ministÉrio da educaÇÃo universidade federal de goiÁs ... · hepatitis b and tuberculosis (tb)...

101
1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Rodrigo Sebba Aires INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B EM PACIENTES COM TUBERCULOSE EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM GOIÂNIA-GOIÁS Orientadora: Profª Drª Regina Maria Bringel Martins Tese de Doutorado Goiânia-GO, 2011

Upload: others

Post on 22-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

Rodrigo Sebba Aires INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B EM PACIENTES COM TUBERCULOSE EM

HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM GOIÂNIA-GOIÁS

Orientadora: Profª Drª Regina Maria Bringel Martins

Tese de Doutorado

Goiânia-GO, 2011

Page 2: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

2

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [ x ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor (a): Rodrigo Sebba Aires

E-mail: [email protected]

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não

Vínculo empregatício do autor Docente da Faculdade de Medicina da UFG

Agência de fomento: CNPq Sigla:

País: Brasil UF: GO

CNPJ:

Título: Infecção pelo vírus da hepatite B em pacientes com tuberculose em hospital de referência em Goiânia-GO

Palavras-chave: Hepatite B (vírus) – Tuberculose – Pacientes - Goiânia

Título em outra língua:

Palavras-chave em outra língua:

Área de concentração: Doenças Infecciosas e Parasitárias

Data defesa: (dd/mm/aaaa) 28/11/2011

Programa de Pós-Graduação: Medicina Tropical / Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG

Orientador (a): Regina Maria Bringel Martins

E-mail: [email protected]

Page 3: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

3

Co-orientador (a):*

E-mail:

*Necessita do CPF quando não constar no SisPG

3. Informações de acesso ao documento:

Concorda com a liberação total do documento [ x] SIM [ ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.

O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat.

Data: 06 / 01 / 2014

Assinatura do (a) autor (a)

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita

justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de

embargo.

Page 4: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

4

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

Rodrigo Sebba Aires

INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B EM PACIENTES COM TUBERCULOSE EM

HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM GOIÂNIA-GOIÁS

Orientadora: Profª Drª Regina Maria Bringel Martins

Este trabalho foi realizado com o auxílio financeiro do CNPq, processo nº 479917/2007-8

Goiânia-GO, 2011

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical/Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Medicina Tropical

Page 5: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

5

Page 6: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

6

Dedico este trabalho aos meus pais, Divino e Vera,

pelo amor incondicional, exemplo de vida e renúncia.

Minha esposa Andréa, pelo amor eterno, carinho e

incentivo constante nesta jornada.

Meus filhos, Matheus e Ana Clara, presentes de Deus.

Page 7: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

7

AGRADECIMENTOS

- À Professora Dra. Regina Maria Bringel Martins, primeiramente pela oportunidade de tê-la como orientadora, e ainda por acreditar no projeto, pelo exemplo de dedicação ao trabalho e à pesquisa, pela paciência e incentivo. Muito obrigado por tudo!

- À Professora Dra. Sheila Araújo Teles, pelo apoio fundamental na análise dos dados e sugestões na banca de qualificação.

- À Professora Dra. Megmar Aparecida dos Santos Carneiro, pelo apoio na realização deste trabalho e auxílio na coleta dos dados.

- À colega doutoranda Nádia Rúbia S. Reis, pelo apoio no trabalho conjunto de coleta dos dados e realização dos testes sorológicos e moleculares.

- À Professora Dra. Márcia Alves Dias de Matos e Prof. Dr.João Alves de Araújo Filho pela participação na banca de qualificação.

- À Professora Dra. Carmen Luci Rodrigues Lopes, pela amizade e apoio constante.

- À Dra. Andréia Cecílio, pelo encaminhamento dos pacientes do ambulatório de tuberculose do HDT-HAA.

- À colega de pós-graduação Pollyane, pela ajuda na coleta dos dados.

- A todos os professores do programa de pós-graduação em Medicina Tropical do IPTSP-UFG.

- Aos funcionários da pós-graduação, Kariny e José Clementino.

- Ao Conselho Nacional de Desenvovlvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro.

Page 8: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

8

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................................vii

ÍNDICE DE TABELAS E QUADRO...........................................................................viii

RESUMO........................................................................................................................ix

SUMMARY.....................................................................................................................x

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................01

1.1- BREVE HISTÓRICO DA HEPATITE B.............................................. 01

1.2- O VÍRUS DA HEPATITE B...................................................................02

1.2.1- CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DO VÍRUS.......................02

1.2.2- CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E ORGANIZAÇÃO DO GENOMA....................................................................................02

1.2.3- VARIABILIDADE DO GENOMA DO HBV............................ 05

1.3- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO HBV......09

1.4- HISTÓRIA NATURAL E APRESENTAÇÃO CLÍNICA DA HEPATITE B..........................................................................................12

1.5- IMUNOPATOGÊNESE DA INFECÇÃO PELO HBV..........................14

1.6- EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO HBV..................................17

1.6.1- VIAS DE TRANSMISSÃO..........................................................18

1.6.2- PREVALÊNCIA...........................................................................19

1.6.3- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS GENÓTIPOS................22

1.7- PREVENÇÃO E CONTROLE DA HEPATITE B.................................24

1.8- TUBERCULOSE ....................................................................................26

1.9- INFECÇÃO PELO HBV E TUBERCULOSE........................................30

1.10- JUSTIFICATIVA.....................................................................................32

2. OBJETIVOS.............................................................................................................34

Page 9: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

9

3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................35

3.1- DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DO ESTUDO..............................35

3.2- ENTREVISTA E COLETA DE SANGUE.............................................35

3.3- TESTES SOROLÓGICOS......................................................................36

3.3.1- Detecção do HBsAg......................................................................36

3.3.2- Detecção do anti-HBc total...........................................................36

3.3.3- Detecção do anti-HBs...................................................................37

3.3.4- Detecção do HBeAg e anti-HBe...................................................37

3.3.5- Detecção do anti-HIV...................................................................38

3.3.6- Detecção do anti-HCV..................................................................39

3.4- DETECÇÃO E GENOTIPAGEM DO HBV-DNA.................................41

3.4.1- Extração do HBV-DNA................................................................41

3.4.2- Reação em cadeia pela polimerase (PCR)....................................41

3.4.3- Eletroforese em gel de agarose.....................................................42

3.4.4- Genotipagem pela análise do polimorfismo de comprimento dos fragmentos de restrição (RFLP)..............................................................42

3.4.5- Genotipagem por seqüenciamento nucleotídico e análise filogenética..............................................................................................43

3.5- ANÁLISE DOS DADOS........................................................................45

4. RESULTADOS........................................................................................................46

4.1- CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ESTUDADA......................46

4.2- MARCADORES SOROLÓGICOS DO VÍRUS DA HEPATITE B.......46

4.3- FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO HBV.....48

4.4- CARACTERÍSTICAS SOROLÓGICAS E MOLECULARES DOS PACIENTES HBsAg REAGENTES.....................................................52

4.5- INFECÇÃO OCULTA PELO HBV.......................................................54

Page 10: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

10

5. DISCUSSÃO............................................................................................................55

6. CONCLUSÕES........................................................................................................61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................62

Page 11: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

11

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1- Microscopia eletrônica mostrando as partículas virais...........................................................................................................................03

FIGURA 2- Representação esquemática do genoma do HBV...........................................................................................................................04

FIGURA 3- Evolução dos marcadores sorológicos na hepatite B aguda..........................................................................................................................11

FIGURA 4- Evolução dos marcadores sorológicos na hepatite B crônica........................................................................................................................12

FIGURA 5- Árvore filogenética da região S do vírus da hepatite B, incuindo sequências obtidas

de pacientes com tuberculose em Goiânia-GO e sequências do Genbank dos genótipos A-

H......................................................................................53

Page 12: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

12

ÍNDICE DE TABELAS E QUADROS

TABELA 1- Características sócio-demográficas dos 402 pacientes com tuberculose estudados em Goiânia, Goiás......................................................................................47

TABELA 2- Prevalência dos marcadores sorológicos do vírus da hepatite B em 402 pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás............................................................48

TABELA 3- Análise univariada dos fatores de risco associados à infecção pelo HBV em pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás .....................................................49

TABELA 4- Análise multivariada dos fatores de risco associados à infecção pelo HBV em pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás......................................................51

TABELA 5- Características sorológicas e moleculares das amostras HBsAg reagentes......................................................................................................................52

TABELA 6- Características dos pacientes com infecção oculta pelo HBV...............54

QUADRO 1- Estudos sobre a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em Goiânia-GO..................................................................................................................23

QUADRO 2- Primers utilizados na amplificação da região S e seqüenciamento.....45

Page 13: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

13

RESUMO

A hepatite B e a tuberculose (TB) são importantes problemas de saúde pública. Este estudo teve

como objetivo investigar o perfil epidemiológico e molecular da infecção pelo vírus da hepatite B

(HBV) em pacientes com tuberculose atendidos no hospital de referência para doenças infecciosas

em Goiânia, Goiás. Um total de 402 pacientes com TB foi entrevistado sobre características sócio-

demográficas, fatores de risco para infecção pelo HBV e vacinação prévia contra hepatite B.

Amostras de sangue foram coletadas e os soros testados para detecção dos marcadores HBsAg,

anti-HBc total e anti-HBs por ensaio imunoenzimático (ELISA). Nas amostras HBsAg reagentes,

foi realizada a pesquisa do HBeAg e anti-HBe por ELISA. O HBV-DNA foi pesquisado nas

amostras HBsAg e anti-HBc reagentes pela reação em cadeia pela polimerase (PCR), e as amostras

positivas foram genotipadas pela análise do polimorfismo de comprimento dos fragmentos de

restrição (RFLP) e seqüenciamento da região Pré-S/S. A prevalência global da infecção pelo HBV

foi de 25,6% (IC 95%: 21,5-30,2). Idade maior ou igual a 50 anos e uso de drogas injetáveis ou

não injetáveis foram fatores de risco associados à infecção pelo HBV. O DNA viral foi detectado

em 10 (76,9%) amostras HBsAg reagentes, sendo oito genotipadas como dos genótipos A (n = 7) e

D (n = 1). Foi encontrado um índice de infecção oculta pelo HBV de 14,4% nos pacientes anti-

HBc reagentes. Apenas 10,9% dos pacientes apresentaram evidência sorológica de vacinação

prévia contra hepatite B. A prevalência elevada e os fatores de risco como uso de drogas injetáveis

ou não injetáveis, somados a baixa cobertura vacinal contra hepatite B verificada, indicam a

necessidade de intervenções que visem à prevenção e controle da hepatite B em pacientes com

tuberculose.

Page 14: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

14

SUMMARY

Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to

investigate the epidemiological and molecular profile of the hepatitis B virus (HBV) infection

among patients with TB who were attended at the reference hospital for infectious diseases in

Goiânia, Goiás. A total of 402 patients were interviewed for socio-demographic characteristics,

risk factors for HBV infection and previous hepatitis B vaccination. Blood samples were collected

and sera were tested for HBsAg, anti-HBc, and anti-HBs markers by an enzyme-linked

immunosorbent assay (ELISA). HBsAg reactive samples were tested for HBeAg e anti-HBe

markers by ELISA. HBV DNA was detected in HBsAg and anti-HBc reactive samples by

polymerase chain reaction (PCR). HBV DNA positive samples were genotyped by restriction

fragment length polymorphism (RFLP) and sequencing of the Pre-S/S region. The overall HBV

prevalence infection was 25.6% (95% CI: 21.5-30.2). Age higher or equal 50 years old and

injecting or non-injecting drug use were risk factors associated with HBV infection. HBV DNA

was detected in ten (76.9%) HBsAg reactive samples. Of these, eight were genotyped as genotypes

A (n = 7) and D (n=1). HBV occult infection rate of 14.4% was found among anti-HBc reactive

patients. Only 10.9% had serological evidence of previous HBV vaccination. The high prevalence

and risk factors such as injecting or non-injecting drug use, in addition to the low HBV vaccine

coverage found, should indicate that there is a need for interventions aimed at improving hepatitis

B prevention and control in patients with tuberculosis.

Page 15: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

15

1. INTRODUÇÃO

1.1- BREVE HISTÓRICO DA HEPATITE B

O termo “hepatites virais” é convencionalmente utilizado para designar as doenças

causadas por vírus hepatotrópicos. As primeiras descrições dessa doença vêm de períodos

anteriores à Era Cristã, como relatos de surtos de icterícia na Babilônia há mais de 2500 anos, além

da descrição de icterícia epidêmica por Hipócrates em 400 a.C. (Freitas 2003).

Desde então, muito se discutiu sobre a etiologia das hepatites. Entretanto, apenas no final

do século XIX e início do século XX, passou-se a especular sobre um possível agente de

transmissão parenteral como etiologia da doença, visto que vários casos foram observados após

administração de vacinas preparadas a partir de linfa humana (Lürmann 1885) ou de medicação

para tratamento de sífilis administrada por via endovenosa (Bigger 1943).

MacCallum (1947) propôs os termos “vírus da hepatite A” e “vírus da hepatite B”, para

designar os supostos agentes etiológicos das hepatites de período de incubação curto (15 a 33

dias), ou infecciosa, e de período de incubação longo (50 a 160 dias), ou sérica, respectivamente.

Em 1967, Krugman et al. confirmaram a existência dos agentes propostos por MacCallum, os

quais apresentavam características clínicas, epidemiológicas e imunológicas distintas.

Denominaram, então, a primeira de hepatite infecciosa (MS1) e a segunda de hepatite soro-

homóloga (MS2) (Krugman et al. 1967).

Em 1965, Blumberg et al. publicaram o que viria a ser uma das mais importantes

revelações sobre as hepatites, que foi a detecção, no soro proveniente de um aborígene australiano,

de um antígeno que reagia com soros de hemofílicos, denominado antígeno Austrália (Blumberg et

al. 1965).

No Japão, foi relacionada a presença desse antígeno, em doadores de sangue, com o

desenvolvimento de hepatite pós-transfusional nos receptores de sangue também positivos para o

referido antígeno (Okochi & Murakami 1968). Finalmente, em 1969, Blumberg et al. associaram o

antígeno Austrália às hepatites agudas e crônicas, sendo proposta a sua detecção na triagem dos

doadores de sangue. No início da década de 1970, portanto, estava claramente estabelecida a

associação entre a hepatite soro-homóloga e o antígeno Austrália (Blumberg et al. 1969).

Page 16: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

16

A caracterização do HBV, de seus antígenos e anticorpos correspondentes, estava

praticamente completa no início dos anos 1970, quando Dane et al. identificaram a partícula viral

completa, que era constituída externamente por um envoltório que correspondia ao antígeno

Austrália (Dane et al. 1970).

1.2- O VÍRUS DA HEPATITE B

1.2.1- CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DO VÍRUS

O vírus da hepatite B (HBV) pertence à família Hepadnaviridae, gênero

Orthohepadnavirus (ICTV 2009). A partícula completa do HBV é esférica, com diâmetro de

aproximadamente 42 nm, composta de um envelope externo protéico, que constitui o antígeno de

superfície do HBV (HBsAg, denominado anteriormente de antígeno Austrália), e internamente por

nucleocapsídeo icosaédrico, sendo formado pelo antígeno do core (HBcAg) e pelo genoma viral

(Tiollais & Pourcel 1995, Kao & Chen 2002, Liang 2009). A partícula viral completa é também

conhecida como partícula de Dane (Dane et al. 1970). Partículas não infecciosas, compostas

apenas pelo HBsAg, também são encontradas no soro de indivíduos infectados pelo HBV (Figura

1) (Liang 2009).

1.2.2- CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E ORGANIZAÇÃO DO GENOMA

O genoma do HBV é um dos menores dentre os vírus que infectam o homem e possui 3200

pares de base (pb), sendo composto de uma molécula de DNA circular de fita parcialmente dupla.

A fita mais longa é complementar ao RNA pré-genômico e possui polaridade negativa. Na fita de

polaridade positiva, a posição da extremidade 5’ terminal é fixa, enquanto a posição da

extremidade 3’ terminal é variável. Desta forma, o comprimento dessa fita corresponde entre 50 e

90% do comprimento da fita complementar (Ganem 1996). Próximo às extremidades 5’ de ambas

as fitas, observam-se pequenas sequências repetidas de 11 nucleotídeos, que são denominadas

direct repeats (DR1 e DR2), sendo importantes para a iniciação da replicação viral (Seeger &

Page 17: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

17

Ganem 1986, Will & Reiser 1987). Na Figura 2, observa-se a representação esquemática do

genoma do HBV.

Figura1: microscopia eletrônica mostrando as partículas virais.

Fonte: www.sciencephoto.com

Quase todo o genoma do HBV é codificante, apresentando quatro fases de leitura aberta

(open reading frames, ORFs) designadas de pré-S/S, pré-C/C, P e X. A região pré-S/S codifica as

proteínas de superfície, enquanto a pré-C/C é responsável pela síntese do HBcAg e do antígeno e

(HBeAg). O gene P codifica a polimerase viral, e a região X é responsável pela síntese de uma

proteína regulatória, denominada HBxAg (Ganem & Varmus 1997, Ganem & Prince 2004).

A ORF pré-S/S, que codifica as proteínas de superfície denominadas L (large), M (middle)

e S (small), inclui as regiões pré-S1, pré-S2 e S, com os três respectivos códons de iniciação na

mesma fase de leitura (Seeger & Mason 2000, François et al. 2001, Kao & Chen 2002). Essas

proteínas de superfície são componentes imunogênicos do HBV, desempenhando, assim, um

importante papel na indução de imunidade contra esse vírus (Kao & Chen 2002). A proteína de

superfície large apresenta importante papel na montagem e adsorção do HBV ao hepatócito. A

proteína middle não tem ainda função bem conhecida, mas sabe-se que sua ausência não impede a

Page 18: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

18

formação da partícula viral e nem a infectividade da mesma. A proteína small apresenta o

determinante “a”, o qual induz uma resposta protetora em seres humanos, independente do subtipo

do HBV (Glebe 2007, Hollinger 2007).

Figura 2: representação esquemática do genoma do HBV

Fonte: Hunt et al. 2000 (adaptado)

A região pré-C/C possui dois códons de iniciação na mesma fase de leitura aberta,

resultando na síntese do HBeAg e do HBcAg. A sequência da região pré-C codifica para um

domínio hidrofóbico que é responsável pela translocação do HBeAg para o retículo

endoplasmático (Sugiyama et al. 2007). Essa mudança de localização é fundamental para a

alteração da antigenicidade do HBeAg de forma que o mesmo não compartilha homologia com o

HBcAg (Bruss & Gerlich 1988). O HBeAg é um peptídeo solúvel derivado de ambas as regiões

pré-C/C, que é processado e secretado pelas células hepáticas, e serve como marcador de

replicação viral, sendo encontrado durante infecção aguda ou nos portadores crônicos com

replicação viral (Kao & Chen 2002, Hatzakis et al. 2006, Kay & Zoulim 2007). A proteína do core

apresenta capacidade de automontagem para formação do nucleocapsídeo, sendo importante na

Page 19: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

19

etapa de empacotamento do RNA pré-genômico. Além disso, independente das células T, o

HBcAg induz à produção de anticorpos anti-HBc (Gerlich et al. 2007).

A maior ORF é a região P, que sobrepõe aproximadamente ¾ do genoma e codifica a

polimerase viral, apresentando quatro domínios: (1) amino-terminal, necessário para o início da

síntese da fita de DNA de polaridade negativa; (2) espaçadora, que não tem função definida; (3) de

transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA pré-genômico em DNA, e (4) carboxi-

terminal, que exibe atividade de RNAse (Seeger & Mason 2000).

A região X codifica o HBxAg, um pequeno polipeptídeo com cerca de 154 aminoácidos,

que pode ser detectado apenas nos hepatócitos infectados, e acredita-se não ser necessário para a

replicação viral (Glebe 2007). Constitui-se em ativador da transcrição de certos genes virais e

celulares (Henkler & Koshy 1996). Alguns autores mostram que a expressão do gene X pode estar

associada ao aparecimento de carcinoma hepatocelular, devido à sua capacidade de interferir no

reparo do DNA e na atividade da proteína p53, que apresenta função supressora de tumor e

ativadora de apoptose (Kim & Koike 1991, Seifer & Hohne 1991, Seeger & Mason 2000, Glebe

2007).

1.2.3- VARIABILIDADE DO HBV

Couroucè-Pauty et al. (1978) classificaram as variantes antigênicas do HBsAg em nove

subtipos diferentes: ayw1, ayw2, ayw3, ayw4, ayr, adw2, adw4, adrq- e adrq+. Posteriromente, os

isolados do HBV foram classificados em oito genótipos (A-H), por comparação das sequências

nucleotídicas do gene pré-S/S ou do genoma completo (Okamoto et al. 1988, Norder & Hammas

1992, Norder & Couroucè-Pauty 1994, Stuyver et al. 2000, Arauz-Ruiz et al. 2002).

Os genótipos do HBV, além da relevância epidemiológica, apresentam diferenças

relacionadas à evolução e prognóstico da hepatite crônica. Vários estudos envolvendo pacientes

asiáticos indicam que o genótipo B, comparado ao C, está associado a soroconversão espontânea

do HBeAg precocemente, menor atividade da doença e índices inferiores de progressão para

cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC) (Kao et al. 2004, Ni et al. 2004, Chu & Liaw 2005,

Livingston et al. 2007). Além disso, pacientes com genótipo C geralmente apresentam índices

Page 20: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

20

mais elevados do HBV-DNA e maior freqüência de mutações em relação àqueles infectados pelo

genótipo B (Yang et al. 2002, Chan et al. 2004, Chen et al. 2007, Kao 2007, Chou et al. 2008). Em

geral, o genótipo D se associa a piores prognósticos em relação ao A (Kao 2007). Um estudo

indiano mostrou que o genótipo D está mais frequentemente associado à hepatite crônica HBeAg-

negativa, doença hepática mais agressiva e maior risco de evolução para o CHC em pacientes

jovens (Thakur et al. 2002).

Huy et al. (2008) propuseram a circulação de um novo genótipo (I) no Vietnam. Entretanto,

as descrições iniciais não corresponderam aos critérios estabelecidos para definição de genótipos,

pois a diversidade genética desse isolado foi menor que 7,5% em relação ao genótipo C. Outra

investigação, baseada no isolado viral de um paciente com carcinoma hepatocelular no Japão,

revelou uma nova variante genética, com proposta de classificação como genótipo J (Tatematsu et

al. 2009). Entretanto, são necessários mais estudos virológicos, epidemiológicos e clínicos para se

justificar a classificação desses isolados como novos genótipos (Kurbanov et al. 2010).

Variações genéticas dentro dos genótipos têm sido extensivamente estudadas desde que o

conceito de subgenotipagem surgiu a partir de estudos dos genótipos A e B (Kimbi et al. 2004,

Sugauchi et al. 2004). Mais recentemente, variações na sequência de nucleotídeos entre 4 e 7,5%

são usadas como critérios para identificação de subgenótipos (Kramvis et al. 2005, Kurbanov et al.

2010). Todos os genótipos, exceto E, G e H são subdivididos em subgenótipos. Assim, são

descritos sete subgenótipos do genótipo A, denominados A1 a A7, sendo que esse último foi

recentemente identificado na África (Hübschen et al. 2011). O genótipo B apresenta nove

subgenótipos (B1 a B9) (Thedja et al. 2011), enquanto o genótipo C possui doze, sendo o C11 e

C12 também recentemente descritos (Juniastuti et al. 2011, Mulyanto et al. 2011). O genótipo D,

com seus nove subgenótipos (D1-D9), apresenta distribuição geográfica distinta, podendo ser

encontrado em várias partes do mundo (Banerjee et al 2006, Ismail et al. 2011, Thedja et al. 2011).

O genótipo F também possui subgenótipos (F1 a F4), os quais são prevalentes em algumas regiões

da América do Sul, como sul da Argentina e Chile (Torres et al. 2011).

Durante o curso da infecção pelo HBV, erros espontâneos da transcriptase reversa viral

ocasionam mutações no genoma viral (Fattovich et al. 2008). Além disso, outras variantes surgem

de deleções, recombinações ou inserções de nucleotídeos que podem ocorrer nos genes estruturais

Page 21: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

21

e não-estruturais, ou mesmo nos elementos regulatórios do HBV (Baumert et al. 2007). Serão

descritas a seguir as principais mutações do HBV de interesse clínico:

• Mutações na região pré-C/C

A variante pré-core mais comum resulta da substituição de guanosina (G) por adenosina

(A) na posição 1896 (G1896A), levando à interrupção da síntese do HBeAg, porém mantendo a

produção do HBcAg. O mecanismo mais provável para emergência dessa mutação é a seleção pela

resposta imune (Locarnini 2004). Não se conhece se essas variantes representam um escape da

pressão de células B, de células T auxiliares ou de linfócitos T citotóxicos, mas provavelmente se

trata de uma combinação de todos. Estudando hospedeiros seqüenciais, verificou-se que o vírus

mutante não-produtor de HBeAg pode ser transmitido como uma entidade independente, causando

infecção primária, mas pode também aparecer em indivíduos infectados pelo vírus selvagem

(Carman et al 1989). Achados sugerem a associação da infecção aguda primária por esse mutante

com a hepatite fulminante por HBV (Tanaka et al 1995).

Mutações também ocorrem no promotor basal do core do HBV, sendo as mais freqüentes

as que envolvem os nucleotídeos 1762 e 1764 (Hunt et al. 2000). A mutação dupla

A1762T/G1764A afeta a transcrição dessa região reduzindo a expressão do HBeAg, e

provavelmente aumenta a carga viral na tentativa de compensar esse efeito inibitório (Hunt et

al.2000, Locarnini 2004, Tacke et al. 2004, Gonçales & Gonçales Jr 2006). Essa mutação parece

estar relacionada ao risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (Chen et al. 2008).

