mito, fimito, ficÇÃo, tradiÇÃo e modernidadecção, tradição e modernidade

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O trabalho postula apresentar os resultados da Pesquisa Mito, ficção, tradição emodernidade: uma arqueologia das narrativas orais, cujo objetivo foi mapear e registrar,através de uma arqueologia textual, as histórias, as lendas, os causos e os mitos que fazemparte do cotidiano da população ribeirinha. Através do método descritivo, utilizou-se oBanco de Dados das narrativas orais do Vale do Jequitinhonha e do São Francisco,analisando textos gravados, registrados. Objetivou, ainda, analisar a existência de traçosdiscursivos no contador do Jequitinhonha que se repete no norte-mineiro; apreender se taistraços linguísticos revivescem as experiências vividas, verificar se as histórias sãoacumuladas e guardadas pela tradição oral. Criou-se espaço de discussão e de apresentaçãode resultados dessa pesquisa em Januária, São João da Ponte e em Santo Antônio do Retiro.

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  • Revista Litteris ISSN: 19837429 n. 9 - maro 2012

    Revista Litteris -Nmero 9 - Ano 4

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    MITO, FICO, TRADIO E MODERNIDADE: UMA

    ARQUEOLOGIA DAS NARRATIVAS ORAIS DOS VALES DO

    JEQUITINHONHA E DO SO FRANCISCO

    Maria Generosa Ferreira Souto ( UNIMONTES)1

    Carlos Alberto Ferreira Brando ( UNIMONTES) 2

    RESUMO: O trabalho postula apresentar os resultados da Pesquisa Mito, fico, tradio e

    modernidade: uma arqueologia das narrativas orais, cujo objetivo foi mapear e registrar,

    atravs de uma arqueologia textual, as histrias, as lendas, os causos e os mitos que fazem

    parte do cotidiano da populao ribeirinha. Atravs do mtodo descritivo, utilizou-se o

    Banco de Dados das narrativas orais do Vale do Jequitinhonha e do So Francisco,

    analisando textos gravados, registrados. Objetivou, ainda, analisar a existncia de traos

    discursivos no contador do Jequitinhonha que se repete no norte-mineiro; apreender se tais

    traos lingusticos revivescem as experincias vividas, verificar se as histrias so

    acumuladas e guardadas pela tradio oral. Criou-se espao de discusso e de apresentao

    de resultados dessa pesquisa em Januria, So Joo da Ponte e em Santo Antnio do Retiro.

    PALAVRAS-CHAVE: Patrimnio imaterial, arqueologia, literatura da voz, tradio,

    modernidade.

    ABSTRACT: The work claims to present the results of the Research Myth, fiction, tradition

    and modernity: an archaeology of the verbal narratives, whose objective was to mapear and

    to register, through a literal archaeology, histories, the legends, the causos and the myths that

    are part of the daily one of the marginal population. Through the descriptive method, the

    Data base of the verbal narratives of the Valley of the Jequitinhonha and the San Francisco

    was used, analyzing recorded texts, registered. It objectified, still, to analyze the existence of

    discursivos traces in the accountant of the Jequitinhonha that if repeats in the north-miner; to

    apprehend if such lingusticos traces the lived experiences revivescem, to verify if histories

    they are accumulated and kept for the verbal tradition. Quarrel space was created and of

    presentation of results of this research in Januria, They are Joo Da Ponte and in Saint

    Antonio of Retiro.

    KEYWORDS: Incorporeal patrimony, archaeology, literature of the voice, tradition,

    modernity.

    1 Doutora em Comunicao e Semitica pela PUCSP. Mestre em Letras:Estudos Literrios pela UFMG. Professora de

    Literaturas de Expresso Portuguesa do Departamento de Comunicao e Letras da (Universidade Estadual de Montes

    Claros/Unimontes) .E-mail: [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/1364283773377070

    2 Professor de Literaturas de Expresso Portuguesa do Departamento de Comunicao e Letras da Universidade Estadual

    de Montes Claros/Unimontes. E-mail: [email protected]

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    INTRODUO

    Construdo a partir de um Banco de Dados das narrativas orais do norte de Minas e

    do Jequitinhonha, este artigo versa sobre uma arqueologia, a partir de episdios orais

    documentados em um perodo de pesquisa efetuado em cidades do norte de Minas e cidades

    do Vale do Jequitinhonha e, ainda, do mdio Vale do rio So Francisco e que se encontra

    publicado na Biblioteca da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.

