mitologia grega

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Trabalho escolar sobre a mitologia grega (school work about greek mythology)

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Page 1: Mitologia Grega
Page 2: Mitologia Grega

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Índice: Pág. Introdução 5

I. Deuses do Olimpo:

. Os doze principais:

- Zeus, deus dos deuses, senhor do Olimpo, do céu e da terra

- Hera, esposa de Zeus, deusa dos deuses; protectora do casamento

- Posídon, deus dos oceanos e dos mares

- Hades, deus do submundo

- Ares, deus da guerra

- Atena, deusa da guerra justa, da justiça e da sabedoria

- Apolo, deus do Sol, das artes e das profecias

- Afrodite, deusa do amor e da beleza

- Hermes, o mensageiro dos deuses

- Ártemis, deusa da Lua e da caça

- Hefesto, deus do fogo e da metalurgia

- Dionísio, deus do teatro, do vinho e das festas

. Deuses menores:

- Deméter, deusa da agricultura

- Eros, deus do amor

- Éolo, deus dos ventos

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II. Deuses primordiais:

- Caos, o mais velho dos deuses

- Érebo, personificação da escuridão superior

- Geia, deusa da Terra

- Nix, personificação da noite

- Pontos, antigo deus do mar pré olímpico

- Urano, personificação do Céu

- Éter e Hemera

- Tártaro, personificação do Inferno

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III. Outros deuses:

- Anfitrite, esposa de Posídon e deusa dos mares

- Circe, deusa da feitiçaria

- Eos, deusa que personificava o amanhecer

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Page 3: Mitologia Grega

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- Éris, deusa da discórdia

- Harmonia, deusa da harmonia e da concórdia

- Hélio

- Hebe, deusa da juventude

- Hécate, a “distante”; deusa da magia e da noite

- Hipnos, deus do sono

- Íris, personificação do arco-íris e mensageira dos deuses

- Métis, deusa grega da prudência

- Morfeu, deus dos sonhos

- Pã, deus dos bosques, dos campos e dos rebanhos

- Perséfone

- Selene, deusa da lua

- Tanato, personificação da morte

- Tifão, deus da seca

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IV. Os Titãs:

- Atlas

- Ceos

- Crio

- Cronos

- Febe

- Hiperíon

- Jápeto

- Mnemosine

- Oceano

- Prometeu

- Epimeteu

- Reia

- Teia

- Tétis

- Témis

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V. Lendas e histórias mitológicas:

- Origem do Universo

- Musas

- Narciso

- Sísifo

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Page 4: Mitologia Grega

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- Ilíada

- Odisseia

- Tróia

- A guerra dos Titãs

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VI. Criaturas mitológicas:

- Centauro

- Cérbero

- Ciclopes

- Harpias

- Medusa

- Minotauro

- Pégaso

- Quimera

- Hidra de Lerna

- Hecatonquiros

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VII. Heróis Gregos:

- Aquiles

- Ájax

- Astíanax

- Hércules

- Jasão

- Menelau

- Perseu

- Neoptólemo

- Órion

- Pátroclo

- Páris

- Teseu

- Odisseu (Ulisses)

- Agamémnon

- Heitor

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Bibliografia 89

Page 5: Mitologia Grega

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Introdução A mitologia grega compreende o conjunto de mitos, lendas e entidades

divinas e/ou fantásticas (deuses, semideuses e heróis), presentes na religião

praticada na Grécia Antiga, criados e transmitidos originalmente por tradição oral,

muitas vezes com o intuito de explicar fenómenos naturais, culturais ou religiosos –

como os rituais – cuja explicação não era evidente.

Superando o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua serenidade,

equilíbrio e alegria. A religião grega teve uma influência tão duradoura, ampla e

incisiva, que vigorou da pré-história ao século IV e muitos dos seus elementos

sobreviveram nos Cultos Cristãos e nas tradições locais. Complexo de crenças e

práticas que constituíram as relações dos gregos antigos com seus deuses, a religião

grega influenciou todo o Mediterrâneo e áreas adjacentes durante mais de um

milénio.

Page 6: Mitologia Grega

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I

Os deuses do Olimpo

Os deuses Olímpicos são os 12 deuses principais da mitologia grega

que vivem no Monte Olimpo. Por vezes alguns autores incluem outros deuses

entre os 12 olímpicos, os deuses menores.

Page 7: Mitologia Grega

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I.1 – Os doze principais

Zeus

Na mitologia grega, era o pai dos deuses

e dos homens e o mais poderoso dos imortais.

Era pré-helénico e adorado como

divindade do céu. A sua presença manifestava-

se pelos raios, trovoada e chuva. Zeus era

considerado o deus civil mais importante e

protector da liberdade política, da lei e da

moral.

Ele vê tudo, conhece tudo, tanto o

presente como o futuro. É bom, justo e sábio.

Os seus emblemas são um raio, a figura

da vitória e uma cornucópia.

Os seus pais foram Cronos e Reia e tinha

como irmãos Posídon, Hades, Hestia, Deméter e Hera. Casou-se com Hera e foi pai

de diversos deuses, como Apolo, Ártemis, Hefesto, Hebe, Ares e Ilítia. Atenas

nasceu do casamento com a sua primeira esposa, Métis e com a sua irmã Deméter

teve Perséfone.

Apesar de casado com Hera, Zeus tinha inúmeras amantes (as paixões de

Zeus). Usava dos mais diferentes artifícios de sedução, como a metamorfose em

qualquer objecto ou criatura viva, sendo dois dos mais famosos, o cisne de Leda e o

touro de Europa. Assim sendo, teve muitos filhos ilegítimos com deusas e mulheres

mortais, que se tornaram proeminentes na mitologia grega – Hércules e Helena, por

exemplo.

Como é que Zeus se tornou o senhor dos deuses e chefe do Olimpo?

Cronos era casado com Reia, e quando seus filhos nasciam ele devorava-os,

pois Urano, seu pai, profetizou que Cronos seria destronado por um dos seus filhos,

assim como Urano foi destronado por Cronos.

fig. 1 Zeus

Page 8: Mitologia Grega

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Reia, farta disto, e com a ajuda de Geia, decidiu salvar o seu 6º filho levando-o

para o monte Ida, onde ele cresceu aos cuidados de Geia e das Ninfas. Quando se

torna adulto ele enfrenta o seu pai, e disfarçando-se de viajante e dando a Cronos

uma bebida que o fez vomitar todos os filhos que tinha devorado, agora adultos.

Após libertar os irmãos, iniciou a guerra Titanomaquia. Cronos procurou os

seus irmãos para enfrentar os rebeldes, que se reuniram no Olimpo. A guerra durou

100 anos até que seguindo um conselho de Geia, Zeus liberta os Hecatonquiros,

então os deuses olímpicos venceram e aprisionaram os titãs no Tártaro. Segue-se a

partilha do universo, Zeus ficou com o céu e a Terra, Posídon ficou com os oceanos

e Hades ficou com o mundo dos mortos.

Hera

Deusa dos tempos pré-helénicos, era

na mitologia grega esposa e irmã de Zeus,

deusa dos deuses e patrona da vida feminina

em geral e do casamento em particular. Era

retratada como ciumenta e agressiva, odiava

e perseguia as amantes de Zeus e os filhos de

tais relacionamentos, tanto que tentou matar

Hércules quando este era apenas um bebé. O

próprio Zeus a temia. Hera era muito vaidosa

e sempre quis ser mais bonita que Afrodite, a

sua maior inimiga.

Possuía sete templos na Grécia.

Mostrava apenas os seus olhos aos mortais e

usava uma pena do seu pássaro para marcar os locais que protegia. Hércules

destruiu os seus sete templos e, antes de terminar sua vida mortal, aprisionou-a

num jarro de barro que entregou a Zeus.

Na guerra de Tróia, por ódio dos troianos, devido ao julgamento de Páris,

ajudou os gregos. É representada por um pavão e possui uma coroa de ouro.

fig. 2 Hera

Page 9: Mitologia Grega

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Posídon

Deus grego dos tremores de terra e

da água. Filho de Cronos e Reia e irmão de

Zeus, este deus vive nas profundezas do

mar.

Era também o deus dos cavalos,

em sua honra eram oferecidos em

sacrifício touros brancos ou negros. Mas

apesar disto, o seu humor era

imprevisível, apesar dos sacrifícios, ele

podia provocar tempestades, maus

ventos e terramotos por capricho.

Os seus símbolos eram o tridente e os golfinhos.

Segundo o mito, Cronos devorava os seus filhos mal nasciam, pois temia q

eles se revoltassem contra ele tal como ele se revoltou contra seu pai, Urano,

Posídon sendo o primeiro filho de Cronos e Reia foi devorado pelo seu pai, mas foi

restabelecido à vida de novo, quando Zeus da uma bebida ao pai que o faz

regurgitar todos os seus filhos previamente devorados.

Depois de derrotarem Cronos e os outros titãs e de os aprisionarem no

Tártaro, dividem o universo entre sei, ficando Posídon com os Oceanos.

Hades

Deus grego do mundo inferior e das riquezas

dos mortos, era filho dos titãs Cronos e Reia e irmão de

Zeus e Posídon. Seu nome significa, em grego, o

Invisível, e era geralmente representado com o elmo

mágico que lhe dava essa habilidade, que ele ganhou

dos ciclopes quando participou da guerra

Titanomaquia contra os titãs.

Depois desta guerra, e como já foi referido,

houve a divisão do universo entre Zeus, Posídon e Hades, ficando Hades com o

fig. 3 Posídon

fig. 4 Hades

Page 10: Mitologia Grega

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mundo dos mortos.

Conhecemos-lhe poucas aventuras. Desejoso de desposar uma mulher, rapta

a sua sobrinha Core, filha de Deméter e de Zeus, e transforma-a na rainha

Perséfone, com a qual vive metade do ano e de quem não terá herdeiros. Hades

será fiel a Perséfone, a não ser em dois momentos pontuais: quando teve um

devaneio pela ninfa do Cócito, chamada Minta (ferozmente espezinhada por

Perséfone, será transformada em menta, por Hades) e quando se apaixonou por

Leuce, filha do Oceano, que será metamorfoseada em choupo argênteo.

Era também conhecido como o Hospitaleiro, pois sempre havia lugar para

mais uma alma no seu reino. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, Hades

não é o deus da morte, mas sim do pós-morte.

Para Hades, eram consagrados o narciso e o cipreste. O deus é representado de

diversas maneiras:

• Ou de cenho franzido, cabelos e barbas em desalinho, vestindo túnica e

mantos vermelhos, sentado no trono e tendo ao seu lado o cão Cérbero;

• Ou como deus da vegetação, com traços mais suaves;

• Ou levando nas mãos uma cornucópia ou com uma coroa de ébano na

cabeça, chaves na mão e sobre um coche puxado por cavalos negros.

Ares

Filho de Zeus e Hera, de quem terá herdado

o carácter intratável, Ares nasceu na Trácia, o país

das laranjas, dos cavalos e dos guerreiros. Era para

os gregos da guerra e da luta. A sua força física

invulgar correspondia à sua fúria sanguinária.

Ares era completamente obcecado pela luta.

Deleitava-se a percorrer com a sua quadriga os

campos de batalha, coberto com uma armadura de

bronze e munido com uma enorme lança,

espalhando o terror. fig. 5 Ares

Page 11: Mitologia Grega

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Todo o Olimpo se afastava dele e o seu próprio pai não lhe escondia a sua

antipatia. A sua maior inimiga era Atena, deusa da razão, que era também filha de

Zeus. Por mais estranho que possa parecer, é também um cobarde, que se contrai

com dores e foge quando esta ferido. Contudo, no campo de batalha esta sempre

está sempre rodeado por um numeroso grupo de companheiros, que a todos devia

inspirar confiança.

Havia uma excepção na sua obsessão pela guerra: ele era afectado por

Afrodite e teve um longo caso de amor com ela. Homero conta na Odisseia uma

história sobre o deus, Hélios, que iluminando o casal que desfrutava de seus

encantos e relatando o local de encontro para Hefesto, marido de Afrodite. O

grande ferreiro preparou uma rede especial, fina e resistente como o diamante,

com a qual prendeu o casal num abraço apaixonado. Ele exibiu o casal preso na rede

para os deuses do Olimpo, mas as mulheres foram contra. Homero afirma que

muitos dos deuses masculinos ofereceram-se para trocar de lugar com Ares.

Atena

Filha de Zeus, e só dele, não foi gerada por nenhuma mulher, pois este

apaixonou-se por Métis, tendo sido ela a sua primeira esposa. Contudo, foi

advertido pela sua avó Gaia de que Métis lhe daria um filho e que este o destronaria,

assim como ele destronou Cronos e, este, Urano. Amedrontado, Zeus resolveu

engolir Métis.

Convenceu-a a participar numa brincadeira divina, na qual cada um deveria se

transformar num animal diferente. Métis, desta vez, não foi prudente, e

transformou-se numa mosca. Zeus aproveitou a oportunidade e engoliu-a. Todavia,

Métis já estava grávida de Atena, e continuou a gestação na cabeça de Zeus,

aproveitando o tempo ocioso para tecer as roupas da sua vindoura filha.

Um dia, durante uma guerra, Zeus sentiu uma forte dor de cabeça, e Hefesto,

o feio deus ferreiro e do fogo, deu-lhe uma machadada na cabeça, de onde Atena

saiu, já adulta, com elmo, armadura e escudo – este coberto com a pele de

Amalteia.

Page 12: Mitologia Grega

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Atena surge como a deusa da luta feroz e implacável, mas, onde quer que se

encontrasse, ela era guerreira apenas para defender o estado e a pátria dos

inimigos vindos do exterior. Era, acima de tudo, a deusa da cidade, a protectora da

vida civilizada, das actividades artesanais e da agricultura; a inventora dos freios,

que, pela primeira vez, domesticaram os cavalos, permitindo, assim, que o homem

os utilizasse.

Era a filha predilecta de Zeus;

deixava-a usar as suas insígnias: o terrível

escudo, o broquel e a sua arma

devastadora, o raio.

Era a primeira das três deusas

virgens, também conhecida por Donzela

Párteno, e daí o nome do templo que lhe foi

dedicado, o Partenón. Permaneceu virgem,

pois pediu aos Deuses Olímpicos para não

se apaixonar, porque se ela tivesse filhos,

teria de abandonar as guerras pela justiça e

viver uma vida doméstica.

Atenas era a sua cidade; a oliveira, criada por ela, a sua árvore e a coruja, a

ave que lhe era consagrada.

Apolo

Filho de Zeus e Leto, nasceu na pequena ilha

de Delos. Tem sido chamado “o mais grego de todos

os deuses”. É uma bela figura da poesia grega, o

músico mestre que deleita o Olimpo, quando tange a

sua lira de ouro; é também o deus do Arco de prata, o

deus da Flecha de grande alcance; o Curandeiro, que

ensinou, pela primeira vez, ao homem a arte de curar

todas as doenças. Apolo é também o deus da Luz e

fig. 6 Atena

fig. 7 Apolo

Page 13: Mitologia Grega

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do Sol e também o deus da Verdade, pois nunca nenhuma palavra falsa brota dos

seus lábios.

Outra faceta deste deus é a sua parte mais violenta, quando ele usa o arco,

para disparar dardos letais que matam os homens com doenças ou mortes súbitas.

Ainda assumindo este lado mais negro, Apolo é o deus das pragas de ratos e dos

lobos, que atormentavam muitas vezes os gregos.

Finalmente, Apolo é o deus dos jovens rapazes, ajudando na transição para a

idade adulta. Assim, ele é sempre representado como um jovem, frequentemente

nu (ver fig.6), para simbolizar a pureza e a perfeição, já que ele é também o deus

destes dois atributos.

Apolo participa em diversos mitos, incluindo a famosa guerra de Tróia, onde

esteve ao lado troiano, dizimando os aqueus com pragas quando estes ofenderam o

seu sacerdote troiano, e acabando por matar Aquiles. A maioria dos mitos que

dizem respeito a Apolo falam dos seus inúmeros amores, sendo os mais famosos

Dafne, uma ninfa que foi transformada em loureiro (daí a sacralidade da árvore para

Apolo), Jacinto, que se transformou na flor com o

mesmo nome, e Ciparisso, o qual se transformou

em cipreste.

Afrodite

A deusa do amor e da beleza, que seduzia

todos, tanto deuses como mortais; a deusa

alegre, que ria ora docemente ora de modo

trocista daqueles que os seus ardis haviam

conquistado; a deusa irresistível, que até os mais

sensatos subtraía as faculdades mentais.