Outras mutações responsáveis pela redução da expressão do HBeAg já foram descritas,

como aquelas localizadas nas posições 1817, 1874 e 1897, bem como nos nucleotídeos 1814, 1815

e 1816 (Carman et al. 1989, Brunetto et al. 1990, Daí et al. 2001, Hadziyannis & Vassilopoulos

2001, Locarnini et al. 2003).

• Mutações na região S

Anticorpos que reconhecem o determinante a do HBsAg são os principais componentes da

resposta anti-HBs após infecção ou imunização. A mutação mais comum nessa região é a

substituição da glicina pela arginina no códon 145 do HBsAg (G145R) (Carman et al. 1990). Essa

Page 22: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

22

mutação pode afetar o reconhecimento do vírus mutante pelos anticorpos neutralizantes (Weber

2005). Assim, em indivíduos que recebem imunização passiva ou ativa contra hepatite B, os vírus

mutantes escapam do sistema imune e se replicam (Weber 2005, Hatzakis et al. 2006).

Recentemente, foram descritos casos de pacientes com hepatite B crônica tratados com

interferon peguilado, com conseqüente redução do HBsAg, porém permanecendo virêmicos pelo

achado do HBV-DNA no soro, fato que pode ser explicado pelo surgimento de mutações na região

S após o uso deste medicamento (Hsu & Yeh 2011). Mutações nessa região também se relacionam

com a evolução da doença hepática, incluindo um maior risco de desenvolvimento de carcinoma

hepatocelular, principalmente em pacientes jovens, quando se detecta deleções na região pré-S2

(Yeung et al. 2011). Além disso, Weber et al. (2001) descreveram hepatite fulminante pelo HBV

em paciente HBsAg negativo, relacionada também a mutações na região S.

Portanto, tais alterações podem resultar em reativação da doença em portadores crônicos,

falha na detecção do HBsAg e evasão à resposta imune protetora (anti-HBs), podendo, assim,

prejudicar a terapia baseada na utilização de anticorpos específicos na supressão da infecção em

indivíduos transplantados (Carman et al.1990, Blum 1993). Além disso, mutações na região S

podem ter implicação epidemiológica, pois, a falha na detecção sorológica do HBsAg propicia a

disseminação do HBV por transfusão sanguínea, principalmente em locais de alta prevalência e

que não adotam técnicas moleculares para triagem de doadores (Chang 2006, Fang 2006, Lelie &

Heaton 2006, Liu et al. 2006).

• Mutações na região P

Mutações nos cinco domínios (A-E) da transcriptase reversa/polimerase passaram a ser

descritas após o uso de potentes antivirais (análogos de nucleosídeos) na prática clínica

(Bartholomeusz & Locarnini 2006, Zoulim & Locarnini 2009). A lamivudina mostrou-se um

fármaco eficaz na redução da carga viral do HBV (Liaw 2009); entretanto, foram descritos casos

de pacientes nos quais, a despeito do uso continuado da mesma, não houve ação sobre o HBV.

Nesses casos, foram detectadas mutações na região altamente conservada YMDD (tirosina-

metionina-aspartato-aspartato) existente nos domínios C (posição 204), A (posição 80) e B

(posições 173, 180 e 181). Essas mutações aparecem invariavelmente após o uso prolongado da

Page 23: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

23

lamivudina (cerca de 20% ao ano, atingindo 80% em quatro anos), o que limita muito o uso desse

antiviral, assim como da telbivudina, devido à resistência cruzada entre esses dois antivirais,

embora a emergência de mutação à telbivudina na posição 204 ocorra em uma freequência mais

baixa (Zoulim & Locarnini 2009).

O adefovir é outro agente antiviral utilizado no tratamento da hepatite B crônica, sendo

indicado, assim como a lamivudina, o uso por longos períodos (Hadziyannis et al. 2006).

Entretanto, a resistência viral também aumenta progressivamente com o tempo de duração da

terapia, porém em taxas bem menores do que as observadas com a lamivudina. A resistência ao

adefovir parece estar relacionada com outras mutações na transcriptase reversa/polimerase do

HBV (posição 181, no domínio B, e/ou 236 no domínio D) (Hadziyannis et al. 2006).

Outro antiviral de uso mais recente, o entecavir, apresenta alta barreira genética, pois a

resistência ao mesmo requer a seleção de duas mutações de resistência à lamivudina e de pelo

menos uma substituição adicional. A taxa de resistência descrita é em torno de 1,2% em quatro

anos de uso (Shouval et al.2009).

1.3- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO HBV

O diagnóstico da infecção pelo HBV e da conseqüente doença hepática se baseia em

critérios clínicos, bioquímicos, histológicos e sorológicos/moleculares. Antígenos virais e seus

respectivos anticorpos podem ser detectados no soro após a infecção, e a interpretação correta

desses resultados é essencial para o diagnóstico das várias formas clínicas da doença. Assim, a

confirmação diagnóstica da hepatite B pode ser realizada pelos testes sorológicos (ensaio

imunoenzimático ou EIA), que buscam identificar no soro os antígenos (HBsAg e HBeAg) e os

anticorpos (anti-HBc, anti-HBe e anti-HBs), e pelos testes moleculares (pesquisa quantitativa e

qualitativa do HBV-DNA). Além disso, pode ser realizada a pesquisa de antígenos HBsAg e

HBcAg no tecido hepático por técnica de imunohistoquímica (Liang 2009).

Na infecção aguda, após o período de incubação de 1 a 6 meses, e antes do aparecimento

da icterícia, podem ser detectados no soro os marcadores HBsAg e HBeAg, que indicam a

presença do HBV e sua replicação, respectivamente (Liang & Ghany 2002). Nesse período pré-

Page 24: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

24

ictérico, ocorre elevação gradativa dos níveis das transaminases, alanina aminotransferase (ALT) e

aspartato aminotransferase (AST), expressando a lesão hepatocitária progressiva. No período

ictérico, as dosagens dessas enzimas alcançam seus níveis mais altos. Além dos sintomas de

doença aguda, nota-se o aparecimento, em concentrações crescentes, de anticorpos anti-HBc da

classe IgM dirigidos contra o antígeno do core do HBV. Considerados como importante marcador

para o diagnóstico de hepatite B aguda, esses são os primeiros anticorpos que surgem no soro

desses pacientes, cerca de 2-4 semanas após o aparecimento do HBsAg . A fração IgM também

pode estar presente, de maneira intermitente, em pacientes com hepatite B crônica HBeAg

positivos, que apresentam períodos de elevações de ALT durante episódios de reativação da

doença (Hollinger 1996). O marcador anti-HBc total (fração IgG) geralmente persiste por toda a

vida do indivíduo infectado pelo HBV (Cacciola et al. 1999). O aparecimento de anticorpos anti-

HBe evidencia a recuperação da infecção, pois o mesmo é indicativo de redução da replicação com

consequente menor infectividade (Hollinger 1996). Na fase de convalescença, ocorre aumento

progressivo da concentração de anti-HBs, que indica cura da infecção pelo HBV com o

consequente desenvolvimento de imunidade para o vírus (Liang 2009). A Figura 3 mostra a

evolução dos marcadores sorológicos na hepatite B aguda.

Nos pacientes que evoluem para hepatite crônica, o HBsAg permanecerá detectável no soro

por mais de seis meses, como representado esquematicamente na Figura 4. Nesses casos, o

indivíduo poderá permanecer reagente para o HBeAg por vários anos ou apresentar soroconversão

para anti-HBe em um período de tempo variável. Portanto, essa soroconversão é acompanhada

pelo desaparecimento do HBeAg, além da negativação do HBV-DNA no soro, normalização dos

níveis de aminotransferases e remissão da lesão hepática. Uma pequena porcentagem de pacientes

anti-HBe positivos pode continuar a apresentar doença hepática ativa com positividade para o

HBV-DNA, decorrente de uma baixa replicação residual do vírus selvagem, apesar de já ter

ocorrido perda do HBeAg. Esse fato pode também ser observado nos casos de surgimento de

mutações na região pré-core ou promotor basal do core (Liang 2009).

Com o desenvolvimento de novos métodos de biologia molecular, os recentes avanços no

diagnóstico têm propiciado a identificação de novas modalidades de infecção pelo HBV, como a

infecção oculta (Cacciola et al. 1999, Grob et al. 2000, Brechot et al. 2001). O padrão laboratorial

Page 25: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

25

dessa infecção é a ausência de positividade para o HBsAg no soro, associada à presença de anti-

HBc ou anti-HBs isolado, anti-HBc/anti-HBs, e mesmo à ausência de qualquer marcador

sorológico, além do baixo nível circulante de HBV-DNA (Cacciola et al. 1999, Shiota & Oyama

2000, Brechot et al. 2001). A infecção oculta pelo HBV tem sido observada em diferentes tipos de

populações; dentre elas, pacientes coinfectados com o vírus da hepatite C (HCV) (Cacciola et al.

1999, Brechot et al. 2001, Silva & Gonçales 2004), ou pelo vírus da imunodeficiência humana

(HIV) (Gonçales Jr & Pereira 2003).

Figura 3: evolução dos marcadores sorológicos na hepatite B aguda

Fonte: www.cdc. gov/ncidod/diseases/hepatitis/ slideset (modificado)

Page 26: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

26

Figura 4: evolução dos marcadores sorológicos na hepatite B crônica

Fonte: www.cdc. gov/ncidod/diseases/hepatitis/ slideset (modificado)

1.4- HISTÓRIA NATURAL E APRESENTAÇÃO CLÍNICA DA HEPATITE B

Após a infecção pelo HBV, o período de incubação pode durar de 1-6 meses, com média de

70 dias. Os sintomas e sinais se iniciam de forma insidiosa, com icterícia presente em cerca de

metade dos casos, muitas vezes associada a manifestações extra-hepáticas, como artralgias,

mialgias, febre e exantema. A duração da fase ictérica é variável, em média 1-2 semanas. No

período de convalescença, a icterícia desaparece, permanecendo os sintomas constitucionais, como

astenia, fadiga e dispepsia por semanas ou até meses (Liang 2009). Em aproximadamente 1% dos

pacientes com hepatite B aguda com icterícia, ocorrem sinais de insuficiência hepática fulminante,

caracterizados principalmente pelo surgimento súbito de encefalopatia hepática (Hoofnagle et al.

1995). Entretanto, em cerca de 50% dos casos a forma aguda é subclínica (Foccacia 2005).

Vários fatores estão implicados no desenvolvimento e na evolução da infecção pelo HBV.

Dentre eles, estão a época de aquisição da infecção e os aspectos relativos à raça, ao sexo e ao

genótipo do HBV (Lok et al. 2001, Wright 2006, Liang 2009, Liaw 2009). Crianças raramente

Page 27: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

27

desenvolvem infecção sintomática com icterícia. Por outro lado, quanto mais nova a criança, maior

a chance de se tornar portadora crônica, atingindo um índice de 90 a 95% em recém-nascidos

(Liang et al. 2009). Muitos dos portadores que adquirem a infecção durante a infância poderão

desenvolver cirrose e/ou carcinoma hepatocelular após um período de 30 a 60 anos. Cerca de 25%

das crianças infectadas até os 7 anos de idade por via não vertical se tornarão portadoras crônicas.

Após essa idade, as crianças e adolescentes passam a exibir padrão epidemiológico de adultos,

com cerca de 5 a 10% tornando-se portadores crônicos (Coursaget et al. 1987, Lee 1997, Ferreira

2000, Bortolotti et al. 2006, Chu & Liaw 2007).

A infecção persistente (HBsAg positivo por tempo superior a 6 meses) pode produzir

quadros de portador inativo do HBV, ou evoluir para quadros de hepatite crônica clássica, que é

atualmente subdividida em hepatite B crônica HBeAg positiva e negativa. Podem aparecer como

complicações tardias a cirrose hepática e o carcinoma hepatocelular. Os indivíduos cronicamente

infectados com o HBV e que são HBsAg e HBeAg reagentes, em dado momento da evolução da

doença, podem espontaneamente soroconverter para anti-HBe (Chang & Sung 1989, Realdi et al.

1990, Chu & Liaw 2007, Liang 2009). Essa soroconversão geralmente é precedida por uma

redução acentuada nos níveis séricos do HBV-DNA, e acompanhada pela diminuição dos níveis

séricos de ALT, com persistência do HBsAg. A soroconversão usualmente representa a transição

do estado de hepatite crônica para um estado de portador inativo do HBV, em que não há sinais de

atividade da doença e os níveis do HBV-DNA são indetectáveis no soro (Iloeje et al. 2006, Liaw

2009). Estima-se que 5% a 15% dos pacientes com hepatite B crônica soroconvertem

espontaneamente para o marcador anti-HBe a cada ano, persistindo, então, com a ALT normal e

com mínimas alterações na biópsia hepática. Essa doença hepática geralmente não progride e o

desenvolvimento de carcinoma hepatocelular é raro (De Franchis et al. 1993, Chen et al. 2006,

Fattovich et al. 2008).

Contudo, nem todos os pacientes que soroconvertem do HBeAg para o anti-HBe manterão

uma remissão sustentada da doença. Parte desses pacientes permanecerá HBeAg negativa,

podendo apresentar altos níveis séricos de HBV-DNA acompanhados de aumentos persistentes ou

intermitentes de ALT. Esses indivíduos geralmente abrigam variantes do HBV, que apresentam

mutações nas regiões pré-core ou promotor basal do core, e terão o quadro clínico de hepatite B

Page 28: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

28

crônica HBeAg negativa, que é uma forma grave e progressiva da infecção (Lok et al. 2001,

Rezende et al. 2005, Lok & McMahon 2007, Fattovich et al. 2008, Liang 2009, Liaw 2009). É

importante considerar que nem todo paciente com hepatite B crônica HBeAg negativo e HBV-

DNA positivo alberga somente o vírus mutante, pois se sabe que alguns pacientes podem

continuar a apresentar baixos níveis do HBV selvagem (Chan et al. 2000).

Assim, nota-se que a hepatite crônica pelo HBV pode se apresentar de duas formas

distintas: HBsAg positiva/HBeAg positiva e HBsAg positiva/HBeAg negativa. Ambas podem

levar à cirrose e à falência hepática (Iloeje et al. 2006). Em alguns indivíduos, a hepatite crônica

progride para cirrose de maneira insidiosa e com a atividade da doença subsequentemente

diminuindo, mas mesmo assim pode-se desenvolver o carcinoma hepatocelular (Chen et al. 2006,

Lok & McMahon 2007, Liang 2009).

A infecção oculta pelo HBV é uma forma crônica da hepatite B relacionada à persistência

do cccDNA (covalently closed circular DNA) nos hepatócitos dos indivíduos infectados, com uma

forte supressão da replicação viral e da expressão gênica (Cacciola et al. 1999, Le Mire et al. 2005,

Allain 2006, Raimondo et al. 2007). Essa forma da doença tem impacto em vários contextos

clínicos, como a transmissão do HBV por transfusão sanguínea, ou transplante de órgãos, e sua

reativação aguda em casos de imunossupressão. As evidências em relação à progressão da fibrose

hepática e o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular na infecção oculta ainda são

controversas (Raimondo et al. 2007, Hollinger & Sood 2010, Said 2011).

1.5- IMUNOPATOGÊNESE DA INFECÇÃO PELO HBV

Apesar do HBV não ser um vírus citopático, a infecção com esse agente está associada a

largo espectro de dano hepático. Alterações histopatológicas no fígado vão desde hepatite crônica

com atividade inflamatória leve à intensa e cirrose, com potencial evolução para o carcinoma

hepatocelular (Lee 1997, Lai et al. 2003, Liu & Kao 2007). Estudos de patogênese do HBV em

humanos e em modelos animais estabeleceram que a diversidade de manifestações clínicas e a

evolução da infecção pelo HBV dependem primariamente da resposta imune do hospedeiro ao

vírus (Chisari 1995, Liang 2009). Durante a infecção aguda, é necessário um envolvimento

Page 29: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

29

eficiente e coordenado das respostas imunes celular e humoral do hospedeiro para a resolução da

infecção pelo HBV e da doença hepática associada (Liang 2009).

A resposta imune envolve uma variedade de fatores solúveis e células, que são divididos de

modo geral em mediadores da imunidade inata (natural) ou adaptativa (adquirida). A resposta

imune inata não é específica para agentes infecciosos particulares e seu componente celular inclui

fagócitos e células natural killer (NK). Notadamente, o fígado é o órgão com a mais alta

proporção de células NK do corpo (22 a 40%), o que é relevante para a defesa do hospedeiro

contra vírus hepatotrópicos (O’ Farrely & Crispe 1999, Gonçales Jr 2002, Rapicetta et al. 2002,

Ferrari et al. 2003, Ganem & Prince 2004). A resposta imune adaptativa, que inclui anticorpos e

linfócitos T, é específica para o agente indutor, sendo intensificada após contatos repetidos com

esse agente, dessa forma apresentando memória imunológica. A etapa inicial da imunidade

adaptativa é o processamento e a apresentação de um antígeno por células apresentadoras de

antígenos especializadas, como células dendríticas aos linfócitos T helper CD4+. As células T

CD4+ antígeno-específicas, restritas ao HLA classe II, subsequentemente coordenam as reações

imunes efetoras e são subdivididas em dois subgrupos funcionais: células T helper 1 (Th1), que

produzem interferon gama e interleucina 2 (IL-2) e promovem atividade de linfócito T citotóxico

(CTL), enquanto as células T helper 2 (Th2) produzem IL-4, IL-5 e IL-10 e promovem resposta de

anticorpos específicos. Atribui-se ao reconhecimento de hepatócitos infectados pelo HBV por CTL

restritos ao HLA classe I antígeno-específicos papel principal dentre os mecanismos efetores,

responsável paradoxalmente tanto pela eliminação viral quanto pelo desenvolvimento de dano

hepático relacionado ao HBV (Chisari 1995, Ferrari et al. 2003, Vierling 2007).

Estudos de patogênese da hepatite B em humanos e em modelos animais mudaram o

tradicional conceito de interação vírus-hospedeiro. Primeiramente, foi estabelecido que a inibição

da expressão dos genes virais mediada por citocinas, mais do que a destruição direta de

hepatócitos infectados, representa o mecanismo dominante para o controle da replicação viral

(Chisari 1995, Guidotti & Chisari 1996). Em segundo lugar, demonstrou-se que a replicação do

HBV em níveis baixos, paralelamente à forte reatividade de células T HBV específicas, persiste

por muitos anos em pacientes com uma história passada de infecção pelo HBV (soropositivos para

o marcador anti-HBc) (Penna et al. 1996, Rehermann & Ferrari 1996). Isso sugere que a inibição

Page 30: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

30

da replicação viral após a infecção pelo HBV não implica na eliminação do vírus. Ao contrário,

significa uma infecção persistente pelo HBV com um eficiente controle imunológico da replicação

viral por parte do hospedeiro (Rapicetta et al. 2002, Vierling 2007).

Após a infecção aguda pelo HBV, diversas manifestações clínicas e diferentes formas de

evolução podem ser observadas nos pacientes infectados. A recuperação da hepatite aguda é

dependente da resposta das células B que produzem anticorpos contra os antígenos das regiões

pré-S e S, bem como da resposta das células T (Lok 2000). Assim, pacientes com infecção aguda

autolimitada pelo HBV exibem uma vigorosa resposta policlonal HLA classe I restrita dos

linfócitos T citotóxicos contra múltiplos epítopos presentes nas regiões do envelope, do

nucleocapsídeo e da polimerase do HBV. Essa resposta é mantida por décadas após a recuperação

da infecção pelo HBV (Penna et al. 1996, Lok 2000). A resposta T citotóxica é mantida por

fragmentos residuais do HBV que podem ser detectados no fígado e nos linfócitos do sangue

periférico, indicando que a completa eliminação desse vírus é raramente observada, mesmo nos

indivíduos considerados curados (Lok 2000). Quando a resposta dos linfócitos T citotóxicos é

fraca e limitada a poucos epítopos, a infecção pode tornar-se crônica (Nayersina et al. 1993).

Na infecção crônica pelo HBV, a resposta imune celular ao vírus é fraca, permitindo a

continuidade da replicação viral em níveis elevados nos hepatócitos infectados. Embora a resposta

imune ao HBV nesses pacientes seja incapaz de controlar a replicação viral, a mesma desempenha

um importante papel para o dano da célula hepática durante o curso da infecção crônica. No

decorrer dos anos, alguns pacientes podem suprimir espontaneamente a replicação do HBV a um

nível que não desencadeie mais qualquer inflamação hepática.

Em geral, a história natural da infecção crônica pelo HBV compreende três fases

consecutivas (EASL 2009). Na fase inicial da infecção, os pacientes são soropositivos para o

HBeAg com alto nível de replicação viral, mas com mínimo dano hepático. Essa fase, chamada de

imunotolerância, é particularmente longa em casos de transmissão vertical do HBV. Com o tempo,

há uma perda gradual da tolerância imune ao vírus, levando a uma transição para a fase imune

ativa (ou de imunoeliminação). Nessa fase, as aminotransferases séricas estão aumentadas e o

exame histológico do fígado mostra infiltração de células mononucleares nos espaços portais, com

Page 31: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

31

hepatite de interface e lobular. Os fatores virais e/ou do hospedeiro que levam a essa transição da

fase imunotolerante para fase imune ativa são ainda desconhecidos (Liang 2009).

A duração da fase imune ativa tem um impacto importante na transformação ou não da

arquitetura hepática normal em um fígado cirrótico. Alguns pacientes suprimem espontaneamente

a replicação do HBV, o que é manifestado pela soroconversão do HBeAg para anti-HBe. Isso está

associado a uma redução marcante no número de cópias virais no soro e resolução da inflamação

hepática. Embora a maioria dos pacientes crônicos permaneça como portadora inativa do HBsAg,

essa é uma evolução favorável que melhora o prognóstico do paciente. Em alguns pacientes, a

negativação do HBeAg é reflexo da resposta imune aumentada no hospedeiro, sem mudanças

significativas no genoma viral. Em outros, a soroconversão ocorre como resultado de

mutação(ões) no genoma viral (na região pré-core ou promotor basal do core), que interrompe(m)

a síntese do HBeAg (Ulrich et al. 1990, Naoumov & Thomas 1995).

Diferentemente dos indivíduos infectados pelo HBV no período perinatal, nos pacientes

com infecções crônicas adquiridas na infância ou na idade adulta, observam-se somente uma fase

inicial de imunoeliminação com intensa replicação viral e doença hepática ativa, seguida de outra

fase de infecção não-replicativa, com doença hepática inativa (Hoofnagle et al. 1981, Realdi et al.

1990, Lok 1993, Lok & McMahon 2007).

Em seguida à fase do portador inativo, pode haver a reativação viral, com retorno da

replicação. Esse fenômeno pode dar-se por imunossupressão no hospedeiro em decorrência de

quimioterapia, uso de imunossupressores etc, ou por mutações virais na região pré-core ou

promotora do core, permitindo o retorno da replicação pelo escape à resposta imunológica do

hospedeiro (Liaw 2009).

1.6- EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO HBV

A infecção pelo HBV continua sendo um problema de saúde pública mundial. Estima-se

que mais de 2 bilhões de pessoas já foram infectadas pelo HBV e aproximadamente 350 milhões

Page 32: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

32

são portadores crônicos, em risco para o desenvolvimento de cirrose e carcinoma hepatocelular,

complicações responsáveis por cerca de 1 milhão de óbitos anualmente. Soma-se a isso, o fato de

que os portadores do HBV funcionam como reservatórios da infecção, com potencial de

perpetuação do vírus por várias gerações (Lavanchy 2008, Liang 2009, Te & Jensen 2010,

Wiersma et al. 2011).

1.6.1- VIAS DE TRANSMISSÃO

As maiores concentrações do HBV são verificadas no sangue, diminuindo

consideravelmente no sêmen, fluido vaginal e saliva. Esse vírus é transmitido principalmente pelas

vias perinatal, sexual e parenteral, pela exposição percutânea ou de mucosas aos fluidos corpóreos

ou sangue contaminado, transfusão de sangue ou derivados, uso de drogas injetáveis, transplante

de órgãos ou tecidos, lesões de pele ou acidentes com objetos perfurocortantes, principalmente em

profissionais da área da saúde. Embora o HBsAg já tenha sido encontrado em vários fluidos

corporais, há evidências de transmissão do HBV apenas pelo sangue, sêmen e saliva, sendo esta

última demonstrada apenas em modelos animais (Alter et al. 1977, Bancroft et al. 1977, Alter

2003). A transmissão por outros fluidos corporais ainda é discutida, porém em pacientes

virêmicos, se encontrou o HBV-DNA em amostras de saliva, secreção nasofaríngea e lágrimas,

dentre outros (Kidd-Ljunggren et al. 2006).

Pode-se encontar grande variação na freqüência dos modos de transmissão de acordo com

o padrão endêmico encontrado. Em regiões de alta prevalência, a transmissão perinatal adquire

grande importância, ao passo que, em regiões de baixa prevalência, as transmissões sexual e

parenteral assumem maior vulto. Locais com prevalência intermediária apresentam certa mistura

de padrões de transmissão, com comportamento epidemiológico variável (Hou et al. 2005, Paraná

& Almeida 2005, Tengan & Araujo 2006).

