulação do investimento subiu aos R
65 mil milhões em 1999.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
89
Uma vez que é dada prioridade, na rede ferroviária Sul-Africana aos comboios de mercadorias, a maioria dos
comboios de passageiros estão limitados à velocidade máxima de 70 km/h. Assim, o período de viagem em
comboios tem-se revelado mais longo quando comparado a viagem por autocarro.
Mostram-se ainda prementes alterações institucionais que visam tornar a rede ferroviária mais eficiente, como
por exemplo a introdução de um regulador económico para o efeito, separando-se a gestão das infraestruturas
das operações, e publicitando-se o papel desempenhado pela rede ferroviária no comércio internacional sul-
Africano.
Mais, 78% da rede ferroviária do país já ultrapassou os vinte anos de vida útil inicialmente previstos, o que
indica necessidades urgentes de reabilitação.
Água e saneamento56
A África do Sul é um dos países onde a água mais escasseia, sendo que, dentro da SADC, é o membro que utiliza, em maior grau, os seus recursos hídricos. Os rios e as barragens sustentados pela água da chuva constituem a maior fonte de água, o que não tem chegado para colmatar as necessidades do país (sendo que a água existente para consumo é mal repartida entre a população).
A escassez da água representa um dos maiores obstáculos em termos de infraestruturas. As suas bacias
hidrográficas já estão totalmente utilizadas. Cerca de 77% da água da superfície (armazenada em barragens e
rios) está a ser usada.
O Governo definiu 2014 como meta para garantir o financiamento dos serviços básicos de abastecimento de
água e saneamento a todos os cidadãos sul-Africanos.
Em 2013, 74% da população Sul-Africana dispõe de acesso a saneamento básico no país.57
TIC58
As telecomunicações são dominadas pelo setor privado, apesar de o Governo
exercer uma influência significativa através de políticas nacionais e regulamentação.
Estima-se que 17,4%59 da população tenha acesso à internet, sendo que existem dois
sistemas de acesso digital no país:
A internet;
Os sistemas móveis.
O setor encontra-se atualmente numa fase decisiva da evolução para a internet de banda larga, encontrando-
se os operadores de telecomunicações a investir em novas infraestruturas.
As redes móveis não estão a conseguir acompanhar a procura que tem havido pelos seus serviços.
Por outro lado, grande parte da população continua sem acesso à internet de banda larga, tendo vindo a ser
alocados recursos para a criação de uma infraestrutura digital nacional.
56
Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 57
Fonte: Organização Mundial de Saúde, Estatísticas Mundiais de Saúde, 2013 58
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 59
Estatísticas Mundiais da Internet, 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
90
É pouca a população Sul-Africana que atualmente tem
acesso a computadores, ou a dispositivos de utilizadores
finais, havendo uma repartição inapropriada de recursos.
Mas, e não obstante, o futuro não deixa de ser otimista –
estima-se que a maioria da população adulta estará a
utilizar a internet no final da década.
2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas
60
A criação e a coordenação das políticas comerciais e industriais na África do Sul está a cargo do
Departamento de Comércio e Indústria (DTI).
Entre os cinco objetivos estratégicos do DTI, encontra-se o estabelecimento de um ambiente regulatório justo
que tenha em vista possibilitar o investimento, o comércio e o desenvolvimento empresarial de modo equitativo
e socialmente responsável.
Neste âmbito, são também de destacar outros departamentos e agências responsáveis por iniciativas
marcantes quanto às políticas de comércio e de investimento, entre as quais se contam o Departamento do
Tesouro Nacional, o da Agricultura, o de Saúde e o de Assuntos Minerais e Energéticos. O Banco Central
desempenha, naturalmente, um papel decisivo no desenvolvimento destas iniciativas.
Note-se que a África do Sul possui diversos acordos que complementam os tratados multilaterais, sendo de
destacar o Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC), assinado em 1999 com a União
Europeia (UE), configurando esta última não só a principal fonte de IDE do país, mas ainda o principal parceiro
comercial da África do Sul.
O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para 2030, elaborado em finais de 2011, contribuirá em larga
medida para o investimento e correspondente desenvolvimento em infraestruturas a curto prazo, prevendo-se
um investimento para os próximos três anos – o equivalente a 25,8% do PIB de 2012/201361
. Do valor global
do investimento estima-se que parte do investimento projetado (cerca de 4%) possa ocorrer por recurso a
PPPs.
60
Fonte: África do Sul – Perfil e Oportunidades Comerciais, 2011 (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) 61
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul
A África do Sul tem o objetivo claro de reforçar a sua centralidade em África, apoiando a cadeia de valor do setor da construção e promovendo a exportação de serviços
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
91
Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas)62
Este investimento deverá resolver, ainda que parcialmente, os problemas ao nível da produção e do
fornecimento de eletricidade, dos transportes, dos combustíveis, e da captação e distribuição de água e
alojamento.
Energia
Dado o crescimento económico da África do Sul, e dadas as necessidades energéticas
do país, há um conjunto de medidas que se encontram a ser adotadas de modo a
aumentar a capacidade de produção e distribuição de energia elétrica.
Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica
Objetivo Medidas Políticas
Pretende-se que a escassez
de energia não constitua um
entrave ao potencial
crescimento da economia.
Aumentar a proporção da população com energia elétrica
Redução da intensidade energética
Desenvolvimento das infraestruturas de transmissão
Redução da utilização do carvão
Maior recurso ao gás e às energias renováveis
Estas medidas integram-se no Plano de Desenvolvimento Nacional e em projetos específicos que permitirão atingir os índices de capacidade e distribuição necessários ao país. Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético
63
Projeto Montante
Plano de Desenvolvimento Nacional para 2030 Até 10% do PIB
Funcionamento das estações de energia elétrica de Kesuli e de Medupi (que irão adicionar
4.800 MW à capacidade de distribuição da Eskom, cada uma) US$ 1.4 mil milhões
62
Fonte: Análise Orçamental de 2012 do Tesouro Nacional 63
Fonte: E.E.F., Mercados Financeiros (África do Sul) agosto 2013, BPI; Financing of Kusile and Medupi Power Plants – a research paper prepared for BankTrack and Pacific Environment, Profundo Economic Research, outubro 2010.
22%
18%
5% 4%
48%
Departamentos Provinciais
Autoridades locais
Instituições fora do orçamento
Parcerias Público-Privadas
Empresas públicas não-financeiras
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
92
Transportes
Igualmente, o crescimento económico de África do Sul tem vindo a revelar uma
crescente necessidade de aumentar a eficiência dos transportes. Nesse sentido há um
conjunto de medidas programáticas que orientam os investimentos no setor dos
transportes.
Tabela 10 - Eficiência dos transportes
Objetivo Medidas Políticas
Melhorar a eficiência da
rede rodoviária, dos portos e
da rede ferroviária
Aumentar a capacidade ferroviária
Recapitalização total da frota ferroviária
Expansão dos terminais dos portos, ampliação dos canais, e reconstrução de algumas estruturas dos portos
Promover uma utilização maior dos transportes públicos
Melhorias na qualidade da rede ferroviária (ao invés de se aumentar apenas o comprimento das estradas)
Estas medidas programáticas irão resultar num conjunto vasto de investimentos que se estima virem a totalizar cerca de US$ 12.5 mil milhões.
Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes
64
Projeto Montante
Projetos no setor dos transportes públicos US$ 9.2 mil milhões
Melhorias nos principais portos comerciais do país US$ 496 milhões
Projetos no setor rodoviário US$ 2.8 mil milhões
Água e saneamento
No setor da água e saneamento há um conjunto de medidas programáticas que visam melhorar o acesso, bem como a própria rede das infraestruturas de saneamento básico.
Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico
Objetivo Medidas Políticas
Garantir o abastecimento de
água e de saneamento
básico a todos os cidadãos
sul-Africanos
Gestão dos escassos recursos hídricos do país
Assegurar que a população tem acesso a água e a saneamento básico
Alocação da água mais eficiente
Redução de perdas de água
64
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Trasnet, Ltd 2010.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
93
Para se atingirem estes objetivos o Governo encontra-se a elaborar um programa nacional de gestão de
recursos hídricos com medias a médio e longo prazo, ainda não tendo definido o montante global de
investimentos.
Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento65
Projeto Montante
Programa de gestão dos recursos hídricos n.d.
O PND visa ainda incentivar o investimento privado, de forma coordenada com o investimento público (de forma a evitar duplicações) na área dos transportes públicos, no setor das TIC, na área das energias renováveis e no desenvolvimento de mais infraestruturas, promovendo a facilitação para a entrada do investimento privado no país, e o crescimento de parcerias público-privadas (especialmente em matéria de instalação de redes de fibra ótica nacionais, regionais e municipais).
65
Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
94
2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais
A África do Sul apresenta uma economia relativamente aberta, com valores de exportação elevado e
diversificado.
Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana
África do Sul 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa de câmbio (US$ /ZAR) 8,20 7,23 7,30 8,40 8,23
Inflação 3,40% 4,64% 7,10% 11,54% 7,13%
Balança Comercial (em % do PIB) (3,06%) (0,88%) (0,20%) (0,62%) (3,05%)
Balança Corrente (em % do PIB) (7,35%) (3,99%) (2,79%) (3,41%) n.d.
Fonte: Banco Mundial; OANDA
Relativamente à taxa de câmbio, importa referir que vigora um sistema de câmbio flutuante, sem intervenção
do Banco Central. O Rand desvalorizou face ao Dólar, comparando com 2009 e 2010, e é expetável que assim
permaneça.
Ao nível da taxa de inflação identifica-se uma tendência crescente, tendo atingido um pico em 2011 justificado
pelo aumento mundial dos preços dos alimentos e do petróleo.
A balança comercial apresenta-se continuamente deficitária entre 2008 e 2012, assim como a balança
corrente.
Importações
As importações têm apresentado um ritmo crescente desde 2009,
mantendo-se a China e a Alemanha como principais mercados de
origem.
Tanto a China como a Alemanha exportam, na sua maioria, maquinaria
e equipamentos de transporte, tendo representado no primeiro caso
61%, e no segundo caso 46%, em 2012, no total das importações da
África do Sul.
A África do Sul enquanto plataforma de acesso aos mercados da região da SADC tem um importante papel de destaque dentro da comunidade perante o mercado externo, maximizado pela sua entrada no grupo dos BRIC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
95
Importações Sul-Africanas – Top produtos
Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012
Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat
As importações Sul-Africanas correspondem essencialmente a maquinaria e equipamentos de transporte e
combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados, representando este dois grupos de produtos
cerca de 60% do total das importações da África do Sul.
Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
O país da CPLP com maior relevo nas importações de África do Sul é Angola, pelas exportações de petróleo,
tendo representado 2,25% do total das importações da África do Sul.
11% 13% 14% 14% 14%
11% 12% 11% 11% 10%
6% 5% 4% 4% 8%
8% 8% 7% 8% 7%
6% 5% 5% 5% 5%
3% 3% 4% 4% 5%
101,640
74,054
94,226
121,606 122,760
-
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2008 2009 2010 2011 2012
Peso
nas im
po
rtaçõ
es t
ota
is d
e Á
fric
a d
o S
ul
Índia
Japão
EUA
Arábia Saudita
Alemanha
China
Importações
36%
24%
11%
11%
9%
5% 2%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Químicos e produtos relacionados
Bens manufaturados
Outros artigos manufaturados
Alimentos e animais vivos
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
96
Em segundo lugar surge o Brasil que apresentou uma maior variedade de produtos
exportados para a África do Sul, destacando-se as exportações de carne, açúcar, trigo
e Minério de ferro e seus concentrados.
Moçambique exportou essencialmente combustíveis minerais: petróleo (50%), gás
natural (19%) e eletricidade (15%), em 2012.
Portugal tem uma dimensão reduzida no global das trocas, principalmente em 2012,
representando apenas 0,13% do total das importações de África do Sul. Com maior
peso surgem as exportações portuguesas de veículos e outro material de transporte e
as exportações de cortiça.
Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
As importações a partir de países da CPLP têm aumentado de forma relativamente consistente e expressiva
nos últimos 3 anos, com especial destaque para os parceiros da CPLP inseridos na SADC, Angola e
Moçambique, com crescimentos, respetivamente, de cerca de US$ 2.6 mil milhões em 2011 para cerca de
US$ 4 mil milhões em 2012.
398 420 528 1,052
1,270
1,661 1,242
1,354
1,667 1,671
2,686
1,371
1,998
1,585
2,805
4.79%
4.23%
4.25%
3.65%
4.81%
(500)
500
1,500
2,500
3,500
4,500
5,500
6,500
2008 2009 2010 2011 2012
Imp
ort
açõ
es (
mil
hõ
es U
S$)
Portugal Moçambique Brasil Angola
A CPLP representou, em 2012, apenas 4,81% das importações sul africanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
97
Importações Sul-Africanas de Angola
Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Angola apresenta um forte fluxo de exportação de petróleo para África do Sul, potenciado pelos diversos
acordos comerciais existentes que incluem a cooperação neste setor.
Importações Sul-Africanas do Brasil
Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Angola 2,25% das importações sul africanas
Brasil 1,36% das importações sul africanas
Angola e África do Sul mantêm um acordo para exploração, refinação e distribuição de petróleo entre as principais empresas do ramo de ambos os países - a Sul-Africana PetroSA e a angolana Sonangol
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
98
Nos últimos anos o perfil de exportações do
Brasil para a África do Sul têm vindo a alterar-
se, ocorrendo um aumento do peso dos
produtos relacionados com o setor alimentar.
De facto, em 2012, são os produtos
alimentares que ocupam o lugar cimeiro da
pauta alfandegária brasileira para este país,
com especial destaque para o abate e a
preparação de produtos de carne e de
pescado.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil
Importações Sul-Africanas de Moçambique
Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
33%
27%
14%
9%
7%
Alimentos e animais vivos
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Químicos e produtos relacionados
Moçambique 1,03% das importações sul africanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
99
Moçambique tem um peso pouco expressivo
nas importações Sul-Africanas, as quais
correspondem essencialmente (87%) a
exportações de petróleo, gás natural e
eletricidade, não obstante a facilidade logística
de acesso ao mercado.
Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Importações Sul-Africanas de Portugal
Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
87%
5% 3% 3%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados
Alimentos e animais vivos
Bens manufaturados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Portugal Representação marginal nas importações sul africanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
100
As empresas nacionais não aproveitam o
mercado Moçambicano como ponte para o
mercado sul-africano, o que pode justificar a
fraca penetração no referido mercado.
Graças ao forte desenvolvimento do setor
automóvel da África do Sul (atualmente entre
os 20 primeiros a nível mundial em termos de
produção automóvel), Portugal tem visto o seu
fluxo de exportações de veículos e outro
material de transporte aumentar.
A cortiça também merece destaque,
representando 7,17% do total das exportações
portuguesas para África do Sul em 2012.
Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,2012
Exportações
Tal como ao nível das importações, os lugares cimeiros dos clientes Sul-Africanos são preenchidos pela China
e pelos Estados Unidos da América. O Japão surge em 3º lugar, seguido da Alemanha.
Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino
Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012
36%
29%
13%
11%
6% 2%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Químicos e produtos relacionados
Outros artigos manufaturados
Alimentos e animais vivos
Matérias-primas (exceto combustíveis)
6% 11% 11% 13% 12%
11% 9% 10% 9% 9%
11% 8% 9% 8%
6%
8% 7% 8% 6%
5%
3% 4% 4% 4%
4%
7% 6% 5%
4%
4%
5% 4%
3% 3%
4%
73,966
61,677
80,892
92,976
86,712
-
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
80,000
90,000
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2008 2009 2010 2011 2012
Peso
nas e
xp
ort
açõ
es t
ota
is d
e Á
fric
a d
o S
ul
Países Baixos
Reino Unido
Índia
Alemanha
Japão
EUA
China
Exportações
As empresas portuguesas gozam de um acordo comercial celebrado entre a África do Sul e a União Europeia que prevê a redução ou mesmo isenção de tarifas nos produtos importados
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
101
Quanto à estrutura das exportações Sul-Africanas, o top 3 dos produtos mais exportados foi preenchido em
2012 pelas exportações de ferro (13%), carvão (8%) e platina (7%).
Exportações Sul-Africanas – Top produtos
Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos
Fonte: International Trade Centre, 2012
Relativamente à CPLP, a África do Sul exporta mais para Moçambique, o que se justifica em grande parte pela
proximidade geográfica dos dois países, como anteriormente referido. Em segundo lugar surge Angola,
seguido do Brasil e de Portugal. Destes 4 países, apenas Portugal apresenta uma tendência decrescente.
Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012
26%
23%
17%
11%
7%
7%
6% 2%
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Bens manufaturados
Maquinaria e equipamentos de transporte
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Químicos e produtos relacionados
Commodities e transações n.e.
Alimentos e animais vivos
Outros artigos manufaturados
Bebidas e tabaco
Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras
338 193 163 107 85
593 368
709 744 728
747
629
773 777 1,142
1,116
1,324
1,270
2,026
2,077 3.78% 4.08%
3.61%
3.94% 4.65%
-
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
2008 2009 2010 2011 2012
Ex
po
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es
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s U
S$
)
Portugal Brasil Angola Moçambique
A CPLP representou, em 2012, 4,65% das exportações sul africanas, com destaque para Moçambique
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
102
Exportações Sul-Africanas para Moçambique
A CPLP, na sua relação comercial com a África do Sul, apresenta um peso relativamente reduzido,
apresentando no entanto uma balança comercial superavitária, sustentada fundamentalmente pelas
exportações de petróleo de Angola.
Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
A África do Sul representa cerca de 31% na
quota de importações de Moçambique, sendo
fornecedor de inúmeros produtos, traduzindo
uma forte relação comercial.
São, no entanto, de destacar as exportações
Sul-Africanas de eletricidade e carvão e ainda
de maquinaria e equipamentos de transporte.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique
28%
23% 18%
14%
9%
6%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
Químicos e produtos relacionados
Outros artigos manufaturados
Moçambique 2,39% das exportações sul africanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
103
Exportações Sul-Africanas para Angola
Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Com Angola o fluxo de exportações não é tão
intenso como em relação a Moçambique, mas
apresenta ainda assim uma grande diversidade
de produtos exportados.
Os maiores fluxos em 2012 foram as
exportações de fertilizantes (13%), veículos de
transporte de mercadorias (8%) e bebidas
alcoólicas (6%).
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola
28%
26% 18%
11%
8%
5% 4%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Químicos e produtos relacionados
Alimentos e animais vivos
Bens manufaturados
Bebidas e tabaco
Outros artigos manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Angola 1,32% das exportações sul africanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
104
Exportações Sul-Africanas para o Brasil
Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
As exportações de África do Sul para o Brasil
têm muito pouca representatividade no total
das importações brasileiras, cerca de 0,38%
em 2012 e das exportações sul-africanas
(0,84%). O seu crescimento médio anual foi de
2,36% entre 2008 e 2012.
Ao nível dos combustíveis minerais exportados
para o Brasil, destaca-se o carvão, que liderou
em 2012 a pauta alfandegária quando
analisada em maior detalhe. Em segundo lugar
surgem as exportações de inseticidas e em
terceiro materiais plásticos.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil
33%
33%
18%
8%
5%
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Maquinaria e equipamentos de transporte
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Alimentos e animais vivos
Outros artigos manufaturados
Brasil 0,84% das exportações sul africanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
105
Exportações Sul-Africanas para Portugal
Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
No que se refere às importações Portuguesas
de produtos Sul-Africanos o grau de
especialização é superior.
Em 2012, a importação portuguesa de bens
alimentares liderou a tabela, sendo de
destacar as compras de frutas e nozes e de
peixe.
As compras de ouro não monetário também
merecem destaque, representando 20% do
volume de importações de África do Sul, sendo
este país o principal fornecedor de ouro de
Portugal neste mesmo ano.
No entanto a relevância proporcional nas
importações nacionais e nas exportações sul-
africanas é diminuta.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal
52%
20%
12%
8%
5%
Alimentos e animais vivos
Commodities e transações n.e.
Químicos e produtos relacionados
Maquinaria e equipamentos de transporte
Bens manufaturados
Portugal 0,10% das exportações sul africanas, com tendência decrescente
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
106
2.7. Principais setores de oportunidade
As oportunidades decorrentes das necessidades de investimento
em infraestruturas e energia já apresentadas podem constituir
áreas de oportunidade de negócio para investidores
internacionais, em particular nos domínios das áreas de projeto,
fiscalização e construção civil e obras públicas.
Acresce que as prioridades do Governo, a nível setorial e a seguir
referidas originam um conjunto de oportunidades adicionais de
negócio, nas mais variadas áreas da Economia, sendo de
destacar:
Desenvolvimento de tecnologias na área agroindustrial, promovendo o desenvolvimento agrícola de
pequenos e médios negócios agrários, para os países adjacentes e pertencentes à SADC, os quais
apresentam forte dependência do setor agrícola, nomeadamente o Lesoto, Maláui, Moçambique,
República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué;
Desenvolvimento de serviços e equipamentos associados ao Cluster da indústria extrativa, que
representa cerca de 10% do PIB da África do Sul e cujo potencial de crescimento mantém-se positivo;
Turismo (de lazer e de negócios), com alavancagem nos objetivos da África do Sul de se tornar um
hub da África Austral para ligações intra e intercontinentais.
A tabela seguinte visa sintetizar as prioridades governamentais nos vários setores de atividade e, portanto, os
setores mais favoráveis ao investimento oriundo da SADC em geral, e de Portugal em particular.
Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) 66
Principais
Setores
Económicos
Apostas do Governo
Agro - indústria Investimentos substanciais em infraestruturas de irrigação, incluindo o armazenamento de água, distribuição pelo país, assim como o investimento numa tecnologia de poupança de água, em regiões com elevado número de recursos naturais;
Apoio aos pequenos agricultores (tecnologia e acesso aos mercados);
“Segurança de investimento”: os agricultores só devem investir em determinada área, quando a garantia de retorno seja total. Esta medida irá garantir a disponibilidade de rendimento para os agricultores existentes, para novos agricultores, e o retorno do investimento necessário;
Desenvolvimento de tecnologia: O crescimento da produção agrícola foi sempre alimentado pelo desenvolvimento de novas tecnologias, sendo que os retornos do investimento relacionados com I&D neste campo são elevados;
Medidas políticas para estimular o aumento do consumo de frutas e legumes por parte da população;
Exploração de medidas “inovadoras”, como por exemplo o estabelecimento de contratos com pequenos agricultores com o objetivo de melhorar a gestão da produção.
Indústria extrativa Diagnóstico dos principais constrangimentos que impedem o crescimento e desenvolvimento do setor mineiro e implementação de um conjunto de medidas de combate aos mesmos;
Aprofundamento dos vínculos deste setor com os outros setores da economia, como por exemplo reforço das relações entre vários fabricantes ou fornecedores ligados ao setor da mineração;
Promover a I&D, permitindo a melhoria dos métodos de extração, maior eficiência energética e redução do desperdício de água; Identificação de oportunidades que aumentem o envolvimento regional do Cluster (o setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo contribuído, em 2011, com cerca de 10% para o PIB. A importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país notoriamente rico em recursos minerais).
66
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul
“O pólo agroindustrial de Capanda tem uma área de 411 mil hectares. A meta é substituir 50% do que Angola gasta a importar alimentos.”
Revista Exame. 2013
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
107
Principais
Setores
Económicos
Apostas do Governo
Manufatura Dar prioridade aos produtos que são mais “dinâmicos” e apresentam maior grau de ligação ao uso doméstico;
Aproveitamento de contratos públicos e privados para promover a localização e a diversificação industrial;
Intensificação e apoio à I&D, com o objetivo de promover o desenvolvimento de novos produtos, inovação e comercialização. No ranking de competitividade 2013 - 2014 “Global Competitiveness Report”, que analisa a competitividade de vários países com base numa serie de critérios, a África do Sul classificou-se em 33º lugar (em 148 países) no critério “capacidade de inovação” e em 43º no critério “gastos das empresas em I&D”.
Turismo e Cultura Promoção do país enquanto destino de conferências e eventos;
Melhoria do nível de infraestruturas, nomeadamente rede de transportes, alojamento e ofertas turísticas;
Posicionar o país como um Centro de Negócios;
Promoção do país enquanto destino internacional, pela sua biodiversidade, beleza e recursos naturais. Facilidade de deslocação para os turistas que viajam entre países da região (o setor do turismo apresenta-se como um importante setor da economia do país, tendo representado, em 2011, 14,5% do PIB).
Setor financeiro Desenvolvimento do setor e garantia de acesso à população Sul-Africana (em 2030, é esperado um aumento de cerca de 63% das pessoas com acesso a serviços financeiros). O setor bancário da África do Sul encontra-se bastante desenvolvido, podendo ser visto como estando entre iguais, ao nível da banca europeia.
Desta lista merecem destaque as potencialidades abertas pela necessidade de equipamentos e tecnologia
para a agroindústria e indústria regular, bem assim como pela promoção do Turismo. A aposta nas
infraestruturas a seguir mencionada, reitera, mais uma vez, a relevância dos equipamentos, a par
naturalmente da exportação do leque total de serviços ligados à construção e às obras públicas.
Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas67
Principais Setores de
Infraestruturas
Potencialidades / Apostas do Governo
Construção /
Infraestruturas
Aumento da capacidade do Governo relativa à gestão do Orçamento destinado a infraestruturas, assim como outras questões relevantes para o setor, especialmente no que respeita à gestão de projetos, planeamento a longo prazo e monotorização e avaliação das despesas de construção e outros trabalhos;
Promoção das exportações dos setores da construção civil e indústrias fornecedoras, através da criação de um centro Financeiro para a África e mais apoio nas relações diplomáticas comerciais;
Intensificação do apoio às indústrias fornecedoras, como por exemplo materiais de construção, aço, vidro ou cimento;
Criação de condições para uma indústria cíclica menos volátil, dando prioridade a pequenos projetos regionais, que são mais facilmente acessíveis para as pequenas empresas ou pequenos operadores.
67
Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
108
2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul
O período de 2010 a 2012 reflete um aumento exponencial do IDE Sul-Africano para o exterior, bem como
uma continuação da capacidade de captação da IDE para o país (inward), mantendo-se um saldo positivo
entre os fluxos de IDE de, e para a África do Sul.
África do Sul Dados referentes aos últimos 24 meses
Número de projetos: 277
CAPEX: US$ 13.037 milhões
Postos de trabalho criados: 28.393
Empresas/investidores: 245
Principais cidades recetoras de IDE
Joanesburgo: 89 projetos
Cidade do Cabo: 42 projetos
Durban: 13 projetos
Pretória: 10 projetos
Porto Elizabeth: 9 projetos
Fonte: FDI markets
De facto o investimento sul-africano no exterior tem vindo a aumentar, em particular para o resto de África,
(cerca de 18 mil milhões de US$). Segundo o “World Investment Report 2013”, o aumento dos fluxos outward
de IDE africanos, deve-se sobretudo aos investimentos Sul-Africanos para o exterior, em particular no setor
mineiro, no setor grossista, e em produtos do setor da saúde.
Por outro lado, em termos de IDE a África do Sul é o país africano que mais investimento chinês recebeu em
2011 (cerca de US$ 16 mil milhões). Adicionalmente, segundo um estudo desenvolvido pelo UNCTAD, a África
do Sul surge em 15º lugar no “TNCs’ top prospective host economies for 2013–2015”.
Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012
9,006
5,365
1,228
6,004
4,572
-3,134
1,151
-76 -257
4,369
(4,000)
(2,000)
-
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
2008 2009 2010 2011 2012
Flu
xo
s d
e ID
E (
milh
ões U
S$)
Inward Outward
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
109
Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$)
Setor 2009 2010
Indústria extrativa 39.115 58.569
Outros serviços 32.688 39.610
Atividades empresariais 31.708 36.427
Transporte, armazenagem, telecomunicações 8.764 12.646
Comércio grosso e a retalho 4.204 5.199
Construção 275 308
Agricultura 126 140
Serviços de comunicação, sociais e pessoais 77 87
Eletricidade, gás e água 4 4
Fonte: Centro de Comércio Internacional
2.9. Financiamento à Economia
2.9.1. Principais bancos presentes
Tendo um sistema regulamentar eficiente,
mercados financeiros bem desenvolvidos e
instituições financeiras sólidas, o sistema
financeiro da África do Sul é bastante estável. De
acordo com o Relatório sobre a Competitividade
Global para 2012-2013 do Fórum Económico
Mundial, o país ficou classificado em terceiro lugar
num total de 144 países, quanto ao
desenvolvimento do mercado financeiro, e em
primeiro lugar no quadro jurídico do setor
financeiro e da regulamentação dos mercados dos
valores mobiliários.