    Arqueologia a disciplina que estuda a cultura material de sociedades que tm escrita ou

    no. um ramo da cincia que possibilita ao pesquisador estudar, conhecer e reconstituir o

    modo de vida das sociedades coloniais e pr-coloniais. A palavra ARQUEOLOGIA tem

    origem grega, em que Archaios significa passado / antigo e, Logos significa cincia / estudo.

    Somando-se estas duas palavras, podemos definir a Arqueologia como a cincia que estuda

    o passado.

    O perodo histrico (em que havia a presena do homem branco a partir da

    colonizao) caracterizado pela existncia de documentos que auxiliam o seu estudo.

    Neste perodo, elementos como mapas, textos, fotografia, monumentos e construes

    ajudam a entender a vida das sociedades histricas mais antigas, enquanto o perodo pr-

    histrico estudado apenas por vestgios registrados no solo e que foram utilizados pelos

    homens pr-histricos para as suas atividades.

    Muitos pesquisadores, desde o sculo XIX, investigam as Minas Gerais e os estudos

    foram levados embora para a Europa. J se passava de tempo de se estudar a arqueologia das

    narrativas orais na regio Norte de Minas Gerais, para tentar compreender se, ainda hoje, h

    a influncia do colonizador, na religiosidade, na culinria, nos costumes, nas supersties,

    nos medos. E, verificar se a tradio apresenta ainda muito forte nas aldeias.

    Pela riqueza cultural das regies, elas se fazem merecedoras de uma pesquisa

    arqueolgica e questionamentos so suscitados como Problemas, pois valem a pena saber se

    as narrativas orais do norte de Minas e do Jequitinhonha trazem as bordas para o centro,

    mostrando como o centro est imbricado nas bordas, atravs das vrias vozes do Outro,

    enquanto discurso da diferena. Se o discurso das narrativas orais constitui espao de

    construo de signos e significados, numa espcie de confluncia entre o imaginrio e o real.

    Se as vozes registradas saem do silncio e mergulham no dinamismo do global enquanto

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    instrumento intercultural em busca de afirmao da diversidade cultural. A busca das

    respostas, para essa pesquisa, justifica a importncia da realizao do estudo, uma vez que

    ser provocada, em outros pesquisadores, a necessidade de continuar os estudos

    arqueolgicos de riqueza incomensurvel para as academias.

    Estudos como esse contribuem para o entendimento de questes tnicas, religiosas,

    sociais e culturais de um passado longnquo, a saber o sculo XVI, a partir da colonizao

    dos Vales do So Francisco e do Jequitinhonha. Por tal razo, a pesquisa se justifica pela

    relevncia de um estudo literrio, ancorado num vis antropolgico, que abrir novas

    possibilidades de investigao para estudiosos de letras, de sociolingstica, de fontica, de

    lexicologia, de literatura, de geografia, de histria, de comunicao social ou de sociologia.

    Assim pensando, a pesquisa teve como finalidade trazer tona caractersticas

    literrias imbricadas com a sociolingstica, que possam contribuir para se conhecer o jeito

    de ser do povo norte-mineiro e jequitinhonhs, atravs de elementos do discurso cotidiano,

    dos mitos tradicionais re-citados, da religiosidade, dos medos, da cultura local, regional e

    global e da condio socioeconmica; tudo isso para que se possa compreender a

    representao da identidade daquela gente na literatura oral contempornea.

    O estudo sustentou-se em objetivos tais como: mapear e registrar, atravs da

    arqueologia, as histrias, as lendas, os causos, os mitos que fazem parte da populao norte-

    mineira e do Jequitinhonha; perquirir, observar e refletir o processo de construo dos

    sistemas de representaes nas narrativas orais; apreender na diversidade cultural que as

    constitui suas identidades marcantes, verificar a significao e a relao da memria

    individual e coletiva das regies, apreender as relaes de poder e as disposies sociais e

    polticas que constituem ambas regies.

    Realizou-se a pesquisa descritiva, cuja tcnica aplicada foi a arqueolgica, tomando

    de emprstimo o Banco de Dados das narrativas orais do norte de Minas e do

    Jequitinhonha, que compe o acervo da Biblioteca da Universidade Estadual de Montes

    Claros. Tais narrativas so tratadas como literatura oral, como formas simples, segundo

    Jolles (1976), ou ainda como literaturas da voz, por definir os elementos fundamentais da

    vocalidade e da performance, segundo Paul Zumthor (2001). O Banco de Dados compe-se

    de narrativas orais, elaboradas no cotidiano das pessoas das regies mineiras estudadas, nas

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    suas intimidades com o serto, com as guas e com as montanhas, em suas labutas dirias

    pela subsistncia, nos prazeres, nos medos, nas supersties e nos perigos enfrentados.