A transmissão perinatal (mãe-filho) é um dos modos mais eficientes e temíveis de

transmissão do HBV. Mais de 90% das transmissões ocorrem por meio de mães portadoras

crônicas do HBV, embora também seja possível que mulheres agudamente infectadas durante a

gravidez transmitam o vírus para o filho. Mulheres HBeAg positivas apresentam uma chance de 70

Page 33: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

33

a 90% de infectar seus recém-nascidos, e quase 100% desses se tornarão cronicamente infectados

na ausência de profilaxia pós-exposição. Esses portadores constituem um grupo de indivíduos

infectados com potencial de perpetuação da infecção na comunidade (Coursaget et al. 1987,

Gonçales Jr 1996, Lee 1997, Ferreira 2000, Hou et al. 2005).

A transmissão para adultos é a forma primária de transmissão em áreas de baixa

endemicidade, onde há grande quantidade de indivíduos suscetíveis. Cerca de um terço dos adultos

recém-infectados desenvolve hepatite B aguda com icterícia. Desse total, cerca de 5 a 10% se

tornam portadores crônicos, com subseqüente risco de desenvolvimento de hepatite crônica ativa,

cirrose e carcinoma hepatocelular. A transmissão sexual, tanto hetero quanto homossexual, é

responsável pela maior parte da transmissão nesse grupo. Em algumas regiões, o

compartilhamento de agulhas por usuários de drogas injetáveis também é de grande importância na

transmissão do HBV entre adultos. Além disso, a hepatite B apresenta risco ocupacional para

trabalhadores da saúde. A transmissão por sangue e derivados ou por material médico-

odontológico não esterilizado também pode ocorrer, ganhando maior importância em locais de

baixa e média endemicidade (Alter 2003, Hou et al 2005).

O risco de infecção pelo HBV por transfusão foi reduzido dramaticamente após a inclusão

da triagem sorológica para hepatite B nos bancos de sangue. Contudo, em regiões que não

apresentam condições socioeconômicas favoráveis, esse risco ainda é observado (Schmunis et al.

1998, Alter 2003, Hou et al.2005, Bloch et al. 2011, Nagalo et al. 2011). Dados atuais apontam um

risco de transmissão do HBV nos Estados Unidos de uma a cada 300.000 transfusões sanguíneas

(Zou et al. 2011).

1.6.2- PREVALÊNCIA

A divisão do mundo em áreas de baixa, intermediária e alta endemicidade para o HBV

baseia-se na prevalência do marcador HBsAg. Áreas de alta endemicidade são aquelas onde

grande parte da população se infecta pelo HBV, com especial ênfase para a infecção adquirida no

período perinatal e durante a infância. Considera-se que o limite inferior de prevalência do HBsAg

nessas áreas seja de 8%, e que o superior atinja cerca de 20%. A maior parte dos países nessa

Page 34: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

34

categoria apresenta uma prevalência de portadores entre 10 e 15%, com cerca de 50 a 95% da

população apresentando evidência sorológica de infecção prévia pelo HBV. Áreas de alta

endemicidade incluem África, Ásia a leste do subcontinente Indiano, regiões do Pacífico,

Amazônia, algumas regiões do Oriente Médio, da Ásia e do Caribe (Silveira et al. 1999, Tanaka

2000, Alter 2003, Merril & Hunter 2011).

As áreas de endemicidade intermediária geralmente apresentam prevalência do HBsAg

entre 2 e 7%, com cerca de 30 a 50% da população com evidência sorológica de infecção prévia.

Alguns países do leste da Europa, como Turquia e Romênia, regiões do Oriente Médio, da Ásia

ocidental e partes das Américas Central e do Sul são consideradas de endemicidade intermediária

(Tanaka 2000, Alter 2003, Paraná & Almeida 2005, Rantala & Laar 2008, Merril & Hunter 2011).

Nessas áreas, ocorre tanto a transmissão na infância, como entre adultos. Hepatite aguda com

icterícia ocorre com freqüência nessas regiões, uma vez que a doença sintomática é mais comum

em adolescentes e adultos (Alter 2003, Liang 2009).

América do Norte, Europa ocidental, Austrália e parte da América do Sul são consideradas

áreas de baixa endemicidade (Tassopoulos et al. 1987, Alter 2003, Rantala & Laar 2008, Pereira et

al. 2009, Merril & Hunter 2011). Nessas regiões, a transmissão perinatal e na infância é

relativamente incomum. A maioria das infecções ocorre em adultos por via sexual, uso de drogas

injetáveis ou exposição ocupacional a sangue e material perfuro-cortante contaminado (Elgouhari

et al. 2008).

Todavia, vale ressaltar que existe uma grande diversidade dentro da maioria dessas regiões.

A divisão das áreas de prevalência global deve ser interpretada como somatória aos achados

regionais. Os dados regionais são, contudo, muito importantes na definição de estratégias de saúde

pública e devem ser sempre levados em consideração (Ferreira 2000, Miranda et al. 2000). A

heterogeneidade pode ser caracterizada por áreas com diferentes níveis endêmicos dentro de uma

mesma região ou país, ou pelo comportamento epidemiológico diferente do esperado para

determinado nível endêmico. Deve-se reforçar que na América Latina a distribuição da infecção é

extremamente heterogênea, havendo regiões classificadas em todos os níveis endêmicos (Silveira

et al. 1999, Paraná & Almeida 2005).

Page 35: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

35

No Brasil, foram encontradas variações nas taxas de prevalência nas diferentes regiões, e

até mesmo dentro de um mesmo estado. Na Região Sul, considerada como de baixa endemicidade,

foram descritas elevadas taxas de prevalência em algumas cidades do Paraná e Santa Catarina. Por

outro lado, na Região Norte, existem alguns locais de endemicidade baixa (Barcelos, Amazonas) e

intermediária, como o oeste do Estado do Acre. Nas Regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste,

consideradas como de endemicidade intermediária, encontrou-se em Vargem Alta, cidade do sul

do Estado do Espírito Santo, índice de positividade para o HBsAg de 9% (Fonseca 1989, Ferreira

et al. 1993, Arboleda et al. 1995, Souto et al. 1996, Souto 1999, Martelli et al. 1999, Tanaka 2000,

Carrilho 2001, Paraná & Almeida 2005, Viana et al. 2005). Clemens et al (2000), estudando

quatro diferentes regiões no Brasil (Manaus na Região Norte, Fortaleza na Região Nordeste, Porto

Alegre no Sul e Rio de Janeiro e Nova Friburgo no Sudeste), encontraram taxas de prevalência de

anti-HBc muito variáveis, sendo de maior prevalência a Região Norte. Em todas as regiões, houve

um aumento da prevalência do marcador anti-HBc em adolescentes, principalmente de baixo nível

socioeconômico.

Mais recentemente, um estudo de base populacional multicêntrico, realizado em todas as

capitais do Brasil, sugeriu a ocorrência de baixa endemicidade (menor que 1%) da infecção pelo

HBV no conjunto das capitais de cada macrorregião e do Distrito Federal. A prevalência global

para o marcador de exposição ao HBV (anti-HBc) foi de 7,4% (IC 95% 6,8%-8,0%) (Brasil 2011).

Dados publicados das Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Distrito Federal mostram uma

prevalência de infecção prévia pelo HBV (anti-HBc) em aproximadamente 10% dos indivíduos

não vacinados, principalmente em homens e pessoas com idade maior ou igual a 20 anos. A

prevalência do HBsAg variou de 0,2 a 0,6% nas diferentes regiões. Avaliando-se as três capitais da

Região Centro-Oeste, excluindo-se o Distrito Federal, a prevalência do marcador de infecção anti-

HBc foi de 1,3% em crianças e adultos jovens até 20 anos, e de 12,7% acima dessa faixa etária. O

HBsAg foi encontrado entre 0,2 e 0,7% dependendo da faixa etária (Pereira et al 2009).

Em Goiânia, a prevalência da infecção pelo HBV foi estudada em diferentes populações

(Quadro 1), sendo que a taxa de positividade do HBsAg variou de 0,0 a 14,5% e a taxa de

prevalência global de 2,7 a 63,4%.

Page 36: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

36

1.6.3- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS GENÓTIPOS

Os genótipos do HBV possuem uma distribuição geográfica característica. O genótipo A é

prevalente nos Estados Unidos, parte da África, norte da Europa e Índia, sendo também encontrado

nas Filipinas e Hong-Kong. O genótipo B é mais freqüente em áreas de alta endemicidade, como a

Ásia. O genótipo C acompanha a distribuição geográfica do B, sendo também encontrado em

populações das Ilhas do Pacífico. O genótipo D está distribuído mundialmente, mas apresenta

maior prevalência no Mediterrâneo, Ásia Ocidental e Índia. O genótipo E é restrito à África

Ocidental, e o F circula nas Américas do Sul e Central. O genótipo G foi identificado em amostras

provenientes da França, América do Norte e Alemanha. O genótipo H circula nos Estados Unidos,

Nicarágua e México (Magnius & Norder 1995, Stuyver et al. 2000, Arauz-Ruiz et al. 2002, Allain

2006, Kay & Zoulin 2007, Kurbanov et al. 2010).

No Brasil, os genótipos A, B, C, D, F e G foram encontrados, sendo A, D e F os mais

prevalentes (Moraes et al. 1996, De Castro et al. 2000, Teles et al. 2002, Araújo et al. 2004, Sitnik

et al. 2004, Rezende et al. 2005, Viana et al. 2005, Ribeiro et al. 2006, Mello et al. 2007,

Bottecchia et al. 2008, Matos et al. 2009, Pereira et al. 2009).

Page 37: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

37

Quadro 1: Estudos sobre a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em Goiânia-GO

Referência População HBsAg (%) Global (%)

Cardoso et al. (1990) Feminina - 6,1

Martelli et al. (1990) Prisioneiros - 26,4

Martelli et al. (1990) Primodoadores - 12,8

Rosa et al. (1992) Hanseníase (ambulatoriais) 4,8 16,9

Rosa et al. (1992) Hanseníase institucionalizados 8,8 50,5

Azevedo et al. (1994) Profissionais da saúde 2,3 23,4

Porto et al. (1994) Meninos de /na rua 2,0 13,5

Cardoso et al. (1996)

Borges et al. (1997)

Teles et al. (1998)

Bastos (2000)

Lopes et al. (2001)

Silva et al. (2002)

Teles et al. (2002)

Carneiro & Daher (2003)

Costa (2004)

Souza et al. (2004)

Tavares et al. (2004)

Silva et al. (2005)

Ferreira et al. (2006)

Oliveira et al. (2006)

Ferreira et al. (2009)

Lemes (2011)

Gestantes

Pacientes em diálise

Pacientes em hemodiálise

Doenças falciformes

Profissionais de hemodiálise

Suspeita de hepatite

Pacientes em hemodiálise

Anestesiologistas

Idosos em asilos

Portadores de doença mental

Hemofílicos

Profissionais de laboratório

Pacientes em hemodiálise

Adolescentes

Usuários de drogas ilícitas

HIV soropositivos

0,5

13,7

12,0

0,0

0,7

14,5

5,8

0,0

0,5

1,6

1,1

0,7

2,4

0,6

1,0

5,8

7,5

63,4

56,7

2,7

24,3

50,7

-

8,9

32,3

22,4

43,7

24,1

-

5,9

15,0

25,4

Page 38: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

38

1.7- PREVENÇÃO E CONTROLE DA HEPATITE B

O objetivo dos programas de prevenção da hepatite B é a redução dos índices de infecção

aguda e crônica e, conseqüente, hepatopatia crônica relacionada a esse vírus. A infecção pelo HBV

pode ser prevenida por controle rigoroso das doações de sangue, órgãos e tecidos e sêmen, e

apesar de tais medidas serem capazes de reduzir ou até mesmo eliminar um potencial risco de

transmissão, a medida preventiva mais eficaz consiste na vacinação contra hepatite B (Alter 2003).

Em 1991, a Organização Mundial de Saúde recomendou que todos os países incluíssem a

vacina contra hepatite B nos programas de imunização infantil. Mais tarde, ficou evidenciado que

essa intervenção protege os indivíduos em mais de 95% do risco de desenvolvimento de infecção

crônica e, consequentemente, de cirrose e carcinoma hepatocelular relacionados a esse vírus

(Lavanchy 2005). A imunização efetiva de crianças contra a hepatite B tem demonstrado alta

eficácia na redução das taxas de prevalência e incidência dessa infecção em diversos locais, como

Estados Unidos, Itália, Holanda e África do Sul (Tsebe et al. 2001, Lin et al. 2003, CDC 2004, Da

Villa et al. 2007, Van Houdt et al. 2007). No Brasil, a vacina foi incorporada ao calendário

nacional de imunizações no início da década de 1990 para crianças menores de 1 ano. Em 2001,

passou a ser disponibilizada para pessoas até 20 anos de idade (Brasil 2003, 2005), e mais

recentemente para indivíduos até 24 anos de idade (Brasil 2010), além de grupos em risco.

As vacinas disponíveis contra hepatite B são constituídas de HBsAg altamente purificado

obtido por tecnologia do DNA recombinante. Ensaios clínicos realizados com essas vacinas

mostram que a eficácia protetora está associada ao aparecimento de anticorpos anti-HBs, em

concentrações acima de 10 mUI/ml, o que pode ser percebido em mais de 90% dos adultos e

jovens sadios, assim como em mais de 95% dos lactentes, crianças e adolescentes (Kao & Chen

2002, Shouval 2003). A eficácia diminui com a idade, sendo menor em maiores de 40 anos, e aos

60 anos situa-se em torno de 40 a 60% (Mast et al. 2004). Este fato deve-se, aparentemente, à

senescência do sistema imune, embora outros fatores, como doenças crônicas, infecção pelo HIV,

tabagismo e local de aplicação também tenham sido associados a menores taxas de soroconversão

(Shaw & Gues 1989, Alves & Nascimento 2001, Shouval 2003).

Page 39: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

39

O esquema vacinal recomendado é de três doses, sendo zero, um e seis meses. Sabe-se que

5-10% dos indivíduos saudáveis e 40-50% dos pacientes em hemodiálise não respondem a esse

esquema (Roukens & Visser 2011). Além disso, cerca de 30 a 60% dos indivíduos vacinados que

soroconverteram podem apresentar redução dos títulos de anti-HBs abaixo de 10 mUI/ml em cinco

anos após a vacinação, embora a memória imunológica persista nesses indivíduos, não havendo

necessidade de dose(s) de reforço (Zanetti et al. 2010). Entretanto, quando uma dose de reforço é

administrada, nota-se excelente resposta anamnéstica, com rápida e intensa elevação dos títulos de

anticorpos (European Consensus Group on Hepatitis B Immunity 2000, Banatvala & Van Damme

2003).

Outra medida utilizada na prevenção da infecção causada pelo HBV é a imunoprofilaxia

passiva, pelo uso da imunoglobulina humana hiperimune anti-hepatite B (HBIG). Essa

imunoglobulina contém altos níveis de anti-HBs preparados a partir do plasma de doadores, e tem

se mostrando eficaz na prevenção da transmissão pós-exposição viral, conferindo uma imunidade

passiva temporária (Joshi & Kumar 2001, Bruguera 2006). Comumente associada à vacinação, a

HBIG é indicada para uso em recém-nascido cuja mãe é HBsAg positiva, imediatamente após o

parto, ou até 12 horas após o nascimento. Outros casos indicados para profilaxia passiva são: após

exposição acidental com sangue HBsAg positivo, quando há exposição sexual com indivíduos

HBsAg positivos e nos pacientes submetidos ao transplante hepático (Holinger 1996, Joshi &

Kumar 2001, Brasil 2002, Hou et al. 2005, Lopes 2006, Bruguera 2006).

Além das medidas citadas, para se prevenir a transmissão do HBV, algumas mudanças

comportamentais devem ser consideradas, como a prática sexual segura e a não reutilização, ou

compartilhamento de seringas/agulhas e de objetos cortantes de higiene pessoal. A triagem dos

doadores de sangue e gestantes, a inativação viral dos hemoderivados e práticas adequadas de

biossegurança nos estabelecimentos de saúde são também medidas que reduzem o risco da

transmissão do HBV (Brasil 2006, 2008, 2009, Hou et al. 2005).

Page 40: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

40

1.8- TUBERCULOSE

A tuberculose (TB) acompanha a humanidade desde a antiguidade. Acredita-se que a TB

tenha ocasionado mais óbitos do que qualquer outra doença infecciosa. Estima-se, nos últimos cem

anos, cem milhões de óbitos devido à TB. Podemos ter uma noção da extensão da TB

relembrando que, no início do século XX, 12% de todos os óbitos eram devidos à essa doença, e

que a maioria dos adultos nas grandes cidades européias estava infectada pelo Mycobacterium

tuberculosis (Kaufmann 2005). Em 1921, a primeira vacina contra TB foi desenvolvida por Albert

Calmette e Camille Guérin. Trata-se de uma vacina constituída por Mycobacterium bovis

atenuado, conhecida como BCG (Bacilo Calmette-Guérin) (Calmette & Guérin 1921 apud

Kaufmann 2005). O primeiro fármaco bactericida ativo contra o M. tuberculosis, a estreptomicina,

foi descoberto em 1944, com o surgimento de vários outros posteriormente, embora atualmente

seja muito preocupante a situação de resistência às drogas (Khoharo & Shaik 2011; Sharma et al.

2011; Spies et al. 2011). Outro grande marco no estudo e combate dessa doença foi o

sequenciamento do genoma do M. tuberculosis em 1998 (Gingeras et al. 1998).

Nos dias atuais, a TB permanece como um grande problema mundial de saúde pública e

uma das doenças infecciosas mais letais no mundo, afetando principalmente a faixa

economicamente ativa da população, e sendo responsável por grande número de óbitos,

especialmente em indivíduos HIV positivos. De acordo com dados da Organização Mundial de

Saúde (OMS), o número absoluto de novos casos de TB vem diminuindo a cada ano desde 2006,

assim como a taxa de incidência, com redução de cerca de 1,3% ao ano desde 2002 (WHO 2009,

2011). Em 2010, ocorreram aproximadamente 8,8 milhões de novos casos, com 1,1 milhões de

óbitos em pacientes HIV negativos, e cerca de 350.000 óbitos em HIV positivos. A África

subsaariana exibe a maior taxa de incidência mundial (290 casos/100.000 habitantes). Os países

mais populosos da Ásia, como Índia, China, Indonésia, Bangladesh e Paquistão, são responsáveis

por mais da metade dos casos mundiais. Dos casos diagnosticados em 2010, 40% são provenientes

da Índia e China, e 24% da África (WHO 2011). Apenas 22 países são responsáveis pela imensa

maioria dos casos de TB no mundo com 82% das notificações, dentre eles o Brasil (WHO 2007,

2009, 2011). Porém, dados recentes mostram uma queda progressiva na incidência e mortalidade

por TB em nosso país (WHO 2009, 2011). Em 2007, foram notificados mais de 87 mil casos no

Page 41: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

41

Brasil, 756 casos novos em Goiás e 195 em Goiânia (Ministério da Saúde, DATASUS 2009). Em

2010, foram notificados no Brasil 81.946 casos, incluindo novos diagnósticos e recidivas (WHO

2011).

Cerca de 500.000 casos de TB multiresistente são detectados por ano, sendo 50% destes em

pacientes da China e Índia (Wright et al. 2009). Segundo dados da OMS, vem ocorrendo nos

últimos anos um aumento do número de casos multiresistentes diagnosticados, e o tratamento é

disponibilizado apenas para uma pequena parcela desses pacientes. Em 2010, apenas 16% do

número total estimado de pacientes com TB multiresistente iniciaram tratamento (WHO 2011).

Esses dados vêm nos lembrar da significativa morbidade e mortalidade causada pela TB em uma

escala global, além da crescente necessidade de um melhor entendimento da sua patogênese,

desenvolvimento de testes diagnósticos mais rápidos, além de fármacos e vacinas mais eficazes

(Kaufmann 2005).

A infecção se inicia pela inalação de diminutas partículas contendo o M. tuberculosis,

expectoradas por pacientes com TB pulmonar ou laríngea ativa, tipicamente após a tosse. A

transmissão ativa ocorre mais frequentemente entre contactantes próximos, e o risco de infecção

depende de vários fatores, como infectividade do caso índice, proximidade do contato, carga

bacilífera inalada e estado imunológico do hospedeiro (Frieden et al. 2003; Bellamy 2005).

Estudos epidemiológicos evidenciam importantes diferenças na apresentação da doença e fatores

demográficos em regiões de alta e baixa incidência. Em vários países africanos e asiáticos, a

incidência é maior em adultos jovens, e a maioria dos casos resulta de infecção recente ou

reinfecção (Dye 2006; Mathema et al. 2008; Mokaddas & Ahmad 2008). Inversamente, em países

de baixa incidência na Europa e América do Norte, a maior proporção de casos ocorre em idosos

ou imigrantes de regiões de alta incidência (Dye 2006). A doença pulmonar é responsável por mais

de 85% dos casos de TB ativa nos países de alta incidência, e as formas extrapulmonares são mais

comuns naqueles de baixa incidência, particularmente em pacientes HIV positivos ou imigrantes

de países endêmicos (Golden & Vikran 2005; Mokaddas et al. 2008).

As partículas inaladas escapam das defesas brônquicas devido ao seu pequeno tamanho e

penetram nos alvéolos terminais, sendo envolvidas por células apresentadoras de antígenos, como

macrófagos e células dendríticas. Na fase inicial da infecção, o M. tuberculosis se reproduz nessas

Page 42: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

42

células, podendo atravessar a barreira alveolar para causar disseminação sistêmica (Bermudez et

al. 2002). A reprodução intracelular com simultânea disseminação do patógeno para os linfonodos

pulmonares e vários outros sítios extrapulmonares ocorrem previamente ao desenvolvimento das

respostas imunes adaptativas (Davis & Ramakrishnan 2009).

Imediatamente após a entrada do M. tuberculosis, macrófagos alveolares produzem

citocinas inflamatórias que servem como sinalizadores da infecção. Monócitos, neutrófilos e

linfócitos migram para o foco da infecção, porém são incapazes de destruir a bactéria. Durante

esse período, o bacilo resiste aos mecanismos bactericidas dos macrófagos evitando a fusão

fagossoma-lisossoma, se multiplica no interior do fagossoma, podendo levar à necrose do

macrófago (Pieters 2008).

Os bacilos livres passam a se multiplicar extracelularmente e são fagocitados por outros

macrófagos que também não conseguem controlar sua multiplicação (Pieters 2008). Essa

progressão de eventos se mantém contínua em pessoas com resposta imune debilitada, levando à

TB ativa em cerca de 10% dos indivíduos (TB primária). Entretanto, na grande maioria dos

indivíduos infectados, uma eficaz resposta imune celular se desenvolve entre 2 e 8 semanas após a

infecção, promovendo a formação de um granuloma no sítio da infecção (Russel 2007). Os

linfócitos T CD4+ reconhecem macrófagos infectados pelo M. tuberculosis e os destroem (Wolf et

al. 2008). Com a formação do granuloma e uma resposta imune eficaz, grande parte dos bacilos é

destruída e a progressão da doença é interrompida (Russel 2007; Cooper 2009). Porém, uma

ativação insuficiente de células T efetoras promove uma vigilância imunológica também

insuficiente e a criação de nichos onde o M. tuberculosis sobrevive em estado de latência, com

mínima ou nenhuma atividade metabólica e replicativa (Voskuil et al. 2003). O bacilo latente pode

permanecer no granuloma por toda a vida do hospedeiro, mas é capaz de voltar a se multiplicar

quando a resposta imune se torna comprometida (reativação da TB).

A OMS estima que um terço da população mundial está infectada de forma latente pelo M.

tuberculosis, e que 5 a 10% dos infectados irão desenvolver doença ativa durante a vida (Dye et al.

1999). Entretanto, em pacientes HIV positivos, esse risco é de 5 a 15% ao ano (WHO 2009).

Embora a reativação de uma infecção latente possa ocorrer décadas após a infecção inicial, o

maior risco ocorre durante os dois primeiros anos de infecção (Frieden et al. 2003; Fitzgerald &

Page 43: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

43

Haas 2004; Hussain 2007; Kritski & Melo 2007). Vários fatores podem promover o

desenvolvimento de reativação, mas tipicamente envolvem um comprometimento do sistema

imunológico. A infecção pelo HIV é considerada o fator de risco mais importante para reativação

da doença em adultos por causar anormalidades funcionais das células T CD4+ e CD8+, que são

fundamentais na proteção contra TB ativa (Gardan et al. 2003; Ulrichs & Kaufmann 2006; Wells

et al. 2007).

O diagnóstico da TB pulmonar continua sendo um desafio, dada à baixa sensibilidade do

exame de microscopia do escarro, o método mais difundido mundialmente. Particularmente em

pacientes HIV positivos, novas orientações da OMS propõem a realização de culturas no escarro

naqueles pacientes com microscopia negativa (WHO 2009), medida que teve sua eficácia

comprovada por um grande estudo com 1060 pacientes na Tailândia e Vietnã (Monkongdee et al.

2009). Embora a cultura para micobactérias comprovadamente aumente o número de casos

diagnosticados, são necessários testes mais rápidos para diagnosticar TB pulmonar com

microscopia do escarro negativa. Investigadores europeus utilizaram um teste enzimático

(ELISpot) no lavado broncoalveolar, com sensibilidade de 91% e especificidade de 79%,

concluindo ser o mesmo capaz de diferenciar entre doença pulmonar ativa e TB latente (Jafari et

al. 2009). Entretanto, outro grupo mostrou resultados conflitantes com o mesmo teste (Dheda et al.

2009), exigindo a realização de novos estudos.