O setor bancário da África do Sul é composto por
19 bancos e 12 sucursais de bancos estrangeiros.
No entanto, o setor é ainda bastante concentrado,
com 4 bancos a representarem 86% do total de
ativos. Destaca-se o “The Standard Bank of South
África”, com uma quota de 24.6% em termos de
depósitos, e de 26% em termos do crédito
concedido (no final de 2011), banco que se
posiciona no ranking mundial na posição 112. Os
rácios de capitalização dos bancos encontram-se,
claramente, acima dos níveis regulatórios exigidos,
com uma média de 14.1% para o rácio de RWC
(risk weighted capital) e de 11.8% no Tier 1.
No contexto da SADC, a África do Sul é o país em que se verifica o maior nível de protecionismo do setor
financeiro, verificando-se uma predominância de bancos cuja estrutura acionista é fundamentalmente local.
A indústria mineira lidera a captação de IDE na África
do Sul
Predominantemente local
Equilibrada
Estrangeira e Governo
Predominantemente estrangeira
Predominantemente Governo
Excluído
(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)
Estrutura acionista bancáriaFigura 22 - Estrutura acionista bancária em África
Estes dados, para pequenas economias
pouco expostas ao exterior, reiteram a
relevância dos setores referidos na secção
anterior como setores apetecíveis para IDE
no País em função das apostas estratégicas
do Governo.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
110
2.9.1. Bancarização da população68
O nível de bancarização da África do Sul é dos
mais elevados da SADC e de toda a África.
O Finscope Survey 2012, refere que 67% da
população adulta da África do Sul tem conta
bancária, e desses, cerca de 72%, além de terem
conta bancária, utilizam também produtos
bancários, tendo-se verificado um aumento da
utilização de contas poupança (30% para 39%) e
de máquinas eletrónicas e cartões de débito (52%
para 61%). Já a utilização de produtos bancários
manteve-se nos 25%.
A maioria dos adultos (70%) usa
produtos/serviços não bancários formais e 51%
dos adultos usa mecanismos informais. No
entanto, cerca de 19% da população não usa
produtos nem serviços bancários.
Existem diferenças significativas entre os níveis
de inclusão financeira nas zonas rurais e urbanas:
enquanto cerca de três quartos dos adultos (74%)
das áreas urbanas têm conta bancária, apenas
54% dos adultos usam produtos bancários nas
zonas rurais. O setor informal, mais acentuado
nas zonas rurais, desempenha um papel
importante em quebrar as barreiras da inclusão
financeira.
O setor bancário tem-se empenhado em melhorar o nível de inclusão financeiro da população Sul-Africana. O
Financial Sector Charter (FSC) e o Black Economic Empowerment Act (BBBEE) têm sido os principais pilares
da transformação do setor. Assinado em 2003 e implementado em 2004, o FSC é um acordo de
transformação voluntária para o setor financeiro.
O setor financeiro em geral e as instituições financeiras, em particular, assumiram o compromisso de
"promover ativamente um setor financeiro globalmente competitivo, que reflita a demografia do país, e que
contribua para o estabelecimento de uma sociedade justa através de uma eficaz prestação de serviços
financeiros acessíveis direcionando investimentos para setores-alvo da economia". O Governo criou ainda
canais alternativos para o financiamento das pequenas e médias empresas (PME).
Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 201269
68
Fonte: www.bna.ao 69
Fontes: http://www.banking.org.za, Finscope Survey 2012, OCDE
67
63
63
6
5
5
8
5
9
19
27
23
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2012
2011
2010Bancários
Formais (não bancários)
Informais
Não servido
%
< 10%
Entre 10% e 20%
Entre 20% e 30%
Entre 30% and 40%
> 40%
Não disponível
(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)
Contas bancárias (% +15anos)Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
111
2.9.2. Microcrédito
O setor do microcrédito na África do Sul surgiu em 1980 e tem sido impulsionado por várias Empresas,
Organizações Não Governamentais e Agências Governamentais, das quais se destacam:
Small Enterprise Foundation – é a mais antiga e mais conhecida organização de microcrédito na África
do Sul e tem como público-alvo os residentes das zonas rurais do Limpopo e Mpumalanga, onde os
níveis de pobreza são dos mais elevados do país;
Marang Financial Services – organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar o acesso dos mais
pobres aos serviços financeiros;
Women’s Development Businesses – é composta por três organizações: WDB Micro Finance, WDB
Trust e WDB Investment Holdings - todas trabalham em conjunto para ajudar as mulheres Sul-
Africanas a encontrar uma solução duradoura para a pobreza;
FINCA South Africa – tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mais
desfavorecida através da prestação de serviços financeiros para empreendedores com pouca
capacidade financeira;
Paradigm Shift - organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar as igrejas dos países
em desenvolvimento para dar formação aos mais desfavorecidos sobre negócios, microcrédito,
orientação e disciplina.
Apesar de ter vindo a crescer ao longo dos anos, em 2000 o setor entrou na chamada “Fase de
Consolidação”, uma vez que o rápido crescimento das instituições de microcrédito se tornou insustentável.
Primeiro porque o número limitado de pessoas que necessitavam desses créditos levou a um aumento da
competitividade entre as instituições, o que levou a uma redução das margens de lucro. Segundo, o Governo
proibiu o crédito consignado e criou um Conselho Regulador das Micro Finanças (Micro Finance Regulatory
Council), com a finalidade de regular o microcrédito.
A diminuição dos lucros, a eliminação de um mecanismo de cobrança estável e os elevados custos de
cumprimento da legislação fizeram com que muitos credores saíssem do mercado. Considerando que existiam
cerca de 3.500 instituições de microcrédito registadas em 1997, apenas 1.334 permaneciam em 2000.
2.9.3. Taxas de juro de financiamentos70
A África do Sul tem um sistema de câmbio flutuante. Por forma a minimizar o impacto negativo de excesso de
fluxos de capitais de curto prazo e de volatilidade cambial, o Banco Central Sul-Africano (South African Reserv
Bank) intervém no mercado cambial, aligeirando os controlos cambiais e acelerando a acumulação das
reservas cambiais externas. Estas reservas atingiram, em agosto de 2011, um máximo histórico de US$ 51.4
mil milhões, tendo-se mantido próximas deste nível (US$ 50 mil milhões) até agosto de 2012. O Banco Central
Sul-Africano tem vindo a utilizar a acumulação de reservas como um instrumento de gestão da sua liquidez
internacional, ao invés de aplicar esta acumulação numa política cambial ativa.
A política monetária assegurou a estabilidade dos preços, mantendo-se a inflação dentro das taxas previstas
(3-6%) na primeira metade de 2012. No entanto, a inflação de base aumentou significativamente em dezembro
de 2012 para 4,9%, bem acima da média a longo prazo de 4,9%. A taxa de inflação global anual homóloga
(year-on-year inflation), impulsionada pelos preços do petróleo, da eletricidade, da educação e da comida,
registou uma subida para os 5,7% em dezembro de 2012, depois de se ter mantido nos 5,6% em novembro.
No entanto e apesar de uma taxa de juro historicamente baixa, a procura de crédito pelo setor privado
permanece relativamente baixa. Por outro lado, entre julho e agosto de 2012 o crescimentoda massa
monetária desceu de 8,3% para 7,8%.
70
Fonte: African Economic Outlook
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
112
2.9.4. Bolsa de valores71
Em junho de 2012, a bolsa de valores de Joanesburgo – JSE – tinha 401 empresas cotadas, tendo a
capitalização da bolsa atingido os US$ 734 milhões, o que representa um crescimento médio anual de 56%
desde 2000.
Segundo dados da World Federation Exchange disponibilizados pela JSE, a bolsa de valores Sul-Africana
ocupa o 19º lugar num conjunto de 54 membros, o 21º em volume de transações, e o 29º em liquidez de
mercado. As transações em bolsa estão totalmente automatizadas, realizando-se através de um sistema
eletrónico de compensação e liquidação.
71
Fonte: Research BPI – África do Sul 2012
O investimento na África do Sul deverá igualmente ter em consideração o cumprimento das regras para combater a desigualdade previstas pelo programa “Broad-Based Black Economic Empowerment (B-BBEE)”
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
113
3.Moçambique
Principal potência no setor do gás
natural
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
114
3. Moçambique. Uma potência no setor do
carvão, uma potência emergente no setor do gás
natural
3.1. Macroeconomia 3.1.1. PIB da economia moçambicana
Moçambique é um dos países da região em processo de convergência. No passado recente registou algumas
das taxas de crescimento do PIB mais elevadas a nível mundial, acima de 7%. No entanto, a sua enconomia
em 2010, representava apenas 2,24% do PIB da região da SADC.
Gráfico 60 - Crescimento anual PIB Moçambicano (últimos 5 anos)
O crescimento, muito embora generalizado, assentou na produção de carvão, na agricultura, na construção
civil e serviços financeiros, sustentado pela contínua capacidade da atração de investimento estrangeiro. As
previsões para 2014 apontam para um crescimento de 8%. Estas previsões têm como pressupostos o
crescimento da produção de carvão, o desenvolvimento de infraestruturas (“mega projetos”) e o alargamento
da concessão de crédito à Economia.
O sólido crescimento dos últimos anos, não permitiu ainda ultrapassar as caraterísticas menos positivas da economia Moçambicana (apontadas de forma consistente pelos principais organizações internacionais): (i) o frágil capital humano; (ii) o elevado custo do crédito; (iii) as deficientes infraestruturas, e (iv) a regulamentação demasiado complexa. Os obstáculos referidos são, no entanto, as principais prioridades do Governo de Moçambique, como se irá ilustrar ao longo do estudo, o que permite perspetivar o desenvolvimento económico com otimismo moderado. Não obstante, chamamos a atenção sobre este rápido crescimento económico potenciado por recursos naturais, o qual poderá conduzir a enviesamentos estruturais da Economia denominada “doença holandesa” (“dutch disease”).. O otimismo é transversal às instituições económicas do país, especificamente o Banco Central de Moçambique, num misto de previsão e aspiração, refere que Moçambique atingirá a qualificação de “país de rendimento médio até 2025”.
9,891 9,674 9,274
12,568 14,588
6.8% 6.3%
7.1%
7.3% 7.4%
6%
6%
6%
6%
7%
7%
7%
7%
7%
8%
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
2008 2009 2010 2011 2012
Cre
sc
ime
nto
an
ua
l P
IB (
%)
PIB
mil
hõ
es
US
D
Anos
PIB (Milhões US$) Crescimento anual PIB (em %)
Fonte: Banco Mundial
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
115
De notar que, no início de 2013, as inundações ocorridas, nomeadamente no Sul, danificaram de forma
significativa estradas, os caminhos-de-ferro e linhas de transmissão de eletricidade. No entanto, tal não afetará
a tendência de crescimento, dada a materialização do crescimento das exportações de carvão, e a
implementação dos megaprojetos de infraestruturas.
Para ilustrar o referido note-se que produção de carvão, que se iniciou em 2010, havia atingido 5 milhões de
toneladas em 2011, tendo-se multiplicando e atingido 50 milhões de toneladas em 2012. A produção é na sua
maioria exportada, suportando o crescimento.
3.1.2. Orçamento Geral do Estado72
As despesas do Orçamento Geral do Estado (“OGE”) constituem um importante indicador do peso e da forma
como o Estado influencia (ou pretende influenciar) o desenvolvimento económico. Em Moçambique a despesa
do Estado, medida pelas despesas imputadas no OGE (e sem considerar o papel estratégico do seu setor
empresarial) no ano de 2012 atingiu 34% do PIB.
Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%)
Fonte: Relatório de execução do Orçamento do Estado 2013
Um dos principais desafios
orçamentais consiste na conciliação
entre o crescimento da despesa
(nomeadamente do sistema de
segurança social e de despesas de
investimento em infraestruturas) e a
capacidade de gerar receitas
orçamentais.
72 African Economic Outlook; Relatório Nacional do FMI n.º 13/1, dados de 2013
54.4%
19.5%
17.3%
4.7% 2.2%
Pessoal
Bens e serviços
Transferências correntes
Encargos da dívida
Exercícios findos edemais despesascorrentes
A distribuição funcional da despesa do OGE dá prioridade aos serviços públicos gerais (28,3%), aos assuntos económicos (23,6%) e à educação (17,4%)
28.3%
3.0%
7.3%
23.6%
4.2%
8.3%
17.4%
5.9%
Serviços públicos gerais
Defesa
Segurança e ordem pública
Assuntos económicos
Habitação e desenvolvimentocoletivo
Saúde
Educação
Segurança e ação social
Fonte: Relatório de execução do Orçamento do Estado 2013
Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
116
A redução do peso da ajuda externa está a dificultar esta harmonização. A ajuda externa diminuiu para 5,4%
do PIB em 2012, face a 7.8% do PIB% em 2011. Esta diminuição foi compensada parcialmente pelo aumento
da arrecadação das receitas internas, sobretudo devido aos ganhos de eficiência na cobrança de impostos.
O FMI prevê que o défice orçamental (incluindo donativos internacionais) se mantenha superior a 5.5% no
período de 2013 a 2018, dado que:
(i) O aumento antevisto das receitas das indústrias extrativas surgirá apenas a médio prazo (os grandes
projetos de carvão estão ainda em fase inicial de produção), estabilizando o seu peso em 5% do PIB;
(ii) As despesas com infraestruturas registarão incrementos significativos entre 2013 e 2014, com o seu
peso no PIB a incrementar-se de 12,5% em 2012 para cerca de 14,5%, em 2013 e 2014; e
(iii) O Plano de Ação para Redução da Pobreza (PARP 2011-2014) estabelece que os gastos em áreas
prioritárias sejam aumentados de 66.9% para 71.5% da despesa total, onde se incluem dotações para a
Segurança Social, e ainda um possível financiamento adicional do Banco Mundial com vista a apoiar o
programa de investimentos públicos nesta área.
Diminuição da dependência da ajuda internacional e diplomacia política
A ajuda internacional foi determinante para assegurar a coesão de Moçambique e para financiar a balança de
pagamentos altamente deficitária. O IDE, pela primeira vez em 2011, foi o principal contribuinte para financiar o défice,
ultrapassando as ajudas internacionais.
Refira-se que a ajuda a Moçambique foi, e é, relativamente fragmentada (do ponto de vista dos doadores) no contexto
Africano, podendo ser encarada como um entrave à sua eficiência.
Número de dadores em Moçambique vs. Médias globais e continente Africano
Moçambique Média global Média do continente Africano por país
36 21 24
Fonte: Transformação Económica de Moçambique, Discussion Paper 12/2013
Analisando o ranking dos principais doadores em 2011, verificamos o papel ativo que Portugal tem no apoio a
Moçambique:
Top 10 dadores APD em termos brutos (média 2010-2011) (Milhões US$)
1 EUA 332
2 Portugal 170
3 Instituições UE 161
4 Reino Unido 148
5 IDA 136
6 Canadá 106
7 Dinamarca 101
8 Suécia 97
9 Alemanha 89
10 Noruega 79
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
117
3.1.3. Dívida pública
O rácio entre a dívida pública e o PIB tem-se mantido relativamente estável – em 40% desde 2006, ano em
que o FMI aprovou a Iniciativa Multilateral de Alívio da Dívida, estabelecendo-se um perdão parcial da dívida
do país.
Não obstante, e considerando o esforço exigido pelos planos de investimento, referido no ponto anterior, os
valores nominais de dívida deverão aumentar, podendo atingir cerca de 50% do PIB em 5 anos, de acordo
com as projeções do FMI. É de referir que mais de 80% da dívida é detida por entidades externas, e desde
2007 que a dívida tem notação correspondente ao segundo maior nível de classificação de investimento
especulativo, de acordo com as principais agências internacionais de notação de risco.
De referir que até 2012, o Governo recorreu apenas a 16% dos empréstimos autorizados, totalizando 900
milhões de US$, os quais foram previamente acordados com o FMI no âmbito do “Instrumento de Apoio à
Política Económica”. No entanto, e em 2012, a assinatura de contratos relativos a três novos projetos de
infraestruturas, totalizando 1.23 mil milhões de US$, levou à renegociação com o FMI do plafond de crédito
para 1.5 mil milhões de US$, e a um pedido adicional de 100 milhões de US$.
3.1.4. Reservas de moeda estrangeira
O gráfico abaixo representa a evolução ocorrida ao nível das reservas de moeda estrangeira e ouro para o
período de 2004-2012. O valor em 2011 representa 3,7 meses de cobertura de importações. No entanto, a
diminuição do influxo de ajudas externas, e as cheias de 2013, conduziram a uma diminuição significativa das
reservas internacionais para aproximadamente US$ 2.300 milhões, tendo implícito um rácio de cobertura de
importações de 3,1 meses.
Gráfico 63 - Evolução da reserva em moeda estrangeira e ouro
Fonte: FMI
O menor nível de reservas não deverá ser considerado preocupante, dado ter resultado de aspetos
conjunturais, retendo Moçambique fortes fatores económicos que sustentam o potencial crescimento das suas
reservas.
3.1.5. Nível de financiamento à Economia
Conforme referido, este é um dos aspetos que requer melhorias para que o potencial da economia
Moçambicana se materialize. Segundo o FMI, o sistema bancário tem apresentado crescente liquidez. No
entanto, este acréscimo tem sido canalizado de forma limitada para as PMEs e para o setor produtivo em
1.206 1.051
1.353 1.445 1.606
1.829 1.982
2.469
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$)
Moçambique
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
118
geral, mantendo-se concentrado em grandes empresas e megaprojetos, não contribuindo para uma adequada
diversificação da Economia e melhoria da competitividade.
Acresce que, a um volume de crédito abaixo do ótimo, se adicionam custos de financiamento elevados.
3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez
Desde 2012 a autoridade monetária procedeu a uma diminuição da taxa de referência (associada às
operações de cedência de liquidez). À descida das taxas de referência, seguiu-se a descida das taxas de juro
gerais da Economia, embora ainda a um ritmo lento.
Apresenta-se de seguida uma tabela que representa a evolução das taxas de juro referente ao período 2007-
2012:
Tabela 18 - Evolução da taxa de juro
2007
Dez.
2008
Dez.
2009
Dez.
2010
Dez.
2011
Dez.
2012
Mar.
2012
Jun.
2012
Jul.
Depósitos
91-180 dias 12.1 11.2 8.8 11.5 12.7 12.5 11.6 10.8
181-365 dias 12 11 10 12 13 12 12 12
1-2 anos 7 a 12.2 6 a 11.1 2 a 9.4 2 a 14.3 4 a 13.2 9 a11.5 6 a 11.4 2 a 11.4
Crédito
Até 180 dias 23 22 18 22. 24 23. 22 22
181-365 dias 0 a 22.2 0 a 21.8 6 a 19.2 0 a 21.7 4 a 23.7 4 a 22.9 0 a 22.0 9 a 21.8
1-2 anos 22.1 20.7 18.8 22.6 24.9 24.6 23.7 23.1
Taxas de referência
Facilidade Permanência
de cedência 15.5 14.5 11.5 15.5 15.0 13.8 11.5 11.5
Bilhetes do Tesouro 14.8 14.0 9.5 14.7 11.8 8.6 4.2 3.8
Fonte: Banco de Moçambique, Fundo Monetário Internacional
No que respeita ao regime cambial, a moeda nacional de Moçambique, o metical, tem apresentado uma
valorização nominal em comparação com as restantes moedas de referência para Moçambique, ou seja,
relativamente ao dólar norte-americano, euro e rand sul-africano. Porém, a partir de 2012, registou-se uma
desvalorização nominal de cerca de 5% da moeda nacional comparativamente com o rand sul-africano e o
dólar norte-americano.
A gestão do risco cambial deverá estar presente na análise de investimento dos diferentes agentes.
A taxa de câmbio real teve um comportamento semelhante.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
119
3.2. Política Económica Visão do FMI e EIU
As previsões do FMI apontam para um crescimento
de 8,4% para 2013 e 7.2% para 2014, a EIU de
7.8% para ambos os períodos.
Estas previsões fundamentam-se em expetativas
de um aumento da produção no setor da indústria
extrativa decorrente da crescente exploração dos
recursos naturais e alargamento das atividades
financeiras através do aumento da concessão de
empréstimos à economia como consequência da
expansão prevista no setor produtivo.
Fonte: FMI / EIU
Visão do Governo de Moçambique, Proposta do Plano Económico e Social para 2014 (PES 2014)
A visão do governo de Moçambique, expressa no “Quadro Macroeconómico de Referência para 2012-2014”
onde se definem as premissas e metas para os principais agregados económicos (bem como o quadro
macroeconómico estabelecido na Estratégia de Moçambique) é consistente com os valores apresentados
pelos organismos internacionais, verificando-se unanimidade nas expetativas e nos pressupostos inerentes a
estas.
Segundo o Plano Económico e Social 2012 – 201473
, é expectável a seguinte evolução da economia:
Tabela 19 - Principais Indicadores Macroeconómicos 2012-2014
2012
Real
2013
PL
2013*
2014*
PIB Nominal (Milhões de US$) 14.363 15.811 15.365 17.034
Taxa de crescimento (%) 7.2 8.4 7.0 8.0
PIB Per Capita (US$) 606 648 631 680
Taxa de Inflação média anual (%) 2.1 7.5 6.6 5.6
RIL (Meses de Cobertura de import.) 3.8 4.8 3.7 3.7
Exportações (Milhões de US$) 3.470 3.558 3.788 4.774
População (Milhares de Hab) 23.339 23.760 23.760 25.042
*Previsão
73
Fonte: Proposta do Plano Económico e Social 2014
7.5%
8.4%
7.2% 7.4%
7.8%
7.8%
6.5%
7.0%
7.5%
8.0%
8.5%
2012 2013 2014
Previsões FMI Previsões EIU
Gráfico 64 - Previsões de crescimento para Moçambique
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
120
Plano Económico e Social
Prioridades Estratégicas para o país
O PES (2012-2014) define o enquadramento
estratégico de longo prazo estabelecido pela
Estratégia Nacional que fixa as Grandes
Orientações para o Desenvolvimento de
Moçambique, destacando-se:
1. Crescimento económico de 8.0%; 2. Taxa de inflação média anual de 5.6%; 3. US$ 4.774 milhões em exportações de
bens, correspondendo a um crescimento de 21%, comparativamente ao montante previsto para 2013;
4. Constituição de reservas internacionais líquidas no montante de US$ 320 milhões, passando para um saldo de US$ 3 mil milhões, correspondente a 3,7 meses de cobertura das importações de bens e serviços;
5. Prosseguir com a criação de oportunidades de emprego e de um ambiente favorável ao investimento privado e desenvolvimento do empresariado nacional, salvaguardando, no entanto, uma correta gestão do meio ambiente;
6. Melhorar em quantidade e qualidade os serviços públicos de educação, saúde, água e saneamento, estradas e energia;
7. Prosseguir com a consolidação de uma Administração Local do Estado e Autárquica, pautada pelo serviço do cidadão.
1. População e desenvolvimento social
O Governo pretende diminuir as disparidades
económicas e sociais, nomeadamente em termos de
condições de acesso à saúde e educação oferecidas
à população, que têm um impacto direto no Índice de
Desenvolvimento Humano (“IDH”) publicado pelas
Nações Unidas.
Em 2013, Moçambique encontra-se na posição 185,
dentre 187 países no IDH, sendo no entanto o país
que tem vindo a apresentar índices de crescimento
mais elevados desde o ano de 2000.
Porém, com níveis de escolaridade mínimos,
esperança média de vida e riqueza muito baixos,
Moçambique apenas se situa à frente do Níger e da
República Democrática do Congo.
Um “IDH médio” é a meta do Governo para 2017 na
SADC. A África do Sul, o Botsuana, a Namíbia ou a
Suazilândia são exemplos de países que já registam
um IDH médio.
Tabela 20- IDH Moçambique (PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Evolução desde 2000)
Indicador 2000 2005 2007 2010 2011 2012
IDH 0.247 0.287 0.301 0.318 0.322 0.327
Fonte: Nações Unidas
A melhoria do indicador assenta, nomeadamente, no crescimento do PIB, sendo classificado como “Baixo”.
Para atingir o objetivo proposto será necessário efetuar investimentos significativos no setor da educação
primária e cuidados de saúde primários, o que implicarão investimentos por parte do Governo, contemplados
nas previsões orçamentais.
2. Estabilidade e Regulação Macroeconómica
O Governo tem vindo a promover a condução coordenada das políticas fiscais, monetária e cambial,
acentuando o papel da Programação Financeira como instrumento balizador da articulação entre o Ministério
das Finanças e o Banco de Moçambique, tal é atestado pelas organizações internacionais que acompanham o
desenvolvimento da economia (FMI, Banco Mundial).
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
121
*Previsões
Depois de em 2012 a taxa de inflação ter tido uma variação média anual de 2,1%, registou-se nos primeiros
meses de 2013 a aceleração da taxa de inflação.
As expectativas do Governo são consistentes com a previsão do Banco de Moçambique, podendo o país
alcançar uma inflação média anual de 6.5% determinada pelo desenvolvimento da atividade económica
mundial, pela pressão de preços na Economia (dado o incremento da procura de recursos) e pela política
financeira do Banco Central de Moçambique, uma política acomodatícia/expansionista.
3. Promoção do Crescimento Económico, do Aumento do Emprego e de Diversificação
Económica
3.1 Diversificação da Estrutura Económica Nacional As projeções do governo de Moçambique não apontam para alterações muito significativas na estrutura produtiva por setores, excetuando um incremento de peso da indústria extrativa e dos serviços financeiros no PIB. No entanto, atendendo ao elevado crescimento previsto da Economia, tal implica uma evolução positiva da globalidade dos setores, demonstrando a existência de oportunidades para diversos agentes privados. Entende-se que a projeção apresentada é conservadora, podendo vir a verificar-se um maior peso dos setores que suportam a cadeia de valor da indústria extrativa, sendo esses os que gerarão maiores oportunidades.
Tabela 21 - Objetivo do Ministério da Planificação e Desenvolvimento – Ministério das Finanças: Previsão da contribuição setorial do PIB
74
Indicadores dos objetivos 2016
Indicadores
Ano base Metas
2012 2013 2014 2015 2016
Agro-pecuário e silvicultura 23.4% 22.6% 22.9% 22.5% 22.3%
Pesca 1.4% 1.4% 1.3% 1.3% 1.2%
74
Ministério da Planificação e Desenvolvimento - Ministério das Finanças (Cenário Fiscal de Médio Prazo 2014-2016)
2.1
7.5
6.6 6.5 6.5 6.5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
2012 2013 OE 2013 2014* 2015* 2016*
Taxa de Inflação Média Anual (%)
Gráfico 65 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
122
Indicadores dos objetivos 2016
Indústria extrativa 1.7% 2.0% 2.2% 2.5% 2.4%
Indústria transformadora 12.0% 11.9% 11.5% 11.1% 10.9%
Eletricidade e água 4.5% 4.5% 4.4% 4.5% 4.5%
Construção 3.4% 3.5% 3.6% 3.6% 3.7%
Comércio 11,1% 11.1% 11.2% 11.3% 11.4%
Restaurante e hotéis 1.4% 1.4% 1.4% 1.4% 1.4%
Transporte e comunicações 12.3% 12.4% 12.5% 12.7% 12.9%
Serviços financeiros 5.6% 6.2% 6.3% 6.7% 7.1%
Alugueres de imóveis e serviços de empresas 5.8% 5.5% 5.2% 4.9% 4.6%
Administração pública e defesa 3.8% 3.8% 3.9% 3.9% 3.9%
3.2 Promoção do Emprego e Capacitação e Valorização dos Recursos Humanos Nacionais
O crescimento económico que se tem verificado em Moçambique tem permitido a diminuição da pobreza. A
paz e estabilidade políticas e sociais sentidas presentemente no país são, simultaneamente, uma
consequência desse processo e um fator de reforço destas circunstâncias.