    DESENVOLVIMENTO

    Fundamentao terica

    O que aqui se discutido faz parte do corpus documental e discursivo que se levantou

    e que comps um Banco de Dados de narrativas orais. Ocorre que nos vrios mitos

    estudados h uma luta do real por existir, frente s vrias verses oficiais do que o Vale do

    Jequitinhonha e o Vale de um grande rio com fundamental importncia na construo do

    imaginrio nacional brasileiro: o So Francisco. Digo real no mesmo sentido em que

    Gabriel Garcia Mrquez fala de seu realismo mgico: no h nada de mgico ou fantasioso

    ali, apenas h a vida latino-americana.

    H algo eminentemente potico (mesmo que trgico) nisso que se est tentando

    descrever, o que levou a uma aproximao, s vezes implcita, s vezes explcita, com a

    literatura, pois, pelo menos na Amrica Latina, a literatura tem sido mais poderosa na

    descrio de modos de vida e pensamento que a antropologia. Acha-se que este real

    excessivo, que a literatura alegoricamente tenta captar um ato de resistncia, o que dizer

    que o mundo nestas regies no est adormecido.

    Tudo existe, porm transformado. seguindo esta crtica, em que a principal

    exortao seria a um historicizar contnuo, que se pensou os discursos, ou as verses

    oficiais nos Vales, atravs da memria. Assim, a memria est envolvida na interseo

    entre histria e identidade. Sob esse aspecto, Ktia Santos (2002) diz que a memria deve

    ser vista como um intermedirio cultural. Ela torna-se um recurso fundamental para a

    apreenso da identidade da sua histria.

    Investigou-se como esses narradores transformam o tempo vivido em tempo pensado

    e narrado (BACHELARD, 1988, p.7) atravs de uma inteligncia narrativa (RICOUER,

    1997, p.70) de configurao e reconfigurao de sua experincia em uma tradio narrativa,

    em que a "arte de dizer" aparece como veculo de transmisso de um corpo de saberes e

    prticas desses moradores sobre os espaos por onde moram e circulam.

    A memria dos povos no evaporada. Contudo, para entender a praxis da grande

    maioria dos moradores das margens dos rios So Francisco e Jequitinhonha, deve-se levar

    em conta que algo diferente o que eles vivem, porque, se as narrativas oficiais querem ser

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    performativas, e a narrativa tem como funo desfazer as contradies dentro dos textos, e

    isso est tanto em Ricoeur quanto em Lvi-Strauss, na realidade as contradies

    permanecem. Em algumas narrativas estudadas pde-se observar, por exemplo, funes

    vinculadas lio de vida, ensinamento, arrependimento por ter feito algo errado,

    apresentadas em forma de texto.

    Primeiramente, texto, que neste trabalho designar qualquer manifestao

    expressional passvel de transcodificao, ou seja, portadora de um contedo significativo

    independentemente da substncia em que seja gerada (s.v. GREIMAS & COURTS, 1989).

    Isto porque trabalhou-se com "textos" pictoriais e verbais numa possvel leitura. Em

    decorrncia dessa definio para texto, leitura ser, ento, tomada em dois nveis: a) Leitura

    stricto sensu - decodificao de textos lingsticos; b) Leitura lato sensu - decodificao de

    textos lingsticos e no-lingsticos (assim como a leitura ttil - dos cegos; a tica - da

    computao; a "interpretativa" dos rituais, das danas, etc.). Neste estudo, a leitura em

    sentido amplo est voltada para a transcodificao das imagens figurativas do imaginrio

    individual dos contadores.

    Neste texto, ilustrar-se- descobertas-concluses, sugestes de anlise/classificao.

    Procurou-se demonstrar as inter-relaes semitico-semnticas e estilsticas no emprego de

    itens lexicais ou mesmo fraseolgicos, que acabam por desenhar com letras um mapa de

    leitura. Em uma perspectiva de anlise, discutiu-se a legibilidade textual levando em conta a

    natureza do texto e as marcas expressivas (icnicas) e impressivas (indiciais), manifestas no

    vocabulrio. Aliaram-se, assim, os estudos lingusticos, semnticos, literrios aos semiticos

    a partir da tomada do texto verbal como signo visual, uma vez que este apresenta

    caractersticas correlatas s detectveis nos textos ditos no-verbal.

