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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SOUSA – PB PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SOUSA – PB EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 8ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA PARAÍBA Nº. _______________/2015/MPF/PRM/SOUSA/PB/GAB/TMJM OPERAÇÃO ANDAIME Referências: Inquérito Policial n. 048/2014 Procedimento Investigatório Criminal n. 1.24.003.000250/2014-46; Ação Cautelar Penal n. 000297-38.2015.4.05.8202 (Medidas Pessoais); Ação Cautelar Penal n. 000296-53.2015.4.05.8202 (Busca e Apreensão); Ação Cautelar Penal n. 000301-75.2015.4.05.8202 (Sequestro de Bens); O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do órgão de execução oficiante na Procuradoria da República em Sousa – PB, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, inscritas, respectivamente, nos arts. 127 e 129, inciso I, da Constituição da República e nos arts. 24 e 41 do Decreto-Lei n. 3.689/41 – Código de Processo Penal, valendo-se das ressalvas contidas na Resolução n. 58/2009 do Conselho da Justiça Federal para procedimentos sigilosos, com fulcro nos procedimentos em epígrafe, vem oferecer D E N Ú N C I A D E N Ú N C I A em desfavor de 1. FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTO, vulgo “Deusimar”, brasileiro, casado, CPF n. 033.889.914-64, residente na Rua R. Francisco Vieira da Costa, s/n, Bairro Maria Raquel Gadelha, Sousa/PB – CEP: 58804-725 (83) 3522-3977 / 3522-3302 – www.prpb.mpf.mp.br 1/129

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SOUSA – PBPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SOUSA – PB

EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 8ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIADA PARAÍBA

Nº. _______________/2015/MPF/PRM/SOUSA/PB/GAB/TMJM

OPERAÇÃO ANDAIME

Referências:Inquérito Policial n. 048/2014Procedimento Investigatório Criminal n. 1.24.003.000250/2014-46;Ação Cautelar Penal n. 000297-38.2015.4.05.8202 (Medidas Pessoais); Ação Cautelar Penal n. 000296-53.2015.4.05.8202 (Busca e Apreensão);Ação Cautelar Penal n. 000301-75.2015.4.05.8202 (Sequestro de Bens);

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do órgão deexecução oficiante na Procuradoria da República em Sousa – PB, no uso de suasatribuições constitucionais e legais, inscritas, respectivamente, nos arts. 127 e 129,inciso I, da Constituição da República e nos arts. 24 e 41 do Decreto-Lei n. 3.689/41– Código de Processo Penal, valendo-se das ressalvas contidas na Resolução n.58/2009 do Conselho da Justiça Federal para procedimentos sigilosos, com fulcronos procedimentos em epígrafe, vem oferecer

D E N Ú N C I AD E N Ú N C I A

em desfavor de

1. FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTO, vulgo “Deusimar”,brasileiro, casado, CPF n. 033.889.914-64, residente na Rua

R. Francisco Vieira da Costa, s/n, Bairro Maria Raquel Gadelha, Sousa/PB – CEP: 58804-725(83) 3522-3977 / 3522-3302 – www.prpb.mpf.mp.br

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Terezinha Moreira da Nóbrega, S/N, Bairro Jardim Soledade II,Cajazeiras-PB, atualmente recolhido no presídio de Cajazeiras – PB;

2. FERNANDO ALEXANDRE ESTRELA, brasileiro, solteiro, CPF103.824.114-63, residente na Rua São Sebastião, n. 100-A, 1° andar,centro, Cajazeiras;

3. MAYCO ALEXANDRE GOMES, brasileiro, solteiro, CPF084.850.354-61, residente na Rua São Sebastião, n. 100, Centro,Cajazeiras;

4. HORLEY FERNANDES, brasileiro, casado, engenheiro, CPF020.579.644-34, residente na Rua Tabelião Antônio Holanda, n 250,Centro, Cajazeiras – PB;

5. GERALDO MARCOLINO DA SILVA, brasileiro, engenheiro, CPF086.518.504-25, residente na Rua Coronel Guimarães, n. 105, térreo,Centro, Cajazeiras – PB;

6. MÁRIO MESSIAS FILHO, vulgo “Marinho”, brasileiro, casado,empresário, CPF n. 645.284.054-15, residente na Rua Sebastião CésarLeitão, n. 09, Por do Sol, Cajazeiras – PB, podendo também serencontrado na sede da empresa LIMCOL, situada na Rua Rodovalhode Alencar, n. 94, Cajazeiras;

7. AFRÂNIO GONDIN JÚNIOR, brasileiro, casado, empresário, CPF n.451.013.294-87, residente na Rua Arquimedes Gomes de Sousa, nº308, Cristo Rei, Cajazeiras – PB, Telefone 83 35313267 e 35313443,podendo ser encontrado na sede da empresa Gondim & Rego, situadana Rua Francisco de Assis Finizola, n. 179, centro, Cajazeiras-PB;

8. HENRY WITCHAEL DANTAS MOREIRA, brasileiro, Secretário deSaúde de Cajazeiras, CPF n. 031.343.244-90, residente na Rua ManoelMedeiros, n. 187, centro, Cajazeiras-PB, podendo também serencontrado na Prefeitura Municipal de Cajazeiras;

R. Francisco Vieira da Costa, s/n, Bairro Maria Raquel Gadelha, Sousa/PB – CEP: 58804-725(83) 3522-3977 / 3522-3302 – www.prpb.mpf.mp.br

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9. JOSÉ HÉLIO FARIAS, brasileiro, casado, construtor, CPF Nº380.347.514-72, residente na Rua Neuribertson de Souza Meireles,44 - Remédios - Cajazeiras/PB, fones: (83) 3531-2859 e 9951-0889;

10. MÁRCIO BRAGA DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, engenheiro efuncionário público, CPF n. 73909530478, residente na Rua Dr. CelsoMattos Rolim, 635 - Casa - Jardim Primavera - Cajazeiras – PB,atualmente recolhido no presídio de Cajazeiras – PB;

11. ENÓLLA KAY CIRILO DANTAS, brasileira, CPF n. 065.505.574-61, residente na Rua Capitão Francisco Moura, n. 890, Jardim 13 demaio, João Pessoa, CEP n. 58025-650;

12. ROGÉRIO BEZERRA RODRIGUES, brasileiro, membro da CPL deCajazeiras, CPF n. 884.825.294-04, residente na Rua Coronal Peba, n.320, centro, Cajazeiras, podendo ser encontrado também na sede daPrefeitura de Cajazeiras;

13. ADAMS RICARDO PEREIRA DE ABREU, brasileiro, membro daCPL de Cajazeiras, CPF n. 013.976.704-52, residente na Rua JoãoTeberges, n. 504, Capoeiras, Cajazeiras, podendo ser encontradotambém na sede da Prefeitura de Cajazeiras;

14. JOEDNA MARIA DE ABREU, brasileiro, membro da CPL deCajazeiras, CPF n. 011.866.534-00, residente na Rua Izaura Dantas daSilva, n. 174, Remédios, Cajazeiras, podendo ser encontrado tambémna sede da Prefeitura de Cajazeiras;

15. ÍTALO DAMIÃO MEDEIROS DE SOUSA, brasileiro, membro daCPL de Cajazeiras, CPF n. 103.326.074-61, residente na Rua JonasAzevedo Campos, n. 115, Pôr-do-sol, Cajazeiras, podendo serencontrado também na sede da Prefeitura de Cajazeiras;

16. WALTER NUNES DA SOUZA, brasileiro, membro da CPL deCajazeiras, CPF n. 051.691.964-40, residente na Rua Vicente Bezerra,n. 84, Esperana, Cajazeiras, podendo ser encontrado também na sededa Prefeitura de Cajazeiras;

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17. JOSÉ FERREIRA SOBRINHO, brasileiro, membro da CPL deCajazeiras, CPF n. 342.616.804-91, residente na Rua João MartinsMoreira, n. 105, Cajazeiras, podendo ser encontrado também na sededa Prefeitura de Cajazeiras;

18. JOSÉ GOMES DE ABREU SOBRINHO, brasileiro, empresário, CPF840.849.014-15, residente na Rua Francisco Gabriel da Silva, n. 179,Jardim Adalgisa II, Cajazeiras;

19. JOSÉ SARAIVA FILHO, brasileiro, empresário, CPF n.113.797.824-49, residente na Rua Marechal Deodoro, n. 519, bloco4A, apto. 801, Benfica, Fortaleza;

20. FRANCISCO GUSTAVO LACERDA SOBRINHO, brasileiro,engenheiro, CPF n. 602.629.584-49, residente na Rua Batista Leite, n.119, centro, Bonito de Santa Fé – PB;

21. ANTÔNIO ALDEIR MANGUEIRA FILHO, brasileiro, empresário,CPF 045.602.244-98, residente na Rua Tabelião Antônio Holanda, n.413, centro, Cajazeiras-PB,

pelo cometimento dos fatos criminosos doravante delineados.

Sumário1. Contextualização da Operação Andaime...................................................................................................5

1.1. Da Organização Criminosa...............................................................................................................51.1.1. Do Início das Fraudes: IMCON Limpeza e Construções.........................................................71.1.2. Do Arranjo Atual da Organização: Servcon e Tec Nova.........................................................91.1.3. Servcon e Tec Nova como Empresas Fictícias.......................................................................14

1.1.3.1. Da Ausência de Mão de Obra para Execução das Obras...............................................151.1.3.2. Da Ausência de Lucros Declarados à Receita Federal..................................................161.1.3.3. Da Ausência de Insumos para a Atividade....................................................................171.1.3.4. Da Movimentação Bancária Atípica..............................................................................20

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1.1.3.5. Das Informações Colhidas em Interceptação Telefônica...............................................211.1.4. Do Objetivo da Organização Criminosa.................................................................................26

2. Dos Fatos Imputados na Presente Denúncia ...........................................................................................292.1 Da Organização Criminosa em Cajazeiras.......................................................................................292.2. No TC PAC n. 203485/2012 – Quadra Esportiva ..........................................................................57

2.2.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/2013...............................................................................572.2.2. Do Superfaturamento..............................................................................................................612.2.3. Do Peculato – Encargos Sociais ............................................................................................692.2.4. Da Lavagem de Dinheiro........................................................................................................76

2.3. Na Proposta n. 11.902.878/0001-13-022 – Academia de Saúde.....................................................792.3.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/2014...............................................................................792.3.2. Do Peculato – Encargos Sociais.............................................................................................812.3.3. Da Lavagem de Dinheiro........................................................................................................87

2.4. No TC PAC n. 203485/2012...........................................................................................................922.4.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/2014 (FMAS).................................................................92

2.5. Da Fraude Licitatória na TP n. 003/2013........................................................................................942.6. Da Fraude no Pregão Presencial n. 11/2014...................................................................................992.7. Dos Crimes cometidos na Concorrência n. 01/2014.......................................................................99

2.7.1 Da Fraude Licitatória...............................................................................................................992.7.2 Do Peculato em Favor de Terceiro........................................................................................1032.7.3 Da Lavagem de Dinheiro.......................................................................................................1102.7.4 Da Falsificação de Documento Público.................................................................................111

2.8. Da Posse de Arma de Fogo – Mário Messias Filho......................................................................1133. Da Imputação Jurídica...........................................................................................................................1144. Do Pedido...............................................................................................................................................128

1. Contextualização da Operação Andaime1. Contextualização da Operação Andaime1.1. Da Organização Criminosa

Nos autos do PIC n. 1.24.002.000250/2014-46 1, o Ministério PúblicoFederal, em atuação coordenada com Polícia Federal (IPL n. 048/2014) eControladoria-Geral da União, reuniu elementos probatórios que indicam aexistência de uma organização criminosa do colarinho branco lavada a cabo porFrancisco Justino do Nascimento, vulgo “Deusimar”, sua esposa, Elaine da SilvaAlexandre, vulgo “Laninha”, seus sobrinhos, Fernando Alexandre Estrela eMayco Alexandre Gomes, e os engenheiros Horley Fernandes e GeraldoMarcolino da Silva, com o objetivo reiterado de fraudar licitações públicas em

1 Instaurado a partir do IC n. 1.24.002.000062/2014-18 (apenso: IC n. 1.24.002.000176/2012-04).

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diversos municípios da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte 2, mascarar desviosde recursos públicos em favor próprio e de terceiros, lavar o dinheiro públicodesviado e fraudar os fiscos federal e estadual 3.

A investigação 4 partiu de representação formulada pelo VereadorAbdon Salomão Lopes Furtado, noticiando a execução irregular do contratoadministrativo decorrente da Tomada de Preços n. 005/2012, realizada peloMunicípio de Marizópolis para escolha da empresa Servcon ConstruçõesComércio e Serviços LTDA – EPP, nome fantasia “Construtora Servcon”, pararealização de pavimentação de ruas (anexo I).

A irregularidade noticiada consistiria no fato de a obra depavimentação estar sendo realizada, em verdade, por funcionários da prefeitura deMarizópolis, cabendo à empresa Servcon apenas fornecer as notas fiscais “frias” 5

para dar aparência de legalidade à licitação fraudulenta e ao subsequente desviodo dinheiro público.

No início da investigação, buscou-se o rastreamento societário daempresa especializada em vender notas fiscais “frias”, descobrindo-se verdadeirasucessão empresarial ilícita capitaneada pelo ex-policial militar 6, FranciscoJustino do Nascimento, conforme a seguir esmiuçado.

2 Os dados coletados no presente PIC foram remetidos às Procuradorias da República em Pau dosFerros no Rio Grande do Norte e à Procuradoria da República em Juazeiro do Norte no Ceará.

3 No que pertine aos crimes fiscais, dependentes de lançamento definitivo do crédito tributário, ainformação sobre a sonegação fiscal da Construtora Servcon, relativamente ao Imposto de Rendade Pessoa Jurídica – IRPJ, não declarados valores recebidos pelas obras públicas, já foi noticiadaà Receita Federa do Brasil (fl. 364).

4 Ainda nos autos do IC n. 1.24.002.000176/2012-04. No mesmo sentido, representaçãoformulada pelo Deputado Estadual José Aldemir Meireles, tombada inicialmente sob a rubricade NF n. 1.24.002.000031/2014-67 e atualmente no anexo V do presente PIC.

5 Para efeito de precisão conceitual, em todo o texto se usa a expressão “ notas fiscais frias” paradesignar aquela nota fiscal que, embora documentalmente verdadeira, possui informações sobreserviços não prestados ou sobre uma operação não realizada pela empresa, em verdadeirocrime de falsidade ideológica (art. 299, CP). Como a nota fiscal se tornou no Brasil a base de todatransação comercial e base para aplicação de impostos, realização de pagamentos e prestação decontas, a utilização desse documento fiscal se tornou também estratégico para as fraudespraticadas contra a administração. A experiência tem demonstrado que a produção de notasfiscais “frias” se tornou uma profissão, praticada por aqueles que se aprofundaram em técnicasde obtenção desses documentos e nos procedimentos de abertura de empresas “fantasmas” coma utilização de laranjas e documentos falsos.

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1.1.1. Do Início das Fraudes: IMCON Limpeza e Construções1.1.1. Do Início das Fraudes: IMCON Limpeza e Construções

Entre 04 de março de 1999 e 07 de julho de 2009, Francisco Justinodo Nascimento foi sócio da empresa IMCON Limpeza e Construções (CNPJ n.03.007.452/0001-93), com 30% de participação, juntamente com sua esposa,Elaine da Silva Alexandre, vulgo “Laninha”, com 70% da participação (fls.118/121).

Tal empresa, ainda ativa, recebeu, somente a título de recursospúblicos, o valor de R$ 3.628.658,84, conforme dados extraídos do Sistema deAcompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade (SAGRES) do Tribunal deContas do Estado da Paraíba. Grande parte desses recursos foi recebida até o anode 2009, quando a empresa era supostamente operada por Francisco Justino.

Ocorre que, nos dez anos em que esteve à frente da IMCON,precisamente em 2004 e 2005, Francisco Justino já havia deixado a Polícia Militarda Paraíba e chegou a receber auxílio financeiro de R$ 100,00 dos municípios deJoca Claudino e Poço José de Moura (fls. 150 e 152) por ser considerada pessoacarente.

Nesse período, Francisco Justino e “Laninha” também tiveram contrasi instaurado o inquérito policial n. 327/2002 – SR/DPF/PB (retombado comon. 13/2007 – DPF/PAT/PB), por uso de documento falso e fraudes licitatóriascom a empresa IMCON 7.

6 O interesse sobre o principal articulador do esquema criminoso, Francisco Justino doNascimento, começa com as informações prestadas pela Polícia Militar do Estado da Paraíba. Osdocumentos de fls. 404/440 e 453/491 demonstram que ele teve sua carreira militar marcadapor repetidas e graves faltas disciplinares, tais como deserção (fls. 408, 417, 419, 438),contração de dívidas acima de suas possibilidades (“contumaz inadimplente, incorrigível nessetipo de atitude”, fl. 440), furto de cheques, expedição de cheques sem fundos (fl. 415 e 422),embriaguez alcoólica, desobediência de ordem superior e peculato de valores do quartel (fl.434). Em decorrência, o militar foi preso diversas vezes (fls. 415, 434, 438, 439 e 440) e teve seucomportamento considerado “mau” para efeitos disciplinares de hierarquia (fl. 440 e 457).

7 Número judicial 0009202-92.2002.4.05.8200, remetido à Justiça Estadual, Comarca deCajazeiras-PB.

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Em 07 de julho de 2009, o controle formal da IMCON passou a JoséKennedy Leandro Gomes, vulgo “Dedezinho”, e seus sócios, José Alves de OliveiraNeto e Francisco Pereira de Sousa (fl. 118/120).

No curso do IC n. 1.24.002.000097/2015-38, apurou-se que os novosadministradores da empresa IMCON eram, em verdade, “laranjas” 8 de MoacirViana Sobreira, construtor que operou, por quase uma década, o mesmo esquemade venda de notas fiscais “frias”, atualmente capitaneado por Francisco Justino. Portais condutas, Moacir Viana Sobreira fez uso de diversas empresas “fantasmas” 9 efoi demandado em mais de uma dúzia de ações 10.

A IMCON e a Servcon chegaram a participar juntas em duas licitaçõesem Poço Dantas e Cachoeira dos Índios 11. A relação próxima de Francisco Justino eMoacir Viana retornaria posteriormente, quando aquele teria “contratado” estecomo engenheiro, conforme narrado na exordial da ação penal que trata do núcleocriminoso em Bernardino Batista (TP n. 003/2010).

8 Neste texto, usa-se o termos “laranja” para caracterizar o agente intermediário que efetua emseu nome, por ordem de terceiros, transações comerciais ou financeiras, ocultando a identidadedo real agente ou beneficiário.

9 Sendo as mais conhecidas, além da IMCOM, a Joatan Construções LTDA (CNPJ n.06.171.252/0001-60), a Vetor Pré-moldados Construções Comércio e Serviços LTDA (CNPJ n.05.828.370/0001-35) e a Personal Construções, Comércio e Serviços LTDA (CNPJ n.05.410.518/0001-17).

10 Exemplificativamente: 0000113-19.2014.4.05.8202 - AÇÃO PENAL; 0000222-14.2006.4.05.8202 (2006.82.02.000222-1) - AÇÃO PENAL; 0000256-08.2014.4.05.8202 - AÇÃOPENAL; 0000283-88.2014.4.05.8202 - AÇÃO PENAL; 0000305-49.2014.4.05.8202 - AÇÃOPENAL; 0000565-63.2013.4.05.8202 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADEADMINISTRATIVA; 0000567-33.2013.4.05.8202 - AÇÃO PENAL; 0000793-38.2013.4.05.8202 -AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA; 0000874-84.2013.4.05.8202 -MEDIDA CAUTELAR INOMINADA; 0000875-69.2013.4.05.8202 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA; 0001433-12.2011.4.05.8202 - AÇÃO PENAL; 0002431-14.2010.4.05.8202 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA; 0003051-26.2010.4.05.8202 - AÇÃO PENAL; e 0003232-90.2011.4.05.8202 - AÇÃO PENAL.

11 Trata-se da TP n. 06/2010 de Poço Dantas e a TP n. 02/2011 de Cachoeira dos Índios,envolvendo recursos estaduais.

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1.1.2. Do Arranjo Atual da Organização: 1.1.2. Do Arranjo Atual da Organização: ServconServcon e e TecTec NovaNova

Em 22 de julho de 2009, quinze dias após deixar a IMCON, FranciscoJustino do Nascimento constituiu a Servcon Construções Comércio e ServiçosLTDA – EPP, nome fantasia “Construtora Servcon” (CNPJ n. 10.997.953/0001-20),que era integrada, de sua fundação até 27 de outubro de 2011, por FranciscoJustino do Nascimento, com 80% das cotas, e seu genitor, Justino Raimundo doNascimento (CPF n. 037.851.554-33), com 20% das cotas (fls. 142/144).

Em 27 de outubro de 2011, Justino Raimundo do Nascimento ésubstituído pelo engenheiro Geraldo Marcolino da Silva (CPF n. 086.518.504-25), passando a constituição societária a ser: Francisco Justino do Nascimento com99% das cotas e Geraldo Marcolino da Silva com o 1% restante.

Formalmente, a empresa Servcon pode ser assim representada:

A informação inicial era de que a Servcon Construções Comércio eServiços LTDA – EPP, em parceria com a empresa Tec Nova – Construção Civil

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LTDA – ME (CNPJ n. 14.958.510/0001-80), operacionalizavam amplo esquemacriminoso de venda de notas fiscais “frias”.

Entre 18 de janeiro de 2012 e 12 de junho de 2013, foram sócios daTec Nova – Construção Civil LTDA Mayco Alexandre Gomes (CPF n. 084.850.354-61), com 99% de participação, e Maria Alda da Silva Alexandre (CPF n.675.292.164-49), com 1% de participação. Em 12 de junho de 2013, os sóciospassaram a ser Fernando Alexandre Estrela (CPF n. 103.824.114-63), com 99%de participação 12, e o engenheiro civil Horley Fernandes (CPF n. 020.579.644-34), com 1% de participação 13. Em 04 de novembro de 2014, Elaine da SilvaAlexandre, vulgo “Laninha”, esposa de Francisco Justino, substituiu FernandoAlexandre no quadro societário da Tec Nova.

Formalmente, a Tec Nova pode ser assim representada:

12 No período imediatamente anterior a ser alçado ao cargo de “administrador” da empresa TecNova, Fernando Alexandre Estrela trabalhava na empresa Auto Posto Cajazeiras LTDA (CNPJ n.05.471.862/0001-16), no período de 17 de outubro de 2012 a 21 de outubro de 2013,exercendo o cargo de frentista (fl. 148) e, na declaração de IRPF, identificou-se como “vendedore prestador de serviços do comércio, ambulante, caixeiro-viajante e camelô” (fl. 450 e mídia).

13 Horley Fernandes também foi sócio da Personal Construções, Comércio e Serviços LTDA,identificada como empresa “fantasma” pertencente a Moacir Viana Sobreira, acima referido.

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Destes sócios meramente figurativos, descobriu-se que Maria Alda daSilva Alexandre é genitora de “Laninha”, esposa de Francisco Justino, e avó deFernando Alexandre Estrela. Este, por sua vez, é irmão de Mayco Alexandre Gomese ambos (Mayco e Alexandre) são filhos de Eliana da Silva Alexandre, irmã deLeninha e filha de Alda – ou seja, sobrinhos de Francisco Justino. A sede da TecNova se situa na casa de Maria Alda da Silva Alexandre, mãe de “Laninha”, e amenos de 35 metros de sua antiga residência (atualmente habitada por EnieideAlexandre, irmã de “Laninha”).

Como se os vínculos familiares próximos não fosse suficiente paraapontar Francisco Justino e “Laninha” como reais administradores de ambas asempresas, as informações constantes dos relatórios de inteligência do COAFdocumentam diversos saques efetuados na conta da Tec Nova diretamente porFrancisco Justino (fls. 51/52), além da compra de um veículo com cheques da TecNova assinados por Francisco Justino (fls. 387/391).

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Por fim, a fotografia colhida na rede social Facebook, em perfil de“Laninha”, Mayco e Alexandre aparecem trabalhando no escritório da Servcon (fl.191) e o próprio Francisco Justino compareceu a esta PRM – Sousa para inquiriçãoem outro procedimento e se apresentou como represente da Tec Nova (fl. 190).

Em depoimentos prestados à Polícia Federal quando de suas prisões,os denunciados afirmaram que as empresas eram administradas por FranciscoJustino do Nascimento, cabendo a Mayco Alexandre Gomes e a FernandoAlexandre Estrela participar das fraudes na qualidade de “testas de ferro” (fls.290/304, IPL). Inclusive, na busca e apreensão realizada na cada de Justino eElaine foi encontrado um talonário de cheques do Banco Itaú, relativo à contacorrente nº 01357-5 da agência nº 6781-4, em nome da Tec Nova, com os chequesAA-000010 a AA-000020 assinados em branco por Mayco Alexandre. Do mesmotalão, os cheques de AA-00001, AA-00008 e AA-00009, diziam respeito a despesasde Francisco Justino e foram emitidos até o primeiro semestre de 2013, época emque a empresa era formalmente administrada por Mayco.

Os sócios e engenheiros Horley Fernandes e Geraldo Marcolino daSilva eram responsáveis por assinar as ATR's que possibilitavam a regularizaçãodocumental das obras públicas, sabendo que as obras não seriam executadas pelasempresas Servcon e Tec Nova. Inclusive, durante as buscas, um carimbo com osdados do engenheiro Geraldo Marcolino foi encontrado na casa de FranciscoJustino.