A Estratégia de emprego e formação profissional em Moçambique 2006-2015 pretende dar uma contribuição
para a redução do desemprego e diminuição do nível de pobreza da população moçambicana.
Em relação ao mercado de trabalho continua a persistir um desequilíbrio entre oferta e procura conduzindo a
uma elevada taxa de desemprego (próxima dos 19%, segundo o INE de Moçambique). Este desequilíbrio
resulta da incapacidade da Economia em gerar postos de trabalho necessários a acomodar (i) o crescimento
populacional; (ii) o elevado abandono escolar; e (iii) a reduzida oferta educativa.
Acresce que as diversas avaliações do impacto das estratégias de redução da pobreza anteriores revelam que
a pobreza não sofreu alterações significativas no período 2005 a 2009. Residindo um dos principais motivos,
tal como reconhecido nas avaliações, no fato dessas estratégias não terem dado prioridade ao setor da
agricultura. O modelo económico do país, baseado principalmente no investimento direto estrangeiro em
indústrias de capital intensivo, não produziu nenhum efeito sobre a taxa de desemprego desde a última
medição em 2004, permanecendo a taxa em 18,7%.
Este é um vetor de desenvolvimento fundamental por assegurar uma melhor distribuição do rendimento
gerado, para incrementar a atratividade de investimento estrangeiro e por permitir minorar o risco de
instabilidade social (e acima de tudo, ser a melhor forma de assegurar a melhoria da qualidade de vida da
população).
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
123
Programa redução da pobreza em Moçambique
Nos últimos anos, Moçambique registou um clima de estabilidade macroeconómica que favoreceu o crescimento económico e o desenvolvimento social. Mas, apesar do referido, o impacto na redução da pobreza tem sido mínimo. Deste modo, o governo tem vindo adotar desde 2000 uma série de políticas articuladas, com vista à redução da pobreza, nomeadamente, o Plano de Ação para a Redução da Pobreza (PARP 2011-14). Este programa de médio prazo tem como objetivos o aumento da produção agrícola, a promoção do emprego associado ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME) e o investimento em desenvolvimento humano e social.
Conta com o apoio do Banco de Desenvolvimento Africano e do Banco Mundial, que no âmbito do Crédito de Apoio à Redução da Pobreza (PRSC) vai conceder um empréstimo de € 110 milhões. A Agência Francesa de Financiamento contribui também para o PARP, sendo o montante da subvenção entre 2010-2014 igual a € 10 milhões.
A percentagem de população que pode ser considerada pobre, em termos de propriedade e consumo,
atinge ainda níveis extremamente elevados (40%) tendo tido uma evolução praticamente nula desde
2002/2003 até 2008/2009.
Emprego em Moçambique
O crescimento económico Moçambicano não teve uma proporcional repercussão na criação e na alteração da estrutura
de emprego. O país continua a ter a sua base de emprego em trabalhadores rurais de baixa produtividade e valor
acrescentado. Os dados de emprego urbano também não são positivos.
É no entanto expectável que, especialmente devido ao aumento na produção de carvão e à correção do problema de
falta de crédito para a Economia, que o número de postos de trabalho e a estrutura de emprego seja melhorada,
especialmente no longo prazo.
Distribuição da força de trabalho por status de emprego
Urbano
96/97
02/03
04/05
08/09
∆
Totalmente
empregado
52.6
42.5
46.4
49.0
-3.5
Sub empregado
37.5
39.5
33.1
34.5
-3.0
Trabalho+
Estudos
0.9
5.9
6.5
7.6
6.8
Desempregado
9.1
12.2
13.9
8.9
-0.2
Rural
Totalmente
empregado
27.3 36.5 37.3 42.9 15.7
Sub empregado
69.4 57.7 56.1 49.2 -20.2
Trabalho+
Estudos
0.5 3.2 5.8 7.5 7.0
Desempregado
2.8 2.7 0.8 0.4 -2.4
Nota: A coluna final indica a diferença absoluta entre 2008/2009 e 1996/1997
Fonte: Poverty is not being reduced in Mozambique, Open Research Online, 2010
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
124
3.3 Apoio às Exportações75
Um elemento importante para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento de Moçambique reside no
seu relacionamento com o exterior. As exportações moçambicanas mantiveram uma estrutura similar entre
2005 e 2011, embora com uma tendência crescente.
Fonte: INE Moçambique. Não inclui a totalidade dos produtos, pelo que não concilia com a informação da UNCTAD.
Tabela 22 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações
Indicadores dos Objetivos 2016
Indicadores Ano base Metas
2012 2013 2014 2015 2016
Exportações (Milhões de US$) 3.470 3.787 4.195 4.553 4.728
Fonte: Ministério da Planificação e Desenvolvimento- Ministério das Finanças (Cenário Fiscal de Médio Prazo 2014-2016)
Os objetivos propostos pelo governo apontam para um crescimento anual das exportações na ordem de 8%. Atendendo aos valores históricos, crescimento de 9% entre 2005-2011, e dado este assentar no desenvolvimento da indústria extrativa, as projeções do Governo parecem atingíveis (e consequentemente, a materialização do crescimento, progresso e desenvolvimento do país).
75
Moçambique Overview – perspetivas económicas para 2013 - PLMJ
Alumínio 5%
Energia Elétrica 13%
Tabaco 27%
Gás 7%
Açúcar 15%
Madeira 5%
Algodão (7%)
Camarão (10%)
Crescimento 2005/2011
1,021
1,401 1,480 1,452
868 1,160
1,357
142
178 240 221
274
277
299
43
110 52 132
181
153
180
100
110 121 152
78
134
153
38
71 62
71
58
88
88
32
36 32
26
38
66
42
242
343 322 506
570
383
720
-
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
US
D e
m m
ilh
õe
s
Evolução das exportações por principais produtos
Alumínio Energia Eléctrica Tabaco Gas
Açucar Madeira Camarão Algodão
Outros Outros
Gráfico 66 - Evolução das exportações
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
125
4. Reforço do Posicionamento de Moçambique no Contexto Internacional e Regional, em
particular na União Africana e na SADC76
As opções estratégicas relativas ao posicionamento de Moçambique no contexto internacional e regional
encontram-se expressas no plano quinquenal do Governo 2010-2014, dando ênfase à sua ambição em ter um
papel crítico no desenvolvimento integrado da SADC, nomeadamente através de:
Reforço da posição na SADC;
Apoio à inserção competitiva na economia global, via:
o Aprofundamento da coordenação com os Bancos Centrais da região da SADC, com vista à
harmonização de políticas e objetivos de convergência macroeconómica;
o Assegurar a implementação dos Protocolos e outros instrumentos da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC);
o Defesa dos interesses nacionais no âmbito da defesa da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC);
o Estreitamento da cooperação entre o governo e as instituições responsáveis pela segurança
interna dos Países Membros da SADC e da CPLP.
A prossecução dos objetivos da Política de Reforço do Posicionamento de Moçambique no Contexto
Internacional e Regional será concretizada através do desenvolvimento das seguintes ações prioritárias:
a) Participação no processo de criação da União Aduaneira da SADC;
b) Identificação das várias potencialidades do país para beneficiar das oportunidades no âmbito da
integração regional;
c) Promover iniciativas para a diversificação de exportações;
d) Mobilização de fundos para apoio à produção e promoção das exportações;
e) Reforço da implementação e execução dos acordos comerciais;
f) Assegurar o envolvimento do setor privado na formulação de posições negociais.
Moçambique é um dos países da CPLP no qual a estratégia de desenvolvimento formalizada pelo governo dá
maior preponderância à sua integração numa comunidade económica regional.
Moçambique reconhece que tem um papel relevante na região e que a sua integração, juntamente com o
desenvolvimento da sua indústria extrativa, formarão as bases de um crescimento sustentado.
Os investidores da CPLP deverão alavancar as suas oportunidades na vontade expressa do governo de
Moçambique, desempenhando um papel ativo na prossecução da estratégia definida.
76 Fonte: Plano quinzenal do Governo 2010-2014
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
126
3.3. Estrutura produtiva
3.3.1. PIB por setor
Moçambique iniciou uma alteração, para muitos observadores, uma transformação, partindo de uma economia
de base agrícola e assente em setores tradicionais, para uma economia com maior preponderância da
indústria extrativa e serviços financeiros A vantagem de “first mover” pode vir a ser explorado por investidores
privados, que anteciparão/antecipem as tendências económicas.
Gráfico 67 - Produto Interno Bruto por setor – Moçambique
Fonte: INE de Moçambique, FMI, 2011
3.3.2. Setor empresarial do Estado
Conforme referido, o Estado exerce um papel preponderante na economia e a dimensão do setor público
empresarial assim o atesta. Muitas das empresas públicas operam no mercado em situação monopolista em
setores estratégicos, nomeadamente: transportes aéreos e ferroviários, energia e água, combustíveis e
seguros. Estima-se que existam cerca de 130 empresas estatais.
Apesar de Moçambique ter conduzido, nos anos 90, o programa de privatização mais ambicioso de África, os
resultados ficaram aquém do esperado, em termos de investimento, de produção nacional e de criação de
emprego. Não são expectáveis privatizações nos próximos anos.
As principais empresas do setor empresarial do estado são:
A MCEL, uma empresa pública no setor de telecomunicações. É líder em telecomunicações móveis em
Moçambique. Possui mais de 3 milhões de clientes em todo o País, sendo a sua quota de mercado
avaliada em 70%.
“A estratégia de
Moçambique assenta no
desenvolvimento e
incremento da
competitividade, com
crescente integração nos
espaços CPLP e SADC,
podendo para o efeito
desempenhar uma papel de
“role model” neste estudo,
e, acima de tudo, funcionar
como facilitador para
investidores da CPLP na
região.”
PwC
29%
15.50%
14.60%
9.00%
4.30%
4,10%
3,70%
3.50%
1.40%
15.40%
Moçambique PIB por setor
Agricultura, pecuária, silvicultura e pescas
Comércio e serviços de reparação
Indústria transformadora e construção
Transportes e comunicações
Alug. Imob.e serviço prest. emp.
Eletricidade e água
Educação
Serviços financeiros
Indústria de extração mineira
Outros
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
127
No setor dos Transportes, o estado detém a Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique
(CFM), responsável por gerir os sistemas ferroviário e portuário moçambicanos.
A Petromoc, distribuidora estatal de derivados do petróleo;
A Electrotec, uma empresa líder em infraestruturas de distribuição de energia elétrica em todo o país.
Nesta fase encontra-se focalizada na construção e na reabilitação de redes de média e baixa tensão.
A Eletricidade de Moçambique (EDM), uma empresa também no setor de energia caraterizada pela
exploração dos serviços de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia elétrica. No
âmbito do desenvolvimento da sua atividade, a sociedade detém cinco centrais hidroelétricas no país e
seis centrais térmicas.
O setor empresarial do estado, no sentido mais tradicional, encontra-se estabilizado. No entanto, como
consequência da descoberta de recursos minerais e a necessidade de desenvolvimento de infraestruturas, o
Governo tem desenvolvido formas alternativas de manter a sua presença na economia, nomeadamente
através de contratos de concessão e/ou contratos de parcerias público-privadas.
Lei das empresas Públicas
As empresas públicas moçambicanas têm vindo a desempenhar um papel crescente – seja através da
gestão direta, seja através de Parcerias Público-Privadas, com empresas nacionais e internacionais. A
recente Lei das Empresas Públicas (Lei n.º6/2012, de 8 de fevereiro, “LEP”), visou adequar o regime
jurídico às prioridades estatais quanto à gestão do setor empresarial. Cumpre destacar que a LEP introduz
um regime transitório, com um prazo de 90 dias para a revisão dos atuais estatutos das empresas públicas,
após o qual prevalecerá o regime previsto pela LEP.
A regulamentação, a ser ainda aprovada pelo Governo, deverá fixar, entre outros aspetos, o modelo de
Estatutos a adotar por este tipo de empresas, as competências e o funcionamento das tutelas financeira e
setorial, bem como o modelo e conteúdo dos contratos-programa.
Presentemente, e desde de fevereiro de 2012, as empresas públicas passam a estar unicamente sujeitas à
tutela setorial e financeira, afastando-se do regime anterior que estabelecia a subordinação destas ao
Estado. A tutela setorial fica agora a cabo do Ministro, ou dirigente responsável pela atividade objeto da
empresa, mantendo-se a tutela financeira no Ministro que tem a seu cargo a área das Finanças. Atento o
acima exposto, são as próprias empresas públicas que administram e dispõem dos bens que integram o
seu património, respondem pelas suas dívidas, gerindo ainda os bens de domínio público estatal afetos às
atividades a seu cargo.
De notar que a LEP prevê ainda a possibilidade do Conselho de Ministros formular orientações estratégicas
para as empresas públicas no seu conjunto.
Para além das disposições constantes da LEP, o regime jurídico do setor empresarial do país será
complementado pelos diversos instrumentos disponíveis para a gestão e desenvolvimento das atividades
deste setor, como é o caso da Lei das Parcerias Público-Privadas.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
128
“Segundo o presidente do Instituto Nacional de Petróleo, Arsénio Mabote, Moçambique possui mais de 2,8 biliões de metros cúbicos de reservas de gás natural. De acordo com dados oficiais, o país estaria em 14° lugar entre os países mais ricos do mundo
em gás natural”
3.4. Aproveitamentos hídricos e recursos naturais
Os principais aproveitamentos hídricos e recursos naturais de Moçambique são (1) a produção hidroelétrica (Cahora Bassa), (2) gás natural, (3) carvão (Moatize), e (4) petróleo (ainda em desenvolvimento).
Recursos hídricos e aproveitamentos hidroelétricos
Moçambique tem uma grande capacidade de produção hidroelétrica através da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB). A Eletricidade de Moçambique (EDM) é a empresa pública que adquire a quase totalidade da eletricidade da HCB. A EDM detém apenas uma pequena central térmica a gás, perto de Vilanculos, e a distribuição à fábrica de alumínio MOZAL, que é o maior consumidor de energia no país (cerca de 85% do consumo do setor industrial) é feita através da Motraco, a partir da África do Sul, com energia importada da HCB. A inexistência de uma rede de transporte e distribuição com cobertura global do território conduz a um elevado volume de trocas de energia com África do Sul, uma área atualmente em desenvolvimento.
Tabela 23– Energia
Energia Mwh 2009 2010 1ºT 2011
Produção 16.279.379 16.137.418 4.083.273
Importação 7.955.522 7.953.463 2.078.125
Consumo Interno 7.955.522 7.760.701 2.080.286
Exportações 12.746.864 12.127.099 3.032.123
De forma a responder a uma procura crescente de energia por parte de alguns países da região, particularmente da África do Sul, e também a um aumento da procura interna (atendendo à progressiva eletrificação do território e incremento da base industrial), existem vários projetos em curso para a produção de eletricidade, conforme referido à frente neste estudo.
Gás Natural
Moçambique possui mais de 2,8 mil milhões de metros cúbicos de reservas de gás, comparáveis às reservas do Iraque. Futuramente, a gestão desses recursos naturais determinará o estado de desenvolvimento do país. De acordo com estimativas dos organismos internacionais, os rendimentos provenientes do gás natural poderão reduzir substancialmente a dependência da ajuda internacional. A dimensão e a qualidade do gás natural descoberto justifica o estudo sobre o desenvolvimento, em larga escala, de um projeto de GNL, eventualmente no distrito de Palma, Norte da Província de Cabo Delgado, vocacionado para os mercados nacional, regional e internacional.
Fonte: Manual do Empreendedor_Versão2011, Estudo Realizado pela CESO CI Portugal para a AIP - Feiras, Congressos e Eventos no âmbito do QREN
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
129
Moçambique poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, apenas atrás da Nigéria, podendo vir a colocar-se entre os detentores das dez maiores reservas de gás natural à escala mundial.
77
O mapa seguinte ilustra as regiões com maior potencial: Figura 25 - Potencial de gás natural em Moçambique
Legenda
77
African Economic Outlook
Região 1 – Costa do Rovuma Norte
Região 2 – Costa do Rovuma Sul
Região 3 – Costa do Rovuma
Região 4 – Bacia do Maniamba
Região 5 – Costa central
Região 6 – Sul e Oeste interior
Região 7 – Costa Sul
Descoberta Anadarko e
ENI
Bacia do Rovuma
Bacia do Maniamba Bacia do
Lago Niassa
Graben do baixo Zambeze Graben do
médio Zzambeze
Bacia de Moçambique
Campos de Pande e Temane
Fonte: Banco Mundial
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
130
“Na área do carvão,
Moçambique é
considerado um
dos países com
maior potencial, a
nível mundial, e
tudo indica que em
breve terá uma
posição de relevo na
arena internacional
como produtor e
exportador deste
recurso mineral”
Tabela 24 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Gás
Empresa Mineral
Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH) Gás
Sasol Petroleum Temane Gás
Empresa Nacional de Hidrocarbonetos Gás
Anardarco Moçambique Petróleo / Gás
Buzi - Hydrocarbons Gás
ENI East Africa SPA Gás Fonte: Manual do Empreendedor_Versão2011, Estudo Realizado pela CESO CI Portugal para a AIP - Feiras, Congressos e Eventos no âmbito do QREN
Carvão
No setor do carvão, Moçambique é considerado um dos países com maior potencial a nível mundial. O carvão é considerado um recurso de extrema importância para o país, devido à sua grande procura no mercado internacional, particularmente pela China, Brasil, a Índia, o Japão e a Coreia do Sul. A maioria dos recursos Moçambicanos de carvão está localizada na província de Tete, estando também referenciados nas províncias de Manica e Niassa. Os recursos de carvão existem dentro de três bacias: Moatize; baixo Zambeze, e Mucanha-Vusi. Depósitos de carvão foram igualmente confirmados nos distritos de Changara, Cahora Bassa, e áreas de Magoe dentro da província de Tete, como resultado da recente atividade de exploração. Grandes empresas internacionais como a brasileira Vale (Moatize), a australiana Rio Tinto (Benga e Zambeze), as britânicas Ncondezi Coal Company (Ncondezi) e Beacon Hill Resources – Minas de Moatize (Moatize), a JSPL da Índia (Changara), a Eta Star do Dubai (Moatize), a ENRC (Cahora Bassa), Minas de Revubuè – Talbot/Nippon Steel (Revubué) estão a operar em Moçambique.
Tabela 25 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Carvão
Empresa Mineral
Vale Moçambique Ltd Carvão
Minas Moatize Carvão
Rio Tinto Carvão Fonte: Manual do Empreendedor_Versão2011, Estudo Realizado pela CESO CI Portugal para a AIP - Feiras, Congressos e Eventos no âmbito do QREN
Petróleo
O potencial do setor petrolífero em Moçambique encontra-se ainda por explorar, sendo uma das bases da estratégia do setor energético do país.
Recentemente, a empresa americana Anadarko Petroleum Corporation detetou a existência de hidrocarbonetos na bacia do Rio Rovuma, mas no entanto não se sabe se este recurso tem ou não viabilidade comercial.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
131
O petróleo encontra-se localizado a mais de 5 mil metros de profundidade, equivalente à da camada do pré-sal na costa Brasileira. Foi localizado a 30 kms da costa do Oceano Índico, na província de Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia.
3.5. Infraestruturas e energia
O estado das infraestruturas em Moçambique
Em termos geográficos, Moçambique possui uma localização privilegiada e estratégica. Moçambique está localizado na costa oriental de África e partilha fronteira com a Tanzânia, a norte, com a Zâmbia e Maláui, a noroeste, com o Zimbabué a oeste, com a África do Sul e Suazilândia, ao sul, e é banhado pelo Oceano Índico, a leste.
Figura 26 - O Estado das Infraestruturas em África - Moçambique
Fonte: Africa gearing up, PwC 2013
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
132
“A descoberta recente de abundantes recursos naturais com elevada
procura nos mercados internacionais poderá ditar o desenvolvimento de
Moçambique nos próximos anos.
Tendo como comparativo a evolução das economias semelhantes, será
expectável um enviesamento da estrutura produtiva do país, em favor da
exploração dos recursos naturais e um claro desenvolvimento das
infraestruturas e serviços de apoio (materialização da “dutch disease”) e
consequentemente uma pressão sobre os preços.
O efeito na população, através do aumento de rendimento dependerá da
velocidade do efeito de “trickle down”. O governo terá um papel primordial
em gerir os impactos na economia.
A sua posição estratégica é atestada pela pelo número de “corredores”, vitais à Africa Austral, que cruzam o território (e que se entram desenvolvidos nesta seção). A deterioração das infraestruturas devido i) a manutenção imprópria, ii) danos provocados pela guerra civil nunca reparados, e iii) o acréscimo de procura das infraestruturas por uma indústria extrativa em crescendo, exige de Moçambique uma alocação de recursos aos denominados megaprojetos.
Fonte: Banco Mundial
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
133
Energia78
Moçambique tem efetuado investimentos no setor energético desde 2001, data da
aprovação do Plano Estratégico de Eletrificação (2001-2019). Possui diversas zonas
geográficas onde se concentra a produção de energia, coincidentes com as regiões onde
existem aglomerados populacionais, localizados sobretudo nas zonas Sul-Centro e Sul do país.
Para o crescimento da produção de energia têm contribuído a construção de infraestruturas de transporte e de
distribuição.
Os custos com energia comparam positivamente na região Subsaariana.
Gráfico 13 - Os custos de produção de energia elétrica em Moçambique em perspetiva79
Apesar de Moçambique possuir um grande potencial hidroelétrico, que poderá constituir o ponto de partida
para o desenvolvimento do mercado energético regional, ainda subsiste uma parte muito considerável da
população que não possui acesso à eletricidade.
O Ministério da Economia de Moçambique está a desenvolver uma
estratégia de desenvolvimento de energias novas e renováveis (EDNR)
para o período de 2011-2025, tornando-se assim um dos países da SADC
que lidera os esforços na utilização da energia renovável.
Desafios do setor
Os principais desafios que se colocam no setor energético são a criação
de condições para aumentar o acesso a formas de energia de modo a
contribuir para a diminuição da pobreza e para melhorar das condições de
vida dos moçambicanos, como seguidamente se descreve melhor:
Desenvolvimento do acesso à energia.
78
Fontes: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, Março 2011 Proposta do PES 2014 79
Fonte: Áfrican Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, Março 2011 Baseado em Briceño-Garmendia e Shkaratan (2010-); baseado em dados de 2005 –06. Os custos de Angola são baseados em estimativas feitas pela SFI e relativos a 2010. kWh = kilowatt-hora
“A melhoria da atratividade do
setor para potenciais
investidores implicará a
definição de uma
regulamentação credível,
assente num regulador
eficiente que assegure o seu
efetivo cumprimento. As
empresas Portuguesas
apresentam competências
significativas na cadeia de
valor, sendo a presença em
Moçambique relevante. É um
setor a continuar a explorar.”
PwC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
134
Tabela 26 - Indicadores de energia elétrica de Moçambique
Unidade 1997 2003 2006-07
Acesso nacional à eletricidade % da população 6,6 8,1 9,4
Acesso urbano à eletricidade % da população 25,8 25 26
Acesso rural à eletricidade % da população 2,1 1,1 1,7
Fonte: República de Moçambique, Ministério da Energia
O das populações rurais à energia é praticamente inexistente, muito embora se tenha registado uma melhoria
de cobertura nas zonas urbanas. Este aspeto é fundamental para permitir maior equidade entre as populações
e regiões, e de forma a incentivar o desenvolvimento das zonas rurais:
Melhoramento da sustentabilidade financeira do setor, através de um modelo de regulação apropriado
Aproveitamento das oportunidades oferecidas pelo comércio energético na região dependendo da
capacidade de interligação com as redes elétricas das restantes Economias
Transportes80
A posição geoestratégica de Moçambique só poderá ser efetivamente explorada, e
desta forma o comércio regional incentivado, com infraestruturas de transporte
adequadas e recorrentemente mantidas, nomeadamente aquelas que servem os
denominados corredores.
No entanto, as infraestruturas de transportes continua a ser um dos setores que apresenta mais desafios em
Moçambique. O Plano Económico e Social 2014 (PES 2014) prevê uma taxa de crescimento de 13,6% ao
nível do setor dos transportes rodoviários, ferroviários e dos serviços de auxílio aos transportes
(manuseamento portuário, serviços de dragagem e serviços portuários).
Tabela 27 - Transportes e comunicações – Taxa de crescimento81
Designação BL 2012 Prev 2013 PL 2014
Ferroviária 96,9 0,0 36,5
Rodoviário 8,9 4,7 13,3
Oleodutos e gasodutos 28,2 7,1 8,7
Transportes por água 80,3 (49,2) 73,4
80
African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, Março 2011, Proposta do PES 2014
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
135
Designação BL 2012 Prev 2013 PL 2014
Transportes aéreos 6,0 59,2 21,3
Serviços anexos e auxiliares dos transportes 25,8 19,5 24,0
Comunicações 15,7 2,9 1,4
TOTAL 14,2 6,7 13,6
Transportes aéreos
O PES 2014 prevê um crescimento de 21,3% no setor dos transportes aéreos como
consequência do reforço da frota de aviões, através da aquisição de dois aviões em
2013 (Aviões Embraer 145) em Tete e Nampula. Tal permitindo o reforço das
ligações ao nível regional.
Encontra-se previsto igualmente o reforço das Linhas Aéreas de Moçambique (“LAM”) e a abertura do tráfego
internacional no aeroporto de Nacala.
De acordo com a Aeroportos de Moçambique, EP,
existem 10 aeroportos em Moçambique, 5 dos quais
internacionais. Apesar disso, todos os 486 voos
internacionais realizados em 2010 tiveram como
partida, ou destino, Maputo.
As principais companhias aéreas a operar no
aeroporto de Maputo são a LAM (a companhia aérea
de bandeira), a TAP, a South African Airlines, a South
African Express, Kenya Airways, Ethiopian Airlines e
a Qatar Airways.
Em 2012, o número de passageiros transportados
pela LAM atingiu 612.765, um acréscimo de 9% face
a 2011.
Através da Aeroportos de Moçambique, EP, tem sido
realizada uma aposta na modernização e
melhoramento das infraestruturas aeroportuárias,
com obras realizadas no aeroporto internacional de
Maputo, no aeroporto internacional de Nampula, no
aeroporto internacional de Vilanculo, entre outros.
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Desafios do setor
O Setor da indústria aérea enfrenta desafios recorrentes como seja a elevada rivalidade dos players e o
aumento do preço dos combustíveis. A abertura de um segundo aeroporto internacional em Moçambique
poderá libertar capacidade do aeroporto de Maputo e incrementar o nível de eficiência das operações
aeroportuárias.
Portos e transportes ferroviários
As condições geográficas de Moçambique, com a sua extensa costa marítima por um
lado, e por fazer fronteira com vários países sem ligação marítima (Maláui, Zimbabué,
Suazilândia, e também com a Zâmbia, via Maláui) por outro, conduzem à
oportunidade/necessidade de uma forte integração das redes de transportes, especialmente no que diz
respeito aos portos e transportes ferroviários. Desta forma, exige-se análise conjunta destas redes.
O setor ferroviário é constituído por 3.130 Km, existindo três redes ferroviárias fundamentais. Cada uma
destas redes serve um dos três principais portos marítimos do país (Nacala no Norte, Beira no Centro e
Maputo no Sul), como abaixo se descreve:
Corredor de Nacala que compreende o Porto de Nacala e a linha ferroviária de Nacala que liga o porto
de Nacala aos caminhos-de-ferro da África Central e Oriental do Maláui;
Corredor da Beira que compreende o Porto da Beira, a linha de Machipanda, da Beira até Harare,
Zimbabué, e Zâmbia (linha reaberta em outubro de 2013, após 25 anos de inatividade) e a linha do
Sena que liga o Porto com os campos de carvão de Moatize;
Corredor de Maputo que compreende o Porto de Maputo, a linha Ressano Garcia que liga Maputo a
África do Sul, a linha de Limpopo, do Porto de Maputo até ao Zimbabué e a linha de Goba que liga
Maputo à linha Ferroviária Suazilandesa.