    Metodologia

    O esquema de investigao utilizado prendeu-se em trs etapas, como se poder ver

    a seguir.

    a) Na primeira etapa dos trabalhos consistiu a leitura de textos tericos sobre

    terminologia de arqueologia, mitos, tradio, cultura e oralidade, para melhor compreenso

    da teoria de cultura. Vale citar a leitura de autores como Geertz(1978) Mikhail Bakhtin

    (2005), Camara Cascudo (1989), Walter Benjamin (1985), Roland Barthes (1993), Homi

    Bhabha (1998). Roque Laraia (2003) e Maurice Halbawchs (1990). Ressalta-se a

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    importncia de tal etapa, para formulao de critrios que delimitaram o que se considera

    importante nessa travessia.

    b) Na segunda etapa realizou-se a seleo do material emprico das comunidades

    dos Vales, para confrontar dados do registro da oralidade, atravs das leituras das narrativas

    do Banco de Dados: narrativas orais do norte de Minas e do Jequitinhonha, e para proceder

    a escolhas das narrativas tradicionais, conforme a teoria de sustentao. Atividades

    executadas: Releitura do Banco de Dados; Registro de novos termos terminolgicos;

    Pesquisa da etimologia dos termos retirados das narrativas; conceituao dos termos;

    armazenamentos dos termos em forma de vocabulrio sociolingustico.

    c) Na terceira etapa, procedeu-se a identificao e a seleo dos termos culturais.

    Para a seleo dos termos culturais levou-se em considerao os vocbulos que representam

    o universo cultural o qual o falante est inserido, tais como: os utenslios, os instrumentos de

    trabalho, os meios de transportes, a culinria, as habitaes, as profisses, os mitos, as

    lendas, os personagens do imaginrio, as brincadeiras ao luar, as brincadeiras de rodas,

    personagens reais da cidade, a flora, a fauna, as expresses e as formas de dizer. Aps essa

    etapa os termos foram registrados em uma ficha terminolgica padro.

    Realizadas as etapas de identificao, anlise e seleo dos termos, passou-se para

    etapa de definio dos mesmos. O processo comum seria definir o termo de acordo com o

    contexto da narrativa, mas como, por vezes, o narrador/informante no deixou claro o

    contedo do mesmo, foi necessrio recorrer s obras lexicogrficas, tais como: glossrios,

    vocabulrios, repertrio de termos e dicionrios.

    A execuo da etapa de classificao s foi possvel a partir da definio dos termos,

    visto que, para elaborar uma estrutura classificatria importante e necessrio conhecer as

    caractersticas das unidades conceituais. Desse modo, o agrupamento dos conceitos nas

    classes realizou-se de acordo com suas caractersticas.

    Quanto a eventos cientficos, a Coordenadora do Projeto organizou e realizou na

    cidade de So Joo da Ponte, no Curso de Letras, ncleo da Unimontes, o Seminrio

    Tendas Culturais, e tambm apresentou os resultados da pesquisa na 3 Jornada Norte

    Mineira de Cincias Humanas: pelos caminhos do So Francisco educao, cultura e meio

    ambiente, realizada pela Faculdade Ceiva e Secretaria Municipal de Educao, em Januria,

    cujo objetivo foi apresentar comunidade acadmica o Projeto e seus resultados, bem

    como incentivar os acadmicos daquelas cidades a recolherem narrativas orais para estudo

    futuro, como patrimnio imaterial.

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    O Estudo foi apresentado, ainda, em dois outros Seminrios, I Seminrio de

    Literatura Brasileira: Escritores Mineiros e contemplaes de Minas e no II Seminrio Cyro

    dos Anjos: Memria, Paisagem e Modernidade, pelo Grupo de Estudos Literrios do

    Departamento de Comunicao e Letras da Unimontes, com a apresentao de textos sobre a

    temtica, pela coordenadora e pelo acadmico Alex Sander, pesquisador voluntrio.

    Resultados e Discusso

    A discusso busca compreender as contribuies dos Estudos Culturais no s para

    com a reconstruo da subjetividade no espao cultural, mas tambm para a percepo de

    outros eixos importantes como a globalizao, os processos migratrios, a cultura como

    prtica social e suas repercusses sobre o processo de construo e ressignificao das

    identidades regionais.

    A partir da aproximao com a antropologia, as narrativas orais passam a ser

    entendidas como um campo de estudos voltado para os conjuntos complexos de saberes,

    crenas, expresses, vises de mundo e modos de vida dos homens e mulheres de uma

    sociedade ou de grupos sociais dentro dela.

    Expresses de sua cultura, que esto em permanente transformao, brotam atravs

    da palavra, da enunciao, da narrativa necessria. A narrativa, quando re-citada, conta a

    histria de um povo, registrando os sentimentos por meio de palavras, resgatando a sua

    funo social. O homem, ser social, percebeu que a comunicao era um mecanismo

    indispensvel para a sobrevivncia da espcie. A necessidade de repassar experincias, bem

    sucedidas ou no, foi de vital importncia para a perpetuao da raa humana, e esta uma

    das habilidades que diferencia o homem das demais espcies animais.