Por sua vez, a participação de Elaine da Silva Alexandre, vulgo“Laninha”, na esquema não se resumia ao acompanhamento do marido,participando ela ativamente da empresa criminosa, como, aliás, revela o trecho dodiálogo interceptado:

ÍNDICE: 7168842NOME DO ALVO: FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTOTELEFONE DO ALVO: 8393045008DATA DA CHAMADA: 19/11/2014HORA DA CHAMADA: 07:13:56DURAÇÃO: 00:00:41TELEFONE DO CONTATO: 8433880124TRANSCRIÇÃO:

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HNI - Justino se encontra?LANINHA - foi deixar Juliana no colégio.HNI - (...) quando ele chegar peça a ele, diga a ele que mandei no email duasnotinhas pequenas peça para ele emitir que eu tô tirando aqui as certidões.LANINHA - pronto, assim que ele chegar eu falo para ele.HNI - tá bom. Obrigado Laninha.LANINHA - nada.

Na análise do material apreendido, destacam-se as anotaçõesrealizadas na agenda de “Laninha” relacionadas claramente ao seu envolvimentocom as atividades ilícitas do marido. Dela consta anotação sobre “monte Orebe asNotas – Júnior ligou” (sic), que diz respeito a pedido de notas fiscais pelaPrefeitura de Monte Horebe-PB, ente público do qual as empresas de “Laninha” eJustino receberam R$ 1.699.111,96.

De outra anotação consta “Paolo R$ 450.000,00, R$ 160.000,00,R$ 160.000,00 e R$ 30.000,00”, indicando possível rateio de valores. Há ainda aanotação, “Wendeo de Joca Claudino – 9988 6065 – a respeito de umamedição” (sic), relativamente a Wendell Alves Dantas, marido da Prefeita de JocaClaudino, Secretário de Finanças da Prefeitura e réu em outro processo da“Operação Andaime” por operacionalizar naquele Município a segunda camada daempreitada criminosa aqui imputada a “Laninha”.

Por fim, consta da mesma agenda a anotação “Francina fui praMajor Sales, só o que vem aqui hoje é o rapaz pra colocar o toldo deixe eleentrar. Qualquer coisa me ligue. Laninha” (sic), demonstrando o conhecimentoe participação desta nas negociações das empresas pertencentes ao casal emMunicípios do Rio Grande do Norte, no caso, o Município de Major Sales.

Ainda em relação à participação de Laninha no esquema, observe-seque ela chega a pessoalmente assinar documentos ideologicamente falsos paraparticipar de licitações com a empresa Tec Nova, como dão conta a descriçãoconstante do ponto abaixo, relativamente a Concorrência n. 02/2015 de Cajazeiras.

Pelo exposto, parece além de qualquer dúvida razoável que asempresas Servcon Construções Comércio e Serviços LTDA – EPP e Tec Nova –Construção Civil LTDA se encontravam sob o controle de Francisco Justino do

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Nascimento e de sua esposa Elaine da Silva Alexandre, vulgo “Laninha”, com vistasa operacionalizar o seu esquema criminoso de fraude a licitações e desvio derecursos públicos.

Somente até este momento já se prova, com certa facilidade, o crimede fraude à licitação (art. 90, Lei n. 8.666/93) em pelo menos oito certamesrealizados no Estado da Paraíba (fl. 21 e 193/202), em que ambas as empresasparticiparam em conjunto, cuja discriminação será feita em tópicos apartadosabaixo.

1.1.3. 1.1.3. ServconServcon e e TecTec NovaNova como Empresas Fictícias como Empresas Fictícias

Por “empresa fictícia” ou “empresa fantasma” se entende a pessoajurídica constituída apenas documentalmente, ou seja, somente no papel. Pordefinição, a constituição de empresas “fantasmas” é prática colusiva que consistena criação, por meio de registro nas juntas comerciais, de empresas que não atuamde fato no mercado (ou atuam se valendo da estrutura empresarial de outra), mas“participam” das licitações públicas com o intuito único de conferir aparência delegalidade ao certame 14.

A participação de empresa “fictícia” em licitação implicanecessariamente também na formulação de uma proposta fictícia. Na prática,sagrando-se vencedora, o adimplemento contratual – se ocorrer – será feito poroutra empresa, que detém a estrutura operacional necessária (empregados,maquinário, veículos, etc.) 15, ou, como alguns casos demonstrou (v.g., emMarizópolis), a realização das obras é feita pelos servidores do próprio entepúblico.

Diferentemente das “empresa de fachada” 16, a empresa fictícia nãotem nenhuma atividade econômica e é utilizada apenas para fornecer documentos

14 Na maior parte dos casos elas assumem a natureza de microempresas (ME) ou de empresas depequeno porte (EPP), como é o caso da Servcon e Tec Nova, gozando de prerrogativas dedesempate e de preferência de contratação nas licitações públicas (art. 44, LC n. 123/2006).

15 CECCATO, Marco Aurélio. Cartéis em Licitações: estudo tipológico das práticas colusivas entrelicitantes e mecanismos extrajudiciais de combate. Disponível em: [www.esaf.fazenda.gov.br].

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para as licitações e notas fiscais “frias” de serviços que não executou, como formade dar aparência de legalidade às licitações e ao desvio de recursos públicos. Emúltima análise, as movimentações financeiras da empresa no suposto recebimentodos recursos públicos e seu posterior desvio em favor dos beneficiários seenquadram, em tese, como dissimulação do proveito de crime antecedente,consistindo em típico crime de lavagem de dinheiro.

No caso investigado, além de as empresas Servcon e Tec Novapertencerem a Francisco Justino do Nascimento, que, juntamente com os demaisdenunciados, usa-as para fraudar licitações públicas, as provas coligadas aopresente PIC revelam que ambas as pessoas jurídicas são “empresa fantasmas”,criadas apenas para dar aparência de legalidade às licitações e fornecerem adocumentação lastreadora dos recursos públicos desviados (notas fiscais “frias”),operacionalizando a primeira fase da lavagem de dinheiro do proveito do crime.

A seguir, esmiunça-se os motivos pelos quais as empresas Servcon eTec Nova são empresas “fantasmas”.

1.1.3.1. Da Ausência de Mão de Obra para Execução das Obras1.1.3.1. Da Ausência de Mão de Obra para Execução das Obras

Os dados do Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos daSociedade (SAGRES) do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba apontam aparticipação da Construtora Servcon em 142 licitações, movimentando, em apenascinco anos (2009 a 2014) o valor de R$ 14.233.923.45 (quatorze milhõesduzentos e trinta e três mil novecentos e vinte e três reais e quarenta e cincocentavos), somente de pagamentos de órgãos públicos. O sistema não apresenta osvalores de 2015, mas a investigação apontou que se trata de empresa em plenofuncionamento.

Por sua vez, a Tec Nova participou de 35 licitações, movimentando,em apenas dois anos (2012 a 2014) o valor de R$ 2.777.655,37 (dois milhõessetecentos e setenta e sete mil seiscentos e cinquenta e cinco reais e trinta e setecentavos), somente de pagamentos de órgãos públicos. O sistema não apresenta os

16 Entendida como a entidade legalmente constituída que participa do comércio legítimo, mas éutilizada para contabilizar recursos oriundos de atividades ilícitas, mesclando ou não recursosilícitos com recursos provenientes de sua própria atividade.

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valores de 2015, mas a investigação também apontou que se trata de empresa empleno funcionamento – tanto que nas buscas foi encontrado envelope contendodocumentação de habilitação em licitação que a Tec Nova participaria naquelamesma data (26/07/2015) na cidade de Cajazeiras.

Por intermédio dessas empresas fictícias, a organização criminosachefiada por Francisco Justino do Nascimento fraudou 177 licitações eforneceu documentação para desvio e lavagem de mais de R$ 17.000.000,00em recursos públicos.

A despeito de movimentarem quantias superlativas de recursospúblicos, nenhuma das empresas – Servcon e Tec Nova – registrou qualquerempregado durante todos os seus anos de funcionamento (fls. 144 e 147) 17. Essecompleta ausência de mão de obra é, inclusive, confessada por Francisco Justino nodepoimento gravado à fl. fl. 20, anexo IX.

Assim, a Servcon e a Tec Nova não possuem nenhuma estruturade mão de obra para realizar os serviços que supostamente lhes tornarammilionárias – o que é tipologia característica de empresa fantasma usada paralavagem de dinheiro segundo o COAF 18.

1.1.3.2. Da Ausência de Lucros Declarados à Receita Federal1.1.3.2. Da Ausência de Lucros Declarados à Receita Federal

Ademais, o acesso aos dados fiscais, deferido judicialmente nos autosn. 0000378-21.2014.4.05.8202, revela que as empresas Servcon e Tec Novaprestaram informações falsas à Receita Federal do Brasil.

Efetivamente, a Servcon não declarou suas receitas na DIPJ dos anos-calendário de 2009, 2010 e 2010, chegando a informar que nos anos de 2009 e2011 estava inativa. Em decorrência dessa informação falsa, foi abertoprocedimento de fiscalização pela Receita Federal, ainda em curso (fl. 450 e mídia).

17 Somente em 01 de fevereiro de 2013, a Servcon admitiu Francina Andrade Silva (CPF n.076.763.034-35) (fl. 158, anexo XI), beneficiária do Programa Bolsa Família desde 2011.

18 COAF, II Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro, 2014, pág. 19. disponível em: [http://www.coaf.fazenda.gov.br/pld-ft/publicacoes]

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Por sua vez, a Tec Nova apresentou DIPJ do exercício de 2013, informando que noano-calendário de 2012 estava inativa.

Já em relação à Francisco Justino do Nascimento, os dados fiscaisrevelam que ele também não declarou na DIPF o suposto lucro auferido de suasempresas milionárias, limitando-se a declarar, a partir do ano-calendário de 2009,renda de pouco mais de mil reais por mês – exceto no exercício de 2014, quandoinformou não possuir renda alguma (fl. 450 e mídia). Da mesma forma, FernandoAlexandre Estrela, embora administrador da empresa Tec Nova, na DIPF ano-calendário 2013, também declara renda de pouco mais de mil reais mensais (fl.450 e mídia).

O engenheiro Geraldo Marcolino da Silva apenas informou sua rendade servidor público da SUPLAN, sem nada falar sobre lucros eventualmenteauferidos. Igualmente, Horley Fernandes, que declara renda de diversas fontespagadoras, mas não o faz em relação a lucros das empresas em questão.

Os demais membros da organização criminosa – quais sejam,“Laninha” e Mayco Alexandre Gomes (embora este tenha movimentadoconsiderável quantia de recursos em contas sob seu nome) - jamais declararamqualquer dados ou atividades à Receita Federal.

1.1.3.3. Da Ausência de Insumos para a Atividade1.1.3.3. Da Ausência de Insumos para a Atividade

Outro dado fundamental para se caracterizar as empresas Servcon eTec Nova como “fantasmas” foi fornecido pela Controladoria-Geral da União aoanalisar os dados fiscais da Receita Estadual, cujo compartilhamento foi deferidojudicialmente nos referidos autos. Efetivamente, em análise minuciosa das notasfiscais eletrônicas emitidas no período de 2011 a 2014, em razão de compras juntoa outras empresas, verificou-se que a Servcon não adquiriu materiais ou insumossuficientes para executar as obras contratadas junto a prefeituras paraibanas (fls.84/88, anexo XI).

Por meio de consultas ao Sistema Sagres do Tribunal de Contas doEstado da Paraíba – SAGRES/PB, verificou-se que, no período de 2011 a 2014, a

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Servcon foi beneficiada com pagamentos realizados por prefeituras no montantede R$ 11.860.346,83.

A análise de documentos fiscais estaduais indicam que foramemitidas notas fiscais à Servcon, no período de 2011 à 2014, no valor total de R$240.900,13, o que corresponde a 2,03% do montante recebido de prefeiturasparaibanas no mesmo período.

Considerando o valor pago à Servcon entre 2011 a 2014 (R$11.860.346,83), pode-se estimar o custo direto das obras contratadas junto aprefeituras paraibanas, conforme a seguir detalhado:

Valor Pago (A) BDI = 30% (B = 0,3 x A) Custo Direto C = A - B

R$ 11.860.346,83 R$ 2.737.003,11 R$ 9.123.343,72

Considerando os percentuais adotados pela legislação previdenciáriae pela doutrina para determinação do valor referente aos encargos sociais a seremrecolhidos, estima-se o percentual de 35% do faturamento bruto no intuito dedeterminar a base de cálculo para fins de recolhimento previdenciário, ou seja,35% do valor faturado corresponde a mão-de-obra.

Para fins de determinação de um valor referente à despesa quedeveria ter sido incorrida pela Servcon para executar as obras contratadas pelasprefeituras, estima-se que seria necessária a aquisição de materiaiscorrespondentes a 65% do custo direto da obra (observe-se que este percentualfoi considerado em relação ao custo direto, excluindo-se impostos e lucro, entreoutros), o que corresponde a R$ 5.930.173,42, ou seja, para a execução de todas asobras contratadas pela empresa Servcon junto aos municípios, deveriam ter sidoemitidas notas fiscais em favor desta empresa naquele valor.

Em que pese tal fato, no período de 2011 a 2014, as notas fiscais deaquisição de materiais pela Servcon correspondem a apenas R$ 240.900,13, umpercentual de 2,03% do montante recebido, o que resulta uma diferença de R$

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5.689.273,29, corroborando os demais fatos que demonstram indícios de que aempresa Servcon não ter executado diretamente as obras.

Além disso, observe-se a quantidade de sacos de cimento adquiridospela empresa Servcon, no período de 2011 a 2014:

CNPJ FORNECEDOR DATA QUANTIDADE SACOS DE CIMENTO

10140522000142 26/03/2014 280

10140522000142 28/07/2014 100

10140522000142 02/09/2014 50

10140522000142 10/09/2014 50

10140522000142 23/09/2014 70

10140522000142 28/10/2014 80

TOTAL 630

Conforme demonstrado na tabela, a empresa Servcon adquiriusacos de cimento apenas a partir do exercício 2014 e, no período de 2011 a2013, apesar de ter recebido de prefeituras paraibanas R$ 8.732.889,40 não háregistros de notas fiscais de aquisição de cimento emitidas em seu favor, sendooutro indício de que as obras não foram executadas diretamente por ela.

Em relação ao total de cimento registrado nas notas fiscais emitidasem favor da empresa Servcon, ele sequer seria suficiente para executar os itens deserviços referentes aos elementos de concreto da obra de construção de quadraescolar no Distrito Tambor, contratada junto à Prefeitura de Cachoeira dosÍndios/PB, conforme demonstrado no aludido relatório da CGU.

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Assim, o cimento registrado nas notas fiscais emitidas em favorda Servcon sequer seria suficiente para executar os elementos de concreto deuma das inúmeras obras que a empresa deveria ter executado , destacando-se,ainda, que outros itens de serviços da quadra escolar necessitam da utilização decimento, a exemplo de chapisco, reboco, emboço, entre outros.

1.1.3.4. Da Movimentação Bancária Atípica1.1.3.4. Da Movimentação Bancária Atípica

A análise das contas bancárias mantidas pelas empresas Servcon eTec Nova também indicam movimentações financeiras atípica, característica deempresas “fantasmas”, conforme tipologia estabelecida pelo COAF em publicaçãooficial 19.

Efetivamente, as contas das empresas, às quais o MPF teve acesso apartir de decisão judicial 20, apresentam sempre o mesmo comportamento demovimentação configurado como “recebimento de recursos com imediatarealização de saques em espécie”. O relatório de fl. 16 do anexo VII indica que naprincipal conta da Servcon foram realizados 422 saques, totalizando R$13.968.879,26, correspondente a 95% de toda a movimentação à débito. O mesmoé verificado na principal conta da Tec Nova, entre saques com cartão (47) e saquescontra recibo (26), assim foram movimentados quase 83% dos recursos (fl. 19).

Destes saques vultosos em espécie, o COAF remeteu relatório deinteligência financeira (fls. 40/56), no qual se verifica a ocorrência de 15 saquesnas contas da Servcon, feitos por Francisco Justino do Nascimento, em quantiasacima de R$ 100.000,00. No total, tais saques atípicos somam aproximadamentetrês milhões de reais sacados na boca do caixa. Francisco Justino também realizou07 saques nas contas da Tec Nova em quantias acima de R$ 100.000,00,totalizando aproximadamente R$ 750.000,00. Por sua vez, Mayco AlexandreGomes realizou 01 saque na conta de Tec Nova no valor de R$ 150.000,00.

Ademais, Francisco Justino realizou absolutamente ilícitossaques nas contas do municípios de Bernardino Batista (fl. 46) e Marizópolis

19 COAF, II Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro, 2014, pág. 13 e 39. disponívelem: [http://www.coaf.fazenda.gov.br/pld-ft/publicacoes]

20 Autos n. 0000378-21.2014.4.05.8202 e n. 0000251-83.2014.4.05.8202.

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(fl. 49), no valor respectivo de R$ 110.520,00 e R$ 100.000,00 – não por acaso,duas da prefeituras nas quais se verificou crimes narrados em outras denúnciasnesta data apresentadas.

Em complemento, o acesso aos extratos bancários das referidasempresas revelam que elas, em outra tipologia característica de empresasfantasmas, possuem como credores quase exclusivamente órgãos públicos,especificamente prefeituras do sertão da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.Estranhamente, para o real mundo das relações comerciais capitalistas, tratam-sede empresas que não prestam qualquer serviço de engenharia a particulares.Nesse sentido, observar os extratos consolidados por depositante de fls. 75/78 e82/84.

Por outro lado, como se narrou acima, não se precisa lembrar que amovimentação bancária das empresas é absolutamente incompatível com asinformações fiscais prestadas pelos investigados à receita federal.

1.1.3.5. Das Informações Colhidas em Interceptação Telefônica1.1.3.5. Das Informações Colhidas em Interceptação Telefônica

Com autorização judicial, proferida nos autos da ação cautelar penaln. 0000346-16.2014.4.05.8202, a Polícia Federal interceptou telefones ligados àFrancisco Justino do Nascimento e a suas empresas, constatando-se que, em todasas suas relações comerciais, ele somente tratava sobre a documentação paralicitações, notas fiscais para pagamentos com recursos públicos e sobretransferências que precisava fazer para terceiras pessoas – tudo movimentaçãocomercial padrão de empresários “fantasmas”.

Conforme constatou a Polícia Federal em seus autos circunstanciadosdas interceptações, Francisco Justino não realiza ligações relacionadas à efetivaexecução das obras, compra de material ou insumos utilizados na construção civil,não mencionou qualquer nome de trabalhador, operário, mestre de obras,pedreiros, pintores etc., assim como não faz qualquer tipo de contato com

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fornecedor. Sequer com os engenheiros de sua própria empresa ele mantevecontato 21.

A esse respeito, os seguintes trechos da interceptação:

Índice : 6804825Operação : ANDAIMENome do Alvo : FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTOFone do Alvo : 8393045008Fone de Contato : 8391321000Data : 27/8/2014Horário : 07:08:46AFRANIO - oi.FRANCISCO - um pede um quite de certidão pra aquela nota viu, para não perder tempo, faz favor.AFRANIO - você num quer que eu leve logo o dinheiro logo não, na mão não.FRANCISCO - aí era melhor.AFRANIO - tu vai pagar meu dinheiro hoje?FRANCISCO - vou, tu é doido.AFRANIO - será preciso eu vou falar com Jorge, para interferir no negócio.FRANCISCO - vai tomar no teu cu, eu vou já é pro Uiraúna pra ver se eu arranjo a medição já já no posto de saúde. E semana que entra já tem outra de Cajazeiras.AFRANIO - tá bom.FRANCISCO - cuide aí desse negócio.AFRANIO - valeu, vou já fazer e vou deixar lá.FRANCISCO - beleza, tchau.

Índice : 6984508Operação : ANDAIMENome do Alvo : FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTOFone do Alvo : 8393045008Fone de Contato : 8391211494Data : 06/10/2014Horário : 07:58:06

21 Nesse sentido, é precisa a constatação do Delegado de Polícia Federal, condutor do IPL: “ osdiálogos mantidos pelo investigado basicamente se resumem à obtenção de documentos de CEI[Cadastro Específico do INSS] e ART [Anotação de Responsabilidade Técnica], fato que reforça asuspeita inicial de que Justino e suas 'empresas' são utilizadas exclusivamente para fornecer notasfiscais para justificar a realização / liquidação de despesas públicas, até mesmo porque, conforme jáapontado, tais 'empresas' não apresentam uma atividade empresarial regular” (fl. 109).

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JUSTINO - ei CHICO deu certo, eu já mandei o cabra para Campina Grande, o cabra já tá trazendo o Talão de volta.CHICO - tá, tá bom.JUSTINO - aí agora é só aguardar para ver o que vai fazer.CHICO - isso, isso.JUSTINO - outra coisa que eu tô ligando para lembrar a tu, tu viu o negócio da receita?CHICO - eu tava olhando aqui, mas tava fora do ar, é só o da Previdência né?JUSTINO - é, teve movimento.CHICO - aí eu vou olhar aqui.JUSTINO - olhe aí o que é, que teve uns recolhimento em Bernardino Batista.CHICO - porque se tiver mostrando o recolhimento aqui aí é melhor porque eu já informo.JUSTINO - tu olha hoje?CHICO - tô ligando os computadores, daqui a pouco eu to vendo.JUSTINO - pois valeu, eu liguei só para dizer a tu, já deu certo o talão e eu já mandei o talão de volta, vou devolver para a prefeitura.CHICO – ah, tá bom todo.JUSTINO - é o talão VIRGEM que eles tavam dizendo que tava faltando, que estava faltando cinquenta notas.CHICO - é, mas homem deu beleza. Ei, eu passei o e-mail dos negócios. JUSTINO - de quê?CHICO - do extrato e do imposto lá.JUSTINO - não, eu tô olhando aqui, é porque eu olhei no da TECNOVA, perái, tupassou no da SERVCON num foi?CHICO - foi.JUSTINO - Eu disse oxi, CHICO ficou de passar umas coisas e também não passou.CHICO - passei naquele dia mesmo.JUSTINO - tá aqui, CHICO EXTRATO.CHICO - eu tive que sair, foi levar um pessoal para votar, tive que ajeitar carro.JUSTINO - votou em quem?CHICO - (...) votei em Cássio.(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

O papel que cabe a Francisco Justino como fabricador de documentosnecessários ao desvio também fica revelado no seguinte áudio:

Índice : 7004309Operação : ANDAIMENome do Alvo : AFRANIO GONDIM JUNIOR

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Fone do Alvo : 8391321000Fone de Contato : 8393045008Data : 13/10/2014Horário : 10:33:00AFRANIO - meu filho faça um favor pra mim.JUSTINO - diga aí.AFRANIO - providencie essa documentação que eu deixei aí, pra eu correr com ela. Umas coisas que Cirilo deixou lá, aqui que eu te falei, um problema que houve (…) fazer tudo de novo.JUSTINO - é pra refazer as planinhas é?AFRANIO - tá tudo pronto só falta assinar aí. (...)JUSTINO - assim que eu chegar levo pra GIVALDO assinar, aí ligo pra você e vou deixar aonde você estiver.AFRANIO - beleza.JUSTINO - ei, deu certo o cheque?AFRANIO - deu, deu. (...) cê deu quanto lá, sabe dizer?JUSTINO - eu botei o valor que foi creditado, R$ dezessete mil seiscentos e pouco...eu botei até os centavos, pra depois não dizer que eu estou lhe devendo.AFRANIO - vixe Maria tá muito direito.JUSTINO - é MARINHO (...) vou lhe dá dois reais seus. AFRANIO - aquele nego filho de rapariga.JUSTINO - assim que chegar em casa eu faço lá e ligo pra você.AFRANIO - beleza.(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

E no seguinte trecho:

ÍNDICE: 7144162OPERAÇÃO: ANDAIMENOME DO ALVO: FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTOTELEFONE DO ALVO: 8393045008DATA DA CHAMADA: 14/11/2014HORA DA CHAMADA: 09:48:26DURAÇÃO: 00:01:31TELEFONE DO CONTATO: 8391321000JUSTINO - oi.AFRANIO - tu pode anotar pra mim aí um negócio?JUSTINO - eu tô em São José de Piranhas.AFRANIO - era pra tirar uma nota, então dá tempo pra tu chegar lá.JUSTINO - eu tô em São José de Piranhas.AFRANIO - me dê logo o nome da sua conta.

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JUSTINO - CT-22.660-2. AFRANIO - que essa aí é da SERVCON né?JUSTINO - é.AFRANIO - tá bom. Não adiante você pegar o valor não porque você tá naestrada né?JUSTINO - oi, eu tô aqui em São José de Piranhas, que eu vim entrar com umMandado de Segurança aqui.AFRANIO - então pronto, tu quer pegar o valor logo da nota?JUSTINO - me dê que assim que eu chegar em casa eu já adianto.AFRANIO - R$ 81.548,04.JUSTINO - isso é de quê?AFRANIO - lá vai ter assim a mesma nota, você vai pegar nota anterior, só vaimudar a rua.JUSTINO - deixe eu chegar que agente faz bem direitinho homem.AFRANIO - é, vá simbora.(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

Em arremate, o telefone celular utilizado por Francisco Justino doNascimento recebeu mensagem de texto do número (84) 9611-3064, pertencentea seu contato no estado do Rio Grande Norte, o engenheiro José Fernandes deOliveira Júnior (CPF 251.057.364-00 e CREA 1606098985), com o seguinte teor:“Justino envie para vc uma nota e gostaria que vc emitisse e enviasse a nota fiscalpara recebermos ainda na quinta feita” (sic, fl. 101).

Assim, percebe-se que: a) ambas as empresas funcionam nas casasde seus sócios; b) nunca possuíram qualquer funcionário para desempenhar suasatividades finalísticas; c) não possuem maquinário de qualquer natureza para suasobras de engenharia; d) não adquiriram materiais de construção em quantidadecompatível com suas rendas; e) não declararam regularmente suas rendas àReceita Federal; f) somente participam de litações públicas, sem clientesparticulares; g) e movimentam literalmente milhões de reais que foramimediatamente sacados em dinheiro na boca do caixa bancário. Some-se a isso ofato de h) terem por sócios formais pessoas absolutamente improváveis para aatividade comercial (tais como Mayco, Fernando, Alda e Raimundo) e i)pertencerem ambas a Francisco Justino, tudo isso indica, acima de qualquerdúvida, a qualidade de empresas fantasmas da Servcon e da Tec Nova, montadasapenas para a prática de fraudes às licitações de que participa, desvio de recursospúblicos e lavagem de dinheiro.

