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Projeto Navegar – inclusão digital na Amazônia Hélio Batista Barboza – Curso de Mestrado em Administração Pública e Governo da FGV-EAESP Categoria: Pós-graduação acadêmica Resumo: O artigo analisa o Projeto Navegar, uma iniciativa do governo do Estado do Amapá que tem por objetivo a inclusão digital das comunidades ribeirinhas do arquipélago do Bailique, na foz do rio Amazonas. O autor visitou o Projeto no âmbito do Programa Gestão Pública e Cidadania, uma iniciativa da Fundação Getulio Vargas e da Fundação Ford, com apoio do BNDES. A iniciativa do governo do Amapá está concorrendo a um prêmio para inovações introduzidas por governos subnacionais, concedido anualmente pelo Programa Gestão Pública e Cidadania. Além de descrever o funcionamento do Programa, o artigo destaca seus aspectos inovadores, suas dificuldades (como a descontinuidade administrativa) e sua importância no combate à exclusão digital no Brasil. Conclui-se que o Projeto pode ser aplicado em outras regiões e, no futuro, pode ampliar seu impacto 1

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O artigo analisa o Projeto Navegar, uma iniciativa do governo do Estado do Amapá que tinha por objetivo a inclusão digital das comunidades ribeirinhas do arquipélago do Bailique, na foz do rio Amazonas. O autor visitou o Projeto em 2002 no âmbito do Programa Gestão Pública e Cidadania, uma iniciativa da Fundação Getulio Vargas e da Fundação Ford, com apoio do BNDES.

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Page 1: Projeto Navegar - RAE

Projeto Navegar – inclusão digital na Amazônia

Hélio Batista Barboza – Curso de Mestrado em Administração Pública e Governo da FGV-EAESP

Categoria: Pós-graduação acadêmica

Resumo: O artigo analisa o Projeto Navegar, uma iniciativa do governo do Estado do Amapá que tem

por objetivo a inclusão digital das comunidades ribeirinhas do arquipélago do Bailique, na foz do rio

Amazonas. O autor visitou o Projeto no âmbito do Programa Gestão Pública e Cidadania, uma

iniciativa da Fundação Getulio Vargas e da Fundação Ford, com apoio do BNDES. A iniciativa do

governo do Amapá está concorrendo a um prêmio para inovações introduzidas por governos

subnacionais, concedido anualmente pelo Programa Gestão Pública e Cidadania. Além de descrever o

funcionamento do Programa, o artigo destaca seus aspectos inovadores, suas dificuldades (como a

descontinuidade administrativa) e sua importância no combate à exclusão digital no Brasil. Conclui-se

que o Projeto pode ser aplicado em outras regiões e, no futuro, pode ampliar seu impacto sobre a

comunidade atendida, principalmente se funcionar de modo mais integrado com a Secretaria de

Educação.

Palavras-chave: Informática, Gestão Pública, Amazônia, Comunicação, Inclusão digital.

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Projeto Navegar – inclusão digital na Amazônia

Categoria: Pós-graduação acadêmica

Resumo: O artigo analisa o Projeto Navegar, uma iniciativa do governo do Estado do Amapá que tem

por objetivo a inclusão digital das comunidades ribeirinhas do arquipélago do Bailique, na foz do rio

Amazonas. O autor visitou o Projeto no âmbito do Programa Gestão Pública e Cidadania, uma

iniciativa da Fundação Getulio Vargas e da Fundação Ford, com apoio do BNDES. A iniciativa do

governo do Amapá está concorrendo a um prêmio para inovações introduzidas por governos

subnacionais, concedido anualmente pelo Programa Gestão Pública e Cidadania. Além de descrever o

funcionamento do Programa, o artigo destaca seus aspectos inovadores, suas dificuldades (como a

descontinuidade administrativa) e sua importância no combate à exclusão digital no Brasil. Conclui-se

que o Projeto pode ser aplicado em outras regiões e, no futuro, pode ampliar seu impacto sobre a

comunidade atendida, principalmente se funcionar de modo mais integrado com a Secretaria de

Educação.

Palavras-chave: Informática, Gestão Pública, Amazônia, Comunicação, Inclusão digital.

Antes que a maré comece a baixar, o barco “Fé em Deus da Tiana” deixa o porto de Macapá em

direção ao norte, rumo ao Arquipélago do Bailique, deslizando pelas águas barrentas da foz do

Amazonas numa madrugada de agosto de 2002. É um barco branco, de construção recente, com dois

pavimentos. No pavimento superior, além da cabine do comandante, há um pequeno laboratório de

informática: uma sala refrigerada, protegida por vidros fumê, equipada com oito microcomputadores,

uma câmera de vídeo, um scanner, uma máquina fotográfica digital e duas antenas de conexão via

satélite à Internet. No pavimento inferior, passageiros e tripulantes acomodam-se nas redes para tentar

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dormir, apesar do barulho do motor. Preparam-se para enfrentar doze horas de uma viagem que,

embora cansativa, faz parte da rotina da embarcação e de alguns desses passageiros.