    As artes da palavra so, pois, as psicolgicas por excelncia, como diz Mikhail

    Bakhtin (1996). E como os sentimentos se refletem no gesto ou determinam os atos, as artes

    do espao pelo desenho e pela mimesis coreogrfica podem tambm expressar a psicologia

    com certa verdade. Toma-se o jeito de cada narrador se expressar no sentido de contar qual

    a psicologia sem que ela seja sabida de antemo.

    O propsito deste artigo apreender a relao intrnseca entre a histria oral e a

    memria coletiva, como uma dimenso da cultura, dotada de uma historicidade. A memria

    , portanto, uma reconstruo psquica e intelectual, uma representao de um passado

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    coletivo, como diz Maurice Halbwachs (1990, p.128), que se pode dizer das experincias

    coletivas.

    Para Halbwachs (1990), a memria individual pode confirmar algumas de suas

    lembranas, quer para precis-las, ou mesmo para cobrir algumas de suas lacunas, apoiar-se

    na memria coletiva, deslocar-se nela, confundir-se momentaneamente com ela, mas nem

    por isso deixa de seguir seu prprio caminho. Poder-se-a dizer que cada memria individual

    um ponto de vista sobre a memria coletiva, e variaes nesse ponto de vista podem

    ocorrer dependendo do lugar que o indivduo ocupa no tecido social.

    Na anlise em questo, valeu, tambm, apoiar em fios conceptuais desenvolvidos por

    Paul Zumthor, terico suo, que deslocou o interesse do fenmeno lingstico para a voz

    humana, numa espcie de mediao entre o corpo e a palavra que se enderea sensao,

    retm a ambigidade, anuncia outra potncia que, se entrelaando ao visceral, convida todo

    o corpo humano apreenso do fenmeno potico; impondo-se, assim, o comportamento

    performtico.

    E com Roland Barthes, semilogo francs, alinhavou-se a anlise aqui proposta

    idia de que o poder o parasita de um organismo trans-social, ligado histria inteira do

    homem e que o objeto em que se inscreve o poder e a linguagem ou para ser mais preciso: a

    lngua (2000, p. 12).

    Sob as luzes de Foucault, Bakhtin, Zumthor e Barthes, que se props a fazer

    algumas consideraes sobre a narrativa oral, gnero discursivo que se materializa atravs

    de um jogo de memria, esquecimento e performance. Essa materializao prtica

    discursiva apresenta, de acordo com Zumthor (2000), a particularidade de tomar,

    simultaneamente, como material, como assunto e campo de atividade, a lngua e o

    imaginrio.

    Toda essa rede de prticas tem por finalidade a comunicao e a representao de

    mundo, embora ambas no aconteam de forma gratuita, pois quando se manifestam esto

    sempre a servio do poder. A comunicao, quando ocorre, tem o poder de modificar o

    comportamento do interlocutor.

    Explicitemos, agora, o que se entende aqui por performance, que segundo Zumthor

    (2000, p. 27), significa a presena concreta de participantes implicados nesse ato de maneira

    imediata e de certa forma, o momento em que o enunciado de um discurso recebido; o

    enunciado para Bakhtin (1996), reflete as condies especficas e as finalidades de cada uma

    das esferas da atividade humana, no s por seu contedo temtico e por seu estilo

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    Podemos lembrar que a literatura, em relao ideologia, no fixa, mas mexe com a

    realidade. Na verdade, h uma circularidade de valores, de conceitos, de crenas, ora

    avanando, ora recuando e, nessa dialtica, vai adquirindo status, seu estatuto de valor. Para

    ilustrar essa idia de interao em uma comunidade discursiva, citemos Foucault: no h

    enunciado que no suponha outros; no h nenhum que no tenha, em torno de si, um campo

    de coexistncias, efeitos de srie e de sucesso, uma distribuio de funes e de papis.

    Com Barthes (1993, p. 22), podemos afirmar que a literatura se afaina na

    representao de alguma coisa. O real no representvel, mas somente demonstrvel.

    Desse modo, nessa demonstrao do real, a narrativa oral uma forma de dilogo, de

    interao verbal, que tem como funo no apenas divertir, de satisfazer as necessidades

    psicolgicas do ouvinte, mas tambm interpretar o mundo.

    Esse dilogo, esse discurso, no deve ser entendido como uma espcie de opinio

    comum, de representao coletiva que se imporia a qualquer indivduo. De acordo com

    Foucault (2002), no importa quem fala, mas o que ele diz no dito de qualquer lugar.