Existem duas versões do seu nascimento:

• De acordo com o mito teogónico, mais

aceite, nasceu quando Urano (pai dos titãs)

foi castrado pelo seu filho Cronos, que

atirou os genitais cortados de Urano ao mar, que começou a ferver e a

fig. 8 Afrodite

Page 14: Mitologia Grega

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espumar, esse efeito foi a fecundação que ocorreu em Talassa, deusa

primordial do mar. De aphros ("espuma do mar"), ergueu-se Afrodite e o mar

a carregou para Chipre. Assim, Afrodite é de uma geração mais antiga que a

maioria dos outros deuses olímpicos.

• Noutra versão (como diz Homero), Dione é mãe de Afrodite com Zeus,

sendo Dione, filha de Urano e Talassa.

Era casada com Hefesto, o deus ferreiro e do fogo, mas pela falta de

atenção, Afrodite começou a trair o marido para melhor valorizá-la, tendo tido

vários relacionamentos.

Hermes

Filho de Zeus e da jovem Plêiade Maia,

filha de Atlas, nasceu numa caverna do monte

Cilene, na Arcádia, tendo manifestado desde

muito cedo uma inteligência e astúcia

extraordinárias. Devido a uma estátua que o

representa é que se tornou muito popular, o

aspecto deste deus é-nos muito mais familiar

do que o de qualquer outro. Os seus

movimentos eram graciosos e rápidos. Usava

sandálias aladas, tinha asas também no chapéu

coroado, bem como no bastão, o caduceu.

Era o Mensageiro de Zeus. De todos os deuses era ele o mais arguto e o mais

astuto. De facto, era o Chefe dos Ladrões; dera início à sua carreira ainda antes de

completar um dia de vida, pois nasceu ao despontar do dia e ao cair da noite,

abandonou o berço e partiu para Tessália, dirigindo-se ao monte onde pastavam os

bois do rei Admeto, confiados à guarda de Apolo. Habilmente, roubou uma parte

dos animais, que conduziu às arrecuas através de toda a Grécia, acabando por

escondê-los numa caverna em Pilo. Depois de tudo isto, regressou ao seu quarto

pelo buraco da fechadura e deitou-se no berço.

fig. 9 Hermes

Page 15: Mitologia Grega

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Mas Hermes esquecera que Apolo era dotado de dupla visão e que tomara

conhecimento do roubo dos animais, indo reclamá-los junto da criança que, no seu

berço, fingiu tudo ignorar. Perante esta situação, Apolo apela a Zeus que ao tomar

conhecimento do caso foi sacudido por um riso, pedindo, no entanto, aos seus

filhos que se reconciliassem e obrigou Hermes a devolver os animais.

Apolo, no entanto, encantou-se com o som da lira que Hermes inventara e

ofereceu em troca o gado e o caduceu. Mais tarde, Hermes inventou a siringe

(flauta de Pã), em troca de que Apolo lhe concedeu o dom da adivinhação.

Foi famoso também por ser o único filho que Zeus tivera que não era filho de

Hera, que ela gostou, pois ficou impressionada pela sua inteligência.

Ártemis

Filha de Zeus e Leto e irmã gémea de

Apolo. Tal como o seu irmão, também ela é

uma divindade da luz, mas da luz nocturna,

lunar.

Nasceu na ilha de Ortigia (Delos), um

dia antes de seu irmão. Após o seu

nascimento, ela pediu como presente, a seu

pai, Zeus, uma armadura completa de

caçadora e este encarregou Hefesto de lhe

forjar um arco em ouro.

Tal como Apolo como Apolo, a deusa da Lua era dotada de atributos

variados e contraditórios. Por um lado, manifestava qualidades simpáticas e

benéficas: dirigia o coro das musas, proferia oráculos, dava bons conselhos, curava

as doenças ou as feridas, protegia as águas termais e as viagens, em terra e no mar,

e ainda velava pelos animais domésticos e pelos campos. Mas, simultaneamente,

Ártemis era a deusa da caça, aterrorizando, portanto, os animais selvagens. Esta era

a sua faceta cruel e, por vezes, mesmo bárbara. Com efeito, a deusa divertia-se a

oprimir os mortais, a desencadear epidemias ou a provocar a morte violenta,

merecendo bem o cognome de Apolussa, a Destruidora.

fig. 10 Ártemis

Page 16: Mitologia Grega

16

Hefesto

Hefesto personifica o fogo, tanto o fogo

que explode no céu, como aquele que é

produzido pelos vulcões. Era também o deus

dos metais e da metalurgia. Era conhecido

como o ferreiro divino.

Era filho de Hera e Zeus.

Hefesto foi responsável, entre outras

obras, pela égide, escudo usado por Zeus em

sua batalha contra os titãs. Construiu para si um

magnífico e brilhante palácio de bronze,

equipado com muitos servos mecânicos. Das

suas forjas saiu Pandora, primeira mulher

mortal.

Casou-se com Afrodite, porém ela foi-lhe infiel, tendo vários amantes, entre

eles deuses e mortais. O seu principal rival era Ares, deus da guerra.

Outra versão do mito conta que Afrodite o amava realmente, e que as suas

traições reflectiam as outras faces do amor (ex.: ela queria-lhe causar ciúmes, ou

tinha desejos passageiros).

Foi expulso do Olimpo pela sua mãe Hera, desgostosa de que ele fosse coxo.

Deram-se várias explicações míticas para esse defeito físico. Uma delas é que Hera

discutia com Zeus a respeito de Hércules e Hefesto, o mesmo tomou partido a favor

da mãe. Zangado, Zeus agarrou Hefesto pelo pé e atirou-o do Olimpo abaixo,

ficando coxo para sempre e condenando-o assim a viver sobre a Terra, onde

instalou suas oficinas na ilha de Lemnos.

fig. 11 Hefesto

Page 17: Mitologia Grega

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Dionísio

Era filho de Zeus e Sémele, filha do rei de

Tebas, Cadmo.

Zeus apaixonou-se por Sémele e ia visitá-

la clandestinamente ao palácio de seu pai. Hera,

ciumenta, transformou-se um dia na ama de

Sémele e sugeriu à princesa que exigisse a Zeus,

como prova de amor, que ele lhe aparecesse em

todo o seu esplendor divino. Sémele foi tão

persuasiva, que Zeus cumpriu o deu desejo de

forma tão resplandecente, que os raios

emanavam do seu corpo incendiaram o palácio

e fulminaram a infeliz. O filho de Zeus, que a

princesa trazia no ventre, teria parecido carbonizado, se uma hera, surgida por

milagre, não tivesse vindo fazer barreira às chamas devoradoras. O rei dos deuses

recolheu-o então e ocultou-o na gordura da sua coxa.

Quando chegou o tempo certo, Zeus fez brotar da sua coxa o bebé divino.

Foi confiado a Ino, irmã de Sémele, e ao seu marido, mas Hera fiel à sua

vingança, causou a loucura dos dois esposos. Zeus foi obrigado a intervir, e

encarregou Hermes de levar o seu filho para bem longe, a fim de ser educado pelas

Ménades, as ninfas do monte Nisa. O jovem deus daí retirou o seu nome: Zeus de

Nisa (Dionísio).

Dionísio era o deus das festas, do vinho, da alegria, do lazer, do prazer e

protector do teatro.

fig. 12 Dionísio

Page 18: Mitologia Grega

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I.2 – Deuses menores

Deméter

Deméter, a Terra-Mãe, é a mais

importante das divindades gregas da

fecundidade. Ela incarna a terra cultivada, mais

particularmente, a cultura do trigo, planta

símbolo da civilização.

Filha de Cronos e de Reia, de Deméter é a

irmã loura de Héstia (a mais velha), assim como

Hades, Posídon e Zeus.

Na qualidade de deusa da agricultura, fez

várias e longas viagens com Dionísio ensinando os homens a cuidarem da terra e

das plantações.

Era a mãe de Perséfone, e quando Hades raptou a sua filha e a levou para seu

reino subterrâneo, Deméter ficou desesperada, saiu como louca Terra afora sem

comer e nem descansar. Decidiu não voltar para o Olimpo enquanto a sua filha não

lhe fosse devolvida, e culpando a terra por ter aberto a passagem para Hades levar

sua amada filha.

Durante o tempo em que Deméter ficou fora do Olimpo a terra tornou-se

estéril, o gado morreu, o arado quebrou, os grãos não germinaram. Sem comida a

população sofria de fome e doenças. A fonte Aretusa então contou que a terra

abriu-se de má vontade, obedecendo às ordens de Hades e que Perséfone estava no

Érebo, triste mas com pose de rainha, como esposa do monarca do mundo dos

mortos.

Com a situação caótica em que estava a terra estéril, Zeus pediu a Hades que

devolvesse Perséfone. Ele concordou, porém antes, fê-la comer um bago de romã e

assim a prendeu para sempre aos infernos, pois quem comesse qualquer alimento

nessa região ficava obrigado a retornar. Com isso, ficou estabelecido que Perséfone

fig. 13 Deméter

Page 19: Mitologia Grega

19

passaria um período do ano com a mãe, e outro com Hades, quando é chamada

Proserpina.

Deméter pode ser representada:

• Sentada, com tochas ou uma serpente. Seus atributos são a espiga e o narciso, seu pássaro é a grou.

• Tendo em uma das mãos uma foice e na outra um punhado de espigas e papoilas, trazendo na cabeça, uma coroa com esses mesmos elementos.

Eros

Eros, que segundo as teogonias mais

antigas teria emergido do caos primitivo,

portanto um deus primordial. É a força

irresistível que faz atrair os elementos, surgindo

assim como princípio de vida e o deus do amor.

A sua acção fecundante fará nascer todas as

coisas através da união do espaço (Caos) e da

matéria (a Terra). Depois juntou Érebo – a

obscuridade infernal – e Nix – a noite – e estes

geraram Éter – o fluido vital – e Hemera – o dia.

Posteriormente foi considerado como

um deus olímpico, filho de Afrodite e de Zeus, Hermes ou Ares, conforme as

versões.

Éolo

Filho de Posídon e de Arne. Vivia

na ilha flutuante de Eólia (ou Lipari)

com seus seis filhos e suas seis filhas.

Era o deus dos ventos e senhor

dos outros deuses do vento (Bóreas,

Nótus, Eurus e Zéfiro).

fig. 14 Eros

fig. 15 Éolo

Page 20: Mitologia Grega

20

II Os deuses primordiais

Os deuses primordiais da mitologia grega, também chamados

Protogonos, eram as divindades que nasceram em primeiro lugar, que

surgiram no momento da criação, e cujas formas constituem a estrutura

básica do universo. O primeiro deles surgiu do nada, e os outros nasceram

dele.

Page 21: Mitologia Grega

21

Caos

Caos é a primeira divindade a surgir no

universo, portanto o mais velho dos deuses.

Os filhos de Caos nasceram de cisões assim

como se reproduzem os seres unicelulares. Nix e Érebo

nasceram a partir de "pedaços" de Caos.

Caos é então uma força antiga e obscura que

manifesta a vida por meio da cisão dos elementos.

Caos parece ser um deus andrógino, trazendo em si

tanto o masculino como o feminino. Esta é uma

característica comum a todos os deuses primogénitos de várias mitologias.

Érebo

Personificação das trevas

infernais e da escuridão superior,

emergiu, juntamente com a Noite, do

Caos primordial. Da união com a sua

irmã, nasceu Éter, o ar e Hemera, a luz do

dia.

No decurso da guerra dos Titãs

contra Zeus e os Olímpicos, Érebo tomou

o partido dos Titãs e, por isso, foi atirado

para as profundezas do Tártaro.

Geia

É a Terra divinizada, aparecida depois do Caos, ela personifica a matéria

primordial e o “eterno e inabalável sustentáculo de todas as coisas”. Do seu corpo

vão nascer, sucessivamente, o céu estrelado, Úrano, as altas montanhas, Ureia, e

Ponto, o deus Mar.

fig. 16 Alegoria ao Caos

fig. 17 Érebo

Page 22: Mitologia Grega

22

Depois, Geia escolha Úrano para seu companheiro e desta união nascerão

seis filhos e seis filhas, os doze Titãs, assim como três crianças monstruosas, três

Ciclopes e três Hecatonquiros.

Ela fabrica uma foice, com a qual

Cronos mutilará o seu próprio pai. O sangue

de Úrano cai sobre a Terra e fecunda, uma

vez mais, Geia, que assim dará à luz as

Erínias, os gigantes e as ninfas dos freixos:

as Melíades.

Depois de ter iniciado e desenvolvido

o povoamento do Universo, com

divindades, geia criou o homem. Do solo

produtivo saíram os heróis “autóctones”

como Cécrops, Lélex…

Mas Geia não é somente criador, ela é também a ama dos deuses e dos

mortais. Assim Geia é adorada como a “mãe universal”, para quem “nascem os

belos ilhós e os frutos saborosos”.

Ela é então a Deusa-Mãe, a deusa da abundância (presidindo aos

casamentos) e detentora de um poder profético.

Nix (a Noite)

A Noite, nascida do caos como seu irmão Érebo,

a quem se juntou, deu à luz Éter (o ar) e Hemera (a luz),

duas divindades indispensáveis à criação e

sobrevivência do género humano.

Inversamente, Nix gerou também numerosos

deuses cuja acção se revelará, geralmente, funesta.

Esses deuses eram Némesis, Éris (a discórdia), a

velhice, a morte, o seu irmão gémeo, o doce

Adormecimento e a divindade que se imporá com a

fig. 18 Geia

fig. 19 Nix, a Noite

Page 23: Mitologia Grega

23

mesma autoridade aos homens e aos deuses, incluindo Zeus, o Destino, Moira.

Nix aparece ora como uma deusa benéfica que simboliza a beleza da noite

ora como cruel deidade Tartárea, que profere maldições e castiga com terror

nocturno. Nix é também uma Deusa da Morte, a primeira rainha do mundo das

Trevas e também tinha dons proféticos, e foi ela quem criou a arma que Gaia

entregou a Cronos para destronar Úrano. Nix conhecia o segredo da imortalidade

dos Deuses podendo tirá-la e transformar um Deus em mortal, como ela fez com

Cronos após este ser destronado por Zeus.

Pontos

Era um antigo deus do mar pré

olímpico, que tal como Úrano, nasceu

por partenogénese de Gaia, a Terra.

Úrano

Úrano é o céu divinizado.

Foi criado por Geia, a Terra, na origem do mundo, ta como o seu irmão

Pontos, o Mar.

Uniu-se à sua mãe e

desta união nasceram os

terríveis Titãs, os Ciclopes “de

coração violento” e os

monstruosos Hecatonquiros.

Úrano odiou os seus

filhos desde o primeiro dia, por

isto mantinha-os presos no

interior de Geia.

fig. 20 O mundo primordial, sendo Pontos, o oceano

fig. 21 Urano

Page 24: Mitologia Grega

24

A Terra então instigou os seus filhos a revoltarem-se contra o pai. Cronos, o

mais jovem, assumiu a liderança da luta contra Úrano e, usando uma foice oferecida

por Geia, castrou o seu pai e deitou os seus testículos no mar. O sangue de Urano,

ao cair na Terra, fecundando-a. Assim nasceram os Gigantes, as Eríneas e as

Melíades. Cronos atirou os testículos de Úrano ao mar, que formou uma espuma de

esperma, de onde brotou Afrodite, a deusa do amor.

Urano continuou a deitar-se com Geia todas as noites, mas agora não podia

fecundá-la.

Éter e Hemera

Éter, filho de Nix e de Érebo,

segundo a Teogonia de Hesíodo,

personifica o “céu superior” (Céu

sem limites, diferente ao de Urano).

Era o ar elevado, puro e brilhante,

respirado pelos deuses,

contrapondo-se ao ar obscuro, que

os mortais respiravam, sendo deus

desconhecido da matéria, em consequência as moléculas de ar que formam o ar e

seus derivados.

Hemera, a deusa (ou personificação) do dia, era também filha de Nix e Érebo

e irmã de Éter.

Tártaro

Assim como Gaia era a personificação da Terra e Urano a personificação do Céu,

Tártaro era a personificação do Inferno.

É o local mais profundo das entranhas da terra (ver fig. 20 e 22), localizado muito

abaixo do próprio Hades. A distância que separa o Hades do Tártaro é a mesma que

existe entre Geia, a Terra, e Urano, o Céu.

É no Tártaro que as diferentes gerações divinas lançam sucessivamente seus inimigos, como os Ciclopes e depois os Titãs.

fig. 22 Esquema onde estão representados Éter (o ar) e Hemera (a luz do dia)

Page 25: Mitologia Grega

25

III Outros deuses

Além dos deuses olímpicos e primordiais existia uma grande

diversidade de deuses adorados pelos gregos.

Page 26: Mitologia Grega

26

Anfitrite Anfitrite é filha da ninfa Dóris e de Nereu, irmã

da deusa Tétis, portanto, tia de Aquiles.