Essa rotina começou há dois anos, quando o governo do Amapá, por meio de sua empresa de

processamento de dados (Prodap), implementou o Projeto Navegar. O objetivo imediato do Projeto é

promover a inclusão digital das comunidades ribeirinhas, que até há pouco tempo não tinham acesso

nem mesmo à rede de energia elétrica e à educação. Para diminuir a distância entre essas pessoas e a

moderna tecnologia, o Projeto oferece um curso de informática, incluindo a Internet.

A experiência integra um conjunto de iniciativas do Prodap que têm por meta, nas palavras de

seu diretor, José Roberto Lacerda Ramos, “transformar o Amapá no Estado com o maior índice de

inclusão digital do país”1. Tais iniciativas, por sua vez, estão inseridas em um programa mais amplo, o

Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), que desde 1995 é o norteador dos

projetos executados pelo governo de João Alberto Capiberibe (PSB). O PDSA baseia-se nas diretrizes

formuladas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

realizada no Rio de Janeiro em 1992, e tem como objetivo principal o desenvolvimento da economia do

Estado de forma sustentável. Busca-se o aproveitamento dos recursos naturais de maneira a assegurar a

preservação dos ecossistemas, com a agregação de valor aos produtos extraídos da floresta, do solo e

dos rios, além do desenvolvimento de cadeias produtivas para o beneficiamento dessas matérias-primas

(castanha, mel, pescado, plantas fitoterápicas, etc.). O Programa também visa promover a justiça social,

desconcentrar a economia do Amapá (atualmente concentrada na região de Macapá e Santana) e

incentivar a participação da sociedade civil na formulação e execução dos projetos governamentais.

(Moulin, 2000)2

1 O Prodap está trabalhando também na inclusão digital de deficientes visuais, utilizando um sistema desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.2 Outras quatro iniciativas que fazem parte do PDSA foram premiadas pelo Programa Gestão Pública e Cidadania: “Programa Família Cidadã” e “Projeto Castanha” (2001), “Programa de Medidas Socioeducativas” (2000) e “Projeto Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania” (1999).

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O acesso ao conhecimento técnico-científico constitui um dos pilares do PDSA e a região do

Arquipélago do Bailique, na foz do Amazonas, é considerada estratégica para a implementação do

Programa. É para lá que se dirige o barco do Projeto Navegar nesta madrugada de agosto, levando

técnicos do Prodap e o cineasta Jorge Bodanzky, um dos criadores do Projeto. Depois de dirigir

diversos documentários e filmes de ficção sobre a Amazônia (como o longa-metragem Iracema: uma

transa amazônica), Bodanzky imaginou uma forma de fazer com que as comunidades locais

recebessem informações do resto do mundo e, ao mesmo tempo, produzissem informações sobre si

mesmas. Em 1996, numa conversa com seu amigo, o diretor do Prodap, surgiu a idéia de um barco

equipado com recursos de conexão via satélite à Internet. “O Projeto é mais amplo”, explica o cineasta.

“O que estamos fazendo é o embrião de uma futura TV da Amazônia, transmitida pela Internet e

produzida pelas próprias comunidades da região”.

Entre a concepção do Projeto e a sua implementação, entretanto, quatro anos se passaram. Uma

das dificuldades foi encontrar o barco adequado (que não balançasse muito, que tivesse o tamanho

apropriado, etc.). Alugado pelo Prodap, o barco “Fé em Deus da Tiana” passou por uma reforma para

receber os equipamentos. Uma embarcação maior acaba de ser reformada, tendo-se em vista a

ampliação do Projeto Navegar, possibilitada pela criação da ONG Navegar Amazônia. Os responsáveis

pelo Projeto acreditam que a ONG terá recursos suficientes para comprar um barco, ao invés de alugar,

como o Prodap faz atualmente.

O Arquipélago do Bailique

O destino do barco é um conjunto de oito ilhas situadas na foz do rio Amazonas, a cerca de 150

quilômetros de Macapá. Juntamente com uma área continental conhecida como região do Pacuí, essas

ilhas (Curuá, Parazinho, do Meio, Faustino, Bailique, Franco, Brigue e Marinheiro), formam o

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Page 5: Projeto Navegar - RAE

Bailique, distrito da capital. Trata-se de uma paisagem que, devido à sua localização e à riqueza de sua

biodiversidade, tem importância fundamental para o estudo das alterações ambientais que ocorrem na

Amazônia. O arquipélago abriga, inclusive, uma Unidade de Conservação Ambiental: a ilha do

Parazinho, utilizada como local de procriação pelos quelônios (tartarugas-da-amazônia).