    Participando como uma funo discursiva, o sujeito possui certo estilo de enunciao e

    define sua forma e o tipo de encadeamento dos enunciados. Assim, as coordenadas e o status

    material do enunciado, declara Foucault (2002, p. 115), fazem parte de seus caracteres

    intrnsecos.

    Para que se possa analisar o conjunto de enunciados que construram as narrativas

    orais analisadas, preciso compreender que o discurso, na concepo foucaultiana,

    conjunto de enunciados que se apiam na mesma formao discursiva ou, os discursos so

    prticas que formam sistematicamente os objetos de que falam e ainda: conjunto de

    enunciados que se apia em um mesmo sistema de formao.

    No caso em que se puder descrever, entre um certo nmero de enunciados,

    semelhante sistema de disperso, e no caso em que entre os objetos, os tipos de

    enunciao, os conceitos, as temticas, se puder definir uma regularidade (uma ordem,

    correlaes, posies e funcionamentos, transformaes), diremos, por conveno, que se

    trata de uma formao discursiva.

    Convm, ainda, que visualizemos a arquitetura flexvel do enunciado. As regras de

    formao so condies de existncia, de coexistncia, de manuteno, de modificao e de

    desaparecimento de enunciados, em uma dada repartio discursiva. O enunciado, funo

    que cruza um domnio de estruturas e de unidades possveis, e que faz com que apaream,

    com contedos concretos, no tempo e no espao (FOUCAULT, 2002, p. 99) compreende

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    quatro caractersticas substanciais para seu funcionamento, a saber: formao dos objetos,

    formao das posies subjetivas, formao do campo associado e a formao das escolhas

    estratgicas. Explicitemos cada uma dessas caractersticas.

    A primeira delas a formao dos objetos - os enunciados, diferentes em sua forma,

    dispersos no tempo, formam um conjunto quando se referem a um nico e mesmo objeto.

    A segunda - formao das posies subjetivas, se manifesta atravs/nas

    modalidades enunciativas e necessrio questionarmos, para uma melhor compreenso da

    enunciao quem fala? Qual o status dos indivduos que tm o direito de proferir

    semelhante discurso? De que lugares proferem e proliferam tais discursos?

    A terceira a formao do campo associado. Nesse campo possvel

    visualizarmos, dedutivamente, o sistema dos conceitos permanentes e coerentes que se

    encontra em jogo: suas formas de sucesso, disposies das sries enunciativas, as

    correlaes, as formas de coexistncia dos enunciados em uma espcie de campo de

    presena, e ainda, o campo de concomitncia, um domnio de memria e os procedimentos

    de interveno que podem ser aplicados aos enunciados.

    A quarta a formao das escolhas estratgicas - uma instncia onde so

    trabalhadas as temticas, as concepes e as teorias; seus pontos de possveis difraes, de

    equivalncia, de ligao e sistematizao na populao dos enunciados efetivos. Essa

    instncia se caracteriza pela funo que deve exercer o discurso estudado em um campo de

    prticas no discursivas.

    Outra marca importante e, por isso mesmo, frequente nas narrativas orais a

    repetio de alguns signos lingsticos, tanto da conjuno coordenativa aditiva e, como do

    advrbio a. Vejamos um exemplo: E numa sexta-feira santa foi um dia que ele tirou pra

    teimar; e era Joaquim o nome dele; e ela viu ele se aprontando..; e ela falou assim...; e ele

    disse que sim; a ele falou assim; a ela de novo falou; a depois ele falou; a depois ele

    preparou...; a ele deixou l a isca. Esses elos enunciativos instauram a coeso discursiva e

    costuram os fios da narrativa oral.

    A entonao expressiva, de acordo com Bakhtin (2000), um dos recursos para

    expressar a relao emotivo-valorativa do locutor com o objeto do seu discurso. Para

    Foucault (2002, p.124), os discursos so prticas que formam sistematicamente os objetos de

    que falam. Nesse ponto, os dois tericos aproximam-se, pois para ambos, os discursos

    formam o objeto.

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    O tecido narrado ganha uma atmosfera condizente com a condio de produo,

    instaura um efeito de encantamento, constri imagens que definem, conforme Foucault

    (2002), o sistema que permite arrancar o discurso passando de uma inrcia e reencontrar

    algo de sua vivacidade perdida. Analisando a performance, o enunciado adquire vida e

    envolve a comunidade ouvinte.

    Outro termo bastante repetido nas narrativas o n, que desempenha a sua funo

    ftica da linguagem, funcionando como um pacto funcional adotado pelo narrador e ouvinte.