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1.1.4. Do Objetivo da Organização Criminosa1.1.4. Do Objetivo da Organização Criminosa

Assentando-se a premissa de que as empresas de Francisco Justino e“Laninha”, Servcon e Tec Nova, são empresas “fantasmas”, convém esclarecer oobjetivo pelo qual essas empresas são constituídas e quem, em cada município,opera a segunda camada de empreitada criminosa.

O objeto de se fazer uma licitação fraudada com empresas“fantasmas” e lhes atribuir formalmente a execução de obras públicas intenta,logicamente, esconder os reais beneficiários dos recursos públicos supostamenteempregados. Realmente, se não são Servcon e Tec Nova quem executam a obra,alguém tem que o fazer. E se alguém realizaria a obra, a pergunta que se faz é: porque esse executor não concorreu na licitação?

Nesse passo a investigação revelou que a execução da obra, comtodos os seus lucros diretos (lícitos, constantes do BDI) e como os indiretos(ilícitos, como tributos não recolhidos, direitos trabalhistas não pagos etc), cabe,sempre, em cada município analisado, a pessoas ligadas à administração municipale, portanto, impedidas de licitar regularmente – vale dizer: Márcio Braga deOliveira, Francisco Harley Braga Fernandes, Jorge Luiz Lopes dos Santos e WendellAlves Dantas são engenheiros dos Municípios onde ocorreram as fraudes.

Porque não podem licitar regularmente, esses núcleos criminososnos municípios contratam os serviços de Francisco Justino do Nascimento, queatravés de suas empresas “fantasmas” participa da licitação e fornece toda adocumentação legal para dar esteio à despesa pública. Como é evidente, FranciscoJustino é remunerado por esse serviço em valor variável entre 02 a 04% do valorda nota fiscal, conforme indica diálogos interceptados de fls. 240 e 248 econfissão de Afrânio Gondim Rego (fl. 185/190, IPL).

A esse respeito, convém transcrever o trecho do áudio interceptado:

ÍNDICE: 7118543

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OPERAÇÃO: ANDAIMENOME DO ALVO: AFRANIO GONDIM JUNIORTELEFONE DO ALVO: 8391321000DATA DA CHAMADA: 11/11/2014HORA DA CHAMADA: 11:19:18DURAÇÃO: 00:02:12JUSTINO - alô.AFRANIO - empreitei com “Nezinho” viu. Dez mil.JUSTINO – pronto.AFRANIO – Dez mil, ai eu vou mandar o projeto por “Nano”, ele já vai começara cavar os buracos, os ferros, fazer as aterragem. Eu disse, “agora 'Nezinho'agilize aí, eu tenho que dar alguma coisa a esses teus funcionários?” (…) JUSTINO – Já mandaram o dinheiro?AFRANIO - faz mais de ano que transferiram o dinheiro da tua conta, foi noano passado, tá renovando sua senha. Daqui uns quinze ou vinte minutos está naconta. Eu lhe aviso. Ele disse que na hora que botar lhe avisa.JUSTINO - quem?AFRANIO – “Vandon” diz que na hora que fizer avisa.JUSTINO - eu não tô ouvindo não Afrânio, alô?AFRANIO - vai cair o dinheiro na sua conta e você fica mudo.JUSTINO - alô.AFRANIO - é igual a Marinho, num pode vê dinheiro não.JUSTINO – Ei, já caiu viu? A mulher já disse.AFRANIO – então pronto. A conta está aqui já, tome, ela já me deu. É o CNPJ...eu mando um zap zap? Vou mandar pro grupo. (…) Você deposita nessa conta2% do valor em cima do seiscentos e trinta e três, viu?JUSTINO – 2% de quanto?AFRANIO – de seiscentos e trinta e três. O valor da nota, né?JUSTINO – É.AFRANIO – O valor da nota que foi feita, calcula 2%.JUSTINO – Beleza.(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

Quando da deflagração da operação policial, Afrânio Gondin Júnior,agente executor no Município de Cajazeiras, confirmou o funcionamento daorganização (fl. 185/190, IPL), conforme se depreende do trecho:

QUE JUSTINO contratava verbalmente os serviços profissionais da empresa dointerrogado para execução de obras públicas nos municípios de CAJAZEIRAS/PB e

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UIRAÚNA/PB vencidas em processos licitatórios pela empresa SERVCOM; QUEtodas as obras eram executadas totalmente pela empresa do interrogado; QUE dosvalores recebidos pela SERVCOM correspondentes à medições que iam ocorrendodurante a obra, JUSTINO ficava com 4% do valor e mais o correspondente aosimpostos relativos às obras; (...) QUE com relação aos fatos em apuração, esclareceque foi procurado por JUSTINO em meados de 2013 e início de 2014, que oquestionou se estaria interessado em executar obras públicas que a empresa deletinha vencido em processos licitatórios em prefeituras; (...) QUE atualmente estáexecutando três contratos da empresa SERVCOM, sendo um em CAJAZEIRAS/PB edois em UIRAÚNA/PB; QUE em Cajazeiras está construindo quatro postos desaúde e em Uiraúna três postos de saúde e a reforma da rodoviária; QUE járecebeu em torno de 80% do valor da obra de Cajazeiras, 20% dos postos de saúdee 30% da reforma da rodoviária; QUE dos valores recebidos, conforme relatouanteriormente, JUSTINO ficou com 4% e mais os impostos; QUE não sabe informarse empresa SERVCOM possui veículos ou equipamentos, uma vez que nas obrasexecutadas pela empresa do interrogado, utiliza veículos e equipamentoscontratados pelo interrogado; (...) QUE tanto o interrogado quanto sua empresanão participou ou providenciou qualquer documento relativo aos processoslicitatórios das obras acima citadas; QUE a sua participação se limitava tãosomente à execução das obras vencidas por JUSTINO; (...) QUE ao ser executado oáudio índice 7004309 (conversa sua com JUSTINO), informa que deve se referir aalguma planilha de medição feita em alguma das obras que estava executando paraJUSTINO; QUE dependendo do andamento das obras ligava para JUSTINOprovidenciar as planilhas de medição para que os valores correspondentes fossemrepassados do órgão para JUSTINO e, consequentemente depois para ointerrogado, já descontado os valores acima informados; QUE as notas tinham queser emitidas pela firma de JUSTINO por ter sido ela a vencedora dos processoslicitatórios”

Francisco Justino do Nascimento opera uma organização criminosaque presta serviços ilegais a outros agentes organizados em cada município paraexecutar o obra pública e possibilitar desviar os recursos públicos.

Efetivamente, em cada município investigado existem agentesexecutores ligados à administração municipal que realizam as obras públicas,pagando uma comissão pelo “aluguel” das empresas do Francisco Justino eauferindo todos os lucros direitos e indiretos:

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a) em Cajazeiras, os agentes executores são Afrânio Gondin Júnior,Mário Messias Filho, vulgo “Marinho”, José Hélio Farias e MárcioBraga de Oliveira;

b) em Cachoeira dos Índios, é Francisco Harley Braga Fernandese Horley Fernandes e

c) em Joca Claudino e Bernardino Batista, os agentes executoressão Jorge Luiz Lopes dos Santos e Wendell Alves Dantas 22.

Por tais crimes, na ação penal n. 000297-38.2015.4.05.8202,apresentada em 23 de junho de 2015, o Ministério Público Federal imputou aFrancisco Justino do Nascimento, Elaine da Silva Alexandre, FernandoAlexandre Estrela, Mayco Alexandre Gomes, Horley Fernandes e GeraldoMarcolino da Silva o fato típico previsto no art. 2º, caput, da Lei n.12.850/2013, ao promoverem, constituírem, financiarem e integrarem,pessoalmente, organização criminosa.

A seguir, descrimina-se os fatos criminosos especificamenteimputados na presente denúncia.

2. Dos Fatos Imputados na Presente Denúncia 2. Dos Fatos Imputados na Presente Denúncia 2.1 Da Organização Criminosa em Cajazeiras2.1 Da Organização Criminosa em Cajazeiras

A organização criminosa supramunicipal, narrada no tópico decontextualização e imputada àqueles agentes em denúncia em separado, possuíaum braço operacional na cidade da Cajazeiras para execução das obras públicas.

Efetivamente, a partir da fiscalização in loco em duas obras públicas,realizada pela Controladoria-Geral da União entre os dias 01 e 05 de setembro de

22 Esse núcleo foi denunciado em 28 de julho de 2015 (processo n. 0000475-69.2015.4.05.8202).

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2014 (fls. 43/103, anexo XI, PIC), desvendou-se os demais integrantes daorganização criminosa que atuava especificamente na cidade de Cajazeiras.

Verificou-se que, além dos operacionalizadores das empresas“fantasmas”, aderiram à empreitada criminosa os empresários Mário MessiasFilho, vulgo “Marinho”, e Afrânio Gondin Júnior, o mestre de obras José HélioFarias e o engenheiro fiscal da prefeitura, Márcio Braga de Oliveira.

Identificou-se Mário Messias Filho, vulgo “Marinho”, como oadministrador da empresa Messias, Feitosa e CIA LTDA – ME, nome fantasia“LIMCOL” (CNPJ n. 04.233.913/0001-09), que já movimentou cerca de 2 milhõesde reais em recursos públicos, praticamente somente da Prefeitura de Cajazeiras,em sociedade com sua esposa, Betânia Feitosa Nogueira, atual Secretária deDesenvolvimento Social da Prefeitura de Cajazeiras, desde janeiro de 2015.

Em 2008, “Marinho” foi candidato ao cargo de Prefeito em Cajazeiras23, como sucessor político do ex-Prefeito Carlos Antônio de Araújo Oliveira, esteesposo da atual Prefeita, Francisca Denise Albuquerque de Oliveira. AControladoria-Geral da União coletou notícia em sítio eletrônico da internet queapontava “Marinho” como provável candidato a vice-prefeito na chapa de FranciscaDenise Albuquerque de Oliveira, quando de disputa pela reeleição em 2016 24.

23 Inclusive recebendo doações de campanha do engenheiro Márcio Braga de Oliveira, adiantereferido.

24 Segue íntegra da notícia: "Nos bastidores da política cajazeirense corre a informação, inclusiverepassada por aliados do grupo situacionista, que a chapa para a disputa das eleições de 2016estaria formada sendo composta pela prefeita Dra. Denise que disputará a reeleição tendo oempresário Mário Messias (Marinho), como o candidato a vice. No acordo firmado, embora nãotendo o aval do deputado estadual Jeová Campos (PSB), Marinho (PSDB) entraria na vaga de vice-prefeito, e sendo eleita a chapa, a prefeita Dra. Denise Albuquerque (PSB), comandaria aprefeitura por apenas dois anos deixando o empresário Marinho ser o prefeito o restante domandato. Apesar da informação não ser confirmada, o possível acordo se encaminha para seconcretizar, a prova disso é a forma como o empresário Marinho tem se comportado nos últimosdias presente em todos os eventos e solenidades, sendo uma espécie de primeiro ministro daadministração. Além disso, a secretária de Desenvolvimento Humano Betânia Feitosa foi nomeadarecentemente na importante pasta, certamente com a missão de desempenhar um grandetrabalho, credenciando ainda mais o nome de Marinho como o futuro vice do grupo. Diante disso,não se pode ainda adiantar qual será a reação do deputado Jeová Campos que defende um nomede sua confiança para figurar na vaga de vice de Denise. E ainda, de outros aliados, á exemplo doatual vice-prefeito Junior Araújo (PDT) caso seja preterido. A indicação do nome de Marinho é doex-prefeito Carlos Antônio (DEM), que tem no empresário extrema confiança”

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Afrânio Gondin Júnior é empresário do setor econômico daconstrução civil, administrador das construtoras Gondin & Rego LTDA (CNPJ n.02349756000176) e AGF Construções e Serviços LTDA – ME (CNPJ n.04801728000173) – que, juntas, movimentaram mais de 18 milhões reais,somente de recursos públicos, majoritariamente da Prefeitura de Cajazeiras,conforme dados do SAGRES.

Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filho foram sócios daempresa Gondin & Rego LTDA e, mesmo após a saída deste último da empresa,mantinham relação negocial simbiótica, como demonstram as diversas anotaçãode repasses de dinheiro, empréstimos e pagamentos de contas particularesrecíprocos anotados nas agendas (relativas aos anos 2010 a 2015) apreendidas deambos, durante a deflagração da “Operação Andaime” e constante, inclusive comfotos dos trechos, de praticamente todos os relatórios de material apreendidoelaborados pela Controladoria-Geral da União.

O volume de recursos e a habitualidade dos repasses, todosminuciosamente documentados em agendas, não deixam duvidas de que AfrânioGondin Júnior e Mário Messias Filho atuavam conjuntamente para executaremobras públicas em Cajazeiras.

Por fim, a relação estreita entre Afrânio Gondin Júnior e MárioMessias Filho, vulgo “Marinho”, revela-se no trecho interceptado de fls. 247/249,extremamente revelador do modus operandi da parceria entre os dois, referindo-seà percentagem de 02% sobre o valor da nota, deduzidos os impostos, que ambosrateariam; sobre a participação da empresa Vantur Construções e Projetos LTDA(CNPJ 02.750.635/0001-31) e de seu sócio Cirilo em esquema semelhante 25; e daconfecção de notas fiscais frias para as obras, conforme a seguir transcrito:

(http://www.exatasnews.com.br/politica-em-cajazeiras-vice-de-denise-albuquerque-podera-assumir-a-prefeitura-dois-anos/).

25 Através da Décima Primeira Alteração Contratual de 15/04/2015, a empresa Gondim & RegoLTDA, de Afrânio Gondim Júnior, passa a ser integrada por Enólla Kay Cirilo Dantas (CPF n065.505.574-61), sócia administradora da empresa Vantur Construções e Projetos LTDA (CNPJ02.750.635/0001-31) desde 15/05/2008, corroborando os demais itens deste relatório quedemonstram a existência de vínculos indissociáveis entre ambas as empresas no sentido defraudar processos licitatórios.

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ÍNDICE: 7120120AFRANIO - oi Marinho.MARIO - Manolia (?) depositou aquele dinheiro na sua conta?AFRANIO - depositou Marinho, na minha conta não, na conta de CIRILO, que aVANTUR não é minha não.MARIO - eu sei, eu liguei para ela aqui agora e ela "eu já depositei, ave mariadesconfiança", eu digo não, você não me disse nada.AFRANIO - oxi e eu num disse a você que passei a manhã todinha na prefeitura,depositei na conta de CIRILO já. Aí vamos pagar o empreender.MARIO - certo, mas o imposto já foi pago total, você sabe disso né?AFRANIO - foi não.MARIO - é (...)AFRANIO - oh Marinho pelo amor de Jesus.MARIO - é, pelo amor de Deus, tá (...) demais.AFRANIO - Vá tomar no cu, rapaz, tá lá um papel bem grande.MARIO - foi paga a nota fiscal toda Afrânio, faturei tudo Marinho.AFRANIO - Marinho vai dá pressão na casa do carai, tem que pagar o empreenderseu buceta.MARIO - é sei é dois por cento, num dá nem (...) reais.AFRANIO - é dois por cento, dois por cento de 633 (mil) dá doze mil e pouco.MARIO - doze mil e pouco? é mil duzentos e pouco, é dois por cento Afrânio.AFRANIO - de 633 ninguém pagou não Marinho.MARIO - eu sei rapaz.AFRANIO - dois por cento de 633 é quanto?MARIO - foi pago o imposto do total da nota AFRANIO, eu tenho até a xerox.AFRANIO - tá ali notado. Tu tá aonde Marinho?MARIO - eu tô na LINCOL.(...)AFRANIO - homem deixe de ser nojento.MARIO - não, é porque você é um cara complicado demais. Pague o imposto total,deixe eu dizer, é quanto aí? Trinta e três mil e pouco é?AFRANIO - não, trinta mil cento e cinquenta e dois.MARIO - pronto, sobra quinze para cada um aí né?AFRANIO - não, quinze para cada um não, é da VANTUR, é dividido por trêsMarinho.MARIO - é não homem, já foi pago a parte do rapaz lá, tem isso não.AFRANIO - aí Jesus. Vai dá uma de doido na casa do carai.MARIO - kkkk. Ei, assim é bom demais, assim dá certo.AFRANIO - como é esse negócio da Brita?MARIO - eu tô indo para a loja agora. Quanto você paga lá no frete?AFRANIO - lá o caba vende a mil reais, o cheque para trinta dias, você faz domesmo jeito?MARIO - não, faço não.AFRANIO - então eu posso pegar lá?MARIO - pode, ele faz mil conto pra tu, Afrânio?AFRANIO - mil conto a carrada com doze metros.

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MARIO - Oxente, eu tô pagando, então o meu tá errado.AFRANIO - então pronto, então deixe eu ligar logo para lá, pro menino pegar lá.MARIO - pode pegar lá, faço não.AFRANIO - tá beleza.MARIO - e os dez mil, Afrânio cadê?AFRANIO - pelo jeito aqui, Cirilo disse que ia depositar 130 menos doze epouco, sobra (...)MARIO - doze e pouco de quê?AFRANIO - do empreender Marinho.MARIO - né doze e pouco não Afrânio, foi pago naquele tempo.AFRANIO - não eu tô com o papel aqui... eu tô como papel tudim.MARIO - eita bicho aí é foda cara.AFRANIO - eu agora tó notando e filmando, é tu e Vandozinho, dois semvergonha. O cara tem que estar anotando tudo.MARIO - nam, assim vai, é desse jeito assim meu irmão.AFRANIO - desse jeito num tem condição de trabalhar com você não meu irmão,vou logo avisando, porque nesse rojãozinho de dizer uma coisa e no outro dizeroutra.MARIO - homem pelo amor de Deus, você quer ganhar o imposto duas vezesentendeu? E a locação faturou quanto na locação?AFRANIO - nem um real.MARIO - mas ela mandou fazer as notas num foi que eu tive com ela.AFRANIO - mandou, mandou faturar amanhã de manhã.MARIO - você num diz nada.AFRANIO - eu vou dizer o quê? eu já fui três vezes na coisa, você num quer falarpelo telefone, aí agora você fica querendo falar pelo telefone.MARIO - eu tô só dizendo.AFRANIO - mandou faturar amanhã, mandou faturar tudo.MARIO - tá bom.AFRANIO - amanhã vamos vê o que ela vai fazer.

(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

Igualmente, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filho, vulgo“Marinho”, eram responsáveis pela execução das obras vencidas pelas empresas(Servcon e Tec Nova) de Francisco Justino do Nascimento, que somente agiacomo fornecedor da documentação para licitação e das notas fiscais “frias”,conforme demonstrado também nas interceptações telefônicas, cujas transcriçõesrepousam nos autos da ação cautelar n. 0000346-16.2014.4.05.8202 (fls. 90/91,94/96, 98/100).

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Dentre os diversos diálogos, transcrevo os seguintes trechos dainterceptação:

Índice : 6804825AFRANIO - oi.FRANCISCO - um pede um quite de certidão pra aquela nota viu, para não perder tempo, faz favor.AFRANIO - você num quer que eu leve logo o dinheiro logo não, na mão não.FRANCISCO - aí era melhor.AFRANIO - tu vai pagar meu dinheiro hoje?FRANCISCO - vou, tu é doido.AFRANIO - será preciso eu vou falar com Jorge, para interferir no negócio.FRANCISCO - vai tomar no teu cu, eu vou já é pro Uiraúna pra ver se eu arranjo a medição já já no posto de saúde. E semana que entra já tem outra de Cajazeiras.AFRANIO - tá bom.FRANCISCO - cuide aí desse negócio.AFRANIO - valeu, vou já fazer e vou deixar lá.FRANCISCO - beleza, tchau.

Índice : 7004309AFRANIO - meu filho faça um favor pra mim.JUSTINO - diga aí.AFRANIO - providencie essa documentação que eu deixei aí, pra eu correr com ela. Umas coisas que Cirilo deixou lá, aqui que eu te falei, um problema que houve (…) fazer tudo de novo.JUSTINO - é pra refazer as planinhas é?AFRANIO - tá tudo pronto só falta assinar aí. (...)JUSTINO - assim que eu chegar levo pra GIVALDO assinar, aí ligo pra você e vou deixar aonde você estiver.AFRANIO - beleza.JUSTINO - ei, deu certo o cheque?AFRANIO - deu, deu. (...) cê deu quanto lá, sabe dizer?JUSTINO - eu botei o valor que foi creditado, R$ dezessete mil seiscentos e pouco...eu botei até os centavos, pra depois não dizer que eu estou lhe devendo.AFRANIO - vixe Maria tá muito direito.JUSTINO - é MARINHO (...) vou lhe dá dois reais seus. AFRANIO - aquele nego filho de rapariga.JUSTINO - assim que chegar em casa eu faço lá e ligo pra você.AFRANIO - beleza.(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

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ÍNDICE: 7144162JUSTINO - oi.AFRANIO - tu pode anotar pra mim aí um negócio?JUSTINO - eu tô em São José de Piranhas.AFRANIO - era pra tirar uma nota, então dá tempo pra tu chegar lá.JUSTINO - eu tô em São José de Piranhas.AFRANIO - me dê logo o nome da sua conta.JUSTINO - CT-22.660-2. AFRANIO - que essa aí é da SERVCON né?JUSTINO - é.AFRANIO - tá bom. Não adiante você pegar o valor não porque você tá naestrada né?JUSTINO - oi, eu tô aqui em São José de Piranhas, que eu vim entrar com umMandado de Segurança aqui.AFRANIO - então pronto, tu quer pegar o valor logo da nota?JUSTINO - me dê que assim que eu chegar em casa eu já adianto.AFRANIO - R$ 81.548,04.JUSTINO - isso é de quê?AFRANIO - lá vai ter assim a mesma nota, você vai pegar nota anterior, só vaimudar a rua.JUSTINO - deixe eu chegar que agente faz bem direitinho homem.AFRANIO - é, vá simbora.(transcrito a partir do áudio, grifos acrescidos)

Os demais diálogos também reforçam essa condição de agenteexecutor de Afrânio Gondim Rego, conforme se observa às fls. 168/171, 173, 174,237, 239 e 240/242 (ação cautelar n. 0000346-16.2014.4.05.8202).

Ademais, na sede da empresa Gondim & Rego de Afrânio GondimRego, por ocasião das buscas policiais, localizou-se c ópias dos seguintesdocumentos da empresa Servcon: 1) Guia de Recolhimento do FGTS – Competência02/2015, datada de 15/05/2015, no valor de R$ 240,66, e o respectivocomprovante de pagamento; 2) Guia de Recolhimento do FGTS – Competência03/2015, datada de 15/05/2015, no valor de R$ 239,31, e o respectivocomprovante de pagamento; 3) Guia da Previdência Social – Competência 04/2015,no valor de R$ 652,72, e o respectivo comprovante de pagamento; 4) Guia daPrevidência Social – Competência 02/2015, no valor de R$ 779,60, e o respectivocomprovante de pagamento – Esta Guia identifica as obras de Construção das UBS

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Sítio Patamuté, Catolé dos Gonçalves, Serragem e Amélio Dantas (Asa),supostamente objeto da Concorrência nº 01/2014, “vencida” pela Servcon.

Em seguida, há anotações da secretária de Afrânio Gondim Rego,Zuleide Alves de Lira (CPF Nº 034.195.124-22), sobre o pagamento de despesas daServcon, tais como: a) no dia 08/01/2015, há anotação indicando o pagamento deimposto (SIMPLES) da Servcon; b) No dia 30/01/2015, Zuleide relacionapagamentos a Cícero, referentes a Almas e Serragem, indicando Cícero como oresponsável (encarregado) pela construção das Unidades Básicas de Saúde dosSítios Almas e Serragem, contratadas pela Prefeitura Municipal de Cajazeiras juntoà Servcon, por meio da Concorrência nº 01/2014; c) pagamento de FGTS daempresa Servcon; d) Em 19/05/2015, consta pagamento de ART (CREA) relativa àobra da Servcon, no município de Uiraúna; e) em 22/06/2015 e 25/06/2015,constam anotações sobre o pagamento de DARF da Servcon; f) Anotações de05/02/2015 e 14/04/2015 demonstram o repasse de valores para a Vantur, de R$50.000,00 e R$ 80.000,00, respectivamente, confirmadas pelo extrato bancário daconta corrente da Gondim & Rego.

Na mesma ocasião, na sede da empresa de Afrânio Gondim Rego,foi apreendida uma pasta AZ, na cor azul, contendo a descrição “Posto de SaúdeAsa”. Os documentos arquivados na pasta referem-se à obra de construção daUnidade Básica de Saúde no sítio Asa, contendo, entre outros, os seguintes: a)Notas Fiscais de nº 383 e 436, da Servcon, referentes às 1ª e 2ª Medições da obra,nos valores de R$ 110.300,00, emitida em 29/12/2014, e R$ 307.109,86, emitidaem 08/06/2015, bem como original do Boletim de Medição nº 02, assinado peloEngenheiro Civil Geraldo Marcolino; b) Diversos documentos referentes a comprasde materiais e pagamentos por prestação de serviços, conforme a seguirdiscriminados: 1) 52 (cinquenta e dois) pedidos de material emitidos pelaMadeireira Piranhense, em favor de Afrânio, fazendo referência à obra do Posto(UBS) ASA, no valor total de R$ 29.072,25; 2) 07 (sete) pedidos de materialemitidos pela empresa Atacadão da Construção, em favor de Afrânio, fazendoreferência à obra da UBS ASA, no valor total de R$ 12.379,80; 3) 03 (três) pedidosde material emitidos pela Casa Nordetes Material Elétrico LTDA, em favor deAfrânio, fazendo referência à obra da UBS ASA, no valor total de R$ 1.963,00; 4)Diversos documentos referentes à recibos de pagamentos e controles de produçãode pessoas físicas, referentes às folhas de pagamento dos trabalhadores da obra deconstrução da UBS ASA, destacando-se anotação resumo que indica o pagamentono valor de R$ 51.275,00, no período de 16/12/2014 a 30/04/2015. Constam

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também o pagamento referente aos meses de maio e junho de 2015, cujo valortotaliza R$ 14.353,00, o que indica ter sido o pago o montante de R$ 65.628,00referente à mão-de-obra. Além destes, constam outros recibos e documentosreferentes a pagamentos relacionados à obra de construção da UBS ASA.