É esposa de Posídon e deusa dos mares. A

princípio, recusou-se a unir-se ao deus, escondendo-

se nas profundezas dos oceanos, num lugar

conhecido apenas pela sua mãe. Acabou cedendo às

investidas de Posídon, tornando-se rainha dos

oceanos. É representada portando com um tridente,

símbolo da sua soberania sobre os mares.

Circe

Circe é filha de Hélio, o Sol. A sua mãe,

segundo certos autores, é uma filha de Oceano,

mas segundo outros é Hécate, divindade lunar

que preside à magia e aos encantamentos.

Residia na ilha de Eeia. Era capaz então de

criar filtros e venenos que transformavam

homens em animais. Por esse motivo habitava

num palácio encantado, cercado por lobos e leões

(seres humanos enfeitiçados).

Eos

Eos, filha dos Titãs Hipéron e Teia, é a deusa da aurora. Ela é irmão de Hélio,

o Sol, e de Selene, a Lua.

Normalmente citada como de longos cabelos louros e unhas tingidas de rosa

com uma carruagem púrpura puxada por dois cavalos alados, Lampo e Faetonte,

com arreios multicolores. Ágil e graciosa, munida de asas nos ombros pés.

fig. 23 Anfitrite

fig. 24 Circe

Page 27: Mitologia Grega

27

Encarregada de abrir a porta do céu para o

carro de Hélios, tingindo o céu com seus róseos

dedos.

Traz também para os homens a brisa da

manhã, esparge o orvalho sobre os campos,

desperta as criaturas e guia os trabalhos

humanos para que fossem superados os

obstáculos.

Éris

Éris, a deusa da Discórdia, aparece quer

como filha de Nix quer como filha de Zeus e Hera,

irmã e companheira de Ares.

É ela quem lança a famosa “maçã da

discórdia”, no meio do banquete de núpcias de

Tétis e de Peleu, futuros pais de Aquiles. Esta

esteve na origem da guerra de Tróia, onde Aquiles

pareceu.

Harmonia

É a deusa da harmonia e da concórdia.

Filha de Afrodite e Ares, e esposa de Cadmo, seria originária da Samotrácia,

onde ela e Cadmo acabaram sendo transformados em serpentes.

Hélio

Hélio, o astro solar, é filho dos Titãs Hiperíon e Teia e irmão do astro lunar, Selene, e

da aurora, Eos.

fig. 25 Eos

fig. 26 Éris

Page 28: Mitologia Grega

28

fig. 28 Hebe

Todas as manhãs ele percorria os céus, montando no seu carro de fogo, atrelado a

cavalos alados de uma brancura estrondosa. Quando lá

chegava, enquanto os seus cavalos cansados se

banhavam, Hélio repousava no seu palácio de ouro para

depois alcançar, de barca, o Oriente.

Via tudo e sabia de tudo, sendo frequentemente

convocado por outros deuses para servir como

testemunha. Era o rei do controlo do tempo e as deusas

do dia, do mês, das estações e do ano o serviam.

Hebe

Filha do casal real Zeus e hera, Hebe personifica a juventude

e a beleza.

No palácio de seus pais, ela desempenha o papel de jovem

dona de casa. Vemo-la, ajudando a sua mãe a atrelar o seu carro,

preparando o banho de seu irmão Ares e participando no coro das

Musas. Casou-se com Hércules depois deste ser aceite como deus

no Olimpo.

Hécate (em grego significa “a

distante”)

Divindade filha dos titãs Perses e Astéria.

Os poderes de Hécate são numerosos e

variados. Ela é considerada, nas origens, como

deusa benfeitora e protectora dos mortais, em

todos os domínios.

fig. 27 Hélio

fig. 29 Hécate

Page 29: Mitologia Grega

29

Mais tarde, será considerada como a temível inventora da magia e da

feitiçaria. A este título, será associada ao mundo da noite, no qual aparece com uma

tocha em cada mão, e por vezes com a forma de uma cadela.

Hipnos

Hipnos era o deus grego do sono.

Hipnos era filho de Nix e Érebo. Teve

muitos irmãos, entre os quais seu irmão gémeo

Tanato, a morte.

Segundo Homero, Hipnos vive em

Lemmos, e está casado com a Grácia Pasitea,

que Hera lhe concedeu em agradecimento por

préstimos realizados. Tem forma humana, mas

torna-se numa ave antes de dormir.

Íris

Íris, filha de Taumas e da Oceânide Electra, é irmã das

Harpas. Os gregos, que a identificaram com o arco no

céu, transformaram-na no símbolo do contacto entre

o céu e a terra. Íris representa, juntos dos deuses e

dos homens, o papel de mensageira dos imortais,

emissária das vontades de Zeus e, mais

frequentemente ainda, de Hera, de quem é a serva

fiel, banhando-a, embelezando-a e passando as

noites sem dormir junto do seu trono. Ela representa,

igualmente, os palafreneiros do Olimpo, ajudando os

deuses a desatrelar as suas montadas, quando regressam das expedições,

ocupando-se dos seus ginetes e alimentando-os.

fig. 30 Hipnos

fig. 31 Íris

Page 30: Mitologia Grega

30

Métis

Métis era a deusa grega da prudência, filha de Tétis e Oceano. Foi a primeira

esposa de Zeus, que lhe forneceu a bebida que fez Cronos regurgitar todos os filhos

que havia engolido.

Quando Métis estava grávida da deusa Atena, Gaia profetizou que seu filho

iria destronar seu pai, Zeus. Este, temendo que isto acontecesse, engoliu a deusa

viva, tendo depois como fruto dessa relação Atena saída já adulta de sua cabeça.

Morfeu

Morfeu é o deus grego

dos sonhos.

Filho de Hipnos e de Nix,

este génio alado tem a habilidade

de assumir qualquer forma

humana e aparecer nos sonhos

das pessoas como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo.

Pã era o deus dos bosques, dos

campos, dos rebanhos e dos pastores. Por sua

vez era também um deus fecundante, muito

activo na conquista amorosa, quer junto das

ninfas como das adolescentes, aos quais

inspira um medo pânico.

Era representado com orelhas, chifres e

pernas de bode.

Amante da música, trazia sempre

consigo uma flauta. Era temido por todos

aqueles que necessitavam atravessar as

fig. 32 Morfeu

fig. 33 Pã

Page 31: Mitologia Grega

31

florestas à noite, pois as trevas e a solidão da travessia os predispunham a pavores

súbitos, desprovidos de qualquer causa aparente e que eram atribuídos a Pã.

Perséfone

Core (a jovem) era filha de Deméter e

do seu irmão Zeus. A jovem cresceu ao ar

livre, na Sicília, até que um dia foi vista pelo

seu tio Hades, que ao ver a sua grande beleza

e feminilidade, decide raptá-la.

Sua mãe, ficando inconsolável, acabou

por se descuidar nas suas tarefas: as terras

tornaram-se estéreis e houve escassez de

alimentos, e Perséfone recusou-se a ingerir

qualquer alimento e começou a definhar.

Deméter, junto com Hermes, foram

buscá-la ao mundo dos mortos (ou segundo

outras fontes, Zeus ordenou que Hades

devolvesse a sua filha). Como entretanto Perséfone tinha comido algo (uma

semente de romã) concluiu-se que não tinha rejeitado inteiramente Hades. Assim,

estabeleceu-se um acordo, ela passaria metade do ano junto a seus pais, quando

seria Core, a eterna adolescente, e o restante com Hades, quando se tornaria a

sombria Perséfone.

Selene

Selene, a deusa coroada de ouro, dotada de

grandes asas, filha dos Titãs Hipérion e Teia,

personifica o astro lunar cujo brilho de prata

percorre o céu a cada noite. Ela é irmã de Hélio, o

Sol, e de Eos, a Aurora.

fig. 34 Perséfone

fig. 35 Selene

Page 32: Mitologia Grega

32

Tanato

Era a personificação da morte, enquanto

Hades reinava sobre os mortos no mundo

inferior.

Diz-se que Tanato nasceu em 21 de

Agosto sendo a sua data de anos o seu dia

favorito para tirar vidas.

Tanato era filho de Nix e Érebo. Era

irmão gémeo de Hipnos, o deus do sono e era

representado como uma nuvem prateada ou

um homem de olhos e cabelos prateados.

Tifão

Deus grego da seca, filho de Tártaro e de Gaia, simbolizava o elemento Ar em

sua forma mais furiosa, os furacões. Foi criado em Delfos e era inimigo hereditário

dos deuses, principalmente de Zeus, por quem mantinha um ódio cruel.

Tifão era maior que todas as montanhas e o corpo, cercado de plumas, era

rodeado de serpentes (há versões que dizem que os seus dedos eram cabeças de

dragão com línguas pretas, que soltavam centelhas de fogo pelos olhos e gritos de

animal selvagem).

Uniu-se a Equidna e foi pai de todos os monstros: do cão de 3 cabeças

Cérbero, do lobo (ou cachorro) de 2 cabeças Ortro, da esfinge, do dragão de 100

cabeças Ládon, do dragão da Cólquida (que guardava o velocino de ouro), da hidra,

de Ethon (a águia que comia o fígado de Prometeu) e da Quimera.

Depois de ter perdido numa luta contra os deuses Olímpicos, foi aprisionado

no Tártaro. Lá, Tifão permanece tão perverso quanto sempre. Em Tártaro, Tifão

toma a forma de ventos furiosos que fustigam as tempestades do mar, dispersando

os navios, matando marinheiros, trazendo morte e destruição às terras costeiras.

fig. 36 Tanato

Page 33: Mitologia Grega

33

IV Os Titãs

Na mitologia grega, os Titãs – masculino – e Titânides – feminino –

estão entre a série de deuses que enfrentaram Zeus e os deuses olímpicos na

sua ascensão ao poder.

Page 34: Mitologia Grega

34

Atlas

O gigante Atlas, como os seus irmãos

Prometeu e Epimeteu, é filho do Titã Jápeto e da

ninfa Clímene, filha do Oceano.

Participou na guerra que opôs os Gigantes

aos Olímpicos e que se saldou por uma derrota. Por

isso foi condenado por Zeus a carregar o céu às

suas costas.

A sua morada está situada nas

extremidades ocidentais da terra. Heródoto conta

que Perseu, tendo regressado após ter matado a

medusa, apresentou a sua cabeça ao gigante que,

petrificado, foi transformado numa montanha.

Ceos

Ceos (o Céu) foi um dos titãs que nasceram de

Geia e é o Titã da inteligência, foi casado com a Titânide

Febe e com ela teve Astéria, a Deusa estrelar, e Leto, a

Deusa do anoitecer.

Crio

Crio é o um dos 12 titãs clássicos da tradição hesiódica.

Ele desposou Euríbia e gerou: Pallas, Astreu e Perses.

Crio, assim como os demais titãs que ficaram ao lado de Cronos na

Titanomaquia, foi aprisionado no Tártaro.

Cronos

Cronos, o “dos pensamentos pérfidos”, é o mais novo dos Titãs, filho de Geia

e de Úrano.

fig. 37 Atlas

fig. 38 Ceos

Page 35: Mitologia Grega

35

Foi o único a escutar o pedido de sua mãe,

quando Geia, a fim de por termo à sua própria

escravatura e à dos seus filhos, decidiu armá-lo, com

uma foice, para que ele vencesse Úrano. Então Cronos,

com um golpe de foice, cortou o órgão sexual de seu

pai, afastou-o do poder e apoderou-se do Universo.

Após isto, Cronos reinou entre os deuses

durante um período de prosperidade conhecido como

Idade Dourada. Mas uma profecia dizia que ele seria

enfim vencido por um filho seu. Assim, temendo uma

revolta tal qual a sua, ele passou a devorar os seus

próprios filhos assim que nasciam. Até que a profecia

se cumpriu, e Zeus, auxiliado por sua mãe, Reia, o

destronou, na guerra que ficaria conhecida como

Titanomaquia. Zeus libertou definitivamente seus irmãos e baniu os Titãs para o

Tártaro.

Febe

Febe era chamada de "A mais bela

entre as Titânides”. Talvez a primeira deusa

da Lua que os gregos conheceram, Febe é a

Deusa da lua, relacionada com as noites de

lua cheia.

Febe uniu-se a Ceos e tiveram as

Deusas Leto e Astéria.

Hiperíon

Um dos doze Titãs é, como o seu nome indica, “aquele que se encontra no

horizonte”. Casado com a sua irmã Teia, a mais velha das Titânides, terá três filhos:

Hélio – o sol, Selene – a lua e Eos – a aurora.

fig. 39 Cronos

fig. 40 Febe (ao centro)

Page 36: Mitologia Grega

36

Jápeto

Jápeto, um dos doze Titãs, casou-se com a ninfa Clímene, filha de seu irmão,

Oceano. Desta união nasceram quatro filhos: Atlas e Menécio, punidos por Zeus por

terem ajudado os Titãs na sua resistência e Epitemeu e Prometeu, que tiveram um

papel capital na história mítica do género humano.

Entre os Gregos irreverentes, o nome de Jápeto assumia o sentido de velho

impertinente.

Mnemosine

Mnemosine era uma das Titânides

filhas de Urano e Gaia e a deusa da Memória.

Ela teve de Zeus as Noves Musas.

Era aquela que preserva do

esquecimento. Seria a divindade da

enumeração vivificadora frente aos perigos

da infinitude, frente aos perigos do

esquecimento que na cosmogonia grega

aparece como um rio, o Lethe, um rio a cruzar

a morada dos mortos (o de “letal”

esquecimento), o Tártaro, e de onde “as

almas bebiam sua água quando estavam

prestes a reencarnarem-se, e por isso

esqueciam sua existência anterior”

Oceano

Oceano, o mais velho dos Titãs, filho

de Geia e Úrano.

Ele representa o imenso oceano

líquido que rodeava a terra, considerada um

círculo de que Delfos seria o centro.

fig. 41 Mnemosine

fig. 42 Oceano

Page 37: Mitologia Grega

37

Oceano, casado com a sua irmã Tétis, gerou 3 mil filhos, os rios, e três mil

filhas, as Oceânides, ninfas das águas “que, espalhadas por toda a terra, presidiam

às fontes profundas”.

Na maioria das variantes do mito da guerra entre os Titãs e os Deuses

Olímpicos, ou Titanomaquia, Oceano, tal como Prometeu e Témis, não se juntaram

aos seus irmãos titãs contra os Olímpicos, tendo se mantido afastados do conflito.

Oceano também teria recusado alinhar com Cronos na sua revolta contra seu pai

Urano.

Prometeu

Prometeu, filho do Titã Jápeto e

da Oceânide Clímene, é irmão de

Epimeteu, Atlas e Menécio.

A Prometeu e seu irmão

Epimeteu foi dada a tarefa de criar os

homens e todos os animais. Epimeteu

encarregou-se da obra e Prometeu

encarregou-se de supervisioná-la depois

de pronta, assim Epimeteu atribuiu a

cada animal seus dons variados, de

coragem, força, rapidez, sagacidade;

asas a um, garras a outro, uma carapaça

protegendo um terceiro, etc. Porém,

quando chegou a vez do homem, que deveria ser superior a

todos os animais, Epimeteu gastara todos os recursos, assim, recorre a seu irmão

Prometeu que com a ajuda de Minerva roubou o fogo que assegurou a

superioridade dos homens sobre os outros animais.

Todavia o fogo era exclusivo dos deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus

ordenou a Hefesto acorrentá-lo ao cume do monte Cáucaso, onde todos os dias

uma águia (ou abutre) ia dilacerar o seu fígado que, por ser Prometeu imortal,

regenerava-se. Esse castigo devia durar 30.000 anos.

fig. 43 Prometeu

Page 38: Mitologia Grega

38

Prometeu foi libertado do seu sofrimento por Hércules que, havendo

concluído os seus doze trabalhos dedicou-se a aventuras. No lugar de Prometeu, o

centauro Quíron deixou-se acorrentar no Cáucaso, pois a substituição de Prometeu

era uma exigência para assegurar a sua libertação.

Epimeteu

Epimeteu é um Titã, filho do titã Jápeto e da Oceânide Ásia, filha de Oceano,

também chamada de Clímene e irmão de Atlas, Prometeu, Hésperos e Menoécio.

Epimeteu criou os animais e deu-lhes os atributos. Quando chegou ao

homem, não havia mais nenhuma qualidade para lhe dar. Pediu socorro ao seu

irmão Prometeu, que então roubou o fogo dos deuses e o ofertou aos homens,

ensinando-lhe também como trabalhar com ele.

Reia

Reia é uma das Titânides. A deusa “dos belos cabelos”, após a castração de

seu pai Urano, casou-se com o seu irmão, o subtil Cronos, responsável pelo feito. Os

dois reinaram, então, sobre o mundo e sobre a raça dos Titãs, gerando Héstia,

Deméter, Hera, Hades, Posídon e Zeus.