No Arquipélago vivem cerca de 8.500 pessoas, distribuídas por 38 comunidades, muitas das

quais habitadas por famílias com diversos graus de parentesco entre si. Segundo Rita de Cássia Pereira

Furtado, assessora do Prodap, isso acontece porque, uma vez formada a comunidade os membros das

famílias recusam-se a abandonar o local, mesmo depois que se casam e constituem sua própria família.

Outra característica dessas comunidades é que seus habitantes se casam cedo e logo abandonam os

estudos. A viagem até a capital não é muito freqüente, devido à duração (12 horas) e ao preço: em

agosto de 2002, a passagem de barco no trecho Macapá-Bailique custava R$ 20,00.

A pesca, o extrativismo de açaí, a apicultura, a carpintaria naval e a agropecuária são as

principais atividades econômicas do distrito. Acreditando que o ecoturismo também pode se

desenvolver como uma importante fonte de renda para a região, o governo do Amapá está concluindo a

construção de um hotel ecológico no Arquipélago. Desde o início da implementação do Programa de

Desenvolvimento Sustentável do Amapá, vários outros investimentos foram realizados pelo governo

estadual no Bailique, como a inauguração de uma escola com proposta pedagógica e projeto

arquitetônico adaptados à realidade local – a Escola Bosque –, a criação de um Batalhão Ambiental, a

implantação de um programa de renda mínima (Programa Família Cidadã), etc.

Graças ao aproveitamento da mão-de-obra local e dos recursos naturais da região (como a

madeira das construções e a palha que serve de telhado para a Escola Bosque e o hotel ecológico), tais

investimentos contribuíram muito para a geração de empregos e o aumento da renda da população. Por

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isso, a simplicidade das casas é preenchida pelos eletrodomésticos presentes em qualquer centro

urbano: aparelhos de TV e de som, ventiladores, geladeiras, etc.

Até recentemente, uma das principais carências do Arquipélago era a energia elétrica. Muitas

comunidades dependiam do uso de geradores, que funcionavam das 18 às 24 horas. Em março de 2002,

algumas dessas comunidades (as mais habitadas), passaram a contar com o fornecimento constante de

energia elétrica, graças à inauguração de uma linha de transmissão. Saneamento básico e assistência

médica também constam entre as necessidades mais urgentes do Bailique, segundo seus moradores.

Apesar de tais carências e de levar uma vida simples, a população ribeirinha não chega a

padecer os infortúnios da miséria. Pelo contrário: a natureza é pródiga; as habitações, embora sejam

rústicas, têm um certo conforto e as pessoas, mesmo pobres, vivem com dignidade. Associações

comunitárias e de pescadores espalham-se pelo distrito e o Bailique como um todo tem um Conselho

Comunitário, que procura organizar a população local e encaminhar suas reivindicações ao governo. O

Conselho também ajuda a divulgar o Projeto Navegar entre a comunidade, por meio de sua rádio

comunitária.

Os responsáveis pelo Projeto acreditam que a iniciativa pode potencializar a economia da

região, contribuindo para a divulgação de seus atrativos como local de pesquisa e de turismo ecológico

e apoiando a comercialização dos produtos regionais.

Na opinião dos moradores, o curso de informática pode evitar que eles fiquem totalmente

marginalizados pela modernidade. Contudo, os mais velhos, de maneira geral, não esperam uma

revolução em suas vidas e não chegam a vislumbrar toda a gama de possibilidades que o computador

lhes abre. Neste estágio inicial, em que começam a ter contato com a novidade, eles a vêem apenas

como uma forma de facilitar certas tarefas do cotidiano e de melhorar a comunicação com Macapá e

com outros centros distantes. Para Marinete Mota Rocha, por exemplo, o computador poderia facilitar

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o seu trabalho como presidente da Colônia de Pescadores do Franquinho, uma das comunidades do

Arquipélago do Bailique. “Hoje, quando precisamos redigir um documento, temos de ir até algum

escritório em Macapá e pedir a ajuda de um voluntário”, conta. Na mesma comunidade, o pescador

Rubens Mota Rocha acredita que, com o computador, será mais fácil entrar em contato com a

Confederação Nacional dos Pescadores. “Trabalhamos muito com as lideranças das associações [de

pescadores] e sentimos falta de uma comunicação mais rápida”, diz ele. “Se quisermos passar um fax

para a Confederação temos de, primeiro, ir a Macapá e pedir a um funcionário da Federação”, reclama.