Na mesma sede da Gondim & Rego, apreendeu-se uma pasta plásticacontendo a descrição “UBS Patamuté”. Conforme documentos arquivados na pasta,referem-se à obra de construção da Unidade Básica de Saúde no Sítio Patamuté,cuja construção foi contratada pela Prefeitura Municipal de Cajazeiras junto àempresa Servcon, por meio da Concorrência nº 01/2014, contendo, entre outros, osseguintes documentos: a) Informações impressas em folha de papel indicandodespesas referentes à obra da UBS Patamuté:

Descrição Valor (R$)

Quinzena 5.570,00

Atacadão da Construção 15.470,00

Quinzena 4.720,00

Armador 1.800,00

YAMA 5.697,00

ATACADÃO DA CONSTRUÇÃO 415,00

PGTO CREA 167,68

LIVRO 10,00

AREIA FINA 480,00

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b) Diversos documentos referentes a compras de materiais e pagamentos porprestação de serviços, conforme a seguir discriminados: 1) 52 (cinquenta e dois)pedidos de material emitidos pela empresa Atacadão da Construção, em favor deAfrânio, fazendo referência à obra do Posto (UBS) Patamuté, no valor total de R$52.350,86; 2) 33 (trinta e três) pedidos de material emitidos pela empresaMadeireira Piranhense, em favor de Afrânio, fazendo referência à obra da UBSPatamuté, no valor total de R$ 31.756,40; 3) Diversos documentos referentes arecibos de pagamentos e controles de produção de pessoas físicas, referentes àsfolhas de pagamento dos trabalhadores da obra de construção da UBS Patamuté.

Como se não fosse suficientemente indicativo do esquema criminoso,na sede da empresa Gondim & Rego foi apreendida uma folha de papel contendoanotações manuscritas de Afrânio Gondim Rego:

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De acordo com a anotação de Afrânio, há a informação do que seria orecebimento dos valores de R$ 300.967,66 e R$ 241.946,27, que totalizam R$542.913,27. Por meio de consultas aos sistemas corporativos da CGU, constatou-seque a Prefeitura Municipal de Cajazeiras realizou pagamentos, nos referidosvalores, em 09/06/2015, referentes ao contrato celebrado com a Servcon para aexecução de 04 (quatro) Unidades Básicas de Saúde, contratadas por meio daConcorrência nº 01/2014.

Confirmando a metodologia de atuação do grupo, Afrânio GondimRego, em sua anotação, contabiliza o recebimento dos valores, abatendo opercentual de 4% (quatro por cento), no montante de R$ 22.159,74, o que seria a

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comissão recebida por Francisco Justino do Nascimento para fornecimento dadocumentação de sua empresa “fantasma”.

No verso da folha, Afrânio Gondim Rego faz anotação de comoseriam depositados os valores, a serem recebidos em três contas correntesbastante legíveis:

Grampeado à folha de papel com as anotações manuscritas deAfrânio Gondim Rego foram encontrados três comprovantes de depósitos nascontas anotadas, somando o valor total de R$ 527.940,18, e tendo comodepositante a Servcon, no dia 09/06/2015, aproximadamente às 12:39h. Asfotografias de tais comprovantes de depósito encontram-se no relatório dematerial apreendido da CGU.

Na mesma sede da Gondim & Rego foram apreendidas anotaçõessobre as Unidades Básicas de Saúde contratadas pela Prefeitura Municipal deCajazeiras junto à Servcon por meio da Concorrência Pública nº 01/2014,

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chamando atenção a seguinte anotação em que Afrânio Gondim Rego controla osvalores licitados e pagos, bem como o saldo de cada unidade de saúde:

Além dessas, as anotações reproduzidas na imagem a seguir tambémse referem ao controle preciso de Afrânio Gondim Rego sobre os pagamentosrelacionadas a diversas obras contratadas oficialmente junto à Servcon:

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Nos talonários de cheque da UNICRED, em nome de Afrânio GondimJúnior, apreendidos na sede da Gondim & Rego, consta anotações nas folhas de nº308983 e 308984 no seguinte teor: “UBS ACORDO”, ambos datados de 21 de julhode 2014, nos valores, respectivamente, de R$ 3.000,00 e R$ 3.500,00.

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As datas dos cheques coincidem com o período de realização daConcorrência nº 01/2014 da Prefeitura Municipal de Cajazeiras, que teve comoobjeto a construção de quatro unidades básicas de saúde.

O exemplo das licitações vencidas pelas empresas de FranciscoJustino do Nascimento na cidade de Cajazeiras é emblemático para se desvendar ométodo de atuação da organização criminosa. Efetivamente, nesse ponto entra aatuação de Mário Messias Filho, vulgo “Marinho”.

A respeito da construção de uma academia de saúde em Cajazeiras,na agenda de 2015 de Mário Messias Filho, apreendida por ocasião das buscaspoliciais, consta intermediação deste junto ao Secretário de Saúde de Cajazeiraspara a liberação dos pagamentos.

Em 19/02/2015, Marinho faz anotação indicando que iria procurar“Henry” sobre dinheiro da Academia, tratando-se de Henry Witchael DantasMoreira, Secretário Municipal de Saúde de Cajazeiras. No quadro a seguir,reproduz-se a anotação:

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Por meio de consultas ao Sistema Sagres/TCE-PB, constatou-se que aPrefeitura Municipal de Cajazeiras realizou pagamento, em 10/03/2015, para aServcon, referente à obra de Academia de Saúde. Três dias após o pagamento daPrefeitura de Cajazeiras, em 13/03/2015, Marinho faz anotação pelo qual restademonstrado que Francisco Justino do Nascimento teria repassado o valor de R$12.200,00 a Marinho, referente à obra da Academia de Saúde em Cajazeiras,conforme se verifica na imagem a seguir:

Para fins de esclarecer melhor a forma de atuação da organizaçãocriminosa, cumpre detalhar a sequência dos atos:

Discriminação da Análise Obra TP 01/2014 (Prefeitura Cajazeiras)

Valor Medido pela Prefeitura R$ 12.962,88

Valores Retidos pela Prefeitura R$ 259,26

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Valores Líquidos pagos pelaPrefeitura à SERVCON

R$ 12.703,62

Valores anotados peloMARINHO como recebido

R$ 12.200,00

Anotação de desconto anotadopelo MARINHO

Imposto – 4%

Destarte, resta demonstrado que Marinho atuou junto ao SecretárioMunicipal de Saúde de Cajazeiras, Henry Witchael Dantas Moreira, para aliberação do pagamento à Servcon, no valor de R$ 12.962,88, tendo posteriormenterecebido de Francisco Justino do Nascimento a importância de R$ 12.200,00,após a dedução de impostos e de 4% de comissão deste pela utilização da empresa“fantasma”.

A respeito da obra da academia de saúde, existia, precedentemente,anotação no dia 08/10/2014, registro sobre o pagamento à Servcon, pelo FundoMunicipal de Saúde de Cajazeiras, de valor relativo à medição dos serviços deconstrução de uma academia da saúde no Bairro dos Remédios, conforme quadro aseguir, extraído do sistema SAGRES do TCE/PB:

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Correspondente a essa anotação na agenda:

A respeito da participação reiterada do Secretário de Saúde, HenryWitchael Dantas Moreira, nas tratativas do grupo criminoso, sob influência deMário Messias Filho, vulgo “Marinho”, que verdadeiramente parecia atuar como“primeiro ministro” da cidade de Cajazeiras, ver-se diversas outras anotações nasagendas de Marinho, demonstrando que este procurava o Secretário de Saúde paraa liberação de pagamentos de obras, todas documentadas pela CGU no relatório deanálise apresentado.

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Nesse sentido, veja-se a anotação do dia 10/03/2015, pela qualMarinho menciona que iria procurar Henry Witchael Dantas Moreira parapagamento do “Posto USF”, relativamente à obra de Construção de UnidadesBásicas de Saúde (UBS) esta, como demonstrado, contratada formalmente junto aServcon, mas executada pelo grupo criminoso aqui narrado.

Sobre essa mesma obra das UBS, há anotações nos dias 29/05/2015e 08/06/2015, nas quais Marinho indica que iria procurar Henry WitchaelDantas Moreira para que fosse providenciado o pagamento do POSTO.

Ademais, as anotações em 22/03/2015, 10/05/2015 e 11/05/2015,que demonstram a habitualidade dos contatos entre Marinho e o SecretárioMunicipal de Saúde de Cajazeiras, Henry Witchael Dantas Moreira.

Mário Messias Filho, vulgo “Marinho”, também mantinha íntimarelação com Francisco Justino do Nascimento, como indicam as diversasanotações em suas agendas de negócios. A esse respeito, vejam-se as anotaçõespelas quais ele menciona que iria solicitar a Justino documentos para uma licitaçãona cidade de São João do Rio do Peixe:

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Não só no estado da Paraíba, mas as anotações de Marinho indicamser ele também responsável por obras da empresa Servcon no Estado do RioGrande do Norte. A anotação de 19/01/2015 lembra Marinho de procurar Justinopara tratar sobre “medição Major”. Por meio de consultas aos sistemascorporativos, a CGU constatou que a Servcon celebrou contrato de construção dequadra escolar coberta com a Prefeitura de Major Sales/RN, por meio da Tomadade Preços nº 01/2013.

Em 24/04/2015, consta anotação de Marinho sobre ligar paraJustino sobre documentação de Monte Horebe. Por meio de consultas ao SistemaSagres/TCE-PB, constatou-se que a Servcon mantém contrato de prestação doserviço de coleta de resíduos sólidos com a Prefeitura de Monte Horebe/PB,demonstrando indícios de que Marinho seria o responsável pela execução destecontrato – mesmo porque a Servcon não tem sequer um único veículo registrado

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em seu nome e Marinho possui justamente uma semelhante empresa de coleta delixo em Cajazeiras (LINCOL)

Anotações de 29/04/2015, 21/05/2015 e 08/06/2015 mencionam onome “JUSTINO”, demonstrando a continuidade no relacionamento entre eles. Naagenda de 2012 de Marinho, encontrada na sede da empresa LINCOL, existeanotação demonstrando o relacionamento com a esposa de Francisco Justino doNascimento, Elaine Alexandre do Nascimento, vulgo “Laninha”, orientando-a apegar certidões na Prefeitura:

A anotação de 17/11/2014 trata, inclusive, sobre pagamento deimposto da empresa de Francisco Justino do Nascimento por Mário MessiasFilho:

Na sede da empresa LINCOL, foram apreendidos documentos da TecNova, utilizados na fase de habilitação de licitações (certidões), contendo ainscrição “MARINHO VEJA - JUSTINO QUE DEIXOU”, demonstrando que adocumentação era entregue a Marinho por Francisco Justino para composição deprocessos licitatórios:

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Igualmente, as interceptações, juntamente com os relatórios da CGUe a informações policial de fl. 39/40 da ação cautelar n. 0000346-16.2014.4.05.8202, indicam que foram Mário Messias Filho, vulgo “Marinho”, eAfrânio Gondim Júnior as pessoas que executaram efetivamente as obraspúblicas da Servcon e da Tec Nova em Cajazeiras, conforme se depreende doseguinte trecho:

Foi realizado levantamento na obra de construção da quadra coberta da EscolaCecília Meireles, contrato firmado entre a Prefeitura de Cajazeiras e a empresa TecNova Construção Civil LTDA, sendo que não foram localizados veículos oufuncionários com uniforme ou identificação da Tec Nova. Durante entrevista, ostrabalhadores informaram que as pessoas de Hélio e Marinho são os responsáveispela obra, bem assim que executam outras obras em outros municípios.

(grifos acrescidos)

De igual forma, a constatação da CGU – adiante melhor explicitada,mas aqui já adiantada:

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Conforme apontamento específico deste Relatório, a empresa SERVCON não efetuarecolhimento de encargos sociais relativos a funcionários. Na inspeção física à obrade construção de Academia de Saúde, foi realizada entrevista com doistrabalhadores, J.S. – CPF Nº ***.713.894-**, nascido em 11/10/1987, e J.F.R. – CPF***.744.304-**, nascido em 14/11/1986, os quais estavam trabalhando quando darealização da vistoria por esta Controladoria. A equipe desta CGU realizouentrevista, gravada em áudio, com ambos os trabalhadores, obtendo as seguintesinformações: Que trabalhavam na obra há cerca de um mês; Que não possuem“carteira de trabalho assinada”; Que o Engenheiro da obra é “o da empresaMEGA”; Que foram contratados por “Hélio”; Que “Hélio” trabalha para“Marinho”; Que “Hélio” e “Marinho” são responsáveis pelo pagamento; Quenão recebem fardamento, ferramentas e EPI (botas, capacetes, etc) . Por meiode informações colhidas na vizinhança da obra e consultas aos SistemasCorporativos, foram identificados “Hélio” e “Marinho”, como sendo, respectivamente,JOSÉ HÉLIO FARIAS – CPF Nº 380.347.514-72, e MÁRIO MESSIAS FILHO – CPF Nº645.284.054-15. Este foi sócio da empresa GONDIM & RÊGO, e é sócio da empresaMESSIAS, FEITOSA E CIA LTDA – ME, na qual o JOSÉ HÉLIO trabalhou de 2001 a2008. (…) Acrescente-se também que se constatou, por meio de Consultas aosSistemas Corporativos, que o Engenheiro da Prefeitura de Cajazeiras, MÁRCIOBRAGA DE OLIVEIRA – CPF Nº 739.095.304-78 , é responsável técnico de umaConstrutora MEGA ENGENHARIA LTDA – CNPJ Nº 70.122.734/0001-29 ,podendo ser esta a empresa “MEGA” informada pelos trabalhadores comosendo a empresa responsável pela obra. Estes fatos demonstram indícios de que aempresa SERVCON não está executando diretamente a obra.(fls. 79/83, anexo XI)

Participava da organização, ainda, José Hélio Farias, que foiempregado da empresa Messias, Feitosa e CIA LTDA – ME, nome fantasia “LIMCOL”de 2001 a 2008, primeiro como “trabalhador nos serviços de coleta de resíduos, delimpeza e conservação de áreas públicas” (CBO 514225) e depois como “supervisorde vendas e de prestação de serviços” (CBO 520105). Em oportunidade dafiscalização da CGU, José Hélio Farias se identificou como representante da TecNova (fl. 117). Durante as buscas na residência de José Hélio, em sua agendapessoal, consta o recebimento de R$ 7.000,00, no dia 02 de janeiro, de “Marinho”.

Conforme Relatório de Fiscalização da CGU referente ao Município deCajazeiras/PB, os trabalhadores presentes na obra de construção da Academia deSaúde informaram que os responsáveis pela obra eram “HÉLIO” e “MARINHO”.Diversas anotações na agenda 2015 de Marinho corroboram com as informações

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obtidas pela CGU, pois este faz várias referências a “HÉLIO”, relacionadas àexecução de obras, demonstrando que mantém vínculos com José Hélio Farias,fato que foi comprovado com a documentação apreendida na residência de JoséHélio, que o relaciona às obras da empresa Servcon.

Em 05/02/2015, Marinho cita em suas anotações que deveriaprocurar Hélio para saber sobre o faturamento de Major Sales – RN, demonstrandoque a referida obra da Servcon naquele estado do RN era delegada por Marinho aJosé Hélio. Em 10/02/2015, posteriormente a anotação referida, Marinhoregistra que entregou a José Hélio a quantia de R$ 12.800,00 para um “amigo” noRio Grande do Norte.

Nas anotações lançadas em agendas apreendidas na sede da empresaGondim & Rego, há vários pagamentos feitos por Afrânio Gondim Júnior a JoséHélio de Farias, inclusive diversos pagamentos feitos através de cheques emitidospor Afrânio Gondim Júnior a José Hélio de Farias, anotados todos no relatório CGU,indicado-o como um dos executores das obras no Município de Cajazeiras/PB.

Por fim, outro importante partícipe do desvio de dinheiro público emCajazeiras foi o engenheiro da Prefeitura, Márcio Braga de Oliveira, designadopara fiscalização das obras.

Efetivamente, Márcio Braga de Oliveira é engenheiro fiscal daPrefeitura de Cajazeiras e peça fundamental para o esquema criminoso ao assinarfalsamente boletins de medição, conforme narrado em ponto específico destadenúncia, e sendo remunerado periodicamente por Afrânio Gondin Júnior.

A esse respeito, observa-se a constatação da CGU, em análise deagenda apreendida na sede da empresa Gondim & Rego, na qual constadocumentado diversos pagamentos (somando R$ 28.600,00) de Afrânio GondinJúnior para Márcio Braga de Oliveira, ressaltando-se que este atuou como fiscalde obras públicas executadas pela Tec Nova, Servcon, Gondim & Rego e Vantur. Essahabitualidade de pagamentos indica a participação efetiva do engenheiro fiscal noesquema criminoso, com seu pleno conhecimento de que não era Francisco Justinodo Nascimento o responsável de fato pela execução das obras contratadas.

Inclusive, na sede da empresa Gondim & Rego foi encontrado um

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envelope branco da empresa com a identificação “Depósitos Márcio Braga”:

O envelope continha quatro depósitos no valor total de R$ 14.600,00,em favor de Márcio Braga de Oliveira, no período de 18/05/2015 a 11/06/2015.

Não só com Afrânio Gondim Júnior, Márcio Braga de Oliveiramantinha contatos ilícitos. A esse respeito, observe-se a anotação constante daagenda de 2015 apreendida na residência de Mário Messias Filho, na qual esteanota lembrete para procurar o Dr. Márcio Braga para “acerto”:

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O conjunto das anotações feitas por Mário Messias Filho em suasagendas indica que este direcionava a atuação de Márcio Braga de Oliveira,inclusive no que diz respeito a atividades específicas de seu cargo de engenheirofiscal da prefeitura. Assim, na agenda de 2014, apreendida na sede da empresaLINCOL, Marinho anota em 06/03/2014, a respeito de medição dos serviços dasruas:

Em 24/03/2014, Marinho faz anotação relativa a lembrete para queMárcio Braga de Oliveira alimente o “Sistema do Ginásio”, qual seja, o SIMEC(Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério daEducação), que deve ser preenchido no mínimo a cada trinta dias, com dadosrelativos ao andamento da obra, sob pena de suspensão dos repasses financeirosdo FNDE:

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Mário Messias Filho anota em 03/04/2014 uma reunião comMárcio Braga de Oliveira na GIDUR (Gerência de Desenvolvimento Urbano daCaixa Econômica Federal), responsável pelo acompanhamento e liberação depagamentos dos contratos de repasse (instrumento de transferência voluntária derecursos do governo federal):

Márcio Braga de Oliveira ainda era orientado por Marinho aelaborar planilhas orçamentárias, como dá conta a anotação relativa à cidade deVieirópolis, em 12/08/2014:

Também documentos originais da Prefeitura de Cajazeiras foramencontrados na sede da LINCOL, relacionado à quadra da Cecília Meireles (abaixodescrita nesta denúncia): original de planilha de custos do projeto deinfraestrutura da obra de construção de uma quadra com vestiário na EscolaCecília Meirelles, localizada no Município de Cajazeiras, no valor de R$ 14.454,09,

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assinada por Márcio Braga de Oliveira, sem aposição de data. Acompanham aplanilha, o cronograma físico-financeiro e a memória dos cálculos do projeto. Aconstrução da quadra na Escola Cecília Meirelles foi formalmente contratada com aempresa Tec Nova, mas foi, na verdade, executada através do esquema criminosoinstalado em Cajazeiras, comprovado, dentro outros, pela posso de Marinho dedocumentos originais da Prefeitura de Cajazeiras.

Na mesma sede da LINCOL foi encontrado original do Boletim deMedição nº 04, em papel timbrado da Tec Nova, assinado por Márcio Braga deOliveira, sem data, no valor de R$ 245.707,58, relativo à construção de quadracoberta na Escola Municipal Cecília Meirelles.

Igualmente, foi achado na sede da empresa de Mário Messias Filho oBoletim de Medição nº 02, em papel timbrado da empresa Servcon, no valor de R$12.962,88, assinado por Márcio Braga de Oliveira, sem data e sem identificaçãoda obra. Conforme análise da CGU, verificou-se que o valor acima (R$ 12.962,88)refere-se a pagamento relativo aos serviços de construção de academia de saúdeno Município de Cajazeiras (Tomada de Preços nº 001/2014), sendo o valorrecebido por Marinho, conforme anotação em sua agenda, realizada no dia13/03/2015 e acima já reproduzida.

Quando da deflagração da operação policial, Afrânio Gondin Júniorfoi oitivado pela autoridade policial federal e confirmou categoricamente suacondição de agente executor, conforme se depreende do trecho:

QUE JUSTINO contratava verbalmente os serviços profissionais da empresa dointerrogado para execução de obras públicas nos municípios de CAJAZEIRAS/PB eUIRAÚNA/PB vencidas em processos licitatórios pela empresa SERVCOM; QUEtodas as obras eram executadas totalmente pela empresa do interrogado; QUE dosvalores recebidos pela SERVCOM correspondentes à medições que iam ocorrendodurante a obra, JUSTINO ficava com 4% do valor e mais o correspondente aosimpostos relativos às obras; (...) QUE com relação aos fatos em apuração, esclareceque foi procurado por JUSTINO em meados de 2013 e início de 2014, que oquestionou se estaria interessado em executar obras públicas que a empresa deletinha vencido em processos licitatórios em prefeituras; (...) QUE atualmente estáexecutando três contratos da empresa SERVCOM, sendo um em CAJAZEIRAS/PB edois em UIRAÚNA/PB; QUE em Cajazeiras está construindo quatro postos de

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saúde e em Uiraúna três postos de saúde e a reforma da rodoviária; QUE járecebeu em torno de 80% do valor da obra de Cajazeiras, 20% dos postos de saúdee 30% da reforma da rodoviária; QUE dos valores recebidos, conforme relatouanteriormente, JUSTINO ficou com 4% e mais os impostos; QUE não sabe informarse empresa SERVCOM possui veículos ou equipamentos, uma vez que nas obrasexecutadas pela empresa do interrogado, utiliza veículos e equipamentoscontratados pelo interrogado; (...) QUE tanto o interrogado quanto sua empresanão participou ou providenciou qualquer documento relativo aos processoslicitatórios das obras acima citadas; QUE a sua participação se limitava tãosomente à execução das obras vencidas por JUSTINO; (...) QUE ao ser executado oáudio índice 7004309 (conversa sua com JUSTINO), informa que deve se referir aalguma planilha de medição feita em alguma das obras que estava executando paraJUSTINO; QUE dependendo do andamento das obras ligava para JUSTINOprovidenciar as planilhas de medição para que os valores correspondentes fossemrepassados do órgão para JUSTINO e, consequentemente depois para ointerrogado, já descontado os valores acima informados; QUE as notas tinham queser emitidas pela firma de JUSTINO por ter sido ela a vencedora dos processoslicitatórios”

Assim agindo, Mário Messias Filho, Afrânio Gondin Júnior, HenryWitchael Dantas Moreira, José Hélio Farias e Márcio Braga de Oliveirapraticaram o fato típico previsto no art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013, aointegrarem, pessoalmente, organização criminosa 26, para cuja pena é de 03 a 08anos, além de multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infraçõespenais praticadas e a seguir narradas.

2.2. No TC PAC n. 203485/2012 – Quadra Esportiva 2.2. No TC PAC n. 203485/2012 – Quadra Esportiva

2.2.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/20132.2.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/2013

Em 01 de abril de 2013, o Município de Cajazeiras instaurou aTomada de Preços n. 001/2013 com o objetivo de selecionar empresa paraexecução do objeto do TC PAC n. 203485/2012, firmado com o FNDE para a

26 Como se narrou, tal organização criminosa, quanto a Francisco Justino do Nascimento, Elaine daSilva Alexandre, Fernando Alexandre Estrela, Mayco Alexandre Gomes, Horley Fernandes e GeraldoMarcolino da Silva, já foi denunciada em outra ação penal nesta mesma data.

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construção de uma quadra esportiva na Escola Municipal do Ensino FundamentalCecília Meireles.

Da análise do procedimento licitatório, sabendo-se da existência daorganização criminosa narrada acima, identifica-se a fraude licitatóriaempreendida para beneficiar indevidamente a Tec Nova – Construção Civil LTDAME.

Efetivamente, o primeiro indício de fraude decorre da participaçãoconjunta da Servcon e da Tec Nova como supostas concorrentes no certame (fl. 46,anexo XI). Assinaram os documentos Francisco Justino do Nascimento, pelaServcon, e Mayco Alexandre Gomes, pela Tec Nova.

Em seguida, passa a atuar na fraude a Comissão Permanente deLicitação (constituída por Rogério Bezerra Rodrigues, Adams Ricardo Pereirade Abreu e Joedna Maria de Abreu), inserindo cláusula editalícia (6.3) querestringe o caráter competitivo da licitação 27, ao não permitir que empresasinteressadas em participar da licitação encaminhem a documentação dehabilitação e/ou proposta de preço por via postal. O mesmo edital,contraditoriamente, permitia que os licitantes entregassem o envelope sem a suapermanência na sessão de abertura das propostas. Com tal restriçãoaparentemente inofensiva, a CPL garantia que apenas empresas da regiãoparticipassem do certame, iniciando o favorecimento à empresa Tec Nova.

Em seguida, das 17 empresas inabilitadas pela CPL, sete delas foraminabilitadas indevidamente, conforme aponta a CGU à fl. 46/48, anexo XI. A CPL,todavia, habilitou a Tec Nova mesmo ela não tendo apresentado documentaçãoreferente à qualificação técnica que comprovasse a sua capacidade operacional(art. 30, II, Lei n. 8.666/93). Vale dizer: a CPL inabilitou empresas indevidamente ehabilitou empresa que não comprovou possuir estrutura mínima adequada para aexecução de obra desse porte (fl. 58/59, anexo XI).