Devido a um oráculo de Urano,

que profetizara que Cronos seria

destronado por um dos filhos, este

passou a engolir todos os seus filhos

assim que nasciam. Reia decidiu que isto

não ocorreria com seu sexto filho.

Assim, quando Zeus nasceu, Reia

escondeu-o no Monte Ida, em Creta e,

em vez do filho, deu a Cronos uma pedra

enrolada em panos. Cronos engoliu-a,

pensando ser o filho. fig. 44 Reia

Page 39: Mitologia Grega

39

Seguindo a ascensão de seu filho Zeus ao status de rei dos deuses, ela

contestou sua parte do mundo e acabou refugiando-se nas montanhas, onde se

cercou de criaturas selvagens.

Por ser mãe de todos deuses do Olimpo, é conhecida como Mãe dos Deuses.

É uma deusa relacionada com a fertilidade.

Teia

Teia desposou Hiperíon e deu a luz às divindades siderais Hélio, o sol, Selene,

a lua, e Eos a aurora.

Tétis

A mais jovem da Titânides e, a este título,

divindade primordial, representa a terra sólida que

se uniu com o seu irmão Oceano, o mais velho dos

Titãs, deus do elemento líquido. Desta união, ela

dará à luz os três mil rios e as três mil ninfas das

águas.

Personifica a fecundidade da água, que

alimenta os corpos e forma a seiva da vegetação.

Témis

Filha de Geia e Urano, era uma divindade

fecundadora e profética, como a sua mãe.

É a deusa da justiça. Foi a segunda mulher de

Zeus, sentava-se ao lado de seu trono, pois era sua

conselheira.

Considerada, para a mitologia, a personificação

da Ordem e do Direito divinos, ratificados pelo

Costume e pela Lei.

fig. 45 Tétis

fig. 46 Témis

Page 40: Mitologia Grega

40

V

Lendas e histórias mitológicas

Page 41: Mitologia Grega

41

Origem do Universo

“Antes de tudo”, reinava o “espaço vazio” e ilimitado: o Caos.

Depois apareceu Geia – a matéria primordial, a terra – e Eros – a força

irresistível que juntou os elementos, o princípio da vida.

Graças à acção fecundante de Eros, todas as coisas nasceram, pouco a

pouco, do Espaço e da Terra.

Do Caos emergiu o mundo das trevas: Érebo – a Obscuridade infernal – e Nix

– a Noite – reunidos por Eros, vão trazer a luz ao mundo ao gerarem Éter – o Fluido

vital – e Hemera – o Dia.

Pela sua parte Geia dará à luz Urano – o Céu estrelado – que ela faz “igual,

em tamanho, a si própria, a fim de que ele a possa cobrir completamente”.

Seguidamente, cria as montanhas, Ureia e Ponto, o mar.

Geia e Urano ou a 1ª Geração:

Úrano depois de criado por Geia passa a ser seu marido e protector, sempre

deitado sobre ela, gerando vida nela, copulando-a periodicamente com a chuva.

Úrano e Geia geraram as criaturas: os Titãs e as Titânides, os Ciclopes, e os

Hecatonquiros. Após ser criado, Úrano passa a ser o primeiro senhor do Cosmos

não demorando a tornar-se também o seu primeiro tirano.

O reino de Cronos ou a 2ª Geração:

Numa revolta organizada por Geia contra a tirania de Úrano, que devolvia os

seus filhos à Terra tirando-os do Céu, pois tinha medo de ser destronado, Cronos

castrou o seu pai Úrano que perdeu o seu poder, assim Cronos passou a reinar no

mundo, com os seus irmãos, os Titãs. Nesse momento, os Ciclopes e Hecatonquiros

já haviam sido presos no Tártaro por Úrano.

Domínio dos filhos do titãs 3ª Geração:

Cronos, sabendo que seria destronado por um de seus filhos, devorava-os

logo que nasciam. Reia, sua esposa, enganou-o e escondeu Zeus, que foi criado

escondido pela ninfa Almatéia e pelos Curetes. Quando cresceu libertou os seus

irmãos do corpo de Cronos através de uma erva dada por Métis, libertou os Ciclopes

e os Hecatonquiros – que imortalizou – e, unido a todos estes, realizou a

Page 42: Mitologia Grega

42

Titianomaquia, a luta contra os Titãs, que vencidos foram atirados ao Tártaro. Assim

Zeus e os outros Olímpicos subiram ao poder.

Musas

Na Grécia, as musas eram filhas de

Mnemosine e Zeus.

Após a vitória dos deuses do

Olimpo sobre os seis filhos de Urano,

conhecidos como Titãs, foi solicitado a Zeus que se criassem divindades capazes de

cantar a vitória e perpetuar a glória dos Olímpicos. Zeus então partilhou o leito com

Mnemosine, a deusa da memória, durante nove noites consecutivas e, um ano

depois, Mnemosine deu à luz nove filhas em um lugar próximo ao monte Olimpo.

As musas cantavam o presente, o passado e o futuro, acompanhados pela

lira de Apolo, para deleite das divindades do panteão. Eram, originalmente, ninfas

dos rios e lagos.

Estas musas eram:

Musa Significado Arte Representação Calíope A de bela voz Poesia Épica Tabuleta ou pergaminho e

uma pena para escrita Clio A Proclamadora História Pergaminho parcialmente

aberto Érato Amável Poesia Lírica Pequena Lira Euterpe A doadora de

prazeres Música Flauta

Melpómene A poetisa Tragédia Uma máscara trágica, uma grinalda e uma clava

Polímnia

A de muitos hinos

Música Cerimonial (sacra)

Figura velada

Talia

A que faz brotar flores

Comédia Máscara cómica e coroa de hera ou um bastão

Terpsícore A rodopiante Dança Lira e plectro Urânia A celestial Astronomia Globo celestial e compasso

fig. 47 Musas

Page 43: Mitologia Grega

43

Narciso

A lenda de Narciso,

surgida provavelmente da

superstição grega segundo a

qual contemplar a própria

imagem prenunciava má

sorte, possui um simbolismo

que fez dela uma das mais

duradouras da mitologia

grega.

Na Mitologia Grega,

Narciso era um herói do

território de Téspias na

Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.

Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu nascimento, o adivinho

Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a

própria figura.

Ovídeo conta a história de uma ninfa bela e graciosa chamada Eco que

amava Narciso em vão. A beleza de Narciso era tão incomparável que ele pensava

que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Como

resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada,

definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao

rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio

reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no

banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. As ninfas

construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram

uma flor no seu lugar: o narciso.

fig. 48 Eco e Narciso

Page 44: Mitologia Grega

44

Sísifo

Sísifo, filho do rei Éolo, da Tessália, e Enarete, era considerado o mais astuto

de todos os mortais. Foi o fundador e primeiro rei de Ephyra, depois chamada

Corinto, onde governou por diversos anos. Casou-se com Mérope, filha de Atlas,

sendo pai de Glauco e avô de Belerofonte.

História de Sísifo:

Mestre da malícia e dos truques, ele entrou para a tradição como um dos

maiores ofensores dos deuses.

Certa vez, uma grande águia sobrevoou sua cidade, levando nas garras uma

bela jovem. Sísifo reconheceu a jovem Egina, filha de Asopo, um deus-rio, e viu a

águia como sendo uma das metamorfoses de Zeus. Mais tarde, o velho Asopo veio

perguntar-lhe se sabia do rapto de sua filha e qual seria seu destino. Sísifo logo fez

um acordo: em troca de uma fonte de água para sua cidade ele contaria o paradeiro

da filha. O acordo foi feito e a fonte presenteada recebeu o nome de Pirene e foi

consagrada às Musas.

Assim, ele despertou a raiva do grande Zeus, que enviou o deus da Morte,

Tanato, para levá-lo ao mundo subterrâneo. Porém o esperto Sísifo conseguiu

enganar o enviado de Zeus. Elogiou sua beleza e pediu-lhe para deixá-lo enfeitar seu

pescoço com um colar. O colar, na verdade, não passava de uma coleira, com a qual

Sísifo manteve a Morte aprisionada e conseguiu driblar seu destino.

Durante um tempo não morreu mais ninguém. Sísifo soube enganar a Morte,

mas arrumou novas encrencas. Desta vez com Hades, o deus dos mortos, e com

Ares, o deus da guerra, que precisava dos préstimos da Morte para consumar as

batalhas.

Tão logo teve conhecimento, Hades libertou Tanato e ordenou-lhe que

trouxesse Sísifo imediatamente para os Infernos. Quando Sísifo se despediu de sua

mulher, teve o cuidado de pedir secretamente que ela não enterrasse seu corpo.

Já no inferno, Sísifo reclamou com Hades da falta de respeito de sua esposa

em não o enterrar. Então suplicou por mais um dia de prazo, para se vingar da

mulher ingrata e cumprir os rituais fúnebres. Hades lhe concedeu o pedido. Sísifo

Page 45: Mitologia Grega

45

então retomou seu corpo e fugiu com a esposa. Havia enganado a Morte pela

segunda vez.

Sísifo morreu de velhice e Zeus enviou Hermes para conduzir sua alma ao

Hades. No Hades, Sísifo foi considerado um grande rebelde e teve um castigo,

juntamente com Prometeu, Títio, Tântalo e Ixíon.

Por toda a eternidade Sísifo foi condenado a rolar uma grande pedra de

mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele

estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o

ponto de partida por meio de uma força irresistível. Por esse motivo, a tarefa que

envolve esforços inúteis passou a ser chamada "Trabalho de Sísifo".

fig. 49 Trabalho de Sísifo

Page 46: Mitologia Grega

46

Ilíada

A Ilíada (do grego ΙΛΙΑΔΟΣ) é um poema

épico grego que narra os acontecimentos

ocorridos no período de pouco mais de 50 dias,

durante o décimo e último ano da Guerra de

Tróia e cuja génese radica na cólera de Aquiles.

A Ilíada é atribuída a Homero, e

constituem os mais antigos documentos

literários gregos (e ocidentais) que chegaram

nos nossos dias.

Argumento:

A Ilíada passa-se durante o décimo e último ano da guerra de Tróia e trata da

ira do herói e semideus Aquiles, filho de Peleu e Tétis. A ira é causada por uma

disputa entre Aquiles e Agamémnon, comandante dos aqueus e consumada com a

morte do herói troiano Heitor (ou Héctor), terminando com o seu funeral.

Personagens principais

A Ilíada é um poema extenso e possui uma grande quantidade de

personagens da mitologia grega e Homero assumia que seus ouvintes estavam

familiarizados com esses mitos, o que pode causar confusão ao leitor moderno.

Segue um resumo dos personagens que tomam parte na Ilíada:

Os Aqueus

Os gregos antigos não se definiam como “gregos” ou “Helénicos”,

denominação posterior, mas como “aqueus”, compostos por diversos povos de

diversos reinos que tinham uma língua e cultura razoavelmente compartilhada. Os

aqueus também são chamados de “Dânaos” por Homero.

• Aquiles: príncipe da Tessália, líder dos mirmidões, herói e melhor de todos os

guerreiros, filho da deusa marinha Tétis e do mortal rei Peleu. A sua ira é o tema

central da Ilíada.

Page 47: Mitologia Grega

47

• Agamémnon: Rei de Micenas e comandante supremo dos aqueus, a sua

atitude de tomar a escrava Briseida de Aquiles é o início do desentendimento

entre eles.

• Pátroclo: Amigo de Aquiles. Alguns argumentam que há envolvimento íntimo

entre Aquiles e Pátroclo.

• Odisseu (Ulisses): Rei de Ítaca, considerado “astuto”, ou “ardiloso”.

Frequentemente faz o papel de embaixador entre Aquiles e Agamémnon.

• Calcas Testorídes: Poderoso vidente que guia os aqueus. Foi ele que previu

que a guerra duraria 10 anos, que era preciso devolver Criseida ao pai e muitas

outras coisas.

• Ájax, Nestor, Idomeneu: Reis e heróis gregos, que comandavam exércitos

dos seus reinos sob a supervisão geral de Agamémnon.

• Diomedes: Príncipe de Argos, comandava a frota de navios de seu reino.

Herói valente que participou activamente no cerco, na pilhagem e no saque de

Tróia

• Menelau: Rei de Esparta, marido de Helena e irmão mais novo de

Agamémnon.

Os Troianos e seus aliados:

• Heitor, ou Héctor: Príncipe de Tróia, filho de Príamo e irmão de Páris. É o

melhor guerreiro Troiano, herói valoroso que combate para defender sua cidade e

sua família. Líder dos exércitos troianos.

• Príamo: rei de Tróia, já é idoso, portanto quem comanda de facto a luta é o

seu filho, Heitor.

• Páris: Príncipe de Tróia, a sua fuga com Helena é a causa da guerra. É sua a

flecha que finalmente mata Aquiles, embora isso não seja descrito na Ilíada.

• Eneias: Primo de Heitor e seu principal tenente. É o personagem principal da

Eneida, obra máxima do poeta latino Virgílio.

• Helena: Esposa de Páris, antes casada com Menelau, e pivot da guerra. Com

a queda de Tróia volta para Esparta e para Menelau.

Page 48: Mitologia Grega

48

• Andrómaca: Esposa de Heitor, de quem tinha um filho bebé, Astíanax.

Os Deuses:

• Os deuses gregos tomam parte activa na trama, envolvendo-se na batalha e

ajudando ambos os lados. Notoriamente temos Tétis (mãe de Aquiles) Apolo,

Zeus, Hera, Atena, Posídon, Afrodite e Ares.

Odisseia

A Odisseia (em grego, OΔΥΣΣΕΙΑΣ) é

um poema de nostos (palavra grega que

significa "regresso", de onde deriva a

palavra portuguesa "nostalgia") dividido em

24 cantos atribuído, tal como a Ilíada, a

Homero.

A obra segue os eventos da viagem

do rei Odisseu (ou Ulisses), de Ítaca, que

voltava da guerra de Tróia.

Argumento:

Conta as viagens de Odisseu depois

da tomada de Tróia e o regresso do herói ao

seu reino de Ítaca.

Passaram-se dez anos desde que Odisseu partira para a guerra de Tróia

(guerra que é, em parte, narrada na Ilíada). Muitos dos heróis da guerra de Tróia,

como Menelau, cuja esposa – a princesa Helena de Esparta – havia sido raptada

(originando-se assim a guerra), já regressaram à Grécia. (Tróia ficava na costa jónica,

actual Turquia). Mas Odisseu não chegou, pois após sair de Ísmaros (primeira cidade

no caminho para a sua pátria), envolveu-se numa tempestade, afastando-o do seu

destino. Entretanto, os pretendentes de Penélope (esposa de Odisseu) acumulam-

se e esperam que ela se decida a casar de novo. Ao esperarem, vão dilapidando a

fortuna de Odisseu em banquetes. Penélope, esperançosa que o seu marido

retorne, vai protelando a escolha de um dos pretendentes (por vezes

ardilosamente, como na célebre fiação do bordado mortalha, na qual lhes diz que

Page 49: Mitologia Grega

49

quando acabar escolherá um dos pretendentes, mas de noite desfaz o que fez de

dia).

Odisseu, tentando retornar, erra pelo mar por mais dez anos. É recebido no

país dos Feácios, (conhecidos por serem exímios marinheiros) a quem conta as suas

aventuras. Acaba por conseguir regressar a Ítaca. Prepara tudo para massacrar os

pretendentes, o que faz com a ajuda do seu filho Telémaco.

Personagens:

Casa de Odisseu

• Odisseu, herói da guerra de Tróia e que quer voltar para junto dos seus.

• Penélope, esposa de Odisseu

• Telémaco, filho de Odisseu e de Penélope

• Laertes, pai idoso de Odisseu

• Eumeu, porqueiro

• Euricleia, ama de confiança

• Antinoo, um dos pretendentes, o mais malvado de todos

• Eurimaco, um dos pretendentes que copia tudo o que Antinoo diz

Casa dos Feácios

• Alcínoo, rei dos Feácios

• Areta, esposa de Alcínoo

• Nausícaa, filha de ambos

• Laodamante, irmão de Nausícaa, desafiador de Odisseu nos jogos.