Os mais jovens, por sua vez, acham que o computador seria uma ajuda valiosa nos trabalhos

escolares, tanto como fonte de informações (por meio da Internet), quanto como ferramenta para a

edição e a formatação dos textos. Reconhecem que dificilmente poderiam se deslocar até a capital e

pagar um curso de informática. Muitos também esperam que o computador amplie as oportunidades de

emprego. “Quem sabe eu consigo um emprego aqui mesmo na Escola Bosque?”, anima-se o estudante

Zaqueu Barbosa Vilhena, de 19 anos, que está concluindo o ensino médio e pretende trabalhar com

informática.

No entanto, adultos, adolescentes e crianças têm a mesma queixa sobre o Projeto: a falta de

continuidade do curso. Cada vez que o barco sai de uma comunidade para atender outra, deixa para trás

um grupo de ex-alunos receosos de esquecer o que aprenderam3. Por isso, um dos principais resultados

gerados pelo Projeto até agora talvez seja a demanda, por parte da população, pela instalação de

microcomputadores nas próprias comunidades.

Computadores em terra firme: os planos para o futuro

3 Uma das ex-alunas contou que, à noite, costuma reler as apostilas, para não esquecer o conteúdo do curso.

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Segundo o diretor do Prodap, José Roberto Lacerda Ramos, existem três caminhos para se

conseguir a instalação dos microcomputadores de uso comunitário. Essas três possibilidades não são

excludentes entre si e, na melhor das hipóteses, podem até ocorrer de forma simultânea, acelerando a

chegada dos equipamentos.

A primeira delas é o Projeto Cidadão Digital, que visa a implantação de núcleos para o ensino

de informática e o acesso à Internet em localidades de baixa renda. Até agosto de 2002, haviam sido

implantados três núcleos do Projeto Cidadão Digital: um no município de Santana, outro no Distrito de

Fazendinha e um terceiro no Igarapé da Fortaleza (divisa entre Macapá e Santana). Para a montagem

dos núcleos, utilizaram-se microcomputadores usados, que foram doados pelo Prodap e pela Secretaria

de Estado da Indústria, Comércio e Mineração (Seicom). Devido a dificuldades burocráticas para se

conseguir a doação de microcomputadores usados pelos órgãos do governo, o Prodap está comprando

30 microcomputadores, a fim de montar outros seis núcleos do Projeto Cidadão Digital, segundo a

assessora técnica da presidência do Prodap, Lucimara Souza da Silva. A meta é colocar pelo menos

dois microcomputadores em cada comunidade, inclusive nas que fazem parte do Arquipélago do

Bailique, utilizando os recursos orçamentários do próprio Prodap.

O segundo caminho para instalar os microcomputadores nas comunidades é conseguir verbas

junto ao Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST), criado pelo governo

federal durante o processo de privatização do sistema Telebras. De acordo com a lei que regulamentou

o setor de telecomunicações após a privatização, cada uma das operadoras privadas deve destinar 1%

de seu faturamento para o Fundo, a fim de se garantir que as comunidades remotas e de baixa renda

tenham acesso aos serviços. O uso dos recursos do FUST é definido pelo Ministério das

Comunicações, e sua implementação, acompanhamento e fiscalização competem à Agência Nacional

de Telecomunicações (Anatel). Parte do dinheiro do Fundo destina-se ao Projeto Bibliotecas do FUST,

que possui uma vertente voltada para o Terceiro Setor. As ONGs que se candidatam a receber as verbas

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desse Projeto devem se responsabilizar pela montagem e manutenção de uma biblioteca comunitária

com pelo menos 500 livros. Livros didáticos ou fornecidos pelo governo federal não entram nessa

conta. Em contrapartida, o FUST viabiliza a instalação de um telecentro na biblioteca, equipado com

servidor, microcomputadores, impressora e acesso à Internet. Outra exigência é que a ONG interessada

em participar do Projeto se organize sob a forma de Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público (OSCIP)4.

Em parte para atender a essa exigência, os criadores do Projeto Navegar fundaram a OSCIP

Navegar Amazônia. A entidade funciona como um “guarda-chuva”, sob o qual se abrigam as ONGs da

região amazônica interessadas em participar do Projeto Bibliotecas do FUST e que não puderam ou não

quiseram se organizar sob a forma de OSCIP. Atualmente, há mais de 60 ONGs vinculadas à OSCIP

Navegar Amazônia, cerca de sete delas na região do Bailique. São associações comunitárias, colônias

de pescadores, entidades ambientalistas, etc. De acordo com o diretor do Prodap, a primeira fase da

implantação de telecentros deve começar ainda neste semestre, atendendo as ONGs que já conseguiram

os 500 livros e que já adaptaram o espaço para a instalação dos equipamentos. As ONGs do Bailique

não se encontram nessa situação, assim como diversas organizações de outras regiões da Amazônia

que, devido a dificuldades para conseguir a doação de livros, ainda estão completando a biblioteca.

