ministro religioso não possui características de empregado de igreja
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Gilberto Garcia: Ministro Religioso Não Possui
Características de Empregado de Igreja
Ministro Religioso Não Possui Características de Empregado de Igreja
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), neste início de ano, numa decisão inédita
reconheceu vínculo trabalhista de um pastor com uma Igreja, em função do comprovado
desvio de finalidade eclesiástica, possibilidade legal que há tempos vínhamos alertando,
em Entrevistas, Palestras, Artigos, Debates, manifestações em Programas de Rádios,
Televisão, Jornais, Sites, e, ainda, para Revistas Evangélicas, bem como, no site:
www.prazerdapalavra.com.br, e, ainda, site: www.direitonosso.com.br, de nosso
Ministério de Atalaia Jurídico, de suporte legal-eclesiástico, neste novo tempo legal.
O compartilhar desta ótica jurídico-eclesiástica objetiva exatamente destacar, sobretudo,
que referida decisão da Última Instância do Poder Judiciário Trabalhista é uma exceção
no Sistema Jurídico Nacional, tendo, entretanto, instituído um perigoso Precedente
Jurisprudencial, pois apesar de já existirem diversas decisões de Juízes do Trabalho e
Tribunais Trabalhistas Regionais pelo Brasil no sentido de considerar empregados os
religiosos que deixam de atuar especificamente em sua condição eclesiástica, quando
comprovadamente caracterizado o desvio de atividade espiritual, sendo que estas, até
então, eram rejeitadas pelo TST, às quais, doravante, passam a ter a possibilidade legal
de terem assegurados direitos trabalhistas iguais a qualquer trabalhador regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
Neste sentido enfatizamos que o Tribunal Superior do Trabalho reafirmou sua
Jurisprudência Pacifica, de que os Ministros de Confissão Religiosa, qualquer seja a
crença, quando atuam exclusivamente como obreiros da religião não são amparados
pela legislação trabalhista pátria, assim, permanecem aplicados os mesmos princípios
legais que regem o Princípio Constitucional da Separação Igreja-Estado, que caracteriza
o Estado Laico no País, ou seja, o Estado Sem Religião Oficial, inclusive nas Relações
Trabalhistas entre Pastores e Igrejas, ou seja, permanece vigente a REGRA GERAL DE
QUE UM RELIGIOSO NÃO POSSUI DIREITOS TRABALHISTAS, pois não tem as
indispensáveis características de um empregado regido pelas regras da C.L.T.
E de se ressaltar que Juízes e os Tribunais do Trabalho brasileiros são praticamente
unânimes, registrando, por respeito a posicionamentos contrários, já existirem, ainda
que uma corrente minoritária no direito do trabalho, autores, advogados, juízes etc, que
sustentam que o pastor é um empregado no que concerne ao reconhecimento do vínculo
trabalhista entre o Ministro Religioso e a Organização Eclesiástica; em que pese esta
decisão judicial excepcionalíssima, proferida agora no início deste ano de 2012 do
Tribunal Superior do Trabalho (Ultima Instância Judicial de Questões Trabalhistas no
Brasil), eis que, temos uma jurisprudência firmada (decisões reiteradas) de que o
Ministro de Confissão Religiosa atua de forma vocacionada em atendimento a uma
orientação divina, sendo que o reconhecimento do vínculo implicaria numa
mercantilização da fé.
Assim, esta decisão judicial é uma exceção, e como uma exceção necessita ser
entendida, servindo, contudo, como direcionadora de que os Juízes e Tribunais, como já
faziam, e agora, ainda mais, com o suporte jurisprudencial da decisão do TST, sempre
que identificarem, de forma comprovada, uma situação atípica, que não esteja calcada
na perspectiva religiosa, espiritual ou de fé, no relacionamento entre pastores e Igrejas,
poderá o Judiciário brasileiro considerar esta uma relação de emprego celetista, gerando
direitos para o obreiro-empregado, e, condenação trabalhista para a Igreja-Empregadora,
inclusive com anotação na Carteira de Trabalho e demais verbas trabalhistas.
Destacamos, singelamente, que o Ministério Pastoral não pode ser entendido como
profissão, posição que há quase três décadas de atuação jurídica temos sustentando, em
diversas intervenções, inclusive nos livros, "O Novo Código Civil e as Igrejas" e "O
Direito Nosso de Cada Dia", Editora Vida, bem como, lecionando durante alguns anos
no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil-CBB, e atualmente na Faculdade das
Assembleias de Deus no Brasil - FAECAD/CGADB, para pastores e futuros pastores.
Enfatizamos que a atuação do obreiro é fruto de vocação divina, sacerdócio espiritual, e
chamada pessoalíssima, para o exercício eclesiástico junto a comunidade de fé, em
atendimento a um propósito divino, sendo com Deus o comprometimento espiritual do
pastor, por conseqüência não estando sujeito a legislação trabalhista, no que tange a sua
opção pessoal pelo exercício de uma vida consagrada a religião, como descrito pelo
profeta Jeremias, "E vós darei pastores que vos apascentem com sabedoria e
inteligência.", tendo cada grupo religioso seu próprio regramento para o exercício
ministerial.