• Hálio

• Clitóneo

• Equeneu, velho herói

• Demódoco, contador lírico de histórias

• Pontónoo

Page 50: Mitologia Grega

50

• Anfíloo, atleta

• Euríalo, atleta, desafiador de Odisseu nos jogos

Companheiros de Odisseu nas viagens marítimas

• Baio

• Euríloco

• Perimedes

• Elpenor

Deuses intervenientes

Directamente:

• Atena (a favor de Ulisses)

• Posídon (contra Ulisses)

• Éolo, rei e deus dos ventos

• Hades – Deus do mundo subterrâneo

• Hermes – Mensageiro dos deuses

Monstros e Criaturas Maravilhosas

• Hélio

• Cila

• Ciclopes, em particular Polifemo

• Caríbdis

• Sereias

• Lotófagos

Page 51: Mitologia Grega

51

Tróia

Mais de mil anos antes de Cristo, na orla da extremidade oriental do

Mediterrâneo, havia ema cidade muito rica e poderosa, sem rival à superfície da

terra. Chamava-se Tróia, e talvez nunca tenha existido cidade mais célebre tão vasta

e tão duradoira, esta cidade é mais conhecida devido a uma guerra que é contada

num dos maiores poemas da humanidade, a Ilíada, e a causa dessa guerra remonta a

uma disputa entre três deusas despeitadas:

A sentença de Páris

Éris, a deusa má da Discórdia, não desfrutava, naturalmente de grande

popularidade no Olimpo e, quando os deuses davam qualquer banquete, estavam

sempre dispostos a ignorá-la. Profundamente ressentida, resolveu provocar

desavenças – e, na verdade, foi até muito bem sucedida nesses seus intentos.

Durante a festa de celebração de um importante casamento, o do rei Peleu e da

ninfa marinha Tétis, para o qual ela fora a única divindade a não ser convidada,

resolveu lançar para dentro do salão em que se estava a celebrar o acontecimento

uma maçã dourada sobre a qual estavam gravadas as seguintes palavras: «Para a

mais bela!» Naturalmente todas as deusas a ambicionavam; no fim a escolha ficou

limitada a três – Afrodite, Hera e Atena. Pediram a Zeus que servisse de juiz e

decidisse, mas, muito prudentemente, ele recusou-se a tratar do assunto.

Aconselhou-as a irem ao monte Ida, perto de Tróia, onde o jovem príncipe

Páris guardava o gado do pai. Tratava-se de um excelente juiz da beleza feminina,

explicou-lhes Zeus. Paris, embora príncipe real, trabalhava como pastor, porque

Príamo, seu pai e rei de Tróia, tinha sido

avisado de que seu filho havia, um dia,

de ser a ruína do país e, por isso,

irradiara-o.

As três deusas apareceram

diante dele, Páris ficou com um

espanto inimaginável; as três deusas,

fig. 50 A sentença de Páris

Page 52: Mitologia Grega

52

contudo, não lhe pediram que ele as contemplasse na sua divindade radiante, para

decidir qual a mais bela, apenas lhe disseram que tivesse em consideração os

subornos que lhe ofereciam e escolhesse, portanto, o que mais lhe agradasse. A

decisão, no entanto, não foi fácil. Apresentavam-lhe tudo o que os homens mais

apreciam: Hera prometeu fazer dele o senhor da Europa e da Ásia; Atena aliciou-o

com a chefia dos troianos no momento da vitória sobre os gregos, deixando atrás

de si a Grécia em ruínas; Afrodite subjugou-o com a promessa de vir a possuir as

mais belas mulheres do mundo. Páris, um fraco, alem de um tanto cobarde também,

escolheu a última oferta – deu a Afrodite a maçã dourada.

Foi esta a Sentença de Páris, célebre em toda a parte, como tendo sido a

verdadeira causa da guerra de Tróia.

A Guerra de Tróia

A mais bela mulher do mundo era Helena, filha de Zeus e de Leda e irmã de

Castor e Pólux. A fama da sua beleza tinha uma repercussão de tal ordem que não

havia príncipe na Grécia que não quisesse desposá-la. O rei Tíndaro, considerado pai

de Helena, pois era marido de Leda, receando que pudesse advir qualquer coisa

contra ele da escolha de um entre tão numerosos pretendentes, resolveu exigir um

juramento solene de que todos eles defenderiam a causa do marido de Helena,

fosse ele quem fosse, se por causa do casamento viesse a sofrer algum

contratempo. Depois Tíndaro escolheu para genro Menelau, irmão de Agamémnon,

e proclamou-o também rei de Esparta.

Assim se encontravam as coisas quando Páris

deu a maçã doirada a Afrodite. A deusa do Amor e da

Beleza sabia muito bem onde se encontrava a mais

bela mulher do mundo, conduziu o jovem pastor

direito a Esparta, onde Menelau e Helena o

receberam com gentileza e amabilidade. Menelau,

confiando inteiramente nele, deixou Páris em sua

casa e partiu para Creta. Aí Páris raptou Helena de

Esparta. fig. 51 Páris e Helena

Page 53: Mitologia Grega

53

fig. 52 Ájax

Menelau, ao regressar, verificou que

Helena desaparecera e, consequentemente,

convocou toda a Grécia para ir em seu

auxílio. Os chefes guerreiros responderam

ao seu apelo, tal como tinham prometido –

acorram ansiosos pela grande empresa de

atravessar o mar e transformar em cinzas a

poderosa Tróia.

Agamémnon então assumiu o comando de um exército de

mil naus (neste exército encontravam-se grandes heróis gregos, como por exemplo,

Aquiles, Diomedes e Odisseu) e atravessou o mar Egeu para atacar Tróia. As naus

gregas desembarcaram na praia próxima a Tróia e iniciam um cerco que iria durar

dez anos e custaria a vida a muitos heróis, tanto de Tróia – Heitor – como entre os

Aqueus – Pátroclo, Aquiles e Ájax.

Nos últimos 50 dias da guerra, onde começa o

relato da Ilíada, a querela entre os dois homens que

começou quando Agamémnon usou o nome de Aquiles

para trazer Ifigénia para Áulis e quando Agamémnon,

tendo sido obrigado a libertar a sua serva Criseida,

exigiu como compensação a serva de Aquiles, Briseida,

vai tomar proporções desastrosas a despeito de todos

os esforços conciliadores. Aquiles retirou-se para a sua

tenda e deixou de dar o apoio aos gregos, mesmo quando a situação ameaçou

tornar-se catastrófica.

E não voltou atrás na sua decisão

senão quando o seu primo e inseparável

amigo Pátroclo sucumbiu aos golpes de

Heitor. Nenhum troiano, a partir deste

momento poderá resistir à fúria de Aquiles: o

fig. 53 Aquiles

fig. 54 Morte de Heitor

Page 54: Mitologia Grega

54

próprio Heitor, o mais valente de todos eles, cairá por sua vez, num duelo sem

piedade.

O velho Príamo, que verá morrer todos os seus filhos, um após o outro,

dirige-se a Aquiles, suplicando-lhe que lhe entregasse o cadáver de Heitor. Aquiles

entrega o corpo de Heitor a seu pai e promete que nenhum grego atacará Tróia

durante os nove dias em que se vão realizar os rituais fúnebres. [Aqui termina o

relato da Ilíada]

Apesar da valentia e dos feitos de

Aquiles, a fatalidade não podia deixar de

acontecer… A morte do grande herói da

Antiguidade é apresentada em duas

versões diferentes:

• Uma relata-nos que ele morreu

em combate, ferido no calcanhar por

uma flecha assassina, atirada por Páris,

mas guiada por Apolo, vingador do seu

filho Tenes.

• A outra versão, mais

romanesca, diz-nos que o herói se

apaixonou por Polixena, a filha mais jovem

do rei troiano e que, por amor dela, esteve quase a abandonar a causa dos Gregos.

Certo dia, Aquiles encontrou-se com a jovem num templo de Apolo, muito

próximo de Tróia, mas Páris, irmão de Polixena, surgiu empunhando o seu arco e,

vendo o seu inimigo numa postura galante feriu-o, fácil e cobardemente, com uma

flecha no calcanhar.

De seguida Páris é morto por Odisseu e Menelau sente-se satisfeito ao

ultrajar o cadáver do seu rival.

Finalmente, seguindo um estratagema proposto por Odisseu, o famoso

cavalo de Tróia, os gregos invadiram a cidade governada por Príamo e terminaram a

guerra. O cavalo de Tróia revelou-se uma armadilha, um falso pedido de paz grego.

Sendo um presente para o rei, os troianos levaram o cavalo para dentro das

fig. 55 Morte de Aquiles

Page 55: Mitologia Grega

55

muralhas da cidade; à noite,

quando todos dormiam, os

soldados gregos que se

escondiam dentro da estrutura

oca de madeira do cavalo saíram e

abriram os portões para que todo

o exército entrasse e queimasse a

cidade. Muitos troianos foram

mortos, entre as vítimas

encontra-se Príamo, o rei de Tróia.

Alguns troianos conseguiram fugir ao massacre e refugiaram-se nos

arredores da cidade, entre estes estava Eneias, que irá ser conduzido, via Cartago, a

Itália.

Depois da vitória e de partilharem o saque e os cativos, regressam à Grécia.

Mas um dos heróis da guerra, devido a uma tempestade vai ser afastado da

sua armada e, a partir daí, vai errar pelos mares e pelos continentes durante dez

anos, esse homem é Odisseu, esta aventura é-nos relatada na Odisseia.

A guerra dos Titãs – A Titanomaquia

Cronos foi advertido de que assim como aconteceu com o seu pai ele

também seria destronado por um dos seus filhos, então passou a devorá-los quando

nasciam; assim ele o fez com Deméter, Hera, Hades, Héstia e Posídon. Quando Zeus

nasceu, Reia deu uma pedra a Cronos no lugar do seu sexto filho, que ocultou numa

caverna na ilha de Creta. Ao atingir a idade adulta, Zeus decidiu destronar o pai,

conforme a antiga profecia.

A primeira aliada de Zeus foi a Titânide Métis, deusa da prudência. Métis

enganou Cronos, fazendo-o beber uma poção que o obrigou a vomitar Héstia,

Deméter, Hera, Hades e Posídon, os filhos engolidos. Zeus conseguiu ainda libertar

os ciclopes, seus tios, que se juntaram a ele e aos irmãos.

Armado com o relâmpago (presente dos ciclopes) e recoberto com a égide

(possivelmente a pele da cabra Amalteia, já morta), Zeus enfrentou Cronos e os

fig. 56 Cavalo de Tróia

Page 56: Mitologia Grega

56

outros titãs. Do lado de Zeus,

além dos irmãos e dos tios (os

ciclopes), estavam as

Oceânides Métis e Estige, os

filhos de Estige (Zelo, Niké,

Cratos e Bias) e Prometeu,

filho de Jápeto. Do lado dos

titãs, as operações foram

conduzidas por Cronos. Após

dez anos de luta, a um

conselho de Geia, Zeus

libertou também os poderosíssimos Hecatonquiros. Com mais esses aliados, os Titãs

foram finalmente derrotados e expulsos do céu.

Com a vitória, Zeus se tornou o soberano dos Deuses e passou a governar o

universo no Monte Olimpo, a Posídon ele concedeu o domínio sobre as águas e a

Hades o mundo dos mortos, dentre os quais o Tártaro.

O novo soberano prendeu os Titãs vencidos no Tártaro, eternamente

vigiados pelos Hecatonquiros, e condenou o poderoso Atlas a sustentar

eternamente a abóbada celeste.

fig. 57 Titãs no Tártaro

Page 57: Mitologia Grega

57

VI Criaturas mitológicas

Page 58: Mitologia Grega

58

Os centauros

Os centauros são uma raça de

seres com o torso e cabeça de humano

e o corpo de cavalo.

Os primeiros centauros

surgiram quando o Tessaliano Ixíon,

filho de Ares, o rei dos Lápitas,

apaixonou-se por Hera e procurou

levá-la para o seu leito. Mas Zeus

enviou-lhe uma nuvem com a

aparência de sua esposa, com a qual

Ixíon se deitou. Desta união nasceram

criaturas híbridas, cavalos com busto humano, munidos de braços – os centauros.

Os centauros viviam nos bosques dos montes Pélion e Ossa e os seus

costumes eram considerados selvagens.

Quando Pirítoo, filho de Ixíon, se casou, convidou os seus monstruosos

parentes para o banquete. Estes embebedaram-se e tentaram violentar a noiva.

Este acontecimento provocou uma luta entre os Lápitas e os centauros, que se

traduziu numa batalha sangrenta. Os Lápitas acabaram por vencer, graças à

coragem de Pirítoo e do seu amigo Teseu, e expulsaram os centauros da Tessália.

Cérbero

Cérbero era um monstruoso cão de

múltiplas cabeças e cobras ao redor do

pescoço, que guardava a entrada do Hades,

o reino subterrâneo dos mortos, deixando

as almas entrarem, mas jamais saírem e

despedaçando os mortais que por lá se

aventurassem.

Page 59: Mitologia Grega

59

Ciclopes

Os ciclopes são gigantes com um só olho

no meio da testa.

Já de acordo com a Teogonia, de Hesíodo,

havia apenas três ciclopes, que representavam o

som do trovão, o clarão do relâmpago e o raio.

Na Odisseia, de Homero, por sua vez, os

ciclopes são caracterizados como filhos de

Posídon, compondo uma raça de seres isolados,

evitados e temidos que vivem como pastores

numa ilha do Mediterrâneo.

Os ciclopes teriam sido mortos, segundo a

mitologia grega, por Apolo. Este matou-os, pois

Zeus, seu pai, matou Asclépio (que ressuscitou

alguns mortos), filho de Apolo, com os seus raios. Apolo, não podendo matar o pai,

vingou-se nos ciclopes que indirectamente, mataram Asclépio (os ciclopes fizeram

os raios usados para matar o filho de Apolo).

Harpias

Eram frequentemente representadas

como aves de rapina com rosto de mulher e

seios. Na história de Jasão, as Harpias foram

enviadas para punir o rei cego Fineu,

roubando-lhe a comida em todas as

refeições. Os seus nomes eram Aelo (a

borrasca), Ocípite (a rápida no voo) e Celeno

(a obscura).

Page 60: Mitologia Grega

60

Medusa

Medusa é uma das três Górgonas, divindades da mitologia grega, filhas das

divindades marinhas Fórcis e Ceto e irmã das velhas Greias. Ao contrário de suas

irmãs Górgonas, Esteno e Euríale, Medusa era mortal

Medusa era portadora de uma extrema beleza juntamente com suas duas

irmãs. Quando estava sentada num campo

cercada de flores de Primavera, o deus dos

Oceanos, Posídon, une-se a ela que gere

dois únicos filhos, mas estes só nascem no

momento da morte de Medusa. As vidas das

três irmãs, vidas debochadas e dissolutas,

aborrecia os demais deuses, principalmente

a deusa Atena. Para castigá-las, Atena

transformou-as em monstros com

serpentes em vez dos seus belos cabelos,

presas pontiagudas, mãos de bronze, asas de ouro, e o seu olhar petrificava quem

olhasse directamente em seus olhos.

Perseu foi encarregado pelo rei de Sérifo, Polidete, de decapitar e de lhe dar

de presente a cabeça da Medusa para, em sua vez, Polidectes oferecer como

prenda a Énomao, rei de Pisa, com fim de desposar a sua filha Hipodamia. Para isso,

o herói Perseu encontrou-se com umas certas ninfas africanas que gentilmente lhe

ofereceram objectos mágicos para o ajudarem no combate a Medusa, tais como:

um alforge, um par de sandálias aladas, que lhe permitiam elevar-se como uma pena

e escapar velozmente dos monstros, um escudo de bronze bem polido cujo reflexo

neutralizava o olhar petrificante das irmãs de Medusa e um capacete que, uma vez

colocado, o convertia numa figura invisível, possibilitando-o de se aproximar de

Medusa sem este ser descoberto. Quando Perseu a decapitou usando uma foice

com uma rigidez de diamante e bem afiada, uma oferta do deus Hermes, as grandes

figuras mitológicas Pégaso (o cavalo alado) e Crisaor, com a sua espada dourada,

nasceram do pescoço de Medusa.

Page 61: Mitologia Grega

61

Minotauro

O Minotauro era uma criatura meio homem e meio touro. Ele morava no

Labirinto, que foi elaborado e construído por Dédalo, a pedido do rei Minos, de

Creta, para manter o Minotauro. O Minotauro foi eventualmente morto por Teseu.

Minotauro é o grego para Touro de Minos.

Historia do Minotauro:

Antes de Minos tornar-se rei, ele pediu ao deus grego Posídon por um sinal,

para lhe assegurar que ele, e não seu irmão, assumiria o trono. Posídon concordou

em enviar um touro branco na condição de que Minos sacrificasse o touro de volta

ao deus. De facto, um touro, de incomensurável beleza, saiu inexplicavelmente do

mar. Minos, após vê-lo, achou-o tão belo que, ao invés dele, sacrificou outro touro,

esperando que Possuidor não notasse. Posídon ficou furioso quando notou o que

havia sido feito, e fez com que a esposa de Minos, Pasífae, fosse dominada por uma

loucura e que se apaixonasse pelo touro. Pasífae foi até Dédalo em busca de

assistência, e ele inventou uma maneira dela satisfazer suas paixões. Ele construiu

uma vaca oca de madeira, e encobriu Pasífae com pele de vaca para que o touro

pudesse montar nela. O resultado dessa união foi

o Minotauro.