Em países desenvolvidos, a recente redução da incidência de TB foi responsável por uma

menor experiência dos profissionais de saúde em relação ao diagnóstico dessa doença, resultando

em diagnósticos mais tardios. Investigadores do Center for Diseases Control (CDC), nos EUA,

relataram uma maior proporção de casos com doença pulmonar avançada, definida como presença

de cavitação ao exame radiológico e bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) positivo no escarro. Os

autores concluíram que a TB pulmonar avançada acomete desproporcionalmente pacientes

considerados de baixo risco, e em áreas de baixa incidência (Wallace et al. 2009).

Em relação ao tratamento, os fármacos disponíveis atualmente podem apresentar três

diferentes mecanismos de ação: 1) ação bactericida, definida como capacidade de eliminar

rapidamente os bacilos em replicação ativa, dentre eles a isoniazida, e com menor potência, a

rifampicina e estreptomicina; 2) ação esterilizante, capacidade de eliminar bacilos em situação de

Page 44: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

44

semi-latência, como a rifampicina e pirazinamida; 3) ação preventiva ao desenvolvimento de

resistência, como a isoniazida e rifampicina (Mitchison 2005). O esquema terapêutico clássico

recomendado pelo OMS engloba o uso de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol

(WHO 2009).

Um melhor entendimento dos fatores de risco associados à progressão da TB latente para

doença é essencial para o desenvolvimento e implementação de medidas de controle. Vários

fatores de risco são identificados e utilizados no screening de populações de alto risco, como

fatores imunológicos e sociodemográficos, além do tabagismo (Bates et al. 2007; Slama et al.

2007; Lin et al. 2009).

Várias diretrizes vêm sendo divulgadas por órgãos internacionais com o objetivo de deter a

epidemia de TB. Dentre elas, destaca-se o “Segundo plano global para acabar com a TB no mundo

(2006-2015)”, que se baseia principalmente nos seguintes componentes: ampliação e

aperfeiçoamento da estratégia de tratamento supervisionado (DOTS); manuseio da associação

TB/HIV e TB multi-resistente; fortalecimento dos sistemas de saúde; engajamento dos provedores

de assistência global; apoio dos portadores de TB e das comunidades; e promoção de pesquisas

(WHO 2009). A cobertura do tratamento supervisionado (DOTS) no Brasil passou de 7% em 2000

para 81,2% em 2006 (Santos 2007). As taxas de cura entre os casos em tratamento supervisionado

e com tratamento autoadministrado pouco diferiram nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas

foram superiores entre os casos supervisionados nas Regiões Norte e Nordeste (Bierrenbach et al.

2007). A associação da TB com o HIV foi de 8,1% e 7,8% nos anos de 2000 e 2001,

respectivamente, sendo mais elevada nos estados onde a incidência ou o número de AIDS é maior

(Jamal & Moherdaui 2007).

1.9- INFECÇÃO PELO HBV E TUBERCULOSE

Ainda são poucas as investigações sobre a infecção pelo HBV em pacientes com

tuberculose. Nos Estados Unidos, índices elevados foram encontrados para o marcador HBsAg

(13,8%) e para tuberculose latente (48%) em imigrantes vietnamitas. Dentre os quais, alguns

pacientes HBeAg positivos apresentaram hepatotoxicidade grave durante o tratamento para TB,

Page 45: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

45

requerendo sua descontinuidade (Patel & Voight 2002). Além disso, o fato de apresentar

transaminases previamente elevadas, ou ser portador de cirrose hepática, parece aumentar o risco

de desenvolvimento de hepatite medicamentosa em pacientes que recebem tratamento para TB

(Sun et al. 2009). Kuniholm et al. (2008), assim como Huang et al. (2009), também evidenciaram

aumento significativo da hepatotoxicidade pelo tratamento da TB em pacientes portadores de

hepatite B. Apesar de várias evidências comprovarem tal toxicidade, um estudo realizado em

Atlanta, EUA, com 50 pacientes com lesão hepática após uso de rifampicina e pirazinamida,

analisou os fatores preditivos para tal lesão, sendo a idade e associação com outros medicamentos

considerados fatores importantes, mas não a presença do HBV ou HCV (Ijaz et al. 2006).

Um estudo realizado na República da Geórgia (região de fronteira da Europa e Ásia)

mostrou uma prevalência alta para o marcador HBsAg (4,3%) em pacientes com TB. Fatores como

história de transfusão sanguínea, uso de droga injetável, início da atividade sexual precocemente e

múltiplos parceiros sexuais foram associados à infecção pelo HBV (Kuniholm et al. 2008). Na

Tailândia, Sirinak et al. (2008) encontraram 9% de positividade para o HBsAg em pacientes HIV-

positivos com TB, sendo o homossexualismo masculino fator independentemente associado a tal

coinfecção. Outro estudo, realizado na Índia, estimou uma prevalência de 6,4% para o HBsAg em

pacientes HIV positivos com TB, e mostrou baixo índice de hepatotoxicidade com o tratamento

antituberculose nos pacientes que cursavam com enzimas hepáticas normais (Padmapriyadarsini et

al. 2006). Já Wang et al. (2011) demonstraram que pacientes com hepatite B e altos níveis de carga

viral apresentam maior risco de hepatotoxicidade quando submetidos ao tratamento

antituberculose.

Na Argentina, Pando et al (2008) estudaram 205 pacientes com TB, encontrando uma

prevalência de infecção pelo HBV de 19,8% , sendo considerados fatores de risco idade acima de

30 anos, história de prisão, uso de drogas injetáveis ou parceiro usuário de drogas injetáveis e

história de doença sexualmente transmissível.

No Brasil, apenas um estudo foi realizado sobre a infecção pelo HBV em pacientes com

TB (n=209) no Rio de Janeiro, dos quais 26,8% apresentaram marcadores sorológicos de infecção

pelo HBV, e 2,8% foram HBsAg positivos (Blal et al. 2005).

Page 46: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

46

1.10- JUSTIFICATIVA

A hepatite B é uma das doenças infecciosas mais comuns no mundo. Dos dois bilhões de

indivíduos infectados pelo HBV, mais de 350 milhões estão cronicamente infectados. Estima-se

que, desse grande número de portadores, cerca de 30 a 40% desenvolverão, em algum momento,

quadro de cirrose, e 1 a 5% dos cirróticos poderão desenvolver, ao ano, carcinoma hepatocelular

(Lavanchy 2008, Liang 2009, Liaw & Chu 2009, Wiersma 2011).

Há evidências que o HBV persista nos hepatócitos, impedindo, assim, que haja uma

completa eliminação do vírus do hospedeiro (Lok 2000). Vários fatores podem alterar a história

natural dessa infecção, chamando a atenção o fato de que o desenvolvimento de imunossupressão

pode levar à reativação da replicação viral em indivíduos considerados portadores inativos. Como

um dos principais fatores relacionados ao surgimento de imunossupressão, devemos citar a

infecção pelo HIV, que pode ocorrer pelas mesmas vias de transmissão do HBV (Spradling et al.

2010; Chen et al. 2011).

A tuberculose, doença descrita desde o princípio da humanidade, vem apresentando um

crescimento no número de casos em todo o mundo, particularmente em regiões menos

desenvolvidas, fato que está relacionado ao surgimento da epidemia de HIV/AIDS (Frieden et al.

2003; WHO 2007, 2009). Como grande parte dos casos de HIV/AIDS no mundo está associada a

comportamento sexual de risco, pode-se estimar que esses pacientes estejam sob risco de infecção

pelo HBV (Spradling et al. 2010; Chen et al. 2011).

A prevalência da infecção pelo HBV vem sendo estudada em Goiás em diferentes

populações, como profissionais de saúde (Azevedo et al. 1994), pacientes em hemodiálise (Teles

et al. 2002; Ferreira et al. 2006), hemofílicos (Tavares et al. 2004), escolares com baixo nível

socioeconômico (Oliveira et al. 2006), comunidades isoladas afro-descendentes (Matos et al.

2009), usuários de drogas ilícitas (Ferreira et al. 2009), dentre outras. Em relação à prevalência da

infecção pelo HBV em pacientes com TB, um único estudo realizado no Brasil foi conduzido no

Rio de Janeiro e demonstrou que o HBV é prevalente nessa população, particularmente naqueles

pacientes infectados pelo HIV (Blal et al. 2005).

Page 47: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

47

Como os estudos sobre a infecção pelo HBV em pacientes com TB ainda são poucos no

mundo (Kuniholm et al. 2008; Pando et al. 2008; Sirinak et al. 2008; Wang et al. 2011), inclusive

no Brasil (Blal et al. 2005), e inexistentes na Região Centro-Oeste, o presente estudo foi realizado

visando investigar os aspectos soroepidemiológicos e moleculares da infecção pelo HBV em

pacientes com tuberculose em Goiânia-GO, sendo o primeiro estudo em Goiás com essa

finalidade.

Nesta tese, a prevalência e os fatores de risco foram pesquisados, considerando que são

dados importantes para subsidiar medidas de prevenção e controle. Realizou-se a pesquisa dos

marcadores sorológicos e do DNA viral, possibilitando o diagnóstico de hepatite B e de sua forma

oculta, que vem sendo estudada nos últimos anos e existem ainda controvérsias sobre sua evolução

para formas graves de doença hepática, porém apresenta importância no risco de transmissão do

HBV por transfusões sanguíneas e possível reativação aguda em casos de imunossupressão

(Hollinger & Sood 2010; Said 2011). Além disso, procedeu-se a determinação dos genótipos

virais, permitindo o melhor conhecimento dos genótipos circulantes em nossa região. Sabe-se hoje

que determinados genótipos apresentam maior risco de evolução para hepatopatias crônicas e

carcinoma hepatocelular e, para cada genótipo específico, pode-se planejar uma melhor estratégia

terapêutica (Livingston et al. 2007; Kao 2007; EASL 2009; Liang 2009; Liaw 2009).

Page 48: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

48

2- OBJETIVOS

Este estudo tem como objetivo geral investigar os aspectos sorológicos, epidemiológicos e

moleculares da infecção pelo HBV em pacientes com tuberculose atendidos em hospital de

referência em Goiânia-GO, visando proporcionar informações para o diagnóstico, tratamento e

controle desta virose em pacientes com TB.

Objetivos específicos:

• Estimar a prevalência da infecção pelo HBV, considerando os marcadores sorológicos, em

pacientes com TB em hospital de referência em Goiânia-GO;

• Analisar os fatores de risco para hepatite B nos pacientes estudados;

• Identificar os genótipos do HBV circulantes na população-alvo;

• Determinar o índice de infecção oculta pelo HBV em pacientes anti-HBc positivos;

• Verificar o índice de imunização contra hepatite B nestes pacientes, considerando a

detecção isolada do marcador anti-HBs.

Page 49: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

49

3- MATERIAL E MÉTODOS

3.1- DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DO ESTUDO

Estudo observacional, analítico, de corte transversal.

Todos os pacientes com diagnóstico de tuberculose, seja da forma pulmonar ou extra-

pulmonar, em tratamento atual ou não, atendidos nos ambulatórios de pneumologia e de

infectologia ou internados no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT-HAA) em

Goiânia-GO, foram recrutados para o estudo.

No período de abril de 2008 a março de 2010, dos 425 pacientes com diagnóstico

confirmado de tuberculose, 402 aceitaram fazer parte do estudo, os quais foram incluídos após

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HDT-HAA.

3.2- ENTREVISTA E COLETA DE SANGUE

Para a entrevista, foi utilizado um questionário padronizado sobre dados sócio-

demográficos (idade, sexo, raça/etnia, estado civil, renda familiar, escolaridade e naturalidade),

fatores relacionados ao consumo de álcool e drogas ilícitas injetáveis e não injetáveis. Investigou-

se, ainda, atividades sexuais de risco (número de parceiros, parceiros do mesmo sexo, uso de

preservativo e história de doenças sexualmente transmissíveis) e outros fatores possivelmente

associados à transmissão do HBV, como hepatite na família, compartilhamento de objetos

cortantes de uso pessoal, cirurgia, transfusão sanguínea, hemodiálise, tatuagem, piercing,

acupuntura e história de prisão, além de vacinação prévia contra hepatite B.

Em seguida, foi realizada coleta de 10 ml de sangue por punção venosa periférica. O

sangue foi transportado para o Laboratório de Virologia do IPTSP/UFG, onde foi centrifugado e

Page 50: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

50

os soros separados em duas alíquotas, sendo em seguida, armazanados a – 20° C até a realização

dos testes sorológicos e moleculares.

3.3 – TESTES SOROLÓGICOS

Inicialmente, todas as amostras foram testadas para a detecção dos marcadores sorológicos

HBsAg, anti-HBc total e anti-HBs pelo ensaio imunoenzimático (ELISA) utilizando-se reagentes

comerciais. Nas amostras HBsAg reagentes, foi realizada a detecção dos marcadores HBeAg e

anti-HBe pela mesma metodologia.

3.3.1 – Detecção do HBsAg

A detecção do marcador HBsAg foi realizada empregando-se reagentes comerciais

(Hepanostika HBsAg Ultra, Biomérieux-Alemanha). Em uma microplaca sensibilizada com

anticorpos anti-HBs monoclonais, foram adicionados o diluente (tampão fosfato), as amostras e

controles negativo e positivo em suas respectivas câmaras. A placa foi incubada e, posteriormente,

lavada. Após a adição do conjugado (anti-HBs marcado com peroxidase), a placa foi incubada e

lavada novamente. Em seguida, o substrato (peróxido de uréia) foi adicionado juntamente com o

cromógeno (tetrametilbenzidina - TMB). Após nova incubação, a reação foi interrompida pela

adição de ácido sulfúrico a 1N. Conforme as instruções do fabricante, a leitura espectrofotométrica

da reação foi realizada em 450 nm. Foram consideradas positivas as amostras que apresentaram

valores de absorbâncias maiores ou iguais ao valor do cut-off, obtido pela média das absorbâncias

dos controles negativos acrescida de 0,040.

3.3.2 – Detecção do anti-HBc total

Para detectar o marcador anti-HBc total, utilizou-se reagentes comerciais (Hepanostika

anti-HBc Uni-Form, Biomérieux-Holanda). O princípio da reação baseou-se na inibição

competitiva onde cada câmara da placa foi revestida com HBcAg. As amostras em teste e os

Page 51: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

51

controles negativo e positivo foram incubados juntamente com o conjugado (constituído de

anticorpo anti-HBc humano ligado à enzima peroxidase) durante 90 minutos a 37ºC e, em seguida,

a placa foi lavada com o tampão fosfato. Posteriormente, foi adicionada a solução

substrato/cromógeno (tetrametilbenzidina/peróxido de uréia) e a reação incubada por 30 minutos.

A mesma foi interrompida com ácido sulfúrico a 1N e a leitura espectrofotométrica realizada em

450 nm. O valor do cut-off foi obtido pela fórmula: 0,25 (CNx + 3CPx), onde “CNx” é igual ao

valor médio das absorbâncias dos controles negativos e “CPx” ao dos controles positivos. Assim,

foram consideradas amostras positivas, aquelas que apresentaram absorbância menor ou igual ao

valor do cut-off.

3.3.3 – Detecção do anti-HBs

A detecção de anticorpos anti-HBs foi realizada pelo método imunoenzimático direto, tipo

sandwich em microplacas sensibilizadas com HBsAg (ad e ay), desenvolvido pela Biokit (Bioelisa

anti-HBs). As amostras e controles negativo e positivo foram adicionados às suas respectivas

câmaras. A placa foi incubada e, em seguida, lavada com tampão fosfato. Após a adição do

conjugado (HBsAg marcado com peroxidase), a placa foi incubada novamente. Realizada a

lavagem, a mistura substrato/cromógeno foi adicionada, sendo a placa mais uma vez incubada.

Então, a reação foi bloqueada pela ação de ácido sulfúrico, e a leitura (filtros de 450 nm e 620 nm)

realizada. O cut-off foi definido pela fórmula (CNx + 0,040), onde “CNx” é igual a média de

absorbância dos controles negativos. Os resultados foram obtidos pela razão entre a absorbância da

amostra e o valor do cut-off. As amostras com relação absorbância/cut-off ≥ 1,0 foram

consideradas positivas; com relação absorbância/cut-off < 0,9 foram negativas e, quando esta razão

foi igual a 0,9 as mesmas foram indeterminadas.

3.3.4 – Detecção do HBeAg e anti-HBe

Os testes ELISA Diasorin HBeAg (direto não competitivo) e anti-HBe (competitivo) foram

realizados em placa de poliestireno revestida com anticorpos monoclonais de camundongos contra

o antígeno e do HBV.

Page 52: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

52

No ensaio para a detecção do HBeAg, amostras, controles (negativo e positivo) e

calibradores foram incubados com o tampão de incubação contendo IgG murina não específica,

em microplaca sensibilizada com anticorpos anti-HBe. Em seguida, foi realizada a lavagem e

acrescentado o conjugado enzimático (anti-HBe de rato conjugado com a peroxidase). Após a

incubação e lavagem, a reação foi revelada pela adição do substrato/cromógeno (peróxido de uréia

e TMB). A reação foi interrompida, sendo considerada positiva a amostra cuja absorbância (filtro

450 nm) foi maior ou igual ao cut-off, definido de acordo com as instruções do fabricante,

determinado pela adição de 0,060 à absorbância média dos valores do calibrador depois de subtrair

o branco do substrato.

Para detecção do anti-HBe, em microplaca sensibilizada com anticorpos monoclonais de

rato contra o antígeno e do HBV, foram adicionadas as amostras, controles e calibradores,

juntamente com uma solução contendo HBeAg recombinante. Durante a incubação, os anticorpos

presentes na amostra competem com os anticorpos monoclonais pelo HBeAg. Após a lavagem, o

complexo antígeno-anticorpo formado em excesso é removido. O conjugado enzimático foi

adicionado e a placa incubada novamente. A atividade do conjugado indica, de maneira

inversamente proporcional, a presença de anticorpos anti-HBe na amostra. Após a lavagem, foi

adicionado substrato/cromógeno, procedendo-se nova incubação. A reação foi interrompida, sendo

consideradas positivas as amostras que apresentaram valores de absorbância menores que o cut-off,

determinado pela adição de 0,500 à média de absorbância dos calibradores depois de subtrair o

valor do branco (substrato).

3.3.5 - Detecção do anti-HIV ELISA - A pesquisa de anticorpos para o HIV foi realizada por ELISA, HIV test (Wiener,

Argentina). Amostras e controles (positivo e negativo) foram diluídos nas câmaras da placa,

revestidas com antígenos do HIV (peptídeos sintéticos correspondentes às regiões pol, gag e env).

Após incubação e lavagem, foi adicionado o conjugado (anti-imunoglobulina humana conjugada

com peroxidase), realizada nova incubação, seguida de lavagem. Foram adicionados os

reveladores A (peróxido de hidrogênio 60 mmol/l em tampão citrato 50 mmol/l) e B

Page 53: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

53

(tetrametilbenzidina – TMB – 0,01mmol/l em ácido clorídrico 0,1N), e realizada nova incubação.

A reação foi interrompida, sendo considerada positiva a leitura espectrofotométrica (filtro 450 nm)

com absorbância maior que o cut-off, definido de acordo com as instruções do fabricante, pela

adição de 0,150 à absorbância média dos valores do controle negativo.

Western-Blot - Todas as amostras reagentes para o HIV pelo ELISA foram submetidas ao teste

confirmatório New Lav Blot I (Bio-Rad, França). Inicialmente, tiras de nitrocelulose contendo

todas as proteínas estruturais do HIV-1 e um controle interno anti-IgG foram re-hidratados com

solução de lavagem/diluente. As amostras e controles (positivo e negativo) foram adicionados e a

reação incubada. Em seguida, procedeu-se aspiração do diluente, lavagem de cada uma das tiras e

a adição do conjugado (anticorpos de cabra anti-IgG humana marcados com fosfatase alcalina).

Após nova incubação e lavagem, foi adicionada a solução de revelação (5 Bromo – 4 Cloro – 3

Indolil Fosfato/BCIP e NitroBlue Tetrazolium/NBT em solução tampão de revelação) e sob

agitação observou-se o aparecimento da coloração nas tiras reagentes. A reação foi interrompida

pela remoção da solução de revelação e enxágüe das tiras com água destilada. Na leitura e

interpretação dos resultados, observou-se inicialmente a reatividade do controle positivo e do

controle interno de cada tira, sendo considerado o aparecimento de bandas específicas (azul

violeta) na posição das proteínas virais, conforme as instruções do fabricante e da OMS. Assim, a

amostra foi considerada positiva quando houve reatividade para duas proteínas env, ou para uma

proteína env e uma proteína gag ou pol; negativa na ausência de qualquer banda, e indeterminada

quando apresentou perfil diferente dos anteriores.

3.3.6- Detecção do anti-HCV

ELISA - Os soros obtidos foram testados para detecção de anticorpos anti-HCV

empregando-se reagentes comerciais (Hepanostika anti-HCV Ultra, Biomedical-China). As

amostras de soro juntamente com os controles positivo e negativo foram incubados em placa

previamente sensibilizada com os antígenos recombinantes das regiões core, NS3, NS4 e NS5 do

HCV. Após 60 minutos de incubação a 37°C, a placa foi lavada com o tampão fosfato por seis

vezes. Em seguida, foi adicionado o conjugado (anti-imunoglobulina humana marcada com

Page 54: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

54

peroxidase) e nova incubação realizada por mais 30 minutos. Após segunda lavagem, procedeu-se

a adição do substrato da enzima (peróxido de uréia) e da solução cromógena (tetrametilbenzina –

TMB), incubando-se por 30 minutos. A seguir, a reação foi interrompida pela adição de ácido

sulfúrico a 1N e a leitura espectrofotométrica realizada em leitora de microplaca com uso de filtro

simples (450 nm). O valor do cut-off foi obtido pela fórmula: 0,27 x CPx, onde “CPx” é igual ao

valor médio das absorbâncias dos controles positivos. Assim, foram consideradas amostras

positivas, aquelas que apresentaram absorbância maior ou igual ao valor do cut-off.

Immunoblot - As amostras reagentes no ELISA foram retestadas pelo teste confirmatório

(CHIRON ® RIBA HCV 3.0 SAI Ortho Clinical Diagnostic, USA), que é um immunoblot

qualitativo in vitro com antígenos recombinantes e peptídeos sintéticos do HCV imobilizados

como bandas individuais sobre tiras do teste. Os antígenos recombinantes (c33c e NS5) e os

peptídeos sintéticos (c100c e 5-1-1p) são derivados das regiões não estruturais do vírus, enquanto

que o terceiro peptídeo recombinante (c22p) corresponde à proteína do capsídeo viral.

O ensaio foi realizado em três fases. Na primeira, as tiras foram hidratadas com solução

diluente (1 ml). Em seguida, as amostras (20 µl) e controles (20 µl) foram adicionados, e a reação

incubada por quatro horas sob agitação em temperatura ambiente. Logo após, procedeu-se

aspiração do diluente e lavagem de cada uma das tiras. Na segunda fase, foi adicionado em cada

tira 1 ml de conjugado (anti-IgG humana produzida em cabra, marcada com peroxidase),

realizando-se incubação por 10 minutos sob agitação, seguida de lavagem. Na terceira fase, foi

acrescentado 1 ml do substrato (peróxido de hidrogênio e 4-cloro-1-naftol). Após a incubação, a

reação foi interrompida pela remoção do substrato, seguida da lavagem final.

A reatividade da banda a cada antígeno foi determinada comparando-se visualmente a

intensidade de cada banda individual com a banda de controle interno de IgG humano alto e baixo

presentes em cada tira. Foram consideradas positivas, as amostras que apresentaram duas ou mais

bandas específicas contra os antígenos virais, e negativas quando nenhuma banda foi encontrada.

Page 55: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

55

3.4 – DETECÇÃO E GENOTIPAGEM DO HBV DNA

3.4.1 - Extração do HBV DNA

As amostras HBsAg e/ou anti-HBc reagentes foram submetidas à extração do ácido

nucléico viral, realizada em duas etapas (Niel et al. 1994). A primeira consistiu na adição de 250

mL do soro em 80 mL de solução de lise, sendo esta composta por solução A (Tris 200 mM, SDS

1%, NaCl 700 mM, EDTA 20 mM e tRNA 0,1 mg/mL) e solução B (proteinase K 2 mg/mL)

dissolvida em solução de CaCl2 0,36 mM; o pH final foi ajustado para 9,0 utilizando o HCl. Os

soros, juntamente com a solução de lise, foram incubados em banho-maria por 4 horas a 37°C. O

DNA viral foi extraído pelo uso de fenol/clorofórmio, centrifugado, e a fase superior transferida

para tubos contendo etanol. Estes foram mantidos a –20ºC durante a noite. A segunda etapa da

reação consistiu na centrifugação do material e a formação de um precipitado, que em seguida foi

lavado com etanol a 70%, seco e ressuspenso em 30 mL de água milliQ auloclavada.

3.4.2 - Reação em cadeia pela polimerase

Após a extração do DNA, o mesmo foi submetido a uma semi-nested PCR, para

amplificação da região pré-S/S do genoma do HBV, que foi realizada em duas etapas (Motta-

Castro et al. 2005).