O Ministro de Confissão Religiosa é definido, no sentido tão somente metodológico e
não legal, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como aquele que realiza cultos e
ritos, liturgias, celebrações, orienta comunidades eclesiásticas, ensina os fiéis dentro dos
preceitos religiosos, divulga a doutrina de sua vertente confessional etc, por isso, a
atividade religiosa não pode ser objeto de contrato de prestação de serviços, na
perspectiva de que seu objetivo fundamental é a propagação da fé, assistência espiritual
e realizado em função do compromisso de fé do obreiro junto a Igreja e a crença
adotada.
Desta forma, não existe lei específica para o exercício da atividade religiosa, assim, as
normas do exercício pastoral, contendo pré-requisitos, condições pessoais, regramentos
alusivos aos dogmas, inclusive de fidelidade doutrinária, podem estar inseridas no
Estatuto Associativo, Convenção de Obreiros etc. Relembramos, por oportuno, a
iniciativa que há alguns anos atrás, quando surgiu em São Paulo um Sindicato dos
Pastores e Ministros Evangélicos, inclusive conseguindo o registro junto ao Ministério
do Trabalho e Emprego, que logo após sua divulgação teve seu Registro Sindical
cancelado, o qual tinha como objetivo fixar piso salarial e direitos em Convenções
Coletivas de Trabalho com as Igrejas, tendo sido rechaçado pela Comunidade Religiosa
Cristã, sobretudo por diversos líderes espirituais de praticamente todas as denominações
evangélicas no país.
Assim, não há que falar em vínculo empregatício na relação entre um Líder Espiritual e
a Instituição de Fé, eis que trabalho religioso, seja ele pastor, pastora, diácono,
diaconisa, presbítero, evangelista, cardeal, arcebispo, bispo, apóstolo, padre, freira,
rabino, babalorixá, ialorixá, pai-de-santo, mãe-de-santo, sacerdotisa, sheik, monja etc,
não pode ser caracterizado como vínculo trabalhista, à luz da legislação trabalhista
brasileira, na medida em que sua atividade é fruto do exercício de sua fé na divindade,
não podendo ser remunerado, como um trabalhador comum, pois este recebe uma
contraprestação pelo serviço prestado, com base nas leis do país.
Anote-se, por oportuno, que, na relação de emprego normal, empregador e o empregado
naturalmente estão em posições antagônicas, em função dos interesses opostos, o que
não ocorre com o pastor e a Igreja, na medida em que se confunde a missão do obreiro
com a finalidade da Organização Religiosa, sendo ele sustentado ministerialmente, da
forma que bem convier a Igreja, não tendo este religioso direito trabalhista a pleitear,
entretanto, à luz da Sagrada Escritura, devendo ser mantido, juntamente com sua
família, honrosamente e dentro das possibilidades financeiras da Congregação dos Fiéis,
na perspectiva bíblica do reconhecimento, eis que, "Digno é o obreiro de seu salário".
Por isso, em que pese não ser ilegal a anotação da Carteira de Trabalho do Ministro
Religioso eis que não existe lei proibindo, é totalmente irregular pois não produz efeitos
jurídicos trabalhistas, na medida em que ele não é empregado da Igreja e/ou
Organização Religiosa, consequentemente referida anotação não lhe concede qualquer
direito, nem mesmo o previdenciário para efeito de sua aposentadoria, sendo que, neste
caso, deve o mesmo ser inscrito como Contribuinte Individual no Órgão Previdenciário
e recolher mensalmente sua Cota Previdenciária já que sua atividade não é reconhecida
como profissão, para todos os efeitos legais, pelo que, é inconcebível que uma Igreja
estabeleça qualquer tipo de Contrato de Prestação de Serviços com o Pastor, querendo,
equivocamente, retribuir seu envolvimento de tempo integral com a obra de fé.
Outrossim, deve a Organização Religiosa instituir regramentos em seus Estatutos
Associativos, em Regulamentos Específicos, e/ou, em Atas Apropriadas, prevendo a
formatação pecuniária do Sustento Ministerial de seus Obreiros e suas famílias, até para
que fique claro, tanto para o pastor, como para os membros e fieis, quais os valores que
serão disponibilizados no orçamento da Igreja, para efeito de investimento financeiro no
Ministério Pastoral, bem como, estabelecendo que sua atuação é de compromisso com
sua crença, no desenvolvimento de sua vocação, missão pessoal visando a propagação
da fé na divindade, e consequentemente angariando mais fieis para Igreja.
É importante registrar que já tem ocorrido condenações trabalhistas com relação a
determinadas Igrejas e Obreiros, na medida em que se comprova o chamado "desvio de
finalidade da Igreja" e/ou "desvio da função pastoral", à qual é comprovada pela justiça
através de "práticas eclesiásticas de atuação mercantil", caracterizada especialmente,
quando, entre outras, situações fáticas, o "religioso" não tem qualquer autonomia em
sua atuação ministerial, quando, ocorre um rígido controle de jornada de trabalho,
quando são fixadas metas financeiras e de crescimento do número de membros ou fieis,
quando são estabelecidas penalidades para os que não atingem estas e outras metas etc,
o que, como declinado, já vinha sendo decidido por Juízes e Tribunais, agora é
respaldado pelo Tribunal Superior do Trabalho - TST, na medida em que: “Os
Magistrados são instrumentos da justiça de Deus”.