O Minotauro tinha corpo de homem e a

cabeça e cauda de touro. Era uma criatura

selvagem, e Minos, após receber um conselho do

Oráculo de Delfos, mandou Dédalo construir um

labirinto gigante para conter o Minotauro.

Ele então ordenou que sete jovens e sete

damas atenienses fossem enviados anualmente

para serem devorados pelo Minotauro. Quando o

terceiro sacrifício veio, Teseu voluntariou-se para

ir e matar o monstro. Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e o ajudou

entregando-lhe uma bola de linha de costura para que ele pudesse sair do labirinto.

Teseu matou o Minotauro com uma espada mágica que Ariadne havia lhe dado e

liderou os outros atenienses para fora do labirinto.

fig. 58 Teseu contra Minotauro

Page 62: Mitologia Grega

62

Pégaso

Pégaso é um cavalo alado que figura na mitologia grega, presente no mito de

Perseu e da Medusa. Pégaso nasceu do sangue de Medusa quando esta foi

decapitada por Perseu.

Havendo feito brotar, com uma

patada, a fonte Hipocrene, tornou-se o

símbolo da inspiração poética.

Belerofonte matou a poderosa

Quimera, montando Pégaso após domá-

lo com ajuda de Atena e da rédea de

ouro. Mais tarde, Pégaso voou para o

Olimpo, onde Zeus o transformou numa

constelação.

Quimera

Quimera que surgiu na Grécia

durante o século VII a.C..

De acordo com a versão mais

difundida da lenda, a quimera era um

monstruoso produto da união entre

Equidna – metade mulher, metade

serpente – e o gigantesco Tífon.

Outras lendas fazem-na filha da Hidra de Lerna e do leão de Nemeia, que

foram mortos por Hércules. Habitualmente era descrita com cabeça de leão, torso

de cabra e parte posterior de dragão ou serpente. Criada pelo rei de Cária, mais

tarde assolaria este reino e o de Lícia com o fogo que vomitava incessantemente,

até que o herói Belerofonte, montado no cavalo alado Pégaso, conseguiu matá-la.

fig. 59 Belerofonte e Pégaso

fig. 60 Quimera

Page 63: Mitologia Grega

63

Hidra de Lerna

A Hidra de Lerna era um animal fantástico com inúmeras cabeças de

serpente (diferentes versões

dizem ser 7, 8, 9 ou até 10

cabeças) que se regeneravam (ou

seja, matava-se uma e surgia pelo

menos mais uma em seu lugar) e

corpo de dragão, cujo hálito era

venenoso. Uma das cabeças era

imortal.

Foi derrotada por Hércules

num dos seus doze trabalhos, que

atirou uma pedra na cabeça imortal ou, em outras

versões, destruiu cada cabeça e, para não se regenerarem, pediu a seu sobrinho

Jolau para queimar cada cabeça após ser cortada para que não se regenerasse.

Segundo a tradição, o monstro foi criado por Hera para matar Hércules.

Quando percebeu que Hércules iria matar a serpente, Hera enviou-lhe ajuda – um

enorme caranguejo, mas Hércules pisou-o e o animal converteu-se na constelação

de caranguejo. Hércules, após a matar, aproveitou para banhar as suas flechas no

sangue desta, para as deixar venenosas também.

Hecatonquiros

Os Hecatonquiros eram três gigantes da mitologia grega, irmãos dos 12 Titãs e dos 3

Ciclopes, filhos de Urano e Gaia: Briareu ("forte"), Coto ("filho de Cotito") e Giges.

Possuíam cem braços e cinquenta cabeças.

Urano, que os hostilizava, acabou mandando-os para as entranhas de Gaia. Esta, enfurecida,

ajudou-os a escapar e a montar a rebelião que culminaria com a castração de Urano.

Quando Cronos sobe ao poder aprisiona-os no Tártaro. São libertados por Zeus, que os

ajuda a montar uma emboscada. Como possuíam cem braços, eram hábeis no arremesso de

pedras e venceram-nos atirando tantas pedras que os Titãs acharam que a montanha por

onde passavam estava desabando.

Depois de derrotar os Titãs, se estabeleceram em palácios no rio Oceano, como guardiães

das portas do Tártaro, onde Zeus havia aprisionado os Titãs.

fig. 61 Hidra de Lerna e Hércules

Page 64: Mitologia Grega

64

VII

Heróis Mitológicos

Page 65: Mitologia Grega

65

Aquiles

Aquiles, o maior dos heróis gregos, é filho de Peleu, rei da Ftiótida, na

Tessália. Pela parte de seu avô Éaco, ele descende de Zeus.

A mãe de Aquiles é a Nereide Tétis, neta da Terra e do Mar.

Zeus e Posídon desejaram ambos conquistar Tétis. Mas o oráculo revelou

que o filho que nascesse da Nereide seria mais poderoso que o seu próprio pai.

Perante esta revelação, os deuses resolveram casar Tétis com um mortal, e todo o

Olimpo assistiu às núpcias de Tétis e de Peleu.

Infância e adolescência de Aquiles:

Entretanto, Tétis, desde que os seus filhos nasceram, só tinha um

pensamento: purificá-los de todas as características mortais, que eles tinham

herdado de seu pai. Assim, mal as crianças nasciam, Tétis tentava purificá-las pelo

fogo, mas elas morriam, inevitavelmente, queimadas. Isto aconteceu com os seis

primeiros filhos, para grande desespero de Peleu. Por isso, ele decidiu salvar o

sétimo, o pequeno Ligiron, custasse o que custasse. Assim, quando ele viu que Tétis

se preparava para atirar a criança ao fogo, retirou-lha das mãos. No entanto, esta

ainda queimou um dos ossos do pé.

Então, Peleu entregou o recém-nascido ao seu amigo, o centauro Quíron,

que exercia medicina (foi este centauro que deu a Ligiron o nome de Aquiles). O

centauro substituiu a parte queimada do pé da criança, por um osso retirado de um

esqueleto de gigante (a operação iria dotar Aquiles de extraordinárias aptidões para

a corrida e que justifica o epíteto que lhe foi dado, mais Tarde, por Homero, o de

herói “com os pés ligeiros”)

Uma outra versão, menos cruel, da lenda contava que Tétis, desejosa de

conceder a imortalidade a Aquiles, o tinha mergulhado nas águas do Estige, o rio

infernal. Mas ela não reparou que o calcanhar pelo qual agarrava a criança tinha

escapado à purificação mágica. E assim, este calcanhar ficou sempre como a parte

vulnerável do seu corpo.

O centauro Quíron encarregou-se da educação do jovem; iniciou-o na vida

rude, em contacto com a natureza; exercitou-o na caça, no adestramento de

cavalos, na medicina e também na música e, sobretudo, obrigou-o a praticar a

Page 66: Mitologia Grega

66

virtude. Aquiles tornou-se um adolescente belo, louro, de olhos vivos, intrépido,

simultaneamente capaz da maior ternura e da maior violência.

Peleu deu ainda ao seu filho um segundo receptor, Fénix, um homem de

grande sabedoria, que instruiu o príncipe nas artes da oratória e da guerra.

Juntamente com Aquiles foi educado Pátroclo, filho do rei da Lócrodia, Menécio. Os

dois rapazes acabaram por se tornar amigos inseparáveis.

Aquiles era ainda adolescente quando rebentou a guerra de Tróia. Mas a

adivinha Calcas, depois de consultada, informou que a cidade inimiga não seria

destruída se Aquiles não participasse no confronto.

Apavorada, Tétis tratou de disfarçar o seu filho de mulher e enviou-o para a

corte do rei Licomedes, na ilha de Ciros, para que ele fosse educado no harém, junto

das princesas, disfarçado com o nome de Pirra.

Entretanto os gregos enviaram Odisseu como embaixador à corte de Peleu,

a fim de que ele trouxesse o indispensável Aquiles, mas como este não o encontrou,

recorreram a Calcas, que lhes revelou o embuste. Odisseu então disfarçou-se de

mercador e entrou no gineceu. Mas o seu disfarce foi descoberto por Pirra

(Aquiles), pois esta viu que debaixo do manto estava escondida uma espada, aí ela

empunhou-a imediatamente, precipitando-se para fora do palácio com a arma na

mão e revelando, assim, o seu sexo e a sua natureza impetuosa.

Entretanto, uma das filhas de Licomedes, que há muito tempo conhecia a

verdadeira identidade de Aquiles, apresentou-se grávida, mas o nascimento do seu

filho só acontecerá após a partida do herói. Esta criança recebeu o nome de

Neoptólemo e o cognome de Pirro.

Odisseu conduziu Aquiles para junto dos seus pais. Tétis, assustada, fez

insistentes recomendações a seu filho: a sua vida seria tanto mais longa quanto

mais obscura ele a mantivesse. Mas Aquiles recusou os conselhos da mãe. Mas os

oráculos previam a sua morte em Tróia – como consequência de ter matado um

filho de Apolo.

Aquiles partiu, levando consigo Fénix e Pátroclo.

Aquiles em acção:

No decorrer do desembarque, efectuado por engano na Mísia, que os

Gregos confundiram com Tróia, Aquiles feriu com a sua lança o rei do país, Télefo,

Page 67: Mitologia Grega

67

filho de Hércules. Mais tarde, no entanto, graças aos seus conhecimentos de

medicina, curou-o.

Regressados ao porto de Élis – oito anos mais tarde – para se reagruparem

após esta expedição fracassada, os Gregos foram imobilizados pela calmaria dos

ventos. Agamémnon, o chefe do exército, tendo sabido através do oráculo que os

ventos não soprariam a não ser que sacrificasse a sua filha Ifigénia, imaginou que a

melhor maneira de a atrair, sem suspeitas, seria propondo-lhe casamento com

Aquiles. Quando o herói teve conhecimento do embuste em que fora envolvido sem

saber, censurou violentamente o "rei dos reis": e esta será a primeira querela com

Agamémnon.

Após o cumprimento do sacrifício de Ifigénia, os deuses permitiram aos

ventos que soprassem, e assim a frota

grega pôde navegar, fazendo escala na

ilha de Tenedo, ao largo de Tróia.

Durante dez anos, Gregos e

Troianos estiveram envolvidos em

escaramuças sem grandes consequências.

No decorrer deste período, os invasores

aproveitaram para efectuar expedições

de pirataria nas ilhas e cidades vizinhas de

Tróia. Agamémnon apoderou-se da filha

do sacerdote de Apolo, Criseida e, ainda, a

expedição a Lirmesso, onde Aquiles

capturou a bela Briseida, que tornou sua

serva.

A cólera de Aquiles:

No decurso do décimo ano de guerra, Aquiles e Agamémnon envolveram-se

em grande disputa. Tudo isto porque Agamémnon se vira obrigado a libertar a filha

do sacerdote, Criseida, exigiu como compensação a serva de Aquiles, Briseida.

Injuriado, furioso, Aquiles decidiu abandonar a guerra e retirou-se para o seu

acampamento, pondo assim em causa a possível vitória dos Gregos.

fig. 62 Aquiles

Page 68: Mitologia Grega

68

A situação dos Gregos não tardou a tornar-se aflitiva. Aquiles resistiu,

ferozmente, às súplicas de Ulisses e mesmo de Fénix, mas deixou-se comover pelas

lágrimas de Pátroclo, autorizando o seu amigo a utilizar as armas de Peleu e a

reconduzir os Mirmidões em combate. Acontece que, neste confronto, Pátroclo

acabará por encontrar a morte às mãos de Heitor, marido de Andrómaca, o mais

valente dos filhos do rei Príamo.

Enlouquecido de dor pela perda do seu amigo, Aquiles saltou, sem armas,

para o campo de batalha, produzindo um tal bramido, que o exército troiano se

escondeu atrás das suas muralhas. Aquiles só pensava em vingar a morte de

Pátroclo. Acontece que ele já não tinha as armas que lhe tinham sido dadas por seu

pai. Elas encontravam-se na posse de Heitor. Mas sua mãe, Tétis, encarregou

Hefesto de lhe forjar uma nova armadura. E assim as vítimas de Aquiles serão tantas

que irão atulhar o leito do rio Escamandro.

Mas é Heitor que Aquiles persegue com o seu ódio, e que pretende sacrificar

em homenagem a Pátroclo. Certo dia acaba por surpreendê-lo, derrotando-o num

combate singular e matando-o. Depois, prendeu o cadáver ao seu carro e, com ele,

deu a volta às muralhas de Tróia. E só largou o corpo ensanguentado e desfeito,

quando o velho Príamo lhe veio suplicar indulgência.

A Morte de Aquiles:

Apesar da valentia e dos feitos de Aquiles, a fatalidade aconteceu. A morte

de Aquiles é apresentada em duas versões diferentes (ver pág. 54).

Aquiles, após a morte, recebeu a justa recompensa por toda uma vida de

feitos heróicos e de combates. Zeus, a pedido de Tétis, conduziu-o à ilha dos Bem-

aventurados, onde ele casou com uma heroína (cita-se Medeia, Ifigénia, Polixeria, e

mesmo Helena: da sua união com esta, teria nascido um filho alado, Euforião, que é

identificado com a brisa da manhã).

Na Antiguidade, Aquiles foi venerado como o modelo de herói por

excelência. Um herói simultaneamente belo, robusto e corajoso, que tentou sempre

elevar-se acima da sua simples condição de mortal. Por isso, ele foi venerado em

todo o mundo grego, embora o centro do seu culto se tenha fixado nas margens do

mar Negro.

Page 69: Mitologia Grega

69

Ájax

Na Mitologia grega, Ájax é nome de dois heróis gregos da Guerra de Tróia.

Ájax, filho de Télamon:

Ájax, filho de Télamon (rei de

Salamina), ao lado de Diomedes era um dos

mais fortes e habilidosos guerreiros gregos

depois de Aquiles. Meio-irmão de Teucro, era

praticamente imbatível e graças a ele os

gregos conquistaram várias vitórias contra os

troianos. Ao lado de Ájax, lutava outro Ájax, o

lócrio. Quando ambos lutavam juntos,

somente os deuses podiam resistir a sua

investida. Ájax também era conhecido como

Ájax de Salamina.

Homero descreveu Ájax como uma muralha, muito mais alto do que os

outros homens, com um escudo na forma de torre e uma lança comprida. Utilizava

pedras colossais para combater seus oponentes. Quando Aquiles se retirou da luta,

Ájax enfrentou Heitor em um único combate. Os dois heróis lutaram o dia inteiro e

só Heitor sofreu pequenos ferimentos. Após a morte de Aquiles, Ájax disputou com

Odisseu a armadura do herói morto. Odisseu provou ser melhor orador e ganhou o

prémio.

Num acesso de loucura, massacrou os rebanhos que alimentavam a armada

grega, certo de que matava os adversários. Ao reconhecer o erro, suicidou-se,

enterrando a própria espada no coração.

Ájax, filho de Oileu:

Ájax, filho de Oileu, rei da Lócrida, na Grécia Central. Ájax, o lócrio, como

também era conhecido. Era praticamente o oposto de Ájax de Salamina, pequeno e

magro, era veloz como o vento e muito ágil com espada e lança nas mãos. Lutou na

guerra de Tróia. Depois da queda de Tróia, violou o templo de Atena quando puxou

a profetisa Cassandra do altar da deusa, fez com que ela quebrasse uma estátua e

fig. 63 Ájax, filho de Télamon

Page 70: Mitologia Grega

70

depois estuprou Cassandra. Atena fez com que o barco de Ájax naufragasse e ele

morresse afogado.

Astíanax

Astíanax foi filho de Heitor e de Andrómaca.

O seu nome real era Escamandrio, numa clara alusão ao rio que passava

perto de Tróia, mas o povo de Tróia

chamou-o de Astíanax, por ser filho de

Heitor. Na Ilíada, na famosa cena da

despedida de Heitor e Andrómaca,

Astíanax encolhe-se a chorar contra o

seio da ama, assustado com a aparência

do pai, cheio de bronze e com o penacho

de crina de cavalo que desponta no seu

elmo. O pai e a mãe riem por causa da

reacção do filho, mas Heitor acaba por

beijá-lo, pegá-lo ao colo e pedir aos

deuses que aquela criança venha a

governar Tróia e que venha a ser um

guerreiro no mínimo igual ao seu pai.

As versões sobre o que aconteceu

a Astíanax no fim da Guerra de Tróia divergem: a mais conhecida, e corroborada por

obras trágicas como As Troianas, de Eurípides, menciona que o príncipe foi atirado

por Neoptólemo do cimo das muralhas da cidade, receando que Astíanax, sendo

filho de Heitor, por um lado vingasse a morte do pai durante a guerra e, por outro,

se tornasse rei de Tróia; outra versão mais recente, no entanto, defende que

Astíanax não foi morto, mas fundou mais tarde, juntamente com o seu primo

Ascânio, filho de Eneias, uma nova Tróia.

fig. 64 Astíanax é atirado das muralhas a mando de Neoptólemo, perante a impotência de Andrómaca

Page 71: Mitologia Grega

71

Hércules

Filho de Zeus e Alcmena. Seu pai tomou a forma do marido de Alcmena,

Anfitrião, e uniu-se a ela. Ao nascer, Zeus, para torná-lo imortal, pediu a Hermes que

o levasse para junto do seio de Hera, quando esta dormia, e o fizesse mamar. A

criança sugou com tal violência que, mesmo após Hércules ter terminado, o leite da

deusa continuou a correr e as gotas caídas formaram no céu a Via Láctea e na Terra,

a flor-de-lis.