    Foi o... a histria de um caador, n?; ...pagou pra ver, n?; ...como de costume, n?; uma

    mata fechada, n?. Para testar seu canal informativo, o narrador, a cada instante, confirma e

    reconfirma o dito com a comunidade ouvinte que, encantada com o desenrolar dos fatos,

    embriaga-se nas/com as palavras do narrador.

    A anlise mostra que existem regras enunciativas, as quais, conforme Foucault

    (2002) coloca o passado enunciativo como verdade adquirida, como um acontecimento que

    se produzia como uma forma modificvel, como uma matria transformvel, ou ainda, como

    um objeto de que se pode falar.

    Esse passado adquire um novo valor na voz de um narrador que emprega seu saber

    como forma de admoestao e administrao dos demais membros da comunidade,

    perpassando, dessa forma, a ideologia religiosa, afinal, como nos ensina Foucault (2002, p.

    127), um nico e mesmo conjunto de palavras pode dar lugar a vrios sentidos e a vrias

    construes possveis; ele pode ter, entrelaadas ou alternadas, significaes diversas, mas

    sobre uma base enunciativa que permanece idntica.

    Assim, a modificao do enunciado, sua transferncia, interferncia ou substituio

    pertencem ao nvel da formulao, contudo, ele prprio no afetado. Convenhamos que, a

    linguagem, em sua forma viva e voraz, acolhe-nos em seu turbilho efervescente e

    caudaloso. Ao mergulharmos nessa corrente lingstica, somos arrastados, sem querer, ao

    assombro do discurso, s suas regras de formulao e modulaes, ao interior e exterior de

    um imenso corpo discursivo.

    Para a construo destas vises sobre o passado nos Vales, concorrem as

    interpretaes de dados histricos, arqueolgicos, literrios, tradies orais e vivncias dos

    grupos citados. Relaciono o conjunto destas representaes ao processo de elaborao da

    memria coletiva forjada a partir de cada regio. Entende-se a memria coletiva como a

    produo narrativa baseada na refigurao do passado, visando a construo de imagens que

    se desejam mostrar de si.

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    As atualizaes do passado tropeiro, expressas nos mitos, relacionam-se utilizao

    das narrativas no sentido da elaborao de uma aura de mistrio e de riqueza simbolizada

    material ou imaginariamente relativa memria coletiva de Minas, como local de

    mltiplas riquezas ligadas ao passado do ouro, representado, via de regra, como

    denominador e dinamizador do presente.

    Nas experincias realizadas, foi possvel verificar a captao das nuances descritivo-

    narrativas nos textos produzidos oralmente pelos narradores. Tais textos seriam a traduo

    intersemitica dos textos pictoriais em verbais.

    Vejam-se alguns dos itens lxicos ativados pelas narrativas:

    a) substantivos: rio, estrada, noite, gua, pedras, assombrao...

    b) adjetivos: valente, seco, molhado, horrvel...

    c) verbos: virar, acontecer, dizer, contar, correr, morrer, viver...

    O texto do imaginrio tradicional procura no se perder o esquema com foi

    transportado para a memria, para tambm no nvel subliminar garantir a fixao da ateno

    do leitor e, de alguma forma, auxiliar-lhe na trajetria sobre a superfcie sensvel do mito,

    pois a tnica que o ouvinte acredite na histria.

    Se for traada uma linha reta em iniciada na expresso A histria comea assim...

    e concluda em ... foi minha av que contava, ter-se- a sntese do texto, segundo a tica

    predominante para o enunciador. Nas narrativas, os vocbulos realizam um percurso

    semntico-sinttico para significar a histria do povo como a sua histria.

    CONCLUSO

    A pesquisa concluiu-se, em parte, pois as regies juntas somam 2.500.000 (dois

    milhes e quinhentos mil habitantes, o que demonstra que a pesquisa deveria continuar, se

    recebesse apoio de Instituies de Ensino Superior, ou de Fundaes de amparo a pesquisas

    de forma contnua. A pesquisa mostrou-se relevncia do trabalho para os estudos

    acadmicos, no tocante s poticas orais de Minas Gerais.

    A Unimontes tem catalogadas, apenas, 300 narrativas orais, o que um nmero

    muito baixo, considerando a extenso do territrio estudado. Depreendeu-se, portanto, que

    as narrativas catalogadas manifestam-se dentro de um corpus bastante amplo e variado de

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    mitos, dentre outras formas de expresses orais em ambas as regies. So histrias ricas em

    significados, do ponto de vista cultural e comportamental. A Universidade Federal do Par,

    por exemplo, realiza uma pesquisa semelhante a esta, continuamente, na regio amazonas,

    tendo catalogadas 5.000 narrativas.