Com as manobras da CPL, restaram na licitação, além da Tec Nova,somente as empresas Gondim & Rego, pertencente a Afrânio Gondin Júnior, e

27 Conforme já decidiu o TCU na Decisão n. 355/2001 – Plenário (TC n. 250.026/1996-1).

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Vantur Construções e Projetos LTDA (CNPJ 02.750.635/0001-31), administrada porEnólla Kay Cirilo Dantas.

A relação criminosa entre as três empresas, inclusive compagamentos recíprocos, foi explicada no tópico acima, passagem na qual tambémse transcreve trecho das interceptações em que Afrânio Gondin Júnior e MárioMessias Filho discutem sobre a divisão do lucro do desvio e o pagamento dapercentagem à empresa Vantur 28.

Ademais, a CGU verificou que Symei Denimark Cirilo Dantas,empregado da Gondim & Rego, é irmão dos sócios da Vantur, Syon Aser CiriloDantas e Enolla Kay Cirilo Dantas. E mais: através da décima primeira alteraçãocontratual da empresa Gondim & Rego (datada de 15/04/2015), esta passou a serintegrada Enolla Kay Cirilo Dantas (CPF Nº 065.505.574-61), escancarando ovínculo ilícito que maculou a presente licitação.

Na presente TP n. 001/2013, após a habilitação forjada pela CPL, asempresas Gondim & Rego e Vantur apresentaram propostas de preços idênticas em165 dos 167 itens da planilha, dos quais 164 foram exatamente iguais aos preçosorçados pela administração (fls. 48/49), e permitiram a “vitória” da empresa TecNova – que uniformemente apresentou preços 1,5% inferiores ao orçamento básicoda Prefeitura para todos os itens (fl. 64/65).

28 ÍNDICE: 7120120:AFRANIO - oi Marinho.MARIO - Manolia (?) depositou aquele dinheiro na sua conta?AFRANIO - depositou Marinho, na minha conta não, na conta de CIRILO, que a VANTUR não é minhanão.MARIO - eu sei, eu liguei para ela aqui agora e ela "eu já depositei, ave maria desconfiança", eu digonão, você não me disse nada.AFRANIO - oxi e eu num disse a você que passei a manhã todinha na prefeitura, depositei na contade CIRILO já. Aí vamos pagar o empreender. (...)MARIO - é sei é dois por cento, num dá nem (...) reais.AFRANIO - é dois por cento, dois por cento de 633 (mil) dá doze mil e pouco.MARIO - doze mil e pouco? é mil duzentos e pouco, é dois por cento Afrânio.AFRANIO - de 633 ninguém pagou não Marinho.MARIO - eu sei rapaz.AFRANIO - dois por cento de 633 é quanto?MARIO - foi pago o imposto do total da nota AFRANIO, eu tenho até a xerox. (…) MARIO - pronto, sobra quinze para cada um aí né?AFRANIO - não, quinze para cada um não, é da VANTUR, é dividido por três Marinho.

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Ademais, as planilhas apresentadas pela Gondim & Rego e Vanturcontém idêntico erro que apontam para a elaboração da proposta de preços pelamesma pessoas. No mesmo item 9.3, em um universo de 167 itens, ambas asempresas invertem os dados das colunas “quantidade” e “valor unitário” 29,conforme anotado pela CGU à fl. 49, anexo XI:

Proposta de Preços da GONDIM & REGO – Inversão de dados nas colunas Quantidade e ValorUnitário

Proposta de Preços da VANTUR– Inversão de dados nas colunas Quantidade e Valor Unitário

A similitude ilícita de propostas também exsurge da constatação deque o edital da TP n. 01/2013 não possui cláusulas exigindo das licitantes aapresentação das composições de custos unitários e de detalhamento do BDI.Todavia, as empresas Vantur e Gondim & Rego apresentaram a planilha decomposição de BDI, corroborando os fatos que demonstram que as suas propostasforam elaboradas por uma mesma pessoa (fl. 59, anexo XI).

Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, Mayco AlexandreGomes, Afrânio Gondin Júnior, Mário Messias Filho, Enólla Kay Cirilo Dantas,Rogério Bezerra Rodrigues, Adams Ricardo Pereira de Abreu e Joedna Mariade Abreu praticaram o fato típico previsto no art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93,ao fraudar, mediante ajuste e combinação, o caráter competitivo do procedimentolicitatório, com o intuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente

29 Saliente-se que a Prefeitura não disponibilizou modelo de planilha de preços a ser preenchida,conforme se verifica no edital.

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da adjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a pena é de 02 a04 anos e multa.

2.2.2. Do Superfaturamento

A análise da Controladoria-Geral da União verificou que a propostade preços da empresa vencedora Tec Nova, assinada por Mayco Alexandre Gomese Horley Fernandes, contava custos unitários acima dos preços de referência,caracterizando superfaturamento no valor de R$ 35.257,26.

De igual modo, a CGU analisou o serviço materialmente maisrelevante (item 6.1, estrutura de aço em vão de 30m, correspondente a 41,25% dovalor da obra) e constatou que o preço apresentado pela Tec Nova foi superior aoSINAPI, ocasionando o sobrepreço do serviço no montante de R$ R$ 42.383,28.

Para constar na presente exordial as particularidades técnicas daconstatação fiscalizatória, permito-me transcrever o trecho do relatório da CGU:

3. Aceitação de proposta de preços da licitante vencedora contendo orçamento com custos unitáriosacima dos preços de referência, caracterizando superfaturamento no valor de R$ 35.257,26.

Preliminarmente à análise dos custos, é interessante citar que a proposta de preços apresentada pelaempresa TEC NOVA (CNPJ 14.958.510/0001-80) na Tomada de Preços nº 001/2013 foi inferior em1,5% ao orçamento básico elaborado pela Prefeitura, destacando-se que este percentual foi uniformepara todos os itens de serviço que compõem a proposta de preços.

Objetivando a avaliação dos custos de mercado dos serviços e materiais licitados por meio da Tomadade Preços nº 01/2013, que resultou no Contrato nº 80/2013-CPL, firmado em 28/05/2013, entre aPrefeitura de Cajazeiras/PB e a empresa TEC NOVA, foi selecionada uma amostra de 24 itens, quetotalizaram R$ 419.308,25, sendo adotado o método de ordenamento da Curva ABC, correspondente a85% do valor total atualizado do Contrato, que foi de R$ 498.851,77.

Por oportuno, é importante mencionar que alguns itens não fizeram parte da amostra em função daausência de serviços/materiais com especificações equivalentes na tabela do SINAPI na data dareferência dos preços (março/2013) ou em meses próximos a essa data-base.

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Da análise realizada, foram encontradas variações nos preços dos serviços/materiais na ordem de -57%até +77% em comparação com os custos do SINAPI, de forma que, considerando o conjunto dos itens daamostra selecionada, a variação “média” de preços ficou acima da estimativa de custos do SINAPI emR$ 35.257,26 (8,41% em média), caracterizando sobrepreço, conforme apresentado na tabela adiante:

LICITAÇÃO/CONTRATO SINAPI/ORSE + 25% BDIDIFERE

NÇA

Item Descrição Und QuantValorUnit

ValorTotal

CódigoSinapi +

BDI

ValorTotal

SINAPIDiferença

6.1Estrutura de aço em arco vão de 30 m

m21114,0

0184,71 205.766,94 72114 104,14

116.009,18

89.757,77

6.2Telha metálica em chapa galvanizada e-0,5mm

m21114,0

026,40 29.409,60 24757/ 1 37,46 41.733,23

-12.323,63

9.2

Piso em concreto armado com tela e juntas de dilatação (esp - 10 cm)

m2 633,20 31,97 20.243,40 72182 48,76 30.876,42-

10.633,01

16.1

Alambrado com tela de arame galvanizado fio 12 bwg, malha 2", revestido em pvc, fixada com tubos de ferro galvanizado 2"

m2 147,00 91,27 13.416,69 74244/ 1 125,43 18.437,48 -5.020,79

3.2.2Concreto armado fck25 Mpa, usinado, inclusive lançamento

m3 34,30 380,74 13.059,38 74138/3 507,59 17.410,25 -4.350,87

10.4

Esmalte sintético emestrutura de aço carbono 50 micra com revólver

m21114,0

011,23 12.510,22 74145/ 1 13,24 14.746,58 -2.236,36

8.4

Revestimento cerâmico de paredesPEI IV - cerâmica 20x20cm, incl. Rejunte, conforme projeto

m2 328,00 36,17 11.863,76 73912/ 1 28,08 9.208,60 2.655,16

10.6

Pintura de acabamento com aplicação de 02 demãos de tinta acrílica

m2 847,20 11,39 9.649,61 70995/ 1 14,61 12.379,71 -2.730,10

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LICITAÇÃO/CONTRATO SINAPI/ORSE + 25% BDIDIFERE

NÇA

Item Descrição Und QuantValorUnit

ValorTotal

CódigoSinapi +

BDI

ValorTotal

SINAPIDiferença

8.3

Reboco c/ argamassa pré-fabricada, adesivo de alta resistência para tinta epóxi esp-5mm p/ parede

m2 551,00 16,52 9.102,52 5995 11,16 6.150,54 2.951,98

3.2.1

Forma plana chapa compensada plastificada, esp - 12mm util 5x

m2 260,60 34,71 9.045,43 74074/3 40,20 10.476,12 -1.430,69

10.5

Pintura c/ primer epóxi em estrutura de aço carbono 25 micra com revólver

m21114,0

07,10 7.909,40

73865/001

8,59 9.566,48 -1.657,08

5.1

alvenaria de tijolo cerâmico (9x19x24)cm, e-0,09m, com argamassa (traço 1:2:8 - cimento/cal/areia), junta de 2,0cm

m2 331,00 23,84 7.891,04 73982/ 1 30,30 10.029,30 -2.138,26

5.5

Elemento vazado de concreto (50x50x10cm) anti-chuva assentados com argamassa (cimento e areia traço 1:3)

m2 148,10 52,49 7.773,7700169/O

RSE61,13 9.052,61 -1.278,84

9.1Lastro de brita graduada apiloada (e-6cm)

m2 633,20 12,15 7.693,3810347/00

19,58 6.062,89 1.630,49

4.1.2Concreto armado fck25 Mpa, usinado, inclusive lançamento

m3 18,00 380,74 6.853,32 74138/3 507,59 9.136,58 -2.283,26

4.1.1

Forma plana chapa compensada plastificada, esp - 12mm util 5x

m2 185,50 34,71 6.438,71 74074/3 40,20 7.457,10 -1.018,40

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LICITAÇÃO/CONTRATO SINAPI/ORSE + 25% BDIDIFERE

NÇA

Item Descrição Und QuantValorUnit

ValorTotal

CódigoSinapi +

BDI

ValorTotal

SINAPIDiferença

5.2

alvenaria de tijolo cerâmico (9x19x24)cm, e-0,19m, com argamassa (traço 1:2:8 - cimento/cal/areia), junta de 2,0cm

m2 183,00 34,04 6.229,32 73988/1 60,61 11.092,09 -4.862,77

10.7Pintura de piso com tinta à base de resina epóxi

m2 480,00 12,20 5.856,00 12,20 5.856,00 -

10.8

Pintura em tinta PVA latex (02 demãos), inclusive emassamento

m2 476,00 12,17 5.792,92 71035/ 1 11,90 5.664,40 128,52

9.3

Piso em concreto simples desempolado (esp - 5cm), inclusive contrapiso

m2 195,40 28,32 5.533,7307828/O

RSE30,31 5.923,06 - 389,33

4.3.1

laje premoldada para forro (e - 12cm), inclusive campeamento (e-4cm) e escoramento

m2 88,60 61,52 5.450,67 74202/ 2 72,19 6.395,81 - 945,14

2.2

Aterro c/ compactação manual s/ controle, mat. c/ aquisição

m3 295,00 17,44 5.144,80 5719 41,21 12.157,69 -7.012,89

4.2.1

Forma plana chapa compensada plastificada, esp - 12mm util 5x

m2 110,00 34,71 3.818,10 74074/3 40,20 4.422,00 - 603,90

4.2.2Concreto armado fck25 Mpa, usinado, inclusive lançamento

m3 7,50 380,74 2.855,55 74138/3 507,59 3.806,91 - 951,36

TOTAL

419.308,25 TOTAL 35.257,26

(...)

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5. Utilização de composição unitária incompatível com o serviço a ser executado. Preço contratadosuperior ao SINAPI, ocasionando o sobrepreço do serviço no montante de R$ R$ 42.383,28.

Da análise do orçamento e da proposta de preços da quadra escolar em construção na EMEF CECÍLIAMEIRELES no município de Cajazeiras/PB, objeto do Termo de Compromisso PAC nº 3485/2012,observou-se que o serviço materialmente mais relevante foi o item 6.1 (Estrutura de aço em arco vão de30m), no valor de R$ 208.875,00, o que representa 41,25% do valor total estimado de R$ 506.388,37.

Apesar de o projeto apresentar um quadro resumo do aço a ser aplicado na estrutura da cobertura daquadra, não constam informações sobre o peso total dessa estrutura, tampouco o peso linear de cadauma das peças que a compõem, conforme mostrado no quadro a seguir:

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Quadro Extraído da Prancha 02/2011 – Projeto Estrutural - Quadra Escolar 02 - FNDE

Em face disso, esta Controladoria elaborou um quadro resumo do aço, a partir de levantamento dedados nos projetos, referentes às peças que compõem a estrutura, considerando o peso linear constantede publicações de fabricantes e fornecedores para cada um dos elementos, obtendo-se um peso totalestimado de 12.802,31 kg, conforme demonstrado na tabela a seguir:

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Peça

DescriçãoQuan

t.Comprim. (m)

Comprim. Total(m)

Peso Linear(kg/m)

Peso Total(kg)

6 PEL 35x35x3,00mm 56 0,8944 50,0864 1,923 96,305 PEL 35x35x3,00mm 896 0,8944 801,3824 1,923 1.540,794 PEL 150x35x3,35mm 14 1,0624 14,8735 6,798 101,113 PEL 150x35x3,35mm 14 0,8000 11,2000 6,798 76,142 PEL 150x35x3,35mm 14 14,4307 202,0298 6,798 1.373,401 PEL 150x35x3,35mm 14 14,0069 196,0966 6,798 1.333,06E Varão 12,5 (Chapa) 126 0,0900 11,3400 11,760 133,36D CH # 12,5x250x1970 14 1,9700 27,5800 14,700 405,43Gr Varão 10,0 144 0,8594 123,7536 0,617 76,36C CH # 2,66x70x70 172 0,0700 12,0400 1,484 17,87

EB PEL U 50 32 1,80375 57,7200 1,560 90,04E6 PEL U 50 18 0,3000 5,4000 1,560 8,42E5 PEL U 50 36 0,7100 25,5600 1,560 39,87E4 Varão 12,5 36 1,8850 67,8600 0,963 65,35E3 Varão 12,5 36 1,8000 64,8000 0,963 62,40E2 Varão 12,5 108 2,5500 275,4000 0,963 265,21E1 Varão 12,5 36 2,1300 76,6800 0,963 73,84MF PEL U 76 224 1,2500 280,0000 2,940 823,20SMF

PEL U 76 112 0,3500 39,2000 2,940 115,25

B CH # 1/8"x95x195 112 0,2200 24,6400 6,830 168,28A L 200x100#1/8" 112 0,2200 24,6400 7,065 174,08

ED Varão 12,5 24 2,6459 63,5016 0,963 61,15ED1 Varão 12,5 4 2,0047 8,0188 0,963 7,72CX4 Varão 10,0 16 6,2500 100,0000 0,617 61,70CX3 Varão 10,0 8 6,2000 49,6000 0,617 30,60CX2 Varão 10,0 40 6,4000 256,0000 0,617 157,95CX1 Varão 10,0 8 6,3000 50,4000 0,617 31,10T2 UL 200x75x25#2,66 64 5,9800 382,7200 7,920 3.031,14T1 UL 200x75x25#2,66 32 6,9900 223,6800 7,920 1.771,55

Total 12.192,68Peso Total da Estrutura (+5% de acréscimo) 12.802,31

Para determinação do peso total, além do peso das peças que compõem a estrutura, foram acrescidos5% a título de perdas, obtendo-se o peso total da estrutura em projeto de 12.802,31 kg.

Inicialmente, cabe destacar que a planilha orçamentária elaborada pela Prefeitura de Cajazeiras/PB, deautoria do Engenheiro Civil MÁRCIO BRAGA DE OLIVEIRA – CPF 739.095.304-78 – CREA-PB nº160083603-8 (fls. 18 a 27 do Processo Licitatório nº 13040TP00001), prevê a execução de serviço comvão de 30 m, em que pese o projeto da quadra definir vão inferior a 25 m, o que demonstra que aprevisão deste serviço no orçamento está incompatível ao que iria ser realizado.

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Considerando que a Prefeitura não disponibilizou a composição de custos unitários, tampouco asempresas apresentaram esta informação em suas propostas, visando apurar a adequabilidade dos custosorçados pela Prefeitura para a execução deste item, foi utilizada a composição de custos unitários nº72114 do Sistema Nacional de Preços da Caixa Econômica Federal (SINAPI), que diz respeito aoserviço “Estrutura de aço em arco vão de 30m”, a qual consta como referência na planilhaorçamentária das quadras escolares no sítio eletrônico do FNDE, consoante detalhamento da referidacomposição a seguir:

Estrutura metálica – Vão livre de 30 m – Sinapi – referência março/2013

A taxa de aço por metro quadrado de estrutura foi calculada dividindo-se o peso total da estruturaobtido por esta Controladoria em projeto (12.802,31 kg) pela área total da cobertura (1.096,29m²),também calculada em projeto, resultando em uma taxa de utilização de aço de 11,68kg por m² decobertura.

Considerando que a composição 72114 do SINAPI para um vão de 30m utiliza 15kg de aço por m² decobertura, constatou-se que foram utilizados 77,85% do peso por metro quadrado da composição doSINAPI (% Utilização = 11,68 / 15,00 x 100 = 77,85%).

Assim, para a execução do serviço de “Estrutura de aço em arco vão de 30m” foram necessáriosdespender 77,85% do custo previsto, pois os insumos que compõem o serviço (material e mão-de-obra)são proporcionais ao consumo de aço utilizado.

Tal fato ocasiona sobrepreço no montante de R$ 42.383,28, haja vista que para a execução de 1.096,29m2 de área de cobertura em estrutura metálica seriam necessários R$ 148.963,35, segundo o preçoofertado pela empresa TEC NOVA, e, deste valor, o preço efetivo deveria corresponder a 77,85%,conforme adiante demonstrado:

Item Serviço Unid Quant Preço Unit Valor Total

6.1 Estrutura de aço em arco vão de 30 m m21.096,2

9184,71 191.346,63

77,85% x Valor Total 148.963,35Diferença (em R$) 42.383,28

(fls. 59/70, anexo XI)

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Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, Mayco AlexandreGomes e Horley Fernandes praticaram o fato típico previsto no art. 96, inciso I,da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação elevandoarbitrariamente os preços, para o qual a pena é de 03 a 06 anos e multa.

2.2.3. Do Peculato – Encargos Sociais

Na sequência das ilegalidades, após a fraude licitatória e osuperfaturamento de preços, verifica-se que Francisco Justino do Nascimento,Mayco Alexandre Gomes e Horley Fernandes obtiveram vantagem ilícita, emprejuízo da Fazenda Pública, induzindo e mantendo em erro, mediante meiofraudulento (planilhas ideologicamente falsas).

Efetivamente, embutidos na composição unitária de cada um dosserviços que compõem a planilha orçamentária apresentada pela Tec Nova,contratada pela Prefeitura de Cajazeiras, estão valores relativos a encargos sociais,os quais, conforme verificou a CGU (fls. 59/64, anexo XI), não foram recolhidos,sendo apropriados pelos administradores da empresa.

Inexistindo empregados formais ou informais, a Tec Nova apresentouem planilha ideologicamente falsa e com ela recebeu recursos públicos, alegando sedestinarem a encargos sociais embutidos no preço da mão de obra, no valor de R$47.254,65 (fls. 59/64).

A esse respeito, transcrevo trecho do relatório CGU sobre os desviosde recursos públicos narrados:

Da análise do Contrato celebrado entre a Prefeitura Municipal de Cajazeiras/PB e a empresa TECNOVA – CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA – CNPJ Nº 14.958.510/0001-80, no valor de R$ 498.851,77,verificou-se que foram realizados pagamentos no valor total do Contrato, pela Prefeitura Municipal deCajazeiras/PB à empresa TEC NOVA, bem como o recolhimento de contribuição municipal(empreender), a qual está prevista no Edital da licitação, conforme a seguir detalhado:

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Data Valor Operação Beneficiário21/11/2013 1.042,77 TED PM CAJAZEIRAS - EMPREENDER19/11/2013 49.626,07 TED TEC NOVA03/02/2014 101.277,68 TED TEC NOVA30/07/2013 99.203,12 TED TEC NOVA30/07/2013 2.024,55 TED PM – CAJAZEIRAS EMPREENDER08/08/2014 245.707,58 TED TEC NOVA

VALOR TOTAL 498.881,77

Apesar de os pagamentos não se encontrarem formalizados por meio de processo administrativo, foramanalisados os documentos disponibilizados pela Prefeitura, observando-se que não consta dadocumentação o seguinte, em que pese requeridos por meio da Solicitação de Fiscalização – SF nº.001/MEC: Matrícula do Cadastro Específico do INSS da Obra – CEI; Guias de Recolhimento do FGTS eInformações à Previdência Social da empresa contratada, identificando os profissionais vinculados àobra, durante o período de execução desta;

Em face disso, o pedido da Solicitação de Fiscalização – SF nº. 003/MEC foi reiterado, tendo aPrefeitura Municipal de Cajazeiras encaminhado a esta Controladoria cópia da Notificação nº101/2014/PGM, de 09/09/2014, por meio da qual notifica a empresa TECNOVA para apresentar, noprazo de 24 horas, entre outros, os seguintes documentos e informações: - Matrícula do CadastroEspecífico do INSS da Obra – CEI; - Guias de Recolhimento e Informações a Previdência Social daempresa contratada, identificando os profissionais vinculados a obra, durante o período de execução;

O Contrato nº 00080/2013 – CPL celebrado entre a Prefeitura Municipal de Cajazeiras e a empresaTEC NOVA – CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA – CNPJ Nº 14.958.510/0001-80, em 28/05/2013, em suacláusula nona, define as obrigações do Contratado, onde se destaca: b) Responsabilizar-se por todos osônus e obrigações concernentes à legislação fiscal, civil, tributária e trabalhista, bem como por todas asdespesas e compromissos assumidos, a qualquer título, perante seus fornecedores ou terceiros em razãoda execução do objeto contratado; (…) d) Permitir e facilitar a fiscalização do Contratante devendoprestar os informes e esclarecimentos solicitados;

Não obstante a previsão contratual, a Prefeitura apresentou apenas a notificação, não informando se aempresa apresentou resposta.

Diante desses fatos, foram efetuadas consultas aos Sistemas Corporativos, constatando-se que nãoexistem registros de recolhimentos de encargos sociais, por parte da empresa TEC NOVA, desde a datade sua constituição, em 12/01/2012.

Esta situação demonstra indícios de que os custos relativos aos encargos sociais, embutidos nacomposição unitária de preços de cada um dos serviços que compõem a planilha orçamentáriacontratada pela Prefeitura de Cajazeiras/PB, deixaram de ser recolhidos, favorecendo a Construtora.