Figura 27 - Corredores ferroviários em Moçambique
Fonte: Banco Mundial
Os corredores já existentes pretendem ser
complementados com 3 novos corredores,
conforme ilustrado no mapa anterior.
- Corredor do Libombo, liga Maputo à Africa do
Sul, junto à costa.
- Corredor de Lichinga, via terrestre que liga o
porto de Pemba a Lichinga
- Corredor de Mueda, complementa os
corredores de Lichinga e Nacala
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Para suportar os corredores referidos, as principais infraestruturas existentes são:
A. Linhas férreas
Tabela 28 - Principais linhas férreas de Moçambique
Região Linha Porto Destino Linhas (km)
Sul Ressano Garcia Maputo África do Sul 88
Sul Goba Maputo Suazilândia 74
Sul Limpopo Maputo Zimbabué 534
Centro Machipanda Beira Zimbabué 314
Centro Sena Beira Moatize 625
Norte Cuamba Nacala Maláui 600
Fonte: Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique
Investimentos no setor
Estão a ser realizados significativos investimentos no setor,
em variados projetos, dos quais se destacam:
Construção de uma nova linha entre Moatize, na
província de Tete, e Macuse na costa da Zambézia;
Construção de um porto de águas profundas na
Zambézia;
Duplicação da capacidade de escoamento de carga da
linha do Sena;
Construção de uma nova ponte sobre o rio Umbeluzi,
na linha de Goba;
Construção de um troço de 250 quilómetros, e
reparação de 580 quilómetros da linha de caminho-de-
ferro de Nacala.
A integração dos corredores, em pleno funcionamento, diminuirá de forma significativa as distâncias na região
e aproximará as economias, funcionando Moçambique como plataforma em competição com a África do Sul.
Uma aspiração legítima.
Desafios do setor
O desafio que se tem colocado neste setor tem sido a diminuição do número de passageiros e de carga
transportada que se tem verificado. Esta diminuição poderá ter ocorrido devido à deterioração das linhas
ferroviárias e à falta de capacidade dos vagões.
“O governo moçambicano e a empresa Thai
Moçambique Logística assinaram (…), dois
contratos de concessão para a construção do
terminal portuário de Macuse, na província
central da Zambézia, e da linha férrea que
liga aquela região à bacia carbonífera de
Moatize, na província central de Tete.
Rubricaram os acordos o ministro dos
Transportes e Comunicações, Gabriel
Muthisse, em representação do governo
moçambicano, e Premchai Karnasuta, pela
companhia Thai Moçambique Logística.
O valor total de ambas as obras está orçado
em cinco biliões de dólares, com arranque
previsto para 2016 e duração de cinco anos.
A linha-férrea terá uma extensão de 525
quilómetros.”
Jornal “O País”, 16 de Dezembro 2013
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138
Os corredores ferroviários demostram a relevância geoestratégica de Moçambique na região. Uma
manutenção adequada, e mesmo o seu desenvolvimento, poderão ser um fator determinante no processo de
integração da SADC.
A linha ferroviária, se adequadamente explorada, assim como a diminuição das atuais barreiras não
alfandegárias poderão dinamizar as trocas comerciais na região, bem como permitir uma maior eficiência no
desenvolvimento das cadeias de valor na região.
B. Portos
Relativamente ao setor marítimo, este tem tido um papel fundamental na economia
moçambicana, devido não só, à atividade portuária, parte integrante dos corredores,
mas também ao setor das pescas, um setor com elevadas oportunidades em
Moçambique.
Os principais portos do país encontram-se a ser operados por consórcios privados, sendo que os Caminhos de
Ferro de Moçambique detêm uma participação de 49%, nos mesmos.
Em junho de 2010 a concessão para exploração do porto de Maputo foi estendida por mais 15 anos. Em
termos de eficiência e de competitividade de preços, os portos moçambicanos competem bem com os
restantes portos do sudeste africano.
Moçambique possui sete portos dos quais se destacam três:
Tabela 29 - Comparação da capacidade e eficiência dos portos da região
País Moçambique Angola Madagáscar Namíbia África do Sul
Porto Maputo Beira Nacala Luanda Toamasina Walvis
Bay Durban
Cidade do
Cabo
Cap
acid
ad
e
Capacidade
movimentados
(TEU*/ano)
44.000 50.000 70.000 377.208 92.529 71.456 690.895 1.899.065
Capacidade do
contentor (TEU*/ano)
100.000 100.000 100.000 400.000 500.000 100.000 950.000 1.450.000
Capacidade de carga
geral (toneladas/ano)
1.200.000 500.000 1.000.000 4.000.000 2,750.000 2.000.000 1.100.000 n.d.
Capacidade de carga a
granel (toneladas/ano)
410.000 n.d. n.d. n.d. 1.500.000 1.000.000 7.500.000 n.d.
Efi
ciê
ncia
Tempo de espera do
contentor (dias)
22 20 20 12 8 8 6 4
Tempo de
processamento de
camião (horas)
4 6,8 6,5 14 3,5 3 4,8 5
Produtividade de grua
(contentores/hora)
11 10 n.d. 6,5 n.d. n.d. 18 15
Produtividade de grua
(toneladas/hora)
11 7,5 n.d. 16 9 n.d. 15 25
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Ma
nu
seam
en
to
Carga de contentor
(navio até ao portão,
$/TEU*)
155 125 138 320 N/A 110 258 258
Carga geral ($/
tonelada)
6 6,5 6,7 8,5 6 15 n.d. 8,4
Secos a granel
($/tonelada)
2-3 2,5 n.d. 5 3 5 6,3 1,4
Líquidos a granel
($/tonelada)
0,5-1,0 0,8 1 n.d. n.d. 2 0,4 n.d.
Fonte: AICD Mozambique Country Report
*TEU – Unidade equivalente a 6,1 metros.
Porto de Maputo
O Porto de Maputo é o segundo maior porto da costa oriental de África.
A carga manuseada passou de 10 milhões de toneladas em 2010 para 15 milhões de toneladas em 2012. O
objetivo para 2020 é que esse valor atinja 40 milhões de toneladas. A sua importância é especialmente
relevante para o comércio internacional com a Suazilândia e para duas das principais cidades industriais da
África do Sul (Joanesburgo e Pretória). Entre os principais bens e mercadorias manuseados contam-se o
alumínio (Mozal) e viaturas.
Porto de Nacala
Atualmente, o porto de Nacala processa cerca de 1,3 milhões de toneladas por ano.
No entanto, a Vale Moçambique, empresa do grupo brasileiro Vale, responsável pela exploração das minas de
carvão de Moatize anunciou que irá investir cerca de US$ 4,5 mil milhões para a construção de um troço de
250 quilómetros e reparação de 580 quilómetros da linha de caminho-de-ferro de Nacala, para escoar o carvão
de Moatize pelo porto de Nacala. Complementarmente, estão a ser realizadas obras de construção de um
novo porto de águas profundas, que permitirão aumentar a capacidade de processamento para 18 milhões de
toneladas por ano.
Porto da Beira
Estima-se que o terminal possua uma capacidade instalada de processamento de 6 milhões de toneladas por
ano.
Durante 2012 foram finalizadas as obras de construção de um novo terminal de carvão mineral. O
investimento ascendeu a US$ 200 milhões e vai permitir a viabilização das exportações do carvão. A obra
RESULTA de uma parceria entre a Vale Moçambique e a Rio Tinto. Estas empresas irão partilhar a
capacidade útil daquela infraestrutura, na proporção de 68% para a Vale e 32% para a Rio Tinto.
Durante 2013 o porto da Beira sofreu com o desvio de cargas de empresas do Zimbabué, Zâmbia, Maláui e
RD Congo, devido à exigência de garantias bancárias na declaração de importações.
Desafios do setor
O desafio que se tem colocado neste setor tem sido principalmente a baixa capacidade dos portos na
obtenção de tráfego, mais especificamente no porto da Beira.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Transportes rodoviários
O setor rodoviário é composto por uma rede de estradas na extensão de 32.500 kms e tem
sido notável a melhoria deste setor nos últimos anos. O esforço de melhoria mantem-se, e
em 2013 os projetos em curso cobriam uma extensão de cerca de 1.450 kms.
O PES 2014 prevê um crescimento de 13,3% no setor dos transportes rodoviários como consequência do
aumento na procura.
Tal como no sector ferroviário, as obras realizadas e programadas visam dar suporte ao desenvolvimento dos
três corredores estratégicos de Moçambique.
Gráfico 68 - Condições da rede rodoviária principal na África subsariana
Fonte: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011
Desafios do setor
O desafio que se tem colocado neste setor é a baixa extensão territorial da rede rodoviária e a baixa qualidade
das estradas rurais.
Água e saneamento
Moçambique tem feito importantes progressos neste setor, conforme resulta da tabela
seguinte. No entanto a margem de progressão é ainda significativa. Este é um aspeto
muito relevante dado o impacto que tem no bem- estar da população e,
consequentemente, na possibilidade de melhores resultados ao nível de saúde pública e melhoria de
classificação no IDH.
Tabela 30 - Indicadores hídricos e de saneamento
Unidade 1997 2003 2008
Acesso à água canalizada % da população 7,0 8,0 8,7
Acesso a pontos de água % da população 19,0 20,6 16,7
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
141
Acesso a poços/furos % da população 47,0 54,7 59,0
Acesso a água de superfície % da população 27,2 16,9 15,6
Acesso a fossa céticas % da população 4,4 2,6 5,5
Fonte: Banco Mundial
Desafios do setor:
Moçambique registou melhorias neste setor nomeadamente no que toca às formas de abastecimento de água
e de saneamento. No entanto, estas melhorias pretendiam-se mais céleres, pois não têm conseguido
acompanhar o crescimento e exigência da população.
Esta é uma área onde estão previstos investimentos e onde as empresas portuguesas têm competências
adquiridas.
Tecnologias de informação
O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um setor emergente em
Moçambique, em parte devido à ação do governo moçambicano, que criou uma política
para este setor estabelecendo um órgão regulador (o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique ou
INCM), criando um fundo para suportar o serviço universal e liberalizando progressivamente o mercado das
telecomunicações. O papel facilitador do governo proporcionou a entrada de novos prestadores de serviços e
um aumento da competitividade que originou uma melhoria dos serviços em termos de cobertura, qualidade e
preço.
Telecomunicações
Apesar dos progressos referidos a cobertura das comunicações móveis em Moçambique continua aquém dos
restantes países da África Austral. Atualmente, esta indústria conta com 3 grandes players que disputam entre
si o mercado:
A Mcel, que resultou da cisão da Empresa Pública de Telecomunicações (“TDM”) por imposição do
regulador, em 2001. O regulador exigiu a separação entre as operações fixa e móvel, que durante
muitos anos funcionou como monopolista;
A Vodacom, subsidirária do gigante de comunicações inglês Vodafone, domina a rede móvel;
A TDM ( Empresa de Telecomunicações de Moçambique) é o principal operador fixo (empresa de
capitais públicos).
Potencial privatização da TDM
Está atualmente em curso no país uma profunda reforma apoiada pelo Banco Mundial no setor das
comunicações, com o objetivo primário de melhorar não só o acesso mas também a qualidade deste tipo de
serviços, através da criação de um ambiente de negócio propício ao aparecimento de privados que operem
eficazmente nesta área, através da privatização da TDM. É também intenção do governo moçambicano que
seja reforçada a cobertura nas zonas rurais, com o objetivo destas promoverem os seus produtos mais
eficazmente, utilizando novas tecnologias.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
142
Atualmente, a rede fixa conta com 70 mil assinantes e a rede móvel com 2,7 milhões de utilizadores. É
importante também referir o crescimento do setor móvel, que demonstra que a liberalização do setor e
consequente aumento da competitividade, com campanhas publicitárias competitivas, e uma competição ao
nível do fator preço elevada, fatores estes que produziram um efeito positivo em termos de número de
utilizadores.
Tabela 31 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – telefones
Indicador Angola Moçambique Namíbia África do Sul
Telefones fixos por 100 habitantes 1,6 0,4 6,7 8,4
Telemóveis por 100 habitantes 46,7 30,9 67,2 100,5
Fonte: Angola - Perfil do Sector Privado do País 2012 (Áfrican Development Bank)
Internet
Um dos grandes desafios que Moçambique tem enfrentado no setor das tecnologias de informação tem sido a
internet, na medida em que se encontra pouco desenvolvida especialmente no que diz respeito à receção da
Internet e também ao nível da Banda Larga Internacional.
O Banco Mundial tem apoiado um projeto de informatização e ligação à rede dos serviços governamentais
(programa de EGovernment).
Encontra-se em planeamento e desenvolvimento a construção de um cabo subaquático de fibra ótica que liga
a parte oriental e meridional de África à Europa e à Ásia, e que permite que a banda larga chegue
efetivamente a Moçambique, aumentando a qualidade do serviço de internet prestado aos subscritores e,
acima de tudo, permitindo uma redução do preço (que pode chegar até aos 90%).
Segundo estudos do Banco Mundial, um aumento das ligações de internet de banda larga permite a criação de
emprego, aumento de exportações, e consequentemente a promoção da inclusão social, visto que esta
tecnologia serve de base a serviços tais como call-centers ou indústrias baseadas nas comunicações que,
com o baixo preço da mão-de-obra local, se poderão estabelecer no país. Este será um desafio muito
importante para Moçambique.
Tabela 32 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – internet
Indicadores Angola Moçambique Namíbia África do Sul
Utilizadores de internet por 100 hab. 10 4,2 6,5 12,3
Percentagem de agregados familiares com computador 7,1 7,5 15,4 18,3
Assinantes de internet de banda larga fixa, por 100 hab 0,1 0,1 0,4 1,5
Subscrições ativas de banda larga móvel por 100 habitantes 5,6 1,5 7,5 16,6
Fonte: Angola - Perfil do Sector Privado do País 2012 (Áfrican Development Bank)
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
143
Desafios
Desde o início do processo de liberalização do mercado de TIC em Moçambique que se assiste a um
crescimento exponencial neste sector, embora haja ainda margem para diversas melhorias, até porque a
população moçambicana ultrapassou ou 25 milhões de habitantes, e a taxa de penetração é de cerca de 1/3.
É ainda importante que seja feita uma aposta crescente na utilização de tecnologias de informação por parte
das populações fora de Maputo, visto que estas estão demasiado centradas na capital.
Este poderá ser um setor a dinamizar, dadas as competências dos investidores estrangeiros. A identificação
de um parceiro local com competências complementares é crítica. É importante referir que, devido a acordos
comerciais existentes, as importações de países da SADC estão sujeitas a uma taxa de importação de 0%. Há
também um acordo com a União Europeia, segundo o qual a importação de telefones para redes móveis e
outras redes não está sujeita a tributação aduaneira.
3.6. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas82 O crescimento económico que se tem verificado reclama investimentos em infraestruturas (principalmente em torno dos três principais corredores logísticos moçambicanos – Maputo, Beira e Nacala).
A importância das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias moçambicanas deve ser salientada, uma vez que
estas possibilitam o acesso ao mar dos países vizinhos sem costa – Zâmbia, Zimbabué, Maláui, Suazilândia,
República Democrática do Congo e Botsuana. Este tipo de infraestruturas propulsiona ainda o
desenvolvimento do interior do país.
Em geral, as várias infraestruturas do país precisam de ser melhoradas para fazerem face ao crescimento do
país, mostrando-se particularmente premente o investimento em zonas onde existam potencialidades em
termos de recursos minerais e agrícolas, por forma a poder potenciar os investimentos efetuados e o respetivo
impacto sobre o tecido económico e empresarial moçambicano.
Projetos estruturantes de iniciativa pública83
Energia
Tabela 33 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica
Objetivo Medidas Políticas
Fazer com que a escassez
de energia não constitua um
obstáculo ao potencial
crescimento da economia.
Aumentar a proporção da população com energia elétrica
Desenvolver as infraestruturas de distribuição elétrica
Reforço significativo da capacidade atual do sistema elétrico
Desenvolver as energias renováveis (Governo aprovou estratégia com este intuito em maio de 2011)
82
Plano Diretor do Desenvolvimento de Infraestrutura Regional da SADC; BES, Espírito Santo Research, Conjunto Internacional de Oportunidades de Apoio, Moçambique, junho 2012 83
Plano Diretor do Desenvolvimento de Infraestrutura Regional da SADC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
144
Os principais projetos identificados pretendem responder aos objetivos traçados.
Tabela 34 - Projetos previstos em Moçambique no setor energético
Projeto Montante (US$ Milhões)
Fase I e II das linhas de transmissão da ‘estrutura dorsal’ em Moçambique 1.700
Central de energia da margem esquerda de Cahora Bassa 800
Central Hidroelétrica de Mphanda Nkuwa 2.000
Transportes
Tabela 35 - Intervenção profunda ao nível das infraestruturas logísticas em Moçambique
Objetivo Medidas Políticas
Melhorar a qualidade e a eficiência das
infraestruturas logísticas do país
Aumentar a capacidade ferroviária e recuperação das principais linhas ferroviárias
Construção e modernização dos aeroportos do país
Os principais projetos identificados pretendem responder aos objetivos traçados.
Tabela 36- Projetos previstos em Moçambique no setor dos transportes
Projeto Montante (US$
Milhões)
Modernização e expansão do Porto de Nacala 200
Memorando de entendimento assinado com o governo do Maláui, prevendo a construção de
uma linha ferroviária entre Moatize e Nacala, atravessando o sul de Maláui n.d.
Modernização do aeroporto internacional de Maputo n.d.
Continuação da construção do aeroporto internacional de Nacala n.d.
Construção de dois novos aeroportos (de Pemba e de Tete) n.d.
Negociação com o Banco de Desenvolvimento da China para desenvolver o Porto de Nacala-
a-Velha n.d.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
145
Água e saneamento
Tabela 37 - Abastecimento de água e saneamento básico
Objetivo Medidas Políticas
Garantir o
abastecimento de água
e de saneamento básico
a um maior leque de
cidadãos
A Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos tem em vista vários objetivos (a curto, médio e longo prazo), de entre os quais se destacam a implementação de critérios para a alocação racional da água, assegurando do uso efetivo e sustentável deste tipo de recursos, o desenvolvimento e a correspondente manutenção das infraestruturas hidráulicas, bem como a mitigação dos impactos das cheias e das secas;
A Estratégia Nacional prevê também a expansão dos serviços de saneamento a uma maior percentagem da população.
Investimento privado por fonte, 1999-2011
Muito embora esta seja uma área muito sensível, não foram identificados projetos significativos.
Projetos estruturantes de iniciativa privada84
Em 2012, o investimento privado aprovado pelo Centro de Promoção de Investimento subiu 11% (totalizando US$ 3.200 milhões), prevendo-se um aumento para os anos subsequentes.
Gráfico 69- Investimento privado por fonte, 1999-2011 (em % do investimento privado total aprovado)
84
Bloomberg; Centro de Promoção de Investimento Privado
57%
37% 6%
Empréstimos
IDE
IDN “A influência da China em Moçambique é incontornável, à semelhança da tendência identificada em outras economias Africanas abundantes em recursos naturais. Este é um aspeto em que uma CPLP economicamente ativa se deverá posicionar.”
PwC
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
146
3.7. Abertura da economia e relações comerciais
A economia de Moçambique, embora relativamente pequena, beneficia de uma localização estratégica na
SADC, podendo assumir-se como um facilitador do desenvolvimento do comércio regional e da integração
económica na região. No entanto, conforme evidenciado no capítulo anterior apresenta ainda um défice de
infraestruturas, assim como um nível de burocracia, que não lhe permite usufruir na plenitude deste
posicionamento.
A sua economia é relativamente aberta e integrada, mas com um constante défice ao nível da balança
comercial, o qual influencia consideravelmente o défice externo do país, que necessita de financiar.
Tabela 38 - Abertura da economia moçambicana
Moçambique 2008 2009 2010 2011 2012
Abertura da economia 78,62% 68,10% 70,78% 75,67% 73,84%
Taxa de câmbio ($ /MNZ) 24,3 27,52 33,96 29,07 28,37
Inflação 10,33% 3,25% 12,70% 10,35% 4,34%
Balança Comercial (em % do PIB) -13,69% -16,72% -14,25% -21,49% -18,47%
Balança Corrente (em % do PIB) -12,07% -12,88% -17,09% -19,40% -25,5%
Fonte: BES Research 2012 e 2013 – base FMI, Bloomberg / African Economic Outlook 2012, Banco Mundial, Trading Economics.
O défice da conta corrente externa é elevado e
perspetiva-se que assim continue, sendo financiado
através de atividades mineiras e relacionadas (por
fontes privadas) e também por ajuda internacional.
Importações
No âmbito da CPLP, Portugal e Brasil são os países que mais exportam para Moçambique, tendo vindo a
aumentar o seu peso no total das importações moçambicanas, com especial destaque para o crescimento do
Brasil.
O crescimento das importações do Brasil deve-se, essencialmente, às importações de mandioca (83%), fluxo
que em 2012 disparou graças à inauguração de uma destilaria com capacidade de produção de 2 milhões de
litros de etanol de mandioca.
O peso de Portugal é também crescente (crescimento médio anual das importações de 28% no período em
análise).
Em Maio de 2011 as autoridades moçambicanas
anunciaram a aceitação das obrigações previstas no
artigo VIII dos Estatutos do FMI, prosseguindo,
faseadamente, com a eliminação efetiva de todas as
restrições cambiais existentes sobre pagamentos e
transferências relacionadas com transações
correntes. O Banco Central de Moçambique tomou
ainda a decisão “formal” de acabar com as práticas
de taxas de câmbio diferenciadas, o que constitui
um aspeto diferenciador das economias da região
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
147
Os restantes países da CPLP não têm um peso significativo nas exportações moçambicanas.
Gráfico 16 - Importações moçambicanas da CPLP
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
Figura 28 - Principais importações moçambicanas de Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
126 143 195
276 333
30
74
37
74
104
3.97%
5.78% 5.05%
5.58%
6.46%
-
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
2008 2009 2010 2011 2012
Imp
ort
açõ
es (
milh
ões U
S$)
Portugal Brasil
Portugal 5% das importações moçambicanas
A CPLP representou, em 2012, 6,46% das importações moçambicanas, com preponderância do Brasil
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
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Impostações moçambicanas do Brasil
Figura 29 - Principais importações moçambicanas do Brasil
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
O grupo das máquinas e equipamentos
liderou em 2012 as importações
moçambicanas de Portugal, seguido
pelos livros e brochuras. Em terceiro
lugar surgem as partes e estruturas de
ferro, aço e alumínio (incluindo para o
setor energético).
Destaca-se a diferença significativa da
estrutura de exportações de Portugal
para Moçambique, quando comparada
com Angola, onde os bens de consumo
em geral têm um peso mais significativo.
Os investidores Portugueses deverão
antecipar o esperado acréscimo de
rendimento disponível em Moçambique e
posicionarem-se no sentido de
diversificarem a base de exportação,
nomeadamente ao nível de bens de
consumo e agroindustrial. Note-se que
50% das importações se relacionam com
energia (gasóleo e energia elétrica) e
automóveis, nas quais Portugal não
apresenta vantagens competitivas.
Gráfico 70 - Importações moçambicanas de Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
44%
18%
17%
9%
7% 3%
Maquinaria e equipamentosde transporte
Bens manufaturados
Outros artigosmanufaturados
Químicos e produtosrelacionados
Alimentos e animais vivos
Bebidas e tabaco
Brasil 2% das importações moçambicanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
149
Em 2012 as importações moçambicanas do Brasil mais relevantes foram as aeronaves, muito devido à vendas
de aviões pela Embraer à companhia aérea moçambicana LAM.
Destacam-se também as exportações brasileiras de trigo e de carne de galinha congelada.
O Brasil, baseado nas suas competências, adquiridas e nas sólidas relações desenvolvidas entre os estados
tem uma presença significativa na economia Moçambicana, consubstanciada não apenas através de trocas
comerciais, mas também pelo desenvolvimento de “green field projects”, na indústria extrativa e no setor
agroalimentar.
Gráfico 72 - Evolução das importações de Moçambique e principais países de origem, 2008-2012
Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat
29% 35% 34% 34% 31%
17% 13% 18%
11% 9%
3% 2% 1%
6% 7%
7% 0%
3% 2% 6%
1%
1%
2% 4%
6% 4%
5%
4% 6%
6% 3%
4%
4% 4%
5%
1% 1%
1% 1%
5%
4% 4%
2% 5%
4% 4007.763
3764.207 4600.0
6305.647
6800.0
-
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
7,000
8,000
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2008 2009 2010 2011 2012
Peso
na
s im
po
rtaçõ
es t
ota
is d
e M
oç
am
biq
ue
EUA
Brasil
Portugal
China
Reino Unido
Bahrein
Emirados ÁrabesUnidos
Países Baixos
África do Sul
Importações
Gráfico 71 - Importações moçambicanas do Brasil
38%
36%
9%
8%
4% 3%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Alimentos e animais vivos
Outros artigos manufaturados
Bens manufaturados
Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras
Químicos e produtos relacionados
Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Bebidas e tabaco
Commodities e transações n.e.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
150
São a África do Sul e os Países Baixos os principais parceiros ao nível das importações de Moçambique – em
conjunto representaram 41% do total, em 2012. O elevado peso dos Países Baixos na estrutura das
exportações moçambicanas deverá refletir o chamado efeito “Roterdão”, cidade que acolhe um porto onde
desembarca uma parte considerável das mercadorias destinadas à União Europeia (UE). Por outro lado, i) a
proximidade, ii) o desenvolvimento do país e iii) a posição dominante na SADC, explicam o facto da África do
Sul ser também um importante fornecedor de Moçambique, e claramente se apresentar como um concorrente
da CPLP.
Globalmente Moçambique tem vindo a registar um crescimento médio anual das suas importações na ordem
dos 14%, entre 2008 e 2012. Os produtos que mais contribuíram para o crescimento das importações
moçambicanas neste período foram os combustíveis minerais, máquinas e o alumínio.
Os principais produtos importados de África do Sul são máquinas e equipamento de transporte (27%)
combustíveis (20%), bens manufaturados (18%) – onde se destacam as importações de metais. As
importações dos Países Baixos consistem na sua maioria em alumínio (98%).
Impostações moçambicanas – Top produtos
Gráfico 73 - Importações moçambicanas - Top produtos
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
A importação de combustíveis tem como principais fornecedores o Bahrein, a África do Sul, os Emirados
Árabes e o Reino Unido. Todos exportam petróleo para Moçambique, enquanto a África do Sul exporta energia
elétrica.
Em termos de maquinaria, o principal fornecedor é a África do Sul, embora tenham vindo a crescer a um ritmo
acelerado as importações de peças com origem nos Estados Unidos da América e no Reino Unido.
27%
20%
18%
13%
10%
7% 2%
Maquinaria e equipamentos de transporte
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Bens manufaturados
Alimentos e animais vivos
Químicos e produtos relacionados
Outros artigos manufaturados
Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
151
Exportações As exportações moçambicanas para os países da CPLP têm oscilado em termos de volume e peso no total,
destacando-se Portugal, Angola e Brasil, apresentando uma taxa média de crescimento anual de 11%.
A CPLP
representou, em
2012, 2,35% das
exportações
moçambicanas.
Relações Sino-Moçambicanas
Desde a independências nacional que as relações entre a China e Moçambique se têm vindo a desenvolver e intensificar, inicialmente ao nível de infraestruturas militares a projetos de abastecimento de água. Refira-se que o Parlamento Moçambicano, construído em 1999, resultou de um a doação do governo Chinês, tendo sido construído pela Anhui Foreign Economic Construction Corporation (AFECC), emprea que também construiu o Centro de Conferências Joaquim Chissano em 2003, e o edifício que alberga o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O apoio do governo Chinês alastrou-se também à construção de equipamentos sociais em regiões menos desenvolvidas, bem como no perdão de dívidas ao estado Moçambicano. Em 2007, com a visita do presidente Chinês, as linhas de crédito foram reforçados, novos valores disponibilizados para a reabilitação de infraestruturas, e foram efetuadas doações às forças armadas Moçambicanas.