    Tais narrativas revelam informaes importantes para a recuperao do passado pelas

    informaes histricas, etnogrficas, sociolgicas e que denunciam preceitos, costumes,

    idias, mentalidades, julgamentos, memrias, imbricados, ainda, na tradio em plena

    modernidade.

    A memria coletiva da figura de um homem da tradio (DURAND, 1979: 22) em

    pleno contexto urbano, no entanto, aponta para a inadequao desses ideais progressistas

    homogeneizadores s diversas formas de rearranjo da vida coletiva nas cidades do pas a

    partir de sua gnese scio-histrica.

    A memria compartilhada dos moradores, atravs das narrativas que analisamos,

    possibilita o retorno, no s das imagens de uma vida "tradicional" dos Vales, mas reinventa

    suas tradies ao exporem, nos seus relatos, a dramaticidade da instalao de cidades beira

    de um ambiente sujeito a tantas metamorfoses em seus ciclos anuais de cheias ou de secas,

    como o caso do norte de Minas.

    As narrativas trazem as bordas para o cnone, o centro, e levam-no para si, tambm.

    Percebeu-se que os temas relatados so imbricados nas vozes do Outro, mesmo com o jeito

    de ser, com o discurso da diferena, do campons, mas que traz memria histrica de

    pocas importantes dos grandes centros. Apreende-se, ainda, que o discurso daquela gente

    constitui espao de construo de significados de moralidade, de respeito, de religiosidade,

    entre o que imaginrio e o que ou foi real, nas comunidades, pois as histrias, os causos,

    as lendas so os mesmos, modificando, apenas, a personagem.

    As vrias vozes dos discursos apreendidos nas narrativas fazem parte do dinamismo

    global como instrumento da cultura em busca da identidade cultural. As vozes so mltiplas,

    so outras, mas se percebem a globalidade cultural tanto no Vale do Jequitinhonha quanto

    nas cidades pesquisadas no Norte de Minas. Para tanto, depreende-se traos do norte de

    Minas que se repete no Jequitinhonha, como se uma regio fosse ligada outra. Uma

    encontra-se distante da outra, porm, as narrativas so acumuladas no imaginrio

    tradicional, identicamente, pois se muda os elementos, os animais, as montanhas, mas a

    idia semntica a mesma.

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    Os discursos se repetem, cada qual com nova roupagem, mas com a mesma gnese.

    A moral da histria a mesma. Recomenda-se este estudo para pesquisadores interessados

    em histria, antropologia, cincias scias, estudos culturais e literatura oral.

    REFERNCIAS

    BHABHA. H. K. O local da cultura. Myrian vila, Eliana Loureno de Lima Reis, Glucia

    Renate Golalves (trads.). Belo Horizonte: UFMG, 1998.

    BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. So Paulo: Hucitec, 1996.

    ________________ Esttica da criao verbal. So Paulo: Martins Fontes, 1993.

    BARTHES, Roland. Aula.Trad. Leyla Perrone-Moiss. So Paulo: Cultrix, 2000.

    BENJAMIN, Walter .Mitologias. So Paulo: 1985.

    CANCLINI, Nestor Garca. Culturas hbridas. Estratgias para entrar y salir de La

    modernidad. Mxico: Grijalbo, 1990.

    CASCUDO, Lus da Cmara. A literatura oral no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989.

    FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Traduo Luiz Baeta. 6 edio. Rio de

    Janeiro: Forense Universitria, 2002.

    GEERTZ, Clifford. A interpretao das culturas. Traduo de Fanny Wrobel. Rio de

    Janeiro: Zahar Editores, 1978.

    HALBWACHS, M. A Memria Coletiva, [traduzido do original francs La Mmoire

    Collective - Presses Universitaires de France, Paris, Frana, 1968] So Paulo: Edies

    Vrtices, Editora Revista dos Tribunais LTDA, 1990.

    JOLLES, Andr. Formas Simples. Traduo de lvaro Cabral. So Paulo: Cultrix, 1976.

    LVI-STRAUSS, Claude. A estrutura dos mitos. In: Antropologia estrutural. Rio de

    Janeiro: Tempo Brasileiro, 1970.

    ZUMTHOR, Paul. Performance, Recepo e Leitura. Traduo Jerusa Ferreira e Suely

    Fenerich. So Paulo: Educ, 2000.

    ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz. Traduo de Amalio Pinheiro e Jerusa Pires Ferreira. So

    Paulo: Companhia das Letras, 2001.

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