A OSCIP Navegar Amazônia, entretanto, não foi criada apenas para atender às exigências do

Projeto Bibliotecas do FUST. Ela também constitui o principal instrumento da futura expansão do

Projeto Navegar para outras regiões da Amazônia, muito além das fronteiras do Estado do Amapá, com

a utilização de mais barcos e de outros meios de transporte, por via terrestre, como caminhões e ônibus.

Além disso, como dispõe de maior flexibilidade do que um órgão estatal como o Prodap, a OSCIP pode

receber verbas de diversas fontes, privadas e públicas, nacionais e internacionais. Com a aplicação

4 O governo federal só pode fazer convênios com as ONGs que estiverem sob a forma de OSCIP, segundo a lei 9790/99, que criou essa qualificação para as entidades da sociedade civil. Uma das principais diferenças em relação às demais ONGs é que as OSCIP podiam remunerar seus dirigentes mas, nesse caso, perdiam a isenção do Imposto de Renda. No final de agosto de 2002, entretanto, o governo editou a Medida Provisória 66, que concede às OSCIP a isenção do Imposto.

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dessas verbas, a OSCIP viabilizaria o terceiro caminho para se conseguir a instalação de

microcomputadores nas comunidades.

A criação da OSCIP visa também assegurar a continuidade do Projeto Navegar após a mudança

de governo, a partir de 2003. Para isso, a organização pode aproveitar a visibilidade alcançada pelo

Projeto, que chegou a ser tema de uma reportagem no telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo.

Da Escola Bosque para o mundo

Mesmo antes da instalação dos microcomputadores nas comunidades, o Prodap busca ampliar o

leque de serviços oferecidos à população ribeirinha por meio de seu barco informatizado. Parcerias

com outros órgãos governamentais possibilitam, ainda que de forma pontual, o aproveitamento do

barco para outros usos além do curso de informática.

Exemplo disso é o trabalho realizado com a Fundação Estadual de Cultura (Fundecap) e com o

Departamento Municipal de Cultura de Macapá, que resultou num mapeamento das manifestações

culturais da região, bem como na descoberta e restauração de algumas relíquias, como um sino do

século XVIII, imagens religiosas, lampiões, etc. A equipe do Prodap acredita que o trabalho pode ser

aprofundado a ponto de promover uma revitalização das tradições culturais do Arquipélago.

Recentemente, o Prodap também fez uma parceria com o Serviço de Identificação Civil (SIC),

órgão encarregado da emissão de carteiras de identidade. Diante do grande número de moradores do

Bailique que não possuem documentos pessoais, o SIC quer fazer a emissão de carteiras no barco do

Projeto Navegar, evitando que as pessoas tenham de se deslocar até Macapá para obter a

documentação. Em agosto de 2002 foi testada com sucesso a conexão do barco, pela Internet, ao banco

de dados do SIC.

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Além dessas parcerias, atualmente a principal interface do Projeto Navegar é com a Escola

Bosque – Módulo Regional do Bailique. Inaugurada pelo governo estadual em 1997 na comunidade de

Vila Progresso, a Escola é a primeira da região a oferecer o ensino fundamental completo e o ensino

médio. A Escola Bosque trabalha com uma proposta pedagógica diferenciada, que parte dos

conhecimentos locais, enfatizando a educação ambiental e a utilização sustentável dos recursos

naturais.5 A importância da Escola no cotidiano da região pode ser medida pela intensa movimentação

de barcos em seu ancoradouro, levando e trazendo alunos ao final de cada turno de aulas. A cena faz

lembrar o movimento de automóveis nas portas das escolas particulares de qualquer centro urbano.

Às vezes, o barco do Projeto Navegar fica ancorado por alguns dias em frente à Escola Bosque,

oferecendo aulas de informática aos alunos que moram nas proximidades. Nos últimos meses, a equipe

do Prodap também ajudou a Escola a montar um laboratório de informática. Em agosto de 2002, a

equipe viveu momentos de expectativa e de festa, porque depois de um grande esforço conseguiu

completar mais uma etapa dessa parceria: a conexão da Escola à Internet, numa velocidade de

transmissão de 256 Kbps (kilobytes por segundo)6. Essa conexão é possível graças a uma antena da

Embratel (empresa vencedora da licitação feita pelo Prodap) e por cabos de fibra óptica que ligam a

Escola à capital. Uma semana depois de instalada a conexão, professores e alunos da Escola Bosque

utilizaram o sistema para participar do “Amazônia BR”, evento promovido pelo Sesc Pompéia, em São

Paulo. O cineasta Jorge Bodanzky aproveitou para iniciar um curso de cinema e vídeo junto aos alunos.