O número de empresas Chinesas com sede em Maputo ultrapassa as 3 dezenas. Os investimentos efetuados são financiados não só por bancos chineses, mas também pelo Banco Mundial, pelo governo Moçambicano e com base em fundos próprios.
De entre as principais empresas a operar em solo Moçambicano destacam-se:
(i) A China Henan International Cooperation Group (CHICO), que tem uma presença significativa na construção de estradas, pontes e outras infraestruturas;
(ii) China EXIM Bank, que tem financiado projetos hidrelétricos (barragem de Moamba, outros aproveitamentos hidroelétricos, pavimentação da pista do aeroporto).
Outros interesses significativos podem ser identificados na agricultura (no Zambéze), no setor das telecomunicações (subconcessões para operar nas zonas rurais) e nos transportes (por exemplo em 2007, os Transportes Públicos de Maputo iniciaram operações com 4 autocarros a gás fornecidos pela empresa Chinesa Yutong), assim como na exploração de concessões florestais para a extração de madeira (esta última tendo gerado problemas diplomáticos entre os dois países).
A China prossegue, e com relativo sucesso, a estratégia de expandir a sua influência económica, em países com abundantes recursos naturais. Neste aspeto o governo Português, alavancado na CPLP deveria ser uma força de equilíbrio nesta contenda, demonstrando capacidade de competir com a influência da China.
40 46
80
51
75 0 2
2
20
16
10 9
3 4
6
1.87% 2.64%
2.80% 2.08%
2.35%
-
20
40
60
80
100
120
2008 2009 2010 2011 2012
Exp
ort
açõ
es (
milh
ões U
S$)
Portugal Brasil Angola
Gráfico 74 - Exportações moçambicanas - CPLP
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat
A CPLP representou, em 2012, 2,35% das exportações moçambicanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
152
Principais exportações moçambicanas para Portugal
Figura 30 - Principais exportações moçambicanas para Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Em 2012, Moçambique exportou para
Portugal, na categoria de alimentos,
essencialmente crustáceos e açúcar,
representando estas duas categorias de
produtos 70% das exportações para Portugal.
Em segundo lugar surgem as exportações de
tabaco, enquanto matéria-prima,
representando 17% do total.
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Gráfico 75 - Exportações moçambicanas para Portugal
71%
17%
5% 4%
Alimentos e animais vivos
Bebidas e tabaco
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Bens manufaturados
Portugal 2% das exportações moçambicanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
153
Figura 31 - Principais exportações moçambicanas para o Brasil
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012
Os produtos mais comprados pelo Brasil a Moçambique foram equipamentos associados à aeronáutica
transístores montados, circuitos integrados monolíticos, assentos com armação de madeira, conetores, feixes
ou cabos de fibra ótica, entre outros.
Em conjunto, os Países Baixos, a África do Sul e a China representaram 64% do total das exportações
moçambicanas em 2012. As exportações para os Países Baixos revestiram-se essencialmente em
exportações de alumínio (93%); para a África do Sul, Moçambique tem vindo a exportar gás de petróleo
liquefeito (GPL), representando cerca de 37% das exportações para este país, seguindo-se a energia elétrica
(29%).
Em 2012 a presença chinesa ganhou peso nas exportações moçambicanas, consistindo essencialmente em
exportações de carvão (68% do total das exportações para a China) e madeira (17%).
Brasil 0,15% das exportações moçambicanas
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
154
Evolução das exportações de Moçambique e principais países de destino
Gráfico 76 - Evolução das exportações de Moçambique e principais países de destino, 2008-2012
Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat
Em termos globais, as exportações de Moçambique apresentam um volume mais elevado ao nível do
alumínio, gás de petróleo liquefeito e energia elétrica, que foram também os produtos que mais contribuíram
para o crescimento das exportações moçambicanas entre 2008 e 2012.
Gráfico 77 - Exportações Moçambicanas - Top produtos
Fonte: International Trade Centre, 2012
56%
42%
53%
39%
27%
10%
21%
21%
16%
19%
2% 3%
4%
5% 18%
6% 5%
3% 2%
4% 1%
3% 3%
3%
4%
2% 2,653 2,147
3,000 3,604
4,100
-
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2008 2009 2010 2011 2012
Peso
nas e
xp
ort
açõ
es t
ota
is d
e M
oçam
biq
ue
EUA
Zimbabué
Suiça
Itália
Índia
Reino Unido
China
África do Sul
Países Baixos
Exportações
48%
24%
10%
9%
4% 3%
Bens manufaturados
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados
Alimentos e animais vivos
Matérias-primas (exceto combustíveis)
Bebidas e tabaco
Maquinaria e equipamentos de transporte
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
155
A Mozambique Aluminium Smelter (Mozal) é uma das maiores fábricas de alumínio a nível mundial, situada na
província de Maputo, que explica o peso significativo das exportações de alumínio na economia moçambicana.
Este foi um dos megaprojetos no continente africano, alvo de inúmeros “case studies” que começou a operar
em 2000, e que resultou de uma joint-venture entre a BHP Billiton (47%), a Mitsubishi Corporation (25%), a
International Development Corporation (IDC) (24%) e o Governo da República de Moçambique (4%).
Gráfico 78 - Exportações moçambicanas de alumínio (US $milhões)
Fonte: International Trade Centre
Moçambique exporta essencialmente gás de petróleo liquefeito (GPL) e energia elétrica para a África do Sul e
carvão para a China. O GPL viu o seu peso crescer exponencialmente nas exportações moçambicanas desde
2008.
Gráfico 79 - Exportações moçambicanas de combustíveis (US$ milhões)
Fonte: International Trade Centre
Países Baixos 857
Reino Unido 147
Suiça ; 84
Resto do mundo 1
(20%)
0%
20%
40%
60%
80%
100%
(30%) (25%) (20%) (15%) (10%) (5%) 0% 5% 10%
Qu
ota
nas e
xp
ort
açõ
es d
e M
oçam
biq
ue
de a
lum
ínio
Crescimento médio entre 2008-2012 da exportação de alumínio de Moçambique
África do Sul 434
China 455
Resto do mundo 74
(10%)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
(500%) 0% 500% 1000% 1500% 2000% 2500%
Qu
ota
nas e
xp
ort
açõ
es d
e
Mo
çam
biq
ue d
e c
om
bu
stí
veis
Crescimento médio entre 2008-2012 da exportação de combustíveis de Moçambique
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
156
3.8. Investimento direto estrangeiro de, e para Moçambique
Moçambique
Dados referentes aos últimos 24 meses
Número de projetos: 50
CAPEX: US$ 17.127 milhões
Postos de trabalho criados: 14.201
Empresas/investidores: 42
Top cidades recetoras de IDE
Maputo: 14 projetos
Tete: 2 projetos
Beira: 2 projetos
Chimoio: 1 projeto
Matola: 1 projeto
Fonte: fDI markets
De acordo com informação publicada pelo CIP, Portugal foi o maior investidor em Moçambique entre 2005 e
2010, destacando-se ainda a África do Sul, Maurícias, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos
da América, Noruega, China e Índia.
Em 2011, a China foi a maior fonte de investimento direto estrangeiro (ver caixa na secção anterior), seguida
pela África do Sul e Portugal.
Tal como muitos dos países africanos, Moçambique atrai os investidores em grande parte devido aos seus
recursos naturais. Desde 1992 até 2010, foram desenvolvidos cerca de 10 “mega projetos” em Moçambique, a
maioria dos quais relacionados com a indústria extrativa, que representaram cerca de 70% dos fluxos de
entrada de IDE.
Em 2012, 83% do IDE líquido,
o equivalente a 35,7% do PIB
foi absorvido pelo setor da
indústria extrativa e cerca de
76% direcionado para grandes
projetos
Gráfico 80 - Fluxos de IDE em Moçambique, 2008-2012 (African
Economic Outlook)
592
5365
1228
6004
4572
-44
-2834
775
-3382
-8511 -10000
-8000
-6000
-4000
-2000
0
2000
4000
6000
8000
2008 2009 2010 2011 2012
Flu
xos
IDE
(milh
õe
s U
S$)
Inward Outward
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
157
Fonte: Moçambique - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil
Tabela 39- IDE em Moçambique: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010
Empresa Investimento
estimado (US$ milhões)
Criação de postos de trabalho estimada
Ano País de origem
Setor Função de negócio chave
Ayr Logistics 5.500 1.267 2008 EUA Carvão, petróleo e gás
natural Indústria
produtiva/transformadora
Portucel Soporcel Group
2.300 3.000 2010 Portugal Papel, impressão e
embalagem Indústria
produtiva/transformadora
Rashtriya Chemicals &
Fertilizers 2.000 3.000 2008 Índia Químicos
Indústria produtiva/transformadora
Jindal Organisation
1.587 171 2008 Índia Carvão, petróleo e gás
natural Indústria
produtiva/transformadora
Vale 1.209 308 2007 Brasil Carvão, petróleo e gás
natural Extração
SASOL 1.200 238 2004 África do Sul Carvão, petróleo e gás
natural Extração
Vale 749 120 2009 Brasil Carvão, petróleo e gás
natural Eletricidade
Norsk Hydro 522 215 2006 Noruega Carvão, petróleo e gás
natural Extração
Riversdale Mining
522 215 2008 Austrália Carvão, petróleo e gás
natural Extração
SASOL 522 215 2008 África do Sul Carvão, petróleo e gás
natural Extração
Kenmare Resources
500 734 2007 Irlanda Metais Extração
Riversdale Mining
481 289 2010 Austrália Carvão, petróleo e gás
natural Extração
Seacom 468 131 2009 Maurícias Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
Kenmare Resources
365 536 2004 Irlanda Metais Extração
Telkom 260 1.400 2003 África do Sul Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
Vale 250 59 2008 Brasil Carvão, petróleo e gás
natural Extração
ArcelorMittal 223 448 2008 Luxemburgo Metais Indústria
produtiva/transformadora
ArcelorMittal 223 448 2007 Luxemburgo Metais Indústria
produtiva/transformadora
Cimpor 211 260 2008 Portugal Construção Indústria
O investimento direto estrangeiro tem sido crítico para o desenvolvimento económico de
Moçambique, destacam-se:
Exploração de Carvão em Moatize (província de Tete, a 1.200 kms de Maputo). A Companhia
Brasileira Vale do Rio Doce já investiu cerca de US$ 202 milhões em atividades preliminares;
MOZAL: Investimento total no valor US$ 1,3 biliões para a produção de alumínio, a 17 km da cidade
de Maputo;
Projeto de Ferro e Aço de Maputo (MISP): Investimento total no valor US$ 2 bilhões para a produção
de placas de aço com localização ainda a ser definida, tendo como alternativas a zona do Porto da
Matola ou Beluluane;
Projeto da Zona Franca Industrial da Beira e de Ferro e Aço de Beira (700 kms ao norte de Maputo),
com investimentos previstos no valor US$ 950 milhões;
Complexo Petroquímico da Beira: para a transformação de gás natural em diesel, amônia e metanol;
Investimentos de US$ 900 milhões em estradas rurais e de US$ 42 milhões em saneamento;
Investimento de € 470 milhões em exploração e produção de petróleo entre 2008 e 2011 pela
petrolífera portuguesa Galp Energia.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
158
Empresa Investimento
estimado (US$ milhões)
Criação de postos de trabalho estimada
Ano País de origem
Setor Função de negócio chave
produtiva/transformadora
BHP Billiton 204 447 2003 Austrália Metáis Indústria
produtiva/transformadora
Dubai World 200 564 2008 Emirados Árabes Unidos
Hotelaria Construção
Galp Energia 171 152 2009 Portugal Energias renováveis Indústria
produtiva/transformadora
Tongaat-Hulett 159 383 2007 África do Sul Alimentação e tabaco Extração
Rezidor Hotel Group
128 211 2008 Bélgica Hotelaria Construção
Elsewedy Electric
100 12 2010 Egito Carvão, petróleo e gás
natural Eletricidade
Kenmare Resources
100 147 2008 Irlanda Metáis Extração
African Queen Mines
93 994 2008 Canadá Minerais Extração
Svensk Etanolkemi
90 166 2008 Suécia Energias renováveis Indústria
produtiva/transformadora
Moncada Costruzioni
90 166 2008 Itália Energias renováveis Indústria
produtiva/transformadora
Ayr Logistics 80 703 2008 EUA Imobiliário Construção
Vodafone 60 86 2010 Reino Unido Comunicação TIC e infraestruturas de
internet
Universal Leaf 55 1.600 2006 EUA Alimentação e tabaco Indústria
produtiva/transformadora
Tongaat Hulett 52 345 2003 África do Sul Alimentação e tabaco Indústria
produtiva/transformadora
PescaNova 52 345 2009 Espanha Alimentação e tabaco Indústria
produtiva/transformadora
African Medical Investments
48 172 2010 Reino Unido Saúde Construção
Lonrho 47 399 2009 Reino Unido Alimentação e tabaco Indústria
produtiva/transformadora
Nestle 47 260 2010 Suíça Alimentação e tabaco Indústria
produtiva/transformadora
Massmart 43 230 2004 África do Sul Produtos de consumo Retalho
Nestle 33 171 2010 Suiça Alimentação e tabaco Logística, distribuição e
transporte
Cotton Company (Cottco)
31 561 2003 Zimbabué Textêis Indústria
produtiva/transformadora
Bakhresa 30 167 2010 Tanzânia Alimentação e tabaco Indústria
produtiva/transformadora
Grupo Visabeira 30 85 2003 Portugal Hotelaria Construção
Jaipuria Group 30 261 2010 Índia Bebidas Indústria
produtiva/transformadora
Pick n Pay 24 275 2010 África do Sul Alimentação e tabaco Retalho
SABMiller 21 262 2009 Reino Unido Bebidas Indústria
produtiva/transformadora
Capital Africa Steel
21 100 2009 África do Sul Maquinaria Indústria
produtiva/transformadora
Yu Xiao Real Estate
20 25 2007 China Materiais de construção Indústria
produtiva/transformadora
TOTAL 21.151 22.343
Fonte: UNCTAD, “Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade 2001-2010 and the way forward
De acordo com dados do FMI, os fortes fluxos de IDE registados surgem graças a vários “mega projetos”,
nomeadamente, devido às operações de sondagem de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Oceano Índico, no
norte do país, onde foram identificadas grandes reservas de gás natural.
Esta evolução positiva explica-se também pelas condições oferecidas a nível de incentivos fiscais e pela
estabilidade política e social sentida nos últimos anos.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
159
14%
6%
3.9. Principais polos de desenvolvimento
Os principais polos de desenvolvimento de Moçambique concentram-se em 4 províncias, Nampula, Tete,
Sofala, Cidade de Maputo e região de Maputo.
Gráfico 81 – Moçambique – Peso das Regiões no PIB
De seguida são apresentados os setores mais relevantes por província e os constrangimentos que deverão ser considerados por potenciais investidores:
Província de Tete
PIB CAGR 2005-2009 : 6.5%
Indústria de extração de carvão como foco dinamizador, consequência da emissão de licenças em
larga escala:
Concessão à Vale S.A (empresa brasileira) por 35 anos com objetivo de se tornar maior
estação de mineração do mundo. Prevê-se que represente 15% da receita pública em 2015,
e crie12 mil empregos diretos e indiretos;
Prospeção de ouro, ferro, vanádio e titânio
Efeitos de “spill over” expectados:
Forte afluência de trabalhadores de outras províncias e países;
Melhoria nas infraestruturas energéticas (nova barragem a jusante de Cahora Bassa,
estações hidroelétricas, a gás e a carvão, ligação às redes de Moçambique e África do Sul);
Melhoria das infraestruturas de transportes (esforços combinados entre Moçambique e
Malawi para nova linha férrea entre Moatize e Nancala).
Aspetos a considerar pelos investidores
Burocracia e coordenação entre os organismos para licenciamento e processos aduaneiros;
Base de empresas locais reduzida e consequente elevado custo dos fatores de produção;
Fator trabalho e capital humano em escassez.
Fonte: Governo Moçambique
14%
6%
12%
31%
37% Nampula
Tete
Sofala
Maputo (*)
Outros
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
160
12%
31%
Maputo e província de Maputo
PIB CARG 2005-2009 : 6.5 %
Centro económico e financeiro do país
Inclui o maior parque industrial do país, Beluluane, ver caixa em
detalhe.
Empresas mais relevantes nas áreas de, alimentação,
bebidas,cimento.
Principais universidades e escolas técnicas.
Investimento significativo no sector do Turismo, (reserva de
elefantes e acesso ao parque Kruger)
Província de Sofala
PIB CARG 2005-2009 : 7.5%
• Elevado potencial agrícola e de
exploração de carvão, tendo captado
investimentos em larga escala;
• Doadores internacionais financiaram
investimentos em infraestruturas para o
comércio da região, tais como a
modernização do Porto e do aeroporto
da Beira.
O Governo moçambicano aprovou em
2012 a criação da Zona Económica
Especial da Manga-Mungassa que
visa, a construção de um Centro
Logístico Internacional com vista a
maximização das potencialidades do
Corredor da Beira. Incluí benefícios
fiscais e não fiscais.
Aspetos a considerar:
• Burocracia e complexidade da
regulamentação no licenciamento
• Capacidade e eficiência do Porto e
custo dos serviços portuários.
• Fator trabalho e capital humano em
escassez.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
161
Zona Económica Especial de Nacala (Nampula)
O parque de Beluluane é uma zona industrial e zona franca com uma área total de aproximadamente 700
hectares localizado a 16 km de Maputo. 24 hectares já possuem infraestruturas para acomodar pequenas
e médias indústrias. O principal residente é a MOZAL (fábrica de alumínio). É uma Zona de Comércio Livre
e um Parque Industrial com incentivos fiscais, isenções de impostos, com preços dos terrenos bonificados,
e apoio do Governo na criação de empresas.
Duas áreas foram projetadas para a implantação da Zona Económica Especial (ZEE) e a Zona Franca
Industrial (ZFI) em Nacala, com um total de cerca de 500 hectares, a 10 minutos do Porto e a 20 minutos
do Aeroporto.
A Zona Franca Industrial encontra-se aberta a oportunidades de investimento (Parcerias) para as áreas de
infraestruturas, como operador de zona franca industrial, mas sobretudo para o exercício de atividade
industrial, (nomeadamente têxteis e calçado, Construção civil e materiais de construção, montagem de
máquinas e linhas de produção e/ou montagem de viaturas, locomotivas, embarcações, entre outras) e
agroindustrial (milho, amendoim, gergelim, mandioca, feijão e hortícolas). Esta zona pretende albergar
como projeto-âncora uma refinaria de petróleo com capacidade mínima entre 100 a 300 mil barris por dia.
A ZEE e ZFI beneficiam-se de incentivos fiscais e não fiscais, nomeadamente: Isenção no pagamento de
impostos na importação (Incluindo o Imposto Sobre o Valor Acrescentado), de materiais de construção,
equipamentos, acessórios, peças e outros bens destinados à prossecução da atividade licenciada nas
ZEEs, bem como isenção do IVA nas aquisições internas, isenção ou redução de IRPC, concessão de
terras, regime flexível de circulação de pessoas e capital.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
162
3.10. Principais setores de oportunidades
Podem-se sintetizar os 3 principais objetivos de médio prazo do Governo Moçambicano:
A implementação de novos projetos estruturantes em diversos setores por forma a atingir o nível de
crescimento de 8%;
Promover projetos de pequena e média que potenciarão a economia Moçambicana nos seus diversos
setores;
Criação de emprego e melhoria das prestações sociais do estado que se consubstanciem na melhoria do
IDH, e consequentemente para a melhoria das condições de vida dos Moçambicanos;
De forma mais detalhada, destacam-se os setores abrangidos e respetivas potencialidades:
Tabela 40 - Potencialidades a Nível Setorial
Setor Potencialidades
Agricultura 36 Milhões de hectares de terra arável, dos quais somente 10% está cultivada;
País dispõe de grandes possibilidades em termos de irrigação;
Grandes bacias hidrográficas permanecem largamente inexploradas;
No contexto dos países da SADC, Moçambique é um dos países mais abundantes no fator terra.
Pescas Localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (ZEE) de 586 mil km
2 de superfície oceânica;
Grande diversidade de recursos de pesca;
Na área da pesca de crustáceos de profundidade (gambas, lagostim, lagosta e caranguejo) existe margem para aumentar a produção.
Indústria extrativa Diversidade de recursos, atualmente atestado pelas enormes reservas identificadas de gás natural;
Posição de relevo na arena internacional como produtor e exportador de carvão;
Produção Forte investimento no setor de cimento, que vai triplicar a capacidade de produção este ano (2013);
Entrada no mercado empresas da China, da Índia e da África do Sul com investimentos que poderão triplicar a produção de cimento em Moçambique, onde a Cimentos Moçambique (Cimpor) tem tido uma posição dominante.
Construção Potencial de investimento na área da habitação, estimando-se um défice de 2,5 milhões de fogos e respetivas infraestruturas de água, saneamento, energia e acessibilidade.
Energia Potencial energético de 12.500 MW. O Governo moçambicano pretende o envolvimento de investidores privados na área das energias renováveis.
Hotelaria e Turismo Caraterísticas naturais atrativas: praias paradisíacas e florestas onde podem funcionar reservas ecológicas;
País com os recursos costeiros mais fortes da África Austral: o litoral permanece inexplorado e é muito diversificado em paisagem, flora e fauna; a vida marinha está presente em grandes quantidades e o mergulho e a pesca correspondem aos padrões internacionais de alta qualidade.
O desenvolvimento dos setores referidos exigirá e, em certo sentido contribuirá, para a melhoria generalizada
das infraestruturas que dotem a economia Moçambicana dos recursos necessários ao desenvolvimento da
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
163
atividade privada através da redução dos custos de produção e de contexto (tão importantes para os
investidores estrangeiros).
Em termos de infraestruturas são identificadas as seguintes potencialidades.
Tabela 41 - Potencialidades a Nível Infraestrutural
Setor Potencialidades
Energia Desempenho dos serviços e boa qualidade dos mesmos.
Água Minimização da dependência da água de superfície e da prática da defecação a céu aberto. Alargamento de poços, furos e latrinas.
Telecomunicações e Tecnologias
de informação
Liberalização do mercado das telecomunicações.
Transportes Melhoria das redes de transporte (rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo):
No setor rodoviário: melhoria ao nível das estradas. Obras previstas neste setor;
No setor marítimo: melhoria através de parcerias público-privadas;
No setor ferroviário: atração do setor privado para o desenvolvimento deste setor;
No setor aéreo: construção de novos terminais em Maputo e Nacala.
O governo de Moçambique para a prossecução dos objetivos propostos terá de efetuar reformas significativas
das instituições, sendo uma oportunidade para agentes privados (universidades, setor tecnológico,
consultores), mas também para a própria CPLP que poderia providenciar apoio técnico e “know how”
resultante do acumular de experiência dos diversos países.
Pode-se apresentar como áreas que deverão ser ponderadas pelos agentes públicos e privados as referidas
seguidamente.
Tabela 42 - Potencialidades a Nível Institucional (Fonte: Proposta do PES 2014)
Principais Setores
Institucionais
Potencialidades / Apostas do Governo
Setor do estado (key
policies)
Combate à pobreza e criação de emprego enquanto prioridade do sistema público;
Implementação de medidas de caráter social e reforço do papel do estado na comunidade
através da promoção de acesso aos bens públicos (infraestruturas e outros serviços
públicos);
Melhoria dos serviços públicos;
Combate à corrupção;
Fortalecimento da cooperação internacional.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
164
3.11. Financiamento à economia
3.11.1. Principais bancos presentes
Moçambique tem atualmente dezoito Bancos licenciados e a operarem no seu sistema financeiro,
nomeadamente: Banco Internacional de Moçambique, Barclays Bank Moçambique, Standard Bank, Banco
Comercial e de Investimentos, (BCI) Internacional Comercial Bank (Moçambique), The Mauritius Commercial
Bank Moçambique, African Banking Corporation (Moçambique), FNB Moçambique, Socremo Banco de
Microfinanças, Banco Mercantil e de Investimentos, Banco ProCredit, Banco Oportunidade de Moçambique,
Banco Terra, Moza Banco, Banco Tchuma, Banco Nacional de Investimento, Banco Único, United Bank for
Africa Moçambique.
Ao nível da banca comercial os quatro maiores bancos concentram entre si mais de 80% do volume de
negócios. O Millennium BIM (Banco Internacional de Moçambique), detido pelo grupo português BCP e pelo
Tesouro Moçambicano, mantém-se como maior banco do país, com a maior quota de mercado em volume de
negócios, cerca de 40% e maior banco em projetos de expansão da rede de balcões.
Seguem-se, na lista dos maiores bancos moçambicanos, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), do
grupo Caixa Geral de Depósitos (51%) e BPI
(30%), e do grupo Moçambicano Insitec, ambos
com uma quota em volume de negócios acima de
15%. O grupo BES, aumentou recentemente a
sua participação no Mozabanco para 44% através
da sua participada BES Africa, enquanto a
Moçambique Capitais, grupo de investimentos
moçambicanos, com 50,4%, mantém-se acionista
maioritária deste banco, após o recente reforço da
sua participação em 18,9% através da compra da
participação da Geocapital - Gestão de
Participações na instituição
No ano de 2011 verificaram-se algumas
movimentações importantes no sistema financeiro
moçambicano com a entrada no mercado de um
novo player, o Banco Único pertencente aos
grupos portugueses Visabeira e Amorim, que
atualmente detêm uma participação de 36,4% da
instituição após a venda ocorrida em Maio de
2013 de metade da sua participação ao banco sul-
africano NedBank.
Por outro lado, o Banco Nacional de
Investimentos (BNI), que contava também com
uma participação de 49,5% da Caixa Geral de
Depósitos em representação do Estado por português, viu em dezembro de 2012 essa posição ser adquirida
pelo Estado Moçambicano que passou a assumir a totalidade do capital do banco, transformando este num
banco de fomento.
O sistema bancário é sólido e, até setembro de 2012, 19,1% dos bancos apresentavam um adequado rácio de
fundos próprios, ao mesmo tempo que 8% respeitavam o rácio mínimo regulamentar. A taxa de rentabilidade
dos capitais próprios (“ROE”) dos três principais bancos é de 35%, uma taxa elevada, enquanto o crédito mal
parado (vencido) diminuiu para menos de 4% em 2012. Em 1 de janeiro de 2013, serão implementados os
regulamentos bancários recomendados nos Acordos de Basileia I e II, e está prevista a implementação dos
regulamentos de Basileia III em 2014.
Predominantemente local
Equilibrada
Estrangeira e Governo
Predominantemente estrangeira
Predominantemente Governo
Excluído
(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)
Estrutura acionista bancária
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
165
3.11.2. Bancarização da população
O governo, através do Banco Central de
Moçambique, tem envidado esforços criando
politicas comerciais para incentivar e promover a
abertura de mais instituições financeiras, junto dos
distritos localizadas nas zonas interiores do país.
Todas as 12 capitais provinciais têm instituições
bancárias abertas. A expansão da rede bancária
para os distritos em Moçambique continua a ser uma
prioridade do Banco Central, tendo aumentado o
número de distritos com agências bancárias de 27
para 63, entre 2007 e 2013. Atualmente encontram-
se em funcionamento 502 balcões, estando
autorizados 522.
No entanto, 42 distritos, mantêm-se em situação de
exclusão financeira sem qualquer instituição
financeira. As províncias de Sofala, Inhambane e
Tete foram as que observaram maiores taxas de
crescimento do Índice de Inclusão Financeira (“IIF”)
nos últimos sete anos.
Para além dos bancos comerciais, o sistema
financeiro Moçambicano é dotado de outras
instituições financeiras tais como: sete cooperativas
de crédito nomeadamente: Cooperativa de
Poupança e Crédito, UGC-CPC - Cooperativa de
Poupança e Crédito, Cooperativa de Crédito dos Micro-empresários de Angónia, Cooperativa de Crédito dos
Produtores do Limpopo, Caixa Cooperativa de Crédito, Sociedade Cooperativa de Crédito das Mulheres de
Nampula, Caixa das Mulheres de Nacala, Cooperativa de Crédito, uma sociedade de investimento, Sociedade
de Gestão e Financiamento para a Promoção de Pequenos Projetos de Investimentos, uma sociedade de
locação financeira: African Leasing Company (Moçambique), e oito micro bancos: AC MicroBanco, Caixa
Financeira de Catandica, Caixa de Poupança Postal de Moçambique, Microbanco NGR, Yingwe Microbanco,
The First Microbank, Caixa Financeira de Caia, Letshego Financial Services Moçambique.