Para a primeira, denominada PCR-1, utilizou-se uma mistura contendo 1 pmol dos primers

PS1 e S2/S22 (Quadro 2) (Invitrogen), responsáveis pela amplificação do fragmento de DNA do

nucleotídeo 2826 a 841 do genoma; 0,2mM de cada dNTP (dATP, dTTP, dCTP, dGTP), 3mM de

Cloreto de magnésio (MgCl2) e 1 U de Taq DNA polimerase, num volume final de 50 µl. O HBV

DNA de cada amostra extraído na fase anterior (2 µL) foi misturado aos componentes descritos

acima, e esta mistura levada ao termociclador com o seguinte programa: 94ºC por 3 minutos

(desnaturação inicial), 30 ciclos de 95ºC por 30 segundos, 52ºC por 40 segundos e 72ºC por 2

minutos (desnaturação, anelamento e extensão, respectivamente) e 72ºC por 7 minutos

(alongamento final). O produto final desta reação era composto de 1236 pares de bases (pb).

Page 56: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

56

A segunda etapa (PCR-2) foi realizada nas mesmas condições da PCR-1 empregando-se os

primers PS1 e SR (Quadro 2) (Invitrogen). O produto da PCR-1 (1 µl) foi adicionado à nova

mistura da reação e levado ao termociclador, com o seguinte programa: 94ºC por 3 minutos

(desnaturação inicial), 30 ciclos de 94ºC por 20 segundos, 55ºC por 20 segundos e 72ºC por 1

minuto (desnaturação, anelamento e extensão, respectivamente) e 72ºC por 7 minutos

(alongamento final). O produto da PCR-2 era composto de 1099 pb.

3.4.3 - Eletroforese em gel de agarose

Ao gel de agarose preparado a 1% em tampão TBE (Tris-Borato EDTA), foi acrescentado

brometo de etídio em uma concentração final de 0,5 mg/mL. Os produtos obtidos após a PCR- 2 e

o marcador de peso molecular (100 pb - Invitrogen) foram misturados ao corante azul de

bromofenol, aplicados ao gel e submetidos à eletroforese. As bandas formadas durante a corrida

foram visualizadas através de luz ultravioleta com auxílio de um transluminador.

3.4.4 - Genotipagem pela análise do polimorfismo de comprimento dos fragmentos de

restrição (restriction fragment length polymorphism - RFLP)

O fragmento de DNA amplificado foi analisado pelo método de RFLP, utilizando-se três

enzimas de restrição ou endonucleases (Araújo et al. 2004). Resumidamente, as enzimas EcoRI,

BamHI e StuI (New England BioLabs) foram diluídas (8 µl de água milliQ, 2 µl de tampão

específico e 10 U de cada enzima separadamente) e incubadas a 37°C durante a noite com igual

volume (10 µl) do produto obtido da PCR-2. As amostras foram misturadas a 5 µL de azul de

bromofenol, aplicadas em gel de agarose a 3% e submetidas à eletroforese. Utilizou-se, também,

um marcador (1 µL/mL do marcador 100 pb, 10 µL de TBE e 5 µL de azul de bromofenol). As

bandas formadas foram visualizadas através de luz ultravioleta com o auxílio de um

transluminador. A interpretação dos padrões eletroforéticos proporcionou a distinção entre os

genótipos do HBV encontrados (A e D).

Page 57: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

57

3.4.5 – Genotipagem por sequenciamento nucleotídico e análise filogenética

Inicialmente, as amostras HBV-DNA positivas foram submetidas à amplificação da região

S, por semi-nested PCR. Na primeira amplificação, foram utilizados os primers : PS1, S2 e S22. A

segunda PCR foi realizada com os primers S1, S2 e S22 (Quadro 2). O DNA amplificado para a

região S foi purificado utilizando o kit QIAquick PCR purification (Qiagen). Resumidamente, em

tubo tipo eppendorf foram adicionados cinco volumes (500 µl) do tampão, que favorece a ligação

do DNA à membrana de sílica, ao volume total (100 µl) do produto obtido na PCR. Essa mistura

foi homogeneizada e, em seguida, aplicada na coluna fornecida pelo kit, que foi centrifugada por

um minuto a 13.000 rpm. Posteriormente, o líquido centrifugado foi descartado e, logo após, 750

µl do tampão de lavagem foram adicionados à coluna, sendo essa, igualmente submetida à

centrifugação. Depois dessa etapa, o líquido residual foi descartado e o tubo mais uma vez

centrifugado para retirar o excesso de tampão. Em seguida, a coluna QIAquick foi colocada em um

tubo tipo eppendorf, onde foram adicionados 50 µl do tampão de eluição no centro da membrana

da coluna e centrifugou-se como já descrito. Ao final do processo, a coluna foi desprezada, e o

DNA coletado no tubo tipo eppendorf foi armazenado a -20ºC.

Na etapa seguinte, foi realizada a quantificação do DNA purificado. Cada amostra (4 µL)

foi aplicada em gel de agarose a 2%, bem como 4µL do marcador de massa e peso molecular Low

DNA Mass Ladder (Invitrogen), afim de comparar a intensidade das bandas e calcular a

concentração de DNA a ser utilizada na técnica de sequenciamento.

As seqüências de nucleotídeos da região amplificada foram determinadas pelo

seqüenciamento direto utilizando BigDye Terminator v.3.01 Cycle Sequencing Kit (Applied

Biosystems) com primers específicos (S1, S4, S7, S2 e S22) (Quadro 1). Para cada reação,

empregou-se 2 µL do DNA purificado, adicionados a 13 µL da mistura contendo: água MilliQ (6

µL), tampão (3 µL), primer (3 µL – 2 pmol) e 1µL do reagente fornecido pelo kit de

seqüenciamento (Big Dye) que contém ddNTPs (trifosfatos de didesoxinucleotídeos) marcados.

Em seguida, as amostras foram submetidas a 25 ciclos (95°C por 20 segundos, 50°C por 15

segundos e 60°C por 60 segundos) em um termociclador, para a síntese da fita complementar e

incorporação dos ddNTPs marcados.

Page 58: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

58

Posteriormente, aos 15 µL de reação, foram adicionados 65 µL de isopropanol a 65% e a

placa foi centrifugada por 45 minutos (2000 rcf) a 20°C, para precipitação das amostras. Logo

após, o isopraponol foi desprezado e à placa foram adicionados 250 µL de etanol a 60%, seguido

de centrifugação por 10 minutos (2000 rcf). Essa etapa foi repetida por mais uma vez com 100 µL

de etanol a 60%. Após a centrifugação, o etanol foi retirado e a placa foi colocada em

termociclador para completa secagem da mesma durante 2 minutos a 95°C.

Às amostras, foram adicionados 10 µL de formamida Hi Di (Applied Biosystems) e a placa

foi colocada em termociclador por um período de 5 minutos a 95°C. Imediatamente após a

incubação, as amostras foram colocadas em gelo por dois minutos e a reação colocada no

sequenciador automático ABI 3130 (Applied Biosystems, Applied Biosystems, Foster City, CA,

USA).

Para a análise das seqüências, um consenso das fitas sense e antisense foi montado

utilizando o programa SeqMan II versão 5.01(DNASTAR). Para a identificação do genótipo viral,

as seqüências consenso de cada amostra foram alinhadas, utilizando-se o programa Clustal X

(Thompson et al., 1997) juntamente com seqüências dos diferentes genótipos do HBV (A-H)

obtidas no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). O programa BioEdit foi utilizado para edição

do alinhamento. A classificação dos genótipos foi realizada por análise filogenética utilizando-se o

programa MEGA (Molecular Evolutionary Genetics Analysis) versão 4 (Tamura et al., 2007). As

análises foram realizadas utilizando-se o método de Neighbor-Joining e o modelo de substituição

de nucleotídeos Kimura 2 parâmetros. Finalmente, a robustez dos grupos filogenéticos foi avaliada

utilizando bootstrap de 1025 repetições.

Page 59: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

59

Quadro 2- Primers utilizados na amplificação da região Pré-S/S e sequenciamento

Primer Sentido Seqüência (5 ’ 3’)

PS1 sense CCATATTCTTGGGAACAAGA

S1 sense CTTCTCGAGGACTGGGGACC

S2 anti-sense GGGTTTAAATGTATACCCAAAGA

S4 sense TGCTGCTATGCCTCATCTTCT

S7 anti-sense TGAGCCAGGAGAAACGGGCT

S22 anti-sense GTATTTAAATGGATACCCAAAGA

SR anti-sense CGAACCACTGAACAAATGGC

3.5 – ANÁLISE DOS DADOS

Os dados das entrevistas, bem como os resultados dos testes sorológicos e moleculares,

foram analisados empregando-se o programa EpiInfo versão 6.04 (Centers for Disease Control

and Prevention, Atlanta, GA). Prevalência e estimativas de risco foram calculadas com intervalo

de confiança de 95%. Fatores de risco associados à exposição ao HBV (positividade ao HBsAg

e/ou anti-HBc) pela análise univariada (p ≤ 0,10) foram analisados posteriormente por regressão

logística por meio do programa SPSS versão 11.0 for Windows. Os testes Qui-quadrado, Qui-

quadrado para tendência e exato de Fisher foram utilizados quando apropriados. Valores de p <

0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

Page 60: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

60

4- RESULTADOS

4.1- CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ESTUDADA

A Tabela 1 mostra as características sociodemográficas dos 402 pacientes portadores de

tuberculose estudados em Goiânia-GO. A média de idade foi de 44,1 anos (desvio padrão de 15,6).

Ao estratificar a população estudada por faixa etária, verificou-se que 75 pacientes (18,7%) tinham

idade menor ou igual a 30 anos, 98 (24,4%) entre 31 e 39 anos, 93 (23,1%) entre 40 e 49 anos e

136 pacientes (33,8%) tinham idade igual ou superior a 50 anos. A maioria era do sexo masculino

(71,9%) e com tempo de escolaridade de até 9 anos (79,8%).

Em relação ao estado civil, 42,3% eram solteiros, 39% casados ou com união consensual e

18,7% separados ou viúvos.

Quanto à renda familiar, 63,8% informaram renda menor ou igual a um salário mínimo,

31,3% de dois a três salários mínimos, e apenas 4,9% acima de três salários mínimos.

Evidenciou-se que quase a metade dos pacientes estudados era parda (46%) e natural de

Goiás (50,2%).

4.2- MARCADORES SOROLÓGICOS DO VÍRUS DA HEPATITE B

Os marcadores sorológicos para infecção pelo HBV (Tabela 2) foram encontrados em 103

pacientes, resultando em uma prevalência global de 25,6% (IC 95%: 21,5-30,2). O marcador anti-

HBc foi detectado isoladamente em 9 pacientes (2,2%). Esse marcador, quando associado ao anti-

HBs, foi reagente em 81 pacientes (20,1%), e ao HBsAg em 8 pacientes (2,0%). Ainda, 5 (1,2%)

pacientes apresentaram positividade para o HBsAg, na ausência do marcador anti-HBc.

Em 44 (10,9%) pacientes com tuberculose, verificou-se positividade isolada para o

marcador anti-HBs, indicando imunização contra hepatite B.

A suscetibilidade ao HBV, caracterizada pela ausência de qualquer marcador sorológico,

foi observada em 255 pacientes (63,5%).

Page 61: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

61

Tabela 1 - Características sociodemográfícas dos 402 pacientes com tuberculose estudados em Goiânia, Goiás

Características N %

Idade (média ± dp: 44,1 ± 15,6)

≤ 30 anos 75 18,7

31 – 39 anos 98 24,4

40 – 49 anos 93 23,1

≥ 50 anos 136 33,8

Sexo

Masculino 289 71,9 Feminino 113 28,1

Estado Civil

Solteiro 170 42,3 União consensual/Casado 157 39,0 Separado/Viúvo

75 18,7

Escolaridade*

< 5 anos 127 31,8 5 – 9 anos 192 48,0 10 – 12 anos 65 16,2 > 12 anos 16 4,0

Renda Familiar

≤ 1 sm 247 63,8 2 - 3 sm 121 31,3 > 3 sm Sem informação 15

19 4,9

Raça/Etnia Branco 137 34,1 Pardo 185 46,0 Negro 59 14,7 Amarelo 17 4,2 Índio/Vermelho

4 1,0

Naturalidade Goiás 202 50,2 Outros estados 200 49,8 dp: desvio-padrão sm: salário mínimo *No cálculo, foram excluídas duas crianças com menos de seis anos de idade (n=400)

Page 62: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

62

Tabela 2 – Prevalência dos marcadores sorológicos do vírus da hepatite B em 402 pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás

Categoria Marcadores Positivo

IC 95% n %

Infectados HBsAg 5 1,2 0,5-3,0

HBsAg/Anti-HBc 8 2,0 0,9-4,0

Anti-HBc 9 2,2 1,1-4,4

Anti-HBc/Anti-HBs 81 20,1 16,4-24,5

Global 103 25,6 21,5-30,2

Imunizados Anti-HBs 44 10,9 8,1-14,5

Suscetíveis Ausência de marcador 255 63,5 58,5-68,1

IC: Intervalo de confiança.

4.3- FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO HBV

A Tabela 3 apresenta as razões de chance de prevalência para os fatores de risco associados

à infecção pelo HBV, com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, em pacientes com

tuberculose. Dentre os fatores analisados, os seguintes se mostraram estatisticamente significativos

na análise univariada: sexo masculino, uso de drogas injetáveis, consumo de álcool e relato de

parceiro sexual do mesmo sexo.

Após análise multivariada (Tabela 4), verificou-se que os pacientes com idade igual ou

superior a 50 anos apresentaram 2,9 (IC 95%: 1,2-7,0; p=0,02) vezes mais chances de exposição

ao HBV quando comparados aos que tinham idade menor ou igual a 30 anos. Em relação à história

de uso de drogas, os pacientes que usaram drogas não injetáveis apresentaram 2,5 (IC 95%: 1,2-

5,2; p=0,02) vezes mais chances de infecção pelo HBV do que aqueles que nunca usaram drogas, e

os pacientes que usaram drogas injetáveis mostraram risco 4,1 (IC 95%: 1,4-11,6; p<0,01) vezes

maior de adquirirem esse vírus.

Page 63: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

63

Tabela 3 – Análise univariada dos fatores de risco associados à infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) em pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás (n=358)

Fator de risco HBV Positivo/Total*

% Estimativa de risco (IC 95%)

P

Idade

≤ 30 anos 14/58 24,1 1,0

31-39 anos 23/91 25,3 1,1 (0,5-2,4) 0,87

40-49 anos 25/86 29,1 1,3 (0,6-3,0) 0,51

≥ 50 anos 41/123 33,3 1,6 (0,7-3,4) 0,21

Sexo

Feminino 20/96 20,8 1,0

Masculino 83/262 31,7 1,8 (1,0-3,1) 0,04

Hepatite na família

Não 74/279 26,5 1,0

Sim 18/51 35,3 1,5 (0,8-2,8) 0,20

Sem informação 28

Transfusão de sangue

Não 63/243 25,9 1,0

Sim 40/114 35,1 1,5 (1,0-2,5) 0,07

Sem informação 1

Cirurgia

Não 47/172 27,3 1,0

Sim 56/184 30,4 0,9 (0,5-1,4) 0,51

Sem informação 2

Tatuagem/Piercing

Não 76/283 26,9 1,0

Sim 27/74 36,5 1,6 (0,9-2,7) 0,10

Sem informação 1

Acupuntura

Não 99/344 28,8 1,0

Sim 3/7 42,9 1,8 (0,4-8,4) 0,42

Sem informação 7

Compartilhamento de objetos de uso pessoal

Não 66/237 27,8 1,0

Sim 35/116 30,2 1,1 (0,7-1,8) 0,65

Sem informação 5

IC: Intervalo de confiança *Foram excluídos os pacientes vacinados contra hepatite B

Page 64: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

64

Tabela 3 – Análise univariada dos fatores de risco associados à infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) em pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás (n=358) (continuação)

Fator de risco HBV Positivo/Total*

% Estimativa de risco (IC 95%)

P

Hemodiálise

Não 99/352 28,1 1,0

Sim 3/4 75,0 7,7 (0,8-74,6) 0,07

Sem informação 2

Uso de drogas ilícitas

Não 68/265 25,7 1,0

Não injetável 25/72 34,7 1,5 (0,9-2,8) 0,12

Injetável 10/21 47,6 2,6 (1,0-7,0) 0,03

Uso de álcool

Não 27/126 21,4 1,0

Sim 76/232 32,8 1,8 (1,1-3,0) 0,02

Antecedente de prisão

Não 72/267 27,0 1,0

Sim 31/91 34,1 1,4 (0,8-2,3) 0,20

Número de parceiros sexuais

≤ 2 13/57 22,8 1,0

3 – 5 12/65 18,5 0,8 (0,3-2,0) 0,55

> 5 77/225 34,2 1,8 (0,9-3,7) 0,10

Sem informação 11

Parceiro do mesmo sexo

Não 85/307 27,7 1,0

Sim 15/34 44,1 2,1 (1,0-4,2) 0,04

Sem informação 17

Uso de preservativo na última relação

Sim 63/228 27,6 1,0

Não 35/109 32,1 1,2 (0,7- 2,0) 0,40

Sem informação 21

Doença sexualmente transmissível

Não 54/206 26,2 1,0

Sim 41/132 31,1 1,3 (0,8-2,0) 0,33

Sem informação 20

IC: Intervalo de confiança *Foram excluídos os pacientes vacinados contra hepatite B

Page 65: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

65

Tabela 4 – Análise multivariada dos fatores de risco associados à infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) em pacientes com tuberculose em Goiânia, Goiás

Estimativa de risco* (IC 95%)

Fatores de risco P

Não Ajustada Ajustada*

Sexo

Feminino 1,0 1,0

Masculino 1,8 (1,0-3,1) 1,1 (0,6-2,3) 0,71

Idade

≤ 30 anos 1,0 1,0

31 – 39 anos 1,1 (0,5 – 2,4) 0,9 (0,4-2,0) 0,80

40 – 49 anos 1,3 (0,6 – 3,0) 1,6 (0,7-4,0) 0,27

≥ 50 anos 1,6 (0,7 – 3,4) 2,9 (1,2-7,0) 0,02

Transfusão de sangue

Não 1,0 1,0

Sim 1,5 (1,0-2,5) 1,3 (0,8-2,3) 0,28

Uso de drogas ilícitas

Não 1,0 1,0

Não injetável 1,5 (0,9 – 2,8) 2,5 (1,2-5,2) 0,02

Injetável 2,6 (1,0 – 7,0) 4,1 (1,4-11,6) <0,01

Uso de álcool

Não 1,0 1,0 Sim

1,8 (1,1-3,0) 1,4 (0,8-2,5) 0,23

Hemodiálise Não 1,0 1,0 Sim 7,7 (0,8-74,6) 5,6 (0,5-59,6) 0,15

Tatuagem/piercing

Não 1,0 1,0

Sim 1,6 (0,9-2,7) 1,3 (0,6-2,9) 0,47

Número de parceiros sexuais

≤ 2 1,0 1,0

3 – 5 0,8 (0,3 – 2,0) 1,0 (0,4-2,5) 0,97

> 5 1,8 (0,9 – 3,7) 1,8 (0,9-3,9) 0,11

Parceiro do mesmo sexo

Não 1,0 1,0

Sim 2,1 (1,0-4,2) 1,9 (0,8-4,1) 0,13

IC: Intervalo de confiança *Estimativa de risco ajustada por sexo, idade, transfusão de sangue, uso de drogas ilícitas e de álcool, hemodiálise, tatuagem/piercing, número de parceiros sexuais e parceiro do mesmo sexo.

Page 66: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

66

4.4- CARACTERÍSTICAS SOROLÓGICAS E MOLECULARES DOS PACIENTES

HBsAg REAGENTES

As caracterísicas sorológicas e moleculares dos pacientes HBsAg positivos encontram-se

listadas na Tabela 5. Das 13 amostras HBsAg reagentes, duas apresentaram positividade para o

HBeAg, e seis para o anti-HBe, enquanto cinco foram negativas para ambos. O HBV-DNA foi

detectado em 10 (76,9%) amostras HBsAg reagentes, sendo seis genotipadas por seqüenciamento

e oito por RFLP. Destas, em sete amostras foi detectado o genótipo A, sendo quatro do

subgenótipo A1 e uma do subgenótipo A2. A amostra restante foi do genótipo D, subgenótipo D2

(Figura 5).

Tabela 5 - Características sorológicas e moleculares das amostras HBsAg reagentes de pacientes com tuberculose em Goiânia-GO

Amostra HBeAg Anti-HBe Anti-HBc HBV-DNA Genótipo (Subgenótipo)

TB 04 TB 100 TB 104 TB 105 TB 120 TB 189 TB 218 TB 219 TB 230 TB 232 TB 280 TB 332 TB 363

+ - - - - - -

+ - - - - -

-

+

+

+

+ - - - - -

+

+ -

+

+

+ -

+ - -

+ - -

+

+

+

+

+/-

+ -

+

+

+

+ - -

+

+

+/-

A (A2)

-

D (D2) -

A (A1)

A

A

A (A1) - -

A (A1)

A (A1) -

+/- : positivo fraco

Page 67: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

67

Figura 5 – Árvore filogenética da região S do vírus da hepatite B, incluindo seis sequências

obtidas de pacientes com tuberculose (TB) em Goiânia-GO e 20 sequências do Genbank dos

genótipos A-H (apresentadas pelo número de acesso, seguido do local de origem).

TB280

TB332

AY344107-A1 Brasil

TB219

TB120

U87742-A1 África do Sul

AY344098-A2 Brasil

TB04

AF143306-A2 Alemanha

AB194951-A3 Camarões

AF160501-G França

AF282918-B China

V00867-C Japão

AB048702-D4 Austrália

FN594770-D8 Nigéria

FJ904428-D7 Tunísia

FJ865548-D3 Brasil

AB493846-D6 Indonésia

AB033558-D1 Japão

DQ315779-D5 India

TB104

FJ865554-D2 Brasil

AB205126-D2 Japão

X75664-E África (oeste)

X69798-F Brasil

AY090457-H Nicarágua

99

82

88

81

73

99

78

87

0.000.010.020.03

Page 68: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

68

4.5- INFECÇÃO OCULTA PELO HBV

Das nove amostras com perfil anti-HBc reagente isolado, uma foi HBV-DNA positiva.

Dentre 81 amostras anti-HBc e anti-HBs reagentes, 12 foram HBV-DNA positivas. Assim sendo,

o índice de infecção oculta pelo HBV foi de 14,4% (13/90) nos pacientes com tuberculose anti-

HBc reagentes. A Tabela 6 mostra as principais características dos pacientes com infecção oculta

pelo HBV. A idade variou de 32 a 76 anos, e houve predomínio de sexo masculino. Em relação

aos marcadores sorológicos de hepatite B, a maioria dos pacientes foi anti-HBc e anti-HBs

positiva, enquanto apenas um paciente apresentou o perfil anti-HBc isolado. Três indivíduos

tiveram sorologia positiva para anti-HCV e três para anti-HIV.

Tabela 6 - Características dos pacientes com infecção oculta pelo HBV

Amostra Idade Sexo Perfil sorológico

TB 01 TB 28 TB 30 TB 32 TB 46 TB 62 TB 63 TB 133 TB 149 TB 198 TB 324 TB 347 TB 386

48

70

32

38

37

34

51

70

62

58

52

54

76

M

F

F

M

F

M

M

M

M

M

F

M

M

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HBs+/Anti-HCV+/Anti-HIV+

Anti-HBc+/Anti-HBs+/Anti-HCV+/Anti-HIV+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/anti-HBs+/Anti-HCV+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

Anti-HBc+/Anti-HIV+

Anti-HBc+/Anti-HBs+

M= masculino, F= feminino.

Page 69: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

69

5- DISCUSSÃO

O presente trabalho consiste no primeiro estudo realizado na Região Centro-Oeste sobre a

infecção pelo vírus da hepatite B em pacientes com tuberculose, onde foram avaliados os aspectos

epidemiológicos, como prevalência dos marcadores sorológicos do HBV e fatores de risco, além

de aspectos moleculares, como detecção do DNA viral, diagnóstico de infecção oculta e

determinação dos genótipos virais.

Ao analisarmos as características sociodemográficas, observou-se que a maioria dos

indivíduos estudados era do sexo masculino, com baixa escolaridade e renda familiar. Dados que

estão de acordo com outros estudos em pacientes com TB realizados no Brasil, que também

encontraram maior freqüência de homens, principalmente em faixas etárias economicamente ativas

e com baixo nível socioeconômico (Coelho et al. 2009, Oliveira et al. 2009, Gonçalves et al. 2010,

Maciel et al. 2010, Miller et al. 2010).

A prevalência global de 25,6% (IC 95%: 21,5-30,2) para infecção pelo HBV encontrada

em pacientes com TB neste estudo pode ser considerada elevada quando comparada com a

observada em um estudo multicêntrico de base populacional na Região Centro-Oeste, que foi de

5,3% (Pereira et al. 2009). Entretanto, ao se comparar com o único estudo realizado no Brasil

sobre a infecção pelo HBV em pacientes com TB, notou-se uma taxa semelhante (26,8%; IC 95%:

19,7-31,9) (Blal et al. 2005). Considerando estudos realizados em outros países, também se

observou prevalência próxima à do presente estudo, como a reportada por Pando et al. (2008) na

Argentina em pacientes com TB (19,8%; IC 95%: 14,3-26,2). Por outro lado, a prevalência

estimada neste estudo foi superior às mostradas por Kuniholm et al. (2007) na República da

Geórgia (13%; IC 95%: 9,5-17,5) e por Wang et al. (2011) em Taiwan (11,7%; IC 95%: 6,8-15,5).