E, ainda, quando a Organização Religiosa deixa de atuar institucionalmente como uma
Entidade de Fé, e sim, como uma Organização Empresarial, e nestes casos,
excepcionalmente, algumas Igrejas tem sido condenadas a pagar multas e indenizações,
pois o pastor deixa de atuar como religioso, mas sim como verdadeiro empregado, numa
espécie de "gerente espiritual", e aí, tanto advogados e juízes trabalhistas, tem entendido
que materializa-se o vínculo empregatício, pois neste caso, o título ministerial, em
qualquer área de atuação eclesiástica, seja pastoral, musical, educação religiosa, ação
social etc, visa tão somente tentar desobrigar a Igreja de arcar com os deveres legais
previstos na legislação trabalhista, às quais são devidas, juntamente com a
obrigatoriedade de manter todos os empregados, assim caracterizados, com registro em
carteira trabalho, quitar horas extras e pagar todos os direitos devidos aos funcionários
da Igreja, bem como recolhendo os encargos sociais (INSS, FGTS etc), evitando, por
conseqüência, ações trabalhistas, no dizer de Cristo, "Dando a César o que de César e a
Deus o que de Deus".
Há alguns anos atrás tivemos a experiência de orientar a mãe de um obreiro de uma
Igreja Evangélica onde ela dizia que seu filho, além de pastor, era uma espécie de "faz-
de-tudo" na Igreja, e que após ficar doente foi abandonado pela Instituição de Fé, na
ocasião tivemos a oportunidade de orientá-la que na perspectiva legal em função de sua
atuação enquanto sacerdote espiritual não havia qualquer direito trabalhista a ser
pleiteado judicialmente, entretanto, em que pese nesse caso nossa atuação ter sido tão
somente em nível de orientação jurídica.
Explicitamos no que se referia a sua atuação diversificada, como profissional
multitarefa, desde que comprovada a caracterização da relação de emprego, ou seja, que
ele era prestava serviço: subordinado, habitual, pessoal, oneroso, e ainda, revestido de
alteridade, ou seja, a Entidade Eclesiástica era beneficiada pelos seus serviços laborais,
bem como, para que ela procurasse a liderança daquela Igreja para que a mesma
assumisse os encargos legais de seu "empregado", o que não ocorrendo por
espontaneidade, poder-se-ia pleitear o reconhecimento do vínculo de trabalho, e,
conseqüentemente a indenização pela prestação de serviços de carpinteiro, pedreiro,
eletricista etc, pelo que, poderia a Organização Religiosa ser responsabilizada
legalmente.
Temos orientado em Conferências e Simpósios por todo o Brasil, a necessidade das
Igrejas e Organizações Religiosas reconhecerem a árdua tarefa de nossos obreiros,
alertando os líderes, especialmente irmãos e irmãs diretores estatutários das Igrejas, que
também neste caso se aplica o ensino de Jesus, de que "A nossa justiça deve exceder a
dos escribas e fariseus", e a nossa “Regra de Fé e Prática” orienta a “Lei do Amor”, por
isso, em que pese o obreiro não ter qualquer direito assegurado na lei dos homens, a
concessão do sustento ministerial, do rendimento eclesiástico, ou, das prebendas
pastorais, é obrigação moral e espiritual da Igreja com relação a seu pastor, outorgando
no mínimo as prerrogativas financeiras que possui um trabalhador comum, e aí por
liberalidade conceder-lhe os valores relativos ao descanso anual, da gratificação
natalina, inclusive o depósito mensal em conta de poupança do percentual em torno de
10%, que se constituí no FETM - Fundo Especial por Tempo Ministerial, e como para
os efeitos previdenciários ele é considerado um Contribuinte Individual, sendo
obrigação pessoal do obreiro efetivar sua inscrição na Previdência Social e proceder os
recolhimentos junto ao INSS etc.
Como profissional do direito, entendemos a impossibilidade jurídico-eclesiástica,
exceto no caso de desvirtuação, seja da atuação da Igreja, seja da atuação do Ministro de
Confissão Religiosa, e aí ele, verdadeiramente não atua como pastor, como agora
ratificado pela decisão do TST; por isso, defendemos ser necessário que a Igreja
também cuide para que sua contribuição previdenciária seja recolhida mensalmente,
para que ele esteja resguardado em caso de acidente, bem como sua esposa e filhos em
caso de óbito, ou mesmo possa usufruir da aposentadoria condigna juntamente com sua
família, ainda, se possível, contratando um seguro de vida, e ainda, dentro das
possibilidades da congregação inscrevendo-o num plano de previdência privada, entre
outras medidas que visam abençoar a vida ministerial dos líderes religiosos, no
cumprimento do mandamento Bíblico, "Zelai por vossos pastores, pois eles darão conta
de vossas almas junto a Deus".
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