Eles aprenderam a manipular câmeras digitais e transmitiram para o evento reportagens sobre a Escola

5 A proposta pedagógica diferenciada se reflete até no projeto arquitetônico da Escola, composto por módulos circulares de madeira e cobertura de palha, em um terreno de 39 hectares que inclui ainda uma horta, um espaço para a criação de porcos, outro para a criação de patos e galinhas e um alojamento para os professores. Entre as competições esportivas promovidas pela Escola encontram-se a escalada do açaizeiro, o remo e a natação. A implantação da Escola Bosque gerou expressivo número de empregos na região do Bailique, principalmente no fornecimento do material de construção, na merenda escolar (também adaptada ao cardápio regional) e no transporte de alunos, com o aluguel de barcos pelo governo do Estado. Em 1998, a Escola Bosque se inscreveu no Programa Gestão Pública e Cidadania, ficando entre os 100 semifinalistas.6 A conexão mais comum nas residências brasileiras é de 64 kbps. Para se ter uma idéia, a conexão de 256 kbps é tão veloz que permite a transmissão simultânea de imagens, possibilitando a realização de videoconferências.

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Page 12: Projeto Navegar - RAE

e a região. Na mesma ocasião, ajudaram a elaborar, juntamente com estudantes paulistas, a Carta da

Juventude para a Conferência Rio+10, que se realizou no final de agosto na África do Sul.

Segundo a coordenadora pedagógica da Escola Bosque, Marluce Cristina da Silva, a

comunicação pela Internet levará os alunos a valorizar a realidade em que vivem, a partir da

curiosidade dos internautas de outras partes do país e até do exterior, principalmente dos interessados

em conhecer melhor a Amazônia. “Eles também poderão entrar em contato com realidades distantes,

que até agora só tinham visto em livros e revistas”, prevê Marluce. Os alunos estavam ansiosos para

praticar o que haviam aprendido no curso oferecido pelo Projeto Navegar e a montagem do laboratório

de informática na Escola foi motivo de grande alegria.

A festa só não foi completa porque os 30 microcomputadores prometidos pela Secretaria

Estadual de Educação não haviam chegado e a Escola Bosque contava apenas com um

microcomputador para equipar o laboratório. Diante disso, o diretor do Prodap providenciou a doação e

o envio imediato para a Escola de mais dois microcomputadores, do acervo da própria empresa. Outro

obstáculo a superar é a falta de capacitação dos professores da Escola para lidar com os

microcomputadores. A própria coordenadora pedagógica confessou não ter sequer os conhecimentos

básicos de informática. Por isso, os professores aproveitaram a presença do diretor do Prodap e

solicitaram um treinamento específico para o corpo docente.

Satélite gratuito, software livre e computador popular

“O senhor acha que, depois de velho, papagaio ainda aprende a falar?”, indagou, ao final de sua

primeira aula, um pescador do Bailique, cheio de incredulidade. Na sala refrigerada do barco, o

professor coçou o queixo, abriu um sorriso e explicou que, com um pouco de paciência e persistência,

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mesmo um papagaio velho aprende a falar. O pescador então examinou as próprias mãos calejadas e

disse que, tendo passado dos 50 anos, sentia as articulações “enferrujadas”. Achava que isso poderia

prejudicar seu desempenho frente a um computador. O professor tratou de encorajá-lo: com o tempo,

ele teria diante do micro a mesma habilidade que exibia ao lidar com a roça e com os peixes.

Com pouco menos de 30 anos, o funcionário do Prodap que dá aulas de informática orgulha-se

de também ter nascido em beira de rio, como seus alunos. “Explico a eles que estão diante de uma

oportunidade valiosa, porque paguei caro para fazer um curso que eles fazem de graça”, diz. Ele gosta

de lembrar que sua origem ribeirinha facilita a comunicação com os alunos, pois lhe permite encontrar

a linguagem adequada para o ensino.

Desde o início do Projeto até agosto de 2002, cerca de 200 alunos passaram por suas aulas,

entre crianças, jovens e adultos. Segundo a assessora técnica do Prodap, Rita de Cássia Pereira Furtado,

ainda neste ano pretende-se levar o curso a mais 10 comunidades. “Mas há comunidades tão isoladas

que provavelmente nunca receberão a visita do Projeto”, admite a assessora. Por outro lado, algumas

vilas estão sendo visitadas pela segunda vez.

Ao longo do ano, Rita percorre as comunidades do Bailique, acompanhada por outro

funcionário do Prodap, identificando os interessados em fazer o curso, que preenchem uma ficha de

inscrição. Alguns fazem a inscrição quando vão a Macapá, preenchendo a ficha na sede do Prodap. A

comunidade se encarrega de decidir quem deve ser priorizado, já que a demanda pelo curso costuma

superar a oferta de vagas. Os moradores não atendidos na primeira leva ficam na lista de espera para as

turmas seguintes, aguardando a próxima visita do barco. Com as inscrições recebidas, a equipe do

Projeto reúne-se no início de cada ano para o planejamento anual, definindo as datas e os locais a serem

percorridos pelo barco.