Hércules o foi mais célebre dos heróis da

mitologia, símbolo do homem em luta contra as

forças da natureza. Desde que nasceu teve de

vencer as perseguições de Hera. Tanto é que,

com oito meses de vida estrangulou com as mãos

duas serpentes que a deusa mandou ao seu berço

para o matarem. Na vida adulta, sobressaiu-se

pela sua enorme força.

A sua primeira façanha deu-se quando se

dirigiu a Beócia, cidade próxima de Tebas, e

perseguiu e matou apenas com as mãos um

enorme leão que devorava os rebanhos de

Anfitrião e de Téspio. A caçada durou cinquenta

dias consecutivos, durante que Hércules foi

hóspede de Téspio, que aproveitou para unir cada uma das suas cinquenta filhas

com ele, de maneira a criar uma aguerrida descendência, conhecidos pelos

Tespíadas, que se espalharam até a Sardenha.

Por livrar a cidade de Tebas de um tributo que tinha de pagar à de

Orcómeno, o rei da primeira, Creonte, casou-o com a sua filha mais velha, Mégara.

Num acesso de loucura provocado por Hera, Hércules matou os filhos tidos com

Mégara. Após recuperar a sanidade, Hércules foi a Delfos consultar um oráculo

sobre o meio de se redimir desse crime e poder continuar com uma vida normal. O

oráculo ordenou-lhe que servisse, durante doze anos, o seu primo Euristeu, rei de

Micenas e de Tirinto. Pondo-se Hércules ao seu serviço, o rei, simpatizante de Hera,

fig. 65 Hércules

Page 72: Mitologia Grega

72

que não cessava de perseguir os filhos adulterinos de Zeus, impôs-lhe, com a oculta

intenção de o eliminar, doze perigosíssimos trabalhos, dos quais o herói saiu

vitorioso.

Os doze trabalhos de Hércules:

1.º) No Peloponeso, estrangulou o

Leão da Nemeia – filho dos monstros

Ortro e Equidna – que devastava a região

e cujos habitantes não conseguiam matar.

Na segunda tentativa de matá-lo, sendo a

primeira infrutífera, estrangulou-o após

com ele lutar. Acabada a luta arrancou a pele do animal com as suas próprias garras

e passou a utilizá-la como vestuário. A criatura converteu-se na constelação de

Leão;

2.º) Matou o monstro filho de Equidna e do bisavô do leão de Nemeia: a

Hidra de Lerna. Era uma serpente com corpo de dragão misturado com o de um

cachorro, com nove cabeças (uma delas

parcialmente de ouro e imortal), que se

regeneravam mal eram cortadas e

exalavam um vapor que matava quem

estivesse por perto. Segundo a tradição,

o monstro foi criado por Hera para matar

Hércules, e ele matou-a cortando suas

cabeças enquanto seu sobrinho Jolau

impedia sua reprodução queimando as

suas feridas com tições em brasa. Hera enviou ajuda à serpente – um enorme

caranguejo, mas Hércules pisou-o e o animal converteu-se na constelação de

Caranguejo. Por fim, o herói banhou suas flechas com o sangue da serpente para

que ficassem envenenadas;

3.º) Alcançou correndo a corça do Monte Cerineu, com chifres de ouro e pés

de bronze, consagrada à deusa Ártemis. A corça corria com assombrosa rapidez e

nunca se cansava;

fig. 66 Hércules mata o Leão de Nemeia

fig. 67 Hércules contra a Hidra de Lerna

Page 73: Mitologia Grega

73

4.º) Capturou vivo o javali de Erimanto, que

devastava os arredores, ao fatigá-lo após persegui-lo

durante horas. Euristeu, ao ver o animal no ombro do

herói, teve tamanho medo que foi se esconder dentro

de um caldeirão de bronze. As presas do animal foram

mostradas no templo de Apolo em Cumas;

5.º) Limpou em um dia os currais do rei Aúgias, que continham três mil bois e

que há trinta anos não eram limpos. Estavam tão fedorentos que exalavam um gás

mortal. Para isso, Hércules desviou dois rios;

6.º) Matou no lago Estínfalo, com as suas flechas envenenadas, monstros

cujas asas, cabeça e bico eram de ferro, e que, pelo seu gigantesco tamanho,

interceptavam no voo os raios do sol. Com um par de castanholas feitas por Hefesto

e dadas a ele por Atena, enxotou as aves.

7.º) Venceu o touro de Creta, mandado por Posídon

contra Minos;

8.º) Castigou Diómedes, filho de Ares, possuidor de

cavalos que vomitavam fumo e fogo, e a que ele dava a

comer os estrangeiros que naufragavam durante as

tempestades e davam à sua costa. O herói entregou-o à

voracidade de seus próprios animais;

9.º) Venceu as amazonas, tirou-lhes a rainha Hipólita,

apossando-se do seu cinturão mágico;

10.º) Matou o gigante Gerion, monstro de três

corpos, seis braços e seis asas, e tomou-lhe os bois

que se achavam guardados por um cão de duas

cabeças e um dragão de sete;

11.º) Colheu as maçãs de ouro do Jardim das

Hespérides, este trabalho foi o mais difícil de todos,

pois para encontrar o jardim, Hércules percorreu

quase todo o mundo. Após ter encontrado o jardim

fig. 68 Hércules e o javali do Erimanto

fig. 69 Hércules e o touro de Creta

fig. 70 Hércules e Gerion

Page 74: Mitologia Grega

74

ainda tinha de matar o dragão de cem cabeças que o guardava. Pediu a Atlas que o

matasse e durante o trabalho foi Hércules que sustentou o céu nos ombros;

12.º) Desceu ao palácio de Hades e de lá trouxe vivo Cérbero – o cão de três

cabeças, guardião do submundo.

Outras façanhas:

Após estes trabalhos Hércules entregou-se a muitos outros, por sua livre vontade, na defesa dos oprimidos:

• Matou, no Egipto, o tirano Busíris que sacrificava todos os estrangeiros que

aportavam ao seu Estado;

• Tendo encontrado Prometeu acorrentado por Zeus no cume do Cáucaso,

entregue a um abutre que devorava o seu fígado, libertou-o;

• Estrangulou o gigante Anteu que, em luta, recuperava a força sempre que

conseguia tocar, com os pés, o solo;

• Entre as façanhas de Hércules, conta-se ainda separar os montes Calpe (da

Espanha) e Ábilia (da África), abrindo assim o estreito de Gibraltar;

• Disputou com Aquelos a posse de Dejanira, filha de Eneu, rei da Etólia. Como

a princesa preferia Hércules, Aquelos, furioso, tranformou-se em serpente, e

investiu contra ele; repelido, tranformou-se em touro, e de novo arremeteu; mas

o herói enfrentou-o, pela segunda vez, quebrando-lhe os chifres, e desposou

Dejanira. Em seguida, tendo de atravessar o rio Eveno, pediu ao Centauro Nesso

que conduzisse Dejanira ao ombro, enquanto ele faria a travessia a nado. No

meio do caminho, tendo Nesso se recordado de uma injúria que outrora

Hércules lhe dirigira, resolveu, por vingança, raptar-lhe a esposa, passando com

esse intuito, a galopar rio acima. O herói, tendo percebido as suas intenções,

aguardou que ele alcançasse terra firme, e então atravessou-lhe o coração com

uma das flechas envenenadas. Nesso tombou, e ao expirar, deu a Dejanira a sua

túnica manchada do sangue envenenado, convencendo-a de que seria, para ela,

um precioso talismã, com a virtude de restituir-lhe o esposo, se este viesse em

qualquer tempo, a abandoná-la;

Page 75: Mitologia Grega

75

Mais tarde, Hércules apaixonou-se pela sedutora Iole, e dispunha-se a

desposá-la, quando recebeu de Dejanira, como presente de núpcias, a túnica

ensanguentada, e, ao vesti-la, o veneno infiltrou-se no corpo; louco de dores, ele

quis arrancá-la, mas o tecido achava-se de tal forma aderido às suas carnes que

estas lhe saíam aos pedaços. Vendo-se perdido, o herói ateou uma fogueira e

lançou-se às chamas. Logo que as línguas de fogo começaram a serpentear no

espaço, ouviu-se o som do trovão. Era Zeus que arrebatava o seu filho para o

Olimpo, onde ganhou a imortalidade e, na doce tranquilidade, recebeu Hebe em

casamento.

Jasão

Jasão foi um herói grego da Tessália, filho

de Esão, rei do Iolco, e criado pelo centauro

Quíron. Existem duas versões sobre a sua mãe:

ela pode ter sido Alcimede, uma neta de Mínias,

ou Polimede, filha de Autólico.

Foi despojado do trono paterno pelo seu

tio Telias. Temendo a profecia de que seria morto

por Jasão, o rei Pélias envia o herói, como

condição para lhe restituir o trono, para uma

missão impossível: trazer o Tosão de ouro da

distante Cólquida. Em Argos, Jasão constrói a nau

Argo e reúne uma tripulação de heróis, conhecida

como os argonautas, para acompanhá-lo.

Após várias aventuras, inclusive a primeira

passagem pelas Simplégadas, os argonautas chegam à Cólquida, pensando estar em

alguma parte do fim do mar Negro. O rei Eetes da Cólquida exige que Jasão cumpra

várias tarefas para obter o Tosão, inclusive arar um campo com touros que cospem

fogo, semear os dentes de um dragão, lutar com o exército que brota dos dentes

semeados e, por fim, passar pelo dragão que guarda o próprio Tosão. Com o Tosão

fig. 71 Jasão

Page 76: Mitologia Grega

76

nas mãos, Jasão foge com Medeia, filha de Eetes, e enfrenta várias aventuras na

volta para casa. Medeia trama a morte do rei Pélias, cumprindo a antiga profecia.

Depois, retirou-se para Corinto e repudiou Medeia para desposar Creúsa,

filha de Creonte. Medeia, por vingança, matou Creúsa e os próprios filhos que tivera

de Jasão. Muitos anos depois, Jasão é morto por um pedaço de madeira da nau

Argo.

Menelau

Menelau, rei lendário da Lacedemónia

(Esparta), é filho de Atreu e irmão mais novo de

Agamémnon. O rapto da sua mulher (Helena)

por Páris, deu origem à Guerra de Tróia.

Depois da queda de Tróia, recuperou a

esposa e vagueou durante oito anos pelas

costas do Mediterrâneo até regressar a casa.

Conta Homero que Menelau não era dos

melhores guerreiros, mas era muito nobre e

possuía grandes riquezas. Menelau e Helena

tiveram uma filha chamada Hermíone.

Perseu

Perseu foi o herói mítico grego que decapitou a Medusa, monstro que

transformava em pedra apenas pelo olhar. Perseu era filho de Zeus, que sob a

forma de um raio, introduziu-se na torre de bronze e engravidou Dánae, a filha

mortal do rei de Argos.

Perseu e a sua mãe foram banidos pelo avô, Acrísio, que temia a profecia de

que seria assassinado pelo neto, atirando-os numa urna para que levasse os dois

para bem longe.

Perseu e a sua mãe viveram na casa de Díctis e sua esposa durante anos, até

que um dia, o rei, Polidectes, quando passava pela casa de seu irmão resolveu visitá-

lo.

fig. 72 Menelau recupera Helena

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fig. 73 Perseu decapitando a Medusa

Ao ver Dánae, apaixonou-se e quis casar-se com ela. Perseu tornou-se um

grande homem, forte, ambicioso, corajoso, aventureiro e protector da mãe.

Polidectes, com medo da ambição de Perseu levá-lo a lhe tirar o trono, propôs um

torneio no qual o vencedor seria quem trouxesse a cabeça da Medusa, e o instinto

aventureiro de Perseu não o deixou recusar.

Ele, conhecendo a sua mãe disse que iria participar do torneio, mas não disse

que iria enfrentar a Medusa, com receio que ela o impedisse. Devido à ajuda de

Atena e Hermes, recebeu um escudo tão bem polido que podia se ver o reflexo ao

olhar para ele, de Atena e de Hermes

recebeu as suas sandálias aladas, dois

objectos que foram definitivos para a

vitória de Perseu.

Perseu então, guiado pelo

reflexo do escudo, mas sem olhar

directamente para Medusa, derrotou-a

cortando a cabeça desta, cabeça esta

que ofereceu à deusa Atena.

Na volta para casa, matou um

terrível monstro marinho e libertou a

linda Andrómeda, com quem se casou.

Conforme a profecia, Perseu acabou

assassinando o avô durante uma competição

desportiva, em que participava, na prova de

lançamento do disco. Fazendo um lançamento desastroso, acertou acidentalmente

no seu avô sem saber que ele estava ali. Apesar disso, Perseu recusou-se a governar

Argos (trocando de reinos com Megapente, filho de Preto) e governou Tirinto e

Micenas (cidade que fundou), estabelecendo uma família cujos descendentes

incluíam Hércules.

Neoptólemo

Neoptólemo, também conhecido por Pirro, era filho de Aquiles e Deidamia.

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Tétis, mãe de Aquiles não desejava que o seu filho fosse lutar na Guerra de

Tróia, temendo a sua morte. Então disfarçou Aquiles de mulher na corte de

Licomedes, o rei de Esciro. Durante o tempo em que Aquiles se manteve lá, teve um

caso amoroso a princesa Deidamia, que gerou Neoptólemo.

Durante o cerco de Tróia, passados dez anos, depois da morte de Aquiles e

de Ájax e sem quaisquer sinais de vitória, os aqueus capturaram o adivinho Troiano,

Heleno e forçaram-no a dizer que condições poderiam levar os aqueus à vitória.

Heleno revelou que poderiam

tomar Tróia se adquirissem as

flechas venenosas de Hércules,

naquela altura na posse de

Filoctetes grande guerreiro que

foi abandonado no início da

guerra; se roubassem o Paládio

(que levou à construção do

famoso Cavalo de Tróia); e, por fim, se persuadissem o filho de Aquiles a juntar-se à

guerra. Os Gregos apressaram-se a ir buscar Neoptólemo a Esciro, e trouxeram-no a

Tróia.

O fantasma de Aquiles apareceu aos sobreviventes da guerra, exigindo que

Polixena, princesa Troiana, fosse sacrificada. Neoptólemo assim fez, sacrificando

também Príamo em honra de Zeus.

Com Andrómaca, que foi por ele escravizada, Neoptólemo foi o pai de

Molosso, o antepassado de Olímpia, a mãe de Alexandre Magno.

Neoptólemo foi morto, a pedido de Hermíone, por Orestes, ou sacerdotes de

Apolo.

Se o seu pai Aquiles foi conhecido pela sua compaixão para com Príamo, já o

filho foi mais conhecido pela sua crueza. Foi ele quem matou Príamo, Eurípilo,

Políxena, Polites e Astíanax, entre outros, e escravizou Heleno e Andrómaca depois

da guerra. Com Andrómaca, Heleno e Fénix, Neoptólemo navegou para as ilhas

Epirotas e tornou-se então o rei de Épiro, exilando Odisseu, porque este matara um

grande número de pretendentes a Penélope.

fig. 74 Neoptólemo mata Príamo

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Órion

Órion foi um gigante caçador, um dos melhores a serviço de Ártemis. Ele foi

colocado por Zeus entre as estrelas na forma da constelação de Órion.

Lenda:

Zeus, acompanhado de Posídon e Hermes, estava na Terra e precisavam

pernoitar em algum lugar. Zeus ordena a Hermes que procurasse um lugar onde

pudessem repousar por uma noite. Hermes encontra a casa de Hireu e comunica

aos deuses ter encontrado um lugar ideal. Indo até lá, pedem a Hireu que os

acolhesse. Espantado, concorda, temendo negar e enfurecê-los. Para homenagear

os deuses, Hireu oferece seu touro em sacrifício.

Sensibilizados, os deuses permitem-lhe um desejo. Ele pede um filho, para

dar continuidade ao seu nome. Zeus, Posídon e Hermes implantam uma gota de

sémen de cada um no couro do touro morto, e dizem a Hireu para enterrá-lo.

Zeus orienta-o a esperar nove meses, e seu desejo seria concedido. Após

esse período, surge, de um terramoto, Órion, o gigante caçador. Concebido sem

mãe e nascido dos restos de um animal, sua alma permanece primitiva, mas com

força, velocidade e sentidos aguçados, mas sem sentimentos morais.