Com o propósito de levantar os valores relativos aos encargos mencionados, em princípio, foramcotejados os principais itens de serviços que compõem a planilha orçamentária pactuada, os quaisrepresentam 72,56 % do montante total contratado (R$ 361.942,63), como segue:

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Item

DescriçãoCódigoSinapi

Und Quant Valor Unit Valor Total

6.1Estrutura de aço em arco vão de30 m

72114 m2 1114,00 184,71 205.766,94

6.2Telha metálica em chapagalvanizada e-0,5mm

24757/ 1 m2 1114,00 26,40 29.409,60

9.2Piso em concreto armado com telae juntas de dilatação (esp - 10 cm)

72182 m2 633,20 31,97 20.243,40

16.1

Alambrado com tela de aramegalvanizado fio 12 bwg, malha 2",revestido em pvc, fixada comtubos de ferro galvanizado 2"

74244/ 1 m2 147,00 91,27 13.416,69

3.2.2

Concreto armado fck 25 Mpa,usinado, inclusive lançamento

74138/3 m3 34,30 380,74 13.059,38

10.4

Esmalte sintético em estrutura deaço carbono 50 micra comrevólver

74145/ 1 m2 1114,00 11,23 12.510,22

8.4Revestimento cerâmico de paredesPEI IV - cerâmica 20x20cm, incl.Rejunte, conforme projeto

73912/ 1 m2 328,00 36,17 11.863,76

10.6

Pintura de acabamento comaplicação de 02 demãos de tintaacrílica

70995/ 1 m2 847,20 11,39 9.649,61

8.3

Reboco c/ argamassa pré-fabricada, adesivo de altaresistência para tinta epóxi esp-5mm p/ parede

5995 m2 551,00 16,52 9.102,52

3.2.1

Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

74074/3 m2 260,60 34,71 9.045,43

10.4

Pintura c/ primer epóxi emestrutura de aço carbono 25 micracom revólver

73865/001 m2 1114,00 7,10 7.909,40

4.1.2

Concreto armado fck 25 Mpa,usinado, inclusive lançamento

74138/3 m3 18,00 380,74 6.853,32

4.1.1

Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

74074/3 m2 185,50 34,71 6.438,71

4.2.1

Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

74074/3 m2 110,00 34,71 3.818,10

4.2.2

Concreto armado fck 25 Mpa,usinado, inclusive lançamento

74138/3 m3 7,50 380,74 2.855,55

R. Francisco Vieira da Costa, s/n, Bairro Maria Raquel Gadelha, Sousa/PB – CEP: 58804-725(83) 3522-3977 / 3522-3302 – www.prpb.mpf.mp.br

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Considerando-se a composição unitária destes serviços no SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisas deCustos e Índices da Construção Civil da Caixa Econômica Federal (referência março/2013), obteve-se opercentual de encargos sociais sobre o custo unitários destes serviços, quadro a seguir demonstrado:

Descrição do serviçoCódigoSinapi

Custo deMão-de-obra (A)

Custo Total daComposição

(B)

Perc. Mão-de-Obra sobre o total

da composição(A) / (B)

Estrutura de aço em arcovão de 30 m

72114 18,36 83,31 22,04%

Telha metálica em chapagalvanizada e-0,5mm

24757/ 1 4,03 29,97 13,45%

Piso em concreto armadocom tela e juntas dedilatação (esp - 10 cm)

72182 11,03 39,01 28,27%

Alambrado com tela dearame galvanizado fio 12bwg, malha 2", revestidoem pvc, fixada com tubos deferro galvanizado 2"

74244/ 113,08

100,34 13,04%

Concreto armado fck 25Mpa, usinado, inclusivelançamento

74138/3 26,90 406,07 6,62%

Esmalte sintético emestrutura de aço carbono 50micra com revólver

74145/ 1 2,59 10,59 24,46%

Revestimento cerâmico deparedes PEI IV - cerâmica20x20cm, incl. Rejunte,conforme projeto

73912/ 1 4,87 22,46 21,68%

Pintura de acabamento comaplicação de 02 demãos detinta acrílica

70995/ 1 8,54 11,69 73,05%

Reboco c/ argamassa pré-fabricada, adesivo de altaresistência para tinta epóxiesp-5mm p/ parede

5995 7,11 49,08 14,49%

Forma plana chapacompensada plastificada,esp - 12mm util 5x

74074/3 24,12 32,16 75,00%

Pintura c/ primer epóxi emestrutura de aço carbono 25micra com revólver

73865/001 0,97 6,88 14,10%

R. Francisco Vieira da Costa, s/n, Bairro Maria Raquel Gadelha, Sousa/PB – CEP: 58804-725(83) 3522-3977 / 3522-3302 – www.prpb.mpf.mp.br

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Para obtenção do valor que corresponde aos encargos sociais, considera-se o percentual de 116,37%sobre a mão-de-obra, conforme estabelecido pelo SINAPI. Ou seja, o custo total de mão de obracorresponde a 216,37% (116,37% de encargos mais 100% de mão de obra). Fazendo-se uma regra detrês, chega-se ao percentual de encargos embutido no preço da mão de obra, conforme abaixo:

216,37% % de mão de obra

116,37% X

116,37 x % de mão de obra

X =-------------------------------------------------------

216,37%

X = 53,78 % x % de mão de obra

Destarte, obtêm-se os percentuais relativos aos encargos sociais para cada um dos itens analisados:

Descrição do serviçoCódigoSinapi

Perc. Mão-de-Obrasobre o total dacomposição (A)

PercentualEncargos Sociais

(A x 53,78%)

Estrutura de aço em arco vão de 30 m 72114 22,04% 11,85%

Telha metálica em chapa galvanizada e-0,5mm

24757/ 1 13,45%

7,23%Piso em concreto armado com tela ejuntas de dilatação (esp - 10 cm)

72182 28,27%15,21%

Alambrado com tela de aramegalvanizado fio 12 bwg, malha 2",revestido em pvc, fixada com tubos deferro galvanizado 2"

74244/ 1 13,04%

7,01%Concreto armado fck 25 Mpa, usinado,inclusive lançamento

74138/3 6,62%3,56%

Esmalte sintético em estrutura de açocarbono 50 micra com revólver

74145/ 1 24,46%13,15%

Revestimento cerâmico de paredes PEIIV - cerâmica 20x20cm, incl. Rejunte,

73912/ 1 21,68% 11,66%

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Descrição do serviçoCódigoSinapi

Perc. Mão-de-Obrasobre o total dacomposição (A)

PercentualEncargos Sociais

(A x 53,78%)

conforme projetoPintura de acabamento com aplicaçãode 02 demãos de tinta acrílica

70995/ 1 73,05%39,29%

Reboco c/ argamassa pré-fabricada,adesivo de alta resistência para tintaepóxi esp-5mm p/ parede

5995 14,49%7,79%

Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

74074/3 75,00%40,34%

Pintura c/ primer epóxi em estrutura deaço carbono 25 micra com revólver

73865/001 14,10%7,58%

Assim, em se confirmando o não recolhimento dos encargos sociais, estima-se um prejuízo ao Erário deR$ 47.254,65, conforme a seguir detalhado, o que corresponde a 9,47% do montante total contratado:

Item DiscriminaçãoValor Total

do item

PercentualEncargosSociais

Valor dosencargos

6.1 Estrutura de aço em arco vão de 30 m 205.766,94 11,85% 24.383,38

6.2Telha metálica em chapa galvanizada e-0,5mm

29.409,60 7,23% 2.126,31

9.2Piso em concreto armado com tela ejuntas de dilatação (esp - 10 cm)

20.243,40 15,21% 3.079,02

16.1

Alambrado com tela de aramegalvanizado fio 12 bwg, malha 2",revestido em pvc, fixada com tubos deferro galvanizado 2"

13.416,69 7,01% 940,51

3.2.2Concreto armado fck 25 Mpa, usinado,inclusive lançamento

13.059,38 3,56% 464,91

10.4Esmalte sintético em estrutura de açocarbono 50 micra com revólver

12.510,22 13,15% 1.645,09

8.4Revestimento cerâmico de paredes PEIIV - cerâmica 20x20cm, incl. Rejunte,conforme projeto

11.863,76 11,66% 1.383,31

10.6Pintura de acabamento com aplicação de02 demãos de tinta acrílica

9.649,61 39,29% 3.791,33

8.3Reboco c/ argamassa pré-fabricada,adesivo de alta resistência para tintaepóxi esp-5mm p/ parede

9.102,52 7,79% 709,09

3.2.1Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

9.045,43 40,34% 3.648,93

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Item DiscriminaçãoValor Total

do item

PercentualEncargosSociais

Valor dosencargos

10.4Pintura c/ primer epóxi em estrutura deaço carbono 25 micra com revólver

7.909,40 7,58% 599,53

4.1.2Concreto armado fck 25 Mpa, usinado,inclusive lançamento

6.853,32 3,56% 243,98

4.1.1Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

6.438,71 40,34% 2.597,38

4.2.1Forma plana chapa compensadaplastificada, esp - 12mm util 5x

3.818,10 40,34% 1.540,22

4.2.2Concreto armado fck 25 Mpa, usinado,inclusive lançamento

2.855,55 3,56% 101,66

TOTAL 47.254,65

Cumpre informar que o Engenheiro Civil MÁRCIO BRAGA DE OLIVEIRA – CPF 739.095.304-78–CREA-PB nº 160083603-8, foi signatário da planilha orçamentária que subsidiou a contratação, bemcomo exerceu a função de fiscal da obra (Portaria nº 08/2013 – SEPLAN, de 17/06/2013), e, conformeapontamento específico deste relatório verificou-se que a empresa TEC NOVA tem como responsáveltécnico e sócio HORLEY FERNANDES, tio por afinidade de MÁRCIO. (...)

No caso, Tec Nova sequer chegou a contratar empregados para aexecução da obra, por lhe faltar absoluta capacidade operacional, conformedemonstrado na abertura da presente denúncia. As obras em Cajazeiras, vencidaspelas empresas de Francisco Justino eram executadas por Afrânio Gondin Júnior,Mário Messias Filho e José Hélio Farias.

Certo de que o prejuízo ao erário se deu quando a Prefeitura daCajazeiras efetuou o pagamento da medição, atestada pelo engenheiro fiscalMárcio Braga de Oliveira, este contribuiu decisivamente para o crime. Ademais,constatou-se que, dentre os cinco engenheiros existentes nos quadros domunicípio, foi designado para fiscalizar a obra Márcio Braga de Oliveira, sobrinhode Horley Fernandes, sócio e engenheiro da Tec Nova (fl. 71, anexo XI). Talvez porisso se explique, em parte, os prejuízos referidos no parágrafo anterior.

Lembre-se, ainda, que dentre os documentos originais da Prefeiturade Cajazeiras que foram encontrados na sede da LINCOL, vários diziam respeito àquadra da Cecília Meireles: original de planilha de custos do projeto deinfraestrutura da obra de construção de uma quadra com vestiário na Escola

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Cecília Meirelles, localizada no Município de Cajazeiras, no valor de R$ 14.454,09,assinada por Márcio Braga de Oliveira, sem aposição de data. Acompanham aplanilha, o cronograma físico-financeiro e a memória dos cálculos do projeto. Aconstrução da quadra na Escola Cecília Meirelles foi formalmente contratada com aempresa Tec Nova, mas foi, na verdade, executada através do esquema criminosoinstalado em Cajazeiras, comprovado, dentro outros, pela posso de Marinho dedocumentos originais da Prefeitura de Cajazeiras.

Na mesma sede da LINCOL foi encontrado original do Boletim deMedição nº 04, em papel timbrado da Tec Nova, assinado por Márcio Braga deOliveira, sem data, no valor de R$ 245.707,58, relativo à construção de quadracoberta na Escola Municipal Cecília Meirelles.

Assim, Francisco Justino do Nascimento, Mayco AlexandreGomes, Horley Fernandes, Afrânio Gondin Júnior, Mário Messias Filho, JoséHélio Farias e Márcio Braga de Oliveira praticaram o fato típico previsto no art.312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem soma em dinheiro do erário(R$ 47.254,65) por encargos sociais não recolhidos, com base em planilhasideologicamente falsas.

2.2.4. Da Lavagem de Dinheiro

Narrados os crimes antecedentes, convém se demonstrar como aestrutura da Tec Nova – empresa “fantasma”, como se demonstrou – foi utilizadapelos agentes executores para ocultar a origem criminosa dos recursos públicosobtidos pela organização criminosa – em tipologia característica de lavagem dedinheiro 30.

Efetivamente, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filhoutilizavam a estrutura formal (bancária) da Tec Nova, com a operacionalização deFrancisco Justino do Nascimento, para mascarar a origem ilícita dos recursos

30 COAF, II Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro, 2014 disponível em: [http://www.coaf.fazenda.gov.br/pld-ft/publicacoes]

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públicos obtidos pela organização criminosa através de fraudes licitatórias,superfaturamentos e desvios de recursos públicas.

Ocorridos os crimes antecedentes, os pagamentos ingressavam naconta corrente da empresa “fantasma” Tec Nova e eram imediatamente sacados porFrancisco Justino em sua integralidade, para repasse aos verdadeiros executoresdas obras. Com isso, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filho mascaravam aorigem dos lucros que obtinham com a atividade da organização criminosa,remunerando Francisco Justino com o percentual de 04% do valor da parceladepositada.

Nesse sentido, no dia das buscas policiais foi encontrada naresidência de Francisco Justino do Nascimento cópia da Nota Fiscal Eletrônica deServiços (NF-E) nº 31, de 18/07/2013, da Tec Nova, no valor de R$ 101.227,67,referente à 1ª medição da construção de uma quadra na Escola Municipal CecíliaMeireles. O documento merece destaque porque contém anotações no rodapé dapágina, onde há “40.491,07”, que corresponde a 40% do valor total da NF-E (R$101.227,67), “2.024,56”, que corresponde a 2% do valor total da NF-E (R$101.227,67) e “4.454,02”, que corresponde a 4.4% valor total da NF-E (R$101.227,67).

Na figura a seguir, está demonstrada a parte da NF-E que contém asanotações:

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Para o convênio em questão, foi aberta a conta corrente n. 30381-X,Ag. 99-X, Banco do Brasil, de onde provieram os seguintes pagamentos à TecNova, mediante transferência on line:

DATA VALOR MODALIDADE BENEFICIÁRIO SAQUE

30/07/13 R$ 99.203,12 Transferência online

Tec Nova Transferênciapara a conta da

prefeitura

19/11/13 R$ 49.626,07 Transferência online

Tec Nova 20/11/13

08/08/14 R$ 245.707,58 Transferência online

Tec Nova 08/08/14(estimativa31)

31 No pedido de quebra formulado no processo n. 0000251-83.2014.4.05.8202 esse período nãofoi incluído. Todavia, seguindo o mesmo modus operandi, o saque, também nessa ocasião,

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Quanto à primeira parcela, o extrato de fl. 63, anexo VII, revela queela foi creditada na conta da Tec Nova e imediatamente transferida para outra contacorrente do Município de Cajazeiras (31214-2, Ag. 99-X, do Banco do Brasil), emmovimentação financeira absolutamente atípica, considerando que o ente públiconão poderia ser credor da empresa contratada.

Com relação aos saques dos dias 20/11/2013 e 08/08/2014, asfitas do caixa revelam que todo o valor foi sacado da conta da Tec Nova e levado dobanco pelo agente em dinheiro.

Assim agindo, Mário Messias Filho, Afrânio Gondin Júnior eFrancisco Justino do Nascimento praticaram o fato típico previsto no art. 1º,caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem e dissimularem a origem de valoresprovenientes dos crimes anteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusãode 03 a 10 anos e multa.

2.3. Na Proposta n. 11.902.878/0001-13-022 – Academiade Saúde

2.3.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/2014

Em 16 de abril de 2014, o Município de Cajazeiras instaurou aTomada de Preços n. 001/2014 com o objetivo de selecionar empresa paraexecução de academia de saúde, objeto da Proposta n. 11.902.878/0001-13-022,com recursos federais repassados pelo Fundo Nacional de Saúde.

Da análise do procedimento licitatório, sabendo-se da existência daorganização criminosa narrada acima, identifica-se a fraude licitatóriaempreendida para beneficiar indevidamente a Servcon Construções Comércio eServiços LTDA – EPP, nome fantasia “Construtora Servcon”.

ocorreu na mesma data do pagamento.

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Efetivamente, o primeiro indício de fraude decorre da participaçãoconjunta da Servcon e da Tec Nova como supostas concorrentes no certame (fl. 73,anexo XI). Assinaram os documentos Francisco Justino do Nascimento, pelaServcon, e Fernando Alexandre Estrela, pela Tec Nova.

Em seguida, passa a atuar na fraude a Comissão Permanente deLicitação (constituída por Rogério Bezerra Rodrigues, Ítalo Damião Medeirosde Sousa e Joedna Maria de Abreu, fl. 79), inserindo cláusula editalícia (6.3) querestringe o caráter competitivo da licitação 32, ao não permitir que empresasinteressadas em participar da licitação encaminhem a documentação dehabilitação e/ou proposta de preço por via postal. O mesmo edital,contraditoriamente, permitia que os licitantes entregassem o envelope sem a suapermanência na sessão de abertura das propostas. Com tal restriçãoaparentemente inofensiva, a CPL garantia que apenas empresas da regiãoparticipassem do certame, iniciando o favorecimento à empresa Servcon.

Em seguida, das 05 empresas inabilitadas pela CPL, três delas foraminabilitadas indevidamente, pois não descumpriram o edital, conforme apontadetalhadamente a Controladoria-Geral da União às fls. 73/74 do anexo XI, PIC. Apósa atuação da CPL, somente restaram a Servcon e a Produz Construções eEmpreendimentos (CNPJ n. 14237493000192).

Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, FernandoAlexandre Estrela, Rogério Bezerra Rodrigues, Ítalo Damião Medeiros deSousa e Joedna Maria de Abreu praticaram o fato típico previsto no art. 90,caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste e combinação, o carátercompetitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter para a empresaServcon, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014,para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

32 Conforme já decidiu o TCU na Decisão n. 355/2001 – Plenário (TC n. 250.026/1996-1).

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2.3.2. Do Peculato – Encargos Sociais

Na sequência das ilegalidades, após a fraude licitatória, verifica-seque Francisco Justino do Nascimento e Geraldo Marcolino obtiveram vantagemilícita, em prejuízo da Fazenda Pública, induzindo e mantendo em erro, mediantemeio fraudulento (planilhas ideologicamente falsas).

Efetivamente, embutidos na composição unitária de cada um dosserviços que compõem a planilha orçamentária apresentada pela Servcon,contratada pela Prefeitura de Cajazeiras, estão valores relativos a encargos sociais,os quais, conforme verificou a CGU (fls. 79/83, anexo XI), não foram recolhidos,sendo apropriados pelos administradores da empresa.

Inexistindo empregados formais ou informais, a Servcon apresentouem planilha ideologicamente falsa e com ela recebeu recursos públicos, alegando sedestinarem a encargos sociais embutidos no preço da mão de obra, no valor de R$16.747,56 (fls. 79).

A esse respeito, transcrevo trecho do relatório CGU sobre os desviosde recursos públicos narrados:

Para fins da análise da execução física e financeira do objeto entre a União, a Prefeitura MunicipalCajazeiras/PB, no valor de R$ 93.902,56, foram requeridos, por meio da Solicitação de Fiscalização nº001/MS, entre outros, os seguintes documentos: d) Processos de pagamentos contendo, entre outros, osseguintes documentos: 1) Boletins de Medição e respectivas Memórias de Cálculo; 2) Notas Fiscais; 3)Notas de Empenho; 4) Ordens Bancárias; 5) Comprovante de Transferência/Cópias de Cheques/Ordensde Pagamentos; 6) Documentos relativos à comprovação da regularidade fiscal da empresa contratada;t) Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social da empresa contratada,identificando os profissionais vinculados à obra, durante o período de execução desta;

Considerando que a Prefeitura Municipal de Cajazeiras/PB não disponibilizou os documentosrequeridos, foi emitida a Solicitação de Fiscalização nº 002/MS, reiterando o pedido. Apesar disso, aPrefeitura não disponibilizou estes documentos a esta Controladoria, conforme informado no Ofício nº083/2014/SCP, de 10/09/2014, da Secretaria de Planejamento de Cajazeiras: ...salientamos a ausênciade alguns itens que são inerentes a apresentação por parte da empresa contratada da obra em questão, aqual foi remetido notificação (em anexo), para que a mesma venha a suprir as informações solicitadas.

O Contrato nº 60101/2014 – CPL celebrado entre o Fundo Municipal de Saúde de Cajazeiras e aempresa SERVCON CONSTRUÇÕES, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA – CNPJ 10.997.953/0001-20,

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no valor de R$ 92.926,88, em 11/07/2014, em sua cláusula nona, define as obrigações do Contratado,onde se destaca: b) Responsabilizar-se por todos os ônus e obrigações concernentes à legislação fiscal,civil, tributária e trabalhista, bem como por todas as despesas e compromissos assumidos, a qualquertítulo, perante seus fornecedores ou terceiros em razão da execução do objeto contratado; (…) d)Permitir e facilitar a fiscalização do Contratante devendo prestar os informes e esclarecimentossolicitados;

Não obstante a previsão contratual, a Prefeitura não apresentou os documentos solicitados.

Diante desses fatos, realizaram-se consultas aos Sistemas Corporativos, constatando-se que a empresaSERVCON efetuou recolhimentos de encargos sociais, desde a data de sua constituição (22/07/2009),apenas para um de seus sócios, nos meses de 09/2010 e 12/2011, e para uma funcionária (NIT20326592096), no período de 02/2013 a 03/2013 e 06/2013 a 09/2014.

Esta situação demonstra indícios de que os custos relativos aos encargos sociais, embutidos nacomposição unitária de preços de cada um dos serviços que compõem a planilha orçamentáriacontratada pela Prefeitura de Cajazeiras/PB, deixarão de ser recolhidos, favorecendo a Construtora.Ressalte-se que, até a data da fiscalização, não haviam sido realizados pagamentos.

Com o propósito de levantar os valores relativos aos encargos mencionados, em princípio, foramcotejados os principais itens de serviços que compõem a planilha orçamentária pactuada, os quaisrepresentam 80% do montante total contratado (R$ 74.089,67), como segue:

Item DescriçãoCódigoSinapi/Orse

Quant Valor Unit Valor Total

2.2Aterro apiloado (manual)compactado com material deempréstimo

55835 357,40 27,49 9.824,93

9.5 Piso em ladrilho hidráulico 73629 238,41 38,39 9.152,56

15.1 Guarda-corpo 84863 70,82 100,97 7.150,70

3.1 Alvenaria em pedra rachão 74053/001 15,19 328,25 4.986,12

10.7 Poste de aço 7646/Orse 2,00 2415,2 4.830,40

9.3 Regularização de piso 73977/001 274,41 17 4.664,97

9.2 Lastro de concreto 73907/006 306,07 15,07 4.612,47

6.1.Estrutura em madeiraaparelhada

73931/003 50,00 91,8 4.590,00

9.6 Piso cimentado 84172 168,80 25,88 4.368,54

5.1Alvenaria em tijolo cerâmicofurado

73987/001 65,48 60,4 3.954,99

9.4 Piso em granilite 84191 50,00 67,19 3.359,50

12.1Fornecimento, colocação,espalhamento de terra vegetal

2394/Orse 38,36 68,72 2.636,10

6.2Cobertura em telha cerâmicacolonial

73938/001 50,00 45,13 2.256,50

13.2 Espaldar c.p.u 2,00 1023,89 2.047,781.1 Placa da obra em chapa de aço 74209/001 10,00 193,44 1.934,40

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Item DescriçãoCódigoSinapi/Orse

Quant Valor Unit Valor Total

galvanizado15.4 Conjunto com 03 lixeiras 9367/Orse 4,00 474,84 1.899,36

3.2 Concreto armado fck = 21 Mpa 6456/Orse 1,40 1300,25 1.820,35

Considerando-se a composição unitária destes serviços no SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisas deCustos e Índices da Construção Civil da Caixa Econômica Federal e no Sistema de Orçamento daCompanhia Estadual de Habitação e Obras Públicas do Estado de Sergipe – ORSE/CEHOP (referênciamaio/2014), obteve-se o percentual de encargos sociais sobre o custo unitários destes serviços, quadro aseguir demonstrado:

Descrição do serviçoCódigoSinapi

Custo deMão-de-obra (A)

Custo Total daComposição(B)

Perc. Mão-de-Obra sobre o totalda composição(A) / (B)

Aterro apiloado (manual)compactado com materialde empréstimo

55835 28,17 28,17 100,0%

Piso em ladrilho hidráulico 73629 5,25 29,2 18,0%Guarda-corpo 84863 18,27 86,32 21,2%Alvenaria em pedra rachão 74053/001 156,21 297,62 52,5%Poste de aço 7646/Orse 150,83 1963,69 7,7%Regularização de piso 73977/001 7,13 21,56 33,1%Lastro de concreto 73907/006 8,17 13,84 59,0%Estrutura em madeiraaparelhada

73931/003 18,94 79,09 23,9%

Piso cimentado 84172 17,64 24,81 71,1%Alvenaria em tijolocerâmico furado

73987/001 29,82 55,11 54,1%

Piso em granilite 84191 10,51 60,05 17,5%Fornecimento, colocação,espalhamento de terravegetal

2394/Orse 10,25 65,66 15,6%

Cobertura em telhacerâmica colonial

73938/001 30,56 42,97 71,1%

Espaldar c.p.u 34,23 832,51 4,1%Placa da obra em chapa deaço galvanizado

74209/001 5476,71 8554,71 64,0%

Conjunto com 03 lixeiras 9367/Orse 6,01 386,58 1,6%Concreto armado fck = 21Mpa

6456/Orse 365,9 1107,24 33,0%

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Para obtenção do valor que corresponde aos encargos sociais, considera-se o percentual de 116,37%sobre a mão-de-obra, conforme estabelecido pelo SINAPI. Ou seja, o custo total de mão de obracorresponde a 216,37% (116,37% de encargos mais 100% de mão de obra). Fazendo-se uma regra detrês, chega-se ao percentual de encargos embutido no preço da mão de obra, conforme abaixo:

216,37% % de mão de obra

116,37% X

116,37 x % de mão de obra

X =-------------------------------------------------------

216,37%

X = 53,78 % x % de mão de obra

Destarte, obtêm-se os percentuais relativos aos encargos sociais para cada um dos itens analisados:

Descrição do serviçoCódigoSinapi

Perc. Mão-de-Obrasobre o total dacomposição (A)

PercentualEncargos Sociais(A x 53,78%)

Aterro apiloado (manual) compactadocom material de empréstimo

55835 100,0% 53,8%

Piso em ladrilho hidráulico 73629 18,0% 9,7%Guarda-corpo 84863 21,2% 11,4%Alvenaria em pedra rachão 74053/001 52,5% 28,2%Poste de aço 7646/Orse 7,7% 4,1%Regularização de piso 73977/001 33,1% 17,8%Lastro de concreto 73907/006 59,0% 31,7%Estrutura em madeira aparelhada 73931/003 23,9% 12,9%Piso cimentado 84172 71,1% 38,2%Alvenaria em tijolo cerâmico furado 73987/001 54,1% 29,1%Piso em granilite 84191 17,5% 9,4%Fornecimento, colocação, espalhamentode terra vegetal

2394/Orse 15,6% 8,4%

Cobertura em telha cerâmica colonial 73938/001 71,1% 38,2%Espaldar c.p.u 4,1% 2,2%Placa da obra em chapa de açogalvanizado

74209/001 64,0% 34,4%

Conjunto com 03 lixeiras 9367/Orse 1,6% 0,8%

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Descrição do serviçoCódigoSinapi

Perc. Mão-de-Obrasobre o total dacomposição (A)

PercentualEncargos Sociais(A x 53,78%)

Concreto armado fck = 21 Mpa 6456/Orse 33,0% 17,8%

Assim, em se confirmando o não recolhimento dos encargos sociais, estima-se um prejuízo potencial aoErário de R$ 16.747,56, conforme a seguir detalhado, o que corresponde a 18,10% do montante totalcontratado:

Item DiscriminaçãoValor Totaldo item

PercentualEncargosSociais

Valor dosencargos

2.2Aterro apiloado (manual) compactadocom material de empréstimo

9.824,93 53,8% 5.283,85

9.5 Piso em ladrilho hidráulico 9.152,56 9,7% 884,9915.1 Guarda-corpo 7.150,70 11,4% 813,953.1 Alvenaria em pedra rachão 4.986,12 28,2% 1.407,4410.7 Poste de aço 4.830,40 4,1% 199,539.3 Regularização de piso 4.664,97 17,8% 829,689.2 Lastro de concreto 4.612,47 31,7% 1.464,346.1. Estrutura em madeira aparelhada 4.590,00 12,9% 591,149.6 Piso cimentado 4.368,54 38,2% 1.670,435.1 Alvenaria em tijolo cerâmico furado 3.954,99 29,1% 1.150,929.4 Piso em granilite 3.359,50 9,4% 316,22

12.1Fornecimento, colocação, espalhamentode terra vegetal

2.636,10 8,4% 221,31

6.2 Cobertura em telha cerâmica colonial 2.256,50 38,2% 863,0713.2 Espaldar 2.047,78 2,2% 45,28

1.1Placa da obra em chapa de açogalvanizado

1.934,40 34,4% 666,01

15.4 Conjunto com 03 lixeiras 1.899,36 0,8% 15,883.2 Concreto armado fck = 21 Mpa 1.820,35 17,8% 323,52

TOTAL 16.747,56

Cabe lembrar que, conforme apontamento específico desse relatório, há indícios que apontam para aexecução da obra por terceiros, o que corrobora a situação ora constatada, o não recolhimento dosencargos trabalhistas e sociais por parte da empresa SERVCON, favorecendo indevidamente esta.