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Page 14: Projeto Navegar - RAE

Em cada uma das comunidades, o barco fica ancorado em média duas semanas, tempo

suficiente para um curso de 30 horas-aula, divididas em 10 dias úteis. Nesse período, o Projeto atende

os alunos em três turnos (manhã, tarde e noite), de acordo com a disponibilidade de cada um.

Geralmente, o turno da manhã é ocupado pelas crianças (que freqüentam a escola no período

vespertino), os adolescentes chegam à tarde e os adultos fazem o curso à noite, depois do trabalho. No

início, trabalhava-se com dois alunos em cada microcomputador mas, percebendo que isso prejudicava

o rendimento das aulas, a equipe passou a trabalhar com um aluno em cada micro, mesmo tendo de

reduzir vagas e aumentar a lista de espera.

Nos três turnos, o curso segue o mesmo roteiro, começando com uma aula introdutória sobre o

funcionamento do microcomputador e seus principais componentes. O professor ilustra essa aula com

um microcomputador desmontado (para mostrar as peças do equipamento) e distribui um livreto com

as noções básicas de informática. Depois, os alunos passam a conhecer o ambiente Windows e

aprendem a fazer desenhos, a editar textos com o Word, a fotografar com máquina digital e a manusear

o scanner para transferir as fotos ao microcomputador. Daí, passam a trabalhar simultaneamente com

textos e imagens, produzindo trabalhos que servem para a avaliação do aprendizado, juntamente com a

prova final. Antes da prova, porém, aprendem a navegar pela Internet.7

Para fazer a conexão a partir do barco, são utilizadas duas antenas de transmissão, semelhantes

a aparelhos de fax, conhecidas como Nera (marca do equipamento). Uma das antenas transmite os

dados à velocidade de 2.4 kbps, sendo usada apenas para o envio de textos (como quando a equipe quer

se comunicar com o Prodap por meio do IRC, um programa de conversação on-line) e a outra faz a

conexão à Internet, com a velocidade de 64 kbps. Ambas enviam os sinais para um satélite norueguês,

que os retransmite para as antenas receptoras em terra.

7 Em breve, o Projeto deve oferecer um curso de criação e manutenção de páginas na Internet, começando pelos alunos e professores da Escola Bosque, que poderão criar um site da Escola e divulgar informações sobre a região. O Prodap planeja oferecer o curso também ao restante da comunidade e estimular o comércio eletrônico dos produtos regionais.

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A comunicação com o satélite figura entre os itens mais caros no orçamento do Projeto, que é

de R$ 250 mil por ano. O custo da conexão por meio das antenas de 2.4 kbps é de quase R$ 5 por

minuto, e a conexão à Internet, por meio da antena de 64 kbps, custa cerca de R$ 30 por minuto. “O

avanço tecnológico diminui o custo”, garante Jorge Bodanzky, lembrando que os valores eram ainda

mais altos no início do Projeto e que só depois dessa fase inicial surgiu a antena de 64 kbps. Com o

aluguel do barco o Projeto gasta mensalmente R$ 3840,00, valor que inclui os custos de manutenção e

o salário de quatro tripulantes.

No futuro, para reduzir ainda mais o custo do Projeto, pretende-se lutar pela regulamentação do

uso social dos satélites. A idéia é reivindicar, por intermédio da OSCIP Navegar Amazônia, a criação

de uma lei que reserve parte dos canais de satélite para as entidades da sociedade civil, isentando-as do

pagamento da tarifa pela conexão. Faz parte ainda da estratégia de redução dos custos a futura

utilização de software livres8.

Por fim, no âmbito do PDSA, o governo estadual poderá incentivar a produção de um

“computador popular” no Amapá. Simples e barato, o equipamento aproveitaria a experiência

tecnológica da China e de Cuba, país onde José Roberto Lacerda Ramos iniciou alguns contatos para a

viabilização da proposta. Quem o ouve falar sobre esses planos imagina que são divagações de um

sonhador e de sua equipe de visionários, mas há poucos anos também era difícil acreditar que a Internet

chegaria ao Arquipélago do Bailique.

Ventos favoráveis e nuvens no horizonte

8 Software livres são os que permitem acesso ao código-fonte, isto é, à sua programação básica. Com isso, os usuários podem modificar e copiar os programas sem pagar licença ao fabricante. O software livre mais famoso é o ambiente operacional Linux, concorrente do Windows.