Ele não possuía amigos, a não ser Enopião, fabricante de vinhos. Certo dia,

Órion, animalescamente, estupra a mulher de Enopião, Mérope.

Em vingança, Enopião embriaga Órion e arranca os seus olhos, tão

necessários à sua função de caçador. Passa a errar sem destino, até que encontra

Hefesto, que, consultando um oráculo, o aconselha a expor seus olhos ao deus

Hélios (o Sol) para receber de volta a luz em seus olhos.

Pela manhã, o deus Hélios aparece no horizonte, que entrega um feixe de

raios solares à deusa Eos, que inicia a distribuição sobre a vegetação ainda molhada

pelo orvalho. Os raios solares entram nos olhos de Órion e ele recupera a visão.

Com os olhos ardentes de fogo, vê à sua frente a deusa Eos, que se apaixona

e deita-se com ele. Órion deduz que as mulheres são fáceis e inferiores. Resolve

voltar e vingar-se de Enopião, mas no caminho encontra Ártemis, e tenta seduzi-la,

penetrar em seus mistérios. Na luta contra o desejo de Órion, Ártemis bate uma

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clava no chão lodoso, surgindo das profundezas um animal terrível e venenoso, um

escorpião, que persegue Órion.

Alcançando-o, desfere uma ferroada no seu coração e mata-o. Essa cena é

imortalizada no céu na constelação de Órion, tendo ao seu lado o temido escorpião.

Pátroclo

Pátroclo é um dos personagens centrais da Ilíada, companheiro de Aquiles.

Era filho de Menécio.

Na sua juventude, Pátroclo matou um amigo seu, Clisónimo, durante um jogo

de astrágalos (ossos usados de forma semelhante aos dados). O seu pai teve, então,

de se exilar com ele para fugir à punição. Obtiveram refúgio na corte do rei Peleu,

pai de Aquiles. O rei enviou os dois

jovens para a floresta, onde foram

educados em várias artes,

especialmente a medicina, por Quíron,

o sábio rei dos centauros.

Pátroclo lutou com os gregos,

ao lado de Aquiles, durante a Guerra de

Tróia. Aí, matou Sarpédon (um filho de

Zeus), Cébrion (condutor do carro de

Heitor), entre outros troianos de

menor destaque. Quando Aquiles se

recusou a lutar devido à sua disputa com Agamémnon, Pátroclo, envergando a

armadura de Aquiles, é morto por Heitor e Euforbo, com a ajuda de Apolo. Depois

de resgatar o corpo do amigo, cujo corpo fora protegido no campo de batalha por

Menelau e Ájax, Aquiles recusa-se durante algum tempo a sepultar o amigo, mas é

convencido quando uma aparição de Pátroclo lhe suplica a cremação, de forma a

que a sua alma possa ser admitida no Hades. Aquiles inicia, então as cerimónias

fúnebres, durante as quais sacrifica cavalos, cães e doze troianos cativos, antes de

colocar o corpo de Pátroclo na pira crematória.

fig. 75 Aquiles curando os ferimentos de Pátroclo

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Páris

Páris era um dos filhos mais novos do rei Príamo, de Tróia. Foi escolhido

pelas deusas Hera, Atena e Afrodite para eleger qual delas era a mais bela. Cada

deusa, buscando suborná-lo para ser eleita,

prometeu-lhe riquezas e vitórias, mas

Afrodite lhe garantiu que se casaria com a

mulher mais bela do mundo, a princesa

Helena de Esparta. Páris elegeu Afrodite

como a mais bela das três, despertando a ira

de Atena e Hera, que enviaram os exércitos

gregos para destruir Tróia.

Páris, com ajuda de Apolo, derrotou

Aquiles, o mais forte e potente guerreiro

grego, atingindo-lhe uma flecha no

calcanhar, único ponto que poderia matá-lo.

Conhecido como um príncipe covarde e

volúvel, Páris acha que os únicos prazeres

que deveria dar valor eram os da carne.

Somente após uma visão atribuída a Apolo,

Páris resolveu batalhar na guerra de Tróia.

Em um de seus últimos actos cobardes, atacou Aquiles pelas costas,

acertando no seu calcanhar com uma flecha envenenada.

Páris é finalmente morto por Odisseu antes da queda da cidade de Tróia.

Teseu

Teseu era filho de Egeu, rei de Atenas, e de Etra, filha do sábio Piteu, rei de

Trezena, onde nasceu.

Teseu e o Minotauro do Labirinto:

Nascido em Trezendo e educado por Etra, sua mãe, desde muito pequeno

Teseu revelou grande valor e coragem. Contava apenas sete anos de idade, quando

fig. 76 Páris de Tróia

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Hércules, que tomaria como modelo, foi visitar a sua cidade, sendo recebido com

especiais homenagens, inclusive um grande banquete.

Para ficar instalado com mais conforto à mesa do festim, Hércules despiu a

pele de leão com que habitualmente se cobria, deixando-a no chão. As crianças,

muito naturalmente, sentiam-se atraídas pela figura do gigante sobre o qual tanta

coisa de falava, e aproximavam-se, desejosas de contemplar de perto o grande

homem.

Deparando-se com a pele de leão, assustavam-se e fugiam.

Teseu, porém, não imitou os

seus companheiros. Convencido de

estar diante de um leão de verdade, um

leão vivo, arrancou a clava de um

escravo que se encontrava próximo e

marchou decidido contra a “fera”...

A coragem e a decisão da

criança provocaram aplausos e

Hércules vaticinou-lhe um brilhante

futuro.

O Minotauro era uma criatura

meio homem e meio touro. Ele morava

no Labirinto de Creta.

Anualmente sete jovens e sete

damas atenienses eram enviados para

serem devorados pelo Minotauro.

Quando o terceiro sacrifício veio, Teseu voluntariou-se para ir e matar o monstro.

Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e o ajudou entregando-lhe

uma bola de linha de costura para que ele pudesse sair do labirinto. Teseu matou o

Minotauro com uma espada mágica que Ariadne havia lhe dado e liderou os outros

atenienses para fora do labirinto.

fig. 77 Teseu

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Vitorioso, Teseu partiu de Creta, levando em sua companhia a doce e linda

Ariadne, regressando a Atenas, onde o aguardava a notícia da morte de seu pai, a

quem rendeu as últimas homenagens.

Subindo ao trono, Teseu organizou um governo em bases democráticas,

reunindo os habitantes da Ática, fazendo leis sábias e úteis para o povo. Vendo que

tudo corria bem e os atenienses estavam felizes, Teseu mais uma vez se ausentou

em busca das aventuras que tanto apreciava.

Teve ocasião de viver muitas, inclusive de lutar contra as amazonas, as

temíveis mulheres guerreiras, que conseguiu vencer, casando-se com Hipólita, a

rainha que as aprisionara.

Todavia Teseu não se sentia feliz. Na verdade foram amargurados os seus

últimos anos de vida. O povo de Atenas irritara-se contra ele o que levou a exilar-se

na ilha de Ciros, onde terminou seus dias.

Depois de sua morte, porém, os atenienses, arrependidos, foram a Ciros

buscar suas cinzas e ergueram-lhe um templo magnífico.

Odisseu (Ulisses)

Odisseu é um personagem da Ilíada e

da Odisseia de Homero. É a personagem

principal desta última obra. Odisseu é uma

figura à parte em Tróia. É um dos mais

ardilosos guerreiros de toda a epopeia grega

em Tróia, e mesmo depois dela, quando do

seu longo retorno ao seu reino, Ítaca, uma das

numerosas ilhas gregas.

Herói grego, Odisseu era rei de Ítaca e

filho de Laerte. A princípio, cortejou Helena,

mas, em vista do grande número de

pretendentes, acabou por auxiliar Tíndaro, pai adoptivo de Helena, na escolha do

pretendente. Essa escolha recaiu sobre Menelau, tendo o itacense então casado

fig. 78 Odisseu

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com Penélope. Daí a amizade existente entre Menelau, seu irmão Agamémnon e

Odisseu.

Da união com Penélope nasceu Telémaco, o seu querido filho, do qual teve

de se apartar muito cedo para lutar ao lado de outros nobres gregos em Tróia. Foi

um dos elementos mais actuantes no cerco de Tróia, no qual se destacou

principalmente pela sua prudência e astúcia.

Durante a citada guerra, muitas batalhas os gregos venceram a conselho de

Odisseu, sendo este um grande guerreiro, apesar de sua baixa estatura (algumas

lendas diziam mesmo que era anão). Tentou em vão convencer Aquiles a cessar sua

ira contra Agamémnon, ao lado de Ájax, filho de Telamon e de Fênix, todavia, sem

obter sucesso.

Um de seus mais famosos ardis foi ajudar na construção de um cavalo de

madeira, que permitiu a entrada dos exércitos gregos na cidade. Aliás, a estratégia

foi sua.

Após a derrota dos troianos, ele iniciou uma viagem de dez anos de volta

para Ítaca onde a sua mulher o espera com uma fidelidade obstinada, apesar da

demora. Essa viagem mereceu a criação por Homero do poema épico Odisseia, na

qual são narradas as aventuras e desventuras de Odisseu e sua tripulação desde que

deixam Tróia, algumas causadas por eles e outras graças à intervenção dos deuses.

Quando cegaram o ciclope Polifemo, despertaram a ira de Posídon, que os

atormentou por anos. Depois, ainda tentado voltar para Ítaca, acabou indo para a

ilha de Calipso, uma mulher que o aprisionou em sua ilha durante anos e não o

soltaria de lá até que ela se casasse com ele. Porém, ele não aceitou, e ficou vários

anos na ilha, até que conseguiu fugir.

Com a ajuda de Zeus e de outros deuses, Odisseu chegou a casa sozinho para

encontrar sua esposa Penélope, importunada por pretendentes. Disfarçado como

mendigo, primeiro verificou se Penélope lhe era fiel e, em seguida, matou os

pretendentes à sua sucessão que a perseguiam, limpando o palácio. Com isso,

iniciou-se uma batalha final contra as famílias dos homens mortos, mas a paz foi

restaurada por Atena.

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Agamémnon

Agamémnon, um dos mais distintos heróis gregos, era filho do rei Atreu de

Micenas (ou Argos) e da rainha Érope, e irmão de Menelau.

Atreu, o pai de Agamémnon, foi assassinado por Egisto, que se apoderou do

trono de Argos e governou

juntamente com o seu pai

Tiestes. Durante este período,

Agamémnon e Menelau

procuraram refúgio em Esparta.

Casaram-se com as princesas

espartanas Clitemnestra e

Helena, respectivamente.

Agamémnon e Clitemnestra

tiveram quatro filhos: três filhas,

Ifigénia, Electra, Crisotêmis e um

filho, Orestes.

Menelau herdou o trono de Esparta, enquanto Agamémnon, com a ajuda do

irmão, expulsou Egisto e Tiestes para recuperar o reino do seu pai. Alargou os seus

domínios pela conquista, e tornou-se o rei mais poderoso da Grécia.

Guerra de Tróia:

Agamémnon foi o comandante supremo dos gregos durante a guerra de

Tróia. Durante a luta, Agamémnon matou Antifo. O condutor de carros de

Agamémnon, Halaeso, lutou mais tarde com Eneias em Itália. A Ilíada conta a

história da briga entre Agamémnon e Aquiles no ano final da guerra. Agamémnon

tomou para si uma escrava atractiva e espólio de guerra, Briseida, que era de

Aquiles. Aquiles, o maior guerreiro da altura, saiu da batalha por vingança, e quase

custou a guerra aos gregos. Embora não igual a Aquiles em bravura, Agamémnon

era um representante digno da autoridade real. Como comandante supremo,

convocou os príncipes para a assembleia e conduziu o exército grego na batalha. Ele

próprio lutou, e realizou muitos feitos heróicos, até ser ferido e ser forçado a voltar

para a sua tenda. A sua falha principal era a sua arrogância vaidosa. Uma opinião

fig. 79 Agamémnon

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demasiado exaltada da sua posição fê-lo insultar Criseida e Aquiles, lançando grande

infortúnio sobre os gregos. Após a tomada de Tróia, Cassandra, princesa de Tróia

(filha do rei troiano Príamo) e profetisa condenada, caiu-lhe na sorte na distribuição

dos espólios de guerra.

Regresso à Grécia:

Após uma viagem violenta, Agamémnon e Cassandra pararam na Argólida,

ou foram desviados da rota e acabaram por ir dar ao país de Egisto. Egisto, que

durante esse tempo seduzira Clitemnestra, convidou Agamémnon para um

banquete, onde este foi traiçoeiramente morto. Segundo Píndaro e os

tragediógrafos, Agamémnon foi assassinado pela esposa sozinho no banho, tendo

sido primeiro atirada sobre ele uma peça de roupa ou rede para prevenir resistência.

Clitemnestra também matou Cassandra. A sua cólera face ao sacrifício de Ifigénia, e

os seus ciúmes de Cassandra são apontados como os motivos do seu crime. Egisto e

Clitemnestra então governaram o reino de Agamémnon durante um tempo, mas o

assassínio de Agamémnon acabou por ser vingado pelo seu filho Orestes

(possivelmente com a ajuda de Electra).

Heitor

Heitor (ou Hector) era um príncipe de Tróia e um

dos maiores guerreiros na Guerra de Tróia, suplantado

apenas por Aquiles. Era filho de Príamo e de Hécuba.

Com sua esposa, Andrómaca, foi pai de Astíanax.

Como o seu pai foi incapaz de combater, durante

o cerco de Tróia feito pelos aqueus, devido à sua

avançada idade, Heitor foi nomeado general das tropas

troianas. A sua força, coragem e eficiência na guerra

foram enormes: nos poemas épicos de Homero, Heitor é

responsável pela morte de 28 heróis Gregos; nem

Aquiles obtém um número tão grande (22 heróis Troianos caídos a seus

pés). Pela voz do Destino, os Troianos estavam informados que as muralhas de

Tróia nunca cairiam enquanto Heitor se mantivesse vivo.

fig. 80 Heitor

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Na Ilíada, Homero chama-o de "domador de cavalos", devido a preocupações

de métrica e porque, de modo geral, Tróia era conhecida por ser criadora de

cavalos. Na narrativa da Ilíada, no entanto, Heitor nunca é visto com cavalos. Outro

epíteto que lhe é característico é "o do elmo flamejante".

Heitor contrasta fortemente com Aquiles. Se por um lado Aquiles foi

essencialmente um homem de guerra, Heitor representa Tróia e aquilo por que esta

lutava. Alguns estudiosos têm vindo a sugerir que é Heitor, e não Aquiles, o

verdadeiro herói da Ilíada. A sua repreensão a Polidamante, dizendo-lhe que lutar

pela pátria era o primeiro e único presságio, tornou-se provérbica para os patriotas

Gregos. É por ele que podemos ver pormenores sobre como seria a vida em Tróia,

em tempo de paz, e noutros sítios de civilização mediterrânica da Idade do Bronze

descrita por Homero. Na Ilíada, a cena em que Heitor se despede da sua esposa

Andrómaca e do seu filho é particularmente comovente.

Durante a Guerra de Tróia, Heitor matou Protesilau e foi ferido por Ájax. Nos

quadros de guerra descritos na Ilíada, ele luta com muitos dos guerreiros Gregos e

normalmente (mas nem sempre)

consegue matá-los ou feri-los.

Quando, sob a assistência de

Apolo, ele mata Pátroclo e

desbarata todo o exército grego,

parece que se chegou a um ponto

de viragem no decorrer da guerra.

No entanto, o destino

pessoal de Heitor, decretado por

Zeus no início da história, nunca

está em dúvida. Aquiles, irado pela

morte do seu amigo Pátroclo, mata

Heitor e arrasta o seu cadáver à

volta das muralhas de Tróia.

Finalmente, por intervenção de

Hermes, Príamo convence Aquiles

a permitir que o seu corpo seja recuperado de modo a que possam ser prestadas as

fig. 81 Andrómaca chora a morte de Heitor

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cerimónias fúnebres. O último episódio da Ilíada é o funeral de Heitor, depois do

qual a perdição de Tróia é uma questão de tempo.

No saque final a Tróia, como é descrito no Canto II da Eneida, o seu pai e

muitos dos seus irmãos são mortos, o seu filho é atirado do cimo das muralhas, por

medo que este vingue a morte do seu pai; a sua esposa é transportada por

Neoptólemo para viver como escrava.

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Bibliografia:

• A Mitologia, Edith Hamilton

• Dicionário de Mitologia Greco-Romana, Georges Hacquard

• Wikipédia

• Mitologia Grega – Banco de Imagens: (http://templodeapolo.net/Mitologia/mitologia_grega/mitologia_grega_banco_de_imagens.html) • Google (para algumas imagens)