A prevalência do HBsAg, marcador de infecção ativa, foi de 3,2% (IC 95%: 1,4-7,0) nesta

população de pacientes com TB, mostrando-se mais elevada que na população em geral na Região

Centro-Oeste (0,47%) (Pereira et al. 2009). Quando comparada com pacientes com TB no Rio de

Janeiro, observou-se que naquele estudo, a prevalência do HBsAg em 209 pacientes com TB foi

semelhante (2,8%; IC 95%: 1,1-6,4) (Blal et al. 2005). Nos estudos realizados em outros países,

Page 70: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

70

Kuniholm et al. (2007) encontraram prevalência próxima a do presente trabalho (4,3%; IC 95%:

2,4-7,4), enquanto Sirinak et al. (2008) relataram taxa mais elevada de positividade para o HBsAg

(9%; IC 95%: 7,3-11,6) em pacientes com TB na Tailândia.

Verificou-se, ainda, um perfil sorológico peculiar em cinco pacientes, que foi a

positividade para o HBsAg, na ausência do marcador anti-HBc. Este perfil poderia ser explicado

pelo fato do HBsAg ser o primeiro marcador sorológico que surge durante o curso da infecção

pelo HBV, podendo estar presente antes mesmo do início dos sintomas (Hatzakis et al. 2006).

Outra explicação para tal fato seria detecção do HBsAg pela presença de antigenemia vacinal

(Martín-Ancel et al. 2004). Entretanto, em muitos casos nos quais se detecta este perfil sorológico,

não se consegue ainda interpretá-lo de forma definitiva ou estabelecer seu significado (Pondé

2011).

A presença do marcador anti-HBc associado ao anti-HBs, indicando infecção passada pelo

HBV, foi verificada em 81 indivíduos (20,1%). Em nove indivíduos (2,2%), o anti-HBc foi

detectado isoladamente. Este perfil sorológico pode ser encontrado no período conhecido como

“janela imunológica”, no qual há o desaparecimento do HBsAg após infecção aguda e a não

detecção do anti-HBs, em função da baixa concentração desse anticorpo ou porque o mesmo não

foi sintetizado. Essa situação pode ocorrer, ainda, devido a mutações na região S do genoma viral,

particularmente na que codifica o determinante “a”, levando à redução dos títulos do HBsAg ou,

até mesmo, a não expressão desse antígeno (Badur & Akgun 2001, Weber et al. 2001, Alhababi et

al. 2003, Gonçales & Cavalheiro 2006). Em uma revisão recente, Pondé et al. (2010) relataram

taxas variáveis de detecção do anti-HBc isoladamente, dependendo da prevalência da infecção

pelo HBV na região estudada e da população avaliada.

Neste estudo, dentre as nove amostras com perfil anti-HBc reagente isolado, apenas uma

apresentou HBV-DNA positivo, enquanto 12 das 81 amostras anti-HBc e anti-HBs reagentes

apresentaram positividade para o DNA viral, indicando um índice de infecção oculta pelo HBV de

14,4%. Dentre os estudos que avaliaram a prevalência do HBV em pacientes com TB, tanto no

Brasil como em outros países, em nenhum foi determinada a taxa de pacientes com infecção oculta

(Blal et al. 2005, Kuniholm et al. 2007, Sirinak et al. 2008). Assim, ao compararmos os resultados

do presente estudo com outro realizado em doadores de sangue e pacientes HIV soropositivos,

Page 71: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

71

observou-se que, nos doadores, o índice de infecção oculta foi de 4% e, nos pacientes com HIV, de

5% (Jardim et al. 2008), sendo inferiores em relação àquele encontrado nos pacientes com TB. Por

outro lado, Araujo et al (2008), avaliando também pacientes HIV positivos, observaram uma taxa

de infecção oculta de 14%, sendo semelhante à encontrada neste estudo. Já em nossa região, um

estudo realizado com usuários de drogas não injetáveis detectou índice inferior de infecção oculta

pelo HBV (3,6%) (Ferreira et al. 2009). Ainda não se dispõe de estudos convincentes a respeito de

que este tipo de infecção possa estar relacionada a condições clínicas de doença hepática crônica,

mas o mais provável é que a mesma não seja clinicamente relevante na maioria dos casos (Liang

2009). No entanto, há evidências de transmissão viral, mesmo com baixo nível de replicação do

HBV (Raimondo et al. 2007, Hollinger & Sood 2010, Said 2011). Por se tratar de um estudo

transversal, a presente investigação não se propôs a acompanhar a evolução clínica dos pacientes.

A positividade isolada para o marcador anti-HBs foi encontrada em 44 indivíduos (10,9%),

indicando que uma pequena parte dessa população apresentou evidência sorológica de vacinação

prévia contra a hepatite B. Da população de 402 pacientes estudados, apenas 62 (15,4%) relataram

vacinação prévia contra hepatite B e, destes, apenas 49 (12,2%) souberam informar sobre o

número de doses recebidas, sendo que 38 indivíduos informaram ter recebido as três doses (dados

não apresentados). No Rio de Janeiro, também se observou baixo índice de cobertura vacinal em

pacientes com TB (2,4%) (Blal et al. 2005), indicando que esta cobertura ainda é deficitária em

nosso país para populações em risco de infecção pelo HBV. De fato, a baixa cobertura vacinal

evidenciada nesta população foi também semelhante àquela observada em usuários de drogas na

mesma região (7,8%) (Ferreira et al. 2009), e pode estar associada em ambos a fatores econômicos

e sociais, como baixa escolaridade e renda, bem como a falta de infraestrutura adequada de saúde

pública, além da dificuldade de adesão ao atual esquema vacinal de três doses.

Dentre os fatores de risco associados à infecção pelo HBV na população estudada,

verificou-se, na análise multivariada, que pacientes com idade maior ou igual a 50 anos

apresentaram 2,9 vezes (IC 95%: 1,2-7,0; p=0,02) mais chances de exposição ao HBV. Pacientes

com TB no Rio de Janeiro também mostraram resultados compatíveis com o presente estudo,

apresentando maior prevalência do HBV de acordo com o aumento da faixa etária (Blal et al.

2005), sugerindo transmissão horizontal do vírus nessa população. Na Argentina, Pando et al.

Page 72: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

72

(2008) também encontraram associação significativa entre idade avançada e prevalência do HBV.

Na República da Geórgia e Tailândia, estudos em pacientes com TB não definiram a faixa etária

como fator de risco significativo (Kuniholm et al. 2007, Sirinak et al. 2008), fato que pode ser

explicado em função de terem sido realizados em áreas de alta endemicidade para hepatite B, onde

um importante mecanismo de transmissão é a via vertical, acometendo indivíduos em fases

precoces da vida (Te & Jensen 2010).

Outro fator de risco que se mostrou estatisticamente significativo, na análise multivariada,

foi uso de drogas ilícitas injetáveis, cujo risco foi 4,1 vezes (IC 95%: 1,4-11,6; p< 0,01) maior do

que os pacientes que nunca usaram drogas. Nos pacientes com TB estudados no Rio de Janeiro,

este fator de risco se mostrou estatisticamente significativo apenas naqueles coinfectados com HIV

(Blal et al. 2005). Estudos conduzidos em outros países em pacientes com TB também mostraram

que o uso de drogas injetáveis realmente se constitui em importante fator de risco para infecção

pelo HBV nestes pacientes, como na Argentina, em que o risco de usuários de drogas injetáveis foi

6,6 vezes maior (Pando et al. 2008); na Geórgia, com risco 3,6 vezes maior (Kuniholm et al.

2007), e na Tailândia, 3,2 vezes maior (Sirinak et al. 2008).

Os pacientes usuários de drogas não injetáveis apresentaram 2,5 (IC 95%: 1,2-5,2; p= 0,02)

vezes mais chances de infecção pelo HBV do que aqueles que nunca usaram drogas. Em nossa

região, foi encontrada prevalência global do HBV de 14% em usuários de drogas não injetáveis,

cujo risco pode ocorrer pelo compartilhamento de equipamentos utilizados para o preparo e

consumo das drogas (Ferreira et al. 2009).

Ao se proceder a análise univariada, verificou-se que indivíduos do sexo masculino

apresentaram 1,8 (IC 95%: 1,0-3,1) vezes mais chances de adquirir hepatite B, assim como aqueles

que relataram uso de álcool (OR=1,8; IC 95%: 1,1-3,0), entretanto a associação entre estas

variáveis e infecção pelo HBV não se confirmou na análise multivariada. O maior risco de

infecção pelo HBV em homens foi reportado por outros autores (Lewis-Ximenez et al. 2002,

Ferreira et al. 2006). O uso crônico de álcool também já foi relatado como atividade mais

frequente no sexo masculino, podendo estar relacionada a outras práticas que favorecem a

transmissão do HBV, como comportamento sexual de risco e uso de drogas ilícitas (Reuben 2007,

Page 73: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

73

Mincis 2008). Além disso, o uso crônico de álcool também se caracterizou em um recente estudo

como fator de risco para TB (Rehm et al. 2009).

Ainda na análise univariada, aqueles que relataram atividade sexual com parceiro do

mesmo sexo apresentaram 2,1 (IC 95%: 1,0-4,2) vezes mais chance de se infectarem pelo HBV, e

apesar de tal atividade não ter permanecido como fator de risco na análise multivariada, deve ser

valorizada, já que a atividade sexual de risco é uma das mais freqüentes formas de transmissão

desse vírus em adultos (Alter 2003). Homens que fazem sexo com homens se constituem como um

dos principais grupos em risco para infecção pelo HBV (Alter & Margolis 1990, Blal et al. 2005,

Sirinak et al. 2008). Na Europa, atividade sexual de risco foi descrita como responsável pela

maioria dos casos novos de hepatite B (Spada et al. 2001, Veldhuijzen et al. 2005).

Em alguns estudos, a presença de tatuagens e/ou piercings foi associada à infecção pelo

HBV (Mowat et al. 1973, Limentani et al. 1979). Em Goiânia, um trabalho com adolescentes

mostrou também tal associação (Oliveira et al. 2006). Porém, outras investigações conduzidas no

Brasil e na América do Norte na última década não relataram essa associação (Nishioka et al.

2002; 2003, Goldman et al. 2009), fato também observado no presente trabalho.

Com relação à história de transfusão sanguínea, também não foi observada significância

estatística. Sabe-se que o vírus da hepatite B é passível de transmissão por sangue contaminado,

sendo esse risco maior em pacientes politransfundidos (de Paula et al. 2005). Entretanto, vários

estudos realizados no Brasil que avaliaram tal risco, assim como o presente trabalho, não

relacionaram a transfusão sanguínea como fator de risco significativo para infecção pelo HBV

após a implantação da triagem sorológica para os marcadores HBsAg e anti-HBc total nos bancos

de sangue (Andrade et al. 2006, Kupski et al. 2008, Maresch et al. 2008, Cruz et al. 2009).

Dentre as amostras HBsAg reagentes, em 10 (76,9%) foi detectado o HBV-DNA,

considerado marcador de infecção e de replicação viral. Outro marcador de replicação viral, o

HBeAg, foi encontrado em apenas duas destas amostras, enquanto o anti-HBe foi reagente em seis

delas. A presença do HBV-DNA é um marcador definitivo de replicação viral, enquanto o HBeAg

pode estar ausente mesmo em pacientes com replicação devido à presença de mutações nas regiões

pré-core e/ou promotor basal do core, que levam à diminuição na expressão desse antígeno

Page 74: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

74

(Hadziyannis & Vassilopoulos 2001, Hennig et al. 2002). Em três amostras HBsAg reagentes, não

foi detectado o DNA viral, fato que pode ter ocorrido em função de uma carga viral baixa ou pela

presença de antigenemia vacinal (Martín-Ancel et al. 2004).

Das 10 amostras em que se detectou o HBV-DNA, oito foram genotipadas. O genótipo A

foi encontrado em sete delas e o genótipo D em apenas uma. Semelhantemente, um amplo estudo

realizado em doadores de sangue provenientes das cinco regiões do Brasil mostrou maior

prevalência do genótipo A (48,5%), seguido pelos genótipos D (38,5%) e F (13%) (Mello et al.

2007). Um trabalho soroepidemiológico de base populacional também encontrou circulação dos

genótipos A, D e F na Região Centro-Oeste, sendo o genótipo A o mais prevalente (Pereira et al.

2009), bem como outros estudos realizados na Região Centro-Oeste, incluindo pacientes de

hemodiálise (Teles et al. 2002), comunidades afro-descendentes isoladas (Motta-Castro et al. 2005,

Matos et al. 2009) e usuários de drogas ilícitas (Ferreira et al. 2009).

Além disso, a análise filogenética mostrou que quatro das cinco amostras do genótipo A

eram do subgenótipo A1, também conhecido como subgenótipo Aa, onde “a” indica procedência

africana (Sugauchi et al. 2004). Tais achados sugerem a procedência africana para o genótipo A,

subgenótipo Aa, circulante no Brasil, assim como em outros estudos (Araujo et al. 2004, Motta-

Castro et al. 2005, Matos et al. 2009).

Diante dos resultados encontrados neste estudo, pode-se dizer que os pacientes com TB

têm maior prevalência de infecção pelo HBV, em relação à população em geral na nossa região,

sendo o uso de drogas ilícitas e idade avançada os principais fatores de risco. Além disso,

encontrou-se um índice baixo de imunização contra hepatite B, e consequentemente um grande

contingente de pacientes suscetíveis à infecção pelo HBV. Portanto, torna-se necessária a

implementação com maior efetividade de medidas educativas para a promoção da saúde, assim

como intensificar a vacinação contra hepatite B na população estudada.

Page 75: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

75

6- CONCLUSÕES

• A prevalência global da infecção pelo HBV em pacientes com tuberculose em Goiânia-GO

de 25,6% foi semelhante à observada no único estudo brasileiro realizado nesta população

até o momento (26,8%), e mais elevada do que à estimada na população em geral na

mesma região (5,3%);

• Após análise multivariada, idade maior ou igual a 50 anos e história de uso de drogas

ilícitas, seja injetável ou não injetável, foram associadas à infecção pelo HBV, o que é

concordante com outros estudos conduzidos em pacientes com tuberculose;

• Das dez amostras HBsAg reagentes em que se detectou o DNA viral, oito foram

genotipadas como dos genótipos A (n=7) e D (n=1), dados que corroboram os de outros

estudos conduzidos em Goiás e no Brasil;

• O índice de infecção oculta pelo HBV foi de 14,4% nos pacientes com tuberculose anti-

HBc positivos;

• Encontrou-se um índice baixo de imunização contra hepatite B nesta população (10,9%).

Page 76: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

76

7- REFERÊNCIAS

Alhababi F, Sallam TA, Tong CY 2003. The significance of “anti-HBc only” in the clinical virology laboratory. J Clin Virol 27: 163-169. Allain JP 2006. Epidemiology of hepatitis B vírus and genotype. J Clin Virol 36: S12-17. Alter HJ, Purcell RH, Gerin JL, London WT, Kaplan PM, McAuliffe VJ 1977. Transmission of hepatitis B to chimpanzees by hepatitis B surface antigen-positive saliva and semen. Infect Immun 16: 928-933. Alter MJ, Margolis HS 1990.The emergence of hepatitis B as a sexually transmitted disease. Med

Clin N Am 74: 1529-1541. Alter MJ 2003. Epidemiology of hepatitis B in Europe and worldwide. J Hepatol 39: S64-S69. Alves AS, Nascimento CM 2001. Hepatitis B vaccine in infants: a randomized controlled trial comparing gluteal versus anterolateral thig muscle administration. Rev Inst Med Trop S Paulo 43: 139-143. Andrade AF, Oliveira-Silva M, Silva SG, Motta IJ, Bonvicino CR 2006. Seroprevalence of hepatitis B and C virus markers among blood donors in Rio de Janeiro, Brazil, 1998-2005. Mem

Inst Oswaldo Cruz 10: 673-676. Araujo NM, Mello FC, Yoshida CFT, Niel C, Gomes AS 2004. High proportion of subgroup A (genotype A) among Brazilian isolates of hepatitis B virus. Arch Virol 149: 1383-1395. Araujo NM, Branco-Vieira M, Silva AC, Pilotto JH, Grinsztejn B, de Almeida AJ, Trepo C, Gomes AS 2008. Occult hepatitis B virus infection in HIV-infected patients: Evaluation of biochemical, virological and molecular parameters. Hepatol Res 38: 1194-1203. Arauz-Ruiz P, Norder H, Robertson BH, Magnius LO 2002. Genotype H: a new Amerindian genotype of hepatitis B vírus revealed in Central América. J Gen Virol 83: 2059-2073. Arboleda M, Castilho MC, Fonseca JCF, Albuquerque BC, Saboia RC, Yoshida CFT 1995. Epidemiological aspects of hepatitis B and D virus infection in the northern region of Amazonas, Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg 89(5): 481-483.

Page 77: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

77

Azevedo MSP, Cardoso DDP, Martins RMB, Daher RR, Camarota SCT, Barbosa AJ 1994. Rastreamento sorológico para hepatite B em profissionais de saúde na cidade de Goiânia-Goiás. Rev Soc Bras Med Trop 27: 157-162. Badur S, Akgun A 2001. Diagnosis of hepatitis B infection and monitoring of treatment. J Clin

Virol 21: 229-237. Banatvala JE, Van Damme P 2003. Hepatitis B vaccine – Do we need boosters? J Viral Hep 10: 1-6. Bancroft WH, Snitbhan R, Scott RM, Tingpalapong M, Watson WT, Tanticharoenyos P 1977. Transmission of hepatitis B virus to gibbons by exposure to human saliva containing hepatitis B surface antigen. J Infect Dis 135: 79-85. Banerjee A, Kurbanov F, Datta S, Chandra PK, Tanaka Y, Mizokami M, Chakravarty R 2006. Phylogenetic relatedness and genetic diversity of hepatitis B virus isolates in Eastern India. JMed

Virol 78: 1164-1174. Bartholomeusz A, Locarnini S 2006. Hepatitis B virus mutations associated with antiviral therapy.

J Med Virol 78: 52-55. Bastos CC 2000. Estudo soroepidemiológico para o vírus da hepatite B, hepatite C e da imunodeficiência humana em pacientes com doenças falciformes. Dissertação de mestrado: Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), 79p. Bates MN, Khalakdina A, Pai M, Chang L, Lessa F, Smith KR 2007. Risk of tuberculosis from exposure to tobacco smoke: a systematic review and meta-analysis. Arch Intern Med 167: 335-342. Baumert TF, Thimme R, Von Weizsacker F 2007. Pathogenesis of hepatitis B virus infection. World J Gastroenterol 13(1): 82-90. Bellamy R 2005. Genetic susceptibility to tuberculosis. Clin Chest Med 26: 233-246. Bermudez LE, Sangari FJ, Kolonoski P, Petrofski M, Goodman J 2002. The efficiency of Mycobacterium tuberculosis across a bilayer of epithelial and endothelial cells as a model of the alveolar wall is a consequence of transport within mononuclear phagocytes and invasion of alveolar epithelial cells. Infect Immun 70: 140-146.

Page 78: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

78

Bierrenbach AL, Gomes ABF, Noronha EF, Souza MFM 2007. Incidência de tuberculose e taxa de cura, Brasil, 2000 a 2004. Rev Saúde Publica 41 (Supl. 1): 24-33. Bigger JW 1943. Jaundice in syphilitics under treatment. Lancet I: 457. Blal CA, Passos SRL, Horn C, Georg I, Bonecini-Almeida MG, Rolla VC, De Castro L 2005. High prevalence of hepatitis B vírus infection among tuberculosis patients with and without HIV in Rio de Janeiro, Brazil. Eur J Clin Microbiol Infect Dis 24: 41-43. Bloch EM, Vermeulen M, Murphy E 2011. Blood transfusion safety in Africa: a literature review of infectious disease and organizational challenges. Transfus Med Rev (in press). Blum HE 1993. Hepatitis B virus: significance of naturally occurring mutants. Intervirology 35: 40-50. Blumberg BS, Alter HJ, Visnich S 1965. A new antigen in leukemia sera. J Am Med Assoc 191:541-546. Blumberg BS, Sutnick AI, London WT 1969. Australia antigen and hepatitis. JAMA 207: 1895-1896. Borges AMT, Azevedo MSP, Martins RMB, Carneiro MAS, Naghettini A, Daher RR, Cardoso DDP 1997. Hepatite B em pacientes de centros de diálise de Goiânia – Goiás. Rev patol trop

26(1):9-16. Bortolotti F, Guido M, Bartolacci S, Cadrobbi P, Crivellaro C, Noventa F 2006. Chronic hepatitis B in children after e antigen seroclearance: final report of a 29-years longitudinal study. Hepatology 43: 556-562. Bottecchia M, Souto FJ, Amendola M, Brandão CE, Niel C, Gomes AS 2008. Hepatitis B virus genotypes and resistance mutations in patients under long term Lamivudine therapy: Characterization of genotype G in Brazil. BMC Microbiol 22: 8-11. Brasil 2002. Guia de vigilância epidemiológica, 5ª ed. Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Brasília-DF, 842p. Brasil 2003. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Imunizações 30 anos. Série C. Projetos, Programas e Relatórios. Brasília-DF, 208p.

Page 79: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

79

Brasil 2005. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Hepatites Virais: o Brasil está atento. Brasília-DF, 40p. Brasil 2006. Ministério da Saúde. Manual dos centros de referência para imunobiológicos especiais, 3ª edição, Brasília-DF. Brasil 2008. Ministério da Saúde. Hepatites Virais: o Brasil está atento, 3ª edição. Brasília-DF. Brasil 2009. A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários da saúde. Brasília-DF. Brasil 2010. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Nota técnica nº 89/2010 CGPNI/DEVEP/SVS/MS. Brasília-DF, 04 de agosto de 2010. Brasil 2011. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico – Hepatites Virais. Bréchot C, Thiers V, Kremsdorf D, Nalpas B, Pol S, Paterlini-Bréchot P 2001. Persistent hepatitis B vírus infection in subjects without hepatitis B surface antigen: clinically significant or purely “occult”? Hepatology 34: 194-203. Bruguera M 2006. Prevención de las hepatitis virales. Enferm Infecc Microbiol Clin 24: 649-656. Brunetto MR, Stemler M, Bonino F, Schodel F, Oliveri F, Rizetto M, Verme G, Will H 1990. A new hepatitis B vírus strain in patients with severe anti-HBe positive chronic hepatitis B. J

Hepatol 10: 258-261. Bruss V, Gerlich WH 1988. Formation of transmembraneous hepatitis B e-antigen by cotranslational in vitro processing of the viral precore protein. Virology 163: 268-75. Cacciola S, Pollicino T, Squadrito G, Cerenzia G, Orlando ME, Raimondo G 1999. Occult hepatitis B virus infection in patients with chronic hepatitis C liver disease. N Engl J Med 341: 22-26. Cardoso DDP, Azevedo MPP, Martins RMB; Barbosa AJ, Camarota SCT 1990. Soroprevalência para infecçäo pelo vírus da hepatite B pelos marcadores AgHBs e anti-HBs em populaçäo feminina de área urbana de Goiânia-Go. Rev patol trop 19:135-41. Cardoso DDP, Faria EL, Azevedo MSP, Queiroz DAO, Martins RMB, Souza TT, Daher RR, Martelli CMT 1996. Soroepidemiologia para o vírus da hepatite B (VHB) em

Page 80: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

80

gestantes/parturientes e sua transmissäo para recém-nascidos em Goiânia-GO. Rev Soc Bras Med

Trop 29(4):349-353. Carman WF, Jacyna MR, Hadziyannis S, Karayiannis P, McGarvey MJ, Makris A, Thomas HC 1989. Mutation preventing formation of hepatitis B e antigen in patients with chronic hepatitis B infection. Lancet 2: 588-591. Carman WF, Karayiannis P, Waters J, Zuckerman AJ, Thomas HC 1990. Vaccine-induced escape mutant of hepatitis B vírus. Lancet 336: 325-329. Carneiro AF, Daher RR 2003. Soroprevalência do Vírus e Hepatite B em Anestesiologistas. Rev

Bras Anestesiol 53(5): 672-679. Carrilho FJ 2001. Hepatitis B virus infection in hemodyalisis centers from Santa Catarina state, southern Brazil. Preditive risk factors for infection and molecular epidemiology. Rev Inst Med

Trop S Paulo 43(2): 86-90. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) 2004. Incidence of acute hepatitis B United States, 1990-1992. MMWR Morb Mortal Wklt Rep 52: 1252-1254. Chan HLY, Leung NWY, Hussain M, Wong ML, Lok ASF 2000. Hepatitis B e antigen-negative chronic hepatitis B in Hong-Kong. Hepatology 31: 763-768. Chan HL, Hui AY, Wong ML 2004. Genotype C hepatitis B virus infection is associated with an increased risk of hepatocellular carcinoma. Gut 53: 1494-1498. Chang MH, Sung JL 1989. Factors affecting clearance of hepatitis B e antigen in hepatitis B surantigen carrier children. J Pediatr 115: 391-394. Chang MH 2006. Hepatitis B virus mutation in children. Indian J Pediatr 73: 803-807. Chen CJ, Yang HI, Su J, Jen CL, You SL, Lu SN 2006. Risk of hepatocellular carcinoma across a biological gradient of serum hepatitis B virus DNA level. JAMA 295: 65-73. Chen CH, Hung CH, Lee CM 2007. Pre-S deletion and complex mutations of hepatitis B virus related to advanced liver disease in HBeAg-negative patients. Gastroenterology 133: 1466-1474. Chen CH, Changchien CS, Lee CM, Hung CH, Hu TH, Wuang JH, Wang JC, Lu SN 2008. Combined mutations in pre-S/surface and core promoter/precore regions of hepatitis B virus increase the risk of hepatocellular carcinoma: a case-control study. J Infect Dis 198: 1634-1642.