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O caráter inovador do Projeto Navegar evidencia-se a partir de uma rápida análise das

estatísticas sobre a quantidade de computadores e de usuários da Internet no Brasil. Segundo esses

números, o computador pessoal ainda é um item de luxo nas residências do país e o acesso à Internet é

privilégio dos médios e grandes centros urbanos. De acordo com o Censo 2000, do IBGE, 10,6% dos

lares brasileiros têm microcomputadores, o que representa 17,4 milhões de domicílios. Destes, apenas

600 mil estão nas regiões Norte e Nordeste. O Perfil dos Municípios Brasileiros, de 1999, apontava que

a Internet atingia apenas 5,5% dos municípios com até 20 mil habitantes (IBGE, 2001).

Tais estatísticas somam-se a estudos recentes, que mostram a exclusão digital não apenas como

um aspecto da desigualdade social, mas também como um fator de ampliação dessa desigualdade. A

chamada “tecnologia da informação”, por outro lado, é cada vez mais reconhecida como poderosa

ferramenta de acesso ao conhecimento, criação de riqueza e empowerment (Afonso, 2000). Por isso, ao

levar tecnologia de ponta a pequenas comunidades pobres nos confins do Brasil, o Projeto Navegar

contribui para reduzir um isolamento que não é apenas geográfico, mas também social.

Outras localidades que se vêem isoladas podem adaptar o Projeto ou, pelo menos, sua idéia

básica. Tal possibilidade motivou a apresentação da experiência em seminários de empresas de

informática pública e levou o Ministério da Ciência e Tecnologia a considerá-la um modelo para a

Amazônia. O Projeto também foi exibido em Cuba e no Canadá, onde se estuda sua aplicação nas

regiões geladas do norte do país.

O impacto do Projeto, entretanto, não deve ser avaliado somente pelos seus resultados atuais,

mas também por suas possibilidades futuras.9 De fato, até agora a iniciativa não fez muito mais do que

capacitar os moradores, criar a demanda pela instalação de microcomputadores nas comunidades e

gerar a expectativa em torno das facilidades que isso pode trazer. É possível prever, porém, que num

9 O próprio site do Projeto Navegar (www.amapa.gov.br/servicos/home_navegar.htm) não reflete o estágio atual do Projeto, pois deixou de ser atualizado. A equipe do Prodap trabalha na reformulação da página.

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futuro próximo estarão em funcionamento os telecentros comunitários, que deverão dar um novo

impulso à experiência, assim como a OSCIP Navegar Amazônia, a ampliação do laboratório de

informática da Escola Bosque, a criação do site da Escola e a futura TV amazônica pela Internet.

Uma análise cuidadosa do Projeto também não pode desconsiderar sua ligação com a Escola

Bosque e, num contexto mais amplo, com o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá, que

focaliza o Arquipélago do Bailique como região estratégica para a implementação de determinadas

iniciativas. As principais deficiências do Projeto residem justamente nesse contato com o restante da

administração estadual: falta articulação com a Secretaria de Educação e faltam garantias de que a

experiência continuará funcionando como projeto do governo caso outro grupo político assuma o poder

no Amapá.

A necessidade de articulação entre o Projeto Navegar e a Secretaria de Educação foi

comprovada pelo depoimento dos professores e pela insuficiência do número de computadores no

laboratório da Escola Bosque. Um trabalho conjunto entre a Secretaria e o Prodap facilitaria a

capacitação dos professores da rede estadual, além de propiciar formas criativas de se trabalhar com a

informática no processo de ensino.

Quanto à continuidade do Projeto frente às mudanças políticas, o problema parece ter sido

solucionado, pelo menos em parte, com a criação da OSCIP Navegar Amazônia. Ainda assim, esse

aspecto merece uma observação atenta nos próximos anos: como se sabe, as políticas públicas, mesmo

inovadoras, nunca navegam em águas tranqüilas. Às vezes, é preciso, inclusive, remar contra a maré...10

10 O governador João Alberto Capiberibe, responsável pela implementação do PDSA e um dos principais entusiastas do Projeto Navegar, renunciou ao cargo para se candidatar ao Senado. Em seu lugar assumiu a vice-governadora, Dalva Figueiredo (PT), que rompeu com o antigo aliado e substituiu todo o primeiro e o segundo escalões do governo. Pouco antes da finalização deste texto, a diretoria do Prodap foi demitida, mas o novo presidente do órgão, Richard Dias da Costa, prometeu manter o Projeto.

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BIBLIOGRAFIA

AFONSO, Carlos Alberto. Internet no Brasil: o acesso para todos é possível? ILDES / Fundação

Friedrich Ebert. Policy Paper n. 26, setembro de 2000. www.fes.org.br

IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros – Pesquisa de Informações Básicas Municipais 1999. Rio de

Janeiro, 2001 e www.ibge.gov.br

MOULIN, Nilson (org). Amapá: Um norte para o Brasil (Dialogo com o governador João Alberto

Capiberibe). São Paulo: Cortez, 2000.

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