Tabela 43- Número de balcões e máquinas automáticas existentes por província
Províncias Balcões em
Funcionamento (2013)
Total ATM (2013)
Cidade de Maputo 186 356
Província Maputo 51 88
Nampula 50 92
Sofala 46 84
Tete 34 61
Gaza 31 58
Inhambane 30 63
Manica 24 36
Zambézia 24 54
Cabo Delgado 16 43 Niassa 10 26
Fonte: Relatório anual Banco Central de Moçambique
< 10%
Entre 10% e 20%
Entre 20% e 30%
Entre 30% and 40%
> 40%
Não disponível
(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)
Contas bancárias (% +15anos)
Figura 32 - Contas bancárias (% +15 anos) em África
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
166
3.11.3. Taxas de juro de empréstimo
As taxas de juro tanto das operações ativas, como das operações passivas, tiveram ao longo do período em
análise uma tendência decrescente. O Banco Central de Moçambique relaxou a política monetária, tendo
baixado a taxa de desconto 8 vezes desde 2011. No entanto, o movimento de descida não se alastrou na
mesma proporção à globalidade dos agentes económicos.
Figura 33 - Taxas de juro em Moçambique
3.11.4. Bolsa de valores
A Bolsa de valores de Moçambique, denominada BVM, foi constituída pelo decreto n° 49/98, de 22 de
setembro, em resultado do cumprimento de um dos objetivos da política económica e financeira do Governo
Moçambicano. A criação da bolsa de valores tinha como principais objetivos: promover a poupança e a sua
conversão em investimento produtivo e diversificar as alternativas de financiamento para o Estado e para as
empresas.
Empresas admitidas a BVM (Bolsa de valores de Moçambique)
As obrigações do Estado e os títulos das empresas cotados na Bolsa de Moçambique, representam 3% do
PIB. O desenvolvimento do mercado interno de ações e obrigações faz parte dos objetivos da nova estratégia
de gestão da dívida de médio prazo.
Os principais títulos cotados são: Cervejas de Moçambique (CDM), Empresa Nacional de Hidrocarbonetos
(ENH), e a CETA, construções e serviços SA, bem como obrigações do Tesouro de Moçambique.
Os títulos admitidos à cotação na Bolsa de Valores de Moçambique aumentaram de 25 em 2011 para 32 em
2012.
Em Moçambique a Bolsa de Valores tem servido como uma das principais fontes de financiamento do
Orçamento de Estado, assim como das empresas públicas e privadas, tendo sido admitidos à cotação, desde
a sua inauguração, 54 valores mobiliários, no valor conjunto de MZN 24.500 milhões (cerca de US$ 816
milhões).
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
167
A BVM admite também as negociações das Unidades de Participação em Fundos de Investimento, porém
apenas quando estes sejam fechados.
A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) e as vantagens oferecidas:
Os títulos negociados em bolsa beneficiam de 50% de isenção do
Imposto sobre o Rendimento (IRPC/IRPS), o que obviamente
aumenta os ganhos que daí advêm;
No ato de emissão e na realização de transações, os valores
mobiliários beneficiam de isenção do imposto de selo;
O custo de financiamento é reduzido em relação ao crédito bancário
(emissão de ações, obrigações, papel comercial, entre outros);
É um meio de acesso a financiamentos internacionais através da
mobilização de investidores internacionais.
Permite tomar conhecimento do valor das empresas, através da
definição de um preço de mercado.
O Estado tem utilizado a bolsa de valores para;
Empréstimos obrigacionistas (obrigações do tesouro);
Privatizações (venda de participações do Estado nas Empresas).
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
168
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
169
4. Investir em
Moçambique
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
170
4. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de segurança social
85
4.1. População Ativa
Está a ser implementada desde 2006 a Estratégia de Emprego e Formação Profissional em Moçambique (até
2015), visando a atuação concertada do Governo, dos parceiros sociais e da sociedade civil, com o objetivo de
estimular o emprego, o empreendedorismo, boas práticas de negociação e o diálogo social tripartido.
O principal objetivo é a promoção do crescimento do emprego a curto e a médio prazo por forma a propiciar o
desenvolvimento de uma economia pró-emprego.
A população ativa estimada é de cerca de 11 milhões de pessoas – das quais 62.1% são trabalhadoras por conta própria, 24.6% são trabalhadores familiares não remunerados, sendo que apenas 10.9% estão empregadas (4.1% são funcionários públicos, e 6.8% trabalham no setor privado).
4.2. Desemprego
A percentagem de desemprego é de 18,7% (apesar de ser
estimado um valor mais alto, especialmente no que concerne às
áreas rurais).
Cerca de 300.000 jovens ingressam no mercado de trabalho
anualmente, mas, dado os desequilíbrios entre oferta e procura
contribuem para um incremento da taxa do desemprego.
Cumpre referir que a força de trabalho em áreas urbanas tem
vindo a aumentar a uma percentagem anual de 3%, apesar de
persistirem lacunas significativas do lado da oferta.
4.3. Desigualdades
Moçambique tem vindo a promover um conjunto de iniciativas para incrementar a igualdade do género e a
integração e participação das mulheres na sociedade. Há um conjunto de indicadores que já revelam avanços
em algumas áreas como o número de mulheres no parlamento (39% ) e a paridade no género de alunos
inscritos no ensino primário.
A aplicação da legislação sobre violência doméstica, direito de família, o Protocolo da SADC, a Carta Africana
dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das Mulheres em África (mais conhecido como o
Protocolo de Maputo), têm ajudado a reforçar a agenda de igualdade de género no país.
85
http://www.portaldogoverno.gov.mz/Servicos/segurancaSoc/; http://www.unicef.org/mozambique/media_9464.html; República de Moçambique, Estratégia Nacional de Segurança Básica 2010-2014
Objetivos da Estratégia de
Emprego e Formação Profissional:
1. Optar por políticas e programas de
desenvolvimento económico que
maximizem o crescimento do
emprego
2. Criar um sistema de informação
sobre o mercado de emprego (SIME)
3. Promover o emprego, através do
estabelecimento de políticas ativas
4. Apoiar a inserção laboral de grupos
alvo especiais
5. Promover a criação de emprego
qualificado através de micro,
pequenas e médias empresas
(MPME’s)
6. Apoiar o setor informal pelo seu
papel na economia e na criação de
emprego
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
171
4.4. Breve descrição do regime de Segurança Social
Encontram-se abrangidos pelo sistema de segurança social em Moçambique os trabalhadores assalariados
nacionais e estrangeiros residentes, bem como os familiares deles dependentes.
A taxa de contribuição para o sistema de segurança social é de 7% (3% descontados da remuneração do
trabalhador, e 4% de responsabilidade da entidade patronal).
Existem três modelos de segurança social no país:
Segurança social obrigatória
Segurança social obrigatória (gerida pelo Instituto Nacional de Segurança
Social), que inclui os trabalhadores por conta de outrem, cuja relação
laboral com a entidade patronal esteja formalizada, e cujo rendimento
exceda determinado limite;
Segurança social complementar Segurança social complementar, é normalmente utilizada no setor privado,
através de seguros;
Segurança social básica
Segurança social básica que, e ao contrário dos outros dois modelos, não
implica qualquer tipo de pagamento pelos seus beneficiários, antes sendo-
lhes diretamente atribuído tendo em consideração um conjunto de
condicionalismos e requisitos como, por exemplo, a idade ou estado de
saúde. O Programa de Subsídio de Alimentos é um exemplo deste tipo de
segurança social.
Não obstante, nos últimos anos tem-se verificado um incremento das tensões sociais resultado das
desigualdades existentes e da persistência de um elevado nível de pobreza.
4.5. Como investir?
O investimento em Moçambique é regulado pela Lei de Investimentos, Lei n.º 3/93, de 24 de junho e pelo
Decreto n.º 43/2009, de 21 de agosto, excecionando porém, os investimentos realizados ou a realizar nas
áreas de prospeção, pesquisa e produção de petróleo, gás e indústria extrativa de recursos minerais.
O valor mínimo de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para efeitos de repatriamento de lucros é de MZN
2.500.000, ou aproximadamente USD 82.372).
O direito a transferir lucros para o estrangeiro é também aplicável aos investimentos promovidos em
Moçambique que cumpram com um dos seguintes requisitos:
Volume de vendas anual não inferior ao triplo de 7.500.000 MZN (aproximadamente USD 247.117), a partir do terceiro ano de atividade;
Exportações anuais de bens ou serviços sejam no mínimo equivalentes a 1.500.000 MZN (aproximadamente USD 49.432);
Criação e manutenção de emprego direto para, pelo menos, 25 trabalhadores com nacionalidade moçambicana, devidamente inscritos no sistema de segurança social a partir do segundo ano de atividade.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
172
O investimento direto estrangeiro (IDE) é definido como qualquer forma de contribuição de capital estrangeiro
suscetível de avaliação pecuniária, que constitua capital ou recursos próprios ou sob conta e risco do
investidor estrangeiro, proveniente do exterior e destinado à sua incorporação no investimento para realização
de um projeto de atividade económica, através de uma empresa registada em Moçambique e a operar a partir
do território Moçambicano.
É importante que um investimento seja qualificado de IDE no âmbito desta Lei, uma vez que a mesma confere
um conjunto de benefícios para o investidor e o direito ao repatriamento dos lucros obtidos e do capital
investido.
Formas de investimento
O investimento estrangeiro direto em Moçambique pode realizar-se através de qualquer uma das seguintes formas, desde que suscetíveis de avaliação pecuniária:
Moeda externa livremente convertível;
Equipamentos e respetivos acessórios, materiais e outros bens importados; e
Cedência, em determinadas circunstâncias, dos direitos de utilização de tecnologias patenteadas e de marcas registadas.
O investimento indireto, por sua vez, compreende, isolada ou simultaneamente, qualquer uma das seguintes formas:
Empréstimos;
Suprimentos;
Prestações suplementares de capital;
Tecnologia patenteada;
Segredos e modelos industriais;
Franchising;
Marcas registadas;
Assistência técnica e outras formas de acesso à utilização ou de transferência de tecnologia e marcas registadas cujo acesso à sua utilização seja em regime de exclusividade ou de licenciamento restrito por zonas geográficas ou domínios de atividade e/ou comercial.
Em Moçambique através da lei de investimento, o processo de implantação e estabelecimento de
investimentos estrangeiros têm sido simplificados evitando deste modo o excesso de burocracia e diminuindo
o tempo de espera neste tipo de procedimentos.
A Lei de Investimentos não se aplica aos investimentos relacionados com prospeção, pesquisa, e produção de
petróleo, gás e indústria extrativa de recursos minerais.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
173
4.5.1. Fases/Etapas a observar no Processo de estabelecimento em Moçambique
Para que um investidor efetua um investimento em território Moçambicano deverá apresentar a sua proposta
de projeto de investimento ao Centro de Promoção de Investimentos (CPI) ou, se o respetivo investimento a
realizar se localizar nas Zonas Económicas Especiais (ZEE) ou nas Zonas Francas Industriais (ZFI), a referida
proposta de investimento terá que ser necessariamente apresentada ao Gabinete das Zonas Económicas de
Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA).
As propostas de investimentos são apresentadas em formulário próprio, em língua portuguesa ou inglesa e
acompanhadas da documentação necessária para a sua apreciação:
Cópia do documento de identificação do investidor proponente;
Certidão do registo comercial ou da reserva da denominação social da empresa implementadora do
projeto;
Planta topográfica ou esboço da localização onde se pretende implantar o projeto;
Cópia da licença de representação comercial (apenas quando se trate de projetos a realizar mediante
estabelecimento de representação comercial estrangeira).
Numa fase posterior à apresentação da proposta do projeto de investimento, o CPI ou o GAZEDA procedem à
comunicação aos proponentes dos projetos de investimento a sua decisão. A decisão sobre projetos de
investimento recebidos no CPI é da autoria de várias categoria e de órgãos institucionais do pais conforme for
o valor que se pretende alocar ao projeto.
É da responsabilidade do Governador Provincial, quando o projeto de investimentos nacionais avaliados
até e não superior a MZN 1.500.000.000 (aproximadamente USD 52.000.000), a mesma decisão deverá
ser tomada num prazo de três dias úteis;
É da responsabilidade do Diretor Geral do CPI, no prazo de três dias úteis, quando o investimento
nacionais e/ou estrangeiros em causa estiver avaliadoate MZN 2.500.000.000 (aproximadamente USD
86.500.000), ou equivalente;
É do ministro que superintende a área da planificação e desenvolvimento, no prazo de três dias úteis,
quanto à realização de projetos de investimento nacionais e/ou estrangeiros cujo valor total envolvido
não exceda o equivalente a MZN 13.500.000.000 (aproximadamente USD 467.000.000).
Por fim cabe ao Conselho de Ministros (no prazo de 30 dias úteis), a decisão de autorizar os investimentos
nacionais e/ou estrangeiros nos seguintes casos:
Realização de projetos de investimento cujo valor seja superior ou equivalente a MZN 13.500.000.000
(aproximadamente USD 467.000.000);
Projetos de investimento que requeiram extensão de terra cuja área seja superior a 10.000 hectares;
Projetos de investimento que requeiram a concessão florestal de área superior a 100.000 hectares;
Quaisquer outros projetos com previsíveis implicações de ordem política, social, económica, financeira
ou ambiental.
Relativamente ao gabinete GAZEDA, a decisão sobre os projetos de investimento em regime de ZEE e das
ZFI compete ao Diretor-Geral do GAZEDA, o qual deverá tomar a decisão no prazo máximo de três dias úteis
a contar da data de receção da respetiva proposta de projeto de investimento.
Decorrida esta fase, se o projeto for aprovado, a sua implementação deve ocorrer no prazo de 120 dias (se
outro prazo não tiver sido fixado na respetiva autorização. O investidor estrangeiro deve efetuar o registo do
investimento direto estrangeiro junto do Banco de Moçambique no período de 90 dias a contar da data da
autorização da entidade competente ou da efetiva entrada do valor do investimento.
Para efeitos de exportação de lucros e reexportação do capital investido, o estatuto de investidor estrangeiro
vigora por tempo indeterminado (enquanto se mantiverem inalterados os termos e condições que concorreram
para a atribuição desse estatuto), podendo a posição do investidor ser transmitida (mediante transmissão ou
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
174
cessão de participações sociais detidas pelos respetivos investidores) desde que a transmissão ocorra em
território nacional, seja notificada a entidade decisória competente (e obtida a consequente autorização) e seja
comprovado o cumprimento de obrigações fiscais e legais, quando devidas.
Por outro lado a lei do investimento permite a revogação da autorização concedida para realização do
investimento quando se observe uma das seguintes situações:
1. Pedido fundamentado dos investidores;
2. Termo do prazo estabelecido para o início da implementação do projeto, sem que esta se tenha
iniciado;
3. Paralisação da implementação ou exploração do empreendimento por um período contínuo superior a
três meses sem que tenha havido uma comunicação prévia à entidade competente;
4. Verificação de situações de incumprimento quer da Lei de Investimentos e do Regulamento da Lei de
Investimentos quer das condições previstas na respetiva autorização ou noutros instrumentos legais
aplicáveis.
O investidor externo pode implementar o seu negócio em Moçambique através de formas societárias previstas
na legislação comercial Moçambicana (Código Comercial).
O Código Comercial prevê os seguintes tipos societários: sociedade em nome coletivo, sociedade em
comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade por quotas, sociedades anónimas.
4.6. Incentivos e benefícios ao investimento Ainda no âmbito dos incentivos decorrentes do investimento em Moçambique podem também mencionar-se os benefícios fiscais consagrados no Código dos Benefícios fiscais (CBF), aprovado pela Lei n.º 4/2009, de 12 de janeiro, que consagra vários benefícios aplicáveis ao investimento estrangeiro em Moçambique, sendo que os mesmos podem ser agrupados em duas categorias: benefícios genéricos e benefícios específicos.
4.6.1. Benefícios genéricos O código de benefícios fiscais (CBF) considera benefícios genéricos aplicáveis ao investimento estrangeiro os seguintes:
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA (na importação de bens): sobre os bens de
equipamento classificados na classe «K» da pauta aduaneira e respetivas peças e acessórios que os
acompanhem (durante os primeiros 5 anos de implementação do projeto);
Crédito fiscal por investimento (CFI) - possibilidade de os investimentos beneficiarem de uma dedução
de 5% ou 10%, consoante o investimento ocorra na Cidade de Maputo ou nas restantes províncias, do
total de investimento efetivamente realizado na coleta do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Coletivas (IRPC), até à concorrência deste, na parte respeitante à atividade desenvolvida no âmbito do
projeto (durante cinco exercícios fiscais);
Amortizações e reintegrações aceleradas - permite-se a reintegração acelerada dos imóveis novos
utilizados na prossecução do projeto de investimento, que consiste em incrementar em 50% as taxas
normais legalmente fixadas para o cálculo das amortizações e reintegrações consideradas como custos
imputáveis ao exercício na determinação da matéria coletável do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Coletivas (IRPC) ou Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS);
Deduções à matéria coletável e à coleta - possibilidade de os custos com (i) a modernização e
introdução de novas tecnologias e com (ii) a formação profissional de trabalhadores moçambicanos
poderem ser deduzidos à matéria coletável até ao limite de 10% ou 5%, respetivamente (durante os
primeiros cinco anos);
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
175
Outras despesas consideradas custos fiscais - os investimentos elegíveis para efeitos da atribuição dos
benefícios fiscais ao abrigo do Código dos Benefícios Fiscais (CBF) podem ainda considerar como
custos para a determinação da matéria coletável do IRPC os seguintes limites:
a) 110% (para os investimentos na cidade de Maputo) e 120% (para os investimentos nas restantes províncias) das despesas realizadas na construção e na reabilitação de estradas e caminho-de-ferro, aeroportos, correios, telecomunicações abastecimento de água, energia elétrica, escolas, hospitais e outras obras consideradas de utilidade pública (durante cinco exercícios fiscais);
b) 50% Das despesas realizadas na compra, para património próprio de obras consideradas de
arte e outros objetos representativos da cultura moçambicana, bem como as ações que contribuam para o desenvolvimento desta, nos termos da Lei de Defesa do Património Cultural (Lei n.º 10/88, de 22 de dezembro).
4.6.2. Benefícios Específicos São considerados benefícios específicos no âmbito do investimento efetuado em determinados setores de atividade considerados de grande relevância para o crescimento e o desenvolvimento do país.
Descrição da Área de
Investimento Incentivos atribuídos
Infraestruturas Básicas de
utilidade pública
(exemplo: estradas, aeroportos,
abastecimento de água)
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira;
Redução em 80% da taxa de IRPC nos primeiros 5 exercícios fiscais;
Redução em 60% da taxa de IRPC do 6º ao 10º exercício fiscal;
Redução em 25% da taxa de IRPC do 11º ao 15º exercício fiscal;
Redução da taxa de IRPS.
Comércio e indústria nas zonas
rurais
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira, bem como de outros indispensáveis à prossecução da atividade.
Indústria transformadora e de
montagem
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros na importação de matérias-primas e de equipamentos destinados ao processo de produção industrial que demonstrem e assumam o compromisso de manter a faturação anual não inferior a 3.000.000 MZN, e cujo o valor final acrescentado ao produto corresponda a um mínimo de 20%.
Agricultura e Pescas (Aquacultura)
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de
bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira;
Redução em 80% da taxa de IRPC até 31/12/2015;
Redução em 50% da taxa de IRPC entre 2016 e 2025;
Benefícios complementares:
o Dedução de despesas realizadas com a formação profissional de
trabalhadores moçambicanos;
o Dedução de determinadas despesas como custos fiscais;
Redução da taxa de IRPS;
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
176
Hotelaria e Turismo
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira, bem como de determinados bens considerados indispensáveis à prossecução da atividade nas quantidades necessárias para a construção e apetrechamento do projeto;
Crédito fiscal por investimento (5% ou 10% consoante a localização do investimento);
Reintegração acelerada;
Benefícios complementares: o Dedução de despesas realizadas com a modernização e
introdução de novas tecnologias; o Dedução de determinadas despesas como custos fiscais.
Parques de Ciência e Tecnologia
Isenção de direitos aduaneiros e do IVA na importação de material e equipamento;
Isenção de IRPC nos primeiros 5 exercícios fiscais;
Redução em 50% da taxa de IRPC do 6º ao 10º exercício fiscal;
Redução em 25% da taxa de IRPC do 11º ao 15º exercício fiscal;
Isenção e reduções igualmente aplicáveis em sede de IRPS.
Projetos de grande dimensão (que
excedam 12.milhões e 500 MNZ;
investimentos em infraestruturas
de domínio público, em regime de
concessão)
Isenção de direitos aduaneiros e do IVA na importação de materiais e equipamentos;
Benefícios complementares: o Crédito fiscal por investimento; o Amortizações e reintegrações aceleradas; o Dedução de despesas realizadas com a modernização e
introdução de novas tecnologias;
Dedução de determinadas despesas como custos fiscais
Zonas de Rápido Desenvolvimento
(ZRD):
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira;
Crédito fiscal por investimento (20%);
Benefícios Complementares: o Dedução de despesas realizadas com a formação profissional de
trabalhadores moçambicanos; o Dedução de determinadas despesas como custos fiscais.
Zonas francas Industriais (ZfI):
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de materiais e bens;
Isenção de IRPC nos primeiros 10 exercícios fiscais;
Redução em 50% da taxa de IRPC do 11º ao 15º exercício fiscal;
Redução em 25% da taxa de IRPC pela vida do projeto.
Zonas Económicas Especiais
(ZEE):
Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de materiais e bens;
Isenção de IRPC nos primeiros 5 ou nos primeiros 3 exercícios fiscais, consoante seja operador de ZEE ou empresa de ZEE;
Redução em 50% da taxa de IRPC do 6º ao 10º exercício fiscal ou do 4º ao 10º exercício fiscal, consoante seja operador de ZEE ou empresa de ZEE;
Redução em 25% da taxa de IRPC pela vida do projeto ou entre o 11º e o 15º exercício fiscal, consoante seja operador de ZEE ou empresa de ZEE.
Fonte: Código dos Benefícios Fiscais, Lei n.º 4/2009, de 12 de janeiro.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
177
4.7. Principais mecanismos de financiamento
Existem vários mecanismos alternativos para investir em Moçambique, sendo que alguns dos bancos
comerciais que operam em Moçambique recorrem a financiamento junto de instituições multilaterais
financeiras, como por exemplo, o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento e o
Banco Mundial, que lhes concedem financiamento para concederem crédito à economia e às empresas.
Uma das principais fontes de financiamento estrangeiro consubstancia-se na ajuda pública ao
desenvolvimento (APD) proveniente de entidades multilaterais financeiras, como o Banco Mundial, o Banco de
Desenvolvimento Africano, e demais entidades da APD (como sejam as agências bilaterais).
Acresce que muitos países, entre eles Portugal, através do fundo investimoZ, têm disponibilizado linhas de
crédito a fim de facilitar e promover as suas próprias exportações para Moçambique e, nalguns casos, para
efetuar investimentos.
Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação,
sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da Caixa
Geral de Depósitos e outros mecanismos de apoio às empresas exportadoras.
Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento e cujo plano
de investimento permita desenvolver a economia existem instrumentos financeiros em algumas destas
instituições multilaterais financeiras para apoiar o investimento diretamente às empresas.
Para além destas entidades, na Europa existem as Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD) que
podem financiar projetos de investimento em países em desenvolvimento desde que cumpridos um conjunto
de requisitos, entre os quais contribuir para o desenvolvimento económico do país do investimento.
Estas instituições poderão constituir um importante mecanismo de financiamento aos investimentos das
empresas nos países em desenvolvimento, uma vez que beneficiam de apoios do estado europeu da sua
origem e podem aceder a fundos de comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento, permitindo-
lhes financiar projetos de internacionalização de pequenas e médias empresas a condições de mercado mais
competitivas, por prazos mais longos e com outros instrumentos alternativos para diminuição dos riscos da
operação. Estas instituições também financiam projetos em outros países da CPLP como Angola, São Tomé e
Principe, Cabo Verde e Guiné Bissau.
As IFD europeias constituíram uma associação designada por European Development Finance Institutions (EDFI), que no final do ano de 2012, em conjunto, detinham um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de 26 mil milhões de euros, sendo que só no ano de 2012 foram aprovados 4,7 mil milhões de euros em 714 novos projetos
86.
Mas nem todas as áreas ou setores de atividades são
elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento.
Em Portugal a Instituição Financeira ao
Desenvolvimento é a SOFID, que disponibiliza:
Empréstimos;
Participações de Capital;
Garantias Bancárias;
Acesso ao Fundo Português de Apoio ao
Investimento em Moçambique (InvestimoZ);
Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF);
o O ITF tem por objetivo captar e mobilizar
recursos financeiros e competências técnicas
86 De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: http://www.edfi.be/component/downloads/downloads/92.html
FMO - Netherlands Development Finance
Company é uma das maiores Instituições
Financeiras de apoio ao desenvolvimento, com
um portfolio de projetos de 6.280 milhões de
euros sendo que deste montante cerca de
67% são empréstimos concedidos para
investimentos em países em desenvolvimento.
Em Portugal a Instituição Financeira de Apoio
ao Desenvolvimento SOFID (que integrará o
futuro banco de fomento) dispõe de um fundo
específico de apoio ao investimento em
Moçambique designado por InvestimoZ,
reestrurado em Março de 2014
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
178
para apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países
da África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP;
Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF);
Acesso Latin America Investment Facility (LAIF);
o A LAIF é um instrumento criado pela Comissão Europeia que visa mobilizar financiamentos
adicionais para apoiar investimentos na América Latina;
Fundo InvestimoZ - Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique que financia projetos
de investimento de iniciativa pública ou privada em Moçambique, promovidos por empresas portuguesas
ou por parcerias Luso-Moçambicanas
A SOFID, (que será integrada no futuro banco de fomento português), apresenta condições de financiamento
específicas de apoio a projetos de internacionalização, nomeadamente:
Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de 250 mil euros; máximo de 2,5 milhões de
euros;
Prazo: até 10 anos;
Carência: até 3 anos;
Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais;
Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID no momento, podendo
ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou internacionais
disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF, o NIF e o LAIF;
Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional;
Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor sobre
ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções;
Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução);
Comissões de acordo com o preçário em vigor.
Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são:
Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado;
Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados;
Participações de capital;
Financiamento “mezzanine”;
Garantias;
Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento;
Produtos de gestão de risco;
Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
179
Gráfico 82 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade
Fonte: Relatório Anual EDFI 2012
Outro instrumento disponível para o financiamento de investimentos de grande dimensão e com reconhecido impacto económico é o Fundo de Cooperação China-Países de Língua Portuguesa.
Este fundo, criado em 2010 com intuito de fortalecer a cooperação e as relações de investimento entre a China e os países de língua Portuguesa, disponibiliza um total de mil milhões de USD para projetos de investimento que promovam a melhoria da qualidade de vida das populações e o desenvolvimento social e económico dos países destinatários do financiamento. Um dos critérios elegíveis para obtenção do financiamento é a aposta na utilização de tecnologia industrial avançada.
O acesso a este fundo faz-se através do preenchimento da candidatura por parte da empresa ou investidor interessado, e depende da decisão da comissão de investimento, composta por membros da equipa de gestão do fundo. Os montantes máximos de investimento em cada projeto são determinados pela equipa de gestão do fundo e podem variar entre 5 e 20 milhões de USD.
No que se refere aos veículos de investimentos, o fundo admite a utilização de diversos instrumentos, adaptados em função das características das empresas e da natureza dos projetos. Nesse sentido, para além dos instrumentos de capital diretos, tais como ações ordinárias de empresas ou projetos, admite-se ainda investimentos de quase capital (instrumentos híbridos de capital e obrigações convertíveis).