Page 81: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

81

Chen JJ, Yu CB, Du WB, Li LJ 2011. Prevalence of hepatitis B and C in HIV-infected patients: a meta-analysis. Hepatobiliary Pancreat Dis Int 10: 122-127. Chisari FV 1995. Hepatits B virus transgenic mice: insights into the virus and the disease. Hepatology 22: 316-325. Chou YC, Yu MW, Wu CF 2008. Temporal relationship between hepatitis B virus enhancer II/basal core promoter sequence variation and risk of hepatocellular carcinoma. Gut 57:91-97. Chu CM, Liaw YF 2005. Genotype C hepatitis B virus infection is associated with a higher risk of reactivation of hepatitis B and progression to cirrhosis than genotype B: a longitudinal study of hepatitis B e antigen-positive patients with normal aminotransferase levels at baseline. J Hepatol 43: 411-417. Chu CM, Liaw YF 2007. Chronic hepatitis B virus infection acquired in childhood: special emphasis on prognostic and therapeutic implication of delayed HBeAg seroconversion. J Viral

Hepat 14: 147. Clemens SA, Fonseca JC, Azevedo T, Cavalcanti A, Silveira TR, Castilho MC, Clemens R 2000. Hepatitis A and hepatitis B seroprevalence in four centers in Brazil. Rev Soc Bras Med Trop 33: 1-10. Coelho AG, Zamarioli LA, Perandones CA, Cuntieri I, Waldman EA 2009. Characteristics of pulmonary tuberculosis in a hyperendemic area: the city of Santos, Brazil. J Bras Pneumol 35: 998-1007. Cooper AM 2009. Cell mediated immune responses in tuberculosis. Annu Rev Immunol 27: 393-422. Costa EFA 2004. Análise da soroprevalência para as infecções pelos vírus das hepatites B e C em idosos residentes em asilos no município de Goiânia. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical- IPTSP/UFG, 106p. Couroucè-Pauty AM, Lemaire JM, Roux JF 1978. New hepatitis B surface antigen subtypes inside the ad category. Vox Sang 35: 304-8. Coursaget P, Yvomet B, Chotard J 1987. Age and sex-related study of hepatitis B virus chronic carrier state in infants from an endemic area. J Med Virol 22: 1-5.

Page 82: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

82

Cruz CR, Shirassu MM, Martins WP 2009. Comparison between hepatitis B and C epidemiological profiles at a public institution in São Paulo, Brazil. Arq Gastroenterol 46: 225-229. Da Villa G, Romano L, Sepe A, Lorio R, Paribello N, Zappa A, Zanetti AR 2007. Impact of hepatitis B vaccination in a highly endemic area of south Italy and long-term duration of anti-HBs antibody in two cohorts of vaccinated individuals. Vaccine 25: 3133-3136. Dai MS, Lu JJ, Chen YC, Perng CL, Chao TY 2001. Reactivation of precore mutant hepatitis B virus in chemotherapy-treated patients. Cancer 92: 2927-2932. Dane DS, Cameron CH, Briggs M 1970. Virus-like particles is serum of patients with Australia antigen associated hepatitis. Lancet 2: 695-698. DATASUS. Brasília: Ministério da Saúde [cited 2009 Sep 5]. TUBERCULOSE – casos confirmados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN. Available from: http://dtr2004.saude.gov.br/sinamweb/tabnet/dh?sinannet/tuberculose/bases/tubercbrnet.def. Davis JM, Ramakrishnan L 2009. The role of the granuloma in expansion of early tuberculous infection. Cell 136: 37-49. De Castro L, Araujo NM, Sabino RR, Alvarenga F, Yoshida CFT, Gomes SA 2000. Nosocomial spread of hepatitis B vírus in two hemodialysis units investigated by restriction fragment lenght polymorphism analysis. Eur J Clin Microbiol Infect Dis 19: 531-537. De Franchis R, Meucci G, Vecchi M, Tatarella M, Colombo M, Del Ninno E 1993. The natural history of asymptomatic hepatitis B surface antigen carriers. Ann Intern Med 118: 191-194. De Paula EV, Gonçales NS, Xueref S, Addas-Carvalho M, Gilli SC, Angerami RN, Verissimo MP, Gonçales Jr FL 2005. Transfusion-transmitted infections among multi-transfused patients in Brazil. J Clin Virol 34 (Suppl 2): S27-S32. Dheda K, van Zyl-Smit RN, Meldau R, Meldau S, Symons G, Khalfey H, Govender N, Rosu V, Sechi LA, Maredza A 2009. Quantitative lung T cell responses aid the rapid diagnosis of pulmonary tuberculosis. Thorax 64: 847-853. Dye C 2006. Global epidemiology of tuberculosis. Lancet 367: 938-940. Dye C, Scheele S, Dolin P, Pathania V, Raviglione MC 1999. Consensus statement. Global burden of tuberculosis: estimated incidence, prevalence, and mortality by country. WHO Global Surveillance and Monitoring Project. JAMA 282: 677-686.

Page 83: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

83

EASL Clinical practice guidelines 2009: Management of chronic hepatitis B. J Hepatol 50: 227-242. Elgouhari HM, Tamimi TL, Carey WD 2008. Hepatitis B virus infection: Understanding its epidemiology, course and diagnosis. Cleveland Clinic Journal of Medicine 75: 881-889. European Consensus Group on Hepatitis B Immunity 2000. Are boosters immunizations needed for lifelong hepatitis B immunity? Lancet 355: 561-565. Fang CT 2006. Blood screening for HBV-DNA. J Clin Virol 36: S30-S32. Fattovich G, Bortolotti F, Donato F 2008. Natural history of chronic hepatitis B: special emphasis on disease progression and prognostis factors. J Hepatol 48: 335-352. Ferrari C, Missale G, Boni C, Urbani S 2003. Immunopathogenesis of hepatitis B. J Hepatol 39 (Suppl 1): S36-S42. Ferreira CRB, Yoshida CFT, Mercadante LAC, Gomes DF, Oliveira JM, França MS, Sidoni M, Ennes IC, Baptista ML, Gaspar AMC 1993. Immunization against hepatitis B in children from endemic zone: evaluation of the antibody response against the DNA recombinant vaccine. Rev Inst

Med Trop S Paulo 35(1): 89-92. Ferreira MS 2000. Diagnóstico e tratamento da hepatite B. Rev Soc Bras Med Tropical 33: 389-400. Ferreira RC, Teles SA, Dias MA, Tavares VR, Silva SA, Gomes SA, Yoshida CF, Martins RMB 2006. Hepatitis B vírus infection profile in hemodialysis patients in Central Brazil: prevalence, risk factors, and genotypes. Mem Inst Oswaldo Cruz 101: 689-692. Ferreira RC, Rodrigues FP, Teles SA, Lopes CLR, Motta-Castro ARC, Novais ACM, Souto FJD, Martins RMB 2009. Prevalence of hepatitis B vírus and risk factors in Brazilian non-injecting drug users. J Med Virol 81: 602-609. Fitzgerald D, Haas D 2004. Mycobacterium tuberculosis. In: Mandell GL, Bennett JE, Dolin R, editors. Principles and practice of infectious diseases. 6 ed. Edinburgh: Churchill Livingstone; p. 2852-2883. Foccacia R 2005. Hepatites virais: quadro clinico das formas agudas. In: Veronesi R, editor. Tratado de Infectologia. 3 ed. Atheneu; P. 425-427.

Page 84: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

84

Fonseca JCF 1989. Hepatite B no estado do Amazonas. Mod Hepatol 14(1): 33-35. François G, Kew M, Van Damme P, Mphahlele MJ, Meheus A 2001. Mutant hepatitis B viruses: a matter of academic interest only or a problem with far-reaching implications ? Vaccine 19: 3799-3815. Freitas J 2003. Hepatitis víricas perspectiva histórica. Disponível em: www.aidsportugal.com/hepatitis/9_35.pdf. Acessado em: 01/08/2011. Frieden TR, Sterling TR, Munsiff SS, Watt CJ, Dye C 2003. Tuberculosis. Lancet 362: 887-899. Ganem D 1996. Hepadnaviridae: The viruses and their replication. In: Virology. Fields BN, Knipe DM (eds). Howley, 3rd edition. Lippincot-Raven, 2703-2737. Ganem D, Varmus HE 1997. The molecular biology of the hepatitis B viruses. Annu Rev Biochem 56: 651-93. Ganem D, Prince AM 2004. Hepatitis B virus infection – Natural history and clinical consequences. N Engl J Med 350: 1118-1129. Gardam MA, Keystone EC, Menzies R, Manners S, Skamene E, Long R 2003. Anti-tumor necrosis factor agents and tuberculosis risk: mechanism of action and clinical management. Lancet

Infect Dis 3: 148-155. Gerlich WH, Glebe D, Schuttler CG 2007. Deficiencies in the standardization and sensitivity of diagnostic tests for hepatitis B virus. J Viral Hepat 14(1): 16-21. Gingeras TR, Ghandour G, Wang E, Berno A, Small PM, Drobniewski F, Alland D, Desmond E, Holodniy M, Drenkow J 1998. Simultaneous genotyping and species identification using hybridization pattern recognition analysis of generic Mycobacterium DNA. Genome Res 8: 435-448. Glebe D 2007. Recent advances in hepatitis B virus research: a german point of view. World J

Gastroenterol 13(1): 8-13. Golden MP, Vikran HR 2005. Extrapulmonary tuberculosis: an overview. Am Farm Phys 72: 1761-1768. Goldman M, Xi G, Yi QL, Fan W, O’Brien SF 2009. Reassessment of deferrals for tattoing and piercing. Transfusion 49: 648-654.

Page 85: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

85

Gonçales Jr FL 1996. Hepatite B. In: Veronesi Tratado de Infectologia. São Paulo: Atheneu 299-314. Gonçales Jr FL 2002. Hepatite B. In: Veronesi R & Foccacia R. Tratado de Infectologia. 2a edição. São Paulo: Atheneu 302-315. Gonçales Jr FL, Pereira JS 2003. Hepatitis B virus DNA in sera of blood donors and of patients infected with hepatitis C virus and human immunodeficiency virus. Clin Diagn Lab Immunol 10: 718-720. Gonçales NS, Cavalheiro NP 2006. Marcadores sorológicos da hepatite B e sua interpretação. Braz

J Infect Dis 10 (Suppl 1):19-22. Gonçales NS, Gonçales Jr FL 2006. Perfis sorológicos anômalos, genótipos e mutantes do VHB. Braz J Infect Dis 10 (Suppl 1): 23-27. Gonçalves BD, Cavalini LT, Valente JG 2010. Epidemiological monitoring of tuberculosis in a general teaching hospital. J Bras Pneumol 36: 347-355. Grob P, Jilg W, Bornhak H, Gerken G, Gerlich W, Günther S, Hess G, Hüdig H, Kitchen A, Margolis H, Michel G, Trepo C, Will H, Zanetti A, Mushahwar I 2000. Serological pattern “anti-HBc alone” : report on a workshop. J Med Virol 62: 450-455. Guidotti LG, Chisari FV 1996. To kill or to Cure: options in host defense against viral infection. Current Opinion in Immunology 8: 478-483. Hadziyannis SJ, Vassilopoulos D 2001. Hepatitis B e antigen-negative chronic hepatitis B. Hepatology 34: 617-624. Hadziyannis SJ, Sevastianos V, Rapti IN, Tassopoulos N 2006. Sustained biochemical and virological remission after discontinuation of 4 to 5 years of adefovir dipivoxil treatment in HBeAg-negative chronic hepatitis B. Hepatology 44 (Suppl. 1): 231A-232A. Hatzakis A, Magiorkinis E, Haida C 2006. HBV virological assessment. J Hepatol 44: S71-76. Henkler FF, Koshy R 1996. Hepatitis B virus transcriptional activators: mechanisms and possible role in oncogenesis. J Viral Hepat 3: 109-21. Hennig H, Puchta I, Luhm J, Schlenke P, Goerg S, Kirchner H 2002. Frequency and load of hepatitis B virus DNA in first-time blood donors with antibodies to hepatitis B core antigen. Blood 100: 2367-2641.

Page 86: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

86

Hollinger FB 1996. Hepatitis B virus. In: Fields BN, Knipe DM, Hawley PM (eds.). Fields virology. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Raven, 2739-2807. Hollinger FB 2007. Hepatitis B virus genetic diversity and its impact on diagnostic assays. J Viral

Hepat 14(1): 11-15. Hollinger FB, Sood G 2010. Occult hepatitis B virus infection: a covert operation. J Viral Hepat 17: 1-15. Hoofnagle JH, Dusheiko GM, Seef LB 1981. Seroconversion from hepatitis B e antigen to antibody in chronic type B hepatitis. Ann Intern Med 94: 744-748. Hoofnagle JH, Carithers RL, Shapiro C, Ascher N 1995. Fulminant hepatic failure: summary of a workshop. Hepatology 21: 240-252. Hou J, Liu Z, Gu F 2005. Epidemiology and prevention of hepatitis B infection. Int J Med Sci 2(1): 50-54. Hsu CW, Yeh CT 2011. Emergence of hepatitis B virus S gene mutants in patients experiencing hepatitis B surface antigen seroconversion after peginterferon therapy. Hepatology 54: 101-108. Huang LH, Geng WK, Zhang J, Lin DW, Dong F, Zhou LS, Dong YR, Zhang XW 2009. Study on liver damage caused by anti-TB drug intermittent treatment on patients with HBV-TB coinfection. Zhonghua Liu Xing Bing Xue Za Zhi 30: 286-289. Hübschen JM, Mbah PO, Forbi JC, Otegbayo JA, Olinger CM, Charpentier E, Muller CP 2011. Detection of a new subgenotype of hepatitis B virus genotype A in Cameroon but not in neighboring Nigeria. Clin Microbiol Infect 17: 88-94. Hunt CM, Mc Gill JM, Allen MI, Condreay LD 2000. Clinical relevance of hepatitis B viral mutations. Hepatology 31: 1037-1044. Hussain T 2007. Leprosy and tuberculosis: an insight review. Crit Rev Microbiol 33: 15-66. Huy TT, Tran TT, Trinh TN, Abe K 2008. New complex recombinant genotype of hepatitis B vírus identified in Vietnam. J Gen Virol 82: 5657-5663. ICTV 2009. Orthohepadnavirus; www.ictvonline.org.

Page 87: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

87

Ijaz K, Jereb JA, Lambert LA, Bower WA, Spradling PR, MacElroy P, Iademarco NF, Navin TR, Castro KG 2006. Severe of fatal liver injury in 50 patients in the United States taking Rifampin and Pyrazinamide for latent tuberculosis infection. Clin Infect Dis 42: 346-355. Iloeje UH, Yang HI, Su J, Jen CL, You SL, Chen CJ 2006. Predicting cirrhosis risk based on the level of circulating hepatitis B viral load. Gastroenterology 130: 678-686. Ismail AM, Samuel P, Eapen CE, Kannangai R, Abraham P 2011. Antiviral resistance mutations and genotype-associated aminoacid substitutions in treatment-naive hepatitis B vírus infected individuals from the Indian Subcontinent. Intervirology in press. Jafari C, Thijsen S, Sotgiu G, Goletti D, Benitez JÁ, Losi M, Eberhardt R, Kirsten D, Kalsdorf B, Bossink A 2009. Bronchoalveolar lavage enzyme-linked immunospot for a rapid diagnosis of tuberculosis: a Tuberculosis Network European Trialsgroup study. Am J Respir Crit Care Med 180: 666-673. Jamal LF, Moherdaui F 2007. Tuberculose e infecção pelo HIV no Brasil: magnitude do problema e estratégias de controle. Rev Saúde Publica 41 (Supl. 1): 104-110. Jardim RNCM, Gonçales NSL, Pereira JSF, Fais VC, Gonçales Jr FL 2008. Occult hepatitis B vírus infection in immunocompromised patients. Braz J Infect Dis 12: 300-305. Joshi N, Kumar A 2001. Immunoprophylaxis of hepatitis B vírus infection. Indian J Med

Microbiol 19: 172-183. Juniastuti, Utsumi T, Nugrahaputra VE, Amin M; Soetjipto, Hayashi Y, Hotta H, Lusida MI 2011. Another novel subgenotype of hepatitis B vírus genotype C from papuans of Highland origin. J Med Virol 83(2): 225-234. Kao JH 2007. Role of viral factors in the natural course and therapy of chronic hepatitis B. Hepatol Int 1: 415-430. Kao JH, Chen DS 2002. Global control of hepatitis B virus infection. Lancet Infect Dis 2: 395-403. Kao JH, Chen PJ, Lai MY, Chen DS 2004. Hepatitis B virus genotypes and spontaneous hepatitis B e antigen seroconversion in Taiwanese hepatitis B carriers. J Med Virol 72: 363-369. Kaufmann SHE 2005. Robert Koch, the Nobel Prize, and the ongoing threat of tuberculosis. N

Engl J Med 353: 2423-2426. Kay A, Zoulim F 2007. Hepatitis B virus genetic variability and evolution. Virus Res 127(2): 164-176.

Page 88: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

88

Kidd-Ljunggren K, Holmberg A, Bläckberg J, Lindqvist B 2006. High levels of hepatitis B virus DNA in body fluids from chronic carriers. J Hosp Infect 64: 352-357. Kim CM, Koike K 1991. HBx gene of hepatitis B virus induces liver cancer in transgenic mices. Nature 23: 317-20. Khoharo HK, Shaikh IA 2011. Drug resistance patterns in pulmonary tuberculosis. J Pak Med

Assoc 61: 229-232. Kramvis A, Kew M, François G 2005. Hepatitis B virus genotypes. Vaccine 23: 2409-2423. Kritski A, Melo FAF 2007. Tuberculosis in adults. In: Palomino JC, Leão SC, Ritacco V, editors. Tuberculosis 2007 – From basic science to patient care: www.tuberculosisTextbook.com; p. 487-523. Krugman S, Giles JF, Hamond J 1967. Infectious hepatitis. Evidence for two distinctive clinical, epidemiological and immunological types of infection. JAMA 200: 365-373. Kuniholm MH, Mark J, Aladshvili M, Shubladze N, Khechinashvili G, Tsertsvadze T, Del Rio C, Nelson KE 2008. Risk factors and algorhitms to identify hepatitis C, hepatitis B and HIV among Georgian tuberculosis patients. Int J Infect Dis 20. Kupski C, Trasel FR, Mazzoleni F, Winckler MA, Bender AL, Machado DC, Schmitt VM 2008. Serologic and molecular profile of anti-HBc-positive blood bank donors in an area of low endemicity for HBV. Dig Dis Sci 53: 1370-1374. Kurbanov F, Tanaka Y, Mizokami M 2010. Geographical and genetic diversity of the human hepatitis B virus. Hepatology Research 40: 14-30. Lai CL, Ratziu V, Yuen MF, Poynard T 2003. Viral hepatitis B. Lancet 362: 2089-2094. Lavanchy D 2005. Worldwide epidemiology of HBV infection, disease burden and vaccine prevention. J Clin Virol 34: S1-S3. Lavanchy D 2008. Chronic viral hepatitis as a public health issue in the world. Best Pract Res Clin

Gastroenterol 22: 991-1008. Le Mire MF, Miller DS, Foster WK, Burrel CJ, Jilbert AR 2005. Covalently closed circular DNA is the predominant form of duck hepatitis B virus DNA that persists following transient infection. J Virol 9: 12242-12246. Lee WM 1997. Hepatitis B virus infection. N Engl J Med 337: 1733-1745.

Page 89: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

89

Lelie N, Heaton A 2006. Hepatitis B – a review of the role of NAT in enhancing blood safety. J

Clin Virol 36: S1-2. Lemes PS 2011. Epidemiologia da infecção pelo virus da hepatite B em pacientes HIV soropositivos em Goiânia-Goiás. Dissertação de Mestrado; Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical (IPTSP-UFG). Lewis-Ximenez LL, do OK, Ginuino CF, Silva JC, Schatzmayr HG, Stuver S, Yoshida CF 2002. Risk factors for hepatitis B virus infection in Rio de Janeiro, Brazil. BMC Public Health 2: 26. Liang TJ 2009. Hepatitis B: The virus and Disease. Hepatology 49: S13-S21. Liang TJ, Ghany M 2002. Hepatitis B e antigen-the dangerous endgame of hepatitis B. N Engl J

Med 18: 208-210. Liaw YF 2009. Natural history of chronic hepatitis B virus infection and long-term outcome under treatment. Liver International 29: 100-107. Liaw YF, Chu CM 2009. Hepatitis B infection. Lancet 14: 582-592. Limentani AE, Elliot LM, Noah ND, Lamborn JK 1979. An outbreak of hepatitis B from tattooing. Lancet ii: 86-88. Lin YC, Chang MH, Ni YH, Hsu HY, Chen DS 2003. Long-term immunogenicity and efficacy of universal hepatitis B virus vaccination in Taiwan. J Infect Dis 187: 134-138. Lin HH, Ezzati M, Chang HY, Murray M 2009. Association between tobacco smoking and active tuberculosis in Taiwan: prospective cohort study. Am J Respir Crit Care Med 180: 475-480. Liu CJ, Chen DS, Chen PJ 2006. Epidemiology of HBV infection in Asian blood donors: emphasis on occult HBV infection and the role of NAT. J Clin Virol 36(1): S33-44. Liu CJ, Kao JH 2007. Hepatitis B virus-related hepatocellular carcinoma: epidemiology and pathogenic role of viral factors. J Clin Med Assoc 70(4): 141-145. Livingston SE, Simonetti JP, Bulkow LR 2007. Clearance of hepatitis B e antigen in patients with chronic hepatitis B and genotypes A, B, C, D and F. Gastroenterology 133: 1452-1457. Locarnini S, McMillan J, Bartholomeusz A 2003. The hepatitis B virus and common mutants. Semin Liver Dis 23: 5-20.

Page 90: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

90

Locarnini S 2004. Molecular virology of hepatitis B virus. Semin Liver Dis 241: 3-10. Lok ASF 2000. Hepatitis B infection: pathogenesis and management. J Hepatol 32 (Suppl 1): 89-97. Lok ASF 1993. Antiviral therapy of the asian patients with chronic hepatitis B. Seminars in Liver

Disease 13: 360-366. Lok ASF, Heathcote EJ, Hoofnagle JH 2001. Management of hepatitis B: Summary of a workshop. Gastroenterology 120: 1828-1885. Lok ASF, McMahon BJ 2007. Chronic hepatitis B. Hepatology 45: 507-539. Lopes MH 2006. Prevenção da hepatite B e Delta. Braz J Infect Dis 10 (Suppl 1): 72-74. Lopes CLR, Martins RMB, Teles SA, Silva AS, Maggi PS, Yoshida CFT 2001. Perfil soroepidemiológico da infecção pelo vírus da hepatite B em profissionais das unidades de hemodiálisede Goiânia-Goiás, Brasil Central. Rev Soc Bras Med Trop 34(6): 543-548 Lürman A 1885. Eine icterusepidemic. Berl Klin Wochenschr 22: 29-33. MacCallum FO 1947. Homologous serum jaundice. Lancet 2: 691-692. Maciel EL, Pan W, Dietze R, Peres RL, Vinhas SA, Ribeiro FK, Palaci M, Rodrigues RR, Zandonade E, Golub JE 2010. Spatial patterns of pulmonary tuberculosis incidence and their relationship to socio-economic status in Vitoria, Brazil. Int J Tuberc Lung Dis 14: 1395-1402. Magnius LO, Norder H 1995. Subtypes, genotypes and molecular epidemiology of the hepatitis B virus as reflected by sequence variability of the S-gene. Intervirology 38: 24-34. Maresch C, Schluter PJ, Wilson AD, Sleigh A 2008. Residual infectious diseases risk in screened blood transfusion from a high-prevalence population: Santa Catarina, Brazil. Transfusion 48: 273-281. Martelli CM, Andrade AL, Cardoso DDP, Sousa LC, Almeida e Silva S, Sousa MA, Zicker F 1990. Soroprevalência e fatores de risco para a infecção pelo vírus da hepatite B pelos marcadores AgHBs e anti-HBs em prisioneiros e primodoadores de sangue. Rev Saude Publica 24:270-276.

Page 91: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

91

Martelli CM, Turchi M, Souto FJ, Sáez-Alquézar A, Andrade AL, Zicker F 1999. Anti-HBc testing for blood donations in areas with intermediate hepatitis B endemicity. Rev Panam Salud

Publica 6: 69-73. Martín-Ancel A, Casas ML, Bonet B 2004. Implications of postvaccination hepatitis B surface antigenemia in the management of exposures to body fluids. Infect Control Hosp Epidemiol 25: 611-613. Mast E, Mahoney F, Kane M, MArgolis H 2004. Hepatitis B vaccine. In: Plotkin S, Orenstein W (eds). Vaccines, 4th edition. Philadelphia: WB Saunders, 299-337. Mathema B, Kurepina M, Fallows D, Kreisworth BN 2008. Lessons from molecular epidemiology and comparative genomics. Semin Resp Crit Care Med 29: 467-480. Matos MAD, Reis NRS, Kozlowski AG, Teles AS, Motta-Castro ARC, Mello FCA, Gomes AS, Martins RMB 2009. Epidemiological study of hepatitis A, B and Cin the largest Afro-Brazilian isolated community. Trans R Soc Trop Med Hyg 103: 899-905. Mello FCA, Souto FJD, Nabuco LC, Villela-Nogueira CA, Coelho HSM, Franz HCF, Saraiva JCP, Virgolino HÁ, Motta-Castro ARC, Melo MMM, Martins RMB, Gomes AS 2007. Hepatitis B vírus genotypes circulating in Brazil: molecular characterization of genotype F isolates. BMC

Microbiol 7: 103. Merril RM, Hunter BD 2011. Seroprevalence of markers for hepatitis B viral infection. Int J Infect

Dis 15: 78-121. Miller AC, Golub JE, Cavalcante SC, Durovni B, Moulton LH, Fonseca Z, Arduini D, Chaisson RE, Soares EC 2010. Controlled Trial of active tuberculosis case finding in a Brazilian favela. Int

J Tuberc Lung Dis 14: 720-726. Mincis M 2008. Doença hepática induzida por drogas. In: Mincis M, editor, Gastroenterologia e Hepatologia, 4th Ed., São Paulo: Casa Lemos Editorial, 883-891. Miranda LVG, Passos ADC, Figueiredo JFC 2000. Marcadores sorológicos de hepatite B em indivíduos submetidos a exames de sangue em unidades de saúde. Rev Saúde Pública 34: 286-291. Mitchison DA 2005. The diagnosis and therapy of tuberculosis during the past 100 years. Am J

Respir Crit Care Med 171: 699-706. Mokaddas E, Ahmad S 2008. Species spectrum of nontuberculous mycobacteria isolated from clinical specimens in Kwait. Curr Microbiol 56: 413-417.