Não obstante esta situação, no Livro de Ocorrências (Diário de Obras), não consta anotações do fiscalda obra, Engenheiro Civil PEDRO NOGUEIRA DE SOUZA NETO – CPF Nº 027.928.734-85, designadopor meio da Portaria nº 10/2014 – SEPLAN, da Secretaria Municipal de Planejamento de Cajazeiras,como responsável pelo acompanhamento da execução da obra.

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No caso, Servcon sequer chegou a contratar empregados para aexecução da obra, por lhe faltar absoluta capacidade operacional, conformedemonstrado na abertura da presente denúncia. As obras em Cajazeiras, vencidaspelas empresas de Francisco Justino eram executadas por Afrânio Gondin Júnior,Mário Messias Filho e José Hélio Farias.

A esse respeito, condizente com as informações prestadas pela CGU,que, em entrevista com os trabalhadores na obra da academia de saúde, verificouque a empresa Servcon não executava a obra, mas sim as pessoas de MárioMessias Filho, vulgo “Marinho”, e José Hélio Farias. Transcrevo o trecho:

Conforme apontamento específico deste Relatório, a empresa SERVCON não efetua recolhimento deencargos sociais relativos a funcionários. Na inspeção física à obra de construção de Academia deSaúde, foi realizada entrevista com dois trabalhadores, J.S. – CPF Nº ***.713.894-**, nascido em11/10/1987, e J.F.R. – CPF ***.744.304-**, nascido em 14/11/1986, os quais estavam trabalhandoquando da realização da vistoria por esta Controladoria.A equipe desta CGU realizou entrevista, gravada em áudio, com ambos os trabalhadores, obtendo asseguintes informações:

a) Que trabalhavam na obra há cerca de um mês;b) Que não possuem “carteira de trabalho assinada”;c) Que o Engenheiro da obra é “o da empresa MEGA”;d) Que foram contratados por “Hélio”e) Que “Hélio” trabalha para “Marinho”;f) Que “Hélio” e “Marinho” são responsáveis pelo pagamento;g) Que não recebem fardamento, ferramentas e EPI (botas, capacetes, etc);

Por meio de informações colhidas na vizinhança da obra e consultas aos Sistemas Corporativos, foramidentificados “Hélio” e “Marinho”, como sendo, respectivamente, JOSÉ HÉLIO FARIAS – CPF Nº380.347.514-72, e MÁRIO MESSIAS FILHO – CPF Nº 645.284.054-15. Este foi sócio da empresaGONDIM & RÊGO, e é sócio da empresa MESSIAS, FEITOSA E CIA LTDA – ME, na qual o JOSÉHÉLIO trabalhou de 2001 a 2008.

(...)

Acrescente-se também que se constatou, por meio de Consultas aos Sistemas Corporativos, que oEngenheiro da Prefeitura de Cajazeiras, MÁRCIO BRAGA DE OLIVEIRA – CPF Nº 739.095.304-78, éresponsável técnico de uma Construtora MEGA ENGENHARIA LTDA – CNPJ Nº 70.122.734/0001-29,podendo ser esta a empresa “MEGA” informada pelos trabalhadores como sendo a empresa responsávelpela obra.

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Estes fatos demonstram indícios de que a empresa SERVCON não está executando diretamente a obra.

(fls. 79/83, anexo XI)

Em consonância com essas declarações colhidas pela CGU, porocasião das buscas policiais na casa de José Hélio Farias, foi apreendida uma pastada empresa Hélio Construções, contendo inscrição na sua capa: CLIENTE:PREFEITURA DE CAJAZEIRAS; CIDADE: CAJAZEIRAS – PB; OBRA: ACADEMIA DESAÚDE. No interior da pasta havia cópias do projeto, das especificações técnicas eda planilha orçamentária da Prefeitura Municipal de Cajazeiras. Em pesquisa, aCGU identificou os documentos como relativos à TP n. 01/2014, supostamentevencida pela Servcon.

Certo de que o prejuízo ao erário se deu quando a Prefeitura daCajazeiras efetuou o pagamento da medição, atestada pelo engenheiro fiscalMárcio Braga de Oliveira, este contribuiu decisivamente para o crime. Ademais,constatou-se que, dentre os cinco engenheiros existentes nos quadros domunicípio, foi designado para fiscalizar a obra Márcio Braga de Oliveira, sobrinhode Horley Fernandes, sócio e engenheiro da Tec Nova (fl. 71). Talvez por isso seexplique, em parte, os prejuízos referidos no parágrafo anterior.

Assim, Francisco Justino do Nascimento, Geraldo Marcolino,Afrânio Gondin Júnior, Mário Messias Filho, José Hélio Farias e Márcio Bragade Oliveira praticaram o fato típico previsto no art. 312, § 1º, do Código Penal –Peculato, ao receberem soma em dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargossociais não recolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

2.3.3. Da Lavagem de Dinheiro

Narrados os crimes antecedentes, convém se demonstrar como aestrutura da Servcon – empresa “fantasma”, como se demonstrou – foi utilizadapelos agentes executores para ocultar a origem criminosa dos recursos públicos

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obtidos pela organização criminosa, em tipologia característica de lavagem dedinheiro 33.

Efetivamente, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filhoutilizavam a estrutura formal (bancária) da Servcon, com a operacionalização deFrancisco Justino do Nascimento, para mascarar a origem ilícita dos recursospúblicos obtidos pela organização criminosa através de fraudes licitatórias,superfaturamentos e desvios de recursos públicas.

Ocorridos os crimes antecedentes, os pagamentos ingressavam naconta corrente da empresa “fantasma” Servcon e eram imediatamente sacados porFrancisco Justino em sua integralidade, para repasse aos verdadeiros executoresdas obras. Com isso, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filho mascaravam aorigem dos lucros que obtinham com a atividade da organização criminosa,remunerando Francisco Justino com o percentual de 04% do valor da parceladepositada.

A respeito do destino dos recursos públicos, relembre-se, comonarrado na imputação sobre organização criminosa, que a respeito da construçãode uma academia de saúde em Cajazeiras, na agenda de 2015 de Mário MessiasFilho, apreendida por ocasião das buscas policiais, consta intermediação destejunto ao Secretário de Saúde de Cajazeiras para a liberação dos pagamentos.

Em 19/02/2015, Marinho faz anotação indicando que iria procurarpessoa de nome “Henry” sobre dinheiro da Academia, tratando-se de HenryWitchael Dantas Moreira, Secretário Municipal de Saúde de Cajazeiras. Noquadro a seguir, reproduz-se a anotação:

33 COAF, II Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro, 2014 disponível em: [http://www.coaf.fazenda.gov.br/pld-ft/publicacoes]

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Por meio de consultas ao Sistema Sagres/TCE-PB, constatou-se que aPrefeitura Municipal de Cajazeiras realizou pagamento, em 10/03/2015, para aServcon, referente à obra de Academia de Saúde. Três dias após o pagamento daPrefeitura de Cajazeiras, em 13/03/2015, Marinho faz anotação pelo qual restademonstrado que Francisco Justino do Nascimento teria repassado o valor de R$12.200,00 a Marinho, referente à obra da Academia de Saúde em Cajazeiras,conforme se verifica na imagem a seguir:

Para fins de esclarecer melhor a forma de atuação da organizaçãocriminosa, cumpre detalhar a sequência dos atos:

Discriminação da Análise Obra TP 01/2014 (Prefeitura Cajazeiras)

Valor Medido pela Prefeitura R$ 12.962,88

Valores Retidos pela Prefeitura R$ 259,26

Valores Líquidos pagos pelaPrefeitura à SERVCON

R$ 12.703,62

Valores anotados peloMARINHO como recebido

R$ 12.200,00

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Anotação de desconto anotadopelo MARINHO

Imposto – 4%

Destarte, resta demonstrado que Marinho atuou junto ao SecretárioMunicipal de Saúde de Cajazeiras, Henry Witchael Dantas Moreira, para aliberação do pagamento à Servcon, no valor de R$ 12.962,88, tendo posteriormenterecebido de Francisco Justino do Nascimento a importância de R$ 12.200,00,após a dedução de impostos e de 4% de comissão deste pela utilização da empresa“fantasma”.

A respeito da obra da academia de saúde, existia, precedentemente,anotação no dia 08/10/2014, registro sobre o pagamento à Servcon, pelo FundoMunicipal de Saúde de Cajazeiras, de valor relativo à medição dos serviços deconstrução de uma academia da saúde no Bairro dos Remédios, conforme quadro aseguir, extraído do sistema SAGRES do TCE/PB:

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Correspondente a essa anotação na agenda:

Igualmente, foi achado na sede da empresa de Mário Messias Filho oBoletim de Medição nº 02, em papel timbrado da empresa Servcon, no valor de R$12.962,88, assinado por Márcio Braga de Oliveira, sem data e sem identificaçãoda obra. Conforme análise da CGU, verificou-se que o valor acima (R$ 12.962,88)refere-se a pagamento relativo aos serviços de construção de academia de saúdeno Município de Cajazeiras (Tomada de Preços nº 001/2014), sendo o valor

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recebido por Marinho, conforme anotação em sua agenda, realizada no dia13/03/2015 e acima já reproduzida.

Nesse ponto, parece evidente que, sabendo Henry Witchael DantasMoreira que os recursos da academia de saúde não se destinavam à empresavencedora da licitação (Servcon), ao atender a pedido de Mário Messias Filhopara liberar os valores públicos em favor da Servcon, ele concorreu para o uso daestrutura bancária da empresa “fantasma” para dissimular o real destinatários dosrecursos, mascarando sua origem ilícita.

Assim agindo, Mário Messias Filho, Afrânio Gondin Júnior, HenryWitchael Dantas Moreira e Francisco Justino do Nascimento praticaram o fatotípico previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimes anteriormentenarrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10 anos e multa.

2.4. No TC PAC n. 203485/2012

2.4.1. Da Fraude Licitatória na TP n. 001/2014 (FMAS)

Em 20 de fevereiro de 2014, o Município de Cajazeiras instaurou aTomada de Preços n. 001/2014 (numeração do Fundo Municipal de AssistênciaSocial) com o objetivo de selecionar empresa para execução do objeto do Convênion. 778016/2012, firmado com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combateà Fome para a construção de um Centro de Referência Especializado de AssistênciaSocial.

Da análise do procedimento licitatório, sabendo-se da existência daorganização criminosa narrada acima, identifica-se a fraude licitatóriaempreendida para beneficiar indevidamente a Servcon Construções Comércio eServiços LTDA – EPP, nome fantasia “Construtora Servcon”.

Efetivamente, o primeiro indício de fraude decorre da participaçãoconjunta da Servcon e da Tec Nova como supostas concorrentes no certame (fl. 92,

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anexo XI). Assinaram os documentos Francisco Justino do Nascimento, pelaServcon, e Fernando Alexandre Estrela, pela Tec Nova.

Em seguida, passa a atuar na fraude a Comissão Permanente deLicitação (constituída por Rogério Bezerra Rodrigues, Walter Nunes da Souza eJosé Ferreira Sobrinho, fl. 103), inserindo cláusula editalícia (6.3) que restringe ocaráter competitivo da licitação 34, ao não permitir que empresas interessadas emparticipar da licitação encaminhem a documentação de habilitação e/ou propostade preço por via postal. O mesmo edital, contraditoriamente, permitia que oslicitantes entregassem o envelope sem a sua permanência na sessão de aberturadas propostas. Com tal restrição aparentemente inofensiva, a CPL garantia queapenas empresas da região participassem do certame, iniciando o favorecimento àServcon.

Ver-se sério indício de montagem posterior do procedimentolicitatório pela CPL com a publicação do resumo do edital da presente licitação noDiário Oficial da Prefeitura de Cajazeiras em 17/02/2014, antes mesmo dasolicitação da abertura do certame (18/02/2014) e do parecer jurídico queaprovou o edital (20/02/2014) (fl. 90, anexo XI, PIC).

Em seguida, a CPL inabilitou indevidamente 03 empresas, pelosmotivos expostos pela CGU na fl. 92, anexo XI, PIC, além de não haver a CPLconsiderado as certidões de regularidade fiscal vencidas das empresas que sedeclararam microempresas e empresas de pequeno porte (fl. 95, anexo XI, PIC).Com as manobras da CPL, restaram na licitação Servcon, Tec Nova, Gondim & Rego,pertencente a Afrânio Gondin Júnior, e Produz Construções e Empreendimentos(CNPJ 14.237.493/0001-92).

Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, FernandoAlexandre Estrela, Afrânio Gondin Júnior, Rogério Bezerra Rodrigues, WalterNunes da Souza e José Ferreira Sobrinho praticaram o fato típico previsto no art.90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste e combinação, o carátercompetitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter para a empresaServcon, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014(FMAS), para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

34 Conforme já decidiu o TCU na Decisão n. 355/2001 – Plenário (TC n. 250.026/1996-1).

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2.5. Da Fraude Licitatória na TP n. 003/2013Em 2013, a Prefeitura de Cajazeiras instaurou procedimento

licitatório na modalidade Tomada de Preços de n. 03, com o objetivo de selecionarempresa para reforma de oito Unidades Básicas de Saúde 35, no valor estimado emR$ 362.243,89, cuja sessão de recebimento dos envelopes de documentação epropostas foi realizada às 10h00min do dia 07 de junho de 2013, sagrando-se“vencedora” e Construtora Servcon, representada por Francisco Justino doNascimento, com proposta de preços no valor de R$ 358.633,83.

Consta da ATA 001 (fls. 1556 a 1557 da licitação) que 19 empresasparticiparam do certame, conforme tabela a seguir:

SEQ EMPRESA REPRESENTANTE

1 AGILIZA CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA JOSE GOMES DE ABREU SOBRINHO

2 ALB ENGENHARIA ESERVIÇOS EIRELI EPP WAGNER VIEIRA DE ARAÚJO

3 BELCHIOR CONTRUTORA E IMOBILIARIA LTDA

JOSE EDINANDO CEZÁRIO DOS SANTOS

4 CONCRETEX COM. CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS

Envelope sem representante

5 DANTAS CONTRUÇÕES E LOCAÇÕES LTDA FRANCISCO ERONIDES MIRANDA JÚNIOR

6 EDIFICA EDIFICAÇÕES E CONSTRUÇÕES LTDA

FRANCISCO GUSTAVO LACERDA SOBRINHO

7 GONDIM E REGO LTDA Envelope sem representante

8 J & C CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA Envelope sem representante

9 LIMPEX CONSTRUÇÕES ESERVIÇOS LTDA RICARDO HENRIQUES MONTEIRO DE LIMA

35 Localidades: Cristo Rei, Simão de Oliveira, João Bosco Braga Barreto, Sol Nascente, Mutirão,Amélio Estrela de Cartaxo, Divinópolis e Dr. José Jurema.

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10 LORENA & ADRIA CONSTRUÇÕES COM. E LOCAÇÕES

FRANCISCO ANTONIO FERNANDES DE SOUSA

11 NSEG CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÃOES EIRELI

GEORGE COPPERFIELD REIS DO NASCIMENTO

12 PRODUZ CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS

Envelope sem representante

13 SÃO JOSE CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA EPP

Envelope sem representante

14 SERRA CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA Envelope sem representante

15 SERVCON CONSTRUÇÕES COM. E SERVIÇOS

FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTO

16 SETA CONSTRUÇÕES LTDA Envelope sem representante

17 TEC NOVA - CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA Envelope sem representante

18 VANTUR CONSTRUÇÕES E PROJETOS LTDA

Envelope sem representante

19 VIGA - ENGENHARIA LTDA Envelope sem representante

A mera concorrência da empresa Servcon juntamente com a Tec Novajá indica a existência do crime de fraude licitatória, pois ambas pertencem de fato aFrancisco Justino do Nascimento. Este assinou pela empresa Servcon, juntamentecom o engenheiro Geraldo Marcolino, e seu sobrinho, Mayco Alexandre Gomes,assinou pela empresa Tec Nova, juntamente com o engenheiro Horley Fernandes.

No entanto, observa-se que a fraude ainda envolve outras empresas.Como se demonstrou ao longo da presente exordial acusatória, Afrânio GondimJúnior, administrador da empresa Gondim & Rego, era o real executor das obras“vencidas” pelas empresas de Francisco Justino do Nascimento e possuía um acertocom a Vantur Construções e Projetos LTDA, pertencente a Enólla Kay Cirilo Dantas,para fraudar licitações – como demonstrado nos itens anteriores 36.

36 Através da Décima Primeira Alteração Contratual de 15/04/2015, a empresa Gondim & RegoLTDA, de Afrânio Gondim Júnior, passa a ser integrada por Enólla Kay Cirilo Dantas (CPF n

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Seguindo com a análise dos documentos da licitação, nos termos daata de fl. 1560, das 19 empresas participantes da licitação, apenas 4 foramhabilitadas: Agiliza Construções e Serviços LTDA (CNPJ n. 04.763.831/0001-76),Edifica Edificações e Construções LTDA (CNPJ n. 41.577.669/0001-28), Lorena &Ádria Construções (CNPJ n. 15.407.975/0001-06) e Servcon.

Os valores das propostas de preços das empresas habilitadas foramos listados na tabela a seguir, tendo sido vencedora a Servcon com proposta depreços correspondente a 99% do valor do orçamento base:

SEQ EMPRESA VALOR

1 AGILIZA CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA 362.267,09

2 EDIFICA EDIFICAÇÕES E CONSTRUÇÕES LTDA 361.973,08

3 LORENA & ADRIA CONSTRUÇÕES COM. E LOCAÇÕES 361.804,37

4 SERVCON CONSTRUÇÕES COM. E SERVIÇOS 358.633,83

Os preços das propostas de preços apresentadas apresentampequena variação percentual em relação ao valor do orçamento base da licitação,conforme demonstrado na tabela a seguir:

EMPRESA VALOR PERCENTUAL

ORÇAMENTO BASE DA LICITAÇÃO 362.243,89 100,00

AGILIZA CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA 362.267,09 100,01

EDIFICA EDIFICAÇÕES E CONSTRUÇÕES LTDA 361.973,08 99,93

LORENA & ADRIA CONSTRUÇÕES COM. E LOCAÇÕES 361.804,37 99,88

065.505.574-61), sócia administradora da empresa Vantur Construções e Projetos LTDA (CNPJ02.750.635/0001-31) desde 15/05/2008, corroborando os demais itens deste relatório quedemonstram a existência de vínculos indissociáveis entre ambas as empresas no sentido defraudar processos licitatórios.

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SERVCON CONSTRUÇÕES COM. E SERVIÇOS 358.633,83 99,00

Observa-se, portanto, que a Agiliza Construções e Serviços LTDA,representada por José Gomes de Abreu Sobrinho (CPF 840.849.014-15),apresentou proposta de preços (R$ 362.267,09) em valor superior ao doorçamento base da licitação (R$ 362.243,89, correspondente a 100,01%),demonstrando que somente compunha a licitação para dar ares de legalidade aocertame e “legitimar” a vitória da Servcon com 99% do preço.

Ademais, mais uma prova do conluio empresarial está nas planilhasorçamentárias da Edifica Edificações e Construções LTDA, que apresentam falhasgrotescas relativas a não totalização dos itens, situação plenamente perceptívelpelo engenheiro José Saraiva Filho (CPF n. 113.797.824-49) e pelo procuradorFrancisco Gustavo Lacerda Sobrinho (CPF n. 602.629.584-49), que assinaram asplanilhas logo abaixo, conforme demonstrado exemplificativamente na figura aseguir:

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Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, GeraldoMarcolino, Mayco Alexandre Gomes, Horley Fernandes, Afrânio GondimJúnior, Enólla Kay Cirilo Dantas, José Gomes de Abreu Sobrinho, José SaraivaFilho e Francisco Gustavo Lacerda Sobrinho praticaram o fato típico previsto noart. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste e combinação, ocaráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter para aempresa Servcon, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação TP n.03/2013 de Cajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

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2.6. Da Fraude no Pregão Presencial n. 11/2014

Em 2014, a Prefeitura de Cajazeiras instaurou o Pregão Presencial nº00011/2014, destinado à contratação de empresas para o fornecimento de horasmáquinas de trator de esteira com lâmina e escarificador, escavadeira hidráulica eretroescavadeira, no valor estimado em R$ 317.000,00 37.

Deste certame, participaram as empresas Tec Nova, com documentosassinados por Fernando Alexandre Estrela e Horley Fernandes, e a Servcon,com documentação assinada por Francisco Justino do Nascimento e GeraldoMarcolino da Silva. A licitação foi vencida pela empresa Servcon, com a propostade preços no valor de R$ 278.960,00, restando consumada a fraude.

Assim agindo, Fernando Alexandre Estrela, Horley Fernandes,Francisco Justino do Nascimento e Geraldo Marcolino da Silva praticaram ofato típico previsto no art. 90 da Lei n. 8.666/93, ao frustrarem o carátercompetitivo do Pregão Presencial n. 11/14 de Cajazeiras, mediante ajuste ecombinação, com o intuito de obterem para si a vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação, para cuja pena é de 02 a 04 anos e multa.

2.7. Dos Crimes cometidos na Concorrência n. 01/2014

2.7.1 Da Fraude Licitatória

Em 2014, a Prefeitura de Cajazeiras instaurou a Concorrência n. 01com o objetivo de selecionar empresa para construção de quatro Unidades Básicasde Saúde no tipo I e II, nas localidades Patamuté, Catolé dos Gonçalves, Serragem eAmélio Dantas (Asa).

Participaram formalmente da licitação as empresa Servcon, Gondim &Rego, Vantur, Produz Construções e Empreendimentos (CNPJ n. 14237493000192),

37 Essa licitação foi realizada com municipais, mas seu processamento perante a Justiça Federal sejustifica em razão da conexão probatória com os demais crimes aqui narrados, na forma do art.76 do Código de Processo Penal.

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Lorena & Ádria Construções (CNPJ n. 15.407.975/0001-06) e Conobre EngenhariaConstrução e Comércia LTDA (CNPJ n. 04934819000187).

Vários documentos apreendidos na sede da empresa Gondim & Regodurante da deflagração da operação policial indicam que a organização criminosaaqui narrada fraudou a presente licitação. Pois como se demonstrou ao longo dapresente exordial acusatória, Afrânio Gondim Júnior, administrador da empresaGondim & Rego, era o real executor das obras “vencidas” pelas empresas deFrancisco Justino do Nascimento e possuía um acerto com a Vantur Construções eProjetos LTDA, pertencente a Enólla Kay Cirilo Dantas, para fraudar licitações –como demonstrado nos itens anteriores 38.

Ademais, a Produz Construções e Empreendimentos apresentouproposta de preços na presente licitação em idêntico valor ao orçado pelaPrefeitura Municipal de Cajazeiras, ou seja, no valor máximo permitido, denotandoque não tinha interesse em competir:

38 Através da Décima Primeira Alteração Contratual de 15/04/2015, a empresa Gondim & RegoLTDA, de Afrânio Gondim Júnior, passa a ser integrada por Enólla Kay Cirilo Dantas (CPF n065.505.574-61), sócia administradora da empresa Vantur Construções e Projetos LTDA (CNPJ02.750.635/0001-31) desde 15/05/2008, corroborando os demais itens deste relatório quedemonstram a existência de vínculos indissociáveis entre ambas as empresas no sentido defraudar processos licitatórios.

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Ademais, na agenda 2015 de Mário Messias Filho, apreendida emsua residência, há anotação sobre ALDEIR FILHO, em 03/02/2015, na qualMarinho menciona o recebimento de R$ 10.400,00. Por meio de consultas aossistemas corporativos, a CGU constatou um único registro referente ao nome“ALDEIR FILHO”, no Estado da Paraíba, tratando-se de Antônio Aldeir MangueiraFilho (CPF 045.602.244-98), responsável técnico e sócio da empresa ProduzConstruções e Empreendimentos (CNPJ n. 14237493000192).

No quadro a seguir, reproduz-se a anotação:

Nos talonários de cheque da UNICRED, em nome de Afrânio GondimJúnior, apreendidos na sede da Gondim & Rego, consta anotações nas folhas de nº308983 e 308984 no seguinte teor: “UBS ACORDO”, ambos datados de 21 de julhode 2014, nos valores, respectivamente, de R$ 3.000,00 e R$ 3.500,00.

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As datas dos cheques coincidem com o período de realização daConcorrência nº 01/2014 da Prefeitura Municipal de Cajazeiras, que teve comoobjeto a construção de quatro unidades básicas de saúde.

Ao final dos “acertos”, a Servcon venceu a Concorrência n. 01/2014com a proposta de R$ 1.723.736,28.

Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, GeraldoMarcolino, Afrânio Gondim Júnior, Enólla Kay Cirilo Dantas, Mário MessiasFilho e Antônio Aldeir Mangueira Filho praticaram o fato típico previsto no art.90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste e combinação, o carátercompetitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter para a empresaServcon, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação Concorrêncian. 01/2014 de Cajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

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2.7.2 Do Peculato em Favor de Terceiro

Partindo da fraude acima narrada, ver-se que as provas trazidas embusca policial desvendaram que o esquema criminoso atuava no presente caso e aempresa “vencedora” da Concorrência n. 01/2014 jamais executou nenhuma dasobras, tendo Francisco Justino do Nascimento repassado todos os valores públicos– exceto sua comissão de 4% - para Afrânio Gondim Júnior e Mário MessiasFilho.

Efetivamente, na sede da empresa Gondim & Rego de AfrânioGondim Rego, por ocasião das buscas policiais, localizou-se c ópias dos seguintesdocumentos da empresa Servcon: Guia da Previdência Social – Competência02/2015, no valor de R$ 779,60, e o respectivo comprovante de pagamento – EstaGuia identifica as obras de Construção das UBS Sítio Patamuté, Catolé dosGonçalves, Serragem e Amélio Dantas (Asa), supostamente objeto da Concorrêncianº 01/2014, “vencida” pela Servcon.

Em seguida, há anotações da secretária de Afrânio Gondim Rego,Zuleide Alves de Lira (CPF Nº 034.195.124-22), sobre o pagamento de despesas daServcon, tais como: a) no dia 08/01/2015, há anotação indicando o pagamento deimposto (SIMPLES) da Servcon; b) No dia 30/01/2015, Zuleide relacionapagamentos a Cícero, referentes a Almas e Serragem, indicando Cícero como oresponsável (encarregado) pela construção das Unidades Básicas de Saúde dosSítios Almas e Serragem, contratadas pela Prefeitura Municipal de Cajazeiras juntoà Servcon, por meio da Concorrência nº 01/2014; Anotações de 05/02/2015 e14/04/2015 demonstram o repasse de valores para a Vantur, de R$ 50.000,00 e R$80.000,00, respectivamente, confirmadas pelo extrato bancário da conta correnteda Gondim & Rego.

Na mesma ocasião, na sede da empresa de Afrânio Gondim Rego,foi apreendida uma pasta AZ, na cor azul, contendo a descrição “Posto de SaúdeAsa”. Os documentos arquivados na pasta referem-se à obra de construção daUnidade Básica de Saúde no sítio Asa, contendo, entre outros, os seguintes: a)Notas Fiscais de nº 383 e 436, da Servcon, referentes às 1ª e 2ª Medições da obra,nos valores de R$ 110.300,00, emitida em 29/12/2014, e R$ 307.109,86, emitidaem 08/06/2015, bem como original do Boletim de Medição nº 02, assinado peloEngenheiro Civil Geraldo Marcolino; b) Diversos documentos referentes a compras

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de materiais e pagamentos por prestação de serviços, conforme a seguirdiscriminados: 1) 52 (cinquenta e dois) pedidos de material emitidos pelaMadeireira Piranhense, em favor de Afrânio, fazendo referência à obra do Posto(UBS) ASA, no valor total de R$ 29.072,25; 2) 07 (sete) pedidos de materialemitidos pela empresa Atacadão da Construção, em favor de Afrânio, fazendoreferência à obra da UBS ASA, no valor total de R$ 12.379,80; 3) 03 (três) pedidosde material emitidos pela Casa Nordetes Material Elétrico LTDA, em favor deAfrânio, fazendo referência à obra da UBS ASA, no valor total de R$ 1.963,00; 4)Diversos documentos referentes à recibos de pagamentos e controles de produçãode pessoas físicas, referentes às folhas de pagamento dos trabalhadores da obra deconstrução da UBS ASA, destacando-se anotação resumo que indica o pagamentono valor de R$ 51.275,00, no período de 16/12/2014 a 30/04/2015. Constamtambém o pagamento referente aos meses de maio e junho de 2015, cujo valortotaliza R$ 14.353,00, o que indica ter sido o pago o montante de R$ 65.628,00referente à mão-de-obra. Além destes, constam outros recibos e documentosreferentes a pagamentos relacionados à obra de construção da UBS ASA.

Na mesma sede da Gondim & Rego, apreendeu-se uma pasta plásticacontendo a descrição “UBS Patamuté”. Conforme documentos arquivados na pasta,referem-se à obra de construção da Unidade Básica de Saúde no Sítio Patamuté,cuja construção foi contratada pela Prefeitura Municipal de Cajazeiras junto àempresa Servcon, por meio da Concorrência nº 01/2014, contendo, entre outros, osseguintes documentos: a) Informações impressas em folha de papel indicandodespesas referentes à obra da UBS PATAMUTÉ:

Descrição Valor (R$)

Quinzena 5.570,00

Atacadão da Construção 15.470,00

Quinzena 4.720,00

Armador 1.800,00

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Descrição Valor (R$)

YAMA 5.697,00

ATACADÃO DA CONSTRUÇÃO 415,00

PGTO CREA 167,68

LIVRO 10,00

AREIA FINA 480,00

b) Diversos documentos referentes a compras de materiais e pagamentos porprestação de serviços, conforme a seguir discriminados: 1) 52 (cinquenta e dois)pedidos de material emitidos pela empresa Atacadão da Construção, em favor deAfrânio, fazendo referência à obra do Posto (UBS) Patamuté, no valor total de R$52.350,86; 2) 33 (trinta e três) pedidos de material emitidos pela empresaMadeireira Piranhense, em favor de Afrânio, fazendo referência à obra da UBSPatamuté, no valor total de R$ 31.756,40; 3) Diversos documentos referentes arecibos de pagamentos e controles de produção de pessoas físicas, referentes àsfolhas de pagamento dos trabalhadores da obra de construção da UBS Patamuté.

Como se não fosse suficientemente indicativo do esquema criminoso,na sede da empresa Gondim & Rego foi apreendida uma folha de papel contendoanotações manuscritas de Afrânio Gondim Rego:

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De acordo com a anotação de Afrânio, há a informação do que seria orecebimento dos valores de R$ 300.967,66 e R$ 241.946,27, que totalizam R$542.913,27. Por meio de consultas aos sistemas corporativos da CGU, constatou-seque a Prefeitura Municipal de Cajazeiras realizou pagamentos, nos referidosvalores, em 09/06/2015, referentes ao contrato celebrado com a Servcon para aexecução de 04 (quatro) Unidades Básicas de Saúde, contratadas por meio daConcorrência nº 01/2014.

Confirmando a metodologia de atuação do grupo, Afrânio GondimRego, em sua anotação, contabiliza o recebimento dos valores, abatendo opercentual de 4% (quatro por cento), no montante de R$ 22.159,74, o que seria a

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comissão recebida por Francisco Justino do Nascimento para fornecimento dadocumentação de sua empresa “fantasma”.

No verso da folha, Afrânio Gondim Rego faz anotação de comoseriam depositados os valores, a serem recebidos em três contas correntesbastante legíveis:

Grampeado à folha de papel com as anotações manuscritas deAfrânio Gondim Rego foram encontrados três comprovantes de depósitos nascontas anotadas, somando o valor total de R$ 527.940,18, e tendo comodepositante a Servcon, no dia 09/06/2015, aproximadamente às 12:39h. Asfotografias de tais comprovantes de depósito encontram-se no relatório dematerial apreendido da CGU.

Na mesma sede da Gondim & Rego foram apreendidas anotaçõessobre as Unidades Básicas de Saúde contratadas pela Prefeitura Municipal deCajazeiras junto à Servcon por meio da Concorrência Pública nº 01/2014,

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chamando atenção a seguinte anotação em que Afrânio Gondim Rego controla osvalores licitados e pagos, bem como o saldo de cada unidade de saúde:

Além dessas, as anotações reproduzidas na imagem a seguir tambémse referem ao controle preciso de Afrânio Gondim Rego sobre os pagamentosrelacionadas a diversas obras contratadas oficialmente junto à Servcon:

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Nesse ponto entra a atuação de Mário Messias Filho, vulgo“Marinho”. Veja-se a anotação do dia 10/03/2015, pela qual Marinho mencionaque iria procurar Henry Witchael Dantas Moreira para pagamento do “PostoUSF”, relativamente à obra de Construção de Unidades Básicas de Saúde (UBS)esta, como demonstrado, contratada formalmente junto a Servcon, mas executadapelo grupo criminoso aqui narrado. Sobre essa mesma obra das UBS, há anotaçõesnos dias 29/05/2015 e 08/06/2015, nas quais Marinho indica que iria procurar

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Henry Witchael Dantas Moreira para que fosse providenciado o pagamento doPOSTO.

Assim, Henry Witchael Dantas Moreira foi peça fundamental para aapropriação dos recursos públicos, ao liberar as parcelas dos pagamentos da UBSsabendo que a obra estava sendo executada por Marinho e Afrânio. Igualmenteindispensável pela apropriação dos recursos públicos pelo esquema criminoso foia atuação de Márcio Braga de Oliveira, fiscal da prefeitura nas obras da UBS, queatuou em conjunto com o engenheiro da Servcon, Geraldo Marcolino da Silva,para produzir boletins de medição falsos.

Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, GeraldoMarcolino da Silva, Afrânio Gondim Júnior, Mário Messias Filho, HenryWitchael Dantas Moreira e Márcio Braga de Oliveira praticaram o fato típicoprevisto no art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionários públicosao desviarem em proveito alheio (empresários) os valores públicos decorrentes daConcorrência n. 01/2014.

2.7.3 Da Lavagem de Dinheiro

Narrados os crimes antecedentes, convém se demonstrar como aestrutura da Servcon – empresa “fantasma”, como se demonstrou – foi utilizadapelos agentes executores para ocultar a origem criminosa dos recursos públicosobtidos pela organização criminosa, em tipologia característica de lavagem dedinheiro 39.

Efetivamente, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filhoutilizavam a estrutura formal (bancária) da Servcon, com a operacionalização deFrancisco Justino do Nascimento, para mascarar a origem ilícita dos recursospúblicos obtidos pela organização criminosa através de fraudes licitatórias,superfaturamentos e desvios de recursos públicas.

39 COAF, II Coletânea de Casos Brasileiros de Lavagem de Dinheiro, 2014 disponível em: [http://www.coaf.fazenda.gov.br/pld-ft/publicacoes]

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Ocorridos os crimes antecedentes, os pagamentos ingressavam naconta corrente da empresa “fantasma” Servcon e eram imediatamente sacados porFrancisco Justino em sua integralidade, para repasse aos verdadeiros executoresdas obras. Com isso, Afrânio Gondin Júnior e Mário Messias Filho mascaravam aorigem dos lucros que obtinham com a atividade da organização criminosa,remunerando Francisco Justino com o percentual de 04% do valor da parceladepositada.

A respeito do destino dos recursos públicos, relembre-se o narradono item acima sobre a intermediação de Mário Messias Filho junto ao Secretário deSaúde de Cajazeiras para a liberação dos pagamentos. Destarte, resta demonstradoque Marinho atuou junto ao Secretário Municipal de Saúde de Cajazeiras, HenryWitchael Dantas Moreira, para a liberação do pagamento à Servcon, tendoposteriormente recebido de Francisco Justino do Nascimento toda aimportância, após a dedução de impostos e de 4% de comissão deste pelautilização da empresa “fantasma”.

Nesse ponto, parece evidente que, sabendo Henry Witchael DantasMoreira que os recursos da academia de saúde não se destinavam à empresavencedora da licitação (Servcon), ao atender a pedido de Mário Messias Filhopara liberar os valores públicos em favor da Servcon, ele concorreu para o uso daestrutura bancária da empresa “fantasma” para dissimular o real destinatários dosrecursos, mascarando sua origem ilícita.

Assim agindo, Mário Messias Filho, Afrânio Gondin Júnior, HenryWitchael Dantas Moreira e Francisco Justino do Nascimento praticaram o fatotípico previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimes anteriormentenarrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10 anos e multa.

2.7.4 Da Falsificação de Documento Público

Por ocasião da busca policial na sede da empresa Gondim & Rego foiapreendido o Livro de Ocorrências (Diário de Obras) em branco da obra de

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Construção da UBS Amélio Estrela, contratada pela Prefeitura Municipal deCajazeiras junto à Servcon, por meio da Concorrência n. 01/2014, estando ostermos de abertura e encerramento assinados por Francisco Justino doNascimento e pelo representante do Fundo Municipal de Saúde de Cajazeiras, oSecretário de Saúde, Henry Witchael Dantas Moreira.

Ocorre que o termo de encerramento de um Livro de Ocorrências sódeve ser corretamente assinado após o preenchimento de sua penúltima folha ou afinalização da obra. O livro em branco na sede da empresa de Afrânio GondimJúnior, que era o empresário que efetivamente realizava as obras, já assinado pelorepresentante da empresa “fantasma” e pelo agente pagador, indica claramente acontrafação do documento.

Isto demonstra que o Secretário Municipal de Saúde de Cajazeirasassinou o termo de encerramento do Diário de Obras sem que ocorressem os fatosque dariam causa ao encerramento de registros naquele Livro, permitindo assimque quaisquer informações fossem ali inseridas.

Na mesma ocasião, foi encontrado o Livro de Ocorrências (Diáriode Obras) em branco da obra de Construção da UBS Serragem, contratado pelaPrefeitura Municipal de Cajazeiras junto à Servcon na mesma Concorrência nº01/2014, igualmente seus termos de abertura e encerramento assinados porFrancisco Justino do Nascimento e pelo representante do Fundo Municipal deSaúde de Cajazeiras, o Secretário de Saúde Henry Witchael Dantas Moreira.

Ainda, na mesma ação policial, foi encontrado o Livro deOcorrências (Diário de Obras) em branco da obra de Construção da UBSPatamuté, contratada pela Prefeitura Municipal de Cajazeiras junto à Servcon,ainda na Concorrência nº 01/2014, com os termos de abertura e encerramentoassinados por Francisco Justino do Nascimento e pelo representante do FundoMunicipal de Saúde de Cajazeiras, o Secretário de Saúde Henry Witchael DantasMoreira.

Assim agindo, Francisco Justino do Nascimento, Henry WitchaelDantas Moreira e Afrânio Gondim Júnior praticaram o fato típico previsto noart. 297 do Código Penal – Falsificação de Documento Público, ao falsificar, notodo e em concurso material, três documento público (diário de obras), para cuja

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pena é de reclusão de dois a seis anos e multa.

2.8. Da Posse de Arma de Fogo – Mário Messias Filho

No dia 26 de junho de 2015, em cumprimento de mandado judicialde busca e apreensão na sede da empresa LIMCOL, na Rua José Rodovalho deAlencar, 94, centro - Cajazeiras/PB, os policiais federais encontraram as seguintesarmas de fogo e munição:

Item Descrição Quant. Unidade Observação

1 Cartuchos Calibre 380 20 UN Projeteis intactos .380, ponta oca. CBC

2 Cartuchos Calibre 38 10 UN Projeteis intactos .38, ogival. CBC.

3 Cartuchos Calibre 38 5 UN Projeteis intactos .38, ponta oca. CBC.

4 Cartuchos Calibre 380 10 UN Projeteis intactos .380, ogival. CBC.

5 Cartuchos Calibre 22 5 UN Projeteis intactos .22. CBC.

6 Cartuchos Calibre 380 4 UN Projeteis intactos .380. CBC.

7 Cartuchos Calibre 380 33 UN Projeteis intactos .380. CBC.

8 Cartuchos Calibre 12 4 UN Projeteis intactos calibre 12. CBC

9 Revolver Calibre 38 1 UN Revolver calibre 38, marca Taurus,série 0H307987.

10 Revolver Calibre 38 1 UN Revolver calibre 38 Taurus, série 715870.

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11 Cartuchos Calibre 38 6 UN Cartucho .38 CBC.

12 Documentos Diversos 1 UN Registro de propriedade de arma nº 14533/DPA, 08/05/1998 em nome de Mario Messias Filho, da arma LH93432, Revolver 38 Taurus.

Em depoimento, Mário Messias Filho confessou a propriedade domaterial.

Assim agindo, Mário Messias Filho praticou o fato típico previsto noart. 12 da Lei n. 10.826 – Estatuto do Desarmamento, ao possuir arma de fogo emunição de uso permitido em desacordo com determinação legal no interior desua residência, para o qual a pena é de um a três anos e multa.

3. Da Imputação Jurídica3. Da Imputação JurídicaAnte todo o exposto, os denunciados cometeram os seguintes delitos:

a) FRANCISCO JUSTINO DO NASCIMENTO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

2. art. 96, inciso I, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, em prejuízo daFazenda Pública, licitação elevando arbitrariamente os preços, para oqual a pena é de 03 a 06 anos e multa.

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3. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

4. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

5. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

6. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

7. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

8. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014 (FMAS), para o quala pena é de 02 a 04 anos e multa.

9. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

10. art. 90 da Lei n. 8.666/93, ao frustrarem o caráter competitivo

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do Pregão Presencial n. 11/14 de Cajazeiras, mediante ajuste ecombinação, com o intuito de obterem para si a vantagem decorrenteda adjudicação do objeto da licitação, para cuja pena é de 02 a 04anos e multa.

11. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação Concorrência n. 01/2014 deCajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

12. art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionáriospúblicos ao desviarem em proveito alheio (empresários) os valorespúblicos decorrentes da Concorrência n. 01/2014.

13. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

14. art. 297 do Código Penal – Falsificação de DocumentoPúblico, ao falsificar, no todo e em concurso material, trêsdocumento público (diário de obras), para cuja pena é de reclusão dedois a seis anos e multa.

b) FERNANDO ALEXANDRE ESTRELA, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o

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intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014 (FMAS), para o quala pena é de 02 a 04 anos e multa.

3. art. 90 da Lei n. 8.666/93, ao frustrarem o caráter competitivo doPregão Presencial n. 11/14 de Cajazeiras, mediante ajuste ecombinação, com o intuito de obterem para si a vantagem decorrenteda adjudicação do objeto da licitação, para cuja pena é de 02 a 04anos e multa.

c) MAYCO ALEXANDRE GOMES, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

2. art. 96, inciso I, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, em prejuízo daFazenda Pública, licitação elevando arbitrariamente os preços, para oqual a pena é de 03 a 06 anos e multa.

3. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

4. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

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d) HORLEY FERNANDES, praticou os seguintes crimes:

1. art. 96, inciso I, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, em prejuízo daFazenda Pública, licitação elevando arbitrariamente os preços, para oqual a pena é de 03 a 06 anos e multa.

2. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

3. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

4. art. 90 da Lei n. 8.666/93, ao frustrarem o caráter competitivodo Pregão Presencial n. 11/14 de Cajazeiras, mediante ajuste ecombinação, com o intuito de obterem para si a vantagem decorrenteda adjudicação do objeto da licitação, para cuja pena é de 02 a 04anos e multa.

e) GERALDO MARCOLINO DA SILVA, praticou os seguintes crimes:

1. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

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3. art. 90 da Lei n. 8.666/93, ao frustrarem o caráter competitivo doPregão Presencial n. 11/14 de Cajazeiras, mediante ajuste ecombinação, com o intuito de obterem para si a vantagem decorrenteda adjudicação do objeto da licitação, para cuja pena é de 02 a 04anos e multa.

4. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação Concorrência n. 01/2014 deCajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

5. art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionáriospúblicos ao desviarem em proveito alheio (empresários) os valorespúblicos decorrentes da Concorrência n. 01/2014.

f) MÁRIO MESSIAS FILHO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013, ao integrarem,pessoalmente, organização criminosa, para cuja pena é de 03 a 08anos, além de multa, sem prejuízo das penas correspondentes àsdemais infrações penais praticadas e a seguir narradas.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

3. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

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4. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem e dissimularema origem de valores provenientes dos crimes anteriormentenarrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10 anos e multa.

5. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

6. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem e dissimularema origem de valores provenientes dos crimes anteriormentenarrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10 anos e multa.

7. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação Concorrência n. 01/2014 deCajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

8. art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionáriospúblicos ao desviarem em proveito alheio (empresários) os valorespúblicos decorrentes da Concorrência n. 01/2014.

9. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem e dissimularema origem de valores provenientes dos crimes anteriormentenarrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10 anos e multa.

10. art. 12 da Lei n. 10.826 – Estatuto do Desarmamento, aopossuir arma de fogo e munição de uso permitido em desacordo comdeterminação legal no interior de sua residência, para o qual a pena éde um a três anos e multa.

g) AFRÂNIO GONDIN JÚNIOR, praticou os seguintes crimes:

1. art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013, ao integrarem,

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pessoalmente, organização criminosa, para cuja pena é de 03 a 08anos, além de multa, sem prejuízo das penas correspondentes àsdemais infrações penais praticadas e a seguir narradas.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

3. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

4. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

5. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

6. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

7. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014 (FMAS), para o quala pena é de 02 a 04 anos e multa.

8. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente da

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adjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

9. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação Concorrência n. 01/2014 deCajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

10. art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionáriospúblicos ao desviarem em proveito alheio (empresários) os valorespúblicos decorrentes da Concorrência n. 01/2014.

11. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

12. art. 297 do Código Penal – Falsificação de DocumentoPúblico, ao falsificar, no todo e em concurso material, trêsdocumento público (diário de obras), para cuja pena é de reclusão dedois a seis anos e multa.

h) HENRY WITCHAEL DANTAS MOREIRA, praticou os seguintes crimes:

1. art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013, ao integrarem,pessoalmente, organização criminosa, para cuja pena é de 03 a 08anos, além de multa, sem prejuízo das penas correspondentes àsdemais infrações penais praticadas e a seguir narradas.

2. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

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3. art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionáriospúblicos ao desviarem em proveito alheio (empresários) os valorespúblicos decorrentes da Concorrência n. 01/2014.

4. art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, ao ocultarem edissimularem a origem de valores provenientes dos crimesanteriormente narrados, para o qual a pena é de reclusão de 03 a 10anos e multa.

5. art. 297 do Código Penal – Falsificação de Documento Público,ao falsificar, no todo e em concurso material, três documento público(diário de obras), para cuja pena é de reclusão de dois a seis anos emulta.

i) JOSÉ HÉLIO FARIAS, praticou os seguintes crimes:

1. art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013, ao integrarem,pessoalmente, organização criminosa, para cuja pena é de 03 a 08anos, além de multa, sem prejuízo das penas correspondentes àsdemais infrações penais praticadas e a seguir narradas.

2. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

3. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

i) MÁRCIO BRAGA DE OLIVEIRA, praticou os seguintes crimes:

1. art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013, ao integrarem,

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pessoalmente, organização criminosa, para cuja pena é de 03 a 08anos, além de multa, sem prejuízo das penas correspondentes àsdemais infrações penais praticadas e a seguir narradas.

2. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 47.254,65) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

3. art. 312, § 1º, do Código Penal – Peculato, ao receberem somaem dinheiro do erário (R$ 16.747,56) por encargos sociais nãorecolhidos, com base em planilhas ideologicamente falsas.

4. art. 312, caput, do Código Penal – Peculato, os funcionáriospúblicos ao desviarem em proveito alheio (empresários) os valorespúblicos decorrentes da Concorrência n. 01/2014.

j) ENÓLLA KAY CIRILO DANTAS, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

3. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente da

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adjudicação do objeto da licitação Concorrência n. 01/2014 deCajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

l) ROGÉRIO BEZERRA RODRIGUES, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

3. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014 (FMAS), para o quala pena é de 02 a 04 anos e multa.

m) ADAMS RICARDO PEREIRA DE ABREU, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

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n) JOEDNA MARIA DE ABREU, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Tec Nova, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2013, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

2. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

o) ÍTALO DAMIÃO MEDEIROS DE SOUSA, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014, para o qual a penaé de 02 a 04 anos e multa.

p) WALTER NUNES DA SOUZA, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014 (FMAS), para o quala pena é de 02 a 04 anos e multa.

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q) JOSÉ FERREIRA SOBRINHO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com ointuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 01/2014 (FMAS), para o quala pena é de 02 a 04 anos e multa.

r) JOSÉ GOMES DE ABREU SOBRINHO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

s) JOSÉ SARAIVA FILHO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

t) FRANCISCO GUSTAVO LACERDA SOBRINHO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente da

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adjudicação do objeto da licitação TP n. 03/2013 de Cajazeiras, parao qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

u) ANTÔNIO ALDEIR MANGUEIRA FILHO, praticou os seguintes crimes:

1. art. 90, caput, da Lei n. 8.666/93, ao fraudar, mediante ajuste ecombinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório, como intuito de obter para a empresa Servcon, vantagem decorrente daadjudicação do objeto da licitação Concorrência n. 01/2014 deCajazeiras, para o qual a pena é de 02 a 04 anos e multa.

4. Do Pedido4. Do Pedido

Por tais razões, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL orecebimento da presente peça inaugural e seu processamento, nos termos da leiprocessual penal, até o julgamento final condenatório, no qual pugna por:

a) a aplicação da pena privativa de liberdade, em montante a serproposto em alegações finais, individualizadamente para cada umdos réus;

b) a aplicação da perda de cargo, emprego, função pública oumandato eletivo dos réus como efeito da condenação - art. 92, incisoI, alínea a, do Código Penal 40;

c) a fixação do valor mínimo para reparação dos danos causadospela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (art.387, inciso IV, CPP), no caso orçado em R$ 18.000.000,00 (dezoito

40 Art. 92. São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandatoeletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a AdministraçãoPública.

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milhões), solidariamente entre os réus, como forma de se viabilizaro efeito da condenação previsto no art. 91, inciso I, do Código Penal.

Sousa, 30 de julho de 2015.

TIAGO MISAEL DE J. MARTINS TIAGO MISAEL DE J. MARTINS DJALMA GUSMÃO FEITOSADJALMA GUSMÃO FEITOSAProcurador da República Procurador da RepúblicaProcurador da República Procurador da República

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