51% 46%
3%
Modalidades de financiamento EDFI
Participações de capital e equiparáveis
Empréstimos
Subvenções
33%
26%
22%
6%
13%
Setores de atividade
Financeiro
Infraestruturas
Indústria
Agroindústria
Outros
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
180
4.8. Competitividade de Moçambique
4.8.1. Atratividade de Moçambique no contexto regional
No conjunto de relatórios e indicadores que procuram caraterizar os mercados dos vários países mundiais,
Moçambique encontra-se classificado na parte inferior do ranking. A título exemplificativo o relatório do Banco
Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Moçambique se encontra na posição 146, à frente do
Maláui, Angola, Zimbabué e da Republica Democrática do Congo.
Tabela 44 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC
Países Facilidade de se
fazer negócios
Abertura de
empresas
Obtenção de
alvarás de
construção
Obtenção
eletricidade
Registo de
propriedade
Obtenção de
crédito
Maurícias 19 14 62 44 60 53
África do
Sul 39 53 39 150 79 1
Botsuana 59 99 132 90 51 53
Seicheles 74 117 57 144 66 167
Namíbia 87 133 56 87 169 40
Zâmbia 94 74 151 151 96 12
Suazilândia 123 165 41 156 129 53
Tanzânia 134 113 174 96 137 129
Lesoto 136 79 140 133 157 154
Madagáscar 142 17 148 183 147 180
Moçambique 146 96 135 174 155 129
Malawi 157 141 175 179 97 129
Angola 172 171 124 113 131 129
Zimbabué 172 143 170 157 85 129
Congo 181 149 81 140 106 176
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
181
Identificam-se como aspetos positivos a rapidez e facilidade na constituição/abertura de uma empresa e a
facilidade na obtenção de crédito. No entanto os custos de contexto mantêm-se significativos.
Os fluxos do IDE em Moçambique indicados pela UNCTAD, indicam que os valores oficiais de IDE atingiram
em 2012 o montante de 5,2 mil milhões de dólares, comparando de forma muito positiva com os restantes
países da SADC.
Na SADC, Moçambique é o primeiro destino de fluxo de IDE da SADC com cerca de 29% do total de IDE para
a região que é revelador da atratividade que a sua economia tem vindo a gerar.
Foram vários os fatores que contribuíram para o crescimento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em
Moçambique, de USD 5.2 mil milhões de em 2012, na sua maioria canalizado para as indústrias extrativas,
juntamente com o forte crescimento agrícola e o investimento em infraestruturas.
Já no ano anterior, em 2011, o investimento do setor privado atingiu mais de 1,9 mil milhões de USD, como
resultado do IDE em mega projetos do carvão. Um total de 30.000 novos empregos foram criados pelos 285
novos projetos, dos quais 13 na zona Económica Exclusiva de Nacala, representando um investimento 400
milhões de USD por parte de empresas exportadoras.
Há um conjunto de novos indicadores que sustentam a manutenção de valores elevados de IDE,
nomeadamente:
Um forte investimento no setor de cimento estimando-se que a produção triplique até 2013, através do
investimento realizado por empresas chinesas (África Great Wall Cement Manufacturer, China
International Fund, GS Cimento e Bill Wood) e da África do Sul, Pretoria Portland Cement com um
investimento global de 450 milhões de USD;
Um novo operador móvel, Movicel com investimento recente no montante de USD 400 milhões, que
resulta de uma joint-venture entre a Viettel, uma empresa de telecomunicações da propriedade do
Ministério da Defesa do Vietname e a SPI (Gestão e Investimentos).
A descoberta de extensas reservas off-shore de gás natural.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
182
4.9. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação
No que diz respeito às principais dificuldades e/ou constrangimentos à exploração do mercado interno e ao
investimento direto estrangeiro em Moçambique pode enumerar-se um conjunto de constrangimentos.
4.9.1. Alfândegas – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos
4.9.1.1. Licenciamento das Importações para Moçambique
Moçambique faz parte da Organização Mundial do Comércio e tem vindo a adotar medidas que visam
harmonizar a importação de produtos em linha com as orientações da OMC.
O documento necessário para o Despacho Alfandegário das mercadorias que entram ou saem de
Moçambique é designado por Documento Único (DU) e o processamento de toda a informação e despachos é
realizado através de uma plataforma informática designada por JUE – Janela Única Eletrónica.
A declaração aduaneira é submetida às Alfândegas diretamente pelo importador ou exportador ou pelo seu
representante legalmente habilitado.
A importação não está sujeita, por regra, a restrições especiais, mas existem produtos cuja importação estão
proibidos, nos termos do Decreto n.º 34/2009, de 6 de julho, que estabelece as regras de desembaraço
aduaneiro de mercadoria.
As taxas de direitos aduaneiros e demais imposições aplicáveis no caso de importação, são as constantes da
Pauta Aduaneira, à data da aceitação da declaração aduaneira pelas Alfândegas.
Além da taxa de direitos aduaneiros e de outras obrigações da responsabilidade do importador ou do
exportador é devida uma Taxa de Serviços Aduaneiros (TSA), prevista na Lei n.º 6/2009, de 10 de março,
fixada no valor de cerca de USD 85 por cada operação de importação com isenção de direitos aduaneiros e é
cobrado em todos DU.
Por outro lado, alguns dos produtos exportados para Moçambique estão sujeitos ao procedimento de Inspeção
Pré-Embarque de acordo com a respetiva restrição indicada por produto na posição pautal, como sucede com
algumas carnes, farinhas, cimento, produtos químicos, medicamentos, fósforos, pneus novos e usados e
veículos, com algumas exceções.
Há empresas privadas que estão devidamente licenciadas para procederem às inspeções pré-Embarque.
É importante para o exportador conhecer quais os produtos sujeitos a esta classificação, pré-embarque,
atendendo a que as mercadorias sujeitas à inspeção pré-embarque que não sejam submetidas à mesma no
processo de importação, são sujeitas a inspeção pós-desembarque e ao pagamento da multa de 10% sobre o
valor da importação ou, quando não respeitem as especificações técnicas e outros requisitos previstos na lei,
são sujeitas a devolução ou destruição, consoante o caso, correndo por conta do importador e exportador
todas as despesas inerentes à realização da operação de devolução ou destruição.
Existe igualmente um conjunto de mercadorias sujeitas a um regime especial, tais como medicamentos,
armas, selos e valores selados, ouro, prata e platina, notas e moedas estrangeiras.
Moçambique tem ainda um conjunto de regimes aduaneiros especiais que permitem soluções diferenciadas
para os investidores em Moçambique ou na SADC. São regimes aduaneiros especiais os de: exportação
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
183
temporária, reimportação, reexportação, trânsito aduaneiro, transferência, armazéns de regime aduaneiro,
lojas francas, zonas francas, entre outros previstos por lei.
Um dos regimes especiais, o de importação temporária para futura reexportação (por exemplo para outro
estado da SADC), permite a suspensão no pagamento de direitos aduaneiros e demais imposições, desde que
satisfeitas as condições determinadas em legislação específica, entre outras, a prestação de garantia em
percentagem do valor da importação.
Entre as mercadorias elegíveis para o regime de importação temporária estão, entre outros, os animais
reprodutores, os aparelhos, utensílios, ferramentas e máquinas para utilização temporária em atividades
agrícolas, industriais e de construção e outros. O período de suspensão varia entre 30 a 360 dias consoante a
mercadoria.
Todas as mercadorias objeto de importação /exportação devem apresentar etiqueta que identifique o País de
fabrico.
Todas as
mercadorias
importadas devem
ter uma fatura
comercial com os
seguintes requisitos:
Número e data da fatura;
Número de ordem ou «de encomenda»;
Nome completo e endereço do vendedor e do comprador;
Nome completo do consignatário se for diferente do comprador;
Descrição completa da mercadoria;
Quantidades de mercadorias fornecidas;
Preço por unidade (preço unitário);
Preço total, (preço unitário vezes o número de unidades) por extenso;
Preço total e a moeda utilizada na emissão da fatura;
Outros custos (encargos adicionais e particulares);
Acordos/termos de venda;
Acordos/termos de pagamento;
País de origem;
Autenticação.
Nota: Quando as faturas vierem emitidas em língua estrangeira as Alfândegas podem solicitar a sua
tradução para a língua portuguesa.
Direitos aduaneiros
As mercadorias exportadas para Moçambique por qualquer via estão sujeitas ao pagamento dos direitos e ao
regime pautal em vigor no dia em que sejam desembaraçadas da acção fiscal, mesmo que se encontrem
depositadas em entrepostos ou armazéns de regime aduaneiro ou livre.
No que respeita aos direitos aduaneiros estes são calculados numa base ad valorem sobre o valor CIF (custo,
seguro e frete) das mercadorias e variam de acordo com a pauta aduaneira de Moçambique, entre 2,5%
(matérias-primas, como o Zinco) e 20% (bens de consumo não essenciais).
Além dos direitos alfandegários, os produtos importados estão sujeitos a outros impostos:
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) - Estão submetidas a IVA as transmissões de bens e as
prestações de serviços efetuadas em território nacional e as importações de produtos, tendo sido fixada
uma taxa única no valor de 17%;
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
184
Imposto sobre Consumos Específicos (ICE) - Imposto aplicável a um conjunto diferenciado de bens,
com taxas variáveis, como por exemplo: cerveja (10%); vinho (55%); e cigarros (75%).
4.9.1.2. Entrada e saída de capitais
Repatriamentos dos lucros
No ordenamento jurídico Moçambicano os investidores estrangeiros (sejam eles pessoas singulares ou
coletivas) podem beneficiar das garantias e incentivos previstos na Lei de Investimentos, nomeadamente, o
direito ao repatriamento do capital investido e dos lucros obtidos, a garantia de segurança e proteção pelo
Estado aos investimentos e à propriedade privada, e os incentivos fiscais e aduaneiros.
Transferência de fundos para o exterior
A Lei de Investimentos atribui ao investidor estrangeiro o direito de transferir para o exterior os fundos obtidos
em consequência da sua atividade em Moçambique desde que verificado o cumprimento de alguns requisitos,
nomeadamente:
Lucros exportáveis resultantes de investimentos elegíveis à exportação de lucros nos termos da
regulamentação da Lei de Investimentos;
Royalties ou outros rendimentos de remunerações de investimentos indiretos associados à cedência
ou transferência de tecnologia;
Amortizações e juros de empréstimos contraídos no mercado financeiro internacional e aplicados em
projetos de investimento realizados em Moçambique;
Produto de indemnizações que resultem da nacionalização ou expropriação de bens e direitos que
constituam investimento autorizado;
Capital estrangeiro investido e reexportável, independentemente da elegibilidade ou não do respetivo
projeto de investimento à exportação de lucros nos termos da regulamentação da Lei de Investimentos.
4.9.1.3. Direito e Uso de Aproveitamento da Terra (DUAT) em Moçambique
Em Moçambique, a terra é propriedade do Estado, não podendo ser vendida, hipotecada ou mesmo
penhorada.
No âmbito do investimento estrangeiro qualquer investidor que pretenda realizar o investimento tem de se
estabelecer em solo Moçambicano por forma a desenvolver a sua atividade.
Sendo o direito de propriedade titularidade do estado, este facto origina alguns constrangimentos, visto a
Constituição da República atribuir um direito real menor o direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT).
A forma de concessão do direito e uso aproveitamento da terra (DUAT) segue regras bastante complexas que
por vezes tornam o processo bastante moroso e burocrático.
Formas de atribuição do DUAT
As condições de uso e aproveitamento da terra são determinadas pelo Estado. O direito de uso e
aproveitamento da terra é conferido às pessoas singulares ou coletivas tendo em conta o seu fim social.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
185
Na titularização do direito de uso e aproveitamento da terra, o Estado reconhece e protege os direitos
adquiridos por herança ou ocupação, salvo havendo reserva legal ou se a terra tiver sido legalmente atribuída
a outra pessoa ou entidade.
O direito de uso e aproveitamento da terra, não pode ser concedido nas zonas de proteção total e parcial, visto
tratar-se de zonas de domínio público (zonas destinadas à satisfação do interesse público). Nestas zonas só é
permitido o exercício de determinadas atividades mediante emissão de licenças especiais.
A aprovação do pedido do DUAT não dispensa a obtenção de licenças ou outras autorizações exigidas por
legislação aplicável ao exercício de atividades económicas pretendidas (agropecuária ou agroindustriais,
industriais, turísticas, comerciais, pesqueiras e mineiras e à proteção do meio ambiente). As referidas licenças
terão o seu prazo definido de acordo com a legislação aplicável, independentemente do prazo autorizado para
o exercício do direito de uso e aproveitamento da terra.
O direito de uso e aproveitamento da terra para fins de atividades económicas está sujeito ao prazo máximo
de 50 anos, renovável por igual período a pedido do interessado. Após o período de renovação, um novo
pedido deve ser apresentado.
4.9.1.4. Falta de mão-de-obra qualificada e a contratação de mão-de-obra estrangeira
A falta de mão-de-obra qualificada em setores técnicos específicos como o de petróleo, gás, carvão, saúde e
outros setores essenciais para o desenvolvimento do país apresenta-se como um dos maiores
constrangimentos ao investimento estrangeiro em Moçambique. Apesar disso, tem-se verificado um
abrandamento destes constrangimentos, essencialmente causado pela massificação do ensino. Os
constrangimentos ainda existentes tornam necessário o recurso por parte do investidor à contratação de mão-
de-obra estrangeira como forma de solucionar o problema.
Contratação de mão-de-obra estrangeira
A Lei do trabalho em Moçambique prevê expressamente a possibilidade de contratação de trabalhadores
estrangeiros, a qual se rege pelo princípio da igualdade de tratamento e oportunidades. Tal princípio não
afasta, porém, o dever que impende sobre os empregadores, nacionais e estrangeiros, de criar condições para
a integração de trabalhadores moçambicanos nos postos de trabalho de maior complexidade técnica e em
lugares de gestão e administração da empresa e a possibilidade de, por razões ponderosas, nomeadamente
de interesse público, o Estado moçambicano reservar exclusivamente a cidadãos nacionais determinadas
funções ou atividades.
O exercício de uma atividade profissional remunerada em Moçambique por parte do trabalhador estrangeiro
está condicionado à atribuição prévia do visto de entrada adequado a esse fim.
O regime geral da contratação de estrangeiros encontra-se regulado pelo Decreto n.º 55/2008, de 30 de
Dezembro, que prevê os termos e os regimes admissíveis de contratação de trabalhadores estrageiros que
pretendam trabalhar em Moçambique.
Nos termos do decreto-lei anteriormente referido, o contrato de trabalho celebrado com cidadão estrangeiro
obedece às seguintes regras:
a) Deve revestir a forma escrita;
b) É sempre celebrado a termo certo e por período não superior a dois anos, podendo ser renovado
mediante a apresentação de novo pedido;
c) É convertido em contrato de trabalho por tempo indeterminado, independentemente do número de
renovações.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
186
No caso de cessação, por qualquer motivo, o empregador deve comunicar o fato à entidade que superintende
a área do trabalho e aos serviços de migração da província do local de trabalho no prazo não superior a 15
dias a contar da data da cessação.
Nos termos do regime geral, a contratação de estrangeiros obedece a vários regimes alternativos:
Regime de contratação
de estrangeiros Caracterização
Contratação no âmbito
do regime de quotas
Nas grandes empresas, 5% da totalidade dos trabalhadores;
Nas médias empresas, 8% da totalidade dos trabalhadores;
Nas pequenas empresas, 10% da totalidade dos trabalhadores, com o limite
mínimo de um trabalhador.
No âmbito do regime de quotas, a admissão de trabalhadores estrangeiros não
carece de autorização ministerial, mas apenas de comunicação ao ministro que
superintende a área do trabalho ou entidade a quem este delegue, acompanhada de todos
os documentos legalmente exigidos
Contratação ao abrigo
de projetos de
investimento
aprovados pelo
Governo
Em projetos de investimento aprovados pelo Governo nos quais se preveja a
contratação de trabalhadores estrangeiros em percentagem inferior ou superior às quotas
acima indicadas, é igualmente dispensada a autorização de trabalho;
Apenas é suficiente a comunicação ao ministro que superintende a área do
trabalho ou à entidade a quem este delegar;
Também a contratação de trabalhador estrangeiro para prestação de trabalho de
curta duração (não superior a 30 dias, seguidos ou interpolados) não carece de autorização
ministerial, sendo suficiente a comunicação dos elementos legalmente exigidos à entidade
provincial competente, podendo o seu período ser prorrogado, desde que obtida a
competente autorização e a sua duração total não exceda 90 dias.
Trabalho em regime
de curta duração Considera-se curta duração o período de trabalho não superior a 30 dias. Não
carece de autorização de trabalho.
Contratação mediante
autorização de
trabalho (fora do
regime de quotas)
Os trabalhadores estrangeiros poderão ainda ser contratados fora de quota, desde
que, após requerimento acompanhado de todos os documentos legalmente exigidos, a
entidade patronal consiga a necessária autorização do Ministro que superintende a área do
trabalho ou da entidade a quem este delegar;
Neste último caso, a contratação do trabalhador estrangeiro só é admissível
quando este possua as qualificações académicas ou profissionais necessárias e não haja
cidadãos nacionais que possuam tais qualificações ou, havendo, o seu número seja
insuficiente e determine a indisponibilidade no mercado de trabalho;
A contratação de trabalhadores estrangeiros para prestar serviço nas zonas francas industriais e setores de
atividade específicos, tais como função pública e setor de petróleos e minas, é regulada por regimes especiais.
No que respeita ao setor mineiro e petrolífero, a contratação de trabalhadores estrangeiros não difere, no
essencial, do regime geral descrito (Decreto n.º 63/2011, de 7 de dezembro), com exceção da qualificação do
regime de trabalho de curta duração como aquele que não excede 180 dias, seguidos ou interpolados, no
mesmo ano civil, ainda que o cidadão estrangeiro se encontre vinculado por contrato com a empresa titular,
concessionária, operador, subcontratado ou suas representadas sediadas num outro país.
Regra geral, a contratação de trabalhadores estrangeiros está sujeita ao pagamento de taxas legalmente
fixadas e o incumprimento das respetivas normas legais sujeita o empregador a sanções várias, tais como
suspensão e multa.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
187
4.9.2. Estabilidade legal e fiscal – Barreiras legais, fiscais e regulamentares
O Governo de Moçambique tem vindo a realizar esforços significativos para melhorar a eficiência fiscal,
encontrando-se em curso a reforma fiscal.
O sistema fiscal Moçambicano é composto por diversos impostos e taxas, nomeadamente os seguintes:
Tabela 45 - Quadro resumo com os principais impostos de Moçambique
Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável
Imposto Único
sobre o Rendimento
(Pessoas
Singulares)
Taxas
Progressivas
(entre 11,67% e
35%)
Pessoas singulares residentes em Moçambique (nomeadamente os que permanecem em Moçambique por mais de 180 dias ou que mantenham uma residência permanente em Moçambique) sobre o valor global anual dos rendimentos;
Pessoas singulares não residentes que obtenham rendimentos em Moçambique;
Rendimentos obtidos em Moçambique, excluindo-se aqueles que foram obtidos fora do território do país;
Os rendimentos obtidos por pessoas singulares dividem-se pelas seguintes categorias: 1ªCategoria – rendimentos trabalho dependente, pensões ou outros equiparáveis; 2ªCategoria – rendimentos empresariais e profissionais; 3ªCategoria-rendimentos de capitais e mais-valias; 4ªCategoria- rendimentos prediais; 5ª Categoria – incrementos patrimoniais, ganhos efetivamente pagos ou colocados à disposição provenientes, nomeadamente de sorteiros e lotarias
Imposto Único
sobre o Rendimento
(Pessoas Coletivas)
32% /10%
Pessoas coletivas residentes em Moçambique e pessoas coletivas não residentes mas que aí possuam estabelecimento estável, ou que obtenham rendimentos no território;
Mais-valias – incluídas no lucro tributável; diferimento de tributação em caso de reinvestimento;
Isenção de tributação da totalidade dos dividendos distribuídos por subsidiárias no estrangeiro (20%, 2 anos consecutivos);
Reporte de prejuízos fiscais: 5 anos;
Crédito de imposto sujeito à existência de convenção para evitar a dupla tributação – CDT);
Taxa reduzida 10% aplicável : agricultura; criação de gado.
SISA 2%/10
Transmissões onerosas – taxa normal (2%);
10% (Residentes em países com regime fiscal privilegiado)
Imposto sobre o
Valor Acrescentado 17%
Transmissão de bens, prestação de serviços e importação de bens;
Imposto do Selo Variável (0,03%
a 2%) Financiamento, hipotecas e outras garantias, juros e comissões de
contraprestação de serviços bancários, transmissões de imóveis.
Imposto sobre
Sucessões e
Doações
Variável (2% a
10%)
Transmissões gratuitas de bens, incluindo heranças ou legados, doações ou transações judiciais;
Imposto sobre
Consumos
Específicos
Taxas ad
valorem variam
de 5% a 75%)
Bebidas alcoólicas, tabaco, produtos de cosmética, joalharia e pedras preciosas, veículos automóveis, entre outros.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
188
Comparabilidade do sistema fiscal de Moçambique no contexto da SADC
Moçambique, comparativamente com outras economias a nível mundial, encontra-se classificado em 105º lugar, a meio da tabela em termos mundiais, no que diz respeito à tabela de competitividade do Relatório do Banco Mundial, o “Paying Taxes”.
Este indicador mede não só a complexidade do sistema fiscal do país, associada ao número de pagamentos a efetuar e ao tempo despendido anualmente no cumprimento das obrigações fiscais por parte das empresas, mas também a taxa de imposto total que incide sobre as empresas a atuar no território.
No contexto da SADC, conclui-se que a posição mediana de Moçambique nesse ranking deriva da elevada média de números de pagamentos, associado à elevada carga de imposto sobre os lucros.
Tabela 46 - Paying Taxes - SADC
Países Rank Pagamentos
(número)
Tempo
(horas
por
ano)
Imposto
sobre os
lucros (%
lucros)
Contribuições
e impostos
sobre o
trabalho (%
lucros)
Outros
impostos
(% lucros)
Total (%
lucros)
Maurícias 12 7 161 11,6 9,6 7,3 28,5
Seicheles 20 27 76 23,3 1,7 0,7 25,7
África do Sul 32 9 200 24,3 4,1 4,9 33,3
Botsuana 39 32 152 21,7 0,0 3,6 25,3
Zâmbia 47 37 132 1,1 10,4 3,7 15,2
Maláui 58 26 175 23,6 7,7 3,5 34,7
Swazilândia 58 33 104 28,1 4,0 4,7 36,8
Madagáscar 68 23 201 14,0 20,3 1,6 36,0
Lesoto 95 33 324 13,1 0,0 3,0 16,0
Moçambique 105 37 230 27,7 4,5 2,1 34,3
Namíbia 112 37 350 17,2 1,0 4,5 22,7
Tanzânia 133 48 172 20,2 18,0 7,1 45,3
Zimbabué 134 49 242 20,5 5,1 10,1 35,8
Angola 154 31 282 24.6 9.0 19.5 53.2
Congo 171 32 336 58.9 7.9 272.8 339.7
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
189
Tabela 47 - Paying Taxes – CPLP
Países Rank Pagamentos
(número)
Tempo
(horas
por
ano)
Imposto
sobre os
lucros (%
lucros)
Contribuições
e impostos
sobre o
trabalho (%
lucros)
Outros
impostos
(% lucros)
Total (%
lucros)
Timor-Leste 61 18 276 14,9 0,0 0,2 15,1
Portugal 77 8 275 14,5 26,8 1,4 42,6
Cabo Verde 102 41 186 18,0 18,5 0,7 37,2
Moçambique 105 37 230 27,7 4,5 2,1 34,3
São Tomé e
Príncipe 144 42 424 22,1 6,8 3,6 32,5
Guiné-Bissau 146 46 208 14,9 24,8 6,1 45,9
Angola 154 31 282 24,6 9,0 19,5 53,2
Brasil 156 9 2,6 24,6 40,8 3,8 69,3
4.9.3. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra
A dificuldade de obtenção de vistos de entrada tem sido um dos grandes entraves ao investimento direto
estrangeiro (IDE).
Para a entrada no território Moçambicano é exigido qualquer um dos seguintes documentos:
Passaporte ou documento equiparado válido para o país e visto de entrada emitido pelas autoridades
moçambicanas competentes, igualmente válidos;
Outros documentos estabelecidos em convenções ou acordos internacionais a que Moçambique se
encontre vinculado.
Acordos de supressão de vistos
Os países com os quais Moçambique assinou acordos de supressão de vistos até a data são os seguintes:
África do Sul, Botsuana, Maláui, Maurícias, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.
No âmbito da CPLP, Moçambique é signatário de um acordo que visa a supressão de vistos para os cidadãos
desses países, titulares de passaportes especiais (diplomáticos ou de serviço).
Visto de entrada em Moçambique – Tipos e requisitos gerais de obtenção
Os vistos de entrada para Moçambique podem ser obtidos nas Missões Diplomáticas e Consulares de
Moçambique no estrangeiro, nos postos fronteiriços autorizados para o efeito, nos Serviços de Migração e no
Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
190
A escolha do visto deve ser adequado às finalidades de deslocação a esse país, sob pena de o estrangeiro
ficar sujeito às penalidades previstas pelo regime em caso de incumprimento.
Regra geral, a concessão depende dos seguintes requisitos, sem prejuízo da documentação específica
que poderá ser requerida em função da natureza do visto solicitado: Passaporte ou documento
equiparado com prazo de validade igual ou superior a 6 meses;
Comprovativo de meios de subsistência;
Pagamento da taxa devida.
O visto pode revestir qualquer das modalidades previstas no regime que regula a entrada e permanência de
estrangeiros em Moçambique, nomeadamente os seguintes: Visto de residência, visto turístico, visto de
trânsito, visto de visita, visto de negócios, visto de estudante.
O visto de entrada pode ser individual ou coletivo, simples ou múltiplo, em função do número de pessoas a
quem é concedido, e número de entradas permitidas no país, respetivamente
A entrada no país deve ser feita pelos postos fronteiriços oficialmente estabelecidos para o efeito. No
momento da entrada, o cidadão estrangeiro está sujeito aos procedimentos migratórios das autoridades
competentes, entre outros previstos na lei.
4.9.4. Modelos de cobertura de risco – Financeiros, operacionais, propriedade
Apesar de não ser obrigatório é recomendável estabelecer um contrato de seguro sobre as mercadorias e
bens com destino a Moçambique, que poderá ser realizado por empresas seguradoras privadas.
Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos críticos na promoção e sucesso das
exportações.
A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à
concretização de oportunidades de negócio.
Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores,
incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das
mercadorias exportadas.
A concessão de seguro às empresas exportadoras materializa-se com operações de empréstimo às
empresas, logo dependentes de plafonds que as empresas têm no sistema financeiro e sujeitas a taxas
indexadas ao risco que o seu perfil determina.
São dois os principais riscos cobertos pelos seguros de exportação:
Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de
pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória;
Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras,
revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de
transferência/conversão, etc.).
Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das entidades
seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor.
Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado. Esta garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de sociedades de garantia mútua. Atualmente a segunda opção é a mais utilizada
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
191
No caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à exportação dispõe de um mecanismo de garantias de seguro de caução.
Existe igualmente uma linha de seguro de créditos à exportação para para Países Fora da OCDE, Turquia e
México com Garantia do Estado.
Além destas soluções, existem um conjunto de outros instrumentos financeiros que estão disponíveis não só
na banca comercial como em fundos de investimento que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro.
Nessa situação, há instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao
investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou
exportação.
4.9.5. Sistema jurídico e judicial
O sistema judiciário de Moçambique está estruturado em 3 categorias principais para além das estruturas tradicionais como os tribunais comunitários e os tribunais que surgiram recentemente (tribunal superior de recursos, tribunal de polícia):
1- Tribunais Judiciários - Tribunal Supremo, Tribunais Provinciais e Tribunais Distratais;
2- Tribunais Administrativos - Agrega o tribunal de contas;
3- Tribunal Constitucional - Anterior conselho constitucional.