Page 92: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

92

Mokaddas E, Ahmad S, Samir L 2008. Secular trends in susceptibility patterns of Mycobacterium

tuberculosis isolates in Kwait, 1996-2005. Int J Tuberc Lung Dis 12: 319-325. Monkongdee P, McCarthy KD, Cain KP, Tasaneeyapan T, Nguyen HD, Nguyen TN, Nguyen TB, Teeratakulpisarn N, Udomsantisuk N, Heilig C 2009. Yield of acid-fast smear and mycobacterial culture for tuberculosis diagnosis in people with human immunodeficiency virus. Am J Respir Crit

Care Med 180: 903-908. Moraes MTB, Gomes SA, Niel C 1996. Sequence analysis of pré-SS gene of hepatitis B vírus strain of genotypes A, D and F isolated in Brazil. Arch Virol 141: 1767-1773. Motta-Castro AR, Yoshida CFT, Martins RMB, Teles SA, Paniago AM, Lima KM, Gomes AS 2005. Hepatitis B virus infection in isolated Afro-Brazilian communities. J Med Virol 77: 188-193. Mowat NAG, Brunt PW, Albert-Recht F, Walker W 1973. Outbreak of serum hepatitis associated with tattooing. Lancet 1: 33-34. Mulyanto, Depamede SN, Wahyono A, Jirintai, Nagashima S, Takahashi M, Okamoto H 2011. Analysis of the full-lenght genomes of novel hepatitis B vírus subgenotypes C11 and C12 in Papua, Indonesia. J Med Virol. 83(1): 54-64. Nagalo MB, Sanou M, Bisseye C, Kaboré MI, Nebie YK, Kienou K, Kiba A, Dahourou H, Ouattara S, Zongo JD, Simporé J 2011. Seroprevalence of immunodeficiency virus, hepatitis B and C viruses and syphilis among blood donors in Koudougou (Burkina Faso) in 2009. Blood

Transfus 18: 1-6. Naoumov NV, Thomas MG 1995. Genomic variations in the hepatitis B core gene: a possible factor influencing response to interferon alfa treatment. Gastroenterology 108: 505-514. Nayersina R, Fowler P, Guilhot S, Missale G, Cerny A, Schlicht HJ 1993. HLA A2 restricted cytotoxic T lymphocyte responses to multiples hepatitis B surface antigen epitopes during hepatitis B virus infection. J Immunol 150: 4659-4671. Ni YH, Chang MH, Wang KJ 2004. Clinical relevance of hepatitis B virus genotypes in children with chronic infection and hepatocellular carcinoma. Gastroenterology 127: 1733-1738. Niel C, Moraes MT, Gaspar AM, Yoshida CF, Gomes AS 1994. Genetic diversity of hepatitis B virus strains isolated in Rio de Janeiro, Brazil. J Med Virol 44: 180-186. Nishioka SA, Gyorkos TW, MacLean JD 2002. Tattos and transfusion-transmitted diseases risk: implications for the screening of blood donors in Brazil. Braz J Infect Dis 6: 172-180.

Page 93: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

93

Nishioka SA, Gyorkos TW, MacLean JD, Joseph L, Collet JP 2003. Tattoing and transfusion-transmitted diseases in Brazil: a hospital-based cross-sectional matched study. Eur J Epidemiol 18: 441-449. Norder H, Couroce-Pauty AM 1994. Complete genomes, phylogenetic relatedness, and structural proteins of six strains of the hepatitis B virus, four of which represent two genotypes. Virology

198: 489-503. Norder H, Hammas B 1992. Comparison of the aminoacid sequences of nine different serotypes of hepatitis B surface antigen and genomic classification of the corresponding hepatitis B virus strains. J Gen Virol 73: 1201-8. O’ Farrely C, Crispe IN 1999. Prometheus through the looking glass: reflections on the hepatic immune system. Immunol Today 20: 394-398. Okamoto H, Tsuda F, Sakugawa H, Sastrosoewignojo RI, Imai M, Miyakawa Y, Mayumi M 1988. Typing hepatitis B virus by homology in nucleotide sequence: comparison of surface antigen subtypes. J Gen Virol 69: 2575-2583. Okochi K, Murakami S 1968. Observations on Australia antigen in Japanese. Vox Sang 15: 374-385. Oliveira MDS, Matos MA, Martins RMB, Teles AS 2006. Tatooing and body piercing as lifestyle indicator of risk behaviors in Brazilian adolescents. Eur J Epidemiol 21: 559-560. Oliveira HM, Brito RC, Kritski AL, Ruffino-Neto A 2009. Epidemiological profile of hospitalized patients TB at a referral hospital in the city of Rio de Janeiro, Brazil. J Bras Pneumol 35: 780-787. Padmapriyadarsini C, Chandrabose J, Victor L, Hanna LE, Arunkumar N, Swaminathan S 2006. Hepatitis B or hepatitis C coinfection in individuals infected with HIV and effect of antituberculosis drugs on liver function. J Postgrad Med 52: 92-96. Pando MA, De Salvo C, Bautista C, Eyzaguirre L, Carrion G, Feola M, Lado I, Hoffman M, Biglione M, Carr J, Montano S, Sanchez J, Weissembacher M, Avila M 2008. Human immunodeficiency virus and tuberculosis in Argentina: prevalence, genotypes and risk factors. J

Med Microbiol 57: 190-197. Paraná R, Almeida D 2005. HBV epidemiology in Latin America. J Clin Virol 34 (Suppl 1): S 130-133. Patel PA, Voight MD 2002. Prevalence and interaction of hepatitis B and latent tuberculosis in Vietnamese immigrants to the United States. Am J Gastroenterol 97(5): 1198-1203.

Page 94: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

94

Penna A, Artini M, Cavalli A, Levrero M, Bertoletti A, Pilli M 1996. Long-lasting memory T-cell responses following self-limited acute hepatitis B. J Clin Invest 98: 1185-1194. Pereira L, Martelli C, Merchan-Hamann E, Montarroyos U, Braga M, Lima M, Cardoso M, Turchi M, Costa M, Alencar L, Moreira R, Figueiredo G, Ximenes R 2009. Population-Based multicentric survey of hepatitis B infection and risk factor differences among three regions of Brazil. Am J Trop Med Hyg 81: 240-247. Pieters J 2008. Mycobacterium tuberculosis and the macrophage: maintaining a balance. Cell Host

Microbe 3: 399-407. Pondé RA 2011. The underlying mechanisms for the “isolated positivity for the hepatitis B surface antigen (HBsAg)” serological profile. Med Microbiol Immunol 200: 13-22. Pondé RA, Cardoso DD, Ferro MO 2010. The underlying mechanisms for the “anti-HBc alone” serological profile. Arch Virol 155: 149-158. Porto SO, Cardoso DDP, Queiróz DA, Rosa H, Andrade AL, Zicker F, Martelli CM 1994. Prevalence and risk factors for HBV infection among street youth in central Brazil. J Adolesc

Health 15(7):577-81. Raimondo G, Pollicino T, Cacciola I, Squadrito G 2007. Occult hepatitis B virus infection. J

Hepatol 46: 160-170. Rantala M, van de Laar MJ 2008. Surveillance and epidemiology of hepatitis B and C in Europe-a review. Euro Surveill 13: 18880. Rapicetta M, Ferrari C, Levrero M 2002. Viral determinants and host immune responses in the pathogenesis of HBV infection. J Med Virol 67(3): 454-457. Realdi G, Alberti A, Rugge M, Bortolotti F, Rigoli AM, Tremolad F 1990. Seroconversion from hepatitis B e antigen to anti-Hbe in chronic hepatitis B virus infection. Gastroenterology 79: 195-199. Rehermann B, Ferrari C 1996. The hepatitis B virus persists for decades after patients’ recovery from acute viral hepatits despite active maintenance of a cytotoxic T-lymphocyte response. Nat

Med 2: 1104-1108.

Page 95: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

95

Rehm J, Samokhvalov AV, Neuman MG, Room R, Parry C, Löonroth K, Patra J, Poznyak V, Popova S 2009. The association between alcohol use, alcohol use disorders and tuberculosis. A systematic review. BMC Public Health 9: 450-453. Reuben A 2007. Alcohol and the liver. Curr Opin Gastroenterol 23: 283-291. Rezende RE, Fonseca BA, Ramalho RN, Zucoloto S, Pinho JR, Bertolini DA, Martinelli AL 2005. The precore mutation is associated with severity of liver damage in Brazilian patients with chronic hepatitis B. J Clin Virol 32: 53-59. Ribeiro NR, Campos GS, Angelo AL, Braga EL, Santana N, Gomes MM, Pinho JR, De Carvalho WA, Lyra LG, Lyra AC 2006. Distribution of hepatitis B vírus genotypes among patients with chronic infection. Liver Int 26: 636-642. Rosa H, Costa APVF, Ferraz ML, Pedroza SC, Andrade ANSS, Martelli CMT, Zicker F 1992. Associação entre hanseniase e infecção pelo virus da hepatite B. Estudo de prevalência realizado em Goiânia, Brasil Central. Rev Inst Méd Trop S. Paulo 34 (5): 421-426. Roukens AH, Visser LG 2011. Hepatitis B vaccination strategy in vaccine low and no-responders: a matter of quantity of quality? Hum Vaccin 7: 654-657. Russel DG 2007. Who puts the tubercle in tuberculosis? Nat Rev Microbiol 5: 39-47. Said JN 2011. An overview of occult hepatitis B vírus infection. World J Gastroenterol 17: 1927-1938. Santos J 2007. Resposta brasileira ao controle da tuberculose. Rev Saúde Publica 41 (Supl. 1): 89-94. Schmunis GA, Zicker F, Pinheiro F 1998. Risk for transfusion-transmitted infectious diseases in Central and South America. Emerging Infec Dis 4: 1-12. Seeger C, Ganem D 1986. Biochemical and genetic evidence for the hepatitis B virus replication strategy. Science 25: 477-84. Seeger C, Mason WS 2000. Hepatitis B virus biology. Microbiol Mol Biol Rev 64(1): 51-68. Seifer M, Hohne M. 1991 In vitro tumorigenicity of hepatitis B virus DNA and HBx. J Hepatol (Suppl); 4: S61-5. Sharma SK, Kumar S, Saha PK, George N, Arora SK, Gupta D, Singh U, Hanif M, Vashisht RP 2011. Prevalence of multidrug-resistant tuberculosis among category II pulmonary tuberculosis patients. Indian J Med Res 133: 312-315.

Page 96: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

96

Shaw Jr FE, Gues HA 1989. Effect of anatomic injection site, age and smoking on the immune response to hepatitis B vaccination. Vaccine 7: 425-430. Shiota G, Oyama K 2000. Occult hepatitis B virus infection in HBs antigen-negative hepatocellular carcinoma in a Japanese population: envolvement of HBx and p53. J Med Virol 62: 151-158. Shouval D 2003. Hepatitis B vaccines. J Hepatol 39: S70-76. Shouval D, Lai CL, Chang TT 2009. Relapse of hepatitis B in HBeAg-negative chronic hepatitis B patients who discontinued successful entecavir treatment: the case for continuous antiviral therapy. Journal of Hepatology 50: 289-295. Silva CO, Azevedo Mda S, Soares CM, Martins RMB, Ramos CH, Daher RR, Cardoso DDP 2002. Seroprevalence of hepatitis B virus infection in individuals with clinical evidence of hepatitis in Goiania, Goias. Detection of viral DNA and determination of subtypes. Rev Inst Med

Trop Sao Paulo 44:331-334. Silva C, Gonçales NS 2004. The influence of occult infection with hepatitis B virus on liver histology and response to interferon treatment in chronic hepatitis C patients. Braz J Infect Dis 8: 431-439. Silva PA, Fiaccadori FS, Borges AM, Silva SA, Daher RR, Martins RMB, Cardoso DDP 2005. Seroprevalence of hepatitis B virus infection and seroconvertion to anti-HBsAg in laboratory staff in Goiania, Goias. Rev Soc Bras Med Trop 38:153-156. Silveira TR, Fonseca JC, Rivera L 1999. Hepatitis B seroprevalence in Latin América. Rev Panam

Salud Publica 6: 378-383. Sirinak C, Kittikraisak W, Prinjeesekikul D, Charusuntonsri P, Luanloed P, Varma J 2008. Viral hepatitis and HIV-associated tuberculosis: Risk factors and TB treatment outcomes in Thailand. BMC Public Health 8: 245-255. Sitnik R, Pinho JRR, Bertolini DA, Bernardini AP, Da Silva LC, Carrilho FJ 2004. Hepatitis B vírus genotypes and precore and core mutants in Brazilian patients. J Clin Microbiol 42: 2455-2460. Slama K, Chiang CY, Enarson DA, Hassmiller K, Fanning A, Gupta P, Ray C 2007. Tobacco and tuberculosis: a qualitative systematic review and meta-analysis. Int J Tuberc Lung Dis 11: 1049-1061.

Page 97: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

97

Souto FJD, Fontes CJF, Gaspar AMC, Paraná R, Lyra LG 1996. Concomitant high prevalence of hepatitis C virus antibodies and hepatitis B virus markers in a small village of the Amazon region, Mato Grosso state, Brazil. Rev Inst Med Trop S Paulo 38(3): 221-223. Souto FJD 1999. Distribuição da hepatite B no Brasil: atualização do mapa epidemiológico e proposições para o seu controle. Gastroenterol Endosc Dig 18: 143-150. Souza, MM, Barbosa MA, Borges AM, Daher RR, Martins RM, Cardoso DD 2004. Soroprevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em portadores de doença mental. Rev Bras

Psiquiatr 26: 35-38. Spada E, Mele A, Ciccozzi M, Tosti ME, Bianco E, Szklo A 2001. Changing epidemiology of parenterally transmitted viral hepatitis: results from the hepatitis surveillance system in Italy. Digest Liver Dis 33: 778-784. Spies FS, Ribeiro AW, Ramos DF, Ribeiro MO, Martin A, Palomimo JC, Rosseti ML, da Silva PE, Zaha A 2011. Streptomycin resistance and lineage-specific polymorphisms in Mycobacterium

tuberculosis gidB gene. J Clin Microbiol 49: 2625-2630. Spradling PR, Richardson JT, Buchacz K, Moorman AC, Brooks JT 2010. Prevalence of chronic hepatitis B virus infection among patients in the HIV Outpatient Study, 1996-2007. J Viral Hepat 17: 879-886. Stuyver L, De Gendt S, Van Geyt C, Zoulin F, Fried M, Schinazi RF, Rossau R 2000. A new genotype of hepatitis B virus: complete genome and phylogenetic relatedness. J Gen Virol 81: 67-74. Sugauchi F, Kumada H, Acharya SA 2004. Epidemiological and sequence differences between two subtypes of hepatitis B virus genotype A. J Gen Virol 85: 811-820. Sugiyama M, Tanaka Y, Kurbanov F, Nakayama M, Mochida S, Mizokami M 2007. Influences on hepatitis B virus replication by a naturally occurring mutation in the gene core. Virology 365: 285-291. Sun HY, Chen IL, Gau CS, Chang SC, Luh KT 2009. A prospedtive study of hepatitis during antituberculous treatment in Taiwanese patients and a review of the literature. J Formos Med

Assoc 108: 102-111. Tacke F, Gehrke C, Luedde T, Heim A, Manns MP, Trautwein C 2004. Basal core promoter and precore mutations in the hepatitis B vírus genome enhance replication efficacy of lamivudine-resistant mutants. J Gen Virol 78: 8524-8535.

Page 98: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

98

Tamura K, Dudley J, Nei M, Kumar S 2007. MEGA 4: Molecular Evolutionary Genetics Analysis (MEGA) Software Version 4.0. Mole Biol Evol. 24:1596-9 Tanaka S, Yoshiba M, Lino S 1995. A common-source outbreak of fulminant hepatits B in hemoddialysis patients induced by pré-core mutants. Kidney Int 48: 1972-1978. Tanaka J 2000. Hepatitis B epidemiology in Latin America. Vaccine 18: 17-19. Tassopoulos NC, Papaervangelou GJ, Sjogren MH 1987. Natural history of acute hepatits B surface antigen-positive hepatitis in Greek adults. Gastroenterology 92: 1844-1850. Tatematsu K, Tanaka Y, Kurbanov F 2009. A genetic variant of hepatitis B virus divergent from known human genotypes isolated from a Japanese patient and provision assigned to new genotype J. J Virol 83: 10538-10547. Tavares RS, Barbosa AP, Teles SA, Carneiro MAS, Lopes CLR, Silva AS, Yoshida CFT, Martins RMB 2004. Infecção pelo virus da hepatite B em hemofílicos em Goiás: soroprevalência, fatores de risco associados e resposta vacinal. Rev Bras Hematol Hemoter 26: 183-188. Te HS, Jensen DM 2010. Epidemiology of hepatitis B and C viruses: a global overview. Clin Liver

Dis 14: 1-21. Teles SA, Martins RMB, Silva AS, Gomes DMF, Cardoso DDP, Vanderborght BO, Yoshida CFT 1998. Hepatitis B virus infection profile in Central Brazilian hemodialysis population. Rev Inst

Med Trop S. Paulo 40(5): 281-286. Teles SA, Martins RMB, Gomes SA, Gaspar AMC, Araujo NM, Souza KP, Carneiro MAS, Yoshida CFT 2002. Hepatitis B vírus transmission in Brazilian hemodialysis units: serological and molecular follow-up. J Med Virol 68: 41-49. Tengan FM, Araujo ESA 2006. Epidemiologia das hepatites B e D e seu impacto no sistema de sáude. Braz J Infect Dis 10(1): 6-10. Thakur V, Guptan RC, Kazim SN, Malhotra V, Sarin SK 2002. Profile, spectrum and significance of HBV genotypes in chronic liver disease patients in the Indian subcontinent. J Gastroenterol

Hepatol 17: 165-170. Thedja MD, Muljono DH, Nurainy N, Sukowati CH, Verhoef J, Marzuki S 2011. Ethnogeographical structure of hepatitis B virus genotype distribution in Indonesia and discovery of a new subgenotype, B9. Arch Virol 156: 855-868.

Page 99: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

99

Thompson JD, Gibson TJ, Plewniak F, Jeanmougin F, Higgins DG 1997. The Clustal_X windows interface: flexible strategies for multiple sequence aligment aided by quality analysis tools. Nucleic

Acids Res. 25:4876-82 Tiollais P, Pourcel C 1995. The hepatitis B virus. Nature 317: 489-95. Torres C, Leone FG, Pezzano SC, Mbayed VA, Campos RH 2011. New perspectives on the evolutionary history of hepatitis B vírus genotype F. Mol Phylogenet Evol 59: 114-122. Tsebe KV, Burnett RJ, Hlungwani NP, Sibara MM, Venter PA, Mphahlele MJ 2001. The first five years of universal hepatitis B vaccination in South Africa: evidence for elimination of HBsAg carriage in under five-years-old. Vaccine 19: 3919-3926. Ulrich PP, Bhat RA, Kelly I, Brunetto MR, Bonino F, Vyas GN 1990. A precore-defective mutant of hepatits B virus associated with e-antigen negative chronic liver disease. J Med Virol 33: 109-118. Ulrichs T, Kaufmann SH 2006. New insights into the function of granulomas in human tuberculosis. J Pathol 208: 261-269. Van Houdt R, Sonder GJB, Dukers NH, Bovee LP, Vam den Hoek A, Coutinho RA, Bruisten SM 2007. Impact of a targed hepatitis B vaccination program in Amsterdan, The Netherlands. Vaccine

25: 2698-2705. Veldhuijzen IK, Smits LJM, van de Laar MJW 2005. The importance of imported infections in maintaining Hepatitis B in The Netherlands. Epidemiol Infect 133: 113-119. Viana S, Parana R, Moreira RC, Compri AP, Macedo V 2005. High prevalence of hepatitis B vírus and hepatitis D vírus in the western Brazilian Amazon. Am J Trop Med Hyg 73: 808-814. Vierling JM 2007. The immunology of hepatitis B. Clin Liver Dis 11: 272-279. Voskuil MI, Schnappinger D, Visconti KC, Harrell MI, Dolganov GM, Sherman DR, Schoolnik GK 2003. Inhibition of respiration by nitric oxide induces a Mycobacterium tuberculosis dormancy program. J Exp Med 198: 705-713. Wallace RM, Kammerer JS, Iademarco MF, Althomsons SP, Winston CA, Navin TR 2009. Increasing proportions of advanced pulmonary tuberculosis reported in the United States: are delays in diagnosis on the rise? Am J Respir Crit Care Med 180: 1016-1022.

Page 100: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

100

Wang JY, Liu CH, Hu FC, Chang HC, Liu JL, Chen JM, Yu CJ, Lee LN, Kao JH, Yang PC 2011. Risk factors of hepatitis during anti-tuberculous treatment and implications of hepatitis viral load. J Infect 62: 448-455. Weber B 2005. Genetic variability of the S gene of hepatitis B virus: clinical and diagnostic impacts. J Clin Virol 32: 102-112. Weber B, Melchior W, Gehrke R, Doerr HW, Berger A, Rabenau H 2001. Hepatitis B virus markers in anti-HBc only positive individuals. J Med Virol 64: 312-319. Wells CD, Cegielski JP, Nelson LJ, Laserson KF, Holtz TH, Finlay A, Castro KG, Weyer K 2007. HIV infection and multidrug-resistant tuberculosis-the perfect storm. J Infect Dis 196 (Suppl 1): S86-S107. Wiersma ST, McMahon B, Pawlotsky JM, Thio CL, Thursz M, Lim SG, Ocama P, Esmat G, Maimuna M, Bell D, Vitoria M, Eramova I, Lavanchy D, Dusheiko G, World Health Organization Department of Immunization, Vaccines and Biologicals 2011. Treatment of chronic hepatitis B virus infection in resource-constrained settings: expert panel consensus. Liver Int 31: 755-761. Will H, Reiser W 1987. Replication strategy of human hepatitis B virus. J Virol 61: 904-11. Wolf AJ, Desvignes L, Linas B, Banaiee N, Tamura T, Takatsu K, Ernst JD 2008. Initiation of the adaptive immune response to Mycobacterium tuberculosis depends on antigen production in the local lymph node, not the lungs. J Exp Med 205: 105-115. World Health Organization. WHO REPORT 2007: Global Tuberculosis Control: Surveillance, Planning, Financing. Geneve: World Health Organization; 2007. World Health Organization. Global Tuberculosis Control- A short update to the 2009 report. Available from: http://www.who.int/tb/publications/global_report/en. World Health Organization. WHO REPORT 2011: Global Tuberculosis Control. World Health Organization 2011. Wright A, Zignol M, Van Deun A, Falzon D, Gerdes SR, Feldman K, Hoffner S, Drobniewski F, Barrera L, van Soolingen D 2009. Epidemiology of antituberculosis drug resistance 2002-07: an updated analysis of the global project on antituberculosis drug resistance surveillance. Lancet 373: 1861-1873. Wright TL 2006. Introduction to chronic hepatitis B infection. Am J Gastroenterol 01: S1-S6.

Page 101: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ... · Hepatitis B and tuberculosis (TB) are important public health problems. This study aimed to investigate the epidemiological

101

Yang HI, Lu SN, Liaw YF 2002. Hepatitis B e antigen and the risk of hepatocellular carcinoma. N

Engl J Med 347: 168-174. Yeung P, Wong DK, Lai CL, Fung J, Seto WK, Yuen MF 2011. Association of hepatitis B virus pre-S deletions with the development of hepatocellular carcinoma in chronic hepatits B. J Infect

Dis 203: 646-654. Zanetti AR, Romano L, Giambi C, Pavan A, Carnelli V, Baitelli G, Malchiodi G, Valerio E, Barale A, Marchisio MA, Montu D, Tozzi AE, D’Ancona F 2010. Hepatitis B immune memory in children primed with hexavalent vaccines and given monovalent booster vaccines: an open-label, randomized, controlled, multicentre study. Lancet Infect Dis 10: 755-761. Zou S, Stramer SL, Dodd RY 2011. Donor testing and risk: Current prevalence, incidence and residual risk of transfusion-transmissible agents in US allogeneic donations. Transfus Med Rev (in press). Zoulim F, Locarnini S 2009. Hepatitis B virus resistance to nucleos(t)ide analogues. Gastroenterology 137: 1593-1608.