Os Tribunais judiciários podem ser descritos, fundamentalmente, da seguinte forma:
Tabela 48 – Tribunais judiciários em Moçambique.
Tipos de Tribunais
Judiciários Competência Organização Nº de Tribunais
Tribunal Supremo
O tribunal Supremo é o mais
alto órgão da hierarquia dos
tribunais judiciários e tem
jurisdição em todo o território
nacional
Constituído pelo Plenário e
Secções de
competência/Especializadas
1
Tribunais Superiores
de Recurso
Os tribunais superior se
recursos são por essência
tribunais de recursos
Secções de competência
genérica e Secções de
competência especializadas
3
Tribunais Provinciais
Os tribunais de província têm
competência cível e criminal
Os tribunais provinciais podem
organizar-se em Secções de
competências genéricas ou
especializadas a estabelecer
por despacho do presidente do
tribunal supremo
11
Tribunais Distritais
São tribunais de primeira e
segunda instancia
Competência genérica em
matéria cível, Familiar e criminal
Os tribunais distritais são
tribunais por regra de
competências genéricas
podendo organizar de forma
especializada quando assim for
necessário
-
-
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
192
Ao Tribunal Administrativo compete a fiscalização da legalidade dos atos administrativos e da execução de
normas regulamentares emitidas pela Administração Pública, assim como das contas do Estado e da despesa
pública.
O Conselho Constitucional tem competência nas matérias de âmbito constitucional e eleitoral, e tem jurisdição
em todo o território Moçambicano.
4.9.6. Resolução extrajudicial de litígios em Moçambique
Em Moçambique, a resolução de litígios através da arbitragem encontra-se regulada na Lei de Arbitragem,
Conciliação e Mediação (Lei n.º 11/99, de 8 de julho), que estabelece equivalência entre a decisão tomada por
um Tribunal Arbitral a uma sentença de um Tribunal Judicial de Primeira Instância, reconhecendo-lhe
igualmente a respetiva força executiva necessária à sua execução
Moçambique aderiu à Convenção de Nova Iorque sobre o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais
estrangeiras. A Lei do Investimento admite que em caso de diferendo entre um investidor estrangeiro e o
Estado Moçambicano, desde que não haja disposição legal imperativa em contrário, a possibilidade de recurso
à arbitragem comercial internacional nos termos das seguintes regras:
Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, com sede em Paris;
Regras da Convenção de Washington, de 15 de março de 1965, sobre a Resolução de Diferendos
Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados e do Centro Internacional para
a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados
(ICSID);
Regras do Regulamento do Mecanismo Suplementar, aprovado a 27 de setembro de 1978 pelo
Conselho de Administração do ICSID, se a sociedade estrangeira não preencherem as condições de
nacionalidade previstas no artigo 25 da Convenção de Washington.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
193
4.10. Principais características dos acordos Moçambicanos no domínio do comércio e investimento 4.10.1. Protocolos existentes e posicionamento de Moçambique face aos mesmos
O Tratado da Fundação da SADC e a adesão da República de Moçambique. Moçambique é membro de pleno direito da SADC desde a criação desta organização regional em 1990, o Tratado da SADC como um instrumento legal inicial que permitiu a cooperação politica numa primeira fase entre os países da SADC.
Processo de implementação dos vários protocolos da SADC em Moçambique No âmbito da integração regional em curso na SADC, a República de Moçambique assinou e ratificou quase todos os Protocolos da SADC e outros instrumentos jurídicos que visam facilitar a cooperação e integração sócio-económica entre os países da SADC.
Tabela 49 - Protocolos da SADC e posicionamento de Moçambique face aos mesmos
Nome do Protocolo/Tratado/ Acordo/ Memorando de entendimento Data da Assinatura Data da entrada em
vigor
Tratado da SADC 17 de agosto 1992 30 de setembro 1993
Protocolo sobre Imunidades e Privilégios 17 de agosto 1992 30 de setembro 1993
Protocolo sobre Sistemas de Cursos de Água Partilhados 28 de agosto 1995 28 de setembro 1998
Protocolo sobre Energia 24 de agosto 1996 17 de abril 1998
Protocolo sobre Transportes, Comunicações e Meteorologia 24 de agosto 1996 6 de julho 1998
Protocolo sobre Combate a Drogas Ilícitas 24 de agosto 1996 20 de março 1999
Protocolo sobre Comércio 24 de agosto 1996 25 de janeiro 2000
Protocolo sobre Educação e Formação 8 de setembro 1997 31 de julho 2000
Protocolo sobre Minas 8 de setembro 1997 10 de fevereiro 2000
Protocolo sobre Desenvolvimento do Turismo 14 de setembro 1998 26 de novembro 2002
Protocolo sobre Conservação da Fauna Brava e Policiamento 18 de agosto 1999 30 de novembro 2003
Memorando de entendimento Cooperação na Padronização, Qualidade,
Segurança, Acreditação Meteorologia SADC 9 de novembro 1999 16 de julho 2000
Protocolo sobre Tribunais e Normas de Procedimento 7 de agosto 2000 22 de setembro 2003
Protocolo Revisto sobre Recursos Hídricos Comuns 7 de agosto 2000 7 de agosto 2000
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
194
Nome do Protocolo/Tratado/ Acordo/ Memorando de entendimento Data da Assinatura Data da entrada em
vigor
Acordo sobre Emenda ao Tratado da SADC 14 de agosto 2001 14 de agosto 2001
Protocolo sobre Cooperação em Política, Defesa e Segurança 14 de agosto 2001 2 de março 2004
Protocolo sobre Pescas 14 de agosto 2001 8 de agosto 2003
Acordo sobre Emenda do Protocolo sobre Tribunais e Normas de
Procedimentos 3 de outubro 2002 3 de outubro 2002
Memorando de entendimento sobre Cooperação em Impostos e
Matérias Afins 8 de agosto 2002 8 de agosto 2002
ME sobre Convergência Macroeconómica 8 de agosto 2002 8 de agosto 2002
Carta dos Direitos Sociais Fundamentais 26 de agosto 2003 26 de agosto 2003
A Prevenção e Erradicação da violência contra mulheres e crianças,
uma adenda à Declaração sobre Género e Desenvolvimento 14 de setembro 1998 Não requer ratificação
A implementação do Protocolo de livre circulação de pessoas e bens em Moçambique
Moçambique ratificou o acordo de supressão de vistos no quadro jurídico do protocolo da livre circulação da SADC com 8 Estados Membros nomeadamente: África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Maurícias, Maláui, Tanzânia, Zimbabué, Zâmbia, permitindo desta forma a livre circulação das pessoas entre estes países, estando previsto para os próximos anos a assinatura de acordos de livre circulação para os restantes países da região. Neste âmbito, as negociações com a Namíbia e Angola estão numa fase mais avançada.
Protocolo sobre o comércio na SADC
África Austral e a SADC
A SADC para além de pretender a abolição das barreiras tarifárias e não tarifárias (Zona de Comércio Livre)
cuja implementação passa pela constituição de um Regime Geral de Origem "regras de Origem" – ela assume
também as características de um Mercado Comum (Livre circulação dos fatores de produção e de União
Económica) Coordenação e harmonização das Políticas Económicas.
O Protocolo do Comércio entrou em vigor a 25 de janeiro do ano 2000, e tem como Estados a adesão de
quase todos os Estados Membros da SADC com a exceção de Angola, República Democrática do Congo e
Seicheles.
No âmbito do Protocolo da SADC, os Estados Membros iniciaram um processo de eliminação de taxas de
importação.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
195
Programa de Eliminação de Taxas de importação na SADC
Categoria A - Liberalização imediata Todas as linhas tarifárias dentro desta categoria são imediatamente reduzidas a 0 % desde a data de implementação. Categoria B - Liberalização gradual (O Princípio de Assimetria)
Adiantamento – liberalização gradual pela SACU (União Aduaneira dos Países da Africa Austral) – as linhas tarifárias são reduzidos em prestações iguais desde o 1º ao 8º ano (desde o ano 2000 ate 2008).
Normalização – liberalização gradual pelas Maurícias e Zimbabué – as linhas tarifárias são reduzidas por prestações iguais desde 4º ao 8º ano.
Atraso – liberalização gradual pelo MMTZ (Moçambique, Maláui, Tanzânia, Zâmbia) - as linhas tarifárias são reduzidas por prestações iguais desde o 6º ao 8º ano.
Categoria C - mercadorias Sensíveis Este refere-se às mercadorias de importância económica aos Estados-membros.
A redução tarifária de tais mercadorias só começa depois do período de 8 anos.
Representam 15 % ou menos das linhas tarifárias. Categoria E - Lista de exclusão Na lista de exclusão entram mercadorias, tais como armas de fogo. Desde janeiro de 2008, quando a SADC atingiu o estatuto de ZCL, os produtores e os Consumidores não pagam taxas de importação em aproximadamente 85 % de todo o comércio de bens de primeira necessidade nos 12 países iniciais. As linhas tarifárias restantes serão quase totalmente eliminadas até 2015.
4.11. Acordos críticos estabelecidos (PTA, DTT, BTA e BIT)
Acordos especiais MMTZ (Moçambique, Maláui, Tanzânia e Zâmbia)
Ao abrigo das Regras de Origem da SADC, Moçambique, Maláui, Tanzânia e Zâmbia (MMTZ) têm dispensa especial para os artigos de vestuário e tecidos exportados para África do Sul e para os países da SACU (união aduaneiras dos países da africa austral) parceiros do Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia. Estes acordos oferecem maior flexibilidade e facilitam as transações comerciais entre países da região.
Acordos Bilaterais celebrados por Moçambique
Há um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão
facilitar o acesso dos investidores estrangeiros, nomeadamente Portugueses, aos mercados: os acordos
comerciais de investimento, os acordos de promoção e proteção recíproca de investimentos e os acordos para
evitar a dupla tributação.
Face aos riscos acrescidos que o investimento no exterior envolve é importante que o investidor tenha
conhecimento dos mercados em que o investimento é seguro e com relativa proteção da ordem jurídica local.
Os Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos são importantes instrumentos de regulação
e proteção do investimento entre investidores dos vários Estados, assegurando, em regime de reciprocidade,
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
196
um tratamento mais favorável e a garantia de proteção e segurança plena dos investimentos realizados. Regra
geral, abrangem quatro grandes áreas: admissão dos investimentos, tratamento dos investimentos,
expropriação e perdas no investimento e resolução de conflitos.
Tabela 50- Acordos Bilaterais de Moçambique
Acordos Bilaterais SADC África Mundo
Acordos Comerciais e de
Investimento
África do Sul
Maurícias
República da Argélia
Egito
Bélgica
Dinamarca
França
Portugal
Suíça
Indonésia
Índia
Irlanda do Norte
Luxemburgo
Reino Unido
Estados Unidos de América
Vietname
Acordos de Promoção e
Proteção Reciproca de
Investimentos
África do Sul
Maurícias
República da Argélia
Egito
Bélgica
Dinamarca
França
Portugal
Suíça
Indonésia
Índia
Irlanda do Norte
Luxemburgo
Reino Unido
Estados Unidos de América
Vietname
4.11.1. Acordos entre Estados Unidos e Moçambique – AGOA
A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir a
exportação de bens e produtos para os Estados Unidos sem estes estarem sujeitas a taxas alfandegárias.
Para beneficiarem deste regime fiscal é necessário que os produtos sejam de origem Africana, e que os
países em causa estejam a adotar medidas para a implementação duma economia de mercado livre, através
de políticas democráticas.
Moçambique, tal como outros países da África Subsaariana, beneficia das condições e vantagens proporcionadas pela AGOA na exportação dos produtos para os Estados Unidos.
Apesar de serem os produtos petrolíferos os mais destacados nas trocas comerciais entre os países africanos beneficiários da Lei AGOA e os EUA, representando mais de 90% do volume das importações, os países têm vindo a realizar um esforço adicional para alargar a base das trocas comerciais para produtos como o vestuário, calçado, produtos agrícolas processados e produtos manufaturados.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
197
4.11.2. Acordos entre a União Europeia e Moçambique
O Acordo Cotonu
O Acordo de Cotonu, assinado por 79 países em 2000, é o principal instrumento para a prestação de
assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas
e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.
O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos
países ACP e O Acordo de Cotonu trouxe uma nova visão da cooperação. A nova parceria combina a ajuda
para o desenvolvimento, a dimensão política e os aspetos comerciais. O seu principal objetivo é a redução da
pobreza nos Estados ACP, do qual faz parte Moçambique.
O Acordo de Cotonu previu a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus objetivos, o
Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).
No âmbito do FED o montante global disponibilizado pela UE a Moçambique durante o período de 2008 a
2013, através do acordo designado por “O Documento de Estratégia para Moçambique (2008-2013)”, foi de
cerca 622 milhões de euros.
O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP:
Promoção do investimento;
Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP através de subsídios para
assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para
participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos privados,
nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a partir dos
recursos próprios do Banco Europeu de Investimento;
Criação de instrumentos de garantias de investimento, através da disponibilização e utilização
crescentes, entre outros, de:
Seguros de risco enquanto mecanismo de diminuição do risco, no intuito de aumentar a
confiança dos investidores nos Estados ACP;
Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial,
regimes de resseguros destinados a cobrir o investimento direto estrangeiro realizado por
investidores elegíveis;
Proteção dos investimentos, a promoção de acordos de promoção e de proteção dos
investimentos que possam igualmente constituir a base de sistemas de seguro e de garantia;
Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas Instituições
Financeiras para o Desenvolvimento.
Para além do Acordo de Cotonu que regula as relações entre Moçambique e a UE, há um conjunto de outros
instrumentos de APD que permitiram o reforço das relações, a saber:
Acordo de Parceria Económica (APE) interino, assinado em junho de 2009, com Moçambique,
Botsuana, o Lesoto e a Suazilândia na configuração SADC-EU.
O APE interino já está a ser aplicado pela EU, conferindo um regime de isenção de direitos e sem limite de
contingentes, a todos os bens provenientes de Moçambique. Do lado de Moçambique, uma vez ratificado, o
acordo vai permitir a liberalização de 80,5% dos bens. Os restantes – principalmente produtos agrícolas
incluindo laticínios, produtos à base de carne e produtos à base de peixe, produtos de madeira, bem como
alguns produtos químicos e minerais – estão excluídos da liberalização.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
198
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
199
5.CPLP
Atratividade de Moçambique no
contexto da CPLP
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
200
5. Atratividade de Moçambique no contexto
CPLP
O valor global dos fluxos de IDE nos países da CPLP ascende a 79,5 mil milhões de dólares, sendo que
Moçambique apenas representa cerca de 6,56% desse valor.
Gráfico 83 - Valores (milhões USD) e percentagens de IDE na CPLP no ano de 2012, UNCTAD
No contexto da CPLP, e relativamente à facilidade de se fazer negócios, Moçambique encontra-se bem
posicionado face aos restantes países africanos. Contudo, este indicador poderia ser potenciado se fossem
minimizados alguns constrangimentos, quanto, por exemplo, à obtenção de eletricidade, às formalidades para
registar a propriedade ou obter alvarás.
No contexto da CPLP Moçambique é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte
riqueza em matérias-primas, às descobertas de gás e a integração que tem vindo a realizar na SADC.
Moçambique tem adotado uma estratégia de abertura de economia ainda que dependente da exploração do
potencial de gás e da requalificação das redes de infraestruturas que permita a exploração adequada da
matéria-prima, como o carvão.
Tabela 51 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP
Países Facilidade de se
fazer negócios
Abertura de
empresas
Obtenção de
alvarás de
construção
Obtenção de
eletricidade
Registo de
propriedade
Obtenção
de crédito
Portugal 30 31 78 35 30 104
Cabo Verde 122 129 122 106 69 104
Brasil 130 121 131 60 109 104
Moçambique 146 96 135 174 155 129
Brasil 82.02%
Portugal 11.20%
Moçambique 6.56%
Cabo Verde 0.09%
São Tomé e Príncipe 0.06%
Timor-Leste 0.05%
Guiné-Bissau 0.02%
Outros 0.22%
IDE na CPLP
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
201
Países Facilidade de se
fazer negócios
Abertura de
empresas
Obtenção de
alvarás de
construção
Obtenção de
eletricidade
Registo de
propriedade
Obtenção
de crédito
São Tomé e
Príncipe 160 100 91 72 161 180
Timor-Leste 169 147 116 40 185 159
Angola 172 171 124 113 131 129
Guiné-Bissau 179 148 117 182 180 129
A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis
de especialização diferenciada entre parceiros.
Tabela 52 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)87
Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat
O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no
relacionamento entre Portugal e Angola.
De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso
relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um
decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião
de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010.
Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns
países da CPLP.
O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial
biunívoca.
A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts),
Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu
lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as
estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade
entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de
complementaridade de 72 pts.
87
O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.
Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e
Príncipe Timor Leste Portugal Macau
Angola 5 1 2 4 2 1 80 0Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13
Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0
Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9
São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8
Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4
Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35
Macau 11 8 9 5 12 6 5 1
País
impo
rtad
or
País exportador
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
202
De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2
motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal – país CPLP que
mais destaca nas importações intrarregião.
Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.
Moçambique – Valor total das importações US$ 6 mil milhões, 2012
Principais produtos importados Potenciais fornecedores CPLP
Maquinaria e equipamento de
transporte
Veículos a motor para transporte de
mercadorias
Maquinaria especializada
Máquinas e peças industriais
Máquinas para a construção civil
Outras máquinas e aparelhos para as
indústrias particulares
Eixos de transmissão
Máquinas e aparelhos elétricos
Equipamentos de aquecimento e
refrigeração
Veículos automóveis para transporte de
pessoas
Brasil
Portugal
Maquinaria e equipamento de
transporte Equipamento de telecomunicação Brasil
Combustíveis minerais
Óleos de petróleo ou de minerais
betuminosos> óleo de 70%
Produtos residuais de petróleo
Angola
Brasil
Timor-Leste*
Produtos manufaturados
Barras de ferro e aço, cantoneiras,
perfis e seções
Pneus de borracha e câmaras-de-ar
Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro
e aço
Brasil
Portugal
Alimentos Arroz; Trigo e centeio em grão Brasil
Alimentos Gorduras vegetais e óleos, refinado Portugal
Produtos químicos
Fertilizantes
Medicamentos (incluindo medicamentos
veterinários);
Sabonetes, limpeza e de polimento
Brasil
Portugal
Matéria prima (exceto
combustíveis)
Alumínio
Brasil
Matéria prima (exceto
combustíveis)
Estruturas e peças de ferro, aço,
alumínio
Brasil
Portugal
Outros artigos manufaturados Mobiliário e peças Portugal
Fonte: UNCTAD, UNCTADstat *Indiretamente, produz matéria prima
Alguns dos produtos com potencial de produção local*
Maquinaria e equipamento de transporte Máquinas e peças industriais
Materiais de construção
Produtos manufaturados
Ferro e aço
Têxtil
Vestuário e calçado
Alimentos Atividade agrícola e da agroindústria
*Para mais dados ver setores.
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
203
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC ................................................................................................... 31
Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC .................................................................................................... 46
Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) ................................................................................. 47
Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$) ................................... 63
Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030 .................................................................. 81
Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas ....................................................................................................... 82
Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 2015 (US$M) ............................................................ 83
Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica ....................................................... 91
Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético ................................................................................. 91
Tabela 10 - Eficiência dos transportes .................................................................................................................................. 92
Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes ....................................................................... 92
Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico ................................................................................................... 92
Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento ................................................................. 93
Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana .................................................................................................................... 94
Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) ...................................................................................... 106
Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas .................................................................................................... 107
Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$) .................................................................................. 109
Tabela 18 - Evolução da taxa de juro .................................................................................................................................. 118
Tabela 19 - Principais Indicadores Macroeconómicos 2012-2014 ...................................................................................... 119
Tabela 20- IDH Moçambique (PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Evolução desde 2000) 120
Tabela 21 - Objetivo do Ministério da Planificação e Desenvolvimento – Ministério das Finanças: Previsão da contribuição
setorial do PIB ..................................................................................................................................................................... 121
Tabela 22 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações ..................................................................................................... 124
Tabela 23– Energia ............................................................................................................................................................. 128
Tabela 24 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Gás ....................................................... 130
Tabela 25 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Carvão .................................................. 130
Tabela 26 - Indicadores de energia elétrica de Moçambique .............................................................................................. 134
Tabela 27 - Transportes e comunicações – Taxa de crescimento ...................................................................................... 134
Tabela 28 - Principais linhas férreas de Moçambique ......................................................................................................... 137
Tabela 29 - Comparação da capacidade e eficiência dos portos da região ........................................................................ 138
Tabela 30 - Indicadores hídricos e de saneamento ............................................................................................................. 140
Tabela 31 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – telefones ........................................ 142
Tabela 32 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – internet .......................................... 142
Tabela 33 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica ................................................... 143
Tabela 34 - Projetos previstos em Moçambique no setor energético .................................................................................. 144
Tabela 35 - Intervenção profunda ao nível das infraestruturas logísticas em Moçambique ................................................ 144
Tabela 36- Projetos previstos em Moçambique no setor dos transportes ........................................................................... 144
Tabela 37 - Abastecimento de água e saneamento básico ................................................................................................. 145
Tabela 38 - Abertura da economia moçambicana ............................................................................................................... 146
Tabela 39- IDE em Moçambique: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010 ........................... 157
Tabela 40 - Potencialidades a Nível Setorial ....................................................................................................................... 162
Tabela 41 - Potencialidades a Nível Infraestrutural ............................................................................................................. 163
Tabela 42 - Potencialidades a Nível Institucional (Fonte: Proposta do PES 2014) ............................................................. 163
Tabela 43- Número de balcões e máquinas automáticas existentes por província ............................................................. 165
Tabela 44 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC ......................................................................................... 180
Tabela 45 - Quadro resumo com os principais impostos de Moçambique .......................................................................... 187
Tabela 46 - Paying Taxes - SADC....................................................................................................................................... 188
Tabela 47 - Paying Taxes – CPLP ...................................................................................................................................... 189
Tabela 48 – Tribunais judiciários em Moçambique. ............................................................................................................ 191
Tabela 49 - Protocolos da SADC e posicionamento de Moçambique face aos mesmos .................................................... 193
Tabela 50- Acordos Bilaterais de Moçambique ................................................................................................................... 196
Tabela 51 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP .......................................................................................... 200
Tabela 52 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%) .............................................................................. 201
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
204
Índice de Gráficos
Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012 ........................................................................................... 32
Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013 .................. 33
Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e
do peso do PIB do País no total da SADC ............................................................................................................................ 34
Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola % ............................................................................................... 36
Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique % ...................................................................................... 37
Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul ............................................................................................. 39
Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto ...................................................................................................... 40
Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar .............................................................................................. 41
Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui ....................................................................................................... 41
Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo .......................................................... 41
Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) – Suazilândia ............................................................................................ 41
Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles ...................................................................................... 42
Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias % ........................................................................................... 43
Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana ................................................................................................ 44
Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia .................................................................................................. 45
Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia ................................................................................................... 45
Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região .................................................................... 48
Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região ................................................................... 48
Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012) ..................................................................................................... 49
Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino ................................................................. 52
Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 53
Gráfico 22 - Importações SADC da China ............................................................................................................................. 54
Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha ...................................................................................................................... 54
Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA ............................................................................................................................. 55
Gráfico 25 - Importações SADC da Índia .............................................................................................................................. 55
Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido .................................................................................................................. 56
Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012 ............................................. 57
Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 57
Gráfico 29 - Exportações SADC para a China ...................................................................................................................... 58
Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA ....................................................................................................................... 58
Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia ........................................................................................................................ 58
Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido ............................................................................................................ 58
Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio) ........................................................ 59
Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal ........................................................................................................................... 60
Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil ............................................................................................................................. 61
Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio) .................................................................... 61
Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal ..................................................................................................................... 62
Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil ....................................................................................................................... 62
Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012 ................................................................................................... 63
Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC .............................................................................. 74
Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$ ........................................................................................................ 75
Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB .................................................................................................................... 75
Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011 ....................................................................................................................... 77
Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul ...................................................................................... 79
Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas) .................................................. 91
Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012 .................................... 95
Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos......................................................................................................... 95
Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP ................................................................................................................. 96
Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil .................................................................................................................. 98
Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique ...................................................................................................... 99
Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal ........................................................................................................... 100
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
205
Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino .................................................... 100
Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos ...................................................................................................... 101
Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP .................................................................................................................. 101
Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique ................................................................................................. 102
Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola .......................................................................................................... 103
Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil ......................................................................................................... 104
Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal ........................................................................................................ 105
Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012 ..................................................................................................... 108
Gráfico 60 - Crescimento anual PIB Moçambicano (últimos 5 anos) .................................................................................. 114
Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) ..................................................................................... 115
Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) ........................................................................................ 115
Gráfico 63 - Evolução da reserva em moeda estrangeira e ouro ........................................................................................ 117
Gráfico 64 - Previsões de crescimento para Moçambique .................................................................................................. 119
Gráfico 65 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas ................................................................................................. 121
Gráfico 66 - Evolução das exportações ............................................................................................................................... 124
Gráfico 67 - Produto Interno Bruto por setor – Moçambique ............................................................................................... 126
Gráfico 68 - Condições da rede rodoviária principal na África subsariana .......................................................................... 140
Gráfico 69- Investimento privado por fonte, 1999-2011 (em % do investimento privado total aprovado) ............................ 145
Gráfico 70 - Importações moçambicanas de Portugal ......................................................................................................... 148
Gráfico 71 - Importações moçambicanas do Brasil ............................................................................................................. 149
Gráfico 72 - Evolução das importações de Moçambique e principais países de origem, 2008-2012 .................................. 149
Gráfico 73 - Importações moçambicanas - Top produtos .................................................................................................... 150
Gráfico 74 - Exportações moçambicanas - CPLP ............................................................................................................... 151
Gráfico 75 - Exportações moçambicanas para Portugal ..................................................................................................... 152
Gráfico 76 - Evolução das exportações de Moçambique e principais países de destino, 2008-2012 ................................. 154
Gráfico 77 - Exportações Moçambicanas - Top produtos .................................................................................................... 154
Gráfico 78 - Exportações moçambicanas de alumínio (US $milhões) ................................................................................. 155
Gráfico 79 - Exportações moçambicanas de combustíveis (US$ milhões) ......................................................................... 155
Gráfico 80 - Fluxos de IDE em Moçambique, 2008-2012 (African Economic Outlook) ....................................................... 156
Gráfico 81 – Moçambique – Peso das Regiões no PIB ....................................................................................................... 159
Gráfico 82 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade........................ 179
Gráfico 83 - Valores (milhões USD) e percentagens de IDE na CPLP no ano de 2012, UNCTAD ..................................... 200
Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP
206
Índice de Figuras
Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013 .......................................................................................................................... 22
Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC ................................................................................................................. 23
Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013 ................................................................................................................ 30
Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em 2014 ........................................................................................................ 33
Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto ......................................................................... 50
Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto .................................................................................. 51
Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC .......................................................................... 59
Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC .............................................................................. 60
Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013 ................................................................. 82
Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul ....................................................................................... 84
Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos ............................................................................................. 85
Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) ................................................................................. 86
Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas .......................................................................................................... 88
Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola ................................................................................................. 97
Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil ................................................................................................... 97
Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique ....................................................................................... 98
Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal .............................................................................................. 99
Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique .................................................................................. 102
Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola ............................................................................................ 103
Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil ........................................................................................... 104
Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal ......................................................................................... 105
Figura 22 - Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 109
Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 110
Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 2012 .................................................................................. 110
Figura 25 - Potencial de gás natural em Moçambique ........................................................................................................ 129
Figura 26 - O Estado das Infraestruturas em África - Moçambique ..................................................................................... 131
Figura 27 - Corredores ferroviários em Moçambique .......................................................................................................... 136
Figura 28 - Principais importações moçambicanas de Portugal .......................................................................................... 147
Figura 29 - Principais importações moçambicanas do Brasil .............................................................................................. 148
Figura 30 - Principais exportações moçambicanas para Portugal ....................................................................................... 152
Figura 31 - Principais exportações moçambicanas para o Brasil ........................................................................................ 153
Figura 32 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 165
Figura 33 - Taxas de juro em Moçambique ......................................................................................................................... 166
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Apoio: Projeto Co-Financiado:
Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: